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ETEC – DRª RUTH CARDOSO ● GERENCIAMENTO DE OBRA ● Prof.

Cahn

Capitulo 1 – Gestão de Obra


1.1- Objetivos da gestão

A gestão é fundamental para conhecer quais os objetivos a atingir tanto a nível técnico, administrativo,
econômico e financeiro, como no cumprimento do prazo disponível para a execução da obra.

O responsável deverá estudar todos os detalhes de uma boa gestão, tendo a atenção os seguintes pontos:

01 - O projeto;
02 - O local de execução;
03 - A área disponível para o canteiro de obra;
04 - Os meios necessários;
05 - O controle de custos;
06 - O controle de prazos;
07 - O controle da qualidade e segurança.

Para que todos estes itens sejam respeitados, o responsável pela organização da obra deverá ter ao seu
dispor todos os meios necessários para poder cumprir os objetivos pré definidos, pois só assim se garante
uma boa gestão e consegue executar os trabalhos com qualidade, bem como cumprir os prazos previstos,
satisfazer o dono da obra e almejar o lucro.

1.2 – Estudos do projeto

O estudo do projeto é essencial antes do começo da obra, para evitar que durante a execução não haja
atrasos por falta de pormenorização ou falta de informação.

Em primeiro lugar é realizado uma análise preliminar, a todas as peças escritas e desenhadas, com o
objetivo de ter um conhecimento superficial de todo o projeto, sendo anotadas as dúvidas que surjam
durante esta análise para que possam ser esclarecidas na fase seguinte, onde é realizada uma visita ao
local de implantação.

A visita ao local da obra tem a finalidade de esclarecer as dúvidas que foram encontradas na análise
preliminar e apurar as dificuldades que se vão encontrar, sendo realizado um levantamento topográfico do
terreno onde se vai implementar a obra, bem como todas as infra-estruturas que possam interferir na
construção, contando com situações imprevistas durante a realização, tais como:

* Condições geológicas e geotécnicas;


* Meteorológicas e climáticas do local ou da região;
* Sondagens e ensaios dos solos;
* Condições da bacia hidrográfica e níveis freáticos;
* Condições ambientais;
* Condições de pluviosidade;
* Regime de temperaturas.

Na fase seguinte é realizado um estudo mais aprofundado de todas as peças do projeto (escritas e
desenhadas).

Os elementos de projeto são relacionados entre si e com as condições que foram encontradas no local da
obra.

Esta correlação de dados visa a determinação de todas as condicionantes, incongruências, informações


não completas e, por vezes omissões, que não foram detectadas na análise preliminar.

No Quadro 1 podem-se ver os elementos que se devem analisar num estudo mais aprofundado do projeto.

Com o estudo do projeto mais aprofundado concluído, inicia-se o processo de planejamento, existindo
tarefas envolvidas na análise de projeto que devem ser tratadas de uma forma especial, devido a serem um
importante fator na gestão, nomeadamente as medições, a orçamentação e a escolha de equipamentos.

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Na fase seguinte é realizado um estudo mais aprofundado de todas as peças do projeto


(escritas e desenhadas).

1.3 – Medições retificadas

1.3.1 – Objetivos das medições

A medição é a determinação quantitativa dos trabalhos a executar numa dada obra e destina-se a diversos
fins relacionados com a gestão de obras, que são:

●Orçamentação (determinação do valor total da obra);


●Planejamento (determinação da duração das atividades);
●Determinação das quantidades de recurso (mão-de-obra, materiais e equipamentos);
●Elaboração de autos de medição;
●Controle da “faturação”;
●Controle de quantidades dos recursos;
●Controle econômico de obras.

Para se proceder à medição dos trabalhos de uma obra é necessário estabelecer regras visando a
uniformização dos métodos e critérios a adotar para a realização dessas medições.

Nas medições existem algumas condições gerais que devem ser cumpridas:

●Descrever de forma completa e precisa os trabalhos previstos no projeto ou executados em obra;


●Os trabalhos que impliquem diferentes condições ou dificuldades de execução serão medidos
separadamente em rubricas próprias;
●As dimensões adotadas serão em regra as de cada elemento de construção arredondado ao
centímetro;
●Salvo referência em contrário, o cálculo das quantidades dos trabalhos será efetuado com a
indicação das dimensões segundo a ordem seguinte:
- Em planos horizontais, comprimento × largura × altura ou espessura;
- Em planos verticais, comprimento × largura ou espessura × altura.
Considerando-se como comprimento e largura as dimensões em planta dos elementos a medir
●As dimensões que não poderem ser determinadas com rigor deverão ser indicadas com a
designação de “quantidades aproximadas”;

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●As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à sua perfeita
compreensão, de modo a permitir uma fácil verificação ou ratificação, e a determinação correta do custo;
●O uso do designado “valor global” deverá ser evitado, pois dificulta enormemente o rigor do
orçamento;
●Recomenda-se que as medições sejam organizadas por forma a facilitar a determinação dos
dados necessários à preparação da execução da obra e ao controle de produção, tendo em vista a
repartição dos trabalhos por diferentes locais de construção e o cálculo das situações mensais de
pagamento e controle de custos.

As unidades de medida adotadas devem ser:

• Unidade de medida linear – Metro (m);


• Superfície – Metro quadrado (m2);
• Volume – Metro cúbico (m3);
• Peso – Quilograma (kg).

OBS.: As medições freqüentemente apresentam erros e omissões!


No Anexo 1 é possível ver um exemplo de uma folha de medições simples.

1.3.2 – Retificação das medições

Após a obra ser adjudicada é necessário fazer uma nova análise ao projeto, com mais calma, para ver se
existem erros ou omissões ao orçamento base.

Se existirem erros ou omissões devem ser reclamados no prazo concedido para o efeito no caderno de
encargos, de acordo com a dimensão e complexidade da obra, mas não deverá ser inferior a 15 dias,
contados da data de consignação, o Empreiteiro poderá reclamar:

a) Contra erros e omissões do projeto, relativos à natureza ou volume dos trabalhos, por se verificarem
diferenças entre as condições locais existentes e as previstas ou entre os dados em que o projeto se baseia
e a realidade;
b) Contra erros de cálculo, erros de materiais e outros erros ou omissões das folhas de medições
discriminadas e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades de trabalhos, por se verificarem
divergências entre estas e o que resulta das restantes peças do projeto.

Retificado qualquer erro ou omissão do projeto, o respectivo valor será acrescido ou deduzido ao valor da
adjudicação.

No caso de o projeto base ou variante ter sido de autoria do Empreiteiro, este suportará os danos resultante
de erros ou omissões desse projeto, ou variante, ou das correspondentes folhas de medições discriminadas
e referenciadas e respectivos mapas resumo de quantidades de trabalhos, exceto se os erros ou omissões
resultarem de deficiências dos dados fornecidos pelo dono da obra.

Com todas as medições ratificadas passa-se ao re-orçamento, para saber qual o valor mais real da obra.

1.4 – Orçamento e re-orçamento

1.4.1 – Orçamento

De modo simplista, podemos dizer que orçamento é o cálculo dos custos para executar uma obra ou um
empreendimento. Quanto mais detalhado o orçamento, mais ele se aproxima do custo real.

A qualidade da preparação do orçamento é essencial para o sucesso das partes envolvidas na


administração dos gastos de capital para os projetos de construção. O processo de cálculo do orçamento é
de certo modo usado assim que a idéia para o projeto é concebida.

Fazer o orçamento é um processo complexo que envolve recolha de informação disponível e pertinente
relacionada com a finalidade do projeto, consumo esperado de recursos e alterações futuras no custo
destes recursos.

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O orçamento é o somatório das várias quantidades de trabalho, multiplicadas pelo preço unitário de cada
uma delas. Existem vários tipos de orçamentos, definidos em bases diferentes. Entre as fases de
elaboração do projeto, desde o estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo, o orçamento toma as
terminologias de estimativa de custo, como, por exemplo: orçamento preliminar; orçamento analítico
detalhado. Consoante o fim a que se destina o orçamento toma as terminologias de orçamento comercial e
orçamento de produção:

• Orçamento comercial: é o orçamento que serviu de base á adjudicação e servirá de base às facturas a
emitir;
• Orçamento de produção: orçamento revisto com a determinação mais correta possível das tarefas a
realizar e das respectivas quantidades (independente de haver ou não acordo com o dono da obra,
relativamente aos erros detectados).

