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Forças conservadoras anti-refugiados na Alemanha – Alternative für

Deutschland e Pegida

Anderson Rosa Andrade

Introdução
O presente artigo pretende analisar o movimento de oposição as politicas
migratórias do governo alemão para a recepção de refugiados no país. Para
isso tomaremos como objeto a trajetória do partido Alternative für Deutschland
com foco nos discursos de sua líder no período analisado, assim como a
expressão do movimento de rua Pegida. Nosso objetivo é buscar as origens de
tal oposição e como ele se conduz pelas massas por estar relacionado com a
historia sociológica do povo alemão nas ultimas décadas.
Palavras chaves: AFD – Conservadorismo – Pegida – refugiados

Trajetória do Alternative für Deutschland (2013-2016)


Partido fundado em 2013 por um grupo de economistas e jornalistas que se
encontravam descontentes com a postura da Chanceler Angela Merkel à
respeito da permanência da Grécia na zona do euro, quando este pais se
encontrava em profunda crise financeira. Frente a crise o economista Bernd
Lucke, então líder do partido, argumentava que o euro era insustentável. O
Alternative für Deutschland, devido a defesa desta e de outras bandeiras vistas
como fora do senso mainstream recebeu inúmeros membros e simpatizantes
que integraram ao ideário do partido ideias anti-refugiados, as quais, devido a
crise dos refugiados sírios, havia se tornado o tema mais discutido no pais.
Após a Chanceler Angela Merkel declarar que as portas da Alemanha estavam
abertas aos refugiados vindos da Siria, e que o pais trabalharia para a
recepção desses, assim como para a sua integração, todos os meios de
comunicação passaram a debater a questão, oque dividiu o pais. Foi nesse
momento que Frauke Petry, uma recém chegada ao partido tomou o controle
das mãos de Bernd Lucke e se tornou a nova líder do partido e a porta voz da
causa anti-imigrante na Alemanha (Meaney.2016).
Frauke Petry se tornou uma estrela dentro do cenário político alemão. Ao
anunciarem seus discursos, membros do partido espalham posters pelas
cidades com dizeres do tipo “Frauke Petry está chegando”. Seus opositores lhe
deram os apelidos de “Adolfina” e “ A Führerin”. Em muitos eventos opositores
aparecem nos protestos portando cartazes com frases do tipo “votar na Afd é
tão 1933” (Meaney.2016).
A agitação que o Alternative für Deutschland e sua líder despertam se deve ao
fato de que desde a Segunda Guerra Mundial, jamais a Alemanha havia tido
uma força de direita que fosse realmente politicamente relevante. Contrastando
com pequenos grupos de ex-nazistas nos anos 60 e 70, assim com os
Skinheads nos anos 80 e 90, Petry se trata de uma figura diferente. Mãe de
quatro filhos do primeiro casamento e a espera do quinto, Petry é Ph.D em
química e tem dividido seu tempo entre os discursos políticos e o laboratório de
ciências. Petry e os outros membros do partido defendem ideias não muito
convencionais, algumas delas tidas como taboo principalmente na Alemanha.
Dentre elas estão a controversa postura sobre os assuntos ambientais, sobre
os quais os opositores acusam o Alternative für Deutschland de negar as
mudanças climáticas. Petry como química, recorrentemente dedica parte de
seus discursos respondendo questionamentos acerca deste tema, no qual
argumenta que ela e o partido apenas defende que o CO₂ não é perigoso.
Além de pedirem um referendo para consulta popular pela possibilidade de a
Alemanha deixar a zona do euro, defendem a saída das tropas aliadas que
estão em território nacional desde 1945. Porém como dito anteriormente,
atualmente, a principal bandeira do partido é a que professa “O Islã não
pertence a Alemanha” (Meaney.2016).
Os membros do Afd baseiam seu discurso contra os refugiados sírios no
argumento de que os nascidos no mundo islâmico não estão preparados para a
realidade de vida no mundo contemporâneo e que se trata de algo
demasiadamente difícil a assimilação de milhares de pessoas de origens tão
distintas à cultura e ao modo de vida dos alemães. Em entrevista concedida a
revista The New Yorker, Petry respondendo ao questionamento do
entrevistador, o historiador Thomas Meaney, relata ter feito uma visita oficial a
um abrigo de refugiados onde diz ter visto que as condições de higiene na qual
os refugiados mantinham o local eram precárias, pois havia comida e
excremento nas paredes. Ainda em tal entrevista diz ter reparado nos modos
dos refugiados e logo pensou “eles não estão indo para trabalhar”. Após o
comentário Frauke Petry argumenta que a maioria dos refugiados são uma
ameaça aos valores alemães contemporâneos como separação entre estado,
liberdade e mídia, e após isso tece longo discurso sobre a história islâmica e a
história europeia, e assim demonstra uma mentalidade recheada de folclore e
preconceitos cujos quais tomam de assalto as mentes do público conservador
em momentos de crise (Meaney.2016).
Logicamente, a recepção de oito milhões de refugiados não se trata de uma
tarefa simples e obviamente tais indivíduos irão perturbar o estado de
normalidade do estado o qual os recebem, causando impactos culturais,
sociais e econômicos. Os últimos são os realmente esperados de maneira
positiva pelo governo alemão, se trata da razão de ser da abertura do pais aos
refugiados sírios. A necessidade da reposição da mão de obra jovem nos
diversos setores econômicos do pais frente ao envelhecimento e a baixa
natalidade é o principal argumento liberal para a abertura. Petry e os membros
do Afd não deixam de acusar a promoção de uma imagem cosmopolita para o
mundo como o foco de tal política. Porém, se resguardando do pensamento
xenofóbico, atentar-se aos impactos dessa política se trata de um exercício
importantíssimo (Meaney.2016).
Durante a celebração do ano novo em 2016 grupos de homens vindos do
