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Produção

ENGENHARIA DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

AUTOR: FRANCISCO ALVES PINHEIRO, Dr.

Juazeiro/Ba, 2016
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO À HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

1.1. HISTÓRICO

Apesar de o trabalho ter surgido juntamente com o primeiro homem, as relações entre as
atividades laborativas e a doença permaneceram praticamente ignoradas até há cerca de 250 anos
atrás.

Os primeiros relatos de estudo das relações entre trabalho e saúde surgiu na Grécia Antiga,
quando Hipócrates, considerado o “pai da medicina” que viveu entre 460 a 370 antes de Cristo, fez
algumas referências aos efeitos do chumbo na saúde humana.

Com o declínio da civilização grega, e a consequente ascensão de outras formações sociais,


reduz-se o interesse pelo estudo deste tema. Este campo de conhecimentos só volta a progredir após
a Revolução Mercantil (séc. XIV), graças às pesquisas de médicos como Ulrich Ellenbog (que detecta a
ação tóxica do monóxido de carbono, do mercúrio e do ácido nítrico), Paracelso (que estuda as
moléstias dos mineiros), George Bauer e outros.

Em 1700, foi publicado, na Itália, um livro, cujo autor era um médico chamado Bernardino
Ramazzini, que teve repercussão em todo o mundo, devido à sua importância. Hoje, poderíamos
interpretar esta pergunta da seguinte forma: “Digas qual o seu trabalho, que direi os riscos que estás
sujeito”. Por essa importante obra, Bernardino Ramazzini ficou conhecido como o “Pai da medicina do
Trabalho”.

Na época da publicação deste livro, as atividades profissionais ainda eram artesanais, sendo
realizadas por pequenos números de trabalhadores e, consequentemente, os casos de doenças
profissionais eram poucos, ou seja, pouco interesse surgiu com relação aos problemas citados na obra
de Ramazzini.

No ano de 1700, o médico italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro “De Morbis
Artificum Diatriba” (As Doenças dos Artesãos) Nesta obra, Ramazzini descreve cinquenta profissões
distintas e as 53 tipos de enfermidades a elas relacionadas. Por esta obra, Ramazzini passou a ser
considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”.

Com o advento da Revolução Industrial, entre 1760 e 1830, e a expansão do capitalismo


industrial, o número de acidentes do trabalho cresceu vertiginosamente, como conseqüência das
péssimas condições de trabalho existentes nas fábricas daquela época. A situação se agravou a tal
ponto que até mesmo a continuidade do processo de industrialização ficou ameaçado.

Neste período surge os movimentos trabalhistas ingleses que, principalmente após o


"Massacre de Peterloo", resultou, em 1802, na primeira lei de proteção aos trabalhadores, a "Lei de
Saúde e Moral dos Aprendizes", que estabelecia limite de doze horas por dia, proibia trabalho noturno,
obrigava os empregadores a lavar a fábricas e tornava a ventilação obrigatória, não tendo sido
obedecida, por falta de um organismo fiscalizador. Em 1833, foi instituída a “Lei das Fábricas” (1833),
ou “Factory Act”, que foi aplicada a todas as empresas da Inglaterra e proibia mais de 69 horas
semanais; exigia escolas para menores de 13 anos; exigia idade mínima de 9 anos para o trabalho e já
obrigava a existência de um atestado médico para o trabalho.

Em 1884, na Alemanha, as primeiras leis de acidente do trabalho surgem, estendendo-se a


outros países até chegar ao Brasil em 1919, com o decreto legislativo número 3.724.

Posteriormente, já no século XX, verifica-se o desenvolvimento da chamada “Administração


Científica”, de Taylor e outros estudiosos. Nesta nova forma de administrar, a preocupação com os
acidentes do trabalho passou a ser incorporada também pelos gerentes industriais, por serem eventos
que comprometiam a previsibilidade do sistema produtivo. Assim sendo, passou-se a lançar mão das
técnicas de engenharia para a criação de sistemas de prevenção ou controle dos acidentes, tais como
equipamentos de proteção individual, sistemas de ventilação industrial, etc. Este processo acabou por
gerar uma habilitação específica dentro da engenharia, a qual é aqui designada por Engenharia de
Segurança do Trabalho.
1.2. OBJETIVOS E CAMPO DE ATUAÇÃO

O mundo de hoje, encontra-se num processo de plena busca pela produção máxima a custo
mínimo. Para alcançar tais objetivos, os países terão que dispor de um fator imprescindível, a
tecnologia. O desenvolvimento tecnológico requer investimentos no binômio Homem – Máquina, pois
nessa interação será preciso preservar a integridade física e promover a saúde do trabalhador.

Define-se segurança do trabalho como “um conjunto de medidas técnicas, organizacionais,


psicológicas, sociais e ecológicas destinadas à preservação da saúde dos trabalhadores e da natureza”
(GUALBERTO, 1996).

Para atender a esta definição, o engenheiro de segurança do trabalho deve desenvolver a


sua competência através das várias possibilidades de ação que a profissão lhe permite, atuando como:
engenheiro de organizações, projetista de sistemas produtivos, projetista de produtos de segurança,
instrutor, assistente técnico de sindicatos e perito judicial. E o que terá que fazer é antecipar-se aos
riscos, ou seja, chegar antes que ocorra a interação entre o indivíduo e o agente ambiental evitando
assim, o desencadeamento do processo gerador do acidente. E o resultado esperado do seu trabalho
é:

 Pelo Trabalhador: preservação da sua saúde, boas condições de trabalho, incremento na sua
produtividade e o conseqüente ganho financeiro;

 Pela Empresa: lucratividade decorrente do controle de perdas;

 Pela Sociedade e pelo Estado: preservação da saúde dos trabalhadores, e da natureza, bem como
a redução dos custos sociais e financeiros decorrentes dos infortúnios laborais.

Como visto acima, o campo da Engenharia de Segurança do Trabalho abriga uma série de
conflitos de interesses de diferentes grupos sociais. Se esses conflitos de interesses já são uma fonte
razoável de dificuldades para a EST, a nossa legislação contribui com essas dificuldades quando prevê
que as empresas devam pagar adicionais (de insalubridade ou periculosidade) aos seus empregados,
se os ambientes por elas oferecidos contiverem agentes patogênicos em concentração superior à
permitida. O resultado dessa adição remuneratória, é que, não raro, os trabalhadores têm uma clara
opção pela venda de sua saúde, preferindo receber os adicionais, mesmo que para isso eleve a
probabilidade de se acidentarem ou de adoecerem.
Outra dificuldade decorre da forma de inserção do engenheiro no problema. Segundo a
Portaria 3.214/78, em sua Norma Regulamentadora 4, o engenheiro irá atuar, principalmente, nos
SESMT’s, na qualidade de um empregado alocado à cúpula administrativa, que no geral, representa os
interesses do empregador.

Nessa conjuntura, o profissional de engenharia e segurança do trabalho deve se posicionar


como um “gerente organizacional” e, ao mesmo tempo, um “gerente funcional”, visando atender aos
objetivos tanto da organização quanto dos trabalhadores, não somente para obter conformidades à
área de SMT, mas também integrando-a às ações e aos sistemas estratégicos e operacionais da
organização. Isso significa que o profissional da SMT deve evoluir e adquirir competência
organizacional.

1.3. ENTIDADES ENVOLVIDAS COM A HST

No esquema brasileiro de prevenção de acidentes, ou seja, a forma pela qual a sociedade brasileira se
organiza e distribui encargos e responsabilidades, a responsabilidade pelo combate aos acidentes de
trabalho, está distribuída entre três grupos sociais: os empregadores, os trabalhadores e o governo,
embora se procurem mobilizar a coletividade em torno deste problema. Em outras palavras, o combate
fica a cargo, de organismos internos, tais como, os SESMT’s e as CIPA’s. Estes combatentes são
municiados por organismos externos que podem ou não ser representativos de classes, como os
sindicatos (patronais ou trabalhistas). Além destas, existem outros organismos, não formalmente
ligados a trabalhadores ou empregadores que auxiliam no combate aos acidentes, através do exercício
de diferentes funções, a saber:
 Normativa: o Congresso Nacional, a Presidência da República e os Ministérios Públicos;
 Fiscalizadora: as Delegacias Regionais do Trabalho, como representação do Ministério do
Trabalho nos Estados, encarregada de verificar o cumprimento das normas estabelecidas pelos
órgãos acima citados;
 Judicial: função monopolizada pelo Estado, através da Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir
as dúvidas em torno do assunto;
 Assistencial: através do SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – dando
apoio médico ou pecuniário àqueles que se vejam impossibilitados de continuar trabalhando em
decorrência de acidente de trabalho;
 Educativa: entidades como a Fundacentro, as Universidades, os centros de treinamento de mão-
de-obra (Senai/Senac), etc. com a função de pesquisa e disseminação dos conhecimentos
prevencionistas.

ENTIDADES ENVOLVIDAS COM A HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

AGENTES MEDIADORES

Normativo Fiscalizador Judicial Assistencial Educativo

Congresso Delegacias Justiça Universidades

Presidência da Regionais do SINPAS Senai


República
Do Trabalho Senac
Ministérios
Trabalho

Sindicatos Patronais Sindicatos Trabalhistas

EMPRESAS
Empresários e Trabalhadores
CIPA SESMT

1.4. ASPECTOS LEGAIS DA HST

1.4.1. Consolidação das Leis do Trabalho

Aprovada pelo Decreto-lei 5.452 de 01/05/1943, a CLT afirma no seu art. 1º que a
consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela
previstas.

Dividida em 10 títulos, precedida de uma introdução, que se subdividem em capítulos e


seções, trata das seguintes matérias:
1. Normas Gerais de Tutela e Trabalho;
2. Normas Especiais de Tutela e trabalho;
3. Contrato Individual de Trabalho;
4. Organização Sindical;
5. Contrato Coletivo de Trabalho;
6. Processo de Multas Administrativas;
7. Justiça do trabalho;
8. Ministério público do Trabalho;
9. Processo judiciário do trabalho; e
10. Disposições Finais e transitórias.

O Capítulo V do Título II trata da Segurança e Medicina do Trabalho, abrangendo os Art. 154


a 201 da CLT. Este capítulo trata das disposições gerais, inspeção prévia, embargo, interdição,
serviços especializados em segurança e medicina, comissão de prevenção de acidentes de trabalho,
equipamento de proteção individual, exames médicos, iluminação, conforto térmico, instalações
elétricas, movimentação e armazenagem de materiais, máquinas e equipamentos, caldeiras, fornos,
vasos de pressão, atividades insalubres e perigosas, prevenção da fadiga, outras medidas especiais de
proteção e penalidades.

1.4.2. Conceitos e institutos Trabalhistas

As relações de trabalho reguladas pela CLT são as relações de trabalho subordinado ou por
conta alheia, portanto relações de emprego, que entrelaça um empregado e seu empregador através
de direitos e obrigações recíprocas.

a. Empregador

O art. 2º da CLT define empregador como sendo a pessoa individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviços. O § 1º do mesmo artigo diz que equiparam-se ao empregador, para efeitos de relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficiários, as associações recreativas ou
outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados.

b. Empregado

O art. 3º da CLT define empregado como sendo toda pessoa física que presta serviço de
natureza não eventual a empregador sob dependência deste e mediante salário.
1.4.3. Responsabilidade Civil, Penal, Acidentária, Trabalhista e Profissional

A culpa no tocante aos acidentes de trabalho pode ser de responsabilidade exclusiva do


empregador, exclusiva do empregado e concorrente, quando empregado, empregador e prepostos
agem, cada qual, com parcela de culpa. Saliente-se que as responsabilidades civil, penal, acidentária e
trabalhista são independentes.

1.4.3.1. Responsabilidade Civil

A CF-1988 afirma como direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do trabalho, a
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou
culpa. Já o art. 121 da Lei 8.213/91 diz que o pagamento, pela previdência social, das prestações por
acidente do trabalho, não exclui a responsabilidade civil da empresa ou outrem.

Antes da atual constituição, exigia-se que o empregador agisse de forma dolosa ou com
culpa grave. Com a CF-1988 não há a necessidade de culpa grave. A responsabilidade do empregador
e prepostos é subjetiva, e basta a culpa simples para que os mesmos tenham que arcar com o
ressarcimento dos danos provocados ao seu empregado. A responsabilidade civil tem natureza
indenizatória (visa reparar o dano provocado).

1.4.3.2. Responsabilidade Penal

A responsabilidade penal se fundamenta no art. 132 do código penal que afirma “Expor a vida
ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” – pena – detenção de três meses a um ano, se o fato
não constitui crime mais grave.

