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O educador contemporâneo nos espaços educativos

não escolares: desafios e possibilidades1


Jemmerson Antonio de Souza2, Helenice Maria Tavares3

Resumo

Esse artigo parte do seguinte questionamento: qual o papel do


educador nos espaços educativos não escolares da educação
não formal? Foi produzido com intuito de conhecer a realidade
dos profissionais que atuam nesses espaços, sua importância e o
papel que lhe é atribuído. Teve também a finalidade de evidenciar
nesta produção o contexto educacional da prática pedagógica,
dos espaços educativos não escolares. As diferenças desses
novos espaços de atuação dos educadores contemporâneos
e sua forma de organização. Para concretização deste estudo,
foi realizada uma pesquisa bibliográfica da qual utilizou como
referência ideias de alguns autores como Gadotti (1983), Freire
(1993), Amui (1999), Garcia (2001) e Simnson (2001). E como
produto final, obteve a compreensão de que este cenário de
atuação pedagógica é recente no âmbito educacional. Dessa
forma, os educadores que atuam nesta área enfrentam muitas
dificuldades, porém, devem ser tão valorizados como os
profissionais dos espaços educativos formais de ensino.

Palavras-chave

Educação. Educador. Educação não formal. Espaços Educativos


Não Escolares. Terceiro Setor.

1. Artigo elaborado como exigência para conclusão do curso de graduação de licenciatura em Pedagogia da
Faculdade Católica de Uberlândia.
2. Graduando do curso de licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail:
jemmersonsouzas@bol.com.br
3. Mestre em Educação pela Cambridge International University, professora orientadora no curso de Pedagogia
da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: tavareshm@netsite.com.br

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The contemporary educator at non school educative
spaces: challenges and possibilities*
Jemmerson Antonio de Souza**, Helenice Maria Tavares***

Abstract

This article begin following questioning: what is the paper of the


educator at non school educative spaces of informal education?
It has been produced with intention to know the reality of the
professionals who act in these spaces, its importance and the
role that is attributed to it. This article also had the purpose
to evince the practical educational context of the pedagogical
practice of non school educative spaces. The differences of
these new spaces of contemporary educators performance
and its manner of organization. To the realization of this study,
a bibliographical research has been accomplished that used
as reference some ideas of authors as Gadotti (1983), Freire
(1993), Amui (1999), Garcia (2001) and Simnson (2001). And
as final product, it had the comprehension that this scenario
of pedagogical performing is recent on educational scope.
This way, educators who act in this area face many difficulties,
however they must be as upside as the professionals of the
formal educative spaces.

Keywords

Education. Educator. Informal Education. Non School Educative


Spaces. Third Sector.

* Elaborated article as requirement for graduation conclusion in Pedagogy at Faculdade Católica de Uberlândia.
** Graduating in Pedagogy at Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: jemmersonsouzas@bol.com.br
*** Master degree in Education by Cambrige International University, counselor teacher of Pedagogy at Faculdade
Católica de Uberlândia. E-mail: tavareshm@netsite.com.br

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Introdução

O tema deste estudo se baseia e norteia Educação: significados e conceitos


sua pesquisa pelo seguinte questionamento:
Qual a função, papel, formas de atuação e Freire (1983) coloca a questão da intensa
organização dos educadores nos espaços relação ligada ao homem, pois para ele, não
educativos não escolares? podemos falar de educação sem pensar no
O estudo aqui desenvolvido teve a próprio ser humano. Assim, é necessário um
finalidade de fazer uma pequena explanação estudo filosófico e antropológico da essência
sobre a estrutura organizacional e o trabalho humanística, para que se possa entender
realizado nos espaços educativos não o processo de construção e efetivação da
escolares. Assim serão abordados aspectos Educação na sociedade. Não vamos entrar
como: sua forma de organização, estrutura em aprofundamentos mais específicos sobre
de funcionamento, conhecimento do seu estas questões, bastando entender o que
desenvolvimento histórico, político e social. Os significa educação. Assim, podemos encontrar
objetos de estudo, do presente tema, buscaram a raiz e o conceito mais etimológico do termo.
a maior compreensão do papel dos profissionais
da educação que atuam nessa modalidade de A educação é uma resposta à finitude da
ensino. infinitude. A educação é possível para o
Esse artigo foi produzido com intuito de homem, por que este é inacabado. Isto leva à
sua perfeição. A educação, portanto, implica
fazer uma reflexão sobre os espaços educativos numa busca realizada por um sujeito [...].
não escolares e com isso proporcionar aos O homem deve ser o sujeito da sua própria
educadores desse segmento mais conhecimento educação. Não pode ser objeto dela. Por isso,
técnico-científico à sua prática cotidiana. Além ninguém educa ninguém (FREIRE, 1983, p.
disso, elencar maiores discussões entre os 27-28).
estudiosos do assunto, pesquisadores e pessoas de
qualquer área que se interessem por este assunto. Então, para que uma sociedade que
Foi utilizada, como metodologia de é composta por diferentes tipos de pessoas
trabalho, a pesquisa bibliográfica, que segundo e organizadas em classes distintas possa se
Cervo; Bervian (1999): “consiste na procura de organizar e, assim, ter algum tipo de ato
referências teóricas publicadas em documentos, educacional, basta às pessoas pensarem e
tomando conhecimento e analisando as refletirem sobre si mesmas. Por isso, compete
contribuições científicas ao assunto em questão. à educação a tarefa de auxiliar nessa reflexão.
Por ser de natureza totalmente teórica, é Devemos, então, nos remeter à ideia lógica
parte obrigatória de outros tipos de pesquisa”. de que não há ninguém sem educação ou
Algumas obras foram produzidas por que não seja educado, apenas temos níveis e
autores reconhecidos na área da educação, que tipos de educação diferentes. E nesta relação
já vivenciaram vários contextos e interfaces desse de educação, o homem deve estar presente,
campo de conhecimento. Entre eles podemos com seus valores e atitudes necessários para
citar Freire (1983) e Gadotti (1983). Estes e outros que isso aconteça. Assim, já sabemos que
autores demonstram a sua visão da área abordada, para que a educação aconteça, é necessário
assim como deixa contribuições com pesquisas que alguém tome frente de seus ideais,
consideradas novas a e ainda recentes sobre organize e efetive esses saberes necessários.
educação e espaços educativos não escolares. Encontramos diversas expressões para

