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Inform/Sú

Tribunal Tema Jurisprudência


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PRINCÍPIOS

STF Emagis Princípio da Algumas posições do STF sobre o p. da igualdade:


Igualdade
o foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia
entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges.

- a adoção de critérios diferenciados para o licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo, não viola o princípio da isonomia.

- não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da
Aeronáutica.

- viola o princípio da isonomia legislação estadual que prevê a concessão de pensão por morte à esposa do servidor público falecido e restringe o
benefício ao marido inválido, em caso de óbito de servidora pública.

- A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador, que, no processo de
formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de discriminação responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A igualdade
perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma
legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório.

5) O senhor saberia me explicar até onde vai a princípio da proibição do retrocesso?


Resposta:
O princípio da vedação do retrocesso, em linhas gerais, dispõe que é vedado ao Legislador a supressão ou alteração de normas
infraconstitucionais que densificam direitos fundamentais sociais, de molde a violar sua eficácia. Para J. J. Gomes Canotilho, o princípio do não
retrocesso social leciona que “os direitos sociais, uma vez obtido determinado grau de realização, passam a constituir tanto uma garantia
Oral TRF1 institucional quanto um direito subjetivo, limitando a reversibilidade dos “direitos adquiridos”, o que, para ele, violaria o princípio da proteção da
confiança e da segurança dos cidadãos no âmbito econômico, social e cultural”. Não obstante, a vedação ao retrocesso social não importa em uma
proibição absoluta ao movimento retrocessivo. Sua aplicação dependerá sempre de uma ponderação com outros princípios e regras no caso
concreto. Assim, alguns princípios estarão em constante tensão com a vedação de retrocesso, como sói ser o princípio democrático, que dá
liberdade de conformação ao legislador, ou mesmo a reserva do possível, que atua juntamente com o princípio da proporcionalidade,
assegurando, contudo, o que o Min. Celso de Mello denominou de núcleo intangível consubstanciador de um mínimo existencial.

6) Há a possibilidade de um choque entre uma regra e um princípio constitucional? Uma regra que venha a ser incorporada no texto
constitucional pode violar um corpo principiológico da CF no que tange, por exemplo, às cláusulas pétreas?
Resposta:
É conhecida a já tradicional distinção entre regras e princípios na doutrina contemporânea nacional e estrangeira, não obstante a ausência de
uniformidade conceitual. Paulo Bonavides reconhece que os princípios constitucionais são normas jurídicas e que as normas compreendem as
Oral TRF1 regras e os princípios. Segundo o mestre, "violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio
implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos". Para Virgílio Afonso da Silva, “princípios
seriam as normas mais fundamentais do sistema, enquanto as regras costumam ser definidas como uma concretização desses princípios e teriam,
por isso, caráter mais instrumental e menos fundamental.
Dessarte, eventualmente, uma regra instituída pelo poder constituinte reformador pode entrar em rota de colisão com um princípio, explícito ou
implícito, de sorte que será insofismavelmente inconstitucional se violar uma cláusula pétrea. Se a colisão for entre princípios, a técnica a ser
utilizada será a ponderação, de sorte que o intérprete escolhe a o bem ou direito que irá prevalecer no caso concreto.

10) Diferencie normas constitucionais de princípio e normas constitucionais de preceito.


Resposta:
(acredito que o examinador tenha utilizado ao termo “preceito” como sinônimo de “regras”, como o fazem muitos doutrinadores)
Existem vários critérios tradicionais para a distinção entre regras e princípios. O mais comum é o critério da generalidade (Robert Alexy apud
Bonavides). Segundo este critério, os princípios são normas com um grau de generalidade relativamente alto e as regras, normas com um nível
relativamente baixo de generalidade. Há também o conhecido critério da abstração, segundo o qual os princípios são normas com um grau de
abstração relativamente alto e as regras, normas com um nível relativamente baixo de abstração. Outros critérios, tais como o do valor
ORAL TRF2 expressado e o da aplicabilidade, são também comumente utilizados com o intuito de fazer a distinção entre as regras e os princípios.
Afirma Alexy, ainda, que entre regras e princípios existe não somente uma diferença de grau, mas uma diferença qualitativa.
As “normas constitucionais de princípios” seriam os mandamentos nucleares do sistema constitucional (Virgílio Afonso da Silva), haja vista
consagrarem os principais valores do ordenamento. Seriam, ainda, mandamentos de otimização, caracterizados pelo fato de que podem ser
cumpridos em diferentes graus, na li8ção de Alexy. Os critérios de distinção em relação às regras são variados, como também aponta Canotilho
(Grau de abstração, grau de determinabilidade, carácter de fundamentalidade, natureza normogenética), para quem a tarefa, longe de afigurar-se
simples, é demais complexa. As “normas constitucionais de preceito” apresentam-se sob a forma de um conteúdo determinado que é ou não
realizado em sua plenitude, isto é, a regra é ou não é cumprida na inteira medida de seu enunciado normativo.

11) Discorra sobre a aplicabilidade de normas de princípios e de normas de preceitos.


Resposta:
As regras (preceitos) têm caráter categórico, “ou isto ou aquilo (Dworkin)”, tendo aplicação imediata aos casos concretos, através de simples
ORAL TRF2
subsunção, por via de um raciocínio silogístico. Já os princípios, diferentemente das regras, não obedecem à lógica do “tudo ou nada”, não
desencadeando a eliminação de um em face daquele que prevalecer, aplicando-se a técnica da ponderação. Os princípios podem envolver
problemas de validade e de peso, as regras só enfrentam questão de validade.

CONSTITUCIONALISMO E PODER CONSTITUINTE

A) As normas que versam sobre a intervenção federal nos estados e no DF, bem como dos estados nos municípios, incluem-se entre os chamados
elementos de estabilização constitucional.
Questão Elementos da (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 constituição C) Consideram-se elementos socioideológicos da CF as normas que disciplinam a organização dos poderes da República e o sistema de governo.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-elementos orgânicos
B) O poder constituinte originário dá início a nova ordem jurídica, e, nesse sentido, todos os diplomas infraconstitucionais perdem vigor com o
Questão Poder Constituinte - advento da nova constituição.
TRF1 Recepção (E) – GABARITO PRELIMINAR
-diplomas infraconstitucionais compatíveis com nova ordem constitucional são recepcionados.
E) Segundo disposição literal da CF, os estados e municípios dispõem do chamado poder constituinte derivado decorrente, que deve ser exercido
Pode Constituinte de acordo com os princípios e regras dessa Carta.
Questão
Derivado Decorrente - (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
Municipios -há discussão quanto à existência, ou não, de poder constituinte derivado decorrente aos municípios, inexistindo previsão expressa no texto
constitucional.
D) O ADCT não tem natureza de norma constitucional, na medida em que dispõe sobre situações excepcionais e temporárias.
Questão
ADCT (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
-ADCT tem natureza de norma constitucional.
Oral TRF1 1) Qual a diferença entre Poder Constituinte e Poder Constituído?
Resposta:
O Poder Constituído sempre será um poder jurídico, portanto, limitado e condicionado. Trata-se de um poder de direito. Por sua vez, uma
das espécies do Poder Constituinte, o originário, consiste em poder político, poder de fato, apresentando as seguintes características: inicial
(funda o ordenamento jurídico); incondicionado; e autônomo. As demais espécies de poder constituinte são poderes instituído (reformador e
decorrente).

1) Quais as características de poder constituinte originário e derivado?


Resposta:
Características essenciais do poder constituinte originário: (a) Inicial: ele dá início ao ordenamento jurídico (não existe outro poder antes ou
acima dele); (b) Autônomo: tem autonomia para decidir qual ideia de direito irá prevalecer, qual será o conteúdo da Constituição; (c)
Poder Constituinte -
Oral TRF2 Incondicionado: não se submete a qualquer tipo de condição (a assembleia constituinte decidirá qual será o procedimento a ser adotado); (d)
Características
Latente: atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.; (e) Ilimitado: é ilimitado juridicamente (autônomo +
incondicionado), é soberano, é independente. Características do poder constituinte derivado: (a) Secundariedade: não existe por si só, pois é
necessário que exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordinação: haure sua força na obra do poder constituinte originário; (c)
Condicionado e limitado: deve observar os limites previstos, explícita e implicitamente, na constituição.

1) O que significa a expressão “realizar a Constituição”?


Resposta:
Nas palavras de Canotilho, “realizar a Constituição significa tornar juridicamente eficazes as normas constitucionais. Qualquer constituição só é
juridicamente eficaz (pretensão de eficácia) através da sua realização. Esta realização é uma tarefa de todo os órgãos constitucionais que, na
atividade legiferante, administrativa e judicial, aplicam as normas da constituição, inclusive dos cidadãos”.
A despeito da existência de normas constitucionais cuja eficácia esteja sujeita ao plácito de uma normatividade ulterior, a “não realização” dos
Oral TRF1 Contitucionalismo
ideais de uma Constituição, notadamente aqueles que pressupõem prestações positivas por parte do Estado, pode ter origem em diversos fatores,
sejam políticos, econômicos, jurídicos ou sociais. Destaco entre estes, e sem a intenção de esgotar o tema, a hipertrofia de preceitos sociais de
difícil alcance no plano concreto, lançados pelo constituinte sem o menor critério, com o simples objetivo de conformação política, o que faz nascer
uma insuficiente concretização jurídica das disciplinas constitucionais, esvaziando sua efetividade, o que Marcelo Neves denominou de
“Constituição Simbólica”.
“Realizar a Constituição”, assim, nada mais é do que retirar a Constituição de um estado de inércia.

2) Até aonde vai a força da chamada constituição social na linha do ofício judicante? O juiz a pretexto de conferir força normativa poderia
reescrever a legislação? A pretexto de realizar a Constituição, os tribunais e os juízos podem reescrever a legislação?
Resposta:
(um pouco alongada em razão da relevância do tema, e por tratar-se de uma questão certa de ser abordada)
A questão traz à tona um dos debates mais atuais e instigantes acerca do papel do Poder Judiciário na República: o “ativismo judicial”. Em muitas
situações, ao invés de se limitar a aplicar a lei já existente, o juiz se vê na necessidade de agir em substituição ao legislador, e não ser apenas “a
boca que pronuncia as palavras da lei”, na expressão de Montesquieu. Todavia, tais decisões ativistas devem representar antes a exceção do que
a regra, de sorte que não é dado ao magistrado usurpar a competência do legislador. O ativismo é a deliberada expansão do papel do Judiciário,
Oral TRF1 Ativismo Judicial mediante o uso da interpretação constitucional para suprir lacunas, sanar omissões legislativas ou determinar políticas públicas quando ausentes
ou ineficientes. É um fenômeno que assenta raízes na experiência constitucional norte-americana, mas que, atualmente, ganhou fôlego sob os
influxos do neoconstitucionalismo (e seu papel criativo do aplicador da lei). “Ativismo judicial”, para as vozes mais críticas, seria uma espécie de
intromissão indevida do Judiciário na função legislativa. Todavia, o tema não pode ser visto de maneira tão simplista, e faz parte de uma tessitura
mais complexa. O professor Luís Roberto Barroso chegou a afirmar que essa postura do Judiciário, entre outras causas, tem origem na crise de
funcionalidade do Poder Legislativo, que estimula tanto a edição de Medidas Provisórias pelo Executivo como o ativismo judicial do Judiciário. Uma
das principais causas desse ativismo, afirma o mestre, é a “constitucionalização do Direito”, que resulta numa “aplicabilidade direta e imediata da
Constituição a diversas situações” que passaram a ser regulamentadas diretamente pela Lei Maior, fazendo com que surja uma “expressiva
“judicialização” de questões políticas e sociais”. Sobre “judicialização”, afirma “que atores políticos, muitas vezes, para evitar o desgaste, preferem
que o Judiciário decida questões controvertidas”. E é nesse contexto que o Judiciário tem tido uma maior participação política. Assim, não se pode
descuidar do papel de protagonismo que vem exercendo o Poder Judiciário nos últimos anos, notadamente o STF, que em matéria de políticas
públicas e sociais (para garantir o mínimo existencial – ADPF/45), persistindo a inércia dos Poderes constituídos na sua implementação, vem
adotando uma postura ativa, como se viu nos casos do direito de greve dos servidores públicos, interrupção da gestação de fetos anencefálicos,
cotas raciais, uniões homoafetivas, nepotismo, demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol (19 medidas sugeridas pelo Min.
Menezes Direito), fidelidade partidária, poderes investigatórios do MP, apenas para citar as principais.

7) Até onde vai o papel do juiz na realização da Constituição?


Resposta:
Uma das instigantes novidades do Brasil dos últimos anos foi a virtuosa ascensão institucional do Poder Judiciário, circunstância essa motivada por
uma constitucionalização do direito, que acabo refletindo num aumento da demanda por justiça. Contudo, ao realizar a Constituição, o magistrado
Oral TRF1 não pode substituir o Legislativo na sua função típica legiferante. Apesar de em muitas situações, ao invés de se limitar a aplicar a lei já existente,
o juiz se ver na necessidade de agir em substituição ao legislador, e não ser apenas “a boca que pronuncia as palavras da lei”, na expressão de
Montesquieu, tais decisões ativistas devem representar antes a exceção do que a regra, de sorte que não é dado ao magistrado usurpar a
competência do legislador, devendo agir apenas para suprir omissões legislativas, em matéria de políticas públicas, quando estas se revelarem
ausentes ou ineficientes, esvaziando, assim, preceitos sociais contidos na Constituição.

4) Faça uma distinção entre a teoria de Lassale e a teoria de Hesse sobre a Constituição?
Resposta:
Para Ferdinand Lassalle, que conceituava Constituição em seu sentido sociológico, “a Constituição de um Estado seria, em essência, a soma dos
fatores reais de poder que o regem. A Constituição real e efetiva apenas reflete a realidade social determinada pelos fatores reais de poder –
poder político, econômico, cultural, religioso etc. – que dominam uma sociedade, não passando a Constituição escrita de mera ‘folha de papel’.
Havendo um conflito entre a Constituição real e efetiva e a Constituição escrita, prevalecerá a vontade da primeira.
Oral TRF1 O jurista alemão Konrad Hesse construiu a teoria da força normativa da Constituição, contrapondo-se à concepção sociológica de Lassalle. Para
esta teoria, “a Constituição não era mera ‘folha de papel’ ou simples reflexo dos ‘fatores reais de poder’. Ao contrário, e como toda norma jurídica,
a Constituição teria força ativa para mudar a realidade. Havendo conflito entre esses fatores reais de poder e a Constituição escrita, nem sempre
haverá predominância da primeiro, pois a constituição possui força suficiente para mudar a realidade.
Em conclusão, “é inquestionável a conexão existente entre a Constituição e a realidade social, sendo a Carta Política a expressão das relações de
poder de uma comunidade. Porém, não se de desconsiderar – como o fez Lassalle – que a Constituição também desempenha uma função diretora
e uma função preceptiva, decorrentes de sua força normativa.”

2) Em que consiste o fenômeno da constitucionalização do direito?


Resposta:
Locução de uso relativamente recente, aduz a doutrina que o fenômeno surgiu, de certa forma, na Constituição portuguesa de 1976, foi
continuado na Constituição espanhola de 1978, e levado ao extremo pela Constituição brasileira de 1988. Em rápida lição, significa que a
Constituição contemporânea não mais se limita, como no passado, a dispor sobre princípios fundamentais, definir competências, prever o modo de
Oral TRF2
sua revisão. Ela vem reger praticamente todos os aspectos da vida jurídica. É dizer, tudo (ou quase) pode ser objeto de normas constitucionais. Já
não é facilmente identificável um conteúdo material das Constituições como outrora.
Sua principal consequência pode ser apontada como uma “expressiva judicialização de questões políticas e sociais”, o que força um ativismo
judicial como forma de dar concreção às normas constitucionais.

3) Quantas EC foram promulgadas até hoje? Qual ou quais em 2010?


Resposta:
Oral TRF2
(Na resposta, sem modificar o texto original da questão, considerei o ano de 2012)
Até hoje foram promulgadas 76 Emendas Constitucionais, sendo 6 de Revisão, estas últimas, todas no ano de 1994.
Em 2012 foram editadas duas, as de ns. 69 e 70.

1) Importância do Direito Constitucional e sua ligação com os demais ramos.


Resposta:
A classificação dicotômica de Direito em público e privado, modernamente, é mantida apenas para efeitos didáticos e mera conveniência
acadêmica, haja vista ser o Direito uno e indivisível. Desta feita, percebe-se cada vez mais uma forte influência do Direito Constitucional sobre o
que se denominava de Direito Privado.
Oral TRF2 Desta forma, vários ramos do Direito encontram sua norma-matriz na Constituição, através do que vem se denominando de constitucionalização
do direito. A Norma Fundamental sai da sua posição de mero organizador da estrutura do Estado e sua função política, para prever diretamente
institutos antes reservados ao Direito Privado.
É dizer, parece adequado não mais falarmos em ramos do direito, e sim em um verdadeiro escalonamento verticalizado e hierárquico das normas,
apresentando-se a Constituição como norma de validade de todo o sistema, sendo necessária uma inevitável releitura dos institutos, notadamente
os de Direito Civil, sob a ótica constitucional.

15) Há direito adquirido contra a CR?


Resposta:
É firme a jurisprudência do STF no sentido de que inexiste direito adquirido contra a Constituição Federal, a despeito de todas as Constituições
Brasileiras, com exceção da Carta Constitucional de 37, garantirem o direito adquirido e vedarem a retroatividade da lei prejudicial. Anote-se que,
ORAL TRF2
também, é assente a jurisprudência da Corte Suprema no sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os
efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição em contrário - e a Constituição pode fazê-lo - eles não alcançam os
fatos consumados no passado nem as prestações anteriormente vencidas e não pagas (retroatividade máxima e média, respectivamente).

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

2) Depois da realização, da criação da CF, o Poder Constituinte Originário se esgota ou ele permanece? O que impede o Poder C onstituinte
Derivado de não poder violar as cláusulas pétreas?
Resposta:
Segundo Gilmar Medes, “o poder constituinte originário não se esgota quando edita uma Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está
Oral TRF1 apto para se manifestar a qualquer momento. Trata-se, por isso mesmo de um poder permanente, e, como também é incondicionado, não se
sujeita a formas prefixadas para operar. O poder constituinte originário, entretanto, não costuma fazer-se ouvir a todo momento, até porque não
haveria segurança das relações se assim fosse”. Segundo Uadi Lâmmego Bulos, uma das características do poder constituinte originário é a
latência: “é um poder latente, atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento”. Por ser um poder jurídico,
instituído, o poder constituinte derivado é condicionado, limitado e subordinado às disposições estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário.

4) Dê um exemplo de um processo consensual de transição fora da hipótese de revolução, um processo não traumático?
Resposta:
Uma exemplo de processo consensual de transição fora das hipóteses de revolução ocorre por meio de uma assembleia ou convenção
Poder Constituinte constituinte. Nessa hipótese, os representantes eleitos pelo povo elaboram a constituição. Exemplos: constituições brasileiras de 1891, 1934,
Oral TRF1
Originário - Transição 1946 e 1988 advieram de assembleias constituintes; já a constituição norte-americana de 1787 foi elaborada por uma convenção constituinte. Na
revolução, um conjunto de pessoas, descontentes com o sistema, conclui que as vias normais de elaboração e reforma das constituições não
funcionam; daí se rebelam contra a ideia de Direito prevalecente, e, pela força, exercitam o poder constituinte originário, implantando uma nova
ordem jurídica.
5) O que seria o processo de descolonização, dentro do processo consensual de transição?
Resposta:
Descolonização é o nome genérico dado ao processo pelo qual uma ou várias colônias adquirem ou recuperam a sua independência. Dentro do
processo consensual de transição, seria o reconhecimento, geralmente por meio de acordo, por parte da metrópole, da independência e soberania
da colônia, que passaria a dispor do poder constituinte originário para fundação do seu próprio ordenamento jurídico.

2) A Declaração Universal dos Direitos do Homem seria uma forma de limitação?


Resposta:
Com relação ao poder constituinte originário, segundo a doutrina, embora seja um poder ilimitado juridicamente, é certo que encontra, do ângulo
filosófico, sociológico, econômico, religioso e político, limites ao seu exercício. A doutrina classifica esses limites em: ideológicos, institucionais e
substanciais. Os limites substanciais, por sua vez, são subdivididos em imanentes, transcendentes e heterônomos. Limites transcendentes
prendem-se aos direitos fundamentais, intrinsecamente ligados à dignidade humana, haja vista provirem de imperativos éticos superiores. Já os
limites heterônomos condicionam o exercício do poder constituinte às normas de Direito Internacional, eis que representam responsabilidades e
obrigações assumidas pelo Estado no plano externo. Portanto, a DUDH, seja por elencar direitos fundamentais, seja por declarar regras
Poder Constituinte costumeiras de Direito Internacional de natureza imperativa (jus cogens), representa uma forma de limitação extrajurídica ao poder constituinte.
Oral TRF2 Quanto ao poder constituinte derivado, além das limitações jurídicas impostas pelo poder originário, também se submete às barreiras
Originário - Limites
extrajurídicas acima referidas.

4) Admite-se limitação implícita?


Resposta:
Sim. Limites implícitos, tácitos, indiretos ou inerentes são aqueles que não vêm prescritos pela linguagem do constitu8inte, embora sejam tão
contundentes quanto os expressos. Proíbem a reforma de normas que estatuem limites, suja observância é obrigatória para se emendar ou
revisar as constituições. O que foi prescrito pelo constituinte para uma reforma constitucional não pode ser atenuado, suprimido ou mudado.
Exemplo: o constituinte reformador não pode suprimir o art. 60, § 4º, da CF (vedação da dupla revisão).

PODER CONSTITUINTE DERIVADO

3) Fale sobre o Poder Constituinte Derivado.


Resposta:
O poder constituinte derivado consiste em um poder jurídico, constituído. Pode ser de três espécies: decorrente, reformador e revisor. O poder
decorrente é incumbido da elaboração das constituições estaduais. Seus limites são os princípios constantes do texto constitucional (sensíveis,
Poder Constituinte extensíveis e estabelecidos). O poder revisor tem a função de proceder à uma revisão geral do texto constitucional. Apresenta limites formais
Oral TRF3
Derivado (quórum de maioria absoluta dos membros do Congresso em sessão unicameral) e temporal (exercício no prazo de 5 anos a contar da
promulgação da CF/88). O poder reformador é encarregado da elaboração das emedas constitucionais. São características do poder constituinte
derivado: (a) Secundariedade: não existe por si só, pois é necessário que exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordinação: haure sua
força na obra do poder constituinte originário; (c) Condicionado e limitado: deve observar os limites previstos, explícita e implicitamente, na
constituição.

5) Poder Constituinte Derivado é originário?


Resposta:
ORAL TRF2 Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. Possui
como características o fato de ser inicial, autônomo, ilimitado juridicamente (lembrando que a corrente Jusnaturalista enxerga, ao menos, uma
limitação, qual seja, o respeito às normas de Direito Natural. Porém, o Brasil adotou a corrente Positivista, para a qual nem mesmo o Direito
Natural limitaria a atuação do Poder Constituinte Originário. Modernamente – Canotilho –, fala-se, ainda, em observância de princípios de justiça e
de Direito Internacional), incondicionado, soberano.
Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo Originário, sendo, portanto, limitado e condicionado. Poder ser reformador (capacidade de
modificar a Constituição Federal), decorrente (estruturar as Constituições dos Estados-membros e DF) ou revisor (revisar a Constituição Federal
uma única vez).

PODER CONSTITUINTE DERIVADO - REFORMA E REVISÃO

3) Qual seria a diferença básica entre emenda e revisão?


Resposta:
Emenda e revisão são espécies do gênero reforma constitucional. A emenda é recurso utilizado para realizar modificações em pontos
Poder Constituinte específicos e localizados do texto maior. Emenda é reforma de menor extensão. A revisão constitucional é recurso que objetiva mudar a
Oral TRF2 Derivado - Reforma - constituição amplamente. Revisão equivale a reforma de maior amplitude. Na CF/88, há diferenças quanto ao exercício do poder de reforme
Emenda x Revisão e do poder de revisão. A emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, § 2º, da CF). A revisão constitucional será realizada após
cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral (art. 3º do ADCT).

8) Quais os veículos materiais do Poder Constituinte, como ele se materializa?


Resposta:
Poder Constituinte (embora minha resposta seja óbvia, a minha interpretação não permitiu imaginar outra coisa). O poder constituinte se materializa em normas
Oral TRF2
Derivado formalmente constitucionais, seja elas originárias ou fruto de emendas constitucionais. No Brasil, é possível a materialização do poder constituinte
por meio de tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros.

3) Quais os tipos de limitação na CF? Quais as limitações ao Poder Constituinte Derivado?


Resposta:
As limitações ao poder constituinte derivado reformador são: (a) formais: ligam-se ao procedimento e legitimidade; (b) materiais: são as
Oral TRF2 / Poder Constituinte cláusulas pétreas; (c) circunstanciais: a CF não pode ser emendada em estado de defesa, em estado de sítio e durante intervenção federal; (d)
TRF3 / TRF4 Derivado - Limites temporais: a constituição não pode ser emendada durante certo prazo (não existe no Brasil); (e) implícitas: as normas que fixam o
procedimento e estabelecem quais são as cláusulas pétreas não podem ser reformadas (vedação da dupla revisão).
Classificam-se as limitações do poder constituinte decorrente em três princípios: (a) princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII, da CF;
(b) princípios constitucionais extensíveis: tratam-se de normas de organização da União que se estendem aos Estados (ex.: arts. 28, 75 e
93, V); (c) princípios constitucionais estabelecidos: funcionam como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados.

1) “Não será objeto de emenda constitucional tendente a abolir...”. No parágrafo 2º deste artigo havia uma previsão de isenção aos aposentados
que foi posteriormente suprimida por uma emenda constitucional, pergunta-se, sem levar em conta o efeito prático, esta emenda feriu cláusula
pétrea?
Resposta:
Poder Constituinte
Oral TRF3 (o dispositivo constitucional referido foi o art. 153, § 2º, II, da CF). “Mostra-se impertinente a alegação de que a norma do art. 153, § 2º, II, da
Derivado - Limites
CF não poderia ter sido revogada pela EC nº 20/98 por se tratar de cláusula pétrea. Essa norma não consagrava direito ou garantia fundamental,
apenas previa a imunidade do imposto sobre a renda a um determinado grupo social. Sua supressão do texto constitucional, portanto, não
representou a cassação ou o acolhimento de um direito fundamental e, tampouco, um rompimento da ordem constitucional vigente” (RE 372600-
AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 23/4/2004). Ressalte-se também que, segundo o STF, não à direito adquirido à não incidência tributária,
bem como não há direito adquirido no aposentamento.

7) Qual o trâmite das emendas constitucionais?


Resposta:
As EC pode ser propostas por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República;
Poder Constituinte ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
Oral TRF2
Derivado - EC membros. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. A EC será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com
o respectivo número de ordem. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.

8) Quais são os temas vedados às emendas?


Resposta:
Poder Constituinte
Oral TRF2 Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (a) a forma federativa de Estado; (b) o voto direto, secreto, universal e
Derivado - EC
periódico; (c) a separação dos Poderes; (d) os direitos e garantias individuais. Segundo o STF, as cláusulas pétreas não significam a
intangibilidade literal da respectiva disciplina, mas sim a proteção ao núcleo essencial de determinados direitos, princípios e instituições.

9) A vedação ao anonimato é possível ou é clausula pétrea?


Resposta:
Poder Constituinte (acho que a pergunta era se seria possível a supressão da vedação ao anonimato) A vedação ao anonimato é um limite à liberdade de expressão
Oral TRF2 que consta do art. 5º, IV, da CF. Embora não consista no núcleo essencial da referida liberdade, temos que não pode ser suprimida, haja vista que
Derivado - EC
possui natureza de cláusula pétrea. A vedação do anonimato é essencial para que seja possível o controle da liberdade de mani festação do
pensamento, isto é, para que os limites a esse direito fundamental sejam observados. Em outras palavras, essa vedação garante a proteção não
da liberdade de expressão em si, mas de outros direitos individuais, tais como a dignidade humana, o direto à honra e o direito à verdade.

5) Há algum tratado de direitos humanos que já foi incorporado após a EC nº 45 pelo quórum de emenda?
Resposta:
Poder Constituinte A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30
Oral TRF2 Derivado - Tratados
de março de 2007, foi incorporada ao Direito brasileiro com status de norma constitucional nos termos do art. 5º, § 3º, da CF, haja vista sua
de DH
aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. Essa convenção compõe o
chamado bloco de constitucionalidade.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO - DECORRENTE

PODER CONSTITUINTE DIFUSO

6) O que seria um Poder Constituinte Difuso?


Resposta:
Poder Constituinte O poder constituinte difuso é um poder de fato responsável pelas mutações constitucionais. Doutrinariamente, a Constituição poderá ser
Oral TRF1
difuso modificada por meio de processo formal ou informal. São tipos de modificação formal a emenda e a revisão constitucional. Já o processo informal
evidencia-se na mutação constitucional. Mutação Constitucional não é a mudança do texto constitucional, mas a mudança da interpretação de
um dispositivo constitucional.
7) Até aonde pode ir este poder difuso de mutação constitucional?
Resposta:
Como a mutação constitucional ocorre com a mudança da interpretação da constituição, o poder constituinte difuso encontra-se limitado
Poder Constituinte
Oral TRF1 pelo próprio texto constitucional. Destarte, não pode o intérprete conferir significado à norma constitucional que não seja abrangida pelo seu
Difuso
texto. Exemplo: defendendo a abstrativização do controle concreto de constitucionalidade, Gilmar Mendes propôs a mutação constitucional do art.
52, X, da CF. Para o Ministro, a função do Senado seria apenas a de dar publicidade à decisão do STF. Ocorre que o texto da CF/88 é claro ao
atribuir ao Senado a função de suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF no controle concreto.

TEORIA GERAL DAS CONSTITUIÇÕES

2) Existe no Brasil o fenômeno da repristinação constitucional?


Resposta:
Consiste a repristinação em um revigoramento da vigência de uma norma pela revogação da norma que a tinha revogado. Exemplo do fenômeno
poder ser mais esclarecedor (exemplo do Lenza). Norma produzida na égide da CF/46 não é recepcionada pela CF/67, pois incompatível com a
Oral TRF1 REpristinação mesma. Promulgada a CF/88, verifica-se que aquela Lei, produzida no período da CF/46 (que fora revogada – não recepcionada pela de 67), em
tese poderia ser recepcionada pela CF/88, visto que totalmente compatível com ela. Daí, pergunta-se, pode a lei produzida durante a CF/46 voltar
a produzir efeitos? Como regra, a CF/88 não admite a repristinação! Porém, há uma exceção. Se a nova ordem jurídica trouxer a permissão
expressa possibilitando a repristinação, é possível a verificação deste instituto. Importante afirmar que efeito repristinatório em ADI não é a
mesma coisa que repristinação. O primeiro é previsto na Lei 9.868/99, art.11, parágrafo 2º.

4) Repristinação é automática?
Resposta:
A repristinação ocorre quando uma lei é revogada por outra e posteriormente a própria norma revogadora é revogada por uma terceira lei, que irá
fazer com que a primeira tenha sua vigência restabelecida. Todavia, o artigo 2º, § 3º da LINDB (Decreto-Lei nº 4657, de 4/09/1942) aduz que a
ORAL TRF2 Repristinação repristinação só é admitida se for expressa.
Contudo, a despeito da diferença dos institutos, solução diversa dar-se-á na hipótese de declaração de inconstitucionalidade da lei pelo STF, eis
que a jurisprudência da Excelsa Corte entende que a lei revogada pela norma dita inconstitucional tem sua eficácia restabelecida, haja vista que o
STF adota a teoria da nulidade em relação aos atos inconstitucionais. Sendo nula, não poderia gerar qualquer efeito jurídico, inclusive, o ab-
rogante. É o chamado “efeito repristinatório.”

6) Na superveniência de uma nova constituição, fale sobre a recepção de normas.


Resposta:
Na superveniência de uma nova constituição, as normas anteriores, que são com ela compatíveis no seu conteúdo, continuam em vigor. Diz-se
que, nesse caso, opera o fenômeno da recepção, que corresponde a uma revalidação das normas que não desafiam, materialmente, a nova
constituição. Às vezes a recepção é expressa (ex.: Constituição de 1937). Todavia, o mais frequente é a recepção tácita. Deve-se a Kelsen a
Oral TRF2 Recepção teorização do fenômeno da recepção, pelo qual se busca conciliar a ação do poder constituinte originário com a necessidade de se obviar vácuos
legislativos. As normas que apresentam incompatibilidade meramente formal com a nova constituição, ainda assim serão recepcionadas com o
status normativo prescrito pelo novo texto constitucional. Se a norma anterior à constituição não guarda compatibilidade de conteúdo com esta,
não continuará a vigorar, havendo, aqui, quem considere ocorrer caso de revogação e quem veja na hipótese uma inconstitucionalidade
superveniente. A matéria provocou debate no STF, que adotou a tese da revogação (não recepção). Prevalece na doutrina que as normas da
constituição anterior, mesmo que compatíveis com a nova constituição, não podem ser recepcionadas, havendo sua revogação global.

6) Como as Constituições são positivadas?


ORAL TRF2 Resposta:
Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de
representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-las. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988.
Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas
sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969.
Encontramos também a chamada Constituição Cesarista ou mistificada: não é propriamente outorgada, mas tampouco promulgada, ainda que
criada com a participação popular.
Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.
A expressão Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas.
7) O que é promulgação?
Resposta:
Oral TRF2 Como manifestação do Poder Constituinte, Constituição promulgada seria aquela fruto da vontade popular, materializada através de uma
Assembléia Nacional Constituinte instalada com essa finalidade, como sói ser a CF 1988.

8) Atos preparatórios à promulgação de uma Carta Política são atos constituintes? Qual a natureza?
Resposta:
Oral TRF2 Segundo José Afonso da Silva, os atos preparatórios possuem natureza política. Como exemplo, teríamos a EC n. 26 de 27.11.85 que convocou a
Assembléia Nacional Constituinte para elaborar a CF de 1988, instalada em 1.02.87, sob a presidência do Ministro do STF José Carlos Moreira
Alves, pai do Des. Carlos Eduardo Moreira Alves, membro da Comissão.

9) Quantas constituições já tivemos no Brasil?


Resposta:
Foram oito. As de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e EC-69, e a atual de 1988. Tecnicamente seriam sete, haja vista que a de 1969 foi uma
Oral TRF2
Emenda Constitucional à Carta de 1967. Todavia, diante de seu caráter revolucionário, bem como a extensão da sua reforma no ordenamento, a
doutrina constitucionalista a considera como uma Constituição autônoma.

12) Todas as normas constitucionais são regulamentáveis?


Resposta:
Não. Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto classificam as normas constitucionais em normas de aplicação (regulamentáveis ou
irregulamentáveis) e normas de integração (completáveis ou restringíveis). As de aplicação já estão aptas a produzir todos os seus efeitos, sendo
ORAL TRF2 que as irregulamentáveis incidem diretamente sobre os fatos regulados e rejeitam regramentos infraconstitucionais, sendo sua matéria tratada
exclusivamente pelo texto constitucional. Já as regulamentáveis, embora plenas e consistentes, aceitam regulamentação infraconstitucional,
sendo vedada, contudo, a alteração do seu conteúdo, sentido e alcance.
Por fim, as normas de integração são as que necessitam da atividade integradora do legislador ordinário para apresentarem aplicabilidade, pois
necessitam de complementação.

13) Exemplo de norma de eficácia plena.


Resposta:
ORAL TRF2
São aquelas “aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional.” Um exemplo seria o art. 2º da
CF/88. Outro bastante cobrado é o art. 230, §2º (gratuidade de transporte coletivo urbano para maiores de 65 anos – ADI 3768)

14) Normas regulamentáveis constitucionais, o legislador tem competência absoluta ou está limitado? Na CR/1988 não há limites para a
regulamentação, mas e a doutrina e a jurisprudência?
Resposta:
ORAL TRF2
Está limitado. Nas normas regulamentáveis, é vedada a restrição ou alteração do seu conteúdo, sentido e alcance, consoante o escólio de Celso
Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, que classificam as normas constitucionais em normas de aplicação (regulamentáveis ou irregulamentáveis) e
normas de integração (completáveis ou restringíveis).
5) O que é desconstitucionalização? É possível no Brasil?
Resposta:
Desconstitucionalizaç “Trata-se do fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com
Oral TRF1
ão status de lei infraconstitucional. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de norma infraconstitucional pela
nova ordem”(Lenza). Como regra geral, não é possível a aplicação do instituto no Brasil. Porém, se houver menção expressa na nova Constituição
, é possível a aplicação do instituto.

3) O que é vacatio constitutionis? Qual Constituição brasileira já teve esse período?


Resposta:
Vacatio Quando uma cláusula expressa diferencie a entrada em vigor de todo texto constitucional, estabelecendo um interregno entre a publicação do ato
Oral TRF1
Constituitionis de sua promulgação e a data de entrada em vigor de seus dispositivos , está aí a vacatio constitutionis. Impende ressaltar que a regra geral é a
imediata vigência de uma ordem constitucional , considerando-se a vacatio constitutionis uma exceção. Apenas a CF de 1967/1969 utilizou o
Vacatio Constitutionis.

4) José Afonso da Silva e a eficácia das normas, fale sobre a classificação deste autor.
Resposta:
Segundo o professor JAS, as normas constitucionais podem ser de eficácia plena, contida e limitada. As primeiras são aquelas que ``receberam
do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da constituição.
Não necessitam de providência normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo
exigíveis``. Exemplos são o art. 2º art. 14, parágrafo 2º. As de eficácia contida têm aplicabilidade imediata e direta, mas possivelmente não
Oral TRF1 Eficácia integral, tendo em vista que pode haver uma restrição de sua aplicabilidade por intermédio do legislador infraconstitucional e, ainda, por obra do
próprio texto constitucional. Exemplo sempre citado desta espécie é o art. 5º, VII, da Constituição Federal. Já as normas de eficácia limitada são
aquelas que de imediato, no momento da entrada em vigor da Constituição, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de
integração por obra do legislador infraconstitucional. As normas de eficácia limitada de dividem em normas de princípio institutivo (ou
organizativo) e normas de princípio programático. As primeiras são esquemas gerais de organização e de estruturação dos órgãos e entidades.
Como exemplo pode-se mencionar o art. 18, parágrafo 2º. Já as normas de eficácia limitada de cunho programático, veiculam programas a serem
implementados pelo Estado, visando fins sociais. Como exemplo pode-se citar o art. 196 da CF, que trata da saúde.

HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

"A força normativa da Constituição da República e o monopólio da última palavra, pelo STF, em matéria de interpretação constitucional. O exercício
da jurisdição constitucional – que tem por objetivo preservar a supremacia da Constituição – põe em evidência a dimensão essencialmente
política em que se projeta a atividade institucional do STF, pois, no processo de indagação constitucional, assenta-se a magna prerrogativa de
Hermenêutica decidir, em última análise, sobre a própria substância do poder. No poder de interpretar a Lei Fundamental, reside a prerrogativa
Constitucional - extraordinária de (re)formulá-la, eis que a interpretação judicial acha-se compreendida entre os processos informais de mutação
STF A CF e o STF
Mutação constitucional, a significar, portanto, que ‘A Constituição está em elaboração permanente nos Tribunais incumbidos de aplicá-la’.
constitucional Doutrina. Precedentes. A interpretação constitucional derivada das decisões proferidas pelo STF – a quem se atribuiu a função eminente de ‘guarda
da Constituição’ (CF, art. 102, caput) – assume papel de essencial importância na organização institucional do Estado brasileiro, a justificar o
reconhecimento de que o modelo político-jurídico vigente em nosso País confere, à Suprema Corte, a singular prerrogativa de dispor do
monopólio da última palavra em tema de exegese das normas inscritas no texto da Lei Fundamental."

