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Tema I
Processo de execução das penas. - Execução das penas privativas de liberdade. - Regimes. Regressão de
regime. Reflexões sobre a denominada regressão cautelar de regime de cumprimento da pena privativa de
liberdade. - Das autorizações de saída. - Da remição.
Notas de Aula1
1. Execução penal
1
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 28/4/2010.
Terceira hipótese é a seguinte: suponha-se que o réu tenha sido condenado a quatro
anos de reclusão, por prática de crime cuja pena máxima chega a oito anos. A acusação
apela, pedindo, entre outras coisas, aumento de pena. Neste caso, cabe a execução
provisória, mas como a pena fixada na sentença poderá ser majorada no recurso, o
parâmetro para os benefícios deve ser o máximo da pena em abstrato. Nesta hipótese, não
se pode trabalhar com a pena fixada na sentença, em razão do recurso do MP; porém, se
considerando-se o máximo da pena privativa de liberdade prevista para o caso, o agente já
fizer jus a algum benefício, cabe a execução provisória.
Não é admissível a execução provisória de pena restritiva de direitos, por simples
razão: se a execução provisória da pena só se presta a beneficiar o agente, se o réu tem
sentença que lhe impõe apenas pena restritiva de direitos, não há porque antecipar a
execução, porque o réu está em liberdade, e nenhuma benesse lhe pode acarretar esta
execução provisória. Sendo assim, não é concebível tal antecipação: se está em liberdade,
não há qualquer vantagem em se antecipar a aplicação da LEP.
“Súmula 715, STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regimes mais
favorável de execução.”
Vê-se, portanto, que os trinta anos são limite de cárcere, para o STF, sob pena de se
assim não for se promover uma isonomia entre criminosos desiguais – aquele condenado a
trezentos anos seria tratado, se adotada a corrente defensiva, da mesma forma que o
condenado a trinta.
Curiosamente, adotando a primeira corrente, minoritária, veja a sentença do
processo 2005.195.00004, do TJ/RJ:
“SENTENÇA
Vistos, examinados etc.
WALDIR LEMOS DE ANDRADE, já devidamente qualificado nos autos
encimados, através de sua defesa técnica (fls. 652/653), formula súplica de
reconhecimento de Indulto, com espeque no art. 1º, incisos II e III, do Decreto
Presidencial n.º 6.706, de 22 de dezembro de 2008, que assim dispõe:
‘Art. 1º. É concedido indulto:
(...)
II - ao condenado a pena privativa de liberdade superior a oito anos que, até 25 de
dezembro de 2008, tenha completado sessenta anos de idade e cumprido um terço
da pena, se não reincidente, ou metade, se reincidente;
III - ao condenado a pena privativa de liberdade que, até 25 de dezembro de 2008,
tenha cumprido, em regime fechado ou semi-aberto, ininterruptamente, quinze
anos da pena, se não reincidente, ou vinte anos, se reincidente;
(...).’
Do exame dos elementos granjeados aos autos, apura-se que o somatório das
penas privativas de liberdade, em obediência ao sistema da unificação, resta
materializado em 36 (trinta e seis) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, dos
quais restava a cumprir, em 16 de julho do corrente ano, 20 (vinte) anos, 07
(sete) meses e 09 (nove) dias, consoante consta do cálculo acostado às fls.
668/670.
Cálculo da pena elaborado às fls. 668/670.
FAC do apenado acostada às fls. 675/680.
O que o STF entende é que a coisa julgada em matéria penal apresenta algumas
“fissuras”, que permitem ao juiz da execução individualizar a pena. Desta forma, desde que
a questão não tenha sido enfrentada em primeiro grau, o juiz da VEP pode reconhecer
continuidade, eis que inserida nestas “fissuras”, quando a circunstância só vem à tona após
a condenação, já no curso da execução. Outro exemplo destas ditas “fissuras” é quando o
juiz da execução altera o regime de cumprimento inicial, fixado na sentença, porque na
unificação se percebeu que regime diverso era devido – se fixado o semi-aberto, por
exemplo, a unificação demonstrar que o fechado era legalmente necessário.
A unificação pode apresentar algumas questões de difícil análise. Imagine-se a
seguinte casuística: agente condenado a quatrocentos anos de prisão tem a pena unificada
em trinta, e inicia o cumprimento. Cumpridos vinte anos, comete um massacre no presídio,
e é condenado a mais setenta anos. Como se unificar esta pena, agora?
A unificação será feita da seguinte forma: soma-se todo o período de cumprimento
de pena que resta para aquela pessoa – no caso, dez anos da primeira condenação, e setenta
da segunda – e se reunifica, alcançando, portanto, novo patamar de trinta anos. Esta é sua
pena unificada, dali em diante. E, diga-se, esta unificação, neste molde, ocorre
independentemente de quando foi cometido o crime ensejador da nova condenação: à
medida que forem surgindo novas condenações para aquele preso, nova unificação será
feita, sempre nesta dinâmica – soma-se o que lhe resta de pena por ser cumprida com o
novo prazo de pena, e se unifica, gerando novo patamar nunca superior a trinta anos2.
Mas veja que, neste caso, como em qualquer outro, seguindo-se a corrente
majoritária, da súmula 715 do STF, os benefícios serão calculados com base na pena total
real: no exemplo dado, os cálculos dos benefícios serão feitos com base em quatrocentos e
setenta anos.
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e seu
mérito indicar a progressão.
Parágrafo único. A decisão será motivada e precedida de parecer da Comissão
Técnica de Classificação e do exame criminológico, quando necessário.”
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792,
de 1º.12.2003)
§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional,
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)”
A súmula vinculante 263, ainda que não dedicada ao tema, reforça a corrente
majoritária, como se vê na parte final de seu texto:
O primeiro requisito é o temporal: para fazer jus à progressão, é preciso que tenha
sido cumprido um sexto da pena imposta, nos crimes comuns, ou dois quintos, nos crimes
hediondos.
Segundo requisito é o bom comportamento carcerário, requisito que é
objetivamente verificado: basta que não cometa faltas no curso do cárcere para ser
considerado detento de bom comportamento. Cometida falta, não há bom comportamento.
Aqui vale uma cogitação: suponha-se que o agente cumpria a pena em regime
fechado, e, pouco tempo antes de preencher o requisito temporal, comete falta grave. O
tempo que, antes desta falta, comportou-se bem, será desprezado, tendo que reiniciar a
contagem de novo período de um sexto (ou dois quintos) desde a falta?
A jurisprudência tem entendido que sim: se cometeu a falta, desnaturou o bom
comportamento; mais do que isso, a falta grave enseja regressão de regime, e como no caso
não há regime mais severo do que o que já se encontra, fechado, se o tempo de boa conduta
não for desprezado, a falta grave permanecerá impune, pois nenhum efeito terá sobre a
execução. Para Renato Marcão, autor sobre o tema, portanto, o agente deverá começar do
zero um novo período para a progressão, pois caso contrário nada representaria aquela falta
grave.
