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Resumo
1
Mestrando em Educação pela Universidade Anne Sullivan. Pedagogo, Psicopedagogo, especialista em
Educação Infantil, Gestão Escolar, Prática Pedagógicas, Psicomotricidade e Ludicidade. Desenvolve pesquisa
sobre a construção dos saberes nos processos de ensino e de aprendizagem. Email: roberiofnobre@gmail.com.
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Mestrando em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Licenciado em Matemática,
Psicopedagogo, especialista em Psicologia aplicada à Educação, Gestão Escolar, Prática Pedagógicas,
Metodologia do Ensino de Matemática. Desenvolve pesquisa sobre Narrativas autobiográficas, Estágio
Supervisionado e Formação de Professores de Matemática. E-mail: ronaldmoraes@ymail.com.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Saber é sempre o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de realizar
um objetivo qualquer. Além disso, o saber não é uma coisa que flutua no espaço: o
saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e identidade
deles, com a experiência de vida e com a sua história profissional, com suas relações
com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola, etc.
(TARDIF, 2014, p. 11)
Enfatiza que a formação docente, a construção dos saberes e o ato de ensinar, não se
definem apenas no professor, mas nas relações, por mais complexa que elas se apresentem.
Tardif (2014, p. 13) destaca, que ensinar "é saber agir com outros seres humanos que sabem
que lhes ensino; é saber que ensino a outros seres humanos que sabem que sou professor". Ou
seja, a profissão de professor é uma ação relacional sobre o outro, o aluno.
O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em interação com outras pessoas,
a começar com os alunos. A atividade docente não é exercida sobre um objeto, sobre
um fenômeno a ser conhecido ou uma obra-prima a ser produzida. Ela é realizada
concretamente numa rede de interações com outras pessoas, num contexto onde o
elemento humano é determinante e dominante e onde não estão presentes símbolos,
valores, sentimentos, atitudes, que são passíveis de interpretação e decisão que
possuem, geralmente, um caráter de urgência. (TARDIF, 2014, p. 49)
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É preciso refletir sobre a formação deste. Segundo Imbernon (2011, p. 55), “Uma
formação deve propor um processo que dote o professor de conhecimentos, habilidades e
atitudes para criar profissionais reflexivos ou investigadores.” Assim, o futuro professor
desenvolverá suas potencialidades com relação o ser professor e sua prática pedagógica.
Destaca Ghedin, Oliveira e Almeida:
3
Professor do Curso de Matemática da UDCS/URCA.
4
Professor do Curso de Letras, Matemática e Ciências Biológicas da UDCS/URCA.
5
Mestranda em Educação Matemática pela UEPB. Graduada em Matemática, especialista em Educação
Matemática, professora do Curso de Matemática da UDCS/ URCA.
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"Um fato interessante foi que alguns alunos ao final da aula vinham justificar a
ausência dos outros, por que, no meio da aula, estavam rindo - qual era o assunto da
conversa, ou as brincadeiras durante a aula. O que parecia a primeiro instante ser um
sinal de respeito". (GL1)
"Para minha alegria, o primeiro contato havia sido envolvente: a sala demonstrou
relativo silêncio, os alunos pareciam estar atentos as explicações e participaram das
atividades de forma positiva e com envolvimento, perguntando, colaborando com
posicionamento". (GM2)
"Nos últimos dias, quando avisamos que seria as últimas aulas, alguns alunos
pediram que nós ficássemos até o final do ano, dizendo que foi neste período, que
eles começaram a aprender matemática, mas principalmente, aprenderam a gostar
da disciplina. Estes comentários surgiram tanto vindo do professor da disciplina em
relação a turma, como dos próprios alunos em sala". (GM 3)
"Um problema que enfrentamos foi com relação a falta de professores e algumas
aulas serem antecipadas, ou seja, tínhamos aulas no 3º e 4º horário, o professor das
primeiras aulas faltava e pra liberar, ligavam para nós irmos antecipar, o q causava
um transtorno, pois íamos, ou liberavam a turma. Ou, a professora regente por está
na escola antecipava e quando a gente chegava, ela já havia ministrado a aula e a
turma liberada. (GL3)
"A escola mudava os horários, organizava eventos de ultima hora e não nos avisava,
bem como, alguns períodos, o transporte não ia buscar os alunos para aula, porque o
prefeito deixava a rota do motorista para buscar os eleitores para participação em
atividades eleitorais. Algumas vezes os alunos eram liberados para visitar outras
escolas nas atividades culturais. Tudo isso, prejudicava significativamente o
cronograma das atividades elaboradas para o estagio”. (GM1)
Além dos significantes com relação aos estagiários, apresentados acima, destacamos
ainda outros dois significantes: atenção individualizada aos alunos e paciência, que fortalecem
a ação dos estagiários, durante a ocupação do lugar do professor e tornando o ensino e a
aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática mais claro e contextualizado. Vejamos
o comentário do GL:
"O GL1 demonstrou ter professores criativos e carinhosos em relação aos alunos,
sempre atenciosos, explicando os conteúdos de maneira clara e dinâmica. A
utilização de materiais concretos e frequentes discussões chamava a atenção dos
alunos e fez com que as aulas apresentasse um grande diferencial, resultando em
comentários positivos por parte dos próprios alunos, do professor regente e da
gestão da escola campo de estagio". (GL2)
"Eu não consegui dar aula, porque a turma ao lado, onde estavam meus colegas não
conseguia fazer silêncio, atrapalhavam o tempo todo!" (GM3)
Para Barreiro e Gebran (2006, p. 20), “[...] O estágio é o lócus onde a identidade
profissional é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação
vivenciada, reflexiva e crítica, devendo ser planejado gradativa e sistematicamente”. Ou seja,
se o grupo não conseguiu desenvolver um bom trabalho, subtende-se que algum dos aspectos
não foi contemplado, ou seja, o planejamento, a metodologia, as relações, etc.
