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A DOUTRINA REFORMADA DA SALVAÇÃO

Uma Introdução Histórica


Não há como dimensionar o quanto é importante conhecer o que a Bíblia
ensina sobre a nossa redenção.

Por um lado, é impossível ser cristão sem ter um entendimento elementar


sobre esse assunto, e esse nível básico de conhecimento é conferido pelo
Espírito, a partir da Palavra, a todos a quem Deus deseja salvar.

Por outro, o ensino bíblico sobre a nossa salvação é capaz de ensejar


reflexões tão elevadas que até mesmo o apóstolo Paulo, escrevendo sobre
isso, ficou perplexo diante da profundidade das questões envolvidas (veja
Romanos 11.33-36).

Aquilo que os reformados creem a respeito da salvação do homem é muito


objetiva e resumidamente expresso através dos chamados “cinco pontos do
calvinismo”.

Essa não é a única forma de abordar o assunto, mas acredito ser a mais
direta e, ao mesmo tempo, mais abrangente.

Talvez seja por isso que o acróstico TULIP, formado pelas primeiras letras
das frases em inglês que resumem os referidos cinco pontos, tornou-se
mundialmente conhecido como a marca registrada dos “calvinistas”.

Daqui a pouco veremos quais frases formam “TULIP”. Mas antes disso,
deixei-me falar resumidamente sobre as circunstâncias históricas que
ensejaram tais formulações doutrinárias.

Como vocês provavelmente sabem, a Holanda foi um dos países que,


durante a Reforma Protestante, abraçou a fé reformada.

Naquele tempo, religião era uma questão de Estado e no início do século


17, discípulos de um professor de teologia chamado Jacob Arminius
propuseram ao Parlamento holandês uma profunda reformulação
doutrinária da maneira de se entender a salvação.

As questões levantadas eram profundas e as autoridades políticas e


eclesiásticas perceberam que as inovações propostas pelos “arminianos”
tocavam no próprio cerne da fé cristã.

Consciente da seriedade do assunto, o Parlamento Holandês convocou um


Sínodo (reunião de estudiosos da Bíblia) que foi incumbido de avaliar as
doutrinas arminianas e fornecer uma posição oficial a respeito delas.
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O “Sínodo de Dort" – como ficou historicamente conhecida essa


assembleia – reuniu os mais capacitados eruditos em Bíblia de oito países
europeus. Seus trabalhos estenderam-se de novembro de 1617 a maio de
1618: 154 seções ao todo.

O documento final elaborado pelo Sínodo, conhecido como “Cânones de


Dort", rechaçou os ensinamentos dos arminianos, considerando-os
contrários à sã doutrina e perniciosos à fé cristã.

Os Cânones de Dort não têm apenas um caráter apologético, isto é, ligado a


defesa da fé genuína contra falsos ensinos.

Talvez seu maior valor resida no fato de ter sido o primeiro documento que
apresentou, de forma articulada e dogmática, aquilo que a Igreja
Reformada de toda Europa entendia ser o ensino bíblico a respeito da
salvação.

Embora o reformador francês João Calvino já tivesse falecido a mais de


cinquenta anos quando da realização do Sínodo de Dort,

a influência de seu ensino sobre os teólogos que participaram da assembleia


foi tão profunda que é exatamente a doutrina expressa nos Cânones de Dort
que ficou conhecida como os cinco pontos do calvinismo.

Quais são, então, esses famosos cinco pontos? São eles: DEPRAVAÇÃO
TOTAL, ELEIÇÃO INCONDICIONAL, EXPIAÇÃO LIMITADA (ou
eficaz), GRAÇA IRRESISTÍVEL (posteriormente vocação eficaz) e
PERSEVERANÇA DOS SANTOS

(o acróstico “TULIP” vem das frases correspondentes em inglês: “total


depravation”, “unconditional election”, “limited expiation”, “irrresistible
grace” e “perseverance”).

Essas doutrinas são expressão legítima do ensino bíblico. Elas exprimem o


que nós, presbiterianos, cremos a respeito da salvação. Elas serão expostas,
uma a uma, de forma resumida, nos parágrafos abaixo.

Convido você a conhecê-las um pouco melhor.

Depravação Total
João Calvino iniciou sua grande obra, As Institutas, falando a respeito da
relação entre o conhecimento de Deus e o conhecimento de nós mesmos.

Segundo Calvino, com base na sua própria razão, é impossível ao homem


levar a cabo o famoso imperativo socrático “conhece-te a ti mesmo”. Para
conhecer a si mesmo, diz Calvino, o homem deve conhecer seu Criador.
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E esse conhecimento a respeito de Deus não pode ser encontrado em


nenhum outro lugar a não ser nas Sagradas Escrituras (Institutas, Livro I,
caps. 1 a 6).

A Escritura, de fato, é a única fonte de conhecimento confiável e


verdadeiro a respeito de Deus. Sem a revelação precisa que Deus fez a
respeito de si mesmo, registrada infalivelmente na Bíblia, é impossível
conhecê-lo de uma forma salvadora.

A própria Escritura apresenta-se como a Palavra revelada pelo Deus Vivo,


cheia de autoridade e poder (1Tm 3.16; Hb 1.1-2; 4.12; 2Pe 1.21).

A veracidade daquilo que a Bíblia nos ensina sobre Deus e sobre a nossa
salvação, portanto, é a premissa básica para tudo o que estudaremos
doravante.

Os três primeiros capítulos da Bíblia, escritos para revelar o Criador, de


fato ensinam-nos muito também sobre nós mesmos.

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, em estado de retidão, com


o propósito de glorificar nosso Criador, viver em harmonia com nosso
próximo e governar cuidadosamente sobre o Cosmos (Gn 1.26-28).

Para cumprir esse tríplice propósito – culto, família e trabalho – Deus deu
ao homem qualidades estruturais magníficas: razão, emoção, sensibilidade,
religiosidade e muitas outras.

Entretanto, o uso dessas habilidades deveria ocorrer sob a orientação de


Deus. O descaso para com o Senhor e sua Palavra, certamente traria ruína
sobre o homem, a mulher e toda Criação (Gn 2.16-17).

Gênesis 3, texto que relata a Queda, mostra-nos que nossos primeiros pais
perderam essa perfeição inicial ao se voltar contra a Palavra de Deus.

Essa rebelião trouxe consequências não apenas sobre Adão e Eva, mas
sobre toda sua posteridade.

E o resultado mais terrível do pecado do homem contra Deus é descrito na


Escritura como nada menos do que morte espiritual (Rm 5.12; Ef 2.1).
Ler

Termos como pecado original ou depravação total procuram descrever a


realidade catastrófica do homem pós-Queda.

A depravação, fruto do pecado, é total porque atingiu todos os homens e


todas as suas faculdades (intelecto, emoções, vontade...).
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Tendo o seu coração absolutamente corrompido (Jr. 17.9) pelo pecado, o


ser humano é incapaz de cumprir o propósito para o qual foi criado e, por
isso, experimenta um constante vazio existencial.

Todas aquelas habilidades criadas para o bem passaram a servir a


propósitos malignos, o que o torna moralmente condenável.

Por fim, em virtude de sua rebeldia espiritual, o homem adora ídolos,


inventa falsos “deuses” e assim se aliena do verdadeiro Deus.

Essa é a desesperadora situação do homem: moralmente corrompido e


espiritualmente falido. Morto em seu delito e pecado.

A bíblia não diz que o homem estava “quase morto” ou “semi-morto” mas
sim totalmente morto. Ler Ef 2:1-3 e RM 3:9-12

A parte de uma intervenção externa, nada pode o homem fazer para


mudar esse estado de coisas.

Toda religião e filosofia humana no mundo, exceto o Cristianismo


bíblico, têm sustentado que o homem é basicamente bom e
aperfeiçoável através de seus próprios esforços.

O filósofo Inglês do século dezessete John Locke (1632–1704)


acreditava que o homem nascia como uma lousa em branco (“tabula
rasa”) de inocência.

Jean Jacques Rousseau (1712–1778), o filósofo francês do século


dezoito, acreditava que o homem era bom, assim iniciando a filosofia
humanista que coloca o homem antes de Deus.

Ele disse, “o Homem nasce bom e a sociedade o corrompe”. O


Islamismo ensina que todos são nascidos puros (de “musselina” - tecido
leve e um pouco transparente, que serve para vestuário) e
naturalmente bons até que sejam desviados pelo ambiente.

Contudo, apenas através da revelação de Deus, como encontrada na


Bíblia, é que podemos entender a total depravação do homem, que
mostra ser ele totalmente incapaz de salvar a si próprio ou de fazer
qualquer obra meritoriamente boa com respeito à sua salvação.
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Essa é uma verdade redescoberta na Bíblia durante a Reforma que


transformou a Europa no século dezesseis e tem impactado o mundo
desde então.

Infelizmente, nos tempos modernos, os ensinamentos prejudiciais do


Arminianismo têm tido um papel predominante na maioria das igrejas
protestantes, na medida em que estas se tornam mais antropocêntricas
que teocêntricas.

Porém a bíblia mostra


A Incapacidade do Homem de Se Arrepender e Acreditar.
Nós somos totalmente incapazes de até mesmo procurar a
Deus. Como Paulo diz, “Não há quem busque a Deus”.

De fato, o homem odeia a Deus e o que Ele representa. O homem


odeia o bem e não se importa.

É necessário um miraculoso trabalho de Deus para uma pessoa chegar


à fé salvadora. Como Jesus disse, “Ninguém pode vir a mim se o
Pai, que me enviou, não o trouxer...” (João 6:44).

Um pouco depois, Jesus repetiu o mesmo pensamento dizendo:


ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido”
(João 6:65).

Isso quer dizer que ninguém pode escolher seguir Jesus. Todas as
pessoas estão atadas ao pecado.

A vontade é livre para escolher o que acha melhor, mas o que ela
Naturalmente pensa como melhor é não buscar ou escolher Deus.

O homem Natural não quer se submeter e servir a Deus. Ele rejeita a


soberania de Deus em sua vida. Ele pensa que a felicidade da
satisfação na vida não é encontrada na justiça de Deus.

Apesar da vontade do homem ser livre para escolher, ele “odeia”


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Aplicação
Nós aprendemos que estamos em uma condição terrível em nossa
própria depravação. Isso nos dá uma noção da urgência de buscar a
Deus.

Nós percebemos que não há esperança longe da graça sobrenatural e


imerecida de Deus. Isso deveria nos levar a apelar a Deus por
misericórdia.

Nós deveríamos chamar a Jesus para nos livrar de nossa


condição miserável. .

Aprendemos que se nós buscamos a ajuda e a misericórdia de Deus


é somente porque Deus primeiramente começou a obra de seu
Espírito em nossos corações para chamar por Ele

Mas, graças a Deus, o homem é redimível. E é sobre aquilo que Deus fez
para salvá-lo que os próximos quatro pontos do calvinismo tratam.

Eleição Incondicional
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Como vimos, os efeitos do pecado foram devastadores para o homem. A Queda


(Gênesis 3) trouxe maldição sobre toda a raça: “porque tu és pó, e ao pó tornarás”
(v.19). A realidade da morte não tem apenas dimensão física: o homem morreu
espiritualmente, como Deus prevenira em Gn 2.17. O apóstolo Paulo, de forma muito
categórica, afirma que, à parte da intervenção de Deus, estamos todos mortos em
nossos delitos e pecados (Ef 2.1; 5). Ele afirma que, por meio de Adão, a morte entrou
na raça humana e alcançou a todos (Rm 5.12). Descrever o estado espiritual do homem
sem Deus como morte é a forma mais forte de afirmar que nada pode o homem fazer,
por si mesmo, para mudar sua situação espiritual. O homem precisa que alguém o
ressuscite espiritualmente. O homem precisa do poder de Deus para ser salvo!

