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behaviorista do
comportamento
novo
A abordagem
behaviorista do
comportamento
novo
Bandini, C.S.M.
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4 ISBN 85 88303 73 - 8
E S E T e c E d ito re s A s s o c ia d o s
C a p a : D iv a B e n e v id e s P in h o
(acrílico sobre tela)
www.divabenevidespinho.ecn.br
Apresentagáo vii
Introdugáo 9
Os p ro ced im en to s e n vo lv id o s no s u rg im e n to de
comportamentos verbais novos ^5
1. Técnicas de autofortalecimento do Comportamento
Verbal 85
1.1 - A Manipulacáo de Estímulos 86
1.2- Mudancas no Nivel de Ed¡9áo do Comportamento Verbal 89
1.3- “Comportamento Verbal” Produzido de Forma Mecánica. 89
1.4 - Modifica9Óes de Variáveis Motiyacionais e Emocionáis do
Falante ou Escritor 90
1.5 - Utilizacáo de Períodos de “lncuba9áo” 90
2. A produgáo de novas respostas verbais nao disponíveis
no repertorio do falante 91
2.1 - A Modelagem Como um Procedímento 91
2.2 - Outras Técnicas Disponíveis 93
Comentários adicionáis 94
1. A ciéncia e a literatura como exemplos dos processos e g^
procedimentos apresentados
100
Referencias Bibliográficas
Apresentagáo
falante de outro idioma, caso este último apontasse para o copo com
água em vez de formular o pedido em palavras. Pela explicagáo
tradicional, a eficácia do apontar para conseguir o copo com água
seria devido ao fato de que ambos “compartilham do significado da
agáo de apontar”. Neste último caso, críticas relacionadas ao
refinamento da definigáo de comportamento verbal poderiam ser
formuladas: o condicionamento do comportamento do ouvinte
retomaria a necessidade de que ambos, ouvinte e falante, possuíssem
um significado compartilhado do comportamento de pedir a água. A
confirmagáo de urna hipótese como essa indicaría que a análise de
Skinner seria menos original do que parece, envolvendo apenas
urna nova definigáo do conceito de significado, em termos de
condicionamento do ouvinte, ou seja, o ouvinte aprendería o
significado ao ser condicionado a reagir ao comportamento verbal.
É o caso, portanto, de que nesse momento as críticas de Skinner
ás teorías tradiclonais do significado sejam consideradas e que a
nogáo de significado que permeia a análise skinnerlana possa ser
comentada.
Para Skinner (1957), o qqe acontece quando um homem
responde á fala de outro é, sem dúvida alguma, urna questáo de
comportamento. Skinner considera, entretanto, que as teorias sobre
o comportamento verbal existentes naquela época localizavam os
determinantes do comportamento no interior do individuo, em sua
“cabega” ou “mente”. Urna dessas teorías foi denominada de
“expressáo de idéias”. Nela, as Idéias poderiam ter um caráter
imagético ou náo, e diferentes idéias com diferentes significados
poderiam ser expressas por diferentes arranjos de palavras. Sendo
assim, os significados poderiam ser compartilhados entre os
individuos e os diferentes arranjos possíveis evidenciariam as
características das idéias do individuo, como, por exemplo, sua
forga, clareza, criatividade etc.. Nessa mesma diregáo, Skinner
comentou sobre outras formas análogas de teorias, as quais
utilizavam, entretanto, o conceito de significado no lugar da nogáo
de idéias.
Posteriores a essa nogáo ¡nternalista surgiram também
doutrinas ñas quais a própria nogáo de significado se constituiu
como urna existencia ¡ndependente. Deste modo, os significados
foram colocados no mundo físico e poderiam ser observados como
parte deste. Nesses casos, foi concebida a nogáo de significado
atrelada a urna relagáo de referencia entre as palavras e os objetos
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 19
2 Náo estamos aqui querendo afirmar que duas respostas podem ser emitidas
exatamente com a mesma topografía ou sob exatamente o mesmo controle. Apenas
queremos sinalizar o fato de que urna ciéncia histórica exige urna reconstrugáo para
indicar a evolugáo de um comportamento.
