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3 SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume1
SOCIOLOGIA
Ciências Humanas
Nome:
Escola:
GOVERNO DO ESTADO DE SãO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAçãO
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
SOCIOLOGIA
ENSINO MÉDIO – 3ª SÉRIE
VOLUME 1
a
1 edição revista
Coordenadoria de Gestão da Educação Básica Coor d en a d or de área: Nílson José Machado. Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel,
– CGEB Mat em áti c a : Nílson José Machado, Carlos Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de
Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de
COOR D E N A Ç Ã O DO DESE N V O LV I M E N T O
Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira,
DOS CON T E Ú D O S PROG R A M Á T I C O S DOS Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Sonia Salem e Yassuko Hosoume.
CAD E R N O S DOS PR OF E S S O R E S E DOS Walter Spinelli.
CAD E R N O S DOS ALU N O S Quími c a : Maria Eunice Ribeiro Marcondes,
Ghisleine Trigo Silveira Ciên ci a s Hum an a s Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza,
Coor d en a d or de área: Paulo Miceli. Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de
CON C E PÇ Ã O Filos ofi a: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria
Guiomar Namo de Mello Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa
Lino de Macedo Esperidião.
Geogr a fi a: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu
Luis Carlos de Menezes
Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Cader n o do Gest or
Maria Inês Fini (coordenadora)
Ruy Berger (em memória) Sérgio Adas. Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
Felice Murrie.
AUT OR E S Históri a : Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli EQUI PE DE PROD U Ç Ã O
Lingu a ge n s e Raquel dos Santos Funari. Coor d en aç ão exec ut i va: Beatriz Scavazza.
Coor d e n a d or de área: Alice Vieira. Asses s or e s : Alex Barros, Antonio Carlos de
Soci ol og i a: Heloisa Helena Teixeira de Souza
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Carvalho, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite,
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de
Makino e Sayonara Pereira. Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Oliveira, José Carlos Augusto, Luiza Christov,
Schrijnemaekers. Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo
Educ a ç ã o Físic a : Adalberto dos Santos Souza,
Ciên ci a s da Natur e z a Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata,
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Renata Elsa Stark, Solange Wagner Locatelli e
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Coor d en a d or de área: Luis Carlos de Menezes. Vanessa Dias Moretti.
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. Biol ogi a: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene EQUI PE EDIT OR I A L
LEM – Ingl ês : Adriana Ranelli Weigel Borges, Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Coor d en aç ão exec ut i va: Angela Sprenger.
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Asses s or e s : Denise Blanes e Luis Márcio
Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Barbosa.
Sueli Salles Fidalgo. Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares Projet o edit or i al: Zuleika de Felice Murrie.
de Camargo.
LEM – Espan h o l: Ana Maria López Ramírez, Ediç ão e Produ ç ão edit ori a l: Adesign, Jairo Souza
Ciên ci a s : Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Design Gráfico e Occy Design (projeto gráfico).
Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
T. Maia González. Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida APOI O
Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Língu a Portu g u e s a: Alice Vieira, Débora Mallet Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo – FDE
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
José Luís Marques López Landeira e João Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, CTP, Impr e s s ão e Acaba m e nt o
Henrique Nogueira Mateos. Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Esdeva Indústria Gráfica S.A.
A Se cre ta ria da Educa çã o do Esta do de Sã o Pa ulo a utoriza a re produçã o do conte údo do m a te ria l de sua titula rida de pe la s de m a is se cre ta ria s de e duca çã o do pa ís,de sde que m a ntida a inte grida de da obra
e dos cré ditos, re ssa lta ndo que dire itos a utora is prote gidos*de ve rã o se r dire ta m e nte ne gocia dos com se us próprios titula re s, sob pe na de infra çã o a os a rtigos da Le i nº- 9.610/98.
* Constitue m “dire itos a utora is prote gidos” toda s e qua isque r obra s de te rce iros re produzida s no m a te ria l da SEE-SP que nã o e ste ja m e m dom ínio público nos te rm os do a rtigo 41 da Le i de
D ire itos
Autora is.
S239c Caderno do professor: sociologia, ensino médio - 3ª- série, volume 1 / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe,
Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins, Melissa de Mattos Pimenta, Stella Christina Schrijnemaekers. São Paulo: SEE, 2013.
ISBN 978-85-7849-207-6
1. Sociologia 2. Ensino Médio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Inês. II. Martins, Heloísa Helena Teixeira de Souza. III. Pimenta, Melissa de
Mattos. IV. Schrijnemaekers, Stella Christina. V. Título.
CDU: 373.5:101
* N os Ca de rnos do Progra m a Sã o Pa ulo fa z e scola sã o indica dos site s pa ra o a profunda m e nto de conhe cim e ntos, com o fonte de consulta dos conte údos a pre se nta dos e com o re fe rê ncia s bibliogr
á fica s.
Todos e sse s e nde re ços e le trônicos fora m che ca dos. N o e nta nto, com o a inte rne t é um m e io dinâ m ico e suje ito a m uda nça s, a Se cre ta ria da Educa çã o do Esta do de Sã o Pa ulo nã o ga ra nte que o
s site s
indica dos pe rm a ne ça m a ce ssíve is ou ina lte ra dos.
* As fotogra fia s da a gê ncia Abble stock/Jupite r publica da s no m a te ria l sã o de proprie da de da G e tty Im a ge s.
* Os m a pa s re produzidos no m a te ria l sã o de a utoria de te rce iros e m a ntê m a s ca ra cte rística s dos origina is, no que diz re spe ito à gra fia a dota da e à inclusã o e com posiçã o dos e le m e ntos ca rtogr
á ficos
(e sca la , le ge nda e rosa dos ve ntos).
Senhoras e senhores docentes,
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores na reedição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que per-
mitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de
todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os
professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
SUMáRIO
Ficha do Caderno 7
e humanos no Brasil 26
temas 49
Considerações finais 51
FICHA DO CADERNO
Compreendendo a Cidadania
Série: 3ª
Volume: 1
7
ORIENTAçãO SOBRE OS CONTEúDOS DO VOLUME
Caro professor, as origens do que entendemos por cidadania
se refletem nos documentos hoje formulados
Uma das principais preocupações da So- e precisam ser analisadas para a compreensão
ciologia é com a percepção do lugar do edu- do conceito de cidadania;
cando na sociedade em que está integrado.
Nesse sentido, o propósito deste Caderno é o modo como a cidadania se constituiu no
auxiliá-lo na introdução à temática da cida- Brasil é fruto de nossa própria história e
dania, por meio de uma abordagem interdis- não pode ser compreendido fora de seu
ciplinar que dialoga com outras Ciências contexto;
Humanas, especialmente a História, a Filo-
sofia e a Ciência Política, contribuindo assim o conhecimento dos direitos e deveres pres-
para que o aluno adquira um olhar sobre si critos pela legislação é fundamental para a
mesmo enquanto cidadão. formação do cidadão.
Dada a amplitude do tema, recorremos Por essa razão, neste volume os alunos terão
aos mais variados recursos, buscando diver- a oportunidade de retomar alguns conteúdos
sificar as atividades para despertar o interes- que já aprenderam nas aulas de História. Mas
se, instigar a curiosidade e promover o debate agora o enfoque é outro: o desenvolvimento da
e a reflexão sobre as questões que considera - cidadania moderna.
mos mais pertinentes e relevantes. Tal refle-
xão é fundamental para pensar a problemática Além disso, entrarão em contato direto
da construção da cidadania contemporânea. com trechos de documentos fundamentais
As Situações de Aprendizagem estão alicer- para o conhecimento dos seus direitos e de-
çadas nos seguintes princípios: veres, como a Constituição Brasileira, a fim
de desenvolver a sua própria formação en-
cidadania não é um conceito único, fechado quanto cidadãos. Esperamos que nossas
e acabado, mas sim um conjunto de concepções propostas possam contribuir com suas ativi-
que se encontra em permanente construção; dades docentes.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
Conteúdos e temas: origem da palavra “cidadão” e seu significado; o cidadão ao longo da história ;
direitos civis, direitos políticos, direitos sociais e direitos humanos.
9
é, não se desenvolveu de forma linear, sem ideia de que as noções de “cidadão” e “cida-
rupturas, de modo a se constituir em um dania” são mais complexas.
conceito único e acabado. Pelo contrário: a
noção que temos hoje de cidadania não pode Procure estimular a participação e o inte-
ser reduzida a uma concepção fechada, ple- resse dos alunos perguntando a eles: Você se
namente formada e válida para todos os considera um cidadão? Por quê? identifique se
contextos sociais que a adotam. Ela compor- há integrantes da turma que não se consideram
ta variações, contradições e se encontra em cidadãos e quais suas razões para isso. Mesmo
permanente reconstrução. que todos assim se considerem, coloque o pro-
blema em discussão. Essa é uma oportunidade
Desse modo, a importância de colocá-la de oferecer aos alunos uma reflexão em torno
dentro de uma perspectiva histórica está jus- do tema central da Situação de Aprendizagem:
tamente na possibilidade de perceber as mu- o direito à cidadania. A reflexão, tanto no caso
danças, a releitura e reapropriações que a de todos os alunos se considerarem cidadãos,
cidadania teve em diferentes momentos, por como no caso de apenas alguns, deve girar em
diferentes povos, ao longo do tempo. torno de duas perguntas, que podem ser trans-
critas na lousa: Atualmente, toda e qualquer
pessoa tem direito à cidadania? Nas sociedades
Sondagem e sensibilização ocidentais, esse direito sempre foi o mesmo para
todas as pessoas?
