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Alterações morfofuncionais em

processo Cicatricial induzidos


pela técnicada Crochetagem
por
|
Baumgarth, Henrique; Estevez, M.B. Isabella¹; Teixeira, S. Paula¹;
Lino, B. Raphael¹ Gonçalves, S. Vinícius¹, Silva, Rodrigo Freitas
Orientador: José da Rocha Cunha², Co-orientador: Gláucio Felliciano Diré³,

O
presente estudo foi realizado com
ratos da linhagem Wistar submeti-
dos a uma incisão cutânea e após 3
semanas tratados com a técnica da
crochetagem. A pesquisa teve como objetivo
principal a avaliação das possíveis alterações
que a crochetagem poderia gerar no tecido
cicatricial a nível morfológico. A crochetagem
foi feita uma vez ao dia durante sete dias, com
os ratos sedados para facilitação do manuseio,
com um gancho de tamanho menor. Foi re-
alizada então, análise das lâminas histológicas
onde se observou que o grupo tratado apre-
sentou cavitações nas regiões dérmicas com
grande diâmetro e essa dispersão pode estar
associada com uma nova síntese de colágeno.
Ao contrário do que foi percebido no grupo
não tratado onde foram observadas fibras de
colágeno sem cavitações. Conclui-se que a
crochetagem poderá estimular uma síntese
de colágeno. Assim sendo, o estudo contribui
para esclarecer supostos efeitos sobre a téc-
nica, a qual está muito difundida e sem nen-
huma comprovação cientifica sobre seus reais
efeitos, necessitando mais pesquisas, com
causuísticas específicas.
A crochetagem é uma técnica manipulativa
desenvolvida pelo fisioterapeuta Kurt Ekman,
colaborador do doutor James Cyriax que
buscava superar as limitações das técnicas
convencionais de palpação anatômica. A téc-
nica baseia-se na utilização de ganchos onde
estes apresentam duas curvaturas diferentes
em suas pontas, permitindo, assim, o con-
tato com os múltiplos acidentes anatômicos
e são utilizados na quebra de aderências do
sistema músculo-esquelético. Seus objetivos
principais são o rompimento de pontos de fi-
brose nas cicatrizes aderidas e o aumento da
circulação sanguínea e provavelmente na cir-
culação linfática. Esta é uma técnica que está
sendo bastante difundida entre os fisioter-
apeutas mesmo não existindo estudos cientí-
ficos sobre seus efeitos (BAUMGARTH, 2005).
O tecido conjuntivo é caracterizado, morfo-
logicamente por apresentar vários tipos de
células tais como: macrófagos, mastócitos,
adipócitos, fibroblastos, condroblastos, oste-
oblastos e hemocitoblastos que estão sepa-
radas por um farto material extracelular que
é sintetizado pelas próprias células deste teci-
do. Essas células podem ter uma função espe-
cializada e assim formam outro tecido, quan-
do isso ocorre, chama-se de tecido conjuntivo
especializado. Quando na matriz extracelular
encontram-se mais células do que fibras e
estas têm uma configuração irregular dá-se
o nome de conjuntivo frouxo onde este visa
completar os espaços entre as fibras e feixes
musculares, apóia e nutre as células epiteliais.
Na sua porção densa encontra-se um acen-
tuado aumento de fibras colágenas que, caso
estejam orientadas no sentido de oferecer o
máximo de resistência às trações classifica-se
como denso modelado (JUNQUEIRA e CAR-
NEIRO, 2004).
O tecido chamado pele é caracterizado por
apresentar estruturas anexas como a derme,
a hipoderme e a epiderme; com funções de
proteger o organismo contra evaporação, co-
labora com a termorregulação, excreção de
substâncias, protetora contra os raios ultra-
violeta e assume um papel na resposta imu-
nitária do organismo; apresentam também
em sua composição glândulas sudoríparas e
sebáceas (MORISCOT, CARNEIRO e ABRAHAM-
SOHN, 2004).
O processo de cicatrização ocorre devido
a uma ação de descontinuidade da pele
que, após uma ferida, geram, em seqüência,
reações no organismo (inflamação, recon-
strução, epitelização, maturação), assim acon-
tecendo a regeneração com a recomposição
da atividade funcional do tecido, ou pela cica-
trização com restabelecimento da homeosta-
sia do tecido com perda de sua atividade fun-
cional ou pela formação de cicatriz fibrótica
(DEALEY, 2001).
Os objetivos deste estudo foram avaliar os
possíveis efeitos em nível morfológico, em
tecido cicatricial dos ratos os quais foram sub-
metidos à técnica da crochetagem, através de
análises morfológicas. Esta pesquisa irá anal-
isar quais são essas alterações no tecido con-
juntivo gerado pela técnica da crochetagem.
Este estudo foi realizado com ratos Wistar
divididos em dois grupos: grupo controle e
grupo experimental, onde o grupo experi-
mental foi submetido a uma incisão cirurgia
seguida de uma síntese cutânea para for-
mação de uma cicatriz e depois da absorção
total dos pontos foi submetido à técnica da
crochetagem no local da lesão e no final foi
realizado um estudo comparativo entre esses
dois grupos.
A pesquisa se torna relevante ao associar essas
alterações morfológicas provocadas pela téc-
nica no auxílio do tratamento de algumas pa-
tologias e ao mesmo tempo tornar cientifico
uma técnica muito difundida na atualidade;
mas com referências cientificas escassas.
EMBASAMENTO TEÓRICO
O tecido conjuntivo é caracterizado, mor-
fologicamente por apresentar vários tipos
de células tais como: macrófagos, mastóci-
tos, adipócitos, fibroblastos, condroblastos,
osteoblastos e hemocitoblastos que estão
separadas por um farto material extracelular
que é sintetizado pelas próprias células deste
tecido. Essas células podem ter uma função
especializada e assim formam outro tecido,
quando isso ocorre, chamamos de tecido con-
juntivo especializado. O material extracelular
é formado pelas fibras do conjuntivo (colá-
genas, elásticas e reticulares) e a substância
fundamental que é um gel viscoso que con-
tendo moléculas (glicosaminoglicanas, pro-
teoglicanas e glicoproteínas adesivas) que se
expandem ao serem combinadas com eletról-
itos e moléculas de água (FRITZ, PAHOLSKY e
GROSENBACH, 2002; JUNQUEIRA, 2005).
A classificação é dada de acordo com os el-
ementos de maior predominância e seu ar-
ranjo estrutural. Quando na matriz extrace-
lular encontram-se mais células do que fibras
e estas têm uma configuração irregular dá-se
o nome de Conjuntivo Frouxo onde este visa
completar os espaços entre as fibras e feixes
musculares, apóia e nutre as células epiteliais.
Na sua porção densa encontramos os mesmos
elementos do Frouxo, porém com acentuado
aumento de fibras colágenas que caso este-
jam orientadas no sentido de oferecer o máxi-
mo de resistência às trações classificamos de
Denso Modelado, sendo o tendão formado
por este tipo de tecido. Caso ocorra o inverso,
fibras não organizadas formando uma trama
tridimensional oferecendo resistência às
trações em vários sentidos e direções e ao im-
pacto, dá-se o nome de Denso não Modelado
(JUNQUEIRA e CARNEIRO, ; MO-RISCOT, CAR-
NEIRO e ABRAHAMSOHN, 2004).
A pele é considerada um dos maiores órgãos
do corpo humano, recobrindo toda a super-
fície do organismo. É constituída de duas
porções: epitelial de origem ectodérmica,
chamada epiderme e conjuntiva de origem
mesodérmica, chamada derme. Apresenta
também estruturas anexas (peles, unhas e
glândulas sudoríparas e sebáceas) (GARTNER
e HIATT, 2003; JUNQUEIRA e CARNEIRO,
2004).
Em uma camada mais profunda da derme
em sua continuidade está à hipoderme que,
não sendo considerada parte da pele, ap-
enas serve de suporte aos órgãos subjacentes
(GARTNER e HIATT, 2003; JUNQUEIRA e CAR-
NEIRO, 2004).
Epiderme constitui-se por um epitélio es-
tratificado pavimentoso queratinizado, de
origem ectodérmica, sendo responsável pela
impermeabilidade da pele o que dificulta a
evaporação da água pela superfície corporal.
Apresenta cinco camadas: basal, espinhosa,
granulosa, lúcida e córnea; É constituída de
três tipos de células: os melanócitos, as célu-
las de Langerhans e as de Merkel (GARTNER e
HIATT, 2003; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).
A pele é considerada um
dos maiores órgãos do
corpo humano, recobrindo
toda a superfície do
organismo.
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As células de Langerhans fazem parte do sis-
tema imunitário com a capacidade de proces-
sar e acumular os antígenos na sua superfície,
apresentando-os aos linfócitos, que são célu-
las originadas da medula óssea pelo sangue.
As células de Merkel são consideradas secre-
toras de hormônios e alguns pesquisadores
citam-na como mecano-receptoras. Tais célu-
las estão implicadas na liberação de prostag-
landinas a partir da estimulação com ácido
nicótico (MACIEJEWSKI-LENOIR et al., 2006)
A camada basal contém células germinativas
da epiderme, com intensa atividade mitótica,
sendo responsável pela constante renovação
da mesma; camada espinhosa apresenta
pequenas expansões citoplasmáticas que
contém fibrilas, essa por sua vez juntamente
com os desmossomos tem importante pa-
pel na manutenção da coesão das células da
epiderme e na sua resistência ao atrito; ca-
mada granulosa é constituída por um grande
material protéico conferindo, assim, grande
resistência à membrana celular (GARTNER e
HIATT, 2003; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).
Na derme encontra-se apoiada à epiderme
pelas papilas dérmicas trazendo maior re-
sistência à pele. Apresenta duas camadas: a
camada papilar, formada por fibrilas especiais
de colágeno com função de fixar a derme à
epiderme e a camada reticular. Ambas ap-
resentam em sua constituição fibras elásti-
cas, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. A
disposição irregular de colágeno está rela-
cionada com desordens e fragilidade tissular
(HERMANNS-LE e PIERARD, 2006).
Hipoderme é responsável pelo deslizamento
da pele sob as estruturas que estão apoiadas
e apresenta uma camada variável de tecido
adiposo que, ao estar desenvolvida, constitui
o panículo adiposo, proporcionando, assim,
proteção contra o frio. Funções de proteção do
organismo contra evaporação colaboram com
a termorregulação, excreção de substâncias,
função protetora contra os raios ultravioletas
e assume um papel na resposta imunitária do
organismo; esta resposta se dá pela presença
de linfócitos na derme e células portadoras
de antígenos na epiderme (GARTNER e HIATT,
2003; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).
Os vasos sanguíneos presentes na pele se sep-
aram em dois plexos de vasos arteriais e três
plexos de vasos venosos. Também apresentam
anastomoses arteriovenosas com “glomus”
que têm papel importante no mecanismo de
termorregulação do organismo.
Apresentam também vasos linfáticos e ner-
vos, onde a sua mais importante função é a
de receber sensações do ambiente, por isso
é ricamente inervada. As terminações nervo-
sas sensitivas se encontram na derme e na
hipoderme. A função tátil se dá devido aos
folículos pilosos, e a epiderme apresenta fi-
bras nervosas livres (GARTNER e HIATT, 2003;
JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).
A capacidade auto-regenerativa do tecido é
um fenômeno universal e se dá após o feri-
mento, ocorrendo uma seqüência de reações
físicas, químicas e biológicas cuja finalidade é
reconstruir a continuidade tecidual que foi in-
terrompida, e ocorre de duas formas: pela re-
generação com a recomposição da atividade
funcional do tecido ou pela cicatrização com
restabelecimento da homeostasia do tecido
com perda de sua atividade funcional pela
formação de cicatriz fibrótica (HADDAD et al.,
2000; BALBINO et al., 2005).
A cicatrização de acordo com Mendonça,
(2006), ocorre para restaurar a integridade
anatômica e funcional do tecido; para que isso
aconteça, eventos bioquímicos e celulares es-
tão envolvidos nesse processo, resultando, as-
sim, na resposta tecidual à lesão.
Mandelbaum et al., (2003), descrevem que,
como fator desencadeante da cicatrização
deve se ter a perda tecidual, a partir da qual
o fisiologismo volta-se completamente para o
reparo de evento danoso ao organismo.
Na Antiguidade, por volta do ano de 350 a.C.,
Hipócrates já estudava e citava a cicatrização e
seu processo separando-o em dois tipos. Dea-
ley (2001) vem exemplificado esses dois tipos
que são: cicatrização por primeira intenção
que acontece quando não há perda de tecido
e as bordas da pele se mantêm justapostas;
cicatrização por segunda intenção, a qual
ocorre quando há perda de tecido e as bordas
estão bem afastadas. O processo cicatricial é
sistêmico e dinâmico e está diretamente re-
lacionado às condições gerais do organismo.
Este processo é composto por quatro fases.
A resposta inflamatória é uma reação local
não-específica à lesão do tecido e/ou res-
posta bacteriana. É uma parte importante
dos mecanismos de defesa do corpo, tem
duração de quatro a cinco dias com apareci-
mento dos sinais flogísticos (dor, calor, rubor
e edema). Em uma lesão traumática ou inten-
cional onde haja danos aos vasos sanguíneos,
a primeira resposta do organismo é inter-
romper o sangramento; para isso, ocorre uma
vasoconstricção seguida pela liberação de
uma proteína plasmática, denominada fator
de Von Willebrand das células endoteliais e
das plaquetas, resultando em uma agregação
plaquetária (tampão). E por último, a iniciação
da cascata de coagulação e a formação do
coágulo fibrinoso. Cessado o sangramento,
as primeiras células de defesa que chegam à
ferida são os neutrófilos. Isso ocorre devido
à ação da fibronectina que atrai essas células
através da quimiotaxia (MANDELBAUM et al.,
2003; DEALEY, 2001).
Os neutrófilos têm a função de fagocitar as
bactérias e, em seguida, se deterioram devi-
do à incapacidade de regenerar as enzimas
exigidas para esse processo. Os macrófagos
(monócitos) chegam ao tecido lesionado para
fagocitar células maiores tais como detritos
necróticos, bactérias e neutrófilos mortos. Para
que isso aconteça é fundamental a presença
de oxigênio; caso a pressão caia abaixo de 30
mmHg a capacidade fagocitária é reduzida.
Os linfócitos-T influenciam na atividade fagoc-
itária dos macrófagos produzindo os fatores
estimulantes da colônia (prostaglandina) para
manter a permeabilidade capilar e a vasodi-
latação. É sabido que os queratinócitos são
capazes de produzir citocinas e quimocinas
indutoras de resposta inflamatória quando
estimuladas por raios ultravioletas B, a qual
pode ser mediada pela vitamina C (KANG et
al., 2006).
A fase de reconstrução caracteriza-se pelo
desenvolvimento de tecido de granulação. É
composta por uma matriz indefinida de fibri-
na, fibronectina, colágeno, ácido hialurônico e
outras glicosaminoglicanas. Dentro da matriz
podem-se encontrar macrófagos, fibroblas-
tos e vasos sanguíneos recém-formados. Os
macrófagos produzem o fator de crescimento
derivado das plaquetas (FCDP) e o fator de
crescimento dos fibroblastos (FCF), que são
quimiotáticos para fibroblastos, atraindo-os
para a ferida e estimulando-os a se dividir e,
em seguida, a produzir fibras do colágeno. A
fibronectina também aumenta a atividade dos
fibroblastos. Nas feridas encontra-se o colág-
eno do tipo III (DEALEY, 2001; IRION 2005).
Além de sintetizar colágeno os fibroblastos
têm papel importante para o fechamento de
feridas. Os miofibroblastos (fibroblastos espe-
cializados) possuem um mecanismo contrátil,
similar ao das células musculares lisas, provo-
cando a contração da ferida, havendo redução
da área de superfície das feridas abertas. Essa
contração é responsável por 40% a 80% do fe-
chamento da ferida. Nas feridas sem cavidade
essa contração pode levar a contraturas (DEA-
LEY, 2001; IRION 2005).
Epitelização: é a fase na qual a ferida está co-
berta por células epiteliais. Os macrófagos
liberam o fator de crescimento da epiderme
(FCE), que estimula a proliferação e migração
das células epiteliais. As células escamosas
sintetizam a fibronectina (DEALEY, 2001; IRION
2005).
Muitos autores, como Mandelbaum et al,
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(2003), citam essa fase como a de proliferação,
a qual é dividida em três subfases. A primeira
é a de reepitelização; a segunda, de fibroplasia
que é extremamente importante na formação
do tecido de granulação e a última, de angi-
ogênese que é essencial para o suprimento de
oxigênio e nutrientes para a cicatrização.
Na fase de maturação a ferida fica menos vas-
cularizada, pois se reduz a necessidade de
levar células até o local da lesão. As fibras de
colágeno se reorganizam em ângulos retos às
margens da ferida; dura meses e é responsável
pelo aumento da força de tensão e pela di-
minuição do tamanho da cicatriz e do eritema.
Uma cicatrização normal tem aproximada-
mente 80% da força de tensão da pele normal,
não é volumosa e é plana. Também chamada
de fase de remodelação (MANDELBAUM et al.,
2003; PRENTICE 2004).
Os fatores locais são ligados à ferida tais como:
dimensão e profundidade da lesão, grau de
contaminação, presença de secreções, he-
matoma e corpo estranho, necrose tecidual
e infecção local; os fatores sistêmicos estão
relacionados ao paciente, como por exemplo:
faixa etária, estado nutricional, doenças crôni-
cas e terapia medicamentosa associada. Eles
podem exercer influência na qualidade da cic-
atriz, no tempo de cicatrização e na presença
ou não de complicações (BIONDO-SIMÕES et
al., 2006).
Existem várias formas de cicatrização nor-
motrófica que ocorre quando a pele adquire
o aspecto de textura e consistência anterior
ao trauma; a atrófica quando sua maturação
não atinge o trofismo fisiológico esperado,
surgindo, geralmente, por perda de substân-
cia tecidual ou sutura cutânea inadequada; a
hipertrófica ocorrendo quando o colágeno é
produzido em quantidade normal, mas a sua
organização é inadequada, oferecendo aspec-
to não harmônico. A cicatriz respeita o limite
da pele e as bridas cicatriciais/contratura, são
cicatrizes indesejadas localizadas nas regiões
articulares e, por essa razão, podem provocar
limitações funcionais (DEALEY, 2001; PREN-
TICE, 2004).
Alguns problemas podem acontecer no decor-
rer do processo de cicatrização de feridas, pro-
vocando cicatrizes hipertróficas que ocorrem
quando há uma resposta extrema do tecido
fibroso durante o processo de cicatrização, le-
vando a uma excessiva deposição de colágeno
e a uma crosta grossa. Essas cicatrizes são mais
comuns após lesão traumática; ocorre logo
após a lesão ou cirurgia e se limitam à área
da lesão; quelóides que resultam da excessiva
resposta fibrosa, levam algum tempo para se
formar, podendo aparecer anos após a lesão
inicial. Os quelóides não se comprimem com
o passar do tempo e as contraturas ocasional-
mente a contração, continua depois de ocor-
rida a reepitelização, resultando em contração
da cicatriz (DEALEY, 2001; IRION, 2005).
A crochetagem é uma técnica manipulativa
desenvolvida pelo fisioterapeuta Kurt Ekman,
colaborador do doutor James Cyriax devido à
limitação das técnicas convencionais de pal-
pação anatômica. A técnica baseia-se na uti-
lização de ganchos que apresentam duas cur-
vaturas diferentes em suas pontas, permitindo,
assim, o contato com os múltiplos acidentes
anatômicos e são utilizados na quebra de
aderências do sistema músculo-esquelético.
Seus objetivos principais são o rompimento
de pontos de fibrose nas cicatrizes aderidas
e no aumento da circulação sanguínea e,
provavelmente, na circulação linfática (BAUM-
GARTH, 2005).
A referida técnica se divide em três partes:
palpação digital, palpação instrumental e
fibrólise. A palpação digital consiste na com-
pressão da pele com a mão esquerda sobre a
área a ser tratada; a palpação instrumental é
realizada com o gancho, onde, dependendo
da área a ser tratada, se escolherá o melhor
lado do gancho utilizado e é realizada colo-
cando-se a espátula do gancho junto ao dedo
indicador da mão esquerda; a fibrólise é uma
tração complementar feita com a mão que
segura o gancho. É realizada uma raspagem
superficial da estrutura anatômica a ser trat-
ada a qual é indicada para descolamento de
áreas de inserções ligamentares e tendíneas.
A drenagem consiste em um deslizamento
superficial na região com o lado do gancho
maior, promove um relaxamento e aumento
do aporte sanguíneo (BAUMGARTH, 2005).
A Crochetagem Mio-Aponeurótica otimiza
uma menor aderência e fibrose entre os difer-
entes planos de deslizamento dos músculos,
tendões, ligamentos e nervos, devolvendo
a mobilidade e funçãos normais. Através do
conhecimento fino em anatomia palpatória e
a aplicação dos crochets sobre a pele, o profis-
sional poderá obter melhores resultados. A
técnica tem como objetivo dissolver os cristais
de oxalato de cálcio que se acumulam em dif-
erentes pontos da musculatura e impedem o
deslizamento normal das capas musculares e
melhorar os movimentos de deslizamento en-
tre as fáscias (BAUMGARTH, 2005).
Apresenta como ação mecânica, nas cicatrizes
que geram progressivamente aderências en-
tre os planos de deslizamento.
É indicado para qualquer doença articular
músculo-tendinosa ou ligamentar que leve
a uma fibrose ou formação de aderência:
tendinite, dor muscular, contratura muscular;
e qualquer patologia seguida de retração ou
fibrose das fáscias aponeurôticas. Suas contra-
indicações são todas as afecções dermatológi-
cas, especialmente aquelas que levem a uma
fragilidade da pele (BAUMGARTH, 2005).
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa dita direta por caracterizar uma
aquisição direta de dados à fonte pesquisada
e indireta devido à utilização de informações
sem conexão direta com a fonte. Sendo de
objetivo descritivo onde será buscada a de-
scrição detalhadamente dos fenômenos in-
vestigados e explicativa, onde através das
investigações serão explicadas as razões pelas
quais as modificações irão ocorrer. O modo
de coleta de dados foi por meio do estudo de
coorte, pois durante um período adequado
será observada uma amostra de população,
dividida em grupo experimental e grupo con-
trole com desenvolvimento de certa variação
fisiológica (VIEIRA E HOSSNE, 2001; MARCONI
E LAKATOS, 2001).
Foram utilizados 6 (seis) ratos machos da lin-
hagem Wistar, pesando aproximadamente
300 (trezentos) gramas e de mesma idade
cronológica, divididos aleatoriamente em dois
grupos (grupo controle e grupo experimen-
tal). Esta linhagem de ratos é amplamente uti-
lizada pela comunidade cientifica em caráter
de experimentação básica e fisiológica.
O biotério onde os ratos se encontravam era
termo regulado contando com controle de
iluminação para contar um período diurno
e noturno e os animais tinham à disposição
troca de ração e água durante todo o período
de tratamento.
Para coleta de dados ocorreram 15 visitas ao
Laboratório de Patologia e Ciências Médicas
da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ). Foi utilizada uma câmara anestésica
de plástico fechada, contendo no seu interior
gaze embebida em éter onde os ratos foram
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colocados até estarem completamente seda-
dos. Os ratos foram preparados para incisão
cutânea sendo realizado a tricotomia e feita
a anti-sepsia com éter. A incisão cutânea foi
realizada com um bisturi embramil nº. 22 na
região dorsal do rato tendo aproximadamente
6 cm de comprimento. Para conter o sangra-
mento e melhor visualização do tecido para
a sutura simples, foi feita novamente a anti-
sepsia com éter para então se iniciar a síntese
cutânea que foi realizada, com fio absorvível
Vicryl 2-0.
O grupo experimental só poderia ser tratado
com a técnica da crochetagem após a fase
inflamatória (7-10 dias) e quando ocorresse a
absorção total do fio deste grupo e do grupo
controle. Tais exigências foram cumpridas com
rigor, visando que não ocasionasse o rompi-
mento da sutura e não houvesse diferenças
nas fases da cicatrização entre os grupos.
Após 3 (três) semanas iniciou-se o tratamento
que foi realizado 1 (uma) vez ao dia durante
7 (sete) dias durante um minuto. Foi realizada
uma avaliação prévia da cicatriz para verificar
em quais sentidos havia aderência para depois
tratar com a técnica da crochetagem. O gan-
cho utilizado não era o mesmo utilizado em
humanos, este tinha as dimensões reduzidas
devido ao tamanho do animal. Os ratos foram
sedados por motivo de segurança e facilidade
de manuseá-los durante o tratamento.
Após o tratamento os ratos foram sacrifica-
dos e o material colhido enviado para análise
identificada e fixada em formalina tampona-
da a 10%, sendo processado pelos métodos
convencionais para obtenção de cortes his-
tológicos e corados pela hematoxilina-eosina
e tricomio de gomori. Todas as lâminas foram
analisadas em microscópio óptico avaliando-
se número e características dos fibroblastos,
presença de fibras colágenas e sua organiza-
ção, oxalato de cálcio e neovascularização.
Os procedimentos experimentais estão de
acordo com as normas do Laboratório de Pa-
tologia e Ciências Médicas da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), sendo apro-
vada pelo comitê de ética da Universidade Es-
tadual do Rio de Janeiro (UERJ).
RESULTADOS
Através de análises qualitativas em microsco-
pia de luz das lâminas histológicas prepara-
das a partir de cortes de plano longitudinal
e coradas histoquimicamente pelo tricômico
gomori, observou-se no grupo tratado, cavi-
tações nas regiões dérmicas com grande
diâmetro, intensas fibras colágenas dispersas
com cavitações (figura 2). Essa dispersão pode
estar associada com uma nova síntese de
colágeno. Observou-se também uma desor-
dem da organização epitelial. (Figura 2.1 )
No grupo não tratado foram observadas fibras
de colágenos sem cavitações, epitélio regular
com deposição regular de queratina, cavi-
tações mais densas, maior quantidade de
fibras colágenas não se observando as cavi-
tações características presentes no tratado,
tecido mais uniforme, derme em estado de
cura ao trauma e uma maior integridade do
epitélio ( Figura 3) Figura 3
DISCUSSÃO
Em relação às alterações observadas no pre-
sente estudo, relacionadas com a crocheta-
gem foram verificadas cavitações na região
dérmica, sugerindo, assim, uma ocorrência de
proteólise, podendo ser característica de uma
posterior síntese de colágeno, conseqüente-
mente, deixando a estrutura mais resistente às
tensões. Segundo Hermans-le e Pierard (2006),
a disposição irregular de colágeno está rela-
cionada com desordens e fragilidade tissular,
sugerindo que a ausência dessas cavitações
gere uma má organização dessas fibras e
Mandelbaum (2003), cita que, a reorganização
das fibras de colágeno às margens da ferida é
responsável pelo aumento da força de tensão,
melhorando, assim, o deslizamento fascial. Es-
sas alterações morfofuncionais estão relacion-
adas com estímulos mecânicos gerados pelo
gancho descritos por Baumgarth (2005), onde
o gancho gera estímulos mecânicos de fricção
superficial, levando a uma hiperemia superfi-
cial e profundo sendo um sinal de aumento da
vascularização.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos sugere-se que
a técnica da crochetagem seja relevante ao
relacionarmos seus estímulos mecânicos às
alterações morfofuncionais presentes nesse
estudo, devido à mesma proporcionar um
aumento da síntese de colágeno. Portanto
este estudo conclui e confirma alguns efeitos
biológicos relativos à técnica pioneira, a qual
está muito difundida e agora com comprov-
ação cientifica sobre seus reais efeitos.
REFERENCIAS:
WWW.CROCHETAGEM.COM

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