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Resumo psiquiatria – 2 etapa

Data: 02.04
Atenção e suas alterações
 Milhões de itens são apresentados aos sentidos, mas não ingressam na consciência, pois ocorre uma seleção,
somente o que é de interesse que se é focado e tomado pela mente. A experiência é aquilo que se cosente em
captar. Focalização e concentração da consciencia é a essencia da atençao. Por meio da sensopercepção,
conseguimos compreender.

Processo relacionados com a atenção:


1. Processo intelectivo, de cognição:
 Indivíduos com cognição preservada vão ter melhora de processamento, de capacidade de compreender, de
selecionar, de captar os estímulos do que pessoas que tem um nível intelectual mais baixo.
 Ex: se você separa de um lado pessos com deficiência intelectual e de um outro lado pacientes com a
cognição preservada: pessoas com retardo mental vão ter uma atenção prejudicada.

2. O nível afetivo:
 Atenção é uma manifestação da afetividade, sendo fortalecida das impressões ou ideias que despertam o
interesse e sendo inibidas todas as demais. Ex: alunos que gostam de psiquiatria e do outro lado alunos,
provavavelmente, terao melhor rendiento do que aqueles que nao gostam, porque estarão mais atentos a
todo conhecimento que vão ter ao longo do semestre. O nível afetivo influencia muito.
 Ex: de uma lado pessoa depressiva, e de outro, não depressiva. É preciso estimular muito pacientes
depressivos, porque eles estão com prejuízo da atenção, eles estão com dificuldade de compreender o que
vocês estão perguntando, eles ficam desatentos facilmente à entrevista, ao dia a dia. A atenção nesses
casos acaba sendo prejudicada por esse outro componente, um componente afetivo.

3. O componente volitivo (vontade):


 Quando se exterioriza a vontade por alguma coisa, essa exteriorização faz com que você se dedique ao
máximo àquilo ali, e aquilo aconteça de modo que você esteja muito atento a tudo que você está fazendo.
Quando você tem menos vontade por algo, expressa menos essa faculdade de se determinar por algo,
acaba tendo menos esse componente da atenção e isso vai trazer dificuldades na realização de tarefas.
 Pacientes com transtorno do humor vão ter diminuição da vontade, imagina como consequência disso a
atenção estar prejudicada também. Isso são alguns dos atributos, é importante que a gente tenha isso aqui
preservado, com o funcionamento adequado, para que nossa atenção, por ser um complexo de tudo isso,
também esteja em perfeito funcionamento.

4. Atenção de concentração (foco da atenção):


 Um dos componentes da atenção humana é a concentração, é justamente ter foco, direcionamento pra
algum objeto.

5. A nossa atenção também é seletiva:


 A gente recebe milhões de estímulos diariamente, se a gente não tem a capacidade de selecionar esses
estímulos de forma adequada, receberiamos tudo isso de forma simultânea e não conseguiriamos ter boa
compreensão de tudo.
 Ex: se vocês tem boa compreensão desse estimulo sonoro (minha voz), é porque vocês estão excluindo
outros estímulos desnecessários, os luminoso, os outros ruídos, outras coisas do ambiente que são
desnecessárias. Um aluno com TDAH talvez esteja ouvindo mais o barulho do ar condicionado do que a
minha voz, isso com certeza reflete nesse distúrbio na atenção.

6. Atenção e consciência são funções muito próximas:


 A consciência também é um atributo. Um paciente em obnubilação, estreitamento do nível da consciência,
estado segundo, estado crepuscular, ou qualquer alteração do nível da consciência que vocês virem, terá
prejuízo da atenção. E ai esse fato você vai observar por meio das atitudes dele, frente aquela entrevista, no
sentido de você fazer perguntas e aquelas perguntas não serem per interpretadas, então claramente a
consciência faz com que, por rebaixamento ou estreitamento da consciência, esse entendimento dele não
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tenha plena capacidade de compreender todos aqueles estímulos. Como consequência disso ele estaria
desatento, existe muitas formas da gente descrever a atenção do que uma simples desatenção. Tanto é que
essa não é a palavra correta, a gente vai ver aqui a forma correta de descrever atenção quando ela está
alterada.

Funções da atenção:
1. Atenção seletiva: a gente recebe vários estímulos, mas a gente seleciona aquele que vai ter plena tomada
de consciência, as outras coisas nós deixamos de lado.
2. Vigilância e detecção de sinal (salva-vidas): é conseguir ter uma atenção distribuída em vários estímulos
ao mesmo tempo. Então quando você tem essa vigilância, você tem essa capacidade de captar todos esses
estímulos, quando requeira ou quando se torne necessário esse recebimento. Então a gente está aqui, mas
quando a porta abre a gente direciona a nossa atenção pra porta, se algum colega pergunta la na frente
você consegue compreender e direcionar sua atenção ao colega la do fundo, e isso é estar vigilante. Uma
pessoa com algum problema na atenção, como um indivíduo com retardo mental, as vezes o colega pergunta
la na frente ele continua aqui, e ai o que o colega la de atras perguntou? Não sabe. Alguem chega aqui, da
um recado, e ai aquele sujeito que tem algum problema na atenção, talvez por um déficit de atenção por
algum motivo, as vezes ta depressivo, ansioso, passando por uma situação e está com a atenção interna
mais focada, ai não consegue compreender aquele estimulo ali porque ele está focado em uma outra
situação.
 Detecção de sinal é você estar capaz de responder imediatamente a um estimulo imediato, isso é ter
detecção do sinal. Então se você está andando numa rua deserta e em algum momento surge algum
estimulo que te traga necessidade de agir, você está de prontidão ali pra reagir, isso é ter detecção de sinal,
você conseguir interpretar imediatamente aquele estimulo ali e de algum modo reagir a ele.
3. Sondagem: é como se fosse um atributo que nos permite buscar por algo. Ex: pessoas que tem essa
capacidade, num jogo de caça-palavras enorme, conseguem fazer aquilo em questão de poucos segundos, e
outros não, ficam ali o tempo inteiro e não acham o estimulo que é necessário.
4. Atenção dividida: a capacidade de dividir a atenção pra 2 ou mais estímulos diferentes e compreende-los
perfeitamente. Alguns alunos nao conseguem anotar e prestar atenção, já outros conseguem anotar e ao
mesmo tempo que anota, aprende com aquela anotação, isso é ter atenção dividida. Mulher tem mais
atenção divida do que homem.
 Pacientes que não tem atenção dividida, vão ter extrema dificuldade de cozinhar e pensar no problema que
eles estão tendo em casa. Esses pacientes com depressão estão com o problema e ai estão com a atenção
interna, hipertenaz, preocupado com aquele problema e querendo cozinhar ao mesmo tempo, ai vai chegar
pra você e se queixar de que está deixando queimar, colocando açúcar no lugar do óleo. Como está sua
cabeça naquele momento, o que você está pensando? Nem sempre vai ser um problema de memória,
porque as vezes o paciente traz isso pra gente como um esquecimento, esse esquecimento pode ter por
trás, algum problema da atenção.

Obs: atenção dividia são dois ou três estímulos simultâneos, vão ser compreendidos com mesma clareza. E a
vigilância, você recebe vários, você está capaz de receber vários estímulos ao mesmo tempo, estar vigilante àquele
estimulo que surge naquele momento, mas ao mesmo tempo você seleciona os estímulos necessários. Ja na
atenção seletiva ou divida, você divide, mas tem a mesma compreensão de duas coisas diferentes.

Classificação quanto à natureza da atenção:


1. Voluntária (ativa): você direciona a atenção pra algum local, vocês estão aqui nesse instante com a atenção
espontânea, ativa, capaz de estarem atentos a aula, isso é uma atenção voluntária.
2. Involuntária (passiva): ocorre em situações que surgem estímulos simultâneos, você inconscientemente,
involuntariamente, você desloca a sua atenção pra aquele estimulo. Por exemplo se um telefone tocar aqui
em sala de aula, todo mundo vai querer saber de quem é o telefone que tocou, e essa atenção direcionada
pra esse estimulo vai ser involuntária, você ativamente não fará isso. Pacientes que tem essa reação
prejudicada de certa forma, tem mais dificuldade de compreender todos os estímulos, se direcionar pra
aquele estimulo. Assim como se estiver exacerbado essa atenção involuntária, aquela pessoa começa a
tentar direcionar a atenção pra tudo de forma desnecessária, isso caba tendo um agravamento também a

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partir do momento que qualquer estímulo pra ele desperta a atenção involuntária. No TDAH a involuntária
está exacerbada
 A gente não precisa conhecer essas palavras, a gente tem que escrever os termos que estão alterados, eu
estou trazendo pra vocês tudo que nossa atenção é capaz de fazer.

Classificação quanto à direção da atenção:


 Atenção externa: se direciona pros estímulos externos
 Atenção interna: se direciona pros nossos estímulos da consciência, nossos estímulos internos, os afetivos,
os pensamentos. Isso faz com que pacientes tenham talvez um direcionamento da atenção interna. E ai
imagina se você tem a sua atenção voltada para problemas internos, como fica a sua atenção externa? Se
você está dirigindo e em algum momento você começa a ter alguns pensamentos, e ai você direciona toda a
sua atenção internamente pra aqueles pensamentos, você consegue nao terá plena capacidade de reflexo,
de se direcionar, então existe um prejuízo de atenção externa por causa de um componente interno nesse
caso.
 No autismo vai ter prejuízo nas 2 atenções, mas normalmente essa atenção está voltada para o mundo
interno. Então o excesso da atenção interna faz com que a a tensão externa fique prejudicada.
 TDAH tem prejuizo na atencao externa por causa da interna.

Alterações da atençao
Classificação:
1. Tenacidade (capacidade de concentração): concentração é tenacidade, então você esta estritamente
direcionando sua atenção pra um estimulo e manter-se naquele estímulo, isso é tenacidade
 Hipertenaz
 Hipotnaz
2. Vigilância (mobilidade da atenção): capacidade de mobilizar. É a capacidade de direcionar, de mobilizar
 Hipervigil
 Hipovigil

Alteraçao quantitativa:
Obs: eu prefiro não usar esses termos, eu acho eles mais difíceis. Melhor os termos “vigilância” e “tenacidade”.
Dentro de um contexto quantitativo, tanto a vigilância quanto a tenacidade podem estar aumentados ou
diminuídos simultaneamente.
 Hiperprosexia (hipertenaz e hipervigil): aumento da capacidade da atenção de uma maneira global.
Aumento da vigilância e da tenacidade. É como se aquele paciente estivesse um aumento da capacidade de
concentrar-se ao mesmo tempo em que tivesse um aumento da capacidade de mobilizar, de direcionar a
atenção. Está dentro de um contexto psicopatológico. Só existiria esse conceito dentro da genialidade,
dentro das pessoas com qi muito aumentado patologicamente.

 Hipoprosexia (hipotenaz e hipovigil): redução acentuada da atenção, de forma global (espontanea e


voluntaria), geralmente com aumento da fadiga, dificultando a percepção dos estímulos ambientais e a
compreensão. Esse comprometimento basal das atividades psíquicas atinge as atividades mais complexas,
como cognição.
o Pessoas hipotenazes e hipovigis estarão com diluição da capacidade de concentrar e de mobilizar a
atenção. Ex:
o Depressão poderia trazer hipotenacidade com hipovigilância, isso se o paciente depressivo não
estiver hipertenso, porque se aquele paciente depressivo está com uma preocupação enorme sobre
um contexto, um problema, e aquilo fica o tempo inteiro na cabeça dele, ele estará hipertenso e
hipovigil.
o Demências, síndromes orgânicas, neurodegenerativas, todas cursam com isso. Pega um idoso
de 80 anos com demência e pede pra ele atravessar uma rua, o que vai acontecer? Por que ele não
sabe atravessar? Porque ele tem perda de memória? Porque ele tem dificuldade motora? Ele vai ter
dificuldade de atravessar porque ele tem prejuízo da atenção, não vai conseguir compreender todos
aqueles estímulos ali.

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o Pacientes alcoolistas podem ter também, principalmente no período de intoxicação, hipotenacidade
e hipovigilância.
o Esquizofrenia: se esse paciente tiver deficit cognitivo, normalmente tem, ele pode ter
hipotenacidade e hipovigilância, aquele paciente vai ficar com dificuldade pra concentrar e dificuldade
pra estar vigilante, como também se ele estiver em surto vai estar diferente, estara com medo,
principalmente se for um quadro delirante, ele pode estar hipervigil (depende).
o Autista: esses pacientes autistas, apesar de eles estarem em um ambiente à parte, eles não estão
extremamente focados em problemas internos. Então a gente deve evitar de falar em
hipertenacidade nesses casos.

 Depende do surto, se for um quadro delirante com sintomas paranóicos esse paciente pode estar
cismado, hipervigil o tempo inteiro, querendo se esconder, preocupado, ansioso...
 Agora, vão existir outros quadros psicóticos em que os delírios são mais passivos, fica como se estivesse
prostrado... Com prejuízo da vigilância. Então aí ele surta e nesse momento do quadro psicótico se tem uma
parede ele fica olhando para o quadro na parede, aí ele fica olhando ali talvez horas para aquele quadro na
parede, aí depois ele olha para o ar condicionado e fica… sem agitação psicomotora. Então ele pode estar
com hipoprosexia, hipotenaz ou hipovigil.
 Cuidado para não confundir essas coisas com desinteresse, o interesse é somente 1 atribulo da atenção.
Pessoas desinteressadas podem ter prejuízo da atenção, mas não necessariamente... A gente deve evitar de
utilizar esses termos, assim como esse termo aqui, olha: “distração” e “distraibilidade”. Se você falar que o
sujeito está distraído você está avaliando somente um contexto da concentração, você está esquecendo de
avaliar outras coisas que a atenção talvez exige.
 Alguns exemplos de hipoprosexia só para mostrara aqui, olha:
o Transtorno depressivo
o Embriaguês
o Intoxicações
o Demência
o Esquizofrenia
o Autismo
o Retardo mental
o Epilepsia..

Contexto qualitativo
Disprosexias ou paraprosexias: hipervigilância e hipertenacidade – hipovigilância e hiperteacidade

Alterações qualitativas
 Rigidez da atenção – distração: (depressão, toc, esquizofrenia, hipocondria)
o Hipovigilância e hipertenacidade.
o Depressão: pode estar muito preocupado com situações internas. O paciente com toc pode estar o
tempo inteiro pensando nos próprios pensamentos obsessivos. Um paciente com esquizofrenia
pode estar com aqueles pensamentos delirantes o tempo inteiro tornando a atenção dele
extremamente rígida e aí eles terão dificuldade de mobilizar, de estarem vigis, de perceberem tudo
que acontece ao seu redor.

 Labilidade da atenção – distrabilidade: (mania, ansiedade, TDAH)


o Hipervigilacia e hipotenacidade.
o TDAH: hipervigilância e hipotenacidade, então isso aí é um exemplo da labilidade da atenção desses
pacientes. A gente observa isso dentro desses contextos, o TDAH é o principal deles. Então aquele
paciente manifesta a hiperatividade como uma conseqüência do taquipsiquismo, da aceleração do
curso do pensamento. Então ele está pensando em várias coisas ao mesmo tempo e aí entram as
várias expressões do TDAH: impulsividade, hiperatividade, mas ele está em taquipsiquismo. E em
taquipsiquismo vai acontecer uma diminuição da tenacidade então uma hipotenacidade e uma
hipervigilância.

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o Tab (fase maníaca) estará hipervigil, se você falar, esse estimulo chega na cabeça dele, na
consciência dele, se tem um barulho la fora também chega, ele quer fazer tudo ao mesmo tempo,
porque todos os estímulos chegam pra ele de uma forma simultânea, ele da aquela importância pra
tudo aquilo ali, porém, a concentração diminui - hipervigil e hipotenaz.
o A ansiedade pode fazer o sujeito ficar hipervigil, porque está ansioso e quer fazer tudo, e a
concentração dele vai estar baixa, então teoricamente não entraria com hipoprosexia a atenção não,
pelo contrario, as vezes o ansioso é hipervigil. E sendo hipervigil, ele será hipotenaz.
o O paciente hipocondríaco: tem atenção interna aumentada, direciona a atenção para o próprio
estado de saúde. Então ele tem uma hipertenacidade, provavelmente ele estará hipovigil.

Avaliação da atenção
 A mímica e o comportamento
 Observação do olhar
 A necessidade de você utilizar estímulos mais enérgicos
 A demora nas respostas e aí trazer respostas inadequadas.

 Teste de repetição
 Pedir ao paciente para repetir 7 dígitos para frente e para trás (de forma alternada). Ex: pega um número de
telefone “2245438”, aí o paciente tem que repetir. Se ele estiver com essa atenção preservada ele vai
conseguir talvez repetir de trás para frente então ele vai ter que pensar: “8345422”.
 Normal inferior: de 5 para frente e 4 para trás já pode ser sinal e boa atenção e aí como conseqüência disso
a gente está testando também a memória.

 Teste cav
 Mede: concentração, atenção e vigilância.
 Pede ao paciente para falar todos os meses em ordem inversa ou soletrar a palavra de trás para frente.
 TDAH, demência, depressão: costumam apresentar dificuldade
 Fracasso: deterioração no sistema de ativação reticular ou no sistema límbico (mania grave, depressão e
intoxicação por sedativos)

 Teste de mudança de assunto


 Avalia muito a perseveração: dificuldade de mudra de assunto.
 É medido através de estímulos visuais, auditivos e táteis.
o Testes auditivos de mudança de assunto: pedir ao paciente para contar as letras do alfabeto ex: a1,
b2, c3, d4…
o Testes visuais de mudanã de assunto: pedir ao paciente para copiar um determinado padrão. Nesse
caso o paciente desenha. Fracasso: pode ser defeito no lobo frontal.
 Idoso com quadro neurodegenerativo, cognitivo, tem o que a gente chama de perseveração. Ele não sai
daquele assunto e aí fica todos os dias falando a mesma coisa. Isso significa uma alteração da atenção.
Todos os dias reclama da mesma coisa, aí você resolve aquilo ali aquele senhorzinho tem lá demência, no
outro dia ele trás o mesmo assunto outra vez
 Teste moca é um teste que tem perguntas mais complexas. Também trinta pontos, igual ao mini mental, mas
muito mais interessantes. Um desses testes você pode desenhar ele e isoladamente fazer com o paciente. É
você colocar assim, por exemplo, o número 1, letra a, número 2, letra b, colocar isso isoladamente na folha e
pedir o paciente para ligar de forma crescente um número e uma letra. Você avalia a perseveração dessa
forma. Aqueles pacientes com demência vão ligar provavelmente todos os números primeiro. Eles
perseveram na letra ali para depois pensar na letra, por exemplo.

 Teste de bourdon (teste de cancelamento dos sinais): teste validado!


 Pede ao paciente para fazer o cancelamento de todas as letras “a”. Você tem cinco linhas e 35 colunas, o
tempo máximo é 1 minuto.
 As vezes faz com criança, é uma forma de avaliar TDAH. Não é um teste diagnostico, mas pode te auxiliar.
 Você vai avaliar a tenacidade e a vigilância
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A atenção nos principais transtornos mentais
 Mania: eufórico. A afetividade vai aumentar o interesse desse paciente para várias coisas. Esse aumento do
interesse, da vontade, então o paciente vai estar com hiperbulia, que é o que a gente chama de aumento de
vontade, ele pode estar hipervigil e hipotenaz.
 Depressão: hipovigil e hipertenaz.
 Delirium (síndrome confusional): se você quer exemplificar delirium você pega aquele senhor idoso no
próprio leito pegando uma fronha e mexendo com aquilo ali e fica ali. Ele está ali fazendo uma coisa sem
sentido nenhum, com rebaixamento ou estreitamento, nesse momento de obnubilação. Está hipovigil. Pode
entrar alguém lá dentro do quarto que ele não vai nem ver quem está lá. Ele está hipertenaz. Ele está
concentrado no que ele está fazendo? Ele está lá como se estivesse voando, está aéreo, está lá mexendo
com alguma coisa, não é isso? Isso aí já mostrou para a gente que esse paciente tem hipoprosexia.
 Demência: hipoprosexia - hipotenacidade com hipovigilância
 Retardo mental: hipoprosexia - hipotenacidade com hipovigilância
 Intoxicação por anfetaminas, cocaína ou alucinógenos: drogas psicoestimulantes. Chega lá no pronto
socorro com taquicardia, sudorese, tremor. Avaliar primeiro: a psicomotricidade e a atenção. Esse paciente
vai estar com agitação psicomotora e hipervigilância. Aí é como se fosse um paciente com TDAH na sua
frente, aí ele está lá, mexendo com uma coisa, de repente, inqueto, agitado, ansioso aí você vai pensar
talvez em uma outra dorga aí psicoestimulante.
 Intoxicação por álcool: intoxicação por álcool pode estar tudo rebaixado.
 Transtornos de ansiedade: vão ter dificuldade para se concentrar, hipotenacidade? Sim. Mas e se a
ansiedade for direcionada por um estímulo, por exemplo a ansiedade do paciente com transtorno obsessivo
compulsivo? Aí a atenção dele é interna, a atenção dele é voltada com o pensamento obsessivo. Esse
paciente a gente pode dizer que ele está hipotenaz? Não, ele vai estar hipertenaz. Então a gente tem que ter
esse cuidado, porque às vezes a gente está achando que a concentração do paciente está reduzida e não, a
concentração dele está aumentada, você tem que melhorar essa exacerbação da atenção, pelo contrário.
 Transtornos dissociativos: como estava a atenção na paciente na prova? Como está a tenacidade e
vigilância em pacientes dissociativos, conversivos? Eu noa me lembro se em algum momento fala que essa
paciente está hipertenaz, com a atenção voltada para algum estímulo interno. Normalmente esse pacientes
trazem conflitos internos, mas nessas situações essas pacientes ás vezes vão estar hipertenazes e
hipovigis.
 Epilepsia: normalmente o paciente traz algumas dificuldades de raciocínio, cognição, de pensamento
abstrato... Ele pode ter alguma consequência cognitiva e essas conseqüências podem limitar um pouco a
tenacidade e a vigilância e aí eles estarem hipotenazes e hipovigis. Aí você vai entrevistar o paciente e você
precisa falar de forma mais intensa, induzir demais o paciente a responder. Se não ele fica lá como se fosse
um paciente depressivo, sem interesse, manifestando pouca reação às perguntas e isso pode mostrar já um
quadro de hipoprosexia, de hipotenacidade e hipoviglância.
 TDAH
então quando a gente vai descrever coloquem lá: atenção
 Se estiver normal: normovigil e normotenaz
 Se tiver alguma alteração descreva qual alteração que é.

Data: 09.04
 O ato de pensar está relacionado à antecipação de acontecimentos: então quando a gente pensa, nosso
pensamento volta em situações prévias da nossa vida ou mesmo pode antecipar partes de acontecimentos.
 Os elementos do pensamento constituem-se a partir de elementos sensoriais (sensopercepção): imagens
perceptivas reais e imagens representativas = fornecem substrato para o pensar. Nós pensamos a partir do
momento em que nós vemos, sentimos, ouvimos (estimulos externos)

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 Então os nossos sentidos são afetados pelos estímulos externos e isso nos auxilia a pensar, a partir do
momento em que você cria juízos e o raciocínio por meio das imagens que ocorrem.
 Elementos costitutivos do pensamento: conceito, juizo e raciocinio.

1. Conceito
 Formado a partir das representações
 Elemento puramente cognitive, intelectivo
 Identifica atributos ou qualidades mais gerais de um objeto ou fenômeno (mas nao exemplifica)
 Determinado por uma única palavra: entao seria o primeiro elemento e o conjunto desses elementos
originaria os nossos pensamentos. Quando eu utilizo a palavra céu, o céu é uma única palavra, essa palavra
de certa forma, identifica alguma coisa, mas é somente isso.
o A partir do momento em que você associa uma palavra com uma segunda palavra ou mais, ou seja,
um conceito com um segundo conceito... Não entendam conceito como algo dentro do contexto
significativo. Você não está conceituando alguma coisa, mas denominando por um único texto.

Alterações dos conceitos:


1. Desintegração dos conceitos – perda do significado original de um conceito:
o Pacientes com doenças neurodegenerativas que afentam a cognição podem ter a desintegração
desses conceitos. Então ele trazer palavras pra gente que não existem. E aí ele fala algo como se
aquela palavra existisse. Juntam sílabas com letras e traz palavras que parcialmente são formadas.
Então eles não completam as palavras.
o Por exemplo, ele teria que falar a palavra bicicleta e aí ele desintegra isso e fala “cle”. Ele quer dizer
bicicleta, mas ele fala –cle.
o Isso pode acontecer dentro desses exemplos que eu dei pra vocês de doenças mentais ou
neurológicas.