DIREITOS FUNDAMENTAIS

Direitos e Garantias - Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de reunião e de livre manifestação do pensamento devem ser garantidos a todas as
Reunião - Livre pessoas, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ADPF para dar, ao art. 287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme
STF Pleno 631 manifestação do a Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de
pensamento - qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos. Apontou-se, ademais, que as minorias
"Marcha da Maconha" também titularizariam o direito de reunião. Reputou-se que a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não se
confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia de fato criminoso.
Direitos e Garantias - Não obstante a equiparação legal da oficina de trabalho com o domicílio, julgou-se ser preciso recompor a ratio constitucional. Considerou-se ser,
Inviolabilidade do no mínimo, duvidosa, a equiparação entre escritório vazio com domicílio stricto sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o
STF Pleno 529
Domicílio - Escritório habitem. (Caso em que se colocou, mediante autorização judicial, aparelhos de escuta durante à noite em escritório de advocacia - STF aceitou,
de Advocacia afastando a inviolabilidade de domicílio e refutou alegação de prova ilícita)
Direitos e Garantias - A doutrina constitucional considera que as qualificações profissionais a que se refere o art. 5º, XIII, da CF somente poderiam ser exigidas, pela
Livre exercício do lei, daquelas profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros,
STF Pleno 551 trabalho - sem culpa das vítimas, como a medicina e as demais profissões ligadas à área da saúde, a engenharia, a advocacia e a magistratura, dentre
Qualificações exigidas outras. Dessa forma, a profissão de jornalista, por não implicar tais riscos, não poderia ser objeto de exigências quanto às condições de
por lei capacidade técnica para o seu exercício.
Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade.
Exercício profissional. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de
STF Pleno 634
Registro - Músico músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão. (princípio
da mínima intervenção, como vetor para se averiguar a adequabilidade das restrições ao exercício profissional)
Direitos e Garantias - A administração penitenciária com fundamento em razões de segurança pública pode, excepcionalmente, proceder à interceptação de
STF HC 70814 Sigilo de correspondência remetida pelos presos, eis que a cláusula da inviolabilidade de sigilo epistolar não pode constituir instrumento de
correspondência salvaguarda para práticas ilícitas. (pano de fundo: não há qualquer direito ou garantia absoluta)
STF reconheceu a impossibilidade de quebra de sigilo bancário pela RFB. Argumentos: 1) supremacia da Constituição, tendo em conta que
ato normativo abstrato autônomo haveria de respeitar o que nela se contém - figurar no rol das garantias constitucionais a inviolabilidade do sigilo
Direitos e Garantias - da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, XII), bem como o acesso ao Poder
STF - Sigilo Bancário - Judiciário visando a afastar lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5º, XXXV). A regra seria assegurar a privacidade das correspondências, das
613
Pleno Quebra - Receita comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, sendo possível a mitigação por ordem judicial, para fins de investigação criminal ou de
Federal instrução processual penal; 2) primado do Judiciário, porquanto não se poderia transferir a sua atuação, reservada com exclusividade por
cláusula constitucional, a outros órgãos, sejam da Administração federal, estadual ou municipal; e 3) prerrogativa de foro, haja vista que seu
detentor somente poderia ter o sigilo afastado ante a atuação fundamentada do órgão judiciário competente.
Direitos e Garantias -
O TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de sigilo bancário. (não está
STF 2aT 662 Sigilo Bancário -
contemplado na LC 105 - já teve posicionamento do Pleno nesse sentido tb)
Quebra - TCU
STF 1aT HC 106225 o sigilo das comunicações entre o advogado e seu cliente também não é de caráter absoluto. Assim, observados os requisitos da Lei 9.296/96,
nada impede que se decrete, para fins de investigação criminal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas, ainda que algumas delas digam
respeito à relação advogado-cliente
STF - Direitos e Garantias -
567 O ato jurídico perfeito revela garantia que deve ser preservada até mesmo diante da atuação do poder constituinte reformador.
Pleno Ato jurídico perfeito
Direitos e Garantias -
Direito de Resposta -
Como consabido, o STF, ao julgar a ADPF 130-DF, declarou que a Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/1967) não foi recepcionada pela CF/1988.
Inconstitucionalidade
Contudo, permanece passível de proteção jurídica o direito constitucional de resposta, mas não mais nos termos em que previsto nos arts.
da Lei de Imprensa -
29 a 36 da Lei de Imprensa. Para dar amparo a tal direito, o Judiciário deverá valer-se da analogia (como discutido pelo STF quando do
Analogia art. 14 Pacto
julgamento da citada ADPF), ao invocar o art. 14 do Pacto de San Jose da Costa Rica e o art. 58 da Lei n. 9.504/1997 (Eleições). O
STJ 3aT 420 San José da Costa
princípio da reparação integral do dano (art. 159 do CC/1916 e arts. 186, 187 e 927 a 943 do CC/2002) não tem alcance suficiente para
Rica - art. 58 Lei
abranger o direito à publicação de sentença, providência de fundamento único na Lei de Imprensa não recepcionada. Até que aprovada uma
9.504/97 -
nova Lei de Imprensa, está assegurado aos cidadãos apenas o exercício do direito de resposta, mas não a faculdade de requerer
Impossibilidade da
publicação da sentença no veículo de comunicação ofensor.
publicação da
sentença
É importante acentuar, bem por isso, que não caracterizará hipótese de responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística cujo
conteúdo divulgar observações em caráter mordaz ou irônico ou, então, veicular opiniões em tom de crítica severa, dura ou, até,
Direitos e Garantias -
impiedosa, ainda mais se a pessoa a quem tais observações forem dirigidas ostentar a condição de figura pública, investida, ou não,
Liberdade de
STF A CF e o STF de autoridade governamental, pois, em tal contexto, a liberdade de crítica qualifica-se como verdadeira excludente anímica, apta a
imprensa - Figura
afastar o intuito doloso de ofender (crime de tendência intensificada). Com efeito, a exposição de fatos e a veiculação de conceitos, utilizadas
pública
como elementos materializadores da prática concreta do direito de crítica, descaracterizam o animus injuriandi vel diffamandi, legitimando,
assim, em plenitude, o exercício dessa particular expressão da liberdade de imprensa. (...) É preciso advertir, bem por isso, notadamente quando
se busca promover, como no caso, a repressão à crítica jornalística, mediante condenação judicial ao pagamento de indenização civil, que o Estado
– inclusive o Judiciário – não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as idéias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais dos
meios de comunicação social.” (AI 505.595, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 11-11-2009, DJE de 23-11-2009.)
É possível, no curso do processo eleitoral, o exercício do direito de crítica, de opinião, mesmo que contundente, pelos meios de comunicação
social por radiodifusão, estando vedado o patrocínio de candidatura. Entendeu-se, em sede liminar e por maioria, que são inconstitucionais os
Direitos e Garantias -
dispositivos da Lei 9.504/97 que restringiam a prática de humor no período eleitoral. O humor poderia ser considerado imprensa, sendo
STF - Direito de Crítica -
598 aplicáveis, à espécie, as diretrizes firmadas no julgamento da ADPF 130/DF. Consignou-se que a dignidade da pessoa humana já estaria
Pleno Humor no período
tutelada pelo Código Penal, que criminaliza as ofensas à honra caracterizadoras de calúnia, de injúria e de difamação, e pelo Código Eleitoral. Por
eleitoral
fim, aduziu-se que, durante o período eleitoral, a liberdade de imprensa deveria ser maior, haja vista ser o momento em que o cidadão
mais precisa de plenitude de informação.
A Lei 6.683/79 (Lei da Anistia) é compatível com a CRFB de 1988, e a anistia por ela concedida foi ampla e geral, alcançando os crimes de
qualquer natureza praticados pelos agentes da repressão no período compreendido entre 2.9.61 e 15.8.79 (conceito e definição de “crime político”
pela Lei n. 6.683/79, onde são crimes conexos aos crimes políticos “os crimes de qualquer natureza relacionados com os crimes políticos ou
praticados por motivação política”; podem ser de “qualquer natureza”, mas [i] hão de terem estado relacionados com os crimes políticos ou [ii]
hão de terem sido praticados por motivação política). A lei da anistia teve caráter bilateral. Há necessidade de, no caso de lei-medida,
STF - Direitos e Garantias - interpretar-se, em conjunto com o seu texto, a realidade no e do momento histórico no qual editada (no caso, a realidade histórico-
584
Pleno Lei de Anistia social da migração da ditadura para a democracia política, da transição conciliada de 1979), e não a realidade atual. Consignou-se que a
Constituição não recebe leis em sentido material, abstratas e gerais, mas não afeta, por outro lado, leis-medida que a tenham precedido. A anistia
da Lei 6.683/79 teria sido reafirmada, no texto da EC 26/85, pelo Poder Constituinte da Constituição de 1988. A emenda constitucional produzida
pelo Poder Constituinte originário teria constitucionalizado a anistia. Assim, afirmada a integração da anistia de 1979 na nova ordem
constitucional, ter-se-ia que sua adequação à CRFB de 1988. Revisão de lei de anistia, se mudanças do tempo e da sociedade a impuserem,
haverá — ou não — de ser feita pelo Poder Legislativo, não pelo Poder Judiciário.
Direitos e Garantias -
STF - Jurisp Dom A garantia do salário mínimo, a que se referem os artigos 7º, IV, e 39, § 3º, da CF, corresponde ao total da remuneração percebida pelo
Sociais - Salário
Pleno 8 servidor e não ao seu salário-base.
Mínimo
Direitos e Garantias -
Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
STF Súm Vinc 4 Sociais - Salário
servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Mínimo
Citou, em seguida, o julgamento do RE 565714/SP (DJe de 8.8.2008), no qual a Corte expressamente teria consignado a possibilidade
Vinculação do salário-
STF 611 extraordinária de manutenção do salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade com o objetivo de preservar a
mínimo
irredutibilidade de salários - ponderação, no caso, da aplicação da SV 4.
reputou-se, em princípio, que o art. 16 da Lei 7.394/85 (fixação do salário dos técnicos em radiologia em 2 SMs) seria incompatível com art. 7º,
IV, da CF, mas, a fim de evitar uma anomia, resolveu-se continuar aplicando os critérios estabelecidos pela lei em questão, até que sobrevenha
Direitos e Garantias - norma que fixe nova base de cálculo, seja lei federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam convenções ou acordos coletivos de trabalho, ou,
Sociais - Vinculação ainda, lei estadual, editada conforme delegação prevista na Lei Complementar 103/2000. Determinou-se, ainda, o congelamento da base de
STF -
614 ao salário mínimo - cálculo em questão, para que seja calculada de acordo com o valor de 2 salários mínimos vigente na data do trânsito em julgado desta decisão, de
Pleno
Ponderação - modo a desindexar o salário mínimo, valor este que deverá ser corrigido com base nos índices de reajustes de salários. Trata-se de verdadeira
Afastamento da SV 4 ponderação entre a vedação da vinculação ao salário mínimo e o princípio da irredutibilidade dos vencimentos, princípio esse que
serviu para afastar a aplicação da Súmula Vinc n 4, e permitir que fosse, para esse caso específico, estabelecida uma vinculação ao
salário mínimo, enquanto a situação não viesse a ser regulamentada por lei posterior.
Direitos e Garantias -
Sociais - Adicional de
Em que pese o reconhecimento da não-recepção dos dispositivos legais que vinculam o adicional de insalubridade ao salário mínimo, por
insalubridade -
STF - Rep Geral afronta ao inc. IV do art. 7o CF, o Tribunal assevera que a alteração da base de cálculo do adicional de insalubridade e do correspondente
Impossibilidade de o
Pleno 23 critério de reajuste dependerá de lei de iniciativa do Poder Executivo, e que não cabe ao Poder Judiciário atuar como legislador positivo,
Poder Judiciário
para substituir os critérios legais de cálculo.
alterar o critério legal
de cálculo
Decisão de ente Federado que resolve publicar os salários brutos de seus servidores, juntamente com o nome e matrícula destes, não é
Divulgação de inconstitucional, porque a transparência orçamentária (gasto público) pode ir ao ponto de afetar a intimidade do funcionário público. Julgado:
STF -
630 salários/subsídios de
Pleno
servidores Reputou-se que o princípio da publicidade administrativa, encampado no art. 37, caput, da CF, significaria o dever estatal de divulgação de
atos públicos. Destacou-se, no ponto, que a gestão da coisa pública deveria ser realizada com o máximo de transparência, excetuadas hipóteses
constitucionalmente previstas, cujo sigilo fosse imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (CF, art. 5º, XXXIII). Frisou-se que todos
teriam direito a receber, dos órgãos públicos, informações de interesse particular ou geral, tendo em vista a efetivação da cidadania, no que lhes
competiria acompanhar criticamente os atos de poder. Aduziu-se que a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, a ser realizada
oficialmente, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a
agentes públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de
cada um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional. Destacou-se, por fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento
conceitual da República
É inconstitucional a interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e
128, I e II, do CP.
A interrupção da gravidez de feto anencéfalo é atípica.
Não se exige autorização judicial para que o médico realize a interrupção de gravidez de feto anencéfalo.

Principais argumentos:
- não se trata de aborto, pois não há possibilidade de vida extra-uterina;
Interrupção de - não se trata de aborto eugênico (ref. às práticas nazistas), pois não há possibilidade de vida extra-uterina. Para tanto, pressupõe-se vida, que
STF -
ADPF 54 gravidez de feto seria ceifada por padrões imoralmente eleitos;
Pleno
anencéfalo é atípica - a tipificação penal da interrupção da gravidez de feto anencéfalo não se coaduna com a CF, notadamente com os preceitos que garantem o
Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção da autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde. Laicidade (não
tem religião oficial) é diferente de laicismo (é avesso a religiões). Para serem aceitáveis os argumentos de entidades religiosas, haveria a
necessidade de serem traduzidos em "razões públicas", ou seja, expostos de maneira que a adesão a eles independesse de
qualquer crença.
- Não há conflito entre o direito à vida dos anencéfalos e o direito da mulher à dignidade (conflito aparente). Isso porque, segundo o Min.
Relator, direito à vida de anencéfalo seria um termo antitético considerando que o anencéfalo, por ser absolutamente inviável, não seria
titular do direito à vida. É juridicamente morto de acordo com o conceito de morte cerebral posto na Lei 9.434/97
Propriedade - Função 1) Qual a função social da propriedade?
Oral TRF3
Social Resposta:

Propriedade - Meio 2) Há colisão entre propriedade e meio ambiente? Em que caso prevalece o primeiro, e em q caso prevalece o último?
Oral TRF3
Ambiente Resposta:

Intimidade /
6) Como se define o impasse entre violação à privacidade e direito de informação quando a privacidade é de uma pessoa pública, famosa?
Oral TRF3 Privacidade x Direito
Resposta:
à informação

1) Qual a posição mais recente do STF acerca do direito de greve dos servidores públicos da União?
Oral TRF1 Direito de Greve
Resposta:

2) Qual a mais valia da duração razoável do processo?


Resposta:
Duração razoável do
Oral TRF1
processo
9) Princípio da Duração Razoável do processo se confunde com celeridade?
Resposta:

1) Diferença entre direitos humanos e direitos individuais.


Oral TRF2
Resposta:

2) Segurança pública (art. 144, CR/1988), seria também um direito fundamental?


Oral TRF2 Segurança pública
Resposta:

Vedação da proteção 3) No que consiste o princípio da proibição da proteção deficiente?


Oral TRF2
deficiente Resposta:
4) Art. 5º, XLIII, CR/1988 (XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem), é uma cláusula pétrea?
Resposta:

5) Direito ao lazer se insere em uma das figuras da 1a., 2a. ou 3ª. dimensão? (Para Poul, melhor seria ir da 3ª. ou 4ª. geração, porque o Estado
Oral TRF2 Direito ao Lazer não pode ser obrigado a atuar, por isso não é de 2ª. geração)
Resposta:

6) Efetividade: discorra sobre cada um dos direitos individuais coletivos exemplificando-os. Quais os instrumentos que existem para que se
tornem efetivos?
Resposta:

7) A sindicabilidade dos direitos sociais: o que vem a ser isso, como está se dando, porque está ocorrendo e quais são as visões – umas contra,
outras a favor – que podemos encontrar no Supremo a respeito.
Resposta:
Sindicabilidade dos
Oral TRF2
direitos sociais
8) Em uma situação (em que por um lado entende-se) que um tipo efetividade dada pelo Poder Judiciário a esses direitos individuais,
fundamentais estaria a se criar uma “política de Estado parelela” (pois em razão da ausência desta se estaria recorrendo ao Judiciário, que talvez
não tenha essa ponderação quanto ao conteúdo), e outra corrente que acha que os direitos individuais e fundamentais não poderiam ser
fraudados ao cidadão na medida em que há a omissão do Poder Público em torná-los efetivos; Entre esses dois extremos, o sr. como magistrado,
veria espaço para uma terceira possibilidade ou se filiaria a uma delas?
Resposta:

11) Há direito à assistência espiritual? É de que geração? Tem artigo na CR/1988?


Oral TRF2 Assistência espiritual
Resposta:

12) Garantias institucionais e garantias constitucionais são diferentes?


Resposta:

18) Separação dos Poderes é uma garantia constitucional ou garantia da constituição (institucional)?
Resposta:
Oral TRF2 Garantias
19) A estabilidade do servidor público é garantia constitucional?
Resposta:

20) E o princípio da ampla defesa?


Resposta:

1) Art. 6º da CF/88 – qual a eficácia desta norma? E a norma relacionada à participação dos lucros da empresa, como se classificaria?
Resposta:
A primeira observação que deve ser feita com relação a esse ponto é com relação à natureza dos direitos sociais. Ou seja, são estes direitos
Oral TRF1 Art. 6o - Eficácia “direitos fundamentais”? A imensa maioria da doutrina afirma que sim, mesmo o STF em alguns de seus julgados não afirmar expressamente que
direitos sociais são fundamentais.
Superado este ponto, há, em destaque, três correntes acerca da aplicabilidade dos direitos fundamentais (aqui, conforme a maioria da doutrina,
considerar-se-á que direitos sociais são fundamentais). Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, sob pena de inverter-se a natureza das coisas, só
têm aplicabilidade imediata aqueles direitos que as normas definidoras são completas em sua estrutura e dispositivo. Já uma segunda corrente
(por todos, Eros Grau), afirma que os direitos fundamentais são de aplicabilidade imediata mesmo se as normas que os definem sejam de cunho
programático. Por fim, Ingo Sarlet e Gilmar Mendes declaram que, em certas ocasiões, não há como dispensar um tratamento legislativo para
concretizar um direito fundamental. Em outras ocasiões, independentemente de tratamento legislativo, podem os direitos fundamentais
atingirem eficácia imediata. Ademais, há que se destacar que há, ínsito a qualquer direito fundamental, uma carga defensiva, um efeito
paralisante contra qualquer ingerência tendente a obstar o exercício de um direito fundamental.
Quanto à participação dos empregados nos lucros, trata-se de norma de eficácia limitada, na já clássica classificação de José Afonso da Silva.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

MANDADO DE SEGURANÇA

17) Mandado de Segurança contra ato normativo do Presidente do STF, é possível? Seria um ato normativo em tese?
Oral TRF2 MS - Ato normativo
Resposta:
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de admitir a utilização de Mandado de Injunção Coletivo pelos
STF - MI 20
MI Coletivo organismos sindicais e pelas entidades de classe, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o
Pleno 594
exercício de direitos assegurados pela Constituição.
Legitimidade -
Sindicato - Registro Sindicato registrado em cartório de pessoas jurídicas possui personalidade jurídica, independentemente de registro no Ministério do
STF 1aT 638
no Ministério do Trabalho, motivo por que é parte legítima para atuar na defesa dos integrantes da categoria.
Trabalho

HABEAS DATA

16) O habeas data é instrumento adequado para ter vistas do processo administrativo?
Resposta:

22) Qual o instrumento mais adequado para recusa de vista em processo administrativo? Habeas Corpus pode?
Oral TRF2 Habeas Data
Resposta:

14) Recusa estatal de fornecer certidões. Quais instrumentos são adequados? Seria possível ACP?
Resposta:

AÇÃO POPULAR

21) As ações populares podem ser julgadas no STF originariamente?


Oral TRF2 Ação popular
Resposta:

ORDEM SOCIAL

SAÚDE
8) A recente lei complementar 141/2012 prevê a aplicação mínima de recursos para a saúde. Existe vinculação do PIB do país para a aplicação
mínima de recursos para a saúde? Pode haver essa vinculação? A Constituição autorizaria ou de alguma maneira isto estaria comprometendo o
desenvolvimento do país?
Resposta:
Oral TRF2 Saúde - LC 141 Sim, a vinculação existe (Art. 5º A União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente ao valor
empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente
à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual). Considerando o § 2º deste preceito,
segundo o qual “em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercício
financeiro para o outro”, pode-se concluir que a fórmula adotada pelo legislador pode comprometer o desenvolvimento do país, pois a manutenção
do valor orçamentário nominal implica, diante da inflação, na redução dos investimentos públicos na saúde sob uma perspectiva substancial.

5) Já ouviu falar da figura do ressarcimento ao SUS? Do que cuida essa temática?


Dentro da definição de que a saúde atende a todos indistintamente, essa cobrança seria legítima ou não? Haveria quebra da isonomia no sentido
de quem tem um plano de saúde vai ter que arcar com aquele determinado valor? Haveria uma quebra dessa “coluna vertebral” da Constituição
que independe dessa contrapartida?
Resposta:
O instituto do ressarcimento ao SUS é previsto no artigo 32 da Lei nº 9.656/98, o qual prevê, em síntese, que as operadoras de planos privados
de saúde devem ressarcir o SUS quando a pessoa, ao invés de realizar o procedimento na rede privada, procura o serviço público de saúde. Quem
sustenta a legitimidade do instituto afirma que o mesmo se fundamenta da vedação de enriquecimento sem causa das operadoras de planos de
Saúde - SUS - saúde, já remuneradas pelo particular para arcar com o procedimento realizado pelo SUS. Fato é, porém, que se verifica uma hipótese de
Oral TRF2 Ressarcimento - remuneração pelo serviço público de saúde, ainda que mediada pela operadora, o que, em princípio, vai de encontro à diretriz constitucional da
Planos Privados gratuidade.

6) Tendo em vista que essa cobrança é feita do prestador (plano de saúde), não implicaria - uma vez o empresário sabedor de que lá na frente vai
haver esse ressarcimento - em um repasse nos valores do plano de saúde, onerando mais ainda quem tem o plano de saúde ou não? Não
ocorreria esse efeito perverso?
Resposta:
Em tese, é possível que as operadoras de planos de saúde, antevendo o ressarcimento ao SUS, repassem o valor do ressarcimento ao
consumidor, que, além de onerado ainda mais, estaria indiretamente pagamento pelo serviço público de saúde. Tal fato pode, no jogo dos
argumentos, ser ponderado em prol da ilegitimidade do instituto do ressarcimento ao SUS.
Registrou-se estar em trâmite na Corte a Proposta de Súmula Vinculante 4, que propõe tornar vinculante o entendimento jurisprudencial a
Ordem Social - Saúde respeito da responsabilidade solidária dos entes da Federação no atendimento das ações de saúde (apesar do tema suscitar questões
STF -
579 - Responsabilidade - delicadas no tocante a responsabilidade de cada ente frente às prestações de saúde, ao se determinar a responsabilidade da União no
Pleno
Entes Federativos fornecimento do tratamento, estar-se-ia seguindo as normas constitucionais que fixaram a competência comum (CF, art. 23, II), a Lei federal
8.080/90 (art. 7º, XI) e a jurisprudência do Supremo).
Concessão de segurança, por maioria, para que o Estado forneça gratuitamente medicamentos de alto custo, quando não atende
STJ 1aT 433 Ordem Social - Saúde requisitos previstos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (no caso, ainda havia dúvida com relação à
eficácia do medicamento no tratamento da doença manifestada. Privilegiou-se os laudos médicos públicos e privados que recomendaram o uso).
STF e Emagis Fornecimento de A jurisprudência e a doutrina vem concluindo que a responsabilidade pelo fornecimento de medicamento não disponibilizado ordinariamente
TRFs medicamentos - pelo SUS para quem dele necessite é solidária de todos os entes políticos integrantes da Federação, observada apenas a pertinência geográfica
Solidariedade - das entidades menores em relação ao domicílio do doente. Deste modo, todos eles possuem legitimidade passiva disjuntiva para figurarem
Legitimidade passiva
como réu nas referidas ações judiciais, o que significa dizer que ao autor cabe, como exclusividade, decidir se ingressa contra apenas um daqueles
disjuntiva
entes, contra dois deles ou contra todos. Nesse sentido: “O recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o
requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de
custeá-los com recursos próprios. Isto por que, uma vez satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de
solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida
prestação jurisdicional”. (STF, RE 607381); “Inadmissível condicionar a fruição de direito fundamental e inadiável à discussão acerca da parcela
de responsabilidade de cada ente da Federação em arcar com os custos de tratamento médico cujo fornecimento fora determinado por meio de
decisão judicial” (TRF1). “O cumprimento do dever político-constitucional de proteção à saúde, consagrado no art. 196 do Texto Básico, obriga o
Estado (gênero) em regime de responsabilidade solidária entre as pessoas políticas que o compõem, dada a unicidade do Sistema (art. 198,
CF/88)” (TRF2)

Emagis Fornecimento de Segundo vem entendendo a jurisprudência, são os seguintes os requisitos para o reconhecimento do direito ao fornecimento, na via judicial, de
medicamentos - medicamento não disponibilizado ordinariamente pelo SUS, os quais são fruto justamente da ponderação prática concreta dos valores
Requisitos ao constitucionais colidentes (de um lado, direitos fundamentais sociais de cunho prestacional para cuja satisfação demanda-se a realização de
reconhecimento do gastos públicos – entre os quais se inclui o direito á saúde –; de outro, a contingência financeira, a limitação orçamentária do Estado, que
direito impede, ao menos a princípio, seja plenamente satisfeita a totalidade das pretensões relacionadas àqueles direitos):
1 – insuficiência de recursos financeiros do requerente;
2 – comprovada eficácia terapêutica do medicamento pleiteado, somada à sua essencialidade para o tratamento;
3 – inexistência de tratamento eficaz fornecido pelo SUS que substitua aquele pretendido.
D) Em todas as opções que versem sobe ação de fornecimento de medicamento, a União deverá ser chamada ao processo.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-STJ e STF não admitem chamamento ao processo da União no caso de ação de fornecimento de medicamento.
- AgRg no AREsp 28718 / SC – STJ 1aT –
2. (...) No caso dos autos, não se discute, propriamente, a existência de solidariedade entre os entes federativos para o fornecimento de
Questão medicamento, mas o suposto direito de o Estado chamar ao processo a União. (...) 3. É pacífico entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal
TRF1 de Justiça, no sentido de que o chamamento ao processo não é adequado às ações que tratam de fornecimento de medicamentos. (...) 4.
Entendimento esse que também é compartilhado pelo Supremo Tribunal Federal, a exemplo do que fora decidido por ocasião do jul gamento do RE
607381, no qual se concluiu que o chamamento ao processo da União Federal, nas ações movidas contra Estados e que visam o fornecimento de
medicamentos, é medida inútil e protelatória, porquanto "o objetivo do chamamento ao processo é garantir ao devedor solidário o direito de
regresso caso seja perdedor da demanda; configura atalho processual para se exigir dos demais co-devedores o pagamento de suas respectivas
cotas da dívida.
STF e Emagis Forncecimento de Para o STF: “In casu, o chamamento ao processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não
STJ medicamentos - traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos
Solidariedade passiva remédios necessários para o restabelecimento da saúde da recorrida” (RE 607381). No mesmo sentido o STJ: “Conforme o entendimento
- Chamamento ao jurisprudencial do STJ, nas ações que versem sobre fornecimento de medicamentos, o chamamento ao processo não é cabível. Isso porque se
processo - trata de instituto típico de obrigações solidárias de pagar quantia, não sendo possível sua interpretação extensiva para abranger obrigações
Impossiblidade de entregar coisa certa” (AgRg no AREsp 121002). “A hipótese de chamamento ao processo prevista no art. 77, III, do CPC é típica de obrigações
solidárias de pagar quantia” (REsp 1150283).

STF, STJ Emagis Fornecimento de Embora venha o STF adotando a "Teoria da Reserva do Possível" em algumas hipóteses, em matéria de preservação dos direitos à vida e
e TRFs medicamentos - à saúde, aquela Corte não aplica tal entendimento, por considerar que ambos são bens máximos e impossíveis de ter sua proteção
Reserva do possível postergada. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido. (STJ, RESP 784241); É conhecido na doutrina que os entes
públicos devem oferecer um serviço que atenda às necessidades sociais dentro da chamada "reserva do possível", mas tal teoria só pode ser
invocada quando o ente traz elementos que demonstrem efetivamente que a prestação estatal deste medicamento comprometeria
o seu orçamento o que, in casu, não ocorreu. (TRF5, AC 501941); As questões de repasse de recursos no SUS entre os entes envolvidos deve
ser resolvida administrativamente e, se for o caso, judicialmente, em ação própria, não podendo ser invocadas para obstar a garantia do direito
fundamental à saúde à qual estão solidariamente vinculados. (TRF5, APELREEX 17123)

Emagis Direito à saúde - Precedente didático: “O direito à saúde é direito fundamental, dotado de eficácia e aplicabilidade imediatas, apto a produzir direitos e deveres
Eficácia imediata - entre as partes, superada a noção de norma meramente programática, sob pena de esvaziamento da força normativa da Constituição. A
Prestação positiva de doutrina e a jurisprudência constitucionais contemporâneas admitem a eficácia direta da norma constitucional que assegura o direito à
fornecimento de saúde, ao menos quando as prestações são de grande importância para seus titulares e inexiste risco de dano financeiro grave, o
medicação - Força que inclui o direito à assistência médica vital, que prevalece, em princípio, inclusive quando ponderado em face de outros princípios e bens
normativa da CF jurídicos. O princípio de interpretação constitucional da concordância prática exige que se concretizem os direitos fundamentais emprestando-
lhes a maior eficácia possível e evitando restrições desnecessárias a outros princípios constitucionais, bem como a ofensa a direitos fundamentais
de outros indivíduos e grupos. O direito ao fornecimento de medicamentos deve considerar a competência orçamentária do legislador, a reserva
do possível e a eficiência da atividade administrativa, sem perder de vista a relevância primordial da preservação do direito à vida e o direito à
saúde” (TRF4, AG 200904000112309)

STF ADI 3512 Não obstante exista previsão constitucional expressa proibindo todo tipo de comercialização de sangue humano, o STF reputa constitucional lei
estadual que garanta aos doadores regulares de sangue "meia entrada" em espetáculos de caráter cultural ou esportivo.

. 4. A Constituição do Brasil em seu artigo 199, § 4º, veda todo tipo de comercialização de sangue, entretanto estabelece que a lei
infraconstitucional disporá sobre as condições e requisitos que facilitem a coleta de sangue. 5. O ato normativo estadual não determina
recompensa financeira à doação ou estimula a comercialização de sangue 6. Na composição entre o princípio da livre iniciativa e o direito à vida
há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse público primário. 7. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

EDUCAÇÃO

SÚMULA VINCULANTE Nº 12
STF SV 12 Taxa de matrícula
A cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas viola o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal
"Agravo Regimental em Suspensão de Tutela Antecipada. Pedido de restabelecimento dos efeitos da decisão do Tribunal a quo que possibilitaria a
participação de estudantes judeus no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em data alternativa ao Shabat. Alegação de inobservância ao
Ordem social -
direito fundamental de liberdade religiosa e ao direito à educação. Medida acautelatória que configura grave lesão à ordem jurídico administrativa.
Educação - Liberdade
Em mero juízo de delibação, pode-se afirmar que a designação de data alternativa para a realização dos exames não se revela em
STF A CF e o STF religiosa - realização
sintonia com o principio da isonomia, convolando-se em privilégio para um determinado grupo religioso Decisão da Presidência,
de prova em data
proferida em sede de contracautela, sob a ótica dos riscos que a tutela antecipada é capaz de acarretar à ordem pública. Pendência de julgamento
diversa
das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 391 e nº 3.714, nas quais este Corte poderá analisar o tema com maior profundidade." (STA 389-
AgR, Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 3-12-2009, Plenário, DJE de 14-5-2010.)
STJ manteve, na universidade, em vaga destinada egressos do sistema público de ensino fundamental e médio, a candidatos autodeclarados
Educação - Cotas - negros e a candidatos indígenas. candidata frequentou parte do ensino fundamental e do ensino médio em escola privada, porém mediante
STJ - 2aT 481
Universidade bolsa de estudo integral. (a recorrida somente teve acesso à instituição particular porque contava com bolsa de estudos integral, o que denota
uma situação especial que atrai a participação do Estado como garantidor desse direito social)
O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL.
Educação - Cotas -
STF Pleno ADPF 186
Universidade
No entanto, as políticas de ação afirmativa baseadas no critério racial possuem natureza transitória.
STF ADPF 186 Educação - Cotas - Na mesma ADPF 186, o Supremo admitiu que a política de cotas raciais seja introduzida, legitimamente, mediante ato administrativo, em
Pleno Universidade - Ato aplicação direta do Texto Constitucional, sem a necessidade de lei expressamente contemplando essa possibilidade.
administrativo
O programa “Universidade para Todos” (PROUNI), instituído pela lei 11.096/2005, é CONSTITUCIONAL em sua inteireza.

Apesar do § 7º do art. 195 da CF falar em “isentos”, trata-se, na verdade de IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, e não isenção.

A lei de que trata o § 7º do art. 195 é lei ordinária, e não lei complementar, não se aplicando a exigência do art. 146, II, da CF (argumento
mencionado pelo Min. Gilmar Mendes).
STF Pleno 664 PROUNI
O sistema de cotas e os critérios para concessão de bolsas de estudo previstos na Lei do PROUNI não violam os princípios da igualdade, da
isonomia, da não discriminação e do devido processo legal, sendo considerados como legítima ação afirmativa.

As obrigações que a Instituição de Ensino Superior assume ao aderir ao PROUNI não violam o princípio constitucional da autonomia
universitária (art. 207 da CF).
Políticas de ação O sistema de cotas da UFRGS é constitucional. O sistema de cotas em universidades, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL. É
afirmativa e reserva também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas.
STF Pleno 665
de vagas em
universidades públicas Um ponto que é interessante e que pode ser destacado deste julgamento é o seguinte: O candidato recorrente afirmava que o sistema de cotas
seria inconstitucional também pelo fato de que não foi instituído por meio de lei em sentido formal.

O que o STF decidiu sobre isso? A Corte rechaçou este argumento, sustentando que o art. 51 da Lei n.° 9.394/96 (conhecida como “Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional” – LDB) permite que cada Universidade fixe ela própria os critérios a serem utilizados na
seleção dos estudantes, ou seja, no vestibular. Este art. 51 da LDB está em consonância com o princípio da autonomia universitária,
prevista no art. 207 da CF, que garante autonomia didático-científica às Universidades.
STF ADI 4167 É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do ensino médio com base no vencimento, e não na remuneração
Pleno global. Competência da União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a
utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima
ao trabalhador.

É constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da educação básica para dedicação
às atividades extraclasse.

STF ARE "CRIANÇA DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE. ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA. SENTENÇA QUE OBRIGA O MUNICÍPIO DE SÃO PAULO A
639337/SP MATRICULAR CRIANÇAS EM UNIDADES DE ENSINO INFNATIL PRÓXIMAS DE SUA RESIDÊNCIA OU DO ENDEREÇO DE TRABALHO DE SEUS
RESPONSÁVEIS LEGAIS, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR CRIANÇA NÃO ATENTEIDA. (...). A educação infantil representa prerrogativa
constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desevolvimento integral, e como primeira etapa do
processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). - Essa prerrogativa jurídica, em consequência,
impõe, ao Estado, por efeito da alta sifnificação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições
objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das "crianças até 5 anos de idade" (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento
em creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o
integral inadimeplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da CF. - A educação infantil, por qualificar-
se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente
discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental. (...)"

CESPE De acordo com entendimento do STF, é inconstitucional lei estadual que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de
serviços escolares ou educacionais, por se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União. CERTO

INCONSTITUCIONALIDADE. Ação Direta. Lei nº 670, de 02 de março de 1994, do Distrito Federal. Cobrança de anuidades escolares. Natureza das
normas que versam sobre contraprestação de serviços educacionais. Tema próprio de contratos. Direito Civil. Usurpação de competência privativa
da União. Ofensa ao art. 22, I, da CF. Vício formal caracterizado. Ação julgada procedente. Precedente. É inconstitucional norma do Estado ou do
Distrito Federal sobre obrigações ou outros aspectos típicos de contratos de prestação de serviços escolares ou educacionais. ADI 1042

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, JOVEM E IDOSO

“(...) o Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da
República para dar interpretação conforme ao art. 94 da Lei 10.741/2003 [‘Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de
liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.’], no sentido de que aos crimes previstos nessa lei, cuja pena máxima
STF A CF e o STF Crime contra idoso privativa de liberdade não ultrapasse 4 anos, aplica-se a Lei 9.099/95 apenas nos aspectos estritamente processuais, não se admitindo,
em favor do autor do crime, a incidência de qualquer medida despenalizadora – v. Informativo 556. Concluiu-se que, dessa forma, o
idoso seria beneficiado com a celeridade processual, mas o autor do crime não seria beneficiado com eventual composição civil de
danos, transação penal ou suspensão condicional do processo.” (ADI 3.096, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 16-6-2010, Plenário,
Informativo 591.)

ÍNDIOS
NACIONALIDADE

1) Nacionalidade: Conceito, perda e aquisição. Discorra.


Resposta:
Nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico-político que une uma pessoa a um Estado.
No Brasil, quanto à nacionalidade originária, adota-se tanto o modelo do jus solis como o do jus sanguinis, razão pela qual é brasileiro tanto
aquele que nasce no território nacional (salvo se um dos seus pais estiverem a serviço do seu país), como o que nasce no exterior, filho de pai ou
mãe brasileira a serviço do Brasil ou filho de pai ou mãe brasileira, desde que registrado na repartição brasileira competente no exterior ou que
venha morar no Brasil e opte a qualquer tempo, depois da maioridade, pela nacionalidade brasileira. Já quanto à nacionalidade derivada, no
Oral TRF2 Nacionalidade Brasil é adquirida com a naturalização, é prevista na Constituição, com requisitos de um ano de residência e idoneidade moral para os originários
de países de língua portuguesa e 15 anos de residência ininterrupta e ausência de condenação penal, para os demais, e no Estatuto do
Estrangeiro, que prevê a naturalização para o residente há mais de quatro anos, mas com diversos requisitos (como boa saúde, profissão,
conhecimento da língua, etc.).
Quanto à perda, a Constituição a prevê nas hipóteses de adoção voluntária de outra nacionalidade derivada, salvo se imposta como condição para
a permanência no Estado estrangeiro ou o exercício de direitos civis, ou ao que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional. A perda, entretanto, depende de procedimento contraditório, em face de juiz federal
competente, razão pela qual não pode ser tida como automática toda vez que um nacional se naturaliza em outro Estado, como acontece
comumente com jogadores de futebol.
B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade somente poderão requerer a nacionalidade brasileira se residirem na República Federativa do Brasil
há mais de trinta anos ininterruptos e não tiverem condenação penal.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão
Naturalização - a alternativa traz a redação do art. 12, II, b, CF, antes da EC 3.
TRF1
- (art. 12, II, b, CF) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
- existem vários regimes jurídicos de aquisição da nacionalidade brasileira.
E) A CF dispõe que o brasileiro naturalizado somente pode ser extraditado em caso de crime comum ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, desde que, em ambos os casos, os crimes tenham sido praticados antes da naturalização.
Questão
(E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
CF. Art. 5º. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
E) O brasileiro nato e o brasileiro naturalizado que exerçam atividade contrária ao interesse nacional estão sujeitos à perda da nacionalidade,
Questão mediante processo judicial, assegurada ao réu ampla defesa.
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-brasileiro nato não está sujeito à perda de naturalidade por exercício de atividade contrária ao interesse nacional.
D) A situação do cidadão português que, no Brasil, seja admitido no regime de igualdade plena previsto na Convenção sobre Igualdade de Direitos
Questão e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, é idêntica à do brasileiro naturalizado.
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-situação do português que pede equiparação continua considerado estrangeiro com os mesmos direitos do brasileiro naturalizado.
A) A CF considera brasileiros natos, independentemente de formalidades, os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
Questão
qualquer deles esteja a serviço do Brasil.
TRF1
(C) – GABARITO PRELIMINAR
C) A exemplo dos países que se formaram a partir de grande contingente de imigrantes, o Brasil adota predominantemente o critério do jus
Questão sanguinis para definição da nacionalidade, admitindo, porém, em situações específicas, a aplicação do jus soli.
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-país com grande contingente de imigrantes adota o critério é jus soli.

DIREITOS POLÍTICOS
Direitos Políticos -
Transferência de "O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade
STF A CF e o STF partido - Justa causa - partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga." (MS 27.938, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 11-
Diretio de sucesão à 3-2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.)
vaga
A) São requisitos para elegibilidade, entre outros, o alistamento eleitoral e o domicílio eleitoral na circunscrição em que o indivíduo pretenda
candidatar-se.
Questão Condições de (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 Elegibilidade - (art. 14, § 3º, CF) - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III
- o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) 35 – Presidente, Vice e
Senador; b) 30 – Governador e Vice; c) 21 - Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice e juiz de paz; d) 18 - Vereador.
D) O indivíduo que sofrer condenação penal transitada em julgado terá seus direitos políticos suspensos, mas apenas no caso de crimes dolosos,
Suspensão dos
Questão não no de crimes culposos e contravenções penais.
direitos políticos -
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
condenação penal
- a suspensão dos direitos políticos não se restringe aos crimes dolosos, basta a condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III, CF).
Direitos Políticos - 3) No art. 15 da CF, quais são hipóteses de perda, e quais de suspensão dos direitos políticos?
Oral TRF3
Perda x suspensão Resposta:

Direitos Políticos - 4) Quais são as hipóteses de inelegibilidade na CF?


Oral TRF3
Inelegibilidade Resposta:

FEDERAÇÃO

Federação - modalidade de Estado composto por superposição de duas, ou mais ordens jurídicas, coordenadas por um processo de repartição de
Organização do
Doutrina Poul Erik competências, determinada pela Constituição Federal, na qual os entes federados participam por um critério de representação na formação de
Estado - Federação
vontade nacional.
O art. 51 I CF (Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;) não está em harmonia com a organização do Poder
Organização do Legislativo dos Estados, posto que esse preceito versa sobre a instauração de processo no Senado Federal nos casos de crime de
STF Pleno 577
Estado responsabilidade. (Achei uma visão muito difícil de entender diante do que diz o art. 86 CRFB: Admitida a acusação contra o Presidente da
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.)
Entendido como constitucional o dispositivo de lei de Estado-membro sobre o Programa Estadual de Desestatização que vedava a
Organização do
STF Pleno 591 participação de empresa estatal de outros entes federados na aquisição de ações da companhia a ser privatizada. Entendeu-se que a norma
Estado
impugnada estaria a preservar a harmonia federativa e a autonomia do Estado-membro.

