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1 – Introdução

1.1 – Biomateriais

Biomaterial é qualquer substância (que não fármaco) ou combinações de


substâncias, de origem sintética ou natural, que possa ser usada por um período de
tempo, completa ou parcialmente como parte de um sistema que trate, aumente ou
substitua qualquer tecido, órgão ou função do corpo. O critério para seleção do
biomaterial a ser utilizado é feito de acordo com sua similaridade química e física ao
tecido a ser substituído, desde que acompanhado a uma resposta tóxica mínima ao
hospedeiro. Diversos materiais, como metais, cerâmicas, polímeros, compósitos e
semicondutores, podem ser usados como biomateriais [1- 3].
Os biomateriais modernos não se destinam somente ao preenchimento de
espaço, mas também a estimular uma resposta biológica específica em função de suas
propriedades, como distribuição eletrônica, conformação molecular, fase de agregação e
outras propriedades físico-químicas específicas. O desempenho específico e de acordo
com determinadas condições do ambiente em que se encontram, conferem a estes
biomateriais o título de materiais inteligentes [1, 4- 6].

1.2 – Polissacarídeos

Tolstoguzov e colaboradores [7] propuseram que os polissacarídeos foram os


primeiros biopolímeros formados na Terra. Constituem uma classe de carboidratos de
alto peso molecular, sendo complexos coloidais que se hidrolisam em monossacarídeos
contendo cinco ou seis átomos de carbono. Estes monossacarídeos se unem
glicosidicamente com eliminação de água.
Segundo Brant e colaboradores [3], os polissacarídeos são materiais
biologicamente produzidos com uma combinação única de propriedades funcionais e
características ambientalmente favoráveis. Possuem também boas propriedades
mecânicas para aplicações como fibras, filmes, adesivos, plásticos processáveis
fundidos, espessantes, modificadores reológicos, hidrogéis, carreadores de drogas,
emulsificantes etc. São materiais derivados de fontes renováveis, produzidos a partir de
biomassa, sendo geralmente biodegradáveis e não-tóxicos.

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1.3 – Quitina e quitosana

A quitina é um polissacarídeo de nome poli β-(1 4)-2-acetamida-2-desoxi-D-


glicopiranose) e constitui o segundo polímero orgânico natural mais abundante do
planeta [8, 9]. A quitina é um heteropolissacarídeo e forma um copolímero com a
quitosana, cuja denominação é poli α-(1,4)-2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose).
Dependendo de como é extraída, a quitina pode apresentar um percentual de grupos
amino próximo a 50% e ser facilmente confundida com quitosana [10].
Α quitina pode ser encontrada em três diferentes formas de arranjos estrutural,
sendo eles α, β e γ, onde esta última é de mais difícil ocorrência e pode ser considerada
como uma variante da forma α [11- 14]. As formas da quitina guardam relações com
suas duplas fitas poliméricas. Suas associações com outros materiais não alteram esta
conformação, mas são refletidas nos estados de cristalinidade [15].
A quitina pode ser extraída de algas marinhas e exoesqueletos dos artrópodes,
como crustáceos, insetos e aracnídeos [16]., Pode ser obtida artificialmente a partir da
abertura do anel do grupo exazolina de um derivado de açúcar ou por biosíntese a partir
da glicose, sendo convertida a amino-açúcares por via enzimática, sendo em seguida
acetilada e finalmente polimerizada por enzima [17]. A quitosana por sua vez é extraída
da parede celular de fungos [18], e obtida por desacetilação da quitina. As estruturas de
quitina e quitosana, bem como algumas fontes de extração de quitina são ilustradas,
respectivamente, na Figura 1.3.1 e na Tabela 1.3.1.

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OH
OH
OH

O O
O
HO NH
HO NH
HO NH
O
O
O
CH3
CH3
CH3
n

(a)

OH
OH
OH

O O
O
HO NH2
HO NH2
HO NH2

(b)

OH
OH
OH

O O
O
+
+ HO NH3
+ HO NH3
HO NH3

(c)
Figura 1.3.1 – (a) quitina 100% acetilada, (b) quitosana 100% desacetilada e (c)
quitosana 100% desacetilada e ionizada.

Tabela 1.3.1 – Algumas fontes de quitina


Fonte de obtenção Referência
Casca de caranguejo [19]
Pele de lula [20]
Casca de camarão [21]
Carapaça de lagosta [22]
Cutícula de cefalopoda [23]
Thalassiosira weissflogii (alga marinha) [24]

3
A quitosana pode ser obtida a partir da desacetilação da quitina, como mostra o
esquema presente na Figura 1.3.2.

Fontes de quitina

Desmineralização em solução de HCl

Desproteinização em solução de NaOH

Despigmentação por branqueamento usando KMnO4

Quitina

Desacetilação em solução de NaOH (40~50%) a quente

Quitosana
Figura 1.3.2 – Esquema de obtenção de quitina e quitosana [25].

A quitosana é um polissacarídeo natural com muitas propriedades químicas e biológicas


importantes, entre as quais podemos citar hidrofilicidade, biocompatibilidade,
biodegradabilidade, bioatividade, propriedades policatiônicas, bactericidas, afinidade
por biomacromoléculas [26]. A mesma também é considerada um agente bacteriostático
e antimicrobiano, acelera os processos cicatrizantes e é um composto potencialmente
modificável, física e quimicamente [27- 34].

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1.4 – Gelatina

A gelatina é uma proteína derivada da macromolécula de colágeno, sendo obtida


por sua hidrólise parcial [35]. A gelatina pode formar géis não permanentes a
temperatura ambiente e é extremamente utilizada nas indústrias alimentícia, fotográfica,
cosmética e farmacêutica [36, 37]. Também encontra uso em rotas sintéticas de óxidos
inorgânicos como MgAl2O4, ZnMn2O4 e MnFe2 O4 [38]. É empregada em um pré-
tratamento de partículas de carbonos e grafites utilizadas na preparação de eletrodos de
dispositivos eletroquímicos de inserção de íons lítio [39, 40].
A literatura revela que há um crescente interesse em obtenção de blendas
poliméricas, onde a gelatina aparece muitas vezes combinada com outras substâncias,
como por exemplo, a quitosana [41]. As estruturas da molécula de colágeno estão
estabilizadas por ligações cruzadas covalentes. Durante a produção da gelatina, estas
ligações cruzadas são quebradas e a hidrólise pode afetar a cadeia principal de forma
não específica, originando um produto de composição não homogênea. Logo, a
molécula de gelatina é um fragmento desenrolado da tripla hélice do colágeno, sendo
incapaz de completar sua renaturação [42].
A dissolução da gelatina se dá em água quente e ocorre formação de gel quando
resfriada. Quando aquecida a uma temperatura acima de 30ºC as triplas hélices
desenrolam-se e a gelatina é dissolvida formando espirais aleatórios. Quando a solução
é então resfriada, zonas de junção são formadas por pequenos segmentos de duas ou três
cadeias polipeptídicas revertendo à estrutura em tripla hélice do colágeno, formando
uma rede tridimensional desordenada. Parâmetros como composição química da
proteína, massa molecular e modificações no ambiente como pH, íons e outros aditivos
são fatores importantes que influenciam seu arranjo tridimensional e, portanto,
propriedades térmicas e mecânicas dos géis [43- 45].
Tanto colágeno quanto gelatina consistem de quantidades variáveis de 18
aminoácidos, onde glicina (Gly), prolina (Pro) e hidroxiprolina (Hyp) são os mais
abundantes [42]. A Tabela 1.4.1 ilustra a porcentagem média em massa dos
aminoácidos constituintes da gelatina de mamíferos.