2. Condensação dos conceitos: 2 ou mais conceitos se fundem, geralmente, com a criação de uma nova
palavra para este “novo” conceito.são as bases de uma das principais alterações de linguagem observada
em pacientes esquizofrênicos: o neologismo.
o Nessa situação o paciente vai criar essa nova palavra, que a gente chama de neologismo ou até
mesmo dá um significado diferente para aquela palavra. Mas ela não tem necessariamente que
existir ou não. Aqui dentro do pensamento existe. Nessa outra situação aqui, ele não está se
referindo ao –cle como uma bicicleta, ele está falando aquilo ali de uma forma não conceituando o
termo bicicleta. Já aqui dentro da condensação do conceito, não. Se ele cria uma nova palavra, que
existe pra ele, aquela palavra tem conceito. Esse conceito pode ser uma palavra que existe, mas ele
muda o significado. Isso acontece muito em pacientes que esquizofrenia.

Existem algumas situações em que podem existir a desintegração do conceito. Todos esses conceitos aqui
não precisam ser aprendidos dentro de um contexto psicopatológico. A gente não precisa definir alguns desses
termos quando estou de frente de um paciente. Eu estou dando uma introdução para que vocês consigam entender,
por que alguns pacientes têm problemas graves do pensamento.

2. Juízo
 É o estabelecimento de relações significativas (afirmativas ou negativas) entre conceitos, expresso por
frases. O juizo pode ser verdadadeiro ou errado, confirme a firmação corresponda ou nao à realidade de um
determinado momento histórico (juizos de valor). Ex: “a criança é frágil.”
 Afirmação de uma relação significativa entre 2 ou mais conceitos
 Expresso por frases ou preposições (e não por várias palavras). Então quando você diz que o céu é azul,
você está fazendo um juízo, associando dois conceitos.
 O juizo pode estar danificado por causa de uma deficiência intelectual. Assim como esses juízos podem ser
juízos de realidade, juízos de valor, são outras formas de você ajuizar uma ideia sobre alguma coisa.
 Então quando você tem juízo de valor, você está dizendo, por exemplo, que quem usa tatuagem é usuário
de droga. Você está fazendo um juízo de valor, você está fazendo uma valoração de alguma coisa que você

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tenha como pré-conceito. Isso é um juízo de valor e ele pode estar falso. Então pode ser um juízo falso. Mas
nem sempre todo juízo falso é patológico. Isso é uma coisa que tem sempre que entender.

Alterações dos juízos


 Juízo de realidade: delirios
o Você pode fazer um juízo de realidade dizendo, por exemplo, que seu filho mais novo estava em
perigo. E aí você faz esse juízo associando uma serie de conceitos e esse juízo de realidade também
pode ser falso ou não.
o Dentro do juízo de realidade, a gente pode encontrar aí uma das principais alterações do
pensamento, que é o delírio. Então o conceito de delírio, seria uma alteração do juízo de realidade.
É uma alteração do pensamento? Sim, mas é uma alteração dentro das funções do nosso
pensamento e do juízo de realidade.

 Juizo deficiente: elaboração dos juizos é prejudicada por deficiencia intellectual e pobreza cognitive
o Há diferença entre: juízo deficitário e juízo de realidade com delírio.
o Por exemplo, você está atendendo um paciente com autismo, retardo mental, um paciente que
sofreu uma sequela neurológica, uma meningite ou então sofreu um tce grave e ficou com uma
sequela cognitiva e aí esse paciente tem um juízo deficiente. E ele vai ter essa elaboração
prejudicada do raciocínio, por causa desse juízo deficiente. Isso aqui pode estar muito próximo do
delírio, mas não ser delírio.
o e aí aquele paciente com retardo mental chega pra você falando que é o super homem. Ele se veste
como um super-homem. E aí é delírio? Você vai entrar com antipsicótico por causa disso? Ou não é
delírio? Ele tem que ser muito bem avaliado, por que quando essa formação do juízo acontece por
deficiência intelectual, nem sempre ele vai ter as mesmas características de delírio. E não tem as
mesmas características de um delírio, você não pode tratar com medicamentos, por que não é um
sintoma dentro do contexto... É dentro do contexto psicopatológico, mas não é grave como o delírio,
ou seja, pode ser modificado por outras formas. Pode ser entendido de uma forma diferente.
o O delírio é incompreensível. Já essa formação deficitária é compreensível.
o Então é importante entender isso, pq voce pode ser pressionado pela família pra medicar uma
criança com autismo, com retardo mental, por que está surgindo outras ideias que está fugindo da
realidade, mas essas ideias não são delirantes. Então não precisa de medicação.

3. Raciocínio
 Função que relaciona os juízos
 O raciocínio liga conceitos -> ocorrendo formação dos juízos
 Ligação entre juízos -> formam novos juízos -> desenvolvendo raciocínio e pensamento

 É importante entender isso, por que existem transtornos mentais, neurológicos, que vão afetar primariamente
a formação de conceitos. E aí o paciente tem dificuldade de trazer pra você a identificação de palavras e aí a
gente começa a imaginar como vai estar o pensamento desse paciente. Ele vai ter dificuldade de formação
de juízos, justamente por que ele tem essa perda, essa deterioração de determinados conceitos.

Atributos fundamentais do pensamento humano (nobre de mello):


1. Compreensão intellectual: então a inteligência, a cognição, o insight, a percepção, vão estar melhorando a
nossa capacidade de pensar.
2. Ideação: elaboração de ideias e conceitos. Dentro do transtorno do humor, a ideação se torna importante,
por que o paciente começa a formar uma ideação suicida, por ele estar agressivo. O termo ideação seria a
formação desse juízo. Ele elabora essa ideação, esse juízo, por meio de alguns conceitos. Essa ideação
pode se tornar um sintoma da depressão, como a ideação suicida.
3. Imaginação: é importante pra formar o nosso pensamento. É importante você imaginar, evocar, conceber ou
formar imagens.
4. Associação de representações e ideias: que é o processo psíquico de estabelecimento de relações
significativas entre os dados de conhecimento. Ou seja, aí a gente está falando do raciocínio. De associar
tudo aquilo que você tem de representações, de aprendizado, de conhecimento, para que seja compreendida
essa associação.
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Alterações do pensamento
 Crenças preconceituosas, religiosas, sociais… podem ser comum em um grupo de pessoas. O delírio tem
outra característica, ele é associal, ou seja, aquela ideia não é compartilhada com mais ninguém. A não ser
em algumas situações em que esse delírio acaba sendo compartilhado, mas para as outras pessoas que
vivem ao redor, nunca vão manifestar a mesma doença do paciente.
 Teve um fanático religioso (jim jones), que na década de 70 promoveu o maior suicídio da história. Quando
mil pessoas cometeram suicídio, utilizando uma substancia venenosa. Ele era claramente delirante. Então
ele tinha a doença do delírio primário, ele tinha uma ideia que fugia do contexto religioso, a ideia dele era
incompreensível e a ideia dele fez que várias pessoas com uma crença religiosa fanática, mas não o mesmo
sintoma dele, cometessem delírio. Então nem todas as pessoas eram delirantes. Ele era. Os outros não
acreditavam da mesma forma que ele acreditava. Mas foram sugestionáveis e acabaram dentro de um
contexto religioso, cometendo suicídio também. Então a gente pode avaliar esse contexto... Jim jones tinha
um quadro psicótico. Os outros não tinham.
 Hitler: com a purificação da raça. E aí? Isso aí seria dentro de um contexto patológico ou dentro de um
contexto cultural? O islamismo e todas essas tendências de suicídio em massa, como a sacarificação em prol
de um benefício maior ali. Isso são grandes exemplos pra gente entender claramente que não está
dentro de um contexto patológico. Isso é claramente social, compreensível, existe uma explicação política,
religiosa, social para a formação dessas ideias dentre outras que já surgiram na humanidade, que não
necessariamente vão ter um contexto psicopatológico.
 Então quando a gente avalia um paciente, a primeira coisa que a gente tem que avaliar no pensamento é o
tipo. Existem doenças psiquiátricas que faz com que o pensamento se caracterize, se expresse com um tipo
peculiar. Ou seja, você começa a conversar com o paciente, o paciente claramente já traz aquele tipo de
pensamento dentro do discurso e você já passa automaticamente a ter uma grande ideia de que aquele
paciente tem algum problema e da suspeita de qual doença seja.
.
Tipos de pensamento:
1. Pensamento do tipo mágico:
 Confronta os princípios de lógica formal e da realidade, seguindo os desígnios dos desejos e fantasias.
 Não quer dizer que a pessoa vai ter esse tipo o tempo inteiro, mais a maior parte da vida dela, em várias
situações, aquele pensamento vai ser manifestado daquele jeito.
 Não necessariamente é patológico: as crianças podem ter esse pensamento, pois vivem imaginando e
fantasiando as coisas. O tempo inteiro gosta de se vestir de super-herói, tem amigos imaginários.
 Patologico:
o T. De personalidade (histrionico, por exemplo, aquela pessoa é teatral, dramática, exibicionista,
fantasia demais, a todo momento tenta passar uma situação que às vezes não é e isso está dentro
do contexto do pensamento mágico. É muito fora de um pensamento real, mas não é delírio..)
o T. Conversivo
o Toc: também pode acontecer, mas também não é um dos mais comuns
o Esquizofrenia: mas não é o mais comum dos pensamentos na esquizofrenia.

2. Pensamento derreísta:
 “devaneio”, voltado para o mundo interno, sendo a realidade distorcida para se adaptar aos anseios do
indivíduo: é uma forma realmente de fugir do mundo externo pra algo muito pessoal, internamente, distorcida
alguma coisa por causa de anseios. Aqui não é magico, mas ele distorce a realidade.
 Ex: pseudologia fantástica e mitomania, t. De personalidade (narcisista, histrionico, antissocial…),
esquizofrenia

Teve uma vez que eu atendi uma paciente com pseudologia fantástica, ela era religiosa, participava de
congregações e uma vez ela voltou de uma congregação dessa com uma história de que ela havido sido
sequestrada, ameaçada de morte, que ela conseguiu salvar algumas pessoas, algumas crianças que estavam lá
nesse grupo e na verdade, algumas pessoas começaram a questionar aquilo como mentira, mas ela voltou como
heroína, como a pessoa que salvou todas aquelas pessoas. Na época ela tinha viajado para a áfrica e ela tinha
voltado com essa história, isso é delírio? Então ela conta aquela história, mas traz aquilo como uma forma de
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mentira, de camuflar alguma coisa. Mas nesse caso ela trazia essa história, contava algo que aconteceu e não tinha
muitas características de um delírio e sim alguém que estava mentido inconscientemente com ganho secundário.
Na mitomania ela também é contada assim, mas com outro contexto. A pessoa não é o centro, ela não é a
salvadora. O que acontece é que as mentiras são contadas para valorizar alguma coisa, mas não pra trazer ela como
personagem principal. Eu nem gosto de utilizar esses termos de pseudologia fantástica e na maior parte do
tempo eu também não utilizo essa diferenciação. Podem utilizar só o termo mitomania pra tudo, que está
correto. Podem ter insight (e pode estar ausente tbm), fazer critica.
Na síndrome de munchausen, transtorno factício não tem consciência. A mãe ta com um problema, essa
pessoa que vai consultar fala que já foi submetida a várias cirurgias, fala que ta tomando remédio, mas não ta
tomando, você vai ver que a munchausen ta trazendo aquilo como mentira, mas por quê? Ela não sabe. Se ela não
descobrir, ela não vai melhorar. Tem que descobrir o porquê.
Pessoas narcisistas são aquelas que realmente se colocam acima dos outros, dos direitos dos outros, se
expõe demais com interesse de valorização. Isso é muito comum nas pessoas narcisistas. A maior parte do tempo
elas querem estar nos holofotes, na frente de tudo e essas pessoas às vezes mentem por isso e acabam mentindo
para conseguir algumas coisas. E essas mentiras são características do pensamento mesmo. Esse pensamento é
derrísta, voltado para distorção de algumas coisas da realidade, com o intuito de se adaptar às vontades, as
vontades de estarem acima das pessoas.
Então você pode ter transtorno de realidade narcisista e essa pessoa ter mitomania ou não ter.
Mitomania é um transtorno mental. Transtorno de personalidade é transtorno de personalidade, não é transtorno
metal. Então uma pessoa com transtorno de personalidade pode ter qualquer doença e é muito comum nessas
pessoas ter mitomania como uma comorbidade.
transtorno de personalidade antissocial, o psicopata: é movido por fazer mentiras e essas mentiras, não
necessariamente são mitomania, mas é muito comum a mitomania no psicopata e no narcisista. Mas também pode
não existir mitomania e sim uma realidade distorcida. Então a pessoa acaba distorcendo ali as ações. Aplicando
golpes, enganando às pessoas. Persuadindo os outros, pra conseguir aquela vantagem. Nem sempre a pessoa com
personalidade antissocial, vão expressar isso aqui no pensamento dela quando está conversando com a gente.
Claramente eles não querem se expor, então dificilmente você consegue fazer um diagnóstico se aquela pessoa não
expor o que se passa na cabeça dela. Mas o que passa pela cabeça dessas pessoas... O tempo inteiro distorcendo o
que está acontecendo para que eles tenham vantagem daquilo.

3. Pensamento concreto
 Falta de ironia, de entendimento e de utilização de metáforas. Nao ocorre distinçao entre o abstrato e o
concreto.
 Ex: demencia e esquizofrenia
Ao conversar com o paciente com retardo mental, você faz uma pergunta e ele te responde de alguma forma
que você já começa a pensar “esse paciente tem deficiência intelectual”, você vai pensar isso não é porque fez teste
cognitivo com ele, vocês avaliaram a inteligência dele, vocês perceberam isso, que o pensamento dele é concreto.
Vocês fazem uma pergunta que exige mais de entendimento de raciocínio, ele te responde com dificuldade.
Exemplo: “em congonhas do campo, numa das capelinhas que representam, simbolicamente, a via
sacra,(...), um paciente, não identificado, decepou a mão de uma estátua com um tiro de revólver, simplesmente
porque a mesma representava o papel alegórico de algoz, que segurava um chicote para fustigar o nazareno.” Uma
imagem ai de uma pessoa castigando jesus com um chicote, ai o paciente com esquizofrenia foi lá e quebrou a
imagem. O que significa isso? Falta de abstração completa. A imagem é algo muito mais real, não conseguiu abstrair
que aquilo é um símbolo..
 Obs: a pessoa não pode ter dois tipos de pensamento, se for um pensamento patológico é só um tipo, assim
como na parte do pensamento mágico tem lá toc (transtorno obsessivo compulsivo), o paciente com toc pode
começar a fantasiar demais as coisas, mas o principal tipo de pensamento do toc é do tipo obsessivo. Então
não caracterizem muito pelo o que ta escrito aqui, se baseiem no que eu vou comentando com vocês. Vocês
vão ver no livro vários outros exemplos, mas é muito mais comum você conceituar a demência como tipo
demencial, mas o paciente com demência pode abrir um quadro do tipo concreto também, mas não seria isso
o mais comum. Assim como um paciente com retardo mental tem um pensamento que é do tipo deficitário, é o
que vai acontecer de mais comum com pacientes com retardo mental. Mas pode estar presente também o
concreto.

 Reificação do pensamento

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 Relaciona à concretude de pensamento, a capacidade de converter algo em coisa, tomar conceitos abstratos
a partir de analogias. Isso ai ta dentro do pensamento do tipo concreto. Essa coisificação do pensamento ou
reificação do pensamento.
 Acontece na esquizofrenia, na demência..exemplo: “para um esquizofrênico, tomar o leite representava, em
certas ocasiões, violar o amor que havia dedicado a uma jovem de nome branca; comer pão francês
significava uma ofensa ao idioma francês [...]” (coisificação do pensamento)
 Lembrem-se disso mais dentro da esquizofrenia. É outro exemplo do pensamento do tipo concreto

 Reificação do tempo
 O tempo ems i se torna uma coisa, perdendo sua caracteristica abstrata
 Ex: esquizofrenia
 “que horas são? Falta pouco pro almoço. Que horas o senhor costuma levantar? A hora que toca a sineta do
pavilhão.”
 Há alteração da orientação e essa alteração da orientação causada por um problema do pensamento,
reificação do tempo e reificação do pensamento.

4. Pensamento inibido
 Pensamento lento, pouco produtivo, com diminuição do número de representações evocáveis em um period
de tempo.
 Ex: depressao grave, demencia
 Você observa que aquele paciente está inibido, está falando mais lento, utilizando pouco as palavras, ta com
pouca expressão na fala, o que você vai pensar? Que ele está com depressão, investiga a depressão. Não
deixa passar batido. Você vai perceber isso pelo tipo de pensamento.
 Exemplo: “[...] Sinto-me como que paralisado, não entendo mais nada, estou completamente apático.”
 É diferente de bradipsiquismo. Bradipsiquismo é o curso. O pensamento é o tipo. O curso só avalia a
velocidade, o tipo é a estrutura que predomina a maior parte do tempo, o paciente manifesta aquela forma de
pensar, a estrutura de pensar daquele jeito. É lógico que no pensamento inibido tem que ter bradipsiquismo

5. Pensamento vago
 Caracterizado pela imprecisão, falta de clareza e ambiguidade, por vezes caracterizadopor alterações
formais do pensamento, como dissociação, desagregação.
 Ex: quadros demenciais iniciais, esquizofrenia
 É uma das primeiras formas de você começar talvez a avaliar um paciente com um quadro demencial. Se
você identifica isso precocemente no paciente, talvez você previne esse surto ou diagnostica uma demência
precocemente.
 “[...] É certo que os vícios profanam o sagrado dever de cada cidadão, desavisado que não é aquele que
consciente e inconsciente deturpa a interpretação dos obreiros do bem. A bondade tem lugar onde haja
compreensão, perfeição e solidariedade, entretanto, não obstante os matizes que se apresentam como forma
de segredar a justiça, tomamos como limite o peso que isto representa para os menos avisados.” Alguém
entendeu alguma coisa até aqui? Às vezes a gente pega umas provas assim...
 É o “a” dos 4 “as” da esquizofrenia. A de afrouxamento, a gente começa a dificultar essas associações, que
se tornam vagas. Você vê que ta faltando junção, esse raciocínio não se forma adequadamente.

6. Pensamento do tipo prolixo


 Pensamento do tipo prolixo é tangencial, esse indivíduo nunca chega ao ponto central
 Ou circunstancial, o individuo eventualmente alcança o objetivo de seu raciocínio, mas nao diretamente,
sempre dando “muitas voltas em torno do tema”. Essa pessoa na maior parte do discurso vai ter sempre
autolimitação de juízo e raciocínio que foge, se distancia do objetivo.
 Você pergunta uma situação pro paciente, ele pode começar a te contar uma historia que não tem nada a ver
com aquela resposta, te traz outras queixas, e na maior parte das vezes não te responde. Isso é o
pensamento do tipo prolixo.
 Observado em vários pacientes, com lesões cerebrais, epilépticos, com deficiência mental, inicio de
quadro esquizofrênico (menos comum), paciente obsessivo compulsivo (menos comum), demência
(menos comum).

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 No transtorno de personalidade do tipo anancástica (principal), talvez paciente hígido, metódico,
inflexíveis, intransigentes, que tem que trazer explicação pra tudo, tem dificuldade pra lidar com mudanças,
esses pacientes tem transtorno de personalidade do tipo anancástica. Muitos deles tem pensamento do tipo
prolixo, tentam justificar muito tudo por causa dessas dificuldades que eles tem.

Como diferenciar: pensamento prolixo x perseveração de pensamento x pensamento minucioso?


 Perseveração do pensamento: vai acontecer na demência, ai aquele paciente que não consegue mudar de
assunto, a gente viu que alteração do pensamento é anterior da atenção. O paciente mantém o mesmo foco,
nada a ver com prolixidade. Ele não ta te contando um pensamento que não tem fim, ele simplesmente
mantém aquele foco. Paciente que mantém perseveração do pensamento provavelmente ta abrindo um
quadro demencial.
 Diferente de culminação, paciente depressivo que fica culminando, fica relembrando, trazendo problemas
que aconteceram há muito tempo, não sai daquele problema, não tem nada a ver com demência, isso é
culminação. Não é nada a ver com prolixidade também. Isso é um sintoma do quadro depressivo.
 O que é minuciosidade? Pensamento do tipo minucioso. Isso pode ser muito comum transtorno de
personalidade do tipo anascástica, paciente depressivo, paciente ideológico, ansioso, paciente minucioso,
que é detalhista, extremamente perfeccionista, quer trazer detalhes de situações que aconteceu, não é
prolixidade, responde com extrema perfeição, isso é o pensamento do tipo minucioso.

7. Pensamento deficitário
 Tendência ao concretismo, pobreza, discurso pobre, de estrutura pobre homongenea. Tendência a abstração
 Nao há comprometimento da capacidade de memória. Característico de retardo mental. São outras
síndromes dentro do retardo mental. Então entendam o retardo mental como pensamento pobre, do tipo
deficitário. Ai você começa abordar o paciente e já vê que esse pensamento é deficitário, já pensa em retardo
mental, em autismo, em asperger, qualquer deficiência intelectual.
 Ex: retardo, autismo, aspenger
Aluno: qual a diferença pro pensamento do tipo concreto?
Gustavo: pensamento concreto é como se ele tivesse ali dentro, é por isso que eu gosto mais do pensamento
concreto lá na descrição da esquizofrenia e pro retardo mental usar mais o pensamento deficitário. Mas
quando o pensamento não é tão pobre, o paciente não consegue trazer o raciocínio grande, mas ele tem concretude
de pensamento, é melhor você falar sobre o pensamento concreto, exemplo: retardo mental leve, às vezes o paciente
não tem o pensamento deficitário. Se você pedir pra ele falar sobre uma coisa, ele vai falar tudo sobre aquilo, mas
sem a distração. Você vai dizer que o pensamento é concreto, não é deficitário.

8. Pensamento demencial
 Empobrecimento desigual, com progressão gradual das dificuldades cognitivas, em especial a afasia e perda
dos conceitos.
 Às vezes com a primeira pergunta do paciente: “ah, seu jose, o senhor tem quantos filhos?” Ele responde: “o
que?” Tem dificuldade de responder.

9. Pensamento confusional
 Caracterizado pelo rebaixamento do nível de consciência, consequente dificuldade em criar nexus
associativos e dificuldade de raciocínio. Influenciado pela atenção e memória. Você identifica se o paciente ta
com infecção, se ele sofreu tce, se ele ta com hipóxia, se ta compreendendo os estímulos, como ta o
pensamento dele
 Ex: delirium

10. Pensamento desagregado


 Radicalmente incoerente, no qua los conceitos e juízos não se articulam de forma lógica.
 “salada de palavras”, perda dos nexus associativos.
 Outros termos: desagregado , descartilhado e disparatado
 Ex: esquizofrenia (formas graves).

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 Que interessante essa evolução, o pensamento começa a perder essas características da esquizofrenia de
um grau mais leve pra um mais profundo, pensamento desagregado talvez seria um dos últimos estágios do
pensamento. Aqui não se forma mais frases, e sim palavras soltas.

11. Pensamento obsessivo


 Presença de ideias obsessivas. Toc é a principal doença.
 As ideias de impoem à consciência de modo persistente e incontrolável, apesar de serem reconhecidas como
absurdas, gerando angústia

Alterações do processo de pensar (precisa avaliar): curso, forma e conteúdo.


1. Curso: refere-se à velocidade e ritmo do pensamento. Alterações do curso:
o *taquipsiquismo (aceleração do pensamento): mania, psicose, TDAH, ansiedade.
o *bradipsiquismo ou inibição do fluxo do pensamento, ou lentificação do pensamento. É o mais comum.
Depressão, quadro orgânico, paciente com demência, retardo mental.
o Bloqueio ou interceptação do pensamento: sintoma de primeira ordem na esquizofrenia. É quando o curso do
paciente é impedido de pensar por uma força, por uma situação. O pensamento dele paralisa, é como se
naquele momento ele não prosseguisse, ele não consegue pensar mais nada, ele vai te descrever isso. Uma
situação de muito sofrimento. Depois ele pode voltar a pensar do nada, num momento psicótico.
o Roubo. Sintoma de primeira ordem na esquizofrenia. O curso é impedido. Refere que tem algo influenciando
o pensamento dele, está capitando o pensamento dele. É como se você compreendesse o que ele pensa,
porque você está captando o pensamento dele.

