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Processo de Integração Regional dos governos Fernando Henrique Cardoso

Anderson Rosa Andrade

Resumo
O presente artigo pretende expor e analisar a política externa do governo
Fernando Henrique Cardoso, com foco no processo de integração regional.
Para isso, iniciaremos a conjuntura política no período da pose do presidente,
assim como analisaremos os pressupostos para a política adotada. Em um
segundo momento, analisaremos as relações com os Estados Unidos e como
este pais influenciou no processo de integração regional. Ao final analisaremos
o processo de integração regional propriamente dito considerando sua razão
de ser frente no cenário apresentado.
Palavras Chaves: Fernando Henrique Cardoso – Mercosul – Processo de
integração regional

Introdução
Nos anos 1980, período da redemocratização do sistema político brasileiro. O
pais passava por um período de profunda crise econômica devido
principalmente a dívida externa que alcançava índices astronômicos. O
endividamento externo se transformou rapidamente em um dos maiores
problemas estruturais do pais, resultando em uma grave crise fiscal do estado,
fragilizando-o e inibindo futuros investimentos (SIMÃO,2009). Segundo o
economista Bresser-Pereira, tal crise foi a pior da história do desenvolvimento
capitalista brasileiro (BRESSER-PEREIRA.2003,231). Segundo este autor,
neste período o pais teve uma queda drástica na renda por habitante, que
baixou de uma taxa de crescimento anual de 4% no período de 1930 à 1980
para 1% ao ano ao longo da década de 1980 (BRESSER-PEREIRA.2003,231).
Tal redução estava relacionada a queda dos investimentos no pais os quais
refletiam ainda na capacidade de as pessoas pouparem e investirem. Este
quadro de queda de investimentos, aumento na inflação, instabilidade e baixa
taxa de crescimento foi uma característica não só do primeiro governo
democrático com o presidente José Sarney (1985-1990), mas perdurou o
governo Fernando Collor de Mello (1990-1992), o qual tentou resolver os
problemas nacionais utilizando de políticas econômicas de cunho liberal, e
acabou por tomar 70% das poupanças privadas sem êxito à superação da crise
(BRESSER-PEREIRA.2003,231). E ainda o governo de seu sucessor Itamar
Franco (1992-1995). A situação só começou a mudar durante o governo Itamar
Franco, quando o sociólogo Fernando Henrique Cardoso assume o Ministério
da Fazenda em junho de 1993, e compôs uma equipe de trabalho para
elaborar o novo plano econômico para o combate a crise que já se arrastava
por mais de uma década, em um momento em que a inflação passava dos
20%. É criado o plano real, plano este que teve seu mérito ao alcançar a tão
almejada estabilidade econômica buscada até então. Mesmo observando
cambio baixo e altas taxas de juros nos meses seguintes a implementação do
plano, tal medida levou FHC a conquistar a presidência nas eleição que se
seguiram com direito a reeleição (BRESSER-PEREIRA.2003,231-232).

O cenário
A partir de 1994 o pais passa a observar sinais de estabilidade econômica e é
neste contexto que FHC chega a presidência. Neste cenário o presidente
poliglota e de solida formação intelectual, responsável pelo plano real seria o
condutor do pais no seu plano interno e externo. No plano externo, o governo
se iniciava em uma nova era, onde a globalização prometia inumeráveis
benefícios advindos da interação entre os países em um mundo multipolar.
Desde o final do governo Sarney a politica externa brasileira se afastava de sua
tradicional logica de autonomia pela distancia que vinha perdendo sentido em
um sistema internacional cada vez mais interligado onde a antiga logica de
alinhamentos ideológicos e nacional desenvolvimentismo dava lugar à
diversificação de parcerias, atuação em bloco e em regimes internacionais. As
negociações na Rodada Uruguai (1988) foram importantíssimas nesse sentido
por promoverem acordos para tarifas de comercio e instituir um marco jurídico
institucional para a reforma do comercio agrícola. Assim como a aproximação
regional entre Brasil e Argentina que culminou no Tratado de Assunção e na
institucionalização do Mercosul (1991) no governo Collor de Mello
(VIOLA.2004,12).
Essa redefinição da politica externa brasileira foi realmente consolidada no
governo FHC. No novo conceito de autonomia pela integração, buscou-se a
ampla participação na elaboração das normas e das pautas de conduta da
ordem mundial (Fonseca Jr,1998). Dessa forma poder-se-ia exercer um papel
mais ativo em negociações que visassem o desenvolvimento do pais,
articulando os interesses do estado nos regimes internacionais, via OMC para
interesses comerciais e políticos via ONU. Ainda há o aprofundamento do
entendimento do Mercosul como um processo de integração regional que
proporcionaria vantagens não somente pelo seu livre mercado entre os
membros, mas também por ser um poderoso instrumento de inserção
competitiva a nível mundial que intercambiaria com outros países e outros
blocos (Vigevani,2003).