São passíveis de serem responsabilizados penalmente por acidentes do trabalho,


empregadores e prepostos que expuserem seus empregados a perigo direto e iminente.

1.4.3.3. Responsabilidade Acidentária

A responsabilidade de pagamento de benefícios acidentários é do INSS, porém podendo


propor ação regressiva contra aqueles que por culpa ou dolo provocaram ou contribuíram para a
ocorrência do acidente do trabalho ou doença profissional. Ela é objetiva e independe de dolo ou culpa
do empregador.
A ação acidentária tem natureza alimentar e é compensatória, ou seja, compensa o salário
recebido pelo acidentado.

1.4.3.4. Responsabilidade Trabalhista

Independente de outras responsabilidades, o empregador se obriga a cumprir os preceitos


trabalhistas e, em particular, as medidas de proteção à saúde e segurança do trabalhador.

O descumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho sujeita à empresa as


sanções legais, tais como multas, embargos e/ou interdições.

1.4.3.5. Responsabilidade Profissional

O descumprimento das obrigações legais decorrentes do exercício profissional poderá


sujeitar ao responsável as sanções aplicáveis pelos órgãos responsáveis pela fiscalização do exercício
profissional (CREA, CRM).

As punições poderão ir da advertência até a cassação do registro profissional.

1.4.3.6. Responsabilidade Solidária

A jurisprudência tem reconhecido a responsabilidade solidária da empresa contratante


baseada no direito comum, pela indenização do acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador da
empresa contratada, nos casos em que seja também responsável pela segurança da obra ou se
contratou empresa inidônea ou insolvente.

REFERÊNCIAS

CARDELLA, B. Segurança do Trabalho e Prevenção de Acidentes; Uma abordagem holística. São


Paulo, Atlas, 1999.
GUALBERTO FILHO, A. Administração Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho. In:
Apostila da disciplina Gerência de Riscos do X Curso de Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho. João Pessoa: DEP/UFPB, 2004.
RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. Um estudo do esquema brasileiro de atuação em Segurança
Industrial. (Dissertação de mestrado, Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1982.
CAPÍTULO 2

ACIDENTES DE TRABALHO

2.1. DEFINIÇÕES

a. Definição Geral (Legal)

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, com o
segurado empregado, trabalhador avulso, médico residente, doméstico, bem como com o segurado
especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.

O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS,


mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.

Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo


técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID).
Considera-se agravo para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a
lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou
crônica, de natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, independentemente do tempo de latência.

Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o
trabalho e o agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tenha direito, caso
contrário, não serão devidas as prestações.

b. Definição Prevencionista

Acidente de trabalho é todo evento inesperado e indesejável que interrompe a rotina normal
de trabalho, podendo gerar perdas pessoais, de materiais, ou pelo menos de tempo.

2.2. TEORIAS JURÍDICAS SOBRE O ACIDENTE DE TRABALHO

As leis de proteção ao trabalhador seguiram três teorias jurídicas, a saber:

a) Teoria da Culpa – entende o acidente do trabalho como um crime qualquer, assim, ela preconiza
a existência de dois grupos de causas de acidentes:

(i) os atos culposos cometidos pelo próprio empregado acidentado ou algum de seus colegas (atos
inseguros);

(ii) os atos culposos cometidos pelo empregador, sejam por ação ou omissão (condições inseguras).

b) Teoria do Risco Profissional – Esta teoria encara o acidente de trabalho não como um crime,
mas como fruto do exercício de uma determinada atividade produtiva. Como esta atividade é explorada
por um empresário, este deve arcar com os possíveis AT que venham a ocorrer. Nesta concepção,
todos os AT passaram a ser indenizáveis, independente de ações jurídicas e/ou da identificação de
culpados.

c) Teoria do Risco Social – introduz uma mudança sutil, na qual os AT passaram a ser encarados
como decorrências de processos produtivos necessários à reprodução/bem estar de toda a
coletividade, e não apenas de interesse para algum grupo empresarial. Assim sendo, as indenizações
continuaram a ser independentes de ações judiciais, mas o pagamento destas indenizações passou a
ser encargo de um sistema previdenciário que reúne três grupos contribuintes compulsórios: os
empregadores, os empregados e o Estado. Esta teoria é a base da atual legislação brasileira sobre
acidentes do trabalho.

2.3. TIPOS DE ACIDENTES

d) Acidentes típicos – São os que provocam lesões imediatas, tais como, cortes, fraturas,
queimaduras, etc., reduzindo a capacidade para o trabalho logo após o acidente.

e) Doenças Profissionais – São doenças como a Silicose e o Saturnismo, inerentes a determinado


ramo de atividade, paulatinamente contraídas em função da exposição continuada a algum agente
agressor presente no local do trabalho.

f) Acidente de trajeto – São os acidentes sofridos pelo empregado ainda que fora do local e horário
de trabalho, como os ocorridos no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele.

Tal classificação é questionável por exigir que haja uma lesão para que se caracterize a AT,
quando se sabe, através de vários estudos, que existe um número muito maior de acidentes que
ocorrem gerando apenas perda de tempo e de materiais.

2.4. CAUSAS DO ACIDENTE DE TRABALHO

A concepção de AT apresentada pela teoria da confiabilidade de sistemas requer o


surgimento de disfunções como agente disparador do AT. A princípio, todo e qualquer elemento que
participe do processo de trabalho é, potencialmente, gerador de disfunções, o que nos permite listar as
seguintes causas de acidentes:

(i) o fator pessoal de insegurança;

(ii) a condição ambiental de insegurança, devido aos materiais, equipamentos, instalações, edificações,
métodos e organização do trabalho, tecnologia e macroclima.

2.5. A IMPORTÂNCIA DO ACIDENTE DE TRABALHO

Para se avaliar a importância do AT no Brasil, pode-se recorrer às estatísticas oficiais sobre


o assunto. Em 1982, o Brasil recebeu o título de “campeão Mundial” de AT, já que para cada grupo de
1000 trabalhadores, quase 218 morreram em AT. As estatísticas brasileiras são sub-dimensionadas,
uma vez que contemplam apenas; a) os casos legalmente reconhecidos, ou seja, os acidentes com
vítimas; b) os acidentes urbanos (não mostrando os ocorridos em áreas rurais); 0s acidentes
registrados (ignorando aqueles que não são notificados ao INSS).

2.6. LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA PREVIDENCIÁRIA

As primeiras idéias da criação de um direito previdenciário surgiram no final do século XIX na


Alemanha, de onde surgiram as primeiras leis que protegiam aqueles que sofriam enfermidades,
acidentes de trabalho, ficavam inválida, etc.

No Brasil, só em 1919 surge a primeira lei que tratava dos acidentes de trabalho. Em 1923 é
sancionada a Lei Eloy Chaves, criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões nas ferrovias, e
implantando o Sistema de Previdência Social.

Apenas em 1946 é que surge na nossa constituição o termo previdência social. A


Constituição de 1988 instituiu as bases da Seguridade Social, que contempla a Saúde, a Assistência
Social e a Previdência Social.
A organização da seguridade social deve observar os seguintes objetivos (Art. 194, da CF):
I. Universalidade de cobertura e do atendimento;
II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III. Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços;
IV. Irredutibilidade do valor dos benefícios;
V. Equidade na forma de participação no custeio;
VI. Diversidade da base de financiamento; e,
VII. Caráter democrático e descentralizado da administração mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos
colegiados.

A previdência Social é um sistema de seguro social que visa possibilitar meios de


manutenção para aqueles que possam obtê-lo em virtude de incapacidade, desemprego involuntário,
idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares, reclusão e morte.

A Seguridade Social está regida pela Lei 8.212/99 (a organização da seguridade e o plano
custeio) e 8.213/99 (plano de benefícios). A elaboração destas Leis tomou por base os objetivos da
Seguridade Social. Os benefícios são atribuídos àqueles que contribuem e aos seus dependentes.
2.6.1. Beneficiários

Os beneficiários da previdência social são as pessoas físicas, segurados e dependentes. São


segurados obrigatórios:

1. O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição menor


de vinte e um anos ou inválido;

2. Os Pais;

3. O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido.

Os dependentes elencados no item 1 são dependentes por presunção, não havendo


necessidade de provarem dependência econômica.

Os servidores civis e militares estão excluídos do regime geral da previdência social, desde
que estejam submetidos a regime próprio de previdência social. É regime próprio aquele que assegura
pelo menos as aposentadorias e pensão por morte.

2.6.2. Custeio

O Art. 195 da CF estabelece que: a seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos, provenientes dos orçamentos da União
e dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais:
I. Do empregador, da empresa e da entidade e ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a. A folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, á
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b. A receita ou o faturamento;
c. O lucro;
II. do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidos pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III. sobre a receita do concurso de prognósticos;
A Lei 8.212/91 relaciona outras fontes de receita da seguridade social (Ex. multas e doações)
2.6.3. Prestações Previdenciárias e Acidentárias

As prestações se constituem em benefícios e serviços prestados aos beneficiários da


previdência social. Os benefícios tratam de prestação pecuniária e os serviços tratam de “serviço
social” e “habilitação e reabilitação profissional”.

A causa do benefício previdenciário é a incapacidade para o trabalho por motivos alheios às


atividades realizadas no trabalho.

A causa do benefício acidentário está vinculada diretamente ao exercício do trabalho. O


benefício acidentário decorre, logicamente, do acidente ou doença do trabalho. De modo geral, os
benefícios acidentários dispensam a carência.

2.6.4. Benefícios Acidentários

a) Auxílio-Doença: o auxilio doença acidentário será devido ao acidentado que ficar incapacitado para
seu trabalho por período superior a 15 dias consecutivos. O auxilio-doença será devido a partir do 16º
dia seguinte ao afastamento, sendo os primeiros 15 dias pagos pela empresa.

A renda mensal do auxilio-doença acidentário é de 91% do salário-de-benefício.

b) Auxílio-Acidente: o auxilio-acidente será devido quando, após consolidada as lesões decorrentes de


acidente de qualquer natureza, resultar seqüela que implique:
I. Redução da capacidade para o trabalho exercido;
II. Redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia e exija maior esforço para o
desempenho da mesma atividade que exercia à época do acidente; ou
III. Impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém permita o
desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional.

c) Aposentadoria por invalidez: a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente de trabalho será
devida ao acidentado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação
profissional para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.
O benefício consiste numa renda mensal correspondente a cem por cento do salário-de-benefício.
d) Pensão: devida aos dependentes por morte do segurado, no valor de cem por cento do salário-de-
benefício.

2.6.5. Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)

Todo acidente deve ser comunicado pela empresa à previdência social até o primeiro dia útil
seguinte ao da ocorrência e, havendo morte, de imediato, à autoridade, sob pena de multa.
O acidentado e seus dependentes receberão cópia da CAT, bem como o sindicato da
categoria profissional. Não ocorrendo comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la, o
próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical, o médico que o atendeu ou qualquer
autoridade pública, não prevalecendo, neste caso, o prazo mencionado acima.

2.7. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DO TRABLHO


1.7 - Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, segundo os grupos de idade e sexo, no Brasil - 2011/2013

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO


Com CAT Registrada
GRUPOS DE Sem CAT
Total Motivo Registrada
IDADE E SEXO Total
Típico Trajeto Doença do Trabalho
2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013
TOTAL 720.629 713.984 717.911 543.889 546.222 559.081 426.153 426.284 432.254 100.897 103.040 111.601 16.839 16.898 15.226 176.740 167.762 158.830
Masculino 510.608 501.101 494.746 395.474 391.365 393.902 320.818 316.453 315.589 64.471 64.740 69.424 10.185 10.172 8.889 115.134 109.736 100.844
Feminino 210.014 212.869 223.152 148.408 154.843 165.166 105.328 109.818 116.653 36.426 38.299 42.176 6.654 6.726 6.337 61.606 58.026 57.986
Ignorado 7 14 13 7 14 13 7 13 12 0 1 1 0 0 0 0 0 0
FONTE: DATAPREV, CAT, SUB.
2.8. CUSTOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Geralmente os dirigentes das empresas desconhecem os prejuízos que têm com os


acidentes e, às vezes, nem imaginam em quanto os acidentes oneram seus empreendimentos.

O custo total de um acidente é dado pela soma de duas parcelas, quais sejam:

 1ª parcela – referente ao custo direto ou custo segurado;

 2ª parcela – referente ao custo indireto ou não segurado.