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 25
3 - OS O P E R A N T E S V E R B A IS , A L G U M A S DE S U A S
C A R A C TE R ÍS T IC A S E A A N Á L IS E DO CO M PO RTAM ENTO
VERBAL
Os operantes verbais sáo as unidades de análise do
comportamento verbal. Entretanto, quando Skinner (1957) comenta
sobre os operantes verbais, observamos que os comentários sáo
relativos a respostas. Ele comenta a “probabilidade da resposta”,
“os estímulos que estabelecem ocasiáo para que urna resposta
acontega”, enfim, o termo operante divide seu espago na análise
com o termo resposta. Contudo, isso náo significa que ambos
possam ser utilizados como equivalentes. Assim, para que
possamos apresentar os operantes verbais de forma clara e precisa,
será necessário, antes, que algumas das diferengas existentes entre
esses termos sejam brevemente especificadas.
Logo nos dois primeiros capítulos do Verbal Behavior,
Skinner (1957) estabelece rápidamente a distingáo entre um
operante e urna resposta. Urna distingáo mais elaborada já havia
8 O principal requisito para isso é que o falante tenha boa audigáo. Esta é urna das
principáis dificuldades na aprendizagem da linguagem oral porcriangas com deficiencia
auditiva, pois elas nao podem “detectar" a similaridade de suas produgoes vocais com
os modelos fornecidos pela comunidade verbal e deste modo náo podem adquirir um
repertorio ecóico.
A abordagem behaviorista do comportamento novo 41
" Este exemplo provocou acirrada discussáo entre os autores: o segundo autor defendía
que o gol fosse do Santos, mas a primeira autora exigiu que fosse do Corinthians.
10 É importante salientarmos que em alguns casos o tacto pode náo ser controlado,
efetlvamente, por urn objeto, um evento, ou por urna propriedade de um objeto ou evento.
As “mentiras” sáo exemplos de urna espécie de distorgáo do controle de estímulos.
Em casos especiáis de generalizagáo do reforgo, o falante pode passar a emitir respostas
que aumentam ou inventam fatos. Por exemplo, urna crianga perdeu o dinheiro dado
pela máe para comprar doces. Ao chegar em casa ela conta a máe que perdeu o
dinheiro e a máe Ihe dá dinheiro outra vez. O reforgo neste caso pode manter a resposta
de dizer que perdeu o dinheiro, sem que, de fato, isso tenha acontecido. Neste caso,
como disse Skinner (1957), o controle de estímulos é quebrado e o falante pode passar
11 descrever cenas que náo aconteceram: “como um artista criativo, o comportamento
dele (falante) é controlado agora, inteirarnehte, pelas contingencias de reforgo" (p. 150).
42 Carmen S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
ante é que o
tacto atua em "beneficio” do ouvinte, ao contrario do mando. Ele
aumenta o contato do ouvinte com o próprio ambiente (coisas e
eventos) e essa é urna das razóes apontadas por Skinner (1957)
para que a comunidade verbal reforcé esse operante.
O controle exercido sobre o tacto pelo estímulo discriminativo
náo verbal se deve a um tipo de reforgamento similar ao dos
comportamentos ecóico, textual e intraverbal: o reforgo generalizado.
Quando o reforgador de um tacto é exclusivamente um reforgo
generalizado, temos o que Skinner (1957) denominou de tacto puro.
Entretanto, esse tipo de operante náo é muito comum e, em geral,
os tactos sáo misturados a características de outras relagóes verbais,
como, por exemplo, ás relagóes de mandos. Nesse último caso,
temos tactos impuros. Um exemplo de tato impuro seria a resposta
“está chovendo” dita por urna máe ao filho, em parte sob controle
discriminativo do evento (chover) e em parte porque esta resposta
produziu, no passado, urna conseqüéncia específica, o filho pegar
o guarda-chuva, de modo que “está chovendo” seria, em parte, urna
forma abrandada do mando “peque o guarda-chuva”.