1.4.2 – As funções de um orçamento

As funções de um orçamento são as seguintes:


●Constituir a parte principal de qualquer proposta, ou seja a base da resposta a um concurso
público ou convite;
●Servir de documento contratual juntamente com o projeto de execução e outras condições e
documentos acordados entre o Empreiteiro e o dono da obra;
●Servir de documento base para a previsão e controle, por parte do Empreiteiro, dos meios de
produção e produtividade. Normalmente é elaborado um novo orçamento (re-orçamento) que tem em conta,
para alem de toda a informação não disponível na altura da execução do orçamento, a correção de
eventuais erros cometidos nessa fase;
●Servir de base à “faturação” para emitir para a obra a que se refere.

O orçamento é uma peça básica no planejamento e programação de uma obra. A partir dele é possível
fazer:
●Análise da viabilidade econômico-financeiro da obra;
●O levantamento dos materiais e dos serviços;
●O levantamento do número de operários para cada etapa de serviços;
●O cronograma físico ou de execução da obra, bem como o cronograma físico-financeiro;
●O acompanhamento sistemático da aplicação de mão-de-obra e materiais para cada etapa de
serviço, etc.

1.4.3 - Noção de estrutura de custos

Uma estrutura de custos é um processo de dividir os diversos encargos que a empresa de construção civil
tem de modo a facilitar a elaboração do respectivo orçamento.

Em construção civil, normalmente, a estrutura de custos tem a seguinte forma:

Custos Diretos
Custos Indiretos
Custos Totais da Obra
Custos do Canteiro de Obra
Margem de Lucro e Risco
Imposto Sobre o Valor Acrescentado (I.V.A.)

Custos Diretos
Os custos diretos são os que estão diretamente aplicados na produção da obra, ou seja:
●Custos com a mão-de-obra diretamente produtiva, incluindo os encargos sociais previstos na lei o
de iniciativa da empresa;
●Custos de materiais e elementos de construção
●Custo de equipamentos e ferramentas (manuais e mecânicas) diretamente utilizadas na realização
dos trabalhos, total ou parcialmente amortizados na mesma(sendo sempre o custo totalmente amortizado
no caso de aluguel).

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Custos Indiretos
Os custos indiretos são uma percentagem do valor dos encargos totais gerais da empresa, estes custos
destinam-se a todas as despesas não específicas de cada obra, necessárias à manutenção da estrutura
administrativa e técnica da empresa.

Estes custos incluem:


A) Custos de estrutura da empresa, como, por exemplo:
Pagamento do pessoal administrativo não técnico;
Gastos de exploração e manutenção da sede social;
Pagamento da direção da empresa;
Despesas de consumo corrente;
Seguros de pessoas e bens;
Encargos financeiros;
Despesas comerciais;
Contribuições, impostos e taxas (normalmente nunca imputados às obras).
Etc.
B) Custos industriais - são os custos de todas as seções não diretamente produtivas, que asseguram a
função técnica da empresa como, por exemplo:
Pagamento do pessoal técnico não diretamente ligado às obras;
Pagamento da direção de pessoal;
Encargos de amortização e exploração de viaturas do pessoal técnico;
Despesas gerais do canteiro central;
Patentes e licenças.
C) Outros custos imputáveis às obras adjudicadas como, por exemplo:
Despesas com pessoal da empresa encarregado do estudo e apresentação das propostas;
Gastos de adjudicação, garantias bancárias, aquisição de projetos, etc.;
Encargos financeiros resultantes do contrato.

Custos do Canteiro de Obra


Os custos do canteiro de obra são os custos com instalações fixas, mão-de-obra e equipamentos
necessários à realização da obra, mas não facilmente imputáveis a uma ou a várias tarefas especificas e
que, por esse motivo, dificilmente podem ser incluídos nos custos diretos. Essas despesas incluem:

* Custos com a mão-de-obra não diretamente produtiva, incluindo os encargos sociais previstos na lei o de
iniciativa da empresa (pessoal dirigente, controlador, condutor das obras, pessoal dos serviços auxiliares,
etc.);
* Equipamentos não englobados nos custos diretos (como gruas, central de concreto, tapumes, vedações,
placas informativas, etc.);
* Viaturas (carga e pessoal), seus consumos e despesas de manutenção e reparação;
* Despesas de montagem e desmontagem do canteiro;
* Despesas ligadas à exploração do estaleiro (segurança, aluguel de instalações fixas, água, luz, telefone,
pavimentos, etc.)

Margem de Lucro e Risco


A margem de lucro e risco são o valor monetário fixo que devem ser adicionados ao montante global dos
custos da obra, de modo a incluir o lucro da empresa e o risco decorrente do investimento a efetuar ao
longo da sua realização.
Imposto Sobre o Valor Acrescentado
Todos os orçamentos deverão ser acrescidos de uma percentagem relativa ao I.V.A. (conforme taxas em
vigor, que podem variar em função do dono da obra).

1.4.4 - Composição de custos diretos

Mão de obra
Os custos de mão-de-obra deverão ser calculados com base nos registros específicos existentes nas
empresas, atendendo-se também ao mercado da Indústria da Construção Civil que estabelece vencimentos
mensais mínimos a praticar, os quais, são atualizados anualmente, em geral.

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Os rendimentos dos operários podem-se determinar a partir de informação estatística resultante do trabalho
do setor de controle de execução da empresa. Estes valores são patrimônio das empresas de Construção
Civil e constituem um dos seus principais elementos de trabalho.

Os salários dos operários podem-se determinar recorrendo à lista de vencimentos da empresa por
categorias e à percentagem de encargos sociais a afetar o salário simples.

Materiais
Os custos relativos aos materiais são recolhidos nos fornecedores, representantes, distribuidores ou
fabricantes, que apresentam valores referidos a unidades de medição específicas de cada material.

O custo dos materiais por unidade de medição de uma operação de construção é calculado pela soma dos
custos de todos os materiais necessários para a sua realização, atendendo sempre as unidades a que os
custos dos materiais simples recolhidos no mercado se referem.

Equipamentos
Na realização de uma obra são numerosos os equipamentos que poderão ser utilizados na execução dos
trabalhos, sendo necessário escolher o equipamento mais apropriado para a realização de determinada
tarefa. É, aliás, a capacidade de recursos à utilização de equipamentos que determina o grau de
mecanização da obra, fator que hoje em dia é determinante para a execução de uma obra nas melhores
condições de prazo e custo.

Os equipamentos de obra são de vários tipos, sendo selecionados de acordo com os trabalhos a realizar,
compreendendo:
●Equipamentos de terraplanagem;
●Equipamentos de elevação e manuseamento de materiais;
●Equipamentos de fabricação e colocação de concreto e argamassas;
●Equipamentos de corte e dobragem de aço;
●Equipamentos de preparação de andaimes;
●Equipamentos de ar comprimido.
Com os vários tipos de equipamentos que foram selecionados para a realização da obra, a empresa
construtora por falta de equipamentos para a realização das tarefas, pode ter a necessidade de recorrer a
um dos três métodos seguintes:
●Aquisição de equipamentos;
●Aluguel de equipamentos;
● “Leasing” de equipamentos.

A decisão quanto ao método a utilizar em cada caso depende, da realização de estudo econômico
comparativo entre as diversas soluções possíveis, do uso que se prevê para o equipamento a longo prazo e
também do valor desse equipamento.

A aquisição do equipamento (utilização de equipamento próprio) é a modalidade a que as empresas de


construção mais recorrem sempre que prevêem taxas de utilização elevadas para o equipamento.

O aluguel do equipamento é uma modalidade que deve ser considerada em casos que a taxa de utilizações
previstas são baixas ou que haja de necessidade do equipamento durante um curto prazo.

O “leasing” é a modalidade de aluguel com a opção de compra pelo valor que se prevê para o equipamento
no fim do período de utilização. Estes valores são estipulados no contrato de “leasing”.

1.4.5 – Re-orçamento

Uma das tarefas para se executar na fase de preparação de obra será a elaboração de um novo orçamento
dos trabalhos a realizar, tendo em conta, tanto quanto possível, custos industriais mais de acordo com os
reais. Este orçamento é realizado quando já houver uma programação definitiva, um plano de canteiro de
obra, um conhecimento dos métodos e trabalho e do tipo de recursos a utilizar, etc. Este orçamento
detalhado e baseado em condições reais de execução da obra.

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Este segundo orçamento só por coincidência terá a mesma perspectiva sobre a margem de lucro do
orçamento inicial, pois naturalmente a contabilização dos custos irá variar do primeiro para o segundo
orçamento.

