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Resumo: Podemos dizer que hoje passamos por uma Revolução Científica e
Tecnológica. Com isso, ficamos apreensivos frente às incertezas, além de
alimentarmos utopias e distopias acerca do futuro. Invenções maravilhosas
e deslumbrantes por um lado, por outro, futuros sombrios e inoperantes. O
homem teria se tornado vítima do progresso da dominação técnica? Neste
artigo procuro evidenciar o imaginário distópico. A distopia é importante.
Ela traz um incômodo e uma mensagem intrínseca de fazermos algo. Uma
propensão à ação. É nesse sentido que o imaginário distópico tem um
papel relevante. Serve como alerta e como crítica. A distopia no campo do
imaginário exerce um poder de crítica e persuasão com o poder de chocar
e abalar lógicas, certezas, verdades absolutas. Por isso, faz-se importante
observar e analisar as manifestações literárias, cinematográficas e artísticas
como reprodutoras de uma espécie de imaginário do medo, mas jamais de
resignação.
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Doutor em Ciências Sociais/Antropologia pela PUC-SP. Docente do Curso de Ciências Sociais da
Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão. E-mail: rogerbianchi@uol.com.br.
Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade, v.2, n.1, p.2-11, jan/jun 2011.
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Artigo
Introdução
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Artigo
A imaginação do futuro
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Artigo
O imaginário não é apenas cópia do real; seu veio simbólico agencia sentidos,
em imagens expressivas. A imaginação liberta-nos da evidência do presente imediato,
motivando-nos a explorar possibilidades que virtualmente existem e que devem ser
realizadas. O real não é só um conjunto de fatos que oprime; ele pode ser reciclado em
novos patamares.
Segundo Durand (1997), o imaginário é o “conjunto das imagens e das relações
de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens”, o grande e fundamental
denominador onde se encaixam todos os procedimentos do pensamento humano.
Parte de uma concepção simbólica da imaginação, que postula o semantismo das
imagens, que conteriam materialmente, de alguma forma, o seu sentido. Em Durand,
não existe verdadeira diferença entre simbólico e imaginário, uma coisa contamina a
outra, tanto que sua investigação se dá sobre a imaginação simbólica.
A imaginação contribui significativamente para a compreensão e superação da
realidade. Além de permitir atingir o real ela possibilita enxergar aquilo que ainda não
se tornou realidade. As imagens são construções que tem por base as nossas
experiências visuais anteriores. Como o nosso pensamento é de natureza perceptiva
tendemos a produzir imagens em abundância. Elas são, dessa forma, parte integrante
do ato de pensar.
O imaginário possui um compromisso com o real e não com a realidade. Mas o
que é o real? Ele é a interpretação que os homens atribuem às coisas e à natureza. É,
portanto, uma realidade percebida através dos sinais ou signos de referência. Tanto a
imagem como o símbolo constituem representações. Os homens atribuem significado
aos objetos e isso é o elemento consciente do universo simbólico. Como consequência,
as imagens e a dinâmica do imaginário são identificadas aos símbolos.
É comum opor o imaginário ao real, ao verdadeiro. O imaginário seria uma
ficção, algo sem consistência, algo totalmente distinto da realidade econômica, política
ou social, considerada palpável e tangível. Essa tradição é quebrada principalmente a
partir dos anos 1930 e 1940 com a obra de Gaston Bachelard, o Bachelard da
“psicanálise do fogo”, dos sonhos, das fantasias, das construções do espírito. Ele
procurou demonstrar que as construções mentais poderiam ser eficazes em relação ao
concreto. Na esteira de Bachelard, surge Gilbert Durand. Gilbert Durand trabalhou na
confluência da tradição literária romântica e da antropologia, tendo escrito uma obra-
prima: As Estruturas antropológicas do imaginário. A sua reflexão recuperou o que
tinha sido deixado de lado pela modernidade e indicou como o real é acionado pela
eficácia do imaginário, das construções do espírito.
São diversos e complicados os futuros imagináveis, sobre os quais podemos
refletir. Nesse caso a reflexão paira sobre a distopia. Enquanto o século XVI nos deu o
termo “utopia”, o século XX nos deu a “distopia” ou utopia negativa. O movimento da
utopia para a distopia é a marca da sociedade contemporânea. Enquanto as utopias
buscam a emancipação ao visualizar um mundo baseada em ideias novas que tem por
característica comum serem negligenciadas ou rejeitadas; as distopias procuram
demonstrar tendências contemporâneas que podam a liberdade humana.
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Artigo
Imaginário distópico
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Artigo
Futuros Pós-Apocalípticos
Francis Bacon, em 1624, na sua obra “Nova Atlântida” imaginava uma utopia
em que uma tecnologia maravilhosa, tanto no campo das comunicações quanto no
campo dos transportes, contribuiriam para uma sociedade humana perfeita. Já Mary
Shelley, quase dois séculos depois, publicou “Frankenstein” e fez uma advertência
sobre os exageros do uso da ciência por parte dos seres humanos.
Utopia e distopia concorrem no imaginário humano quando o assunto é
tecnologia, ciência e sociedade. Enquanto os “tecno-utópicos” sonham, o fantasma de
Mary Shelley nunca está muito distante. Diante das catástrofes climáticas recentes,
dos acidentes nucleares, do consumo desenfreado e a consequente desvalorização do
que seja o humano, parece que a distopia vem cada vez mais ganhando terreno frente
a um futuro utópico e tecnológico. A distopia, de perspectiva apocalíptica tem o papel
de crítica em relação aos descalabros do uso desenfreado da tecnologia.
Alguns cientistas temem que um futuro distópico ainda mais sombrio seja
causado pela tecnologia. Outros postulam uma “era pós-humana”, o qual acarretaria
em problemas teológicos, filosóficos, éticos, sociológicos e jurídicos dos possíveis
avanços da biotecnologia.
Num mundo marcado principalmente pela estética e pela força da imagem
penso que o cinema tem a possibilidade de trazer boas referências para pensar a
construção da utopia ou fazer a crítica por meio da representação da estética
distópica. Perspectivas e visões diferentes da vida sob ângulos completamente
díspares só são possíveis através da arte e o cinema é a experiência estética que mais
nos aproxima da ambiguidade do olhar. No tempo do homem transformado em coisa,
quando as utopias não movem mais fantasias, o que resta ao diretor de cinema, ao
poeta, ao romancista, etc. é, ao menos, acusar a distopia.
Os filmes distópicos ilustram um futuro hipotético que tem o passado e o
presente como referência. Tentam responder a seguinte questão: “O que será do
mundo se hoje as coisas são feitas e pensadas dessa forma?” Segundo Sarlo, a arte não
tem que ser otimista e sim oferecer uma perspectiva de verdade.
Com o teor precavido de Mary Shelley, procuro ilustrar a advertência do abuso
tecnológico com alguns filmes que não tem por objetivo criar a fobia da ciência, mas
temperar a crítica da contemporaneidade com algumas “realidades” que só podem ser
vivenciadas por meio da chamada sétima arte.
Uma distopia urbana clássica é o filme Blade Runner: O Caçador de Andróides
(1984), ambientado na Los Angeles de 2019, uma somatória de guetos governada pela
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Artigo
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Artigo
Considerações Finais
Referências
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