Relações com os Estados Unidos


No governo Fernando Henrique as relações com os Estados Unidos
representavam bem o conceito de autonomia pela integração, pois no
entendimento dos formuladores da politica externa brasileira manter relações
com este pais não deixava de ser importantíssimo, tanto pelo lugar que este
ocupa no cenário mundial quanto pelo peso que este tem sobre todo o
continente americano, onde influi no processo de integração regional sul-
americano. A autonomia se apresenta na ideia de que uma vez que o pais
tivesse seus interesses constrangidos pelos interesses norte-americanos o
Brasil não hesitaria em divergir sua politica externa nos pontos concorrentes,
ou seja, não haveria alinhamento automático. Um exemplo desse novo modo
de operação brasileiro, foram as negociações da Alca, as quais desde o final
do governo Itamar, houve o entendimento de que o mais indicado era protelar
as negociações, o que teria continuidade nos primeiros anos do governo FHC.
O protelamento das negociações baseava-se no fato de que uma área de livre
comercio entre todo o continente torna o processo de integração regional sul-
americano impossível pois a América-Latina receberia uma enxurrada de
produtos industrializados vindos dos Estados Unidos, e os produtos
industrializados brasileiros não teriam como competir com eles. O empenho
brasileiro foi o de diminuir as barreiras aos seus produtos no mercado norte
americano e diminuir desvantagens e maximizar vantagens em uma possível
consolidação do bloco. Os painéis na OMC contribuíram para afastar o Brasil e
os outros países da América do Sul da Alca, pois os argumentos brasileiros
contra a Alca se baseavas no protecionismo norte americano que afetava
diversos países da América do Sul (Vigevani.2003). O maior foco na política
externa brasileira de Fernando Henrique foi o de aprofundamento do Mercosul,
desejou-se dinamiza-lo para fazer intercâmbio comercial em bloco
principalmente com a União Europeia. Porém na medida em que as
negociações da Alca foram evoluindo e os países envolvidos estavam cada vez
mais próximos de chegar a um acordo, o Brasil percebeu que deveria participar
mais ativamente das negociações pois era apresentada a possibilidade de o
bloco se formar mesmo sem a sua presença oque seria ainda pior. Neste
momento o pais passou a tentar negociar cada vez mais vantagens
(Vigevani.2007).
Ao final do governo FHC as negociações da Alca estava paralisadas, não se
chegou a um consenso entre as negociadores, apesar disso houveram
importantes resultados em acordos bilaterais como o MTCR (Missile
Technology Control Regime – Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis) e
a promessa do encaminhamento de adesão ao TNP (Tratado de Não-
Proliferação Nuclear) oque sinalizava a importância em se manter relações
construtivas com o pais (Vigevani.2003,12). Imediatamente após a assinatura
do MTCR, o Brasil foi convidado a participar do projeto de construção da
estação espacial multinacional a ser estabelecida em órbita terrestre, tornando-
se, consequentemente, membro do seleto Clube Espacial. Ainda neste campo
o Brasil assinou um acordo com os Estados Unidos e com a Ucrânia para o
lançamento de satélites comerciais desde a Base Alcântara (VIOLA.2014,9).

Na área comercial houve duras negociações onde o Brasil liderou os países


que se opuseram as barreias comerciais para produtos agrícolas impostas
pelos países desenvolvidos. e foi contra a negociação de condições ambientais
e de trabalho proposta para a nova rodada de liberalização comercial.

O Brasil fez-se ouvir em várias questões: eliminação das barreiras


comerciais à agricultura por parte dos países desenvolvidos, têxteis e
calçados, subsídios e regimes antidumping em países em
desenvolvimento, e a promoção da inclusão de considerações de
saúde pública como restrição aos direitos de propriedade intelectual
no caso de alguns medicamentos (VIOLA.2014,13)

Processo de Integração Regional

No governo FHC consolidou-se uma política brasileira voltada ao


entorno
Geográfico, que se torna referência constante da ação externa. Isso
poderia parecer simples, mas sabemos que, no passado, até o
governo Sarney, a política regional não teve propriamente
centralidade. A interpretação dada ao Mercosul, nisso coincidindo
com os interesses do governo argentino nos mandatos de Menem, de
regionalismo aberto, possibilitou ao Brasil, sem exclusivismo ou
alinhamento, simultaneamente, aderir às normas e aos regimes
internacionais de seu interesse e, ao mesmo tempo, garantir a
preservação de uma “reserva de autonomia” (Pinheiro, 1998, p
61)

