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Tópicos Integradores I - Letras

UNIDADE 3
Orientações da Disciplina

Prezado(a) aluno(a), chegamos à unidade III da nossa disciplina de tópicos integradores, mas antes, quero
relembrá-lo sobre o que vimos na unidade passada, tubo bem?

Na unidade I conhecemos a disciplina, vimos quais são seus objetivos e qual a metodologia adotada
nela. Em seguida, fomos apresentados às disciplinas e os temas que foram divididos de acordo com as
03 áreas temáticas do curso de Letras: Gramática, Linguística e Literatura. Após vermos a separação
das disciplinas por área, para finalizar, foi o momento que fizemos uma breve revisão das abordagens
pedagógicas estudadas através das disciplinas trabalhadas ao longo dos 04 períodos do curso.

Na segunda, você estudou sobre as 02 primeiras áreas temáticas, a de Gramática e a de Linguística.


Primeiro foi apresentado às disciplinas dessa área, depois ao recorte dos temas trabalhados nas disciplinas
de gramática e finalizamos a área de gramática com os estudos de caso. Em seguida, fizemos o mesmo
com a área de Linguística: primeiro vimos à apresentação das disciplinas desta área, em seguida, o
recorte dos temas que trabalhamos nas disciplinas de linguística e, encerramos com a apresentação dos
estudos de caso pertencentes a esta área.

Na unidade III será o momento de nos voltarmos para a Literatura. Ao contrário do que aconteceu com
as 02 outras áreas do curso de Letras (gramática e linguística), a de literatura será subdividida em 02:
as disciplinas de Teoria Literária e a de Literatura Brasileira. Após você conhecer as subáreas, será
o momento de fazer o recorte dos temas abordados para cada subárea específica e, para encerrar, a
apresentação dos estudos de caso.

Para finalizar a disciplina, será o momento da unidade IV. Nesta unidade, você irá escolher a área de trabalho
que pretende abordar, seja gramática, linguística ou literatura (teoria literária e literatura brasileira). Em
seguida, é o momento de você ser apresentado ao processo de criação do seu projeto, como se monta um
estudo de caso, como se analisa e, consequentemente, como se ‘resolve’. Continuando a disciplina, chega
o momento das resoluções dos estudos de caso para, então, finalizar com a apresentação do material
final: a apresentação do projeto com o material produzido.

Palavras do Professor

Bem, querido(a) aluno(a), esta é nossa disciplina de Tópicos Integradores. Espero que nossa caminhada ao
longo dessas 04 unidades seja feita em conjunto, de forma bastante produtiva e que possamos construir
um produto final de qualidade com o objetivo da disciplina, que é integrar as áreas de conhecimento do
curso de Letras.

É isto, bom estudo e vamos lá!

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ÁREA 03: LITERATURA

Tomando por base nosso companheiro dicionário, mais especificamente o Michaleis, disponível online
através do link, literatura significa “sf 1 Arte de compor escritos, em prosa ou em verso, de acordo com
determinados princípios teóricos ou práticos:  “Os tênues murmúrios suspirosos desdobravam-se em
orquestra de baile, onde se distinguiam instrumentos, e os surdos rumores indefinidos eram já animadas
conversas, em que damas e cavalheiros discutiam política, artes, literatura e ciência” (AA1); 2 Atividade
ou profissão de um homem de letras; o trabalho, a arte do escritor:  a literatura é a mais sedutora e
enganosa das artes. Minha filha pretende fazer carreira na literatura; 3 O conjunto das obras literárias
de um país, um gênero, uma época etc. Que pela qualidade de seu estilo ou forma e pela expressão de
ideias de interesse universal ou permanente, têm reconhecido seu alto valor estético: é um excelente
professor de literatura norte-americana; 4  O conjunto das obras literárias de um agregado social, ou
em dada linguagem, ou referidas a determinado assunto:  as livrarias hoje têm muitos livros bons na
área da literatura infantil; 5 A história das obras literárias do espírito humano; 6 O conjunto dos homens
de letras em atuação em determinada sociedade:  a literatura brasileira vem marcando presença nos
colóquios internacionais; 7 O conjunto de conhecimentos relativos às obras literárias e a seus autores: a
minha faculdade tem um excelente curso de literatura; 8  Disciplina escolar voltada para o estudo da
produção literária e dos escritores: sempre teve boas notas em literatura; 9 Qualquer dos usos estéticos
da linguagem, mesmo quando não escrita; 10 PEJ Palavreado artificial, desvinculado do que se entende
por realidade: no fundo, todo esse discurso científico não passa de literatura”.