A elaboração do re-orçamento justifica-se principalmente pelos seguintes aspectos:


* Pelo período mais ou menos longo que decorre entre a proposta (orçamento inicial), e a data de
início da obra (consignação), que origina muitas vezes alterações das condições de mercado com reflexo
significativo nos preços;
*Pelo estudo mais detalhado do projeto, permitindo a implementação de métodos construtivos mais
eficazes, detectando erros e/ou omissões que traduzem trabalhos a mais ou a menos;
*Pela possibilidade de elaborar um planejamento técnico mais detalhado e que se poderá traduzir
num prazo mais curto, com influência nos custos indiretos;
*Pelas novas consultas entretanto efetuadas em fase de preparação podendo obter-se através da
negociação novos preços de fornecedores e subempreiteiros;
*Pelo redimensionamento ou otimização dos meios a afetar à execução da obra;
*Pelo cálculo estimativo de revisão de preços com índices, entretanto conhecidos.

O re-orçamento deverá assim, prever com maior confiabilidade possível os proveitos, custos e resultados da
obra, e permite verificar os desvios relativamente ao orçamento inicial, servindo de informação para o setor
comercial (elaboração de propostas) para orçamentos futuros.

O re-orçamento passará assim a constituir o novo objetivo econômico para a empreitada.

1.5 – Canteiros de obra

O canteiro de obra é o espaço físico onde são implementadas as instalações fixas de apoio à execução de
obras, implantados os equipamentos auxiliares de apoio e instaladas as infra-estruturas provisórias: água,
esgotos, eletricidade. O canteiro de obra tem a finalidade de tornar possível a execução de uma obra no
prazo previsto e nas melhores condições técnicas e econômicas, assegurando um determinado nível de
qualidade e de segurança e minimizando o custo.

Na construção distinguem-se dois tipos de canteiro:


●O canteiro central é implementando normalmente num terreno que é propriedade da empresa de
construção. Nele se localizam as instalações e equipamentos de utilização geral, como sejam as oficinas
especializadas (carpintaria, serralharia), podendo também ai instalar-se centrais de fabricação de concreto,
de corte e dobragem de armaduras entre outras;
●O canteiro local é aquele que serve de apoio à execução de uma determinada obra. Nele se
instalam todos os elementos que as características da obra a executar exigem. É um canteiro que ocupa,
em regra, terrenos pertencentes ao dono da obra ou outros nas proximidades, sejam privados ou públicos
(como por exemplo, a ocupação da via pública).

Os elementos de um canteiro de obra são construções auxiliares, equipamentos e demais instalações


necessárias para a execução da obra nas melhores condições.

São elementos do canteiro de obra:


*Vedação (Tapumes);
*Portaria;
*Escritórios incluindo o da fiscalização;
*Dormitórios;
* Instalações sanitárias;
* Refeitório;
* Armazém de materiais;
* Armazém de Ferramentas;
* Canteiro de preparação de armaduras;
* Canteiro de preparação de concreto;
* Canteiro de fabricação de concreto e argamassas;
* Instalação de equipamentos de apoio fixo (grua);
* Parques de equipamentos móveis (dumper, retro escavadoras, etc.);
* Oficina de reparações;
* Parque de viaturas;

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* Parques de materiais;
* Redes provisórias de água, esgotos e eletricidade;
* Recolha de lixos;
* Circulações internas.

1.5.1 – Projeto do Canteiro de Obra

Em obras de relativa importância, elabora-se um projeto de canteiro de obra, propondo-se identificar os


elementos a instalar no canteiro da obra. Organiza-se de forma a otimizar a operacionalidade dos mesmos,
reduzindo ao mínimo os percursos internos, quer dos operários quer dos materiais e equipamentos de
apoio.
A organização do canteiro é uma forma de permitir a execução da obra nas melhores condições de prazos,
custo, qualidade e segurança. Qualquer que seja a importância do canteiro é sempre necessário prever
uma instalação e organização que depende do equipamento a utilizar, das características da construção e
do terreno disponível. Regra geral, o canteiro é tanto mais dinâmico quanto maior for a complexidade da
obra e quanto menor for o espaço disponível. Por vezes é necessário mudar a disposição do canteiro
conforme as fases da obra.
Na tabela a seguir é possível ver os aspectos que devem ser levados em consideração para o
dimensionamento e organização de um canteiro de obra:

1.6 – Planejamentos da produção

O planejamento é uma das mais importantes responsabilidades da construção, pois é a chave que permite
obter um total planejamento de todas as tarefas que vão ser elaboradas em obra, isto é definir com maior
rigor a ordem e a forma como se vai executar e em que tempo.

Na realidade, para que todas as tarefas decorram dentro da normalidade, sem pressas e atropelos, é
necessário planificar toda a obra. Justifica-se por isso a elaboração de diversos mapas e tabelas que de
uma forma esquemática, possibilitam uma rápida e fácil “visualização” de toda a obra, simplificando
bastante o trabalho do técnico em campo.

O planejamento é elaborado considerando um aproveitamento racional dos meios existentes e uma gestão
equilibrada da mão-de-obra, fornecimento de matérias-primas e produtos, de acordo com a marcha dos

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trabalhos. A partir destes dados é igualmente possível a gestão financeira e o controlo de custos por fase de
trabalho.

O planejamento de produção serve de apoio ao controle de toda obra. Os responsáveis pela direção de
realização da obra têm, assim, um documento previamente realizado onde podem ter todo o controle de
todas as atividades que vão sendo realizadas pelas equipes de trabalho e saber se estas atividades estão
de acordo com o prazo previsto pelo plano de trabalho. Por outro lado, proporciona um melhor controle
financeiro da obra, conseguindo-se saber se os custos previamente previstos estão de acordo com os
custos reais da obra, controlando os desvios que possam surgir.

O planejamento de produção tem obrigatoriamente de ser flexível, pois a ação produtiva está sujeita a
condicionantes de várias ordens, quer internos ou externos, como a instabilidade atmosférica ou o
dimensionamento da equipe de trabalho.

O planejamento de produção pode ser elaborado utilizando vários métodos e modelos gráficos, um dos
modelos mais usados é o “Diagrama de Gant”. Este é um modelo muito direto para a abordagem do
problema, consiste fundamentalmente num quadro onde se representa à escala o tempo e as tarefas que
constituem o projeto. Listam-se todas as tarefas de forma ordenada cronologicamente e afeta cada uma
delas da duração prevista.

Com o “Diagrama Gant” completo é possível observar todo o planejamento da obra. Neste diagrama contem
toda a informação necessária a execução da obra, contendo as seguintes informações:

●Lista de todas as tarefas;


●Prazo total da obra sendo este decomposto em prazos para a realização de cada tarefa;
●Dependência entre tarefas, isto quer dizer que uma dada tarefa só pode começar quando terminar
a outra;
●Caminho crítico da obra. Este item deve se ter cuidado redobrado para que o prazo final não seja
alterado.

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Capitulo 2 – Direções de Obra


2.1 – Conceitos de Direção

“Dirigir é traçar caminhos que conduzam aos objetivos previamente traçados; é saber produzir os impulsos
dinâmicos no momento exato, depois de ter criado as condições para que estes impulsos produzam o efeito
desejado”.

O bom dirigente é aquele que, para além dos fortes e apropriados conhecimentos técnicos, consegue
conduzir a sua equipe por um caminho único e simples por ele traçado, sem necessidade de autoritarismo,
mas pela fomentação da convivência na empresa, da comunicação do entusiasmo da equipe. Assim,
devem existir características na base do seu perfil psicológico e moral padronizadas de acordo com estas
referências de comportamento.

Em termos psicológicos apontam-se algumas particulares importantes, tais como a racionalidade na


abordagem dos problemas, a abordagem direta e concisa, o poder de síntese, a intuição, a memória de
outras situações análogas, o saber ver e saber observar, a perseverança na resolução de problemas em
tempo útil, o não deixar conduzir por situações de desânimo ou pânico, a atualização constante das
informações técnicas, a lealdade e o espírito de justiça. Deve ter sempre presente que dirigir não consiste
simplesmente em dar ordens, pelo contrário é instituir e organizar. No final terá de aplicar a si mesmo a
disciplina que espera dos outros.

2.2 – Órgãos de direção e suas atribuições

Com vista à realização de determinado empreendimento, conjugam-se vários intervenientes:

●Dono da Obra;
●Autores do projeto;
●Empreiteiro(s).

Poderão ainda intervir nesta fase outras entidades com função de fiscalização conferidas pela legislação
vigente como, por exemplo o Setor de Obra Municipal e a Inspeção geral do Ministério do Trabalho.

