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Teorias da Cultura

Aula 07
Cultura Negra

Objetivos Específicos
• Identificar a importância da cultura sob o ponto de vista histórico no Brasil,
a partir da matriz africana.

Temas
Introdução
1 Matriz africana no Brasil
2 Afro em cena
Considerações finais
Referências

Professora
Léia Andrade
Teorias da Cultura

Introdução
Nesta aula, vamos identificar a contribuição da cultura africana em vários segmentos da
cultura brasileira. Percebemos que o conceito de cultura tem sido discutido e abordado em
diversas formas e em diferentes campos e áreas das humanidades. Notamos também que a
cultura permeia o campo da construção da identidade de uma sociedade, seja no material ou
no espiritual, envolvendo seus aspectos simbólicos e físicos.

Sem dúvida a cultura é o patrimônio de uma sociedade. É resultante de trocas de


experiências, conhecimentos, compartilhamentos, colaboração mútua entre pessoas, além
de serem transmitidas de geração em geração. A cultura é capaz de influenciar os modos de
ser e de estar de uma sociedade, influenciar o modo de agir, de sentir e de se relacionar com
o outro.

No Brasil, a raiz da cultura africana está presente em várias áreas da cultura e na maioria
das manifestações culturais tais como a música, dança, literatura, gastronomia, esporte,
política, religião, arte, cinema, entre outros. Esse enredo nos permite observar a força da
cultura afro em muitos momentos da nossa vida. Sua marca está impressa no modo de falar,
cantar, caminhar, comer, vestir, orar, celebrar, brincar, enfim, em toda parte. A seguir,
acompanharemos algumas contribuições da cultura afro que ocorrem dialética e
historicamente num processo de hibridação abarcando diversas culturas como a indígena,
europeia e outras.

Para entender melhor a contribuição da cultura afro na sociedade brasileira,


assista ao vídeo “Áfricas e afro-brasileiros” nos brinquedos e brincadeiras -
Repertório afro-brasileiro na escola”, acessando o link disponível na midiateca.

1 Matriz africana no Brasil


É possível que não exista uma palavra melhor que “diáspora” para retratar a arbitrariedade
imposta ao povo africano. Isso porque o povo afro vivenciou o modelo imposto pela
dominação europeia de forma violenta e forçada quando foram retirados de sua terra natal
pelos portugueses e trazidos como escravos para o Brasil pelos navios negreiros.

Nesse processo de ruptura com as suas raízes, os africanos vivenciaram ao longo da


história a multiplicidade de experiências sócio-culturais na Europa pelos europeus e no Brasil,
com os portugueses e com os índios. O sistema escravista permaneceu durante séculos no

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Brasil porque representava fonte de lucro e também acúmulo de capital para a economia
brasileira. Conforme afirma Fernandes (1971), o declínio do sistema escravista no Brasil foi
acentuado pela pressão do governo inglês, isso porque a Inglaterra exercia influência nos
países subdesenvolvidos, para proibir o tráfico de escravos.

Sem ingenuidade, é importante que fique claro que o governo inglês tinha outras intenções
quando pressionou a proibição do tráfico de negros para o Brasil. O contexto histórico mostra
que a Inglaterra passava pela Revolução Industrial e, como toda revolução, era necessário
expandir os negócios. Como conseguir tal façanha? Incentivando a substituição da mão de
obra escrava pela livre e assim ampliar os seus consumidores. Ainda em Fernandes (1971),
a Inglaterra interveio de forma mais drástica sem considerações pela soberania brasileira a
partir de 1845.

Segundo Schwartz (2001), outro motivo que contribuiu com a queda da exploração dos
escravos no Brasil foram as diversas formas de resistência dos negros à instituição fundamental
da escravidão. O medo de suas rebeliões e o problema dos escravos fugitivos e os senhores,
que muitas vezes se deparavam com limitações impostas pelas ações dos escravos.