2. Forma: refere-se à estrutura do pensamento. Só existe alteração da forma do pensamento dentro do


contexto da psiquiatria na esquizofrenia e transtorno bipolar.
 Se a gente tivesse que marcar dois sintomas da esquizofrenia que são mais importantes, que talvez são
sintomas de primeira ordem, sintomas que dificilmente tem em outra doença, a gente diria alteração
formal do pensamento e alteração da afetividade. Alterações da forma:
o Fuga de ideias: ocorre no transtorno bipolar, paciente com tab maníaca ou hipomaníaca no transtorno bipolar
terá taquipsiquismo, alteração de humor, como consequência disso, fuga de ideias. Aceleração do
pensamento, taquipisiquismo é fazer com que ele pense em várias coisas em um instante, fuga de ideias.
 “boa tarde! Sim, boa tarde, se a vida é tão doce como mel. Gosta também de açúcar? Fábrica de
açúcar, a cana e acorda, não quer enforcar-se? Você, assassino, pai do assassino.” Ele fala
extremamente rápido tudo isso. Acontece no transtorno bipolar de associação por assonância.
Pensamento do paciente é tão acelerado, que ele fala: açúcar para mel, enforcar para assassino,
branco para neve. A velocidade do paciente faz com que ele pense dessa forma.
 “você foi o médico do meu marido. Ele pulou da janela. Minha irmã também se matou. Também
pulou pela janela. Ela se tratava com o doutor pitta. Ele devia se chamar doutor apita. Aí ele apitava
e todos os doentes pulavam da janela.”
o Afrouxamento das associações
o Dissociação do pensamento
o Descarrilhamento
o Desagregação

3. Conteúdo: refere-se aos temas predominantes do pensamento, do “assunto”


 Alteracao de conteudo: diferenciar conteudo sobrevalorizado e delírio, pois este coloca um jogo uma
alteração do juízo de realidade. Principais conteúdos: (ao retratos de suas vivencias)
o Persecutorios
o Religiosos ou misticos
o Sexuais ou erotomaniacos
o Depreciativos, de ruína ou culpa
o De poder, riqueza ou grandeza
o Hipocondríacos
 Vamos falar somente sobre as alterações do conteúdo do pensamento.
 No delírio é uma alteração do juízo da realidade, é uma alteração do pensamento. É uma alteração do
conteúdo do pensamento.
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 Todo mundo tem um conteúdo do pensamento que sobressai. Ta em casa e pensa na faculdade, em
casar, em qualquer situação especifica da vida, às vezes tem um conteúdo que ta predominando. Não
necessariamente o conteúdo será patológico.
 Pessoa que rouba um banco, fica o tempo todo se escondendo por medo, conteúdo persecutório, mas
não é patológico.
 Pessoa no contexto religioso, a vida inteira reza de manhã, de tarde e de noite, conteúdo religioso,
também não é patológico.
 Paciente depressivo ta o tempo todo lamentando, ta tendo problema, se colocando lá embaixo. Só de
pegar o conteúdo vai falar: esse paciente esta depressivo, depreciativo, de ruína, de culpa. Não precisa
nem perguntar mais coisa sobre a depressão.
 E dentro das alterações do pensamento, especificamente do conteúdo do pensamento, a gente pode
encontrar alguns outros sintomas, entre eles o delírio

Avaliar a abstração, pode fazer algumas perguntas, como:


 Semelhança entre carro e avião? Entre martelo e enxada?
 Interprete o provérbio: mais vale um passarinho na mão do que dois voando.
 Qual o tipo de pensamento está presente? É patológico?
 Como flui o pensamento do paciente? O curso? Ao longo da entrevista.
 Qual a forma e o conteúdo predominante?
 Vamos descobrindo ao longo do discurso. Não necessariamente tem que fazer perguntas.

Data: 16.04
O juízo de realidade e suas alterações
 Seriam justamente o delírio e outras alterações. Então, nesse contexto, esse assunto é muito relevante,
justificaria separar isso, tanto é que vocês vão perceber que nos próprios capítulos que vocês estudarem
existe um capítulo sobre pensamento, existe um capítulo sobre delírio e outras alterações, atividade
delirante, muito pela relevância do assunto. Mas, entendam alterações do juízo de realidade como alterações
do próprio pensamento.

1. Juízo falso - patológico


 Um paciente que passa a formar um juízo de que ele está sendo perseguido por uma força sobrenatural
 Uma pessoa que diz que está sendo perseguido pelo vizinho, essa situação pode ter um conteúdo patológico
e pode ter um conteúdo não patológico, ou seja, a gente precisa investigar mais a fundo por meio de uma
avaliação fenomenológica daquelas vivências pra saber se aquela vivência tem uma explicação patológica ou
não.
 Delírio: "os erros são psicopatologicamente compreensíveis, o que distingue os delírios, que são
incompreensíveis".
 É egodistônico. Quanto mais ele tem aquela crença, aquela ideia, mais ele sofre com ela

2. Juízo falso não-patológico: erros de ajuizamento


 Numa situação dessas em que uma pessoa se vê perseguida por um vizinho e não necessariamente esse
paciente tem sintomas psiquiátricos, e talvez pelo contrário, esse paciente fez um juízo falso dessa situação
por outras circunstâncias.... Talvez por esse vizinho há ter uma história de perseguir outras pessoas, talvez
por esse vizinho o estar incomodando muito fora do horário. Então, quer dizer, de certa forma esse
ajuizamento quando é por um erro é compreensível e passível de ser corrigido.
 Diferentemente do delírio que não é passível de ser corrigido. Então ele é imodificável, você não consegue
por meio do discurso, da persuasão, de conversar com o paciente, modificar a estrutura quando aqueles
sintomas são delírios, justamente essa alteração do juízo de realidade.
 Erros mais comuns: preconceitos, crenças culturais, superstições, ideias prevalentes ou sobrevaloradas (são
sinônimos), são sintomas que trazem um juízo falso e não necessariamente patológico. São
egossintônicas, catatímicas, que são outros conceitos interessantes, nos ajudam a diferenciar do que é o
delírio

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 Um sujeito que as vezes vai ter certeza de que a cinco dias jesus vai voltar, por uma crença cultural, mas
aquilo é egossintônico, está de acordo com a própria pessoa, com os pensamentos, com o estado afetivo.

Obs: a homossexualidade foi colocada em questão justamente por esse erro, ao se afirmar que a
homossexualidade seria considerada sempre um transtorno mental. Claramente as opções sexuais podem ser
consideradas transtornos quando as consequências que elas geram são egodistônicas. Então, a pessoa que tem
uma opção sexual, independentemente de ser homossexualidade ou qualquer outra opção e essa opção gera um
sofrimento pra ele, ele tem dificuldade de lidar justamente com aquele comportamento sexual que ele tem,
claramente isso vai ser patológico e ele tem que tratar, não necessariamente com medicação. Isso é um exemplo
de que quando é egodistônico vai gerar mais sofrimento do que quando é egossintônico.

Atividade delirante
 Ideias sobrevaloradas: também chamadas de ideias prevalentes
1. Sustentada com forte convicção (menos que o delírio): ex: mulher casada com ciúme muito
forte do marido, ciúmeincompreensível, exagerado e está fazendo mal pra ela, é um ciúme com
características egodistônicas. Mesmo que exista justificativa para ela ter esse ciúme, esse ciúme
toma uma proporção egodistônica, então isso tem uma forte convicção, mas não pode ser a mesma
convicção que o delírio. (porque existe delírio de ciúme.... Um paciente alcoolista, por exemplo, pode
abrir um delírio de ciúme gravíssimo, desencadeado por uso de substâncias).
2. É egossintônica: em nenhum momento a pessoa questiona. Olha só, é um pensamento, que é
formado por um juízo, então o conjunto de conceitos, desses conceitos, formam um juízo de que a
pessoa está me traindo, então isso vai de acordo com o próprio eu da pessoa já está tudo se
sentindo traída. Ela em nenhum momento questiona isso. Diferentemente da ideia obsessiva.
o A ideia obsessiva seria esse mesmo pensamento, mas olha só como ele surgiria: "a minha
namorada está me traindo, mas eu não quero pensar nisso, eu acho que ela não está me traindo",
aí o pensamento volta, "mas ela está me traindo..." é como se você ouvisse aquilo a todo momento
e aquilo viesse de forma repetitiva, intrusiva, sem vontade, sem a pessoa querer pensar naquilo de
repente vem, aí você vai ligar, vai correr atrás... Existe um questionamento que gera sofrimento.
3. Associada a emoção ou afeto: essas ideias surgem em pessoas que já estão afetivamente
perturbadas
o Ex2: a anorexia: pessoa que tem a ideia de que está gorda, então ela tem uma ideia muito forte de
que está gorda, não chega a ter uma plena convicção, mas é uma ideia que dificilmente ela vai
questionar em alguns momentos, pelo contrário, ela acredita que está gorda e fora do peso. Essa
ideia é egossintônica, ela acredita naquilo ali, aquilo vai de encontro com os anseios de que ela
está gorda e quer emagrecer e ela tem uma associação com uma emoção ou afeto prévio. Uma
pessoa que passa por uma situação dessa provavelmente está com baixa autoestima, tava mais
triste, sentindo mais dificuldade de lidar no grupo social dela. Obs: se a pessoa começa a pensar
assim: tô gorda, tô gorda.. Mas eu não acho que eu estou gorda", seria ideia obsessive e nao
sobrevalorada.
4. Desenvolve em personalidade alterada: não quer dizer que é um t. De personalidade, mas
desenvolvem em uma pessoa que já está com alteração de comportamento, que já está passando
por algum problema que vai interferir nas características da personalidade dela. A ideia
sobrevalorada vai se formando por aí.
5. Compreesível a partir das experiência: todos esses exemplos que a gente deu, de ciúme, a ideia
de sobrevalorada de ciúme, a ideia sobrevalorada de se pensar gorda, isso pode ser compreensível
a partir de experiências que a pessoa teve.
6. Causa sofrimento e disfunçao: isso vai gerar, secundariamente, problemas, então por trás disso
vão surgir, provavelmente, transtornos mentais, que estejam dentro de síndromes ansiosas,
síndromes depressivas, síndromes neuróticas ou outros transtornos de personalidade.
7. Induz o indivíduo a agir: essa pessoa aqui, depois que está com aquele pensamento, ela quer fazer
alguma coisa. Exemplo dentro da ideia sobrevalorada de ciúme: ela vai ligar, vai mandar vigiar, vai
bloquear algumas coisas, vai mudar o comportamento com a pessoa, então, claramente, aquilo está
tomando uma proporção diferente.
8. Pode progredir para o delírio verdadeiro: esses quadros podem se tornar graves, refratários e aí
se tornarem incompreensíveis, imodificáveis e aí chega num quadro que deixou de ser só um ciúme

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como ideia sobrevalorada e passou a ter um contexto mais grave, um delírio de ciúme, por exemplo.
Tem pessoas predispostas diante de quadros psiquiátricos graves.
9. Apresenta insight: aquela ideia é tão forte que ela vai acreditar naquilo. Mas ela vai ter o insight de
que aquilo está gerando um mal para ela e que ela precisa se cuidar. Pode procurar ajuda.
Quando a gente diz que é insight, não necessariamente vai estar em todas as situações, mas nesses casos
aqui ela pode continuar tendo a forte convicção de que existe a traição, é um juízo falso patológico. Ela fez um juízo
falso e ele está gerando um sofrimento pra ela, mas ela sabe que é patológico. Os sintomas dela dizem pra ela que
ela não está bem, então ela vai procurar ajuda porque ela tem o insight de que ela não está bem.
Então a gente vai dizer que ela tem insight, mesmo ela não tendo insight de todos os sintomas dela. Nesse
caso o insight é total, porque ela tem o insight de que está triste, de que está ansiosa, de que está dormindo mal
e por que? Porque ela está muito preocupada e não para de pensar no problema que está acontecendo com ela e
isso está afetando a mente dela, o insight está presente. E se eu te disser que o seu marido não está te traindo? "eu
acho que eu não vou acreditar, as vezes eu acredito, mas tá acontecendo tanta coisa..." então não é porque ela
questiona um sintoma dela que ela não tem insight.
10. Nao busca ajuda por conta das idéias: ela não vai buscar ajuda por conta da ideia, mas se essa
ideia estiver gerando sofrimento ou disfunção ela pode buscar ajuda, mas aí ela estaria buscando
ajuda pelo sofrimento. Mas quando ela não busca ajuda, é porque as vezes a ideia é muito forte. Ela
pode achar que ela está mal, mas nem sempre buscamos ajuda quando estamos mal, não quer dizer
que ela não tem insight.
11. Assemelha-se a convicções religiosas ou políticas apaixonadas

Exemplos de idéias sobrevaloradas:


 Mãe excessivamente preocupada que acredita que o filho sempre está em perigo;
 ▪namorada insegura que não para de pensar se o namorado a ama;
 ▪ideias de conteúdo político e religioso geralmente intransigentes;
 ▪anorexia nervosa: tenho a forte sensação de que sou muito gorda;
 ▪transtorno disfórmico corporal, dimorfismo corporal: meus olhos são disformes e muito feios: pessoas
que procuram excessivamente por cirurgias plásticas, estética, que estão sempre insatisfeitas com o próprio
corpo. Se for uma ideia sobrevalorada, raramente vai melhorar com procedimento cirúrgico, então aquela
ideia vai persistir porque existe um sintoma
 ▪hipocondria: estou convencido de que tenho câncer de estômago: o sintoma mais grave da hipocondria é a
ideia sobrevalorada, aquela ideia muito forte de que a pessoa tem alguma doença.
 ▪ciume patologico nao-delirante: tenho a certeza de que minha mulher está tendo um caso: delirio de
ciume, ideias sobrevaloradas de ciúme, os transtornos de personalidade, nas depressões.
 Transtorno de identidade de genero: têm uma forte convicção de que são do sexo oposto. Nascem com o
corpo masculino ou feminino, mas pensam que deveriam ter um corpo diferente. Essa ideia é um delírio
primário? Dentro desse contexto não, mas poderia ser... Um paciente com esquizofrenia, homem, chamado
joão, pode chegar pra gente, sentar na nossa frente e dizer "eu sou a maria, daqui pra frente eu sou a maria."
e aí? Por isso que quando a gente avalia esses pacientes a gente tem que afastar a possibilidade deles
serem psicóticos. Porque se forem psicóticos a gente não vai introduzir um tratamento hormonal e nem uma
possibilidade de melhorar esse transtorno de identidade de gênero. Com certeza por trás disso existe uma
ideia sobrevalorada, uma forte convicção de que a pessoa é do sexo oposto. A ideia sobrevalorada tem
tamanha forte convicção que você tem duas opções, essa pessoa fazer terapia e se adequar com o sexo
atual ou ela fazer cirurgia e mudar de sexo. Então você tem essas duas opções pra você oferecer pra ela.
Tanto é que ela precisa fazer dois anos de terapia pra ela ver se realmente aquela ideia vai persistir, pra ver
se ele está certo de que aquilo é o melhor pra ele, esse contexto aí.
 Estado paranoide litigioso
 Transtorno de personlidade paranóide

 Delírio
 Juízos falsos patologicamente.
 Tem: convicção extraordinária, certeza subjetiva irremovível, crença inabalável, ininfluencibilidade e
impossibilidade de conteúdo. Então pra essa ideia sobrevalorada chegar ao ponto de delírio, tem que ter
essas características aí.
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o Aqui é convicção extraordinária e lá na ideia sobrevalorada é forte convicção.
o Certeza irremovível: na ideia sobrevalorada você vai conversando com o paciente, ele começa a
compreender.
o Crença inabalável, ininfluencibilidade e impossibilidade de conteúdo, ou seja, fica claro aqui no
delírio aquela traição, no delírio aquele sintoma persecutório, é impossível ter aquele conteúdo.
 Othon bastos fala: que nem todo juiz errôneo é delirante. Em determinados momentos o paciente é capaz
de fazer crítica ao seu delírio. Tá trazendo uma coisa aqui que as vezes a gente não tinha falado antes,
falado que era irremovível, uma crença subjetiva inabalável. Ah, mas então pode fazer crítica? Com
tratamento sim, com a remissão da doença lógico que pode. Vocês vão atender pacientes com esquizofrenia
que vão falar que ouviam vozes, que se sentiam perseguidos e que hoje ele sabe que isso era da cabeça
dele, ou seja, tem insight, tá estável, remissão da doença.
 Nossa experiência clínica habitual nos diz que os delirantes são influenciáveis, as vezes não conseguimos
fazer desaparecer o delírio, mas conseguimos modificá-lo. Isso aqui a gente percebe nos quadros refratários.
Aqueles quadros refratários os sintomas delirantes normalmente nunca desaparecem, mas amenizam
 Aquele paciente com esquizofrenia que tem um delírio persecutório, no fundo ele ainda fica com um pouco
de medo de ser perseguido, mas ele se adapta com aquilo, ele se modifica, ele entende que não é tão grave
assim, isso pode acontecer com o tratamento.
 Então não vamos entender o delírio como algo que não pode ser modificado, porque ele pode ser modificado
com terapia e com tratamento.
 “é uma modificação própria e global de toda a vida é atividade psíquica e não apenas de um único elemento
anormal da vida.” Então quando a pessoa tem um delírio, diferente da ideia sobrevalorada... A ideia
sobrevalorada as vezes vem e fica naquela manifestação, já um delírio não, a pessoa começa a ter um
comprometimento de todas as outras funções mentais também, porque é um sintoma mais grave. Aí a
pessoa passa a ter mudanças de comportamento, alterações nos instintos, da fertilidade, da orientação, da
memória, começa a afetar a vida daquela pessoa como um todo, ele passa a viver em função daquele
pensamento.
 Então, delírio não é apenas um distúrbio de ideação. Se não ocorresse modificação global de toda a
atividade psíquica, as vivências alucinatórias dos delirantes crônicos, dos esquizofrênicos delirantes, teriam
para eles o mesmo valor e significado que as alucinações e delírio assumem pra portadores de delirium
tremens e quadros toxicoinfecciosos em geral. Então está dizendo claramente aqui uma diferença que é o
delírio persecutório de um paciente com esquizofrenia de um delírio persecutório lá daquele paciente da
prova, daquele paciente que fez uma cirurgia e está num quadro confusional agudo. As características
desses dois delírios são totalmente diferentes. Aquele paciente sai daquele quadro agudo ali e ele fica
praticamente em remissão de todos os sintomas, ele fica normal, ele nem lembra daquela ideia mais. Já esse
paciente com esquizofrenia não. Modifica toda a estrutura de vida, de comportamento dele, a partir daquele
momento que ele tem aquela ideia. Provavelmente ele não volta a ser a mesma pessoa depois disso.

Diferenciar (se souber disso, consegue entender a maior parte das alterações que cursam com manifestações do
juízo de realidade):
1. Ideias sobrevaloradas: aquela pessoa que está com baixa autoestima e aí já está começando a deixar de
fazer as coisas com o namorado e aí ela começa a ter uma ideia sobrevalorada de ciúmes. Nao faz crítica.
Ex: anorexia, transtorno dismórfico, hipocondria, transtorno da identidade de gênero, ciúmes patológicos não
delirantes, estados litigioso, transtornos de personalidade.
2. Ideias obscessivas: aquele pensamento intrusivo, repetitivo de que existe a traição, ela luta contra ele, ela
não quer pensar naquilo, mas aquilo vem a todo momento. Faz crítica.
3. Ideias delirantes (delírio primário): significa que essa ideia surgiu do próprio pensamento, ou seja, não
existiu outras funções mentais alteradas que fizessem com que essa pessoa tivesse esse juízo.
Simplesmente do pensamento surgiu a ideia de que existe a traição. Então é uma ideia normalmente
incompreensível, com conteúdo patológico, falso. É como se essa paciente começasse a ter a plena
convicção de que o ex namorado dela que já faleceu a está traindo ou que o marido está a traindo com a
irmã dela. Tem uma certeza subjetiva inabalável, então pronto, isso é um delírio.
o Isso aumenta muito a chance dessa paciente ter esquizofrenia ou alguma outra psicose. O delírio na
esquizofrenia é primário.

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o Paciente que tem delirio de grandeza: pensa ser jesus cristo. Essa ideia de grandiosidade pode uma ideia de
grandiosidade totalmente patológica.
o Obs: efeito de droga é primário. A droga não interfere na consciência e em outras funções mentais,
simplesmente induz o delírio, é induzido por uma causa orgânica.

4. Idéias deliróides (delirios secundários): vai surgir então como uma consequência de uma outra alteração
de uma função mental.
 Ex: essa mesma pessoa, triste, deprimida, se sentindo a pior pessoa do mundo, com pensamento
suicidas, muito pra baixo com tudo, faltando ao trabalho, dormindo mal, ou seja, com sintomas
depressivos e humor muito triste, vida familiar indo mal, casamento indo mal... E aí ela começa a ter
essa mesma ideia de que o marido a está traindo com a irmã, ou que existe uma traição totalmente
improvável de acontecer, impossível dentro de um conteúdo provável. Essa ideia surgiu do pela
depressão. Há uma outra alteração de uma função mental. Qual? O humor. Então o humor está triste,
deprimido e aí surge uma ideia por trás daquela alteração. Essa pessoa em nenhum momento pode ter
esquizofrenia, porque não existe esquizofrenia com delírio secundário. Provavelmente essa pessoa tem
uma depressão psicótica.
 Ex2: paciente com rebaixamento do nível de consciência começa a se sentir perseguido.
 Principais funções mentais que causam delírio secundário: humor, consciência e sensopercepção.
 imagina aí um paciente que começa a ter uma alucinação visual de um agente de segurança armado
que o está vigiando. Aí por causa dessa visão, ele começa a ter um delírio persecutório. Esse delírio é
primário ou secundário? É secundário à alteração visual (alteração da sensopercepção). (a gente tem
que entender que nesse caso esse paciente pode ter esquizofrenia porque tem a alucinação que já é
grande indício de pensar em esquizofrenia é secundário).
 Paciente com alucinação auditiva: "vou te matar", "você vai morrer a qualquer momento". E aí esse
paciente começa a ter medo de morrer a todo instante. Isso é um delírio secundário, mas a alucinação já
é muito forte pra você pensar em esquizofrenia.
 Tab: ele está lá eufórico, a mil, querendo fazer tudo ao mesmo tempo, se sentindo jesus cristo, "vou
curar todo mundo". Há hipertimia, alegria patológica, euforia, então nesse caso o delírio desse paciente é
um delírio secundário, esse paciente não pode ter esquizofrenia porque ele é um delírio induzido
pela alteração do humor e não existe alteração de humor em paciente com esquizofrenia.
Agora: esse mesmo paciente que está hipertímico, eufórico, agitado, taquipsiquismo, fuga de ideias, falando
sem parar, com diminuição da necessidade de dormir, aumento da compulsão por compra, por sexo, por trabalhar,
em elação, superioridade, gastos excessivos e por aí vai de um paciente maníaco. E aí ele começa a ter um delírio,
uma ideia de que ele está sem os órgãos internos ou de que existe um verme ou alguma coisa roendo seus órgãos.
Esse delírio é primário ou secundário? O humor desse paciente é congruente com essa ideia? Uma pessoa em
êxtase deveria pensar nisso? Não. Então chegamos à conclusão de que esse delírio é incongruente com o humor,
não era pra ele ter essa ideia delirante. Se o delírio é incongruente com esse humor ele é primário ou secundário? O
delírio é primário. Qual o provável diagnóstico desse paciente então? Transtorno esquizoafetivo. Por que? Porque
ele tem todos os sintomas do paciente bipolar, do paciente maníaco, mas também tem os sintomas da esquizofrenia,
um delírio primário, incompreensível. Então esse delírio não é do paciente bipolar, mas esse delírio também não é só
de um paciente com esquizofrenia porque ele tem alteração de humor. Vocês entenderam que o diagnóstico desse
paciente é transtorno esquizoafetivo? Porque o delírio é primário e incongruente com o humor.
Os delírios têm que ser congruentes com o humor. Esse delírio de uma paciente que está sendo
controlada por uma outra força não tem anda a ver com o fato dela estar triste, esse delírio é incongruente, é
bizarro. Então o delírio primário. Se é primário, qual o diagnóstico dessa paciente? Transtorno esquizoafetivo do tipo
depressivo (existe o tipo maníaco e o tipo depressivo). Lembrem-se que o humor do esquizofrênico tem que estar
estável. O paciente com esquizofrenia não chega chorando no seu consultório.
Esse paciente que dei exemplo por último, que tem tristeza e está com pensamento de que tem um controle
remoto controlando a mente dela, isso é um exemplo de um transtorno esquizoafetivo porque ela tá com sintomas
depressivos. Se ela não estivesse com esses sintomas seria esquizofrenia.
Então quando tiver com delírio primário e não houver relação com humor a pessoa tem esquizofrenia.
Mas aí o humor tem que estar normal, paciente com esquizofrenia não pode ter alteração de humor, ele pode no
máximo ter emoções. Paciente que está com delírios persecutórios, ele tá tendo alucinações auditivas, ele pode
chorar, ele pode achar que vai ser morto e chorar... Mas aí você vai investigar depressão ao longo dos dias dele e
não vai ver. Mas se ele já vem deprimido e no mesmo momento está tendo delírio persecutório, alucinações auditivas
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de que vai ser morto pelo exército, esse delírio é primário. Normalmente o delírio persecutório não está dentro de um
contexto depreciativo. Agora se você pergunta "por que eles vão te matar" e ele responde: "porque minha vida já
acabou, não tem mais sentido", aí é delírio secundário, claramente. Mas se a resposta for do tipo: "eles querem me
matar porque estão achando que eu descobri a cura pra alguma coisa", delírio primário, incompatível, incongruente.