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"Olha, antes de realizar o estágio, eu tinha a ideia de que eu queria ser professor.
Não sabia se eu ia gostar ou não; o estágio foi como um vestibular. Gostei bastante
e, às vezes, fico indeciso entre a vontade de continuar estudando, e direcionar-me a
pesquisa e a vontade de dar aula". (GM2)
"O estágio foi bastante motivador. Porque pude firmar meu ideal em ser professor; e
a experiência deste "primeiro contato" com a sala de aula fora superada, bem como,
constatei que ainda existem chances e maneiras de se desempenhar o papel de
professor com a qualidade de que o mesmo precisa, pois, de certa forma, houve
colaboração por parte dos alunos para que isso ocorresse". (GL2)
“Nós até colocamos no relatório que, de alguma forma, nos sentíamos lisonjeados.
Eles esperam bastante de nós. Tinha medo de chegar lá e não dar conta do recado.
Nunca passou pela minha cabeça a ideia de ser professora. Tinha outra ideia da
Letras, quando prestei vestibular. Mas esse é o nosso fim, independente de seguir na
área de pesquisa, ou não, eu vou dar aula.” (GL1)
Considerações Finais
que podem influenciar tanto na forma do agir do estagiário como os sentidos e saberes que o
mesmo elabora sobre suas experiências.
Tais elaborações dependem da maneira de ser e da personalidade de cada estagiário,
de como reage frente aos desafios que a sala de aula coloca, independentemente da
interferência, presença ou ausência do professor. Como alguns estagiários aprenderam a lidar
com isso, e outros não, relacionamos esta conquista com um saber pessoal, com algo que tem
a ver com a sua subjetividade e que está implicado na regência.
As atitudes dos alunos também podem influenciar na formação dos estagiários,
dificultando ou facilitando o exercício da função de professor. Percebemos que alguns
estagiários conseguiram elaborar algum saber sobre as relações que se estabelecem em sala de
aula, e, com isso, foram relativamente bem-sucedidos na regência de classe.
Durante a observação das aulas dos colegas estagiários, ocorre também, a
possibilidade de alguns tornarem-se modelos para os demais, ou seja, os estagiários também
aprendem algo sobre o ser professor com seus colegas, no momento da regência.
A presente pesquisa enfatiza que o estágio é a oportunidade para o sujeito aprender a
ensinar, se relacionar, construir um saber pessoal e, acima de tudo, aprender a "ser professor”.
Apesar da formação do professor ser um processo contínuo, a perdurar durante toda a vida
profissional. Esta pesquisa revela que o estágio supervisionado é um momento marcante e
decisivo na formação inicial, sendo um fator de decisão do estagiário em ser professor.
Os dados apresentados foram analisados numa perspectiva dos saberes docentes,
enfatizando o processo de construção de saberes experienciais, concretizados durante a
realização do estágio, as quais nos apontaram duas dificuldades: primeiro a concepção do que
seja um saber não é clara, o que nos conduz ao segundo problema: como se posicionar frente
a noção de saber experiencial? Seria o saber experiencial realmente um saber?
Além disso, percebemos que o professor precisa refletir na e sobre a sua prática se
constituindo um investigador dela. Entendemos assim, que as mudanças na educação serão
possíveis quando houver uma formação reflexiva de professores. Ressaltamos ainda a
necessidade da ampliação da produção do conhecimento e sua relação com formação do
professor. Para tanto, devem ser considerados os saberes oriundos das ciências da educação,
dos currículos, das disciplinas e da experiência. A pesquisa, por sua vez, deve assumir um
caráter de relevância nos cursos de formação de professores, colocando o professor como
sujeito crítico e criativo de sua própria formação.
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REFERÊNCIAS
CHARLOT, Bernard. Das relações com o saber às praticas educativas. São Paulo: Cortez,
2013.
PIMENTA, Selma G. (Org.). Didática e formação de professores. São Paulo: Cortez, 2011.
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargo. Docência no Ensino
Superior. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010. (Coleção Docência em Formação).
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena; (Orgs.). Estágio e docência. São
Paulo: Cortez, 2008.
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