RECORTE DOS TEMAS DE LITERATURA

Palavras do Professor

Prezado(a) aluno(a), chegamos ao recorte dos temas da área de literatura. Como você já sabe, mas vou
reforçar aqui novamente, esta área terá uma subdivisão, nós teremos a área da teoria literária, onde
relembraremos os assuntos abordados nas disciplinas específicas dessa subárea; e teremos, também,
o recorte dos temas das disciplinas de literatura, as várias literaturas das nacionalidades estudadas por
vocês.

Bem, agora que você já conhece como a grande área de literatura está dividida, nós vamos, agora, nos
debruçar sobre o recorte dos temas das subáreas. Vamos lá?

TEORIA LITERÁRIA

• Os gêneros literários e um pouco mais de teoria

Falar sobre gêneros literários é imprescindível, falar de Aristóteles e de sua “A Poética” ou “Arte poética”,
dependendo da tradução.

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Visite a Página

Ficou curioso para saber mais? Pode encontrar disponível para leitura e
download clicando aqui.

Aristóteles foi o primeiro a dividir os gêneros literários em 03: épico, lírico e dramático. Posteriormente,
essa divisão sofreu modificações e hoje possuímos os seguintes gêneros literários, permanecendo o
dramático, aquele texto escrito para ser representado, feito para o teatro; o lírico, também conhecido
como poético; e o épico, a palavra narrada, como dizia Aristóteles, passou a ser o gênero narrativo.

• Texto Poético

Dentre as tipologias literárias a poesia seja, talvez, a mais difícil de ser analisada, uma vez que ela tem
como elemento principal a metáfora. Um dos primeiros autores a conceituar a metáfora foi, também,
Aristóteles em sua obra “A Poética”, onde a define com uma relação de semelhança, como “a transposição
do nome de uma coisa para outra, transposição do gênero para a espécie, ou da espécie para o gênero,
ou de uma espécie para outra, por via de analogia”.

Leitura complementar

Como podemos ver na página 01 do artigo “A metáfora em 03 níveis: A estrutura de


Ricoeur”, da Doutora em Linguística pela PUC-MG, Dra. Luciana Marques, que você
pode encontrar clicando aqui.

Esse conceito de metáfora vê a figura de linguagem como um empréstimo e uma substituição de sentidos
e permanece adota, ainda hoje, por alguns gramáticos, especialmente os mais tradicionalistas. Mas essa
não é a única definição sobre a metáfora, existem outras, especialmente uma que a liga com a linguagem
poética qualificada.

O ‘surgimento’ da metáfora, podemos assim dizer, se deu em relação direta com a poesia e a linguagem
poética, ela apareceu como o “processo através do qual a imagética literária acontecia”.

Leitura complementar

Conforme você pode ver na página 318, do artigo “A metáfora na instauração da


linguagem: teoria e aplicação”, publicado na revista da Faculdade de Letras e disponível
na clicando aqui.

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Outro fato que dificulta classificar a poesia é porque, ao contrário das narrativas e do drama, ela é
atemporal, ou seja, ela não se apresenta numa ordem cronológica, uma vez que os sentimentos ignoram
uma sucessividade análoga ao tempo do relógio, como diz Massaud Moises na página 50 do seu livro “A
análise literária”.

O mesmo acontece com o espaço na poesia. Nas narrativas você consegue classificar e encontrar o espaço
do texto literário, mas na poesia isso não acontece porque o espaço é referencial e a presença dele não
é imprescindível para que a poesia se torne real e concreta. A poesia, caro(a) aluno(a), é a concretização
do ‘eu’ por meio da linguagem conotativa ou das metáforas.