Dimensões do delírio – indicadores da gravidade do delírio:


 Quanto mais presente ou mais grave forem essas alterações aqui, pior o prognóstico.
1. Grau de convicção;
2. Extensão;
3. Bizarrice;
4. Desorganização;
5. Preocupação;
6. Resposta afetiva: quanto mais bizarro, quanto maior a extensão, menor a resposta afetiva.... Aqui é ao
contrário.
7. Comportamento desviante.

Formação do delírio
Importante saber pra separar 2 transtornos psicóticos: transtorno delirante persistente e esquizofrenia.

 Mecanismos formadores de um delírio:


1. A formação de um delírio pode acontecer na forma de uma percepção delirante: vivências de novas
significações a partir de percepções normais. O mundo se enche de significações ocultas.
o Ex: pessoa que estava passando em frente à uma igreja, viu um cachorrinho com a patinha
levantada e a partir daquela percepção ele passa a achar que o mundo vai acabar. Isso uma
percepção delirante, isso dificilmente acontece em outra doença a não ser na esquizofrenia.
2. Representações delirantes: atribuição de significações extravagantes, inverossímeis, a partir de
recordações verdadeiras ou falsas (ilusões mnêmicas)
3. Intuições (cognições) delirantes: atribuição de novos sentidos, novas ideias, sem conexões
significativas, representativas ou perceptivas. Certezas súbitas, revelações imediatas. Certeza súbita. É
o que acontece com o surto de um paciente com esquizofrenia, até ontem ele estava bem, mas hoje ele
levantou tendo a certeza de que o mundo ia acabar. Isso é uma intuição ou uma cognição delirante, ou
seja, surgiu como uma revelação. Isso também é da esquizofrenia.
4. Interpretação delirante: distorção na interpretação dos fatos
Eu tive um paciente com transtorno delirante persistente, motorista de ônibus, ele me contava a seguinte
história até ele abrir o quadro delirante: ele começou a fazer algumas viagens e nestas viagens sempre tinham duas
pessoas sentadas nas últimas poltronas, semanalmente as mesmas pessoas que ficavam cochichando entre elas. E
essas pessoas sentadas nas últimas poltronas as vezes davam risada e ele achava que era dele e transpareciam
estar escondendo alguma coisa. Depois de algum tempo ele começou a achar que essas pessoas queriam armar a
morte dele. Como surgiu esse delírio? Interpretação delirante. Esse paciente tem esquizofrenia? Tem um transtorno
delirante persistente. Transtorno delirante persistente o delírio não surge de forma abrupta como uma revelação,
como uma percepção como foi nesse exemplo que dei pra vocês. Isso já difere duas das doenças mentais psicóticas
mais graves da psiquiatria. A esquizofrenia e o transtorno delirante persistente.

 Classificação segundo a estrutura:


1. Delírios simples
2. Delírios complexos
3. Delírios não-sistematizados (baixo nível intellectual): paciente com retardo mental, aí abre um quadro
psicótico. Aquele paciente com síndrome de down, que sempre foi bonzinho, de repente começa a agredir os
pais, começa a querer fugir de casa, passa a não dormir à noite e começa a gritar, alguma coisa mudou o
comportamento desse paciente. Provavelmente um quadro de psicose porque ele não tinha isso antes. A
gente chama isso de delírio não sistematizado, não consegue trazer pra gente qual o conteúdo do delírio.
Mas é delírio, é psicose, ele tá com medo, tá querendo matar os outros, tá querendo agredir, é um
comportamento delirante.

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4. Delírios sistematizados (t. Delirantes): já o paciente da esquizofrenia ou com outra doença pode
sistematizar o delírio, ou seja, ele fala pra você qual é o conteúdo do delírio.

Classificação por tipos de atividade delirante e seus conteúdos:


 Retração do eu no mundo: mais em depressives, psicoticos esquizofrenicos
o Delírios de prejuízo
o Delírios de auto-referência
o Delírios de perseguição
o Delírios de influência ou controle
o Delírios depossessão
 Expansão do eu no mundo
o Delírios de grandeza (genealogico, místico, erótico, de invenção e reforma): achar que é parente de
um famoso, ex.
o Delírios de ciúme e infidelidade
o Delírios de reivindicação (injustiçados)
 Negação do eu ente ao mundo
o Delírios hipocondríacos
o Delírios de negação dos órgaos
o Delírios de auto-acusação
o Delírios de ruína (niilista)
o Delírios de culpabilidade
 Outros delirius:
o Delírio de infestação (ekbom)
o Delírios de identificação (capgras e fregoli)
o Delírio niilista ou de negação dos orgaos (cotard)
o Delírio cenestopático
o Delírio fantástico

Teorias neurobiológicas
 Teoria dopaminérgica: receptors d2, d3 e d4. Evidência farmacológica indireta:ação dos neurolépticos e das
anfetaminas. A disfunção de dopamina faz uma pessoa ter uma atividade delirante, por isso que os
medicamentos pra delírio são os antagonistas de dopamina. Quais são eles? São os antipsicóticos, que vão
bloquear receptores dopaminérgicos.
 Gaba, glutamate ou serotonina: desarranjo no processamento do fluxi de informações no cérebro

Vocês devem ter essa aula, aí talvez o que seria interessante pra vocês... Existem vários exemplos de
delírio aqui e vocês podem, quando forem estudar pra segunda etapa, pegar esses textos e tentarem identificar se é
delírio primário ou secundário, identificar se é ideia sobrevalorada, acho que ajuda a treinar a identificar esses quatro
sintomas.
E se vocês quiserem perguntar sobre isso a algum paciente, tentem perguntar de forma indireta:
 Voce tem inimigos? Desconfia de alguém? Alguém quer prejudicá-lo? As pessoas têm falado de você? Tem
sentido algum mal-estar no corpo? Tem algo que se arrepende? Culpa-se por alguma coisa? Tem alguma
habilidade especial ou uma relação diferente com deus? Tem pensamentos que surgem de repente em sua
mente? Alguns exemplos pra vocês entenderem que mesmo com essas perguntas superficiais a gente
consegue fazer com que o paciente fale alguma coisa.
 Quase todas as doenças mentais graves vão trazer alterações de juízo de realidade, ou na forma de ideias
prevalentes ou na forma de delírios primários e secundários e até mesmo na forma de ideias obsessivas.

Data: 23.04
Vontade e suas alterações
“ao avaliar um paciente com dependência de opiáceos que cometeu um delito, o psiquiatra conclui que ele é
inimputável, por ser inteiramente incapaz de determinação. A capacidade de determinar para fazer ou não algo tem
relação direta com a vontade a função psíquica relacionada a esse aspecto é”:
1. Juízo da realidade (não necessariamente teve alteração deste juízo)
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2. Sensopercepção
3. Consciência
4. Inteligência
5. Vontade
 Não necessariamente esse paciente vai apresentar alterações do juízo de realidade. Muitas das vezes a
dependência química vai interferir na questão da vontade, na capacidade de determinar. As vezes ele
comete um delito porque ele ta tendo alucinações auditivas, visuais, ta tendo alteração do juízo de
realidade...
 É só o simples fato do prejuízo da capacidade de determinar entre o que é certo e o que é errado, entre o
que pode ser feito e não pode ser feito. Isso tem relação direta com a vontade. E é isso que acontece assim.
Infelizmente se dependente químico de crack entrar na sua casa, machucar você, roubar seus bens por
causa de uma alteração da vontade, provavelmente ele será inimputável.
 A gente só fala em ações voluntárias, quando há vivência de escolha, reflexão e decisão. Caso contrário,
serão consideradas essas ações como impulsivas ou instintivas.
 A dependencia quimica interfere na vontade, na capacidade de determinar.
 Obs: o sujeito inimputável responde seus atos sendo internado num hospital de tratamento e não
necessariamente responde criminalmente por um crime.
 Só fala em ações voluntárias, quando há vivência de escolha, reflexão e decisão. Caso contrário, serão
consideradas essas ações como impulsivas ou instintivas. Ações voluntárias não são patológicas, não
importa pra a gente; quando você toma decisão totalmente consciente dos resultados, daquelas
consequências. O que importa é quando as vezes surgem comportamentos que vêm contra essa vontade,
essa capacidade de escolha, de se determinar, de fazer

A vontade
 Está alterada em pacientes depressivos. Tem perda de vontade: vão ter menos iniciativa, menos
determinação. (aumento da vontade acarretaria em mais desejo, mais iniciativa…)
● A dependência química pode interferir na questão da vontade, na capacidade de determinar.
● As vezes ele comete um delito porque ele está tendo alucinações auditivas, visuais, ta tendo alteração do
juízo de realidade
● É o simples fato do prejuízo da capacidade de determinar entre o que é certo e o que é errado, entre o que
pode ser feito e não pode ser feito. Isso tem relação direta com a vontade

Vontade e suas relações


(afeto) + (inteligência + cultura) = ato volitivo; vontade; ato voluntário; conação (são sinônimos)

● As nossas determinações volitivas, aquilo que a gente determina, pelo processo da vontade, da capacidade
entre várias coisas você se determinar, escolher uma delas – isso está relacionado com o afeto.
● Os nossos estados emocionais, afetivos, vão moldar as nossas escolhas.
● Pessoas afetivamente equilibradas, normalmente vão ter atos voluntários mais condizentes, estáveis,
dissertados
● Enquanto o afeto em pessoas passionais, emotivas, depressivas, desequilibradas – ou outras situações, de
pessoas eufóricas – essas pessoas vão ter atos voluntários prejudicados, afetivo.
● Quanto maior o déficit cognitivo, mais dificuldade teremos pra a gente se determinar pelos nossos próprios
atos, pelas possibilidades de escolhas que existem nas nossas vidas

Todo ato voluntário tem:


✓ Tem uma finalidade,
✓ É consciente,
✓ Tem uma previsibilidade
✓ E tem uma intencionalidade.

Conceitos do que seria a vontade:


● “... Talvez a vontade ou ato volitivo pleno seja o elemento mais adequado para a definição da essência
humana no que representa o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de cada indivíduo determinar-se, mesmo em
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desacordo com suas tendências instintivas e seus hábitos…” às vezes nossos atos vão em desacordo com
nossos instintos, desejos. Às vezes você não quer fazer algo, mas você tem que fazer por um outro propósito

● “... O ato volitivo é traduzido pelas expressões típicas do “eu quero” ou “eu não quero” que caracterizam a
vontade humana sensu strictu…” então às vezes a gente está diante das possibilidades de se decidir, você
reflete sobre essas possibilidades de escolha. Vai ser bom/não vai, eu quero/não quero.

● “capacidade de dizer não aos seus estímulos”. Dentro de um conceito de vontade, tá?

● “pode ser definida como a possibilidade de decidir entre duas ou mais tendências (impulsos, hábitos). Está
intimamente ligada à afetividade e a inteligência. Constitui um processo psíquico de escolha de uma entre
várias possibilidades de ação, influenciada por fatores intelectivos, valores, princípios e normas
socioculturais.”

Conceito de instintos
● São uma resposta comportamental de determinada espécie, responsável pela sobrevivência no ambiente
natural.
● São tendências orgânicas, inatas, inconscientes.
● Podem surgir espontaneamente ou de modo reativo.
● Todas as nossas necessidades humanas, às vezes, são consideradas instintos – sono, apetite, desejo sexual
● É uma coisa mais primitiva, mas que podem estar afetados muito claramente pelos transtornos mentais
● E, por dentro disso tudo, existem – por fora disso tudo, né? Compreendendo todas essas alterações das
vontades, dos instintos, as compulsões, a gente teria a conação humana.
● Não é voluntário

Conceito de impulsos
● São ações psicomotoras automáticas, instantâneas
● Caracterizadas principalmente pela subtaneidade e incoercibilidade.
● Vivência afetiva que induz o indivíduo no sentido de satisfazer uma necessidade corporal.
● São incontroláveis.
● Não passam por esse processo de averiguação de escolhas, de se determinar por meio de 2 ou mais
tendências
● Não é voluntário

Conação:
● É uma faculdade mental que engloba todas essas outras características humanas. Então é como se a gente
tivesse numa esfera, a conação como essa faculdade que engloba a vontade, a compulsão, os impulsos
e os instintos.
● Todas essas atividades mentais que nos direcionam para uma ação, você tem uma alteração da conação

Quando a gente avalia a vontade, a gente tem que avaliar o que a gente chama de conação. E aí, a gente vai
ter que compreender:
✓ As alterações da vontade
✓ As compulsões
✓ Os impulsos
✓ E os instintos.
Obs: então, não somente a vontade precisa ser avaliada. Porque a vontade é essa capacidade de dizer “não” aos
nossos instintos; é essa capacidade de se determinar entre 2 ou mais possibilidades. Mas compulsão, impulso
e instintos são situações diferentes disso, mas não são totalmente compreendidas pela vontade não.
Obs: atos involuntários podem estar presentes nas alterações da vontade, dos instintos, dos impulsos e das
compulsões (que a gente ainda não chegou a esse ponto).

Saber diferenciar desejo, inclinação, de compulsão (irá explicar mais adiante):


● Desejo:
○ É um querer, um anseio, um apetite

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○ De natureza consciente ou inconsciente
○ Busca a sua satisfação, busca de alguma coisa.
○ Pode estar exacerbado (não necessariamente é um ato compulsivo)

● Inclinação: (não pode ser patológico)


○ É uma movimento afetivo durável, persistente, a tendência a desejar, buscar, gostar.
○ É um pouco mais leve, mas mais duradouro que o desejo
○ É mais constante. Traz menos desequilíbrio afetivo
○ Não transparece aquele apetite, aquela busca incessante que às vezes acontece quando o desejo
está aumentado

● Conação: (pode ser patológico)


○ É o conjunto de atividades psíquicas direcionadas para a ação.
○ Incluem-se entre estas as funções conativas, os impulsos, a vontade e as compulsões.
○ São funções mentais que direcionam para uma ação
○ Numa consulta tem que saber se o paciente tem alterações instintivas, impulsivas ou compulsivas.
○ Conação é separada em:
■ Instintos
■ Impulsos
■ Compulsões
■ E a própria vontade.

Vamos lá pensar assim dentro de um contexto patológico:

● Na pedofilia tem que ter uma alteração da conação. Ou seja, vão existir sintomas que vão interferir na
capacidade da pessoa de se determinar, de fazer escolhas, de querer uma coisa e não outra.
● Mas eu pergunto pra vocês, uma pessoa pedófila, ela tem compulsão por ter relacionamento sexual com
crianças do sexo oposto ou ele tem aumento do desejo e esse desejo se torna patológico? Aumento do
desejo (patologico).
● Precisa ser tratado e vai gerar sofrimento, problemas para o indivíduo.

Fases do processo volitivo (do ato voluntário):


1. Intenção ou propósito
a. É a fase do despertar do interesse
b. Esboçam as tendências básicas do indivíduo
c. Inclinações e interesses
d. Impulsos
e. Desejos
f. Temores inconscientes influenciam o ato volitivos, muitas vezes imperceptíveis
g. Etapa afetivo cognitivo + conexões temporal e frontal + córtex órbito frontal
h. Ex: a intenção de vocês foi entrar no curso de medicina
Obs: lobotomia tirava a opção de escolha desses pacientes, que afetivamente ficavam mais frios e perdiam toda essa
iniciativa de quererem alguma coisa, por isso que eles melhoravam todo tipo de agitação psicomotora.

2. Deliberação
a. Ponderação consciente dos móveis e desejos
b. Ponderação de negativo e positivo
c. Momento de apreciação, levando em conta aspetos e implicações de determinada decisão
d. Etapa cognitivo, afetivo + conexões temporo-frontal + córtex órbito-frontal
e. Ex: “é o curso que eu quero mesmo? É o que vai me fazer bem? Feliz?

3. Decisão
a. Momento culminante que começa a ação
b. Usando áreas cerebrais motoras, núcleos da base, córtex motor.

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4. Execução
a. Fase dos movimentos físicos que consumam o propósito
b. Utiliza a psicomotricidade
c. Vias piramidais + córtex motor, giro pré-central + estapa psicomotora
d. Ex: pegaram para estudar, fizeram inscrição, entraram no cursinho.

Atos impulsivos
● Interferem nesse processo volutivo.
● Como se tivesse um curto circuito nesse processo voluntário.
● É como se da primeira etapa fosse para a quarta.
● Ato impulsivo é incoercível, mas é rápido, a pessoa não fica num ato impulsivo durante 5 horas se cortando
no banheiro
● Observa isso em pacientes impulsivos. Várias doenças psiquiátricas podem cursar com impulsividade. Ex:
TDAH
Obs: o ato de vontade pautado nas quatro fases é denominado ação voluntária

Agressividade, comportamento e funcionamento cerebral:


● Lesão em córtex pré-frontal ventromedial: menos empatia, compaixão, culpa e arrependimento
● Hipotálamo e amígdalas: agressividade e comportamento impulsivo
● Hiperatividade córtex orbitofrontal, cíngulo anterior e corpo estriado: compulsões

Caso:
Tem um caso famoso de um paciente que teve meningite e aquilo gerou uma lesão orgânica irreversível e
o paciente desenvolveu alteração de conduta, atos antissociais, comportamentos agressivos, até o ponto de ele
pegar um carro e atropelar dezenas de pessoas. Claramente existia alteração da personalidade, mas por uma
causa orgânica. Esse paciente não foi preso, respondeu o processo no hospital com medida de segurança.
Obs: psicocirurgia são intervenções cirúrgicas com o objetivo solucionar problemas que são graves e que não
melhoram com medicação.

Impulso x compulsão
Se de um impulso, ou uma resultante de impulso, resulta uma ação, contrária a direção da vontade, podemos
estar diante de um ato compulsivo
Obs: podemos ter a convicção de que o homem executa atos independentes da sua vontade, muitas vezes
começados voluntariamente, automatizando-se depois, como: comer, andar, etc.

● Impulso:
○ Sem uma fase prévea de intenção, deliberação e decisão
○ Associados a impulsos patológicos, de natureza inconsciente
○ Egossintônica. Depois que tomou a atitude fica aliviado, as vezes lá na frente pode vir um
arrependimento e ficar mal com aquilo
○ Incoercíveis
○ Desconsidera desejo das outras pessoas
○ Agride alguém, independente das consequências.
○ É inconsciente

● Compulsão:
○ Reconhecimento indesejável
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○ Desconforto subjetivo quando realiza o ato
○ Egodistônico. Você não quer fazer, mas a vontade, o desejo é maior e você faz, aí você volta a não
querer fazer, mas aí você faz.
■ Ex: quando você vai na geladeira e come metade do brigadeiro que você fez, tinha que durar
uma semana. Às vezes você fica mal com aquilo e você fica mal com aquilo
○ Tentativa de resistir
○ Alívio ao realizar ato compulsivo/ é uma saciedade muito rápida
○ Associados a idéia obsessivas
○ É consciente
○ Tem um forte desejo por se cortar, aquilo para ela pode ser prazeroso, ela alivia uma dor provocando
outra
○ A pessoa que está lá, todo dia se cortando, se corta mais um pouco, mais um pouco, provavelmente
é compulsivo e não ato impulsivo
○ Compulsão por masturbação de um paciente com retardo mental, fica o dia inteiro se masturbando.
Aquilo é tão grave que independente de ter retardo ou não ele não vai conseguir se sentir mal sobre
aquilo, a compulsão vem logo atrás de outra compulsão. Depois que ele melhorar, talvez ele comece
a entender um pouco mais.
Atenção:
Não necessariamente o ato compulsivo está por trás de ideias obsessivas. Não necessariamente, por
exemplo, uma pessoa com compulsão alimentar tem ideia obsessiva? Pode ter e pode não ter. Imaginem aí uma
pessoa com compulsão alimentar: um desejo muito forte de querer alguma coisa, mas um desejo que a pessoa não
queria ter, a pessoa luta contra ele, mas o desejo vem mais forte. Aí, por trás desse desejo existe uma ideia
obsessiva? Pode ser que sim e pode ser que não. É importante identificar, pois você muda o diagnóstico por causa
disso, a gente viu na última aula o que é ideia obsessiva.

Atenção: transtorno obsessivo compulsivo


● Pode predominar atos compulsivos, mas em algum momento ela tem obsessão
● Também pode predominar ideias obsessivas e ter pequenos atos compulsivos
● Não existe aquele transtorno obsessivo compulsivo que é 50-50, por exemplo, minha mão está suja e eu vou
e lavo. A mão estar suja é ideia obsessiva, lavar é um ato compulsivo.
● Ex: por que você lava tanto a mão, você está tomando banho de 2 horas, 3 vezes por dia, está lavando a
mão o tempo todo. Mas o que você pensa quando faz isso?
○ Não traz para a gente a ideia obsessiva, mas ela está lá. Ele não traz claramente.
○ Existe a ideia obsessiva ali, mas é tão fraca que o quadro compulsivo toma conta de quase todos os
sintomas e a ideia obsessiva acaba ficando por trás.
○ pode ter e pode não ter insight. Por exemplo a paciente reclamar que está lavando a mão o tempo
todo e que aquilo a incomoda, ela sabe que tem algo errado, que estava exagerado.

● O paciente com toc não tem insight.


● Obsessão:
● Ideia obsessiva está dentro daqueles 4 sintomas do pensamento, que temos que identificar
● A ideia obsessiva às vezes é questionada pelo indivíduo como desejo, mas as vezes ele não faz o
insight, mas ele sabe que é um pensamento dele, por exemplo, se eu não comer eu vou adoecer, eu
preciso de comer
● Imagina se esse pensamento começa a vir a todo momento. O paciente tem que ter plena
consciência de que a ideia é dele, mas ele não consegue defini-la como patológica, as vezes ele não
tem insight.

Se o paciente com compulsão alimentar ficar assim: começa a ter aquele pensamento, se você não comer,
você vai emagrecer e vai adoecer, você vai enfraquecer e passar mal, vai ficar internada, aí ela vai e come, aí
começa o pensamento de novo, se você não comer alguma coisa vai acontecer, aí ela vai lá e come de novo. Qual o
diagnóstico dessa paciente? Transtorno obsessivo compulsivo. Tem ideias obsessivas e atos compulsivos.

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Atenção: transtorno de compulsão alimentar
E diferentemente, aquela outra paciente que tem o desejo, eu preciso comer, estou com fome, aquela
vontade de comer, ela vai come, come, come e depois fica mal, depois da vontade de comer de novo. Qual o
diagnóstico dessa paciente? Transtorno de compulsão alimentar, pode estar relacionado a outra doença.

Automutilação
● Paciente que pega uma gilete e se corta. É uma alteração da conação, pois todas essas atividades mentais
que nos direcionam para uma ação, você tem uma alteração da conação.
● Paciente que se auto mutila, faz isso por alteração dos instintos? Dos impulsos? Das compulsões? Da
vontade? Isso que temos que pensar quando estamos diante de um sintoma patológico como este. É
compulsivo? Ela tem um forte desejo de se mutilar? Pode ter.
● Tem pessoas que se automutilam, pois estão com um forte desejo de se machucar e aí isso é uma
compulsão por se mutilar, a pessoa tem um desejo grande, um prazer de se machucar, e ela vai e se
machuca. Pode ser um ato compulsivo? Pode, mas como ela se machucaria? Está muito mal, depressiva,
passou por algum problema, pegou a gilete, uma faca, quando viu já fez, ou seja, é um ato compulsivo.
● Normalmente ela não tem prazer por isso, ela quer fazer, mas é um querer impulsivo, pegou e fez, depois
quando viu, ela já fez, mas não passou pelo processo de querer, não querer.