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conceituar e dar significado ao acontecer O indivíduo só é educado por meio
educativo: processo educativo; prática da interação com o meio, segundo alguns
educativa; atividade educacional entre outros. teóricos da corrente interacionista da educação.
Junto com estas denominações A criança aprende convivendo com os
encontramos, também, vários tipos de conhecimentos que passam a ser exigidos
educação: rural; ambiental; sexual; de trânsito; pelas variadas situações rotineiras. Assim, é
escolar e outros. (Libâneo, 2004, p. 72), mostra por meio das experiências que o sujeito vai
em suas ideias, o significado etimológico da desenvolver suas habilidades cognitivas, afetivas
palavra educação, que tem um sentido mais e sociais, pois ninguém aprende sozinho.
global e geral da nossa sociedade: “origem
latina dos dois termos: educar (alimentar, A educação não é a preparação para vida, é a
cuidar, criar) [...] educere (tirar para fora própria vida [...]. A educação é uma constante
reconstrução ou reorganização da nossa
de, conduzir para, modificar um estado)”. experiência, que opera uma transformação
Outros autores ainda questionam e direta da qualidade da experiência, isto é,
refletem sobre o significado desses dois termos: esclarece e aumenta o sentido da experiência
“Alimentar educar. Não serão estas duas tendências e, ao mesmo tempo, nossa aptidão para
seculares e frequentemente em conflito de dirigirmos o curso das nossas ações
subsequentes (DEWEY, 1979, apud LIBÂNEO,
educação ora preocupada antes de tudo em
2004, p. 75).
alimentar a criança de conhecimentos, ora em
educá-la para tirar dela todas as possibilidades?”
A educação é base de qualquer
(MIALARET, 1976 apud LIBÂNEO, 2004, p. 72).
organização social, digamos que ela seria a
Temos, então, na educação os meios e as
espinha dorsal de uma sociedade. É por meio da
formas de adquirir os conhecimentos necessários
educação que o indivíduo é preparado para ser
para vida social. Ela favorece ao desenvolvimento
inserido no contexto social, em que nasce e vai
dos aspectos físicos, biológicos, psicológicos e
mentais. É pela educação que poderemos nos viver durante algum tempo considerável. Autores
tornar meros reprodutores da ideologia da qual como Libâneo (2004), Gadotti (1983) e Freire
estamos cercados ou transformadores da nossa (1983) colocam assim toda responsabilidade
realidade, produzindo novos conhecimentos de estruturação, funcionamento, organização e
e modificando nossa forma de vida. Quem mudança social na educação.
faz esta educação são os adultos, que passam
A educação é uma função parcial integrante
para as crianças como deverá ser sua conduta da produção e reprodução da vida social, que
como indivíduo integrante da teia social. é determinada por meio da tarefa natural, e
Porém, não há como controlar, como essas ao mesmo tempo cunhada socialmente, da
crianças se desenvolverão ao longo do tempo, regeneração dos sujeitos humanos, sem os
quais não existiria nenhuma práxis social. A
ou seja, que tipo de adulto vão se tornar.
história do progresso social é simultaneamente
também um desenvolvimento dos indivíduos
A educação é ação exercida pelas gerações de suas capacidades espirituais e corporais
adultas sobre as gerações que não se encontram em suas relações mútuas. A sociedade
ainda preparadas para vida social: tem por depende tanto da formação e da evolução
objetivo suscitar e desenvolver, na criança, dos indivíduos que a constituem, quantos
certo número de estados físicos, intelectuais estes podem desenvolver suas relações sociais
e morais, reclamados pela sociedade política,
(LIBÂNEO, 1983, p. 32).
no seu conjunto, e pelo meio especial que
a criança se destine (DURKHEIMEN, 1967
apud LIBÂNEO, 2004, p. 77). Assim, a educação é parte integrante e

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essencial de qualquer meio social. É pela educação movimentos sociais, as praticas de criação de
que ocorre a transformação do meio. Por ela filhos, os meios de comunicação social são
forças que operam e condicionam a prática
são passadas e refletidas várias questões, ligadas educativa. [...] boas parte delas ocorre de
a: saúde, cultura, economia e desenvolvimento forma não-intencional [...] é muito em virtude
de uma forma geral. A educação é o meio de desses fatores e influências [...] que se dá o
sistematizar o modo de vida da sociedade. processo de socialização (LIBÂNEO, 2004, p.
87)