A história do negro1 e da resistência negra no Brasil não foi retratada com


a devida importância na área acadêmica e nem no contexto histórico da
sociedade brasileira. Nas escolas, a linha do tempo narrada sobre o período da
escravatura iniciava com a própria escravidão e saltava para abolição com a Lei
Áurea. Na linearidade apresentada nas salas de aulas, tanto a resistência e seus
aspectos, como as contribuições da cultura afro, não eram valorizados, mas
tratados superficialmente. De acordo com Munanga (2006), essa visão
equivocada tem efeitos na autoestima e na identidade dos negros, pois são
vistos muitas vezes como conformistas diante da escravidão.

O negro no Brasil não era passivo nem apático, muito menos preguiçoso e conformista
diante da sua condição, pelo contrário, existia entre os negros uma organização mobilizadora e
corajosa em prol de um processo de luta e resistência contra o sistema escravista (MUNANGA
e GOMES, 2006). Prova do movimento de resistência se confirma com os Quilombos, os quais
serviam de refúgio dos escravos. Por sua organização social e resistência no período colonial,
o Quilombo mais conhecido foi o de Palmares, que tinha como líder o Zumbi dos Palmares.

1 No texto, o termo negro será utilizado tanto para denominar pessoas e/ou características da população do Brasil como para abranger pretos
e pardos, conforme dados realizados em pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão responsável pela pesquisa nos
Censos.

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Para conhecer e entender melhor quem foi Zumbi dos Palmares, ouça a
reportagem da Radioagência Nacional transmitida em 20/11/2012: “Há 317 anos,
morreu Zumbi dos Palmares”, com apresentação de José Carlos Andrade,
disponibilizado em link na midiateca.

Munanga e Gomes (2006, p. 71) definem a palavra “kilombo — como originária da língua
banto umbundu, falada pelo povo ovimbundo”, que representa “uma espécie de instituição
sociopolítica militar conhecida na África Central”. Ainda neste contexto, os autores alegam que
os quilombos no Brasil e na Africa foram formados simultaneamente e, apesar da distância
entre eles, há muita semelhança. Finalizam afirmando que os quilombos brasileiros, inspirados
nos africanos, resignificaram o contexto de local de refúgio com base na resistência ao regime
escravista para espaço de reunião com o intuito de resgate da liberdade, solidariedade,
fraternidade e dignidade.

Ainda de acordo com os autores Munanga e Gomes (2006), essa visão equivocada de
que o negro era passivo e apático dá-se pela falta de interesse e conhecimento da própria
história afro-brasileira, pela falta de pesquisas voltadas ao assunto que apresentem outra
visão do que as apresentadas no âmbito acadêmico. E ainda no viés do racismo, essa visão
dá-se em dois momentos: na disseminação negativa sobre o negro e por acreditar que o
país não é racista. Defendem os autores Munanga e Gomes “[...] a escravidão sempre foi
acompanhada de um forte movimento de resistência e várias revoltas tiveram a presença
negra como personagem central na luta pelo fim deste regime desumano e cruel” (2006, p.
26).

Apropriando-nos da ideia de Stuart Hall (2003) sobre a crise de identidade, podemos


considerar que o início da crise de identidade do negro se confirma quando ele é negociado
como mercadoria e, mais tarde, após o fim da escravidão. Esse segundo momento de crise
de identidade ocorre porque é nesse período que se inicia o processo de substituição do
trabalho escravo pelo trabalho livre.

No Brasil, o governo apoiava os imigrantes que chegavam de várias partes da Europa para
trabalhar enquanto o negro não era valorizado para receber pela mesma função. Entende-se
que, neste contexto, a finalidade do governo brasileiro era a de construir uma nova sociedade
cultural e econômica. Esses estrangeiros chegavam e se instalavam por toda as regiões do
Brasil, inclusive em São Paulo. “[...] Os estrangeiros chegavam a São Paulo e outras regiões
do Brasil com um lugar na nova sociedade, integrando-se a estrutura ocupacional como
assalariados nas áreas urbanas” (SILVA, 2006, p.77-78).