O controle de estímulos nos tactos tem urna característica
peculiar: dois processos importantes, que atuam como reguladores
entre si, estáo presentes no estabelecimento deste tipo de operante,
a saber, a generalizagáo do controle de estímulos, responsável pelas
extensóes dos tactos11(as quais originam, por exemplo, as metáforas)
e a abstragáo. No primeiro caso, a generalizagáo do controle de
estímulos, ela é responsável pela ampliagáo do número de estímulos
discriminativos responsáveis pela ocasiáo na qual urna resposta
poderia ser emitida e com isso, o aumento das possibilidades de
emissáo de tactos. Isso acontece porque quando urna resposta,
membro de urna classe, é reforgada em urna dada ocasiáo, qualquer
estímulo ou propriedade de estímulo presente na ocasiáo pode exercer
controle sobre a emissáo daquela classe de respostas. Assim, em1 2
11As extensóes seráo analisadas em nosso próximo capítulo. Para o momento, apenas
consideraremos superficialmente o processo.
12 Assim como a extensáo está relacionada com o processo de generalizagáo, a
abstragáo está relacionada com o processo de discriminagáo: urna resposta é reforgada
somente em presenga de urna propriedade de estímulo e náo é reforgada na ausencia
desta propriedade. Falamos de abstragáo quando o que é discriminado é urna
propriedade abstrata dos estímulos, como a cor, forma, numerosidade etc., lim a
A abordagem behaviorista do comportamento novo 43
5 - OS AUTOCLÍTICOS
O último tipo de operante a ser tratado por Skinner (1957) foi
denominado autoclítico. Os autoclíticos, assim como os tactos,
represeníam um ponto importante na análise skinneriana do
comportamento verbal também relacionado ás discussoes acerca
da compreensáo do sujeito na teoría Behaviorista Radical. Vejamos
por que. Até o momento, o tratamento dos operantes verbais deixou
de lado algumas respostas verbais, tais como “se”, “portanto”, “que”,
entre outras, ou seja, deixou de tratar de respostas que sáo comuns,
porém náo sáo identificáveis como nenhum dos operantes verbais
descritos até aqui. Tais respostas costumam ser interpretadas, ñas
teo rias co nside ra da s com o tra d ic io n a is pelo autor, com o
“comportamentos intencionáis” do falante, porsugerirem urna agáo
intencional dó falante ao construir suas respostas verbais. Isso
porque, tais comportamentos sugerem selegáo e organizagáo,
46 Carm en S. M. Bandini & Juiio C. C. de Rose
comportamentos denominados criativos. Temos entáo que todo e a invengáo artística podem quase sempre ser atribuidas
é ^ia rivo men'° CnatlV° 6 n° V° ’ P° rém nem t0d° comPort:amento novo a urna espécie de programagáo fortuita das contingéncias
necessárias (p. 179).
com a nnr°án Hm eir° CaS?’ Skinner (1968) Parece estar trabalhando Por “programagáo fortuita das contingéncias necessárias”
com a nogao de que o individuo pode adquirir novos comportamentos
no sentido de que eles sáo novos porque aquele indivWuo n a o S podemos entender um arranjo de contingéncias constituido ao acaso
e que favorece o aparecimento de urna nova topografía de resposta.
ha? ’ p° rem outros 'ndivíduos de sua comunidade verbal já o
ha vía m adquirido e puderam, assim, ensiná-lo por meio de Entretanto, devemos ressaltar que é igualmente possível a execugáo
de um arranjo artificial, ou seja, um planejamento deliberado, que
condicionamento operante. Esse é o caso dos bebés os quais
aprendem a faiar, por exemplo, com o auxilio dos adultos- o tenha como efeito a maximizagáo da produgáo de contingencias
casuais e que, assim, resulte no mesmo efeito. Neste último caso,
a d Z s T " i V6rbal é n° V° Para 3 Crianpa’ mas " a° para os por exempio, é possível que os individuos aprendam náo os novos
adultos^ Também podemos incluir nesse caso a apresentagáo de
comportamentos, a cura de urna nova doenga, por exemplo, mas a
s rrc o n T ro te °d Sj á adqUírídos pe'° indi''idu». Rancio sao emitidos arranjar seus ambientes de forma que maximizem as agóes criativas
grande o l r t í l n° V° d° amblente- ° <-!'■« engloba quando, por exemplo, constróem um laboratorio com equipamentos
grande parte dos comportamentos verbais novos como oor
necessários e recebem urna formagáo completa sobre o assunto.
d fresposteseo irtnS6eS,d° S oporanles verbais e as recombinagoes Desta forma, um aspecto muito especial do pensamento
de respostao pertencentes ao repertório do falante.