A educação e suas modalidades: os


Ainda Libâneo (2004) não considera
tipos de práticas educativas
a modalidade educacional não-intencional,
como sendo o todo do processo educativo,
Temos em nossa sociedade vários
pois, de acordo com ele, a socialização
tipos de educação que são desenvolvidos
embutida no objetivo da educação, só acontece
pelos seres que nela vivem. Os educadores
de forma intencional e sistematizada. Para
progressistas descartam a ideia de que o
que a sociedade possa de alguma forma
processo ou ato educacional seja isolado.
repassar sua ideologia, é necessário que
Encontramos nas ideias de Libâneo
haja uma sistematização do que tem que ser
(2004), algumas modalidades da educação
repassado. Assim, temos outra modalidade
que convém comentar neste estudo. Vamos
educacional: a educação intencional.
começar com os dois tipos essenciais de
educação: intencional e não intencional.
A capacidade de aproveitar experiências não
A prática educativa em que não ocorre preparadas varia conforme a compreensão
um planejamento, sistematização e não há uma de experiências conjuntas anteriores, uma
intencionalidade explícita é denominada não- vez que há um mínimo de integração dos
intencional. Temos e conhecemos este tipo de indivíduos nos grupos do qual nem poderá
aprender as situações comuns que não terão
educação, desde que nascemos. Partindo já do
sequer sentido para ele. (RIBEIRO, 1965 apud
principio organizacional da sociedade, temos
LIBÂNEO, 2004, p. 88).
neste tipo de educação duas vertentes que têm
sua ideologia política, econômica e cultural.
Esse tipo de educação surge das mudanças
De um lado, essa educação pode
e transformações ocorridas na sociedade ao
contribuir para que de alguma forma,
longo da história. A modernização advinda com
continuemos a reproduzir o sistema vigente,
os movimentos tecnológicos e econômicos,
ou, tentar mudar o que estamos vivenciando.
como a Revolução Industrial, tornou necessária a
As práticas e situações vivenciadas, em casa, no
participação de todos os indivíduos da sociedade.
bairro, nas instituições religiosas e com as pessoas
que convivemos, é a forma de recebermos
este tipo de educação não intencional. Como Educação intencional:
isso ocorre de forma não sistematizada e de formal x não formal
forma, digamos que, incontrolável chamamos
este processo de educação informal. Dentro da forma de educação intencional,
encontramos dois tipos distintos de educação:
Os fatores naturais [...] os aspectos físicos e formal e não formal. A primeira questão
biológicos [...] exercem uma ação educativa. que devemos entender para compreender
[...] o ambiente social, político e cultural
implicam sempre mais processos educativos
esses dois tipos de atos educacionais, formal
quanto mais à sociedade se desenvolve. Os e não formal, é que nem toda educação
valores, costumes, ideias, a religião [...] os que está fora dos parâmetros considerados

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formais é um tipo de educação informal. pelo Ministério da Educação e Cultura, órgão
Retomando o que seria educação informal, que administra a educação nacional. Os níveis
temos que é “o processo contínuo de aquisição de educação formal concluídos devem ser
de conhecimentos e competências que não comprovados por meio de certificados e diplomas
se localizam em nenhum quadro institucional, igualmente registrados nos mesmo órgão. Esta
acrescentado ainda se caráter não intencional” modalidade de educação, então, pode ser
(NASSIF, 1980 apud LIBÂNEO, 2004, p. 90). resumida como aquela que está presente no
O termo formal nos lembra alguma coisa ensino escolar institucionalizado, cronologica-
séria, concreta, da qual temos contato e que mente gradual e hierarquicamente estruturado.
temos que seguir. “Formal refere-se a tudo Em contrapartida há outras formas
o que implica forma, isto é, algo inteligível, de educação, que ainda não possuem leis
estruturado, o modo em que se configura” que regulamentam seu funcionamento,
(LIBÂNEO, 2004, p.88). Ou seja, todo sistema enquanto instituição educacional, com
educativo, que seja estruturado e tenha um nível estrutura didático-pedagógica estabelecida
de organização é planejado sistematicamente e supervisionada por órgãos específicos.
e intencionalmente, é considerado formal. A Existem ainda formas de educação
educação escolar, com todos seus níveis de ensino que, apesar de não serem tão estruturadas
é considerada um exemplo tipo desta educação. ou sistematizadas, são consideradas tipos de
O documento sistematizado que rege educação intencional. Estamos falando de ações
este tipo de educação em nossos pais é a que ocorrem fora da educação escolar e que
Lei 9394/96, denominada Lei de Diretrizes são denominadas educação não formal. Esta
e Bases da Educação Nacional. Ela foi modalidade pode ser definida como qualquer
sancionada em 20 de dezembro de 1996 e tentativa educacional organizada e sistemática
trás como sendo a educação formal do Brasil que, normalmente, se realiza fora dos quadros
a: Educação Básica (Educação infantil, Ensino do sistema formal de ensino. “A educação não
Fundamental, Ensino médio e Educação formal, por sua vez, são aquelas atividades
de Jovens e Adultos) e o Ensino Superior. com caráter de intencionalidade, porém, com
baixo grau de estruturação e sistematização,
Título I - Da Educação implicando certamente em relações pedagógicas,
mas não formalizadas” (LIBÂNEO, 2004, p. 89).
Art. 1º A educação abrange os processos Já na instituição formal escola podemos
formativos que se desenvolvem na vida encontrar algumas práticas deste tipo de educação
familiar, na convivência humana, no trabalho,
como as atividades extraclasse no contraturno
nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da que complementam os conhecimentos
sociedade civil e nas manifestações culturais. adquiridos nos bancos acadêmicos, tais como
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, feiras culturais, atividades de lazer e eventos
que se desenvolve, predominantemente, por que envolvem a escola à comunidade.
meio do ensino, em instituições próprias.
A educação não formal é mais difusa,
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao
mundo do trabalho e à prática social menos hierárquica e menos burocrática, pois ao
(BRASIL, 1996, Lei de Diretrizes e Bases da contrário da educação formal, ainda não possui
Educação Nacional, p. 17). leis e diretrizes para seu trabalho. Os programas
de educação não formal não precisam
A educação formal então é aquela que necessariamente seguir um sistema sequencial e
se obtém nas escolas oficiais (públicas ou hierárquico de progressão. Podem ter duração
particulares), cujos cursos são reconhecidos variável e podem, ou não, conceder certificados