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Se, de um lado, o governo apoia a chegada de imigrantes, por outro, o incentivo do


governo não se confirma com os negros. Na visão de Hasenbalg,

[...] as políticas de apoio e incentivo do Governo brasileiro dadas aos imigrantes


europeus não aconteceram para os negros recém-libertos do sistema escravocrata,
que foram segregados para as regiões menos desenvolvidas e setores subalternos
de trabalho, aglomerando-se nas posições subordinadas da estrutura de classes do
sistema de estratificação social. (HASENBALG, 1979, p. 197)

Ainda em Hasenbalg (1979, p. 30), “racismo após o fim da escravidão implicou no


desajustamento psicológico, cultural, social e de um grupo historicamente oprimido”. Um
dos motivos deve-se porque o governo brasileiro não criou um projeto de lei que garantisse
que os ex-escravos pudessem se sustenta de forma independente. Fernandes (1971, p.
126) completa afirmando que “não houve nenhuma preocupação com a integração sócio-
econômica das vítimas diretas ou indiretas do cativeiro dos negros e seus descendentes”.

Essa afirmação é comprovada na questão das identidades no Brasil. Após a abolição, os


negros, na sua maioria sem empregos — e quando empregado eram mal remunerados—,
começaram a sentir os efeitos dos problemas sociais impostos pelo governo. Muitos ex-
escravos ficaram perdidos e não sabiam lidar com a nova situação em que se encontravam
diante da “liberdade”; eram poucos senhores que admitiam pagar pelo serviço de um negro.
Para sobreviver e garantir moradia e alimentação, muitos negros “mesmo livres” continuaram
nas fazendas prestando serviços para os senhores de engenho, com a única finalidade de
obter um prato de comida e um lugar para domir.

Fernandes (1971, p. 62) afirma que os negros “abandonados à própria sorte passam pela
lenta reabsorção no mercado de trabalho a partir das ocupações mais simples e mal
remuneradas”. Apenas em 2003 o governo sanciona a Lei 10.639/03 de políticas de ação
afirmativa, que tenta reparar os anos de discriminação e desigualdade vivido pelos negros no
Brasil.

Para conhecer a Lei e seu respectivo Decreto na íntegra, acesse os links


disponíveis na midiateca.

A lei sancionada de ação afirmativa obriga o ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileira no ensino fundamental e médio dos estabelecimentos oficiais e particulares do
Brasil. Contudo, é importante ressaltar que apenas a lei não é suficiente, é preciso outras

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mudanças. Cabe aos diretores e professores mudarem a postura de ensino e aprofundarem o


olhar crítico, teórico e metodológico no que cerca a História e Cultura Afro-Brasileira. A equipe
pedagógica também tem um papel importante nesse enredo, cabe à equipe desenvolver o
projeto pedagógico e o conteúdo do material didático de forma que se resgate a importância
e a influência da cultura africana na construção da identidade brasileira.

Nessa narrativa, o professor tem um papel fundamental. Cabe a ele observar com atenção
o material didático que será aplicado em sala de aula e se o mesmo não ressalta imagem,
ilustrações e texto que reforcem a discriminação racial no âmbito escolar. Ainda nesse
contexto, é importante que os estabelecimentos de ensino oficiais e particulares criem ou
adotem mecanismos para que a lei sancionada seja cumprida. Os estabelecimentos também
devem enxergar que o ensino sobre História da África e Cultura Afro-Brasileira nas escolas
tem o caráter de potencializar a luta contra a discriminação racial e em paralelo contribui
para a valorizar e elevar a autoestima da criança negra bem como construir a identidade.

Para entender melhor a importância da intersecção entre Brasil-África na


educação, assista ao vídeo “Brasil-África: Histórias Cruzadas” – Programa da
representação da Unesco no Brasil – acessando link disponível na midiateca.

A ação afirmativa visa a corrigir e compensar danos sofridos a uma parcela discriminada,
beneficiando seus descendentes. Independende da sua complexidade e atuação em diversas
áreas do conhecimento, Santos definirá a ação afirmativa como,

são medidas tomadas ou determinadas pelo Estado, espontânea ou compulsoriamente,


com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo
a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas
provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais,
étnicos, religiosos, de gênero e outros. Portanto, as ações afirmativas visam combater
os efeitos acumulados em virtude das discriminações ocorridas no passado. (SANTOS,
1999, p.25).

A ação afirmativa se faz necessária como passo inicial de medida, mas está longe de
conseguir a total eliminação na desigualdade acumulada ao longo da história. Nessa aula,
apresentamos as políticas de ação afirmativa no viés educacional de ensino básico, porém,
existem outras medidas atuando em demais campos da área humana tais como na sociologia,
na antropologia, na economia, na política, na educação universitária, entre outros.

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Teorias da Cultura

2 Afro em cena
É inegável a contribuição da cultura afro à cultura brasileira. Debruçá-la e compreendê-
la é dedicar-se a entender e reconhecer a própria identidade brasileira ou melhor dizer
“identidade afro-brasileira”.

Se, de um lado, existe o reconhecimento da contribuição afro no vies da cultura,


representada pela música, dança, literatura, gastronomia, esporte, religião, arte, cinema,
entre outros, por outro lado, em se tratando da contribuição da nação, a cultura afro não é
citada nem reconhecida. Percebemos que é valorizada apenas a contribuição exótica do país
africano.

Canclini (2013, p. 283) propõe chamar essa situação intercultural de hibridação de


sincretismo ou mestiçagem, “porque abrange diversas mesclas interculturais – não apenas
raciais, às quais costuma limitar-se o termo ‘mestiçagem’”. O autor transita entre diferentes
manifestações culturais e artísticas: desde passeatas reivindicatórias, passando pela pintura,
arquitetura, música, grafite e histórias em quadrinhos até a simbologia dos monumentos.
Desse modo, Canclini reflete sobre o que chama de migrações multidirecionais, relativizadoras
do paradigma binário (subalterno/hegemônico, tradicional/moderno) que tanto balizou a
concepção de cultura e poder na modernidade.

No contexto de Freyre,

[...] Quantas “mães-pretas”, amas de leite, negras cozinheiras e quitandeiras


influenciaram crianças e adultos brancos (negros e mestiços também), no campo e nas
áreas urbanas, com suas histórias, com suas memórias, com suas práticas religiosas,
seus hábitos e seus conhecimentos técnicos? Medos, verdades, cuidados, forma de
organização social e sentimentos, senso do que é certo e do que é errado, valores
culturais, escolhas gastronômicas, indumentárias e linguagem, tudo isso conformou-
se no contato cotidiano desenvolvido entre brancos, negros, indígenas e mestiços na
Colônia. (FREYRE, 2001, p. 343)

Baseado na ideias de Freyre, entendemos que a influência afro no contexto da música


brasileira é incontestável.

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O samba traz no seu lamento influências afro e semelhanças com o suplício


do jazz americano também de raiz africana. Além do samba, outros ritmos
também vieram do ventre da mãe África. O Congado, Maracatu, Cavalhada,
Moçambique são alguns deles que, acompanhados de seus instrumentos
musicais, ditam a harmonia e o gingado da nossa música brasileira. Sem
esquecer o chorinho, música popular também com influências da música
africana, que traz em seus acordes um prolongamento da emoção traduzida em
uma melodia chorosa. Os músicos que tocam chorinho são carinhosamente
chamados de chorões.

No contexto dos instrumentos musicais, herdamos da cultura afro muitos instrumentos


tais como o afoxé, instrumento similar a um chocalho feito com uma cabaça e uma rede de
miçangas, o agogô, que são cones de metal tocados com a baqueta, o barimbau, o caxixi, o
atabaque, a cuíca, o djembe, o ganzá, entre outros. Representantes da nossa música como
Noel Rosa, Pixinguinha, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Carlinhos Brown, entre tantos outros,
imprimem a sonoridade e harmonia da influência afro na nossa música.