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Tabela 1.4.1 – Porcentagem média dos aminoácidos constituintes da molécula
de gelatina [43].

Aminoácido % Aminoácido % Aminoácido %


COOH

COOH H 2N
COOH
H2N
H2N H
27,5 6,7 OH
0,9
H
HOOC
Glicina (Gly)
Aspartato (Asp) NH2
Hidroxilisina (Ohl)
COOH
COOH
COOH H 2N
H 2N

N 16,4 5,1 0,9


H 3C S
CH3
Prolina (Pro) Leucina (Leu)
H 3C
Metionina (Met)
COOH
COOH COOH
H 2N
H2N
N
14,1 4,5 H 0,8
N
OH
Hidroxiprolina NH2 N
(Hyp) Lisina (Lys) Histidina (His)
CH3
COOH
H 2N
H 2N
COOH
H2N
11,4 4,2 0,3
OH
COOH
Serina (Ser)
Glutamato OH
(Glu) Tirosina (Tyr)
COOH
COOH COOH HOOC
H2N
H2N H H2N NH2
11,0 2,6 Traços
CH3 CH3 S S
H3C
Alanina (Ala) Cistina (Cys)
Valina (Val)
COOH
COOH
H 2N
HOOC H 2N

NH2
8,8 HO 2,2 NH Traços
HN
CH3
NH
H 2N
Treonina (Thr)
Arginina (Arg) Triptofano (Trp)

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Como observado na Tabela anterior, a glicina, prolina e hidroxiprolina
representam quase dois terços do total de constituintes aminoácidos da molécula de
gelatina. A hidroxiprolina ocorre como um dos constituintes principais de proteínas
animais somente no colágeno e na gelatina derivada de colágeno, e sua quantidade é
frequentemente usada como uma medida de pureza. Como Gly, Pro e Hyp constituem
uma alta porcentagem de aminoácidos presentes na gelatina, é natural que sejam
candidatos a comporem qualquer sequência repetitiva dos polipeptídios constituintes da
gelatina. A estrutura primária da gelatina tem a forma geral [Gly-X-Y]n, onde X e Y são
resíduos de aminoácidos, sendo ocupados geralmente por resíduos de prolina ou
hidroxiprolina, e n assume um valor aproximado de 330 [46, 47].
As zonas de junção, formadas durante a gelificação, são muito ricas em tripletos
Gly-Pro-Hyp, que são importantes na formação de regiões da tripla hélice. Estas regiões
devem estar estabilizadas por ligações de hidrogênio [48], por clusters de atrações
íntimas de van der Waals entre resíduos Pro e Hyp em cadeias diferentes [49], ou pela
incorporação de moléculas de água formando pontes de hidrogênio entre os resíduos
imida [50, 51], para formar domínios rígidos de longo alcance.
A presença de grupos de aminoácidos ácidos (ácido carboxílico) e básicos
(amina) confere à gelatina um caráter zwitteriônico. O pH da solução determina a carga
efetiva da gelatina. A carga é positiva para valores de pH abaixo do ponto isoelétrico,
em que a gelatina pode ser considerada um biopolímero catiônico (devido à presença
dos grupos –NH3+). De forma semelhante, para valores de pH acima do ponto
isoelétrico, a gelatina apresenta uma carga líquida negativa e pode ser considerada um
biopolímero aniônico (devido à presença dos grupos –COO—). No ponto isoelétrico a
carga efetiva é nula, e a gelatina encontra-se eletricamente neutra [52].
A grande quantidade de grupos catiônicos e aniônicos presentes na estrutura da
gelatina provê vários sítios ativos para reações de reticulação, de acordo com o número
de grupos ativos que ela possui, catiônicos, aniônicos e não-iônicos [53].

7
1.5 – Glutaraldeído

Aldeídos formam ligações intramoleculares e intermoleculares com moléculas


de proteínas, resultando na formação de heteropolímeros de maior rigidez estrutural. A
reação de aldeídos com proteínas acontece por reações de condensação com grupos
amina para a formação de  -hidroxiaminas, as quais podem condensar com novos
grupamentos amina para efetivar as ligações cruzadas [54].
O glutaraldeído, que está representado pela Figura 1.6.1, é um dialdeído alifático
de 5 carbonos e de massa molecular 100,13u. Possui baixa viscosidade. É solúvel em
água e solventes orgânicos, tais como etanol, benzina e éter. É estável à luz, mas é
oxidado quando exposto ao ar e polimeriza quando aquecido. Em solução, o
glutaraldeído existe em equilíbrio sob formas de glutaraldeído livre, hemiidratos,
diidratos e isômeros cis e trans do hemiacetal cíclico [54- 56].

O
CH CH2 CH2 CH2 CH
O
Figura 1.6.1 – Fórmula estrutural do glutaraldeído

O glutaraldeído é o agente fixador mais eficaz na preservação de finas estruturas


devido ao potencial de formar ligações cruzadas rapidamente, efetivamente e
irreversivelmente com proteínas sem que haja coagulação das mesmas. O glutaraldeído
reage com grupamentos  -aminas de aminoácidos, N-terminais de grupamentos  -amina
de peptídeos e grupamentos sulfídricos de cisteína. O local predominante de reação com
proteínas é o grupamento  -amina da molécula lisina, embora reações também possam
ocorrer com tirosina, histidina e resíduos sulfídricos [54, 57].
Sua aplicação em pesquisa de novos materiais envolve a área de engenharia de
tecidos biológicos e engenharia de biomateriais. Devido à sua alta capacidade de
promover ligações cruzadas entre peptídeos, tem sido aplicado como coadjuvante em
reparos, regeneração guiada de tecidos ósseos, desenvolvimento de biopróteses e
tratamento de válvulas cardíacas [54].

8
1.6 – Granada de ferrita de ítrio (YIG)

O YIG (yttrium iron garnet) é uma partícula ferrimagnética pertencente a uma


família de óxidos complexos, as granadas [58]. Estas são uma família de sólidos que
exibem comportamento magnético característico. Suas propriedades magnéticas
dependem da composição (presença de íons magnéticos), da estrutura do cristal (o
arranjo geométrico tridimensional dos íons) e da temperatura. As granadas podem
formar soluções sólidas que permitem mudar sua composição sem comprometer a
estrutura do cristal. Esta condição permite que as propriedades magnéticas da família
sejam alteradas, preservando a estrutura original do cristal. Sua fórmula geral é
R3Fe5O12, onde o elemento R pode ser uma terra rara, com exceção de La, Ce, Pr e Nd.
Para o YIG, os íons Fe3+ (com cinco elétrons desemparelhados) nos sítios octaédricos
tem seus spins alinhados na direção oposta aos dos íons Fe3+, dos sítios tetraédricos.
Contudo, devido a três sítios tetraédricos e dois sítios octaédricos presentes na fórmula
da granada, o momento magnético dos cinco elétrons desemparelhados prevalece.
Nenhuma contribuição magnética vem dos pacotes fechados de íons Y3+ [58]. A Figura
1.7.1 ilustra os sítios e os íons ocupantes em uma granada de ferrita de ítrio.