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de aprendizagem, porém, sem reconhecimento de experiências, de formação de grupos, de
especifico de órgão regente da sua organização. contato e mistura de diferentes idades. Para a
Podemos observar que as três modalidades efetivação da proposta da educação não formal
de educação estão de alguma maneira interligadas, o educador procura desenvolver atividades que
pois o indivíduo é, também, resultante de um oportunizem situações diversas de maneira a
meio social, político, cultural e familiar. Meios contribuir com a formação social do indivíduo.
também permeados pela educação informal Essa especificidade intencional de
tanto quanto pela não formal e a formal. educação vem aos poucos ganhando espaço
Ao longo do tempo a modalidade de e notoriedade no Brasil. Com isso, são abertas
ensino não formal, vem se destacando na novas oportunidades para as crianças e
área educacional e crescendo de maneira adolescentes, não somente em situação de
visível no cenário da sociedade brasileira risco, mas que de alguma forma precisam ser
contemporânea. Isto vem acontecendo, pois aparadas, enquanto seus responsáveis saem
ela caracteriza de maneira diferenciada da para o trabalho. Isto acontece principalmente,
escola formal e ao mesmo tempo completa porque o Estado ainda não criou mecanismos
as lacunas deixadas pela escola regular. para que este tipo de educação ocorra de forma
Essa modalidade vai além dos muros da integral, dentro das instituições de ensino formal.
escola formal, que, por sua vez, preocupa-se em Atualmente, diferentes instituições
transmitir e sistematizar conteúdos socialmente oferecem esta modalidade de ensino:
acumulados. No entanto, a preocupação na públicas, confessionais e da sociedade civil,
educação não formal é devido à transmissão principalmente abarcada pelo terceiro setor. Os
do conhecimento de forma sistematizada, mais espaços onde se desenvolvem ou se exercitam
flexível, sem mensurar ou repreender o educando. as atividades da educação não formal são
Usualmente se define a educação não múltiplos, a saber: no bairro-associação, nas
formal por uma ausência, em comparação ao organizações que estruturam e coordenam os
que há na escola (algo que seria não intencional, movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos
não planejado, não estruturado), tomando e nos partidos políticos, nas organizações
como único paradigma a educação formal. não governamentais, nos espaços culturais,
O que difere a modalidade formal da nas próprias escolas e nos espaços interativos
não formal é relativamente a organização dessas com a comunidade educativa etc.
e a estrutura do processo de aprendizado. Segundo Simson (2001), as instituições
A transmissão do conhecimento que oferecem esta modalidade vêm crescendo
acontece de forma não obrigatório e sem a desde a segunda metade dos anos 80, sendo
existência de mecanismos de repreensão em que hoje, na região sudeste, existem 278
caso de não aprendizagem, pois as pessoas instituições: em São Paulo, existem 173 e
envolvidas no e pelo processo ensino- na região de Campinas, 17. Buscando traçar
aprendizagem e tem uma relação prazerosa um quadro de atuação dessas instituições na
com o aprender (SIMSON, 2001, p. 10). região metropolitana de Campinas e região, a
Neste tipo de modalidade educacional, autora realizou uma sondagem da atuação das
a proposta de educação funciona como instituições voltadas para a educação não formal,
espaço de prática de vivência na qual será sendo estas instituições de vários tipos: públicas,
proporcionado lazer e permissão ao educando religiosas e organizadas pela sociedade civil.
poder movimentar-se e expandir-se. Além de A faixa etária mais comum entre os
que esses espaços favorecerem um aprendizado atendidos são crianças e adolescentes de 06
de forma mais prazerosa, oportunizam a troca a 17 anos. Os critérios básicos para selecionar