ESTADOS

P. da Simetria -
Não ofende o princípio da simetria o fato de o Estado-membro possuir, em sua Constituição Estadual, regras distintas da União para suprir a
Estados - Regras -
dupla vacância dos cargos de Governador e Vice-Governador. A aplicação da simetria tem lugar quando a norma implique
STF Pleno 562 Vacância -
contradições teóricas incompatíveis com a coerência sistemática do ordenamento jurídico, graves dificuldades práticas de qualquer
Governador e Vice -
ordem, ou outra capaz de perturbar o equilíbrio dos poderes ou a unidade nacional.
Eleições indireta
para os fins do plebiscito exigido pelo § 3º do art. 18 com vistas ao desmembramento de Estado, abrange tanto aquela do território que se
Desmembramento de pretende demembrar quanto aquela correspondente à área que sofrerá o desmembramento. Noutras palavras, será chamada a votar
STF 637
Estado - Plebiscito nesse plebiscito tanto a população da área desmembranda do Estado-membro quanto a da área remanescente. Por isso o STF julgou
constitucional o art. 7º da Lei 9.709/98, que dispõe exatamente nesse sentido.
MUNICÍPIOS

P. da Simetria -
Em virtude do art. 29, IX, da CF (“Art. 29... IX- proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto
Municípios - Regras -
nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e, na Constituição do respectivo Estado, para os membros da Assembléia
STF - 1aT 584 Proibições e
Legislativa;”), a lei orgânica municipal deve guardar, no que couber, correspondência com o modelo federal acerca das proibições e
incompatibilidades -
incompatibilidades de vereadores.
Vereadores
Repartição das
Receitas Tributárias - Inicialmente, ressaltou-se que a repartição de receitas tributárias consubstanciaria peça-chave do equilíbrio federativo, porquanto inviável
Destinação das à unidade federada, sem fonte de financiamento, dar concretude aos objetivos constitucionais que lhe seriam atribuídos. Assim, considerou-se que,
STF Pleno 633 receitas municipais à primeira vista, não haveria qualquer margem à edição de normas pelos Estados-membros que afetassem a liberdade de destinação
originárias - Alteração das receitas municipais originárias, ainda que provenientes da arrecadação de tributos estaduais. Destacou-se, no ponto, que o poder
pelo Estado - constituinte derivado decorrente não poderia inovar, de modo contrário ao texto constitucional federal.
Inconstitucionalidade
B) Os municípios poderão, mediante leis aprovadas por suas respectivas câmaras municipais, instituir regiões metropolitanas e microrregiões,
Questão constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de oferecer soluções para problemas e carências de interesse comum.
Municípios
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-quem pode instituir região metropolitana é o Estado (art. 25, § 3º, CF).
E) Visando uniformizar tema de interesse predominantemente regional, a CF confere aos estados a competência de promover o adequado
Questão ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
Municípios
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-competência dos Municípios (art. 30, VIII, CF).
o Supremo decidiu (no julgamento do RE 637485) que cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de prefeito, ou seja, foi eleito
e reeleito, fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em município diferente.

“prefeito itinerante”, conhecido como aquele que exerce mais de dois mandatos consecutivos sendo eleito em municípios distintos.

RE 637485 - (Notícias 08.08) - Em sua decisão, o ministro Peluso cita que o Plenário do STF reconheceu que a alteração da jurisprudência do TSE
não poderia ser aplicada às eleições de 2008. Portanto, o ministro deu provimento ao recurso de João Félix para reverter a decisão que havia
julgado procedente recurso contra a expedição de seu diploma eleitoral.
STF RE 637485 Prefeito itinerante
Conclusões da decisão do STF para fins de repercussão geral:
a) o art. 14, § 5º, da CF deve ser interpretado no sentido de que a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegí vel para determinado
cargo de Chefe do Poder Executivo o cidadão que já cumpriu 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da mesma natureza,
ainda que em ente da federação diverso; e

b) as decisões do TSE que acarretem mudança de jurisprudência no curso do pleito eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicam
imediatamente ao caso concreto e somente têm eficácia sobre outras situações em pleito eleitoral posterior.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA DA UNIÃO (ART. 21, CF)


COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22, CF)

Competência
Legislativa -
SÚMULA Nº 647
STF Súm 647 Vencimentos -
Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal.
Policiais civil e
militares do DF

Competência Súmula 722 STF


STF Súm 722 Legislativa - Crimes São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de
de responsabilidade processo e julgamento.

Competência SÚMULA VINCULANTE Nº 2


STF SV 2 Legislativa - É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
Consórcio bingos e loterias.
Competência
Legislativa - D Por considerar usurpada a competência da União para legislar sobre direito do trabalho e condições para o exercício de profissões (CF,
634 / Trabalho e condições art. 22, I e XVI), o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, proposta pelo Procurador-Geral da República, para declarar a
STF Pleno
Questão para exercícios de inconstitucionalidade da Lei 2.769/2001, do Distrito Federal, que cria e regulamenta a profissão de motoboy.
 ADI 3610/DF, rel. Min. Cezar
profissões (art. 22, I e Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3610)
XVI)
Competência O STF declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade formal da Lei paulista que previu a utilização de aparelho de videoconferência nos
Legislativa - Processo procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de presos, pelo fato do Estado-membro não estar autorizado a
STF Pleno 526
(art. 22, I) - legislar sobre processo. Vencida Elen Gracie, afirmando que o estado de São Paulo não teria legislado sobre processo, e sim sobre procedimento
Videoconferência (CF, art. 24, XI). (A jurisprudência hoje sobre a matéria: O interrogatório por videoconferência antes do advento da Lei 11.900/09 é nulo).
O Tribunal concedeu medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade para suspender a eficácia, ex nunc, de norma estadual que
Competência
condiciona a interposição de recurso inominado cível nos Juizados Especiais do Estado-membro ao recolhimento das custas judiciais
Legislativa - Processo
STF Pleno 526 e do depósito recursal. Entendeu-se que a norma impugnada, em princípio, usurpa a competência privativa da União para legislar sobre
(art. 22, I) - Custas
direito processual (CF, art. 22, I), bem como ofende as garantias do amplo acesso à jurisdição, do devido processo legal, da ampla
Judiciais e Depósito
defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LIV e LV).
“Competência exclusiva do Procurador-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul para propor a ação civil pública contra
autoridades estaduais específicas. A legitimação para propositura da ação civil pública – nos termos do art. 129, III, da Constituição do Brasil
Competência
– é do Ministério Público, instituição una e indivisível. O disposto no art. 30, X, da LC 72/1994, estabelece quem, entre os integrantes daquela
Legislativa - Processo
instituição, conduzirá o inquérito civil e a ação civil pública quando a responsabilidade for decorrente de ato praticado, em razão de suas funções,
- Atribuição de
STF A CF e o STF por determinadas autoridades estaduais. A Lei Complementar objeto desta ação não configura usurpação da competência legislativa da
competêcia do PGJ
União ao definir as atribuições do Procurador-Geral. Não se trata de matéria processual. A questão é atinente às atribuições do
para ACP em face de
Ministério Público local, o que, na forma do art. 128, § 5º, da CB/1988, é da competência dos Estados-membros. A LC 72, do Estado de Mato
certas autoridades
Grosso do Sul, não extrapolou os limites de sua competência.” (ADI 1.916, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-4- 2010, Plenário, DJE de 18-6-
2010.)
Competência
Legislativa - Eleitoral
A lei estadual que trata das eleições indiretas para Governador e Vice no caso de dulpa vacância não tem conotação de lei eleitoral
STF Pleno 562 (art. 22, I) - Eleições
stricto sensu; assim, poderá o Estado-Membro legislar sobre a matéria.
indiretas -
Governador e Vice
Competência
581 / ADI A tipificação de crimes de responsabilidade (também definição da respectiva disciplina ritual) é competência exclusiva da União (art.
STF Pleno Legislativa - Crime de
4190 22 I c/c 85 pu CRFB).
responsabilidade
Competência Por reputar usurpada a competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (CF, art. 22, IV), o Tribunal referendou decisão
STF Pleno 592 Legislativa - da Presidência que deferira medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade para suspender a vigência de Lei Estadual que proíbe a
Telecomunicações cobrança de “assinatura mensal” pelas concessionárias de serviços de telecomunicações. Salientou-se haver envolvimento de dois
(art. 22, IV) - temas de grande repercussão: a competência normativa estadual para disciplinar serviço telefônico e, portanto, a cobrança de valores, e a
Assinatura básica denominada “assinatura básica”. (A EC 8/95 alterou o inciso XI do art.22, retirando o serviço telefônico, telegráfico e de transmissão de dados,
deixando apenas serviços de telecomunicações na competência material da União)
D) São de competência da União as leis que disponham sobre a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços
Competência públicos e pessoal da administração do DF.
Questão
Legislativa - (art. 22, (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
XVII) -CF. art. 22. XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização
administrativa destes;
O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, ajuizada pelo Governador do Estado de Santa Catarina, para declarar a
Competência
inconstitucionalidade da Lei 12.775/2003, daquela unidade federativa, que dispõe sobre o uso obrigatório de equipamento que ateste a
634 / legislativa - Sistema
STF Pleno autenticidade de cédulas de dinheiro por estabelecimentos bancários e dá outras providências. Reputou-se que a norma adversada teria
Questão financeiro nacional
invadido a competência privativa da União para legislar sobre o sistema financeiro nacional (CF, artigos 21, VIII; 22, VII; e 192,
(art. 22, VII)
caput).
 ADI 3515/SC, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3515)
Competência Por entender usurpada a competência da União para legislar sobre trânsito e transportes (CF, art. 22, XI), o Plenário julgou procedente
634 / legislativa - Trânsito e pedido formulado em ação direta, proposta pelo Governador do Distrito Federal, para declarar a inconstitucionalidade da Lei distrital 2.903/2002,
STF Pleno
Questão transporte (art. 22, que estabelece penalidades aos condutores flagrados, em estado de embriaguez, na direção de veículos automotores.
 ADI 3269/DF,
XI) rel. Min. Cezar Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3269)
Competência Não é possível lei estadual estabelecer medidas de polícia sanitária para o setor de energia nuclear. A competência da União para
Legislativa - Atividade legislar sobre atividades nucleares (CF, art. 22, XXVI), inclui a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e legislar
STF Pleno 581 nuclear (art. 22, sobre essa fiscalização. Toda a atividade nuclear desenvolvida no país, portanto, está exclusivamente centralizada na União, com exceção dos
XXVI) - polícia radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob o regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso
sanitária XXIII do caput do art. 21 da CF (art. 177, V, com a redação dada pela EC 49/2006).
Info 638: As normas impugnadas vedam a cobrança de tarifas e taxas de consumo mínimas ou de assinatura básica, impostas por
concessionárias prestadoras de serviços de água, luz, gás, tv a cabo e telefonia — no caso da lei distrital — e por prestadoras de serviço de
telefonia fixa e móvel — no caso da lei estadual. Prevaleceu o voto do Min. Luiz Fux, que afirmou a competência exclusiva da União para
legislar sobre a matéria, nos termos dos artigos 21, XI; 22, IV; e 175, parágrafo único, III, todos da CF. Reputou que, na espécie, muito
embora se tratasse de relação de consumo, as regras deveriam ser ditadas pelo poder concedente, ou seja, incumbiria à União estabelecer
quais seriam os preços compatíveis com a manutenção de serviços e com o equilíbrio econômico-financeiro do contrato previamente firmado. /
Info 637 Pleno: Reputou-se que norma estadual não poderia impor obrigações e sanções — não previstas em contratos previamente
firmados — para empresas prestadoras de serviço de telecomunicações, ainda que ao argumento de defesa do consumidor, considerada a
competência privativa da União para legislar a respeito (CF, art. 22, IV)
CF/88. Art. 21. Compete à União: XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,
628 / 637 / Competência
STF Pleno nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; Art. 22.
638 legislativa -
Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

Outra decisão: Info 610 - embora a lei tenha feito menção às provedoras de acesso à internet – que prestam simples serviço de conexão à
internet, espécie de serviço de valor adicionado, segundo a norma do Ministério das Telecomunicações n. 4/1995 e na forma do art. 61 da Lei
9.472/97, agregando utilidades aos serviço de telecomunicação propriamente dito -, em realidade dirige-se às empresas exploradoras dos
serviços públicos de telecomunicação que dão suporte e atuam em parceria exatamente às provedoras do acesso à internet. No
mais, registrou-se que, ao impedir a cobrança pela instalação e uso da internet a partir do segundo ponto de acesso do usuário, a lei
distrital atacada acabou por interferir e inviabilizar o serviço de telecomunicações que é prestado pelas próprias concessionárias,
permissionárias ou autorizatárias (60, § 1º, da Lei 9.472.97) devidamente credenciadas pela ANATEL, o que revela ter adentrado, pois, no
campo reservado à competência legislativa privativa da União.
embora tivesse precedente em sentido diverso (ADI 2656), em nova apreciação da matéria, o STF não vislumbrou inconstitucionalidade na
Competência lei estadual que proíbe o uso, no âmbito da respectiva unidade da Federação, de produtos, materiais ou artefatos que contenham
legislativa - Amianto - quaisquer tipos de amianto ou arbesto, ainda que exista lei federal que expressamente o autorize. De fato, há lei federal nesse sentido
509
STF Pleno vedação do uso por (Lei 9.055/95), porém, na visão da ilustrada maioria, nisso se anteveria afronta ao direito à saúde (CF, art. 196), haja vista os danos à saúde
lei estadual ocasionados pela substância em comento, segundo tem sido afirmado pela comunidade científica internacional, com reflexos em normas
internacionais.

STF Amianto - ADPF 234 MC / DF - COMPETÊNCIA NORMATIVA – TRANSPORTE – AMIANTO. Surge relevante pedido voltado a afastar do cenário jurídico-
ADPF 234
Pleno Constitucionalidade normativo diploma estadual a obstaculizar o transporte de certa mercadoria na região geográfica respectiva – do estado.
da Lei Paulista que
veda Transporte Observou caber à União legislar, privativamente, sobre transporte — inclusive de cargas perigosas — e sobre comércio interestadual e
internacional. Assinalou, ademais, inexistir lei complementar que delegue aos Estados-membros a disciplina do tema. Afirmou que, se cada
Estado-membro impusesse restrições ao comércio, ora vedando o acesso aos próprios mercados, ora impedindo a exportação por
meio das regiões de fronteiras internacionais, seria o fim da Federação. Salientou, nesse sentido, que incumbiria à União explorar os
portos organizados, bem como regular o transporte rodoviário de cargas.
Frisou que, a corroborar essa orientação, a Corte tem declarado a inconstitucionalidade de normas estaduais que interferem na
liberdade de comércio interestadual e internacional. Reputou que, sob o enfoque da liberdade de locomoção, não se poderia restringir o
acesso dos particulares ao serviço público, que deve ser regular e eficiente, por expresso mandamento constitucional.
O relator consignou, por fim, que a lei adversada proibiria o “uso” e não o “transporte” da referida mercadoria. Explicou que quem usa o
faria em termos finais, seria titular de uma das faculdades inerentes ao domínio. Aquele que transporta, por sua vez, prestaria um serviço, mas
não deteria, necessariamente, a titularidade da coisa para si. Desse modo, se proibido o uso do amianto no Estado de São Paulo, não o
seria o transporte quando o material estivesse destinado a outros Estados da Federação ou ao exterior, no que não configuraria
“uso” na acepção técnica da palavra.

Amianto - a despeito da constitucionalidade da norma estadual que proíbe o uso, disso não se extrai permissão para que reste inviabilizado o
STF Constitucionalidade transporte interestadual e internacional desse tipo de cargas, na medida em que ainda subsistem leis estaduais que autorizam o manejo do
642
Pleno da Lei Paulista que amianto crisotila. Assim decidiu o STF, conquanto anteriormente tenha sinalizado, em juízo de cognição sumária, que a Lei 9.055/95 se revelaria
veda Transporte inconstitucional ao permitir o uso dessa substância.

COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM (ART. 23, CF)

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (ART. 24, CF)

E) A política de desenvolvimento urbano é atribuição do poder público municipal; por isso, compete privativamente aos municípios legislar sobre
Questão Competência - Direito direito urbanístico.
TRF1 urbanístico (art. 24, I) (E) – GABARITO PRELIMINAR
- competência concorrente (art. 24, I, CF).
A) Em matéria de proteção às florestas, a competência de legislar dos estados é suplementar.
Questão
(E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
-competência concorrente - art. 24, VI, CF.
é concorrente a competência da União, dos Estados-membros e do Distrito Federal para legislar sobre previdência social (CF, art. 24,
XII). Porém, a competência da União, como dito acima, circunscreve-se à edição de normas gerais (CF, art. 24, § 1º). E a definição de datas e
índices para o reajuste de aposentadorias e pensões no serviço público consubstancia matéria específica, reservada à competência
dos Estados (CF, art. 24, § 2º). Daí a inconstitucionalidade de lei federal que imponha data e índice para os demais entes federados no que
Competência - diz respeito aos reajustes de aposentadorias e pensões, por invasão da competência estadual, mácula essa que pode ser enxergada no art. 15 da
Previdência social - Lei federal 10.887/04 - no que pretendeu reger a matéria também no contexto dos demais entes federativos -, ficando limitada sua aplicação,
inconstitucionalidade pois, à esfera da União.
STF Pleno 642 de lei federal que
versa sobre reajustes Reputou-se forçoso concluir que a regência federal deveria ficar restrita ao estabelecimento de normas gerais. Ademais, realçou-se não
dos outros entes ser possível inferir que, no campo destas últimas, definir-se-ia o modo de revisão dos proventos dos servidores estaduais
federativos
Observação:
Competência legislativa concorrente: previdência social, proteção e defesa da saúde (art. 24, XII);
Competência legislativa privativa da União: seguridade social (art. 22, XXIII).
STF ADI 1950 o Supremo reputa ser constitucional lei estadual que garanta a estudantes o pagamento de "meia entrada" em espetáculos culturais ou
esportivos, assunto afeto ao direito econômico (CF, art. 24, I).

COMPETÊNCIA DOS ESTADOS (ART. 25, CF)

Constituinte Estadual
A Carta Magna, ao fixar a idade para a aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação em setenta anos (art. 40, §
- Idade para
STF 658 1º, II), não deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual, pois estabeleceu, nesse sentido, norma central
aposentadoria
categórica, de observância obrigatória para Estados e Municípios. MED. CAUT. EM ADI N. 4.696-DF
compulsória

COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS (ART. 30, CF)

A) A CF estabelece, de forma enumerada, os poderes dos estados e municípios, dispondo sobre áreas comuns de atuação administrativa paralela
Questão entre eles; nesse sentido, pode-se dizer que as competências desses entes estão taxativamente previstas no texto constitucional.
Competência
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-a competência não está taxativamente prevista (competência residual dos Estados).
tempo de atendimento ao público nas agências bancárias é matéria de interesse local, nos termos do art. 30, I, da CF: “AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMETO. AGÊNCIAS BANCÁRIAS. TEMPO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO. COMPETÊNCIA. MUNICÍPIO. ART. 30,
I, CB/88. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ARTS. 192 E 48, XIII, DA CB/88. 1. O Município, ao legislar sobre o tempo
de atendimento ao público nas agências bancárias estabelecidas em seu território, exerce competência a ele atribuída pelo artigo 30, I, da
CB/88. 2. A matéria não diz respeito ao funcionamento do Sistema Financeiro Nacional [arts. 192 e 48, XIII, da CB/88].

Competência - Superado o entendimento da SÚMULA 19 STJ - A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, e da competencia da União.
AI 747245 Município - tempo de
STF - 2aT
AgR espera em agência
bancária Observação da Camila: Meus caros, não entendo que a Súmula 19 do STJ esteja superada. Trata-se de dois temas distintos, na minha opinião: (i)
fixação do horário bancário: matéria de competência legislativa privativa da União (legislar sobre SFN) - diz com o sistema financeiro como um
todo, interferindo nas relações entre as instituições financeiras, sistema de compensação interbancária, etc., exigindo-se, pois, regulamentação
uniforme em todo o território nacional; (ii) fixação do tempo de espera em filas nos bancos: matéria sujeita à legislação municipal, pois de
interesse local - cada Município tem capacidade para aferir qual o tempo razoável para o usuário do serviço bancário esperar em filas; assunto
varia de acordo com o porte de cada cidade. Qual a opinião de vocês?
STF Súm 419 Competência - SÚMULA Nº 419 STF
horário comercial OS MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA PARA REGULAR O HORÁRIO DO COMÉRCIO LOCAL, DESDE QUE NÃO INFRINJAM LEIS
ESTADUAIS OU FEDERAIS VÁLIDAS.
Competência - horário
Súm 645 de atendimento - É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
STF
comércio
Súmula 646 STF
Competência -
limitação da Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
STF Súm 646 instalação de determinada área.
estabelecimento
comercial ➔art. 170, IV, CF – livre concorrência como princípio da ordem econômica.

Competência Súmula 19 STJ


STJ Súm 19
Município - horário A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
bancário -
atendimento ao -mas há decisão do STF em sentido contrário – AI 747.245 AgR (2aT).
público

STF Emagis Autorização/aprovaçã É da jurisprudência do STF a inconstitucionalidade - por afronta ao princípio da separação de Poderes (CF, art. 2º) - de regra da Constituição
o de convênios, Estadual que submete à autorização ou aprovação do Poder Legislativo Local convênios, acordos ou contratos celebrados pela Administração
acordos ou contratos Pública, ainda que em jogo encargos não previstos na lei orçamentária. Entre outros: ADI 1166.

INTERVENÇÃO

C) Uma das hipóteses que pode ensejar a intervenção estadual nos municípios é a falta de prestação de contas pelo prefeito municipal.
Questão
Intervenção Estadual (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
-(art. 35, II, CF).
D) A intervenção federal nos estados só pode ocorrer por iniciativa do presidente da República e nas hipóteses taxativamente previstas no texto
constitucional.
Questão (E) – GABARITO PRELIMINAR
Intervenção Federal
TRF1 -a iniciativa do processo de intervenção pode ocorrer por outra forma que não a espontânea (ex.: requisição do Poder Judiciário, solicitação do
Poder Legislativo/Executivo coacto, provimento da ADI Interventiva), mas a determinação da intervenção somente ocorre pelo decreto expedido
pelo Presidente da República. As hipóteses de intervenção estão taxativamente previstas.
Necessário se provar
O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do
que o
STF - pedido de intervenção federal. Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que tenha deixado de pagar
660 descumprimento da
Pleno precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento é voluntário e intencional. Se ficar provado que não
decisão é voluntário e
pagou por dificuldades financeiras não há intervenção.
intencional
Emagis MS 21.041 Intervenção federal - É certo que a intervenção da União dependerá de ato do Chefe do Executivo Federal, de natureza política e, pois, eminentemente
(STF) Discricionariedade do discricionária, não participando o Judiciário desse processo e sem que se pudesse, em uma ação judicial, discutir o mérito desse
Presidente da ato de governo. Nesse sentido, o STF: “O Presidente da República, nesse particular contexto, ao lançar mão da extraordinária prerrogativa que
República lhe defere a ordem constitucional, age mediante estrita avaliação discricionária da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu exclusivo
juízo político, e que se revela, por isso mesmo, insuscetível de subordinação à vontade do Poder Judiciário, ou de qualquer outra instituição
estatal. Inexistindo, desse modo, direito do Estado impetrante à decretação, pelo chefe do Poder Executivo da União, de intervenção federal, não
se pode inferir, da abstenção presidencial quanto à concretização dessa medida, qualquer situação de lesão jurídica passível de correção pela via
do mandado de segurança.” (MS 21.041)

PODER EXECUTIVO

Poder Executivo -
STF - Competência - art.
590 Não pode o chefe do executivo, a pretexto de organizar a estrutura administrativa do Estado, criar novos cargos sem edição de lei
Pleno 84, IV - Criação de
cargo - lei
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que as normas que regem a aposentadoria dos servidores civis estaduais são
Aposentadoria.
Questão de iniciativa privativa do Governador do Estado, por força do art. 61, §1º, II, "c" e "f", da Constituição Federal. Precedentes: ADI nº 872/RS,
STF Servidor Público.
CESPE Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 20/9/02; ADI nº 2.115/RS, Relator o Ministro Ilmar Galvão, DJ de 6/9/01; ADI nº 700/RJ, Relator a Ministro
Iniciativa legislativa.
Maurício Corrêa, DJ de 24/8/01
STF Súm 702 Executivo Municipal - SÚMULA 702 STF
Prerrogativa de A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos
função - Prefeito demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.

COMPETÊNCIA

E) O presidente da República possui competência para dispor, mediante decreto, sobre a criação e extinção de órgãos despersonalizados, mas não
Questão de órgãos e entidades dotados de personalidade jurídica e capacidade processual.
Art. 84, VI
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
- não é possível a criação / extinção de órgão público por decreto (art. 84, VI, a, CF).

RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE

Competência Súmula 722 STF


STF Súm 722 legislativa - Crime de São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de
responsabilidade processo e julgamento.
A) Na vigência de seu mandato, o presidente da República não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, tanto
Irresponsabilidade do
Questão na esfera penal quanto na civil, administrativa, fiscal e tributária.
Presidente - Atos
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
estranhos
- a irresponsabilidade relativa do presidente da república não é aplicada na esfera da responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou tributária.
B) O presidente da República somente poderá ser processado por crime de responsabilidade após autorização do Senado Federal, pelo voto da
Crime de
Questão maioria absoluta de seus membros.
Responsabilidade -
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
Aprovação
- autorização é feita pela Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF).

CONSELHO DA REPÚBLICA

D) Compete ao presidente da República nomear dois membros do Conselho da República, órgão superior de consulta convocado e presidido pelo
Questão Conselho da República chefe do Poder Executivo.
TRF1 - Composição (C) – GABARITO PRELIMINAR
- (art. 89, VII, CF).

CONSELHO DA DEFESA

C) O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa
Questão Conselho da Defesa - do Estado democrático, sendo suas decisões vinculantes nos casos que envolvam declaração de guerra e celebração da paz.
TRF1 Natureza da decisão (E) – GABARITO PRELIMINAR
- decisão do conselho não vincula o Presidente.
STF MS 24.045 A manifestação do Conselho de Defesa Nacional não é requisito de validade da demarcação de terras indígenas, mesmo daquelas
situadas em região de fronteira. Não há que se falar em supressão das garantias do contraditório e da ampla defesa se aos impetrantes foi
dada a oportunidade de que trata o artigo 9º do Decreto 1.775/96

PODER LEGISLATIVO
o Poder Legislativo não está limitado, pela Constituição, à função de criar normas gerais e abstratas, a ele competindo, também,
STF - autorizar despesas e receitas do Estado, fiscalizar a atividade de outras entidades do Poder Público em campos previamente estabelecidos, como
578 Poder Legislativo
Pleno as contas prestadas pelo Presidente da República, e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo e os atos do Poder Executivo,
incluídos os da Administração Indireta (CF, art. 48, II, IX e X).
Impossibilidade. Atualmente, vigoraria no Brasil norma constitucional proibitiva do pagamento de parcela indenizatória aos membros do
Poder Legislativo -
Congresso Nacional pela convocação extraordinária (CF, art. 57, § 7º) e que, por remissão expressa do art. 27, § 2º, da CF (“O subsídio dos
Estadual -
Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
STF Pleno 622 / 637 Convocação
estabelecido, em espécie, para os deputados federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”), essa
extraordinária -
regra, à primeira vista, também se aplicaria aos deputados estaduais. (art. 57, § 7º, da CF — que veda o pagamento de parcela indenizatória
Parcela indenizatória
aos parlamentares em virtude de convocação extraordinária —, norma de reprodução obrigatória pelos Estados-membros - CF, art. 27, § 2º)
(caso do impeachment de Gilmar Mendes) em se tratando de processo de impeachment, a competência para recebimento, ou não, de
denúncia abrange inclusive a faculdade de rejeitá-la imediatamente acaso se revele patentemente inepta ou despida de justa causa.
Impeachmento -
Ademais, tal competência poderá ser exercida pela Mesa da Casa Legislativa, sem necessidade de ratificação pelo plenário
competência da mesa
STF 640 respectivo. O seguinte excerto bem chancela o que se acaba de asseverar:
para rejeitá-lo por
falta de justa causa
“a competência para recebimento, ou não, de denúncia no processo de impeachment não se restringe a uma admissão meramente burocrática,
cabendo, inclusive, a faculdade de rejeitá-la imediatamente acaso entenda patentemente inepta ou despida de justa causa”.
Competência SF - E) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os ministros do STF e os membros do CNJ nos crimes de responsabilidade.
Questão
Crime de (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
Responsabilidade - (art. 52, II, CF).
STF ADI 2.911 é inconstitucional norma estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar o presidente do Tribunal de
Pleno Justiça para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a sua
ausência injustificada. Há evidente violação ao princípio da separação de Poderes (CF, art. 2º), até mesmo porque, no modelo federal (CF/88),
não há qualquer preceito semelhante

STF RMS um parlamentar, individualmente, não tem a prerrogativa de requisitar informações a Ministros de Estado, faculdade que foi outorgada
28.251-AgR pela Constituição tão-somente às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, bem como às suas Comissões.

STF ADI 916 Tribunal de Contas - O art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para examinar, previamente, a validade de contratos administrativos
Exame prévio - celebrados pelo Poder Público. Atividade que se insere no acervo de competência da Função Executiva. É inconstitucional norma local que
Impossibilidade estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio de validade de contratos firmados com o Poder Público.

QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL. RENÚNCIA AO MANDATO. ABUSO DE DIREITO: RECONHECIMENTO DA
COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA CONTINUIDADE DO JULGAMENTO DA PRESENTE AÇÃO PENAL. DENÚNCIA. CRIMES DE
PECULATO E DE QUADRILHA. ALEGAÇÕES DE NULIDADE DA AÇÃO PENAL, DE INVESTIGAÇÃO PROMOVIDA POR ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
DE PRIMEIRO GRAU, DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL, DE CRIME POLÍTICO, DE INÉPCIA DA DENÚNCIA, DE CONEXÃO E DE
CONTINÊNCIA: VÍCIOS NÃO CARACTERIZADOS. PRELIMINARES REJEITADAS. PRECEDENTES. CONFIGURAÇÃO DOS CRIMES DE PECULATO E DE
Renúncia e QUADRILHA. AÇÃO PENAL JULGADA PROCEDENTE. 1. Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como
STF -
AP 396 modificação de subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas, que não podem ser objeto de escolha pessoal.
Pleno
competência Impossibilidade de ser aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste
caso, à definição de penas. 2. No caso, a renúncia do mandato foi apresentada à Casa Legislativa em 27 de outubro de 2010, véspera do
julgamento da presente ação penal pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente incompatíveis com os princípios e as regras
constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência deste Supremo Tribunal. 9. Questão de ordem resolvida no sentido de
reconhecer a subsistência da competência deste Supremo Tribunal Federal para continuidade do julgamento. 10. Preliminares rejeitadas. 11. Ação
penal julgada procedente.

SÚMULA 397 STF


STF Súm 397 O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende,
consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

COMPOSIÇÃO
C) O Poder Legislativo é composto por deputados federais, eleitos pelo sistema proporcional, e por senadores, eleitos pela maioria absoluta do
total de eleitores de cada unidade da Federação.
Questão
Sistema eleitoral (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- deputados federais – sistema proporcional; senadores – sistema majoritário simples (sistema majoritário absoluto somente se aplica para
Presidente, Governador e Prefeito de Município com mais de 200 mil eleitores).
D) Diferentemente das mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, a mesa do Congresso Nacional será presidida, alternadamente, pelo
presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, com mandato de dois anos.
Questão Composição - Mesa do
(E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 CN
- A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos
ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF).

ESTATUTO PARLAMENTAR

SÚMULA Nº 398 STF Superada


O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, DEPUTADO OU SENADOR
ACUSADO DE CRIME.
Parlamentar -
STF Súm 398 Competência CF
jurisdicional - Crime Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República;

A) A abrangência da imunidade material ou inviolabilidade dos membros do Congresso Nacional, nos termos do atual disciplinamento
constitucional, restou ampliada, em sede penal, visto que exclui a incidência da norma incriminadora qualquer que seja o pronunciamento do
parlamentar e em qualquer âmbito espacial, independentemente de a opinião estar vinculada a prática de ato de ofício ou guardar conexão com o
Questão Imunidade material -
desempenho da função legislativa ou ainda ter sido proferida em razão desta.
TRF1 âmbito espacial
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- dentro do parlamento: ainda que a manifestação não esteja relacionada ao exercício do cargo, não haverá responsabilização civil ou penal.
- fora do parlamento: a imunidade somente abrangerá as manifestações relacionadas ao exercício do cargo.
Estatuto Parlamentar
- Prisão -
Determinação por
autoridade judiciária
Entendeu-se que, ante a prerrogativa de foro (deputado estadual), a vara criminal seria incompetente para determinar a prisão do
STF 1aT 628 diferente daquela
paciente, ainda que afastado do exercício parlamentar.
prevista em
decorrência da
Prerrogativa de
função
o reconhecimento da imunidade não retira apenas a responsabilidade criminal, mas também a responsabilidade civil, bem como, sendo a
Estatuto Parlamentar matéria preceito de ordem pública, pode ser conhecida de ofício pelo órgão julgador, ainda que a parte não a tenha suscitado. Para a
- Imunidade - Opinões jurisprudência do STF, a imunidade, que obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parlamentar por motivo de opiniões ou votos
STJ 4aT 479
e voto - âmbito civil e proferidos no exercício de suas funções, é absoluta, permanente, de ordem pública até quanto às declarações divulgadas por meio de
penal entrevistas jornalísticas na imprensa local, que guardam conexão com o desempenho do mandato parlamentar, especialmente se estiver
presente uma das funções inerentes ao ofício legislativo, que é fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Poder Legislativo - “Cabe assinalar, ainda, notadamente em face do contexto ora em exame, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material
STF A CF e o STF Imunidade também estende o seu manto protetor (1) às entrevistas jornalísticas, (2) à transmissão, para a imprensa, do conteúdo de
parlamentar - pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas (RTJ 172/400-401, Rel. Min. Ilmar Galvão) e (3) às declarações
Imprensa feitas aos meios de comunicação social (RTJ 187/985, Rel. Min. Nelson Jobim), eis que – tal como bem realçado por Alberto Zacharias Toron
(Inviolabilidade Penal dos Vereadores, p. 247, 2004, Saraiva) – esta Suprema Corte tem reafirmado ‘(...) a importância do debate, pela mídia, das
questões políticas protagonizadas pelos mandatários’, além de haver enfatizado ‘a idéia de que as declarações à imprensa constituem o
prolongamento natural do exercício das funções parlamentares, desde que se relacionem com estas’ (...)”. (AI 401.600, Rel.
Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 8-10-2009, DJE de 26-10-2009.)
A imunidade formal (= imunidade pessoal relativa) prevista no art. 53, § 2º, da CF/1988 foi repetida no art. 102, § 1º, da Constituição
Poder Legislativo -
STJ 5aT 361 estadual (fluminense) para abrigar os vereadores. Porém, o STF já suspendeu a eficácia desse dispositivo no julgamento de ADI. Para os
Imunidade - Vereador
vereadores, existe apenas imunidade material.
A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 29, VIII, c/c o art. 53, “caput”) exclui a responsabilidade
civil (e também penal) do membro do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores), por danos eventualmente resultantes de
manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática “in officio”) ou externadas em razão deste
(prática “propter officium”).
Poder Legislativo - - Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e
STF Pleno
Imunidade - Vereador votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a
que se acha funcionalmente vinculado. Precedentes. (...) - Se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar
material, incidir em abuso dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence
(CF, art. 55, § 1o). Precedentes: RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min.
AYRES BRITTO (Pleno).
CESPE Para o STF, é inconstitucional norma inserida no âmbito de constituição estadual que outorgue imunidade formal, relativa à prisão,
ao chefe do Poder Executivo estadual, por configurar ofensa ao princípio republicano. (CERTA)

RESPONSABILIDADE PENAL DO GOVERNADOR DO ESTADO. - Os Governadores de Estado - que dispoem de prerrogativa de foro ratione muneris
perante o Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, a)- estao permanentemente sujeitos, uma vez obtida a necessaria licenca da respectiva
Assembléia Legislativa (RE 153.968-BA, Rel. Min. ILMAR GALVAO; RE 159.230-PB, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), a processo penal
condenatório, ainda que as infrações penais a eles imputadas sejam estranhas ao exercício das funções governamentais. - A imunidade do
Chefe de Estado a persecução penal deriva de cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequencia
derrogatória do postulado republicano, só pode ser outorgada pela propria Constituição Federal. Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE; RTJ 146/467, Rel. Min. CELSO DE MELLO. Analise do direito comparado e da Carta Politica brasileira de 1937.

PROCESSO LEGISLATIVO

SÚMULA 5 STF [CANCELADA]


STF Súm 5 A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do poder executivo (VIDE OBSERVAÇÃO).
➔sanção do projeto não supre o vício de iniciativa.
A) O processo legislativo envolve a elaboração de várias espécies normativas, entre as quais se incluem as leis delegadas, as medidas provisórias,
Questão os decretos e os regulamentos.
Espécies Legislativas
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-decretos e regulamentos não são espécies legislativas (art. 59, CF).
STF - Processo Legislativo - Inexiste hierarquia constitucional entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas formalmente distintas exclusivamente em vista
520
Pleno LO x LC da matéria eventualmente reservada à primeira pela própria CF.
STF Pleno Rep Geral 7 Processo Legislativo - Lei ordinária pode revogar lei complementar quando a matéria tratada não está sujeita à reserva de LC (isto se aplica no caso de isenções
/ STJ CE / 376 LO x LC tributárias). É possível fazer a revogação, por lei ordinária, de isenção concedida através de Lei Complementar.
Processo Legislativo -
Princípio da Simetria -
(CE prevendo LC para matéria que a CF prevê LO) Asseverou-se que os dispositivos impugnados ofenderiam o princípio da simetria, pois
STF Pleno 634 CE prevendo LC para
exigiriam lei complementar para regulação de matérias para as quais a Constituição prevê o processo legislativo ordinário.
matéria que a CF
prevê LO
Processo Legislativo - Inconstitucionalidade por vício de iniciativa. Por reputar usurpada a competência privativa do Chefe do Poder Executivo para iniciar
STF Pleno 633
Iniciativa privativa projeto de lei que verse sobre aumento de remuneração de cargos, funções e empregos públicos na Administração direta e autárquica
Chefe do Executivo - (concessão de adicional de desempenho - iniciativa parlamentar). Sob o mesmo fundamento, houve reconhecimento da inconstitucionalidade da
Art. 61, p. 1o, II, a, EC à CE que teve iniciativa parlamentar e concedia a servidores públicos que tenham exercido mandato eletivo, um determinado acréscimo
CF percentual em suas aposentadorias ou pensões.
Processo Legislativo -
Iniciativa privativa
Inconstitucionalidade dos dispositivos da LC estadual que tratavam da reorganização da estrutura de órgão estadual. (Secretaria de Estado
STF Pleno 633 Chefe do Executivo -
da Educação), por violação competência privativa do Chefe do Executivo Estadual.
Art. 61, p. 1o, II, a,
CF

EMENDA CONSTITUCIONAL

B) A forma federativa de Estado e a forma republicana de governo constituem limites materiais explícitos ao poder de reforma constitucional, na
medida em que o poder constituinte originário deixou assente, de modo expresso, a impossibilidade de supressão de tais matérias da
Questão
Limites Materiais normatividade constitucional.
TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-a forma republicana não é limite material explícito, mas princípio sensível previsto no art. 34, VII, a, CF.
E) Os limites materiais da CF impedem emendas que alterem o texto das cláusulas pétreas, visto que qualquer alteração nessas disposições
Questão descaracterizaria o núcleo essencial desenvolvido e explicitado pelo poder constituinte originário.
Limites Materiais
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
- não se veda alteração do texto, o que se veda é a emenda tendente a abolir a cláusula pétrea (art. 60, § 4º, CF).
Questão O poder constituinte de reforma não pode criar cláusulas pétreas, apesar de lhe ser facultado ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criado
CESPE - pelo poder constituinte originário. A assertiva deu como correta, mas é controvertido. Essa é a posição do Gilmar Mendes (livro dele), mas há
AGU/2012 autores que entendem que pode criar (p. da vedação do retrocesso).

MEDIDA PROVISÓRIA

SÚMULA Nº 651
STF Súm 651 MP - Reedição A medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional podia, até a emenda constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do
seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição.
declarou, com efeito ex tunc, a inconstitucionalidade do art. 9º da Medida Provisória 2.164-41/2001, que acrescentou o art. 29-C à Lei
8.036/90, o qual suprime a condenação em honorários advocatícios nas ações entre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS
e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos representantes ou substitutos processuais. Enfatizou-se
MP - Matéria orientação da Corte segundo a qual os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas provisórias — relevância e urgência — podem
STF Pleno 599
Processual ser apreciados, em caráter excepcional, pelo Poder Judiciário. Aduziu-se, ademais, que o tema referente à condenação em honorários advocatícios
de sucumbência seria tipicamente processual. Asseverou-se a incompatibilidade da utilização de medida provisória em matéria relativa
a direito processual, haja vista a definitividade dos atos praticados no processo, destacando-se que esse entendimento fora positivado pela EC
32/2001 (CF, art. 62, § 1º, I, b).
A emissão de parecer sobre as medidas provisórias, por comissão mista de deputados e senadores, antes do exame, em sessão
separada, pelo plenário de cada uma das casas do Congresso Nacional (CF, art. 62, § 9º) configura fase de observância obrigatória no
MP - Trâmite - processo constitucional de conversão dessa espécie normativa em lei ordinária.
Emissão de parecer
STF Pleno 657 por Comissão Mista - Obs: Modulação dos efeitos da decisão.
Observância do art. - O parecer da comissão mista (previsto no § 9º do art. 62 da CF/88) é obrigatório apenas para as medidas provisórias editadas daqui para a
62, §9°, CF frente, ou seja, somente para aquelas que forem assinadas e encaminhadas ao Congresso Nacional a partir do julgamento da ADI
4029;
- As medidas provisórias que estão tramitando no Congresso Nacional não precisarão passar, obrigatoriamente, pela comissão mista e continuarão
a ser regidas pelas regras da Resolução n.º 01, do Congresso Nacional, acima explicada;
- A Lei n.° 11.516/07, que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi considerada válida, tendo em vista que a
inconstitucionalidade dos arts. 5°, caput, e 6°, §§ 1° e 2°, da Resolução n.° 1, do Congresso Nacional somente produz efeitos ex nunc (a
partir de agora);
- Todas as leis aprovadas segundo a mesma tramitação da Resolução n.° 1 (ou seja, sem parecer obrigatório da comissão mista após o 14° dia)
são válidas e não podem ser questionadas por esta razão.