Impulsivo x compulsivo
● Para melhorar impulso você usa medicamento que freia aos atos motores e façam contenção química mais
potente.
● Na compulsão vai mexer em outra área, ansiedade, a pessoa ainda tem capacidade de escolher o que vai
fazer ou não fazer.

Então vamos pensar aí dentro das alterações:


● Vontades, instintos, impulsos e compulsões.

Vontades
Alterações quantitativas da vontade:
1- Hiperbulia: aumento patológico da vontade.
a. Pessoa com transtorno afetivo bipolar, pode estar em hiperbulia, aumentar a vontade disso e daquilo,
querer fazer muitas coisas, muitos planos.
b. Paciente faz uso de estimulante, fica agitado, naquele momento ali ele começa a ter uma compulsão
sexual, começa a querer fazer muitas coisas, pegar o carro e acelerar, ele pode estar hiperbulico.
2- Hipobulia: diminuição da vontade
a. Paciente com demência, ele perde a iniciativa, perde a vontade, não se determina, não escolhe, tem
um prato de comida aqui e ele não vai comer, paciente depressivo, perde a vontade.
3- Abulia: abolição da vontade. (é raro, as outras duas são mais comuns)
a. Presente em quadros muito graves,
b. Paciente em coma, retardo mental grave, paciente com sequela importante
c. não tem capacidade nenhuma de determinar e escolher.

Hipobulia x anedonia
● Anedonia: é uma alteração de afeto, é perda do interesse, do prazer
○ Ex: me chamam para sair, mas eu não quero. Você não quer sair, mas iai? O que que acontece? Ah,
está tudo sem graça, lá vai ser ruim, vou fica desanimado, para baixo.
● Hipobulia: é a perda da vontade de muita coisa
○ Ex: vai no psiquiátrica sem querer ir. ’Ah eu não to com vontade não, mas eu estou aqui’’...
○ Ex: ‘’eu não estou com vontade de fazer isso não, mas eu estou fazendo empurrado’’ ‘’a vontade que
eu tenho é de ficar só deitado o dia inteiro, mas eu tenho que trabalhar’
○ Ex: vamos ali? Não, vou não. Ah, vamos fazer isso, vamos levantar, me ajude a fazer tal coisa? Não.
E permanece lá de cama. O que é isso? Olha a dificuldade que ela está tendo até de determinar, de
fazer ou não fazer, de querer ou não querer
○ Ex: ‘’ah eu não tenho vontade de trabalhar não, mas eu tenho vontade de fazer várias outras coisas’’,
isso não é hipobulia, ele está com algum problema específico

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Alterações dos instintos:
● Anorexia ou hiporexia
● Insônia ou hipersonia
● Perda ou aumento do libido

● Sono: hipersonia ou sonolência excessiva e insônia;


● Apetite: hiporexia ou hiperfagia;
● Desejo sexual: diminuição do desejo ou aumento do desejo; podem utilizar esses próprios termos
o Existem os sintomas quando a gente vai falar de aumento do desejo patológico: é a ninfomania e
satiria.
o As vezes é um paciente depressivo que está com diminuição do desejo, e aí é só diminuição de
desejo, perda de libido.

Alterações qualitativas da vontade (parabulias/disbulia)


● Disbulia: estado feralmente doentio no qual há ausência ou diminuição completa ou parcial da vontade, e por
isso, de tomadas de decisões. (conceito de dicionário)
● Parabulias: transtorno da volição, comum entre pacientes esquizofrênicos, que consiste na substituição de
um impulso por outro; atitude contraditória de alguém que tem vontade de levar a cabo uma ação que
desaprova. (dicionário)
● Atos impulsivos (impulsos patológicos)
● Alterações isoladas, súbitas, involuntárias, e normalmente desprovidas de finalidade objetiva, ações
psicomotoras automáticas ou semi automáticas, de natureza explosiva, instantânea e fulminante
caracterizada pela subtaneidade e incontrolabilidade. Todo impulso é fundamentalmente motor e suas
motivações psicológicas nem sempre são evidenciadas conscientemente ou pressentidas.

Daqui pra frente nós vamos falar dos principais tipos de impulsos, instintos, compulsões, então quando
vocês forem descrever isso num paciente olha:
● Conação, vontade: hiperbulia, hipobulia, abulia ou normobulia.
● Instintos: sono, apetite e desejo sexual.

Obs: quando a gente vai falar de impulso ou compulsão nem sempre existe a palavra para descrever aquilo, talvez
exista, mas são palavras que são criadas recentemente, e aí você pode utilizar o próprio sintoma, comportamento do
paciente para descrever aquilo. Por exemplo, dentro do transtorno de personalidade do tipo impulsivo existe um
transtorno de personalidade que é o transtorno de personalidade emocionalmente instável do tipo impulsivo, existe o
do tipo impulsivo e o do tipo borderline.

Borderline
● Tem muita dificuldade de lidar com emoções, com o controle das emoções
● É muito impulsivo também
● Os relacionamentos afetivos e interpessoais eles são muito instáveis
● Se descontrola facilmente
● Tem um vazio muito grande
● Pode ter alucinações que são pseudoalucinações.
Impulso
● É aquela pessoa que tem traços ao longo da vida muito fortes de impulsividade
● Ele está sempre impulsivo em alguma atitude da vida dele, e aí ele vai, por exemplo, e tem impulsividade as
vezes por agredir alguém, por maltratar, por xingar, por analisar as escolhas.
● Não pensam nas consequências
Obs: existem alguns atos impulsivos que tem nomes, por exemplo, a automutilação pode ser impulsivo ou
compulsivo, avaliem se existe automutilação, conação, impulsos, automutilação, você já está dizendo que é aquele
sintoma que ele apresenta.

1. Tipos de impulso patológico


Frangofilia

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● É a impulsividade de quebrar as coisas, de destruir tudo
● É aquele paciente que joga copo no chão, quebra panelas, destrói a casa
● Fazem as coisas se tornarem frangalhos, ou seja, pica as coisas de alguma forma. Então, são esses atos
impulsivos de agressividade que a pessoa tem de quebrar as coisas. Isso não é transtorno mental gente, isso
é um sintoma que pode estar presente em vários transtornos mentais.

Piromania
● É o impulso de colocar fogo nas coisa
● Pode ser um sintoma ou um transtorno mental

O ato suicida
● Tem que avaliar esses pacientes impulsivos com risco pra comportamentos suicidas e a gente tem que
conter essa impulsividade de alguma forma
● Semiotécnica do suicídio:
○ Temos que avaliar (tríade):
■ Desesperança
■ Desamparo
■ Desespero

○ 3 d’s dentro desse contexto psicossocial:


■ Dependência química
■ Delírio
■ Depressão

○ Os estados mais comuns do suicídio:


■ Ambivalência (é bom para tratar, é o que vemos no psf):
● Ex: ‘’eu pensei em me matar, mas aí eu penso no meu filho..’’ ‘’mas eu acredito muito
em deus...’’
■ Impulsividade
● Ex: você pergunta se ele pensa em se matar e ele fala que não, mas daqui há 2 dias
ele comete o suicídio por impulsividade
■ Rigidez (difícil de tratar)
● Ex :é aquele paciente que vai até o fim, ‘’eu quero me matar, eu quero me matar, um
dia eu ainda vou conseguir’’

Automutilação

2. Atos impulsivos e compulsões relacionados ao desejo e comportamento sexual


Obs: não se usa mais o termo perversão sexual; usa parafilia (são compulsões ?)
Obs: dentro do contexto sexual podem existir compulsões ou impulsões.
esses transtornos sexuais podem ser dos mais variados olha:
● Fetichismo:
o Aumento do desejo por vestes, o desejo é muito mais nas vestimentas, nos incrementos, nos objetos
e não na própria relação sexual comum.
o A gente tem que entender isso aqui quando é patológico que é quando existe um desvio desse
interesse sexual, porque as vezes a pessoa tem um interesse sexual habitual, pelo sexo oposto ou
pelo mesmo sexo, e as vezes não necessariamente tem o aumento do desejo por usar determinadas
vestes ou objetos, isso aí não quer dizer que é fetichismo.
o Pra ser fetichismo a pessoa só tem que ter prazer com aquilo, se aquilo não tiver ele não tem prazer.
● Exibicionismo:
o De ver o companheiro ou o outro nu e as vezes ele se exibir.isso gera prazer

● Voyeurismo- é ver a relação sexual de terceiros.


● Pedofilia- crianças do sexo oposto
● Pederastia- crianças do mesmo sexo

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● Gerontofilia- desejo sexual por idosos
● Zoofilia- desejo sexual por animais
● Ninfomania e satiríase:
o Nos dois você tem o aumento do desejo sexual, é como se fosse uma compulsão sexual
o A ninfomania é na mulher e o satirismo é no homem.
● Necrofilia- desejo sexual por mortos
● Coprofilia- desejo sexual por escretas né, urina, fezes
● Sadomasoquismo- prazer pela dor né
● Compulsão a masturbação;
● Vestir roupas do sexo oposto;
● Por introduzir objetos em órgãos genitais; (é impulso)
o Esse paciente não tinha desejo por fazer isso, simplesmente ele tinha uma alteração tão grave na
vontade que impedia a capacidade dele de determinar ‘’eu vou fazer isso ou não vou?’’ ele
simplesmente fazia, pra vocês verem a dificuldade de lidar quando esses atos são impulsivos.
3. Outros
● Dromomania:
o Essas pessoas em quadros normalmente psicóticos, cognitivos graves, elas começam a andar sem
rumo, o dia inteiro.
o Porque isso é uma alteração da conação, da vontade? Ele consegue determinar ‘’ah hoje eu não vou
sair pra andar não, hoje eu vou ficar em casa’’, não, todo dia ele está no mesmo lugar, as vezes anda
quilômetros, sai de uma cidade e vai pra outra, isso a gente chama de dromomania. Isso é um ato
impulsivo.

● Cleptomania:
o A pessoa que tem cleptomania ela fala que dá um desejo muito grande de roubar, aí depois ela fica
desconfortável, aí depois vem o desejo de novo
o É compulsão.
o É só compulsão, porque pode até ser impulso, mas aí você não vai determinar aquilo como
cleptomania. Imaginem um paciente com esquizofrenia, com retardo que não consegue definir se
aquilo é dele ou não, ele simplesmente vê alguma coisa vai lá e pega, mas aí isso não pode ser
definido como um transtorno de cleptomania, o fato dele ter pegado foi impulsivo, mas não é
cleptomania.

● Compulsão por compras;


O paciente depressivo grave, as vezes é muito comum a gente achar que o paciente depressivo é bipolar né,
porque você pergunta pra ele ‘’ você começa a comprar muito? Você tem descontrole financeiro?’’ e aí ele fala ‘’já
aconteceu de eu gastar muito, entrar em dívida, entrei numa loja e comprei várias coisas que não precisava, na outra
semana eu fiz compra de novo exagerada’’ aí você fica pensando se essa fase foi a fase bipolar dele.
Mas aí você pergunta pra esse paciente ‘’como você estava nessa época? Você estava triste ou estava feliz?
Estava nervoso ou estava desanimado, pra baixo?’’ e aí ele fala ‘’não, eu estava triste, depressivo’’, o que significa
esse paciente depressivo que tem compulsão por compra? Isso é um sintoma da depressão. Ele tem o desejo de
comprar, ele está depressivo, está muito mal e tem o desejo de comprar, e aí ele tem compulsão por compras na
depressão.
● Compulsão por internet, por jogos eletrônicos
● Jogo patológico:
o Joga o carteado dele, a esposa chama ele pra ele ir embora e ele não vai, ele vai dormir e no outro
dia ele está com desejo de jogar de novo, se o jogo não acontecer ele fica mal, briga com os outros,
não consegue fazer mais nada, isso aí que é jogo patológico.
o É um ato compulsivo né, é uma compulsão por jogar alguma coisa.

● Negativismos:
o É um sintoma muito comum na esquizofrenia catotônica.
o É o negativismo ativo e passivo
o Negativismo ativo você pede pra eles fazerem uma coisa e eles fazem o inverso:

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▪ Ex: você pede ‘’sr josé, levanta o braço’’ ai ele vai e abaixa, você pede ‘’sr josé, vem aqui’’ e
aí ele vai pra trás, você pede ‘’sr josé, abre a boca’’ e aí ele vai e fecha a boca.
▪ É uma alteração grave da conação, ele não quer fazer aquilo com você, mas ele
simplesmente faz o contrário do que você determina, olha como a vontade dele está
deturpada.
o Negativismo passivo, é não fazer aquilo que você determina:
▪ Ex: ‘’sr josé, qual o seu nome?’’ e ele fica calado, ‘’quantos anos o sr. Tem?’’ e ele não te
responde e aí depois do nada ele te responde ‘’o meu nome é josé’

● Obediência automática:
o Quando você pede pra ele levantar o braço e ele levanta, pede pra abaixar e ele abaixa, se você ficar
lá o dia inteiro pedindo pra ele fazer isso ele fica o dia inteiro levantando e abaixando o braço. Ele
não consegue fazer outras escolhas.
o Síndrome catatônica, tem a obediência automática

● Reação de último momento


o É quando você já desistiu dele e aí ele resolve falar com você.

● Alotriofagia:
o Ingerir alimentos que não são alimentícios
o Pessoa que come pedra, papel, qualquer outra coisa.
o É uma compulsão.

● Potomania- beber água de forma descontrolada.


● Bulimia- alguns colocam a bulimia como um transtorno alimentar, o principal sintoma é a compulsão, você
vai identificar que existe uma compulsão, mas o que acontece com a bulimia? Ele não tem aquela ideia
sobrevalorada de que ele está muito gordo, porque normalmente ele está fora do peso, o paciente com
bulimia está fora do peso, então ele tem um desconforto pessoal muito grande, e aí ele começa a fazer dietas
com restrição alimentar, parar de comer, come muito pouquinho, e aí o que o fato dele comer pouco vai
causar? Muita fome né, muito desejo de comer, e aí ele vai lá e tem a compulsão. E aí depois da compulsão
vem um ato restritivo ou purgativo, o restritivo é depois parar de comer de novo, ou o restritivo seria fazer
academia, ou começar a exercitar de forma descontrolada, ou o purgativo que é provocar vômitos, tomar
laxante, mas aí claramente é pra aliviar o ato compulsivo. Então, a bulimia tem que ter essas características
pra você dizer que o paciente tem bulimia nervosa.
● Sugestionabilidade- vocês já sabem o que é
● Ambivalencia volitiva- está presente na esquizofrenia também, é querer e não querer
● Fenômenos do eco- é o eco pra dentro ou o eco da mímica, mas isso aqui nós vamos ver na aula de
psicomotricidade, essas alterações aqui são da psicomotricidade e não necessariamente da vontade.

data: 07.05

A gente não avalia prospecção, pragmatismo de paciente como uma função mental; e sim como um
sintoma. De qualquer forma, a gente pode descrever isso na súmula, como se você estivesse avaliando esses
sintomas.
Pragmatismo e suas alterações
● Pragmatismo:
○ Capacidade de colocar em prática, de forma eficaz, aquilo que foi planejado, mas por um motivo da
sua saúde mental ele não consegue
○ Se não consegue alcançar, pelo menos consegue caminhar pra aquilo
○ Pode ser que o resultado seja inesperado e não consiga alcançar o objetivo.
○ Você não avalia o pragmatismo quando o paciente não tem a capacidade de planejar. (ex: paciente
com demência grave)
○ A gente fala em pragmatismo quando o paciente é capaz, ele tem capacidade mental pra colocar em
prática alguma coisa, mas por um motivo da sua saúde mental ele não consegue.

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○ Ex: às vezes aquele paciente depressivo ele até deseja, até quer, até tenta, mas ele não consegue.
Ou mesmo que ele não consiga, mas ele não consegue porque ele não se lança na frente, ele não
tenta, ele não busca. Tem alteração no pragmatismo.
Obs: não existe hiperpragmatismo

● Alterações quantitativas
○ Hipopragmatismo
■ Situações mais leves ou moderadas
■ Ex: ex: o paciente depressivo tá tentando estudar, precisa de atingir um resultado um pouco
melhor, mas aí ele não consegue; ele tinha que estudar 4 horas, ele só consegue estudar 2;
ele tinha que ir na aula todos os dias mas ele só consegue ir na aula alguns dias.

○ Apragmatismo
■ São essas situações mais graves
■ São paciente depressivo, pacientes alcoolistas, as vezes aqueles pacientes com
esquizofrenia que eles até tem vontade pra decidir muitas coisas, mas eles não conseguem
executar nada;
■ Ex: aquela pessoa que teve que trancar o curso, não tá conseguindo, teve que abandonar do
trabalho porque ta sendo incapaz de trabalhar.
■ Então, praticamente, ele fica inibido, não coloca em prática nada no dia-a-dia

Obs: alterações na conação humana vão interferir no pragmatismo e na prospecção.

Prospecção e suas alterações


● Prospecção
○ Planejamento que o indivíduo faz de sua própria vida, os seus planos futuros, a esperança
○ Vêem lá na frente algo melhor, adequado, exequível, que seja possível de acontecer.
○ Paciente precisa de ter cognição para ser avaliado
● Prospecção ausente
○ Situações em que o paciente realmente não consegue se lançar no futuro
○ Não consegue ter nenhum tipo de planejamento futuro, de ter esperança, de acreditar.
○ Em pacientes com depressão, esquizofrenia por exemplo
○ Isso em situações muito graves – às vezes pacientes depressivos que estão pensando em suicídio,
paciente com esquizofrenia que estão pensando em suicídio
○ Ex: como se não importasse. “o que você acredita de você daqui pra frente?”, “ ah, acredito em nada,
acho que não vai acontecer nada de bom”. E aí ele não se lança lá na frente. “como você se vê daqui
a algum tempo?”, “ah, eu não me vejo. Eu acho que eu não vou chegar lá.” São exemplos de uma
prospecção ausente.
○ Costuma ter em depressão, psicose; transtorno de ansiedade grave, transtorno do pânico.
● Prospecção presente
○ Adequada ou exequível
■ Ex: ele vai dizer que ele pretende daqui a 6 meses se mudar pra os eua porque quer
melhorar a vida dele. Aí claramente ele vai conseguir se mudar pros eua porque ele ta
fazendo planejamento pra isso, porque ele tem condições financeiras ideais... Ele pode se
mudar realmente pra lá e ter uma vida um pouco melhor. Isso ele vai ter uma prospecção
presente adequada ou exequível. É capaz de acontecer.
○ Inadequado ou inexequível
■ Ex: paciente pode dizer pra vocês que, nos próximos meses, ele quer se tornar um milionário
e isso vai acontecer porque ele vai ganhar na mega sena e aí ele vai mudar a vida dele por
completo
■ Ex: paciente diz que vai se tornar o presidente da república; isso é uma prospecção
presente, ele se lança no futuro; pode ser uma fantasia. Pode ser um paciente narcisista. “eu
vou ser o presidente da república”. Não é psicótico, crê naquilo ali porque aquilo ali não é
uma mentira com ganho primário, ali é uma mentira patológica

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■ Pode estar presente em pacientes também numa fase maníaca bipolar, que às vezes vão
fazer planejamentos extremamente exagerados
■ Ex: pacientes com transtorno conversivo vai dizer que no próximo ano ele vai morar num
lugar diferente daquele, ter todas as mordomias que ele não tem, você vai ver que ele ta
começando a fantasiar pra fugir daquela realidade difícil.

Obs: crê que vai ganhar e começa a gastar todo dinheiro dele pra ganhar na mega sena, o sujeito está psicótico. Já
um sujeito que fantasia, ele entra em conflito; em algum momento ele pode achar que não vai ganhar. Mas em
nenhum momento ele muda toda a vida, então ele não abre um quadro psicótico.

Psicomotricidade.
● A psicomotricidade é a quarta etapa do processo de vontade humana.
● Atos reflexos, atos voluntários e atos automáticos (não é o objetivo nosso)
Obs: as alterações da vontade, quando elas se expressam nessa última etapa, elas vão se expressar ou por meio de
ações da psicomotricidade ou da linguagem. Focaremos na psicomotricidade.

Olha só o que alguns autores falam:


“assim como o ato motor é o componente final do ato volitivo, as alterações da psicomotricidade são,
frequentemente, a expressão final de alteração da volição”.
É por isso que a gente consegue compreender muitas manifestações por meio da observação da
psicomotricidade do paciente. Porque, como é uma expressão final, se você está vendo aquilo ali finalmente como o
paciente está se expressando do ponto de vista motor, você já costuma compreender como está o psiquismo, a
vontade dele; porque uma coisa leva à outra.(comentário do professor)
“as ações psicomotoras possuem um conteúdo psicopatológico, são uma expressão do psiquismo”.
então quando você vê uma criança que fica o tempo inteiro mexendo dentro do consultório e não para 1 min,
claramente você vai pensar que essa criança tem taquipsiquismo. Porque o taquipsiquismo é uma alteração primária,
e a expressão final disso ta lá na psicomotricidade dela. Se você atende um paciente com demência e aquele
paciente ta la com toda a inibição, bradicinesia, lentificação, um paciente com parkinson com aquela rigidez, você já
vai compreender que toda a atividade mental daquele paciente está também lentificada. E a expressão final de tudo
isso é a dificuldade que ele tem de se locomover. (comentário do professor)

”diferente das perturbações da vontade, de que temos nos ocupado até agora, estas, de que
cuidaremos aqui, transcorrem no plano da execução dos movimentos, mas sem que, para sua produção,
intervenham necessariamente lesões orgânicas, centrais ou periféricas”
isso aqui é uma outra situação importante da gente pensar. A gente tem que conhecer as alterações da
psicomotricidade não somente pelo lado orgânico. Porque pelo lado orgânico, vocês já viram isso desde lá na semio
– as alterações da marcha, as alterações de força muscular. O paciente tem as hemiparesias, as hemiplegias, as
ataxias, as disfasias, com dificuldade de marcha. Quer dizer, todas essas alterações têm, necessariamente, um
comprometimento neurológico identificável. Normalmente, esses pacientes vão apresentar lesões cerebrais evidentes
e, com consequente disso, as alterações da psicomotricidade. Essas alterações aqui não necessariamente terão
lesões orgânicas identificáveis. (comentário do professor)

Etiopatogenia da psicomotricidade
● Seriam as alterações da psicomotricidade, no que se refere a sua etiopatogenia;
● Alterações funcionais do “eu psíquico” expressas por atos motores, ou alterações estruturais de áreas
relacionadas com a motricidade exteriorizadas por atividades motoras anômalas
As alterações:

1º) apraxia
● Incapacidade ou grande dificuldades de realizar atos motores intencionais, voluntários, conscientes, na
ausência de paralisia ou ataxias, na presença de funções sensoriais preservadas. Decorre de lesão neuronal.
Representa a perda do movimento aprendido.
● Ocorre no alzeihmer
● Lesão no hemisfério esquerdo:
○ Apraxia ideomotora: incapaz de completar atos simples em resposta a uma ordem verbal

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○ Ex: perde a capacidade de se alimentar. Então ele não consegue pegar o garfo e fazer isso aqui, um
ato motor simples. Aí ele tem que ser alimentado por terceiros.
○ Apraxia ideativa: apraxia no uso de objetos ou movimentos sequenciais (mais complexos)
○ Ex: perde a capacidade de fazer uma ligação por telefone, ou de organizar, realizar algum trabalho;
aí aquele paciente era eletricista ou professor, e aí ele perde a capacidade de trabalhar
● Lesão no hemisfério direito (é ideativa tb, pois é mais complexas):
○ Apraxia construcional: quebra cabeças, construir formas geométricas.
○ Apraxias de vestimentas: perda da capacidade de verti-se

Obs: quadros neurológicos que vão cursar com esses sintomas. Porque a gente não está falando de quadro
psiquiátrico não.
Caso: explica situações que não tem apraxia
Um paciente com esquizofrenia, e aí ele ta lá 22 anos com esquizofrenia. Aí você faz o mini mental nele, ou
então você pede pra ele pegar aquela caneta e desenhar um objeto qualquer. E aí ele não pega a caneta e não
desenha um objeto. Isso é apraxia? Ele tem uma incapacidade de realizar um ato motor intencional. Ele tem essa
incapacidade de realizar um ato motor intencional? Ou ele não fez conscientemente, ele não quis pegar a caneta?
Ele tem esquizofrenia, não ta em surto, aí você pede, por exemplo, pra ele - interrompe- ele para de vestir a própria
roupa, não se veste mais. A gente não pode dizer que é apraxia quando o paciente não tem vontade de realizar,
ele tem um problema na vontade. Esses casos é uma outra situação; esse paciente pode estar hipobúlico, ele tem
hipobulia, ele não tem vontade pra realizar nada. E aí ele ta com sintomas negativos, uma esquizofrenia, por
exemplo. Ou então ele ta com negativismo, que é ainda mais grave, você sempre pede uma coisa e ele nunca faz
aquilo. É uma alteração também que acontece na esquizofrenia comum, são os negativismos ativos e passivos.
Então ele não faz porque ele perdeu a incapacidade, é porque ele não está com vontade de fazer; mas não uma
vontade de consciência. Ele perde a capacidade de se determinar: “eu faço ou eu não faço?”, aí ele acaba não
fazendo. Entendeu? Não tem nada a ver com apraxia, ta certo?