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os atendidos são: matriculados na escola favorecer a participação; e proporcionar a
comum e frequência a ela e ao programa investigação e projetos de desenvolvimento.
estabelecido pela instituição não formal.
O horário de funcionamento são A Educação não formal ainda valoriza,
aqueles opostos ao período escolar, chamados considera, amplia e reafirma a cultura do
educador e do educando [...]. Sendo que
por alguns sistemas de ensino de extra este espaço oportuniza a transformação
ou contraturno. Geralmente, este tipo de social, dando aos sujeitos que participam
atendimento é realizado por profissionais desse processo oportunidades de interferir na
de varias áreas, contratados ou voluntários. história, refletindo-a, transformando-a, logo
As maiorias das instituições oferecem se transformando centralizadas (GARCIA,
aos seus atendidos as seguintes atividades: 2001, p. 153).
de educação física, artes e artesanato,
capoeira, dança, informática, valores humano, Podemos observar o quanto a educação
formação de hábitos e educação em geral. não formal se diferencia da educação formal.
A maioria demonstra um trabalho mais Porém, devemos lembrar que ambas são
pedagogizante do que artístico e também tipos de educação intencional, e, portanto,
apontam a preocupação em instituir o reforço são necessárias na sociedade para repassar
escolar e em instrumentalizar para o trabalho. conhecimento sistematizado. A educação não
Mais sua maior preocupação está nas questões formal tem a característica de ser mais flexível,
sociais como: violência, droga, racismo, ecologia, uma vez que não tem cobranças por parte
valores humanos etc. (SIMSON, 2001, p. 22). do governo para seus resultados e formas de
Percebe-se que as instituições de ensino atuação, enquanto que a educação formal, em
não formal estão, assim como as formais, sua maioria, segue sistematicamente as diretrizes
comprometidas com questões sociais, ambientais, governamentais que lhes são estabelecidas,
culturais. A flexibilidade na adaptação de colocando-se, portanto, a serviço do estado.
conteúdos, a não fixação de tempo e espaço
não faz com que tais instituições não possuam O educador na contemporaneidade
uma organização e uma estrutura definida.
A aprendizagem, quando diz respeito Quem é o educador na sociedade
à educação não formal, acontece sem que contemporânea? Qual seu papel e sua
haja uma obrigatoriedade e sem que haja função nesse novo contexto globalizado?
mecanismos de repreensão para o não Como está sua identidade profissional e
aprendizado, pois as pessoas estão de alguma pessoal? Como é ser educador hoje em dia?
forma, envolvidas no e pelo processo ensino Ao longo do tempo, do seu
aprendizagem e em uma relação prazerosa e desenvolvimento e organização, a sociedade
significativa com o processo de aprender e com criou um espaço para que os saberes a
a construção do saber (GARCIA, 2001, p. 152). serem repassados fossem sistematizados
A mesma autora cita que os espaços e transmitidos de geração em geração: a
de educação não formal deverão respeitar escola. Neste espaço foi colocado alguém
algumas características: apresentar para contribuir com este papel: o educador.
caráter voluntário; promover, sobretudo Esta nomenclatura deixou de ser, na
a socialização e a solidariedade; visar o atualidade, um termo específico para determinada
desenvolvimento; preocupar-se essencialmente área da educação, porém, não é totalizante. Mas
com a mudança social; serem pouco sabemos que aqueles que buscam desempenhar
formalizados e pouco hierarquizados; o papel da melhor maneira possível, podem

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e deve ser chamados por educadores. mediadores do conhecimento, pessoas que,
A identidade de educador, então, deve de alguma forma, trocam aprendizados,
ser tida como profissão. Segundo as ideias vivências e experiências de seus alunos.
e conceitos construídos por Amui (1999), o A pedagogia então vem, por meio
magistério é uma ocupação profissional muito de suas discussões, criar espaços para
difícil por vários fatores, mas o principal é a esses novos educadores, para que estes,
relação que se dá o tempo com o outro. O assim, possam observar bem o papel da
educador deve ser intermédio para que seus educação na sociedade em que vivem, a
alunos cumpram os objetivos propostos e a fim de que a ideologia do dominador não
necessidade de desenvolvimento, sem que sobressaia e continue sendo reproduzida.
os alunos se tornem meros reprodutores do Gadotti (1983) coloca o papel
que lhes foi repassado. A autora ainda nos transformador do educador em relação a
mostra quem é esse profissional, e expõe os uma Pedagogia do conflito que deve ser
conceitos psicossociais desse ser educador. mudada para uma Pedagogia do diálogo. Os
“O professor necessita desenvolver duas educadores, para modificar a realidade, devem
dimensões: intrapsíquica e interpsíquica. iniciar por uma mudança interna, repensando
Primeiro, o Ego forte e estruturado. Segundo, sobre sua formação ética, profissional e
o Eu relação ao outro, os outros (alunos no pessoal e refletindo sempre na sua prática.
caso). Confiável, não ameaçados, capaz de
atitudes seguras e justas” (AMUI, 1999, p. 27). Educar nessa sociedade é “tarefa de partido”,
Podemos, então, verificar que o indivíduo isto é, não educa realmente aquele que ignora
“professor”, considerado atualmente por o momento em que vive aquele que pensa
estar alheio ao conflito que o cerca. È tarefa
muitos teóricos como educador, tem, além do partido porque não é possível o educador
de sua figura profissional, uma essência e permanecer neutro: ou educa a favor dos
vida própria. Essa figura, tão importante e privilégios da classe dominante ou contra eles,
presente nos contextos educacionais, sejam ou a favor das classes dominadas ou contra
eles formais ou não formais, vem assumindo elas (GADOTTI, 1983, p. 75).
novos papéis e identidades no processo de
mudanças que ocorrem constantemente no Na era da globalização, a profissão de
século XXI. Por isto, este profissional precisa educador enfrenta vários processos em seu
ter um autoconhecimento, para saber das suas percurso, que acabam implicando no exercício do
fragilidades e habilidades e assim contribuir de seu oficio. Além da desvalorização da profissão,
forma mais efetiva para o trabalho em sala de aula. que fica evidente nas falas e comportamentos
A função dos educadores na sociedade perante esses profissionais, confunde-se
pós-contemporânea, denominada assim muito o papel e a função do educador.
por alguns pesquisadores renomados como Na contemporaneidade, muitas
Gadotti (1983), vai muito além dos conteúdos pessoas passaram para os profissionais da
acadêmicos ministrados na sala de aula. área de educação, a responsabilidade total
O educador deve ter consciência que está de vários tipos de ensino (formal, informal e
em um mundo de constantes e efervescentes não formal) e não de apenas contribuir com
mudanças e que de alguma forma tem que o processo de aprendizado. São transferidas
acompanhá-las. Por isso, seu papel é mostrar as responsabilidades e competências da
aos seus educandos o contexto em que formação integral do indivíduo, para esta
vivem e, para isto, precisa entendê-lo mais classe de trabalhadores, colocando de alguma
do que ninguém. Assim, teremos realmente forma uma inversão ou total ascensão dos