PODER JUDICIÁRIO

SÚMULA Nº 40 STF
STF Súm 40 A ELEVAÇÃO DA ENTRÂNCIA DA COMARCA NÃO PROMOVE AUTOMATICAMENTE O JUIZ, MAS NÃO INTERROMPE O EXERCÍCIO DE
SUAS FUNÇÕES NA MESMA COMARCA.

SÚMULA 339 STF


Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia.

porém:
Separação dos
STF Súm 339 Poderes - Sentença SÚMULA 672
Aditiva O REAJUSTE DE 28,86%, CONCEDIDO AOS SERVIDORES MILITARES PELAS LEIS 8622/1993 E 8627/1993, ESTENDE-SE AOS
SERVIDORES CIVIS DO PODER EXECUTIVO, OBSERVADAS AS EVENTUAIS COMPENSAÇÕES DECORRENTES DOS REAJUSTES
DIFERENCIADOS CONCEDIDOS PELOS MESMOS DIPLOMAS LEGAIS.

Apesar de o STF afastar postura de adotar decisão de caráter aditivo, ele adotou posição oposta (sem para tanto promover o cancelamento da
súmula 339) na edição da súmula 672, quando estendeu o reajuste dado para os servidores militares aos servidores civil.

SÚMULA Nº 649
Controle Externo -
STF Súm 649 É inconstitucional a criação, por constituição estadual, de órgão de controle administrativo do poder judiciário do qual participem
âmbito estadual
representantes de outros poderes ou entidades.

SÚMULA VINCULANTE Nº 10
Cláusula de reserva
STF SV 10 Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
de plenário
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Poder Judiciário -
"Afastamento do exercício da função jurisdicional. Aplicação do art. 29 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN [Lei Complementar
Magistrado -
nº 35/79]. Medida aconselhável de resguardo ao prestígio do cargo e à própria respeitabilidade do juiz. (...) Não viola a garantia constitucional
STF a CF e o STF Afastamento do
da chamada presunção de inocência, o afastamento do cargo de magistrado contra o qual é recebida denúncia ou queixa." (Inq 2.424,
exercício - Presunção
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 26-11-08, Plenário, DJE de 26-3-10)
de Inocência
Poder Judiciário - A norma do art. 93, II, b, da CF não se aplica à promoção de juízes federais por merecimento, em razão de estar submetida, ante o
Promoção - Regra critério da especialidade, apenas ao requisito do implemento de 5 anos de exercício, conforme disposto no art. 107, II, da mesma Carta,
STF -
608 geral (art. 93, II) - incluído o tempo de exercício no cargo de juiz federal substituto. Enfatizou-se que a Justiça Federal estaria organizada sem entrâncias,
Pleno
Juiz Federal (regra consideradas de um mesmo grau todas as seções judiciárias distribuídas pelas unidades federadas, o que afastaria a incidência da regra geral
especial - art. 107, II) do art. 93, II, da CF, a qual pressupõe a distribuição na carreira por mais de uma entrância.
Poder Judiciário -
10) Quanto ao princípio da fundamentação. O uso de jargões, por ex., “não vejo verossimilhança”, ofende? Qual a posição do STF?
Oral TRF2 Dever de
Resposta:
fundamentação das
decisões

2) Processo administrativo punitivo: Quais as diferenças do processo disciplinar entre juiz que já alcançou a vitaliciedade e um outro que ainda
não alcançou tal vitaliciedade?
PAD - Juiz vitaliciado
Oral TRF2 Resposta:
x vitaliciando
Adquirida a vitaliciedade, a perda do cargo depende de sentença judicial transitada em julgado. Não adquirida, o magistrado poderá perder o
cargo por decisão administrativa do tribunal a que vinculado (CF, art. 95, I).
A incompatibilidade com o exercício da advocacia não alcança os juízes eleitorais e seus suplentes, em face da composição da Justiça
Poder Judiciário - eleitoral estabelecida na Constituição. A requisição de cópias de peças e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório ou órgão da
STF A CF e o STF Vedação - Advocacia - Administração Pública direta, indireta ou fundacional pelos Presidentes do Conselho da OAB e das Subseções deve ser motivada, compatível com
Juízes Eleitorais as finalidades da lei e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos custos, não sendo possível a requisição de documentos cobertos pelo
sigilo.” (ADI 1.127, Rel. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-5-2006, Plenário, DJE de 11-6-2010.)
forma de cálculo do quinto constitucional (art. 94 da CF/1988) [ex.: tribunal composto por 27 membros, resultando daí um número
fracionado de 5,4] O STJ e o STF já se posicionaram no sentido de que, quando o número de integrantes do tribunal não for divisível por
Quinto constitucional -
STJ 6a T info 464 cinco, o resultado fracionado deve ser arredondado para o número inteiro subsequente, seja a fração inferior seja superior à metade. De
Cálculo
outra forma, a norma constitucional não estaria sendo observada porque o tribunal não teria, na sua composição, um quinto de juízes oriundos da
advocacia e do MP.
os fatos que motivaram o pedido de deslocamento da competência nos moldes do § 5º do art. 109 da CF/1988 fundamentaram-se nos
pressupostos exigidos para sua concessão: na existência de grave violação de direitos humanos, no risco de responsabilização
STJ - 3aS 463 Poder Judiciário - IDC internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais e na incapacidade das
instâncias e autoridades locais de oferecer respostas efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir as ações desses
grupos de extermínio que deixaram de ser feitas, muitas vezes, pela impossibilidade de condições.
STJ julgou procedente o IDC para deslocar a competência para a Justiça Federal da Paraíba. Reiterando a sua orientação, entendeu o STJ
Poder Judiciário - IDC que a grave violação a direitos humanos, traduzida no número de vítimas vulneradas, somada ao risco de imposição de sanções
STJ 3aS 453
- Procedente internacionais ao Brasil, por descumprimento dos tratados internacionais relativos a direitos humanos, torna a causa à competência da
Justiça Federal, motivando o declínio da competência.
Poder Judiciário -
Competência - STF -
STF - Entendeu-se que a notificação daquela autoridade (Presidente da República) não estaria prevista na Constituição como competência
610 Notificação judicial do
Pleno originária da Corte. O Min. Gilmar Mendes destacou que, na espécie, não se trataria de notificação penal, mas sim genérica.
Presidente da
República
Há possibilidade de intervenção do Poder Judiciário na implementação de políticas públicas, quando configurada hipótese de
injustificável inércia estatal ou de abusividade governamental. Julgado reportou-se à decisão proferida na ADPF 45 MC/DF [Dimensão
STF - Poder Judiciário -
579 política da Jurisdição Constitucional, implementação de políticas públicas, Reserva do Possível, intangibilidade do mínimo existencial num problema
Pleno Políticas Públicas
envolvendo LDO e verbas para a área da saúde] (DJU de 29.4.2004). Entendeu-se que há legitimidade constitucional do controle e da
intervenção do Poder Judiciário no tema (caso envolvendo fornecimento de remédios pela União).
Poder Judiciário - Juiz
de Paz – A remuneração dos Juízes de Paz somente pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do Tribunal de Justiça Estadual.
STF Pleno 617 Remuneração – Considerou-se, ainda, que a norma questionada também incorreria em vício material, haja vista que os Juízes de Paz, por serem agentes públicos,
Iniciativa exclusiva do que exercem atividade eminentemente estatal, deveriam ser pagos pelos cofres públicos.
Poder Judiciário
Órgãos - Criação,
STF reconheceu a inconstitucionalidade formal da íntegra da Resolução 2/2008 — que dispõe sobre a reorganização dos serviços de
Modificação e Extinção
STF - notas e de registros das comarcas de entrância intermediária e final do Estado de Goiás —, editada pelo Conselho Superior da Magistratura
633 - Princ Legalidade -
Pleno daquele ente federativo. Por se tratar de órgão ou órgãos, qualquer criação, modificação ou extinção somente poderia ser operada por lei
Serviços de Notas e
formal em sentido estrito, o que, no caso, não ocorrera.
Registros
STF -
582 Repercussão Geral O reconhecimento da questão como de direito infraconstitucional equipara-se à inexistência de repercussão da matéria.
Pleno
Repercussão Geral -
STF - Não se reconhece a existência de repercussão geral da questão relacionada à cobrança de pulsos além da franquia, pois se trata de matéria
582 Negativa - Pulso além
Pleno infraconstitucional.
da franquia
Fundamentação das
STF - O inciso X do art. 93 da CF (necessidade de fundamentação das decisões judiciais) é AUTOAPLICÁVEL, sendo desnecessária lei
666 decisões judiciais (art.
Pleno complementar para dar eficácia ao seu comando.
93, X)
O juiz substituto também goza da garantia da inamovibilidade, mesmo que ainda não seja vitalício.
STF - Juiz substituto -
666
Pleno Inamovibilidade Vale ressaltar que a inamovibilidade não é absoluta, podendo ser afastada por motivo de interesse público segundo decisão motivada da maioria
absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.

STF

SÚMULA 248 STF


STF Súm 248 É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da
União.

SÚMULA Nº 330 STF


STF Súm 330 O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA CONHECER DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS DOS
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS.

SÚMULA 249 STF


STF Súm 249 É competente o supremo tribunal federal para a ação rescisória, quando, embora não tendo conhecido do recurso extraordinário,
ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida.

SÚMULA 691 STF


STF Súm 691 Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do relator que, em "habeas
corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

SÚMULA 690 STF[superada]


Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de "habeas corpus" contra decisão de turma recursal de
juizados especiais criminais.

STF Súm 690 ➔HC CONTRA DECISÃO DA TURMA RECURSAL fEDERAL: competência do Tj / TRF. [HC 86.834 – STF]
-evolução jurisprudencial:
⇨ entendimento antigo do STF: competência do STF. [súmula 690 STF]
⇨ o entendimento atual do STF: competência do TJ / TRF.
-entendimento da súmula foi superado, mas não houve seu cancelamento de forma expressa.

SÚMULA Nº 731
STF Súm 731 Competência STF Para fim da competência originária do Supremo Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a questão de saber se, em
face da lei orgânica da magistratura nacional, os juízes têm direito à licença-prêmio.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. CONFLITO ENTRE AUTARQUIA FEDERAL E ESTADO-
MEMBRO. AUSÊNCIA DE RISCO AO PACTO FEDERATIVO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 102, I, "F", DA CB/88. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que a competência originária que lhe é atribuída pelo artigo
102, I, "f", da Constituição do Brasil, tem caráter de absoluta excepcionalidade, restringindo-se a sua incidência às hipóteses de litígios cuja
Art. 102, I, F - Estado
potencialidade ofensiva revele-se apta a vulnerar a harmonia do pacto federativo. Precedentes. 2. Incompetência deste Supremo Tribunal
STF Pleno x adm indireta - Risco
para processar e julgar, originariamente, causas entre Estado-membro e autarquia federal com sede ou estrutura regional de representação no
ao pacto federativo
território estadual respectivo. Competência da Justiça Federal. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF. RE 512468
AgR/MT, 2ª Turma, Rel. Min. EROS GRAU, DJe: 05/06/2008).
AÇÃO CIVIL PÚBLICA MOVIDA PELO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA CONTRA O ESTADO DO ACRE - INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - INTELIGÊNCIA DO ART. 102, I, "F", DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - AUSÊNCIA DE CONFLITO FEDERATIVO -
RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (STF. ACO 641 AgR/AC, Pleno, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ: 03/06/2005).

ESTATUTO DA MAGISTRATURA

Poder Legislativo - C) Compete ao STF a iniciativa de proposição de lei complementar que disponha sobre o Estatuto da Magistratura.
Questão
Estatuto da (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
Magistratura - (art. 93, CF).
A) A permuta de juízes dos TRFs e a determinação de sua jurisdição e sede se darão por resolução do Conselho da Justiça Federal.
Questão
Permuta (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede (art. 107, § 1º, CF)
D) Afora a remoção de ofício, os magistrados podem ser removidos independentemente de sua vontade, em razão de interesse público, por
Garantias -
decisão tomada pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, assegurada ampla defesa.
Questão Inamovibilidade -
(C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 Flexibilização -
- o ato de remoção por interesse público fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
Remoção de ofício
Justiça, assegurada ampla defesa (art. 93, VIII, CF).
E) Os membros da magistratura, incluídos os ministros do STF e os dos tribunais superiores, somente perderão o cargo por decisão judicial
Garantias -
Questão transitada em julgado.
Vitaliciedade -
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
Flexibilização
- os membros do STF poderao perder o cargo por decisão do Senado Federal na hipótese de crime de responsabilidade.

CNJ

“CNJ. Órgão administrativo posicionado na estrutura institucional do Poder Judiciário. Outorga, ao CNJ, em sede constitucional, de
jurisdição censória sobre juízes e órgãos do Poder Judiciário ‘situados, hierarquicamente, abaixo do STF’ (ADI 3.367/DF).
Possibilidade, em tese, de imposição, a eles, de sanções disciplinares, notadamente daquelas previstas no art. 103-B, § 4°, III, da Constituição,
STF A CF e o STF Poder Judiciário - CNJ
como a aposentadoria compulsória, com subsídio proporcional ao tempo de serviço. O dever-poder, constitucionalmente atribuído ao CNJ, de
efetuar o controle do cumprimento, pelos magistrados, de seus deveres funcionais.” (MS 28.712-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão
monocrática, julgamento em 6-5-2010, DJE de 11- 5-2010.)
Emagis Mesmo tendo sido criado apenas com a EC 45/04, o CNJ pode fiscalizar os atos praticados anteriormente a esse marco temporal,
segundo entendimento do STF:

o CNJ, ao editar a Resolução 10/05 e proibir o exercício de funções, por magistrado, perante os tribunais de justiça desportiva e suas comissões
disciplinares, nada mais fez do que aplicar diretamente aquilo que já positivado no Texto Constitucional.

segundo o STF, uma coisa é atuação do Presidente do STF como Presidente do CNJ; outra, é sua atuação como membro do Supremo. Diante
disso, mesmo tendo participado da sessão onde materializado o ato colegiado do CNJ atacado em mandado de segurança, não há
impedimento do Presidente do Supremo para participar do julgamento deste writ

4) Quais os limites à rescindibilidade pelo STF das decisões do CNJ?


Resposta:
CNJ - Rescindibilidade
Oral TRF1 (Opinião pessoal). O CNJ constitui órgão administrativo. Sendo órgão administrativo, todos os seus atos são passíveis de revisão judicial, diante
pelo STF
do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV da Constituição). Sendo o STF o órgão competente para processar e julgar todas as
ações contra o CNJ (art. 102, I, r) , o Pretório Excelso poderá apreciar todas as decisões proferidas por este Conselho.

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA


MINISTÉRIO PÚBLICO

B) Conforme a CF, o MPU compreende o MP Militar, o MP do Trabalho, o MP Militar e o MP Eleitoral, todos dotados de estrutura própria.
Questão
MPU - Composição (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- (art. 128, I, CF) - o Ministério Público da União, que compreende: a) o MPF; b) o MPT; c) o MPM; d) o MPDFT;.
C) Ao MP é assegurada autonomia funcional e administrativa, mas não financeira, pois a elaboração de sua proposta orçamentária é realizada pelo
Questão Poder Executivo.
MP - Autonomia
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
- a elaboração da proposta orçamentária é realizada pelo MP, e não pelo Poder Executivo (art. 127, § 3º, CF).
MP - Legitimidade -
Direitos subjetivos,
O Ministério Público não tem legitimidade para defender direito subjetivo, disponível e individual de seus membros. Reputou-se que a
STF 2aT 642 individuais e
legitimidade do parquet para impetração de writ restringir-se-ia à defesa de sua atuação funcional e a de suas atribuições institucionais.
disponíveis de
membros
o STF nega a legitimidade de atuação do MP de Contas, que ademais tem suas atribuições apenas vinculadas à atuação junto ao próprio
TCU. Sobre o tema, confira: “1. As decisões das Cortes de Contas que impõem condenação patrimonial aos responsáveis por irregularidades no
uso de bens públicos têm eficácia de título executivo (CF, artigo 71, § 3º). Não podem, contudo, ser executadas por iniciativa do próprio
MP do Tribunal de
Tribunal de Contas, seja diretamente ou por meio do Ministério Público que atua perante ele. Ausência de titularidade, legitimidade
Contas. Ausência de
STF RE 223037 e interesse imediato e concreto. 2. A ação de cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta
legitimidade para
pelo Tribunal de Contas, por intermédio de seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional competente. 3. Norma inserida na
executar.
Constituição do Estado de Sergipe, que permite ao Tribunal de Contas local executar suas próprias decisões (CE, artigo 68, XI). Competência não
contemplada no modelo federal. Declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, por violação ao princípio da simetria (CF, artigo 75).
Recurso extraordinário não conhecido” (RE 223037, Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 2.8.2002)
Quando o sistema de legitimação ordinária falha, surge a possibilidade de o Parquet, na defesa do patrimônio público, e não da
Fazenda Pública, atuar como legitimado extraordinário. Conferir à Fazenda Pública, por meio de suas procuradorias judiciais, a
exclusividade na defesa do patrimônio público consubstancia interpretação restritiva que vai de encontro à ampliação do campo de atuação
MP - Legitimidade - conferido pela CF/1988 ao MP, bem como leva a uma proteção deficiente do bem jurídico tutelado. Por isso é que o MP possui legitimidade
STJ 1aS 404 Valor maior que o extraordinária para promover ação de execução do título formado pela decisão do TCE, com vistas a ressarcir ao erário o dano
título causado pelo recebimento de valor a maior.

ATENÇÂO - o caso julgado é do MP “geral”, não do MP do Tribunal de Contas -


https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200900123050&dt_publicacao=04/09/2009

O Ministério Público do Trabalho NÃO TEM legitimidade para atuar no STF. A atuação, nesse caso, é feita exclusivamente pelo
Procurador-Geral da República, que é chefe do MPU, do qual o MPT faz parte.

Se for necessário propor uma reclamação no STF de interesse do Ministério Público de algum Estado, o MPE possui legitimidade
para isso? SIM. No julgamento da Rcl 7358/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 24.2.2011, foi reconhecida a legitimidade ativa autônoma do
Ministério Público estadual para propor reclamação perante o STF.
MPT não tem
STF Pleno 667 legitimidade para
Por que o MPE pode propor reclamação no STF e o MPT não? São três as razões:
atuar no STF.
a) Porque não existe qualquer relação de hierarquia ou dependência entre o MPU e o Ministério Público dos Estados-membros.
b) Além disso, pode ocorrer de o Ministério Público estadual pretender algo no STF com a qual a chefia do MPU não concorde. Desse modo, não
poderia o MPE ficar dependendo do MPU para chegar ao STF.
c) Fazer com que o Ministério Público estadual ficasse na dependência do que viesse a entender o Ministério Público Federal seria incompatível,
dentre outros princípios, com o da paridade de armas, considerando que, em eventual conflito entre o MPE e o MPU, o chefe do MPU (PGR)
poderia atuar diretamente no STF, mas não o MPE.
MP - Impedimento / Súmula 234 STJ
STJ Súm 234
Suspeição - A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para
Participação na fase o oferecimento da denúncia.
investigatória

POSSIBILIDADE
2aT do STF: o HC 89837 - a reconheceu poderes investigatórios por parte do MP (o caso concreto tratava de tortura praticada por
policiais - o que não permite afirmar ser hipótese contrária à posição do Peluso indicado no RE 593727 em julgamento).

IMPOSSIBILIDADE
Está em julgamento o RE 593727 em que dois foram os votos (Peluso e Lewandowski - junho de 2012) contrários ao reconhecimento de
MP - Poder
STF poderes investigatórios por parte do MP (o caso concreto trata de crime praticado por Prefeito - Decreto 201). Segundo o ministro-relator
investigatório
(Peluso), o MP apenas pode realizar investigações criminais quando a investigação tiver por objeto fatos teoricamente criminosos praticados
por membros ou servidores do próprio MP, por autoridades ou agentes policiais e, ainda, por terceiros, quando a autoridade policial,
notificada sobre o caso, não tiver instaurado o devido inquérito policial. Esse procedimento investigatório deverá obedecer, por analogia,
as normas que regem o inquérito policial, que deve ser, em regra, público e sempre supervisionado pelo Poder Judiciário. (obs.: esse é o
posicionamento do Dr. Cláudio, examinador do TRF2).

ADVOCACIA

a imunidade profissional garantida ao advogado pelo Estatuto da OAB não abarca os excessos cometidos pelo profissional em afronta à
Imunidade
honra de quaisquer das pessoas envolvidas no processo, seja o magistrado, a parte, o membro do Ministério Público, o serventuário ou o advogado
Profissional - Estatuto
STJ - 4aT 454 da parte contrária. Observa que somente estariam resguardadas pela imunidade profissional do advogado as supostas ofensas que
da OAB - Excessos -
guardem pertinência com a discussão da causa em julgamento, contudo sem degenerar em abuso ou ofensas pessoais aos envolvidos,
Dano Moral
visto que a imunidade profissional não poderia abranger os excessos configuradores de delito de calúnia nem de desacato.
interpretação conforme ao art. 21 e seu parágrafo único da Lei 8.906/94 (“Art. 21 Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa
por este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados dos empregados. Parágrafo único. Os honorários de
STF - Honorários de
547 sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida
Pleno sucumbência
em acordo”), no sentido de ser possível haver estipulação em contrário entre a parte e o seu patrono quanto aos honorários de sucumbência,
haja vista tratar-se de direito disponível.

ADVOCACIA PÚBLICA

D) A AGU é instituição chefiada pelo advogado-geral da União, cargo de livre nomeação pelo presidente da República, entre os membros da
carreira da advocacia da União.
Questão
AGU (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- não há exigência de que seja alguém da instituição, basta que seja “cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada” (art. 131, § 1º, CF)
Administração Pública
Aduziu-se que a Constituição, ao utilizar o termo “Procuradores”, o fez de forma genérica, sem distinguir entre os membros das diversas carreiras
STF - - Teto remuneratório -
608 da Advocacia Pública. Nesse diapasão, entendeu-se ser desarrazoada uma interpretação que, desconsiderando o texto constitucional,
Pleno Defensores das
excluísse da categoria “Procuradores” os defensores das autarquias.
autarquias

DEFENSORIA PÚBLICA

STF - Defensoria - convênio É inconstitucional a legislação do Estado de São Paulo que prevê a celebração de convênio exclusivo e obrigatório entre a
656
Pleno com OAB Defensoria Pública de SP e a OAB-SP. Esta previsão ofende a autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública
estabelecida no art. 134, § 2º, da CF/88.

Somente é possível a prestação, pelo Poder Público, de assistência jurídica à população carente por não Defensores Públicos em caso de
situação excepcional e temporária.
Lei estadual que estabeleça que a Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador do Estado é inconstitucional por violar a
autonomia da Instituição (art. 134, § 2º da CF/88)

Obs: O STF já havia declarado inconstitucional lei do Estado de Pernambuco que estabelecia a vinculação da Defensoria Pública à
Secretaria de Justiça e Direitos Humanos:
STF - Defensoria - violação
657
Pleno à autonomia (...) 1. A EC 45/04 outorgou expressamente autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a
propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2º): donde, ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública a
Secretaria de Estado.
2. A norma de autonomia inscrita no art. 134, § 2º, da Constituição Federal pela EC 45/04 é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, dado
ser a Defensoria Pública um instrumento de efetivação dos direitos humanos. (ADI 3569, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno,
julgado em 02/04/2007)
É inconstitucional, por violar o art. 134, § 2º, da CF, lei estadual que traga as seguintes previsões:
a) A DPE integra a Administração Direta;
b) O Governador do Estado é auxiliado pelo Defensor Geral do Estado;
c) O Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado.
STF - Defensoria - violação
657
Pleno à autonomia Obs: O STF entendeu que estas três regras eram inconstitucionais por violarem a autonomia funcional, administrativa e financeira da
Defensoria Pública (art. 134, § 2º).
- como os secretários estaduais são demissíveis ad nutum (livremente, por vontade do chefe do Executivo), o Defensor Público-Geral, segundo a
previsão da lei maranhense, também o seria, circunstância que faria com que ele perdesse sua autonomia em relação ao Governo.
- de acordo com o Relator, a intenção da lei foi a de subordinar a Defensoria ao comando do Governador.
I – Lei estadual que trate sobre Defensoria Pública é de iniciativa privativa do Governador de Estado, não podendo ser apresentada por
parlamentar.
STF - II – É inconstitucional lei estadual que preveja que o serviço de “assistência jurídica gratuita” será feito primordialmente por
658 Defensoria
Pleno advogados dativos e não pela Defensoria Pública.
III – É possível a realização de convênio com a OAB para que ela desenvolva serviço de assistência jurídica gratuita por meio de defensoria
dativa, desde que como forma de suplementar a Defensoria Pública ou de suprir eventuais carências desta.

Defensoria Pública - A intimação pessoal da Defensoria Pública somente se concretiza com a respectiva entrega dos autos com vista, em homenagem ao
STJ 3aT 491 Intimação pessoal - princípio constitucional da ampla defesa. Assim, mesmo que a decisão seja prolatada em audiência, na qual o Defensor Público esteja
Decisão em audiência presente, a intimação somente se tornará concretizada com a remessa dos autos à Defensoria.

DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

ESTADO DE DEFESA

E) O presidente da República pode decretar, com a finalidade de preservar a ordem pública ameaçada por grave instabilidade institucional, estado
Estado de Defesa - de defesa em locais determinados, dependendo, para isso, de autorização do Congresso Nacional.
Questão
Controle Político (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
prévio - Inexistência - no Estado de Defesa não há controle prévio realizado pelo CN (haverá aprovação posterior apenas- art. 136, § 4º, CF). Diferente do que ocorre
com o Estado de Sítio, em que o Presidente solicita aprovação antes de o decretar (há controle prévio pelo CN – art. 137, caput, CF).
ESTADO DE SÍTIO

C) O estado de sítio, medida excepcional, somente pode ser decretado nos casos de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira.
Estado de Sítio -
Questão (E) – GABARITO PRELIMINAR
Hipóteses de
TRF1 - (art. 137, CF) – são duas as hipóteses de decretação do Estado de Sítio: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
cabimento
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada
estrangeira..

SEGURANÇA PÚBLICA

O rol de órgãos encarregados do exercício da segurança pública, previsto no art. 144, I a V, da CF, é taxativo, e esse modelo federal deve
ser observado pelos Estados-membros e pelo Distrito Federal (julgou-se inconstitucional a criação por Estado-membro do Instituto Geral de
Perícias)

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
Segurança pública -
STF - Órgãos - Lei estadual da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
600 I - polícia federal;
Pleno criando órgão não
previsto na CF II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

SÚMULA Nº 347
STF Súm 347
O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

SÚMULA 513 STF


STF Súm 513 A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de
inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.

ADI - Lei do DF -
SÚMULA Nº 642
STF Súm 642 Competência
Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.
Municipal
E) A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pelo STF está sujeita à manifestação, em um ou em
Controle de outro sentido, de, pelo menos, oito ministros, quer se trate de ADI, quer se trate de ADC.
Questão Constitucionalidade - (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 Quorum instalação x - quorum para a SESSÃO DE JULGAMENTO: pelo menos 8 MINISTROS [art. 22, Lei 9.868/99]
quorum de decisão - quorum para a DECISÃO: pelo menos 6 MINISTROS [art. 97, CF; art. 23 Lei 9.868/99]
- se não for alcançada a maioria, o julgamento será suspenso para aguardar a manifestação dos ausentes. [art. 23, § único, Lei 9.868/99].
Controle de SÚMULA 360 STF
STF Súm 360 Constitucionalidade - Não há prazo de decadência para a representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da constituição
Prazo de decadência federal.
Controle de
STF -
598 Constitucionalidade - É insuscetível de prescrição a pretensão de inconstitucionalidade.
Pleno
Prescrição
“Eficácia da medida cautelar deferida em ação direta de inconstitucionalidade. A medida cautelar, em ação direta de inconstitucionalidade,
reveste-se, ordinariamente, de eficácia ex nunc, ‘operando, portanto, a partir do momento em que o STF a defere’ (RTJ 124/80).
Excepcionalmente, no entanto, a medida cautelar poderá projetar-se com eficácia ex tunc, com repercussão sobre situações
pretéritas (RTJ 138/86). A excepcionalidade da eficácia ex tunc impõe que o STF expressamente a determine no acórdão concessivo
Controle de
da medida cautelar. A ausência de determinação expressa importa em outorga de eficácia ex nunc à suspensão cautelar de aplicabilidade da
Constitucionalidade -
STF A CF e o STF norma estatal impugnada em ação direta. Concedida a medida cautelar (que se reveste de caráter temporário), a eficácia ex nunc (regra geral)
Medida cautelar -
‘tem seu início marcado pela publicação da ata da sessão de julgamento no Diário da Justiça da União, exceto em casos
Efeitos temporais
excepcionais a serem examinados pelo Presidente do Tribunal, de maneira a garantir a eficácia da decisão’ (ADIn 711-AM (Questão de
Ordem), Rel. Min. Néri da Silveira). A declaração de inconstitucionalidade, no entanto, que se reveste de caráter definitivo, sempre retroage ao
momento em que surgiu, no sistema de direito positivo, o ato estatal atingido pelo pronunciamento judicial (nulidade ab initio). É que atos
inconstitucionais são nulos e desprovidos de qualquer carga de eficácia jurídica (RTJ 146/461).”
Caso de lei anterior à EC 20/98, regime em que não poderia haver contribuição de inativos, o que foi posteriormente previsto pela EC 41/03. Seria
caso clássico de perda de objeto da ADI. Só que o STF não seguiu essa linha, em benefício da máxima efetividade da jurisdição constitucional.
Confira-se: "Tendo isso em conta, asseverou-se que, se o Supremo aplicasse sua jurisprudência tradicional no sentido do prejuízo das ações,
revogar-se-iam, em conseqüência, as medidas cautelares. Além disso, a lei estadual, não obstante patentemente inconstitucional, tornaria a
produzir seus efeitos à luz do regramento instituído pela EC 41/2003, a qual lhe conferiria uma aparência de validade. Aduziu-se, na linha de
Controle de
precedentes, que esse inconveniente poderia ser evitado com a excepcional admissão do exame de mérito das ações. Ao enfatizar que o
constitucionalidade -
STF - sistema brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente, consignou-se que a norma em apreço não fora
600 Parâmetro - Alteração
Pleno convalidada e, por isso, sua inconstitucionalidade persistiria e seria atual, embora se referisse a dispositivos da Constituição que não se
- Continuidade da
encontram mais em vigor, modificados pela EC 41/2003. Desse modo, reputou-se que, se o sistema veda a convalidação da lei
ação
inconstitucional, seria necessária a existência de mecanismos eficazes para expungir a norma ainda inconstitucional do ordenamento jurídico,
mesmo que em face de parâmetro de controle alterado ou revogado. Concluiu-se que, na situação dos autos, cumpriria ao STF, ainda que já
ajuizada a ação direta, declarar a inconstitucionalidade da norma, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, em benefício da máxima
efetividade da jurisdição constitucional. Salientou-se, por fim, o progressivo reforço legislativo na expansão da jurisdição constitucional abstrata do
Supremo."
5) Fale sobre a modulação dos efeitos temporais na ADI. Isso não confere ao judiciário um alargamento de seu poder (legislando)?
Resposta:
A modulação de efeitos é prevista em nosso ordenamento pelos artigos 27 da Lei 9.868/1999 e 11 da Lei 9.882/1999, em situação análoga à que
consta na Constituição Portuguesa e também na Lei Orgânica da Corte Constitucional Alemã. Trata da possibilidade de se legitimar a produção de
efeitos a uma lei considerada inconstitucional. O sistema brasileiro se assenta na premissa, via de regra, de que a lei inconstitucional é nula, razão
Oral TRF1 Controle - Modulação pela qual a declaração de sua inconstitucionalidade deveria produzir efeitos jurídicos retroativos, como se a lei jamais tivesse existido. Por razões
de segurança jurídica, entretanto, permite-se a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, de modo a permanecerem
válidos os atos praticados na vigência da lei declarada inconstitucional.
De fato, a possibilidade de modulação de efeitos representa um certo alargamento do seu poder, na medida em que confere possibilidade ao STF
de dar validade a norma que contraria a Constituição, inclusive fixando os marcos de sua vigência. Faz-se, entretanto, em respeito ao princípio da
segurança jurídica, razão pela qual entende-se o alargamento como compatível com a Constituição.

22) Qual o efeito da modulação na declaração de inconstitucionalidade? Há categoria nova ou fica no plano tão somente da validade? A modulação
dos efeitos temporais dos julgados do STF atinge a norma em que nível de validade?
Resposta:
Oral TRF1 Controle - Modulação Por regra geral, a declaração de inconstitucionalidade tem efeitos erga omnes e ex tunc. O reconhecimento da inconstitucionalidade implica em
nulidade da norma, com efeitos retroativos à data de sua promulgação. Trata-se de declaração de nulidade, atinge a norma no plano de validade.
Nos casos em que há modulação, ocorre o que a doutrina chama de “declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade”. Nesse caso,
por razões de natureza política (preservação da segurança jurídica e excepcional interesse social), não ocorre propriamente declaração de
nulidade (que teria efeito ex nunc). Nesta hipótese, a decisão terá efeito constitutivo negativo, atingindo a norma no plano de sua eficácia.
Controle
STF Pleno 615 Alteração da posição do STF que passou a admitir a modulação de efeitos da decisão que analisa recepção de norma anterior à CR/88.
constitucionalidade -
Modulação - Recepção
Amicus curiae -
Limitações -
STF Pleno 631 A atuação do amicus curiae encontra limites. Por não ser parte, não pode por meio de pedidos delimitar o objeto da demanda.
Delimitação do objeto
da demanda.
STF ADI-3396 Amicus curiae - Amicus curiae, conforme jurisprudência do STF, não tem legitimidade para interpor recurso, salvo:
Impossibilidade de
interpor recurso - Salientou hipótese em que determinada entidade, dotada de representatividade adequada, pretendesse ingressar como amicus curiae e sendo
exceção denegada essa pretensão, ser-lhe-ia possível interpor recurso apenas quanto a esse juízo negativo de admissibilidade, para permitir que o
Colegiado realizasse o controle do julgado. - ADI-3396
Tradicionalmente, o STF não admite decisão aditiva (hipótese de omissão parcial por incompletude/deficiência - violação ao princípio
da isonomia); nesse sentido a Súmula 339 (Súmula no 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia). Mas o mesmo tribunal adotou posição oposta ao estender,
STF Pleno Sentença aditiva aos servidores civis, o reajuste dado aos servidores militares (Súmula no 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores
militares pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais
compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais). (obs.: não houve manifestação
quanto ao cancelamento da súmula 339 do STF).
STF: a procuração, em se tratando de controle concentrado de constitucionalidade – como é o caso da ADPF -, deve conter poderes
específicos para ajuizá-la e, além disso, indicar os preceitos que serão impugnados. Confira-se, a propósito, o seguinte excerto:
Controle de
constitucionalidade - “A procuração apresentada pelos advogados da requerente não inclui poderes específicos para impugnar, pela via da arguição de descumprimento
STF Questão Procuração deve de preceito fundamental, os atos indicados na inicial. A jurisprudência desta Corte está consolidada no sentido de que é de exigir-se, em ação
indicar os artigos direta de inconstitucionalidade, a apresentação, pelo proponente, de instrumento de procuração ao advogado subscritor da inicial, com poderes
impugnados específicos para atacar a norma impugnada. (...). Ante o exposto, nego seguimento à presente arguição de descumprimento de preceito
fundamental (art. 21, § 1º, RI-STF, art. 4º da Lei 9.882/99).” (ADPF 220, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 8-11-
2010, DJE de 12-11-2010.)
SÚMULA VINCULANTE Nº 10
STF SV 10 Reseva de plenário Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Segundo a teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o
dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes.
Teoria da
transcendência dos A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada decisão ou ato:
STF Pleno 668 motivos • usurpou competência do STF; ou
determinantes não foi • desrespeitou decisão proferida pelo STF.
admitida
Não se pode utilizar a reclamação, que é uma via excepcional, como se fosse um incidente de uniformização de jurisprudência.

Questão Assim como ocorre na ADC e na ADI, ato normativo já revogado não pode ser objeto de ADPF. - ERRADA
CESPE -
AGU/2012 Em que pese a redação da questão ser dúbia e possuir múltiplas interpretações, existem algumas hipóteses nos quais o ato normativo, mesmo
após sua revogação, pode ser impugnado no controle abstrato de constitucionalidade das normas, podendo-se citar dois exemplos:

● em qualquer ação do controle de constitucionalidade, sempre que estiver caracterizada a eficácia repristinatória tácita
indesejada, ocorrerá a necessidade de se impugnar os atos normativos já revogados por exteriorizarem os mesmos vícios de
inconstitucionalidade que inquinam a legislação revogadora:

FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM TESE E EFEITO REPRISTINATÓRIO. - A declaração de


inconstitucionalidade "in abstracto", considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente (RTJ 120/64 - RTJ 194/504-505 - ADI 2.867/ES, v.g.),
importa em restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato. É que a lei declarada
inconstitucional, por incidir em absoluta desvalia jurídica (RTJ 146/461-462), não pode gerar quaisquer efeitos no plano do direito, nem mesmo o
de provocar a própria revogação dos diplomas normativos a ela anteriores. Lei inconstitucional, porque inválida (RTJ 102/671), sequer possui
eficácia derrogatória. A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara, em sede de fiscalização abstrata, a inconstitucionalidade de
determinado diploma normativo tem o condão de provocar a repristinação dos atos estatais anteriores que foram revogados pela lei proclamada
inconstitucional. Doutrina. Precedentes (ADI 2.215-MC/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, "Informativo/STF" nº 224, v.g.). - Considerações em torno
da questão da eficácia repristinatória indesejada e da necessidade de impugnar os atos normativos, que, embora revogados, exteriorizem os
mesmos vícios de inconstitucionalidade que inquinam a legislação revogadora. - Ação direta que impugna, não apenas a Lei estadual nº
1.123/2000, mas, também, os diplomas legislativos que, versando matéria idêntica (serviços lotéricos), foram por ela revogados. Necessidade,
em tal hipótese, de impugnação de todo o complexo normativo. Correta formulação, na espécie, de pedidos sucessivos de declaração de
inconstitucionalidade tanto do diploma ab-rogatório quanto das normas por ele revogadas, porque também eivadas do vício da ilegitimidade
constitucional. Reconhecimento da inconstitucionalidade desses diplomas legislativos, não obstante já revogados.

● na ADPF, seu objeto pode ter por base o direito pré-constitucional e, na hipótese de incompatibilidade material desse
ato normativo pré-constitucional com o atual texto da Constituição, o STF deverá reconhecer a revogação do objeto impugnado
por ocasião da decisão final.

STF Incabível recurso por "Recurso interposto por terceiro prejudicado. Não-cabimento. Precedentes. Embargos de declaração opostos pela Ordem dos Advogados do Brasil.
quem não figure Legitimidade. Questão de ordem resolvida no sentido de que é incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora
como parte legitimado para a propositura da ação direta, nela não figure como requerente ou requerido." (ADI 1.105-MC-ED-QO, Rel. Min. Maurício
Corrêa, julgamento em 14-8-96, DJ de 23-8-01.) No mesmo sentido: ADI 1.105-ED-segundos, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em
1º-8-2011, Plenário, DJE de 30-8-2011.

STF Cabível impugnação STF entender que é cabível a impugnação de todo um Diploma Legal na via do controle abstrato de constitucionalidade, ainda que
de toda a norma, não tenham sido especificamente indicados os artigos dessa Lei que estariam colidindo com a Carta Magna. As informações fornecidas
sem precisar os no caso proposto, portanto, não eram, de fato, suficientes a determinar a inépcia da petição inicial da ADI.
artigos
"Rejeição da preliminar de inépcia da petição inicial pela ausência de indicação dos dispositivos legais apontados como violadores da Constituição
Federal. Deixou evidenciado o autor que, no seu entender, os textos legais são, na sua integralidade, violadores do ordenamento constitucional
pátrio. Possibilidade. Precedentes do STF. (ADI 2.549, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º-6-2011, Plenário, DJE de 3-10-2011.)

CESPE De acordo com entendimento do STF, o controle jurisdicional prévio ou preventivo de constitucionalidade sobre projeto de lei ainda em
trâmite somente pode ocorrer de modo incidental, na via de exceção ou defesa. - CERTA (controle por parlamentar via MS)

STF Emagis I - Inexiste, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o prazo recursal ser computado em dobro, ainda que a parte
recorrente disponha dessa prerrogativa especial nos processos de índole subjetiva. - ADI 2.130-AgR

II - Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta - que, de regra, terá efeitos ex nunc - será concedida por decisão da maioria
absoluta dos membros do Tribunal, presentes na sessão pelo menos 8 (oito) Ministros, isso após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais
emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias, ressalvando-se que, em caso de excepcional
urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
impugnado.