No novo cenário internacional do pós guerra fria o ideário liberal foi o escolhido
pelos tomadores de decisão como norteador das políticas as quais os países
deveriam tomar para orientar as suas economias. Nesse sentido países
emergentes como o Brasil, que particularmente havia orientado sua economia
e política externa baseando-se no desenvolvimentismo durante décadas,
enfrentava dificuldades em abrir sua economia devido a assimetria frente as
grandes potencias, em decorrência disto, o Brasil passou a se empenhar na
busca por maior diversificação de parceiros econômicos. Essa lógica fez com
que a aproximação iniciada no governo Sarney com a Argentina que culminou
no tratado de Assunção e na criação do Mercosul se intensificasse ainda mais
no governo Fernando Henrique. FHC adotou o processo de integração regional
como a prioridade de sua política externa (Vigevani,2003,p.16). A ideia de uma
mercado comum sul-americano foi atraente desde os anos 1980 e para FHC o
livre comercio e a união aduaneira eram vistas como fortes impulsionadoras
para as economias dos quatro países. Desde os primeiros anos de Mercosul foi
promovido um considerável crescimento no intercambio de bens, capital,
pessoas e informações entre os países envolvidos (VIOLA,2004,p.12). Se
tratou de uma estratégia de inserção internacional de cunho regional, e a
dinamização deste bloco aspirava promover fortes parcerias comerciais com
outros países emergentes como Índia e China, e principalmente com a União
Europeia. O Mercosul ainda ganhava força devido aos interesses na
participação nos processo de tomada de decisões junto a organismos
internacionais. Consistiu-se em um fortalecedor do poder de barganha
brasileiro para o protelamento das discussões da Alca, que não gozava do
entusiasmo de FHC, desde que este era ministro da Fazenda, pois, uma vez
constituída a Alca nos termos dos EUA a indústria nacional entraria em declínio
devido a impossibilidade de haver competição. Sendo assim dentro do cenário
estabelecido e tendo em vista as regras do jogo o Mercosul era visto como a
melhor caminho para o Brasil (Vigevani,2007,p.43).

O Mercosul colheu bons frutos na Administração de FHC, como o


redirecionamento da matriz energética que dependia muito de importações
vindas do golfo pérsico (Arábia Saudita e Iraque) e passou a ser importadas da
Argentina e da Venezuela. Observou-se projetos para uma integração física
como a interligação de redes de energia e gasodutos (Vigevani,2003,p.17) e
ainda a consolidação:

Adesão conjunta de Argentina e Brasil ao TNP, no contexto de um


acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA),
encerrando a fase em que o uso militar da energia nuclear
permanecia como incógnita nas relações bilaterais e como ponto de
preocupação na relação com outros países. Os dois governos
comprometeram-se ao desenvolvimento da pesquisa nuclear apenas
para fins pacíficos e controlados (Vigevani,2003,p.16).

Assim como a:

Defesa da democracia nos episódios das crises institucionais no


Paraguai em 1996, 1999 e 2001, atitude que em seguida levou à
inserção da Cláusula Democrática no Mercosul. O significado da
inserção no quadro regional de bens públicos internacionais (cf.
Gama e Valadão, 2001) teria como corolário imediato a indução da
estabilidade na região (cf.Silva, 2002, p. 316) e o fortalecimento das
próprias posições na comunidade internacional (Vigevani,2003,p.16)

No campo ambiental os quatro países do Mercosul participaram das


negociações do Acordo-Quatro entre os anos de 1997 à 2000. Liderado pelo
Brasil e finalizado em Fevereiro de 2001, o acordo promovia o
comprometimento dos países com a causa ambiental que fazia parte do
conjunto de novos temas que entraram em cena e passaram a fazer parte da
política externa brasileira ao lado de direitos humanos dentre outros. O acordo
comprometia os países a terem ar puro, agua limpa, tratamento adequado a
resíduos sólidos, gestão cuidadosa de substancias e produtos sólidos,
preservação, da biodiversidade, integridade da camada de ozônio e
estabilidade do clima global. Argentina e Uruguai somente aderiram ao acordo
em 2004 por receio de perder competitividade (VIOLA,2004,p.12).

Conclusão

Concluísse que a política externa do governo Fernando Henrique priorizou o


fortalecimento do Mercosul tendo em vista a dinamização do comercio entro da
região e partindo da região para o resto do mundo. Esse foi o caminho
escolhido para se inserir no novo cenário internacional do pós-guerra, que
passou a ser multipolar. O Brasil também teve a integração regional como meio
de participar ativamente na elaboração de normas nas organizações
internacionais que pudessem impactar positivamente no desenvolvimento
nacional e regional. Nesse sentido se fez ouvido em questões relacionadas ao
comercio, em produtos agrícolas, têxteis e etc. Assim como a questão da
propriedade intelectual em medicamentos. O Bloco foi importante instrumento
de barganha frente a Alca e na luta para a penetração do mercado norte-
americano.
Bibliografia

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PINHEIRO, Letícia. (1998), “1997: O ano que não terminou”. Carta


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SIMÃO, Ana Regina Falkembach. A Diplomacia Presidencial e o Processo de


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VIGEVANI, Tullo; CEPALUNI Gabriel. A Política Externa de Lula da Silva: A


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VIGEVANI, Tullo; OLIVEIRA, Marcelo F. de; CINTRA, Rodrigo. Política externa


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VIOLA, Eduardo. A evolução do Papel do Brasil no Regime Internacional de


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