Figura 1.7.1 – Diferentes espécies de sítios atômicos para a granada [59].

9
2 – Objetivos

2.1 – Objetivos gerais

Obtenção de biocompósitos magnéticos a partir de polímeros naturais e de YIG.

2.2 – Objetivos específicos

Caracterização microestrutural dos biocompósitos obtidos por;

• Microscopia eletrônica de varredura (MEV);


• Difração de raios-X;
• Espectroscopia na região do infravermelho;
• Análise de degradação térmica (TGA);
• DSC

Caracterização dielétrica e magnética por;

• Espectroscopia dielétrica em radiofreqüência e microondas;


• Curvas de histerese magnética;

Proposta para aplicação do biocompósito como dispositivo eletrônico;

• Antena de microlinha.

10
3 – Materiais e métodos

3.1.1 – Preparo das soluções a 3% m/V de quitosana e gelatina

Para obtenção de uma solução a 3% m/V, uma massa de 30,0200g de quitosana


(POLYMAR, PADETEC, GD= 74%, gentilmente cedida pela professora Dra Nágila
Ricardo) foi adicionada a uma solução de ácido acético 2% e agitada a 700 rpm até
completa dissolução. Completada a dissolução, a solução foi agitada a uma freqüência
de 900 rpm por 30 minutos e em seguida deixada em repouso. O mesmo procedimento
foi realizado na preparação da solução de gelatina (SIGMA, 95%), cuja massa pesada
foi de 30,0020g. Após o repouso, ambas as soluções foram levadas à centrífuga por um
período de 15 minutos a 5000rpm. Terminado o processo de centrifugação, as soluções
foram transferidas para recipientes de vidro de 1L. O armazenamento das soluções foi
feito em uma geladeira.

3.1.2 – Umidade das soluções

Após realização de teste de umidade, foi obtido o valor de 31,67mg/g para a


solução de quitosana e 25,26mg/g para a solução de gelatina.

3.1.3 – Preparo das misturas quitosana-gelatina

Volumes equivalentes de quitosana e gelatina foram somados a fim de se obter


uma solução final de quitosana-gelatina na proporção de 1:1.

11
3.1.4 – Síntese do YIG

20,3 mmol de Y2O3 (99,99%, Aldrich) e 33,9 mmol de Fe2O3 (99,0%, Aldrich)
foram transferidos para um reator de aço inoxidável cujo volume era de 221,69 cm3.
Foram acrescentadas esferas também de aço inoxidável (Ø 10 mm) à massa do pó dessa
mistura na razão de aproximadamente 1/9 (massa dos reagentes / massa das esferas).
Essa proporção foi alcançada a partir de alguns testes com pós de reagentes cuja síntese
foi menos demorada [5]. No mesmo procedeu-se a moagem de alta energia no moinho
planetário “Fritsch Pulverisette 6” por 1h, com o intuito de garantir uma maior
homogeneização dos reagentes de partida e ativação do pó (aumento da área superficial
do material a partir da diminuição do tamanho da partícula, tornando o pó mais reativo).
A moagem foi realizada no ambiente atmosférico presente (ar), com 370 rpm de
velocidade de rotação. O pó proveniente foi colocado em um cadinho de alumina e
levado ao forno para sofrer calcinação.
A equação química da reação de síntese do YIG está representada abaixo:

2Y2O3(s) + 5Fe2O3  2Y3F5O12(s)

A temperatura de síntese foi de 1150ºC, a uma taxa de aquecimento de 5ºC/min


por um período de 5h. A massa obtida foi de 16,4182g, o que representa um rendimento
de 91,21%.

12
3.1.5 – Preparação dos compósitos

A Tabela 3.1.1 ilustra a proporção entre os reagentes utilizados na preparação


dos compósitos.

Tabela 3.1.1 – Massa, volume e nomenclatura de reagentes e amostras.


%G VG (mL) mG (mg) F/G YIG(500mg) YIG(250mg)
0,0 - - 0 FY50 FY25
0,1 0,20 50 20:1 FG0,1Y50 FG0,1Y25
0,075 0,15 37,5 26,6:1 FG0,075Y50 FG0,075Y25
0,050 0,10 25 40:1 FG0,050Y50 FG0,050Y25
0,025 0,05 12,5 80:1 FG0,025Y50 FG0,025Y25
G = glutaraldeído; VG = volume de G na solução; mG = massa de G na solução; F =
filme de quitosana-gelatina 1:1; F/G = proporção entre a massa de filme e massa de
glutaraldeído; Y = YIG

Foi separada uma alíquota de 50mL da solução quitosana-gelatina, em seguida


foi adicionado YIG e agitada a solução com um bastão de vidro. Em seguida adicionou-
se glutaraldeído (Merck, 25%) conforme as proporções estabelecidas na tabela acima e
agitadas com um bastão de vidro para promover a reticulação.
Ao todo, 15 placas de Petri foram utilizadas para formatação dos compósitos.
Após cinco dias de secagem os filmes estavam prontos para serem submetidos às
análises de caracterização.

13
3.2 – Técnicas de caracterização

Foram realizadas medidas a fim de caracterizar o compósito sintetizado,


comparando com dados da literatura e expondo características ainda não observadas
anteriormente.

3.2.1 – Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As micrografias da superfície das amostras dos compósitos foram obtidas em um


microscópio eletrônico de varredura, Phillips XL-30, operando com um grupo de
elétrons primários a 30 keV, em amostras retangulares fixadas sobre uma placa de ferro,
recobertas com uma camada de ouro de aproximadamente 90 nm de espessura. A
dimensão de cada amostra foi de aproximadamente 5mm x 5mm. A Figura 3.2.1 ilustra
a placa contendo as amostras após o recobrimento com ouro.

Figura 3.2.1 – Placa de metal contendo as amostras.

3.2.2 – Difração de raios-X

Os difratogramas foram obtidos a temperatura ambiente (300K). Foram


analisados o pó nanocristalino de YIG em um suporte de silício e filmes de seis das
amostras (F, FG0,025, FY25, FG0,025Y25, FY50 e FG0,025Y50) fixados sobre uma placa de
vidro. As amostras de filme foram recortadas retangularmente, com medidas de 2,0cm x
1,5cm, como ilustra a Figura 3.2.2.