Caso: alzheimer x depressão


Aí ta lá um senhorzinho de 80 anos, você quer saber se ele ta depressivo ou com alzheimer, ele ta lá de
cama, não conversa com ninguém... Porque o paciente depressivo vai ter apraxia? Não. Ele vai ter a mesma coisa do
exemplo que eu dei – ele vai parar de comer, de tomar banho, mas por causa da vontade. Aí ele vai falar ,aquilo ali
pra ele é algo que faz ele sofrer. Ele não conseguir executar aquilo ali, pra ele, é um sofrimento. Pra paciente com
apraxia, com alzheimer, não é. Ele não traz como uma queixa. Tanto é que apraxia é algo que você observa, não é
algo subjetivo do paciente. Já uma hipobulia, alguma outra coisa, às vezes é algo subjetivo; o paciente traz aquilo
pra você como uma queixa.
Vamos continuar aqui nas alterações, olha:

2º) hipercinesia/exaltação psicomotora


● Inquietação
● Agitação
● Furor
● Obs: acompanha-se de logorréia/verborragia, heteroaressividade
Todos esses termos aqui podem ser utilizados quando a gente fala em alterações quantitativas da
psicomotricidade, ou seja, “exaltação”, “agitação”, “aumento da psicomotricidade”. Muitos termos podem ser
utilizados; é justamente a hipercinesia. Todos são sinônimos, olha:
✓ Hipercinesia
✓ Agitação psicomotora
✓ Ou exaltação psicomotora

● Hipercinesia e agitação psicomotora:


○ Pode utilizar esses dois para caracterizar um estado de exarcebação da atividade, de aumento da
atividade motora global. Esse paciente com agitação psicomotora tem que ter um aumento da
atividade motora: falando muito, andando muito, se movimentando muito, inquieto... Você vai
observar isso.

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● Hipercinesia:
○ Não são só aqueles pacientes que estão surtados
○ O paciente tá toda hora olhando pra vários lugares
○ Às vezes ele tá inquieto, se movimenta um pouco mais
○ Ou ele fala um pouco mais rápido... Quer dizer, a ansiedade dele naquele momento está dizendo que
ele está com agitação psicomotora. Então você já observa a agitação psicomotora;
○ Observa que ele ta mexendo muito o pé, aí vocês já vão logo pensar que ele está ansioso, por ele
estar daquele jeito. Então isso já é agitação psicomotora, hipercinesia, mas dentro de um contexto da
inquietação.
Obs: e aí vão ter graus, e até às vezes chegar no furor, só que o furor é um termo mais utilizado na fase maníaca,
o furor maníaco – esse termo é mais utilizado no maníaco, no transtorno bipolar de extrema agitação
psicomotora.
Obs: mas entendam que é importante a gente identificar isso desde a inquietação. Porque antes de o paciente surtar
ele pode estar inquieto;

Paciente que pode ter hipercinesia:


● Transtorno bipolar, TDAH... Transtorno bipolar fase maníaca;
● Transtorno obsessivo compulsivo pode ter;
● Esquizofrenia na fase de agitação/surto;
● Usuários de drogas psicoestimulantes, outras drogas;
● Os transtornos ansiosos de uma maneira geral, os vários transtornos ansiosos...
● Todos esses podem cursar aí com os quadros de deficiência intelectual, retardo mental, várias síndromes
genéticas que cursam com retardo mental, o autismo. Às vezes a criança autista tem uma hipercinesia de
extrema dificuldade de ser controlada.
● Os quadros também neurológicos, como epilepsia. Esses pacientes ficam inquietos, agitados nesse período
aí de crise, ou período pós-crise convulsiva.

3º) hipocinesia ou inibição psicomotora. (o oposto)


● É a lentificação de toda atividade psicomotora, movimentação voluntária lenta, difícil, “pesada” podendo
haver um período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora do paciente
● Em geral, há inibição da fala e do pensamento (bradipsiquismo), empobrecimento da mímica (hipomimia) e
diminuição da vontade (hipobulia)

Exemplos aí de hipocinesia ou inibição psicomotora?


● Depressão
● Síndromes demenciais
● Esquizofrenia catatônica
● Esquizofrenia residual
● Bipolar na fase depressiva
● Intoxicação por algumas drogas:
o Às vezes, na abstinência por algumas drogas o paciente pode ter mais hipercinesia/agitação
psicomotora
o Já na intoxicação por drogas sedativas, mais hipocinesia.
o Ex: aí chega aquele paciente lá, 30 e poucos anos, insônia crônica, chega na frente de você pra ser
entrevistado e o paciente tá lá com a voz arrastada, falando pouco, com inibição psicomotora,
bradipsquismo... Você vai investigar e ta fazendo uso abusivo de benzodiazerpinico, ta tomando 5, 6
pra dormir e tá naquele estado lá. Então intoxicação gerando hipocinesia.
● Demências
● Retardo mental também. Paciente com retardo mental pode ter hipocinesia ou hipercinesia

4º) acinesia/estupor
● Amimia, gatismo (incontinência fecal e urinária), mutismo
● Catalepsias: exagero do tônus corporal marcada pela redução da motilidade passiva, por hipertonia muscular
generalizada
● Flexibilidade cerácea: rigidez muscular que pode ser vencida

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● É a perda de toda atividade espontânea que atinge o indivíduo globalmente – mímica, marcha, gesticulação,
fala – com consciência preservada.
● Esse estupor pode ser um estupor catatônico na esquizofrenia; não movimenta um único músculo do corpo
● Estupor catatônico por causa da depressão, aí está lá o mesmo exemplo que eu dei para vocês, mas por
causa da depressão e não dá esquizofrenia.
● Estupor catatônico por causa de um quadro conversivo, aí aquela pessoa passa por um stress, por um
choque e entra nesse estupor. Geralmente a duração desses casos vai ser menor. É como se fosse um
estupor emocional, isso acontece com a gente
● Paciente em crise conversiva pode ter aquelas crises pseudoconvulsivas, que são as pseudocrises tônico-
generalizadas, lembram muito.... Eles podem ter crises como se fossem as crises atônicas da epilepsia, crise
da ausência ou atônica e aí ficar naquele estado de estupor também, mas a consciência está preservada, a
pessoa está ciente de tudo, nela não tem a atividade motora consciente de modificar aquele estado.

Catalepsia:
● É uma rigidez, esse tônus muscular exacerbado, associado à redução da motilidade.
● O paciente tem rigidez generalizada e dificuldade, praticamente impossibilidade de você movimentar.
● A movimentação passiva também é prejudicada.
● É uma síndrome que pode acontecer em vários pacientes e até em pessoas normais:
○ Ex: pacientes que no período noturno quando estão dormindo que acordam e não conseguem se
movimentar, sentem que não estão respirando, como se estivessem presos dentro do próprio corpo.
Tentam conversar, abrir os olhos, chamar alguém e não conseguem. Isso é muito comum. Quando a
situação está dentro de um contexto não patológico, por exemplo, não acontece junto com a
depressão, esquizofrenia, ansiedade, simplesmente o paciente tem isso as vezes.
○ Ex: pessoas que são enterradas morta
● Catalepsia de um paciente com esquizofrenia:
○ Eletroconvulsoterapia é o tratamento da segunda imagem.(ataque catatônico)
● Primeira imagem: travesseiro catatônico

Catatonia por causa da lesão cerebral


Aí elas ficam nesse estado que a gente está vendo, de estupor catatônico, catalepsia, por um quadro neurológico,
meningite, traumatismo craniano, encefalite, qualquer lesão neurológica pode desenvolver esse quadro como
consequência. A pessoa fica num estado de fadiga, mialgia, dor, mas ela não consegue descrever, não consegue
falar.

Alterações da psicomotricidade (são alterações menores)


● Ecopraxia - ecolalia - ecomimia: repetem os seus gestos, repetem o que você está falando ou repetem sua
mímica facial; faz de uma forma involuntária.
○ Ex: esquizofrenia, retardo mental, demências, autismo. Esses podem ter um dos três.

● Estereotipia motora: são atos motores desprovidos de qualquer finalidade, intenção, motivação.
○ Ex: são pacientes que tem o costume de, por exemplo, ficar rodando em círculos, levantando e
abaixando as mãos, abrindo e fechando uma janela de casa, aí ficam. Catatonia é um exemplo
○ Sem nenhuma finalidade aquele ato motor é realizado. Talvez aquilo anteriormente significava
alguma coisa para o paciente, mas pela gravidade do quadro ele perde a capacidade de organizar
aquele movimento.

● A estereotipia verbal: aí é por meio de fala, de palavras.


○ Então surgem sílabas, surgem atos motores da linguagem, desprovidos de qualquer motivação.

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○ Começar a ficar repetindo muito determinadas palavras, sílabas, sons, sem nenhum motivo.

● Maneirismo: maneirismo tem a ver com a gestualidade, a mímica. Então o maneirismo acontece ou motor ou
linguístico também.
○ Maneirismo eles podem começar a ficar franzindo a testa, eles podem começar a ficar abrindo e
fechando a boca, eles podem começar a ficar sorrindo de formas desnecessárias, ou colocando a
língua pra fora o tempo inteiro, sem precisar. A entonação da voz se torna extravagante
○ Teria o objetivo de ser uma gestualidade, intenção de expressar alguma coisa na face, mas aquilo
vem de um modo desnecessário.
○ São exemplos nos pacientes idosos às vezes, com o passar do tempo, com demência, pacientes
com esquizofrenia, podem ter esses maneirismos
○ E o maneirismo de linguagem, ele pode ser patológico ou não-patológico:
○ Pediatra por exemplo tem maneirismo de linguagem, falam tudo no diminutivo.
○ Vão ter os maneirismos culturais de linguagem em determinadas regiões do brasil, como pode ser
patológico.

● Interceptação cinética:
○ O paciente perde a capacidade de se movimentar por causa de um sintoma psicótico, como se
viesse um bloqueio.

● Perseveração motora:
○ ficar repetindo a movimentação que foi solicitada

● Conversão:
○ Sintomas físicos de origem psicogênica

● Tiques:
○ Contrações súbitas repetitivas, breve e involuntárias.
○ Pode existir tique vocal
○ Ex: transtorno de tourette

Doenças que podem manifestar sintomas semelhantes:


● Na flexibilidade cerácea ou na catalepsia: esquizofrenia, encefalites, parkinsonismo, outros quadros
orgânicos.
● Os maneirismos: esquizofrenia, retardo mental, doenças cerebrais orgânica
● Fenômenos do eco (ecolalia, ecomimia, ecopraxia): esquizofrenia catatônica, retardo mental, demência,
delirium, processos demenciais
● Estupores: depressão, psicose, epilepsia, lesões infecciosas, delirium.

Outras alterações:
● Negativismo ativo ( já foi comentado antes): faz o contrário do solicitado
● Negativismo passivo (já foi comentado antes): se abstém de fazer o solicitado
● Reação do último momento: paciente depois de muita insistência resolve falar, então ele sai de um
negativismo passivo e aí tem uma reação de último momento
● Diferença de negativismo e obediência automática: esses pacientes repetem todos os seus comandos
motores.
● Pararespostas, “respostas ao lado” (síndrome de ganser)
● Pragmatismo (hipopragmatismo): dificuldade de realizar aquilo que foi planejado (descrição separa)

E tudo isso aqui, gente, daqui pra cima, são sintomas da síndrome catatônica. É outra síndrome que vocês
ainda não tinham visto. Ela pode estar presente em pacientes com parkinson, com retardo mental, com depressão
grave. Nessa síndrome catatônica esses pacientes podem ter acinesia, estupor, catalepsia, negativismo ativo,
negativismo passivo, mutismo. Todos esses sintomas, praticamente, que a gente viu na aula de hoje podem estar na
síndrome catatônica.

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Síndrome de ganser
● É uma síndrome descrita principalmente em presidiários
● É uma síndrome dentro de um espectro conversivo, conversivo-dissociativo.
● Entre esses pacientes com síndrome de ganser, tem aquele que a gente chama de pararespostas.
● Ex: você está lá no presídio atendendo um paciente desses, e então você pergunta quantos anos ele tem e
ele te dá uma resposta paralela, você pergunta há quanto tempo ele está ali e ele te dá uma pararesposta, ou
seja, ele foge daquela pergunta e te responde uma outra coisa.é muito comum essa prevalência em
presidiários, é a mais comum dentro de um contexto histérico, em pessoas que estão em extremo sofrimento
mental.
● Mecanismo de defesa de não te responder aquilo

Alterações motoras relacionadas ao uso de antipsicóticos


● Parkinsonismo medicamentoso (síndrome parkinsonóide): ridgidez, hipocinesia, tremor, dificuldade de
deglutição. Tríade: rigidez, bradicinesia, tremor assimétrico. Tto: utilizam antiparkinsoniano
● Distonia aguda (até 20 horas): contração lenta e dolorosa, membros, tronco, pescoço e língua.tto:
prometazina, que é o fenergan, pode fazer uma ampola intramuscula
● Acatisia: inquietação motora.
○ Causa: uso agudo ou crônico de antipsicótico; plasil ev
● Síndrome o coelho: tremor fino em lábios e língua
○ As vezes em paciente que usa antipsicótico
● Discinesia tardia: movimentos involuntários na musculatura orolingofacial, membros e tronco ( depois de 3
meses de uso de remédio, ex. Antipsicóticos)
● Tourrette tardio: tiques motores múltiplos causados por medicação (professor nunca viu)
Obs: essa síndrome extrapiramidal por bloqueio de receptores de dopamina pode manifestar um desses vários
sintomas.

Data: 14.05
A aula será sobre emoções, sentimentos, afetividade dos nossos pacientes.
Ex: olha como o paciente epilético sente no momento de uma crise convulsiva. “e sentia que o céu se tinha
afundado na terra e me tragara. Sentia deus como uma verdade profunda, sublime, e me senti penetrado por ele.
Sim, existe um deus, exclamei; o que aconteceu depois, não sei. Não suspeitais que maravilhoso sentimento de
felicidade enche o epiléptico num segundo antes do ataque. Não sei se a felicidade dura segundos, horas, mas
crede-me, não queria trocar todas as alegrias da vida por ela.”
Esperaria de pacientes epiléticos em momentos de crise ou em momentos de aura, né? Espera-se trazer afetos
normalmente negativos, dolorosos ou não prazerosos e existem dentro das várias alterações da afetividade humana
inclusive esses afetos, que são afetos que nós chamamos de novos. São afetos nunca experimentados antes, esses
afetos eles podem ter aquela vivência diferente daquela habitual, mesmo sendo algo que nós podemos pensar que
fosse uma vivência dolorosa, mas ela nunca foi experimentada antes, principalmente nas primeiras crises. Então
aquela vivência, aquele afeto ele toma uma proporção talvez diferente daquela que a gente conhece.

A gente tem para a gente entender que quando um sujeito adoece, dentro desses sintomas existem sintomas
afetivos e esses sintomas afetivos às vezes nunca foram experimentados anteriormente. E aí por isso que tem muito
essa carga afetiva que inclusive chega a se apresentar por essa descrição.
Você pode pegar um paciente às vezes com alzheimer e levar para ver uma coisa mais maravilhosa do
mundo que ele sempre tinha desejo de ver, aquilo não vai ter o mesmo significado do que se ele não tivesse a
doença. Ele vai ter muito mais dificuldade de experimentar aqueles afetos. Aquilo vai ter muito menos cor, menos
brilho, menos sentido.

As emoções humanas surgem desde o início da vida. São as emoções primárias, as quais são:
● Coléricas:
○ Ex: criança está com cólica abdominal e aí a cólica gera um choro, uma agressividade, uma
inquietude muito grande, aquilo e uma emoção que transparece abruptamente. A criança está bem e
do nada ela passa para um estado

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○ Ex: pegar uma criança, recém nascido ou lactente e se você segurá-lo para examinar, naquele
momento vai brotar uma emoção colérica, uma emoção de desespero
● Emoções de choque:
○ Ex: se você assusta essa criança de algum modo, aplica uma injeção em um momento que ela não
estava esperando e aí naquele instante existe aquele choque e aí vem normalmente o choro ou
alguma outra coisa.
● Emoções afetuosas:
○ Ex: criança ao nascer e com poucos meses de vida ela já começa a abrir um sorriso no rosto quando
ela vê algumas pessoas.
Obs: as emoções surgem e vão aumentando de complexidade ao longo da vida. Não só as emoções como todos os
nossos sentimentos e outras coisas que compõem a afetividade.

Correlações da afetividade com o físico, o psíquico, o psíquico e o espiritual


Circuito de papez
● A afetividade humana envolve dezenas de áreas cerebrais. Lesões nessas áreas do cérebro tornam as
pessoas muito agressivas, irritadas, se automutilam, agridem terceiros, tem dificuldade de controlar as
próprias emoções.

● Pacientes que sofrem qualquer lesão cerebral, um trauma, um acidente vascular, um tumor, qualquer
situação, pode ter uma expressão afetiva modificada se atingir alguma dessas áreas.

● Sistema límbico - visão atual:


○ Hipotálamo, área paraolfatória, epitálamo, núcleo anterior do tálamo, porções dos núcleos da base,
hipocampo, amígdala, córtex orbifontral, giro subcaloso, gito cingulado, giro para-hipocâmpico e o
úncus.
○ Hemisfério direito dominante para a emoção.
○ Hipotálamo: centro regulador
○ Amígdala: ansiedade

Então vão existir várias disposições afetivas. Essas disposições afetivas podem ter relação direta com
psiquismo, com o espiritual, com a moral, com a ética, né? A gente vai perceber um mundo de emoções e sentimento
que às vezes é importante que a gente conheça porque nem sempre a gente pensa que as nossas disposições
afetivas são tão diversas assim.
É lógico que em pacientes, quando esses sentimentos começam a perder força por causa de alguma doença,
às vezes esses são aqueles que vão desaparecer primeiro. O paciente na depressão deixa de ter fé, de acreditar,
esses sentimentos tomam forma negativa, paciente com alzheimer, por exemplo, vai ter sentimentos só daqueles
mais voltados para o próprio corpo
Se você vai pegar um paciente com depressão e apatia aqui e pegar um paciente com esquizofrenia e
embotamento afetivo do outro lado e olhar para os dois, eles vão estar com a mesma expressão apagada da mímica
gestual, da fala, do olhar.

Apatia
● É um sintoma
● O sujeito queixa

Esquizofrenia/embotamento afetivo
● Não há queixa
● Ele está lá embotado, você questiona ele e observa aquilo, mas ele não queixa que está embotado, ou seja,
que não está conseguindo expressar gestualmente, mimicamente os próprios afetos.
● Ele vai sofrer aquela morte da mãe, não da mesma forma do que se ele não tivesse a doença, ele talvez não
vá chorar, mas existe o sofrimento ali. Aquele sofrimento ele é exteriorizado de outra forma, porque ele está
embotado.

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Ex: conversa com o paciente com esquizofrenia e pergunta para ele qual foi o dia mais difícil da vida dele. “ah, foi no
ano passado, quando eu me acidentei e todas as pessoas que estavam no carro faleceram, mas eu não”, ele vai falar
isso com a mesma tonalidade, ele não vai chorar, não vai rir, não vai ficar emotivo, isso é o embotamento afetivo.

Conceitos importantes para o entendimentos da afetividade


Elementos tímicos fundamentais
● A afetividade é dividida em:
○ Humor ou estado de ânimo:
■ “disposição afetiva básica, dependente de condições corporais e psíquicas. É o tom afetivo
predominante. É o elo que consolida a reciprocidade das relações sensíveis entre a psique e
o soma.”
■ O humor é aquilo que predomina, que associa as nossas experiências corporais com as
psíquicas e que está presente na maior parte do tempo. A forma com que a gente expressa
toda a nossa disposição afetiva, isso é o humor. Ou seja, você pode ter emoções de choro,
tristeza, revolta, qualquer emoção ou sentimentos, mas às vezes o seu humor continua
eutímico.
■ O humor é aquilo que vai predominar na maior parte do tempo.
■ Algo que a gente vai avaliar como único. “eutimia” ou “humor eutímico” é a forma correta de
você descrever que aquele paciente não está com alteração no humor.

○ Afetos:
■ São os nossos sentimentos, as nossas emoções e as nossas paixões

○ Paixão:
■ “estados afetivos absorventes e tiranizantes, que polarizam a vida psíquica do indivíduo na
direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus pensamentos e suas ações, com
exclusão ou em detrimento de tudo mais.”
■ Paciente bipolares podem ter essas paixões como uma coisa que polariza e aí a disposição
afetiva dele é toda voltada para o sexo, para comprar, para colecionar alguma coisa e aí
aquilo fica como uma forma tiranizante.
■ Vocês vão começar a perceber que se está tiranizando, polarizando, se está perdendo nota
de psiquiatria por causa dessa paixão, a culpa não é da disciplina
■ Se você só quer sair com o namorado todos os dias, aí a paixão toma conta, provavelmente,
aquilo é patológico, em algum momento vai te fazer mal.
■ Paixão é mais com um indivíduo neurótico e pode estar dentro de um contexto psicótico
também.

○ Sentimento:
■ “estado afetivo durável, mas algo atenuado em sua intensidade vivencial, geralmente
revestido de ricas e nobres tonalidades intelectuais e morais e, no mais das vezes, não
acompanhado de concomitantes somáticos dignos de nota”.
■ Qualquer sentimento que a gente construa ao longo da vida eles têm essas disposição de
serem duradouros e não interferirem muito no nosso psicossomático

○ Emoção:
■ “complexo psicofisiológico que se caracteriza por súbita e insólita ruptura do equilíbrio
afetivo, com repercussões concomitantes ou consecutivas, leves ou intensas, mas sempre
de curta duração, sobre a integridade da consciência e sobre a atividade funcional dos
diversos órgãos e aparelhos”
■ Ex: uma crise de pânico, daí pode ter pode ter taquicardia, tremor, sudorese, ou seja, os
órgãos estão sofrendo por aquela descarga afetiva.
■ Algumas pessoas tem mais condição de controlar essas emoções do que outras.
■ Pacientes com transtorno de personalidade do tipo borderline eles são extremamente
impulsivos e afetivamente desequilibrados então eles perdem o controle das emoções.

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■ No borderline: tem instabilidade, várias tentativas de suicídio, todos os relacionamentos
interpessoais conflituosos, não dá certo com ninguém, explosões de raiva

● A comorbidade entre borderline e depressão é altíssima porque essas pessoas são muito mais vulneráveis
para ter depressão por casa de tudo que elas já sentem.

● Esquizofrenia
○ É a doença que talvez dentro dos dois sintomas mais graves dela, teria lá os dois a’s, da afetividade
e do afrouxamento do pensamento
○ É afeto que está alterado na esquizofrenia, não é o humor.
○ Choro é uma emoção, está nos afetos; pode ter na esquizofrenia

Atenção: emoção e sentimento não predomina, o humor é aquilo que transparece, que predomina na maior
parte do tempo.

Os transtornos de personalidade são divididos em grupos:


● Então tem grupos que são mais comuns em familiares de pessoas que já tiveram uma psicose, a chance de
aquele indivíduo ter uma psicose é muito maior.
● O borderline está no grupo de pessoas mais neuróticas, é lógico que o paciente borderline em algum
momento da vida pode ter esquizofrenia, mas a pré-disposição genética é muito menor, porque ele está
dentro de uma árvore genética que tem mais pré-disposição para ter mais transtornos do humor, ansiedades,
depressão, outras coisas assim.