III - É manifestamente improcedente a ação direta de inconstitucionalidade que verse sobre norma cuja constitucionalidade foi expressamente
declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, mesmo que em recurso extraordinário. - ADI 4.071-AgR

Oral TRF1 Inconstitucionalidade 25) Exemplo de inconstitucionalidade adjetiva.


adjetiva Resposta:
Inconstitucionalidade adjetiva é sinônimo de inconstitucionalidade formal, que ocorre quando promulga-se norma cujo processo de elaboração
(processo legislativo) encontra-se viciado. Pode ocorrer quando a norma é editava por ente federativo incompetente, quando a iniciativa do
projeto de lei partiu de agente não legitimado para tanto, quando os quóruns de votação não são observados, quando não há revisão do projeto
iniciado em uma casa legislativa por outra, etc.

8) Pode haver controle de constitucionalidade preventivo? Exemplifique.


Resposta:
É possível o controle preventivo, que incide sobre os projetos de lei ou de emenda constitucional, por parte dos três poderes.
No âmbito do Executivo, atua-se através do veto jurídico.
No Legislativo, a atuação se dá pelas Comissões de Constituição e Justiça ou pelo próprio Pleno, antes da aprovação dos projetos.
Já no âmbito do Judiciário acontece apenas em casos concretos nos quais se discuta o direito público subjetivo dos parlamentares de participar de
um processo legislativo hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na
Constituição.

Oral TRF1 Controle - Preventivo 9) Na hipótese em que o regimento interno da Câmara de um dos Poderes, por exemplo, está sendo confeccionado e há uma discussão sobre sua
compatibilidade, poderia haver esse controle de constitucionalidade pelo Supremo em relação ao que estivesse inscrito nessa norma específica
interna de funcionamento de um dos Poderes?
Resposta:
O controle preventivo tem balizamento bastante restrito: o direito público subjetivo de participar de um processo legislativo hígido. Assim, apenas
reconhece-se sua possibilidade na medida em que o próprio ato de deliberar sobre determinada matéria viole a Constituição, sobretudo no que
tange às cláusulas pétreas, não se podendo falar em controle para atos classificados como interna corporis. Assim, somente seria possível o
controle sobre a confecção do Regime Interno se uma de suas normas violasse algum de seus mandamentos violasse expressamente uma norma
cogente da Constituição, como, por exemplo, se houvesse previsão de quórum de maioria absoluta para a aprovação de emendas constitucionais.
Em matérias de mero funcionamento interno, entretanto, não seria possível o controle interno.

1) Cabe ADI em face de decreto autônomo? (Natureza de primariedade)


Resposta:
Oral TRF1 A Ação Direta de Inconstitucionalidade é a forma de controle concentrado cabível em face de atos normativos primários, isto é, que retiram seu
fundamento de validade na própria Constituição Federal. Assim, para os decretos autônomos, elaborados com fundamento direto no artigo 84, VI
da Constituição, é cabível a ADI, já que não há instrumento infraconstitucional que o fundamente.

1) O que é o fenômeno da recepção? Norma anterior pode ser objeto de controle de constitucionalidade concreto?
Resposta:
O fenômeno da recepção é a análise individualizada de compatibilidade da lei pré-constitucional com a norma constitucional superveniente (seja
uma nova Constituição, seja um artigo da Lei Maior alterado por emenda). Decorre da premissa de que, em face da alteração do parâmetro
constitucional, todas as normas pretéritas continuam em vigor, até que se declare a ausência de compatibilidade, sob pena de surgir um
verdadeiro caos jurídico toda vez que se alterar a norma constitucional.
No que tange ao controle concreto, é plenamente possível a análise da recepção, já que a Força Normativa da Constituição, no sentido de não se
Oral TRF1 Controle - Recepção conceder validade a normas que violem seu conteúdo, também deve ser assegurado no âmbito do controle concreto.

15) O que significa recepção e não recepção?


Resposta:
Há recepção quando uma norma pré-constitucional guarda conformidade com uma nova Constituição, sendo com ela compatível, permanecendo
em vigor. Ao reverso, a não recepção ocorre quando a norma é incompatível com a nova constituição. Nesse caso, haverá revogação da norma e,
não propriamente inconstitucionalidade, em razão da incompatibilidade com a Constituição, que é hierarquicamente superior.
16) Qual a diferença entre inconstitucionalidade superveniente e não recepção?
Resposta:
Como exposto anteriormente, a não recepção ocorre quando a norma, anterior à Constituição, é com esta incompatível, sendo revogada com o
advento da norma hierarquicamente superior. Já a inconstitucionalidade superveniente, fenômeno semelhante, ocorre quando uma norma,
compatível com a Constituição, se torna com esta incompatível, por posterior reforma do texto constitucional ou por circunstâncias fáticas.
Segundo entendimento do STF, a questão não é propriamente de inconstitucionalidade, mas de revogação de norma anterior pela nova norma
hierarquicamente superior (ADIQO 7, ADI 2).

17) Não recepção pode sofrer controle concentrado? Qual a lei?


Resposta:
Segundo entendimento do STF, a verificação de compatibilidade de uma norma anterior à Constituição não pode ser objeto de ação direta de
inconstitucionalidade, pois não se trata propriamente de inconstitucionalidade, mas de revogação da norma anterior. Admite-se, contudo, que a
compatibilidade da norma com a Constituição seja objeto de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, disciplinada pela Lei n.
9882/1999, que regulamentou o art. 102, parágrafo primeiro, da Constituição. Por exemplo, foi caso da ADPF n. 130, cujo objeto foi a Lei de
Imprensa (Lei n. 5250/67).

19) Lembra quem foram os ministros do STF que travaram o debate célebre em que ficou decidido que a norma infraconstitucional incompatível
com a constituição superveniente encerra hipótese de "não-recepção", e não hipótese de "revogação"?
Resposta:
Referido rebate foi travado no bojo da ADI n. 2, entre os ministros Paulo Brossard (relator) e Sepúlveda Pertence. O Min. Paulo Brossard
defendeu que a incompatibilidade de norma anterior à Constituição com o texto dessa encerra hipótese de revogação, devendo ser solucionada
no âmbito do direito intertemporal. Já o Min. Sepúlveda Pertence considerou que a não recepção implica em inconstitucionalidade, não sendo
apenas revogação. Este Ministro defendeu que, mesmo podendo ser tratada de revogação, a diferença é substancial pois, segundo seu
entendimento, sendo inconstitucionalidade, poderia ser objeto de ADIN. Prevaleceu o entendimento do relator, no sentido de se tratar de
revogação e que, por este motivo, ADIN não poderia tratar deste tema (pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos
revogatórios. (Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias. (...) Ação direta de que se
não conhece por impossibilidade jurídica do pedido).

2) Efeito repristinatório e repristinação. Discorra e diferencie. Há exemplos na Constituição?


10) Como a Constituição Federal trata o efeito repristinatório de normas constitucionais?
Resposta:
A despeito da semelhança, são vocábulos com significação diversa.
A repristinação é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da
norma que a revogou. Contudo, a repristinação deve ser expressa dada a dicção do artigo 2º, §3º da LINDB.
Já o efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Para compreendê-lo melhor, é necessário explanar brevemente sobre o
Oral TRF1 princípio que lhe dá suporte: o princípio da nulidade do ato inconstitucional.
Para este princípio implícito, extraído do controle difuso de constitucionalidade e acolhido em nosso ordenamento, o ato inconstitucional nasce
eivado de nulidade. Não é apenas anulável.
Essa tese é embasada no fato de que a decisão que reconhece a inconstitucionalidade é declaratória. E a decisão declaratória apenas reconhece
determinada situação, no caso, a nulidade.
Com isso, a norma que nasce nula (declarada inconstitucional) não poderia revogar a anterior validamente.
Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é
declarada inconstitucional.

3) É possível controle de Emenda à Constituição?


Controle - Emenda Resposta:
Ora TRF1
Constitucional O controle de constitucionalidade é a análise acerca da compatibilidade formal e material das leis infraconstitucionais em relação à Constituição
Federal. Assim, como a Emenda Constitucional é inferior à Constituição, já que não é produto do Constituinte Originário, mas, ao contrário,
construção do legislador constitucional, como deixa ver o artigo 59 da Constituição, é perfeitamente cabível o controle de sua constitucionalidade.
Uma vez ultrapassado o controle, entretanto, a norma passa a ter o mesmo status da demais normas constitucionais.

12) Poder Constituinte Derivado, existem limitações?

4) Explane sobre controle de constitucionalidade.


Resposta:
Oral TRF1 Trata-se da análise da compatibilidade de toda a legislação infraconstitucional com os preceitos inseridos na Constituição da República, legitimado
em face da supremacia formal desta. No Brasil adotou-se o modelo jurisdicional de controle – embora possa ser feito, em algumas hipóteses,
pelos demais poderes -, tanto na modalidade difusa – surgida nos EUA – como na concentrada – modelo austríaco.

18) Que entendimento o STF adotou, recentemente, acerca da lei de imprensa. Quem foi o ministro relator, neste caso?
Resposta:
Controle - lei de
Oral TRF1 No julgamento da ADPF n. 130, cujo relator foi o Ministro Carlos Ayres Britto, o STF considerou a Lei de Imprensa incompatível com a Constituição
imprensa
de 1988, por afrontar as disposições relativas à liberdade de imprensa. Considerou-se que o exercício da atividade jornalística encontra-se
submetido apenas às restrições constantes do próprio texto constitucional, não podendo o legislador ordinário criar outras limitações.

21) Cabível ADI contra norma infraconstitucional vigente em face parâmetro normativo constitucional revogado?
Resposta:
Segundo entendimento tradicional no STF, não seria cabível ADI contra norma constitucional vigente confrontada com norma constitucional
revogada. Eventuais ADIs propostas, com esta temática, seriam consideradas prejudicadas (ADI 2197). Contudo, recentemente, o STF ensaia
mudança neste entendimento. Conforme decidido nas ADIs 2158 e 2189, o Tribunal considerou que a constitucionalidade da norma deve ser
Controle - Alteração aferida diante da quadro constitucional vigente na data de sua edição (princípio da contemporaneidade). Entendeu que “não se admite a figura da
Oral TRF1 do parâmetro constitucionalidade superveniente”.
constitucional
23) Existe controle de constitucionalidade superveniente?
Resposta:
Segundo atual entendimento do STF, não se admite constitucionalidade superveniente (ADIs 2158 e 2189). A análise da constitucionalidade da
norma deve levar em consideração o quadro constitucional vigente no momento de sua edição (princípio da contemporaneidade). Assim, eventual
norma, nascida inconstitucional, não pode ser convalidada por alteração constitucional posterior.

1) Quais espécies de interpretação conforme são cabíveis?


Resposta:
Interpretação A doutrina considera haver duas espécies de “interpretação conforme”: 1. Interpretação conforme com redução de texto: declara-se a
Oral TRF3 inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando a partir dessa exclusão do texto, uma interpretação compatível com a
Conforme
Constituição; 2. Interpretação conforme sem redução de texto: não há supressão textual, mas confere-se à norma impugnada uma determinada
interpretação que lhe preserve a constitucionalidade ou quando exclui-se da norma impugnada uma interpretação que lhe acarretaria a
inconstitucionalidade.

ADI

A) A ADI admite a intervenção de terceiros, mas a ADC, não.


Questão ADI - Intervenção de
(E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 terceiro
- não há intervenção de terceiros no processo da ADI/ADC (art. 7º, Lei 9.868/99).
STF - ADI - Objeto -
527 Resolução do TSE pode ser ato normativo abstrato e autônomo, capaz de ensejar propositura de ADI.
Pleno Resolução do TSE
Sobre o não conhecimento de ADI que venha a impugnar parcialmente um sistema normativo: a idéia do subsistema normativo, a
STF -
524 ADI exigir a impugnação integral de todo o controle concentrado dentro do subsistema, pressupõe uma estreita interdependência lógica entre
Pleno
as normas, de modo que uma não tenha sentido sem a outra.
ADI - Objeto -
STF - STF admitiu emenda da inicial quando houve revogação da lei objeto da inconstitucionalidade num caso em que nenhum dos
562 alteração - emenda da
Pleno interessados jurídicos na causa tinha ainda se manifestado. Citou também a urgência do caso a decidir.
inicial
Inadmite-se embargos de declaração para fins de modulação de efeitos, sem que tenha havido pedido nesse sentido antes do julgamento
da ação.
ADI - Modulação dos
STF - Mudança de posicionamento (05.2012): STF já admitiu a utilização dos embargos declaratórios destinados à modulação dos efeitos
591 / 664 efeitos - Embargos
Pleno da decisão, ainda que não tivesse ocorrido pedido na inicial ou manifestação nesse sentido na sustentação oral realizada. Competiria ao
Declaratórios
Supremo modular os efeitos de suas decisões, se houver razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, ainda que
inexistente pedido das partes.

O § 3º do art. 103 da CF concede à AGU o direito de manifestação, não obrigando à defesa incondicional da norma impugnada, haja
vista que exigir dela defesa em favor do ato impugnado em casos em que o interesse da União coincide com o interesse do autor,
STF - ADI - Manifestação do implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a defender os interesses da União (CF, art. 131). Além disso, constatou-se um
562
Pleno AGU problema de ordem prática, qual seja, a falta de competência da Corte para impor-lhe qualquer sanção quando assim não procedesse, em razão da
inexistência de previsão constitucional para tanto.

Decisão que ao mesmo tempo entende pela inconstitucionalidade progressiva, aplicação de efeito prospectivo e conexão entre ações diretas: O
Tribunal julgou procedentes pedidos formulados em ações diretas para, aplicando o art. 27 da Lei 9.868/99, declarar a inconstitucionalidade, sem
a pronúncia da nulidade (...) tratar-se de quatro ações diretas de inconstitucionalidade imbricadas por evidente relação de conexão, fenômeno que
determinaria seu julgamento conjunto (...) sendo os pedidos uns pela declaração da inconstitucionalidade por omissão, e outros pela
declaração de inconstitucionalidade (por ação) . As ações acabariam por possuir o mesmo objeto, formal e substancialmente, ou seja, a
ADI - Omissão -
inconstitucionalidade da norma em razão de sua incompletude. No que se refere à questão constitucional, concluiu-se que o art. 2º, I e II,
Incompletude -
§§1º, 2º e 3º e o Anexo Único da Lei Complementar 62/89, passados vinte anos de sua edição, não atenderiam satisfatoriamente à exigência
Repartição das
STF - constante do art. 161, II, da CF, segundo o qual lei complementar deve estabelecer os critérios de rateio do FPE, com a finalidade de
576 receitas tributárias -
Pleno promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federativos. Asseverou-se que ela continuaria a reger a distribuição dos recursos do
LC sobre o rateio do
FPE, ou seja, até hoje estariam sendo aplicados os índices previstos, inicialmente, apenas para os exercícios de 1990 e 1991. (...) não obstante a
Fundo de Participação
Lei Complementar 62/89 não satisfazer integralmente à exigência contida na parte final do art. 161, II, da CF, julgou-se que a sua
dos Estados
imediata supressão da ordem jurídica implicaria incomensurável prejuízo ao interesse público e à economia dos Estados, haja vista que o
vácuo legislativo poderia inviabilizar, por completo, as transferências de recursos. Em razão disso, fez-se incidir o art. 27 da Lei 9.868/99, e
declarou-se a inconstitucionalidade, sem pronúncia da nulidade, do art. 2º, I e II, §§ 1º, 2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar
62/89, autorizando-se a aplicação da norma até 31.12.2012, lapso temporal que se entendeu razoável para o legislador reapreciar o tema,
em cumprimento àquele comando constitucional.
Questão O atual posicionamento do STF admite a fungibilidade entre a ADI e a ADIO.
CESPE -
AGU/2012 O tema da fungilidade entre ADI e ADI por omissão é recente na jurisprudência do STF e foi aceita pela primeira vez em 2010, ao julgar a ADI
875:

EMENTA: Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI n.° 875/DF, ADI n.° 1.987/DF, ADI n.° 2.727/DF e ADI n.° 3.243/DF). Fungibilidade entre
as ações diretas de inconstitucionalidade por ação e por omissão. Fundo de Participação dos Estados - FPE (art. 161, inciso II, da Constituição).
Lei Complementar n° 62/1989. Omissão inconstitucional de caráter parcial. Descumprimento do mandamento constitucional constante do art. 161,
II, da Constituição, segundo o qual lei complementar deve estabelecer os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados, com a
finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federativos. Ações julgadas procedentes para declarar a inconstitucionalidade,
sem a pronúncia da nulidade, do art. 2º, incisos I e II, §§ 1º, 2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar n.º 62/1989, assegurada a sua
aplicação até 31 de dezembro de 2012. (ADI 875, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2010)

Como consta do voto do Ministro Gilmar Mendes, proferido na citada ADI (p. 243), "É preciso reconhecer que, em nosso sistema abstrato de
controle de constitucionalidade, deve existir uma natural fungibilidade entre os diversos tipos de ação" e complementa o Ministro afirmando que "a
distinção rígida entre as ações diretas de inconstitucionalidade por ação e por omissão, como pressuposto de sua infungibilidade, não se coaduna
mais com a própria jurisprudência do Tribunal no tocante Tribunal no tocante ao controle abstrato de normas e às novas técnicas de decisão..
Tem-se, portanto, o estabelecimento de uma nova posição do STF, no sentido da fungibilidade entre as diversas ações que compõem o controle
abstrato de constitucionalidade".

STF Assembleia Legislatva Na hipótese, não há vínculo objetivo de pertinência entre o conteúdo material das normas impugnadas – crédito rural – e a competência ou os
- imprescindível a interesses da Assembléia Legislativa do Estado do Mato Grosso do Sul. Vale a jurisprudência do Supremo que entende necessária, para alguns dos
pertinência temática legitimados a propor a ação direta de inconstitucionalidade, a relação de pertinência temática.” (ADI 1.307-MC, Rel. Min. Francisco Rezek,
julgamento em 19-12-95, DJ de 24-5-96)

STF Possibilidade de ADI - é possível prosseguir com o seu processamento e julgamento, particularmente quando se identifique que essa revogação
prosseguir o tenha vindo à baila com o propósito de conjurar o controle de constitucionalidade por parte do Supremo, em verdadeira burla
julgamento de lei processual.
revogada, quando
configurar burla AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÕES DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL QUE DISPÕ EM SOBRE O
processual REAJUSTE DA REMUNERAÇÃO DE SEUS SERVIDORES. RESERVA DE LEI. I . PRELIMINAR. REVOGAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS IMPUGNADOS
APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO DIRETA. FRAUDE PROCESSUAL. CONTINUIDADE DO JULGAMENTO. Superveniência de Lei Distrital que
convalidaria as resoluções atacadas. Sucessivas leis distritais que tentaram revogar os atos normativos impugnados. Posterior edição da Lei
Distrital n° 4.342, de 22 de junho de 2009, a qual instituiu novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos servidores e revogou tacitamente
as Resoluções 197/03, 201/03, 202/03 e 204/03, por ter regulado inteiramente a matéria por elas tratadas, e expressamente as Resoluções n°s
202/03 e 204/03. Fatos que não caracterizaram o prejuízo da ação. Quadro fático que sugere a intenção de burlar a jurisdição
constitucional da Corte. Configurada a fraude processual com a revogação dos atos normativos impugnados na ação direta, o curso
procedimental e o julgamento final da ação não ficam prejudicados. Precedente: ADI n° 3.232/TO, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 3.10.2008.
II . REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. PRINCÍPIO DA RESERVA DE LEI. A Emenda Constitucional 19/98, com a alteração feita no art.
37, X, da Constituição, instituiu a reserva legal para a fixação da remuneração dos servidores públicos. Exige-se, portanto, lei formal e específica.
A Casa Legislativa fica apenas com a iniciativa de lei. Precedentes: ADI-MC 3.369/DF, Relator Min. Carlos Velloso, DJ 02.02.05; ADI-MC 2.075,
Rel. Min. Celso de Mello, DJ 27.06.2003. As resoluções da Câmara Distrital não constituem lei em sentido formal, de modo que vão de encontro ao
disposto no texto constitucional, padecendo, pois, de patente inconstitucionalidade, por violação aos artigos 37, X; 51, IV; e 52, XIII, da
Constituição Federal. III . AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE.

Emagis ADI 2549 ADI - Ausência de Para o STF é cabível a impugnação de todo um Diploma Legal na via do controle abstrato de constitucionalidade, ainda que não tenham sido
indicação dos especificamente indicados os artigos dessa Lei que estariam colidindo com a Carta Magna. Nesse diapasão, confira-se: "Rejeição da preliminar de
dispositivos inépcia da petição inicial pela ausência de indicação dos dispositivos legais apontados como violadores da Constituição Federal. Deixou evidenciado
violadores à CF - o autor que, no seu entender, os textos legais são, na sua integralidade, violadores do ordenamento constitucional pátrio. Possibilidade.
Possibilidade - Precedentes do STF.” (ADI 2.549)
Impugnação integral

Emagis ADI 4048 ADI - Impgnação de Embora tradicionalmente o Supremo viesse entendendo que as normas orçamentárias - por serem de natureza concreta - não poderiam se
Leis orçamenttárias - sujeitar ao controle concentrado de constitucionalidade, houve uma reviravolta em sua jurisprudência que, hoje, admite que tais leis
Possibilidade orçamentárias seja impugnadas nesta via do processo objetivo. Bem explicando esse panorama, colhemos o seguinte trecho de voto do
Min. Luiz Fux divulgada no último Informativo do STF (n. 660): "(...) destaco que a admissibilidade de impugnação, em sede de controle abstrato,
de leis orçamentárias foi reconhecida por este Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADIn nº 4.048-MC/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes. (...)
no citado precedente operou-se a virada na tradicional jurisprudência desta Corte para assentar a plena “possibilidade de submissão das normas
orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade”.

CESPE Para o STF, o indeferimento da medida cautelar na ADI não significa confirmação da constitucionalidade da lei com efeito vinculante
- CORRETO

A existência de decisão plenária, proferida em sede de controle normativo abstrato, de que tenha resultado o indeferimento do pedido de medida
cautelar, não impede que se proceda, desde logo, por meio do controle difuso, ao julgamento de causas em que se deva resolver, "incidenter
tantum", litígio instaurado em torno de idêntica controvérsia constitucional. - RE 500306 ED

Somente as decisões concessivas das liminares em ADIs e ADCs é que se dotam de efeito vinculante - Rcl 3233
ADI POR OMISSÃO

B) Uma vez proposta a ADI por omissão, todos os demais legitimados podem manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada
de documentos reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais.
Questão Participação dos
(C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 demais legitimados
- Os demais titulares referidos no art. 2o desta Lei poderão manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos
reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais (art. 12-E, § 1º, Lei 9.868/99).
há de se fazer referência à parcela da doutrina que defende ser cabível, ao lado da ADI por omissão, também a ADI tradicional, visto que,
existindo lei, ainda que deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto,
ADI por omissão - haveria uma espécie de fungibilidade entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se consignar que o STF, ao
STF fungibilidade por ADI julgar a ADI 1439 MC/DF, asseverou expressamente que “a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que
(violação positiva) se registram entre o controle abstrato por ação e a fiscalização concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a
possibilidade de conversão da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de
inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto constitucional”

ADPF

C) Sendo a ADPF espécie de controle concentrado que visa evitar ou reparar lesão às normas que, materialmente constitucionais, fazem parte da
Constituição formal, e não à Constituição em seu conjunto, não cabe reclamação para o STF no caso de descumprimento da decisão.
Questão
ADPF - Reclamação (E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na forma do seu Regimento Interno (art. 13,
Lei 9.882/99).
STF - ADPF - ADI - P. Em preliminar, com base no princípio da fungibilidade, conheceu-se da argüição de descumprimento de preceito fundamental como ação
578
Pleno Fungibilidade direta de inconstitucionalidade (Lei 9.882/99, art. 4º, § 1º)
Declaração de Inconstitucionalidade de interpretação judicial em sede de ADPF - declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as
STF - ADPF - Importação de interpretações, incluídas as judicialmente acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de pneus usados de qualquer espécie,
552
Pleno pneus usados aí insertos os remoldados. As decisões que autorizaram a importação de pneus usados ou remoldados teriam afrontado os preceitos
constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Não é a simples existência de um outro meio que afasta a utilização da ADPF, porque ela, como processo objetivo, visa a sanar, de uma vez por
STF - ADPF -
561 todas, a lesão causada pelo Poder Público. Assim, a existência de mecanismos eventuais de proteção de caráter individual não elide a
Pleno Subsidiariedade
utilização da ADPF (é o caso da possibilidade de MS, ou da impetração de recursos).
D) O STF, seguindo a doutrina constitucional majoritária, entende que a ADPF é cabível contra ato do poder público de natureza administrativa ou
normativa, mas não contra ato judicial.
Questão ADPF - Objeto - Ato
(E) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1 judicial
- possibilidade de ADPF contra ato judicial - ADPF 167 (impugnação de decisão do TSE); ADPF 101 (impugnação das decisões judiciais que
admitiam importação de pneus usados).
ADPF - Objeto - Veto jurisprudência do STF não enxergou no veto do Chefe do Poder Executivo objeto idôneo a ser colocado no centro de uma ADPF, sobretudo
STF Questão
Presidencial quando tal veto ainda pende de análise política por parte do Poder Legislativo. Eis o histórico precedente – ADPF n. 1
sendo a ADPF um mecanismo do controle concentrado de constitucionalidade, não cabe nela discutir eventual ilegalidade do decreto
ADPF - Objeto -
STF Questão regulamentar que teria desbordado da lei a cuja regulamentação se destina, problema que, no máximo, representaria afronta reflexa à
decreto regulamentar
Constituição.
à luz da Lei n. 9.882/99, a ADPF deve recair sobre ato do poder público não mais suscetível de alterações. A proposta de emenda à
ADPF - Objeto - constituição não se insere na condição de ato do poder público pronto e acabado, porque ainda não ultimado o seu ciclo de formação.
STF Questão Proposta de EC. Ademais, o Supremo Tribunal Federal tem sinalizado no sentido de que a argüição de descumprimento de preceito fundamental veio a completar o
Impossibilidade sistema de controle objetivo de constitucionalidade. Assim, a impugnação de ato com tramitação ainda em aberto possui nítida feição de controle
preventivo e abstrato de constitucionalidade, o qual não encontra suporte em norma constitucional-positiva.
ADPF - Revisão de SV A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento
STF Questão
- Impossibilidade de súmula vinculante.
ADPF - Revisão de O enunciado da Súmula desta Corte, indicado como ato lesivo aos preceitos fundamentais, não consubstancia ato do Poder Público, porém
STF Questão Súmula - tão somente a expressão de entendimentos reiterados seus. À argüição foi negado seguimento. Os enunciados são passíveis de revisão
Impossibilidade paulatina. A argüição de descumprimento de preceito fundamental não é adequada a essa finalidade.
Questão Ao contrário da ADC, a ADPF não exige a demonstração de controvérsia judicial relevante. ERRADA
CESPE -
AGU/2012 A assertiva está incompleta e, portanto, ERRADA, por ter tratado a ADPF de modo genérico, sem distinguir os tipos de ADPF. Com base na Lei nº
9.882/99, existem dois tipos de ADPF: a ADPF autônoma e a ADPF incidental. Somente a segunda exige a demonstração de
controvérsia judicial relevante:

Art. 3o A petição inicial deverá conter:


I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado;
II - a indicação do ato questionado;
III - a prova da violação do preceito fundamental;
IV - o pedido, com suas especificações;
V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera
violado.

Por isso, a assertiva está ERRADA, uma vez que, na ADPF incidental, é exigida a demonstração de controvérsia judicial relevante.

24) O que se pretende na ADPF no. 54 (crime de aborto do CP)?


Resposta:
Oral TRF1 ADPF 54 A ADPF 54 versa sobre a possibilidade de aborto nos casos de gestação de feto anencéfalo, quando a vida extrauterina se revela inviável. Com
fundamento, principalmente, no princípio da dignidade da pessoa humana, o STF considerou ser possível a interrupção da gestação neste caso
(ver informativo 661).

DIVERSOS

SÚMULA Nº 674
STF Súm 674 A anistia prevista no art. 8º do ato das disposições constitucionais transitórias não alcança os militares expulsos com base em
legislação disciplinar ordinária, ainda que em razão de atos praticados por motivação política.
P. da Declarou inconstitucional a Lei de Estado-membro que criou milhares de cargos em comissão, ao entender que viola o princípio da
Proporcionalidade - proporcionalidade e da moralidade administrativa uma evidente desproporção entre número de cargos de provimento em comissão e os de
Criação de cargos em provimento efetivo. Ademais, a lei não observou o disposto no art. 37, V, da CF, haja vista que grande parte dos cargos criados referir-se-ia a
STF Pleno 590 comissão em número áreas eminentemente técnicas e operacionais, não se revestindo de natureza de chefia, direção ou assessoramento, o que estaria a burlar,
desproporcional ao por conseguinte, a exigência constitucional do concurso público (CF, art. 37, II). Tendo em vista a essencialidade dos cargos, fixou-se o prazo de
número dos cargos 12 meses para que se reveja as nomeações feitas e se substitua pelo provimento de cargos efetivos já existentes de igual natureza, ou criando
efetivos novos cargos e preenchendo-os mediante realização de concurso público.
Ante a ocorrência de prescrição, o Plenário, por maioria, julgou extinta ação originária especial, ajuizada em 2.4.2008, por militar cassado pelo
Prescrição - Anistiado
Ato Institucional 5 (AI-5). Consignou-se que o exercício do direito colimado nascera em 5.10.88, com a promulgação da Constituição, e não a
STF Pleno 635 - Termo inicial - Prazo
partir da Lei 10.599/2002, diploma normativo que, por sua vez, não regulamentara o fundamento do pedido em tela — art. 9º do ADCT. STF
quinquenal
entendeu pela aplicação do Decreto 20.910/32, que regulamenta a prescrição qüinqüenal em face da Fazenda Pública.
Conselho Disciplinar
de polícia -
tem respaldo constitucional a participação de Promotor de Justiça e/ou Procurador de Estado em Conselho Disciplinar da Polícia
STJ Questão participação de
destinado à apuração de infração de servidor vinculado a este órgão público.
promotor ou
procurador de Estado
C) A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Questão
Política Urbana (C) – GABARITO PRELIMINAR
TRF1
- (art. 182, § 2º, CF).
A) Ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade ocorrida no âmbito do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder
Controle Interno -
Questão Judiciário, os responsáveis pelo controle interno dela devem dar ciência à Controladoria Geral da União, sob pena de responsabilidade solidária.
Controladoria Geral da
TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
União
- a falta de comunicação não caracterizará responsabilidade solidária.
O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa - a chamada capacidade normativa de conjuntura - no exercício da
Competência
STF Pleno ADI 2591 qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de
normativa - CMN
suas atividades no plano do sistema financeiro.
A organização das serventias extrajudiciais e dos serviços por elas desempenhados está inserida na seara da organização judiciária, para
a qual se exige a edição de lei formal, de iniciativa privativa dos Tribunais de Justiça.
Serventias
STF Pleno 656 Os notários e registradores NÃO são considerados serviços auxiliares do Poder Judiciário.
extrajudiciais
O desmembramento, desdobramento, extinção, acumulação, desacumulação, anexação, desanexação e modificação de serventias notariais ou
registrais somente ocorre mediante lei.
Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em regra, por meio de precatório.
Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de precatório. Caso a condenação tenha decorrido de uma ação
proposta por litisconsortes ativos, o “pequeno valor” para fins de dispensa do precatório será considerado individualmente para cada
STF 1aT 662 RPV
litisconsorte, não devendo ser somada a quantia devida a todos.

Esse entendimento já foi manifestado pela 2aT


STF jurisprudência do STF reputou constitucional o passe-livre concedido, pela Lei 8.899/94, aos portadores de necessidades especiais,
relativamente ao transporte coletivo interestadual:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL,
INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS - ABRATI. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, QUE
CONCEDE PASSE LIVRE ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA, DA
ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DO DIREITO DE PROPRIEDADE, ALÉM DE AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO (ARTS. 1º, INC.
IV, 5º, INC. XXII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA): IMPROCEDÊNCIA. 1. A Autora, associação de associação de classe, teve sua
legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade reconhecida a partir do julgamento do Agravo Regimental na Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 3.153, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 9.9.2005. 2. Pertinência temática entre as finalidades da Autora e a matéria veiculada
na lei questionada reconhecida. 3. Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar efetividade ao que foi
ajustado. 4. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a
igualdade de oportunidades e a humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da
pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada
improcedente. (STF, ADI 2649, Rel. Min. Carmen Lúcia, DJe de 16/10/2008)

STF ADI 4568 Salário mínimo - A exigência constitucional de lei formal para fixação do valor do salário mínimo está atendida pela Lei n. 12.382/2011. A utilização de decreto
Pleno Valor nominal presidencial, definida pela Lei n. 12.382/2011 como instrumento de anunciação e divulgação do valor nominal do salário mínimo de 2012 a 2015,
divulgado por decreto não desobedece o comando constitucional posto no inc. IV do art. 7o. da Constituição do Brasil. A Lei n. 12.382/2011 definiu o valor do
- Possibilidade salário mínimo e sua política de afirmação de novos valores nominais para o período indicado. Cabe ao Presidente da República,
exclusivamente, aplicar os índices definidos legalmente para reajuste e aumento e divulgá-los por meio de decreto, pelo que não
há inovação da ordem jurídica nem nova fixação de valor. (DJe de 29/03/2012)

STF 610 Precatório - Em conclusão, o Plenário, por maioria, deferiu pedidos de medida cautelar em duas ações diretas de inconstitucionalidade, ajuizadas pelo
Pleno suspensão do 78, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, para suspender, até julgamento
ADCT final das ações diretas, a eficácia do art. 2º da EC 30/2000, que introduziu o art. 78 e seus parágrafos no ADCT da CF/88,
determinando que, “ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos liberados ou
depositados em juízo, os precatórios pendentes na data da promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de
dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas,
no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos” — v. Informativos 257, 359 e 574. O Min. Celso de Mello, ao proferir voto de
desempate relativamente aos precatórios pendentes, suspendeu cautelarmente no caput do art. 78 do ADCT, introduzido pela EC 30/2000, a
expressão “os precatórios pendentes na data da promulgação desta Emenda”. Inicialmente, salientou que o regime constitucional de execução por
quantia certa contra o Poder Público, qualquer que seja a natureza do crédito exeqüendo — ressalvadas as obrigações definidas em lei como de
pequeno valor —, imporia a necessária extração de precatório cujo pagamento deve observar a regra fundamental que outorga preferência a
quem dispuser de precedência cronológica, em obséquio aos princípios ético-jurídicos da moralidade, impessoalidade e igualdade. Aduziu, em
seqüência, que esse instrumento de requisição judicial de pagamento teria por finalidade: 1) assegurar a igualdade entre os credores e proclamar
a inafastabilidade do dever estatal de solver os débitos judicialmente reconhecidos em decisão transitada em julgado; 2) impedir favorecimentos
pessoais indevidos e c) frustrar tratamentos discriminatórios, evitando injustas perseguições ou preterições motivadas por razões destituídas de
legitimidade jurídica. ADI 2356 MC/DF, rel. orig. Min. Néri da Silveira, red. p/ o acórdão Min. Ayres Britto, 25.11.2010. (ADI-2356)

Reputou, conforme já afirmado pelo relator, que o Congresso Nacional, ao impor o parcelamento impugnado aos precatórios pendentes de
liquidação na data de publicação da referida emenda, incidira em múltiplas transgressões à Constituição, porquanto teria desrespeitado a
integridade de situações jurídicas definitivamente consolidadas, prejudicando, assim, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o
direito adquirido, além de haver violado o princípio da separação de poderes e o postulado da segurança jurídica. Consignou,
ademais, que a formulação constante do art. 33 do ADCT não poderia ser invocada por aquele ente legislativo como paradigma
legitimador da cláusula em exame, dado que resultara de deliberação soberana emanada de órgão investido de funções
constituintes primárias, insuscetíveis de limitação de ordem jurídica. Enfatizou que a procrastinação no tempo do pagamento dos
precatórios judiciários pendentes na data da promulgação da EC 30/2000, com os respectivos valores parcelados em até 10 anos, culminaria por
privar de eficácia imediata a própria sentença judicial com trânsito em julgado. Ressaltou, também, que a norma questionada comprometeria a
própria decisão que, subjacente à expedição do precatório pendente, estaria amparada pela autoridade da coisa julgada, o que vulneraria o
postulado da separação de poderes, bem como afetaria um valor essencial ao Estado Democrático de Direito, qual seja, a segurança jurídica.
Vencida a Min. Ellen Gracie, que deferia parcialmente a cautelar para suspender apenas a eficácia da expressão “e os que decorram de ações
judicias ajuizadas até 31 de dezembro de 1999” e os Ministros Eros Grau, Joaquim Barbosa, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, que a indeferiam
integralmente. ADI 2356 MC/DF, rel. orig. Min. Néri da Silveira, red. p/ o acórdão Min. Ayres Britto, 25.11.2010. (ADI-2356)

SÚMULA VINCULANTE Nº 4
Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
STF SV 4
STF - Informativo 611 - Citou, em seguida, o julgamento do RE 565714/SP (DJe de 8.8.2008), no qual a Corte expressamente teria consignado a
possibilidade extraordinária de manutenção do salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade com o objetivo de
preservar a irredutibilidade de salários - ponderação, no caso, da aplicação da SV 4

SÚMULA VINCULANTE Nº 18
STF SV 18 A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14
da Constituição Federal.

.Questões discursivas

Pergunta Gabarito Fonte

Questão do X Concurso Público para Juiz Federal Substituto a situação de inconstitucionalidade por omissão emerge quando o Poder Público, quer EMAGIS - Rodada
do TRF-5 (2009). 41
através do Legislativo, quer através de órgão administrativo com função regulamentar, deixa de editar
Estabeleça, com a devida fundamentação, as diferenças o ato normativo (lei ou regulamento) necessário à concretização de preceito constitucional, o qual, na
entre a situação de inconstitucionalidade por omissão
difundida classificação de José Afonso da Silva, poderia ser qualificado como de eficácia limitada.
geral e a de inconstitucionalidade por omissão parcial, no que
se refere aos instrumentos de controle. Cuida-se de uma dentre as várias causas para o que se convencionou chamar de "síndrome de

inefetividade das normas constitucionais". A ofensa à Lei Maior aqui, diferentemente do que ocorre na

situação de inconstitucionalidade por ação, muito mais difundida e estudada, se dá por meio de uma

inércia dos órgãos estatais, enquanto Poderes Constituídos, que deixam de adotar as providências

necessárias a tornar efetivo o texto constitucional.

Como o próprio enunciado já adianta, a inconstitucionalidade por omissão pode se revelar de duas

formas: omissão geral e omissão parcial. Na primeira, também chamada de omissão total, há um

completo vácuo normativo, pois nenhuma norma foi editada a fim de conferir eficácia a determinado

dispositivo da Constituição que assim o exigia. O exemplo mais citado é o caso do art. 37, VII, segundo o

qual o direito de greve dos servidores públicos “será exercido nos termos e nos limites definidos em lei

específica”, lei esta nunca editada. Já a omissão parcial ocorre quando, a despeito de existir lei ou ato

normativo disciplinando a matéria constitucional carente de plena eficácia, o diploma

infraconstitucional não atende integralmente às exigências do Texto Fundamental, seja porque se

mostrou insuficiente para atender os fins almejados, seja porque se revelou anti-isonômico em relação

aos sujeitos objeto da regulamentação. Estas duas hipóteses, por sinal, correspondem às duas

subespécies nas quais pode ser dividida a inconstitucionalidade por omissão parcial.

A primeira é omissão parcial propriamente dita, que se verifica quando o teor da lei existente é

deficiente por não lograr atingir a finalidade inspiradora do dispositivo da Constituição. Exemplo típico

é o caso do art. 7º, IV, que, ao prever o salário mínimo como direito básico dos trabalhadores urbanos e

rurais, determina que o mesmo seja fixado em lei e nacionalmente unificado, devendo ser “capaz de

atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,

saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe

preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. É que, como se sabe, as

sucessivas leis que fixaram o valor do salário mínimo nunca o estipularam em um patamar suficiente

para que efetivamente cumprisse as funções previstas na Carta de 1988. Sobre o ponto, vale trazer à

baila trecho do acórdão lavrado na ADI 1439 MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, no qual se

enfrentou o tema, concluindo o tribunal ali pela efetiva omissão parcial da lei, mas limitando-se a
declarar a inércia do Poder Legislativo, comunicando-o de tal fato, sem, contudo, garantir nenhum

outro efeito concreto ao pronunciamento (falaremos mais adiante sobre isso). Verbis:

“SALÁRIO MÍNIMO - VALOR INSUFICIENTE - SITUAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

POR OMISSÃO PARCIAL. - A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido em

importância que se revele incapaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e dos

membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição da

República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o sujeito concretizante do postulado

constitucional que garante à classe trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art. 7º, IV), estará

realizando, de modo imperfeito, o programa social assumido pelo Estado na ordem jurídica. - A omissão

do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto

constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis

que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que

nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos

postulados e princípios da Lei Fundamental. - As situações configuradoras de omissão inconstitucional -

ainda que se cuide de omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do

conteúdo material da norma impositiva fundada na Carta Política, de que é destinatário - refletem

comportamento estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como

um dos processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do

Poder Judiciário. (...) - Não assiste ao Supremo Tribunal Federal, contudo, em face dos próprios limites

fixados pela Carta Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º), a

prerrogativa de expedir provimentos normativos com o objetivo de suprir a inatividade do órgão

legislativo inadimplente.”