• Texto dramático

O texto teatral apresenta certas características e especificidades que o difere de outros textos, dentre
elas, podemos salientar as lacunas e os vazios, elementos que não oferecem dados suficientes para a
imaginação do leitor, a presença direta de diálogos e as rubricas (ou didascálias), indicações cênicas que
geralmente vêm no início do capítulo (cena) indicando o lugar e os personagens presentes na mesma. O
texto teatral ainda apresenta outras características, como o fato de jogar com diversos receptores, o leitor
tanto pode ser um diretor, quanto um ator, ou um figurinista. Nesse tipo de texto há outras peculiaridades,
como a falta do narrador e a presença da lista dos personagens que vem logo no início do mesmo.

Entre essas características, talvez a mais importante seja a ausência do narrador. Ao contrário do que
acontece em textos narrativos (romances), onde o narrador tem presença fundamental no texto e as
personagens aparecem por intermédio dele, expondo suas vidas e o interior de seus pensamentos, no
texto teatral a personagem dispensa o narrador, fazendo-se presente por ela mesma, falando diretamente
para o público, constituindo assim praticamente a totalidade da obra, como afirma Décio Prado na página
84 em seu livro “A personagem do teatro”.

E essa ausência do narrador faz com que a história a ser contada nos palcos se realize através do diálogo
entre as personagens, diálogo este que tem como receptor o público, como veremos. Não existe teatro
sem público. Este é o elemento mais importante, uma vez que toda a encenação tem como alvo a plateia.

• Texto narrativo

Se o texto poético é formado por conotação, a prosa (textos narrativos) é, basicamente, formada por
denotação, mas não 100%, existem textos em prosa que contém uma linguagem conotativa carregada, o
que os teóricos e críticos chamam de prosa poética.

Os textos narrativos são divididos da seguinte maneira:

• Romance: texto em prosa de maior extensão e profundidade. São elementos compositores do


romance: a personagem, o tempo, o espaço e a ação. Todos esses elementos são criados com nível de
aprofundamento e carga literária altíssima, tudo bem construído e com uma profundidade maior que
nos outros tipos de narrativas, apresentando um conflito central.

• Novela: a novela apresenta os mesmos elementos que o romance, porém apresenta uma extensão
menor e sua sequência temporal acontece bem marcada. Na novela os capítulos são independentes,
dando a entender que cada um apresenta uma história.
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• Conto: o conto é uma narrativa pequena com apenas 1 conflito, densa e com poucas personagens.
Assim como as outras narrativas, o conto apresenta tempo e espaço, porém eles são reduzidos.

• Crônica: Dentre todos os textos narrativos, a crônica é o mais informal que aborda temas da vida
cotidiana, numa espécie de denúncia de problemas sociais.

• Fábula: apresenta um caráter pedagógico e, na grande maioria das vezes, as personagens são
representadas como animais, transmitindo um moral de cunho ético.

• A obra como tensão entre artefato histórico e objeto estético

Caro(a) aluno(a), antes de nos debruçarmos sobre este assunto, quero falar com você sobre arte. Arte é
algo que nos tira da inércia, que nos incomoda, que nos causa estranhamento e que nos faz pensar além e
repensar. Algo que nos permite evoluir enquanto seres humanos e que vai além da contemplação do belo
e do não belo também. Mas vimos também que quando ela surgiu não tinha essa função, ela nasceu como
algo que tinha uma finalidade, um uso, por exemplo, os templos gregos que foram feitos para o culto dos
deuses e não apenas como um lugar para embelezar a cidade.

Foi a partir do século XVIII na Europa que esse conceito de arte passou a ser dividido entre ‘belas artes’
e artes úteis ou industriais, expulsando, de certo modo, a arte da estrutura integrada da humanidade.
Desta forma, meu caro, o conceito de arte hoje assume uma nova postura, como uma atividade humana
que assume uma ordem estética, produzida por pessoas (artistas), a partir de suas emoções, ideias e
percepções, assumindo, cada obra produzida, um significado único e pessoal que tem como objetivo
fazer o espectador ir além do que está na tela, escultura, linhas e palavras, fazendo-o sair de sua zona de
conforto e buscar o real significado do que está diante de seus olhos, ao toque de suas mãos, ao cheiro
em suas narinas, ao som dos seus ouvidos.

Texto histórico como artefato literário

De acordo com nosso companheiro dicionário, artefato significa “sm (lat arte factu) Designação dada
a qualquer objeto produzido pelas artes mecânicas. Var: artefacto”. Como você pode ver, artefatos são
objetos produzidos pelo homem através de artes mecânicas, mas esse conceito pode sofrer variações,
dependendo da área específica na qual ele seja aplicado.

Agora que você já foi apresentado ao conceito de artefato, quero falar para você sobre o fato dele ser
visto como artefato literário e para isso, a obra do Professor de Literatura Comparada da Universidade de
Stanford, Hayden White, é extremamente importante. De acordo com o professor White, o texto histórico
pode ser definido como uma narrativa literária, ou seja, um fato da História pode ser escrito literariamente,
como uma narrativa, carregada de elementos que a Literatura permite.

Para que você entenda melhor, que tal exemplificarmos? Para isso vou usar um livro muito conhecido e
considerado o mais vendido, a bíblia. Provavelmente você, ao estudar História na escola, deve lembrar
que alguns dos fatos históricos eram relatados por seu professor, citando a bíblia, um livro religioso e
considerado por muitos como um livro histórico também. Pois bem, a bíblia é um livro que relata os fatos
históricos, utilizando dos recursos literários para isso. Uma das passagens mais conhecidas é a em que
Moisés foge, junto com os hebreus, do povo egípcio, em destino à terra prometida, Canaã, atravessando
o Mar Vermelho. Abaixo, podemos ver um trecho desta passagem:
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“Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte
vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E
os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro
à sua direita e à sua esquerda. E os egípcios os seguiram, e entraram atrás deles todos os
cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que,
na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios;
e alvoroçou o campo dos egípcios (Êxodo 14:21-30)”.

Essa é uma das passagens mais conhecidas da Bíblia, especificamente do Velho Testamento e, talvez, a
mais utilizada para contar o fato histórico da partida do povo dos hebreus, fugindo do Egito. Você pode
perceber, querido(a) aluno(a), que no livro sagrado dos cristãos, um fato de suma importância para a
história mundial é relatado em forma de narrativa, com os floreios estilísticos e com os recursos que a
Literatura permite, e é nesse ponto que o texto histórico vira um artefato literário, ou seja, algo fabricado
(escrito) pelo homem e que vai informar ao leitor não apenas um dado histórico, mas um costume daquela
sociedade da época, nesse caso específico, uma fuga de um povo perseguido por outro que parte em
busca da sua terra prometida.

Quero chamar a sua atenção para o trecho “e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda
aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas”. Note que se o objetivo fosse apenas
contar a história de forma clara e objetiva, o texto poderia ser escrito da seguinte maneira “e o Senhor
abriu o mar com um vento forte durante toda a noite; e o mar abriu, e as águas foram cada uma para
um lado”. Mas o texto não está escrito de maneira objetiva, ele usa dos recursos estilísticos para poder
narrar a travessia de Moisés e seu povo, tornando um simples ‘contar história’ em um texto carregado de
recursos literários, um artefato literário.

O texto como objeto estético

Palavras do Professor

Querido(a) aluno(a), você já conheceu o conceito de artefato e a visão de um texto histórico como artefato
literário e, agora vamos ver o texto como um objeto estético. Nosso companheiro de todas as horas
e estudos, o dicionário, nos diz o seguinte sobre o verbete estética: “sf (gr aisthetiké) 1 Estudo que
determina o caráter do belo nas produções naturais e artísticas. 2 Filosofia das belas-artes. 3 Harmonia
das formas e coloridos”.

De acordo com o linguista búlgaro, Tzvetan Todorov, “A estética começa no momento que a retórica
termina”, já o crítico literário tcheco Jan Mukařovský defende que, dentre as várias funções que um texto
pode ter, se ele tiver dentre essas a função estética como a principal, a mais importante, trata-se, então,
de arte, conforme você pode ver na página 04 do artigo “Arte, objetos estéticos e relações culturais”.
Clique aqui para acessar o link.

Outro ponto importante que eu quero te esclarecer, meu caro, é que esses mesmos textos, ou imagens,
que apresentam esta função estética não mais como principal e sim como secundária, são consideradas
objetos estéticos, uma vez que neles a estética não é o elemento principal.
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A Doutora em comunicação e semiótica e autora do artigo citado acima, Sandra Regina Ramalho, explica
que é isto o que faz um texto ou um objeto estético ganhar o status de obra de arte ao longo dos tempos,
porque, embora não terem sido criados com a finalidade de serem admirados como obra de arte, tiveram
seu status e sua finalidade alterados no decorrer dos anos.

Por exemplo, um texto que tinha como função informar algo e que passou a ter privilegiada a sua função
estética, virando, assim, uma obra de arte. Ou uma igreja cuja finalidade é ser um local de oração e acalanto
para os fiéis e passa a ser vista e apreciada como obra de arte, devido as suas pinturas e esculturas, como
as igrejas barrocas de Ouro Preto, Minas Gerais, onde estão as obras do escultor brasileiro Aleijadinho.
O grafite também é um bom exemplo disso. Ele surgiu em Nova York durante a década de 70 quando os
jovens deixavam símbolos e algumas escritas diferentes marcadas nos muros da cidade. Essas marcas
foram evoluindo e técnicas de desenho e pintura foram se aprimorando até que o grafite se ‘separou’ da
pichação e virou uma forma de manifestação artística em locais públicos. Mas isso durou muitas décadas,
não foi de um dia para a noite.

Visite a Página

Para saber mais sobre o grafite, você pode acessar esta página clicando aqui.

Quero chamar a sua atenção, caro aluno, para o fato de que é a função que vai definir, ou caracterizar, o
que é obra de arte e o que é objeto estético. Se a função estética for o elemento principal, trata-se, então
de uma obra de arte, porém se a função estética for elemento secundário, estamos diante de um objeto
estético.

ESTUDOS DE CASO DA SUBÁREA TEORIA LITERÁRIA

• Estudo de caso 01

Numa escola particular, numa turma do 7º ano, a professora de literatura, ao decidir trabalhar, como
paradidático, um grande clássico da literatura brasileira com seus alunos. Após indicar o livro para a
turma, ela escreve no quadro negro uma lista com 50 questões para o aluno responder acerca do livro.
Perguntas como “Quais as personagens principais?”, “Em que momento o casal principal do livro fica
junto?”, “Em que momento eles se separam?”, “Na página x, durante a festa, a personagem principal está
dançando com quem?”.

A professora explica que este questionário é para ser respondido, digitado, entregue a ela em forma de
trabalho e servirá como nota da unidade e que apresenta como finalidade ver o conhecimento do aluno
sobre a obra e se, de fato, eles leram.

Alguns alunos leram o livro, poucos gostaram e muitos detestaram, mas a maioria foi à internet, pegou o
resumo e o resto copiou dos colegas de turma que leram e responderam o questionário. O resultado é que
a maioria tirou nota boa e não ficou em recuperação na matéria.

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• Análise estudo de caso 01

A professora, na tentativa de introduzir grandes clássicos da literatura em sua turma, escolhe uma
abordagem arcaica e tradicionalista. O questionário extenso e exaustivo em vez de aproximar o aluno da
literatura, acaba o afastando mais, deixando-o sem interesse no texto.

Outro fator relevante é o ano da turma. Uma turma no 7º ano não possui, ainda, maturidade literária
para ler uma grande obra da literatura, seja brasileira, ou mundial. Iniciar com textos literários de menor
profundidade e de menor carga literária é o ideal para que o aluno possa ir construindo essa maturidade
e possa lidar, de forma mais íntima, com grandes obras.

Uma outra maneira de trabalhar o texto literário em sala de aula seria propor a leitura e colocar os alunos
para debater a obra em sala de aula, desta forma a professora poderia ter ciência de quem teria lido o
texto, de quem leu e compreendeu melhor, de quem leu, mas tece dificuldade na compreensão, de quem
leu apenas o resumo e de quem não leu também. Sem falar que os alunos que não leram, ao se deparar
com o debate, iria conhecer a história do livro e, muito provavelmente, se interessaria em ler, de fato, a
obra. Sem falar que a nota seria mais justa.

• Estudo de caso 02

Numa turma de 2º ano do ensino médio, a professora de literatura como nota de unidade, em vez de
aplicar provas, decide passar, para os seus alunos, o seguinte trabalho:

Leia os textos abaixo e discorra sobre o tipo de texto, suas características, seus elementos, suas funções
e a relação existente entre ambos.

Texto 01

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada
com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.
Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não
temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. E dará à luz um filho
e chamarás o seu nome JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.

Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: Eis que
a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus
conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher;
E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.” (Trecho extraído
da Bíblia – Mateus 1:18-25).

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Texto 02

“Assim falando, o glorioso Heitor foi para abraçar o seu filho,


mas o menino voltou para o regaço da ama de bela cintura
gritando em voz alta, assarapantado pelo aspecto de seu pai amado
e assustado por causa do bronze e da crista de crinas de cavalo,
que se agitava de modo medonho da parte de cima do elmo.
Então se riram o pai amado e a excelsa mãe:
e logo da cabeça tirou o elmo o glorioso Heitor,
e deitou-o, todo ele coruscante, no chão da casa.
Em seguida beijoou e abraçou o seu filho amado
e a Zeus e aos outros deuses dirigiu esta oração:
Ó Zeus e demais deuses, concedei-me que este meu filho
venha a ser como eu, o melhor entre os Troianos; que seja tão
ilustre pela força e que pela autoridade seja rei de Ílion.
Que no futuro alguém diga ‘este é muito melhor que o pai’,
ao regressar da guerra. Que traga os despojos sangrentos
do inimigo que matou e que exulte o coração da sua mãe!”(Trecho da Ilíada de Homero).

Ao receber os trabalhos, a professora percebeu que a grande maioria dos alunos se preocupou em
explicar as histórias e não em seguir o direcionamento que a professora deu e poucos fizeram a análise
comparativa entre ambos os textos. Diante de tal fato, a professora decidiu separar a sala em 02 grupos,
deixando cada um com um texto e pediu que eles explicassem, de acordo com seu direcionamento, seus
respectivos textos e usassem seus argumentos para analisá-los e compará-los. Após esta atividade, os
alunos entenderam a relação entre ambos os textos e a professora dividiu a nota, onde o trabalho escrito
valeu 3,0 e a argumentação 7,0.

LITERATURA BRASILEIRA

Prezado(a) aluno(a), como as disciplinas estudadas na área geral de literatura, até o momento, foram
mais de teoria literária que de literatura em si, neste sub-tópico teremos apenas um assunto de Literatura
Brasileira e, consequentemente, também, 01 estudo de caso que não será resolvido neste guia e sim,
servirá como base para o questionário avaliativo.

• Barroco

O barroco é uma estética que nasce em meio a uma crise de valores, provocada pela luta religiosa e pela
crise econômica. A Europa encontrava-se dividida entre teocentrismo versus antropocentrismo, razão
versus fé, a reforma protestante versus a resposta da Igreja Católica, a Contrarreforma. Por conta deste
contexto histórico, o barroco nasce como uma estética essencialmente conflitante, dividida e dilemática.
Devido a esta essência, a estética barroca, presente em várias manifestações artísticas, seja na pintura, na
escultura, na literatura, apresenta como característica o culto exagerado da forma, a presença marcante
de antíteses, metáforas, conflito espiritual, o cultismo e o conceptismo.

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• Cultismo: trata-se da linguagem rebuscada, culta, extravagante. Uma linguagem recheada de
figuras de linguagem, carregada de metáforas, antíteses, prosopopeias, hipérboles, etc.

• Conceptismo: se o cultismo é caracterizado pela linguagem rebuscada, o conceptismo apresenta


como característica o jogo de ideias e conceitos e, é bem mais presente na prosa que na poesia.

No Brasil, a produção literária barroca teve grandes nomes, dentre eles Padre Antônio Vieira, com seus
famosos sermões, e Gregório de Matos, poeta baiano conhecido como “Boca do Inferno”. Abaixo, podemos
ver alguns trechos de obras desses autores.

Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda

“Esta é, Todo-Poderoso e Todo-Misericordioso Deus, esta é a traça de que usou para render vossa piedade,
quem tanto se conformava com vosso coração. E desta usarei eu também hoje, pois o estado em que nos
vemos, mais é o mesmo que semelhante. (…) O que venho a pedir ou protestar, Senhor, é que nos ajudeis
e nos liberteis: Adjuva nos, et redime nos. Mui conformes são estas petições ambas ao lugar e ao tempo.
Em tempo que tão oprimidos e tão cativos estamos, que devemos pedir com maior necessidade, senão
que nos liberteis: Redime nos?” (– Padre Antônio Vieira).

Leitura complementar

Para a leitura da obra na íntegra, você pode fazer o download no domínio


público clicando aqui.

Soneto Nasce o sol, e não dura mais que um dia.

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância”.

(Gregório de Matos)
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Em ambos os textos podemos perceber os elementos da estética barroca. No sermão de Padre Antônio
Vieira, cuja finalidade era dar ânimo aos portugueses para lutarem contra a invasão holandesa, fica clara
a presença do cultismo, com uma linguagem rebuscada, culta, um texto muito bem elaborado que faz
um bom uso da retórica. No soneto de Gregório de Matos, o cultismo também é bem presente com as
antíteses e o jogo de palavras contrárias, como sol/ escuro, luz/ sombras, alegria/ tristeza; e também do
conceptismo com o jogo de ideias que tão representam opostos, e o primeiro verso do soneto já indica
isto: Nasce o sol, e não dura mais que um dia, ou seja, mesmo nascendo, o sol não ‘vive’ muito, logo se
vai e com sua ida chega à escuridão.

ESTUDO DE CASO DE LITERATURA BRASILEIRA

• Estudo de caso 01

Em sua primeira aula sobre o barroco, a professora decide passar o filme Lutero (2003) para os alunos.
Na aula seguinte após assistirem ao filme, a professora pede que os alunos façam um círculo e pede que
eles comecem a expor suas opiniões sobre o filme. Depois que todos falaram o que acharam, se gostaram
ou não, ela começa a fazer perguntas como: Qual o contexto histórico do filme? Em que época o filme se
passava? Qual o período? Quais costumes puderam perceber na sociedade da época?

Finalizado o debate sobre o filme, a professora começa a explanar sobre o barroco, iniciando do seu
contexto e período históricos até suas características. Depois da aula explanativa, os alunos começaram
a fazer links entre o filme e o assunto estudado e a professora explicou que Lutero (2003) se passa num
momento histórico onde surge a estética barroca e que esta tem determinadas características exatamente
por ter surgido em tal momento.

Depois de debaterem o filme, de assistirem as aulas explanativas e de aprenderem sobre a estética


barroca, a professora entrega a cada um trechos de poemas barrocos e pedem que eles tentem identificar
as características da estética naqueles textos.

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Palavras do Professor

Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final da unidade III da nossa disciplina de Tópicos Integradores I. Esta
unidade foi destinada a rever os assuntos estudados nas disciplinas de literatura, tanto as de teoria
literária, quanto as de literatura específica.

Primeiro iniciamos estudando sobre a sub-área de teoria da literatura, onde estudamos novamente sobre
os gêneros literários, com a primeira divisão de Aristóteles em épico, lírico e dramático até a divisão
que conhecemos hoje como narrativo, lírico ou poético, e dramático. Em seguida, relembramos a obra
como tensão entre artefato histórico e objeto estético, aonde vimos o conceito de artefato, a relação da
literatura com o texto histórico e a relevância da estética dentro do conceito de arte.

No sob-tópico de literatura, neste guia intitulado de Literatura Brasileira, vimos apenas 01 assunto,
tendo em vista que a quantidade de disciplina de teoria foi superior a de literatura em si, desta forma,
estudamos sobre o barroco, seu surgimento com ligação direta ao contexto histórico, suas características
estéticas e vimos, também, trechos de obras dos 02 maiores escritores barrocos da literatura brasileira,
Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos.

Como só vimos 01 assunto no sub-tópico literatura brasileira, também só tivemos 01 estudo de caso que
servirá como base para responder aos questionários avaliativos.

Bem, meu caro, esta foi nossa unidade III e espero que nosso caminho de relembrar assuntos estudados
sobre literatura tenha sido prazeroso e bastante agradável.

Acesse o Ambiente Virtual

Agora chegou o momento de acessar o ambiente virtual e responder a atividade. Caso tenha alguma
dificuldade, não perca tempo, envie uma mensagem para seu tutor!

Bom estudo e nos vemos na unidade IV!

Até lá!

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