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papéis desempenhados por tais profissionais. educadores, não traz em sua formação
O educador deve criar um novo paradigma acadêmica uma preparação para lidar com o
para este cenário atual, modificando público desta modalidade de ensino. Quando
esta forma de pensamento e abrindo um temos profissionais graduados em cursos
grande e novo leque para novas vivências superiores de formação docente, fica evidente
e experiências na sua atuação. Mostrando que o conhecimento obtido na academia
o verdadeiro sentido do ato de educar. prepara para atuação na escola formal que exige
As situações problemas encontradas nas uma postura pedagógica disciplinar e submissa.
práticas destes educadores têm várias causas, O maior conflito gerado é exatamente em
desde as deficiências de organização do sistema torno da atuação do professor que tem dificuldade
educacional brasileiro até a prática individual em compreender que outras estratégias de ensino
de todas as pessoas. Em âmbito geral, a possibilitam uma relação educacional mais
insatisfação dos educadores, no que diz respeito prazerosa, pois esta modalidade educacional
a um contexto tão desumano, é percebida na não possui a mensuração do processo ensino-
maioria dos lugares de atuação educacional. E aprendizagem. Este espaço pedagógico deve
ainda tem que ser responsável pela formação ser visto pelo educador e educando como um
desses novos indivíduos a serem inseridos local de possibilidades de conquistas, reflexões,
nessa sociedade. “Não é de outra maneira de conscientização e de transformação, como local
agir dos professores quando estão ensinando, que proporciona um crescimento do sujeito, de
porém será que eles sabem disso? Na imagem forma a contribuir na formação do indivíduo.
da sua prática, eles estarão dando preferências Considerando os modelos escolares
à ação pensada, ditada pelo conhecimento adotados por estes professores, outro conflito faz-
ou pela razão?” (PERRENOUD, 1999, p. 56). se presente, vinculado à prática proposta por eles,

O papel do educador nos espaços de uma maneira geral não satisfazem mais aos
educativos não escolares da educação adolescentes que exigem uma postura mais
flexível onde haja uma troca, um aprendizado
não formal mútuo, pois eles não querem mais serem
expectadores e sim fazer parte do espetáculo,
Os educadores de um modo geral ou seja, querem uma relação de igualdade,
encontram em suas práticas educativas de respeito e são estas dificuldades na relação
educador-educando que grande parte das
muitas dificuldades. Porém, além dos vezes, o educador não consegue perceber
problemas de um cotidiano pedagógico outras dimensões do trabalho pedagógico
convencional, os educadores que atuam que não seja a ensinar a técnica para qual foi
nos espaços educativos não escolares têm contratado (GARCIA, 2001, p. 156).
outras problemáticas e outros paradigmas.
Para se obter um trabalho eficaz é necessário Outro ponto que vale ressaltar diz respeito
que os desejos, anseios e necessidades, de quem às estratégias de negociação que permeiam a
for atendido, sejam enfocados, assim como efetivação das propostas de educação não formal
valorizado o universo cultural dos educandos. uma vez que as pessoas que administram estas
Então, a partir destas considerações, podemos instituições nem sempre entendem ou estão de
realizar uma análise da formação e de diferentes acordo com a proposta de governo. A insatisfação
possibilidades de atuação destes profissionais entre quem administra as instituições e as
que lidam com a educação não formal. políticas públicas dificulta o encaminhamento
O corpo docente que geralmente e a efetivação de novas propostas, uma vez
atua na área da educação não formal, como que nem sempre o governo tem clareza da