Imagine-se que o indivíduo, que está em regime fechado, preenche os requisitos
para a progressão para o semi-aberto, e requer este benefício. Ocorre que o juiz da VEP
demora tanto a apreciar o pedido, que quando o faz já há preenchimento dos requisitos para
que a progressão para o regime aberto seja concedida. É possível esta progressão por saltos,
per saltum?
Há duas orientações. A primeira, pacífica no STJ, entende que o sistema penal não
permite que o condenado pule um regime de pena, pois a lei exige o cumprimento de
requisitos objetivos e subjetivos, em cada regime. Por isso, deve aguardar a concessão bem
como, se já concedido mas não há vaga no regime pretendido, o surgimento de tal vaga.
Negando a progressão por saltos, veja o HC 140.054 e o HC 81.203, do STJ:
“HC 140054 / SP. HABEAS CORPUS. Relatora Ministra LAURITA VAZ. Órgão
Julgador - QUINTA TURMA. Data do Julgamento: 17/11/2009. Data da
Publicação/Fonte: DJe 14/12/2009.
3
A leitura mais coerente desta súmula é a que apenas extrai a posição que foi amplamente adotada pelo STF,
antes da Lei 11.464/07 (que positivou a progressão do regime em crimes hediondos): na primeira parte,
assevera que o regime integralmente fechado era inconstitucional, e que o juiz observará esta decisão, não
podendo mais questionar se era ou não constitucional o regime integralmente fechado; em seguida, entrega ao
juiz a apreciação, no caso concreto, do preenchimento dos requisitos para a obtenção da progressão (que à
época seguia, como se sabe, o requisito temporal de um sexto da pena, e não os atuais dois quintos).
A segunda corrente, do TJ/RJ, defende que o preso não pode ser prejudicado pela
mora estatal em apreciar seu pedido, pelo que se à época da efetiva apreciação os requisitos
para o regime ainda mais brando estiverem preenchidos, é direito do condenado obter esta
progressão por saltos.
Quando a progressão a que faz jus é do semi-aberto para o aberto, e não há vaga
neste regime mais brando, a jurisprudência se divide, mas é sempre em prol do condenado:
no TJ/RJ, há decisões que dizem que o condenado deverá passar ao regime domiciliar; no
STF, porém, há decisões opostas, que reputam o regime domiciliar excepcionalíssimo,
previsto unicamente nas hipóteses do artigo 117 da LEP, e por isso incabível, sendo
necessário, portanto, que o preso seja posto em liberdade, até que surja a vaga no regime
aberto.
Na falta de vagas, diga-se, a progressão por saltos, para quem a admite, sequer
demandará o preenchimento dos requisitos para o regime ainda mais brando: se o STF até
mesmo coloca em liberdade aquele que faz jus a regime aberto, que dirá desconsiderar os
requisitos do regime mais brando: se está requerendo progressão para o semi-aberto, e
preenche os requisitos deste, mas não do aberto, mesmo assim será posto no regime aberto,
ainda que não preencha os requisitos deste, se não há vaga no regime a que faz jus, semi-
aberto.
O salto de duas gradações de regime – do fechado para o domiciliar ou para a
liberdade, se não há vagas no semi-aberto nem no aberto, por exemplo – não foi ainda
julgado na jurisprudência, mas a discussão deve ser a mesma, se lá chegar.
Veja outra questão: suponha-se que o condenado complete todos os requisitos para a
progressão de regime – ou para outro benefício executório qualquer – e requer este
benefício, mas o pedido simplesmente não é apreciado. Caberia HC?
A maioria da jurisprudência entende que o HC, neste caso, é cabível, mas não para,
no seu pedido, obter a concessão do benefício requerido, e sim para determinar que o juízo
da execução aprecie aquele pedido do benefício a que o condenado faz jus – pois se
concedido no próprio HC o benefício, há clara supressão de instância. Assim, na hipótese
de demora para apreciação de pedido de progressão, livramento condicional ou qualquer
outro benefício executório, é possível HC para reclamar a apreciação da concessão, mas
não a própria concessão em si, pois seria suprimida a instância do juiz da execução.
Regressão é o retorno para qualquer regime mais rigoroso, e esta dinâmica não
responde à gradação escalada que a progressão tem por regra: pode haver regressão do
aberto para o fechado, a depender da causa que a enseja.
A regressão está no artigo 118 da LEP:
entendeu que a prática de crime doloso é falta grave, sendo motivo de revogação do
livramento condicional, e por isso, por si só, também justifica a regressão. Veja:
A falta grave é, então, outro motivo de regressão da pena, e tais faltas estão nos
artigos 51 e 52 da LEP (sendo as faltas leves e médias regulamentadas por leis estaduais):
“Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.”
“Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso
provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 10.792,
de 1º.12.2003)
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena
aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas
horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios
ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem
e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº
10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório
ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).”
Um problema tremendo surge na previsão do § 2º do artigo 118 da LEP, que diz que
o réu deverá ser ouvido, quando das hipóteses de regressão por falta grave, por exemplo.
Ocorre que a oitiva, por vezes, é impossível – quando o réu está evadido, por exemplo –,
pelo que surge a questão: é possível a regressão cautelar de regime?
Há três orientações sobre o tema. Considerando que a fuga é uma falta grave, e a
prévia oitiva seja uma falta grave, a primeira corrente entende que em nome do poder geral
de cautela, o juiz da VEP deverá decretar a regressão cautelar, para, após a localização e
oitiva do condenado, a regressão cautelar ser ou não convertida em definitiva – corrente
esta que tem adesão no TJ/RJ.
Segunda corrente defende, ao contrário, que o poder geral de cautela autoriza o juiz
a criar medidas cautelares probatórias ou reais, mas em relação a cautelares pessoais, estas
se subordinam ao princípio da legalidade, de forma que o juiz não pode criar nenhuma
cautelar com esta natureza – e assim, nada há a ser feito com o réu evadido, eis que ele não
pode ser ouvido antes da decretação de regressão.
A terceira corrente defende a desnecessidade de se recorrer à regressão cautelar,
pois a ordem de captura terá como base a sentença condenatória transitada em julgado –
esta corrente também encontra adesão no TJ/RJ.
2. Remição
“Art. 127. O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo
remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar.”