A segunda espécie é a denominada omissão parcial relativa, que ocorre quando a lei, a pretexto de

conferir eficácia normativa a preceito constitucional, disciplina determinada matéria de forma não

isonômica, discriminando desmotivada e desarrazoadamente pessoas ou situações que demandariam

tratamento idêntico. Tal se dá com certa frequência em tema de concessão de vantagens ou fixação de

vencimentos de servidores públicos. Presente tal contexto, o Judiciário se vê diante de um dilema:

declarar a lei inconstitucional e anular o aumento ou a vantagem concedida (o que, para alguns, geraria

um agravamento da situação de inconstitucionalidade), ou estender o benefício a todos os que deveriam


desde o início ter sido abrangidos pelo diploma legal (o que, ao menos em tese, ofenderia o princípio da

separação de poderes)? Tradicionalmente, o Supremo Tribunal Federal, quando se viu perante tal

dilema, sempre optou por uma via intermediária (e mais cômoda, diga-se de passagem), consistente em

não reconhecer a inconstitucionalidade da lei sob a justificativa de que descrímen seria fruto do legítimo

exercício do poder discricionário do legislador, e também em não estender seus efeitos, pois careceria o

Judiciário de função legislativa positiva. Com base em tal posicionamento, inclusive, foi editada sua

Súmula nº 339. Veja-se:

Súmula nº 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar

vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Ocorre que mais recentemente, mesmo sem cancelar ou declarar superada a súmula acima citada, o STF

aparentemente tem alterado seu posicionamento. Ao menos o fez uma vez, quando apreciou a

constitucionalidade das Leis nºs 8.622/93 e 8.627/93, que concederam aumentos diferenciados para

servidores públicos civis e militares. Nesta oportunidade, a Suprema Corte entendeu que a situação anti-

isonômica deveria ser desfeita com a extensão do aumento maior (garantido a apenas algumas classes) a

todos os servidores, feitas as devidas compensações. Nesse sentido, editou a Súmula nº 672. Littreis:

Súmula nº 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8.622/93 e

8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações

decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

Apesar de já se ter adiantado alguns aspectos, analisemos agora os instrumentos de controle passíveis de

ser utilizados ante a inconstitucionalidade por omissão geral e parcial.

O primeiro é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prevista no art. 103, § 2º, da

Constituição Federal de 1988. Cuida-se de instrumento de controle concentrado e abstrato da

compatibilidade da inação estatal diante do texto constitucional, instaurando processo de natureza

objetiva, cuja decisão, consequentemente, gera efeitos erga omnes e vinculante. A legitimidade para sua

propositura cabe aos mesmos que podem propor a ADI tradicional e a competência privativa para seu

julgamento é do Supremo Tribunal Federal. Sua disciplina encontra-se na Lei nº 9.868/99, mais

especificamente no art. 12-A e seguintes. No art. 12-B, a referida lei expressamente reconhece a

possibilidade de a ação direta ter por objeto tanto os casos de omissão total como parcial. Já o art. 12-F

prevê a possibilidade de o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, conceder medida
cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que,

em sendo parcial, poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado (§

2º), ou, em qualquer hipótese, na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos,

ou, ainda, em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. No que se refere aos efeitos da decisão que

em ADI reconhece a omissão inconstitucional, tanto o art. 103, § 2º, da Constituição Federal, quanto o

art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99, estipulam que, cuidando-se de inação atribuível ao Poder Executivo,

uma vez sendo este comunicado do decisum, deverá tomar a providências necessárias no prazo de 30

dias ou em outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo STF. No entanto, caso a

omissão seja do Poder Legislativo a Corte Suprema limitar-se-á a comunicá-lo da decisão

reconhecedora da mora, não podendo, contudo, constrangê-lo a adotar qualquer providência, embora o

exorte a tanto. Como se vê, em se cuidando de mora legislativa, a ADI acaba por se revelar instrumento

de pouca utilidade prática, como ocorreu, por exemplo, no feito em que se questionou a omissão parcial

da lei do salário mínimo, acima mencionada.

O segundo dos instrumentos processuais manejáveis é o mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI,

da Constituição Federal nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta

de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das

prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Aqui, as hipóteses de cabimento

são mais restritas que aquelas da ADI, contudo, em contrapartida, a legitimidade para sua propositura é

amplíssima, vez que aberta a todos aqueles que se virem impossibilitados de exercer qualquer dos

direitos ou liberdades constitucionais aludidos pelo citado inciso LXXI ante a ausência da necessária

norma regulamentadora. Através do mandado de injunção, exerce-se o controle da constitucionalidade

da omissão por via de exceção ou difusa, instaurando-se processo de índole subjetiva, que, por isso

mesmo, terá os efeitos de sua decisão restritos aos sujeitos do processo em que proferida. No tocante a

estes [os efeitos da decisão no mandado de injunção], cumpre destacar que o STF, após um período

inicial no qual adotou uma postura mais auto-restritiva (self restraint), praticamente equiparando os

efeitos do acórdão concessivo da injunção àquele da ADI por omissão, mais recentemente assumiu uma

postura mais ativa no se refere a este remédio heróico, para, conferindo-lhe a eficácia almejada pelo

constituinte Originário, passar a entender ser possível ao Tribunal disciplinar concretamente o direito ou

a liberdade constitucional cujo gozo estava sendo inviabilizado pela omissão do Poder Público, nem que
para isso tenha que se valer da analogia com outras normas. Foi o que se deu no julgado do Mandado

de Injunção nº 708/DF, no que ficou decidido que, diante da inércia do Legislativo em regulamentar o

direito de greve dos servidores públicos, dever-se-ia aplicar as normas que disciplinam a greve no setor

privado. Ficou ali consignado que “o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente

fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de

injunção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para

a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV).”.

Ainda sobre o mandado de injunção, cumpre ressaltar que em importante precedente, o MI nº 107/DF, o

Supremo consolidou seu entendimento no sentido de que a omissão a ensejar a propositura da referida

ação mandamental “tanto pode referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão

parcial”, bem como que “o STF possui competência constitucional para, na ação de mandado de

injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar

ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o

direito constitucional invocado”, e, ainda, que “esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF

determine a edição de outras medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição

de normas pelo legislador”.

Especificamente no que toca ao controle da inconstitucionalidade por omissão parcial, há de se fazer

referência a parcela da doutrina que defender ser cabível ao lado da ADI por omissão, também a ADI

tradicional, visto que, existindo lei, ainda que deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser

atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto, haveria uma espécie de fungibilidade

entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se consignar, o STF, ao

julgar a ADI 1439 MC/DF, por nós já mencionada, asseverou expressamente que “a jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que se registram entre o controle abstrato

por ação e a fiscalização concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a

possibilidade de conversão da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da

Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto

constitucional”.

Discorra sobre o incidente de deslocamento de competência O Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) foi introduzido em nosso ordenamento jurídico EMAGIS - Rodada
40
através da EC 45/04, no contexto, pois, da chamada “Reforma do Judiciário”. Veio por intermédio de
um novo parágrafo enxertado no art. 109 do Texto Maior (§ 5º), acrescendo-se, ainda, ao rol de

hipóteses deflagradoras da competência da Justiça Federal, inciso (V-A) referente às causas relativas a

grave violação de direitos humanos, dispostas neste novel § 5º.

Vejamos a redação do preceito constitucional em mira, que traça importantes pontos concernentes ao

acionamento do IDC:

“Art. 109. Omissis

§ 5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a

finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos

humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em

qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça

Federal”

A legitimidade para sua propositura, portanto, recai com exclusividade sobre o Procurador-Geral da

República, que deverá fazê-lo perante o Superior Tribunal de Justiça – em sintonia, aliás, com o antigo

dispositivo constitucional que outorga a essa Corte competência para dirimir conflitos entre órgãos

jurisdicionais vinculados a Tribunais diversos (CF, art. 105, I, ‘d’). Em que momento poderá ajuizá-lo?

Deixa claro o Texto Magno, também, que a medida é cabível tanto na esfera inquisitorial quanto no

curso da ação, não apondo limites, ademais, ao grau de jurisdição no qual tramita a demanda, o que

leva a crer pelo cabimento, inclusive, quando transitar pela fase recursal.

O que justifica a criação do IDC? Sem dúvida, não há que se cogitar em qualquer espécie de

diferenciação qualitativa no que tange à jurisdição prestada no terreno da Justiça Federal diante

daquela entregue na seara da justiça dos Estados. Tampouco se pode afirmar, sob o ângulo estritamente

jurídico, que a Justiça Federal esteja menos sujeita a pressões e ameaças que interfiram na

independência do julgamento, embora aspectos circunstanciais possam, aqui e acolá, revelá-lo no plano

fático (por exemplo, o fato de a Justiça Federal não estar tão interiorizada, encontrando-se mais

próxima, portanto, de centros urbanos onde a presença do Estado é mais sentida pela população).

O ponto central reside, sim, na possibilidade de a União ser responsabilizada no plano internacional

mercê do descumprimento de obrigações por ela assumidas – lembre-se que somente a União pode

manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais (CF, art. 21, I) –

em sede de tratados de direitos humanos. E isso pode se dar exatamente em razão da atuação de um
ramo do Judiciário que esteja, na visão dos órgãos internacionais incumbidos de zelar pelo atendimento

a tais tratados, a materializar grave violação dos direitos humanos. Por conta disso é que se torna

admissível que a União, para evitar ou mesmo remediar essa afronta aos direitos humanos consagrados

pela comunidade das nações e que está a impulsionar a sua responsabilização no plano internacional,

traga para o cenário da Justiça Federal o destrinçamento do caso, de sorte a que a atuação da Justiça

dos Estados não seja o fator determinante dessa responsabilidade, o que refugiria ao alcance daquele

ente federado. Nessa linha - convém citá-lo - é que palmilha o art. 28 da Convenção Americana sobre

Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, internalizado através do Decreto 678/92):

“Artigo 28

1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido

Estado-Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre

as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades

componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em

conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as autoridades competente das referidas

entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.”

No mais, o que é necessário a fim de que esse deslocamento de competência para a Justiça Federal se

opere? Do próprio texto da CF/88 já é possível depreender dois desses requisitos: (a) a existência de

grave violação aos direitos humanos e (b) o risco de responsabilização da República Federativa do Brasil

devido à inobservância de obrigações assumidas em tratados internacionais de direitos humanos, haja

vista a finalidade da medida consistir exatamente em garantir o cumprimento de tais obrigações. A

jurisprudência do STJ, outrossim, acrescentou um terceiro pressuposto: (c) a incapacidade das instâncias

e autoridades locais em oferecer respostas efetivas a essa grave violação de direitos humanos. Em que

pese não constar expressamente no Texto Constitucional esse último requisito, certo é que sua

consagração revela-se adequada na medida em que impede uma ampliação em excesso dos casos em que

esse deslocamento será cabível, ao mesmo tempo em que concretiza o princípio da proporcionalidade

como fator de legitimação dessa alteração superveniente da competência para processar e julgar a

demanda.

Impende assinalar que esses três requisitos podem ser claramente extraídos dos dois IDC’s já julgados
pelo STJ. No caso primevo – em que se pretendia o deslocamento para a Justiça Federal da persecutio

criminis pertinente ao assassinato da Irmã Dorothy Stang, ocorrido no Pará por problemas ligados à

implementação da Reforma Agrária -, negou-se o pleito formulado pelo PGR; no segundo (caso “Manoel

Bezerra de Mattos Neto”), contudo, à luz dos mesmos parâmetros, deferiu-se o deslocamento a fim de

que ficasse a cargo da Justiça Federal processar e julgar ação penal pertinente ao homicídio de um

vereador e advogado que atuava no interior dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, denunciando

perigoso grupo de extermínio situado na região fronteiriça entre esses entes federados. Eis a ementa

desses relevantes julgados:

CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO.

(VÍTIMA IRMÃ DOROTHY STANG). CRIME PRATICADO COM GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS

HUMANOS. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA – IDC. INÉPCIA DA PEÇA

INAUGURAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA. PRELIMINARES REJEITADAS.

VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E À AUTONOMIA DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO.

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RISCO DE DESCUMPRIMENTO DE

TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELO BRASIL SOBRE A MATÉRIA NÃO CONFIGURADO

NA HIPÓTESE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO.

1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da vítima e/ou da repercussão do fato

no cenário nacional ou internacional, representa grave violação ao maior e mais importante de todos os

direitos do ser humano, que é o direito à vida, previsto no art. 4º, nº 1, da Convenção Americana sobre

Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário por força do Decreto nº 678, de 6/11/1992, razão por

que não há falar em inépcia da peça inaugural.

2. Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil que o constituinte

derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que passariam para a competência da Justiça

Federal, sob pena de restringir os casos de incidência do dispositivo (CF, art. 109, § 5º), afastando-o de

sua finalidade precípua, que é assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados

internacionais firmados pelo Brasil sobre a matéria, examinando-se cada situação de fato, suas

circunstâncias e peculiaridades detidamente, motivo pelo qual não há falar em norma de eficácia

limitada. Ademais, não é próprio de texto constitucional tais definições.

3. Aparente incompatibilidade do IDC, criado pela Emenda Constitucional nº 45/2004, com qualquer
outro princípio constitucional ou com a sistemática processual em vigor deve ser resolvida aplicando-se

os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

4. Na espécie, as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na apuração dos fatos que resultaram

na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, com o objetivo de punir os responsáveis,

refletindo a intenção de o Estado do Pará dar resposta eficiente à violação do maior e mais importante

dos direitos humanos, o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a

Justiça Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do processo

criminal e atrasar o seu desfecho, utilizando-se o instrumento criado pela aludida norma em desfavor de

seu fim, que é combater a impunidade dos crimes praticados com grave violação de direitos humanos.

5. O deslocamento de competência – em que a existência de crime praticado com grave violação aos

direitos humanos é pressuposto de admissibilidade do pedido – deve atender ao princípio da

proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), compreendido na

demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados

internacionais firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de

condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida persecução penal. No

caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que se acolha o incidente.

6. Pedido indeferido, sem prejuízo do disposto no art. 1º, inc. III, da Lei nº 10.446, de 8/5/2002. (STJ,

Terceira Seção, IDC 1, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 10/10/2005)

INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇAS ESTADUAIS DOS ESTADOS DA

PARAÍBA E DE PERNAMBUCO. HOMICÍDIO DE VEREADOR, NOTÓRIO DEFENSOR DOS

DIREITOS HUMANOS, AUTOR DE DIVERSAS DENÚNCIAS CONTRA A ATUAÇÃO DE GRUPOS DE

EXTERMÍNIO NA FRONTEIRA DOS DOIS ESTADOS. AMEAÇAS, ATENTADOS E ASSASSINATOS

CONTRA TESTEMUNHAS E DENUNCIANTES. ATENDIDOS OS PRESSUPOSTOS

CONSTITUCIONAIS PARA A EXCEPCIONAL MEDIDA.

1. A teor do § 5.º do art. 109 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional n.º

45/2004, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal fundamenta-se,

essencialmente, em três pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de

responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em

tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas


efetivas.

2. Fatos que motivaram o pedido de deslocamento deduzido pelo Procurador-Geral da República: o

advogado e vereador pernambucano MANOEL BEZERRA DE MATTOS NETO foi assassinado em

24/01/2009, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer diversas ameaças e vários atentados, em

decorrência, ao que tudo leva a crer, de sua persistente e conhecida atuação contra grupos de

extermínio que agem impunes há mais de uma década na divisa dos Estados da Paraíba e de

Pernambuco, entre os Municípios de Pedras de Fogo e Itambé.

3. A existência de grave violação a direitos humanos, primeiro pressuposto, está sobejamente

demonstrado: esse tipo de assassinato, pelas circunstâncias e motivação até aqui reveladas, sem dúvida,

expõe uma lesão que extrapola os limites de um crime de homicídio ordinário, na medida em que fere,

além do precioso bem da vida, a própria base do Estado, que é desafiado por grupos de criminosos que

chamam para si as prerrogativas exclusivas dos órgãos e entes públicos, abalando sobremaneira a

ordem social.

4. O risco de responsabilização internacional pelo descumprimento de obrigações derivadas de tratados

internacionais aos quais o Brasil anuiu (dentre eles, vale destacar, a Convenção Americana de Direitos

Humanos, mais conhecido como "Pacto de San Jose da Costa Rica") é bastante considerável, mormente

pelo fato de já ter havido pronunciamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com

expressa recomendação ao Brasil para adoção de medidas cautelares de proteção a pessoas ameaçadas

pelo tão propalado grupo de extermínio atuante na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco, as

quais, no entanto, ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Além do homicídio de MANOEL

MATTOS, outras três testemunhas da CPI da Câmara

dos Deputados foram mortos, dentre eles LUIZ TOMÉ DA SILVA FILHO, ex-pistoleiro, que decidiu

denunciar e testemunhar contra os outros delinquentes. Também FLÁVIO MANOEL DA SILVA,

testemunha da CPI da Pistolagem e do Narcotráfico da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba,

foi assassinado a tiros em Pedra de Fogo, Paraíba, quatro dias após ter prestado depoimento à Relatora

Especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais. E, mais recentemente, uma

das testemunhas do caso Manoel Mattos, o Maximiano Rodrigues Alves, sofreu um atentado a bala no

município de Itambé, Pernambuco, e escapou por pouco. Há conhecidas ameaças de morte contra

Promotores e Juízes do Estado da Paraíba, que exercem suas funções no local do crime, bem assim
contra a família da vítima Manoel Mattos e contra dois Deputados Federais.

5. É notória a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas,

reconhecida a limitação e precariedade dos meios por elas próprias. Há quase um pronunciamento

uníssono em favor do deslocamento da competência para a Justiça Federal, dentre eles, com especial

relevo: o Ministro da Justiça; o Governador do Estado da Paraíba; o Governador de Pernambuco; a

Secretaria Executiva de Justiça de Direitos Humanos; a Ordem dos Advogados do Brasil; a

Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Paraíba.

6. As circunstâncias apontam para a necessidade de ações estatais firmes e eficientes, as quais, por

muito tempo, as autoridades locais não foram capazes de adotar, até porque a zona limítrofe

potencializa as dificuldades de coordenação entre os órgãos dos dois Estados. Mostra-se, portanto,

oportuno e conveniente a imediata entrega das investigações e do processamento da ação penal em tela

aos órgãos federais.

7. Pedido ministerial parcialmente acolhido para deferir o deslocamento de competência para a Justiça

Federal no Estado da Paraíba da ação penal n.º 022.2009.000.127-8, a ser distribuída para o Juízo

Federal Criminal com jurisdição no local do fato principal; bem como da investigação de fatos

diretamente relacionados ao crime em tela. Outras medidas determinadas, nos termos do voto da

Relatora. (STJ, Terceira Seção, IDC 2, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 22/11/2010)

Bem delimitados (i) a legitimidade para o seu ajuizamento, (ii) a competência para o seu processamento

e julgamento, (iii) o momento de instauração e (iv) os seus três requisitos essenciais, alguns outros

pontos ainda poderiam ser explorados na questão.

No que diz respeito à constitucionalidade da EC 45/04, no ponto em que deu vida ao IDC ao inserir o §

5º do art. 109 da Carta Magna, importa mencionar a existência de duas ADI’s cujo objeto é exatamente

a compatibilidade dessa reforma constitucional ao lume das chamadas cláusulas pétreas do Texto de

1988, tendo a primeira (ADI 3486) sido ajuizada pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e a

segunda (ADI 3493), pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES), ambas sob a

batuta do Min. Dias Toffoli e conclusas para julgamento desde o ano de 2009. Acerca dessa

problemática, conquanto não se tenha ainda decisão do STF dando a palavra final, pode-se afirmar que

o argumento central que esteia tais ações – uma suposta violação à garantia do juiz natural – ressai

enfraquecido diante da histórica presença em nossa legislação processual do incidente de desaforamento


(CPP, art. 427 e ss.), nunca tido por incompatível com a Constituição. Por outro lado, o pretenso

malferimento à autonomia dos Estados também pode ser refutada diante da constatação de que, em

realidade, não é a autonomia dos Estados que resta afetada, podendo-se cogitar, no máximo, de risco à

independência judicial, o que não se verifica na medida em que o Judiciário é uno e o julgamento da

causa referida no § 5º do art. 109 permanecerá sob o crivo desse Poder. De mais a mais, o juízo de

ponderação entre tais princípios passa com folgas pelo filtro de proporcionalidade, na mesma linha,

aliás, do que visto acima no julgamento do IDC 1 pelo STJ.

Não era despropositado, ainda, aludir ao cabimento do IDC em matéria de ações de cunho civil, uma vez

que os pressupostos expostos podem perfeitamente restar configurados nessa seara processual. Não

obstante o STJ ainda não o tenha reconhecido expressamente, o quadro delineado nos IDC’s 1 e 2

autoriza tal conclusão, a qual também é compartilhada pela doutrina majoritária (v.g., Fredie Didier).

Por último, registre-se que o STJ também já decidiu que a presença de amicus curiae é admissível em

sede de IDC.

Discorra brevemente sobre a imunidade material dos A imunidade material dos vereadores está prevista no inciso VIII do art. 29 da Constituição Federal, nos seguintes termos: “Art. EMAGIS - Rodada
vereadores, abordando necessariamente os seguintes 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 50
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na
tópicos; a) extenção da imunidade; b) natureza relativa ou Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e
absoluta; c) sindicabilidade em caso de abuso. votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.”

(máximo 20 linhas). Sua finalidade é assegurar o livre e desembaraçado exercício do cargo legislativo para o qual o vereador foi eleito, pois este
está ali como representante de parcela da população, exercendo o poder pertencente ao povo e que lhe foi temporalmente
delegado.

Já passando aos pontos que deveriam ser tratados na resposta, temos o seguinte:

a) No que se refere à extenção da citada imunidade, abrange esta tanto a seara civil como a penal, de como que o parlamentar
não pode ser processado criminalmente nem ser responsabilizado por eventuais danos morais que suas opiniões, palavras e
votos eventualmente causem. A imunidade estende-se às manifestações orais ou escritas, desde que motivadas pelo
desempenho do mandato (prática “in officio”) ou externadas em razão deste (prática “propter officium”). Por fim, a imunidade
tem alcance apenas nos limites da circunscrição territorial do Município, pelo que qualquer pronunciamento dado pelo
parlamentar fora da correspondente municipalidade, ainda que relacionada ao exercício da vereança, não estará imune à
responsabilização.

b) A imunidade em tela será absoluta quando disser respeito a declarações proferidas no recinto da Câmara Municipal,
notadamente se da tribuna. Por outro lado, terá natureza relativa caso refira-se a manifestações ocorridas fora da Casa
Legislativa, porém dentro dos limites do Município, pois nessa hipótese será necessário que haja a correlação, o “nexo de
implicação recíproca” entre as declarações moralmente ofensivas e o desempenho do ofício parlamentar.

c) Caso o vereador abuse da prerrogativa constitucional, valendo-se da imunidade para agredir moralmente pessoas, sem que
haja razões justificadoras para tanto, ficará sujeito ao juízo censório da própria Casa Legislativa a que pertence.

Todas essas questões foram enfrentadas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do AI 631276/SP, cujo acórdão e voto
do Min. CELSO DE MELO foram transcritos no Informativo de Jurisprudência nº 615. Colaciono-os aqui ante a profundidade da
análise feita pelo Ministro Relator.

EMENTA: VEREADOR. IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL: INVIOLABILIDADE (CF, art. 29, VIII). DISCURSO
PROFERIDO POR VEREADOR NA TRIBUNA DA CÂMARA MUNICIPAL À QUAL SE ACHA VINCULADO. IMPOSSIBILIDADE DE
RESPONSABILIZAÇÃO PENAL E CIVIL DO MEMBRO DO PODER LEGISLATIVO DO MUNICÍPIO. PRESSUPOSTOS DE INCIDÊNCIA
DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IMUNIDADE PARLAMENTAR. PRÁTICA “IN OFFICIO” E PRÁTICA “PROPTER OFFICIUM”.
RECURSO IMPROVIDO.

- A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 29, VIII, c/c o art. 53, “caput”) exclui a
responsabilidade civil (e também penal) do membro do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores), por danos
eventualmente resultantes de manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática “in
officio”) ou externadas em razão deste (prática “propter officium”).

- Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às
opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos
limites territoriais do Município a que se acha funcionalmente vinculado. Precedentes.

- A EC nº 35/2001, ao dar nova fórmula redacional ao art. 53, “caput”, da Constituição da República, consagrou diretriz, que,
firmada anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 177/1375-1376, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), já reconhecia,
em favor do membro do Poder Legislativo, a exclusão de sua responsabilidade civil, como decorrência da garantia fundada na
imunidade parlamentar material, desde que satisfeitos determinados pressupostos legitimadores da incidência dessa
excepcional prerrogativa jurídica.

- Essa prerrogativa político-jurídica - que protege o parlamentar (como os Vereadores, p. ex.) em tema de responsabilidade civil
- supõe, para que possa ser invocada, que exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente
ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício legislativo, de outro, salvo se as declarações contumeliosas houverem sido
proferidas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a inviolabilidade
constitucional. Doutrina. Precedentes.

- Se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso dessa
prerrogativa constitucional, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1º).
Precedentes: RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES
BRITTO (Pleno).

DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo de instrumento foi interposto por pessoa que se sentiu
moralmente ofendida por discurso que determinado Vereador proferiu na tribuna da Câmara Municipal.

O apelo extremo em questão insurge-se contra decisão do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que, ao reconhecer a
existência de imunidade parlamentar material que torna inviolável o Vereador por opiniões, palavras e votos no desempenho do
mandato legislativo (CF, art. 29, VIII), julgou improcedente ação de indenização civil por danos morais ajuizada contra o
membro do Poder Legislativo local, autor das declarações alegadamente contumeliosas.

O julgamento impugnado em sede recursal extraordinária, de que foi Relator o eminente Desembargador CÉSAR PEIXOTO,
acha-se consubstanciado em acórdão assim ementado (fls. 97):

“Dano moral – Vereador – Imunidade material no exercício do mandato – Inviolabilidade parlamentar no campo da
responsabilidade civil, além da criminal – Indenização indevida – Recurso provido.”

A controvérsia jurídica suscitada na presente causa envolve questão impregnada do mais alto relevo político-constitucional, pois
concerne à discussão em torno do alcance, no plano da responsabilidade civil, da garantia da imunidade parlamentar em
sentido material.

Mostra-se oportuno observar, presente esse contexto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, mesmo antes da
promulgação da EC 35/2001, que deu nova fórmula redacional à regra inscrita no art. 53, “caput”, da Constituição, já havia
firmado entendimento no sentido de estender o alcance da imunidade material ao plano da responsabilidade civil, em ordem a
impedir que o membro do Poder Legislativo pudesse ser condenado ao pagamento de indenização pecuniária, por palavras,
opiniões, votos ou críticas resultantes da prática do ofício legislativo.

Cumpre relembrar, neste ponto, que o Plenário desta Suprema Corte, ao julgar o RE 210.917/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE, assim se pronunciou:

“A imunidade parlamentar material se estende à divulgação pela imprensa, por iniciativa do congressista ou de terceiros, do
fato coberto pela inviolabilidade. A inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidade criminal do
parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos da manifestação coberta pela imunidade ou pela
divulgação dela: é conclusão assente, na doutrina nacional e estrangeira, por quantos se têm ocupado especificamente do
tema.”

Essa diretriz jurisprudencial – que reconhece, uma vez satisfeitos determinados pressupostos, que a exclusão da
responsabilidade civil do membro do Poder Legislativo qualifica-se como projeção decorrente da prerrogativa da imunidade
parlamentar material – tem sido observada pelo Supremo Tribunal Federal:

“(...) A inviolabilidade parlamentar alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).” (RTJ 169/727, Rel. Min. CARLOS
VELLOSO).

“(...) As manifestações dos parlamentares, ainda que feitas fora do exercício estrito do mandato, mas em conseqüência deste,
estão abrangidas pela imunidade material, que alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).” (RE 226.643/SP, Rel.
Min. CARLOS VELLOSO).

Impõe-se registrar, por necessário, na linha dos precedentes referidos, que o exercício do mandato atua como verdadeiro
suposto constitucional, apto a legitimar a invocação dessa especial prerrogativa jurídica, destinada a proteger, por suas
“opiniões, palavras e votos”, o membro do Poder Legislativo, inclusive os próprios Vereadores (CF, art. 29, VIII), como já o
reconheceu esta Suprema Corte:

“CONSTITUCIONAL. VEREADOR: IMUNIDADE MATERIAL: C.F., art. 29, VIII. RESPONSABILIDADE CIVIL. I. - Imunidade material
dos vereadores por suas palavras e votos no exercício do mandato, no município e nos limites dos interesses municipais e à
pertinência para com o mandato. II. - Precedentes do S.T.F.: RE 140.867-MS; HC 75.621-PR, Moreira Alves, ‘DJ’ de 27.3.98;
RHC 78.026-ES, O. Gallotti, 1ª T., 03.11.98. III. - A inviolabilidade parlamentar alcança, também, o campo da responsabilidade
civil. Precedente do S.T.F.: RE 210.917-RJ, S. Pertence, Plenário, 12.8.98. IV. - R.E. conhecido e provido.” (RE 220.687/MG,
Rel. Min. CARLOS VELLOSO - grifei)

Cabe assinalar que a teleologia inerente à cláusula de inviolabilidade prevista no art. 53, “caput”, da Constituição da República
revela a preocupação do constituinte de dispensar efetiva proteção ao parlamentar, em ordem a permitir-lhe, no desempenho
das múltiplas funções que compõem o ofício legislativo, o amplo exercício da liberdade de expressão, ainda que fora do recinto
da própria Casa legislativa (RTJ 131/1039 - RTJ 135/509-510 - RT 648/318), desde que as declarações emanadas do membro
do Poder Legislativo – quando pronunciadas fora do Parlamento (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno) -
guardem conexão com o desempenho do mandato (prática “in officio”) ou tenham sido proferidas em razão dele (prática
“propter officium”), conforme esta Suprema Corte tem assinalado em diversas decisões (RTJ 155/396-397, Rel. Min. CELSO DE
MELLO, Pleno, v.g.).

Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às
opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos
limites territoriais do Município a que se acha funcionalmente vinculado.

É por essa razão que a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal tem destacado o caráter essencial do
exercício do mandato parlamentar, para efeito de legitimar-se a invocação da prerrogativa institucional assegurada em favor
dos membros do Poder Legislativo, sempre enfatizando, nas várias decisões proferidas - quer antes, quer depois da
promulgação da EC nº 35/2001 - que a proteção resultante da garantia da imunidade em sentido material somente alcança o
parlamentar nas hipóteses em que as palavras e opiniões por ele expendidas o tenham sido no exercício do mandato ou em
razão deste (Inq 1.775-AgR/PR, Rel. Min. NELSON JOBIM, Pleno), de tal modo que cessará essa especial tutela de caráter
político-jurídico sempre que deixar de existir, entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao
ofício legislativo, de outro, o necessário nexo de causalidade (RTJ 104/441, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO - RTJ 112/481, Rel.
Min. SOARES MUÑOZ – RTJ 129/970, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 135/509, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ
141/406, Rel. Min. CÉLIO BORJA - RTJ 155/396-397, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTJ 166/844, Rel. Min. CARLOS VELLOSO -
RTJ 167/180, Rel. Min. FRANCISCO REZEK – RTJ 169/969, Rel. Min. CELSO DE MELLO – Inq 810-QO/DF, Rel. Min. NÉRI DA
SILVEIRA), ressalvadas, no entanto, as declarações contumeliosas que houverem sido proferidas no recinto da Casa legislativa,
notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional:

“O art. 53 da Constituição Federal, com a redação da Emenda nº 35, não reeditou a ressalva quanto aos crimes contra a honra,
prevista no art. 32 da Emenda Constitucional nº 1, de 1969. Assim, é de se distinguirem as situações em que as supostas
ofensas são proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas irrogadas fora do Parlamento é de se
perquirir da chamada ‘conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar’ (INQ 390 e 1.710). Para os
pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas, não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o
mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria Casa a que pertencer o
parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da
Assembléia Legislativa, estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as entrevistas concedidas à imprensa
pelo acusado restringiram-se a resumir e comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera extensão
da imunidade material. Denúncia rejeitada.” (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno - grifei)

Essa diretriz jurisprudencial mostra-se fiel à “mens constitutionis”, que reconhece, a propósito do tema, que o instituto da
imunidade parlamentar em sentido material existe para viabilizar o exercício independente do mandato representativo,
revelando-se, por isso mesmo, garantia inerente ao parlamentar que se encontre no pleno desempenho da atividade legislativa
(PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/10 e 43, 2ª ed., 1970,
RT; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira”, p. 64, edição fac-similar, 1992, Senado Federal; PINTO FERREIRA,
“Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 2/625, 1990, Saraiva; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Comentários à Constituição de
1988”, vol. V/2624-2625, item n. 204, 1991, Forense Universitária; PEDRO ALEIXO, “Imunidades Parlamentares”, p. 59/65,
1961, Belo Horizonte; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Comentários à Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva;
RENÉ ARIEL DOTTI, “Curso de Direito Penal - Parte Geral”, p. 398, item n. 25, 2001, Forense, v.g.).

Impende referir, no ponto, o correto magistério de MICHEL TEMER (“Elementos de Direito Constitucional”, p. 129, item n. 5,
18ª ed., 2002, Malheiros):

“A inviolabilidade diz respeito à emissão de opiniões, palavras e votos. Opiniões e palavras que, ditas por qualquer pessoa,
podem caracterizar atitude delituosa, mas que assim não se configuram quando pronunciadas por parlamentar. Sempre, porém,
quando tal pronunciamento se der no exercício do mandato. Quer dizer: o parlamentar, diante do Direito, pode agir como
cidadão comum ou como titular de mandato. Agindo na primeira qualidade não é coberto pela inviolabilidade. A inviolabilidade
está ligada à idéia de exercício de mandato. Opiniões, palavras e votos proferidos sem nenhuma relação com o desempenho do
mandato representativo não são alcançados pela inviolabilidade.”

Essa mesma orientação - que se projeta na autorizada lição de DAMÁSIO E. DE JESUS (“Direito Penal - Parte Geral”, vol. 1/684,
item n. 8, 24ª ed., 2001, Saraiva), de FERNANDO CAPEZ (“Curso de Processo Penal”, p. 53/54, item n. 6.2, 7ª ed., 2001,
Saraiva), de ÁLVARO MAYRINK DA COSTA (“Direito Penal - Parte Geral”, vol. I, tomo I/488, item n. 12, 6ª ed., 1998, Forense),
de UADI LAMMÊGO BULOS (“Constituição Federal Anotada”, p. 705/707, 4ª ed., 2002, Saraiva), de ALEXANDRE DE MORAES
(“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.016/1.017, item n. 53.2, 2002, Atlas), de LUIZ ALBERTO DAVID ARAUJO/VIDAL
SERRANO NUNES JUNIOR (“Curso de Direito Constitucional”, p. 297, item n. 3, 6ª ed., 2002, Saraiva) e de HELENO CLÁUDIO
FRAGOSO (“Lições de Direito Penal - Parte Geral”, p. 130, item n. 113, 12ª ed., 1990, Forense, v.g.) - foi exposta, em lapidar
abordagem do tema, pelo saudoso e eminente RAUL MACHADO HORTA (“Estudos de Direito Constitucional”, p. 597/598, item n.
3, 1995, Del Rey), que assim analisou a matéria em questão, examinando-a sob a perspectiva da responsabilidade civil:

“(...) A inviolabilidade abrange os discursos pronunciados, em sessões ou nas Comissões, os relatórios lidos ou publicados, e
assim os votos proferidos pelos Deputados ou Senadores. Protege o congressista ou parlamentar pelos atos praticados na
Comissão Parlamentar de Inquérito. Na tribuna, um deputado acusa funcionário de concussão; fornecedor do Estado, de furto;
afirma que determinada pessoa é agente de potência estrangeira. Profere, afinal, palavras que, pronunciadas por outros,
exporiam o seu autor à ação penal ou à responsabilidade civil. Mas, no caso do membro do Poder Legislativo, ele está protegido
por ampla irresponsabilidade, que envolve os discursos, as palavras, os votos e as opiniões, manifestadas no exercício do
mandato. A inviolabilidade obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parlamentar, por motivo de opiniões ou votos
proferidos no exercício de suas funções. (...). É absoluta, permanente, de ordem pública. A inviolabilidade é total. As palavras e
opiniões sustentadas no exercício do mandato ficam excluídas de ação repressiva ou condenatória, mesmo depois de extinto o
mandato. É a ‘insindicabilità’ das opiniões e dos votos, no exercício do mandato, que imuniza o parlamentar em face de
qualquer responsabilidade: penal, civil, ou administrativa, e que perdura após o término do próprio mandato. (...) O Deputado,
na tribuna, pode injuriar; caluniar; atingir levianamente pessoas estranhas ao Poder Legislativo, que não poderão contestá-lo
de imediato; incitar militares à desobediência. Só estará sujeito, para correção dos excessos ou dos abusos, ao poder disciplinar
previsto nos Regimentos Internos. (...). É necessário fixar, todavia, que a inviolabilidade (...) está vinculada ao exercício do
mandato ou das funções legislativas. (...). A cláusula que subordina a inviolabilidade ao exercício do mandato impõe
acatamento ao caráter teleológico da imunidade.”

Cumpre enfatizar, a respeito desse específico aspecto do tema, que alguns eminentes autores, mesmo antes do advento da EC
35/2001, já proclamavam que a garantia da imunidade parlamentar em sentido material estendia-se, no domínio de sua
específica proteção constitucional, ao plano da responsabilidade civil (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à
Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/45, 1992, Saraiva; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1946”, vol.
II/243, 2ª ed., 1953, Max Limonad; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª
ed., 1954, Freitas Bastos; PAULO M. DE LACERDA, “Princípios de Direito Constitucional Brasileiro”, vol. II/173, item n. 387,
Erbas de Almeida e Cia; MARCELO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/183, item n. 71, 1978, Forense).

Esse entendimento reflete-se, hoje, notadamente a partir da promulgação da EC nº 35/2001, em autorizado magistério
doutrinário (UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 757, item n. 3, 5ª ed., 2003, Saraiva; JOSÉ AFONSO
DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 534, item n. 15, 24ª ed., 2005, Malheiros; ALEXANDRE DE MORAES,
“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.020/1.021, item n. 53.2, 2ª ed., 2003, Atlas; RUI STOCO, “Tratado de
Responsabilidade Civil”, p. 886/887, item n. 40.00, 6ª ed., 2004, RT, v.g.).

O exame dos elementos produzidos na causa em que interposto o recurso extraordinário a que se refere o presente agravo de
instrumento põe em evidência, quanto ao Vereador ora agravado, que as imputações consideradas moralmente ofensivas foram
por ele proferidas da própria tribuna da Câmara Municipal (fls. 10 e 11).

Esse caráter incontroverso, que qualifica os fatos pertinentes às declarações questionadas, resulta evidente da própria petição
inicial, pois, nesta, o autor – parte ora agravante - reconhece que, “No dia 22 de outubro de 2001, na sessão ordinária da
câmara municipal desta cidade de Presidente Venceslau, o autor teve sua honra atingida, quando o requerido, usando a tribuna
da câmara, se dirigiu ao autor com ofensas verbais (...)” (fls. 10 - grifei).

Delineado esse contexto fático, reconheço que o discurso parlamentar que o ora agravado proferiu da própria tribuna da Casa
Legislativa local acha-se abrangido pela cláusula constitucional da imunidade parlamentar em sentido material, apta a exonerá-
lo de qualquer responsabilidade civil pelos danos eventualmente resultantes de tais declarações, eis que inafastável, na espécie,
a constatação de que tais atos resultaram de contexto claramente vinculado ao exercício do ofício legislativo.

Não constitui demasia assinalar, considerada a própria jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou no tema ora em
exame, que os discursos proferidos na tribuna das Casas legislativas estão amparados, quer para fins penais, quer para efeitos
civis, pela cláusula da inviolabilidade, pois nada se reveste de caráter mais intrinsecamente parlamentar do que os
pronunciamentos feitos no âmbito do Poder Legislativo, a partir da própria tribuna do Parlamento (RE 140.867/MS, Rel. p/ o
acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA - RE 278.086/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), hipótese em que será absoluta a
inviolabilidade constitucional (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno), como resulta, de forma bastante
clara, da expressiva lição ministrada por ROSAH RUSSOMANO DE MENDONÇA LIMA (“O Poder Legislativo na República”, p.
140/141, item n. 2, 1960, Freitas Bastos):

“Em conseqüência de tal determinação, o congressista usufrui de uma proteção ampla, integral, ininterrupta, sempre que atua
no exercício do mandato. Sua palavra é livre, desconhece peias e limitações. Vota pelo modo que lhe parecer mais digno e que
melhor se coadune com os reclamos de sua consciência. Emite opiniões desafogadamente, sem que o atormente o receio de
haver incidido em algum crime de calúnia, de injúria ou de difamação.
.......................................................

Há, pois, em verdade, uma ampla irresponsabilidade, que não tem outros limites, senão aqueles traçados pela Constituição.
Deste modo, se o congressista ocupar a tribuna, diga o que disser, profira as palavras que proferir, atinja a quem atingir, a
imunidade o resguarda. Acompanha-o nos instantes decisivos das votações. Segue-o durante o trabalho árduo das comissões e
em todas as tarefas parlamentares, dentro do edifício legislativo. Transpõe, mesmo, os limites do Congresso e permanece,
intangível, a seu lado, quando se trata do desempenho de atribuições pertinentes ao exercício do mandato.”

Impõe-se reconhecer, ainda, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material também estende o seu manto
protetor (1) às entrevistas jornalísticas, (2) à transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios
produzidos nas Casas Legislativas (RTJ 172/400-401, Rel. Min. ILMAR GALVÃO) e (3) às declarações feitas aos meios de
comunicação social (RTJ 187/985, Rel. Min. NELSON JOBIM), eis que – tal como bem realçado por ALBERTO ZACHARIAS TORON
(“Inviolabilidade Penal dos Vereadores”, p. 247, 2004, Saraiva) – esta Suprema Corte tem reafirmado “(...) a importância do
debate, pela mídia, das questões políticas protagonizadas pelos mandatários”, além de haver enfatizado “a idéia de que as
declarações à imprensa constituem o prolongamento natural do exercício das funções parlamentares, desde que se relacionem
com estas” (grifei).

Vale destacar, neste ponto, por oportuno, que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Inq 579/DF, Rel. Min. CÉLIO
BORJA (RTJ 141/406, 408), pôs em evidência, de modo bastante expressivo, no voto vencedor proferido pelo eminente Ministro
PAULO BROSSARD, o caráter absoluto da inviolabilidade constitucional que protege o parlamentar, quando expende suas
opiniões da tribuna da Casa legislativa:

“(...) para palavras ditas da tribuna da Câmara dos Deputados, Pontes de Miranda diz que não há possibilidade de infração da
lei penal, porque a lei não chega até ela. O parlamentar fica sujeito à advertência ou à censura do Presidente dos trabalhos,
mas falando na Câmara, não ofende a lei penal.”

Esse mesmo entendimento foi perfilhado pelo eminente Ministro CARLOS VELLOSO, quando do julgamento do RE 140.867/MS,
Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA, também decidido pelo Plenário desta Suprema Corte:

“(...) se a manifestação do Vereador é feita da tribuna da Câmara, a inviolabilidade é absoluta. Indaga-se se não haveria
corretivo para os excessos praticados da tribuna. Há sim. Os excessos resolvem-se no âmbito da Câmara. Pode vir até a perder
o mandato, por falta de decoro e outras transgressões regimentais. Certo é que, se a manifestação ocorreu da tribuna, repito, a
inviolabilidade é absoluta.” Essa orientação jurisprudencial foi expressamente consagrada em julgamento emanado do Plenário
do Supremo Tribunal Federal, cujo acórdão está assim ementado:

“INQUÉRITO. DENÚNCIA QUE FAZ IMPUTAÇÃO A PARLAMENTAR DE PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A HONRA, COMETIDOS
DURANTE DISCURSO PROFERIDO NO PLENÁRIO DE ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E EM ENTREVISTAS CONCEDIDAS À IMPRENSA.
INVIOLABILIDADE: CONCEITO E EXTENSÃO DENTRO E FORA DO PARLAMENTO. A palavra ‘inviolabilidade’ significa
intocabilidade, intangibilidade do parlamentar quanto ao cometimento de crime ou contravenção. Tal inviolabilidade é de
natureza material e decorre da função parlamentar, porque em jogo a representatividade do povo. O art. 53 da Constituição
Federal, com a redação da Emenda nº 35, não reeditou a ressalva quanto aos crimes contra a honra, prevista no art. 32 da
Emenda Constitucional nº 1, de 1969. Assim, é de se distinguirem as situações em que as supostas ofensas são proferidas
dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada
‘conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar’ (INQ 390 e 1.710). Para os pronunciamentos feitos no
interior das Casas Legislativas, não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que
acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir
eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da Assembléia Legislativa,
estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as entrevistas concedidas à imprensa pelo acusado
restringiram-se a resumir e comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera extensão da imunidade
material. Denúncia rejeitada.” (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno).

Impõe-se registrar, neste ponto, uma última observação: se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela
imunidade parlamentar material, incidir em abuso de tal prerrogativa, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa
legislativa a que pertence, tal como assinala a doutrina (RAUL MACHADO HORTA, “Estudos de Direito Constitucional”, p. 597,
item n. 3, 1995, Del Rey; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª ed., 1954,
Freitas Bastos, v.g.) e acentua, com particular ênfase, a jurisprudência constitucional firmada pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal (RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES
BRITTO).

Concluindo: a análise dos elementos constantes destes autos permite-me reconhecer que o comportamento do ora agravado –
que era, então, à época dos fatos, Vereador – subsume-se, inteiramente, ao âmbito de incidência da proteção constitucional
fundada na garantia da imunidade parlamentar material, em ordem a excluir, na espécie, a responsabilidade civil do
parlamentar municipal em questão.

Sendo assim, e pelas razões expostas, nego provimento ao presente agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso
extraordinário a que ele se refere, mantida, em conseqüência, a declaração de improcedência da ação de indenização civil
ajuizada contra o Vereador.

Publique-se.

Brasília, 1º de fevereiro de 2011.

Ministro CELSO DE MELLO

Relator

“O exercício concreto do direito de resposta, assegurado pelo A afirmação trazida pela questão é equivocada. Na realidade, como decidiu recentemente o Supremo EMAGIS - Rodada
art. 5º, V, da Constituição Federal, por 38
Tribunal Federal ao julgar a Ação Cautelar nº 2695-MC/RS, divulgada no Informativo de Jurisprudência
estar previsto em norma de eficácia limitada, demanda a
existência de lei reguladora, a qual cabe a nº 614, o preceito constitucional que garante o direito de resposta proporcional ao agravo possui

tarefa essencial de definir as hipóteses em que cabível e seus eficácia plena e aplicabilidade imediata (na famosa classificação proposta por José Afonso da Silva, hoje
limites, conferindo-lhe, assim, densidade
já criticada por parcela da doutrina). Conforme assentou a Supre Corte Nacional, o preceptivo
normativa mínima, isto até para que não se traduza em
ofensa a outra garantia constitucional: a constitucional prescinde da interpositio legislatoris para poder ser invocado por aquele que se julgou

liberdade de expressão.” ofendido em sua honra por outrem, inclusive através dos meios de comunicação. Sobre ponto, é

Analise criticamente a afirmação acima, apontando seu importante também consignar que já por ocasião do julgamento da ADPF nº 130, o Pretório Excelso
acerto ou desacerto. (máximo 15 linhas).
deixou claro que a declaração de não recepção da Lei de Imprensa (a qual regulamentava o direito de

resposta a matérias jornalísticas e afins) pela Constituição Federal de 1988 não obstava o exercício do

direito de resposta constitucionalmente assegurado, tendo ali ficado decidido o seguinte: “11. EFEITOS

JURÍDICOS DA DECISÃO. Aplicam-se as normas da legislação comum, notadamente o Código Civil, o

Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal às causas decorrentes das

relações de imprensa. O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar

matéria publicada é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra objetiva, ou então

subjetiva, conforme estampado no inciso V do art. 5º da Constituição Federal. Norma, essa, ‘de eficácia

plena e de aplicabilidade imediata’, conforme classificação de José Afonso da Silva. ‘Norma de pronta
aplicação’, na linguagem de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, em obra doutrinária conjunta.”

Dada a profundidade com que analisado o tema, tendo sido investigadas as raízes históricas e os

fundamentos axiológicos, além das inúmeras citações doutrinárias, nacionais e estrangeiras, perde-se

permissão para transcrever parte do voto do Ministro CELSO DE MELLO, proferido do julgamento

da citada AC 2695/RS (DJe de 1º.12.2010):

“(...) O direito de resposta, como se sabe, foi elevado à dignidade constitucional, no sistema normativo

brasileiro, a partir da Constituição de 1934, não obstante a liberdade de imprensa já constasse da Carta

Política do Império do Brasil de 1824.

O art. 5º, inciso V, da Constituição brasileira, ao prever o direito de resposta, qualifica-se como regra

impregnada de suficiente densidade normativa, revestida, por isso mesmo, de aplicabilidade imediata, a

tornar desnecessária, para efeito de sua pronta incidência, a “interpositio legislatoris”, o que dispensa,

por tal razão, ainda que não se lhe vede, a intervenção concretizadora do legislador comum.

Isso significa que a ausência de regulação legislativa, motivada por transitória situação de vácuo

normativo, não se revela obstáculo ao exercício da prerrogativa fundada em referido preceito

constitucional, que possui densidade normativa suficiente para atribuir, a quem se sentir prejudicado por

publicação inverídica ou incorreta, direito, pretensão e ação cuja titularidade bastará para viabilizar,

em cada situação ocorrente, a prática concreta da resposta e/ou da retificação.

É interessante assinalar, por oportuno, que o direito de resposta somente constituiu objeto de regulação

legislativa, no Brasil, com o advento da Lei Adolpho Gordo (Decreto nº 4.743, de 31/10/1923, arts. 16 a

19), eis que – consoante observa SOLIDONIO LEITE FILHO (“Comentários à Lei de Imprensa”, p. 188,

item n. 268, 1925, J. Leite Editores) – “Não havia na legislação anterior à lei de imprensa nenhum

dispositivo regulando o direito de resposta” (grifei).

O que me parece relevante acentuar, neste ponto, é que a ausência de qualquer disciplina ritual regedora

do exercício concreto do direito de resposta não impede que o Poder Judiciário, quando formalmente

provocado, profira decisões em amparo e proteção àquele atingido por publicações inverídicas ou

inexatas. É que esse direito de resposta/retificação não depende, para ser exercido, da existência de lei,

ainda que a edição de diploma legislativo sobre esse tema específico possa revelar-se útil e, até mesmo,

conveniente.

Vale insistir na asserção de que o direito de resposta/retificação tem por base normativa a própria
Constituição da República, cujo art. 5º, inciso V, estabelece os parâmetros necessários à invocação dessa

prerrogativa de ordem jurídica, tal como o decidiu, na espécie, o E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio

Grande do Sul, ao enfatizar “que o direito de resposta possui status constitucional”, razão pela qual,

presente o contexto em exame, mostrava-se desnecessária a “interpositio legislatoris”.

Correto esse julgamento, pois sempre caberá ao Poder Judiciário, observados os parâmetros em

questão, garantir, à pessoa lesada (ainda que se cuide do próprio jornalista), o exercício do direito de

resposta. A ausência, momentânea ou não, de regramento legislativo não autoriza nem exonera o Juiz,

sob pena de transgressão ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição, do dever de julgar o pedido de

resposta, quando formulado por quem se sentir ofendido ou, então, prejudicado por publicação ofensiva

ou inverídica.

Não se pode desconhecer que é ínsito, à atividade do Juiz, o dever de julgar conforme os postulados da

razoabilidade, proporcionalidade e igualdade, em respeito ao que está previsto no art. 126 do Código de

Processo Civil (“O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.

No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos

costumes e aos princípios gerais de direito”), consoante assinala, sem maiores disceptações, o magistério

da doutrina (ANTÔNIO CLÁUDIO DA COSTA MACHADO, “Código de Processo Civil Interpretado e

Anotado”, p. 405, 2ª ed., 2008, Manole; LUIZ GUILHERME MARINONI e DANIEL MITIDIERO,

“Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo”, p. 174/175, 2008, RT; HUMBERTO

THEODORO JUNIOR, “Curso de Direito Processual Civil”, vol. I/38 e 40, itens ns. 35 e 38, 50ª ed.,

2009, Forense, v.g.).

Isso significa, portanto, considerado o que prescreve o art. 126 do CPC, que, em situação de “vacuum

legis” (tal como sucede na espécie), o magistrado poderá valer-se de dispositivos outros - tais como

aqueles existentes, p. ex., na Lei nº 9.504/97 (art. 58 e parágrafos) -, aplicando-os, no que couber, por

analogia, ao caso concreto, viabilizando-se, desse modo, o efetivo exercício, pelo interessado, do direito

de resposta e/ou de retificação.

O fato é que o reconhecimento da incompatibilidade da Lei de Imprensa com a vigente Constituição da

República não impede, consideradas as razões que venho de expor, que qualquer interessado,

injustamente atingido por publicação inverídica ou incorreta, possa exercer, em juízo, o direito de

resposta, apoiando tal pretensão em cláusula normativa inscrita na própria Lei Fundamental, cuja
declaração de direitos assegura, em seu art. 5º, inciso V, em favor de qualquer pessoa, “o direito de

resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” (grifei).

O exame do contexto fático, tal como foi este soberanamente delineado pelo Tribunal de Justiça local

(RTJ 152/612 - RTJ 153/1019 - RTJ 158/693, v.g.), permite-me reconhecer a compatibilidade da decisão

recorrida com o texto da Constituição, notadamente no ponto em que o julgamento em causa põe em

destaque a circunstância de que uma das funções subjacentes ao direito de resposta reside,

primariamente, no restabelecimento e/ou na preservação da verdade, o que se pode viabilizar, dentre os

diversos meios de sua concreta realização, mediante publicação da sentença cujo conteúdo revele a

veracidade e a correção dos fatos veiculados pelos meios de comunicação social.

O direito de resposta/retificação traduz, como sabemos, expressiva limitação externa, impregnada de

fundamento constitucional, que busca neutralizar as conseqüências danosas resultantes do exercício

abusivo da liberdade de imprensa, pois tem por função precípua, de um lado, conter os excessos

decorrentes da prática irregular da liberdade de comunicação jornalística (CF, art. 5º, IV e IX, e art.

220, § 1º) e, de outro, restaurar e preservar a verdade pertinente aos fatos reportados pelos meios de

comunicação social.

Vê-se, daí, que a proteção jurídica ao direito de resposta permite, nele, identificar uma dupla vocação

constitucional, pois visa a preservar tanto os direitos da personalidade quanto assegurar, a todos, o

exercício do direito à informação exata e precisa. Mostra-se inquestionável que o direito de resposta

compõe o catálogo das liberdades fundamentais, tanto que formalmente positivado na declaração

constitucional de direitos e garantias individuais e coletivos, o que lhe confere uma particular e especial

qualificação de índole político-jurídica.

Se é certo que o ordenamento constitucional brasileiro ampara a liberdade de expressão, protegendo-a

contra indevidas interferências do Estado ou contra injustas agressões emanadas de particulares, não é

menos exato que essa modalidade de direito fundamental – que vincula não só o Poder Público como,

também, os próprios particulares – encontra, no direito de resposta (e na relevante função instrumental

que ele desempenha), um poderoso fator de neutralização de excessos lesivos decorrentes da liberdade

de comunicação, além de representar um significativo poder jurídico deferido a qualquer interessado

“para se defender de qualquer notícia ou opinião inverídica, ofensiva ou prejudicial (...)” (SAMANTHA

RIBEIRO MEYER-PFLUG, “Liberdade de Expressão e Discurso do Ódio”, p. 86, item n. 3.2, 2009, RT).
Cabe relembrar, neste ponto, que a oponibilidade do direito de resposta a particulares sugere reflexão

em torno da inteira submissão das relações privadas aos direitos fundamentais, o que permite estender,

com força vinculante, ao plano das relações de direito privado, a cláusula de proteção das liberdades e

garantias constitucionais, pondo em destaque o tema da eficácia horizontal dos direitos básicos e

essenciais assegurados pela Constituição da República, tal como tem acentuado o magistério da doutrina

(WILSON STEINMETZ, “A Vinculação dos Particulares a Direitos Fundamentais”, 2004, Malheiros;

THIAGO LUÍS SANTOS SOMBRA, “A Eficácia dos Direitos Fundamentais nas Relações Jurídico-

Privadas”, 2004, Fabris Editor; ANDRÉ RUFINO DO VALE, “Eficácia dos Direitos Fundamentais nas

Relações Privadas”, 2004, Fabris Editor; INGO WOLFGANG SARLET, “A Constituição Concretizada:

Construindo Pontes entre o Público e o Privado”, 2000, Livraria do Advogado, Porto Alegre; CARLOS

ROBERTO SIQUEIRA CASTRO, “Aplicação dos Direitos Fundamentais às Relações Privadas”, in

“Cadernos de Soluções Constitucionais”, p. 32/47, 2003, Malheiros; DANIEL SARMENTO, “Direitos

Fundamentais e Relações Privadas”, p. 301/313, item n. 5, 2004, Lumen Juris; PAULO GUSTAVO

GONET BRANCO, “Associações, Expulsão de Sócios e Direitos Fundamentais”, in “Direito Público”,

ano I, nº 2, p. 170/174, out/dez de 2003, v.g.), em lições que possuem o beneplácito da jurisprudência

constitucional do Supremo Tribunal Federal (RTJ 164/757-758, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RTJ

209/821-822, Rel. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES - AI 346.501-AgR/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA

PERTENCE – RE 161.243/DF, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.).

Cabe insistir na afirmação de que qualquer pessoa (tanto quanto a própria coletividade) tem o direito de

obter e de ter acesso a informações verazes, honestas e confiáveis, de tal modo que a violação desse

direito, se e quando consumada, poderá justificar, plenamente, o exercício do direito de resposta. Desse

modo, longe de configurar indevido cerceamento à liberdade de expressão, o direito de resposta,

considerada a multifuncionalidade de que se acha impregnado, qualifica-se como instrumento de

superação do estado de tensão dialética entre direitos e liberdades em situação de conflituosidade.

O exercício dessa prerrogativa fundamental, de extração eminentemente constitucional – que pode ser

identificada tanto no plano individual quanto no da metaindividualidade (GUSTAVO BINENBOJM,

“Meios de Comunicação de Massa, Pluralismo e Democracia Deliberativa”) -, permite qualificá-la

(examinado o tema sob uma perspectiva pluralística) como instrumento concretizador do convívio

harmonioso entre as liberdades de informação e de expressão do pensamento e o direito à integridade


moral, o que se mostra compatível com padrões que distinguem sociedades democráticas.

Torna-se importante salientar, bem por isso, que a superação dos antagonismos existentes entre

princípios constitucionais – como aqueles concernentes à liberdade de informação, de um lado, e à

preservação da honra, de outro - há de resultar da utilização, pelo Poder Judiciário, de critérios que lhe

permitam ponderar e avaliar, “hic et nunc”, em função de determinado contexto e sob uma perspectiva

axiológica concreta, qual deva ser o direito a preponderar em cada caso, considerada a situação de

conflito ocorrente, desde que, no entanto, a utilização do método da ponderação de bens e interesses não

importe em esvaziamento do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, tal como adverte o

magistério da doutrina (DANIEL SARMENTO, “A Ponderação de Interesses na Constituição Federal”

p. 193/203, “Conclusão”, itens ns. 1 e 2, 2000, Lumen Juris; LUÍS ROBERTO BARROSO, “Temas de

Direito Constitucional”, tomo I/363-366, 2001, Renovar; JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, “Os

Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976”, p. 220/224, item n. 2, 1987, Almedina;

FÁBIO HENRIQUE PODESTÁ, “Direito à Intimidade. Liberdade de Imprensa. Danos por Publicação de

Notícias”, “in” “Constituição Federal de 1988 - Dez Anos (1988-1998)”, p. 230/231, item n. 5, 1999,

Editora Juarez de Oliveira; J. J. GOMES CANOTILHO, “Direito Constitucional”, p. 661, item n. 3, 5ª

ed., 1991, Almedina; EDILSOM PEREIRA DE FARIAS, “Colisão de Direitos”, p. 94/101, item n. 8.3,

1996, Fabris Editor; WILSON ANTÔNIO STEINMETZ, “Colisão de Direitos Fundamentais e Princípio

da Proporcionalidade”, p. 139/172, 2001, Livraria do Advogado Editora; SUZANA DE TOLEDO

BARROS, “O Princípio da Proporcionalidade e o Controle de Constitucionalidade das Leis Restritivas de

Direitos Fundamentais”, p. 216, “Conclusão”, 2ª ed., 2000, Brasília Jurídica).

Cabe reconhecer que os direitos da personalidade (como os pertinentes à incolumidade da honra e à

preservação da dignidade pessoal dos seres humanos) representam limitações constitucionais externas à

liberdade de expressão, “verdadeiros contrapesos à liberdade de informação” (L. G. GRANDINETTI

CASTANHO DE CARVALHO, “Liberdade de Informação e o Direito Difuso à Informação Verdadeira”,

p. 137, 2ª ed., 2003, Renovar), que não pode - e não deve - ser exercida de modo abusivo (GILBERTO

HADDAD JABUR, “Liberdade de Pensamento e Direito à Vida Privada”, 2000, RT), mesmo porque a

garantia constitucional subjacente à liberdade de informação não afasta, por efeito do que determina a

própria Constituição da República, o direito do lesado à resposta e à indenização por danos materiais,

morais ou à imagem (CF, art. 5º, incisos V e X, c/c o art. 220, § 1º).
Na realidade, a própria Carta Política, depois de garantir o exercício da liberdade de informação

jornalística, impõe-lhe parâmetros - dentre os quais avulta, por sua inquestionável importância, o

necessário respeito aos direitos da personalidade (CF, art. 5º, V e X) – cuja observância não pode ser

desconsiderada pelos órgãos de comunicação social, tal como expressamente determina o texto

constitucional (art. 220, § 1º), cabendo, ao Poder Judiciário, mediante ponderada avaliação das

prerrogativas constitucionais em conflito (direito de informar, de um lado, e direitos da personalidade,

de outro), definir, em cada situação ocorrente, uma vez configurado esse contexto de tensão dialética, a

liberdade que deve prevalecer no caso concreto.

Lapidar, sob tal aspecto, o douto magistério do eminente Desembargador SÉRGIO CAVALIERI FILHO

(“Programa de Responsabilidade Civil”, p. 129/131, item n. 19.11, 6ª ed., 2005, Malheiros):

“(...) ninguém questiona que a Constituição garante o direito de livre expressão à atividade intelectual,

artística, científica, ‘e de comunicação’, independentemente de censura ou licença (arts. 5º, IX, e 220, §§

1º e 2º). Essa mesma Constituição, todavia, logo no inciso X do seu art. 5º, dispõe que ‘são invioláveis a

intimidade’, a vida privada, a ‘honra’ e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação’. Isso evidencia que, na temática atinente aos

direitos e garantias fundamentais, esses dois princípios constitucionais se confrontam e devem ser

conciliados. É tarefa do intérprete encontrar o ponto de equilíbrio entre princípios constitucionais em

aparente conflito, porquanto, em face do ‘princípio da unidade constitucional’, a Constituição não pode

estar em conflito consigo mesma, não obstante a diversidade de normas e princípios que contém (...).

......................................................

À luz desses princípios, é forçoso concluir que, sempre que direitos constitucionais são colocados em

confronto, um condiciona o outro, atuando como limites estabelecidos pela própria Lei Maior para

impedir excessos e arbítrios. Assim, se ao direito à livre expressão da atividade intelectual e de

comunicação contrapõe-se o direito à inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da

imagem, segue-se como conseqüência lógica que este último condiciona o exercício do primeiro.

Os nossos melhores constitucionalistas, baseados na jurisprudência da Suprema Corte Alemã, indicam o

princípio da ‘proporcionalidade’ como sendo o meio mais adequado para se solucionarem eventuais

conflitos entre a liberdade de comunicação e os direitos da personalidade. Ensinam que, embora não se

deva atribuir primazia absoluta a um ou a outro princípio ou direito, no processo de ponderação


desenvolvido para a solução do conflito, o direito de noticiar há de ceder espaço sempre que o seu

exercício importar sacrifício da intimidade, da honra e da imagem das pessoas.

Ademais, o constituinte brasileiro não concebeu a liberdade de expressão como direito absoluto, na

medida em que estabeleceu que o exercício dessa liberdade deve-se fazer com observância do disposto

na Constituição, consoante seu art. 220, ‘in fine’. Mais expressiva, ainda, é a norma contida no § 1º

desse artigo ao subordinar, expressamente, o exercício da liberdade jornalística à ‘observância do

disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV’. Temos aqui verdadeira ‘reserva legal qualificada’, que autoriza

o estabelecimento de restrição à liberdade de imprensa com vistas a preservar outros direitos

individuais, não menos significativos, como os direitos de personalidade em geral. Do contrário, não

haveria razão para que a própria Constituição se referisse aos princípios contidos nos incisos acima

citados como limites imanentes ao exercício da liberdade de imprensa.

......................................................

Em conclusão: os direitos individuais, conquanto previstos na Constituição, não podem ser considerados

ilimitados e absolutos, em face da natural restrição resultante do ‘princípio da convivência das

liberdades’, pelo quê não se permite que qualquer deles seja exercido de modo danoso à ordem pública e

às liberdades alheias. Fala-se, hoje, não mais em direitos individuais, mas em direitos do homem inserido

na sociedade, de tal modo que não é mais exclusivamente com relação ao indivíduo, mas com enfoque de

sua inserção na sociedade, que se justificam, no Estado Social de Direito, tanto os direitos como as suas

limitações.” (grifei)

Daí a procedente observação feita pelo eminente Ministro GILMAR FERREIRA MENDES, em trabalho

concernente à colisão de direitos fundamentais (liberdade de expressão e de comunicação, de um lado, e

direito à honra e à imagem, de outro), em que expendeu, com absoluta propriedade, o seguinte

magistério (“Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade – Estudos de Direito

Constitucional”, p. 89/96, 2ª ed., 1999, Celso Bastos Editor):

“No processo de ‘ponderação’ desenvolvido para solucionar o conflito de direitos individuais não se

deve atribuir primazia absoluta a um ou a outro princípio ou direito. Ao revés, esforça-se o Tribunal

para assegurar a aplicação das normas conflitantes, ainda que, no caso concreto, uma delas sofra

atenuação. (...). Como demonstrado, a Constituição brasileira (...) conferiu significado especial aos

direitos da personalidade, consagrando o princípio da dignidade humana como postulado essencial da


ordem constitucional, estabelecendo a inviolabilidade do direito à honra e à privacidade e fixando que a

liberdade de expressão e de informação haveria de observar o disposto na Constituição, especialmente o

estabelecido no art. 5.º, X. Portanto, tal como no direito alemão, afigura-se legítima a outorga de tutela

judicial contra a violação dos direitos de personalidade, especialmente do direito à honra e à imagem,

ameaçados pelo exercício abusivo da liberdade de expressão e de informação.” (grifei)

Inquestionável, desse modo, como anteriormente já enfatizado, que o exercício concreto da liberdade de

expressão pode fazer instaurar situações de tensão dialética entre valores essenciais igualmente

protegidos pelo ordenamento constitucional, dando causa ao surgimento de verdadeiro estado de colisão

de direitos, caracterizado pelo confronto de liberdades revestidas de idêntica estatura jurídica, a

reclamar solução que, tal seja o contexto em que se delineie, torne possível conferir primazia a uma das

prerrogativas básicas em relação de antagonismo com determinado interesse fundado em cláusula

inscrita na própria Constituição.

Cabe observar, bem por isso, que a responsabilização “a posteriori” (sempre “a posteriori”), em regular

processo judicial, daquele que comete abuso no exercício da liberdade de informação não traduz ofensa

ao que dispõem os §§ 1º e 2º do art. 220 da Constituição da República, pois é o próprio estatuto

constitucional que estabelece, em favor da pessoa injustamente lesada, a possibilidade de receber

indenização “por dano material, moral ou à imagem” ou, então, de exercer, em plenitude, o direito de

resposta (CF, art. 5º, incisos V e X).

Se é certo que o direito de informar, considerado o que prescreve o art. 220 da Carta Política, tem

fundamento constitucional (HC 85.629/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE), não é menos exato que o

exercício abusivo da liberdade de informação, que deriva do desrespeito aos vetores subordinantes

referidos no § 1º do art. 220 da própria Constituição, “caracteriza ato ilícito e, como tal, gera o dever de

indenizar”, consoante observa, em magistério irrepreensível, o ilustre magistrado ENÉAS COSTA

GARCIA (“Responsabilidade Civil dos Meios de Comunicação”, p. 175, 2002, Editora Juarez de

Oliveira), inexistindo, por isso mesmo, quando tal se configurar, situação evidenciadora de indevida

restrição à liberdade de imprensa (...).

A discussão em torno da natureza jurídica do direito de resposta, por sua vez, tem estimulado a

formulação de abordagens diferenciadas a propósito dessa prerrogativa fundamental, como o evidencia

a reflexão que VITAL MOREIRA faz sobre esse instituto, concebido como reação ao abuso do poder
informativo de que são titulares os detentores dos “mass media”. (continua no comentário)

Explique o eixo metodológico em torno do qual assenta-se o A questão nos trouxe para reflexão um dos métodos interpretativos que costumam ser enquadrados no que se convencionou EMAGIS - Rodada
método tópico de interpretação constitucional. Que críticas chamar de nova hermenêutica constitucional, em contraposição à denominada hermenêutica clássica. 26
são feitas em relação a este método? (máximo 15 linhas).

Pois bem, comecemos do começo. O pensamento tópico não é uma construção recente. Na realidade, sua gênese remonta a
Aristóteles. Em seu livro “Tópica”, explicava o filósofo grego que seu se tratado se propunha a "encontrar um método de
investigação graças ao qual possamos raciocinar, partindo de opiniões geralmente aceitas, sobre qualquer problema que nos
seja proposto". Assim, a tópica, enquanto escola filosófica, pregava que a busca da verdade deveria partir da identificação do
problema proposto para, através do discurso, da troca de opiniões, ou seja, por meio de um processo argumentativo dialético,
chegar-se à solução mais adequada.

A retomada do pensamento tópico e sua introdução na hermenêutica jurídica foi fruto dos estudos de THEDOR VIEHWEG,
expostos inicialmente em sua obra “Tópica e Jurisprudência”, publicada em 1953. Nas palavras de PAULO BONAVIDES, “Da
tópica clássica, concebida como simples técnica de argumentação, a corrente restauradora, encabeçada por aquele jurista da
Mogúncia, compôs um método fecundo de tratar e conhecer o problema por via do debate e da descoberta de argumentos ou
formas de argumentação que possam, de maneira relevante e persuasiva, contribuir para solucioná-lo satisfatoriamente” (in
“Curso de direito Constitucional”, Editora Malheiros).

A ressurreição em tela pode ser atribuída ao desgaste, sob o ponto de vista metodológico e dogmático, que vinha sofrendo a
escola positivista, sempre atrelada à concepção racional e sistêmica do Direito e ao método lógico-dedutivo de aplicação das
normas, os quais já não se mostravam adequados às mudanças sociais, culturais e econômicas verificadas naquele período pós
segunda guerra, o que hoje comumente chamamos de pós-positivismo. Como explica o citado professor cearense, "a
insuficiência do positivismo explica o advento da tópica na medida em que lhe foi possível abranger toda a realidade do direito,
valendo-se, conforme ressaltou Kriele, de normas positivas, escritas ou não escritas, em vinculação com as regras de
interpretação e os elementos lógicos disponíveis. Sendo por este aspecto – o aspecto metodológico manifesto – uma reação ao
malogro do positivismo, a tópica não representa, como ressaltou aquele jurista, um compromisso com as concepções
antipositivas, quer de direito natural, quer da filosofia dos valores, porquanto volvida concretamente para solucionar problemas,
traz o inafastável traço de uma abertura completa, compatível com todas as direções possíveis do pensamento jurídico-
filosófico." (Ob. Cit.).

O método tópico de interpretação constitucional daí emergente, então, foi construído em torno de um eixo metodológico bem
específico: o problema posto a solução. O problema é o ponto de irradiação do pensar tópico. Através do método se procura
alcançar o sentido da norma constitucional por meio da ponderação de diversos pontos de vista (denominados pela teoria de
“topoi”) sobre o caso problemático. Parte-se do concreto para o abstrato (indução), invertendo, assim, a lógica dedutiva
pregada pelo positivismo. Uma vez que o método em referência entende possuírem as normas constitucionais um caráter
aberto, indeterminado, e que a interpretação constitucional pressupõe uma pluralidade de intérpretes, os topois podem assumir
as mais variadas formas, sendo considerados como tais os argumentos apresentados pelas partes interessadas ou legitimadas,
as lições doutrinárias, os precedentes jurisprudenciais, os outros métodos interpretativos e, até mesmo, as próprias normas,
seja estatura constitucional ou legal, que deixam de ser o centro de referência para a solução do caso e passam a ostentar um
papel apenas instrumental ao lado dos outros topoi. A interpretação mais adequada (mais justa) surgirá, então, como resultado
da análise, do diálogo, destes topoi, sempre tendo como meta alcançar-se aquela exegese que melhor solucione o caso
concreto. Na lição de CANOTILHO, trata-se "um processo aberto de argumentação entre os vários participantes (pluralismo de
intérpretes) através da qual se tenta adaptar ou adequar a norma constitucional ao problema concreto." Como se vê, o método
tópico de interpretação constitucional se relaciona também diretamente com a retórica, com a teoria da argumentação e com o
método concretista.

Trazemos mais uma vez à baila a doutrina de BONAVIDES:

“‘Pensar o problema’ constitui o âmago da tópica em suas considerações acerca do método. (...) O pensamento sistêmico seria
por excelência um pensamento ‘dedutivo’, ao contrário da tópica. Enquanto técnica jurídica de práxis, estaria esta última
sempre volvida para a determinação do ‘respectivamente justo’, ou seja, para a solução peculiarmente adequada a cada caso,
pensado como um problema em toda a sua complexidade. ‘A situação – diz Esser – deve ser compreendida em toda a sua
complexidade, a fim de problematizar-se o ideal de uma solução. Definindo os topoi o loci, Esser os reputava ‘pontos de vista
pragmáticos de justiça material’ ou de ‘estabelecimento de fins jurído-políticos’ ou, ainda, segundo a acepção clássica, pontos
retóricos de partida para a argumentação do problema.” Citando Philipp Heck, prossegue o professor: “o pesquisador a seguir
procura compreender o problema como uma questão aberta, tanto quanto possível. Depois, a partir dessa posição, extraem-se
e examinam-se as imagináveis soluções e fundamentações para cada problema. A conclusão se forma pela avaliação das
fundamentações dos pró e contras das distintas soluções e desse modo se chega à decisão final”.

As principais críticas direcionadas ao método em questão são, resumidamente, as seguintes: 1) o método geraria insegurança
jurídica, já que a interpretação das normas variaria constantemente, a depender do caso a solucionar; 2) a supervalorização do
problema pregada pelo método acabaria por fazer com que o intérprete relegasse outros aspectos fático-jurídicos relevantes na
tarefa hermenêutica, notadamente aqueles que se localizassem além do raio de influência direta do problema concreto; 3) o
método instituiria um casuísmo perigoso, correndo o risco de conferir tratamento anti-isonômico ao não ter como norte as
prescrições gerais e abstratas da lei e da Constituição; 4) a inversão da lógica dedutiva, de modo que o sentido e a aplicação da
norma partam do fato para a lei, impediria uma interpretação ou um julgamento verdadeiramente isentos; 5) o método
enfraqueceria a força normativa das normas constitucionais, já que estas passariam a assumir a simples posição de topoi, ou
seja, pontos de vista a serem considerados pelo intérprete, e não mais a razão do proceder hermenêutico. Sobre esta última
crítica, trago novamente os ensinamentos do professor multicitado: “Com a tópica, a norma e o sistema perdem o primado.
Tornando-se meros pontos de vista ou simples topoi, cedendo lugar à hegemonia do problema, eixo fundamental da operação
interpretativa. Todos os métodos clássicos são igualmente rebaixados à condição de pontos de vista ou topoi, a saber,
instrumentos auxiliares que o intérprete em presença do problema poderá empregar ou deixar de fazê-lo, conforme a valia
ocasional eventualmente oferecida para lograr a solução precisa. (...) A invasão da constituição foram pelos topoi e a conversão
dos princípios constitucionais e das próprias bases da Constituição em pontos de vista à livre disposição do intérprete, de certo
modo enfraquece o caráter normativo dos sobreditos princípios, ou seja, a sua juridicidade. A Constituição, que já era
parcialmente política, se torna por natureza politizada ao máximo com a metodologia dos problemas concretos, decorrente da
aplicação da hermenêutica tópica.”

No que consiste a técnica do "prospective overruling"? É ela O termo overruling, de origem norte-americana, está relacionado à teoria dos precedentes judiciais, típica do sistema da EMAGIS - Rodada
acatada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal? common law, e significa a não aplicação do entendimento estabelecido em um precedente em razão de alterações normativas 23
supervenientes ou evolução na interpretação do direito. A regra concreta subjacente a esta decisão representativa da ruptura
do paradigma jurisprudencial poderia, então, ter efeitos retrospectivos, aplicando-se a fatos já ocorridos quando do julgamento
(retrospective overruling) ou limitar-se a regulamentar situações futuras (prospective overruling), incluindo o próprio caso posto
a julgamento (limited prospective) ou não (pure prospective).Durante muito tempo, prevaleceu a ideia de que a mudança de
entendimento jurisprudencial, por significar supostamente um melhoramento na compreensão do direito, deveria ter aplicação
inclusive a situações de fatos já consolidadas. Ocorre que, mais recentemente, vem-se entendendo que, em homenagem ao
princípio da segurança jurídica, mais adequado seria que a alteração do posicionamento que vinha até então prevalecendo seja
observada exclusivamente em relação a fatos futuros, não incidindo sequer para o caso sujeito a julgamento naquele processo,
o que consistiria na técnica do prospective overruling na sua forma pura. Nesta hipótese, o tribunal, visando garantir a
previsibilidade do regramento jurídico, de modo a orientar o comportamento das pessoas sujeitas à norma, limitar-se-ia a
indicar que estava ocorrendo uma mudança de entendimento em relação ao direito aplicável, mas que esta alteração somente
seria aplicável para fatos posteriores à decisão.A técnica do prospective overruling assemelha-se, assim, à modulação dos
efeitos das decisões tomadas em sede de controle concentrado de constitucionalidade, medida autorizada pela Lei nº 9.868/99,
contudo com ela não se confunde, já que tem aplicação inclusive em feitos de natureza subjetiva.O Supremo Tribunal Federal
vem adotando a referida técnica, tendo-o feito recentemente, quando do julgamento de mandado de segurança em que se
questionava a quem “pertenceria” o mandato de parlamentar licenciado. Na oportunidade, o Supremo, subvertendo o
entendimento que até então prevalecia, afirmou que o mandato do deputado afastado pertenceria ao seu partido, o que
significava o acolhimento da tese do impetrante (primeiro parlamentar suplente da agremiação partidária do licenciado).
Todavia, a Corte assentou que, em respeito à segurança jurídica e a fim de assegurar a legítima expectativa dos interessados,
tal regra apenas teria observância em relação aos mandatos relativos às próximas eleições parlamentares, a serem realizadas
em 2012, denegando, portanto, a segurança requestada. Transcreve-se abaixo trecho da decisão mencionada, tomada no MS
nº 30380-MC/DF, cujo relator foi o Ministro CELSO DE MELLO, noticiada no Boletim Informativo nº 621:“(...) Sob outro prisma,
embora seja prática frequente no Congresso Nacional, em nenhum momento o Colegiado dessa Suprema Corte enfrentou o
tema ‘convocação de suplentes em razão de vacância por afastamentos previstos no artigo 56 da Constituição da República’. O
único precedente acerca da matéria é o MS nº 28.143/MS, decidido monocraticamente pelo Ministro Ricardo Lewandowski, cuja
decisão foi exatamente contrária à tese do impetrante.O ‘writ’, em verdade, veicula proposta de mudança na compreensão da
norma, o que implica inovação das regras do jogo que tocam direitos. Caso adotada a nova sistemática, esta deve valer a partir
das próximas eleições, sob pena de inadmissível surpresa aos eleitores e aos participantes do jogo político-eleitoral, situação
que fere, irremediavelmente, os postulados da proteção da confiança e da segurança jurídica, conforme consignou o Supremo
no julgamento do referido MS nº 26.603/MS.Assim sendo, caso seja confirmado o novo entendimento trazido na inicial da
impetração, pugna-se pela aplicação da técnica do ‘prospective overruling’ para que o marco legal seja fixado a partir do
julgamento definitivo do primeiro caso específico da matéria a ser julgado por essa Corte e, por consequência, indeferida a
ordem, por irretroatividade da nova jurisprudência.” (grifei)Tenho para mim, com toda vênia, que, se prevalecer o
entendimento firmado pelo Plenário desta Suprema Corte no julgamento de pleito cautelar deduzido no MS 29.988-MC/DF, Rel.
Min. GILMAR MENDES, poderá vir a ocorrer uma substancial revisão de padrões jurisprudenciais até agora observados pela
Justiça Eleitoral (inclusive pelo E. Tribunal Superior Eleitoral), com a conseqüente ruptura de paradigma dela resultante, o que
imporá a necessidade de definir o momento a partir do qual essa nova diretriz deverá ter aplicação, considerada a exigência de
respeito ao postulado da segurança jurídica.O que me parece irrecusável, nesse contexto, é o fato de que a posse do suplente
(vale dizer, do primeiro suplente da coligação partidária), no caso em exame, processou-se com a certeza de que se observava
a ordem estabelecida, há décadas, pela Justiça Eleitoral, e definida, quanto à convocação de suplentes, segundo o que
prescreve o art. 4º, “caput”, da Lei nº 7.454/85.Havia, portanto, no contexto em exame, um dado objetivo, apto a gerar a
expectativa da plena validade jurídico-constitucional dos atos de diplomação, para efeito de convocação dos suplentes,
considerada a ordem de votação obtida pela coligação partidária.Esta Suprema Corte, tendo em vista as múltiplas funções
inerentes à jurisprudência – tais como a de conferir previsibilidade às futuras decisões judiciais nas matérias por elas
abrangidas, a de atribuir estabilidade às relações jurídicas constituídas sob a sua égide, a de gerar certeza quanto à validade
dos efeitos decorrentes de atos praticados de acordo com esses mesmos precedentes e a de preservar, assim, em respeito à
ética do Direito, a confiança dos cidadãos (e dos candidatos e das respectivas coligações partidárias) nas ações do Estado -,
tem reconhecido a possibilidade, mesmo em temas de índole constitucional (RE 197.917/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), de
determinar, nas hipóteses de revisão substancial da jurisprudência derivada da ruptura de paradigma, a não incidência, sobre
situações previamente consolidadas, dos novos critérios que venham a ser consagrados pelo Supremo Tribunal Federal.Esse
entendimento não é estranho à experiência jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, que já fez incidir o postulado da
segurança jurídica em questões várias, inclusive naquelas envolvendo relações de direito público (MS 24.268/MG, Rel. p/ o
acórdão Min. GILMAR MENDES - MS 24.927/RO, Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.) e, também, de caráter político (RE 197.917/SP,
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), cabendo mencionar decisão do Plenário que se acha consubstanciada, no ponto, em acórdão
assim ementado:“REVISÃO JURISPRUDENCIAL E SEGURANÇA JURÍDICA: A INDICAÇÃO DE MARCO TEMPORAL DEFINIDOR DO
MOMENTO INICIAL DE EFICÁCIA DA NOVA ORIENTAÇÃO PRETORIANA.- Os precedentes firmados pelo Supremo Tribunal
Federal desempenham múltiplas e relevantes funções no sistema jurídico, pois lhes cabe conferir previsibilidade às futuras
decisões judiciais nas matérias por eles abrangidas, atribuir estabilidade às relações jurídicas constituídas sob a sua égide e em
decorrência deles, gerar certeza quanto à validade dos efeitos decorrentes de atos praticados de acordo com esses mesmos
precedentes e preservar, assim, em respeito à ética do Direito, a confiança dos cidadãos nas ações do Estado.- Os postulados
da segurança jurídica e da proteção da confiança, enquanto expressões do Estado Democrático de Direito, mostram-se
impregnados de elevado conteúdo ético, social e jurídico, projetando-se sobre as relações jurídicas, inclusive as de direito
público, sempre que se registre alteração substancial de diretrizes hermenêuticas, impondo-se à observância de qualquer dos
Poderes do Estado e, desse modo, permitindo preservar situações já consolidadas no passado e anteriores aos marcos
temporais definidos pelo próprio Tribunal. Doutrina. Precedentes.- A ruptura de paradigma resultante de substancial revisão de
padrões jurisprudenciais, com o reconhecimento do caráter partidário do mandato eletivo proporcional, impõe, em respeito à
exigência de segurança jurídica e ao princípio da proteção da confiança dos cidadãos, que se defina o momento a partir do qual
terá aplicabilidade a nova diretriz hermenêutica.- Marco temporal que o Supremo Tribunal Federal definiu na matéria ora em
julgamento: data em que o Tribunal Superior Eleitoral apreciou a Consulta nº 1.398/DF (27/03/2007) e, nela, respondeu, em
tese, à indagação que lhe foi submetida.”(MS 26.603/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Vale mencionar, por oportuno, a título de
mera ilustração, que também a prática jurisprudencial da Suprema Corte dos EUA tem observado esse critério, fazendo-o incidir
naquelas hipóteses em que sobrevém alteração substancial de diretrizes que, até então, vinham sendo observadas na formação
das relações jurídicas, inclusive em matéria penal.Refiro-me, não só ao conhecido caso “Linkletter” – Linkletter v. Walker, 381
U.S. 618, 629, 1965 –, como, ainda, a muitas outras decisões daquele Alto Tribunal, nas quais se proclamou, a partir de certos
marcos temporais, considerando-se determinadas premissas e com apoio na técnica do “prospective overruling”, a
inaplicabilidade do novo precedente a situações já consolidadas no passado, cabendo relembrar, dentre vários julgados, os
seguintes: Chevron Oil Co. v. Huson, 404 U.S. 97, 1971; Hanover Shoe v. United Shoe Mach. Corp., 392 U.S. 481, 1968;
Simpson v. Union Oil Co., 377 U.S. 13, 1964; England v. State Bd. of Medical Examiners, 375 U.S. 411, 1964; City of Phoenix
v. Kolodziejski, 399 U.S. 204, 1970; Cipriano v. City of Houma, 395 U.S. 701, 1969; Allen v. State Bd. of Educ., 393 U.S. 544,
1969, v.g.. (MS 30380-MC/DF, Min. Rel. CELSO DE MELLO). (...)”