Com o propósito de fazer um levantamen-
to inicial sobre o que os alunos já conhecem
sobre o tema, desenhe na lousa um quadro Etapa 1 – Origem das
com duas colunas, escrevendo no topo da palavras “cidadão” e “cidadania”
primeira a palavra “cidadão” e, na segunda,
a palavra “cidadania”. Solicite então à turma Retome a discussão realizada durante a
que explicite o que significa “ser cidadão” e Sondagem inicial a partir das perguntas que
o que entendem por “cidadania”. foram transcritas na lousa. Observe que o
direito à cidadania nem sempre foi um direito
Se a classe estiver pouco participativa, universal. Utilizando a lousa, procure identi-
divida a turma em grupos, preveja cinco mi- ficar, a partir dos conhecimentos que os alu-
nutos de trabalho e então anote as respostas nos já têm a respeito do assunto, as origens
na lousa. Provavelmente, as intervenções dos dos termos “cidadão” e “cidadania”.
alunos evidenciarão mais fortemente um ou
outro aspecto da cidadania, como a partici- A origem do termo “cidadão” remonta à
pação política, por exemplo, representada Antiguidade Clássica e a uma forma de or-
pelo ato de votar, ou o papel social do cida- ganização social específica, que se difundiu
dão, como, por exemplo, o respeito ao meio no Mediterrâneo a partir do século IX a.C.:
ambiente e às leis de trânsito. as cidades-Estado. Os “cidadãos” eram os
membros da comunidade que detinham o
Você pode explorar o alcance dessas con- privilégio de participar integralmente de todo
cepções questionando diretamente se ser ci- o ciclo da vida cotidiana da cidade-Estado,
dadão é simplesmente votar ou ter respeito ou seja, das decisões políticas, da elabora-
pelo meio ambiente, dependendo dos exem- ção das regras, das festividades, dos rituais
plos apresentados. Isso possibilitará aos religiosos, da vida pública etc. Eram os úni-
alunos uma primeira sensibilização para a cos considerados indivíduos plenos e livres,
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Sociologia – 3a série – Volume 1
com direitos e garantias sobre sua pessoa e Clássica, as mulheres também não tinham
seus bens. direito à participação política. No tocante às
diferenças etárias, prevalecia a autoridade
É importante ressaltar que existiam varia- dos mais velhos sobre os mais jovens, uma
ções entre as diversas cidades-Estad o (Ate- vez que havia limites etários para os cargos
nas, Esparta e Tebas, por exemplo), não mais importantes e atribuições de poderes
havendo um princípio universal que definisse diferenciadas aos conselhos de anciãos.
a condição de cidadão. Além disso, os crité-
rios para integração ao corpo de cidadãos A palavra cidadania deriva do latim civis (o
variaram ao longo do tempo, e as cidades se ser humano livre), que gerou civitas
tornaram mais ou menos abertas ou fechadas (cidadania).
dependen do da época. Porém, é possível in-
dicar três grupos, entre o restante da popu-
lação, que geralmente não integravam o “Cida dania é uma abstraç ão derivad a da
conjunto dos cidadãos: junção dos cidadã os e, para os romanos,
cidada nia, cidade e Estado constitue m um
único conceito – e só pode haver esse cole-
os estrangeiros residentes que, embora
tivo se houver, antes, cidadã os.”
participassem da vida econômica da cidade,
não tinham direito à propriedade privada FUNA RI, Pedro Paulo. A Cidada nia entre os
e não podiam participar das decisões políticas; Romanos. In: PINSK Y, Jaime; PINS KY, Carla
(Orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Editora
Contexto, 4ª ed. 2ª reimp ressã o, nov. 2008. p. 49.
populações submetidas ao controle militar <http://www.editora contexto.com .br>.
da cidade-Estado após a conquista, como
os periecos e hilotas 1;
isso significa que, para os romanos, a cida-
os escravos, que realizavam todo e qualquer dania ainda não constituía o conjunto de
tipo de ofício, desde as atividades agrícolas ideias e valores a ser defendidos, tal como
às artesanais, e eram utilizados, sobretudo, concebemos hoje, mas o próprio Estado ro-
nos serviços domésticos. Os escravos não mano. Em Roma, o direito à cidadania era
tinham acesso à esfera pública ou a quaisquer baseado na noção de liberdade, então só po-
direitos. dia ser concedido aos indivíduos que não se
encontravam em situação de submissão ou
É importante observar que, na grécia sujeição a outra pessoa.
“Uma vez obtida , a cidad a nia roma na trazia consigo privilégio s legais e fiscais importante s, pois
permitia ao seu porta do r o direito e a obrig aç ã o de seguir as prátic a s legais do direito roma no em
contr atos, testam e ntos, casam e ntos, direito s de proprie d ad e e de guard a de indivíd uo s sob sua tutela
(com o as mulhe re s da família e paren tes home ns com menos de 25 anos). ”
FUNAri, Pedro Paulo. A Cidada nia entre os romanos. in: PiNSK Y, Jaime; PiNSK Y, Carla (Orgs.). História da
Cidadania. São Paulo: Conte xto, 4ª ed. 2ª reimp re ssão, nov. 2008. p. 66. <http://ww w.e ditora co ntexto.co m.br >.
1. Os periecos eram habitant es dos arredores de algumas cidades gregas , que podiam se dedicar livrement e aos
trabal hos agrícol as , ao artes anat o e ao comérci o. Embora não fossem cidadãos , mantinham -s e leais à cidade-Est ado
à qual estavam ligados . Os hilotas constituí am uma classe de servos ligados à terra, cultivavam os lotes que o
Estado atribuí a aos seus propri et ári os, a quem deviam obedi ênci a. CHAM OU X, Françoi s . A Civilização Grega .
Lisboa: Edições 70, 2003. p. 215.
11
Desse modo, não eram considerados ci- mundos difere ntes, com socied ade s distin-
dadãos os escravos e os chamados clientes, tas, nas quais pertencime nto , participa çã o
que deviam fidelidade ao seu patrono em e direitos têm sentidos diversos.”
troca de benefícios. Inicialmente, ser cidadão gUAriNEL LO, Norberto Luiz. Cidades-Estado
romano era um privilégio reservado apenas na Antiguidade Clássica. In: PINS KY, Jaime;
PiNSKY, Carla (Orgs.). História da Cidadania.
aos grandes proprietários rurais, que deti- São Paulo: Editora Contexto, 4ª ed.
nham o monopólio dos cargos públicos e 2ª reimpr essão, nov. 2008. p. 29
religiosos e o acesso às posições mais impor- <http://www.e ditora contexto.com .br>.
tantes na hierarquia militar (patrícios).
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Sociologia – 3a série – Volume 1
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governo da sociedade e consistem no direito “Conside ram os estas verdade s como eviden-
de fazer manifestações políticas, de se orga- tes por si mesmas: que todos os homens são
nizar em partidos, sindicatos, movimentos criados iguais, que são dotados pelo Criador
sociais, associações, de votar e ser votado. de certos direitos inaliená veis, que entre
estes estão a vida, a liberdade e a busca da
3. Direitos sociais: felicid ade . Que, para assegura r esses direi-
tos, gover nos são instituídos entre os ho-
Dizem respeito ao atendimento das necessi- mens, deriva ndo seus justos podere s do
dades básicas do ser humano, como alimen- consentim ento dos governa dos. Que sempre
tação, habitação, saúde, educação, trabalho, que qualquer forma de governo torne-se
salário justo, aposentadoria etc. destrutiva desses fins, é direito do povo alte-
rá-la ou aboli-la e instituir novo gover no,
basean do-o nesses princípios e organiza ndo
4. Direitos humanos:
seus poderes da forma que lhe pareça mais
conve nie nte para concretiza r sua seguranç a
Englobam todos os demais e expandem a di- e felicidad e.”
mensão dos direitos para uma perspectiva mais
Declaraç ão de Indepe ndência dos Estados Unidos (1776).
ampla, pois tratam dos direitos fundamentais
Disponível em: <http://w ww.ar chives.gov/exhibits/
da pessoa humana. Sem eles, o indivíduo não charter s/d ecla ration_tra nscript.htm l>. Acesso em:
consegue existir ou não é capaz de se desenvol- 29 out. 2012. Traduçã o Eloisa Pires.
ver, de participar plenamente da vida. São eles:
o direito à vida, à liberdade, à igualdade de
direitos e oportunidades e o direito de ser reco- Em seguida, proponha para a classe as
nhecido e tratado como pessoa, independente- seguintes questões:
mente de sua nacionalidade, gênero, idade,
origem social, cor da pele, etnia, faculdades 1. Quais são os direitos defendidos na De-
físicas ou mentais, antecedentes criminais, claração de Independência dos Estados
doenças ou qualquer outra característica. Unidos?
A história da luta pelos direitos civis pode O direito à vida, à liberdade e à busca da
ser identificada já no século XVii, quando o felicidade.
parlamento inglês promulgou em 1689 o Bill
of Rights (Carta de Direitos), garantindo ao 2. Quem deve ser responsável pela formação
povo uma série de direitos que o protegia de e organização do governo?
atos arbitrários por parte da Coroa. Esse
movimento é um precursor dos eventos his- Os homens, cujo consentimento para gover-
tóricos que marcariam o fim do Absolutismo nar deve vir do próprio povo, o único que tem
e colocariam os cidadãos, agora não mais o direito de alterar, abolir e instituir uma
súditos do rei, na condição de sujeitos políti- nova forma de governo caso a anterior se
cos, ou seja, participantes efetivos do poder torne destrutiva à garantia dos seus direitos
do Estado. Um exemplo disso ocorreu na inalienáveis.
Revolução Americana e encontra -se explici-
tado na Declaração de Independência dos 3. Qual foi o pensador iluminista que ins-
Estados Unidos. pirou essas ideias?
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Sociologia – 3a série – Volume 1
A Declaração de Independência dos Es- todo tipo, entre burgueses, profissionais li-
tados Unidos inspiro u outro importante berais, ocupantes do baixo clero, comercian-
documento, que constitui um marco na his- tes, operários, artesãos etc.). Em seguida,
tória da cidadania. Chame a atenção dos peça aos alunos que leiam os dez primeiros
alunos para a imagem do quadro Declaração artigos da Declaração. Você pode distribuir
dos Direitos do Homem e do Cidadão, pro- pequenos recortes de papel, cada um con-
clamada em 26 de agosto de 1789, pelo Ter- tendo um dos artigos, e pedir que diferentes
ceiro Estado (constituído por plebeus de alunos os leiam:
15
formulações de direitos civis e políticos. nam-se um direito natural do homem. Porém,
se na Declaração de 1789 os direitos do ho-
a) Que diferenças podemos observar nas mem são limitados pelo outro, isto é, o limite
concepções de cidadania greco-romanas é aquilo que não prejudica o próximo e é in-
e nas que estão presentes na Declaração terdito pela lei, expressão da vontade geral,
dos Direitos do Homem e do Cidadão de hoje a cidadania prevê a garantia de outros
1789? direitos, sem os quais o ser humano não pode
existir ou exercer a cidadania.
No mundo greco-romano, nem todas as pes-
soas eram livres e tinham direito à cidadania. b) A que tipo de direitos a Declaração de
Havia escravos e desigualdade entre estran- 1789 se refere? identifique -os.
geiros, povos conquistados, bárbaros, mulhe-
res e jovens, por exemplo. Ser considerado Direitos humanos: artigos 1º e 6º. Direitos
cidadão não era um direito, mas uma condi- civis: artigos 4º ao 10º. Direitos políticos:
ção ligada ao nascimento, ao gênero, à origem artigos 2º, 3º e 6º. Obs. O artigo 6º engloba
social, ao território e à posse ou não de bens. tanto direitos civis – igualdade perante a lei
Na época da Revolução Francesa, a cidada- e indistinção na ocupação de cargos – quanto
nia tornou-se um direito imprescritível, isto o direito político de participação na elabora-
é, que não pode ser retirado de nenhuma ção das leis.
pessoa, independentemente de sua condição
social, sexo, posse de bens ou outras caracte-
rísticas, pois a liberdade e a igualdade tor- Etapa 3 – A cidadania moderna:
direitos políticos
©Album/akg-images-Latinstock
16
Sociologia – 3a série – Volume 1
que o restante da população. Após a revolução, “ativos” (homens com mais de 21 anos,
a burguesia, representada pelos comercian tes, dotados de domicílio legal há um ano, que
pequenos proprietários, profissio nais liberais, vivessem de sua renda ou produto do seu
entre outras categorias profissionais, começou trabalho. Todos que preenchessem esses
a participar ativamente das decisões do Estado. requisitos e tivessem mais de 25 anos eram
Durante o século XIX, a luta pela ampliação elegíveis).
do sufrágio masculino aos não proprietários,
juntamente com o movimen to das mulheres Um dos exemplos mais contundentes na
pelo direito de votar e se emancipar, marcaram história da luta pelos direitos políticos ocorreu,
a história da conquista dos direitos políticos. certamente, durante a Revolução Francesa. Você
Nessa etapa, estudaremos alguns desses movi- pode optar por ampliar essa etapa da discussão
mentos, buscando ampliar a perspectiva dos explorando de forma mais aprofundada as dis-
alunos a respeito dos direitos políticos para putas pelo poder desse período. Uma sugestão
além do direito de votar. é o filme Danton: o processo da Revolução. (di-
reção de Andrzej Wajda, 1982).