continente africano e do oriente médio roubaram e estupraram centenas de
mulheres, o episódio foi ilustrado no imaginário popular como um costume
típico do mundo islâmico; em julho do mesmo ano ocorreram diversos outros
estupros os quais foram cometidos por homens mulçumanos. Próximo a
Würzburg um refugiado afegão feriu quatro pessoas enquanto jurava fidelidade
ao ISIS; um alemão iraniano armado matou nove pessoas em um shopping
center em Munique; em Reutlingen um refugiado sírio matou uma polonesa
gravida com quem trabalhava junto, com golpes de faca em um kebab e um
sírio solicitante de asilo explodiu à si mesmo na cidade de Ansbach na Bavária,
ferindo quinze pessoas. Mesmo frente a esses fatos e a ascenção da direita
que obtém cada vez mais adeptos devido ao estado crítico que a vinda dos
refugiados tomou em 2016, o governo e a mídia preferem repercutir o tiroteio
em Munique como um caso de extremismo direitista, o incidente no kebab
como um crime passional e o caso do solicitante de asilo como um caso
psiquiátrico. Isso acontece pois a questão xenofóbica na Alemanha é
extremamente delicada, sendo ela um taboo devido ao trauma deixado pelo
nazismo. No pais, há muita relutância em considerar pontos de vista tidos como
conservadores pois estes tentem à ser sempre percebidos como se fossem
resquícios do nazismo. Qualquer discurso que pretenda insinuar que a
Alemanha não é o paraíso cosmopolita sem preconceitos que o governo e a
mídia se esforça para promover é mal recebido e qualquer discurso político que
considere o bem estar nacional algo mais importante do que os direitos
humanos em abstrato é visto como a ascenção de Hitler em 1933. Tal
fenômeno é sintomático pois o equilíbrio entre esquerda e direita é uma das
bases institucionais do estado democrático moderno, e além do mais, mesmo
após anos de publicidade e esforço pedagógico para a promoção da
importância da consciência humanitária, é impossível que toda uma nação
concorde que esse conjunto de valores e de ideias sejam incontestáveis para
fundamentar políticas tão delicadas como as que tangem a questão migratória,
ou seja, considerando a pluralidade de ideias, de pontos favoráveis e
desfavoráveis, um consenso se torna utópico. O medo do passado e a
consciência do que não pode ser jamais repetido, servem bem para que este
passado de fato não se repita, porém, termina por implantar um outro medo, o
de dizer que não concorda. Como mostram diversas produções áudio visuais,
como o documentário “Ele está de volta” (que expõe a existência de um
conservadorismo incubado na mente dos alemães) o qual as pessoas se dizem
sufocadas pelo medo de serem taxadas de xenofóbicas ou nazistas ao se
declararem contrarias a política migratória do governo. Foi exatamente esse
sufocamento o que contribuiu para a guinada da direita na Alemanha, muitas
pessoas se tornaram simpáticas ao Alternative für Deutschland e a outros
movimentos anti-refugiados como o Pegida, justamente devido ao fato que tais
movimentos abordaram temas aos quais as pessoas não tinham força para
abordar por elas mesmas (Meaney.2016). O Afd se tornou para muitos a sua
voz. E é justamente este o perigo pois o sufocamento imposto pela cultura que
se criou após a Segunda Guerra Mundial somado a crise dos imigrantes pode
culminar da ascenção de um discurso ultrarradical que não é legitimamente do
povo, ou mesmo de uma força que se apresente moderada mais que uma vez
no poder adote politicas retrogradas aos valores contemporâneos.
O Alternative für Deutschland conquistou os seus primeiros acentos em
parlamentos regionais em 2014. Petry obteve um acento no parlamento da
Saxônia. No de 2016, pesquisas apontavam que o Afd tinha quinze por cento
das intenções de votos, três vezes a mais do que qualquer outro partido de
direita e cinco por cento a mais do que o mínimo requerido para entrar no
Bundestag. O partido também adquiriu mais de 20% dos votos em
Mecklenburg-West Pomerania onde Angela Merkel se constituiu eleitoralmente,
tal porcentagem colocou o Afd em equidade com o partido de Angela Merkel
(União Democrática Cristã). Em 2016 o partido obteve seu primeiro acento no
parlamento estadual de Berlim o qual é tradicionalmente social democrata, em
tais eleições o partido de Angela Merkel obteve seu pior resultado na cidade
(Meaney.2016).
Frente aos incidentes ocorridos e aos resultados eleitorais, Merkel lamentou
publicamente que se pudesse voltar no tempo teria preparado melhor o
governo e à ela própria, admitindo que adotar o slogan “Sim nós podemos
fazer” se tratou de algo ingênuo e irresponsável. Os crimes cometidos pelos
refugiados fizeram com que o partido freasse sua política de migração
adotando meditas semelhantes as propostas da Afd, como instituir o despacho
de refugiados que cometerem crimes e limitar o acesso de refugiados sírios
vindos pela fronteira turca. O governo anunciou uma nova lei de integração,
para definir quem poderá entrar no pais. Duas propostas demandadas pela Afd
foram postas em evidencia. A exigência do aprendizado da cultura e da língua
alemã pelos imigrantes (existe um mito dentro da Afd de que os imigrantes não
querem aprender alemão) e ainda frente aos crimes ocorridos o primeiro
ministro Thomas de Maizière, clamou pelo banimento do uso de burca em
diversos lugares públicos, o que sempre foi uma proposta radical da Afd
(Meaney.2016).
Tais medidas foram tomadas no contexto do que se tornou uma crise política.
Além de querer sanar os erros cometidos por sua política migratória, o governo
desejou nesta ocasião parar o avanço do Alternative für Deutschland que
estava à ocupar o espaço deixado pelas lacunas dos erros da União
Democrática Cristã, como observou o líder do principal partido de esquerda da
Alemanha Die Linke. Kerstin Köditz quem alertou para o risco de o Afd puxar o
partido de Merkel para a direita (Meaney.2016).