Este artigo, para alguns, sequer teria sido recepcionado pela CRFB de 1988, pois
esta perda dos dias remidos consistiria em ofensa ao direito adquirido, pois a remição é uma
O raciocínio construído pelo STF é que a remição está submetida a uma condição
resolutiva negativa, qual seja, a ausência de falta grave pelo preso ao final da execução da
pena: uma vez que ele descumpre sua boa conduta carcerária, cometendo falta grave, esta
representa o implemento de condição resolutiva, derrogando o direito em aquisição à
remição que o trabalho vinha construindo. O STF sempre entendeu que a remição, assim
como o livramento constitucional, estão sujeitos a esta condição resolutiva, ou seja, são
institutos rebus sic stantibus – findo o prazo, deve ter cumprido todos os requisitos, sob
pena de revogação do benefício.
Só faz jus à saída temporária presos que cumprem pena em regime semi-aberto, e
para uma de três finalidades: visita à família; freqüência a curso profissionalizante; ou
participação em atividade ressocializante.
Cada autorização de saída é originalmente de sete dias, podendo ser renovada por
quatro vezes por ano. Quando para estudo, a autorização será pelo tempo necessário à
realização da atividade, na forma do artigo 124, parágrafo único, da LEP:
“Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
Parágrafo único. Quando se tratar de freqüência a curso profissionalizante, de
instrução de 2º grau ou superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes.”
“Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da
satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário,
e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.”
4. Trabalho extramuros
“Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado
somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração
Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a
fuga e em favor da disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a
remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento
expresso do preso.”
Casos Concretos
Questão 1
Resposta à Questão 1
De acordo com a Resolução 113 do CNJ, recém editada, já transcrita, bem como a
súmula 116 do STF, a execução provisória é possível, para beneficiar o réu. Veja a súmula:
“INFORMATIVO Nº 490
Progressão de Regime e Trânsito em Julgado. RHC – 92872.
A progressão no regime de cumprimento de pena independe do trânsito em julgado
da condenação. Com base nessa jurisprudência, a Turma proveu recurso ordinário
em habeas corpus para que o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
providencie a expedição da Guia de Recolhimento Provisório e a remeta
imediatamente ao Juízo da Execução Criminal competente, a fim de que este
decida, como entender de direito, se o recorrente preenche os requisitos objetivos e
subjetivos para a concessão do benefício. Ressaltou-se, de início, que o recorrente
não se limitara a solicitar ao STJ a progressão de regime.Formulara, também,
pedido subsidiário que, não examinado, resultara no presente recurso para que
fossem providenciadas as medidas administrativas necessárias à execução
provisória da pena.Invocara, no ponto, a Resolução 19/2006 do Conselho Nacional
de Justiça - CNJ. Entendeu-se que, embora o STJ não tivesse se manifestado sobre
a matéria, inexistiria empecilho para que o Supremo o fizesse, uma vez que a
omissão sobre um fundamento posto seria, em si mesmo, uma coação, e o tribunal
superior, reputando evidenciado o constrangimento ilegal, poderia cessá-lo de
imediato e não devolver o tema ao tribunal omisso. Assim, considerou-se que o TJ-
MG, ao afastar o óbice à progressão, deveria ter tomado, de ofício, as providências
para que a execução fosse processada, permitindo ao recorrente a formulação das
benesses eventualmente cabíveis. Aduziu-se que, admitida a execução provisória,
não se poderia impedir, por questões administrativas, que o recorrente obtivesse
benefícios a que teria direito, se fosse o caso de execução definitiva. Ademais,
afirmou-se ser a Lei de Execução Penal - LEP aplicável ao preso provisório (art.
2º, parágrafo único). Alguns precedentes citados: HC 85237/DF (DJU de
29.4.2005); HC 90893/SP (DJU de 23.11.2007); HC 87801/SP (DJU de
12.5.2006). RHC 92872/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, 27.11.2007. (RHC-92872)”
Questão 2
Resposta à Questão 2
“INFORMATIVO Nº 579
Cumprimento de Pena e Remoção para Presídio de Outra Unidade da Federação.
HC – 100087
A Turma deferiu habeas corpus para autorizar a remoção de condenado para
estabelecimento penal localizado em outra unidade da federação. No caso,
sustentava a impetração que o paciente — encarcerado em presídio paulista —
teria o direito de ver cumprida sua pena corporal em município localizado no
Estado da Bahia, na medida em que nesse residiriam os seus familiares. Alegava,
ainda, que o próprio Diretor do Conjunto Penal baiano informara haver
disponibilidade de vaga e que a unidadeprisional comportaria presos em regime
fechado. Entendeu-se que, pelo que se poderia constatar dos autos, as
penitenciárias seriam congêneres, haja vista que ambas seriam aptas a receber
presoscondenados no regime fechado, não havendo preponderância do
estabelecimento atual em relação àquele para o qual se pretenderia a transferência,
sobretudo no concernente ao quesito segurança máxima. Asseverou-se, ademais,
que, ao adotar tal posicionamento, ter-se-ia que o direito à assistência familiar e
seu respectivo exercício ficariam sobremaneira facilitados, assim como deflagrado
o processo de ressocialização, mitigando a distância e a dificuldade do contato do
preso com a família. HC 100087/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 16.3.2010. (HC-
100087).”
Tema II
Processo de execução das penas (continuação). - Do livramento condicional. - Das penas restritivas de
direito. - Da suspensão condicional.
Notas de Aula4
“Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso
provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 10.792,
de 1º.12.2003)
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena
aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas
horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios
ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem
e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº
10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório
ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).”
4
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 29/4/2010.
“Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado
do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho
do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de
requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra
autoridade administrativa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo
máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).”
transferência enviados pelo juízo responsável pela execução penal ou pela prisão
provisória.
§ 1º A execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que durar a
transferência, ficará a cargo do juízo federal competente.
§ 2º Apenas a fiscalização da prisão provisória será deprecada, mediante carta
precatória, pelo juízo de origem ao juízo federal competente, mantendo aquele
juízo a competência para o processo e para os respectivos incidentes.”
A lei reputa, portanto, que há conflito de competência, neste caso – o que não é
exatamente o que ocorre. De acordo com o artigo 9º, supra, se o juiz federal indeferir a
transferência, cabe ao juiz de origem suscitar conflito de competência perante o tribunal
competente, que em via de regra será o STJ.
O prazo de duração deste cumprimento de pena em presídio federal de segurança
máxima é determinado, e pode ser fixado no máximo em trezentos e sessenta dias, podendo
ser renovado o pedido, desde que presentes os motivos da transferência – renovação que, se
negada, acarreta o mesmo conflito de competência que o pedido original negado.
“Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
convertida em restritiva de direitos, desde que:
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;
III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão
recomendável.”
“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
(...)
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de
direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa.”
“Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.”
cesta-básica não se equipara nem a multa, nem a pena restritiva de direitos – a transação
penal que a comina sendo violadora da legalidade.