14
Figura 3.2.2 – Amostra do biocompósito para a análise de raios-X.

O equipamento utilizado foi um difratômetro Rigaku (DMAXB) operando em


40 kV/30 mA com um tubo de Cu-Kα ( = 1,54056 Å). As medidas foram realizadas
em modo contínuo a uma taxa de 1°/min no intervalo de 20° a 60°, em 2  , na geometria
de Bragg-Brentano.
Foi utilizado o banco de dados (Joint Committe on Powder Diffraction
Standards-JCPDS) do DRX para obtenção dos padrões de linhas de difração de raios-X,
que foram usados para comparar os difratogramas obtidos na análise e identificar as
fases existentes.

3.2.3 – Espectroscopia na região do infravermelho

A espectroscopia na região do infravermelho é uma das técnicas utilizadas para


caracterização de quitosana e gelatina, sendo, portanto de fundamental importância a
utilização desta técnica. [72-76]
As amostras foram recortadas em pequenos quadrados de dimensões 1,0cm x
1,0cm e submetidas à análise em um equipamento VERTEX 70 da BRUKER. As
medidas foram realizadas com acessório ATR de 520 – 4500 cm-1, com 64 scans para
background e amostra.

3.2.4 – Análise Termogravimétrica

As amostras foram submetidas à TGA em um aparelho Mettler Toledo


TGA/SDTA851e, equipado com microbalança. A taxa de aquecimento foi constante de
10ºC/min em uma atmosférica dinâmica de nitrogênio (vazão 50mL/min). A faixa de
temperatura foi de 25ºC a 800ºC. A massa de cada amostra foi de 3 a 5mg.

15
3.2.5 – Medidas dielétricas

As medidas dielétricas foram realizadas abrangendo um intervalo de frequência


que ia de 1 MHz a 13,5 GHz, a temperatura ambiente de 300K.
No aparelho Agilent E4991A (RF Impedance / Material Analyzer) as amostras
foram analisadas através do contato dos eletrodos do aparelho, como ilustra abaixo a
Figura 3.2.3, em um intervalo de frequência de 1MHz a 3GHz.

Figura 3.2.3 – Dispostivo para medida dielétrica

As medidas no analisador de impedância Agilent N5230A requerem que as


amostras possuam uma dimensão mínima de 5cm de diâmetro e por esta razão algumas
não puderam ser medidas, após o período de secagem, apresentaram um enrugamento e
uma consequente redução de suas dimensões, enquanto outras amostras tornaram-se
quebradiças, o que causou dificuldade durante a medida no aparelho Agilent E4991A.
As amostras de diâmetro satisfatório (F, FG0,1, FG0,050, FG0,025, FY25, FG0,075Y25,
FG0,050Y25, FG0,025Y25, FY50, FG0,1Y50 e FG0,025Y50) puderam ser submetidas à análise.
A Figura 3.2.4 mostra um desenho esquemático do aparelho utilizado para analisar as
amostras.

Figura 3.2.4 – Esquema de utilização do aparelho Agilent


N5230A.

16
3.2.6 – Medidas magnéticas

As medidas magnéticas foram realizadas por J. C. Denardin (Departamento de Física,


Universidad de Santiago de Chile) a temperatura ambiente com magnetômetro
previamente calibrado com um fio de níquel, utilizando o aparelho “Magnetic Material
Text Fixture” (Agilent 16454A). Após a medida da massa de cada amostra, a
magnetização foi dada em memu/g.

17
5 – Resultados e discussões

4.1 – Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As micrografias revelaram a disposição do YIG nos filmes poliméricos. A


Figura 4.1.1 ilustra a fase polimérica sem adição do componente magnético.

(a) (b)
Figura 4.1.1 – Micrografia da superfície da amostra F com um aumento de: (a)
1000x e (b) 10000x.
A Figura 4.1.1 mostra a região superficial da amostra F, onde é possível
observar a boa homogeneidade da amostra. As micrografias dos filmes que continham o
componente magnético revelaram que sua morfologia está fortemente ligada à
concentração de glutaraldeído presente em cada uma das amostras. As Figuras 4.1.2 a
4.1.9 revelam as características morfológicas da série de filmes cuja massa de YIG
presente era de 250mg.

18
(a) (b)
Figura 4.1.2 – Micrografia da amostra FY25 com um fator de ampliação de: (a)
250x e (b) 2500x.

Figura 4.1.3 – Micrografia da amostra FY25 com um fator de ampliação de


10000x.

19
A Figura 4.1.2 mostra que parte do YIG parece estar saindo da superfície do
filme, rompendo a fase polimérica de quitosana-gelatina, enquanto uma outra parte do
componente magnético permanece embebida no filme. Embora aglomerados, é possível
observar que há uma dispersão dos grãos de YIG. Há espaços não preenchidos entre os
aglomerados que estão mais próximos da superfície externa.
Ampliando para um fator de 2500x, pode-se observar na Figura 4.1.2 (b) os
grãos de YIG envolvidos pela matriz polimérica, no limiar de saída para a região
superficial do filme. Observando o lado direito da micrografia, uma pequena ruptura do
filme é identificada em meio a diversos grãos embebidos no compósito. A diferença de
tamanho dos grãos também pode ser observada na mesma figura.
A Figura 4.1.3 mostra, com um fator de ampliação de 10000x, a membrana
envolvendo o YIG, de modo que é possível observar a morfologia dos grãos do
componente magnético bem delineada quando envolta pela fase polimérica. Os grãos de
YIG parecem esticar o filme polimérico e a flexibilidade conferida pela gelatina faz
com que a ruptura seja dificultada.
As Figuras 4.1.4 a 4.1.7 ilustram os compósitos agora reticulados com
glutaraldeído a uma concentração de 0,1%.

(a) (b)
Figura 4.1.4 – Micrografia da amostra FG0,1Y25 com um fator de ampliação de:
(a) 250x e (b) 500x.

20
(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.1.5 – Micrografia da amostra FG0,1Y25 com um fator de ampliação
de: (a) 250x, (b) 500x, (c) 500x e (d) 2500x..

21
(a) (b)
Figura 4.1.6 – Micrografia da amostra FG0,1Y25 com um fator de ampliação de:
(a) 2500x e (b) 5000x.

Figura 4.1.7 – Micrografia da amostra FG0,1Y25 com um fator de ampliação de


10000x.

22
É possível identificar alguns grãos de YIG expostos, como mostram as Figuras
4.1.4(a) e 4.1.4(b), contrastando com uma grande área em que os mesmos grãos
permaneceram embebidos no compósito. Comparando a superfície da presente amostra,
FG0,01Y25, com a da anterior, FY25, pode-se observar que a quantidade de grãos de YIG
que aparecem exteriormente é bem menor quando o filme está reticulado com
glutaraldeído.
Em algumas regiões do filme é possível identificar rupturas como as presentes
nas Figuras 4.1.5(a), 4.1.5(b) e 4.1.5(b). A Figura 4.1.5(a) apresenta um fator de
ampliação de 250x e mostra o contraste entre a região em que houve o rompimento da
matriz polimérica e o restante da superfície da amostra. As Figuras 4.1.5(b) e 4.1.5(c),
com uma ampliação de 500x mostra com maior detalhe a região da ruptura. Percebe-se
que há um acúmulo maior de grãos de YIG o que contribui para o rompimento da
estrutura polimérica reticulada do filme. Possivelmente este acúmulo irregular se deve à
não homogeneidade dispersiva dos grãos de YIG no filme, ocasionada pela reticulação
no momento em que a solução da membrana estava sendo preparada.
Ao redor das rupturas observadas, é visível que a maior parte dos grãos de YIG
permaneceu embebida no filme, “segura” pela matriz polimérica reticulada com
glutaraldeído.
Na Figura 4.1.5(d) é possível identificar o limite de separação entre o filme
intacto, à esquerda da figura, e a região que rompeu à direita, onde os grãos de YIG
tornam-se nítidos a um fator de ampliação de 2500x.
As Figuras 4.1.6(a) e 4.1.6(b), com fatores de aumento de 2500x e 5000x
respectivamente, ilustram o aglomerado de grãos existente por baixo da região da matriz
polimérica que fora rompida. À direita, na Figura 4.1.6(a) é possível observar a direção
da ruptura sofrida pelo filme, bem como os grãos que permaneceram envoltos por
fragmentos do polímero e uma região em que o filme resistiu à saída dos grãos.
A Figura 4.1.7 mostra a morfologia e a disposição dos grãos no interior do
compósito. As Figuras 4.1.8 e 4.1.9, mostradas a seguir, ilustram as demais amostras da
série de 250mg de YIG.

23
(a) (b)
Figura 4.1.8 – Micrografia da amostras (a) FG0,075Y25 e (b) FG0,05Y25 com um
fator de ampliação de: (a) e (b) 250x.

Figura 4.1.9 – Micrografia da amostra FG0,025Y25 com um fator de ampliação de


250x.
As Figuras 4.1.8(a), 4.1.8(b) e 4.1.9 mostram que na superfície de cada amostra
há uma considerável presença dos grãos de YIG e em quantidade e distribuição
semelhantes nos três compósitos.
A seguir, as figuras relativas à série de amostras com 500mg de YIG.

24
(a) (b)
Figura 4.1.10 – Micrografia da amostra FY50 com um fator de ampliação de: (a)
100x e (b) 500x.

(a) (b)
Figura 4.1.11 – Micrografia da amostra FY50 com um fator de ampliação de: (a)
1000x e (b) 2500x.

25
(a) (b)
Figura 4.1.12 – Micrografia da amostra FY50 com um fator de ampliação de: (a)
5000x e (b) 10000x.

A Figura 4.1.10(a) mostra a disposição dos 500mg de grãos de YIG na


superfície do compósito. Há uma concentração acentuada dos grãos sobre a superfície
em relação ao mesmo compósito com 250mg de YIG, como ilustra a Figura 4.1.2.
A aglomeração dos grãos é bastante acentuada formando grandes blocos de YIG
e não sendo possível perceber a fase polimérica, como mostra a Figura 4.1.10(b), a
mesma região anterior, agora com um aumento de 500x.
Na Figura 4.1.11(a) pode-se observar, com o aumento de 1000x, alguns grãos
que romperam a matriz polimérica e que estão expostos na superfície externa do filme,
ao passo que na região um pouco mais escura, o componente magnético permanece
envolto pelo filme, que resistiu a uma ruptura, embora seja possível observar pequenas
extrusões dispostas por sobre a superfície do YIG embebido.
As Figuras 4.1.11b e 4.1.12a, cujos aumentos foram de 2500x e 5000x
respectivamente, identificam-se alguns grãos que estão expostos na superfície do
compósito e o contorno daqueles que não romperam a matriz polimérica, permanecendo
envoltos pelo filme. Na Figura 4.1.11(b) pode-se ter idéia da profundidade do
compósito, assim como são visíveis pedaços do filme que foram rompidos pela extrusão
do componente magnético. A Figura 4.1.12(a) mostra grãos envoltos pela matriz
polimérica, bem como profundamente, grãos de YIG ainda embebidos.

26
A Figura 4.1.12(b) ilustra a morfologia e o contorno dos grãos de YIG que
constituem o compósito FY50.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.1.13 – Micrografia da amostra FG0,1Y50 com um fator de ampliação de:
(a) 100x, (b) 500x, (c) 2500x e (d) 10000x.

27
(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.1.14 – Micrografia da amostra FG0,1Y50 com um fator de ampliação de:
(a) 1000x, (b) 2500x, (c) 1000x e (d) 2000x.

28
(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.1.15 – Micrografia da amostra FG0,1Y50 com um fator de ampliação de:
(a) 2000x, (b) 2500x, (c) 5000x e (d) 10000x.

29
(a) (b)
Figura 4.1.16 – Micrografia da amostra FG0,1Y50 com um fator de ampliação de:
(a) 5000x e (b) 10000x.
As Figuras 4.1.13(a) e 4.1.13(b) ilustram a superfície da amostra, onde é notável
que os grãos de YIG formam relevos sob a matriz polimérica. As Figuras 4.1.13(c) e
4.1.13(d) mostram um enrugamento presente na superfície do filme. Grãos de YIG
isolados podem ser percebidos na Figura 4.1.13(c).
Algumas fissuras, como as mostradas pelas Figuras 4.1.14(a) e 4.1.14(b), foram
identificadas ao longo da superfície do filme, mas quase não é possível observar a
presença do componente magnético. As Figuras 4.1.14(c) e 4.1.14(d) revelam uma
região em que houve ruptura parcial da matriz polimérica, onde ainda é possível
identificar parte do YIG recoberto por restos do filme.
A Figura 4.1.15 mostra uma ruptura circular (a) e (b), onde é possível identificar
(c) o limite de separação entre os grãos de YIG aglomerados e a matriz polimérica que
resistiu à extrusão. A Figura 4.1.15(d) mostra, com um aumento de 10000x, grãos de
YIG sob a matriz polimérica da amostra FG0,1Y50.
A Figura 4.1.16 mostra em detalhes a morfologia dos grãos de YIG que
constituem o interior do compósito. A seguir serão expostas as micrografias referentes
ao restante das amostras com 500mg de YIG em sua composição.

30
(a) (b)

(c)
Figura 4.1.17 – Micrografia das amostras FG0,075Y50 (a), FG0,050Y50 (a) e
FG0,025Y50 (c).

Assim como observado na série de 250mg, a quantidade de grãos de YIG


observados na superfície das amostras reticuladas com glutaraldeído a 0,025%, 0,050%
e 0,075% é bastante semelhante à observada nas amostras não reticuladas. Apenas as
amostras com uma concentração maior (0,1% de glutaraldeído) apresentaram uma
maior resistência à ruptura pelos grãos de YIG.

31
4.2 – Difração de raios-X

Os difratogramas para as amostras essencialmente poliméricas estão ilustrados a


seguir pela Figura 4.2.1.

Figura 4.2.1 – Difratogramas para os filmes poliméricos sem adição de YIG.