Pegida
O Pegida (Europeus patriotas contra a islamização do ocidente), se trata de um
movimento de massa que promove passeatas direcionadas a política migratória
do governo Merkel na cidade de Dresden cujo qual acusam de ser um
processo deliberado de islamização da Alemanha. É formada por diversos
setores da sociedade, contando desde a participação de grupos de pequenas
gangs de Skinheads, até pessoas comuns do povo em suas inúmeras classes,
os quais são a maioria. As chamadas ‘’evening Stroll’’ reúnem famílias as quais
levam suas crianças ao evento. O movimento teve início em 2014 como uma
página do Facebook, mas logo se tornou um movimento que chegou a contar
com 25 mil pessoas à protestar contra a forma deliberada à qual a Alemanha
estava recendo os refugiados. São comumente chamados por sua oposição
ideológica e pela grande mídia, de nazistas e xenofóbicos, apelidos os quais
não aceitam de forma alguma. Dizem apenas quererem mais controle na forma
que o governo lida com a questão, porém, não raramente professam discursos
duvidosos acerca dos mulçumanos ( o que é comum quando estamos a falar
de movimentos de multidão composto por pessoas de formações variadas). O
líder do movimento Lutz Bachmann enfrentou problemas com a justiça ao
chamar solicitantes de refúgio de gado, escoria e lixo em sua página no
Facebook (Brady.2006). Em seu julgamento, promotores argumentaram que
desde que a internet se tornou um fórum popular esse tipo de comentário serve
unicamente a incitar o ódio. A postura de Bachmann é típica de um lideres de
movimentos radias, pois tomam a voz de uma causa passível de ser
considerada legitima e a radicalizam.
No final de 2016 os lideres movimento anunciaram a pretensão de transformar
o movimento em um partido político, em resposta as autoridades que
pretendiam promover o banimento do movimento. Bachmann disse que uma
vez formado o partido esse seria aliado automático ao Afd, pois se tratariam de
dois movimentos, mas de uma só causa, porém deixou claro que não pretendia
liderar o partido pois se considera um militante de rua.
Já demonstrando uma nova postura que viria à adotar em 2017, Pedry
aconselhou que os membros da Afd não comentassem as manifestações do
Pegida, porém os membros mais radicais da Afd mostraram interesse nas
possibilidades de união (Janjevic.2016).
Thomas Meaney em seu artigo publicado no The New Yorker relata o fato de
durante uma passeata do Pegida ter visto um manifestante chamando a
Chanceler Angela Merkel de “The Germany Abolisher” termo popularizado pelo
tratado intitulado “Germany Abolishes Itself” do membro executivo do
Bundesbank Thilo Sarrazin. O livro argumenta que todos os crimes cometidos
por mulçumanos poderiam ser parcialmente traçados por fatores genéticos.
Sobre as razões para o sucesso do livro Meaney argumenta que:

The success of Sarrazin’s book revealed an important shift in public


opinion. For decades, Germany was proud of not being proud—of
confronting its past openly and of accepting the principle of collective
guilt. It developed a political identity based on allegiance to the laws
and norms of the state, rather than on any cultural or ethnic sense of
Germanness. As a result, patriotic displays that would be
uncontroversial in other countries, such as flying the national flag or
saying that you love your country, were taboo in Germany. But, as the
memory of the Third Reich recedes and the last generation of
perpetrators and victims dies out, the nation has begun to see itself
differently(Meaney.2016).

Meaney mostra que não existem típicos militantes do Afd ou típicos


manifestantes do Pegida, pois, pessoas aderem à direita por razões variadas e
só tomam os demais tópicos do partido ou do movimento a posteriori. Existem
pessoas que aderem à direita por questões econômicas, outros por um
pronunciamento mesmo tímido sobre aquecimento global ou sobre a influência
da CIA no sistema internacional. Por mais que existam argumentos legítimos
contra a forma deliberada a qual o governo se dispôs a receber os refugiados,
não se pode negar que existe um sentimento de ódio amplamente disseminado
dentro desses movimentos, não porque ele se sustenta por atrair pessoas
xenofóbicas, mas porque ele atrai xenofóbicos em potencial e os forma
(Meaney.2016).
Considerações Finais:
Notasse que a abertura das fronteiras do país aos imigrantes se trata de uma
politica extremamente delicada e que jamais poderia ser implantada sem que
houvesse debate sobre o assunto. As condições dessas pessoas que vem de
uma cultura totalmente diferente e que carregam um estigma cultural composto
por fatos sócio-culturais e preconceitos dos mais variados causa um
desconforto à sociedade alemã, que se vê em situação delicada por conta de
sua historia, dos discursos e do obvio. Receber milhares de pessoas no país
não é tarefa simples. Em meio aos elementos que compõe o quadro, as
pressões forçam pessoas a tendências cada vez mais radicais contrarias e a
favor da politica migratória. Os primeiros acabam por incorporar preconceitos
que se tornam o debate improdutivo e os segundos só vem seus adversários
como condutores desses preconceitos, não se questionando se esta politica é
de fato boa para os interesses nacionais e se a sua postura pro também não é
fundado por uma serie de preconceitos consagrados.
Referencias:
< http://www.newyorker.com/magazine/2016/10/03/the-new-star-of-germanys-
far-right >. Acesso em: 03/05/2017
< http://www.dw.com/en/pegida-founder-lutz-bachmann-found-guilty-of-inciting-
hatred/a-19232497 > .Acesso em: 17/05/2017
< http://www.dw.com/en/german-pegida-movement-set-to-start-political-party/a-
19410313 > Acesso em: 17/05/2017

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