2.8.1. Custo direto ou segurado

A Lei n.º 6.367 de outubro de 1976, regulamentada pelo n.º 79.037/76, dispõe sobre o Seguro
de Acidentes do Trabalho, a cargo do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O SAT é uma
garantia ao empregado, um seguro contra o acidente do trabalho. Seus custos ficam a cargo do
empregador, mediante pagamento de um adicional sobre folha de salários de seus empregados, nas
seguintes alíquotas de contribuição:
 1,0 % - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;
 2,0 % - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado médio;
 3,0 % - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado grave.

A principal característica do SAT é a sua função de seguridade, pois tal seguro é destinado a
beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam associados ao sistema previdenciário. Tal
contribuição é composta pelo percentual do Risco de Acidente de Trabalho (RAT), determinado a partir
da definição da atividade desenvolvida pela empresa, com base na Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE), e divulgado por meio de Decreto do Poder Executivo. Tal valor é
multiplicado pelo Fator Acidentário de Prevenção (FAP), divulgado para cada empresa pelo órgão
previdenciário, sendo que o resultado (RAT X FAP) é aplicado sobre toda a folha de pagamento da
empresa.

A definição do que seria risco leve, médio ou grave estão no Decreto 612/92.

Outros seguros que são considerados como custos diretos referem-se, genericamente, a:
seguro incêndio, seguro transporte, seguro de responsabilidade civil, seguros de riscos de engenharia,
etc.
2.8.2. Custo indireto ou não segurado
Engloba todas as despesas, geralmente não atribuíveis aos acidentes, mas que se
manifestam como conseqüência indireta dos mesmos.
Para a Fundacentro (1980), os principais itens dos custos indiretos são:
 Salário pago ao trabalhador acidentado, não coberto pelo INSS, o salário correspondente ao dia do
acidente e aos 15 dias seguintes é pago, por imposição legal, integralmente pelo empregador;
 Salários pagos durante o tempo perdido por outros trabalhadores que não o acidentado (em geral,
após o acidente, por menor que seja, os companheiros do acidentado deixam de produzir durante
certo tempo, seja para socorrê-lo, seja para comentar o ocorrido, seja por curiosidade, ou porque
necessitam da ajuda do acidentado para a execução de sua tarefa, ou a máquina em que
operavam ficou danificada no acidente);
 Salários adicionais pagos aos trabalhadores em horas extras (em virtude do acidente, atrasos na
execução dos serviços podem exigir trabalhos em horas extraordinárias), representando um
adicional sobre o salário correspondente ao horário normal de trabalho;
 Salários pagos a funcionários durante o tempo gasto na investigação do acidente;
 Diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalho (geralmente o acidentado de volta
ao trabalho produz menos por receio de sofrer novo acidente, ou por desambientação, por falta de
treinamento muscular, etc.);
 Custo de material ou equipamento danificado no acidente;
 Perda de material por parte de novos empregados, etc.

2.8.3. Estimativa do custo de acidentes


Pesquisa realizada pela Fundacentro entre 1982 – 1983 revelou a necessidade de modificar
os conceitos tradicionais de custos de acidentes e propôs nova sistemática para apuração dos
mesmos, com enfoque prático, denominada custo efetivo de acidentes. Esse custo é dado por:
Ce = C – i
Onde:
Ce = custo efetivo do acidente;
C = custo do acidente
i = indenizações e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor líquido), e:
C = C1 + C2 + C3
Onde:
C1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (15 primeiros dias) em decorrência de acidente
com lesão;
C2 = custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos e materiais danificados
(acidentes com danos à propriedade);
C3 = custos complementares relativos á lesão (assistência médica e primeiros socorros) e aos danos à
propriedade (outros custos operacionais, como os resultados de paralisações, manutenção e lucros
interrompidos).
O cálculo de C3 é fácil, já o de C2 e C3 depende da organização interna da empresa para o
seu levantamento. Para facilitar o levantamento desses custos, a fundacentro propôs a adoção de duas
fichas sistematizadas, uma para a comunicação do acidente e outra para o cálculo de seu custo, como
mostram as figuras 1 e 2.
Figura 1. Ficha de comunicação de acidentes.
FICHA DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE
ACIDENTE COM LESÃO
ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE
1 UNIDADE 2 SETOR 3 LOCAL DO ACIDENTE
4 TIPO DE ATIVIDADE 5 HORA DO ACIDENTE 6 DATA DO ACIDENTE
_______h _________ min ______/_______/________
7 DESCRIÇÃO DO ACIDENTE

8 EMPREGADOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE


NOME MATRÍCULA FUNÇÃO
___________________________ ___________________________ __________________________
9 MÁQ., EQUIP., E MATERIAIS ABRANGIDOS 10 EXTENSÃO DOS DANOS
________________________________________________________ __________________________
11 PRINCIPAIS CAUSAS DO ACIDENTE

12 INFORMANTES
NOME MATRÍCULA FUNÇÃO
___________________________ _________________________ __________________________
13 data do envio da ficha para o Setor de Segurança do Trabalho 14 Responsável pelo preenchimento
_________/ ____________/ ___________ Nome: _______________________
Função: ______________________
Assinatura: ____________________
Fonte: Tavares (1995).
Figura 2. Ficha de cálculo do custo efetivo de acidentes.
FICHA PARA O CÁLCULO DO CUSTO EFETIVO DE ACIDENTE
1 FICHA Nº ______/______ 2 FICHA DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE
ACIDENTE COM LESÃO a) Recebida em: ______/ _______/ _________
ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE b) Unidade: ____________________________
c) Setor: _______________________________
3 LOCAL DO ACIDENTE 4 HORA DO ACIDENTE 5 DATA DO ACIDENTE
______________________ _______ H ______ MIN ________/ ________/ ________
6 ACIDENTE COM LESÃO
a) Nome do acidentado: __________________________________________________________
b) Matrícula: ___________ c) Função: ______________________________________________
d) Principais causas do acidente: ___________________________________________________
e) Conseqüências do acidente: _____________________________________________________
f) Tempo de afastamento: __________ g) Salário por Hora (R$): __________________________
h) Custo relativo ao tempo de afastamento (15 primeiros dias): Salário (R$): ________________
Encargos sociais (R$): _________
Outros (R$): _________________
i) Observações: ___________________________________ Total 1 (R$): ________________
7 ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE
a) Máquina(s)/equipamento(s) danificados: ___________________________________________
b) Material(s) danificado(s): _______________________________________________________
c) Principais causas do acidente: ___________________________________________________
d) Custo dos reparos ou reposições: Máquina(s) e equipamento(s) (R$): ____________________
Material(s) (R$): ___________________________________
e) Observações: ________________ Total 2 (R$): ___________________________________
8 CUSTOS COMPLEMENTARES
a) Acidentes com lesão: Assistência médica (r$): ______________________________________
Primeiros socorros (R$): ______________________________________
Outros (R$): ________________________________________________
b) Acidentes com danos à propriedade: Outros custos operacionais (R$): ___________________
c) Observações: _________________ Total 3 (R$): ___________________________________
9 CUSTO DO ACIDENTE R$ ____________________ c = c1 + c2 + c3
10 INFORMANTES 11 RESPONSÁVEIS PELO PREENCHIMENTO
NOME FUNÇÃO DATA ASSINAT. NOME FUNÇÃO DATA ASSINAT.
_________ ________ ______ __________ __________ ________ ________ _________

Fonte: Tavares (1995).

REFERÊNCIAS
CAMPOS, M. F. Legislação e Normas Técnicas. In: Apostila da disciplina Gerência de Riscos do X
Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. João Pessoa: DEP/UFPB, 2003.
RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. Um estudo do esquema brasileiro de atuação em Segurança
Industrial. (Dissertação de mestrado, Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1982.
CAPÍTULO 3

AGENTES DE RISCOS PROFISSIONAIS

3. AGENTES QUÍMICOS DE RISCOS

Nas últimas décadas, o desenvolvimento industrial vem experimentando ritmos cada vez mais
elevados, no que se referem às inovações tecnológicas, novos materiais, novos processos e novas
formas de organização do trabalho. Estes avanços são guiados, de um lado pelos interesses das
empresas e, do outro, pela aceitação da sociedade que, na maioria das situações são movidas por
visões de curto prazo: lucro e desfrute da vida.

Nesse casamento desigual entre empresas e sociedade, a ciência nem sempre é chamada a
opinar sob o princípio da precaução, onde tudo que é disponibilizado à sociedade teria seus impactos
previamente analisados: impactos sobre a saúde das pessoas, sobre a sociedade como um todo e
sobre o ambiente. Os estudos dos impactos de um determinado produto, quase sempre são apontados
após a aceitação do mercado, após serem introduzidos no ambiente global, na vida das pessoas e por
vezes, em seus próprios corpos.

A produção de sintéticos químicos é um exemplo desse quadro de irresponsabilidade


científica em que estamos inseridos. Na maioria das vezes, os compostos químicos são inseridos no
mercado sem os conhecimentos mínimos dos impactos que aquele composto pode causar aos seres
humanos e ao meio ambiente. Nos últimos anos vêm surgindo organizações de consumidores, de
vítimas de determinadas tecnologias e de defesa ambiental que vêm produzindo, organizando e
divulgando conhecimentos sobre impactos tecnológicos nocivos.

Esse tópico da disciplina Higiene e Segurança do Trabalho visa incutir no estudante de


Engenharia de Produção conhecimentos acerca dos agentes de riscos químicos presentes no seu
ambiente de trabalho, conscientizando-o de que ele pode ser um elemento gerador de riscos de
acidentes de trabalho, e repassar conhecimentos para que ele possa evitá-los.
3.1.1. Conceitos Básicos

A. Risco químico

Risco foi definido pela Comisión Preparatória de la Conferencia de Las Naciones Unidas
sobre medio humano, como uma freqüência esperada de efeitos indesejáveis derivados da exposição a
um contaminante.

O risco que uma substância possa oferecer está diretamente relacionado com a toxicidade
da referida substância e com a taxa de exposição à mesma.

RISCO = TOXICIDADE x EXPOSIÇÃO


RISCO TOXICIDADE EXPOSIÇÃO
ALTO ALTA ALTA
ALTO BAIXA ALTA
BAIXO ALTA BAIXA
BAIXO BAIXA BAIXA

Os riscos químicos são avaliados em relação à toxicidade da substância, ou seja, a


capacidade inerente de se produzir um efeito deletério sobre um organismo vivo.

B. Agente químico

Segundo a NR-9 (PPRA), agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas,
gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

C. Toxicidade

É a capacidade de um agente químico causar uma lesão num organismo vivo, representa a
medida de incompatibilidade entre uma dada substância com o organismo vivo.
D. Agente tóxico

Agentes tóxicos são substâncias quimicamente definidas que ao entrar em contato com o
sistema biológico acarretam desde distúrbios leves, moderados, lesões graves ou a morte. Ex: a
estricnina, o ácido cianídrico e o cloreto de sódio, enquanto se encontram em seus recipientes,
armazenados, nada mais são do que porções dessas substâncias. Para que se caracterize o agente
tóxico se faz necessário a interação agente-organismo, dando como resultado uma intoxicação (DIAS,
2003).

E. Bioacumulação

A bioacumulação ou fator de acumulação é o fenômeno da acumulação de uma substância


química num organismo. Quando o fenômeno da concentração de um agente tóxico acontece numa
cadeia alimentar em quantidades distintas e crescentes denomina-se biomagnificação.

F. Meia vida

A persistência ou longevidade que uma substância apresenta depende da relativa


susceptibilidade e acessibilidade à degradação biológica, química ou fotoquímica. Geralmente é
expressa em valores de meia vida, que significa o tempo para que a concentração do agente químico
na matriz considerada se reduza á metade.

3.1.2. Características dos riscos químicos

A. Invisibilidade

A presença dos agentes químicos nos ambientes nem sempre é, imediatamente percebida
pelas pessoas. Os sinais percebidos são os visuais e olfativos que criam padrões próprios e pessoais
sobre o que pode ser danoso à saúde, nem sempre condizente com a realidade toxicológica.

B. Transportabilidade

As ações dos agentes químicos não se limitam aos espaços imediatos de sua utilização.
Seus efeitos podem ocorrer em ambientes distantes de sua primeira utilização. Ex: agrotóxicos

C. Instabilidade

Os agentes químicos reagem com o meio e se transformam em outros agentes, que, em


geral, apresentam toxicidade distinta do agente inicial.
D. Iteratividade

Não só os agentes químicos reagem com o meio, mas o meio também reage aos agentes
químicos e se alteram. Como o meio possui elementos minerais e vivos, as alterações são de natureza
química, biológica e física.