Utilizando os conhecimen tos que os alu-
nos têm sobre História Moderna, identifique
o processo de ampliação da participação do Etapa 4 – A cidadania moderna:
poder e os diferentes grupos sociais que o direitos sociais
reivindicaram nos seguintes processos:
A necessidade de garantir melhores condi-
revoluções inglesas de 1640 e 1688: assina- ções de vida para a população tornou-se uma
laram uma mudança nas relações de poder bandeira dos revolucionários franceses no fi-
na sociedade e Estado ingleses, em que a nal do século XViii, quando as tensões sociais
classe burguesa conseguiu limitar o poder de séculos de Absolutismo, acirradas nos rei-
do rei com a criação da Monarquia Cons- nados de Luís XIV e Luís XV, irromperam de
titucional. A partir desse momento, o Par- forma violenta contra o Estado.
lamento passa a ter atuação decisiva no
governo, tendo apoio das classes mercantis Com o advento da Revolução Industrial e
e industriais nos centros urbanos e no campo, a formação da classe operária nos centros
dos pequenos proprietários rurais, da pequena urbanos, a luta pela regulamentação das con-
nobreza e da população comum; dições de trabalho teve início no século XiX
e se perpetuou durante todo o século XX.
revolução Americana de 1776: estabeleceu Nesse período, é importante destacar dois
a divisão de poderes, a eleição regular para movimentos-chave para entendimento da am-
presiden te e uma Constituição baseada em pliação dos direitos de cidadania: a Primeira
princípios de liberdade. Formalmente, era a Revolução Industrial e a organização da clas-
sociedade mais democrática da época, embora se operária na luta pelo direito de fazer greve,
brancos pobres, mulheres e escravos negros de se reunir em sindicatos e de regulamentar
não pudessem votar; a jornada de trabalho (direitos sociais).
revolução Francesa de 1789: derrubou a Chame a atenção dos alunos para a ima-
Monarquia Absolutista, estabeleceu um gem e peça que identifiquem o contexto, a
governo de representação popular, pro- época e os sujeitos representados na foto
mulgou uma Constituição que estendeu o (fábrica, século XIX, Revolução Industrial,
direito de votar e ser votado aos cidadãos crianças trabalhando). Em seguida, solicite
17
aos alunos que descrevam as condições de do quadro de Van gogh, Os comedores de
trabalho dos operários europeus no início batatas, e da leitura do trecho do texto de
do século XIX. Você também pode começar Friedrich Engels, sobre a situação da classe
a compor um quadro desse contexto a partir operária na Inglaterra:
©Album/akg-images-Latinstock
©LibraryofCongress/SPL-Latinstock
Traba lho infantil nas fábric as inglesas no início do século XIX. Vince nt Van gogh. Os come dores de batatas (The potato
eaters ), 1885, óleo sobre tela, 82 x 114 cm. Museu Van gogh,
Amster dã.
“A alime nta ç ão habitu al do trabalh a do r individu al varia , natura lm e nte, de acordo com o seu salário .
Os traba lha do re s melhor pagos, especialm e nte aqueles em cujas família s cada membro é capa z de
ganha r algum a coisa , têm boa alimenta ç ã o, pelo menos enqua nto essa situaç ã o durar: há carne
diariam e nte e toicinho e queijo à noite. Quan do a renda é menor, comem carn e apen as duas ou três
veze s na seman a e a proporç ã o de pão e batata aumenta . Desc e nd o gradu alm e nte, nós encontra m o s
o alime nto anima l reduzido a um peque no pedaç o de toicin ho cortad o com batatas. Mais baixo
ainda , até mesm o isso desapa re c e e perm an ec e apena s pão, queijo, minga u de aveia e batata ; até o
último grau, entre os irlande ses, onde a batata é a única form a de alime nto . [...] Mas, tudo isso
press upõ e que o trabalha d or tenha traba lho. Quan do não o tem, ele fica totalm ente à mercê do acaso
e come o que lhe dão, o que ele mendiga ou rouba . E quand o ele não conseg ue nada, ele simple sm e nte
morre de fome , como vimos. A quantid ad e de alimento varia, obviam e nte , assim como sua qualid a de ,
de acord o com o salário, porta nto, os trabalh a dor es pior pagos passa m fome , mesm o que eles não
tenha m uma grand e família e ainda que possua m um trabalh o regula r. E o núme ro desse s trabalha -
dores mal pagos é muito grand e. Particu lar m ente em Londre s, onde a comp etiçã o dos trabalha do re s
aume nta com o crescim ento da popula ç ão , esta classe é muito numer osa , mas é enco ntra da també m
em outras cidade s. [...] Certam ente , tal modo de vida provo c a, inevita velm e nte , uma grand e quanti-
dade de doen ça s [...] então a miséria alcanç a o seu auge , e a brutalida de com que a socied ad e aban -
dona seus memb ros, principalm e nte quand o sua nece ssid a de é maior, é plena m e nte exposta .”
ENgEL S, Frede ric k. The great towns. in: The condition of the working class. Traduç ão Heloísa Hele na Teixe ira de
Souza Martin s. p. 48. Dispo nível em: <http://ww w.m a rxists.org/a rchiv e/m a rx/w orks/184 5/con dition - wo rking- cla ss/
index.htm > . Acesso em: 1 out. 2012.
Após a leitura, divida a classe em grupos melhor forma de obtê-los. Muitos alunos
e peça aos alunos que reflitam e elaborem, estão bastante familiarizados com as leis
com base no quadro e no texto, um conjunto trabalhistas vigentes no Brasil atualmente e,
de direitos que não estavam contemplados provavelmente, suas elaborações refletirão
aos trabalhadores da época e qual seria a esse conhecimento.
18
Sociologia – 3a série – Volume 1
O objetivo dessa Situação de Aprendizagem Você pode demonstrar isso a partir de uma
é justamente confrontar os direitos sociais que linha do tempo, previamente preparada, por
eles conhecem hoje com a forma como eles se meio de um retroprojetor. Os exemplos indi-
constituíram no passado, mostrando que o pro- cados a seguir referem-se à Inglaterra, palco
cesso de construção da cidadania não se deu de da Primeira Revolução Industrial. Embora
uma hora para outra. Pelo contrário, foi algo eventos como esses não tenham ocorrido so-
lento, árduo e que envolveu muito esforço por mente na grã-Bretanha, é importante obser-
parte dos grupos sociais que se empenharam em var que as conquistas dos trabalhadores
obtê-los. Tudo isso tem por objetivo deixar claro ingleses tiveram intensa repercussão no con-
que a luta por direitos é um processo ativo e que tinente europeu e influenciaram muitas das
envolve a participação e o envolvimento de to- lutas operárias pelos direitos sociais durante
dos os cidadãos enquanto sujeitos sociais. todo o século XIX.
1) 1799 e 1800: após a revolu çã o Franc e sa , temend o que os sindic ato s se torna sse m centro s de
agitaç ã o polític a , as coaliz õ es operá ria s são decreta da s ilegais por meio dos Combina tio n Acts.
2) 1802 e 1819: prime ira s Leis Fabris fixam a idade mínima para o trabalho em 9 anos e a jorna da
máxim a em 12 horas para a faixa etária entre 9 e 16 anos. regulam e nta va m apena s o trabalho na
indústria têxtil de algod ão .
3) 1821: proibiç ã o do trabalh o noturn o aos menore s de 21 anos.
4) 1824: são revoga da s as leis Combinatio n Acts, e o movim e nto sindica l passa a ser legal, desen-
cade an do uma onda maciç a de greves.
5) 1825: o sindic alism o é regula m e nta do e os direitos das coaliz õ es operá ria s são limitado s à
bargan ha pacífic a de salários e condiçõ e s de trabalho . Sindica lista s não devem “mole sta r” , “obstruir ”
ou “intimid a r” empre ga d ore s ou fura-gr ev e s.
6) 1833: meno re s de 13 anos não poderia m trabalh ar mais do que 9 horas por dia e 48 horas por
sema na . Proibiç ã o do traba lho notur no aos menor es de 18 anos. Dois turnos de 8 horas de crianç a s
eram permitid os. Quatr o inspetor es deve ria m garantir a exec uç ã o dessa s norma s. regulam e nta va
apena s o trabalho na indústria têxtil de algod ão .
7) 1844: mulhe re s e adole sc ente s entre 13 e 18 anos não pode ria m trabalh a r mais do que 12 horas
por dia. Menor es de 13 anos deveria m trabalh ar no máxim o 6 horas e meia. Idade mínim a para o
trabalh o: 8 anos. regulam e nta va apena s o trabalho na indústria têxtil de algod ão .
8) 1847: mulhe re s e adolesc e ntes entre 13 e 18 anos não poderia m trabalha r mais do que 10 horas
por dia. regulam e nta va apena s a indústria têxtil.
9) 1850: crianç a s deveriam trabalha r some nte nos mesm o s horários que as mulhe re s e adolesc e nte s.
regulam e nta va apena s a indústria têxtil.
10) 1864: a regula m e ntaç ã o é estendid a para seis novos ramos industria is.
11) 1867: a regula m e nta çã o é esten dida para todas as fábric a s que empre ga va m meno s de 50
pesso as. Nenh um a crian ça meno r de 8 anos poderia trabalh ar em qualqu er tipo de oficin a .
12) 1878: as Leis Fabris são aplica da s a todo tipo de indústria e comér cio . A idade mínim a para o
trabalh o é de 10 anos. A educa ç ã o torna -se obrigató ria até os 10 anos e crian ça s entre 10 e 14 anos só
podem traba lha r por meio perío do . Mulhe re s não podem traba lha r por mais de 56 horas por sema na .
Fonte: <http://ww w.histor yhom e.c o.uk/pe el/fa ctm ine /fa ctleg.htm > . Traduç ão Melissa de Mattos Pime nta.
Acesso em: 1 out. 2012.
19
Após a apresentação da linha do tempo, peça destaque que a modificação das leis traba-
para os alunos responderem às questões: lhistas não resultou apenas da atuação dos
sindicatos e dos movimentos grevistas, mas
1. Compare a situação dos trabalhadores da da atuação política de representantes da
indústria têxtil na inglaterra em 1800 e classe trabalhadora no Parlamento.
