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Curso Lei de Diretrizes Orçamentárias

para Municípios

Módulo
4 Anexo de Riscos Fiscais

Brasília - 2017
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Dyogo Henrique de Oliveira

Secretario de Orçamento Federal:


George Alberto Aguiar Soares

Secretários-Adjuntos:
Bruno César Grossi De Souza
Geraldo Julião Júnior
Orlando Magalhães Da Cunha
Márcio Luiz de Albuquerque Oliveira

Diretores
Clayton Luiz Montes
Felipe Dariuch neto
Zarak de Oliveira Ferreira

Coordenador-Geral de Desenvolvimento Institucional


Marcos da Costa Avelar
Organização do Conteúdo
Munique Barros Carvalho

Revisão do Conteúdo
José Paulo de Araújo Mascarenhas
Karina Rocha Martins Volpe
Suzana Ferreira Guimarães

Revisão Pedagógica
Janiele Cardoso Godinho
Revisão Gramatical e Ortográfica
Renata Carlos da Silva

Projeto Gráfico e Diagramação


Tiago Ianuck Chaves

Colaboração
Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira
Bruno Rodolfo Cupertino
Fernando César Rocha Machado
Francisca Belkenia Fernandes Sousa
Karen Evelyn Scaff

Informações:

www.orcamentofederal.gov.br
Secretaria de Orçamento Federal
SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,
70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329
escolavirtualsof@planejamento.gov.br
SUMÁRIO

Apresentação.................................................................................................. 5

1. Os Riscos Fiscais........................................................................................... 5

2. Classificação dos Riscos Fiscais..................................................................... 7


2.1 Riscos Orçamentários...................................................................................... 8
2.2 Riscos da Dívida............................................................................................. 10

3. Conhecendo o Anexo de Riscos Fiscais....................................................... 13


3.1 Passivos Contingentes................................................................................... 16
3.2 Demais Riscos Fiscais Passivos...................................................................... 17

Revisão do Módulo........................................................................................ 19

Gabarito dos Exercícios de Fixação................................................................ 20

Referências Bibliográficas.............................................................................. 20
Módulo
4 Anexo de Riscos Fiscais

Apresentação

Neste último módulo do curso, estudaremos o Anexo de Riscos Fiscais, apresentando


os principais conceitos relacionados a esse assunto. Veremos ainda alguns exemplos do
demonstrativo de riscos fiscais e providências, preenchido.

É importante que você saiba que as orientações para construção do Anexo de Riscos Fiscais
seguem as diretrizes do Tesouro Nacional, contidas no “Manual de Demonstrativos Fiscais:
Aplicado à União e aos Estados, Distrito e Municípios”, válido para os exercícios financeiros de
2015 e de 2016.

Os conceitos que serão estudados nesse módulo são uma síntese do que se encontra no
Manual do Tesouro e do próprio Anexo de Riscos Fiscais da LDO Federal de 2017.

Da mesma forma que fizemos no módulo de Metas Fiscais, iniciaremos os estudos com os
principais conceitos relacionados aos Riscos Fiscais.

Esperamos que ao final do módulo você entenda o Anexo de Riscos Fiscais e sua importância
para uma gestão fiscal responsável.

1. Os Riscos Fiscais

Nesta unidade, destacaremos conceitos importantes


para o entendimento do Anexo de Riscos Fiscais.
Daremos início aos estudos deste tema, convidando
você a considerar a seguinte questão: Você sabe o que
são Riscos Fiscais?

Para auxiliar no entendimento desse conceito, pense


na seguinte situação: o Sr. João é casado com a Sra.
Maria, ambos trabalham, mas em empresas diferentes.
A empresa do Sr. João promoverá uma reestruturação e já avisou que algumas pessoas serão
demitidas.

Mas, o Sr. João é um homem prudente. Junto com a sua esposa fizeram um planejamento para
os próximos meses, e na planilha colocaram a possibilidade de diminuição da renda da família,
já que ele corre o risco de ser demitido. Podemos dizer, então, que há um risco fiscal na família,
porque há a possiblidade de redução da receita.

Assim, no planejamento realizado pelo casal, eles consideraram o risco e as providências a


serem tomadas caso isso ocorra (como por exemplo, usar o dinheiro da poupança e cancelar
viagem de final de ano).

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Traçando um paralelo com o exemplo apresentado, os Riscos Fiscais são as possibilidades
de ocorrência de eventos que possam impactar negativamente as contas públicas.

Em outras palavras, Riscos Fiscais são riscos que podem afetar as contas públicas, e pode-
se afirmar que estão relacionados aos recursos financeiros do Estado, que podem se tornar
insuficientes quando eventos imprevistos ocorrem.

De acordo com a LRF, art. 1º, §1º, a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada
e transparente, prevenindo os riscos e corrigindo os desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas. Logo, a previsão dos riscos e as correções de desvios são essenciais à gestão
fiscal responsável.

Sabemos que a LDO é uma parte importante do processo de planejamento, e o Anexo de


Riscos Fiscais complementa esse instrumento orçamentário.

A LRF, com o objetivo de ampliar a transparência na apuração dos resultados fiscais do


governo, estabeleceu que a LDO deve conter o Anexo de Riscos Fiscais, o qual deve levantar os
riscos capazes de afetar as metas fiscais do governo, além de informar as providências a serem
tomadas caso tais riscos se concretizem.

Veja como a LRF trata o assunto:

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Art 4º. ...

...

§3° A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão
avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. [grifo nosso]

Assim, de acordo com a LRF, o Anexo de Riscos Fiscais traz uma avaliação dos passivos
contingentes e de outros riscos capazes de afetar as contas públicas e a elaboração do
orçamento, além das providências a serem tomadas caso se concretizem.

Você consegue pensar em um evento que pode constituir um Risco Fiscal para o governo?
Podemos citar alguns exemplos: aumento da taxa de juros para pagamento da dívida do
governo; aumento das despesas decorrentes da taxa de inflação; ocorrência de calamidade
pública; redução da receita; perda de sentença judicial de caráter indenizatório, etc.

A LRF dividiu os Riscos Fiscais em dois grupos: Passivos Contingentes e Outros Riscos, sendo
que ambos devem estar acompanhados de suas respectivas medidas de compensação.

Na próxima unidade vamos entender um pouco melhor os Riscos Fiscais e suas classificações.

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Exercício de Fixação 1

Marque (V) para as alternativas Verdadeiras e (F) para as Falsas.

( ) Os Riscos Fiscais são a possibilidade de ocorrência de eventos que venham a


impactar negativamente nas contas públicas.

( ) O Riscos Fiscais estão relacionados aos recursos financeiros do Estado, que se


tornam insuficientes quando eventos imprevistos ocorrem.

( ) O Anexo de Riscos Fiscais acompanha a LRF.

( ) No Anexo de Riscos Fiscais constam apenas os riscos capazes de afetar as contas


públicas.

2. Classificação dos Riscos Fiscais

Como vimos, a LRF fala em passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas. Mas, é importante considerar que de acordo com o Manual do Tesouro e a LDO
federal, os passivos contingentes são um tipo de Risco Fiscal.

Tomando como base a classificação do referido Manual, os Riscos Fiscais podem ser divididos
em duas categorias: riscos orçamentários e riscos da dívida. Os passivos contingentes são um
tipo de risco da dívida. Vamos entender melhor esses conceitos?

FIGURA 1 | Riscos Fiscais

Como enfatizado no Manual do Tesouro, riscos repetitivos deixam de ser riscos, devendo
ser planejados. Isso significa que catástrofes naturais, como secas ou inundações, que
tem sazonalidade conhecida, devem ter estratégias e ações específicas na LDO e na
LOA com objetivo de mitigar seus efeitos.

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2.1 Riscos Orçamentários

Os riscos orçamentários estão relacionados à possibilidade


das receitas e despesas projetadas na elaboração do
projeto de lei orçamentária anual – PLOA não se
confirmarem durante o exercício financeiro, ou seja, dizem
respeito à ocorrência de desvios entre as receitas e
despesas orçadas.

Os riscos decorrem de fatos novos e imprevisíveis à época


da elaboração do orçamento, tanto para receita quanto
para despesa

Assim, os riscos orçamentários estão relacionados à possibilidade das receitas e despesas


divergirem significativamente dos valores estimados no projeto de Lei Orçamentária Anual
(LOA).

Riscos da Receita

Em relação às receitas, os valores estimados na LOA podem não se confirmar, e a receita efetiva
se torna menor que a estimada.

Receita Efetiva < Receita Estimada

Observe a seguir alguns fatores que podem levar a redução da receita estimada:

1. Arrecadação de tributos menor do que a prevista no orçamento – Ocorre frustração na


arrecadação, devido a fatos ocorridos posteriormente à elaboração da peça orçamentária.

Suponha que uma crise leve ao aumento do desemprego.


Se menos pessoas estão trabalhando, a arrecadação de
imposto de renda será menor.

2. Nível de Atividade Econômica – Quando a atividade


econômica do país diminui, geralmente ocorre uma
redução das receitas do governo.

Se a atividade econômica diminui, as indústrias vendem


menos e, portanto, o governo deixa de arrecadar alguns
tributos, como IPI. Se as empresas estão vendendo
menos, elas passam a produzir menos e precisam
diminuir o pessoal contratado. Com a demissão, o
governo deixa de arrecadar também o imposto de renda.

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3. Taxa de Inflação e Taxa de Câmbio1 – São variáveis que também podem vir a influenciar
no montante de recursos arrecadados sempre que houver desvios entre as projeções destas
variáveis quando da elaboração do orçamento e os valores observados durante a execução
orçamentária, assim como os coeficientes que relacionam os parâmetros aos valores estimados.

Projeções do governo como receita, despesa e dívida consideram as taxas de inflação e câmbio,
que também são projetadas. Assim, se a taxa de inflação é diferente daquela calculada pelo
governo, a receita efetivada também será diferente da estimada.

Riscos da Despesa

Para a despesa verifica-se a possibilidade dos valores fixados serem afetados por fatos incertos
e posteriores à aprovação da LOA, levando a uma distorção dos valores previamente definidos
no orçamento e aqueles que efetivamente serão executados, situações que impactam
especialmente as chamadas despesas obrigatórias.

Assim, no risco orçamentário da despesa temos que a despesa se apresenta maior que aquela
fixada na LOA.

Despesa realizada > Despesa fixada na LOA

Observe a seguir alguns fatores que podem levar ao aumento da despesa fixada:

1. Restituição2 de determinado tributo não previsto ou restituição de tributos maior que


fixada no Orçamento. É quando o governo calcula que irá devolver certo valor a título de
restituição tributária, mas durante a execução do orçamento a restituição é maior, ou seja, seu
desembolso é superior ao planejado.

Um caso de tributo que anualmente é restituído é o imposto de renda. A Receita Federal


do Brasil estima restituir certo valor, mas pode ser que tenha que restituir bem mais do que
planejou.

2. Discrepância entre as projeções – é quando os valores projetados na elaboração do


orçamento diferem dos valores efetivamente observados durante a execução orçamentária.

Por exemplo, segundo a LDO 2016, os benefícios previdenciários e


assistenciais obrigatórios têm como principal parâmetro o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, que reajusta os benefícios
previdenciários e a tabela para cálculo do benefício seguro-
desemprego. Ocorre que em 2016 o INPC utilizado na LOA foi menor
que o INPC efetivamente apurado. Assim, esse aumento do INPC
com relação à previsão inicial impactou no aumento das despesas
previdenciárias e assistenciais inicialmente aprovadas na LOA 2016.

3. Taxa de Inflação e Taxa de Câmbio – da mesma forma que afetam a receita, essas variáveis
afetam as despesas. Se há um aumento generalizado de preços, significa que o governo precisa
desembolsar mais do que planejou para comprar os bens, como livros, cadeiras escolares,
medicamentos, etc.

1. Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. A taxa
de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra, podendo ser taxa de venda ou taxa de compra. Fonte:
Banco Central
2. Restituição tributária é quando o governo devolve parte dos tributos recolhidos ao cidadão por ter cobrado indevidamente.
Fonte: Tesouro Nacional

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Quando os riscos orçamentários se concretizam, algumas providências devem ser
tomadas. A estimativa da receita ou a programação das despesas orçamentárias
devem ser ajustadas às reais disponibilidades financeiras.

Esta readequação das estimativas deve ser feita para evitar o desequilíbrio das contas públicas.
O Anexo de Riscos Fiscais busca contemplar esses possíveis riscos, já indicando as medidas a
serem tomadas caso os riscos se concretizem.

Qualquer planejamento está sujeito a riscos, porque ao longo do tempo mudanças


podem ocorrer. Quanto melhor se planeja, mais próximo fica da realidade, porém
dificilmente será exatamente igual.

2.2 Riscos da Dívida

O objetivo de gerenciar os riscos da dívida é minimizar os custos do financiamento3.

Os riscos da dívida referem-se a possíveis ocorrências que podem levar ao aumento do estoque
da dívida pública. Eles são verificados, principalmente, a partir de dois tipos de eventos:
administração da dívida e passivos contingentes.

Administração da Dívida

A administração da dívida decorre de fatos como a variação das taxas de juros e de câmbio
em títulos vincendos, ou seja, que irão vencer. Mudanças na taxa de juros e de câmbio podem
fazer a dívida ficar maior.

Imagine a seguinte situação: Suponhamos que você compre um celular no valor de $100,00
(cem dólares). E no ato da compra, o dólar valha R$ 2,00. Isso significa que ao adquirir o
celular, você devia R$ 200,00.

Todavia, você só vai pagar o celular daqui a 30 dias. Supondo que quando chegar a data do
pagamento, o dólar passe a valer R$ 2,50. A sua dívida passa a ser de R$ 250,00, assim, houve
um aumento da dívida. Sua dívida era conhecida no momento da compra, mas mudanças em
alguns parâmetros (neste caso, na taxa de câmbio) alteraram o valor devido.

Essa dívida, que era conhecida, mas dependia de fatores externos, é caracterizada como um
risco fiscal.

Passivos Contingentes

Os passivos contingentes representam dívidas cuja existência depende de fatores imprevisíveis,


tal como os resultados dos julgamentos de processos judiciais, ou seja, são fatos ocorridos no

3. Custo de financiamento: custo adicional para financiar uma compra que não foi realizada com dinheiro em espécie. Ou
seja, são todos os encargos e despesas incidentes ao se contrair uma dívida, como por exemplo, os juros, impostos e seguros.

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passado cujo efeito sobre o patrimônio futuro da entidade é incerto. Sua efetivação depende
da ocorrência de fatos externos, imprevisíveis e de magnitude difícil de ser mensurada.

Os passivos contingentes são eventos conhecidos, mas não se tem certeza quanto a sua
concretização.

É o caso do governo de um Município estar em litígio judicial com


um cidadão que requer o pagamento de indenização trabalhista. O
fato é conhecido, e o governo estima um valor e um prazo para
desembolso caso perca a ação. Mas, o julgamento poderá fixar um
valor superior ao estimado e ainda num prazo anterior ao previsto.

A demanda judicial, citada no exemplo é um passivo contingente, ou seja, é um evento


conhecido, porém não se tem certeza do valor e data de pagamento, tem-se apenas uma
previsão, que pode não se realizar.

A incerteza que reveste o resultado efetivo de tais demandas e a consequente repercussão nos
cofres públicos leva à estimativa de passivo eventual.

Segundo o glossário do Tesouro Nacional, os passivos contingentes do governo são definidos


como “dívidas cuja existência depende de fatores imprevisíveis”, ou seja, é uma possível
obrigação cuja existência será confirmada somente pela ocorrência de eventos futuros que
não estão totalmente sob o controle da entidade ou ainda obrigações que não podem ser
estimadas com suficiente segurança.

São despesas potenciais ou eventuais para as quais não há grau de certeza quanto a sua efetiva
concretização.

O adjetivo “contingente”, da expressão “passivo contingente”, tem uma conotação de


“condicional”, “potencial”, “provável” e termos assemelhados, indicando que o fato gerador
da obrigação do governo (exemplo: invalidez, aposentadoria, desemprego, perda de ação
judicial pelo governo, etc.) depende de fatores imprevisíveis, em grande medida, isto é,
o passivo contingente sempre se associa à possibilidade de ocorrência ou não do evento
gerador da obrigação do setor público, sem que se possa atribuir, na maioria dos casos,
probabilidades a esses eventos.

Ainda de acordo com o Manual do Tesouro, como exemplos de passivos contingentes podemos
citar:

1. Passivos decorrentes de lides (disputa) de ordem tributária e previdenciária, entre


o governo e um terceiro;
2. Questões judiciais pertinentes à administração do Estado como as privatizações, a
extinção dos órgãos, a liquidação de empresas e atos que afetam a administração
de pessoal;
3. Dívidas em processo de reconhecimento pelo ente e de sua responsabilidade
4. Operações prestadas (aval e garantia) pela União nos demais entes da Federação
e às empresas estatais.

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Como já falamos, as demandas judiciais podem entrar como passivos contingentes, porque
mesmo a lide sendo certa, o valor a ser desembolsado não é. Situação diferente são os
precatórios.

Precatório é uma ordem judicial para pagamento de dívidas dos governos federal, estaduais e
municipais expedido pelo Poder Judiciário e dirigido ao Poder Executivo para que mande pagar
importância resultante de ação judicial perdida pelo próprio Estado e transitada em julgado,
ou seja, quando não cabe mais qualquer recurso.

Os precatórios são obrigações explícitas do ente da Federação, devendo ser reconhecidos,


quantificados e planejados como despesas na LOA. Os precatórios são obrigações efetivas e,
portanto, não constituem Riscos Fiscais.

O art. 100 da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a obrigatoriedade da inclusão, no


orçamento, da verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças judiciais
transitada em julgado, constantes de precatório judicial.

Agora, observe um esquema da classificação dos Riscos Fiscais:

FIGURA 2 | Classificação dos Riscos Fiscais

Em síntese, vimos que existem os riscos orçamentários e os riscos da dívida: o primeiro tipo de
risco diz respeito à possibilidade das receitas e despesas projetadas na elaboração do projeto
de lei orçamentária anual não se confirmarem durante o exercício financeiro; o segundo tipo,
está relacionado a eventos que podem aumentar o estoque da dívida pública.

Agora que você já entendeu os Riscos Fiscais e sabe que nem todos os eventos fiscais são
considerados riscos, fica mais fácil compreender o respectivo anexo. Este é o assunto da nossa
próxima unidade.

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Exercício de Fixação 2

Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas alternativas abaixo:

( ) A LRF exige que a LOA contenha Anexo de Riscos Fiscais.

( ) No Anexo de Riscos Fiscais serão avaliados os passivos contingentes e outros


riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem
tomadas, caso se concretizem.

( ) Os Riscos Fiscais são a possibilidade de eventos que venham a impactar


negativamente nas contas públicas.

( ) Os Riscos Fiscais podem ser de dois tipos: riscos da despesa e risco da dívida.

( ) Os riscos orçamentários contemplam o risco de receita e despesa.

( ) O risco da dívida é impactado por alterações na taxa de juros e de câmbio.

3. Conhecendo o Anexo de Riscos Fiscais

Nesta unidade apresentaremos um exemplo de Anexo


de Riscos Fiscais, mostrando as principais informações a
serem inseridas no mesmo, de acordo com os conceitos
já estudados na unidade 1.

Como vimos, a gestão fiscal responsável pressupõe uma


ação planejada e transparente em que se previnam
riscos e desvios capazes de afetar as contas públicas.
Por melhor que seja o planejamento, fatores alheios
à vontade da administração podem impactar nos
resultados fiscais. O Anexo de Riscos Fiscais é um espaço
para o gestor considerar os riscos e já planejar as providências necessárias caso os riscos se
concretizem.

Na sua casa, durante o planejamento financeiro, você se planeja para imprevistos? Você
conseguiria pensar num risco para as finanças familiares? O exemplo a seguir ajudará você a
analisar melhor essas questões:

Sr. João e a Sra. Joana tem um filho cursando o ensino médio, o


Pedro, que é muito estudioso. Eles torcem e acreditam que o filho
passará no vestibular para o curso de engenharia na Universidade
Federal. Mas, existe a possibilidade dele não passar e ter de ingressar
em uma faculdade particular.

Organizados, eles fazem um planejamento considerando as duas


situações. Fazem uma poupança: se o Pedro não conseguir ingressar
no ensino público, o dinheiro será usado para pagar a faculdade
particular; caso contrário podem usar esse dinheiro para outros fins, como em uma viagem.

Assim, a família está prevenida caso um risco possível de se estimar ocorra.

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Da mesma forma que no exemplo mencionado, o setor público planeja suas contas e analisa
os riscos a que está submetido, por isso elabora o Anexo de Riscos Fiscais, que integra a LDO.

De acordo com o Manual do Tesouro, a gestão de riscos fiscais não se resume à elaboração do
Anexo de Riscos Fiscais, mas é composta de seis funções necessárias:

1. Identificação do tipo de risco e da exposição ao risco;


2. Mensuração e quantificação dessa exposição;
3. Estimativa do grau de tolerância das contas públicas ao comportamento frente ao
risco;
4. Decisão estratégica sobre as opções para enfrentar o risco;
5. Implementação de condutas de mitigação do risco e de mecanismo de controle
para previr perdas decorrentes do risco;
6. Monitoramento contínuo da exposição ao longo do tempo, preferencialmente,
através de sistemas institucionalizados (controle interno4).

O Anexo de Riscos Fiscais não aborda todas essas funções. Este anexo prioriza a identificação
do tipo de risco e da exposição ao risco, a mensuração e quantificação dessa exposição e as
opções para enfrentá-lo.

Assim, de acordo com o Manual do Tesouro, o Anexo de Riscos Fiscais, como parte da
gestão de Riscos Fiscais, identifica e estima os Riscos Fiscais, além de informar as opções
estratégicas para enfrentá-los.

FIGURA 3 | Gestão dos Riscos Fiscais

4. Controle Interno: fiscalização e acompanhamento exercidos no âmbito de cada Poder, sobre os atos da administração
pública de caráter orçamentário, financeiro, contábil e patrimonial, exercidos pelos órgãos públicos, internamente, com o
objetivo de assegurar economicidade, eficiência, legalidade, moralidade e publicidade na aplicação do dinheiro público, bem
como apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Qualquer controle efetivado pelo Poder Executivo
sobre seus próprios serviços ou agentes é considerado interno. Fonte: Senado Federal

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Como vimos, o Manual do Tesouro e a LDO federal classificam os Riscos Fiscais em
riscos orçamentários e riscos da dívida. Por outro lado, a LRF fala que o Anexo de
Riscos Fiscais conterá os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as
contas públicas.

A recomendação do referido manual é que os Municípios adotem o padrão estabelecido


pela LRF, e no Anexo de Riscos Fiscais elaborem um quadro dividido em passivos
contingentes e demais Riscos Fiscais, conforme o modelo a seguir (que foi retirado do
próprio Manual).

QUADRO 1 | Demonstrativo de Riscos Fiscais do Município de Amarante – adaptado.

Conforme modelo apresentado, podemos observar que o Município entendeu que para o
próximo ano poderá perder alguma causa judicial. Sendo então um risco (porque pode ou
não acontecer) ficou registrado como passivo contingente e a providência será abrir crédito
adicional a partir da reserva de contingência.

Na coluna “Demais Riscos Fiscais Passivos” deve-se identificar os riscos orçamentários. O


Município identificou dois riscos: discrepância nas projeções (para taxa de juros e salário
mínimo) e a frustração da receita.

As providências a serem tomadas caso haja discrepância de projeções serão a redução de


dotação das despesas discricionárias e a utilização da reserva de contingência para abertura
de créditos adicionais.

Caso haja frustação da receita a medida a ser adotada será a limitação de empenho. Cabe
destacar que todos os riscos fiscais devem ser quantificados, e as providências devem ser
capazes de cobrir orçamentária e financeiramente este risco. O Manual do Tesouro traz um
modelo de demonstrativo já com vários exemplos de riscos que podem ocorrer.

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QUADRO 2 | Modelo de Demonstrativo de Riscos Fiscais

3.1 Passivos Contingentes

Essa seção identifica riscos fiscais decorrentes de compromissos firmados pelo Governo em
função de lei ou contrato e que dependem da ocorrência de um ou mais eventos futuros que
podem ou não ocorrer para gerar compromissos de pagamento.

• Demandas Judiciais

Estimar o montante relativo a ações judiciais em andamento contra o ente federativo nas
quais haja a probabilidade de que o ganho de causa venha a ser da outra parte.

• Dívidas em Processo de Reconhecimento

Dívidas ainda não assumidas formalmente que apresentam probabilidade de serem


incorporadas ao passivo devido, por exemplo, a decisões judiciais.

• Avais e Garantias Concedidas

Estimar o montante que apresenta probabilidade de vir a ser gasto pelo ente federativo para
honrar fianças e avais concedidos em operações de crédito, direta ou indiretamente, pelo
ente federativo a favor de outros entes federativos e entidades dos setores público e privado,
inclusive com recursos de fundos de aval, a assunção de risco creditício em linhas de crédito,
o seguro de crédito à exportação e outras garantias de natureza semelhante que representem
compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual.

• Assunção de Passivos

Estimar o montante que apresenta probabilidade de vir a ser gasto pelo ente federativo com
o objetivo de proteger o cidadão ou sistemas importantes do Mercado contra inadimplências,
falências, altos prejuízos, ou garantir a credibilidade desses sistemas frente a fatores agudos
adversos.

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• Outros Passivos Contingentes

Estimar o montante que apresenta probabilidade de vir a ser empregado pelo ente federativo
para fazer frente a outros tipos de passivos contingentes.

3.2 Demais Riscos Fiscais Passivos

Essa seção identifica outros tipos de riscos fiscais, como os riscos orçamentários.

• Frustração de Arrecadação

Estimar o montante de redução de arrecadação que apresenta probabilidade de vir a ocorrer


no exercício decorrente de, por exemplo, cenários macroeconômicos desfavoráveis não
previstos na época da elaboração do Orçamento.

• Restituição de Tributos a Maior

Estimar o montante de devolução de tributos a maior que apresenta probabilidade de vir a


ocorrer no exercício.

• Discrepância de Projeções

Estimar o montante de redução no valor dos ingressos ou de aumento no valor dos


desembolsos que apresentam probabilidade de vir a ocorrer no exercício, decorrentes de
evolução desfavorável de indicadores econômicos empregados na época da elaboração do
Orçamento, tais como: taxa de crescimento econômico; taxa de inflação; taxa de câmbio; taxa
de juros; salário mínimo; outros indicadores.

• Outros Riscos Fiscais

Estimar o montante que apresenta probabilidade de vir a ser empregado pelo ente federativo
para fazer frente a outros tipos de riscos fiscais.

A seguir disponibilizamos o anexo de Riscos Fiscais da LDO 2016 de Belo Horizonte – MG – , Lei
nº 10.837, de 11 de agosto de 2015.

ANEXO II
DOS RISCOS FISCAIS
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – 2016

II. 1 - AVALIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES

(Art. 4º, § 3º, da Lei Complementar Federal n° 101/00)

Os riscos fiscais são classificados em duas categorias: orçamentários e de dívida.

Os riscos orçamentários são aqueles que dizem respeito à possibilidade de as receitas e


despesas previstas não se confirmarem, isto é, que, durante a execução orçamentária, ocorram
desvios entre receitas e despesas orçadas.

Com relação aos riscos relativos à não efetivação da receita, as variáveis que influem
diretamente na arrecadação são o nível da atividade econômica e o índice inflacionário.

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Por sua vez, as despesas realizadas pelo governo podem apresentar desvios em relação às
projeções utilizadas para a elaboração do orçamento, tanto em função do nível de atividade
econômica, da inflação observada, como em função de modificações constitucionais e legais
que introduzam novas obrigações para o governo. Podem-se considerar riscos orçamentários,
portanto, os desvios entre os parâmetros adotados nas projeções e os observados de fato.

Os riscos de dívida são oriundos de dois tipos diferentes de eventos. O primeiro diz respeito à
administração da dívida, ou seja, riscos decorrentes da variação das taxas de juros e de câmbio
nos títulos vincendos. Já o segundo tipo refere-se aos passivos contingentes do Município,
isto é, dívidas cuja existência depende de fatores imprevisíveis, tais como os resultados dos
julgamentos de processos judiciais que envolvem o Município.

Os riscos fiscais advindos do estoque da dívida pública estão sob controle, não se apresentando
como de exigibilidade de alocação de recursos em curto ou em médio prazo.

Do ponto de vista das ações judiciais trabalhistas e fiscais, existe um passivo contingente,
em decorrência de demandas em tramitação, que provocará impacto nos cofres públicos
municipais. Contudo, a incerteza de que naturalmente se reveste o resultado efetivo de tais
demandas e a consequente repercussão nos cofres públicos municipais leva à estimativa de
passivo meramente eventual, cujo caráter por si torna sua mensuração difícil e imprecisa.

Cabe ressaltar que o Supremo Tribunal Federal, nos autos das ações diretas de
inconstitucionalidade 4357 e 4425, estabeleceu a inconstitucionalidade de postergação, isto
é, pagamento em 15 anos, dos precatórios. A Corte, entretanto, em Questão de Ordem julgada
em 25/4/15, modulou os efeitos da decisão, mantendo o regime especial criado pela Emenda
62/09 pelo período de cinco anos, contados a partir de janeiro de 2016.

Valores em R$1,00
Riscos Fiscais Providências
Descrição Valor Descrição Valor
Abertura de créditos
adicionais a partir da
Aumento de despesas
Reserva de
obrigatórias decorrentes de
34.534.000 Contingência e 169.165.000
taxa de inflação
cancelamento de
superior à prevista.
despesas
discricionárias.
Aumento da despesa de
pagamento de juros da dívi- 5.985.000
da fundada.
Arrecadação de tributos
menor que a prevista no 128.646.000
orçamento.
TOTAL 169.165.000 TOTAL 169.165.000

O Anexo de Riscos Fiscais é interessante porque explica os conceitos que estão envolvidos
em sua elaboração, auxiliando o entendimento.

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No ícone Leitura Complementar do AVA você encontra o Anexo de Riscos Fiscais da União.
Confira!

Enfim, depois de termos abordado assuntos tão importantes acerca da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, chegamos ao final do nosso curso! Foi um prazer caminhar com você auxiliando
na construção da sua aprendizagem.

Esperamos ter atingido nosso objetivo que é contribuir para o aperfeiçoamento da elaboração
da LDO Municipal, instrumentalizando-o (a) para o acompanhamento desta ferramenta
orçamentária.

Exercício de Fixação 3

Conforme as instruções de preenchimento do demonstrativo de Riscos Fiscais e Providências


contidas no Manual de Demonstrativos Fiscais do Tesouro Nacional para 2015, relacione as
colunas:

(1) Passivos Contingentes


(2) Demais Riscos Fiscais

( ) Frustração da Arrecadação.

( ) Restituição de Tributos a Maior.

( ) Demandas Judiciais.

( ) Discrepância de Projeções.

( ) Assunção de Passivos.

( ) Dívidas em processo de Reconhecimento.

Revisão do Módulo

• O Anexo de Riscos Fiscais é um mecanismo para ampliar a transparência na apuração


dos resultados fiscais estabelecido pela LRF.
• De acordo com a LRF: A LDO conterá Anexo de Riscos Fiscais onde serão avaliados os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando
as providências a serem tomadas caso se concretizem.
• Os Riscos Fiscais são a possibilidade de eventos que venham a impactar negativamente
nas contas públicas.
• Os Riscos Fiscais são classificados em duas categorias: riscos orçamentários e de riscos
da dívida.
• Os riscos orçamentários dizem respeito à possibilidade das receitas e despesas
projetadas quando da elaboração do projeto de Lei Orçamentária não se confirmarem
durante o exercício financeiro.

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• Os riscos de dívida referem-se a possíveis ocorrências, externas à administração, que
quando se efetivam resultam em aumento do estoque da dívida pública. São duas as
principais causas: administração da dívida e passivos contingentes.
• A administração da dívida decorre de fatos como a variação das taxas de juros e de
câmbio em títulos vincendos, ou seja, que irão vencer.
• Passivos contingentes são dívidas cuja existência depende de fatores imprevisíveis.
• O Anexo de Riscos Fiscais deve identificar e quantificar os riscos, além de indicar as
providências a serem tomadas caso os riscos se concretizem.

Gabarito dos Exercícios de Fixação

Exercício 1

(V) Os Riscos Fiscais são a possibilidade de eventos que venham a impactar negativamente nas
contas públicas.
(V) Os Riscos fiscais estão relacionados aos recursos financeiros do Estado, que se tornam
insuficientes quando eventos imprevistos ocorrem.
(F) Na verdade a LRF estabelece a exigência do Anexo de Riscos Fiscais, que acompanha a LDO.
(F) Além dos riscos, constam também as providências a serem tomadas caso esses riscos se
concretizem.

Exercício 2

(F) A LDO é quem deve conter Anexo de Riscos Fiscais.


(V) No anexo de Riscos Fiscais serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes
de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
(V) Os Riscos Fiscais são a possibilidade de eventos que venham a impactar negativamente nas
contas públicas.
(F) Na verdade os riscos fiscais são classificados em riscos orçamentários e risco da dívida.
(V) Os riscos orçamentários contemplam o risco de receita e despesa.
(V) O risco da dívida é impactado por alterações na taxa de juros e de câmbio.

Exercício 3

(2) Frustração da Arrecadação.


(2) Restituição de Tributos a Maior.
(1) Demandas Judiciais.
(2) Discrepância de Projeções.
(1) Assunção de Passivos.
(1) Dívidas em processo de Reconhecimento.

Referências Bibliográficas

BELO HORIZONTE. Lei nº 10.837, de 11 de agosto de 2015.

BRASIL. Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.

BRASIL. Lei 12.708, de 17 de agosto de 2012.

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BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de demonstrativos fiscais: aplicado à União
e aos Estados, Distrito Federal e Municípios. 5° ed., Brasília. Acesso em: abril 2013. Disponível
em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/471139/CPU_MDF_6_edicao_
versao_24_04_2015.pdf/d066d42d-14c0-454b-9ab8-6386c9f7b0f8>. Acesso em: fevereiro de
2016

BRASIL. Tesouro Nacional. Gerenciamento de riscos da Dívida Pública Federal. Disponível


em:<http://www3.tesouro.gov.br/divida publica/downloads/Parte%202_3.pdf>. Acesso em:
fevereiro de 2016

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