E. Acumulatividade

Ocorrem casos, como dos metais pesados e dos agrotóxicos organoclorados, dos
organismos vivos acumularem as moléculas dos agentes tóxicos. Porém, ocorrem casos de
acumulação dos efeitos das sucessivas exposições a agentes tóxicos sobre os organismos, mesmo
sem haver constatação da acumulação molecular.

3.1.3. Classificação dos agentes tóxicos

A classificação clássica dos agentes químicos baseia-se na sua forma de apresentação


(figura 1), ou em seus efeitos sobre a saúde humana.

Sólidos Poeiras e
Fumos
Particulados
Agentes
Névoas e
Químicos Líquidos Neblinas
Gases e
Vapores

Fonte: ADISSI, P. J. (2001)

Um particulado tóxico é todo aquele aerosol constituído por partículas de tamanho


microscópico, diluídos no ar (aerodispersóides), podendo se encontrar no estado líquido (neblinas e
névoas), e no estado sólido (poeiras e fumos).

3.1.3.1. Gases e vapores

Os gases são substâncias que, em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760
mmHg), estão no estado gasoso. Ex: monóxido de carbono, eteno, etc.

Os vapores constituem o estado aeriforme de certas substâncias que nas condições normais
de temperatura e pressão se encontram no estado líquido. Ex: gasolina, cânfora, naftalina, etc.
Os gases e vapores podem ser classificados segundo sua ação sobre o organismo humano
em irritantes, anestésicos e asfixiantes.

a) Gases e vapores irritantes: são substâncias em estado gasoso que produzem irritação nos tecidos
em que entram em contato, como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias. Ex: ac. Clorídrico,
sulfúrico e muriático, anidrido sulfuroso, cloro, e os gases lacrimogênios.

b) Gases e vapores anestésicos: causam efeito narcótico ou depressivo sobre o SNC. Podem ser
divididos em:
 anestésicos primários – hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, etano, etc.), ésteres, aldeídos
e cetonas;
 anestésicos de efeito sobre as vísceras (fígado e rins) – hidrocarbonetos clorados, como o
tretacloreto de carbono, tetracloroetano, tricloroetileno e o percloroetileno;
 anestésicos de ação sobre o SNC – neste grupo se encontram os álcoois metílico e etílico, ésteres
de ácidos orgânicos e dissulfeto de carbono;
 anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue – modificam a hemoglobina em
metahemoglobina, como a anilina, nitrito e toluidina, além do benzeno.

c) Gases e vapores asfixiantes: a principal característica de um agente tóxico é impedir que o


oxigênio atinja os tecidos, ou seja, a interrupção ou redução da respiração celular. Assim sendo, os
asfixiantes podem ser classificados em simples e químicos.

Os asfixiantes simples têm sua atuação externamente ao organismo, isto é, sua presença na
atmosfera provoca o deslocamento do oxigênio, reduzindo sua concentração no ambiente. Isso ocorre
com o gás carbônico, o metano, o propano, o nitrogênio e o butano.

Os asfixiantes químicos impedem a absorção do oxigênio presente no organismo pelos


tecidos. Neste grupo, o mais conhecido é o monóxido de carbono, que por ter afinidade química com a
hemoglobina superior ao oxigênio, forma a carboxihemoglobina e impede o transporte de oxigênio.

3.1.3.2. Particulados sólidos

a) poeiras – são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, em conseqüência de
uma operação mecânica (moagem, trituração, polimento, etc.) ou de limpeza. As poeiras podem ser de
origem mineral e orgânica. Exemplos:
Poeiras minerais:

 Sílica: as formas cristalinas, por serem mais compactas (0,05 a 5µm), são as mais nocivas ao
homem. A silicose é uma doença causada pela poeira da sílica, podendo se desenvolver de forma
rápida ou lenta. Na forma aguda, o surgimento de sintomas pode se dar de 8 a 18 meses após a
primeira exposição. Ocorre principalmente em trabalhadores de indústrias de sabão em pó, os
expostos a processo de jateamento de areia, e os que trabalham escavando túneis que utilizam
furadeiras de rocha de alta potência. Outros minerais utilizados em processos industriais também
possuem sílica e podem afetar a saúde dos trabalhadores. É o caso do carvão mineral e da grafita;

 Asbesto (amianto): é um mineral muito utilizado industrialmente, devido as suas ricas propriedades:
alta resistência ao calor, ao fogo e à maioria das substâncias químicas. A asbestose, doença
causada pela exposição a poeiras de amianto, leva, em geral, de 15 a 25 anos para se manifestar,
causando o endurecimento lento do pulmão. Essa doença, apesar de grave e de não ter cura, não
é a doença de maior gravidade, e nem a mais comum, na exposição ocupacional ao amianto, já
que este causa também, mesotelioma, câncer de pulmão, doenças pleurais e câncer de faringe e
do aparelho digestivo;

 Outras poeiras minerais: berilo – berilose; ferro – siderose; bário – baritose; estanho – estaniose.

Poeiras orgânicas:

 Algodão: a exposição à poeira do algodão produz uma enfermidade denominada bissinose. A


bissinose também é produzida por outros tipos de poeiras vegetais, como as do linho e do
cânhamo (SALIBA, 2000);

 Bagaço de cana: produz uma enfermidade denominada bagaçose. Esta doença inicia-se
subitamente, poucas horas após a exposição, provocando falta de ar, tosse e febre. A repetição
das afecções pode levar à fibrose pulmonar;

 Outras poeiras orgânicas: poeiras de feno, esporos de cogumelos, enzimas de detergente e fungos
que contaminam ar condicionado de prédios e escritórios, podem causar enfermidades
semelhantes á bagaçose.

b) Fumos – são partículas sólidas resultantes da condensação de vapores ou reação química,


geralmente após a volatilização de metais fundidos. Ex: operações de soldagem, fundições e aciarias,
e pintura a pistola.

Os principais fumos metálicos são:


 Chumbo: o chumbo é encontrado nas tintas e nas operações de esmerilhamento. O chumbo
orgânico ou chumbo tetraetila era usado até a década de 70, no Brasil, como antidetonante da
gasolina e é facilmente absorvido pela pele e pela respiração, tendo sido substituído pelo álcool
anidro. A inalação do chumbo pode provocar uma doença denominada saturnismo. Essa doença
provoca anemia, cólica intestinal dolorosa e neurite, levando ao comprometimento do cérebro;

 Cádmio: a intoxicação industrial pode ocorrer quando metais revestidos por cádmio são queimados
ou soldados, desprendendo-o em forma de fumos, ou quando está presente como uma impureza
em outros metais. Devido a sua elevada toxicidade, os metais que contém cádmio são obrigados a
serem rotulados;

 Cromo: as lesões provocadas pelo cromo atingem a pele, as membranas nasais e, em menor
freqüência, a laringe e os pulmões. As fossas nasais são extremamente sensíveis ao ácido
crômico e ás nevoas de cromato, podendo ocorrer hemorragias, ulcerações e até perfuração do
septo nasal;

 Mercúrio: o percurso do mercúrio no organismo, que tem poucas condições de eliminá-lo, são os
rins, fígado e cérebro. Neste último estágio produz efeitos de alta gravidade. No Brasil, é
preocupante a persistente utilização do mercúrio nos garimpos junto aos rios ricos em ouro;

 Borracha: a fabricação da borracha produz o negro de fumo, que causa efeitos nocivos ao pulmão.

3.1.3.3. Particulados líquidos

a) Névoas: são partículas líquidas (gotículas), resultantes da condensação de vapores de substâncias


que são líquidas à temperatura ambiente. Ex: névoas de tintas na operação de pintura com pistola e as
névoas de agrotóxicos, nas suas distintas formas de aplicação.

b) Neblinas: são formadas pela condensação de vapores de substâncias líquidas que volatilizam.

Outra classificação bastante utilizada é dada pela DL50, que é a dose letal do agente tóxico
(em mg do agente/kg de peso do organismo teste) que causa efeito tóxico a 50% dos organismos em
teste, apresentada a seguir:
Extremamente tóxico DL50 ≤ 1 mg/kg
Altamente tóxicos 1 mg/kg < DL50 ≤50 mg/kg
Moderadamente tóxico 50 mg/kg < DL50 ≤500 mg/kg
Levemente tóxico 0,5 g/kg < DL50 ≤ 5 g/kg
Praticamente não tóxico 5 g/kg < DL50 ≤ 15 g/kg
Relativamente inócuos DL50 > 15 g/kg
3.1.4. Tipos de interações entre agentes químicos

As interações geralmente ocorrem quando o homem está exposto a dois ou mais agentes
químicos, resultando em alterações da toxicocinética e da toxicodinâmica que lhes são características.

A. Ação independente: quando os agentes tóxicos têm distintas ações e produzem diferentes efeitos;

B. Efeito aditivo: ocorre quando a magnitude do efeito produzido por dois ou mais agentes tóxicos são
quantitativamente igual à soma dos efeitos produzidos individualmente.

C. Sinergismo: ocorre quando o efeito a dois ou mais agentes tóxicos se produz de forma combinada
e é maior que o efeito aditivo.

D. potenciação: ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito aumentado por agir simultaneamente
com um agente não tóxico.

E. Antagonismo: ocorre quando o efeito produzido por dois agentes tóxicos é menor que o efeito
aditivo, um reduzindo o efeito do outro.

Nas exposições ocupacionais a vários agentes químicos, as reações adversas produzidas no


organismo são múltiplas, pois os mecanismos de ação são inúmeros. Os mecanismos envolvidos nos
processos de interação agente tóxico-sistema biológico não são inteiramente conhecidos; entretanto, a
intensidade da ação tóxica depende, entre outros fatores, da concentração do agente no local da ação,
da reatividade do agente para com o organismo e da suscetibilidade orgânica aos efeitos adversos.

3.1.5. Vias de penetração

As substâncias químicas podem ser absorvidas pelo organismo humano pela pele, pelo nariz
e pela boca.

A. Via dérmica: a via dérmica (pele) é a mais importante para as exposições a agrotóxicos,
representando cerca de 99% do total absorvido. Tem-se que ressaltar que no corpo humano o tecido
dermal não é homogêneo, as mucosas (olhos, boca, narinas, ânus e genitálias), por exemplo, são bem
mais absorventes que as demais áreas.

B. Via respiratória: a via respiratória (nariz) é a principal preocupação da grande maioria dos casos de
exposição química industrial.
C. Via oral: a via oral (boca) é decorrente de ingestões acidentais ou suicidas e, principalmente, de
atos não recomendáveis, como fumar ou se alimentar durante o trabalho sem uma higienização de
segurança.

3.1.6. Efeitos dos agentes químicos

O agente químico age de forma insidiosa sobre o organismo, acumulando-se e produzindo


efeitos de médio e longo prazo. A observação dos efeitos dos agentes químicos sobre a saúde
humana e sobre o meio ambiente se reveste de uma alta complexidade científica, e requer, na maioria
das vezes que se disponha de clínicas e laboratórios de alta complexidade, nem sempre disponível nos
países em desenvolvimento.

Tipos de efeitos tóxicos:

A. Teratogênicos: produzem más formações congênitas – gases anestésicos, compostos orgânicos


de mercúrio, radiações ionizantes, talidomida.

B. Mutagênicos: causam alterações (mutações) no código genético, alterando o DNA – óxido de


etileno, radiações ionizantes, peróxido de hidrogênio, benzeno e hidrazina.

C. Carcinogênicos: provocam câncer – dibrometo de etileno, sulfato de metila, cloreto de vinila,


dioxinas e furanos.

O efeito tóxico de uma substância pode afetar diversos órgãos internos do ser humano,
agindo nas formas descritas abaixo:
 Toxicidade hepática – o fígado é sensível ao agente tóxico por dois motivos fundamentais. Em
primeiro lugar, os agentes tóxicos quando absorvidos por via oral passam obrigatoriamente pelo
fígado antes de chegar à circulação geral. Por outro lado por ser o lugar principal do metabolismo,
pode originar produtos intermediários mais reativos e capazes de lesioná-lo;
 Toxicidade renal – o rim é menos afetado pelos efeitos tóxicos dessas substâncias, já que estes
são excretados normalmente na forma de metabólicos inativos. Contanto, existem substâncias
químicas nefrotóxicas;
 Toxicidade neurológica: muitas substâncias que são tóxicas em outras partes do organismo
também podem afetar o SNC.