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necessidade da comunidade, promovendo maneira a ajudar crianças e adolescentes a
um processo contínuo de negociações, nas se transformarem em um cidadão que possa
quais a parte que representa a administração contribuir de forma mais efetiva com a sociedade.
da instituição obtém, em algumas vezes, êxito.
Outra dificuldade encontrada pelas Terceiro setor: o espaço da educação
instituições refere-se aos recursos destinados não formal
para a política social, que interferem no
desenvolvimento de ações que precisam de Os espaços educativos de ambientes não
material e recursos humanos. As instituições escolares começaram a se expandir no nosso
trabalham com poucos recursos, pois de certa país, com mais eficácia nas décadas de 80 e
forma não há um investimento satisfatório 90, depois do processo de redemocratização
por parte dos governantes, por isso, faz- do Brasil. Na época da ditadura, todos os
se necessário buscar parceria com o setor movimentos sociais se voltavam para a volta da
privado. Geralmente, estes parceiros estão democracia, e após isto acontecer, começou-se
apenas no âmbito econômico, não sendo a luta específica de cada um desses movimentos.
uma parceria elaborada em comum acordo, Gonh (2003) cita o surgimento de novos
no que diz respeito aos objetivos. Assim, as movimentos sociais na década de 80, ligados
instituições têm que convencer a esta parcela principalmente às igrejas, o chamado de
da comunidade que o investimento trará Teologia da Libertação. A população de modo
uma imagem positiva e solidária à empresa, geral, começou então a fazer indagações sobre
aumentando seus lucros, ou seja, uma troca de o caráter dos novos movimentos populares,
favores e não a conscientização do ato como pois além destes ligados às religiões, surgiram
algo que promoverá a transformação social. movimentos em defesa das mulheres,
A forma de inserção desses adolescentes meio ambiente, indígenas e retomaram os
que participam das atividades propostas pela movimentos dos negros. Podemos verificar
instituição varia muito. Alguns visam os projetos que, então, estas organizações iniciaram seu
como uma oportunidade de crescimento, processo de legitimação social, a partir de bases
outros como uma forma de passar o tempo. sociais consideradas “minorias” na sociedade.
O que configura este grupo numa relação Motaño (2005), que aborda de forma
frágil, superficial, instável, prejudicando muitas mais especifica a temática do terceiro setor,
vezes o desenvolvimento das atividades. ressalta que esse segmento não faz parte de
A falta de percepção e compreensão de um fenômeno isolado, mas de movimentos e
alguns professores em fazer com que o grupo tendências ocorridos pelo capital e pelo sistema
desinteressado, ou melhor, o grupo que ainda de organização social capitalista que ainda
não viu nos projetos algo que possa lhe trazer predomina na sociedade contemporânea.
benefícios, dificulta a ação da instituição no que Inicia-se então uma nova estrutura de atuação
cabe ao seu propósito maior, que é o de oferecer da sociedade civil, que de alguma forma
e propiciar espaços, condições materiais organizou-se para atender às demandas
e pedagógicas, relações interpessoais para sociais que o Estado não conseguiu sanar.
constituição de um centro de convivência que Coloca então como sendo, primeiro setor:
favoreça, propicie trocas e valorize os indivíduos. o Estado e todas suas ferramentas burocráticas;
A existência desses conflitos conduz a o mercado é o segundo setor, que é regido pelo
uma reflexão sobre a necessidade de buscar primeiro, mas movimenta o funcionamento do
novas estratégias, possibilidades de atuação, capitalismo; as organizações da sociedade civil,
trabalhar a afetividade com a clientela de sendo o terceiro setor. Portanto, esse que surgiu