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O objetivo comum destas entidades consiste na realização da obra de acordo com o projeto aprovado e
segundo as normas de segurança e as boas regras da arte de construir. Para isso, nas relações entre todos
os intervenientes, e em particular dos seus representantes, deve prevalecer o princípio de boa fé e de
colaboração mútua que permita o cumprimento das obrigações de cada uma das partes do contrato.
O Dono da Obra é o principal interessado na realização da obra e como tal tem autoridade para fazer
cumprir as cláusulas dos contratos estabelecidos com os restantes intervenientes (autores do projeto e
empreiteiros), nomeadamente no que se refere às disposições do caderno de encargos e projeto. O Dono
da Obra poderá introduzir as alterações que se mostrarem necessárias durante a execução da obra, em
acordo com o seu autor, sujeitando-se contudo às conseqüências que desse ato poderão advir (por
exemplo, obrigação de indenizar o Empreiteiro em determinadas situações previstas na legislação).

Antes de iniciada a obra o Dono da Obra comunica aos Empreiteiros a identidade do seu representante
junto da obra e outros técnicos que constituirão a sua fiscalização, baseada fundamentalmente numa ação
de prevenção e de participação no processo construtivo, visando o controle de qualidade e de segurança,
do preço e do prazo. Define também as competências do seu representante, nomeadamente quanto à sua
autonomia técnica e econômica. Essas competências devem ser objeto de documentos que deverá também
referir o valor limite até ao qual o representante do Dono da Obra poderá autorizar a realização de trabalhos
a mais, sem consulta prévia ao Dono da Obra .

Ao Autor do projeto ou seu representante (assistente técnico) cabe-lhe prestar a assistência técnica à obra
visando o esclarecimento das dúvidas surgidas na interpretação do projeto, durante a fase de execução da
obra e adequá-lo às situações surgidas, diferentes das previstas.

Compete-lhe também a apreciação de documentos de ordem técnica apresentados pelos fornecedores ou


Empreiteiros e a elaboração de pareceres solicitados pelo Dono da Obra sobre a qualidade dos materiais a
empregar, execução dos trabalhos, equipamentos e instalações.

O Empreiteiro comunica ao Dono da Obra a identidade do técnico que irá exercer as funções de Diretor de
Obra, o qual deverá possuir a qualificação mínima exigida no caderno de encargos.

Ao Diretor de Obra compete dirigir a obra em todos os aspectos administrativos, técnicos e econômicos,
sendo este o responsável pelo cumprimento de todas as cláusulas do contrato, caderno de encargos e
todas as peças do projeto de acordo com as normas e disposições legais em vigor. O Diretor de Obra na
fase de construção tem a responsabilidade pela orientação do modo de execução da obra, bem com dirigir
a sua equipe de trabalho, de modo a motivar a equipe para uma boa realização dos trabalhos a realizar,
zelando pela segurança dos seus trabalhadores.

Para alem disso, o Diretor de Obra é o responsável máximo pela sua gestão e controle, salientando-se as
seguintes vertentes de ação, do Regime Jurídico de Empreitadas de Obras Públicas:

*Controlar o projeto mesmo que este seja da autoria do Empreiteiro, avisando a fiscalização da obra das
deficiências que encontre;
*Elaborar o programa de garantias de qualidade com base nos requisitos estabelecidos no caderno de
encargos, caso este assim estipule;
*Organizar o livro de obra (Diário de Obra)para registro dos acontecimentos mais importantes relacionados
com a obra;
*Proceder à implantação e estaqueamento da obra a partir das referências (cotas e alinhamentos)
fornecidas pela fiscalização da obra;
* Elaborar o projeto do canteiro da obra, quando tal seja exigido no caderno de encargos;
* Executar os trabalhos dentro dos prazos parciais e globais aprovados;
* Elaborar ou colaborar na elaboração do plano de segurança e de saúde ao tipo de obra a executar
visando à segurança de pessoas e bens;
* Reclamar quanto a erros e omissões do projeto nas empreitadas por preço global, no caso do projeto ser
apresentado pelo Dono da Obra;
* Informar mensalmente a fiscalização da obra dos desvios que verifiquem no plano de trabalhos aprovado;
* Realizar ensaios previstos no caderno de encargos;
* Efetuar o controle de qualidade de acordo com regras definidas pelo Dono da Obra;
* Estudar os processos de construção mais adequados para a realização dos Trabalhos;
* Elaborar os pormenores de execução que se mostrarem necessários ou que sejam exigidos no caderno
de encargos;

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* Elaborar o plano definitivo de trabalhos e respectivo plano de pagamentos;


* Submeter à aprovação da fiscalização da obra os materiais os materiais e elementos de construção a
aplicar;
* Apresentar a fiscalização da obra todos os documentos exigidos no caderno de encargos e outras
disposições de natureza regulamentar ou legislativa como, por exemplo, tabelas de salários mínimos,
periodicidade do pagamento ao pessoal.

No desempenho das funções que lhe estão cometidas, o Diretor de Obra poderá subdelegar parte delas em
colaboradores: diretor-adjunto, encarregado geral ou encarregados a um nível hierárquico inferior,
dependendo da dimensão da obra. Porém, a responsabilidade pela execução recairá sempre sobre ele.

2.3 – Órgãos de direção e suas responsabilidades

As responsabilidades dos intervenientes na realização de uma obra encontram-se regulamentadas em


diversos diplomas legais, nomeadamente, no Código Civil da Construção Civil e, no caso de se tratar de
uma obra pública, também no Regime Jurídico das Empreitadas de Obras Públicas.

No caso das obras particulares aplicam-se principalmente as disposições do Código Civil que confere ampla
liberdade de contratação entre as partes, resultando por isso a introdução, muitas vezes, de cláusulas que
remetem a resolução de casos omissos nos contratos estabelecidos para a legislação de obras públicas.

Estas responsabilidades resultam de fatos ilícitos que violem normas disciplinares ou profissionais, de
direito criminal ou de direito civil, podendo assim assumir as seguintes formas:
●Responsabilidade disciplinar ou profissional;
●Responsabilidade criminal;
●Responsabilidade civil.

As responsabilidades disciplinar ou profissional e a criminal traduzem-se no sofrimento de penas a que


estão sujeitas as pessoas, em geral, individuais. Por exemplo, infrações ao Regulamento de Segurança no
Trabalho da Construção Civil motivadas por falta de responsabilidade do técnico responsável, poderão ser
punidas com multa ou suspensão do exercício da profissão por um período que será determinado pela lei.

A responsabilidade civil traduz-se na obrigação de indenizar o lesado pelos danos resultantes da violação
(Código Civil). A responsabilidade civil sub divide-se em responsabilidade civil contratual e extracontratual.

A responsabilidade civil contratual resulta de infrações às obrigações consignadas num contrato.

A responsabilidade civil extracontratual resulta da violação de um direito do outro.

Envolvem responsabilidade civil contratual do Empreiteiro, por exemplo, as seguintes situações:

●Execução de obra com desrespeito pelas normas e regulamentos aplicáveis;


●Utilização de materiais de qualidade inferior ao previsto no projeto aprovado;
●Erros de execução da obra quando não resultem de ordens escritas da fiscalização;
●Erros de concepção da obra quando o projeto é de autoria do Empreiteiro e não se baseie em
dados inexatos fornecidos pelo Dono da Obra;
●Falta de cumprimento de ordem escrita da fiscalização;
●Não cumprimento de cláusulas do contrato estabelecido.

Como exemplos de situações que envolvem responsabilidade civil extracontratual do Empreiteiro, citam-se:

●Execução de trabalhos que danifiquem os prédios vizinhos;


●Danos causados em pessoas ou bens alheios provocados pela queda de materiais ou meios
auxiliares utilizados na execução da obra.

O Dono da Obra também está sujeito a responsabilidade civil contratual, por exemplo, nos seguintes casos:

●Erros de concepção da obra quando o projeto é apresentado pelo Dono da Obra ou este forneça
elementos de base inexatos que originem deficiências técnicas na elaboração do projeto.
●Suspensão temporária dos trabalhos, no todo ou em parte, por fato não imputável ao empreiteiro.

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O responsável por estas ou outras ocorrências que envolvam responsabilidade civil, constituem-se no seu
dever de custear a execução das obras de reparação que se mostrarem necessárias e, mediante as
situações, indenizar os lesados dos danos emergentes.

Pelos erros de concepção imputáveis aos autores do projeto traduz-se na aplicação das penalizações que
se encontrarem previstas no contrato entre Dono da Obra e autores do projeto. Essas penalizações têm
assumido diversas formas como, por exemplo, a redução do valor dos honorários devidos (até certa
quantia) se o valor dos erros e omissões do projeto ou o valor final da obra for superior a determinada
percentagem acordada no contrato.

As situações referidas relativamente aos autores do projeto, colocam-se também para a atividade de
fiscalização de obra, julgando-se por isso ser também necessária legislação especifica sobre a
responsabilização efetiva dos agentes da fiscalização que permita a aplicação do mesmo principio
anteriormente citado.

Estas considerações sobre responsabilização de projetistas e fiscalização colocam-se também


relativamente a outros prestadores de serviços ligados ao sector da construção, como é o caso, por
exemplo, dos gestores da qualidade e dos coordenadores de segurança.

2.4 – Competências técnica e execução diretiva

Considera-se útil a preparação, no início da obra, de uma síntese das principais tarefas a ter em conta
durante a realização da obra definindo-se as competências de cada um dos intervenientes (Dono da Obra,
autores do projeto, fiscalização, Empreiteiros e outros).

Para a definição de competências pode utilizar-se a seguinte simbologia para representar a ação de cada
interveniente relativamente a cada tarefa:

C – Conhecimento;
E – Executante;
P – Participação;
R – Reclamação;
S – Supervisão e/ou aceitação;
V – Verificação.

Desta forma:
• O “conhecimento” (C) pretende significar que um dado interveniente deverá tomar conhecimento da tarefa
executada por outro, que se obrigue a comunicar a ocorrência ao primeiro;
• O “executante” (E) é o interveniente a quem compete a responsabilidade da execução da tarefa. Havendo
participação de outros intervenientes, compete ao executante a coordenação dos trabalhos visando à
concretização dessa tarefa. Considera-se incluída nesta ação a apresentação de um documento para
aprovação ou para conhecimento de outro interveniente, como por exemplo, a apresentação de apólices
dos seguros exigidos no caderno de encargos;
• A “participação” (P) de um dado interveniente na execução de uma tarefa da responsabilidade a um ato
(por exemplo, a assistência do Empreiteiro ao ato público de abertura das propostas) ou a intervenção na
execução da tarefa (por exemplo, assinatura do Auto de consignação);
• A “reclamação” (R) é a possibilidade de um interveniente reclamar o resultado de uma dada tarefa
executada por outro interveniente (por exemplo, a não conformidade do Empreiteiro com a minuta do
contrato apresentada pelo Dono da Obra) ou ainda, a faculdade de um interveniente pedir esclarecimentos
sobre determinados aspectos relacionados com a obra (por exemplo, o pedido de esclarecimento de
dúvidas surgidas na interpretação do projeto);
• Esta matriz tem a importância a nível da coordenação do empreendimento aos vários níveis, entre os
principais intervenientes, como sendo o Empreiteiro, a fiscalização e o Dono da Obra.

2.4.1 – Competência técnica direta

Uma vez iniciados os trabalhos e mesmo em pleno decorrer da obra, muitas das tarefas a cargo do seu
diretor são do mesmo tipo das tarefas realizadas em fase de preparação. As tarefas do diretor de Obra são
divididas em três tipos: diariamente, semanalmente e mensalmente.

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A atuação do Diretor de Obra é fundamental para a sua consecução.

Destaquemos as ações que devem ser tidas em conta diariamente:


●Verificar se os meios de produção (mão-de-obra, equipamentos, ferramentas) são os adequados
ao ritmo da obra e trabalhos em curso;
●Analisar se existe o pessoal necessário e com formação profissional adequada à realização das
tarefas;
●Eliminar excesso de pessoal na realização das atividades em que tal ocorra;
●Detectar, em antecipação, a inexistência de elementos de projeto, em especial no capítulo da
pormenorização de modo a não haver interrupções dos trabalhos por indefinições;
●Detectar a existência de trabalhos a mais a reclamar ao Dono-da-Obra, para contabilização dos
seus valores e posterior “faturação”;
●Ter em atenção questões de segurança, em especial a utilização de equipamentos de proteção
coletiva;
●Controlar a existência de sinalização dos trabalhos e da obra;
●Estar a par de incidentes a reclamar ao Dono da Obra ou a terceiros;
●Tomar nota de atrasos por causas próprias, nomeadamente por falta de materiais ou deficiente
planejamento;
●Tomar nota de atrasos por causa alheia, nomeadamente por indefinições do Dono da Obra, por
trabalhos a mais, por falta de licenças.

Na maior parte das empreitadas, as reuniões de coordenação ocorrem com uma periodicidade semanal.

Nestas há sobretudo que obter resoluções (escritas) relativamente a alterações dos projetos e a aprovação
e a aprovação de preços de trabalhos a mais. A fiscalização estará atenta a questões relacionadas com o
desenvolvimento dos trabalhos a alterações ao planejamento em vigor.

As atividades que o Diretor de Obra pode realizar semanalmente são:


●Analise das diferenças entre valores obtidos para os custos de produção e o orçamento resultante
do re-orçamento;
●Ajustar as encomendas de materiais às alterações do projeto e desvios surgidos em obra;
●Verificar datas de entrega de materiais e equipamentos a aplicar em obra;
●Verificar os meios, pessoal e desempenho dos subempreiteiros na realização dos trabalhos e no
cumprimento das regras de segurança;
●Controlar a entrada de subempreiteiros em obra, efetuando contatos em antecipação;
●Analisar as prestações de pessoal com responsabilidades na manutenção de estoques e
encomendas;
●Controle das folhas diárias de trabalho e cumprimento de horários;
●Controle de recepção de materiais, conferencia de guias de transporte, devoluções.

Em obra há algumas tarefas importantes com periodicidade mensal. Salientam-se aqui as relacionadas com
a “faturação” de obra. Geralmente tem lugar os seguintes procedimentos:

●Apresentação do auto de medição das quantidades realizadas no mês;


●O mesmo para o auto de trabalhos a mais realizados no mês;
●Apresentação das revisões de preços provisórias e definitivas;
●“Faturação”, pelo sector de contabilidade da empresa, após aprovação pela fiscalização.

O controle econômico da obra é igualmente levado a efeito com uma periodicidade mensal.

Geralmente abrange os seguintes pontos:


●Gastos com a manutenção do canteiro de obra;
●Os materiais adquiridos e consumidos;
●A mão-de-obra utilizada;
●A “faturação” das sub-empreitadas;
●O aluguel de equipamentos.

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2.4.2 – Competência técnica indireta

As competências técnicas indiretas começam com a consignação, que é o ato pelo qual o Dono da Obra
faculta ao Empreiteiro os locais de execução dos trabalhos. A consignação marca o início do prazo de
execução da obra. Os pontos a serem abordados na reunião, deverão ser os que se referem em seguida.

Em primeiro lugar é identificada a obra bem como todos os participantes na reunião.


●Identificação da obra incluindo os seguintes aspectos:
●Obra em questão
●Local dos trabalhos;
●Numero do contrato;
●Empreiteiro;
●Morada;
●Representante do Empreiteiro (Diretor da Obra).
●Identificação dos presentes

Neste ponto identificam-se os presentes, o que deverá ser sempre feito em qualquer reunião de obra. Neste
ato estão geralmente presentes não só os intervenientes mais diretos:

●Fiscalização;
●Representante do Empreiteiro (Diretor de Obra);
●Coordenador de segurança em obra.

Elementos a apresentar pelo Dono da Obra


Nesta ocasião, o Dono da Obra apresenta peças escritas (documentos) ou desenhadas (plantas),
complementares do projeto. Esta situação acontece freqüentemente devido a data que o projeto foi
terminado até à consignação, e já decorreram meses ou anos.

Pois é natural que, entretanto existam novos elementos, resultantes quer de uma eventual pormenorização
quer de pequenas alterações surgidas pelo Dono da Obra.

Autos de medição e “faturação”


Nesta reunião podem combinar-se procedimentos tendo em vista a eficácia de tarefas como:
●A medição dos trabalhos executados;
●A aprovação dos Autos de medição;
●A elaboração das revisões de preços;
●A aprovação de facturas.
●Reuniões de coordenação

É igualmente aconselhável a existência de reuniões de coordenação. Estas devem ter certa periodicidade, a
combinar em função da dimensão e complexidade do empreendimento.

Elementos a apresentar pelo Empreiteiro


●Planejamento
Como já foi dito, o planejamento é um elemento importante para o controle dos trabalhos por parte do
Diretor da Obra. É com num planejamento que se efetua o controle do prazo de execução por parte da
equipe de fiscalização.
O Diretor da Obra deve apresentar um plano detalhado dos trabalhos, respeitando os prazos previstos para
a obra.
●Plano de inspeção e ensaio
Os cadernos de encargos contêm a menção dos ensaios a efetuar aos materiais e soluções construtivas da
obra. O Diretor da Obra deve apresentar o que previu para a sua efetivação, de acordo com essa
documentação.
●Salários
Em obras públicas é obrigatória a afixação dos salários do pessoal, o que deve ser feito a partir do
momento em que existam os escritórios de obra.
●Seguros
O Empreiteiro apresenta os seguros de construção e dos trabalhadores. Para além da comprovação da sua
existência, esta apresentação permite o controle de trabalhadores ilegais, aspecto importante no quadro da
nova legislação de segurança em canteiros de obra.

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●Sub-empreitadas
Em muitas obras, os sub-empreiteiros estão sujeitos a aprovação do Dono da Obra. A direção da obra deve
providenciar no sentido de apresentar os que já estão selecionados.
●Trabalhos a mais
Em obras publicas, o Empreiteiro tem um dado prazo a partir da consignação para a reclamação de
trabalhos a mais.

2.5 - Liderança e preparação de obra por parte do Diretor da Obra

O Diretor da Obra é o líder da mesma, cabendo-lhe garantir o seu bom funcionamento, quer em termos de
andamento e rendimento, quanto da disciplina interna e segurança no trabalho.

Sendo o principal, senão único, dirigente, responsável e prestador de esclarecimentos a quem deles possa
questionar, seja em termos da organização a que pertence como perante as entidades oficiais.

A sua ação começa, obviamente, antes do início efetivo dos trabalhos. Na verdade, em qualquer
empreendimento há bastantes tarefas a se desempenhar antes que este se inicie a empreitada.

Após concurso (ou simplesmente após decisão de inicio dos trabalhos, nos casos que a empresa
construtora seja simultaneamente dona de obra), a empresa de construção seleciona uma pessoa para
Diretor de Obra que tem de desempenhar a tarefa da preparação de obra.

Avaliação das tarefas na fase de inicio da obra

Quando o Diretor da Obra assume essa responsabilidade deverá avaliar:


●Os objetivos da obra e os respectivos projetos;
●Todos os elementos do concurso nomeadamente o caderno de encargos, especificações técnicas,
jurídicas e proposta de preço;
●O contrato assinado entre a empresa construtora e o Dono da Obra;
●O organograma do Dono da Obra, fiscalização e coordenação de segurança;
●A organização de todos os participantes na obra;
●O plano de qualidade, inspeção e ensaios;
●O Plano de Segurança e Saúde.

Retificação ao projeto
Na fase de estudo do projeto e do modo de execução da obra poderá desde logo existir a perspectiva de
propor ao Dono da Obra as alterações ou variantes ao projeto com os objetivos de:
●Minimizar o custo de construção;
●Propor processos construtivos em que a empresa construtora tenha vantagens financeiras;
●Executar soluções técnicas inovadoras com vantagens acrescidas para o Dono da Obra;
●Melhorar, ou mesmo viabilizar, certos aspectos do projeto.

Numa fase de preparação para se dar inicio a um determinado empreendimento é necessário passar pelas
fases que vão ser enunciadas, sendo algumas destas fases realizadas ao mesmo tempo do orçamento.

1)Preparação de documentação
Para a obra ter início é necessário garantir a obtenção de uma série de documentos da qual se salienta:
A preparação da consignação:
●Condicionantes;
●Reclamação de trabalhos a mais;
As licenças e autorizações necessárias à montagem e atividade no canteiro de:
●Construção;
●Ocupação da via pública;
●Publicidade;
A documentação para garantir as infra-estruturas básicas:
●Fornecimento de água; - eletricidade;
●Comunicações;
●Esgotos;

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Os seguros de construção e do pessoal empregado nas obras.

2) Aprovação e aquisição de materiais


Na fase de preparação de obra, a compra de materiais também deve merecer a atenção do Diretor da Obra.
Um primeiro aspecto tem a ver com a comprovação das especificações patentes nos documentos
contratuais, em especial no Caderno de Encargos. Uma vez concluído o levantamento do exigido iniciar-se-
á a seleção de fornecedores e a negociação de preços, detalhar as fases e prazos de entrega.

Muitas vezes, esses materiais têm que merecer a aprovação explícita da fiscalização, através da
apresentação de amostras, pelo que devem desde logo iniciar-se os protocolos de recepção e aprovação.

Para além destas questões tem que se calcular consumos de materiais, através das medições existentes,
garantindo posteriormente em obra o armazenamento sem “quebra” de estoque.

3) Necessidades de pessoal e constituição de equipamentos


O tipo de trabalhos a realizar e a dimensão da obra permitem desde logo calcular as necessidades de
pessoal para as várias fases da obra. Uma tarefa da preparação de obra é selecionar pessoal técnico,
administrativo e constituir equipes de operários.

Como pessoal técnico poderá existir:


*Engenheiro Diretor;
*Engenheiro Residente;
*Engenheiros Adjuntos;
*Engenheiros Técnicos;
*Assistentes Técnicos.
Como pessoal administrativo:
*Medidores;
*Apontadores;
*Controladores;
*Planificadores;
*Desenhistas;
*Topógrafos.

4) Contratação de sub-empreitadas
Outro aspecto é a contratação de sub-empreitadas. É uma questão importante e por vezes morosa, em
especial se a obra se situar numa zona em que a empresa não tenha muita experiência de atuação e,
portanto desconheça o mercado local. Por vezes, para a contratação de subempreiteiros será necessário o
acordo do Dono da Obra.

Uma vez demonstrada a capacidade técnica e econômica desses subempreiteiros e existindo acordo
financeiro, deverão ser enquadrados na programação global da obra. O contrato celebrado deverá incluir
cláusulas respeitantes ao cumprimento desse planejamento. A data prevista para a entrada em obra deve
ser posteriormente confirmada.

5) Equipamentos e ferramentas para a obra


Nesta fase, os equipamentos, ferramentas e veículos também deverão ser objetos das preocupações de um
Diretor da Obra.

Desse modo:
●Analisar e comprovar equipamentos disponíveis na empresa, no canteiro central, face à
necessidade;
●Sondar o mercado quanto aos preços de aluguel de equipamento, confrontando-os com valores de
aluguel interno;
●Listar as ferramentas necessárias.

Organização do dossiê da empreitada


Na fase de começo dos trabalhos é importante que uma obra esteja devidamente documentada. No dossiê
da empreitada pretende-se organizar e sistematizar toda a informação importante relativa à obra, tendo em
vista a sua utilização para o apoio ao controle técnico, econômico e administrativo.

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Essa informação é constituída pelo seguinte conjunto de elementos principais:


*Ficha de empreitada;
* Contrato;
* Auto de consignação;
* Proposta do Empreiteiro;
* Lista de preços unitários contratuais;
* Plano de pagamentos e cronograma financeiro;
* Matriz de definição de tarefas e respectivas competências.

O dossiê ainda deve incluir todos os elementos que irão sendo adicionados ao longo de toda a obra, entre
os quais salienta-se, pela sua importância:

* Atas de reunião de coordenação;


* Notificações recebidas da fiscalização;
* Comunicação ao Dono da Obra e a outros intervenientes;
* Autos de medição dos trabalhos contratuais;
* Autos de medição dos trabalhos a mais;
* Revisão de preços;
*“Faturação”;
* Contratação de sub-empreitadas.

Capitulo 3 – Gestões e Direção de Obra


3.1 – Controles da execução da obra

3.1.1 – Controle de produção

O controle de produção é a comparação dos custos unitários globais da operação, nos seus aspectos reais.
Ou seja, a relação de mão-de-obra, materiais, máquinas e sub-empreitadas.

A comparação deve ser efetuada com o orçamento realizado na obra, normalmente designado por re-
orçamento, e não com o orçamento que serviu de base a proposta. Isto porque a proposta poderá refletir
condicionantes de várias ordens como a estratégia comercial, “desequilíbrios” entre a proposta e o início da
execução da obra, e enganos na avaliação dos custos.

No caso de existirem desvios é possível fazer-se uma análise cuidada desses desvios e corrigir possíveis
anomalias.

O controle de produção é realizado através de vários documentos que circulam na obra tais como:
●Guias de remessa;
●Balancetes;
●Controle das quantidades executadas;
●Balizamentos;
●Mapas de produção;
●Controle de sub-empreitadas.

As GUIAS DE REMESSA são documentos que acompanham os materiais enviados pelos fornecedores ou
armazém central. Constituem provas de que os materiais chegam à obra e servem de base á emissão de
faturas. Quando os materiais são entregues em obra devem ser conferidos pelo apontador para verificarem
se estão de acordo com as quantidades e qualidades especificadas no projeto.

Os BALANCETES são o resumo das despesas mensais organizadas por tipos de recurso (mão de obra,
materiais e equipamentos e sub-empreiteiros).

O CONTROLE DAS QUANTIDADES EXECUTADAS são as medições dos trabalhos executados mês a
mês, para efeito de “faturação” dos trabalhos realizados.

O BALIZAMENTO é a fixação e registro das datas de início e fim de cada tarefa e das percentagens de
trabalhos executados.

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Os MAPAS DE PRODUÇÃO são documentos que resultam da decomposição das tarefas do orçamento de
produção em materiais, mão-de-obra, equipamentos e sub-empreitadas, podendo ou não cada recurso ser
afetado em diferentes períodos.

O CONTROLE DE SUBEMPREITADAS consiste na verificação geral dos trabalhos e na gestão


administrativa dos trabalhos entregues a subempreiteiros.

3.1.2 – Controle econômico e financeiro

Dado que o valor de venda de uma obra pressupõem a consideração de determinada margem de lucro,
este controle é a comparação de preços de custo da realização da tarefa com os custos reais de execução
da tarefa, tendo em vista a determinação periódica da referida margem de lucro.

As variações são calculadas basicamente por comparação com o valor final do produto acabado e o custo
da sua produção. Uma variação é o valor da diferença entre o custo final do produto e o custo calculado (re-
orçamento); com registros apropriados é possível analisar todas as variações e sub-variações, por exemplo:
*Preço do material;
*Utilização do material;
*Taxa laboral;
*Produtividade;
*Despesas fixas e variáveis;
*Volume de produção;
*Vendas.
O responsável pela obra na posse destes registros, deverá agora comparar o custo previsto com o custo
real de cada atividade e saberá com clareza em termos de custo direto onde ganha, onde perde ou onde
está a gastar conforme previsto e assim atuar convenientemente e no tempo previsto.

3.1.3 – Controle de tempo e planejamento

O controlo de tempo e planejamento procura verificar o cumprimento das previsões dos tempos
despendidos.

O Diretor da Obra, todos os meses deve avaliar as percentagens de obra realizada em função da
dificuldade de execução e comparar com o plano de trabalhos previamente realizado. Desta análise deve-se
verificar quais as atividades que estão a ser realizadas no prazo previsto e quais as que estão a ter desvios.

No caso de existirem desvios que conduzem a um maior prazo, devem ser analisados quais os recursos
que estão a afetar os desvios, que deverão ser recalculados de modo a ser possível atingir o prazo
proposto.

Estes desvios podem ser influenciados pela escassez de mão-de-obra, pode-se por vezes corrigir com um
aumento da produtividade. No caso de estes desvios serem causados pela insuficiência de máquinas deve-
se incrementar a quantidade das mesmas a não ser que seja um custo muito elevado ou de uma
especificidade tal que seja mais econômico trabalhar mais tempo.

Apesar de ser necessário manter os operários, o custo de mão-de-obra suplementar pode ficar mais
econômico que a colocação de mais unidades.

3.1.4 – Controle da qualidade

O controle de qualidade pretende assegurar que a obra possua as características definidas no programa
estabelecido.

Para se poder garantir o efetivo controle de qualidade é muito importante acompanhar o processo
construtivo, desde a decisão de construir, até à utilização em boas condições alguns anos depois da obra
ter sido concluída. Não é só a qualidade do produto final – o que foi construído – mas de todo o processo
que a ele conduziu.

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O seguimento mensal do plano de qualidade deve contemplar:


●Verificar se o organograma se mantém igual assim como identificação das pessoas que ocupam
cada uma das funções nele referido;
●Atualização da listagem da revisão do contrato, a qual reflete todas as alterações de prazos e ou
trabalhos a mais ou a menos. Esta listagem deve ser suportada por documentos (carta, atas de reunião,
comunicações, etc.);
●Análises de atividades predefinidas se estão a ser submetidas a controle dentro dos parâmetros
previstos (se as instruções de trabalho foram executadas no tempo adequado e distribuídas aos
responsáveis por esses trabalhos, se os planos de carga ensaios e de provas estão a ser realizados assim
como se os pontos de inspeção estão a ser analisados);
●Verificações se a lista de compras completa a identificação dos fornecedores seus contatos ou
notas de encomendas e se datas de fornecimento estão sendo cumpridas;
●Se a lista de “rastreabilidade” está a ser devidamente preenchida de modo a ser possível
identificar com precisão onde determinados elementos foram colocados;
●Verifica se os equipamentos submetidos a controle estão devidamente calibrados por entidades
certificadas e se as validades dos seus certificados ainda estão dentro do prazo;
●Analise da lista das não conformidades abertas, verificando se as mesmas estão devidamente
identificadas e qual a sua situação, providenciando a sua resolução que deve sempre ter o consentimento
do Dono da Obra quando estas impliquem alterar algumas premissas não previstas. A lista das não
conformidades deve contemplar também sempre o custo associado à sua correção.

3.1.5 – Plano de Segurança e Saúde

Define-se Plano de Segurança e Saúde como um documento destinado à definição das medidas
necessárias à prevenção e minimização de todos os riscos para a segurança, higiene e saúde dos
trabalhadores e de terceiros durante a execução da obra.
Para o desenvolvimento do Plano de Segurança e Saúde, para a execução da obra, deverão ser tidos em
conta os seguintes aspectos:
●Definições do projeto, e outros elementos resultantes do contrato com a Entidade executante, que
sejam relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores durante a execução da obra;
●Atividades simultâneas ou que sejam incompatíveis entre si, que decorram no canteiro, ou na
proximidade;
●Métodos e processos construtivos, incluindo os que exijam uma planificação detalhada das
medidas de segurança;
●Equipamentos, materiais e produtos a utilizar;
●Programação dos trabalhos, intervenção de subempreiteiros e trabalhadores independentes,
incluindo os respectivos prazos de execução;
●Medidas específicas, respeitantes a riscos especiais;

E ainda:
●Projeto do Canteiro de obra, incluindo os seguintes elementos:
*Acessos;
*Circulação;
*Movimentação de cargas;
*Armazenamento de materiais, produtos e equipamentos;
*Instalações fixas e demais apoios à produção;
*Redes técnicas provisórias;
*Evacuação de Resíduos;
*Equipamento de Sinalização;
*Instalações Sociais;
*Informação e formação dos trabalhadores;
*Sistema de emergência, incluindo as medidas de prevenção, controlo e combate a incêndios,
de socorro e evacuação dos trabalhadores.

Medidas de Proteção Individual


Define-se Equipamento de Proteção Individual (EPI) como um conjunto de dispositivos destinados à
proteção do seu utilizador contra os riscos susceptíveis de contribuir uma ameaça à sua segurança e/ou à
sua saúde.

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Para preservarem a saúde, de forma eficaz, e garantirem a segurança de pessoas e bens, os EPI's deverão
cumprir, na sua concepção e exigências de segurança e respeitar os procedimentos adequados à
certificação e controle da sua conformidade com as exigências essenciais aplicáveis.

Medidas de Proteção Coletiva


Define-se Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) como um conjunto de dispositivos destinados à
proteção de um ou mais grupos de trabalhadores contra os riscos susceptíveis de contribuir uma ameaça à
segurança e/ou saúde.

A escolha do equipamento de proteção coletiva (EPC) irá depender, dos riscos a que os trabalhadores
possam estar expostos e dos métodos e processos construtivos que venham ser utilizados na obra.

Como exemplo destes equipamentos, temos:


*Andaimes, consistindo numa estrutura, metálica ou em madeira, destinada a proporcionar o acesso às
edificações;
*Baileus (cestos/plataformas), consistindo numa plataformas de trabalho, suspensa por dois ou mais
cabos, e, geralmente, utilizada em obras de fachadas de edifícios;
*Guarda-corpos, consistindo em elementos de proteção, destinados a impedir a queda de corpos;
*Rede de segurança, consistindo num tecido de malha sintética, com características elásticas;
*Linhas de Vida, consistindo num cabo destinado à fixação dos equipamentos anti-queda.

O coordenador da segurança deve, pelo menos mensalmente, realizar um relatório designado “Avaliação
das Medidas de Prevenção no Canteiro” no qual reflete qual o estado da obra termos de segurança e que
deve completar um “check-list” já predefinido das ações, meios e regras que devem ser cumpridas.

O relatório deve ser precedido de uma visita a obra, de modo a que possam avaliar a situação e a
necessidade de implementar medidas corretivas. Deve contemplar também as partes mais significativas do
plano de segurança e higiene, de modo a que o Diretor da Obra faça fazer incidir as suas ordens nos
aspectos mais relevantes.

3.2 – Aumentos da produtividade e redução de custos

3.2.1 - Produtividade

Um dos fatores principais para que uma empresa de construção sobreviva no mercado é necessário que
realize a empreitada cada vez melhor, mais rápida e mais barato.

Para conseguir, a empresa precisa de aumentar a produtividade, ou seja, necessita de produzir mais e
melhor com a força de trabalho que tem.

Uma definição de produtividade é a quantidade de produto obtida por cada unidade de recurso usado no
processo produtivo. Quando existe ganho de produtividade pode dar origem a ganhos para a empresa e
para os trabalhadores da mesma.

Como não cessar a produtividade


A produtividade envolve o aumento da produção e esta pode ser executada de forma menos conveniente,
como por exemplo, aumentando o tempo de trabalho para as mesmas pessoas ou contratando outras.
Conseqüências da má organização
Se a empresa não tiver convenientemente organizada pode suceder as seguintes situações:
●Aumento do horário de trabalho dos trabalhadores;
●Com pagamento de horas extraordinárias, aumenta os custos da empresa e a médio prazo os
trabalhadores começam a desmotivar;
●Sem pagamento de horas extraordinárias, aumenta a insatisfação dos trabalhadores;
●Contratação pontual de mais trabalhadores;
●Dependendo do valor do contratado pode criar situações “injustas” no grupo existente;
●A falta de experiência pode levar a um aumento de defeitos nas tarefas com posterior aumento de
custo na reparação.

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Como aumentar a produtividade


O aumento de produtividade deve ser encarada como aumentar a produção, mantendo o horário do
trabalhador. Deve ser conseguida com o apoio e compreensão dos trabalhadores e não contra estes. Para
aumentar a produtividade é necessário trabalhar melhor e de forma coordenada, ou seja, fazer a tarefa bem
na primeira vez. Para conseguir toma-se necessário possuir mais formação e informação dos processos
produtivos da empresa.

Vantagens do aumento de produtividade


As vantagens de aumentar a produtividade são as seguintes:
*Aumenta a produção, mantendo o mesmo nível de incorporação de mão-de-obra;
*Reduz o desperdício relativamente a materiais e mão-de-obra;
*Reduz os acidentes;
*Reduz o prazo da obra;
*Aumenta o lucro da empresa;
*Torna a empresa mais competitiva;
*Aumenta os salários e prêmios dos trabalhadores.

Ao iniciar o processo para aumentar a produtividade da empresa, este deve ser conduzido com precaução
pois implica uma mudança de hábitos e concepções. As dificuldades usuais são a desconfiança e o medo
de dispensa dos trabalhadores existentes, por considerarem que já não tem nada a dar à empresa, ou por
já terem visto outros processos que não tiveram sucesso.

3.2.2 - Métodos para aumentar a produtividade

Para iniciar o processo para aumentar a produtividade, gerência/administração deve estar consciente que é
um processo que vai “mexer” com toda a empresa e deste modo deve apoiá-lo totalmente. Os passos a dar
são os seguintes:
01-Escolher um quadro da empresa para liderar o processo. Este deverá ser aceito pelos
trabalhadores, ter o seu respeito, ter motivação e perseverança;
02-Formar o quadro e sua equipe e possibilitar a contratação de um consultor que vá apoiando o
quadro quando necessário; o consultor deverá fazer relatórios de acompanhamento para a
gerência/administração;
03-Informar a empresa do início do processo e que ele será realizado com todas as pessoas;
04-Medir o tempo de execução de todas as atividades;
05-Calcular o tempo conseguido das atividades e com qual a forma de as executar;
06-Investigar as razões das diferenças entre o tempo ótimo e os outros;
07-Investigar os tempos ótimos da concorrência, bem como outros processos de execução para a
mesma tarefa;
08-Selecionar a melhor forma de executar a tarefa e formar as pessoas que a realizam;
09-Colocar os objetivos claros e exeqüíveis para todas as tarefas;
10-Medir sempre os tempos das tarefas;
11-Atribuir prêmios para quando os objetivos são atingidos;
12-Rever a situação cada seis meses (no máximo).

Inicialmente o primeiro estudo pode demorar cerca de 6 meses, caso lhe seja dada a importância e o poder
necessário, posteriormente a revisão pode ser conseguida em menos de um mês.

Deverá ser revisto porque o resultado conseguido depende da forma de realizar a tarefa, ou seja, depende
dos fatores: motivação, condições locais e da informação necessária.

Assim, o resultado encontrado é o “melhor” para aquela condição, e se posteriormente melhorarmos os


fatores pode-se conseguir acréscimos significativos ao primeiro resultado.

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ETEC – DRª RUTH CARDOSO ● GERENCIAMENTO DE OBRA ● Prof. Cahn

Conclusão
O tema de gestão e direção é aplicado a obra de construção civil, mas, como se viu, a sua gestão começa
bem antes da construção. Na realidade, sem os necessário estudos às questões básicas (“onde”, “como”,
“para quem”, “quando” e “porquê”), a probabilidade de significativos problemas no decorrer dos trabalhos de
campo aumenta potencialmente. Portanto, uma obra eficiente começa desde os primeiros esboços e
elaborações, iniciando estudos de preparação.

Esta preparação é realizada com base no que foi projetado e que se conhece, sendo, numa primeira fase,
realizado uma análise ao projeto, para a elaboração do orçamento estimado com a identificação de todos os
custos do pessoal, materiais e equipamentos que irão afetar à obra.

Numa segunda fase é realizado o seu planejamento de maior detalhe, compreendendo esta fase a relação
de todas as tarefas que tem de ser realizadas.

Durante todo o processo são vários os intervenientes implicados nestes trabalhos, levando-nos a pensar
que a preparação, a planificação e a execução podem conduzir a uma relação mais próxima com equipe de
projetistas e com a equipe produtiva.

As funções de gestão e direção de obra implicam o uso de conceitos de várias áreas do conhecimento, que
devem estão relacionados entre si. Assim, quanto maior for este inter-relacionamento melhor será a
prestação por parte do Diretor da Obra, que é o mais alto responsável pela orientação e cumprimento das
tarefas que tem de ser realizadas em canteiro.

A obra é um processo dinâmico, que cada vez mais exige a adoção de novos métodos e novos conceitos a
introduzir no desenvolvimento dos trabalhos. A otimização da gestão e direção, em fase de construção, é
um ponto-chave para que todo o trabalho previamente planejadocumpra os objetivos traçados.

Identificaram-se as múltiplas e mais importantes fases que devem ser aplicadas para uma boa gestão e
direção de obra, tendo-se explicitado e explicado os conceitos associados a essas fases, bem como para
enumerados as competências e responsabilidades dos principais intervenientes em fase de obra, com um
especial atenção no Diretor da Obra.

A área da gestão e direção de obra é uma das mais abrangentes da Engenharia Civil, não tanto por uma
profunda complexidade de conceitos físicos ou matemáticos, mas porque obrigando a uma disciplina de
automatização e cumprimento de rotinas bem estabelecidas (até em termos documentais) está sempre
associada às particularidades de cada empreitada e de cada realidade.

Poderemos afirmar que é, muitas vezes, a melhor percepção dos detalhes de uma dada obra que pode
conduzir a ganhar o seu concurso, numa primeira fase, e a cumprir os prazos e ter lucro com a mesma,
numa segunda.

Por outro lado, pode-se dizer que uma boa gestão está sempre associada a uma boa direção, e se uma
desta falha, todo o trabalho poderá não ser o esperado. Para que seja realizada uma boa gestão e uma boa
direção de execução é necessário que todo o trabalho que foi realizado em fase de planejamento esteja
devidamente detalhado e bem concebido. Ora, para isso é desejável, inclusive, prever situações de exceção
que possam surgir durante a fase de execução, mesmo as mais imprevisíveis.

Por último uma palavra para o Diretor da Obra. Este, ao assumir a responsabilidade da sua direção, tem
que ter a capacidade de controlar a produção, administrar os recursos econômicos e financeiros, dominar o
tempo disponível, garantir a qualidade, ser capaz de fazer cumprir com todas as regras de higiene saúde e
segurança e, ainda, relacionar-se com todos os agentes que o interpelam: dos seus subordinados, aos
fornecedores, passando pelo cliente e o seu próprio diretor.

Um trabalho para um herói de verdade!

Mãos à obra!

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