Em prol da cesta-básica, há uma corrente que defende que o objeto da transação
penal não é uma pena; logo, não há incidência do princípio da legalidade. Ademais, ainda
que fosse uma pena, o artigo 5º, XLVI, “d”, da CRFB, menciona a prestação social
alternativa como admissível, na qual se encaixaria a cesta-básica:
“(...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
(...)
d) prestação social alternativa;
(...)”
Casos Concretos
Questão 1
Resposta à Questão 1
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792,
de 1º.12.2003)
§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional,
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).”
Questão 2
Resposta à Questão 2
preceitos veiculados pela Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal, artigos 105, 147 e
164), além de adequados à ordem constitucional vigente (art. 5º, LVII: “ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”), sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637
do CPP, que estabelece que o recurso extraordinário não tem efeito suspensivo e,
uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à
primeira instância para a execução da sentença. Asseverou-se que, quanto à
execução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia aplicar o mesmo
entendimento fixado, por ambas as Turmas, relativamente à pena restritiva de
direitos, no sentido de não ser possível a execução da sentença sem que se dê o seu
trânsito em julgado. Aduziu-se que, do contrário, além da violação ao disposto no
art. 5º, LVII, da CF, estar-se-ia desrespeitando o princípio da isonomia. HC
84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009. (HC-84078).”
Tema III
Processo de execução das penas (continuação).- Execução das penas pecuniárias.- Indulto.- Reabilitação.-
Execução das medidas de segurança.
Notas de Aula5
5
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 29/4/2010.
Bitencourt ainda alega que é juridicamente impossível inscrever uma multa penal na
dívida ativa, mas não está correto, em sua assertiva, eis que a multa devida à Fazenda é
crédito fiscal, mesmo que não seja essencialmente tributário, como diz o artigo 39, § 2º, da
Lei 4.320/64 (que menciona multas de “qualquer origem ou natureza”):
Pode acontecer, em segunda hipótese, de a doença mental ter surgido após a prática
do crime. Se os peritos assim concluírem, o CPP diz, no artigo 152, que a ação penal ficará
suspensa, aguardando o restabelecimento do réu. Neste caso, ressalte-se, a prescrição da
pretensão punitiva continuará correndo em favor do réu, acontecendo efetiva hipótese de
crise de instância (quando o réu não pode ser perseguido criminalmente, mas a prescrição
continua correndo em seu favor).
Há duas orientações sobre o que se fazer nesta hipótese. Humberto Silva Franco
defende que o artigo 378 do CPP regulamenta a execução provisória de medidas de
segurança, e este dispositivo não foi alterado pela LEP, pois a própria reforma penal de
1984, que criou a LEP, alterou o artigo 42 do CP, no qual o legislador fez expressa menção
à medida de segurança antes do trânsito em julgado. Veja os dispositivos:
“Detração
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa
e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).”
“Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia
médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia.
§ 1º Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar a
remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz, que,
em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida.
§ 2º Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não
houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino
aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de
incapazes.”
Para Mirabete, não podemos aplicar este artigo supra, pois ele foi revogado pela
LEP, que em seu artigo 183 estabelece que o prazo é indeterminado:
3. Reabilitação
“Reabilitação
“Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.”
“Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou
certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer
notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de
nova infração penal ou outros casos expressos em lei.”
Casos Concretos
Questão 1
ANDRÉ foi condenado como incurso no art. 157, § 2º, I, do Código Penal a 5 anos
e 4 meses de reclusão, a serem cumpridos em regime inicialmente fechado. Durante a
execução da pena, ANDRÉ foi acometido de doença mental, o que ocasionou a
substituição da pena privativa de liberdade por medida de segurança (art. 183 da Lei de
Execuções Penais). Passados 6 anos da condenação, a defesa de ANDRÉ impetrou habeas
corpus, alegando constrangimento ilegal por estar o réu privado de sua liberdade por mais
tempo do que foi condenado. Deve ou não ser concedida a ordem de habeas corpus?
Resposta à Questão 1
Há quatro orientações sobre o tema: Luis Flávio Gomes defende que deve ser
aplicado o artigo 682 do CPP, e a medida de segurança durará no máximo o restante da
pena que fora aplicada; Mirabete defende que se aplica o artigo 183 da LEP, que estabelece
que o prazo é indeterminado; o STF diz que o tempo total de privação da liberdade
individual, considerando a pena e a medida de segurança, não pode ultrapassar trinta anos,
na forma do artigo 75 do CP; e o STJ, em recente posicionamento, adota uma quarta
orientação, de Zaffaroni e Rogério Greco, que defende que deve-se ter como parâmetro o
artigo 109 do CP, ou seja, deve-se tomar em conta o máximo da pena prevista em abstrato,
encaixar tal valor na tabela do artigo 109, e o prazo prescricional ali previsto será o tempo
máximo de contenção em medida de segurança.
Veja os julgados abaixo:
Questão 2
Elesbão foi condenado a seis meses de detenção, pena que, nos termos do art. 44, §
2º, do Código Penal, foi substituída por multa, a qual, todavia, não foi paga, apesar de
Elesbão ter sido intimado para efetuar o recolhimento da quantia devida. Nas
circunstâncias e tendo em vista o disposto no art. 44, § 4º do CP, indaga-se se, neste caso,
a multa deve ser convertida em pena privativa de liberdade.
Resposta à Questão 2
“HC 89073 / MG. HABEAS CORPUS. Relator Ministro JORGE MUSSI. Órgão
Julgador - QUINTA TURMA. Data do Julgamento 27/11/2008. Data da
Publicação/Fonte DJe 19/12/2008.
Ementa: HABEAS CORPUS. AMEAÇA. CONDENAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA RECLUSIVA POR MULTA. NÃO PAGAMENTO. CONVERSÃO EM
PRIVATIVA DE LIBERDADE. IMPOSSIBILIDADE. EXEGESE DO ART. 51
DO CP. COAÇÃO ILEGAL EVIDENCIADA.
1. A pena de multa não se encontra no rol do art. 43 do Código Penal, que a
doutrina e a jurisprudência entendem como exaustivo, o qual aponta quais são as
reprimendas restritivas de direitos.
2. Substituída a sanção reclusiva por uma de multa e, não quitada, não poderia o
magistrado determinar a sua reconversão, cabendo tão-somente transformá-la em
dívida de valor, nos termos do art. 51 do Código Penal, com a redação que lhe foi
conferida pela Lei n. 9.268/96, pois o previsto no art. 44, § 4º, primeira parte, do
CP, somente se aplica às penas restritivas de direitos.
3. Ordem concedida para cassar a decisão do Juízo singular que determinou a
conversão da pena de multa substitutiva em privativa de liberdade, confirmando-se
o alvará de soltura já expedido em favor do paciente.”
Tema IV
Notas de Aula6
1. Livramento condicional
6
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 30/4/2010.