1878. Avalie se as lutas por direitos sociais
foram efetivas. Debata as respostas da classe e coloque em
discussão a importância da participação polí-
No início do século XIX, não havia qualquer tica na elaboração das leis que garantiram os
regulamentação sobre a contratação de mão direitos sociais dos trabalhadores ingleses. Ex-
de obra nas fábricas inglesas. Crianças, plicite a importância da participação da classe
adolescentes, mulheres e homens de todas as operária nas decisões do governo inglês para
idades eram empregados sem restrição de que isso ocorresse.
turnos, horários, limite de horas trabalhadas
ou acordo sobre remuneração mínima. A
educação básica não era garantida ou obriga- Etapa 5 – A cidadania moderna:
tória, e as ideias liberais que circulavam no direitos humanos
período defendia m que qualquer regulamen-
tação interferiria na livre concorrência dos Após a Segunda guerra Mundial, quando
mercados. Nesse sentido, as lutas por direitos a realidade dos campos de extermínio do
sociais podem ser consideradas efetivas, pois regime nazista se tornou pública e o mundo se
as leis aprovadas representam intervenções defrontava com os chocantes resultados das
significativas do Estado no funcionamento bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e
livre do mercado de trabalho. Nagasaki, no Japão, a Organização das Nações
Unidas (ONU) promulgou a Declaração Uni-
2. Compare a legislação de 1878 na inglater- versal dos Direitos Humanos, em 1948. inspi-
ra com o que você conhece sobre os direi- rada na Declaração de Independência dos
tos do trabalhador hoje no Brasil. Indique Estados Unidos e na Declaração dos Direitos
as principais diferenças. do Homem e do Cidadão da França, ela se
tornou um marco na defesa dos direitos huma-
Hoje, a idade mínima para o trabalho remu- nos, abarcando em um único conjunto de prin-
nerado registrado é 16 anos. Menores de 16 cípios todos os direitos civis, sociais e políticos
só podem trabalhar a partir dos 14 anos, na pelos quais as sociedades ocidentais vinham
condição de aprendizes. A eles é vedado o lutando desde o século XVIII.
trabalho considerado insalubre e o trabalho
noturno. A educação é obrigatória até os 18 Posteriormente, as ações em prol dos direitos
anos, a jornada de trabalho não pode ultra- humanos se desdobraram na criação da Anistia
passar 8 horas e tem limite de 40 horas sema- internacional, em 1961, e se disseminaram nas
nais, independentemente do sexo. décadas de 1980 e 1990, na atuação de milhares
de ONgs e grupos comunitários que buscam
3. Em sua opinião, a atuação da classe operária defender as condições mínimas de sobrevivência
por meio dos sindicatos foi efetiva para dos povos nos mais diversos países. Cabe agora
modificar as leis trabalhistas inglesas? discutir, no contexto do século XXI, o escopo dos
direitos humanos e ampliar a reflexão dos alunos
Espera-se que os alunos respondam de forma para a tese de que, sem a garantia desses direitos,
afirmativa. É importante que o professor não é possível o exercício da cidadania.
20
Sociologia – 3a série – Volume 1
Peça para os alunos que observem as ima- outras. Não descarte a possibilidade de al-
gens apresentadas e identifiquem os eventos guns alunos defenderem a prática de retalia-
históricos a que elas se referem. Em seguida, ção em situações de guerra. Aproveite para
discuta com a classe quais sentimentos esses colocar essa questão em debate. O importan-
episódios despertaram e por quê. As reações te é recapitular o contexto do pós-guerra
podem ser as mais variadas possíveis: desde para entender as circunstâncias em que a
a revolta, condenação, ódio, raiva, constran- ONU foi criada e a Declaração Universal dos
gimento, vergonha, tristeza, amargura, arre- Direitos Humanos foi elaborada.
pendimento, desejo de reparação, entre
©Album/akg-images-Latinstock
©Bettmann/Corbis-Latinstock
Image m de campo de concentr aç ã o nazista na Alem anh a.
21
Artigo II – 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou
de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou interna-
cional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo III – Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV – Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V – Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo VI – Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
[...]
Artigo IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X – Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fun-
damento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI – 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido ino-
cente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam
delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
[...]
Artigo XX – 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI – 1. Todo ser humano tem o direito de fazer parte no governo de seu país diretamente
ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure
a liberdade de voto.
[...]
Artigo XXIII – 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual
trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe asse-
gure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acres-
centarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV – Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das
horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
Artigo XXV – 1. Todo ser huma no tem direito a um padrã o de vida capa z de asseg ur ar-lh e, e a sua
família , saúde e bem-e star, inclusiv e alime nta ç ão , vestuá rio, habita ç ão , cuida do s médico s e os serviç os
sociais indispe n sá ve is, e direito à segura nç a em caso de desem p re go , doenç a, invalid e z, viuve z, velhic e
ou outros casos de perda dos meios de subsistê nc ia em circu nstâ ncia s fora de seu contr ole.
2. A maternid a de e a infân cia têm direito a cuidad os e assistên cia especiais. Todas as crian ça s,
nascida s dentro ou fora do matrim ô nio goza rã o da mesm a proteç ã o socia l.
Artigo XXVI – 1. Todo ser huma no tem direito à instru çã o. A instruç ã o será gratuita, pelo menos
nos graus eleme ntar es e fundam enta is. A instruç ã o eleme nta r será obrigató ria. A instruç ã o técnic o-
-profission al será acessív el a todos, bem como a instru çã o superio r, esta basea d a no mérito .
2. A instruç ã o será orienta da no sentid o do pleno desenv olvim e nto da perso na lid ad e human a e do
fortale cim e nto do respeito pelos direito s human os e pelas liberda d es funda m e ntais. A instru çã o pro-
move rá a compre e nsã o , a tolerâ nc ia e a amizad e entre todas as naçõ es e grupos racia is ou religio sos,
e coadjuv ar á as ativida d es das Naçõ es Unida s em prol da manute nç ã o da paz.
3. Os pais têm priorida de de direito na escolh a do gêne ro de instruç ão que será ministr ad a a seus
filhos.
[...]
Disponíve l em: <http://unic rio.org.br /im g/D ec lU_D _H um a nosVer soI nter ne t.pd f> . Acesso em: 22 out. 2012.
23
a concepção de cidadania esteja formalizada, em roma) e a cidadania moderna (século
os direitos prescritos pelos organismos inter- XViii)?
nacionais, assinados por diversos países ao
redor do mundo, inclusive o Brasil, ainda não A cidadania no mundo antigo era fortemen-
são garantidos para parcelas significativas da te baseada na ideia de liberdade. Somente
população. O roteiro para a pesquisa deve con- os indivíduos considerados livres, isto é, os
templar as seguintes etapas: não escravos, que não viviam em situação de
subordinação por dívidas, dominação militar
apresentação da matéria: fonte (jornal, ou a tutela masculina – no caso das mulheres
revista ou internet, com a devida indicação – ou dos mais velhos – no caso dos jovens –
da edição e do site de onde foi retirada); eram considerados cidadãos. Esse ideal de
liberdade inspirou fortemente os pensadores
título e resumo: de preferência redigido iluministas dos séculos XVII e XVIII, defen-
pelos próprios alunos; sores do liberalismo e da ideia de que o indi-
víduo é livre e não pode viver subordinado ao
contexto histórico e geográfico do evento: poder absoluto do Estado. Nesse sentido, as
envolve uma breve pesquisa da situação e formas de governo defendidas na época im-
das circunstâncias que levaram aos acon- plicavam a existência de cidadãos autôno-
tecimentos descritos na reportagem; mos, dotados de razão, capazes de decidir seu
próprio destino e submetidos a uma autori-
identificação dos direitos que não foram dade comum, derivada do próprio corpo de
assegurados, estiveram ameaçados de al- cidadãos, por meio de um contrato social.
guma forma ou foram efetivamente violados
e justificativa; 2. Com base no seu conhecimento sobre o
contexto histórico do final do século
análise crítica e conclusão. XViii, estabeleça uma reflexão sobre o
tipo de direitos que tanto os pensadores
como os principais personagens que de-
Avaliação da Situação sempenharam papéis importantes durante
de Aprendizagem as revoluções Americana e Francesa pro-
curavam defender.
Ao final da Situação de Aprendizagem, o
aluno deverá ter adquirido uma noção ini- O final do século XVIII marca o fim do Ab-
cial do que é a cidadania e de como surgiu a solutismo monárquico. Desde os primeiros
figura do cidadão. Precisa também ter com- pensadores iluministas, a ideia de que os reis
preendido em que circunstâncias um indiví- teriam o “direito divino” de governar vinha
duo era considerado cidadão e como essa perdendo espaço para novas correntes filosó-
condição o diferenciava dos demais mem- ficas, fundamentadas na razão e na prevalên-
bros da sociedade, incorporando uma noção cia do indivíduo sobre o Estado. Com a
da diferença entre direitos civis, políticos, ascensão das ideias liberais, abre-se espaço
sociais e humanos. para se pensar na liberdade individual – liber-
dade de pensamento e expressão, de ir e vir,
Proposta de questões para a avaliação de crença religiosa, de privacidade – resguar-
dando a pessoa da interferência do poder da
1. Que relação pode ser estabelecida entre a Coroa e da Igreja. A esses direitos chamamos
cidadania no mundo antigo (na grécia e de direitos civis.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
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TEMA 2 - A CONSTITUIçãO DA CIDADANIA NO BRASIL
SiTUAçãO DE APrENDizAgEM 2
A CONQUiSTA DOS DirEiTOS CiViS, POLÍTiCOS,
SOCiAiS E HUMANOS NO BrASiL
Conteúdos e temas: a relação entre a formação do Estado brasileiro e a constituiçã o dos direitos
civis, políticos , sociais e humanos no Brasil; o cidadão brasileiro ao longo da História .
Recursos necessários: fotografias, televisão e aparelho de DVD ou videocassete, giz, lousa, relógio
ou marcador de tempo.
O objetivo desta Situação de Aprendiza - tada, antes, por uma análise crítica dos fa-
gem é trazer as reflexões anteriores para o tores sociais, econômicos e políticos que
contexto nacional, analisando, de forma contribuíram para a especificidade do de-
sucinta, a formação do Estado brasileiro e senvolvimento da cidadania no Brasil. Em
a constituição dos direitos civis, sociais, especial, serão tratados o impacto da escra-
políticos e humanos no país. A estratégia vidão, da Proclamação da república, do
adotada nesta etapa, entretanto, será orien- Estado Novo, da Ditadura Militar e da
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Sociologia – 3a série – Volume 1
Reprodução
©AcervoIconographia-Reminiscências
©CynthiaBritto/PulsarImagens
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Constituição de 1988. Essa retrospectiva História do Brasil e despertar a curiosidade
busca identificar os avanços, retrocessos e sobre nossa própria luta por direitos de cida-
entraves na consolidação dos direitos dos dania. A partir das respostas da turma, pro-
brasileiros. cure associar cada imagem à data, evento e
contexto histórico a que ela se refere. Em
seguida, pergunte aos alunos: “A que tipo de
Sondagem e sensibilização direitos essas imagens se referem”?
“Nas brinc ad eira s, muita s vezes bruta s, dos filhos de senhor es de engenh o, os molequ e s serviam para
tudo: eram bois de carro , eram cavalos de monta ria, eram besta s de almanja rra s, eram burro s de li-
teiras e de cargas as mais pesad a s. Mas principa lm e nte cavalo s de carro . Ainda hoje, nas zona s rurais
meno s invadida s pelo autom óv el, onde velho s cabriolés de enge nh o rodam pelo massa pé mole, entre
os canavia is, os menin os branc os brinc am de carro de cavalo ‘com moleq ue s e até molequin ha s filhas
das amas’, servind o de parelha s. Um barbante serve de réde a; um galho de goiab eira , de chicote .”
FrEYrE, gilberto. Casa-G ran de & Senzala. São Paulo: global Editora, 2008. 2ª reimpr essã o, 51ª ediçã o, p. 419-42 0.
2. “O aspect o mais contundent e da difusão da propri edade escrava revela-s e no fato de que muitos libertos possuíam
escravos . Testam ent os exami nados por Kátia Mattos o mostram que 78% dos libertos da Bahia possuíam escravos . Na Bahia,
em Minas gerais e em outras provínci as , dava-s e até mesmo o fenôm eno extraordiná ri o de escravos possuírem escravos .”
CArVA LHO , José Murilo de. Cidadani a no Brasil – O longo caminho. rio de Janeiro: Civilização Brasilei ra, 2008. p. 48-49.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
“As conseq uê nc ias da escra vid ão não atingira m apena s os negro s. Do ponto de vista que aqui nos
interessa – a forma ç ã o do cidad ã o –, a escra vidã o afetou tanto o escrav o como o senhor. Se o escra v o
não desenvo lvia a consciê ncia de seus direitos civis, o senhor tampo uc o o fazia . O senho r não ad-
mitia os direito s dos escra vo s e exigia privilé gio s para si próprio . Se um estav a abaixo da lei, o outro
se conside ra v a acima . A libertaç ã o dos escra vo s não troux e consig o a igualda de efetiva . Essa igual-
dade era afirm a da nas leis mas negad a na prátic a .”
CArVAL HO, José Murilo de. Cidada nia no Brasil – O longo caminho. rio de Janeiro: Civiliza çã o Brasileir a, 2008. p. 53.
Divida a turma em dois grupos de debatedo- Observe que o debate deve estar funda-
res. Um dos grupos deverá representar o movi- mentado na questão dos direitos: quais direi-
mento abolicionista e o outro, a facção contrária tos, para quem devem ser concedidos, quais
à libertação dos escravos. Antes de iniciar o de- instâncias (Estado, sociedade civil, Igreja
bate, porém, oriente os alunos para preparar um etc.) devem garanti-los e as possíveis conse-
conjunto de argumentos e eleger representantes quências para cada um dos grupos da con-
para expô-los, de forma alternada, aos demais. cessão dos mesmos.
“[...] nos países em que a cidada nia se desen volv eu com mais rapide z, inclusiv e na Inglate rra , por
uma razã o ou outra a educ aç ã o popular foi introd uzid a . Foi ela que permitiu às pesso as tomar em
conhe cim e nto de seus direitos e se organiz a re m para lutar por eles. A ausência de uma popula çã o
educa d a tem sido sempr e um dos princ ipais obstác ulo s à constr uç ã o da cidada nia civil e
polític a .”
CArVAL HO, José Murilo de. Cidada nia no Brasil – O longo caminho. rio de Janeiro: Civiliza çã o Brasileir a, 2008. p. 11.
Você pode iniciar a exposição indagando é preciso para “ser cidadão”? Provavelmente, a
aos alunos: classe responderá reafirmando a importância
dos direitos civis, políticos, sociais e humanos
Com base no que estudamos até agora, o que explicitados na Situação de Aprendizagem
29
anterior. Aproveite para questionar suas res- cialmente do acesso à informação, para a cons-
postas, desenvolven do o seguinte raciocínio : tituição do cidadão. Em seguida, apresente de
Mas como é possível para um cidadã o conhecer forma breve alguns dados gerais sobre o perfil
quais são os seus direitos? Aguarde as respostas da população brasileira na Primeira república,
da turma e aproveite -as ao máximo. O objetivo ressaltando os aspectos que limitavam o acesso
é enfatizar a importância da educação, espe- e o exercício de direitos na época.
No final do século XiX, a grand e maioria da popula ç ão brasileira (cerc a de 85%) , incluin do muitos
dos grande s proprietá rio s de terra s, era analfa be ta e vivia nas área s rurais. Além disso, a popula ç ão
que vivia no campo estava submetida à influê ncia dos senhore s de terra s, deten tore s de poder es
polític os e os cham a d os “cor on éis” . De acord o com José Murilo de Carvalh o (2008, p. 29-30 ), “As
mulher es não votav am , e os escra v os, natur alm e nte , não eram consid e ra do s cidad ão s”.
Escrito especia lm en te para o São Paulo faz escola.
Após a procla m a ç ão da república , em 1889, a Constituiçã o de 1891 definiu o cidadã o brasileiro como:
1) todas as pessoa s nascida s no Brasil; 2) todos os filhos de pai e mãe brasileiro s, mesm o ilegítim os ,
nascidos no exterior; 3) todos os filhos de pai brasileiro que estive ssem mora nd o fora; 4) todos os
estran ge iros que viessem a estab ele ce r residê n cia perma ne nte; 5) todos os estra ng eiro s que viesse m
a casar e/ou ter filhos com brasile iros e residisse m no Brasil; 6) todos os estran ge iros natur aliza d os.
Fonte: <http://ww w.pla nalto.gov.br /cc ivil_03/C onstituica o/C onstitui% C 3% A7a o91.htm >. Acesso em: 1 out. 2012.
30
Sociologia – 3a série – Volume 1
ciais (greve geral de 1917, revolta Tenentista 1) Quando os cidadãos governam, por meio de
e fundação do Partido Comunista em 1922, representantes democraticamente eleitos.
revolução de 1924, Coluna Prestes etc.) e, em
um segundo momento, o estabelecimento do 2) Quando o Estado governa, por tradição,
Estado Novo e o fortalecimen to do governo conquista externa, golpe, força militar ou
central em torno da figura de getúlio Vargas. ditadura.
A força motriz que impulsionou a queda O esquema deve ficar mais ou menos assim:
da Primeira república e culminou na revolta
Civil e Militar de 1930 pode ser explicada pelo 1) Estado 2) Estado
anseio de grupos divergentes – segmentos
mais novos da hierarquia militar, chefes polí-
ticos de fora do eixo Minas gerais–São Paulo,
pensadores liberais, intelectuais de classe mé-
dia e a nova classe trabalhadora emergente Sociedade Sociedade
31
relação entre Estado e sociedade e analise as excluídos desse processo, em termos da con-
consequências, para os cidadãos que ficaram solidação da cidadania no Brasil:
32
Sociologia – 3a série – Volume 1
Observe que a maior parte desses movi- constitucionalista (1930 a 1934) e durante o
mentos teve início nas capitais dos Estados, e Estado Novo. Em seguida, solicite aos alu-
só então se espalharam para o interior do nos que avaliem:
país, como foi o caso da Coluna Prestes, em
1925. Nesse sentido, a maior parte da popu- 1. O grau de participação política e vigência
lação, que na época ainda residia e trabalhava dos direitos civis em cada um dos períodos.
predominan temente no meio rural, permane -
ceu à margem dos acontecimentos do período, Até a instalação do Estado Novo, a participa-
podendo, quando muito, apoiar, opor-se ou ção política dos diferentes setores da sociedade
permanecer indiferente. foi bem maior. O movimento operário começou
a se organizar, o partido comunista foi funda-
Além disso, é importan te lembrar que boa do, as greves ainda não haviam sido proibidas,
parte desse contingente estava excluída das houve mobilizações de âmbito nacional exigin-
listas eleitorais, por ser analfabeta. Esse fato é do uma nova Constituição e o direito ao voto.
claramente observável ao analisarmos o desen- Durante o Estado Novo, os direitos civis foram
volvimento dos direitos sociais entre 1930 e severamente reprimidos, e os benefícios sociais
1945. Embora a legislação sindical, trabalhista foram obtidos por meio de decretos.
e previdenciária que emergiu durante o Estado
Novo tenha favorecido os trabalhadores, “os 2. Os atores políticos mais atuantes e os
direitos foram assegurados em função da ca- menos atuantes em cada período.
tegoria profissional a que pertencia o indiví-
duo, ou seja, somente aqueles que integravam Mais atuantes: oligarquias tradicionais, oli-
o universo das profissões reconhecidas ingres- garquias oposicionistas, facções militares
savam no sistema. Estavam excluíd os portanto, oposicionistas, classes operárias urbanas,
trabalhadores rurais, domésticos, autônom os, movimento anarquista e comunista emergen-
desempregados, subempregados, além de to- te, sindicatos, industriais. Menos atuantes:
dos aqueles que exerciam profissões não trabalha dores rurais, camponeses sem terra
regulamentadas”. 3 e indígenas.
3. LUCA, Teres a regina de. Direitos Sociais no Brasil in: PiNSKY, Jaime; PiNSKY, Carla (Orgs.). História da Cidadania .
São Paulo: Editora Context o, 4ª ed. 2ª reimpress ã o, nov. 2008. p. 481. <http://www.edi tora cont ext o.com .br> .
33
atores sociais na relação entre Estado e socie- Há várias formas de recuperar o contexto
dade e sua contribuição para o desenvolvi- social e político vivido na época. Sugerimos
mento de uma cidadania ativa. Você pode aqui um conjunto de atividades que podem
questionar, por exemplo, o fato de os traba- ser desenvolvidas com os alunos, dependendo
lhadores terem adquirido direitos de cidada- da disponibilidade de tempo e recursos. In-
nia por virtude de leis sociais decretadas por dependentemente de qual delas for utilizar,
um Estado autoritário, e não por meio de sua não deixe de enfatizar os seguintes aspectos
ação sindical e política independente. O que em relação ao período do governo militar
está em questão é o tipo de cidadania que re- (1964-1985):
sulta dessa relação com o Estado. Por isso,
dizemos que: “A cidadania que daí resultava a) diversos líderes políticos, sindicais, intelectu-
era passiva e receptora antes que ativa e ais e inclusive militares tiveram seus direitos
reivindicadora”. 4 de votar e serem votados, bem como de
ocupar cargos públicos, cassados por dez
anos. Além disso, muitos foram forçados a se
Etapa 4 – Cidadania reprimida aposentar e tiveram de deixar suas funções;
O que acontece quando os direitos civis e b) qualquer pessoa suspeita de oposição po-
políticos são severamente reprimidos? Os estu- dia ser acusada de corrupção, subversão e
dantes que estão no Ensino Médio agora fazem submetida à investigação. O direito de
parte de uma geração que não conheceu a di- opinião foi restringido e a censura aos ór-
tadura militar e os efeitos mais perversos da gãos de imprensa e demais meios de comu-
perseguição política aos opositores do regime. nicação passou a vigorar;
Esses temas serão tratados nos volumes 3 e 4
da 3ª série da disciplina de História e não pre- c) o Congresso Nacional foi fechado por duas
tendemos antecipá -los aqui. vezes, e o estado de sítio foi decretado. Foi
introduzida uma nova lei de segurança
No que diz respeito ao nosso tema em nacional, incluindo a pena de morte por
questão, a cidadania, consideram os de funda- fuzilamento;
mental importância recuperar, no que se refere
aos direitos do cidadão, o contexto vivido por d) órgãos de segurança e informação, contro-
boa parte dos brasileiros na época, a fim de lados por militares, foram criados para
propiciar o contraste necessário entre o Esta- vigiar, averiguar, interrogar e prender pes-
do de direito democrático que vivemos hoje e soas consideradas suspeitas. Muitas foram
a ditadura militar (entre os anos 1964 e 1985) submetidas à tortura e morreram nas pri-
que tanto repudiam os. sões do governo. Até hoje há pessoas desa-
parecidas, cujas famílias desconhecem as
Esse exercício é fundamental para a com- circunstâncias de seu desaparecimento ou
preensão do contexto histórico, político e morte e o local de sepultamento;
social em que a Assembleia Constituinte se
formou, em 1986, e resultou na promulgação e) centenas de senadores, deputados, verea-
da Constituição de 1988, até hoje vigente, e dores, dirigentes sindicais, funcionários
que representa nosso principal instrumento públicos, professores universitários e pes-
de cidadania no Brasil. quisadores científicos foram cassados ou
4. CArVA LH O, José Murilo de. Cidadani a no Brasil – O longo caminho. rio de Janeiro: Civilização Brasilei ra, 2008. p. 126.
34
Sociologia – 3a série – Volume 1
perderam seus cargos, e muitos se exilaram Aproveite para suscitar o debate em torno
no exterior. das razões que poderiam ter levado a isso.
©AcervoIconographia
©AdemirBarbosa/FolhaImagem
Manif esta çã o pela anistia na Pontifíc ia Univer sida de Católic a Manife sta ntes corre m após policia is jogarem bombas de gás
(PUC ). São Paulo, 1977. Em uma época de supre ssã o dos direi- durante protesto na greve dos bancários, no Largo São Bento,
tos civis e polític os, manife stan tes lutam pela anistia de pessoa s em São Paulo (SP), 13 set. 1979. Supre ssão dos direitos de
presa s pelas agência s espec iais de repre ssã o, como o Desta ca - associa çã o e manif estaç ã o política.
mento de Opera ç õe s de inform aç õe s e Centr o de Opera çõ es
de Defes a interna (DOi-C OD i), e pelo serviç o de inteligê ncia
da Polícia Civil de São Paulo, o Depar tam e nto de Política e
Orde m Social (DOP S ). Supre ssão dos direitos civis e polític os.
35
©gilmar
©L.C.Leite/Folhapress
Forma de tortura conhe cida como “pau de arara ”, em que Uma das 1500 ossadas achadas numa vala no cemité rio Dom
o tortur ado é mantido amarra do nessa posição, por horas a Bosco, em Perus, São Paulo (SP), 4 set. 1990. Para a comissão
fio, enquanto é subme tido a outros tormentos, como choque s de direitos humanos da Arquidioc ese de São Paulo, ali há
elétric os, palmató ria, afoga m ento s etc. Viola çã o de direitos corpos de ex-presos políticos. Segundo o registro oficial, a vala
humanos, tratam e nto cruel, desum a no e degrad ante. abrigava corpos e ossos de mendigos sem família na década de
1970. Violaç ão de direitos humanos.
36
Sociologia – 3a série – Volume 1
Conteúdos e temas: Constituiçã o Brasileira de 1988 (texto origina l); concepção de cidadania no
Brasil; cidadania formal e cidadania real.
Embora a Constitu ição tenha sido promul- out. 2012). O objetivo de trazer para a classe as
gada em 1988, ela vem sendo modificada, bus- publicações em forma de livro é fazer com que os
cando-se o seu aperfeiçoamento e atualização, alunos manuseiem o texto e se familiarizem com
por meio de emendas, há mais de vinte anos. ele, para que também possam consultá-lo na
Desde então, já foram aprovadas 70 Emendas biblioteca da escola ou em bibliotecas públicas.
Constitucionais, a última datando de 29/3/2012.
Procure trazer para a sala de aula as edições Para os fins desta Situação de Aprendiza -
mais atualizadas da Constituição. Caso isso não gem, entretanto, os artigos trabalhados serão
seja possível, você pode consultar o texto dire- reproduzidos no Caderno do Aluno, de modo
tamente no site oficial do Senado, (<http://ww w. que não é necessário que todos tenham em
senado.g ov.br/legislacao/co nst/>, acesso em: 10 mãos o texto integral da Constituição.
37
Sondagem e sensibilização classe na lousa e complemente-as. O objetivo
da sondagem inicial é despertar a atenção
Comece a aula perguntan do à turma se dos alunos para o fato de que, embora aqui-
alguém conhece a Constituição Brasileira. lo que é definido como “ser cidadão” no
O ideal é que você traga o texto publicado Brasil encontra -se formalmente expresso em
em forma de livro para a sala, e mostre o um documento, temos pouco contato com o
volume propriamente dito. Se for possível texto e não estamos habituados a nos referir
trazer mais de uma edição para circular a ele em nosso cotidiano. Você pode ainda
entre os alunos, melhor. É provável que al- colocar em debate a questão: É possível ser
guns já tenham tido contato com o texto. cidadão sem conhecer quais são os seus direi-
Antes de abordar o texto, entretanto, colo- tos?, convidando a classe a estudar, nas
que a seguinte questão para reflexão: Vocês próximas aulas, o texto da Constituição.
podem me responder para que serve este tex-
to? As respostas da turma devem refletir, em
parte, os conteúdos trabalhados nas Situa- Etapa 1 – Estudo da Constituição
ções de Aprendizagem anteriores, em que (Parte 1)
foram trabalhados documentos oficiais nos
quais estavam formalizadas as leis que re- Peça para um voluntário ler os seguintes
gem uma nação, regulam as relações entre trechos do texto consolidado até a Emenda
os poderes e estabelecem os direitos do ci- Constitucional nº 56 de 20/12/2007. Você
dadão em diferentes países, em diversos pode realizar a leitura de várias formas: in-
momentos históricos. Anote as respostas da dividual, compartilhada ou comentada.
“Art. 1º A repúblic a Feder ativa do Brasil, forma da pela união indissolúv el dos Estad os e Mu-
nicípio s e do Distrito Fede ral, constitui-se em Estado democ rátic o de direito e tem como
fundam ento s:
I - a sobera nia;
II - a cidada nia;
III - a dignid ad e da pessoa huma na ;
IV - os valor e s socia is do traba lho e da livre iniciativa;
V - o pluralism o político .
Parágrafo único. Todo o poder eman a do povo, que o exerc e por meio de repre se ntante s eleitos
ou direta m e nte , nos termos desta Constituiçã o .
[...]
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinç ã o de qualqu er nature za , gara ntin do -se aos
brasileiro s e aos estra ng eiro s reside ntes no País a inviola bilid ad e do direito à vida, à liberd a de , à
igualda de , à segura nç a e à proprie d ad e , nos termo s seguinte s:
i - home ns e mulhe re s são iguais em direitos e obriga ç õe s, nos termos desta Constituiçã o;
II - ningué m será obriga do a faze r ou deixa r de faze r algum a coisa senão em virtude de lei;
III - ningué m será submetido à tortura nem a tratam ento desum an o ou degra da nte;
IV - é livre a manife sta ç ão do pensa m e nto, sendo vedad o o anonim ato;
VI - é inviolá ve l a liberda d e de consciê n cia e de cren ça , sendo assegu ra do o livre exercício dos
cultos religioso s e garantid a , na forma da lei, a proteç ã o aos locais de culto e a suas liturgia s;
38
Sociologia – 3a série – Volume 1
[...]
X - são inviolá v eis a intimid a de , a vida privad a , a honra e a image m das pesso as, assegu ra do o
direito a inden iza ç ão pelo dano material ou moral deco rre nte de sua violaç ão;
XI - a casa é asilo inviolá ve l do indivídu o, ningu ém nela poden do penetr ar sem conse ntim ento
do morad or, salvo em caso de flagr ante delito ou desastre , ou para presta r socorro , ou, durante o
dia, por determ ina çã o judicial;
[...]
XV - é livre a locom o çã o no territó rio nacion al em tempo de paz, poden do qualqu er pessoa , nos
termos da lei, nele entra r, perma ne c e r ou dele sair com seus bens;
[...]
XVII - é plena a liberd a de de associa ç ã o para fins lícitos, vedada a de caráte r param ilita r;
[...]
XXII - é garantido o direito de propried ad e;
[...]
XXX IX - não há crime sem lei anterio r que o defina , nem pena sem prévia comina ç ão legal;
[...]
XLi - a lei punirá qualqu e r discrim ina ç ã o atentató ria dos direitos e liberd ad e s funda m e ntais;
XLII - a prátic a do racism o constitui crime inafian ç áv el e impre sc ritível, sujeito à pena de reclu-
são, nos termos da lei;
XLIII - a lei consid er ar á crime s inafia n çá v eis e insusc etíveis de graç a ou anistia a prátic a da
tortur a, o tráfic o ilícito de entor pe ce nte s e droga s afins, o terrorism o e os defin idos como crime s
hedio nd os, por eles respo nd en do os mand a ntes, os exec utore s e os que, poden do evitá-lo s, se omi-
tirem [...].”
Dispo nível em: <http://ww w.se na do.g ov.br/le gisla c ao/c onst/con 1988/c on1988 _05.10.1 988/inde x.shtm >
Acesso em: 10 out. 2012.
Após a leitura, você pode dispor os alunos 3. identifique, no Artigo 5º, os incisos que se
em círculo, ou dividi-los em grupo, e propor referem aos direitos humanos fundamentais
as seguintes questões para reflexão e debate: e aqueles que se referem aos direitos civis.
Ao povo, por meio de represen tantes eleitos A Constituição Brasileira é tributária desses
ou diretamente. documentos e está inserida no processo de
39
construçã o das concepções de cidadania mo- ser comuns a todos e, portanto, precisam estar
derna. Somos herdeiros da tradição liberal que claramente explicitados nos termos da lei.
defende a iguald ade dos indivíd uos perante a
lei, bem como dos valores humanistas que bus-
cam preservar a dignida de da pessoa. Porém, a Etapa 2 – Estudo da Constituição
Constituiçã o vem evoluindo constantemente, e (Parte 2)
foram discriminad as com maior clareza deter-
minações que atendem aos objetivos e princípios Nesta etapa da Situação de Aprendiza -
específicos ao nosso próprio projeto como Na- gem, analisaremos mais atentamente os arti-
ção. Observamos, por exemplo, maior preocu- gos que dizem respeito especificamente aos
pação com a preservação do espaço privado, direitos sociais e políticos. A seleção feita
como a casa, o local de culto, a honra pessoal, para os fins deste Caderno busca apresentar
ampliando a esfera do indivíduo para além da textualmente os que são mais amplamente
pessoa, e a preocupaçã o com a ordem pública conhecidos e podem ser contrastados com os
em face da situaçã o de guerra ou paz. documentos já estudados anteriormente. Po-
rém, a Constituição Brasileira é muito mais
5. Leia atentamente os incisos XLII e XLIII. ampla e diversificada e o fato de nem todos
Nesse caso, eles tratam de direitos ou os artigos e incisos estarem aqui discrimina -
deveres do cidadão? Justifique. dos pode despertar a curiosidade dos alunos
a respeito deles. Aproveite esse fato para es-
A Constituição Brasileira não dispõe apenas timulá-los a fazer pesquisa e aprofundar o
dos direitos do cidadã o, mas também dos seus conhecimento sobre seus direitos, previstos
deveres. Essa é uma parte importa nte da ci- pela Constituição.
dadania. Diferentemente do que estava discri-
minado no texto de 1789, “a liberdade Peça para um voluntário ler os seguintes
consiste em fazer tudo o que não prejudique o trechos do texto consolidado até a Emenda
próximo”, a Assembleia Constituin te, como Constitucional nº 56 de 20/12/2007. Você pode
representante da soberania popular, determi- realizar a leitura de várias formas: individual,
nou que os limites da liberdade de ação devem compartilhada ou comentada.