Em Gênesis já vemos Deus revelar sua graça salvadora através da promessa de que, na
descendência da mulher, surgiria alguém que destruiria as obras da serpente (Gn 3.15).
Essa salvação provisionada por Deus não alcançaria a todos; o caminho natural da
espécie humana seria seguir a serpente, que mais tarde a Bíblia revela ser Satanás (Ap
12.9; 20.2). Mas Deus, soberanamente, decide que Ele (Deus) poria inimizade contra
Satanás e sua semente no coração de uma parte da humanidade, que ele chama de
“semente da mulher” (Gn 3.15). Assim, no primeiro anúncio do evangelho feito na
Bíblia, Deus já deixou claro que Ele não salvaria a todos, mas sim uma parcela da
humanidade, soberana e graciosamente escolhida por Ele. É essa escolha de Deus
para a salvação, livre e graciosa, de uma parcela da humanidade que nada fez para
merecer isso, que a doutrina reformada chama de eleição incondicional.

À medida que a revelação progride, essa verdade bíblica fica mais clara. Dentre toda
uma geração corrupta e perversa, Noé achou graça diante de Deus. Ele e sua família
foram salvos, enquanto o restante da humanidade foi destruído (Gn 6.8). Depois, Deus
escolheu um descendente de Noé em particular para andar com ele: Abrão (12.1). Com
Abrão Deus firmou aliança (Gn 15, 17) e escolheu sua descendência para ser seu povo.
O que motivou Deus a escolher Abrão? Nada! A escolha foi livre e soberana, afinal a
Bíblia nos diz que Abrão foi chamado do meio de um povo idólatra (Josué 24.14,15).

A verdade é que, aqueles que são salvos, nada fizeram para merecê-lo. São salvos por
um ato soberano e gracioso de Deus. Os eleitos de Deus são a soma de todos aqueles
que, ao longo da história, pela graça são salvos, mediante a fé, e isso não vem deles, é
dom de Deus (Ef 2.8). A doutrina da eleição incondicional deve produzir humildade e
gratidão em nossos corações. Tal ensino nos leva a glorificar a Deus, pois evidencia que
Ele é único responsável pela nossa salvação.

Nos parágrafos a seguir, veremos os atos de Deus ao longo da História no sentido de


garantir a salvação de seus eleitos, aqueles a quem Ele escolheu e amou antes da
fundação do mundo (Ef 1.4).

Expiação Limitada

Deus decidiu intervir no curso da história para mudar o destino do homem, a saber, a
destruição eterna. Em Gn 3.15, vemos Deus revelando que esmagaria a cabeça da
serpente por meio de um descendente da mulher. A Bíblia nos revela que esse
descendente, o Messias prometido no Velho Testamento, é o Senhor Jesus Cristo, o
Filho de Deus, que na cruz destruiu as obras de Satanás (1Jo 3.8).
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É crucial entender o significado da obra de Cristo no madeiro. Quando o Senhor ali


entregou sua vida, Ele estava tornando a salvação meramente possível para qualquer
pessoa indistintamente, ou Ele de fato tornava concreta e consumada a redenção
daqueles a quem o Pai havia designado para isso? À luz do ensino da Palavra de Deus a
respeito da cruz, a segunda opção é a correta, ou seja, no Gólgota, Jesus de fato salvou
seu povo. Por quê?

Na cruz, Jesus foi o cordeiro do sacrifício (veja Levítico 16; cp. Jo 1.29; 36). Sua obra
foi expiatória, isto é, Ele sofreu a pena de morte no lugar de outras pessoas (Rm 3, Hb
9, Rm 5.1-11 etc.). Por isso, aqueles em favor de quem Cristo morreu, não podem mais
ser condenados por Deus: Cristo os justificou! Por causa da cruz, a ira santa de Deus
não se acende mais contra essas pessoas, pois Jesus, no Calvário, fez propiciação, isto é,
um sacrifício que desvia a ira de Deus (Rm 3.25, Hb 2.17, 1Jo 2.2).

Além disso, na cruz, Jesus purificou pecados. Assim como o sangue dos animais
tornava coisas e pessoas ritualmente puras, o sangue de Cristo, o Cordeiro de Deus,
limpa o pecado dos homens (Jo 1.29, Hb 9.11-15). A morte de Cristo muda a situação
espiritual daqueles em favor de quem Ele morreu: eles não são vistos mais por Deus
como pecadores, mas sim como santos (Ef 1.4, 7; Rm 5.1; 1Jo 1.9).

Por fim, na cruz Cristo remove a maldição espiritual do pecado. Da mesma forma que o
bode emissário carregava a maldição do povo (veja Lv. 16), ao ser pregado em madeiro,
Jesus se fez maldito em lugar dos pecadores a quem veio salvar (Gl 3.13); por isso,
podem receber a bênção de Deus, na pessoa do Espírito Santo (Gl 3.14).

A morte de Jesus foi expiatória, propiciatória, espiritualmente purificadora e


abençoadora. Essas qualidades nos levam a concluir que Jesus não morreu por todos os
homens, pois senão todos seriam salvos. A Bíblia, contudo, afirma que muitos irão para
o inferno. A expiação é limitada, portanto, em seu escopo: Jesus não morreu por todos
indistintamente; morreu especificamente em favor de uma parcela da humanidade, a
saber, os eleitos por Deus para a salvação. A estes, na cruz, Jesus efetivamente expiou,
propiciou, purificou e abençoou. A salvação destes não é uma hipótese que depende
deles, é uma realidade garantida por Cristo! Limitada em seu escopo, a expiação, por
outro lado, é ilimitada em seu poder: aqueles em favor de quem Cristo morreu,
efetivamente foram salvos.

Ao Cordeiro de Deus, pois, toda honra e toda glória!

Graça Irresistível

Acima aprendemos que Deus interveio no curso da história para salvar o homem. O
Velho Testamento é, em suma, a revelação dos atos realizados por Deus ao longo da
História no sentido de redimir seu povo eleito. Tais atos culminaram na revelação de
Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador (Hb 1.1-3). Por meio de sua encarnação, vida,
morte na cruz, ressurreição e ascensão, Jesus efetivamente expiou nossos pecados e
propiciou a ira de Deus (Ef 1.7; 1Jo 4.10). Jesus nos representa diante de Deus: por
estarmos unidos a ele, nos tornamos justos e santos, e somos reconciliados com o Pai
(Rm 5.1,9; Cl 1.22; 2Co 5.18). Somos libertos da condenação eterna e recebemos vida
em abundância (1Tm 1.10; Jo 10.10). Esse é o evangelho da salvação! (At 4.12).

Essa mensagem, pregada pelos apóstolos, difundida pela Igreja, é poder de Deus para a
salvação (Rm 1.16). O eleito, contudo, não experimentará esse poder enquanto
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continuar morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Enquanto seu coração rebelde e
idólatra não for substituído por um coração humilde e temente a Deus, o eleito não é
capaz de entender a obra de Cristo. O eleito tem que nascer de novo! Esse novo
nascimento espiritual, que na teologia chamamos regeneração, é a obra realizada pelo
Espírito Santo, que capacita o homem a responder ao chamado do evangelho (Jo 1.13;
3.6-7; Rm 8.30).

Depois que o Espírito opera na vida do eleito a regeneração, ele se torna capaz de
entender o evangelho. O Espírito conduz o eleito a toda verdade (Jo 15.26; 16.13),
convence-o a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), faz com que o homem
natural, incapaz de discernir as coisas de Deus, entenda que a cruz de Cristo – escândalo
e loucura para o mundo – é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (1Co
2.14; 1Co 1.23, 24). O exposto acima nos leva a concluir que é o Espírito Santo quem
produz no coração de cada eleito o arrependimento e a fé, expressões visíveis da
conversão (Ez 11.9; Ef 2.9; At 5.31). Quando Deus opera essa transformação, aquela
inclinação que, por natureza, afastava o eleito de Deus, agora se torna em atração
irresistível. Seu novo coração o leva a buscar a Deus voluntariamente; ao ouvir o
evangelho, ele logo o compreende, confessando seus pecados e crendo em Jesus. Essa é
a doutrina da graça irresistível, também conhecida como vocação eficaz.

Nada podemos fazer para ser salvos. Naturalmente, não amamos a Deus e nem
entendemos as coisas que Ele nos revela em sua Palavra. Somos, por natureza, impuros,
rebeldes e ignorantes. Mas Deus mudou essas coisas! Escolhidos pelo Pai, justificados
pelo Filho e transformados pelo Espírito, somos capacitados a responder positivamente
ao evangelho da graça. Louvado seja Deus, que nos amou com amor eterno, e decidiu
nos salvar antes da fundação do mundo! Glorifiquemos o seu nome, tributando a Ele
todo o mérito de nossa salvação, pois nós só o amamos, porque ele nos amou primeiro
(1Jo 4.19)!

Perseverança dos Santos

Agora podemos concluir este breve artigo sobre “A Doutrina Reformada da Salvação”.
Até aqui, expusemos doutrinária e biblicamente os quatro primeiros dos famosos cinco
pontos do calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada e
Graça Irresistível.

O estudo dessas doutrinas nos leva a uma conclusão irrefutável: o homem pecador só
pode ser salvo pelas obras... pelas obras redentoras do Deus Triúno! O teólogo
Michael Horton, ao escrever sobre este assunto, deu ao seu livro o título “As doutrinas
da maravilhosa graça”. De fato, a Bíblia ensina de forma contundente que é somente
na graça de Deus que o homem pecador encontra esperança para sua salvação. E,
realmente, aquilo que Bíblia revela sobre a graça do Deus Vivo é mesmo maravilhoso.
Antes da fundação do mundo, o Pai separou, dentre toda a humanidade rebelde e
pecadora, um povo para ser salvo da manifestação de sua ira santa. Para tornar essa
parcela da humanidade justa, santa e propícia a Ele, o Pai enviou seu Filho ao mundo,
na pessoa de Jesus Cristo, para no lugar deles viver uma vida perfeita e morrer uma
morte maldita, a fim de que seus pecados fossem expiados. Por fim, para aplicar esse
plano de salvação à vida desse povo, Deus mudou o coração de cada um de seus
escolhidos, por meio da regeneração efetuada pelo Espírito, chamando-os eficazmente a
responder ao anúncio do evangelho com arrependimento e fé. Isso tudo é graça que
ultrapassa nossa compreensão!
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Esse plano gracioso e maravilhoso realizado pelo Deus Triúno não pode ser frustrado
pelo homem. Aqueles que são alvo dessa maravilhosa graça jamais se apartarão da fé.
Em outras palavras, os eleitos de Deus não podem perder a salvação. Isso é óbvio! A
salvação deles não decorre de esforço, interesse ou mesmo uma decisão da parte deles.
Sua salvação é fruto do decreto do Deus Eterno. Deus decidiu salvá-los! Nada pode
mudar essa realidade. Portanto, assim como a ação do Espírito os conduziu à conversão,
a ação do Espírito vai garantir também que nunca se apartem de tal salvação.

Essa é a maravilhosa doutrina da perseverança dos santos. Aqueles a quem Deus


decidiu salvar, jamais perderão a salvação: perseverarão em um caminho de santidade,
até alcançarem a glória. Mais do que uma decorrência lógica dos pontos anteriores, essa
doutrina se revela nas palavras de Jesus: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim;
e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora (...) As minhas ovelhas ouvem a
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 6.37; 10.27-28). Quanto
conforto e esperança são trazidos ao nosso coração por tais declarações de nosso
Redentor!

Fomos salvos pela graça, e não por obras, porque o Deus Triúno trabalhou para que isso
fosse possível. Ao nosso Deus Eterno, Pai, Filho e Espírito, todo louvor, toda honra e
toda glória, pois de fato “ao Senhor pertence a salvação” (Jn 2.9).

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