A Figura 4.2.1 mostra difratogramas sem picos definidos, indicando um caráter


amorfo e aleatório para a estrutura. Em torno de 2θ= 20º pode ser observado um halo de
difração característico da fibra resultante do compósito quitosana-gelatina [77], indicado
pela seta. Quando um compósito polieletrolítico de quitosana e gelatina é formado, os
grupos amina da quitosana formam pontes de hidrogênio com os grupos carboxílicos da
gelatina. Esta formação quebra as pontes de hidrogênio previamente existentes entre os
grupos amina e grupamentos hidroxila da quitosana, resultando em uma estrutura
amorfa [78].
A diminuição da intensidade do halo de difração demonstra que houve uma
redução de cristalinidade devido à reticulação promovida pelo glutaraldeído, que rompe
as pontes de hidrogênio existentes entre os grupos amina e carboxílicos de quitosana e
gelatina [78, 79] contribuindo para uma menor organização estrutural [76, 79],
confirmando resultados obtidos por Oyrton e Monteiro [80]. Os picos característicos da
estrutura cristalina do YIG são identificados na Figura 4.2.2, que ilustra os
difratogramas dos biocompósitos, representados pelas amostras F e FG0,025, agora com a
adição de YIG em sua composição.

32
Figura 4.2.2 – Difratogramas para os compósitos magnéticos.

Ao analisar os difratogramas das amostras contendo o componente


ferrimagnético, identifica-se a presença de picos de difração bem definidos,
característicos da fase cristalina do YIG.
A fase amorfa característica da estrutura polimérica, identificada com setas nos
difratogramas da Figura 4.2.2, parece ter interagido com o YIG, fazendo com que o
compósito assumisse uma estrutura mais ordenada e consequentemente apresentando
um leve aumento em sua cristalinidade.
A intensidade relativa de cada pico cristalino sofreu alteração quando observada
nos compósitos. O pico cristalino do YIG em 2θ=28,9º sofreu um aumento em relação
aos demais. A ampliação do pico foi identificada com o símbolo •. O pico aparece
ampliado devido ao alinhamento de seu plano com o do polímero. Já os picos
identificados com o caractere ♦ apresentaram uma atenuação de sua intensidade devido
a um não-alinhamento de plano com a fase orgânica, que espalha os raios-X, fazendo
com que a fase cristalina tenha reduzida a intensidade de seu pico.
Os picos marcados com ∇ são relativos a 2θ= 28,9º, 45,16º e 51,12º
respectivamente. Houve um deslocamento destes picos quando observados no
compósito. Tais deslocamentos se devem ao fato de que a amostra não é completamente
plana e houve influência de sua conformação na incidência dos raios-X na região
compreendida entre 2θ= 28,9º e 51,12º.

33
4.3 – Espectroscopia na região do infravermelho

Algumas bandas de absorção são características de cada constituinte do


compósito e podem ser consideradas como “impressões digitais” de cada composto
quando observadas no espectro da região do infravermelho. A identificação das bandas
relativas à quitosana e gelatina é de grande importância para elucidar como estes
componentes interagem.
A caracterização da matriz polimérica foi realizada na região do infravermelho
de 1800 – 600 cm-1. O YIG não pôde ser identificado no espectro com esta técnica, pois
suas bandas aparecem em uma região espectral de números de onda abaixo de 500cm-1,
o que ultrapassava o limite do cristal do aparelho utilizado nestas medidas de ATR.
Contudo, o YIG utilizado na síntese dos compósitos foi obtido a partir do procedimento
experimental sugerido por Fechine e colaboradores [59], cuja caracterização na região
do infravermelho, dentre outras, foi realizada.
As Figuras 4.3.1 a 4.3.3 ilustram os espectros das amostras obtidos na região do
infravermelho próximo. Em seguida, a Tabela 4.3.1 contém informações sobre as
estruturas químicas identificadas em cada modo vibracional.

34
Figura 4.3.1 – Espectro na região do infravermelho das amostras F, FG0,025 e FG0,1.

35
Figura 4.3.2 – Espectro na região do infravermelho das amostras FY25, FG0,025Y25 e FG0,1Y25.

36
Figura 4.3.3 – Espectro na região do infravermelho das amostras FY50, FG0,025Y50 e FG0,1Y50.

37
Tabela 4.3.1 – Modos vibracionais dos filmes compósitos obtidos por espectroscopia na região do infravermelho.

Número de onda (cm-1)


Atribuição F FG0,025 FG0,1 FY25 FG0,025Y25 FG0,1Y25 FY50 FG0,025Y50 FG0,1Y50


(-C=O) 1631 1641 1631 1635 1631 1635 1639 1643 1627


(-NHC=O) 1537 1544 1544 1541 1537 1541 1539 1539 1537


(-C-O) 1400 1400 1400 1400 1400 1406 1400 1402 1404


(-NH2) 1238 1238 1238 1242 1242 1238 1242 1236 1238


(-C-OH) 1072 1060 1062 1064 1062 1064 1064 1066 1066


(-CH) 896 896 896 894 898 896 879 896 896

38
Os espectros das amostras são semelhantes, de modo que houve apenas um
pequeno deslocamento das bandas devido às interações entre a fase magnética e a
matriz polimérica. Essas interações podem ocorrer devido ao tamanho do grão, forma e
o estado de agregação entre as fases do compósito. Foram identificadas a deformação
angular de NH (amida II em 1546 – 1535cm-1) e a deformação axial –CO (amida I em
1646 – 1631cm-1), atribuídas ao grupo C=O em ligações intermoleculares de hidrogênio
com grupos N–H. Na região compreendia entre 1100 – 800cm-1 estão bandas
características de estruturas polissacarídicas.

39
4.4 – Análise termogravimétrica (TGA)

A Figura 4.4.1 ilustra o perfil de degradação das amostras submetidas ao


tratamento térmico. Com base nesses resultados foi possível observar que os processos
de degradação acompanharam as modificações realizadas para conceber os compósitos.
A amostra F, constituída exclusivamente de quitosana e gelatina, apresentou a maior
perda de massa, enquanto que a amostra FG0,025Y50, reticulada com glutaraldeído a
0,025% e contendo 500mg de YIG, foi mais resistente à degradação térmica.

Figura 4.4.1 – Curvas de TGA das amostras.

Segundo a literatura, compósitos constituídos de materiais poliméricos e


cerâmicos apresentam uma maior resistência à degradação térmica quando comparados
a suas matrizes poliméricas isoladas [89- 94]. De maneira sucinta, pode-se afirmar que o
experimento revelou curvas de degradação cujos comportamentos foram semelhantes
aos dados existentes na literatura. A Figura 4.4.2 ilustra o comportamento térmico de
cada uma das amostras. Para maior clareza na marcação das temperaturas de início
(onset) e fim (endset) da decomposição térmica, estão apresentadas também as curvas
das derivadas primeiras de cada curva de TG.

40








Figura 4.4.2 – Comportamento térmico das amostras selecionadas.