Veja um problema: se o réu for primário, mas tiver maus antecedentes, qual é o
percentual da pena que deverá cumprir até poder obter o livramento condicional, o do
inciso I ou o do inciso II? Veja que este condenado está em uma posição intermediária, pelo
que o STJ entende que, nesta lacuna legal, o menor requisito é imposto, de acordo com o
princípio do favor rei, ou seja, este preso deverá cumprir meramente um terço da pena.
Pode o juiz da VEP exigir exame criminológico para fins de concessão do
livramento condicional? O artigo 112, § 2º, da LEP, estabelece que todos os requisitos da
progressão devem ser observados, na medida do possível, para fins de livramento. Logo, se
nossos tribunais admitem o exame para a progressão, o mesmo deve ser admitido para fins
de livramento. Reveja:
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792,
de 1º.12.2003)
§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2º Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional,
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)”
“Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de
prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das
2 (duas) penas.”
Para a corrente do MP, dos nove anos resultantes da soma, no caso, ou este réu terá
que cumprir novamente um terço da pena, se for ainda considerado tecnicamente primário,
ou metade, se considerado reincidente. Se a nova condenação gerar reincidência, então, terá
que cumprir ao menos quatro anos e meio para obter nova liberdade condicional; se for
apenas mau antecedente, cumprirá ao menos três anos. Para a corrente da Defensoria
“Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento.”
prática do crime de estelionato (CP, art. 171, caput) sustentava que a revogação da
suspensão condicional do processo, depois de findo o período de prova, não
poderia subsistir. Assentou-se que, na espécie, o paciente não cumprira duas das
condições impostas por ocasião da suspensão do seu processo, quais sejam: a) a
reparação do dano causado à vítima e b) o pagamento de cesta básica. HC
97527/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 16.6.2009.”
Casos Concretos
Questão 1
Resposta à Questão 1
Não: é incabível o HC, eis que a pena está sendo cumprida por conta de sentença
condenatória transitada em julgado.
A respeito, veja a jurisprudência abaixo:
“HC 34316 / RJ. HABEAS CORPUS. Relatora Ministra LAURITA VAZ. Órgão
Julgador - QUINTA TURMA. Data do Julgamento 28/09/2004. Data da
Publicação/Fonte DJ 25/10/2004 p. 370.
Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PÉSSIMAS CONDIÇÕES
DOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS. PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA.
COMPETÊNCIA DA VARA DAS EXECUÇÕES PENAIS.
1. O habeas corpus não é a medida cabível para o deferimento de transferências e
incidentes na execução de pena provisória ou definitiva, sendo que o órgão
competente para decidir acerca desses pleitos é a Vara de Execuções Penais ou
outro órgão que a Regimento Interno do Tribunal determinar.
2. A superlotação e as precárias condições dos estabelecimentos prisionais não
permite a concessão da liberdade aos sentenciados ou presos provisórios, visto que
foram recolhidos por decisões judiciais que observaram o devido processo legal.
3. Ordem denegada, com recomendação.”
transferência dos presos certamente já foi efetivada, não havendo, portanto, razão -
quanto aos condenados em definitivo - para regressarem à carceragem da referida
Delegacia de Polícia, por ser destinada apenas, a teor do art. 102 da Lei de
Execuções Penais, "ao recolhimento de presos provisórios."
5. Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.”
Tema V
Teoria geral das nulidades. Evolução da teoria das nulidades. Conceito. Natureza jurídica. Classificação.
Momento de reconhecimento. Formas de argüição. Efeitos.
Notas de Aula7
7
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 30/4/2010.
interesse das partes. Como exemplo, a não intervenção do MP em crimes de ação penal
privada, ou deixar de tomar o compromisso da testemunha.
Segundo vício é a nulidade relativa: trata-se da violação de regra que tutelava
interesse das partes, e a sua violação deve ser alegada em momento oportuno, sob pena de
preclusão. O seu reconhecimento está condicionado à demonstração do prejuízo. Exemplo é
a não intervenção do MP em crimes perseguidos em ação penal privada subsidiária da
pública.
Terceiro vício é a nulidade absoluta. Trata-se da ofensa à Constituição, e o prejuízo
é presumido. Esta nulidade pode ser alegada a qualquer momento, bem como pode o juiz
reconhecê-la de ofício, pois não ocorre preclusão. Estes parâmetros da nulidade absoluta
comportam duas exceções, em temas sumulados pelo STF. Veja primeiro a súmula 160 do
STF:
“Súmula 160, STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.”
Ada Pellegrini e o STF defendem corrente diversa, segundo a qual o ato inexistente
não produz nenhum efeito, sendo incapaz de formar coisa julgada – diferente do ato nulo,
que em determinadas hipóteses pode até ser convalidado, transitando em julgado.
O STF, de fato, tem algumas posições um tanto estranhas quando se trata de
nulidade. Veja um exemplo, veiculado no informativo 534:
472, parágrafo único, do CPP, determina que cópia da pronúncia será entregue a cada um
dos jurados, pelo que ainda poderá existir o efeito negativo desta pronúncia com excesso de
linguagem. Fica a ressalva. Veja o artigo:
1.1. Princípios
A análise do prejuízo deve envolver um duplo aspecto: primeiro, é preciso que haja
dano à garantia do contraditório, na forma do artigo 563 do CPP; segundo, é preciso haver
um comprometimento da correção da sentença, na forma do artigo 566 do CPP:
“Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.”
“Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.”
art. 185, § 2º, do CPP (com a redação incluída pela Lei 10.792/2003, antes do
advento da Lei 11.900/2009). Assentou que, na espécie, o prejuízo seria ínsito, na
medida em que o paciente não tivera contato prévio com o advogado de sua livre
escolha, o qual lhe é constitucionalmente garantido. Afirmou que o defensor dativo
somente pode atuar na hipótese de silêncio do acusado quanto ao credenciamento
direto de profissional da advocacia, todavia não com a automaticidade ocorrida na
situação em apreço. Após, pediu vista dos autos o Min. Carlos Britto. HC
98434/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, 13.10.2009.”
É possível que em determinadas hipóteses o ato viciado produza os efeitos que eram
dele esperados, desde que ocorra uma causa específica de convalidação. São regras comuns
de convalidação a preclusão e a coisa julgada.
A coisa julgada sana todos os vícios que poderiam ser alegados em prol da
acusação, pois, pro reo, há a possibilidade da revisão criminal.
Há regras específicas de convalidação na lei. A primeira está no artigo 570 do CPP:
Segundo este dispositivo, somente os atos decisórios e os que dele derivarem são
anulados, convalidando-se os demais. O problema está na atenção, hoje, ao princípio da
identidade física do juiz. Veja: de acordo com o artigo supra, a inobservância de regra de
competência territorial anula os atos decisórios permitindo o aproveitamento dos atos
instrutórios. Apesar deste dispositivo não ter sido revogado, ele deve ser interpretado nos
moldes da identidade física do juiz, ou seja, a reforma criou um limite temporal para o juiz
reconhecer a sua incompetência territorial, aplicando o artigo supra: até o momento de
abertura da AIJ, pois dali em diante será vinculado à prova que sob sua direção for
produzida.
Casos Concretos
Questão 1
Resposta à Questão 1
Veja a jurisprudência:
Questão 2
Resposta à Questão 2
“HC 24120 / RJ. HABEAS CORPUS. Relator Ministro PAULO MEDINA. Relator
p/ Acórdão Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA. Órgão Julgador - SEXTA
TURMA. Data do Julgamento 19/04/2005. Data da Publicação/Fonte DJ
05/03/2007 p. 318.
Ementa: HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. INQUÉRITO POLICIAL.
NULIDADES. NÃO CONTAMINAÇÃO DA AÇÃO PENAL. DOSIMETRIA DA
PENA. ERRO OU ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. CRIME ELENCADO
NA LEI 8.072/90. PROGRESSÃO DE REGIME. IMPOSSIBILIDADE.
CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º, §1º, DA LEI DE CRIMES
HEDIONDOS. ORDEM DENEGADA.
1. O entendimento desta Corte é pacífico no sentido de que eventuais nulidades
ocorridas no curso do inquérito policial não contaminam a subseqüente ação penal.
2. O posicionamento adotado por esta Corte é no sentido de que apenas nas
hipóteses de flagrante erro ou ilegalidade ocorridos na dosimetria da pena, com
violação do artigo 59, do Código Penal, pode-se reexaminar o decisum.
3. A constitucionalidade do artigo 2º, §1º, da Lei 8.072/90 já restou declarada pelo
Supremo Tribunal Federal, inexistindo qualquer decisão plenária infimando sua
adequação à atual Carta Constitucional.
4. Ordem denegada.”
“HC 27619 / GO. HABEAS CORPUS. Relator Ministro FELIX FISCHER. Órgão
Julgador - QUINTA TURMA. Data do Julgamento 05/02/2004. Data da
Publicação/Fonte DJ 08/03/2004 p. 298.
Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI.
ABSOLVIÇÃO. ANULAÇÃO. JULGAMENTO. APELAÇÃO. ERRO.
FORMULAÇÃO. QUESITO. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. FALTA DE
CORRESPONDÊNCIA. CONCEITO JURÍDICO NULIDADE CONFIGURADA.
I - Na coação moral, o coator exige que o coato pratique um fato ilícito com a
ameaça de impor-lhe, ou a alguém que lhe seja próximo, uma espécie de gravame
caso não seja praticada a ação pretendida. Se, para suportar a ameaça perpetrada,
for necessário o desprendimento de força extraordinária.
II - Quanto ao caso dos autos, pela simples leitura dos quesitos verifica-se que as
perguntas formuladas não correspondem ao conceito jurídico de coação moral
irresistível, razão pela qual a sentença que com base nelas decretou a absolvição
padece de nulidade.
Ordem denegada.”
“HC 55608 / RO. HABEAS CORPUS. Relator Ministro NILSON NAVES. Órgão
Julgador - SEXTA TURMA. Data do Julgamento 08/03/2007. Data da
Publicação/Fonte DJ 25/06/2007 p. 303.
“HC 41707 / SP. HABEAS CORPUS. Relatora Ministra LAURITA VAZ. Órgão
Julgador - QUINTA TURMA. Data do Julgamento 06/10/2005. Data da
Publicação/Fonte DJ 14/11/2005 p. 352.
Ementa: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO QUALIFICADO
E LATROCÍNIO TENTADO. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA
NÃO VISLUMBRADO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. ERRO
MATERIAL NA SENTENÇA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REPARAÇÃO A
QUALQUER MOMENTO. INDEFERIMENTO DO DIREITO DE APELAR EM
LIBERDADE. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR.
ILEGALIDADE.
1. Inexiste cerceamento de defesa na espécie, uma vez que os pedidos realizados
pela Defesa, visando à produção de provas, foram indeferidos pelo Juízo
sentenciante de forma fundamentada, por entender ser, diante do conjunto fático-
probatório, desinfluentes para a conclusão do reconhecimento da culpabilidade do
ora Paciente. Em sendo assim, adentrar nas razões que levaram o Magistrado ao
não acolhimento de tais requerimentos, demandaria, necessariamente, um exame
acurado das provas constantes dos autos, o que é inviável na via estreita do habeas
corpus.
2. Ademais, o fato de não ter sido intimada a Defesa, para réplica, da manifestação
ministerial, apresentada em virtude da argüição de preliminar levantada pela
própria Defesa, em suas alegações finais, também não enseja cerceamento de
defesa, traduzindo-se em mera aplicação do princípio do contraditório.
3. A análise das "inúmeras incongruências" ocorridas na sentença, mormente por
ocasião de erro na individualização das ações atribuídas aos Pacientes, conforme
alegado pelos Impetrantes, requer um aprofundado exame do material fático-
probatório dos autos, o que se afigura inviável em sede de habeas corpus, diante da
estreiteza de sua via.
4. A troca do nome de um dos réus, por equívoco, na sentença condenatória, pelo
nome de seu irmão, não tem o condão de ensejar qualquer nulidade, porquanto, em
se tratando de mero erro material, pode ser sanada a qualquer tempo. Precedente
desta Corte.
5. A custódia é medida excepcional e só pode ser decretada quando baseada em
fatos concretos que apontem para a sua necessidade, mesmo em se tratado de crime
hediondo. Na hipótese, a negativa ao apelo em
liberdade dos ora Pacientes, se deu com fundamentação genérica, amparada apenas
na hediondez do delito e nos vagos termos de que, soltos, pudessem por em risco a
aplicação da lei penal, bem como a vida das vítimas, sem apresentar qualquer
motivação concreta para tanto.
Tema VI
Teoria geral das nulidades (continuação). Nulidades nos recursos e na revisão criminal.
Notas de Aula8
1. Nulidades
A análise do artigo 564 do CPP, já transcrito, propugna ainda outras questões sobre
nulidades. Revejamos este artigo, por sua relevância:
8
Aula ministrada pela professora Elisa Ramos Pittaro Neves, em 3/5/2010.
“Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.”
simples. É imprescindível haver esta apreensão e exame pericial, mas parte do STF entende
que se houve disparo, está claro o potencial ofensivo da arma, e, sendo assim, dispensa-se a
apreensão e perícia.
A inobservância da alínea “c” do inciso III do artigo 564 do CPP, por ofensa à
ampla defesa, é causa de nulidade absoluta: é imperativa a nomeação de defensor ao réu
presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de vinte e um anos.
A alínea “d” do artigo 564, III, do CPP determina a intervenção do Ministério
Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte
ofendida, quando se tratar de crime de ação pública. A não intervenção do MP no processo
criminal é causa de nulidade? O que causa a nulidade, segundo o TJ/RJ, é a ausência de
intimação: se regularmente intimado o MP não atua, não há nulidade. Outra corrente,
porém, entende que a CRFB determina que cabe ao MP promover a ação penal, e por isso a
ausência de intervenção é causa de nulidade absoluta, por ofensa expressa à Constituição.
Na segunda parte da alínea “d” em comento, se trata da ação penal privada
subsidiária da publica. A não intervenção do MP nestas ações subsidiárias é causa de
nulidade relativa, conforme artigo 572 do CPP. Este artigo dá um prazo preclusivo para esse
vicio ser alegado, e por isso a nulidade é relativa. Veja:
“Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo
anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.”
“Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que
beneficiem ou prejudiquem o acusado; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de
requerimento, em seu prejuízo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008).”
intimado não comparece por livre manifestação de sua vontade – o que pode até mesmo ser
uma tática defensiva, e por isso deve ser acatada. Paulo Rangel, de fato, sempre questionou
a obrigatoriedade da presença do acusado no plenário, pois deveria ser opção dele
comparecer ou não. Hoje, a atual redação do artigo 457, §§ 1º e 2º, do CPP, dão ao réu a
opção de não comparecer:
“Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado
solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente
intimado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1º Os pedidos de adiamento e as justificações de não comparecimento deverão
ser, salvo comprovado motivo de força maior, previamente submetidos à
apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. (Incluído pela Lei nº 11.689, de
2008)
§ 2º Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o
primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa
de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 11.689,
de 2008).”
A nulidade da alínea “h” não persiste, porque os atos a que se refere – libelo e sua
contrariedade – não mais existem. Hoje, esta fase segue a previsão do artigo 422 do CPP:
Casos Concretos
Questão 1
Sílvio foi processado pela prática do crime previsto no art. 157 do CP. O juiz, com
base na prova testemunhal e documental, o condenou, fixando-lhe a pena de 4 anos e 3
meses de reclusão e 11 dias-multa. Em razão de recurso interposto, a defesa sustentou que
o processo era nulo, porque:1- o acusado, mesmo com endereço conhecido nos autos, foi
citado por edital, somente tendo sido interrogado porque compareceu espontaneamente ao
cartório para verificar o estado em que se encontrava o processo; outrossim, ao ordenar a
citação por edital, o juiz não expediu ofício aos estabelecimentos prisionais locais para
indagar sobre eventual prisão do acusado; 2- a defesa não foi intimada da data da
audiência de inquirição da testemunha arrolada pela acusação, ouvida por precatória;3- o
Ministério Público, mesmo intimado, não compareceu à data em que foi ouvida a única
testemunha da defesa;4- o juiz, mesmo encerrada a fase probatória, deferiu requerimento
do Ministério Público nas suas alegações finais e determinou a oitiva de testemunha
referida na instrução, que não fora arrolada na denúncia. Indique os argumentos que
poderiam ser utilizados pelo Ministério Público para rebater cada uma das alegações da
defesa do acusado e obter, por conseguinte, o improvimento do recurso.
Resposta à Questão 1
Questão 2
Rejane, denunciada juntamente com outros vinte e seis acusados pela prática de
três extorsões mediante seqüestro, foi definitivamente condenada a trinta e seis anos de
reclusão e está foragida. Posteriormente, a ajuizou revisão criminal, buscando a anulação
da sentença e o recolhimento do mandado de prisão expedido em seu desfavor. Argumentou
que, à época do fato, era menor de dezoito anos e que a denúncia mencionou erradamente
a data de seu nascimento. Provou o alegado com a certidão de se nascimento e com folha
de sua identificação do Instituto Félix Pacheco. Nas circunstâncias, indaga-se qual é a
solução a ser adotada quanto a Rejane.
Resposta à Questão 2
Tema VII
Teoria geral das nulidades (continuação). Análise de casos específicos (Jurisprudência dos Tribunais
Superiores).
Notas de Aula9
Neste capítulo, serão analisados alguns pontos especiais de toda a seara processual
penal, com o estudo de casos concretos específicos e enfrentamento de jurisprudência
notável.
Questão 1
apurava fato ali ocorrido. Qual a medida a ser tomada pelo juiz de Laje de Muriaé, se
declarar incompetente, rejeitar ou deixar de receber a denúncia? Por quê? Qual o recurso
cabível na hipótese?
Resposta à Questão 1
Questão 2
Resposta à Questão 2
Tecnicamente, essa medida cautelar é nula, pois há uma eleição de juízo, burlando o
juiz natural. Porém, a questão não está perguntando isso, mas sim se há prevenção: o juiz
que decretou a prisão não está prevento, pois só há prevenção quando houver a prévia
distribuição.
Assim, o promotor deve suscitar conflito de competência, não sendo caso de
conflito de atribuições, eis que quando já houver alguma cautelar, não é mais caso de
conflito de atribuições – somente durante o inquérito é caso de conflito de atribuições,
salvo se tiver alguma cautelar.
Questão 3
Resposta à Questão 3
Questão 4
Resposta à Questão 4
Sim, pois a ação é pública. Nas ações privadas, há divergência, sendo que o STJ e
Ada entendem que sim, pois é um direito subjetivo do acusado, podendo o MP o fazer na
qualidade de custos legis – mas há corrente contrária.
Questão 5
O Ministério Público denunciou Elesbão pela prática do fato descrito no art. 171
do Código Penal. O Juiz, ao argumento de que inexistia justa causa, rejeitou a inicial.
Interposto pelo MP o recurso cabível, deve Elesbão ser intimado para oferecer
contrarrazões?
Resposta à Questão 5
Questão 6
Resposta à Questão 6
“Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.”
Questão 7
Resposta à Questão 7
Não está correta, pois está ultrapassando a decisão de arquivamento, superando esta
decisão. Não pode instaurar outro inquérito para apurar o mesmo fato, superando a decisão
de arquivamento.
Trata-se de decisão terminativa.
A legitimidade é do PGJ.
Não, porque a súmula 524 do STF, nesse caso, exige prova nova. O
desarquivamento é para continuar investigando. Veja:
Questão 8
Resposta à Questão 8
O MP deve opinar pelo não recebimento da queixa por ausência de justa causa. Não
há aqui suporte probatório para que a queixa ser recebida.
Questão 9
Resposta à Questão 9
Sim: é prova que exige cooperação ativa, e ele não pode ser coactado a produzi-la.