Enumere as teorias elaboradas em torno do tema “a Inicialmente, deve-se ressaltar que existe certa divergência terminológica no seio da doutrina constitucionalista quando esta se EMAGIS - Rodada
aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas de refere às teorias aludidas pelo enunciado da questão. Em se deparando o aluno/candidato com tal situação, deve, 20
natureza privada”, explicitando objetivamente o preferencialmente, privilegiar as nomenclaturas mais consagradas ou indicar o autor do qual extraiu os termos utilizados em
posicionamento defendido por cada uma. Qual destas teorias, sua resposta. De todo modo, o mais importante será o conteúdo, a demonstração de que conhecia as teorias existentes,
na visão do Supremo Tribunal Federal, coaduna-se com o deixando claro no que uma se diferencia da outra.Pois bem, ressalvando-se subdivisões não pertinentes ao caso,
arcabouço normativo da Constituição Federal de 1988? majoritariamente apontam-se as seguintes teorias sobre a eficácia privada dos direitos fundamentais (também cognominada
(máximo 20 linhas). eficácia horizontal ou externa): • Teoria Negativista A Teoria Negativista ou Teoria do "State Action", de origem estadunidense,
rejeita a possibilidade de aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas travadas entre particulares. A forte visão
liberal do Estado e, consequentemente, do próprio Direito, ainda reinante naquela ordem jurídica, favorece este entendimento
segundo o qual os direitos fundamentais destinam-se exclusivamente a proteger o cidadão contra eventuais abusos cometidos
pelo Poder Público. Segundo esta teoria, a inaplicabilidade daqueles na esfera privada se daria ainda nos casos em que,
concretamente, uma das partes da relação jurídica se mostrasse consideravelmente mais forte do que a outra, por entender-se
que, na hipótese, deve prevalecer a inviolabilidade da autonomia da vontade, origem da maioria das relações no Direito
Privado, a qual goza de suma relevância em ordens jurídicas de perfil liberal, como é a dos EUA. A exceção ficaria por conta do
direito fundamental previsto na 13ª Emenda, que aboliu e vedou a escravidão. • Teoria da Eficácia Mediata A Teoria da Eficácia
Mediata ou Indireta dos direitos fundamentais, como o nome deixa antever, defende que estes podem aplicar-se, sim, às
relações jurídicas privadas, a depender, contudo, de norma legal que preveja tal aplicação. Conforme os defensores da referida
teoria, enquanto na relação indivíduo-Estado a aplicabilidade dos direitos fundamentais emana diretamente das regras e
princípios positivados na Constituição, nas relações entre particulares a aplicação se daria de modo indireto, através de
preceitos normativos insertos em diplomas legais infraconstitucionais, normalmente veiculados por meio de cláusulas gerais.
Tem-se então que, de acordo com esta corrente doutrinária, os direitos fundamentais apenas teriam aplicação nas relações
privadas mantidas entre particulares caso houvesse expressa previsão legal nesse sentido. A lei, no caso, sopesando outros
valores constitucionais potencialmente conflitantes, estabeleceria em que circunstâncias e em que extensão teria lugar a
aplicação horizontal daqueles direitos. • Teoria da Eficácia Imediata A Teoria da Eficácia Imediata ou Direta, por fim, sustenta
ser cabível a aplicação dos preceitos constitucionais instituidores dos direitos fundamentais às relações jurídicas privadas,
bastando para tanto que o direito em si seja compatível com a seara em apreço (por exemplo, o direito à ampla defesa deve
ser assegurado no âmbito de círculos associativos ou societários; ao passo que, de outro lado, não haveria como se cogitar da
invocação, por exemplo, do direito ao uso do mandado de segurança perante uma empresa ou associação, já que seu único
destinatário é o Estado-Juiz, tendo como fim reparar ou prevenir ilegalidades provindas também de atos estatais). Essa
aplicação se daria notadamente naquelas hipóteses em que uma das partes da relação detivesse considerável poder econômico,
social ou puramente contratual, de modo que assumisse uma posição de supremacia frente a outra, conferindo à relação
jurídica um estrutura vertical ou hierarquizada. Para esta corrente, assim, os direitos fundamentais, com suporte imediato na
Constituição, ostentariam a natureza de direitos subjetivos oponíveis a particulares, mesmo que estes não estivessem se
apresentando como manifestação do Estado. Homenageia a presente teoria a máxima eficácia dos direitos fundamentais,
fazendo-se desnecessária qualquer intermediação legal para sua aplicabilidade horizontal. Segundo a doutrina mais abalizada,
na qual estão incluídos os professores DANIEL SARMENTO e INGO WOLFGANG SARLET, esta seria a teoria que mais se adequa
à nossa ordem jurídico-constitucional. O posicionamento do Supremo Tribunal Federal O Supremo Tribunal Federal, pautado no
princípio da máxima eficácia das normas constitucionais, há algum tempo vem sinalizando pela adoção da Teoria da Eficácia
Imediata. É que o se percebe, sobretudo, da leitura do acórdão proferido no julgamento do RE 201819/RJ, publicado em
27/10/2006, cujo voto condutor coube ao Ministro Gilmar Mendes, dissentindo do voto apresentado pela Relatora, Min. Ellen
Gracie. Transcreve-se, para uma melhor compreensão, a ementa desse julgado: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS.
UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO.
EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações
entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os
direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando
direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO
LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer
associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por
fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias
fundamentais. O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos
princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias
de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos
particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela
própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas,
em tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO
PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As
associações privadas que exercem função predominante em determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus
associados em relações de dependência econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que
não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD e,
portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos autorais de seus associados. A
exclusão de sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditório, ou do devido processo
constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de perceber os direitos autorais relativos à
execução de suas obras. A vedação das garantias constitucionais do devido processo legal acaba por restringir a própria
liberdade de exercício profissional do sócio. O caráter público da atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo
associativo para o exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos
fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.

No que toca às técnicas de controle de constitucionalidade Inicialmente, deve ser dito que a classificação dos institutos da “interpretação conforme” e da “declaração de nulidade parcial EMAGIS - Rodada
dos atos normativos, diferencie "a interpretação conforme" sem redução de texto” não é isenta de controvérsia. Há os que, como exposto no enunciado da questão, as qualifica como 5
da "declaração de nulidade parcial sem redução de texto". “técnicas de controle de constitucionalidade” a serem manejadas pelos órgãos judiciais ao enfrentarem a questão da
compatibilidade vertical de atos normativos com a Constituição. Outros, por sua vez, as nomeiam de “técnicas de decisão”,
utilizáveis igualmente em controvérsias constitucionais, no que não se difere muito da classificação anterior. Por fim, há quem
as qualifiquem como “técnicas de interpretação constitucional”. Deve-se acrescentar ainda que o termo “princípio da
interpretação conforme a Constituição” é utilizado para designar o princípio de hermenêutica segundo o qual, com base na
supremacia da Constituição Federal, se uma determinada norma ensejar múltiplas exegeses, deve-se prestigiar aquela que se
mostre compatível com o Texto Maior. De qualquer maneira, para além desta divergência conceitual, o importante é o
aluno/candidato conhecer a substância e as consequências jurídicas de cada um dos institutos, sabendo diferenciá-los, como
solicitado pela questão.

Pois bem, como nenhuma das duas técnicas possui um regramento normativo exauriente (ambas são apenas referidas
sumariamente pelo parágrafo único do art. 28 da Lei nº 9.868/99), a compreensão de seus significados na seara do controle de
constitucionalidade ou da hermenêutica constitucional e a identificação do âmbito de aplicação de cada uma são extraídas dos
ensinamentos doutrinários e, principalmente, dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, a quem cada dar a palavra final
sobre o tema.

Pelo estudo sistemático dos julgados da Suprema Corte em que foram aplicadas as técnicas em apreço, apesar de haver
pequenas vacilações em pontuais decisões, logra-se traçar com segurança seus marcos diferenciadores quanto suas hipóteses
de cabimento e a extensão de seus efeitos.

Deve-se saber, preambularmente, que as duas técnicas de decisão apenas podem ser aplicadas quando a norma impugnada no
controle concentrado ou que se acusa de inconstitucional no controle difuso padecer de “polissemia ou de plurissignificatidade”
(STF, ADI nº 3510/DF, DJe: 28.05.2010). Ou seja, a utilização das mencionadas técnicas pressupõe que a redação do ato
normativo confrontado com a Lei Maior empreste-lhe múltiplas possibilidades interpretativas, de modo que seu uso dá-se
apenas diante de comandos normativos plurívocos. Deve-se atentar, porém, que ao se valer das citadas técnicas não poderá o
hermeneuta afastar-se dos limites impostos pelo conteúdo semântico da norma, pois assim agindo incorrerá em indevido
“incursionamento em legiferação por conta própria” (STF, ADPF nº 130/DF, DJe: 06.11.2009).

Fixadas estas premissas, pode-se dizer que a “interpretação conforme” terá lugar quando a norma questionada for considerada
constitucional desde que interpretada no específico sentido indicado pela decisão. Isto é, se entre as variáveis interpretativas do
preceito normativo apenas uma apresentar-se como compatível com os preceitos constitucionais, a decisão, ao se valer da
presente técnica, declarará constitucional a norma, mas desde que interpretada naquele exato sentido. Ao mesmo tempo,
excluirá todas as demais exegeses inicialmente admitidas pela redação da regra. Aqui se fixa o único sentido da norma que se
revela harmônico com o Texto Magno.

Já na “declaração de nulidade parcial sem redução de texto”, pelo contrário, aponta-se dentre as possibilidades hermenêuticas
aquela ou aquelas que se chocam a Constituição, admitindo-se como compatíveis com esta todas as demais interpretações
extraíveis da norma. Como se nota, através desta técnica deixa-se aberta ainda certa liberdade interpretativa em relação ao ato
normativo questionado, excluindo-se apenas aquela(s) interpretação(ões) já tidas como conflitantes com a Carta da República.

– dissertação sobre a frase de que os direitos fundamentais


não são um dado, mas um construído

análise da vedação existente na França quanto à liberdade de


manifestação religiosa (proibição da utilização da burca pelos
alunos) à luz do direito brasileiro; Análise da utilização dos
crucifixos nos prédios públicos.

Qual o conceito de “constituição dirigente” sustentado por J. Texto constitucional que, além de constituir estrutura organizatória definidora de III Concurso
J. Gomes Canotilho? Público para Juiz
competências e reguladora de processos no âmbito de determinado Estado Nacional, Federal
Substituto da 2ª
atua também como espécie de estatuto político, estabelecendo o que, como e quando os
Região - site hors
legisladores e os governantes devem fazer para concretizar as diretrizes programáticas e concours

os princípios constitucionais.

Disserte sobre o tema Dignidade da Pessoa Humana – DPH, Critérios de correção: 1 - Domínio do tema jurídico. 1.1 - Dignidade da pessoa humana XIII Concurso
desenvolvendo necessariamente e na Público para Juiz
como concepção filosófica e moral. 1.2 - Pessoa humana como sujeito e objeto de Federal
sequência proposta, os seguintes tópicos: Substituto da 1ª
direitos (aporia?). 1.3 Marcos de maior repercussão na trajetória histórica desse tema.
Região - site hors
- DPH como concepção filosófica e moral;
1.4 - Dignidade da pessoa humana como concepção humanista e sua inserção nos
- Pessoa humana como sujeito de direito e objeto de direito
(aporia?); documentos constitucionais do século XX. 1.5 - Significado desse princípio no contexto

- Marcos de maior repercussão na trajetória histórica desse da ordem jurídica. 1.6 - Princípio fundamental da dignidade da pessoa humana segundo
tema;
a ordem jurídico-constitucional brasileira. 1.7 - Dignidade da pessoa humana e direitos
- DPH como concepção humanística e sua inserção nos docs
fundamentais. 1.8 - Dignidade da pessoa humana como garantia negativa.1.9 - Papel da
constitucionais no século XX;
jurisprudência em face do tema. 2 - Capacidade de exposição (redação) e emprego da
- Significado desse princípio no contexto da ordem jurídica;
língua portuguesa.
- Princípio fundamental da DPH segundo a ordem jurídico-
constitucional brasileira;

- DPH e direitos fundamentais;

- DPH como garantia negativa;


- Papel da jurisprudência em face do tema.

Estabeleça, com a devida fundamentação, as diferenças A presente questão, apesar da aparente simplicidade, eliminou muitos candidatos no X Concurso para Juiz Federal da 5ª X Concurso para
entre a situação de inconstitucionalidade por omissão geral e Região, visto que, como costuma ocorrer, a banca exigiu uma análise exauriente sobre o tema trazido.Pois bem, a situação de Juiz Federal da
a de inconstitucionalidade por omissão parcial, no que se inconstitucionalidade por omissão emerge quando o Poder Público, quer através do Legislativo, quer através de órgão 5ª Região
refere aos instrumentos de controle. administrativo com função regulamentar, deixa de editar o ato normativo (lei ou regulamento) necessário à concretização de
preceito constitucional, o qual, na difundida classificação de José Afonso da Silva, poderia ser qualificado como de eficácia
limitada. Cuida-se de uma dentre as várias causas para o que se convencionou chamar de "síndrome de inefetividade das
normas constitucionais".

A ofensa à Lei Maior aqui, diferentemente do que ocorre na situação de inconstitucionalidade por ação, muito mais difundida e
estudada, se dá por meio de uma inércia dos órgãos estatais, enquanto Poderes Constituídos, que deixam de adotar as
providências necessárias a tornar efetivo o texto constitucional.

Como o próprio enunciado já adianta, a inconstitucionalidade por omissão pode se revelar de duas formas: omissão geral e
omissão parcial. Na primeira, também chamada de omissão total, há um completo vácuo normativo, pois nenhuma norma foi
editada a fim de conferir eficácia a determinado dispositivo da Constituição que assim o exigia. O exemplo mais citado é o caso
do art. 37, VII, segundo o qual o direito de greve dos servidores públicos “será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica”, lei esta nunca editada. Já a omissão parcial ocorre quando, a despeito de existir lei ou ato normativo
disciplinando a matéria constitucional carente de plena eficácia, o diploma infraconstitucional não atende integralmente às
exigências do Texto Fundamental, seja porque se mostrou insuficiente para atender os fins almejados, seja porque se revelou
anti-isonômico em relação aos sujeitos objeto da regulamentação. Estas duas hipóteses, por sinal, correspondem às duas
subespécies nas quais pode ser dividida a inconstitucionalidade por omissão parcial. A primeira é omissão parcial propriamente
dita, que se verifica QUANDO O TEOR DA LEI EXISTENTE É DEFICIENTE POR NÃO LOGRAR ATINGIR A FINALIDADE
INSPIRADORA DO DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO.

Exemplo típico é o caso do art. 7º, IV, que, ao prever o salário mínimo como direito básico dos trabalhadores urbanos e rurais,
determina que o mesmo seja fixado em lei e nacionalmente unificado, devendo ser “capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim”. É que, como se sabe, as sucessivas leis que fixaram o valor do salário mínimo nunca o estipularam em um patamar
suficiente para que efetivamente cumprisse as funções previstas na Carta de 1988. Sobre o ponto, vale trazer à baila trecho do
acórdão lavrado na ADI 1439 MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, no qual se enfrentou o tema, concluindo o tribunal ali pela
efetiva omissão parcial da lei, mas limitando-se a declarar a inércia do Poder Legislativo, comunicando-o de tal fato, sem,
contudo, garantir nenhum outro efeito concreto ao pronunciamento (falaremos mais adiante sobre isso). Verbis:

SALÁRIO MÍNIMO - VALOR INSUFICIENTE - SITUAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PARCIAL. - A insuficiência
do valor correspondente ao salário mínimo, definido em importância que se revele incapaz de atender as necessidades vitais
básicas do trabalhador e dos membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição
da República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o sujeito concretizante do postulado constitucional que
garante à classe trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art. 7º, IV), estará realizando, de modo imperfeito, o
programa social assumido pelo Estado na ordem jurídica. - A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em
menor extensão, a imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade
político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que
nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e
princípios da Lei Fundamental. - As situações configuradoras de omissão inconstitucional - ainda que se cuide de omissão
parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma impositiva fundada na Carta
Política, de que é destinatário - refletem comportamento estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se,
perigosamente, como um dos processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do
Poder Judiciário. (...) – Não assiste ao Supremo Tribunal Federal, contudo, em face dos próprios limites fixados pela Carta
Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º), a prerrogativa de expedir provimentos normativos
com o objetivo de suprir a inatividade do órgão legislativo inadimplente.

A segunda espécie é a denominada omissão parcial relativa, que ocorre quando a lei, a pretexto de conferir eficácia normativa a
preceito constitucional, disciplina determinada matéria de forma não isonômica, DISCRIMINANDO DESMOTIVADA E
DESARRAZOADAMENTE PESSOAS OU SITUAÇÕES QUE DEMANDARIAM TRATAMENTO IDÊNTICO. Tal se dá com certa frequência
em tema de concessão de vantagens ou fixação de vencimentos de servidores públicos. Presente tal contexto, o Judiciário se vê
diante de um dilema: declarar a lei inconstitucional e anular o aumento ou a vantagem concedida (o que, para alguns, geraria
um agravamento da situação de inconstitucionalidade), ou estender o benefício a todos os que deveriam desde o início ter sido
abrangidos pelo diploma legal (o que, ao menos em tese, ofenderia o princípio da separação de poderes)? Tradicionalmente, o
Supremo Tribunal Federal, quando se viu perante tal dilema, sempre optou por uma via intermediária (e mais cômoda, diga-se
de passagem), consistente em não reconhecer a inconstitucionalidade da lei sob a justificativa de que descrímen seria fruto do
legítimo exercício do poder discricionário do legislador, e também em não estender seus efeitos, pois careceria o Judiciário de
função legislativa positiva. Com base em tal posicionamento, inclusive, foi editada sua Súmula nº 339.

Veja-se: Súmula nº 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Ocorre que mais recentemente, mesmo sem cancelar ou declarar superada a súmula acima citada, o STF aparentemente tem
alterado seu posicionamento. Ao menos o fez uma vez, quando apreciou a constitucionalidade das Leis nºs 8.622/93 e
8.627/93, que concederam aumentos diferenciados para servidores públicos civis e militares. Nesta oportunidade, a Suprema
Corte entendeu que a situação anti-isonômica deveria ser desfeita com a extensão do aumento maior (garantido a apenas
algumas classes) a todos os servidores, feitas as devidas compensações. Nesse sentido, editou a Súmula nº 672.
Littreis:Súmula nº 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93,
estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes
diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

Apesar de já se ter adiantado alguns aspectos, analisemos agora os instrumentos de controle passíveis de ser utilizados ante a
inconstitucionalidade por omissão geral e parcial.
O primeiro é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prevista no art. 103, § 2º, da Constituição Federal de 1988.
Cuida-se de instrumento de controle concentrado e abstrato da compatibilidade da inação estatal diante do texto constitucional,
instaurando processo de natureza objetiva, cuja decisão, consequentemente, gera efeitos erga omnes e vinculante. A
legitimidade para sua propositura cabe aos mesmos que podem propor a ADI tradicional e a competência privativa para seu
julgamento é do Supremo Tribunal Federal. Sua disciplina encontra-se na Lei nº 9.868/99, mais especificamente no art. 12-A e
seguintes. No art. 12-B, a referida lei expressamente reconhece a possibilidade de a ação direta ter por objeto tanto os casos
de omissão total como parcial. Já o art. 12-F prevê a possibilidade de o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional,
que, em sendo parcial, poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado (§ 2º), ou, em
qualquer hipótese, na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou, ainda, em outra providência a
ser fixada pelo Tribunal.

No que se refere aos efeitos da decisão que em ADI reconhece a omissão inconstitucional, tanto o art. 103, § 2º, da
Constituição Federal, quanto o art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99, estipulam que, cuidando-se de inação atribuível ao Poder
Executivo, uma vez sendo este comunicado do decisum, deverá tomar a providências necessárias no prazo de 30 dias ou em
outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo STF.

No entanto, caso a omissão seja do Poder Legislativo a Corte Suprema limitar-se-á a comunicá-lo da decisão reconhecedora da
mora, não podendo, contudo, constrangê-lo a adotar qualquer providência, embora o exorte a tanto.

Como se vê, em se cuidando de mora legislativa, a ADI acaba por se revelar instrumento de pouca utilidade prática, como
ocorreu, por exemplo, no feito em que se questionou a omissão parcial da lei do salário mínimo, acima mencionada.

O segundo dos instrumentos processuais manejáveis é o mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI, da Constituição
Federal nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania”.

Aqui, as hipóteses de cabimento são mais restritas que aquelas da ADI, contudo, em contrapartida, a legitimidade para sua
propositura é amplíssima, vez que aberta a todos aqueles que se virem impossibilitados de exercer qualquer dos direitos ou
liberdades constitucionais aludidos pelo citado inciso LXXI ante a ausência da necessária norma regulamentadora.

Através do mandado de injunção, exerce-se o controle da constitucionalidade da omissão por via de exceção ou difusa,
instaurando-se processo de índole subjetiva, que, por isso mesmo, terá os efeitos de sua decisão restritos aos sujeitos do
processo em que proferida. No tocante a estes [os efeitos da decisão no mandado de injunção], cumpre destacar que o STF,
após um período inicial no qual adotou uma postura mais auto-restritiva (self restraint), praticamente equiparando os efeitos do
acórdão concessivo da injunção àquele da ADI por omissão, mais recentemente assumiu uma postura mais ativa no se refere a
este remédio heróico, para, conferindo-lhe a eficácia almejada pelo constituinte Originário, passar a entender ser possível ao
Tribunal disciplinar concretamente o direito ou a liberdade constitucional cujo gozo estava sendo inviabilizado pela omissão do
Poder Público, nem que para isso tenha que se valer da analogia com outras normas.

Foi o que se deu no julgado do Mandado de Injunção nº 708/DF, no que ficou decidido que, diante da inércia do Legislativo em
regulamentar o direito de greve dos servidores públicos, dever-se-ia aplicar as normas que disciplinam a greve no setor
privado. Ficou ali consignado que “o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente fixada para conferir uma
compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A partir de uma série de precedentes, o
Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial
efetiva (CF, art. 5o, XXXV).”.

Ainda sobre o mandado de injunção, cumpre ressaltar que em importante precedente, o MI nº 107/DF, o Supremo consolidou
seu entendimento no sentido de que a omissão a ensejar a propositura da referida ação mandamental “tanto pode referir-se a
uma omissão total do legislador quanto a uma omissão parcial”, bem como que “o STF possui competência constitucional para,
na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar
ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional
invocado”, e, ainda, que “esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que
garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador”.

Especificamente no que toca ao controle da inconstitucionalidade por omissão parcial, há de se fazer referência a parcela da
doutrina que defender ser cabível ao lado da ADI por omissão, também a ADI tradicional, visto que, existindo lei, ainda que
deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto,
haveria uma espécie de fungibilidade entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se
consignar, o STF, ao julgar a ADI 1439 MC/DF, por nós já mencionada, asseverou expressamente que “a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que se registram entre o controle abstrato por ação e a fiscalização
concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a possibilidade de conversão da ação direta de
inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão, decorrente da
violação negativa do texto constitucional”.

Direito ao esquecimento e liberdade de tráfego de Trouxe para esta rodada um tema novíssimo, em debate na Comissão de Direitos Humanos da União Européia, e que tem EMAGIS Rodada
informações no mundo digital: como compatibilizar a suscitado debates acalorados com a visão de liberdade de informação defendida pelos Estados Unidos da América (onde se 22.2012
dimensão da honra subjetiva que garante a reconstrução da situam as duas maiores companhias que seriam afetadas com o problema: Google e Facebook).
própria imagem, com a realidade cibernética? Resposta à luz
do direito constitucional, em até vinte linhas.
Trata-se do direito a ser esquecido. Ou, em francês, Le droit à l´oubli. Em inglês, The right to be forgotten.

Em verdade, toda a questão surge de um aspecto do direito da personalidade: o direito de recomeçar, e reconstruir a própria
identidade.

O Professor J.J Gomes Canotilho, em Direito Constitucional e Teoria da Constituição, observa que “Os direitos da personalidade
abarcam certamente os direitos de estado (por ex.: direito de cidadania), os direitos sobre a própria pessoa (direito à vida, à
integridade moral e física, direito à privacidade), os direitos distintivos da personalidade (direito à identidade pessoal, direito à
informática) e muitos dos direitos de liberdade (liberdade de expressão). Tradicionalmente, afastavam-se dos direitos de
personalidade os direitos fundamentais políticos e os direitos a prestações por não serem atinentes ao ser pessoa. Contudo,
hoje em dia, dada a interdependência entre o estatuto positivo e o estatuto negativo do cidadão, e em face da concepção de
um direito geral de personalidade como ‘direito à pessoa ser e à pessoa devir’, cada vez mais os direitos fundamentais tendem
a ser direitos de personalidade e vice-versa”.

Desse alargamento do âmbito dos direitos da personalidade, de que trata o Professor Canotilho, é que deriva a questão atual
acerca dos limites de proteção das individualidades em face das pessoas e companhias que gerem informações na internet.
O ponto central a ser considerado diz respeito às obrigações dos sítios eletrônicos – desde blogs até grandes buscadores e
portais – em relação aos milhões de pessoas cujos nome, imagem, dados pessoais e toda e qualquer informação que lhes diga
respeito, sejam divulgados no mundo digital.

A questão envolve duas situações: a) aquelas em que os dados foram divulgados de forma lícita, em geral envolvendo condutas
ilícitas de pessoas que, após a condenação pelo fato e o cumprimento de pena ou pagarem indenização ou outra espécie de
recomposição da lesão, desejam ver excluídos quaisquer registros acerca do ocorrido no passado; b) o simples arrependimento
de pessoa quanto à divulgação de informação ou registro de áudio ou imagem no passado, ou interesse em não mais ser
lembrada por determinado fato.
Duas questões fundamentais: 1) há, de fato, direito a ser esquecido no direito brasileiro? 2) Segunda questão: quem seria o
responsável pela exclusão: o sítio que primeiro postou a informação ou os buscadores que a replicam?
O histórico da interpretação constitucional dos direitos da personalidade leva a uma resposta positiva, quando o assunto é a
reabilitação (especialmente no campo criminal). Se as penas de caráter perpétuo são exceções, deve-se considerar que a
permanência de dados sobre a prática de ilícitos em tese não deve servir para expor pessoas, após cumprirem as condenações
que lhes foram impostas.
Exceção: os fatos históricos cujo registro atende a um direito também basilar, qual seja, à memória de um povo.
Exemplo disso está na ordem do dia no Brasil, com a instituição da Comissão da Verdade, que abrirá arquivos da época da
ditadura, mesmo após a lei da anistia, que estabeleceu perdão pelos atos cometidos no período.
Também não se pode afirmar, de modo peremptório, que tal direito se aplicaria integralmente aos casos de mero
arrependimento da pessoa quanto à divulgação de informações que já não são do seu interesse, ou que ferem o seu modo atual
de vida e suas convicções. Aqui, poder-se-ia defender o seu cabimento, condicionado ao ressarcimento pelos custos daí
advindos.
Já quando se trata de avaliar a responsabilidade pela exclusão, como não há uma norma geral e abstrata determinando as
exclusões de informações, pode haver discussões quanto ao caráter jornalístico, à liberdade de informação, o direito à memória,
já que a gestão dessas exclusões em massa demandaria um custo impactante para as companhias.
Por ora, portanto, devem ser consideradas essas variáveis: o direito do homem-pessoa a reconstruir sua própria história, o
direito ao livre trânsito e informações, o direito à memória dos fatos com relevância histórica, o direito de livre iniciativa.
No plano das ações individuais, pode-se afirmar a necessidade de utilização das regras de proporcionalidade como critério de
solução. Assim já decidiram o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.
A questão poderá ser tornar mais tormentosa no âmbito das ações coletivas, envolvendo os limites de intervenção dos poderes
públicos no fluxo de informações que constitui o cerne da era digital.
Será que as restrições em massa (via sentença em demanda coletiva ou lei) não poderiam afetar o desenvolvimento da
internet, repercutindo de forma gradativa no espaço democrático em que se transformou a rede mundial de computadores? A
quem caberia discernir quais as informações deveriam ser excluídas, e quais deveriam ser mantidas?
Acerca dessa discussão quanto aos limites do regramento das informações em trânsito na internet, inclusive, há um recente
artigo escrito pelo Professor Jeffrey Rosen, da Faculdade de Direito da Universidade George Washington. O artigo foi publicado
na Revista Jurídica da Universidade de Stanford, e pode ser acessado pelo link <
http://www.stanfordlawreview.org/online/privacy-paradox/right-to-be-forgotten>.
Desapropriação constitucional das áreas habitadas por O tema encontra-se disciplinado no art. 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição da República, EMAGIS Rodada
comunidades remanescentes de quilombos. Aponte os de 1988. 25.2012
requisitos para a sua concretização à luz da jurisprudência do Eis a redação:
Supremo Tribunal Federal.
“Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade
definitiva, devendo o Estado emitir‑ lhes os títulos respectivos”.
Note-se que haverá duas situações: aquelas em que a área é possuída pela comunidade, sem contestação ou título de terceiros,
e aquelas em que há litígio envolvendo o domínio.
Em 20 de novembro de 2003 foi publicado o Decreto nº 4887, regulamentando o referido dispositivo constitucional, listando
uma série de requisitos para a concessão do título dominial às comunidades remanescentes de quilombo, e atribuindo ao INCRA
a função de concretizar as suas disposições.
O mencionado Decreto estabeleceu um conceito normativo para caracterizar tais comunidades.
De acordo com o seu art. 1º., “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica
sofrida”.
No seu art. 13 foi prevista desapropriação das áreas que porventura sejam tituladas por particulares, porém habitadas pelas
comunidades remanescentes de quilombolas.
Em 25 de junho de 2004, referido Decreto foi questionado no Supremo Tribunal Federal através da Medida Cautelar em ADI n.
3239/DF.
Dentre os pontos impugnados estão a validade do Decreto para regulamentar previsão constitucional, o critério de
autoatribuição das comunidades remanescentes quilombolas como tais, para efeito de reconhecimento dos efeitos jurídicos e a
possibilidade de desapropriação de áreas reconhecidas como remanescentes de comunidades quilombolas.
O Min. Cezar Peluzo, primeiro a votar, posicionou-se pela inconstitucionalidade do mencionado decreto, ao fundamento da
impossibilidade de regulamentação constitucional via Decreto, e pela inovação trazida no referido ato, ao tratar de
desapropriação no seu art. 13, não prevista no texto constitucional.
A Ministra Rosa Weber, na sequência, pediu vista, o que adiou o julgamento marcado para abril de 2012.
Em 2010 é aprovado o Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/2010), que se limita a repetir o texto constitucional,
delegando ao poder executivo as atribuições regulamentares.
Referida lei tratou do tema nos seguintes termos:
“Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade
definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento
sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das
comunidades.
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes
tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento público, destinados à realização de
suas atividades produtivas e de infraestrutura.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras
leis para a promoção da igualdade étnica”.
Veja que a lei não fez alusão expressa à desapropriação de áreas particulares ou públicas.
Mesmo antes do Decreto n. 4887/2003 e do Estatuto da Igualdade Racial, as organizações não governamentais e o Ministério
Público já vinham propondo ações voltadas a garantir o título de propriedade aos ocupantes de áreas remanescentes de
quilombos, descendentes da população quilombola.
E no bojo dessas ações também vem sendo discutida a questão relativa a indenizações eventualmente devidas aos detentores
de título de propriedade válido sobre a área.
Como visto, ainda não há posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema.

.Principais pontos - resolução de sentenças

Precatórios - Sendo assim, não há como tomar a expressão "precatórios" senão em seu sentido técnico, relativo ao procedimento a que submetido o pagamento de créditos superiores
compensação ao limite definido para as obrigações de pequeno valor, de modo que restam excluídos da incidência da regra do § 9º do artigo 100 os créditos submetidos ao regime de
pagamento mediante requisição de pequeno valor (RPV).(AG 0013671-92.2010.404.0000/RS, REL. DES. FEDERAL JOEL ILAN PACIORNIK, 1ªT./TRF4, UNÂNIME, J.
21.07.2010, DE 28.07.2010)

Acessibilidade - O DIREITO À ACESSIBILIDADE


deficientes Consolidados os movimentos de constitucionalização e posterior internacionalização dos direitos fundamentais, fenômenos que ganharam força no segundo pós-guerra,
físicos surge o que alguns doutrinadores chamam de “especialização dos direitos humanos”. Nesta nova fase, esses direitos – antes vistos apenas como manifestação do ser
humano como gênero, considerado este a partir de um padrão, sem preocupação com eventuais especificidades de determinados indivíduos – passaram a ser
especializados tendo em vista diversas categorias detentoras de alguma particularidade diferenciadora. Passou-se a se visualizar os direitos humanos conforme a relação de
gênero, reconhecendo-se as diferenças intrínsecas entre os sexos (daí os direitos das mulheres); segundo as fases etárias da vida, reconhecendo-se as peculiaridades
próprias de cada idade (daí os direitos das crianças, dos adolescentes e dos idosos); e, até mesmo, partindo da comparação entre o assim chamado ser humano “normal” e
aquele com alguma característica especial, excepcional, reconhecendo-se as limitações destes últimos (daí os direitos dos portadores de deficiência física e mental), dentre
outras situações.
Especificamente no que toca aos deficientes físicos, constituiu importante marco no plano do Direito Internacional a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes.
Emitida pela Assembleia Geral da ONU em 1975. Nos termos do Item 1 desse instrumento, “o termo ‘pessoas deficientes’ refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar
por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades
físicas ou mentais”. O Item 3, por sua vez, assevera que “as pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As pessoas deficientes,
qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes
de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena quanto possível.” Dispõe o Item 5 que “as pessoas deficientes têm direito a medidas que visem
capacitá-las a tornarem-se tão autoconfiantes quanto possível, complementando o Item 8 que essas pessoas “têm direito de ter suas necessidades especiais levadas em
consideração em todos os estágios de planejamento econômico e social”. Para finalizar estas pontuais referências ao aludido documento internacional, acrescente-se que o
Item 10 da mesma Declaração estabelece que “as pessoas deficientes deverão ser protegidas contra toda exploração, todos os regulamentos e tratamentos de natureza
discriminatória, abusiva ou degradante”.
No plano interno, merece destaque a Lei nº 10.098/00, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de
edifícios e nos meios de transporte e de comunicação (art. 1º). Segundo a definição fornecida pelo art. 2º da mencionada lei, por “acessibilidade” deve-se entender a
“possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos
sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Ainda sobre o tema, trazemos à baila a lição de Alexsandro Rahbani Aragão Feijó, que no artigo intitulado “O Direito Constitucional da Acessibilidade das Pessoas
Portadoras de Deficiência ou com Mobilidade Reduzida” assevera que “o direito constitucional de acessibilidade é, antes de tudo, uma materialização do direito
constitucional de igualdade. Antes da Constituição da República de 1988, este direito somente surgiu com a Emenda nº 12 à Constituição de 1967, promulgada em
17/10/78. A efetivação desse direito tem, no Município, o seu maior protagonista através de um programa de acessibilidade, com a retirada de todos os tipos de barreiras,
propiciando um melhor planejamento urbano e, consequentemente, a diminuição do desequilíbrio de uso e ocupação do solo nas cidades que atinge, sobretudo, as pessoas
portadoras de deficiência e a população de baixa renda”.
(Em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33394-42846-1-PB.pdf).
DA ACESSIBILIDADE NO CASO CONCRETO TRAZIDO PELA QUESTÃO
No caso trazido pela questão, haveria de se reconhecer a desconformidade da disposição física dos caixas da Agência 2604 do banco réu em relação à legislação de
regência, ferindo o direito à acessibilidade por parte dos idosos, gestantes, deficientes físicos e demais pessoas com mobilidade reduzida. Com efeito, a Lei nº 10.098/00,
em seu art. 11,parágrafo único, III, dispõe que “a construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de
modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”, devendo serem observados, dentre outros requisitos de
acessibilidade, o seguinte: “pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o
exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei”. Mais adiante, o art. 14 da mesma lei, estabelece que “os edifícios a serem construídos com
mais de um pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de
especificações técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes edifícios atender aos
requisitos de acessibilidade”.
Já a Lei nº 10.048/00 determina que as pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as
pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário (art. 1º), assegurando-se às mesmas pessoas, em todas as instituições financeiras, a prioridade
de atendimento (art. 2º, parágrafo único).
Como se vê, ao contrário do defendido pela CEF em sua contestação, existem sim normas legais que lhe impunham a obrigação de OU instalar no piso térreo de suas
agências o caixa preferencial OU tomar providência para que os idosos, gestantes e deficientes tivessem acesso ao pavimento superior sem terem que subir as escadas,
instalando elevador ou escada rolante, por exemplo.
Para finalizar o tópico, assevere-se ser irrelevante o fato, invocado pelo banco demandado, de que para se atender o pleito ministerial “haveria de fazer uma ampla e cara
reforma no imóvel”. É que sobre o agente econômico recaem os riscos e os custos do empreendimento, nos quais estão incluídos, por óbvio, os gastos necessários para a
adequação do estabelecimento aos padrões estabelecidos pelas normas de segurança, de acessibilidade, de proteção do patrimônio histórico, dentre outras. E, consigne-se,
jamais se poderia considerar “desproporcional” tal despesa, outorgando-se ao réu apenas a eventual possibilidade de escolher, entre os meios disponíveis para se garantir a
acessibilidade, aquele menos dispendioso.

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