Depressão
● Vai expressar afetivamente um humor triste na maior parte do tempo
● Esse humor triste não é uma tristeza que ele sente e sim algo que envolve todo o corpo e o psicológico,
então vai ser uma coisa que vai predominar e não um sentimento que vai surgir ou uma emoção que vai
aparecer

Diferenciar paixão de obsessão


● A obsessão é algo do pensamento.
● Se aquele pensamento que tem uma característica obsessiva também pode ser obsessão.
● Mas se o sentimento for direcionado só para aquilo ali, isso é paixão.
● Então você pode ter paixão e obsessão ao mesmo tempo. Mas quando a gente está falando de sentimento
você não pode chamar de obsessão.
Pergunta: na questão sexual, por exemplo. Você disse que no transtorno bipolar tem o direcionamento, seria
a paixão ou uma obsessão?
Resposta: o pensamento obsessivo você não teria, porque esse paciente bipolar ele não está lá assim: “ah,
será que eu compro ou não compro... Ah, melhor e comprar”, ele não pensa nisso, o afeto dele está todo voltado para
aquilo ali, ele só quer saber de gastar, se usufruir aquela afetividade.
Pergunta: mas isso é uma paixão?
Resposta: isso pode ser considerado um sintoma psicopatológico, nesse caso uma compulsão, seria o
aumento desse desejo, e esse desejo pode ser uma paixão.

Compulsão:
● É o ato; é a vontade

Paixão:
● É o sentimento que sente com aquilo
Pergunta: mas aí não tem compulsão junto?
Exemplo: se você tem uma paixão, por exemplo de colecionar... Paciente bipolar que fica colecionando tampinha,
ele passa o dia inteiro correndo atrás de tampinha. Afetivamente ele só está pensando naquilo ali. E aí ele encontra
uma tampinha e vai ficar extremamente eufórico, mas se ele acha qualquer coisa ele não vai estar feliz. Assim, ele
não vai sentir o mesmo prazer com outra coisa e isso é uma paixão e ao mesmo tempo é uma compulsão.

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Fanatismo:
● Seria uma característica da personalidade.
● Se expressa também na forma de uma paixão sobre aquilo, uma paixão claro que patológica.
○ Ex: fanatismo religioso, imagina o tanto que essa pessoa não tem uma paixão pela religião, a vida
afetiva daquela pessoa é aquilo ali. Pede para ele sair um final de semana e falar sobre outros
assuntos para ver se ele vai conseguir, se ele vai se sentir bem...

Conceitos importantes para o entendimento da afetividade


Estados afetivos complexos:
● Pesar:
○ Desprazer intenso, desgostos, repugnância
○ Ex: é duro ser atleticano
● Desgosto:
○ Variedade de pesar, onde se vislumbra um germe de revolta contra a injustiça e o sofrimento
resultante.
○ Quando há perda de qualquer esperança de reparção da injustiça sofrida - desespero
● Tristeza simples:
○ Você vai abaixar o humor, normalmente diante de um acontecimento, isso vai ser reativo, reacional,
mas ao mesmo tempo não vai ter o peso afetivo de uma tristeza patológica.
○ O sujeito não vai sentir aquilo de uma forma, como se fosse uma tristeza que ele nunca sentiu na
vida
○ Tristeza patológica e a simples vão rebaixar o humor, mas a tristeza simples normalmente é reativa a
um acontecimento, não estará associada a outros sintomas depressivos, muito raramente a poucos
sintomas depressivos, normalmente não. Fora isso você tem uma tristeza esperada, explicável, algo
que seria natural de se sentir em uma situação daquela.
● Repugnância
● Ressentimento
● Alegria
● Júbilo:
○ É algo mais pessoal, mais interno, que está sempre relacionado ao orgulho, a uma conquista
● Otimismo
● Satisfação

A empatia
Atenção: esses aqui são todos sentimentos. Quando a gente vai estudar a afetividade a gente consegue
entender o conceito de cada uma dessas coisas. Como que é isso? Não vale a pena aqui, eu não vou
abordar.

Agrupamento dos sentimentos segundo kurt shneider


1. sentimentos subjetivos:
● Sentimentos subjetivos agradáveis:
○ Alegria, facilidade, júbilo, felicidade, quietude, contentamento, confiança
● Sentimentos subjetivos desagradáveis:
○ Tristeza, preocupação, angústia, medo, mal-estar, estranheza, nostalgia, desespero, horror,
aborrecimento, ira, cólera, inveja, ciúme, monotonia

2. sentimentos de valor:
● Afirmativos:
○ Força, orgulho, vaidade, autoconfiança, superioridade, arrogância.
● Negativos:
○ Vergonha, sentimento de culpa, arrependimento, embaraço.

3. sentimentos referentes aos outros:


● Afirmativos:

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○ Amor, inclinação, confiança, compaixão, estima, interesse, aprovação, gratidão, respeito,
admiração.
● Negativos:
○ Ódio, aversão, desconfiança, desprezo, hostilidade, zombaria, descontentamento,
indignação.
Olha aqui a estratificação de sentimentos por um outro autor, que também é muito válida. Essas duas
estratificações são importantíssimas de a gente conhecer mais como um conceito pessoal, de você saber como os
sentimentos humanos são estudados.
Os sentimentos de acordo com max scheler. É como se fosse uma pirâmide aqui, e aí nessa pirâmide os
sentimentos espirituais estão lá em cima, não é todo mundo que sente isso não. Quando você vai descendo você vai
para os psíquicos, alguns desses aqui, olha: raiva, medo, culpa, tristeza, alegria. Se você desce um pouco mais você
vai para os corporais, aí daqui para frente já vão ser sentimentos físicos, todo mundo vai ter esses sentimentos
físicos. E você termina nos sensoriais, tá? Normalmente a dor ou o prazer. É uma outra forma de avaliar esse
sentimento de acordo com essa complexidade como se fosse uma pirâmide.

Estratificaçãode sentimentos em max scheler


1. Sentimentos espirituais (morais e religioso)
○ São os estados afetivos mais superiores, nobres, especificamente humanos.
○ Sentimentos morais, religiosos, estéticos
○ Tais sentimentos não existem, em geral, nos quadros de deficiência e demência
2. Sentimentos anímicos ou psíquicos
○ Raiva, medo, culpa, tristez, alegria
3. Sentimentos corporais ou vitais
○ Mal-estar, bem-estar, fadiga, desânimo
4. Sentimentos sensoriais
○ Dor e prazer

Obs: se você tem a ansiedade como esse sentimento que vai trazer desconforto e esse desconforto vai repercutir em
algum momento no seu comportamento, nas suas ações, nesse caso ela deve ser considerada um sentimento que
precisa ser cuidado porque está te fazendo mal.
Obs: quando a gente não está com essa ansiedade como esse sentimento que faz mal aí não é ansiedade. É uma
preocupação, são outros sentimentos que surgem.

Angústia existencial x ansiedade


Angústia: é a consciência de finitude (escola existencial)
Ansiedade como patológico
“ansiedade é a emoção causada por estado de dor moral e incerteza, com sensação frequente de constrição física.
Esta sensação de aperto, constitui propriamente a angústia”

Ansiedade, angústia e medo


● Escola psicanalítica:
○ Angústia de castração (perda), angústia de morte ou separação
● Escola existencial:
○ Angústia existencial
● Escola cognitiva-comportamental: (professor acredita mais nessa)
○ Ansiedade de desempenho e ansiedade antecipatória

Conceitos:
● Ansiedade:
○ Estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna
desagradável, incluindo manifestações somáticas e fisiológicas.
● Medo:
○ Não se refere a objeto específico
○ Ex: “ah não, eu tenho medo do meu filho se acidentar lá na rua”, “eu tenho medo de morrer”.

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● Fobia:
○ É desproporcional e incompatível
○ Ex: medo de cobra é fobia e não medo, como o medo de altura. (objetos específicos)
○ É um agravante da síndrome do pânico
■ Ex: a pessoa tem uma fobia de agulha e aí teve que visitar um parente no hospital. Aí ela
começa a ficar mal, ansiosa e aí de repente ela tem uma crise de pânico.
● Pânico:
○ É o medo intenso, de pavor, relacionada com perigo de morte iminente.
○ De perder o controle, de não ter ninguém para cuidar dela naquele momento
○ Ex: a paciente de madrugada lá teve uma taquicardia supraventricular, por exemplo. Se fosse pânico
ela teria provavelmente esse medo patológico da condição.

● Inveja e ciúme

Obs: às vezes o paciente chega lá com depressão grave, com hipocondria e com fobia de elevador. Você vai tratar a
fobia de elevador para que? É um diagnóstico adicional, secundário, não é um diagnóstico principal, deixa aquilo, se
algum dia o paciente quiser tratar ele vai procurar tratamento.

Reação afetivas - são as alterações


● Egossintônico:
○ É uma escolha (parece que foi isso mesmo que ele disse), uma decisão que a pessoa faz, você
afetivamente aposta muito naquilo, está bem com aquilo que está acontecendo.

● Egodistônico:
○ Você está com conflito, você não concorda. Isso é egossintônico e egodistônico,
○ São coisas que a gente tem sempre que observar.

● Sintonização afetiva:
○ Se você está com um humor eutímico, você está muito bem e entra em um velório. Como você entra
no velório? Feliz, alegre? Não. Chegar lá você vai se sintonizar com o ambiente e isso é normal.
Você ter sintonização afetiva, estar sintônico com o ambiente isso é uma coisa que faz parte das
nossas faculdades afetivas.

● Irradiação afetiva:
○ Isso também até certo ponto pode ser considerado normal, é você contagiar o ambiente com afetos.
Tem pessoas mais positivas, que chegam, brincam com todo mundo, todo mundo sai mais feliz
daquele ambiente dele, o sujeito contamina o ambiente de afetos bons. Pode ser também de afetos
ruins, pessoas que já estão ansiosas ou já estão depressivas e aí naquele instante chegam em uma
ambiente contaminam também.

● Rigidez afetiva (hipomodulação):


○ É essa incapacidade, essa dificuldade de modular os afetos. No dia a dia você tem que conseguir
modular os afetos para as suas experiências. Se você não modula e está sempre do mesmo jeito
isso é o que a gente chama de hipomodulação ou rigidez afetiva. Essa situação pode acontecer com
qualquer transtorno do humor associado. É importante conhecer esses conceitos porque facilita para
a gente diagnosticar transtornos do humor.
○ A rigidez em algumas situações pode ser boa. Imagine o sujeito que é gerente e vai fazer
contratação e demissão de centenas de pessoas. Ele tem que ter rigidez afetiva ali com cada um,
né? Ouvir cada um, não oscilar o humor dele porque aquilo pode ser prejudicial a ele. Então ele vai
desenvolver essa capacidade de ter essa rigidez afetiva, mas não como uma coisa boa, e não ruim.
○ Ex. De rigidez como coisa ruim: aí seria o exemplo do bipolar, do depressivo, que está depressivo o
tempo inteiro, né? Estagnação do humor o tempo todo ali.
○ O médico às vezes tem que ter rigidez afetiva, né? Você está atendendo lá 40, 50 pessoas, o
paciente briga com você, chora, às vezes você está na mesma tonalidade. Se o médico não tiver
uma rigidez afetiva ele vai chorar com um paciente, brigar com o outro, aí vira um inferno.

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Outras alterações - pensando em humor, existem quatros disposições, tonalidades que o humor pode
apresentar.

Psicopatologia da afetividade - alterações quantitativas (distimias)


● Hipertimia:
○ O humor hipertímico, que aí você teria uma ampliação de toda a carga afetiva; acontece em paciente
bipolar
○ Tem aumento da excitabilidade
○ Aumento da intensidade e duração dos afetos (epilepsia e estados passionais)

● Hipotimia:
○ Em paciente depressivo, com a diminuição de toda essa tonalidade afetiva
○ Diminuição da intensidade e excitabilidade
○ Diminuição dos sentimentos mais nobres
○ Perda da capacidade de experimentar, afetos outrora cultivados

Quatro alterações do humor:


● tristeza, ansiosidade (fobia), irritabilidade (depressão), ou alegria ?

Aqui são outras alterações do humor que não vem ao caso. Não considerem isso aqui como uma
alteração do humor além daqueles quatro que eu já passei para vocês. Elação é como se fosse uma hipertimia,
sensação de superioridade. Melancolia é uma hipotimia, mas uma sensação que vai brotar internamente, a pessoa
vai sentir aquilo fisicamente, como se fosse uma angústia. Puerilidade são aqueles sentimentos infantilizados. Moria
seria a puerilidade de um paciente com retardo mental. Estados de estase está lá na hipertimia, mas de pacientes
bipolares e de pessoas que espiritualmente podem ter sentimentos de estase, não sei se já comentei isso com vocês.
Na bíblia tem relato de profetas que entravam nesse estado de estase, chegavam muito próximo a se sentirem
próximos de deus e aí dava toda essa sensação sublime que só o estado de estase pode dar. Irritabilidade e
ansiedade como alterações do humor aí também tá?

Daqui para frente não estamos mexendo com humor mais não. Voltando para os afetos
Aí eu pergunto para vocês: um paciente com alzheimer, como vai estar o humor dele normalmente? Terá
apatia, afeto. O humor dele está eutímico, está ali tranquilo, mas a afetividade está alterada. Antidepressivo não
melhora esse paciente.
Agora, se ele está triste, choroso, para baixo... Ou seja, ele pode estar apático, mas também está com o
humor triste, desanimado de fazer as outras coisas, sem interesse por tudo. Ou seja, vão surgindo queixa, ele já não
está apático mais, ele está queixando das tristezas, ele está com depressão. Aí você já vai ter que tratar esse
paciente com antidepressivo também.

Os afetos
● Diminuição para experimentar afetos:
○ Estupor emocional - evento traumático
○ Apatia
○ Sentimento por falta de sentimento (grave na depressão)
○ Anedonia:
■ É a perda do interesse, do prazer, é a perda do prazer que te motiva a fazer algo. Irá queixar
que está desinteressado de fazer algo. É um sintoma de depressão
● Paulatino empalidecimento dos sentimentos:
○ Pobreza de sentimento e distanciamento afetivo
○ Embotamento afetivo x indiferença afetiva (la belle indifference
○ Outros nomes: esmaecimento, esvaziamentos, aplainamento
● Incongruência com o humor
● Hipomodulação do afeto

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Diferença para indiferença afetiva
chega uma senhora de sessenta anos, na cadeira de rodas e sem conseguir mexer a perna direita. A
primeira coisa que vocês vão pensar vai ser o que? Hipertensa, diabética, 60 anos não conseguindo mexer a perna
direita
Se você pergunta para ela o que aconteceu e ela responde indiferente àquilo: “ah, meu filho, esses dias está
tudo muito difícil”. Então ela fala alguma coisa em relação à via dela, que nada está dando mais certo... Que sintoma
é esse? Indiferença afetiva.
Não se queixou da perna porque ela não está preocupada, relativamente, com a perna? Isso é o que a gente
chama de la belle indifference com alterações psicomotoras, isso é característico de transtornos conversivos.

Obs: lembra da incongruência do humor quando a gente deu aquela aula de delírio primário e delírio secundário, é
um dos sintomas mais importantes de a gente identificar. O delírio primário ele é incongruente com o humor. Então
se uma pessoa está muito feliz, com um humor hipertímico, que aí já é patológico, ele não pode ter um delírio de que
ele está com hiv. Esse delírio é incongruente com o humor, provavelmente esse paciente não tem depressão, ou não
tenha transtorno bipolar. Porque tanto no transtorno bipolar quanto na depressão o delírio é secundário. O delírio
acompanha a alteração de humor.
(um aluno comenta que o delírio primário que é incongruente com o humor, mas não houve resposta)

Alterações qualitativas
● Distúrbios da modulação
○ Labilidade emocional
■ É aquela que tem dificuldade de controlar as emoções. É aquela pessoa que chora por
qualquer coisa, sorri por qualquer coisa
■ Pode ser sintoma de depressão; não confundir com depressão
■ Acontece mais em pessoas ansiosas, depressivas
■ Riso patológico e choro patológico
● Incontinência emocional (desproporcional):
○ É uma incapacidade de controlar os afetos
○ É aquele paciente depressivo, que talvez em uma crise de tristeza, de choro ele fica horas chorando,
horas.
○ Ocorre no quadros de demência (arteriosclerose cerebral)
○ Ex: pacientes que já sofreram avc. Às vezes eles choram do nada, eles estão bem e de repente dão
uma crise de choro e depois melhoram. Isso é um sintoma orgânico e tem a ver com isquemia
cerebral.
● Rigidez afetiva (hipomodulação)

Obs: paciente está com um quadro microangiopático, aterosclerótico de cerebral, hipoperfusão cerebral... Esse
paciente em algum momento ele pode ter alguma complicação dessa aterosclerose. A aterosclerose causa muita
incontinência e labilidade afetiva.

Paratimia só acontece na esquizofrenia, ela é uma resposta incongruente àquele afeto. Então por exemplo,
você dá uma notícia muito boa para o paciente com esquizofrenia e ele chora. Claramente essas pessoas tem essa
ambivalência, isso é só para esquizofrenia. Dificilmente isso vai surgir em uma outra situação e se surgir não vai ser
paratimia, vai ser labilidade. Às vezes você dá uma notícia boa e o sujeito chora, isso é uma labilidade.

Distúrbio de conteúdo: alterações que exprimem inadequação, neoformação e coexistência de afeto


● Distimia é um distúrbio de humor (não considere aqui pois é do humor)
● Disforia é essa alteração dos afetos no período pré-menstrual; essa dificuldade de controle dos afetos,
irritabilidade, ansiedade, impaciência, nervosismo; explosão de afetos
● Distimia como o próprio transtorno distímico, é um transtorno persistente de humor. Então uma pessoa que é
distímica ela tem sintomas de humor triste por pelo menos dois anos direto
● A disforia como esses transtornos disfóricos, que podem acontecer principalmente por alteração hormonal.
● Paratimias:
○ Sentimentos paradoxais
○ Incongruência entre o afeto expresso e a situação

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● Neotimia:
○ São novos sentimentos, coisas que o sujeito nunca vivenciou antes.
○ Integram a síndrome de despersonalização e trema
● A ambitimia ou ambivalência afetiva
○ É gostar e não gostar ao mesmo tempo, então isso só vai acontecer na esquizofrenia..
○ Coexistência de sentimentos opostos, na mesma unidade de tempo

O exame da afetividade
Afetividade:
● Descrição do humor: estado afetivo basal
● Descrição do afeto: emoções, sentimentos e paixões
● Comunicação não verbal do afeto: mímica, olhar, gestos, posturas

DATA: 04.06

MEMÓRIA E SUAS ALTERAÇÕES

Conceito de memória: é a capacidade, primeiro, de registrar, segundo, de manter e terceiro de evocar as


experiências e fatos já ocorridos.
 São 3 capacidades que precisam estar presentes para que a memória esteja.
 Lembrar é evocar alguma coisa que foi conservada, mas antes disso foi registrado.

Funções mentais relacionadas ao poder de memorização (precisa ter todos esses componentes):
1. Atenção: alterações da atenção
 TDAH: Por que as pessoas com TDAH tem problemas de memorização? A própria atenção está relacionada
com a capacidade de registrar as coisas. Então o paciente hipotenaz, hipervigil no TDAH, vai alterar a
capacidade de registrar, vai comprometer a memória por causa de uma função de mental de base
prejudicada.

2.Nível de consciência:
 Paciente com rebaixamento do nivel de consciencia: estreitamento, obnubilado, sonolento. Vocês que são
estudantes, se então com sono não vão conseguir registrar e conservar as informações.
 Os pacientes que sofrem TCE vão perder a memória por dias, semanas, meses, anos.
 O paciente que faz uso de drogas psicoativas com efeito depressor, aí naquela noite ele tem uns lapsos,
esquece as coisas e por aí vai.
 Pacientes em quadros conversivos, em estado segundo, em estados crepusculares, estados dissociativos,
naquele momento do transe, do estado conversivo, do estado segundo, se você perguntar pra ele o que
aconteceu, ele não vai recordar, não vai conseguir evocar e nem conservar.

3.Interesse afetivo
 A própria afetividade, pessoas depressivas, ansiosas, pacientes com transtornos bipolar, tem muito mais
dificuldade de memorizar as coisas. As principais queixas são de esquecimento.

4.Sensopercepção.
 Quanto mais disposições sensoperceptivas a gente tem, mais fácil é memorizer.
 Enxergar, ouvir, escrever… estão sentindo e ao mesmo tempo lembrando de alguma outra coisa.

Tipos de memória (importante)


1. Memória imediata (curtíssimo prazo) - menos de um segundo a minutos:
 Totalmente relacionada com a atenção: Então se a pessoas está desatenta e você fala pra ela o número do
seu telefone, imediatamente ela não sabe repetir aquele número. Se não tem atenção, não tem registro de
memória imediata.
 Ela dura segundos ou poucos minutos
 Então são coisas que não importam pra gente ficar lembrando depois. Às vezes você vai registrar aquilo, não
vai conservar, vai evocar rapidamente e depois vai esquecer voluntariamente, por que faz parte da memória
imediata.
 Não envolve córtex e outras áreas cerebrais, que trazem um aprendizado mais duradouro. Envolvem
somente sinapses instantâneas, que desaparecem e não coisas que se conservam ao longo da vida.

2. Memória recente (curto prazo) - de minutos a horas:


 É de curto prazo
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 Tem duração de semanas, meses, dias, normalmente dias ou semanas.
 É aquilo que acontece com alguém que estuda pra prova. E tem gente ainda que tem essa memória imediata
fantástica, né? Quer dizer, falta cinco minutos para prova, ele lê o texto muito rápido e por sorte cai na prova,
ele vai super bem, mas depois esquece. Então a memória recente vai durar pouco tempo, vai ser importante
pra gente para várias coisas, mas vai durar pouco tempo.
 Memória de curto e médio prazo envolvem as estruturas límbicas temporomediais (hipotálamo e
amígdala).(mecanismos bioquímicos)

3. Memória remota (longo prazo) - meses a anos:


 é a memória de longo prazo, se conserva por mais tempo e a gente acaba tendo a capacidade de evocar
isso depois.
 Consolidação

 Memória de longo prazo envolvem mecanismos mais neurais, cortex cerebral. Então isso fica lá no córtex e
algum momento quando você evoca aquilo, aquela transmissão sináptica chega naquela aérea de
conservação de memória e você consegue recordar, lembrar, evocar aquilo que você conservava por mais
tempo. (mecanismos neurais)

Fases do processo de memorização (na ordem):


1. FIXAÇÃO (registro): aquisição de novas informações
 Nível de consciência e estado geral do organismo
 Atenção
 Sensopercepção preservada
 Interesse e colorido emocional: a gente tem mais facilidade de fixar aquilo que a gente gosta.
Acaba que realmente quando estamos estudando, temos que gostar de tudo, temos que fazer um
esforço para gostar de tudo, para ver algo importante em tudo aquilo ali que a gente estamos lendo,
por que se não a gente só vai aprender o que selecionamos.
 Vontade e afetividade
 Conhecimento prévio: É logico que vai fixar se você ler a matéria antes, se você já fez um curso
superior antes, se você gostava daquele assunto e já estudou aquilo previamente. Aí quando você vê
aquilo de novo, o cérebro vai fazendo essas conexões e fica mais fácil de aprender. Então por isso
que normalmente quem fez um curso de saúde anteriormente, tem mais facilidade, às vezes de quem
não teve esse conhecimento prévio. É importante construir esse conhecimento prévio, por que auxilia
demais na fixação de novos conhecimentos.
 Capacidade de Compreensão: Isso entra mais na questão da inteligência, do nível intelectual, mas
tem gente que vai ter que estudar mais, vai ter que ler mais mesmo.
 Organização temporal de repetições: A gente fixa com repetição. É muito improvável uma pessoa
que vai ler uma coisa só uma vez e vai conseguir conservar aquilo por muito tempo.
 Número de canais sensoperceptivos envolvidos: Se você estuda e coloca o fone de ouvido e está
repetindo aquela matéria, está escrevendo e ao mesmo tempo está vendo um desenho relacionado
aquilo, você começa a fazer associações desses canais sensoperceptivos e o processo de
memorização se torna muito mais fácil.

OBS: Tem gente que vai aprender muito mais ouvindo, outros lendo, outros escrevendo e por aí vai. Nossa memória
é assim, quer dizer, a gente evoca por meio da sensopercepção, você vê alguma coisa e aquilo já te traz
lembranças, recordações, você traz aí uma memória semântica por meio de fatos, fotos.

