TEMA: O PADRÃO DE CONDUTA DE UM DISCÍPULO DE JESUS
TEXTO-BASE: Lc 6:20 a 49 DESENVOLVIMENTO: Jesus achava-se em Cafarnaum, cercado por grandes multidões. O Mestre lhes ensinava, curava-lhes as enfermidades e expulsava os espíritos imundos (Lc 6:18). Lucas registra que este Sermão ocorreu em um lugar plano, enquanto que Mateus descreve que foi em um Monte (Mt 5, 6 e 7). Embora o sermão descrito no livro de Lucas seja muito mais breve que o de Mateus, ambos começam com as bem-aventuranças e terminam com a lição dos construtores. Partes do sermão de Mateus acham-se em outras partes de Lucas (11.2-4; 12.22- 31,33,34), o que faz supor que o assunto pode ter sido apresentado em várias ocasiões na pregação de Jesus. Ambos os evangelistas mencionam que este discurso foi proferido para os discípulos de Jesus. Mateus relata que no término do sermão, as “multidões” estavam maravilhadas com o ensino de Jesus (Mt 7.28), dessa forma o termo “discípulos” pode ter um sentido mais amplo, não se referindo somente aos Doze. Ou talvez o sermão fosse dirigido aos Doze, com as multidões também escutando. 1. O CAMINHO PARA A FELICIDADE - AS BEM-AVENTURANÇAS: No Grego, esta palavra significa “Makarios”, “feliz”, “abençoado” e está relacionada ao bem- estar máximo e à alegria espiritual exclusiva dos que estão em paz com Deus. No início de seu discurso Jesus usa palavras que parecem contradizer-se. 1.1. FELIZES OS POBRES: Lc 6:20b - Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Lucas parece se referir à pobreza e à abastança literais, haja vista que nesta época muitos judeus eram pobres. O próprio Jesus já frisara a barreira quase que insuperável que as riquezas constituem para a entrada no reino de Deus (Lc 18:24, 25). Felizes são aqueles que não trocam os bens mundanos pela herança incorruptível de Cristo (Fp 3:7,8; 1 Pe 1:3-9). 1 Tm 6:10 - Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mt 5.3 - Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. O sentido empregado por Mateus (5:3) não se restringe à pobreza material, mas mostra que Jesus falava da pobreza “em espírito”, ou seja, aqueles que agem em contraposição com os espiritualmente orgulhosos e auto-suficientes. Ser discípulo de Jesus requer simplicidade, humildade, mansidão e bondade. O orgulho é uma das raízes principais do pecado, enquanto que a humildade de espírito é uma das raízes da virtude cristã. 1.2. FELIZES OS QUE TÊM FOME: Lc 6:21a - Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Naquele tempo a fome golpeava as famílias pobres em tempo de escassez. Jesus usa a comparação da fome e da sede como ilustração para ensinar que seus seguidores devem sentir essa mesma necessidade espiritual e de justiça (Mt 5:6 “...e sede de justiça”). Devemos ter a fome que valoriza o Pão do Céu bem mais que o alimento físico (Lc 4:4; Jo 6:35). Assim como o alimento sustenta a vida física, a alma também tem fome e sede (Mt 6:33). Sl 42:1 - Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus! 1.3. FELIZES OS QUE CHORAM: Lc 6:21b - Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Novamente Jesus está falando de um exercício espiritual, e não da expressão de tristeza pessoal devido a alguma perda pessoal. Feliz aquele que se entristece e chora por seus pecados e se arrepende a ponto de abandoná-los (2 Tm 2:19). Ez 36:31 - Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniqüidades e das vossas abominações. Is 61:1 - O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas- novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; 2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; 3 a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito. 1.4. FELIZES OS QUE SÃO PERSEGUIDOS: Lc 6:22 - Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem. Jo 16.2 - Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus. Pessoas religiosas muitas vezes perseguiram e ainda continuam a perseguir o próximo com a forte convicção de que isso é o correto (At 26.9-11; Gl 1.13,14). Jo 15.21 - Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou. Como os cristãos não pertencem ao mundo, é inevitável a perseguição. O motivo básico é o desconhecimento por parte do mundo e sua rejeição do Pai. 1 Pe 4:14 - Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória, o Espírito de Deus. 15 Que nenhum de vós, entretanto, padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se entremete em negócios alheios; 16 mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus neste nome. Lc 6:23 - Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos profetas. Todo sacrifício por causa de Cristo terá seu galardão, neste mundo presente como no mundo futuro. De forma contrária às bem-aventuranças nos v. 24 ao 26 Lucas descreve os “ais”, como sinal de dor ou desagrado. Ais para a riqueza, a fartura, o prazer e o louvor do mundo material (1 Jo 2:15- 17). 