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na década de 80, no auge nos novos movimentos entidades internacionais (GONH, 2003, p.
sociais, é formado por entidades, organizações e 11-12).
instituições filantrópicas, beneficentes e sociais
de cunho públicas e/ou privadas. “Definiram- De acordo com Montanõ (2005), ao longo
se como organizações do terceiro setor, aquelas do tempo as ONGs passam a ser financiadas por
que são: privadas, não governamentais, sem entidades de caráter governamental, ou ainda
fins lucrativos, autogovernadas, de associação quando prestam de forma terceirizadas serviços
voluntária” (ACOTTO e MANZUR, 2000 apud para as esferas do poder público. Há vários tipos
MONTAÑO, 2005, p. 55). destas organizações, que atendem diferentes
Todas estas formas de organizações classes da sociedade e atuam de diversas maneiras.
setoriais são sem fins lucrativos, que por Os Espaços Educativos Não Escolares,
ironia pertencem à sociedade civil, e geralmente estão dentro do terceiro setor,
ficam invisíveis pela sociedade capitalista, principalmente presentes nas ONGs. Gonh
sendo vistas como último setor social. (2003) cita que estas ONGs trazem dentro dos
Quem faz parte deste setor da sociedade? seus serviços esses espaços, são chamadas de
caritativas, e realizam trabalhos de atendimento
Para alguns, apensa incluem-se organizações ao menor, às escolas de educação infantil e
formais (c.f Salamon, apud Fernandes, 1994); ao trabalho com a mulher e o idoso. Pode-
para outros, contam até atividades informais, se verificar, por exemplo, que “na área da
individuais, ad hoc (Fernandes, 1994);
para alguns fundações empresariais seriam educação infantil [...] as ONGs caritativas
excluídas (Flacso, apud Acotto e Mazur); e entraram em cena - estas foram as que
outros casos, os sindicados, os movimentos mais se expandiram” (GONH, 2003, p. 11).
políticos insurgentes, as seitas etc, ora Além do atendimento à Educação
consideradas pertencentes, ora excluídas do
Infantil, que recentemente em alguns lugares
conceito (MONTAÑO, 2005, p. 55).
ganharam cara e formas organizacionais de
instituições formais, temos também as ONGs
Podemos citar como parte desse terceiro
que cuidam do atendimento não formal a
setor, um novo conjunto de organizações que
crianças e adolescentes de 06 a 17 anos.
começa seu reinado maior, na década de 90. As
É nestes locais e que está presente o novo
ONGs, ou Organizações Não Governamentais
molde de educadores não formais, que
que começam a oferecer seus serviços à
legalmente são vistos com simples prestadores
comunidade, fazendo parte do terceiro setor.
de serviços para estas ONGs, mas fazem parte
A diminuição dos movimentos sociais
do quadro de profissionais da educação.
organizados foi proporcional ao crescimento Em sua maioria, estes profissionais na
e surgimento de redes de Organizações Não- educação não formalizada, possuem em seu
Governamentais voltadas para o trabalho cargo nomenclatura de instrutor e têm sua jornada
em parcerias com as populações pobres ou
de trabalho de 40 horas semanais. Possuem
fora do mercado formal de trabalho. Uma
nova estrutura [...] está sendo construída nos direitos trabalhistas como um empregado de
anos 90[...] Trata-se de soluções engredadas uma empresa privada, tendo como base legal
pelas ações coletivas populares [...] Esse a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
novo cenário levou-nos ao interesse pelas Assim, dispõe o art. 3º da CLT: empregada
ONGs [...] algumas mudanças no perfil das
ONGs que atuam no Brasil nos anos 90[...]
é toda pessoa física que presta serviços de
Ao lado e grandes entidades nacionais natureza não eventual a empregador, sob
criadas recentemente encontramos inúmeras a dependência deste e mediante salário.

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Existem quatro elementos que caracterizam ter múltiplas facetas, possui agora um leque
a relação de emprego: a pessoalidade (ou de escolha em sua nova prática pedagógica. E
seja, é essencial que a própria pessoa preste fica evidente que ser educador é muito mais
o serviço), a continuidade (o serviço deve ser que transmitir conhecimentos, mas auxiliar
habitual, relacionando-se com as necessidades na formação de novos indivíduos que serão
normais do empregador) e a remuneração inseridos e viverão no mundo pós-moderno.
(salário). Por isto, o educador do terceiro setor Nas instituições educativas não escolares,
torna-se um empregado de uma empresa, que atualmente tornaram-se um novo campo
sem especificidade do setor educacional, de atuação dos pedagogos licenciados e outros
já que tem todas essas características. profissionais ligados à educação, o educador passa
O papel deste educador vai muito a cumprir de forma mais humana e efetiva seu
mais do que rege seu documento de função papel de mediador do conhecimento e formador
empregatícia. Ele é um profissional da educação de indivíduos pensantes. É nestes espaços que
envolvido em uma situação pedagógica bastante não são escolas em que se dá uma nova forma
ampla, que compete não só à formação de educar mediante ao novo modelo social.
acadêmica, mas à contribuição no modo de Neste novo campo, pode-se trabalhar um
vida e relacionamento dos seus educandos. novo contexto educacional, em que o processo
ensino-aprendizagem é significativo para toda
Considerações Finais a vida dos sujeitos envolvidos. Nestes lugares o
educador pode passar muito mais que conteúdos
O estudo desenvolvido por este artigo e programas desenvolvidos pelos órgãos
trouxe-nos algumas reflexões sobre o tema governamentais. Há uma relação de afetividade,
abordado. A primeira refere-se à função, da qual é muito importante para a formação
papel e principalmente à identidade do do ser que qual conviverá com outras pessoas,
educador na contemporaneidade. Por meio assim realmente é formado um ser humano.
da abordagem aqui repassada, do contexto Em suma, devemos refletir sobre o
social neoliberal em que vivemos, podemos caráter profissional do educador que atua
pensar nos educadores como uma pessoa nos espaços escolares ou não, e verificar
capaz de transmitir algumas informações seu papel na formação dos indivíduos
e conhecimentos da ideologia presente. sociais no século XXI. Podemos pensar que
Esta função educacional é valida tanto os profissionais, que atuam nas instituições
para as instituições formais e não formais de não formais de ensino, superam muitas
ensino escolar ou não. Podemos verificar que vezes à atuação dos professores do contexto
este profissional tem uma função social, cultural educacional formalizado e sistematizado.
e política no processo de organização dos Torna-se então necessário valorizar o
meios e contextos da sociedade. Vivendo em trabalho deste educador, seja ele atuante no
uma realidade que não valoriza sua relevância, ensino formal ou não formal. E a partir destas
o educador permeia, sofre vários aspectos de ações que temos um referencial para formar
mudança de comportamento profissional, que cidadãos críticos, reflexivos e criativos. E que
agora não limita sua atuação somente nas escolas. essas pessoas possam de alguma forma, contribuir
O educador contemporâneo, além de para melhoria crescente do mundo globalizado.

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Recebido em 5 de junho de 2009.


Aprovado em 20 de setembro de 2009.

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