O tempo entre a exposição a um determinado agente químico e a manifestação de uma


enfermidade em decorrência dessa exposição pode levar alguns minutos ou mais de 30 anos. Essa e
outras características dos agentes químicos dificultam sobremaneira o diagnóstico do nexo causal de
uma enfermidade ocupacional decorrente da exposição química.

Segundo Lauwerys os agentes químicos atuam no organismo através de quatro fases, que
ocorrem até o aparecimento de um caso de intoxicação, as quais são:
 Fase de exposição: é representada pelo período em que o indivíduo fica exposto aos diversos
componentes ambientais (ar, solo, água e alimentos), pelas diversas vias possíveis de
absorção;
 Fase toxicocinética: compreende a absorção da substância química através das diversas vias,
sua distribuição, transformação, acumulação e eliminação pelo organismo;
 Fase toxicodinâmica: é a fase correspondente à interação da substância química com
moléculas específicas, podendo causar desde leves desequilíbrios até a morte. Esta fase é
essencial ao processo de intoxicação, onde ocorre o aparecimento do efeito no organismo;
 Fase clínica: sendo caracterizada pela exteriorização dos efeitos do agente tóxico, ou seja, o
aparecimento de sinais e sintomas da intoxicação.

Os efeitos sobre a saúde humana dos principais agentes químicos estão relacionadas no
quadro a seguir:
AGENTE QUÍMICO EFEITOS SOBRE A SAÚDE
A intoxicação aguda compromete o SNC, podendo levar ao coma e
Arsênio à morte. O envenenamento crônico caracteriza-se por fraqueza
muscular, perda do apetite e náuseas.
Cádmio Provoca desordens gastrintestinais graves, bronquite, enfisema,
anemia e cálculo renal.
Chumbo Provoca cansaço, ligeiros transtornos abdominais, irritabilidade e
anemia.
Cianetos Pode ser fatal em altas doses.
Baixas doses causam irritação nas mucosas gastrintestinais, úlcera
INORGÃNICOS Cromo e inflamação da pele. Altas doses provocam doenças no fígado e
nos rins, podendo ser fatal.
Fluoretos Altas doses provocam doenças como a fluorose dental, alterações
ósseas, inflamação no estômago e intestinos.
Os principais efeitos da intoxicação por mercúrio são transtornos
Mercúrio neurológicos e renais. Também causa efeitos tóxicos nas glândulas
sexuais e possui efeitos mutagênicos.
Nitratos Em crianças, provocam deficiência de hemoglobina no sangue,
podendo ser fatal.
Prata Provoca descoloração da pele, dos cabelos e das unhas.
A exposição aguda provoca depressão do SNC. Existem
Benzeno evidências de anemia e leucopenia por exposição crônica ao
ORGÃNICOS benzeno.
Provoca vômitos e convulsões. Foram reportados efeitos
Clordano teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos em ratos de
laboratório.
Fonte: FONSECA, J. A. C. da (2003).
3.2. AGENTES FÍSICOS DE RISCO

São os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas do
meio ambiente. Por exemplo, a existência de um tear numa tecelagem introduz no ambiente um risco
físico, já que tal máquina gera ruídos, isto é, ondas sonoras que irão alterar a pressão acústica que
incide sobre os ouvidos dos operários.

Os riscos físicos se caracterizam por:


a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade;
b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco;
c) Em geral, ocasionarem lesões crônicas, mediatas.

Alguns exemplos de agentes físicos: ruído, iluminação, vibrações, calor, radiações ionizantes (raios-X)
ou não ionizantes (radiação ultravioleta), pressões anormais, etc.

Os agentes físicos estão contemplados na NR-15, que trata de atividades e operações


insalubres. Esses agentes são: temperaturas extremas (frio e calor), pressões anormais, radiações
ionizantes e não ionizantes, vibrações e iluminação, entre outros.

3.2.1. Temperaturas extremas:

A. Frio

Um ambiente é considerado frio quando as temperaturas são inferiores àquelas que o corpo
humano está acostumado a sentir quando em condições de conforto em seu ambiente de trabalho, ou
seja, a sensação de frio varia de organismo para organismo.

Cabe salientar que a falta de limites de tolerância não significa que qualquer exposição seja insalubre.
A intensidade do agente e o tempo de exposição devem ser levados em conta no momento da
avaliação.

O agente físico frio (NR-15, anexo 9), é avaliado por critério qualitativo e envolve as
atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas ou em locais que apresentem
condições similares, que exponham o trabalhador ao frio, em temperaturas que chegam a 25 graus
negativos.

O frio pode causar danos locais nos tecidos bem como inúmeras doenças, como:
congelamento, hipotermia, urticária, irritação cutânea, entre outras.
B. Calor

A transmissão de calor entre o corpo e o ambiente engloba os seguintes processos:


 Condução - pelo contato direto entre os corpos;
 Radiação – é a transmissão do calor por meio de ondas. O calor do sol é transmitido por esse
processo;
 Convecção – é a transmissão do calor por meio de correntes circulatórias originadas na fonte. É a
forma característica de transmissão de calor nos líquidos e gases.

Para que se efetue a transferência total do calor do corpo, o calor metabólico deverá se
encontrar balanceado com o ambiente, por meio dos processos de convecção, radiação e evaporação.
Na evaporação o ser humano tem a capacidade de transpirar como meio de resfriar o seu corpo. A
transpiração aumenta à medida que o corpo necessita aumentar o resfriamento para remover o calor.

Para a avaliação da exposição ao calor existem vários índices, sendo que o índice adotado
deve levar em conta os fatores ambientais, o metabolismo e o tempo de exposição.

A NR-15, anexo 3, diz que a exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice de Bulbo
Úmido-Termômetro de Globo – IBUTG. Ela também prevê limites de tolerância para exposição ao calor
em regime de trabalho intermitente com período de descanso no próprio local de trabalho ou fora dele.
Cabe ressaltar que esses períodos de descanso são considerados tempo de serviço para todos os
efeitos legais. Outro aspecto a ser considerado é que as medições devem ser realizadas no período
mais desfavorável do ciclo de trabalho e no período de 60 minutos (alternância trabalho/descanso).

Os efeitos de elevadas temperaturas e do calor ambiental sobre o ser humano são


relacionados a doenças devido ao calor e a queimaduras de pele.

C. Ruído

É denominado ruído todo tipo de som desagradável para as pessoas que a ele são expostos.
Constituem-se numa mistura de sons cujas freqüências não seguem nenhuma lei definida.

Existem duas análises para se classificar o tipo de ruído a que um trabalhador está exposto:
ruído contínuo ou intermitente e ruído de impacto. A NR-15 define como ruído de impacto aquele que
apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um
segundo. Já ruído contínuo ou intermitente é o contrário, ou seja, quando ocorrem impactos
simultâneos em número superior a sessenta por minuto esse ruído é contínuo. É o caso de várias
prensas funcionando simultaneamente.

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente, segundo a NR-15, devem ser medidos em


decibéis (dB), por medidor de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e
circuito de resposta lenta (SLOW). As medidas devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

Analisando o quadro dos limites de tolerância da NR-15, observa-se que para cada nível de
ruído há um tempo máximo de exposição diária permitida sem o uso de Equipamento de proteção
Individual (EPI), protetor auricular. Segundo esse quadro, a exposição máxima diária permissível para 8
horas de trabalho é de 85 dB (A), e não é permitida uma exposição a níveis de ruído acima de 115 dB
(A), fato que ofereceria risco grave e iminente. Como um protetor auricular atenua, em média, 20 dB
(A), uma exposição de 8 horas acima de 115 dB (A), mesmo com protetor auricular não protege
adequadamente o trabalhador, cabendo à DRT o embargo ou interdição do estabelecimento até
regularização desta situação.

Os níveis de ruído de impacto devem ser medidos em decibéis (dB), com medidor de nível de
pressão sonora operando no circuito linear com circuito de resposta para impacto. O limite de tolerância
para ruído de impacto é de 130 dB (LINEAR). Em caso de não se dispor de medidor com resposta para
impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação “C”.
Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB (C).

As atividades que exponham os trabalhadores sem proteção adequada, a níveis de ruído de


impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a
130 dB (C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.

D. Pressões anormais

Pressões anormais são aquelas diferentes das existentes ao nível do mar. A pressão abaixo
do nível do mar, dependendo da densidade da água, aumenta aproximadamente 1 atm. a cada 32 a 33
pés, respectivamente 9,60 a 9,90 m.

O corpo humano pode tolerar mudanças de pressão dentro de uma faixa limitada. A lei de
Dalton, ou das pressões parciais, estabelece que a pressão parcial de qualquer gás em uma mistura é
igual ao produto da pressão total multiplicado pela percentagem do gás na mistura, ou seja:
P = Ptotal x % gás

Onde:

P = pressão parcial

Ptotal = pressão total

% = porcentagem norma do oxigênio, em torno de 21%.

Os ambientes de trabalho sob altas pressões são os trabalhos sob ar comprimido e os


trabalhos submersos, nas atividades de construção submarina e processos de mergulho.

As baixas pressões são encontradas em ambientes que possuem pressão menor que a
existente ao nível do mar. A pressão parcial do oxigênio afeta a capacidade do sangue de transportá-lo
através do corpo. Essa diminuição do transporte de oxigênio afeta o metabolismo das células, levando
à hipoxia. Um dos primeiros efeitos a serem percebidos é a perda da visão noturna, começando sua
manifestação a partir de 1800 m de altitude. Acima desta começa a perda parcial de memória,
julgamento e coordenação, euforia, síncope e morte.

E. Radiações Ionizantes

A radiação ionizante é uma radiação eletromagnética ou particulada capaz de produzir íons


quando interatua com átomos e moléculas. Os principais tipos de radiação ionizante são os raios X,
raios gama, partículas alfa, beta e nêutrons, entre outros.

As fontes de radiação ionizante são divididas em dois tipos:

 Radiação natural – é encontrada em terrenos que emitem radiações gama e cósmica;

 Radiação artificial – é encontrada em aparelhos de televisão, monitores de computador, diais


luminosos de relógio e sinais luminosos. Fazem parte desse grupo os raios X, gama e beta, que
são usados para diagnósticos de doenças.

A avaliação da exposição a radiações ionizantes, para efeitos de insalubridade, deve


obedecer aos limites de tolerância estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Todavia o MTE, através da portaria 3.39/87, passou a considerar como perigosas todas as atividades
envolvendo radiações ionizantes, independentes de limites de exposição. Por exemplo, um empregado
que opera raios-X, cuja exposição à radiação é inferior ao limite de exposição, não terá direito ao
adicional de insalubridade. Todavia, terá direito ao adicional de periculosidade. Se o agente gerar
direito aos dois adicionais, o trabalhador deverá optar por um deles, não podendo acumulá-los,
segundo o art. 193, § 2º da CLT.

F. Radiações Não Ionizantes

São as derivadas do espectro magnético, que é a distribuição das radiações


eletromagnéticas em função do comprimento e longitude de onda. Divide-se em:

 Radiações não ionizantes naturais, como o fogo e o sol;

 Radiações não ionizantes artificiais, encontradas nos aparelhos de microondas, de raios laser, etc.

A caracterização da insalubridade será por inspeção realizada no local de trabalho, por


critérios qualitativos, levando-se em conta o tempo de exposição, a distância do trabalhador à fonte e o
tipo de proteção usada.

G. Vibrações

As vibrações oriundas de máquinas ou equipamentos possuem como meio gerar choque, e a


maioria induzem esses fenômenos como subprodutos indesejados. Existem basicamente 3 tipos de
exposição a vibrações pelo corpo humano:

 Vibração transmitida simultaneamente para todo o corpo, vindo da superfície. Ex: alta intensidade
sonora no ar ou água excita vibrações do corpo;

 Vibrações transmitidas para o corpo como um todo, através da superfície dos pés, na vertical ou
pela bacia (sentado). Ex: vibrações causadas por veículos, construções e nas proximidades de
máquinas de trabalho;

 Vibrações aplicadas em partes particulares do corpo, tais como cabeça, e membros.

Existem várias práticas para controlar as vibrações. Um exemplo comum é o balanceamento


e isolamento das partes em contato com o solo. Mas o isolamento das vibrações e dos choques não é
a maneira mais segura de isolar ou eliminar o risco. É necessário fazer também uma análise qualitativa
do funcionário ou operador do equipamento para saber em que condições ambientais as vibrações
estão interferindo no trabalho e no bom andamento do serviço.
H. Iluminação

O agente físico iluminação foi incluído nas atividades e operações insalubres pela portaria
3.214/78 do MTE como anexo 4, da NR-15, fixando níveis mínimos de iluminamento por tipo de
atividade. Embora a deficiência de iluminação possa provocar fadiga visual, redução na velocidade de
percepção de detalhes, riscos de acidentes e até a doença conhecida como Nistagmo dos mineiros,
em nenhum país ela é incluída como agente de higiene do trabalho, sendo tratada como agente
ergonômico. Assim sendo, o MTE revogou esse anexo, descaracterizando a insalubridade por
iluminação.