OBS: É por isso que a gente não piora, vai só melhorando.. porque quanto mais você aprende e busca mais
conhecimento, mais informações, você melhora a sua capacidade de conservar informações. O grande problema é
quando você conserva informações erradas, principalmente o médico. A prática dele não é aprimorada por falta de
informações, pesquisas, evidencias e aí ele vai conservar alguma coisa que seja incorreto.

2. CONSERVAÇÃO (retenção): conservação das informações fixadas, registro.


 Você precisa de menos processos envolvidos do que na fixação:
 Repetição
 Associação de elementos mnêmicos: Isso tem a ver com o conhecimento prévio, tem a ver de fazer
associações com coisas que você já sabe previamente. “Ah isso na psiquiatria tem relação com a clínica”,
vocês já vão começando a pincelar coisas que vocês já conhecem e isso facilita no processo de
conservação. “Ah no atendimento, quando eu estou atendendo, o paciente manifesta esses sintomas, mas
eu já vi esse paciente anteriormente e é bem provável que eu tenha que pensar dessa forma”, e aí vocês vão
trazendo elementos e coisas que vocês já foram aprendendo e conservando ao longo do tempo.
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3. EVOCAÇÃO (lembranças, recordações): retorno espontâneo ou voluntário das informações à consciência

OBS:
 Esquecimento (incapaciade de evocar e recordar):
o O esquecimento é um processo que pode acontecer de memórias que foram fixadas, são
conservadas por pouco tempo e não conseguem ser evocadas.

O que pode ocorrer (importante):


o Fisiológico (normal): Desinteresse ou desuso: Vocês não vão lembrar muitas coisas que vocês
viram no primeiro período. Tem gente que não lembra mais de nada, isso é desuso ou desinteresse
daquela época.
o Repressão (Freud): o conteúdo é desagradável: Então de algum modo ele é colocado a margem da
nossa consciência. A gente até pode lembrar se nos esforçarmos demais, nesse caso. Então
traumas, experiências desagradáveis que foram impactantes e você coloca ela de lado e não lembra.
Aí se você se esforçar muito, vai lembrar daquele acidente, daquele assalto, daquela situação que
está lá no subconsciente, está lá a margem da nossa consciência.
o Recalque (Freud): Banidos da consciência: se torna evocado por meio dos atos falhos, dos sonhos,
da hipnose. Isso acaba gerando a maior parte dos quadros conversivos. A pessoa não consegue
exteriorizar aquilo se não for por outro meio, aí eles exteriorizam por meio de quadros conversivos.
Mecanismo de defesa do eu.

E outras situações, podem acontecer por outros motivos, aqui a gente não está considerando o quadro neurológico,
degeneração, principalmente por alteração do sistema colinérgico, que é o mais relacionado com memória. Então
aqui não tem relação direta com isso. Dentro do contexto psicanalítico aqui, vai ter a repressão e o recalque.

Dúvida: e no caso da imaginação e da lembrança? Resposta: mas a lembrança é uma coisa que ele realmente viveu.
Então por exemplo, sentiu perseguido naquela época, mas isso já aconteceu, isso é imaginação ou é delírio? Mas aí
você está investigando uma situação prévia e não uma situação do momento. Naquela época ele teve essa
imaginação ou ele teve esse delírio. Não é fácil, por que você precisaria avaliar o contexto desse sintoma naquela
época. O paciente pode falar que era Jesus Cristo naquela época. Naquela época ele realmente sentiu Jesus Cristo
ou ele está imaginando isso? A imaginação é uma coisa que ele traz num contexto atual, ele tende a trazer num
contexto atual, as lembranças que realmente de fato aconteceram, mas não é fácil, às vezes a gente atende esses
pacientes e você fica assim: será que o que aconteceu naquela época é verdade ou imaginação? Às vezes você tem
que entrevistar outras pessoas, mas tem que estar claro que é passado, ou seja, você não vai tratar o paciente pelo
que ele está trazendo do passado.

 Reconhecimento:
o Capacidade de diferenciar as lembranças da memória e a imaginação.
o É muito comum pacientes conversivos, psicóticos, pacientes com transtorno de personalidade, eles
te trazem uma memória que já aconteceu, mas que na verdade foi uma imaginação e essa
imaginação se confunde com lembranças, com memórias.
o Mitomaníacas, pacientes com esquizofrenia que vão falar coisas do passado, pacientes conversivos
que às vezes vão fantasiar situações que já aconteceram, e aí eles não conseguem reconhecer o
que é imaginação e o que é memória.
o Isso é muito comum na esquizofrenia. O paciente está fora do surto a muito tempo, ele já não está
mais psicótico e ele ainda traz pra gente situações como, por exemplo, que quando ele tinha 30 anos
de idade, foi perseguido por agentes da CIA, foi abduzido por extraterrestes, aí ele fala isso, ele tem
50 e fala que quando tinha 30 anos aconteceu isso. Isso NAO é delírio, é memória. Não vamos dar
um anti-psicótico pra ele só por que ele está falando que a muito tempo aconteceu isso. Paciente
com esquizofrenia imagina demais as coisas, provavelmente é imaginação, mas o paciente às vezes
nessa idade talvez nem estava em surto, ele vai lembrar do delírio nessa idade? Provavelmente não
vai lembrar. Então tem grandes chances de ser imaginação, ele tem dificuldade de reconhecer.
o Delírio não tem nada a ver com alteração de memória. Delírio é uma coisa que está no pensamento
do paciente naquele momento. Qualquer fato que ele traz pra gente da memória, é alteração da
memória. Às vezes se confunde muito isso e acha que o paciente está psicótico.
o O paciente com alzheimer chega pra gente e fala que tem 1 milhão de reais, tem 20 e tantos filhos e
aí você vai ver se é memória ou pensamento, você tem que investigar muito bem. Pode acontecer de
ser uma alteração da memória e não do pensamento, principalmente nessas situações em que ele
vai trazer pra gente informações do passado.

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o Então vamos lembrar sempre que memória é registro, conservação e evocação. Qualquer um
desses processos alterados, vai haver alteração de memória.

 Priming:
o Evocação de um fragmento com recuperação gradativa do restante
o Na verdade não é alteração, é justamente o que é necessário para conservar grande bagagem de
informação por meio de dicas evocadoras.
o A gente não sabe cantar uma música por inteiro, mas se começa a cantar, ela vai surgindo de forma
evocativa na sua mente.
o Você não saber tocar um instrumento do início ao fim, mas você começa tocando e aquilo vem como
uma forma seguida.
o É justamente quando você começa a evocar um fragmento, aquilo te remete algo restante daquela
evocação da memória. Às vezes a gente utiliza muito isso pra estudar, você fixa e conserva uma palavra
chave e a palavra chave te faz lembrar tudo aquilo que precisa sobre aquele contexto.
o Então é importante desenvolver novos processos de memorização. Uma única palavra te faz evocar o
restante, ou seja, pra que você vai decorar uma frase inteira? Se você pegar uma ou duas frases
daquela, consegue concluir o restante do conhecimento.

Lei de Regressão Mnêmica de Ribot:


● O indivíduo que sofre uma lesão cerebral tende a perder a capacidade de fixar, conservar e evocar os
conteúdos da memória na ordem e no sentido inverso que os adquiriu.
 Lá na orientação, primeiro a gente se orienta com relação a nós mesmos, depois com relação ao espaço e
depois com relação ao tempo (mais complexo). Então quando a gente começa a ter prejuízo de memória,
perda da memória vai ser inversamente.

Então um paciente com Alzheimer vai perder inicialmente:


● A capacidade de se orientar em relação ao tempo
● Depois com relação ao espaço
● E por último com relação a ele próprio.

Na demência:
● Grave: o paciente não sabe o próprio nome
● Moderada ou leve: vai saber o nome
● Leve: não sabe que dia é hoje.

Exemplo: um pedreiro: vai começar a fazer o serviço errado, por último vai perder a capacidade de se
alimentar, se vestir, de andar. Fica com ataxia no Alzheimer que ele esquece também como anda, vai ficar de cama.
Mas ele não tem nenhum déficit neurológico que vai deixar ele de cama. Ele tem ataxia motora. Isso acontece só no
final, porque isso a gente aprende com quantos anos de vida? Isso vai sendo progressivo, é importante a gente
entender isso, porque pro paciente chegar a ter essa crise congnitiva pra parte mais simples, com certeza o quadro
neurodegenerativo é mais grave.

Tipos de memória - Natureza dos elementos memorizados.


 Longo prazo. São em 2 tipos:
1. Memória explícita (declarativa): Informações sobre o mundo adquiridas de forma plenamente consciente.
Toda memória explícita a gente consegue transmití-la por meio de palavras. De algum modo ela pode ser
evocada. A memória explícita é dividida em: semântica e episódica:
o Memória semântica: são todos os nossos conhecimentos culturais, tudo aquilo que a gente conserva
e sabe evocar dentro de um contexto de aprendizado de conhecimento histórico, cientifico, tudo o
que vocês sabem hoje sobre as áreas que vocês estudam.
▪ Ex: paciente com epilepsia temporal ou degenerativa, ou com demência fronto-temporal (?),
ou o próprio Alzheimer mesmo, já começa a ter afasia, a ter dificuldade de lembrar
determinadas palavras e conceitos que estão relacionados com a memória semântica. Ai
esquece determinadas palavras, tem dificuldade de lembrar determinados fatos históricos, do
aprendizado.
o Memória episódica: a gente também consegue declarar, está relacionada com nossas vivências.
Então tudo o que vem do passado de vocês sobre as experiências, as vivências, “ah, ano passado
eu viajei pra tal lugar”, “ah, ontem eu fiz isso”, isso é memória episódica
▪ Ex: aparece em um contexto psiquiátrico, depressivo e também neurológico, que ai a
pessoa começa a esquecer de fatos da vida.

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2. Memória implícita (não-declarativa): é tudo aquilo que o paciente não consegue expressar.
o Ex: Vocês não sabem me dizer como que dirige um carro, anda de bicicleta, toca violão, veste uma
roupa, aprende a alimentar, é tudo isso dentro desse contexto de memória, mas é uma memória não-
declarativa. Todo o nosso aprendizado relacionado a certa forma do trabalho, ao dia a dia, das
nossas ações está relacionado com a memória não-declarativa.

Tipos de memória implícitas:


o Memória de procedimento: práticas motoras, perceptivas e cognitivas. Tudo que a gente faz de atividade
motora é memória. Memoria automatica, nao-consciente.
OBS: uma coisa são fatos, lembranças de momentos. A outra coisa é o conhecimento que aqueles momentos
trouxeram, são coisas diferentes, mas uma completa a outra. Por exemplo, você foi pra Porto Seguro, você lembra
que você foi, é memória episódica. Ah, Porto Seguro foi onde descobriu o Brasil, memória semântica. Uma coisa está
ligada à outra.
o Memórias de trabalho (cortex pré-frontal): relacionadas com realização de tarefas. Associa-se com atenção.
OBS: Ou seja, é muito parecido esses dois tipos de memória, mas a memória de procedimento é mais automática e a
memória de trabalho está mais relacionada com a atenção, com a realização de tarefas. Exemplo: memória de
procedimento, vocês escreverem alguma coisa, o fato de escrever é memória de procedimento. Agora, me
informaram um número de telefone, eu vou anotar ele, conscientemente você ta anotando ele, é um trabalho, uma
tarefa que você ta fazendo.
o Memória episódica (area temporal-hipocampo): mais importante na prática clínica (Ribot)
o Memória semântica: conhecimentos gerais, nomeação, interpretação

Alterações patológicas da memória


1. Alterações Quantitativas
 Hipermnésias: É quando se tem a capacidade de evocar, fixar, registrar e evocar expandida, quando
naquele momento você consegue ter muita fixação, muita concentração e muita evocação.
o A hipermnésia, como é uma situação mais quantitativa, teria que ter um aumento global de todas as
fases da memorização
o Se tem alzheimer é perseveração, se ele ta triste, confuso, ele tá ruminando aquilo, lembrança
obsessiva ou só evocação mesmo. Vai depender da alteração. (nao entendi.. Mas deixei)
o A hipermnésia é uma alteração, não quer dizer que é patológico. É uma coisa que distoa da
normalidade
o Pra gente considerar com essa terminologia, um aumento global, ai seria mais situações que
envolvem o QI, que ai você tem a capacidade total aumentada.
o Ex: uma situação que o paciente tem hipermnésia pra uma área específica e as outras estão
prejudicadas, como na Síndrome de Asperger. Então o paciente pra matemática vai saber fixar,
evocar e conservar tudo, agora pra português não, ai é hipermnésia naquele fato. Considerem mais
assim a questão do QI, os pacientes autistas podem ter hipermnésia, no caso do Asperger.
Aluno: o paciente pode ter uma hipermnésia em quantidade e qualidade? Tipo, pra matemática ou pra outras
ciências?
Gustavo: pode, ai as outras são normais e pra matemática é exacerbado.

 Amnésias (esquecimento total) ou Hipomnésia (esquecimento parcial)


o A maior parte dos pacientes não esquece globalmente, então utilizem mais o termo hipomnésia.

A hipomnésia pode ser:


o Anterógradas (Fixação): do fato pra frente o paciente ta com perda de memória. Ex.: desde quando
eu comecei a ficar depressivo, to esquecendo as coisas, ou seja, está esquecendo dali pra frente.
Outro exemplo: uso de alcool (e ai passer a ir mal nas provas, mas lembrar do passado. Problema
para fixar)
o Retrógradas (Evocação): do fato pra trás tem perda de memória. Ex.: depois que eu sofri ou
acidente, eu já não lembro mais dos meus últimos quatro anos, hipomnésia retrógrada.
o Retroanterógrada: anterógrada + retrógada.

OBS: Alzheimer: Ele perde a fixação primeiro (o agora). Depois ele começa a evoluir para uma retroanterógrada. Lá
na frente no Alzheimer não fixa mais e não consegue evocar coisas do passado. É a evolução de um paciente com
Alzheimer: hipomnésia anterógrada e depois hipomnésia retroanterógrada.

OBS: Usa isso pra descrever a memória do paciente. Paciente com depressão, ultimamente ta esquecendo,
deixando o fogão ligado. Que tipo de alteração é essa? Hipomnésia anterógrada. Pergunta pra ele o que ele fez

50
ano passado, pergunta sobre a infância e juventude, ah, ele não lembra também? É retroanterógrada. Ele já tem a
anterógrada e também não lembra da retrógrada.

Outro tipo de classificação:


o Generalizadas: é perda de todo o espaço temporal. O anterior e o posterior, paciente esqueceu tudo
o Lacunares: vai esquecer uma lacuna. Por ex.: paciente foi em uma festa, bebeu todas e no outro dia ele não
lembra o que aconteceu de 22 horas da noite até 4 horas da manhã. Tipo de hipomnésia Lacunar.
o Seletivas: hipomnésia que ocorre por fatores psicológicos. É aquela hipomnésia fragmentada, é aquela
paciente histérica, com transtorno de personalidade, depressiva, que naquele momento específico lembra
que bateu no fulano, mas não lembra que bateu na outra. Ela lembra que tinha três pessoas dentro do
momento, mas não lembra do outro, mas era pra ela lembrar. Então, seletivamente de forma inconsciente,
ocorre uma repressão fragmentada.

São avaliações diferentes: Retrógrada, anterógrada e retroanterógrada é antes e depois, generalizada,


seletiva ou lacunar são lapsos.

Aluno: pode ser de mais tempo? Tipo, dos seus 10 aos 14 anos não lembra.
Gustavo: pode, ex.: paciente surtou, paciente com esquizofrenia, ta três dias em surto, depois ele melhora e sai do
surto. “Me conta o que aconteceu nos seus últimos quatro dias?” “Ah, eu não sei o que aconteceu.” Que tipo de
alteração de memória é essa? Hipomnésia lacunar.
Aluno: vão ser mais recentes? Não precisam ser distante?
Gustavo: não, são lacunas que vão ser esquecidas, ou nem conservadas por causa de algum processo de
pertubação mental. Neurológico, psiquiátrico. Naquele momento, o paciente teve uma perda.
Aluno: seria hipomnésia anterógrada generalizada? Ou ela é hipomnésia generalizada ou anterógrada. Pra
classificar.
Gustavo: você pode considerar tudo isso. Isso aqui é um tipo de classificação e isso aqui é outro tipo. Paciente pode
ter uma hipomnésia anterógrada e ainda ter uma hipomnésia lacunar. Como ele pode ter só uma hipomnésia lacunar,
porque ele não ta com o prejuízo, já teve. Nesse caso, um paciente com surto, surtou, hipomnésia lacunar. Naquele
momento ele não lembra, mas agora ele não tem alteração mais. Você identificou só uma hipomnésia lacunar.

Aluno: não lembrar o que fez hoje de manhã é lacunar ou seletivo?


Gustavo: pode ser esquecimento fisiológico. Se for lacunar não vai lembrar de nada, 100% do lapso foi esquecido.
Aqui são alterações da hipomnésia ou amnésia.
A generalizada seria uma amnésia, perda global. Normalmente é por um tempo maior, um lapso maior para
diferenciar da lacunar. A lacunar são pequenos lapsos, a generalizada são grandes lapsos.

Aluno: um paciente com redução do nível de consciência não vai conseguir fixar também. Ai ele tem amnésia
anterógrada?
Gustavo: sim. Ele pode ter também uma retroanterógrada se esquecer também o anterior. A anterógrada com
certeza ele tem.

Aluno: na generalizada ele não vai lembrar do que aconteceu no período ou não vai lembrar nem o nome dele?
Gustavo: coisas anteriores também, vai pegar um prejuízo global da capacidade pra memorizar. A generalizada
perdeu tudo. A lacunar perde o lapso. Naquele lapso ele pode lembrar de outras coisas, mas aquele lapso está
perdido, mas no intervalo do lapso tem memória. A generalizada é praticamente uma amnésia. Você perde tudo.
Aluno: a generalizada pode voltar?
Gustavo: sim. A generalizada poderia ser uma conversiva, paciente não lembra de nada que aconteceu, fica
semanas ou meses pra aprender aquilo, por um trauma ou TCE também pode esquecer.

2. Alterações Qualitativas
 Paramnésias (nao é importante): lembrança deformada que nao corresponde a sensopercepção real
 Alucinação mnêmica: é aquele paciente que vai por meio das criações imaginativas, a imaginação dele vira
alucinação. Como se ele tivesse criando coisas, é um processo de memória, ele deturpa a memória dele.
Ano passado eu tava tendo alucinações auditivas, eu ouvia as coisas, quer dizer, ele não tem muito bem
aquela memória, ai ele cria as alucinações mnêmicas.
 Ou então ilusões mnêmicas. Ele deturpa o evento, igual alucinação, só que de coisas que já passaram. É
difícil diferenciar isso. Eu to dizendo pra vocês que existe, é memória, não tem nada a ver com alucinação ou
ilusão, porque é coisa que já aconteceu.
A partir daqui é importante:
 Confabulação: é preencher uma lacuna de memória com uma coisa que não existiu. É o que acontece muito
no Korsakoff, no Alzheimer, em quadros neurológicos. Você pergunta pro paciente “o que você fez há duas
semanas?” Paciente com Alzheimer é lógico que não vai lembrar, ai ele vai falar que saiu, passeou. “Fui lá na

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lua”. Isso é delírio? Nós vamos agir com antipsicóticos? Não. Você pergunta “você tá na lua agora?” Paciente
responde “não”. Então ele não ta delirando, nós não vamos entrar com remédio pra esse paciente pra tratar
pensamento, ele ta confabulando. A confabulação é do processo imaginativo. Inconsciente. Ele vai dizer
pra gente que não sabe o que aconteceu.
o Ele nao fala que nao lembra porque noa tem insight. A memória dele está preenchida com coisas que
não existem. Ela está vazia, aí é preenchida com coisas que não aconteceram. Ele acredita mesmo
que no passado foi à lua, ele não acredita agora. Ele não vai chegar agora e dizer que não sabe o
que fez há duas semanas, se ele falar isso ele tem insight e não tem Alzheimer.
 Criptomnésia: velhas memórias como fatos novos. Tirar do fundo do baú e trazer como uma coisa recente.
o Às vezes o pai do paciente morreu há vinte anos e ele ta chorando até hoje porque ele morreu
“recentemente”.
o Às vezes você visitou aquele paciente há dois anos, você voltou lá e ele acha que foi ontem.
o Isso acontece muito nesses pacientes neurológicos.

 Ecmnésia: ele vive as memórias do passado como se fosse no presente


o É aquele paciente com Alzheimer ou qualquer outra alteração neurológica que começa a se
comportar como criança, começa a segurar um bebê, achar que é criança de novo, porque as
memórias que ele tem hoje, vamos supor que é de dez anos atrás. Ai ele presentifica aquilo, como se
tivesse vivendo aquela época da vida dele.
o A ecmnésia é um dos sintomas mais importantes do transtorno do estresse pós-traumático (como
a ideia sobrevalorada está na hipocondria, como a alucinação e o delírio estão na psicose, como a
tristeza na depressão).
o Ex.: um sujeito sofreu um acidente há 2 meses, hoje ele ta vivendo o acidente, hoje ele vê um carro e
acha que é o dele, hoje ele vê uma pessoa e acha que aquela pessoa que assaltou ele, ele acha que
aquilo vai acontecer de novo. Ele sente os sentidos que ele sentiu na época do acidente. Isso é a
ecmnésia. É um dos sintomas que mais acontece no transtorno do estresse pós-traumático, se não
tiver sintoma, provavelmente não é.
Investiguem sempre em situações de trauma, tentando fazer essas perguntas, porque uma coisa é o paciente
dizer pra você “eu sofri um estupro há três meses, sofro demais por esse estupro, toda vez que eu lembro eu fico
mal”. Que sintomas são esses? Ta tendo lembranças, ta tendo coisas normais, certo? Agora ele vai dizer assim “to
vivendo isso como se fosse agora, às vezes eu fico com medo de acontecer de novo, eu me assusto. Eu vejo uma
pessoa e acho que vai se aproximar pra isso. Eu começo a ter taquicardia, começo a ficar mal.” O que é isso?
Ecmnésia, é transtorno do estresse pós-traumático. Olha a diferença das duas coisas.

 Lembrança obsessiva: imagina lá o pensamento obssessivo, isso é a lembrança obsessiva. Aquelas coisas
do passado que vem como lembranças e você luta contra elas, mas elas não desaparecem. Isso pode ta
dentro do toque, mas ta muito mais dentro de sintomas depressivos, ansiosos, a pessoa passa por uma
situação e fica voltando na cabeça dela. Ela não quer lembrar, mas sempre lembra. Isso precisa ser tratado,
porque gera um sofrimento muito grande, é quase igual o pensamento obsessivo, mas de coisas que já
aconteceram. Na depressão isso é muito comum, lembrem isso é memória.

 Déjà Vu e Jamais Vu: não justifica a gente falar muito disso aqui. É problema na memória também, pra
vocês entenderem:
o Déjà Vu é como se tivesse visto, a memória, nunca passou por aquilo, mas parece que já passou, é erro
de memória. Pode acontecer naturalmente – fisiologico.
o Jamais Vu é quando já passou, mas parece que nunca passou, erro de memória também. Nao aconece
naturalmente. Uma pessoa que já passou por algo e acha que não passou, pode ter uma repressão, um
recalque, outros sintomas envolvidos.

Transtornos do recohecimento de origem orgânica


Agnosias (ja vimos anteriormente em alterações da sensopercepção)
 Tateis (propriamente dita e astereognosia)
 Visuais
 Prosopagnosia
 Auditiva
 Anosognosia

Transtorno do reconhecimento associado a Transtornos mentais


 Falso reconhecimento (Fregoli)
 Falso desconhecimento (Capgras)
 Síndrome da intermetamorfose
 Síndrome do duplo subjetivo

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 não vou entrar nesses dois conceitos aqui, mas são todos dentro dos conceitos dos transtornos da
identificação. Como duas pessoas que se invertem as personalidades, trocam entre elas. E por ai vai. O
duplo subjetivo como duas pessoas, estão dentro dos contextos dos transtornos de identificação. Lembrem ai
de Fregoli e Capgras que são os mais comuns.

É isso sobre memória.


Como a gente vai avaliar a memória?

Utilizem testes, na maior parte das vezes são testes já validados, como mini mental, teste de fluência verbal,
teste de repetições, mas dentro do contexto neurológico pra afastar causas neurológicas.
Gustavo passa os próximos slides, sobre os testes, como curiosidade. Teste de fluência verbal, mini mental,
teste de reconhecimento de figuras, teste do relógio, teste de moca (mini mental pra quem tem nível superior, ele é
mais difícil).

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