Na culinária, a herança cultural afro é riquíssima. Da senzala ao tacho, dos ingredientes


aromáticos aos pratos requintados. Dentre os ingredientes, podemos citar o feijão preto, as
carnes salgadas e curadas — os dois juntos são a base de um prato considerado patrimônio
cultural “a feijoada”, o leite de coco, o milho, o quiabo, a pimenta malagueta, o gengibre, as
ervas aromáticas e o azeite de dendê, entre outros. E, a partir desses ingredientes, surgiram
muitos pratos salgados tais como o vatapá, o caruru, o acarajé, o bobó, o abará, o cozido,
a moqueca e os pratos doces, como a canjica, o quindim, a pamonha, a tapioca, o bolo de
milho, o doce de coco, o doce de abóbora e a paçoca.

Na dança e na luta não poderia ser diferente, mais uma vez encontramos a contribuição
afro inserida nesse contexto. Na mistura das duas (dança e luta) nasce a capoeira. Apesar da
mistura de dois estilos diferentes, a capoeira não é considerada nem dança e nem luta. Seus
praticantes jogam capoeira. Por ser difícil de defini-la, é fácil compreender como a capoeira,
no período da escravidão, conseguiu camuflar seu cárater de luta e defesa por meio dos
movimentos ritmados de dança. Com o auxílio de alguns instrumentos musicais tais como
berimbau e tambor, os escravos batucavam, cantavam, batiam palmas e treinavam capoeira,
tudo diante dos olhos dos senhores de engenho que acreditavam que eles estavam apenas
se divertindo. E na verdade estavam treinando o reflexo, a força, a musculatura e também a
agilidade.

Na religião, encontramos o hibridismo que Canclini citou: o Candomblé, a Umbanda,

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entre outras; são crenças que nasceram na Bahia e são sinônimos de tradições religiosas
afro-brasileiras.

Para Freyre (2001),

a nossa herança cultural africana é visível no jeito de andar e no falar do brasileiro, na


ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na
música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão
sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou
sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria
amolegando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras
histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-
de- pé de uma coceira tão boa. De que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao
ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem. Do muleque que
foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. (FREYRE, 2001, p. 348)

Considerações finais
Diante das ideias apresentadas, concluímos que a cultura de origem africana teve um
papel importante no processo de formação cultural da sociedade brasileira. A cultura afro
por meio da sua diversidade no âmbito dos costumes e tradições, dita e expressa a nossa
base cultural de ver e assimilar o mundo. Nesse enredo, apesar de ter sofrido diversas formas
de violência física, mental e cultural, a cultura africana nos deixou o legado de país que se
organiza por meio da participação coletiva e valoriza a presença do indivíduo nos processos
sociais.

Embora nem sempre foram e são respeitadas no contexto em que vivem, valorizam e
respeitam as experiências de pessoas mais experientes e das pessoas envolvidas em religiões.
No olhar de Freyre,

“[...] vivemos num Brasil mestiço, com uma identidade nacional singular, resultado
da mistura entre as “raças” branca, negra e índia. Nas suas palavras “todo brasileiro,
mesmo alvo, de cabelo louro, traz na alma, traz na alma quando não na alma e no
corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e do negro”. (FREYRE, 1993 apud
ALBUQUERQUE e FRAGA, 2006, p. 239)

Referências
ALBUQUERQUE, W. R. FRAGA, W.F. Uma história do negro no Brasil. Brasília: Fundação
Cultural Palmares. 2006. Disponível em: http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20
historia%20do%20negro%20no%20brasil.pdf Acesso em: 21 abr. 2014.

CANCLINI, N. G. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo:
Edusp, 2006.

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Teorias da Cultura

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FREYRE, G. Casa-Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record, 2001.

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