O que precisa ser focalizado skinneriano surge ao tratarmos desse assunto: ao verificarmos que
sobie o surgimento de comportamento novo para o individuo é que novas respostas podem ser produzidas ou “contingéncias necessárias”
a resposta nao e nova para a comunidade verbal á qual ele pertence podem serarranjadas artificialmente, temos como conseqüéncia que
esmo assim, ela pode ser nova para o individuo ou ser nova por comportamento novo pode ser produzido. Desse modo, podemos
ser emitida em urna nova situagáo, sob novos controles Nestes considerar que a proposta de Skinner (1968) coloca ao alcance de
dois casos temos urna topografía de resposta já conhecida ou urna todos, em certo sentido, a p o ssibilid ad e de em issáo de
comportamentos criativos e aprendizagem de novas respostas, gomo
respectivamente" Send° emitÍda S° b Um novo controle’ vimos, a perspectiva behaviorista radical, ao colocar a criatividade a
^aprendizagem de novas respostas soTj controle do ambiente, retira
No caso descrito por Skinner (1968), do comportamento novo
a causa desses comportamentos do mundo interno do individuo, onde
O c o Z o n a te n m T * ' ^ ™ 'ap6os ge ral mente ela costuma ser colocácfa e, desta forma, torna possível
c rS vas n T l l ° qüf comumente está relacionado ás agoes qllé, diarifé de um ambierffe~aüe propicie riovos comportamentos ou
criativas ligadas, principalmente, á arte, á literatura e á ciéncia
com portamentos criativos, eles possam serHacfqüiridos pelos
-ssa diregao podemos faiar de comportamentos novos no sentido
de origináis nao somente para o individuo, mas também para a individuos. Dito de~outra maneira. a visáo behaviorista radical coloca
qualquer indlvídLiQ^omo passíveljJ a a p m ndé re criar, desde aue-o-
comunidade verbal á qual ele pertence. Skinner (1968) comenta:
L ambiente nronicie as condicoes n e c e s sá ria s ..
? Ue nOVaS f° rmas de a p a rta m e n to humano Porfim, a definigáo de novo no sentido de original apresentada
Z Z r n n Muito p0ufC0 do ^traordináno repertório do homem por Skinner (1968) também nos sinaliza outra questáo muito importante.
moderno era manifestado por seus ancestrais, digamos há Ao m a n ip u la r “co n tin g é n c ia s n e c e s s á ria s ” , m anipulam os
inte e cinco mil anos. (...) A descoberta científica e iiterária contingencias de alguma forma conhecidas. O mesmo acontece com
a mutagáo genética, que se origina de urna nova combinagáo das
partículas de material genético das células, que produzem, em outra
combinagáo, características novas. Com isso queremos dizer que a
= e H = = ^ S f nova resposta, mesmo que original para urna comunidade verbal, forma-
56 Carm en S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
2 - A V A R IA B IL ID A D E C O M P O R T A M E N T A L C O M O
IN S T R ÍN S E C A A O M O D E LO C A U S A L DE SELEQ Á O PO R
CONSEQÜÉNCIAS E AO CONCEITO DE OPERANTE
Para tratarmos do tema variabilidade comportamental,
resgataremos a nogáo de ciéncia histórica já comentada no primeiro
capítulo deste texto. Como analisado anteriormente, urna ciéncia
histórica como a Anáiise do Comportamento, assim como a Biología
Evolutiva e a Cosmología, trabalha com a reconstrugáo e interpretagáo
dos fatos e náo com os fatos propriamente ditos. Sendo assim, a
análise skinneriana efetua, em alguma medida, a reconstrugáo do
que possivelmente foi o processo evolutivo do comportamento ao
58 Carm en S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
Nos i mtlgos publicados por Skinner sobre o modo causal de selegáo por conseqüéncias
<i ¡i evolugáo do comportamento náo verbal e verbal (1987), o autor comenta
<l<iliill imi lamente as possívels variagóes ocorridas que resultaran!, após selegáo nos
I i An ii I vbIk , nos comportamentos disponíveis na atuaiidade.