A portaria 3.571/90 passou a adotar os níveis mínimos da NBR-5413, e a empresa deve se


adequar os níveis de iluminamento ao tipo de atividade, sob pena de ser multada pelo MTE, porém, a
atividade do trabalhador não será considerada insalubre.

3.3. AGENTES BIOLÓGICOS DE RISCO

Os agentes biológicos de risco de acidentes ou doenças do trabalho são introduzidos nos


processos de trabalho pela utilização de seres vivos (em geral, microorganismos) como parte
integrante do processo produtivo, tais como vírus, bactérias, fungos, bacilos e parasitas,
potencialmente nocivos ao ser humano. Tal risco pode ser decorrente de deficiências de higienização
do ambiente de trabalho, podendo viabilizar a presença de animais transmissores de doenças (ratos e
mosquitos) ou de animais peçonhentos (como cobras) nos locais de trabalho.

Para que possamos controlar esses agentes biológicos, precisamos conhecer um pouco
sobre o comportamento dos microorganismos.

Os microorganismos são organismos vivos, unicelulares, com estrutura celular incompleta, ou


multicelulares.

A maioria se alimenta de matéria orgânica e têm rápida velocidade de multiplicação em


condições de temperatura e meio ambiente (umidade e alimento). A temperatura em que os
microorganismos atingem o máximo de seu desenvolvimento é de cerca de 37ºC.

A. Vírus

São os seres "vivos" mais rudimentares. Não são constituídos por células com atividade
biológica própria, mas por uma espécie de capa protéica que encerra um fragmento de material
genético (DNA). No material genético encontram-se instruções para a replicação do vírus que, no
entanto, não possui as estruturas necessárias para se reproduzir.

Para tal, utiliza as nossas células, invadindo-as e destruindo-as; daí resulta a doença. Os
vírus podem provocar doenças ligeiras (gripe) ou muito graves (SIDA).

A infecção viral geralmente causa profundas alterações no metabolismo celular, podendo


levar à morte das células afetadas. Os vírus causam doenças em plantas e animais (incluindo o
homem).

Fora da célula hospedeira, os vírus não manifestam nenhuma atividade vital e se houver
alguma célula compatível à sua disposição, um único vírus é capaz de originar, em cerca de 20
minutos, centenas de novos vírus.

Até o momento, poucas drogas se mostraram eficazes em destruir os vírus sem causar sérios
efeitos colaterais. A melhor maneira de combater as doenças virais é através de vacinas.

B. Bactérias

As bactérias são microrganismos unicelulares, assexuadas e se multiplicam por bipartição.


Abundantes no ar, no solo e na água, a maior parte das bactérias é inócua para o homem, tanto que
algumas espécies estão normalmente presentes na pele e no interior do intestino, sem causarem
doença.

Pelo contrário, em especial as bactérias do intestino, são úteis, na medida em que produzem
algumas vitaminas e, com a sua presença, protegem o organismo da invasão de bactérias nocivas ou
patogênicas. As bactérias patogênicas são responsáveis pela maior parte das doenças infecciosas que
nos afetam.

As bactérias foram descobertas no século XVII, após a invenção do microscópio, mas só no


século XIX, graças ao químico francês Louis Pasteur, se conseguiu concluir que são causadoras de
muitas doenças.

O que ainda não se conseguiu estabelecer com segurança é a razão pela qual certos
indivíduos adoecem, enquanto que outros permanecem saudáveis, tendo estado expostos às mesmas
fontes de infecção. As bactérias produzem toxinas prejudiciais às células humanas.
A doença surge quando estas toxinas estão presentes em quantidade suficiente e o indivíduo
afetado não está imunizado. Entre as muitas doenças provocadas por bactérias incluem-se a
pneumonia, a amidalite, a meningite, a tuberculose, o tétano e a disenteria.

As bactérias podem:
 Fixar o nitrogênio atmosférico no solo (pseudomonas solanacearum);
 Causar deterioração dos alimentos, como as salmonelas;
 Causar a morte, como os pneumococos que causam a pneumonia e são uma das principais
causas de mortalidade infantil.

C. Bacilo

É a designação comum às bactérias do gênero Bacillus, que possuem forma de bastonetes,


sendo em geral patogênicas para os seres humanos e mamíferos, como é o caso do Bacillus anthracis,
causador do antraz. O Bacillus cereus causa gastroenterites e outras infecções.

D. Fungos

Os fungos podem infectar o organismo de diversas formas. As infecções podem ser ligeiras e
passarem despercebidas, ou graves e por vezes mortais. Alguns fungos estão constantemente
presentes, sem gerarem doença, em zonas do organismo como a boca, a pele, o intestino e a vagina.

A presença da flora bacteriana normal e as defesas imunitárias do organismo impedem-nos


de se disseminarem. As micoses mais graves desenvolvem-se nos indivíduos submetidos a
terapêuticas antibióticas de longo prazo (que alteram o equilíbrio entre fungos e bactérias) e nas que
tomam corticosteróides ou imunossupressores (que deprimem as defesas naturais).

As micoses graves manifestam-se frequentemente nos doentes com SIDA, ou que


apresentam defesas imunitárias comprometidas. Nestes casos, os fungos podem atacar os órgãos
internos, difundir-se ao sangue e tornar-se mortais.

As micoses mais comuns são as superficiais, que afetam a pele, os pêlos, o cabelo, as
unhas, os órgãos genitais e a mucosa oral. A Candidíase é provocada pela Candida albicans e afeta
principalmente os órgãos genitais e a boca.
E. Parasitas

Parasitas são organismos que vivem em associação com outros aos quais retiram os meios
para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido
por parasitismo.

Todas as doenças infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por
seres considerados, em última análise, parasitas.

O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afetar as funções vitais,
como é o caso dos piolhos, até poder causar a sua morte, como é o caso de muitos vírus e bactérias
patogênicas.
Os parasitas podem classificar-se segundo a parte do corpo do hospedeiro que atacam:
 Ectoparasitas atacam a parte exterior do corpo do hospedeiro; e
 Endoparasitas vivem no interior do corpo do hospedeiro.

As adaptações ao parasitismo são assombrosas - desde a transformação das peças bucais


dos mosquitos num aparelho de sucção, até à redução ou mesmo desaparecimento de praticamente
todos os órgãos, com exceção dos órgãos da alimentação e os reprodutores, como acontece com as
tênias e lombrigas.

3.4. AGENTES ERGONÔMICOS DE RISCO

São os riscos introduzidos no processo de trabalho por agentes (máquinas, métodos, etc)
inadequados às limitações dos seus usuários. Por exemplo, a realização da atividade de levantamento
manual de cargas com as costas curvadas pode vir a provocar problemas lombares.

Os riscos ergonômicos se caracterizam por terem uma ação em pontos específicos do


ambiente, e por atuarem apenas sobre as pessoas que se encontram utilizando o agente gerador do
risco (isto é, exercendo a atividade). Em geral, os riscos ergonômicos provocam lesões crônicas, que
podem ser de natureza psicofisiológica.

Alguns exemplos de riscos ergonômicos: postura viciosa de trabalho, provocada por


equipamento projetado sem levar em conta os dados antropométricos da população usuária;
dimensionamento e arranjo inadequado das estações de trabalho, provocando uma movimentação
corpórea excessiva; conteúdo mental do trabalho inadequado às características do trabalhador, seja
por gerar sobrecarga (stress), seja por ser desprovido de conteúdo (monotonia), etc.
Cabe ressaltar que a evolução tecnológica recente tem ampliado os raios de alcance dos
riscos gerados nos ambientes industriais, quer seja pelo intenso uso de produtos químicos, quer seja
pela integração de dos sistemas produtivos em pólos industriais, o que eleva as chances de que se
tenham interferências destrutivas de uma empresa sobre outra, podendo gerar verdadeiras catástrofes,
como as de Bophal e Chernobyl.

3.5. AGENTES MECÂNICOS DE RISCO DE ACIDENTES

São os riscos gerados pelos agentes que demandam o contato físico direto com a vítima para
manifestar a sua nocividade. Por exemplo, a existência de uma lâmina de barbear sobre a mesa de
escritório (para ser usada para apontar lápis ou cortar papéis), introduz no ambiente de trabalho um
risco do tipo mecânico. Afinal, ao se utilizar tal instrumento há o risco de que o fio da lâmina entre em
contato com alguma parte do corpo (dedo, por exemplo), podendo provocar cortes.

Os riscos mecânicos se caracterizam por:


a) Atuarem em pontos específicos do ambiente de trabalho;
b) Geralmente atuarem sobre usuários diretos do agente gerador do risco;
c) Geralmente ocasionarem lesões agudas e imediatas.

Exemplos de agentes geradores de riscos mecânicos são os seguintes: materiais aquecidos,


materiais perfuro-cortantes, partes móveis de máquinas ou materiais em movimento, materiais ou
instalações energizadas, etc.

São também considerados como riscos mecânicos os provocados, por exemplo, por buracos
no piso. A rigor, o contato com este agente não provoca nenhuma lesão. Como, no entanto, ele pode
provocar uma queda (esta sim geradora de lesão), as irregularidades no piso e os obstáculos nas vias
de circulação são considerados como geradores de riscos mecânicos.

3.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADISSI, P. J. Riscos Químicos. In: Apostila da disciplina riscos químicos do Curso de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho. FUNATEC - RO. Porto Velho, 2001.
DIAS, E. P. F. Toxicologia. In: Apostila da disciplina riscos químicos do Curso de Especialização em Engenharia
de Segurança do Trabalho. DEP/PPGEP/UFPB. João Pessoa, 2003.
FONSECA, J. A. C. da. Riscos Químicos. In: Apostila da disciplina riscos químicos do Curso de Especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho. DEP/PPGEP/UFPB. João Pessoa, 2003.
MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do trabalho. 56 ed. São Paulo, 2005.
CAPÍTULO 4

METODOLOGIA DA AÇÃO PREVENCIONISTA

4. Introdução

A ação prevencionista segue a chamada “metodologia de resolução de problemas”


(levantamento de informações, análise do problema, geração de soluções alternativas, avaliação das
mesmas e implantação da solução escolhida), apresentada na disciplina “Engenharia de métodos”.
1) levantamento de informações;
2) análise do problema;
3) geração de soluções alternativas;
4) avaliação das mesmas e,
5) implantação da solução escolhida)

4.1. Métodos de Levantamentos de Informações

Várias são as formas de se fazer o levantamento de informações, mas elas podem ser
agrupadas em dois grandes grupos: os métodos retrospectivos e os métodos prospectivos.

O primeiro grupo é composto pelos métodos em que o ponto de partida são os fatos já ocorridos,
os quais têm os seus processos analisados, de forma a identificar as causas. A ferramenta básica,
aqui, é a análise de acidentes, feita em coerência com a concepção de acidente adotado:

- Levantamento de informações através da busca de atos e condições inseguras presentes na gênese


dos acidentes já ocorridos;

- Montagem das “árvores de Falhas” presentes em cada acidente analisado.

Já o conjunto dos métodos prospectivos tem como ferramenta básica a inspeção de


segurança, já que o seu ponto de partida é a situação atual, onde se procura perceber/antever que
riscos existem nos locais analisados.
A opção pelo grupo prospectivo ou pelo retrospectivo como meio de elaboração do plano de
trabalho, depende:

a) da existência ou não de um sistema de registro de acidentes na empresa: se não houver registro,


ou se ele não for confiável, os métodos prospectivos devem ser preferidos;

b) do uso de novas tecnologias na empresa: afinal, como existem riscos que demandam tempo para
se manifestarem, o fato da empresa usar métodos/técnicas/equipamentos novos deve apontar no
sentido de usar prospectivos;

c) da gravidade da situação: se na empresa existem riscos sérios e evidentes, o principal é dar logo
início à intervenção concreta, e os métodos retrospectivos são os mais indicados.

De uma forma geral, recomenda-se que seja feita uma combinação de métodos, incorporando
no planejamento não só a realização de inspeções periódicas como a análise, sistemática e
documentada, de todos os acidentes.