“Art. 6º São direitos sociais a educa ç ão , a saúde , o trabalho , a moradia , o lazer, a segura nç a , a
previdê ncia socia l, a proteç ão à maternida d e e à infânc ia, a assistê ncia aos desam p a ra dos, na forma
desta Constituiçã o .
Art. 7º São direito s dos trabalha d ore s urbano s e rurais, além de outros que visem à melho ria de
sua condiç ão social:
I - relaç ão de empre g o proteg ida contra despedid a arbitrá ria ou sem justa causa , nos termos de
lei comple m e nta r, que preve rá indeniz a çã o compe nsa tória , dentre outros direito s;
II - segur o-d e sem pre go , em caso de desem pr eg o involuntá rio;
IV - salário mínim o, fixado em lei, nacion alm e nte unific a do, capaz de atende r às suas nece ssi-
dades vitais básica s e às de sua família com mora dia , alimenta ç ã o, educ aç ã o, saúde , lazer, vestuá rio ,
higiene , transp orte e previdê nc ia socia l, com reaju ste s periód ico s que lhe prese rv e m o poder aqui-
sitivo, sendo veda da sua vincula ç ão para qualq ue r fim;
VIII - décim o terceiro salário com base na remu ne ra ç ã o integral ou no valor da apose nta do ria;
XIII - duraç ã o do trabalh o norm al não superior a oito horas diária s e quare nta e quatro sema -
nais, faculta da a comp en sa çã o de horário s e a reduç ã o da jorna da , media nte acord o ou conve n çã o
coletiva de trabalh o;
40
Sociologia – 3a série – Volume 1
5. Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, (edição eletrônica). rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2007,
o plebiscito é uma manifestação da vontade popular, ou da opinião do povo, expressa por meio de votação, acerca
de assunto de grande interesse político ou social.
6. Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, (edição eletrônica). rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2007, o
referendo é uma manifestação de um grupo mais ou menos considerável de pessoas, expressa por meio de votação,
sobre questão submetida à sua opinião.
7. Segundo o site da Presidência da república (disponível em: <http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/
processolegislativo/fluxo/plTramitacao/conteudoFluxo/01.html>, acesso em: 10 out. 2012), a iniciativa popular
consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles.
41
Após a leitura, divida a turma em grupos 3. Quais são as formas de participação política
de trabalho e distribua as questões a seguir. da população, previstas pela Constituição?
Peça aos alunos que respondam e apresentem
aos colegas: Sufrágio universal por meio do voto direto e
secreto em eleições regulares, plebiscitos,
1. Analise os artigos apresentados e identi- referendos e por iniciativa popular.
fique aqueles que podem ser entendidos
como: 4. Descreva, com suas palavras: pela Cons-
tituição, quem pode votar e quem pode
a) direitos sociais. ser votado?
Artigos 6º e 7º, pois dizem respeito ao aten- Todas as pessoas acima de 16 anos, os anal-
dimento das necessidades básicas do ser hu- fabetos, as que não sejam estrangeiras resi-
mano e são eles que tornam possível o dentes no Brasil e não estejam servindo nas
exercício da cidadania. São direitos coletivos Forças Armadas podem votar. Entretanto,
que garantem a todo cidadão o acesso à edu- é importante observar que, a partir dos 18
cação, trabalho, moradia, saúde, salário jus- anos e até os 69, o voto é obrigatório para
to, aposentadoria etc. todos os eleitores alfabetizados. Para ser
votado, o cidadão precisa ser brasileiro, não
b) direitos políticos. estar prestando serviço militar, ter título de
eleitor, residir onde ele vota, estar filiado a
Artigos 8º, 9º e 14º. Observe que, embora um partido, e ter pelo menos 18 anos para
no texto da Constituição os direitos de as- concorrer ao cargo mais baixo (que é o de
sociação em formação de sindicatos e ma- vereador) e ser alfabetizado.
nifestação por meio de g reves seja m
considerados direitos sociais, há interpre -
tações que classificam os direitos de asso- Avaliação da Situação
ciação e ma nifestação como direitos de Aprendizagem
políticos, de modo que ambas as interpre -
tações são válidas. Ao final das atividades, os alunos têm que
estar mais familiarizados com a Constituição
2. Compare o conteúdo do Artigo 7º com o Brasileira de 1988 (em sua forma mais atua-
que você aprendeu sobre a Consolidação lizada), seu formato, conteúdo, formas de
das Leis Trabalhistas. Consulte o texto consulta, temas de interesse e o modo como
original da Constituição e responda: hou- a concepção de cidadania encontra-se for-
ve evolução dos direitos trabalhistas? malmente expressa.
Sim, certamente. A CLT não era aplicada Sugerimos que você apresente o sumário
aos trabalhadores rurais, aos trabalhadores completo da Constituição aos alunos e pro-
domésticos nem aos trabalhadores autôno- ponha que eles selecionem um tema de seu
mos, ou seja, quem não tinha carteira assina- interesse a ser estudado. Você mesmo pode
da não tinha direitos trabalhistas. Hoje todos sugerir uma pequena lista de temas (por exem-
os cidadãos que trabalham têm os mesmos plo, direitos do trabalhador, dos índios, da
direitos previstos na Constituição. criança, do adolescente, da família, do idoso
42
Sociologia – 3a série – Volume 1
43
TEMA 4 - EXPANSãO DA CIDADANIA NO BRASIL
SiTUAçãO DE APrENDizAgEM 4
DirEiTOS E DEVErES DO CiDADãO
Para finalizar este volume, serão introdu- introdução destes mecanismos, após a pro-
zidas algumas das mais importantes resolu- mulgação da Constituição.
ções promulgadas após a Constituição de
1988: o Estatuto da Criança e do Adolescen- Nosso propósito é ampliar a compreensão
te (1990), o Código de Defesa do Consumi- dos ideais de cidadania vigentes hoje no Bra-
dor (1990), e o Estatuto do idoso (2003). sil, sempre tendo como pano de fundo para o
debate a tensão entre cidadania formal e ci-
Além de conscientizar os alunos a respeito dadania efetiva. Paralelamente a isso, discu-
da importância dessas legislações e despertar tiremos a cidadania não apenas do ponto de
o interesse pelo seu conteúdo, o objetiv o vista dos direitos, mas também dos deveres
desta Situação de Aprendizagem é discutir a que cabem a cada um, enquanto sujeitos so-
ampliação dos direitos de cidadania a grupos ciais participantes e ativos da comunidade em
sociais específicos, bem como as razões para que vivem, para com os demais cidadãos.
Sondagem e sensibilização
do, de modo que é bastante provável que a
Comece a aula perguntando à turma se maioria dos alunos tenha ouvido falar dele.
alguém conhece o Estatuto da Criança e do Pergunte se alguém já leu o Estatuto. Em
Adolescente (ECA). seguida, retome o texto original da Consti-
tuição Brasileira de 1988 e solicite a um vo-
O ECA data de 1990 e é bastante difundi- luntário que leia os seguintes trechos:
44
Sociologia – 3a série – Volume 1
“[...]
Art. 227. É dever da família , da socie da d e e do Estad o asseg ur ar à crianç a e ao adolesc e nte , com abso-
luta priorida d e, o direito à vida, à saúde , à alime nta ç ão , à educa çã o , ao lazer, à profission aliza ç ã o, à
cultura , à dignid ad e , ao respeito, à liberda de e à conviv ê nc ia familia r e comu nitá ria , além de coloc á -lo s
a salvo de toda forma de negligê nc ia , discrimin aç ã o, explora ç ã o, violên cia , crueld ad e e opressã o.
§ 1º O Estado promo ve rá progr am as de assistê nc ia integr al à saúde da crian ça e do adole sce nte . [...]
§ 3º O direito a proteç ã o especia l abrang e rá os seguinte s aspecto s:
i - idade mínima de quato rz e anos para admissã o ao trabalho , observa d o o disposto no art. 7º,
XXX II I;
II - garantia de direitos previd e nciá rios e trabalhista s;
III - garantia de acesso do traba lha do r adole sc ente à escola; [...]
VII - progra m a s de preven ç ão e atendim e nto especia liz a do à crianç a e ao adolesc e nte depend e nte de
entor pe ce nte s e droga s afins. [...]
§ 4º A lei punirá sever am ente o abuso , a violên cia e a explo ra çã o sexua l da crianç a e do adolesc e nte
[...].”
Disponíve l em: <http://ww w.s ena do.go v.br/le gisla ca o/c onst/c on19 88/c on198 8_05.10.19 88/inde x.shtm >
Acesso em: 10 out. 2012.
Após a leitura, coloque para a turma a sua legislação sobre o bem-estar da criança na
seguinte questão: Esses direitos já estavam década de 1980. Podemos citar como exemplos
previstos na Constituiçã o. Por que vocês a Lei do Bem-Estar da Criança, promulgada
acham que o Estatuto da Criança e do Ado- na Espanha (1987), o Estatuto Africano dos
lescente foi promulgado? Aguarde as respos- Direitos e Bem-Estar da Criança (1987), a
tas da classe e comente -as. Convenção dos Direitos da Criança das Na-
ções Unidas (1989), o Código inglês da Família
O ECA é fruto da mobilização da socieda - (1989), entre outros 8.
de civil, ou seja, de pessoas que se reuniram
em seus bairros, profissionais que discutiram O objetivo desta Situação de Aprendiza -
essas questões entre si, estudantes e cientistas gem é colocar os alunos em contato com o
que realizaram pesquisa, visando a produzir texto original de uma legislação específica
uma legislação promovendo os direitos civis que diz respeito diretamente a eles, além de
e sociais de crianças e adolescen tes. Ele emer- colocar em questão tanto o contexto em que
giu do movimento de redemocratização que ela surgiu quanto o seu propósito. A discus-
levou à Assembleia Constituinte, época de são pode ser ampliada, sem necessariamente
militância em prol da mulher, dos povos indí- ser aprofundada, para outras categorias so-
genas, dos sem-terra. ciais específicas, como o consumidor e o
idoso, por exemplo.