A abordagem behaviorista do comportamento novo 61
3Neste caso a classe de “fumar cigarros” foi representada por respostas com topografías
similares. Entretanto, é possível que a resposta de fumar um cigarro seja funcionalmente
diferente de outra resposta similar: um individuo pode fumar um cigarro como urna
forma de afrontar urna autoridade que náo permite o fumo em um determinado ambiente,
por exemplo. Nesse caso, outras respostas que náo sáo de fumar cigarros, ou seja,
que tém topografías diferentes, podem fazer parte dessa mesma classe.
4Os procedimentos sugeridos por Skinner seráo o tema de nosso próximo capítulo.
A abordagem behaviorista do comportamento novo 63
3 - OS PROCESSOS
Urna das prirneiras formas de extensáo de tactos observada comunidade verbal náo c<^ r® ^ ( ,(lg|gjCtg ^ ^ a^ j ter^ m o s <entáo,que>
,
por Skinner (1957) é a extensáo genérica. Como o próprio autor
exemplificou, urna extensáo desse tipo ocorre quando “o faiante
denomina como cadeira urna nova espécie de cadeira (p. 91)”. Nesse
caso de extensáo, segundo Skinner, as propriedades determinantes
da resposta tendem a ser propriedades práticas e por esse motivo os
estímulos responsáveis pela extensáo tendem a ser objetos. Deste
modo, a nova cadeira é assim denominada pelo seu uso na metafóricas podem ta ñ o se n tónico sobre o tacto no capítulo
quanto públicos como observa t P análise da resposta
comunidade verbal e, portanto, qualquer objeto que sirva como urna
cadeira pode ser assim denominado pelo falante, propiciando que o
tacto “cadeira” seja entáo reforgado pela comunidade. e c a s ° d0 even,°
Skinner (1957) salienta que náo há qualquer processo de controlador ser público. ~ t nha ainda reforgado
transferencia de fungáo ou algo parecido no qual urna dada resposta
seja transferida para um novo estímulo reconhecido como similar
pelo falante. O que ocorre nesses casos, segundo o autor, é
sim plesm ente a sim ila rid ad e de um estím ulo novo a outro medida que as respostas a tais propriedades passam ser
anteriormente eficaz em controlar a mesma resposta. A relagáo de
trés termos da contingencia continua sendo válida e náo existe pela comunidade, elas deixam ^ ^ ‘ f ^ e L i o . Skinner
qualquer espago para propriedades emergentes de transferencia. respostas padronizadas, como ac g podem realmente
As extensóes genéricas náo sáo as únicas possíveis. Outras (1957) comenta que A maioria
propriedades, que náo o efeito prático do objeto na comunidade ser consideradas como meta or - m e táfo ra s na a tu a lid a d e ,
verbal, podem passar a ter o controle de respostas em novas das re sp osta s que soam co das contudo hoje apenas
provavelmente o foram em epo ^ P e _ram^ te refor(?adas pe|a
situagóes. Metáforas sáo exemplos dessas outras formas de
generalizagáo do controle de estímulos. Diferente das extensóes correspondem a resposta q , dados por respostas
genéricas, que preservam as propriedades reforgadas pela comunidade verbal. Exemplos ISS ^ ,as intraverbais. Neste
comunidade verbal em urna nova situagáo, a extensáo metafórica como “perna da ocasiáo para
aumenta o número das propriedades passíveis de controlarem ^ " e r e m l « d a Pem seguida com,o em -Forte" evocando a
respostas verbais, pois respostas previamente reforgadas em urna
situagáo sáo utilizadas em situagóes náo antes propiciadoras de resposta Y o m o d m tó u ro -uma m e (.fora naanaliseskinneriana é o
seu reforgo pela comunidade verbal.
Para ilustrar esse outro tipo de extensáo de tactos,
analisemos um exemplo fornecido pelo próprio Skinner (1957): um
garoto que bebeu um pouco de refrigerante pela primeira vez relatou 0 95 7 )“ isoiar u n ir ^ 8*“ imnada ^ T a v ^ s íd o
que a bebida tinha “gosto de quando seu pé estava dormindo”. A
resposta prim eiram ente reforgada, a do pé “d orm in do ” , foi
provavelmente controlada pela imobiiidade do membro. Porém, o no caso da perna da mesa , p , sua importancia na
garoto também esteve exposto, naquela situagáo, ás pequeñas fisiológicas e anatómicas da pe r P resposta “perna”
pontadas características dessa situagáo de “dorméncia”. Já no caso
do gosto do refrigerante, sáo exatamente as leves pontadas que
controlaram a resposta de que o gosto era equivalente á dorméncia i fm Tpm pneTade do os.,mu,o gue coexistid com
dos pés. Esse é um caso no qual as características reforgadas pela
68 Carm en S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
5Bandeira, M. (1994) Desencanto. Em: Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Livraria
José Oympio Editora.
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 69
7Urna resposta deste tipo é mais comumente emitida como intraverbal ou textual, mas
pode ser um tacto quando emitida (geralmente por um químico) sob controle do próprio
composto químico ou de sua representado gráfica.
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 75
leva sua máo a boca mostrando que aquela resposta era inadequada
ou quando o comportamento teve urna emissáo sub-audível e pode,
assim, ser revogado.
Os autoclíticos tém urna fungáo de destaque na rejeigáo de
urna resposta porque, segundo Skinner (1957), a emissáo de um
autociítico adequado pode cancelar tal resposta. Nesse sentido, o
falante pode utilizar um autociítico como “Náo” seguido da corregáo
da resposta equivocada ou mesmo um autociítico como “Náo era
isso o que eu gostaria de ter dito...”9 (p. 370).
Skinner (19571 considera a punigáo da resposta (ou a
“ameaca" de punigáo) como urna variável de grande importancia
na reieicáo de urna resposta. Em situagóes que sinalizam ocasióes
ñas auals determinadas respostas foram punidas anteriormente, a
forga daquele operante diminui e a resposta deve ser editada. Por
outro lado, conseqüéncias positivas também sáo importantes para
o processo de edigáo. O falante pode “testar” sub vocalmente se
sua resposta é adequada, e, se for adequada, pode erniti-la em tom
audível, por exemplo. Entretanto, o que nos interessa nesse
momento sobre o processo de edigáo é a possibilidade de que ele
náo ocorra, assim como, em outros casos, a sua ocorréncia em
fungáo de variáveis que aumentam a probabilidade de emissáo de
respostas novas.
Skinner (1957) salienta que algumas respostas verbais náo
sáo editadas devido á sua grande forga. O falante entáo pode relatar
a forga da resposta com o uso do autociítico “Eu náo pude resistir
dizer...” (p. 384). Como sinalizam os anteriorm ente, algumas
respostas podem ter a mesma forga simultáneamente e sáo emitidas
ao mesmo tempo em urna forma combinada. Nesse caso, o falante
pode tentar corrigi-ias após sua em issáo, entretanto essas
9 A utilizagáo de um autociítico como “Náo era isso que eu gostaria de ter dito...” traz á
tona novamente a questáo do significado relacionada a intengáo do ouvinte, já discutida
no primeiro capítulo deste texto. Skinner (1957), em nota de rodapé (p. 370), comenta
que urna análise funcional do significado, tal como ele propde, pode dar conta da
explicagáo de urna resposta como essa considerando que ela apenas refere-se á
identificagáo por parte do falante que, de acordo com urna agáo equivocada tomada
pelo ouvinte ou de sua própria agáo como ouvinte de si mesmo, ele náo respondeu
adequadamente para as variáveis em questáo. Quando o ouvinte toma urna agáo
equivocada diante da fala do falante, ele permite que o falante possa especificar melhor
quais as variáveis que estavam no controle de sua resposta. Sendo assim, urna
explicagáo via teoría do significado em um sentido tradicional fica vetada, como pudemos
reconhecer anteriormente.
82 Carmen S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
10 Esta questáo pode ser um pouco mais complexa.. Náo estamos excluindo a
possibilidade de que o individuo que é seu próprio ouvinte também puna, através, por
exemplo, de formas de autocrítica. Estas formas de autopunlgáo e seu possível efeito
poderiam ser, inclusive, um campo para investigagáo empírica. De qualquer modo,
parece razoavelrnente seguro afirmar que as pessoas dlzem a si mesmas coisas que
nao dlriam a outra audiencia.
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 83
objeto, por exemplo, urna saída possível para que urna resposta possa
ser emitida é a melhoria do contato com o referido objeto por meio
da manipulagáo de estímulos. Quando diante de um objeto o falante
é incapaz de dizer algo sobre ele, ou seja, se urna resposta adequada
está faltando, o falante pode manipular estímulos para que novas
variáveis passem a fazer parte da ocasiáo e, sendo assim, para que
essas possam controlar resposías existentes em seu repertório quando
náo estiverem disponíveis no primeiro contato. Dizer que a qualidade
da relagáo com o objeto é melhorada significa dizer que o falante
pode manipular variáveis que aumentam a probabilidade de emissáo
de urna resposta adequada por funcionarem como estím ulo
discriminativo suficiente para a emissáo da resposta.
A manipulagáo dos estímulos, segundo Skinner (1957), pode
consistir em simples comportamentos como, por exemplo, olhar
para o objeto por um período de tempo maior, aumentar os estímulos
utilizando instrumentos de aumento (urna lupa, por exemplo) ou
mesmo olhar o objeto em diversos ángulos diferentes. Urna forma
possível de resposta, nesses casos, é a metáfora, visto que, como
já comentado anteriormente, extensóes metafóricas sáo comuns
nos casos em que ve rifica m o s a fa lta de urna resposta
correspondente ao objeto em questáo.
Segundo Skinner (1957), outras técnicas simples podem
fornecer ao faiante a própria resposta que está faltando. Por
exemplo, se um consumidor vai a um supermercado e náo consegue
se lembrar de todos os produtos que deveria comprar, urna saída
seria produzir urna lista de compras antes de sair de casa.
Provavelmente, em casa, a estimulagáo sobre os produtos que
faltam será mais efetiva, visto que o individuo pode olhar em
d e te rm in a d o s locáis e v e rific a r que falta m coisas que
costumeiramente estáo ali. A lisia, entáo, é mais fácil de produzir.
Já quando o individuo está no supermercado, a estimulagáo
específica para produzir algumas respostas pode ser fraca ou pode
haver grande estjmulacáo que funciona como ocasiáo para a
emissáo de outras respostas, as quais podem ser, inclusive,
concorrentes ás respostas de nomear os produtos necessários.
Neste úitimo caso, o s¡.-jeito pode vir a comprar proautos que náo
precisava, por exemolo, devido á forte propaganda e acabar
deixando os que realmente eram necessários na prateleira.
A manipulagáo de estímulos também pode favorecer a aquisigáo
de respostas novas em um sentido original. Segundo Skinner (1957),
Carm en S. M. B andini s j„ |io c . c . de Rose
A abordagem behaviorista do comportamento novo 89
* forma
infantis), em novas situagóes, sob controle de outras audiéncias
com binar estímulos disDonívpk o P08taa' Por exemplo, podemos
(escrevenao agora sátiras, por exemplo).
profissoes com outros d/knn - m Uma lsta de tipos diferentes de
individuáis e ou,°a S SnS ° nára?dem Um° 1,8,8 “ m características 1.2 - Mudangas no Nivel de Edigáo do Comportamento Verbal
arranjos possiva s o o d lm „JpreocuPaí<ies cotidianas. Os Outra técnica apresentada por S kinner (1957) como
(alante, L p o r R
e
m
o
t nT ? 308,38 r'U'1Ca antes a™ “ aa Pelo autofortalecedora de respostas verbais e propiciadora de novas
xadrez”. U rn a o u tm S a „ „ ! • ^ ueir0 « « e » interossado respostas é a mudanga nos níveis de edigáo do comportamento
produgáo de novo material verbal n h8 & manipular estímulos para verbal. Skinner comenta que é possível que o faiante ou escritor
inversa. Em a m b o T o s T c a ^ a In v ^ repet!r Uma frase em «Sem modifique os níveis de edigáo do comportamento verbal “entrando
no processo de edigáo do c o m p o r t a m e n t o v ^ b a r " ^ 3 ° U rej6Ítada no clima ou no humor”, como quando o falante ou escritor utiliza
certos tipos de drogas ou estados de hipnose, por exemplo. Como
comportamentos t r iv ia f do fS a n te ° E ^ 0C° T U nseaparecem como vimos no capítulo anterior, um afrouxamento no nivel de edigáo do
outras form as de est m ulos * P° dem ÍndUSÍVe en9lobar comportamento permite que respostas novas, mesmo que estranhas
momento O f a l a n t e ^ apr6Sentados até o ou esquisitas, sejam emitidas em algumas situagóes.
maisreforgadora para sua fala n ’ h 'd& procurar porum a audiencia Mais que isso, entretanto, Skinner (1957) considera necessário
punitiva de s e u í * * * , d¡ante de uma h i é n d a que o falante construa variáveis relevantes para encorajar seu próprio
p u n itiv a pod e en?áo 'T n Z \ 3 ^ Uma "o va audiéncia náo comportamento verbal, como, por exemplo, repetindo comportamento
c o m p o rta m e n to de fa ia do ; e f° r?ad o ra ta n to para o previamente reforgado. Quando o falante ou escritor tem dificuldades
comportamento de mudar de audiencia eComUoa n t° ° próprio em emitir alguma resposta verbal, ele pode entáo suprir essa falta
reforgadora aumenta a nrohahn a ? ? om ovm os, uma audiéncia relendo uma carta, se o problema for conseguir comportamento verbal
com portam entorverbais fa u p f ° falante 86 engajar em necessário para escrever uma resposta ao autor daquela carta;
em quantidade S° mente ° aumento provocar respostas estranhas, se a resposta desejada for alguma
aumento da variabilidade das roso t ba ’ C° m° 3 possibi,|dade do resposta diferente ou esquisita ou até mesmo faiar em outro idioma
que um p r o c e d i m e ^ Isso significa dizer se há necessidade de que ele se apresente para uma audiéncia em
resposta que faltava diante de umohiot°de 1130 someníe prover urna outro Idioma. Skinner comenta que todas essas construgóes de
a utilizagáo de extensóes de nner f ° para ofalaníe- oomo provocar variáveis relevantes devem também conter em algum grau um
Procurar ñor n o , f ° peraníes ^rb a is , por exemplo.
relaxamento no nivel de edigáo das respostas emitidas: assim
segundo Skinner (1 957 T s ^ c o n s T r i ^ í iÍterários’ também pode, podemos verificar náo somente um aumento na produgáo de
estímulos. O escritor n e l 3d° C° m° manipulagáo de comportamento verbal, como na variabilidade das respostas.
como escrever fábulas história^'inf ^ n° Vas formas de escrever,
sua a ud iéncia As ¿ íe r e n tU f " í ■.satíras- entre outras, muda 1.3 - “Comportamento Verbal” Produzido de Forma Mecánica.
selecionadoras de diferentes re o e r t^ '8 " 8133 funcionam como Outra proposta de Skinner (1957) como uma técnica de
utilizadas em sátiras podem n J Ü ? Verbais; formas verbais autofortalecimento e produgáo de respostas verbais é a manipulagáo
utilizadas em e ’ portanto. "ao “mecánica” de variáveis ou de operantes verbais. Um tipo de
literario, o Jalante. e n S o .tfe d o n a L v í T ° ' A° mudar 0 esllto manipulagáo citado pelo autor é a manipulagáo randomica ou
e favorece outras (e novas) fn rm a 38 ormas c°mportamentais sistemática de letras ou palavras. O falante pode permutar e
mesmo tempo, e l? serbal. Ao combinar letras ou palavras aleatoriamente na tentativa de obter
perienciam ao seu repertório J nri " prt' 9ar respostas que já respostas adequadas á situagáo. O produto final é em grande parte
revogado nos processos de edigáo por sua incoeréncia ou
90 Carm en S. M. Bandini & Julio C. C. de Rose
1 Nao estamos aquí querendo assumir qualquer posigao sobre uma Fiiosofia da
C iéncia do B eh aviorism o R adical. A pe na s destacam os alguns aspectos
apresentados por Skinner (1957) quanto ao caráter produtivo da ciéncia.
A abordagem behaviorista do com portam ento novo 95