4.2. Critérios de Análise

Nesta fase do estudo, faz-se necessário ter alguns elementos que permitam a comparação
entre os fatos díspares, ocorridos em diferentes locais. Os quatro itens mais freqüentemente utilizados
são: freqüência, gravidade, custo e extensão do acidente.

No primeiro caso, a idéia é priorizar os locais onde os acidentes ocorrem com maior freqüência,
a qual pode ser medida em termos absolutos (ou seja, em termos do número de casos registrados) ou
em termos relativos (ponderando a freqüência pelo tempo de exposição ao risco).

Um índice bastante utilizado é a “taxa de freqüência de acidentes” (FA), definida como sendo:

FA= (N * 1.000.000)/ HH
Onde:
N= número de acidentes ocorridos no período analisado;
HH= número de homens-hora de exposição ao risco.
A idéia de se fazer a comparação através da gravidade, decorre do fato de que nem todos os
casos são igualmente danosos. Existem, por exemplo, acidentes que são fatais, ao lado de outros que
geram apenas lesões superficiais, rapidamente superáveis: segundo a ótica da freqüência pura e
simples, ambos os casos seriam idênticos, o que é uma simplificação exagerada.
Uma alternativa são os índices de morbi-mortalidade, sendo os usuais a “taxa de gravidade”
(G) e “índice de avaliação de gravidade”.
G= (DP * 1.000.000)/ HH
IAG= DP/N
Onde DP significa o número de dias perdidos em função dos acidentes registrados, que é igual a soma
dos dias de afastamento dos acidentados temporariamente incapacitados com os dias debitados em
função de incapacidades permanentes. A tabela dos dias debitados consta em anexo da NR-5, portaria
3.214/78 do MTE.
Outra forma de encarar a gravidade é sob o prisma do impacto para a empresa, medido
através do custo dos acidentes.
Nesta perspectiva, as seções mais capital-intensivas, por terem maiores parcelas de capital
nas mãos de poucas pessoas, tendem a apresentarem maiores custos de acidentes. Provavelmente,
aqui reside a explicação para se verificar menores taxas de acidentes nestes setores do que nos
artesanais, mão-de-obra intensivas, tais como a construção civil e/ou a extração de madeira, p.ex.
Uma outra opção de análise é a de se medir a extensão, ou seja, o alcance de cada risco,
verificando a população a ele exposta, o que seria utilizado como um padrão rudimentar de
comparação.
Adicionalmente, cabe registrar que há a possibilidade de se adotar mais um tipo de critério, o
da competência técnica. Afinal, todos os profissionais têm uma limitação de arsenal técnico que os
torna mais aptos a enfrentarem alguns problemas do que outros, para os quais seria necessária a
colaboração de algum especialista externo.

4.2.1. Métodos de Análise de Riscos


4.2.1.1. Série de Riscos

A determinação exata de qual foi o risco diretamente responsável por um acidente não é
matéria tão simples quanto parece. Portanto, esse assunto será introduzido através de um exemplo
prático.

Exemplo: Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, feito de aço carbono desprotegido. A
umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do metal, que debilitado irá romper-se e
fragmentar-se. Os fragmentos irão atingir e lesionar o pessoal e danificar equipamentos vizinhos. Qual
dos riscos – a umidade, a corrosão, a debilitação do material, ou a pressão – causou a falha? Nesta
série de riscos, a umidade desencadeou o processo de degradação que resultou na ruptura do tanque.
Se o tanque fosse de aço inoxidável, não teria havido corrosão.
A ruptura do tanque, causadora de lesões e outros danos, pode ser considerada como o risco
principal. A umidade iniciou a série de riscos e pode ser chamada de risco inicial; a corrosão, a perda
de resistência e a pressão interna são chamados de riscos contribuintes. O risco principal é muitas
vezes denominado catástrofe, evento catastrófico, evento crítico, risco crítico ou falha singular.
Riscos Contribuintes

Pressão de Operação

Risco Malha metálica


Principal envolvendo tanque
Risco Inicial Reduzir à medida que
tanque envelhece

Metal Ruptura Fragmentos


Umidade corrosão AND
debilitado tanque projetados

Equipamento OR
Uso de secantes Danificado
Superdimensionar
espessura
Pessoal
Uso aço inox ou Lesado
carbono revestido
Eventos catastróficos
Localizar tanque
afastado equip.
Manter pessoal
afastado tanque

 Análise Preliminar de Riscos (APR): A APR consiste no estudo, durante a fase de concepção ou
desenvolvimento inicial de um novo sistema, com o fim de se determinar os riscos que poderão
estar presentes na fase operacional do mesmo. Ex: Conta a mitologia grega que o Rei Minos, de
Creta, mandou aprisionar Dédalos e seu filho, Ícaro. Com o objetivo de escapar, Dédalo idealizou
fabricar asas com penas, linho e cera de abelhas. Antes de voar, Dédalos advertiu seu filho: se
voasse muito baixo, as ondas molhariam suas penas, se muito alto, o sol derreteria a cera. Essa
advertência, uma das primeiras análises de risco que poderíamos citar, define o que hoje
chamaríamos APR.

Categorias ou Classes de Risco da APR:


I. Desprezível – A falha não irá resultar numa degradação maior do sistema, nem irá produzir
danos funcionais ou lesões, ou contribuir com um risco ao sistema;
II. Marginal (ou Limítrofe) – A falha irá degradar o sistema numa certa extensão, porém sem
envolver danos maiores ou lesões, podendo ser compensada adequadamente;
III. Crítica – A falha irá degradas o sistema causado lesões, danos substanciais, ou risco
inaceitável, necessitando ações corretivas imediatas;
IV. Catastrófica – A falha irá produzir severa degradação do sistema, resultando em perda total,
lesões.
Identificação: Sistema de Vôo Dédalo

Medidas Preventivas ou
Risco Causa Efeito Cat. Risco
Corretivas
Radiação Voar muito alto Calor pode derreter Prover advertência contra
Térmica cera de abelhas vôo muito alto
do sol IV

Umidade Voar muito perto Absorver umidade; aumento Advertir aeronauta para
da água peso e queda voar a meia altura
IV

Exercícios propostos:
1. Construa um fluxograma que represente uma Série de Riscos para as seguintes situações:
a) um trabalhador desloca-se sobre uma plataforma de um edifício em construção, executando a
fachada, escorrega e cai no vazio. O trabalhador sofre fraturas múltiplas;
b) os vasos cerâmicos destinados à queima são carregados em vagonetes que atravessam um túnel
aquecido. As vagonetes são transportadas ao local de descarga por um dispositivo de tracionamento
inteiramente automático. À saída do túnel, uma das vagonetes, deslizando com dificuldade, começou a
descarrilar. O supervisor da operação tentou recolocá-la nos trilhos com o auxílio de uma barra de
metal. Seu pé escorregou ao apoiar-se e, como usava sapatos leves, teve a unha do grande artelho
arrancada.
2. Efetue a APR dos casos colocados anteriormente através do preenchimento do quadro seguinte:
ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS
RISCO CAUSA EFEITO CAT. RISCO MEDIDAS
PREV/CORRET
a)
b)
 Análise de árvore de falhas (AAF): consiste num modelo gráfico que representa as várias
combinações de falhas de equipamentos e erros humanos que podem resultar em um acidente. A
construção da árvore parte do evento topo (acidente) e, através de ramificações ligadas por chaves
lógicas booleanas “e/ou”, chega-se às suas raízes (SOUZA, 2000).
Comportas Lógicas:
A
Módulo ou comporta OR (OU).
A
Módulo ou comporta AND (E). output ou saída A existe se
output ou saída A só existe se todas qualquer combinação de
as entradas B1,...Bn existirem B1, ...,Bn existir.
simultaneamente.

B1 B2 Bn
B1 B2 Bn

Módulo ou comporta de inibição. Identificação de evento particular. Quando


Permite aplicar uma condição ou contido numa seqüência, usualmente
G restrição à seqüência. A entrada e descreve a entrada ou saída de um
i a condição de restrição devem ser Ri módulo AND ou OR. Aplicada a um
satisfeitas para que se gere a módulo indica uma condição limitante ou
saída. restrição que deve ser satisfeita.
Um evento, usualmente um mal
Um evento que normalmente se
funcionamento, descrito em termos
espera que ocorra; usualmente
de conjuntos ou componentes
Xi um evento que ocorre sempre, a
específicos. Falha primária de um
menos que se provoque uma
ramo ou série.
falha.

Um evento “não desenvolvido”, mas


Indica ou estipula restrições. à causa de falta de informação ou
Com um módulo AND, a de conseqüência suficiente.
restrição deve ser satisfeita Xi Também pode ser usado para
Y
antes que o evento possa indicar maior investigação a ser
i
ocorrer. realizada, quando se puder dispor
de informação adicional.
Um símbolo de conexão a outra
parte da árvore de falhas, dentro
do mesmo ramo-mestre. Tem as Idem, mas não tem valores
mesmas funções, seqüências numéricos.
de eventos, e valores
numéricos.
Não consegui chegar a
tempo na palestra

Houve atraso no transporte Deixei o hotel atrasado

Houve atraso Demora em aprontar-se jantar prolongou-se


no trajeto
Houve
atraso na
saída
A roupa
passada O O papo
atrasou restaurante estava bom
Outros Acidente Excesso é demorado
imprevistos de trajeto de Atrasei meu
trafego cronograma
Fogo Sem Alarme

Fogo 2º piso sem alarme Fogo 2º piso sem alarme

Alarme incapaz Alarme incapaz


Fogo de responder 1º de responder 2º
Fogo

Alarme
inoperante Alarme
T Sensor do Sensor do
inoperante
1º piso 2º piso
falhou falhou

Não há T
potencia no
Alarme sistema Linha
falhou sensor
falhou

Falha *
linha
potência
Capítulo 5

INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

5.1. INTRODUÇÃO

O ser humano, em seu ambiente de trabalho, está constantemente submetido a vários tipos de
agentes de riscos de acidentes e/ou doenças. Estes riscos são classificados, segundo a legislação
trabalhista brasileira em: mecânicos ou de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
Os critérios de avaliação dos agentes físicos, segundo a Norma Regulamentadora nº 15 do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), que trata de atividades e operações insalubres, podem ser qualitativos,
com caracterização de insalubridade decorrente de inspeção realizada no local de trabalho, ou
quantitativos pela determinação da exposição e comparação com limites de tolerância estabelecidos
pela referida norma, e na ausência desses índices pela NR-15, pelos limites recomendados pela
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH).

Quanto aos Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s), a NR-06 do MTE estabelece para o
empregador a obrigatoriedade de adquirir o EPI adequado à atividade e aprovado pelo MTE, bem
como treinar o empregado sobre o uso do equipamento. Cabe salientar que EPI não elimina risco do
ambiente de trabalho, mas apenas protege o indivíduo de lesão.
Os agentes físicos são: temperaturas extremas (frio e calor), pressões anormais, radiações ionizantes e
não ionizantes, vibrações e umidade.

5.2. Agentes de Riscos Ambientais:


5.2.1. RUÍDO (Anexos 1 e 2)

É denominado ruído todo tipo de som desagradável para as pessoas que a ele são expostos.
Constituem-se numa mistura de sons cujas freqüências não seguem nenhuma lei definida.
Existem duas análises para se classificarem os tipos de ruídos a que um trabalhador está
exposto: ruído contínuo ou intermitente e ruído de impacto. A NR-15, anexo 2, define como ruído de
impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos
superiores a um segundo. Já ruído contínuo ou intermitente é o contrário, ou seja, quando ocorrem
impactos simultâneos em número superior a 60 por minuto esse ruído é contínuo. É o caso de várias
prensas funcionando simultaneamente.

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente, segundo a NR-15, anexo 1, devem ser medidos
em decibéis (dB), por medidor de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e
circuito de resposta lenta (SLOW). As medidas devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

Analisando o quadro dos limites de tolerância da NR-15, observa-se que para cada nível de
ruído há um tempo máximo de exposição diária permitida sem o uso de EPI, protetor auricular.
Segundo esse quadro, a exposição máxima diária permissível para 8 horas de trabalho é de 85 dB (A),
e não é permitida uma exposição a níveis de ruído acima de 115 dB (A), fato que ofereceria risco grave
e iminente. Como um protetor auricular atenua, em média, 20 dB (A), uma exposição de 8 horas acima
de 115 dB (A), mesmo com protetor auricular não protege adequadamente o trabalhador, cabendo à
DRT o embargo ou interdição do estabelecimento até regularização desta situação.