41
Em todas as amostras o intervalo médio de 25ºC a 173ºC (exceto para as
amostras F e FG0,025 que apresentaram temperatura final de degradação para o 1º evento
em 196ºC) apresentou o 1º intervalo de degradação, havendo perda de água e solvente
residuais nos filmes [3]. Não houve deslocamento do vale das derivadas primeiras,
embora tenha sido possível observar que há um alargamento relativo quando as
amostras são comparadas uma a uma.
A Tabela 4.4.1 exibe os dados relativos às perdas de massa e as temperaturas em
que ocorreram os eventos de degradação, bem como a massa residual.

Tabela 4.4.1 – Eventos relativos à degradação das amostras

1º Evento 2º Evento
Amostra MP TD MP TD MR
F 16 25 – 196 50 211 – 491 0,89
FG0,025 17,5 25 – 196 50 204 – 500 15,14
FY25 15,4 25 – 173 41 196 – 430 18,55
FG0,025Y25 15,9 25 – 173 45 196 – 491 20,71
FY50 14,9 25 – 173 40 196 – 460 23,31
FG0,025Y50 12,9 25 – 173 39 204 – 484 31,33

MP – perda de massa (%), TD – intervalo de temperatura do evento (oC) e


MR – massa residual (%)

A porcentagem de massa residual sugere que a reticulação promovida pelo


glutaraldeído e a incorporação de YIG ao filme faz com que a resistência à degradação
aumente ao longo da série das amostras analisadas, de acordo com a concentração
crescente de glutaraldeído e YIG.

42
4.5 – Medidas dielétricas

As constantes dielétricas das amostras analisadas apresentaram valores diversos


e não obedeceram a nenhum padrão de variação que pudesse ser associado à
composição estrutural. Nenhum fenômeno de relaxação dielétrica foi observado na faixa
de freqüência analisada. A Figura 4.5.1 exibe o comportamento de tg e  ’r das amostras
de 10MHz a 1GHz. Os valores de  ’r apresentaram queda com o aumento da frequência.
Em seguida a Tabela 4.5.1 exibe propriedades dielétricas para as frequências de
10MHz, 100MHz e 1GHz.

Figura 4.5.1 – Constante (  ’r) e perda (tg ) dielétrica de 10MHz a 1GHz.

43
Tabela 4.5.1 – Espessura dos filmes e valores das constantes e perdas dielétricas
para as frequências de 10MHz, 100MHz e 1GHz.
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A amostra FG0,1 apresentou maiores valores de constante dielétrica enquanto a


amostra FG0,075 apresentou os menores, como está demonstrado na Tabela 4.5.1 em
freqüências escolhidas. Embora a concentração de glutaraldeído na amostra FG0,075 seja
menor que em FG0,1, seu filme apresentou maior rigidez e opacidade. Devido a estas
características o filme se o tornou bastante quebradiço e este pode ser um fator
interferente na obtenção de valores para sua constante dielétrica, devido à dificuldade de
manipulação da amostra.
Os compósitos sem adição de YIG apresentaram uma maior constante dielétrica,
em especial as amostras FG0,1, FG0,050 e FG0,025, onde todas apresentaram valores acima
do encontrado para compostos poliméricos na literatura [1, 95]
Segundo Fechine e colaboradores [59], o YIG apresenta constante dielétrica
aproximada de 7,60 para as freqüências de 10MHz, 100MHz e 1GHz, com uma perda
dielétrica de 0,0602, 0,0132 e 0,0032, respectivamente. Sua adição aos polímeros não
resultou em um compósito com constante dielétrica mais alta, contudo é possível
observar que a perda dielétrica tornou-se menor. A estabilidade do YIG ao longo da
faixa de freqüência analisada é uma característica que pode ter sido incorporada aos
compósitos.

44
As amostras FY25 e FY50 apresentaram valores praticamente idênticos de
constante e perda dielétricas, embora a análise de MEV tenha demonstrado que ambos
possuem uma distribuição diferente de YIG em suas superfícies.
O comportamento das amostras em uma faixa de frequência mais elevada, que
compreende 0,5 a 4,5GHz, está ilustrado a seguir na Figura 4.5.2.

Figura 4.5.2 – Comportamento da constante dielétrica em diferentes freqüências.

45
Para o comportamento dielétrico na região das microondas, entre 0,5GHz e
4,5GHz, os compósitos FY25 e FY50 apresentaram valores mais elevados de constante
dielétrica e, assim como os resultados obtidos anteriormente em menores frequências,
menores perdas dielétricas foram observadas.
A amostra F apresentou o menor valor de constante dielétrica e a maior perda
dielétrica, característica de um material polimérico. As demais amostras sem YIG
(FG0,1, FG0,050 e FG0,025) apresentaram constantes dielétricas maiores, embora suas
perdas dielétricas tenham continuado elevadas se comparadas aos compósitos com YIG.
Uma possível causa para o aumento da constante dielétrica está na reticulação [96] com
glutaraldeído, que será discutida mais adiante.
Novamente foi observada uma menor perda dielétrica nos compósitos que
apresentavam YIG em sua composição, sugerindo uma incorporação da característica
do material cerâmico ao polímero. Os resultados obtidos para as constantes dielétricas
da amostras FY25 e FY50 apresentam valores próximos, assim como observado para
freqüências menores. Os resultados sugerem que o compósito magnético apresenta
maior constante dielétrica na ausência de glutaraldeído em sua composição, como
observado nas amostras FG0,025Y25 e FG0,025Y50. A queda da constante dielétrica em
compósitos reticulados contendo YIG vai de encontro ao observado nas amostras
puramente poliméricas reticuladas com glutaraldeído, onde o efeito oposto foi
observado.
Algumas amostras que continham YIG foram selecionadas para serem testadas
como dispositivos de antena de micro-linha em uma faixa de operação entre 0,5GHz a
7,0GHz. É desejável que os materiais apresentem baixa perda dielétrica em sua
freqüência de operação [1], e no caso da série de compósitos FGaYb (onde a representa
as diversas concentrações de glutaraldeído e b, as massa de YIG no compósito), a perda
dielétrica é baixa.
Para se ter uma idéia do comportamento dielétrico em função da concentração
de glutaraldeído presente nos compósitos, a Figura 4.5.3 ilustra um gráfico em que estão
plotados os valores de  ’r (1 GHz) em função da concentração do agente reticulante
presente.

46
Figura 4.5.3 – Efeito da concentração de glutaraldeído sobre o valor da constante
dielétrica na freqüência de 1GHz (Agillent E4991A).

Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 4.5.3, pode-se observar que na


ausência de glutaraldeído no compósito, os mesmos apresentaram valor próximo de 2
para constante dielétrica em 1GHz. Os filmes apresentaram um aumento no valor de sua
constante quando foi adicionado glutaraldeído em sua composição. Os compostos com
250mg de YIG apresentaram uma tendência a aumentar o valor de sua constante
dielétrica, assumindo um valor máximo quando a concentração de glutaraldeído era de
0,050%. Os compostos com 500mg de YIG tiveram o valor de sua constante dielétrica
diminuída e seu comportamento se assemelhou ao compósito de 250mg de YIG quando
a concentração de glutaraldeído era de 0,1%.
A diminuição da constante dielétrica observada para a concentração de
glutaraldeído de 0,075% pode ser explicada pela rigidez adquirida pelos compósitos,
que se tornaram bastante duros e quebradiços.