Questão 10
O Ministério Público, por fato ocorrido nesta cidade, aos 06/07/93, ofertou
denúncia contra PEDRO por ter agredido PAULO, causando-lhe lesões corporais, dando-
o como incurso nas penas do art. 129 do Código Penal. O vestígio sensível da infração
penal resultou demonstrado por meio de boletim de socorro médico fornecido pelo hospital
municipal onde o ofendido foi socorrido após a agressão, uma vez que a vítima não
compareceu ao Instituto Médico Legal para ser submetida ao competente exame. O
processo teve andamento normal, culminando com a condenação do réu por aquele crime.
O imputado que, no curso do feito, nada alegara, apela, em tempo hábil, pretendendo a
declaração de nulidade do processo por falta de prova material da infração penal, sob o
fundamento de que o boletim médico-hospitalar de socorro não pode servir de prova das
lesões corporais sofridas pelo ofendido.
Pergunta-se: a nulidade argüida merece acolhida? Fundamente.
Resposta à Questão 10
Se a materialidade for comprovada por outra prova, não será caso de nulidade.
Questão 11
Resposta à Questão 11
Questão 12
Resposta à Questão 12
Não, pois a partir do momento que há prova nova, não é preciso desarquivar o
inquérito, podendo desde logo ajuizar a ação. Veja a súmula 524 do STF.
Veja que aqui não se trata de notícia de prova nova, mas a prova nova em concreto,
devendo, portanto, ser proposta a ação.
Questão 13
Resposta à Questão 13
Questão 14
A condenação de alguém pela prática de homicídio consumado pode ser ditada sem
existir nos autos o exame de corpo de delito direto ou indireto? Justifique.
Resposta à Questão 14
Pode, desde que a materialidade seja comprovada com outra prova. Polastri,
inclusive, reputa como exame de corpo de delito indireto qualquer prova, e não só a
testemunhal, como parece ser literal no CPP. Para a Defensoria, porém, não pode, pois o
exame de corpo de delito demonstraria a materialidade e a dinâmica do ato delituoso.
Questão 15
Resposta à Questão 15
Para a defensoria, o MP não pode investigar, pois é parte, e como parte, não
conduziria a investigação de forma isenta. Além disso, entende que o MP apenas fiscaliza a
atividade da policia, não podendo realizar essa função.
Essa posição já foi superada no STF, porém, podendo o MP realizar investigação.
Questão 16
Resposta à Questão 16
A proibição de prova ilícita e típica de sistemas acusatórios, sem contar que é uma
garantia individual que não pode ser mitigada.
Questão 17
Resposta à Questão 17
Se for caso de antecipar a aplicação da LEP, autoriza, sim, desde que para permitir
benefícios ao réu. Se o que se aborda, aqui, é a execução provisória no modelo “prisão
automática”, observar-se-ia o teor da súmula 267 do STJ:
Ocorre que esta prisão automática, sem cautelaridade, fere o princípio constitucional
da presunção de inocência, e por isso sempre se exige que haja cautelaridade a fundear a
prisão pré trânsito em julgado.
Questão 18
Para Polastri, a justa causa não é condição da ação, mas algo inerente a todas as
ações. Sua ausência é causa de rejeição da denúncia, na forma do artigo 395, III, do CPP:
“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
(...)
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719,
de 2008).
(...)”
Questão 19
Resposta à Questão 19
“Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994).”
Neste caso, a cautelaridade está na soma do inciso I e III do artigo supra (pois o II,
para a melhor doutrina, está inserido no I).
A prisão decorrente de sentença recorrível, automática, inexiste; a cautelaridade é a
mesma da prisão preventiva – que é de fato decretada, então.
Questão 20
Resposta à Questão 20
Questão 21
Resposta à Questão 21
Somente a incompetência relativa pode ser sanada pela prorrogação, quando então o
juiz que era incompetente passa a ser competente pela inércia das partes em argüir tal
incompetência em tempo. É a perpetuatio jurisdictionis.
Há quem defenda que a competência ratione materiae estabelecida por lei
infraconstitucional também é relativa, podendo ser prorrogada, tal como a territorial.
Questão 22
A prova testemunhal isolada vale, por si só, como corpo de delito indireto?
Fundamente.
Resposta à Questão 22
Sim, mas o modo como se produz gera duas orientações: para Helio Tornagui, a
testemunha tem que comparecer na presença do perito e narrar para o perito os fatos. Para o
STF, basta a testemunha comparecer em audiência e narrar o fato criminoso.
Questão 23
Questão 24
Resposta à Questão 24
Como não teve a posse mansa e pacífica, o crime não está consumado, seguindo-se
a teoria da ablatio. O STF, porém, segue a amotio, e assim estaria consiumado.
A autoridade policial não pode arbitrar fiança nesse caso, pois somente pode
decretar fiança nos casos de prisão simples e detenção.
Casos Concretos
Questão 1
Joaquim, industrial, foi procurado por determinada pessoa que se disse portador
de um recado de determinado fiscal de tributos. O recado era o de que Joaquim deveria
pagar vultosa quantia, a fim de evitar sua autuação por infração tributária. O
intermediário alertou Joaquim que nada comentasse e que o fiscal lhe telefonaria para as
necessárias combinações. O fiscal telefonou e o ofendido gravou a conversa, entregando a
fita ao Ministério Público, que denunciou o servidor público, que acabou condenado com
base na gravação da conversa. O réu apelou querendo ser absolvido, porque sua
condenação se baseou em prova obtida por meio ilícito. Indaga-se se o apelante tem razão.
Fundamente.
Resposta à Questão 1
Não se trata de crime, pois ele estava sendo extorquido – há legítima defesa, em
sentido amplo. Ada diz que a prova não é ilícita, em razão do direito de defesa em sentido
amplo, mas mesmo assim há posições defensivas que entendem que é prova ilícita, por uma
leitura absolutamente restritiva da interceptação criminal.
“HC 69204 / SP STF – Rel. Min. CELIO BORJA, Relator(a) p/ Acórdão Min.
CARLOS VELLOSO, j. 26/05/1992, SEGUNDA TURMA
PROCESSUAL PENAL. PENAL. PROVA CONSTANTE DE GRAVAÇÃO EM
FITA MAGNETICA. PENA: FIXAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
I. - PROVA CONSTANTE DE GRAVAÇÃO EM FITA MAGNETICA:
INOCORRENCIA DE ILEGALIDADE.
II. - INOCORRENCIA DE VÍCIO NA
FIXAÇÃO DA PENA, JA QUE ESTA FOI IMPOSTA COM RAZOAVEL
FUNDAMENTAÇÃO. AUMENTO DA PENA COMPATIVEL COM AS
REGRAS DOS ARTIGOS 59 E 68 DO COD. PENAL.
III. - INOCORRENCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. IV. - H.C.
INDEFERIDO.”