2. ADMOESTAÇÕES ÉTICAS: 2.1. AME O PRÓXIMO: Jesus passa a ensinar os princípios de santidade que devem governar seus verdadeiros discípulos, no Reino, e condenarão os rebeldes no juízo final. Lc 6:27 - Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, 28 bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. 29 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica. 30 Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames. 31 Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também. A tônica do ensino de Jesus é o amor. Os seguidores de Jesus são obrigados a amar até mesmo seus inimigos por meio de ações de graças que os beneficiem e de orações para ganhá-los para Cristo. Repita: DISCÍPULO DE JESUS FAZ COM OS OUTROS O QUE GOSTARIA QUE FIZESSEM COM ELE (Gl 5:14; 1 Pe 1:22). Não devemos ter atitudes de retaliação. capa [...] túnica. A capa era um tipo de casaco externo, debaixo do qual se usava uma túnica. Lc 6:31 - Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam. 33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo. 34 E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus. 36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. O termo “misericordioso” aqui empregado pode refletir a mesma palavra em aramaico traduzida por “perfeito” em Mt 5.48 - Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês. Cristo estabelece o ideal sublime do amor perfeito. Alguns podem achar que é impossível alcançá-lo totalmente nesta vida. No entanto, Jesus deixa claro qual deve ser o padrão de Deus para nós, cabe a nós persegui-lo diariamente, de glória em glória (2 Co 3:18), de fé em fé (Rm 1:17). As recompensas do reino dos céus são dadas aos que servem sem pensar em recompensas. Não há o mínimo indício de mérito aqui, pois Deus dá conforme a graça, não segundo nossos méritos. No entanto, o que Deus contempla são os esforços que fazemos para alcançar este padrão nesta vida. Fp 3:12 - Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus. 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, 14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. 2.2. NÃO JULGUEIS: Lc 6:37 - Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Jesus não aliviou seus seguidores da necessidade de discernir entre o certo e o errado, mas condenou o modo injusto e hipócrita de julgar o próximo. 2.3. SEJA UM ABENÇOADOR: Lc 6:38 - Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós. At 20:35 - Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem- aventurada é dar do que receber. Quando contribuímos materialmente para as pessoas, tanto o necessitado é abençoado como também aquele que dá também recebe a benção. Este é o princípio da Semeadura (Gl 6:7). 3. CONTRASTES ENTRE O ENSINO ÉTICO DE JESUS E AS TRADIÇÕES LEGALISTAS JUDAICAS: 3.1. RESPONSABILIDADES DE UM LÍDER ESPIRITUAL: Jesus passa a ensinar a respeito da responsabilidade existente em uma liderança espiritual (Tg 3:1). O ponto aqui é que a pessoa deve aprender o modo certo e receber a correção antes de ensinar os outros. Lc 6:39 - E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco? 40 Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre. 41 Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? 42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. Jesus empregou a hipérbole do cisco no olho (figura de linguagem que exagera os fatos para lhes conferir realce) a fim de estabelecer um nítido contraste e para ressaltar como somos tolos e hipócritas quando condenamos as falhas alheias e permanecemos cegos diante das nossas grandes faltas. 3.2. MUDANÇA GENUÍNA: Lc 6:43 - Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 44 Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas. 45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. 4. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOS ENSINAMENTOS DE JESUS: O sermão termina com uma parábola breve que ressalta a importância de praticar o que acaba de ser ensinado. Lc 6:43 - E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo? 47 Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante: 48 É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada. 49 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa. CONCLUSÃO: 1. O CAMINHO PARA A FELICIDADE - AS BEM-AVENTURANÇAS: 1.1. FELIZES OS POBRES; 1.2. FELIZES OS QUE TÊM FOME; 1.3. FELIZES OS QUE CHORAM; 1.4. FELIZES OS QUE SÃO PERSEGUIDOS. 2. ADMOESTAÇÕES ÉTICAS: 2.1. AME O PRÓXIMO; 2.2. NÃO JULGUEIS; 2.3. SEJA UM ABENÇOADOR. 3. CONTRASTES ENTRE O ENSINO ÉTICO DE JESUS E AS TRADIÇÕES LEGALISTAS JUDAICAS: 3.1. RESPONSABILIDADES DE UM LÍDER ESPIRITUAL; 3.2. MUDANÇA GENUÍNA. 4. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOS ENSINAMENTOS DE JESUS: