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Língua Portuguesa VIII

Ana Flávia Martins


Karolyne Barreto
Rômulo Vieira
Silas Calixto
QIM 381

Prof°: Tátia Aquila

Nilópolis
Outubro de 2017
Literatura indígena
Daniel Munduruku

 Biografia

Natural de Belém e nascido no dia 28 de fevereiro de 1964, Daniel é um escritor
e professor brasileiro que reside em Lorena, interior de SP. O pertencente à etnia
indígena mundurucu, é graduado em filosofia, história e psicologia. Além disso, tem
mestrado em antropologia social pela Universidade de São Paulo. É doutor em
Educação pela Universidade de São Paulo, e pós-doutor em Literatura com ênfase na
Literatura Indígena, na Universidade Federal de São Carlos. Apresenta em suas obras
um grande destaque nas literaturas infantis.
Foi professor da rede estadual e particular de ensino e atuou como educador social
de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Atualmente coordena na Editora Fundação
Peirópolis a Coleção Memórias Ancestrais, série de livros infantis que resgata mitos e
lendas das diversas nações indígenas brasileiras.
Esteve em vários países da Europa, participando de conferências e ministrando
oficinas culturais para crianças. Possui mais de 30 obras publicadas, sendo suas obras
principais: O banquete dos deuses – conversa sobre a origem e a cultura brasileira,
Contos indígenas brasileiros. É Diretor-Presidente do Instituto Uk´a - Casa dos Saberes
Ancestrais, sendo também um membro da Academia de Letras de Lorena

 Prêmios e títulos

2002 - PRÊMIO LITERATURA PARA CRIANÇAS E JOVENS NA QUESTÃO DA


TOLERÂNCIA, UNESCO - PARIS.
2003 - PRÊMIO ÉRICO VANUCCI MENDES - PELA DIVULGAÇÃO DA
CULTURA BRASILEIRA, CNPQ.
2004 - PRÊMIO JABUTI PELA OBRA "COISAS DE ÍNDIO - VERSÃO INFANTIL",
CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO.
2005 - Prêmio Ofélia Pontes pela obra "O segredo da Chuva", Fundação Nacional do
Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ.
2006 - TÍTULO DE CIDADÃO HONORÁRIO DE LORENA, CÂMARA
MUNICIPAL DE LORENA - SP.
2006 - "ORDEM DO MÉRITO CULTURAL, ATRIBUÍDA PELO PRESIDENTE DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, EM GRAU DE COMENDADOR".
MINISTÉRIO DA CULTURA.
2008 - ABL Infanto Juvenil, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
 A obra: Contos Indígenas Brasileiros

"Contos Indígenas Brasileiros nos mostra que a palavra cria, enfeitiça, embriaga,
gera monstros, faz heróis, remete-nos para nossa própria memória ancestral e dá sentido
ao nosso estar no mundo." (Daniel Munduruku).
Seus oito contos, selecionados pelo próprio autor, tem a intenção de retratar, através
de seus mitos – o roubo do fogo, a origem do fumo, depois do dilúvio, entre outros -, a
caminhada de alguns de nossos povos indígenas do norte ao sul do país – Guarani,
Karajá, Munduruku, Tukano, entre outros. A leitura dessas histórias dá às crianças uma
rica visão de nossa herança cultural.
Ele escreve seu livro “Contos Indígenas Brasileiros”, em que organiza mitos de
povos distintos, para mostrar suas diferentes crenças e tradições. Muitos desses mitos
foram selecionados por seus parâmetros lingüísticos, sendo dois deles do tronco Tupi,
o mito Munduruku e o Guarani; dois do tronco Macro-Jê, o Kaigang e o Karajá, e quatro
outros de famílias lingüísticas isoladas: o Nambikwara, da família Nanambikwara; o
Terena, da família Aruak; o Tukano, de família própria, e o Taulipang, da família Karib.
São oito povos — oito mitos, nos quais a figura do velho sábio aparece como o
transmissor da história pelo uso da palavra.

 Texto: O roubo do fogo (Contos Indígenas Brasileiros)

O ROUBO DO FOGO

Daniel Munduruku

Em tempos antigos os Guarani não sabiam acender fogo. Na verdade eles sabiam
apenas que existia o fogo, mas comiam alimentos crus, pois o fogo estava em poder dos
urubus.
O fogo estava com estas aves porque foram elas que primeiro descobriram um
jeito de se apossar das brasas da grande fogueira do sol. Numa ocasião, quando o sol
estava bem fraquinho e o dia não estava muito claro, os urubus foram até lá e retiraram
algumas brasas as quais tomavam conta com muito cuidado e zelo. Era por isso que
somente estas aves comiam seu alimento assado ou cozido e nenhum outro da floresta
tinha este privilégio.
É claro que todos os urubus tomavam conta das brasas como se fosse um tesouro
precioso e não permitiam que ninguém delas se aproximasse. Os homens e os outros
animais viviam irritados com isso. Todos queriam roubar o fogo dos urubus, mas
ninguém se atrevia a desafiá-los.
Um dia, o grande herói Apopocúva retornou de uma longa viagem que fizera. Seu
nome era Nhanderequeí, Guerreiro respeitado por todo o povo, decidiu que iria roubar
o fogo dos urubus. Reuniu todos os animais, aves e homens da floresta e contou o plano
que tinha para enfrentar os temidos urubus, guardiões do fogo. Até mesmo o pequeno
curucu, que fora convidado, compareceu dizendo que também tinha muito interesse no
fogo.
Todos já reunidos, Nhanderequeí expôs seu plano:
- Todos vocês sabem que os urubus usam fogo para cozinhar. Eles não sabem
comer alimento cru. Por isso vou me fingir de morto bem debaixo do ninho deles.
Todos vocês devem ficar escondidos e quando eu der uma ordem, avancem para
cima deles e os espantem daqui. Dessa forma, poderemos pegar o fogo para nós. Todos
concordaram e procuraram um lugar para se esconder. Não sabiam por quanto tempo
iriam esperar. Nhanderequeí deitou-se. Permaneceu imóvel por um dia inteiro.
Os urubus, lá do alto, observaram com desconfiança. Será que aquele homem
estava morto mesmo ou estava apenas querendo enganá-los? Por via das dúvidas
preferiram aguardar mais um pouco.
O herói permaneceu o segundo dia do mesmo jeito. Sequer respirava direito para
não criar desconfianças nos urubus que continuavam rodenado seu corpo. Foi no fim do
tereceiro dia, no entanto, que as aves baixaram as guardas. Ficavam imaginando que
não era possível uma pessoa fingir-se de morta por tanto tempo. Ficavam confabulando
entre si:
- Olhem, meus parentes urubus - dizia o chefe urubu - nenhum homem pode
fingir-se de morto assim. Já decidi: vamos comê-lo. Podem trazer as brasas para
fazermos a fogueira.
Um grande alarido se ouviu. Os urubus aprovaram a decisão de seu chefe, e por
isso imediatamente partiram para buscar as brasas. Trouxeram e acenderam uma
fogueira bonita e vistosa.
O chefe dos urubus ordenou, então, que trouxessem a comida para ser assada. Um
verdadeiro batalhão foi até a presa e a trouxe em seus bicos e garras. Eles acharam o
corpo do herói um pouco pesado, mas isso consideraram bom, assim daria para todos
os urubus.
Eles colocaram Nhanderequeí sobre o fogo, mas graças a uma resina que ele
passou pelo corpo, o fogo não o queimava. Num certo momento, o herói se levantou do
meio das brasas dando um grande susto nos urubus, que atônitos, voaram todos.
Nhanderequeí aproveitoú-se da surpresa e gritou a todos os amigos que estavam
escondidos para que atacassem os urubus e salvassem alguma daquelas brasas ardentes.
Os urubus, vendo que se tratava de uma armadilha, se esforçaram o máximo que
piuderam para apagar as brasas, engolí-las e não permitirem que aqueles seres tomassem
posse delas. Fois uma correria geral. Acontece, no entanto, que na pressa de salvar o
fogo, quase todas as brasas se apagaram por terem sido pisoteadas.
Quando tudo se acalmou, Nhanderequeí chamou a todos e perguntou quantas
brasas haviam conseguido. Uns olhavam para os outros na tentativa de saber quem havia
salvo alguma brasinha, mas qual foi a tristeza geral ao se depararem com a realidade:
niguém havia salavado uma pedrinha sequer.
- Só temos carvão e cinzas - disse alguém no meio da multidão. - E para que nos
há de servir isso? - falou Nhanderequeí. - Nossa batalha contra os urubus de nada valeu!
Acontece que, por trás de todos, saiu o pequeno curucu, dizendo:
- Durante a luta os urubus se preocuparam apenas com os animais grandes e não
notaram que eu peguei uma brasinha e coloquei na minha boca. Espero que ainda esteja
acesa. Mas pode ser que...
Depressa. Pare de falar, meu caro curucu. Não podemos perder tempo. Dê-me
esta brasa imediatamente - disse Nhanderequeí, tomando a brasa em suas mãos e
assoprando levemente.
Todos os animais ficaram atentos às ações do herói que tratava com muito
cuidado aquele pequeno luzeiro. Pegou-o na mão e colocou um pouquinho de palha e
assoprou novamente. Com isso ele conseguiu um pequeno riozonho de fumaça. Isso foi
o bastante para incomodar os animais, que logo disseram:
- Se o fogo sempre faz fumaça, não será bom para nós. Nós não suportamos
fumaça.
Dizendo isso, os bichos foram embora, deixando o fogo com os homens e com as
aves.
Nhanderequeí soprou de novo. Ele fazia com todo cuidado, com todo jeito. Logo
em seguida à fumaça, aconteceu um cheiro de quimado. Isso foi o bastante para que as
aves se incomodassem e dissessem:
- Nós não gostamos desse cheiro que sai do fogo. Isso não é bom para as aves.
Fiquem vocês com este fogo.
Dizendo isso, Nhanderequeí soprou ainda mais forte e, finalmente, as chamas
apareceram no meio da palha e do carvão que sustentaram o fogo aceso para sempre.
Percebendo que tudo estava sob controle, o herói ordenou que seus parentes
encontrassem madeiras canelinha, criciúma, cacho de coqueiro e cipó-de-sapo e as
usassem sempre toda vez que quisessem acender e conservar o fogo. Além disso, o
corajoso herói ensinou os Apopocúva a fazer um pilãozinho onde guardar as brasas e
assim conservar o fogo para sempre.
Dizem os velhos desse povo que até os dias de hoje os Apopocúva guardam o
pilãozinho e aquelas madeiras.

 Análise do texto

A literatura tem a função de nos causar emoções, nos contar histórias e nos
sensibilizar com os erros cometidos no passado, para que não se repita no presente, de
uma forma fascinante e genial na perspectiva do escritor, que ali expõe seu ponto de
vista através de orações e frases. Quando os textos literários abordam os temas sobre os
indígenas, assim os fazem para nos mostrar a verdadeira história dos guerreiros,
verdadeiros donos desta terra na qual habitamos. E habitamos excluindo os donos
originais.
Desde a vinda dos portugueses às estas terras, o escrito sobre estes povos de
muitas culturas distintas entre si tem sido feito. Uns de forma preconceituosa, outras de
formas verdadeiras, capazes de entender a cultura de um povo. Retratar algo ao nosso
redor pode ser considerado uma qualidade de um escritor, porém isto deve ser feito com
responsabilidade. Pois não se sabe a repercussão que sua obra trará após séculos.
Quando um texto, um livro, uma carta ou até mesmo uma música retrata fielmente
a real situação de um determinado povo, adjunta de uma honestidade poética com uma
visão antropológica, só pode-se esperar uma obra repleta de beleza, cultura e luta.
Retratando bem os indígenas do Brasil.
Exemplos são o que não se falta na música, nas pinturas, nos filmes, nos poemas
e nas outras infinidades de artes existentes. Porém quando só o homem branco adquire
direito de escrever sobre o indígena, não existiria assim uma apropriação do direito de
retratar uma cultura? Por que a preferência por textos de não-indígenas retratando
indígenas? Como se fosse um jeito de nos promover por todo mal realizado a este povo,
ou como uma forma de mais uma vez negar sua história – mesmo escrevendo lindos
textos dizendo que não – tomamos os seus lugares.
Negamos a história toda vez que não queremos ver um índio no meio da
“civilização”, quando os vemos no meio das terras que os pertencem, e não isolados em
uma porção de terra que ainda os resta.
Indígenas também tem seu papel na literatura, mas qual o motivo disso não ser o
nosso maior orgulho? Negamos os direitos que os cidadãos originais não oficializados
tem, e ainda os transferimos para nós, de forma que por não aceitarmos seus novos
costumes, negamos o direito dos mesmos de escrever a sua própria história. E história
essa qual nós só fizemos mal.

 Fontes

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.doid=K4125109E0,
http://danielmunduruku.blogspot.com.br/p/danielmunduruku.html,http://globaleditora.
com.br/autores/biografia/id=1000,
http://www.editorapeiropolis.com.br/biografia/?autor=7

http://globaleditora.com.br/catalogos/livro/id=2560,
http://eraumavezuem.blogspot.com.br/2011/10/contos-indigenas-brasileiros
pordaniel.html, https://www.skoob.com.br/livro/edicoes/46453/edicao:50897)

http://eraumavezuem.blogspot.com.br/2011/10/contos-indigenas-brasileiros-por-
daniel.html,
http://www.desenvolvimentosocial.pr.gov.br/arquivos/File/Capacitacao/Encontro_Cria
nca/Material_de_apoio_roteiro_fa_dedi_indigena.pdf

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