47
A literatura reporta casos em que há aumento [96] e redução [97] da constante
dielétrica de um polímero dependendo do tipo de agente reticulante utilizado. A
reticulação altera o movimento das cargas no material dielétrico, promovendo o
aparecimento de novas ligações covalentes, ligações de hidrogênio e interações de Van
der Waals [96].
O compósito F apresenta uma alta constante dielétrica quando submetido à
reticulação por glutaraldeído de concentração 0,1%. Tal comportamento pode ser
atribuído a maiores concentrações e mobilidade de cargas ao longo de sua estrutura,
tornando o polímero mais susceptível à polarização [98].

48
4.6 – Medidas magnéticas

As curvas que demonstram o perfil de magnetização das amostras em função de


um campo externo aplicado estão ilustradas nas Figuras 4.6.1 e 4.6.2.

Figura 4.6.1 – Curvas de histerese para as amostras FY25, FG0,025Y25 e FG0,1Y25.

Figura 4.6.2 – Curvas de histerese para as amostras FY50, FG0,025Y50 e FG0,1Y50.

49
As Figuras 4.6.3 e 4.6.4 mostram as mesmas curvas, destacando a região do
gráfico em que se observa a coercividade (Hc) e a magnetização remanescente (Mr).

Figura 4.6.3 – Coercividade para as amostras com 250mg de YIG

Figura 4.6.4 – Coercividade para as amostras com 500mg de YIG

As curvas das Figuras 4.6.1 e 4.6.2 mostram o perfil de magnetização, M, em


função do campo magnético aplicado, Fechine e colaboradores identificaram que as
PHP Q R R R;R S T R R;R R
sub-redes das granadas podem ser representadas por { ¨R 3}[ ¨Fe 2]( ¨Fe 3) onde { }, [ ] e
( ) indicam ocupação dodecaédrica, octaédrica e tetraédrica, respectivamente. As setas
mostram as relativas orientações dos momentos magnéticos. A maior interação está em
RHR R;R S T R R;R R
[ ¨Fe 2]( ¨Fe 3), pois os cátions das terras raras são grandes e acoplam muito fracamente
com as sub-redes de ferro [59].

50
O perfil de magnetização ilustrado nas figuras acima sugere a obtenção de um
compósito ferrimagnético mole, pois as amostras são bastante susceptíveis a um campo
magnético externo e atingiram sua magnetização de saturação (MS) com a aplicação de
campos magnéticos relativamente pequenos.
A histerese pode ser causada por alguns fenômenos: interações entre os
domínios, anisotropia, força de fricção interna causadas por interstícios, deslocamentos,
impurezas etc. Rajendran e colaboradores [100], ao estudarem os efeitos das
propriedades magnéticas do YIG em função do tamanho das partículas, observaram que
amostras com aproximadamente 25 nm ainda apresentam saturação magnética.
Contudo, os mesmos relataram que abaixo desse valor, o YIG pode aumentar sua
magnetização com aumento do campo, sem que nenhuma histerese magnética apareça,
sendo um caso típico de comportamento superparamagnético.
A Tabela 4.6.1 contém os dados relativos aos ciclos de histerese das amostras
analisadas. Os valores de campo coercivo ( OU ) para as amostras ficaram muito próximos,
variando entre -0,016 e -0,014 kOe. Acompanhando a massa o componente magnético
presente nos compósitos, os valores de magnetização remanescente ( WV e magnetização
de saturação ( YX ) foram maiores para as amostras com 500mg de YIG, com exceção das
amostras FG0,1Y25 e FG0,1Y50, que foram idênticos, exibindo também valores
semelhantes para a coercividade. A explicação pode estar na estrutura dos filmes, onde
embora a concentração de YIG seja diferente (250 e 500mg), as estruturas dos
compósitos são bastante parecidas, pois há uma dispersão do YIG na matriz polimérica
em ambas as amostras, como foi observado pela técnica de MEV, enquanto que nos
demais compósitos houve uma distribuição de YIG em sua superfície.

Tabela 4.6.1: Propriedades obtidas a partir do ciclo de histerese magnética dos


compósitos.
3LK J I 3=" A B A8JHI K JHI 3." A B C K JI 3LK INA 3=" A B A8JHI K I;A 3=" AHB C K IA

 U [Z\# ] 7; > ] 7; .< ] :7; > ] 7; ? ] 7; > ] 7; >

 V %  %^/=_*` 7.9 7869 786F 7;>? 7846 786F

 X %  %^/=_*` 6 7;?4 6 784 5 4 7D < 78<4 >7894 4 7D

Hc – coercividade; Mr – remanescência; Ms – magnetização de saturação;

51
5 – Conclusão

A obtenção do biocompósito com as propriedades desejadas foi satisfatória, de


modo que as análises referentes à sua caracterização mostraram uma eficaz
incorporação do YIG à matriz polimérica (de acordo com os dados obtidos pela
microscopia eletrônica de varredura) nas amostras contendo glutaraldeído a uma
concentração de 0,1%, o que sugere um grau de reticulação satisfatório nestes filmes.
A análise de difração de raios-X mostrou que a matriz polimérica de caráter
semi-cristalino sofre uma desordenação devido à adição de glutaraldeído, por conta do
rompimento das pontes de hidrogênio existentes. A adição de YIG aos filmes confere
um caráter mais ordenado ao compósito.
A presença no espectro da região do infravermelho de bandas características da
quitosana e gelatina confirmaram a obtenção da blenda formada por estes dois
compostos.
Devido ao fato da constituição dos compósitos ser basicamente de quitosana e
gelatina, sua aplicação se restringe a faixas de temperaturas amenas, pois pode haver
uma desnaturação de suas cadeias e estruturas protéicas. Contudo, o estudo da
estabilidade térmica demonstrou que há uma boa estabilidade térmica nos compósitos
magnéticos.
A análise dielétrica dos materiais revelou que os compósitos FY25 e FY50
apresentaram as maiores constantes dielétricas e menores perdas relativas para a faixa
de frequência compreendida entre 0,5 e 4,5 GHz, faixa esta que engloba a frequência de
operação da antena de microlinha construída a partir de algumas amostras.
Os resultados obtidos para a análise magnética revelaram que os compósitos
possuem em sua constituição uma cerâmica ferrimagnética de natureza mole, pois
apresenta fácil magnetização e baixa coercividade.

52
6 – Perspectivas

6.1 – Aplicação como dispositivo eletrônico

Há a perspectiva de se utilizar alguns compósitos na construção de antenas de


microlinha, pois estudos preliminares de algumas amostras revelaram que estas
apresentam uma boa resposta em uma faixa de frequência de 0,5GHz a 13GHz.

6.2 – Submissão de trabalho para congressos

O trabalho foi aceito para apresentação oral no IX Encontro SBPMAT, a ser


realizado em Ouro Preto, MG.

6.3 – Artigos científicos

Dois artigos científicos estão sendo escritos a partir do presente trabalho.

53
7 – Referências

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