Cabe observar, porém, que o ECA também
foi influenciad o pelo contexto internacional da Nosso propósito, com isso, é justamente
época, que levou muitos países a reeditarem demonstrar que a formalização das nossas
8. FONSEC A, Cláudia. Os Direitos da Criança. Dialogando com o ECA. in: FONSEC A, C. et. al. (Org.).
Antropol ogi a, Diversi dade e Direitos Humanos . Porto Alegre: Editora da UFrgS, 2004.
45
concepções de cidadania continua se am- Etapa 1 – Estudo do Estatuto da
pliando e se aperfeiçoando, ou seja, perma- Criança e do Adolescente
nece em construção. Porém, continua a
dúvida se esse conjunto de direitos, como Peça para um voluntário ler os seguintes tre-
estão prescritos em forma de leis, efetiva- chos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
mente assegura o seu acesso e pleno exercí- Você pode realizar a leitura de várias formas:
cio a todos os cidadãos. individual, compartilhada ou comentada.
“Art. 2º Consid er a- se crianç a , para os efeito s desta Lei, a pesso a até doze anos de idade incom -
pletos, e adole sce nte aquela entre doze e dezoito anos de idade .
Parágr af o único . Nos casos expresso s em lei, aplica -se excep cion alm e nte este Estatuto às pessoa s
entre dezoito e vinte e um anos de idade . [...]
Art. 5º Nenh um a crian ç a ou adole sc e nte será objeto de qualque r form a de neglig ên cia , discri-
minaç ão , explo ra çã o , violên cia , cruelda d e e opressã o, punid o na forma da lei qualq ue r atenta d o,
por ação ou omissã o, aos seus direitos fundam enta is. [...]
Art. 7º A crian ç a e o adolesc e nte têm direito a prote çã o à vida e à saúde , media nte a efetiv aç ã o
de polític a s sociais públic a s que permita m o nascim e nto e o desen volvim e nto sadio e harm onio so,
em condiç õ es digna s de existê n cia .
§ 1º A crianç a e o adole sc ente porta do re s de deficiê nc ia rece be rã o atendim e nto especia liz a do .
[...]
Art. 15. A crianç a e o adole sce nte têm direito à liberda d e, ao respeito e à dignid a de como pessoa s
huma na s em processo de desenv olvim e nto e como sujeitos de direitos civis, huma no s e sociais ga-
rantido s na Constituiç ão e nas leis.
Art. 16. O direito à liberd ad e compr ee n de os seguinte s aspecto s:
IV - brinca r, pratica r esporte s e divertir-se;
V - particip a r da vida familia r e comunitá ria, sem discrim ina çã o;
Art. 17. O direito ao respe ito consiste na inviola bilid ad e da integrid ad e física, psíquic a e moral
da crian ç a e do adole sc ente , abran ge n do a preser va ç ão da imagem , da identid ad e , da auton om ia,
dos valore s, ideias e crenç a s, dos espaço s e objeto s pessoa is. [...]
Art. 19. Toda crianç a ou adole sce nte tem direito a ser criado e educ ad o no seio da sua família e,
exce pcio na lm ente , em família substituta , assegu ra da a conviv ên cia familiar e comu nitária , em
ambie nte livre da prese n ça de pesso a s depend e ntes de substâ nc ias entor pe c ente s. [...]
Art. 53. A crianç a e o adole sce nte têm direito à educ a çã o, visando ao pleno desen volvim ento de
sua pesso a , prepar o para o exercício da cidada nia e qualifica ç ã o para o trabalho [...].”
Dispo nível em: <http://ww w.pla nalto.gov.br /cc ivil_ 03/leis/l8069.htm >. Aces so em: 1 out. 2012.
Após a leitura, divida a classe em grupos tes precisam de uma legislação especial para
e solicite aos alunos que façam uma reflexão elas?
sobre as seguintes questões:
As crianças e adolescentes integram o conjun-
1. Se todos os homens nascem livres e iguais to dos seres humanos e possuem os mesmos
em direitos, por que as crianças e adolescen- direitos à cidadania, previstos na Constituição.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
Porém, não podem ser considerados plena- os trabalhadores rurais, as mulheres (Lei
mente sujeitos dos seus direitos, uma vez que, Maria da Penha), os indígen as, os consumi-
em função de suas diferentes condições de dores e os idosos.
desenvolvimento, dependem da família e da
sociedade para sobreviver, ter acesso às neces-
sidades básicas de existência como a saúde, a Etapa 2 – Deveres do cidadão
alimentação, a moradia, a educação e o afeto
e a eles precisam ser fornecid as as condições Até o presente momento, muito se falou dos
para o exercício pleno da cidadania, especial- direitos do cidadão, mas pouco dos seus deveres.
mente a formação enquanto cidadãos. Embora a concepção de cidadania seja funda-
mentada na noção de Direito, é importante
2. Tomando como base os trechos seleciona- enfatizar que ser cidadão implica não apenas a
dos, quais seriam alguns dos direitos espe- observância dos seus direitos, mas também o
cíficos das crianças e dos adolescentes? conhecimento da legislação que prescreve as
normas limitadoras das ações. Elas estabelecem
O direito a proteção à vida e à saúde, mediante quais são as infrações e as punições para quem
a efetivaçã o de políticas sociais públicas que atenta contra os direitos dos demais cidadãos.
permitam o nascimen to e o desenvolvimento Cidadania, portanto, também é dever.
sadio e harmonioso, o direito de brincar, prati-
car esportes e divertir-se, direito a ser criado e Nesta etapa da Situação de Aprendizagem,
educado no seio da sua família, por exemplo. discutiremos o que é cidadania sob esse ponto
de vista, utilizando como base algumas das
3. Crianças e adolescentes constituem uma mais importantes resoluções promulgadas após
categoria social específica que, por meio a Constituição de 1988: o Estatuto da Criança
de movimentos sociais em prol da defesa e do Adolescente (1990), o Código de Defesa
dos seus direitos, teve uma legislação de- do Consumidor (1990) e o Estatuto do idoso
senvolvida propriamente para eles. Vocês (2003).
conhecem outras categorias sociais que,
por meio da participação política da so- Disponha os alunos em círculo e, em segui-
ciedade civil, também obtiveram legisla - da, peça para um voluntário ler os seguintes
ções específicas? trechos dos documentos citados a seguir. Você
pode realizar a leitura de várias formas: indivi-
Alguns exemplos que podem ser citados são dual, compartilhada ou comentada.
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Do Código de Defesa do Consumidor
[...]
Art. 31 A oferta e aprese ntaç ã o de produto s ou serviço s devem assegu ra r inform a çõ e s corre tas,
clara s, precisa s, ostensiva s e em língua portugu esa sobre suas cara cte rística s, qualid ad es, quanti-
dade, compo siç ã o, preç o, garantia , prazo s de valida d e e orige m , entre outros dados, bem como sobre
os riscos que aprese nta m à saúde e segur an ça dos consum ido re s.
Dispo nível em: <http://ww w.pla nalto.gov.br /cc ivil_ 03/leis/l8078.htm >. Aces so em: 1 out. 2012.
Do Estatuto do Idoso
[...]
Art. 3º É obriga çã o da família , da comunid ad e , da socied a de e do Poder Público asseg ur ar ao idoso,
com absolu ta priorida de , a efetiva ç ã o do direito à vida, à saúde , à alime nta ç ão , à educa çã o , à cul-
tura, ao esporte , ao lazer, ao trabalho , à cidad an ia, à liberda de , à dignid a de , ao respeito e à convi-
vência familia r e comu nitá ria .
§ 1º É deve r de todos preve nir a amea ç a ou violaç ão aos direito s do idoso . [...]
Art. 6º Todo cidadã o tem o deve r de comu nic ar à autorid a de compe ten te qualq ue r forma de violaç ã o
a esta Lei que tenha testem un ha d o ou de que tenha conhec im e nto. [...]
§ 3º É deve r de todos zelar pela dignida de do idoso, coloca n do -o a salvo de qualque r tratam e nto
desum a no, violento, aterro riza nte , vexatório ou constra ng ed or.
Dispo nível em: <http://ww w.pla nalto.gov.br /cc ivil_ 03/LEiS /2003/L 10.7 41.htm >. Acesso em: 1 out. 2012.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
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humanos de uma perspectiva antropológica. Filmes
É interessante justamente pelo modo como
lida com a relação entre direitos e diversida- Danton: o processo da Revolução (Danton).
de. recomendamos especificamente o capí- Direção: Andrzej Wajda. França/Polônia,
tulo referente ao Estatuto da Criança e do 1982. 136min. O filme acompanha a história
Adolescente. de Danton, líder revolucionário durante o
período do “terror”, quando a radicalização
LErNEr, Júlio (Coord.). Cidadania, Verso revolucionária dos jacobinos, encabeçada
e Reverso. São Paulo: imprensa Oficial do por Robespierre, iniciou um violento proces-
Estado, 1997/1998. O livro busca tratar a so político com expurgos. Danton passou a
questão da cidadania sob os mais diversos criticar os rumos do movimento e tornou-se
ângulos. interessante para refletir a respeito mais uma vítima do terror instalado por Ro-
das possibilidades do exercício da cidadania bespierre. Oferece um olhar sobre os confli-
no Brasil. tos inerentes ao processo revolucionário e às
diversas formas de atuação de alguns dos
PiNSKY, Jaime; PiNSKY, Carla B. (Org.). principais personagens históricos.
História da Cidadania. São Paulo: Editora
Contexto, 2003. Trata-se da abordagem mais O Dia em que Dorival Encarou a Guarda. Direção:
abrangente da discussão sobre cidadania pu- Jorge Furtado e José Pedro goulart. Brasil, 1986.
blicada em português. A obra é uma coletânea 14min. O curta-metragem é uma adaptação de
de textos inéditos, escritos por diversos inte- um dos contos do livro O Amor de Pedro por
lectuais brasileiros, que busca analisar as João, de Tabajara ruas, escrito no final da década
origens da concepção moderna de cidadania, de 1970, durante o exílio, na época da ditadura
desde seus primórdios, ainda na Antiguidade, militar. O tema do curta é justamente a transgres-
até a contemporaneidade, passando pela con- são e a resistência de personagens que sofrem
quista dos direitos civis, políticos, sociais e perseguições e opressões políticas. O caso de
humanos das mulheres, dos trabalhadores, Dorival possibilita a reflexão sobre a violação
dos negros, dos indígenas, minorias, terceiro de direitos civis, políticos, sociais e humanos,
setor, entre outros. Conta com uma parte ex- além de discutir questões como o autoritarismo,
clusivamente dedicada ao Brasil. o racismo e a hierarquia militar.
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Sociologia – 3a série – Volume 1
CONSIDERAçõES FINAIS
O desenvolvimen to dos temas deste volu- aqui apresentado, entre propostas de ativi-
me teve como um de seus objetiv os preparar dades, dinâmicas de apresentação de conte-
o caminho para os conteúdos do próximo údos e discussão de temas. Almejamos assim
Caderno. Esperamos ter contribuíd o com a que este Caderno seja um instrumento útil
elaboração das suas aulas, com o material no seu trabalho como docente.
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