Os níveis de ruído de impacto devem ser medidos em decibéis (dB), com medidor de nível de
pressão sonora operando no circuito linear com circuito de resposta para impacto. O limite de tolerância
para ruído de impacto é de 130 dB (LINEAR). Em caso de não se dispor de medidor com resposta para
impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação “C”.
Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB (C).

As atividades que exponham os trabalhadores sem proteção adequada, a níveis de ruído de


impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a
130 dB (C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.

O ruído pode ser controlado de três formas: Na fonte, na trajetória (medidas no ambiente) e no
indivíduo. Deste modo, quando adotamos medidas de redução na fonte ou na trajetória, como, por
exemplo, isolando a máquina que está provocando o ruído, e os níveis desse ruído ficam abaixo de 85
dB (A), diz-se que o risco foi controlado e a insalubridade eliminada.
Não sendo possível a adoção de medidas de controle no ambiente, uma das alternativas é o uso
de EPI que seja capaz de diminuir a intensidade do ruído a níveis abaixo do limite de tolerância. Os
EPI’s indicados são os protetores auriculares, encontrados de dois tipos:
 Protetores de inserção. Ex: de espuma, de silicone, moldáveis, etc;
 Protetores circum-auriculares. Ex: concha.

5.2.2. CALOR (Anexo 3)

Para que se efetue a transferência total do calor do corpo, o calor metabólico deverá se
encontrar balanceado com o ambiente, por meio dos processos de convecção, radiação e evaporação.
Na convecção a transferência de calor é devida a movimentos do ar sobre a superfície do corpo, com
isso podendo suprir ou retirar calor deste. Na radiação o processo de transmissão de calor se dá
através de ondas eletromagnéticas, ondas de calor, podendo acrescentar ou retirar calor do corpo. Na
evaporação o ser humano tem a capacidade de transpirar como meio de resfriar o seu corpo. A
transpiração aumenta à medida que o corpo necessita aumentar o resfriamento para remover o calor.

Para a avaliação da exposição ao calor existem vários índices, como a Temperatura Efetiva,
Temperatura Efetiva Corrigida, TGU e IBUTG, sendo que o índice adotado deve levar em conta os
fatores ambientais, o metabolismo e o tempo de exposição.

A NR-15, anexo 3, diz que a exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice de Bulbo
Úmido-Termômetro de Globo – IBUTG. Ela também prevê limites de tolerância para exposição ao calor
em regime de trabalho intermitente com período de descanso no próprio local de trabalho ou fora dele.
Cabe ressaltar que esses períodos de descanso são considerados tempo de serviço para todos os
efeitos legais. O anexo 3 da NR-15 estabelece dois quadros de limites de tolerância (quadros 1 e 2). O
quadro 1 fixa o limite para descanso no próprio local de trabalho. Neste caso, deve-se medir o IBUTG,
situar a atividade (leve, moderada ou pesada) no quadro 3 e, em seguida, verificar se as condições
térmicas são compatíveis com a atividade desenvolvida.

No quadro 2, são fixados limites de tolerância para descanso num local termicamente mais
ameno onde o trabalhador deverá permanecer em repouso ou exercendo atividades leves. Neste caso,
deve-se determinar para o local de trabalho e de descanso os seguintes parâmetros: IBUTG, tempos
de exposição e estimativa de metabolismo, conforme o quadro 3 e as médias ponderadas
determinadas pelo anexo 3. Em seguida, deve-se comparar o metabolismo média ponderada com o
máximo IBUTG (média ponderada).
Outro aspecto a ser considerado é que as medições devem ser realizadas no período mais
desfavorável do ciclo de trabalho e no período de 60 minutos (alternância trabalho/descanso).

As medidas de controle desse agente devem ser aplicadas no ambiente, como a utilização de
chuveiros no teto das instalações, ou reduzindo-se o tempo de permanência do trabalhador próximo às
fontes de calor. A neutralização através de EPI’s não é possível, podendo em alguns casos até
prejudicar as trocas térmicas entre o organismo e o ambiente.

5.2.3. RADIAÇÕES IONIZANTES (Anexo 5)

A radiação ionizante é uma radiação eletromagnética ou particulada capaz de produzir íons


quando interatua com átomos e moléculas. Os principais tipos de radiação ionizante são os raios-X,
raios gama, partículas alfa, beta e nêutrons, entre outros.

A avaliação da exposição a radiações ionizantes, para efeitos de insalubridade, deve obedecer


aos limites de tolerância estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Todavia o
MTE, através da portaria 3.393/87, passou a considerar como perigosas todas as atividades
envolvendo radiações ionizantes, independentes de limites de exposição. Por exemplo, um empregado
que opera raios-X, cuja exposição à radiação é inferior ao limite de exposição, não terá direito ao
adicional de insalubridade. Todavia, terá direito ao adicional de periculosidade. Se o agente gerar
direito aos dois adicionais, o trabalhador deverá optar por um deles, não podendo acumulá-los,
segundo o art. 193, § 2º da CLT.

Para se evitar a contaminação do trabalhador, devem ser adotadas as seguintes medidas:


 Reduzir ao mínimo o tempo de permanência próximo à fonte;
 Usar blindagens adequadas para atenuar a radiação;
 Sinalizar e isolar as fontes;
 Uso de máscaras para evitar inalação de gases radioativos, luvas e roupas especiais, pois alguns
produtos podem ser absorvidos pelo organismo através da pele.

A neutralização das radiações pelo uso de EPI é muito difícil. No caso de um trabalhador receber dose
de radiação acima do limite tolerado, ele deve ser afastado daquela atividade, conforme as normas do
CNEN.
5.2.4. CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS (Anexo 6)

Os ambientes de trabalho sob altas pressões são os trabalhos sob ar comprimido e os


trabalhos submersos, nas atividades de construção submarina e processos de mergulho.

5.2.5. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES (Anexo 7)

São as derivadas do espectro magnético, que é a distribuição das radiações eletromagnéticas


em função do comprimento de onda. Divide-se em:

As radiações não ionizantes são classificadas, segundo o comprimento de onda, em:


 Micro-ondas – ondas de rádio, fornos eletrônicos, etc;
 Raios infravermelhos – luz solar, forjarias de ferro, fundições de vidro, etc;
 Raios ultravioletas – soldagem elétrica, aparelhos germicidas, etc.

A caracterização da insalubridade será por inspeção realizada no local de trabalho, por critérios
qualitativos, levando-se em conta o tempo de exposição, a distância do trabalhador à fonte e o tipo de
proteção usada.

Quanto aos EPI’s, são recomendados para proteção contra a radiação não ionizante: Luvas,
aventais, protetores faciais com lentes filtrantes, entre outros, com certificado de aprovação emitido
pelo MTE.

5.2.6. VIBRAÇÕES (Anexo 8)

As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, às


vibrações localizadas ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia
realizada no local de trabalho.

A perícia deve tomar por base os LT definidos na ISO 2631 e ISO/DIS 5349. A insalubridade,
quando constatada, será de grau médio.

5.2.7. FRIO (Anexo 9)

O agente físico frio (NR-15, anexo 9), é avaliado por critério qualitativo e envolve as atividades
ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas ou em locais que apresentem condições
similares, que exponham o trabalhador ao frio, em temperaturas que chegam a 25 graus negativos.
Cabe salientar que a falta de limites de tolerância não significa que qualquer exposição seja
insalubre. A intensidade do agente e o tempo de exposição devem ser levados em conta no momento
da avaliação. Se necessário para a boa fundamentação da caracterização da insalubridade, o avaliador
poderá recorrer aos critérios recomendados pela ACGIH.

A principal medida de controle desse agente é a redução do tempo de exposição ao frio, com
períodos de repouso adequados. O EPI recomendado como medida de proteção complementar é o uso
de vestimenta com isolamento térmico. Em muitos casos essas vestimentas prejudicam a
movimentação do trabalhador, devendo o seu uso ser analisado caso a caso.

5.2.8. UMIDADE (Anexo 10)

As atividades ou operações em áreas alagadas, encharcadas, com águas represadas, com


umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores serão consideradas
insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizado no local de trabalho.

A ACGIH e a NR-15 não estabelecem limites de tolerância para esse agente, porém a norma
brasileira inclui a umidade como insalubre no anexo 10, NR-15, estabelecendo como parâmetros para a
caracterização que o local seja encharcado ou alagado e capaz de produzir danos à saúde do
trabalhador. O referido anexo não fornece elementos técnicos para uma caracterização científica deste
dispositivo legal.

Portanto, na caracterização da insalubridade por esse agente deve-se levar em conta os


seguintes fatores:
 O local deve ter um volume de água significativo, capaz de molhar o trabalhador exposto;
 O tempo de exposição;
 Se o EPI usado é capaz de eliminar o risco.

Os EPI’s usados devem ser: botas de borracha, roupas impermeáveis, luvas cano logo, entre
outros.
5.2.9. AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É CARACTERIZADA POR LIMITE DE
TOLERÂNCIA E INPEÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO (Anexo 11)

Para que um agente químico venha a oferecer dano à saúde do trabalhador, é necessário que
a sua concentração ou intensidade no local de trabalho esteja acima do limite de tolerância e que o
tempo de exposição a esta concentração ou intensidade seja suficiente para uma atuação nociva deste
agente sobre o organismo.

Algumas substâncias químicas, altamente tóxicas, possuem valores máximos de tolerância que
não podem ser ultrapassados em momento algum durante a jornada de trabalho, em função de
acarretar lesões seríssimas no organismo do trabalhador. Essas substâncias estão relacionadas na
NR-15, anexo 11, com um valor máximo de tolerância, ou valor teto.

No quadro 1 do anexo 11 da NR-15, estão relacionados os agentes químicos e seus limites de


tolerância para absorção pela via respiratória, como asfixiantes simples, devendo-se observar que a
concentração mínima de oxigênio na presença destas substâncias deve ser de 18%. As situações nas
quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor serão consideradas de risco grave e
iminente.

5.2.10. POEIRAS MINERAIS (Anexo 12)

Os limites de tolerância (LT) para poeiras minerais estão fixados no anexo 12 da NR-15,
fixando para o asbesto (amianto), o LT para fibras respiráveis de asbesto crisólita de 2,0 f/cm³, sendo
consideradas fibras respiráveis de asbesto aquelas de diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento
superior a 5 micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3,1. Para os
asbestos do grupo anfibólio, ficou proibido qualquer forma de utilização.

Para as operações com poeiras de manganês e seus compostos, o LT é de até 5 mg/m³ no ar,
para jornada de até 8 horas por dia. Para os casos de exposição a fumos de manganês e seus
compostos o LT é de 1 mg/m³ no ar, para jornada de até 8 horas por dia.

Para Sílica Livre Cristalizada (quartzo), o anexo 12 da NR-15 traz várias fórmulas de cálculo,
de acordo com a metodologia de amostragem e pelo diâmetro das partículas de poeira de quartzo, e os
valores obtidos por estas fórmulas são válidos apenas para jornadas de trabalho de 48 horas
semanais.
Outros agentes químicos como o arsênico, o chumbo, o carvão, o cromo, o fósforo, o mercúrio,
os silicatos, têm a caracterização de sua insalubridade decorrente de inspeção realizada no local de
trabalho. E para algumas substâncias cancerígenas não se permitiu qualquer forma de exposição.

5.2.11.AGENTES QUÍMICOS (Anexo 13)

Relaciona as atividades e operações, envolvendo agentes químicos, cuja insalubridade se dá


em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho, excluindo-se as atividades e operações
com os agentes químicos dos anexos 11 e 12.
Arsênico – insalubridade de graus máximo, médio ou mínimo;
Carvão - insalubridade de graus máximo, médio ou mínimo;
Chumbo - insalubridade de graus máximo ou médio;
Cromo - insalubridade de graus máximo ou médio;
Fósforo - insalubridade de graus máximo ou médio;
Hidrocarbonetos e Outros Compostos de Carbono - insalubridade de graus máximo ou médio;
Mercúrio - insalubridade de graus máximo;
Silicatos - insalubridade de graus máximo;

SUBSTÂNCIAS CANCERÍGENAS – não são permitidas nenhuma exposição ou contato, por qualquer
via. São elas: 4-amino difenil (p-xenilamina); Produção de benzidina, Beta-naftilamina, 4-nitrodifenil e
Benzeno.
5.2.12. AGENTES BIOLÓGICOS (Anexo 14)

Relaciona as atividades e operações que envolvem agentes biológicos, cuja insalubridade é


caracterizada pela avaliação qualitativa.

A insalubridade pode ser de graus máximo, médio e mínimo.

GRAUS DE INSALUBRIDADE

Anexo Atividades ou operações que exponham o trabalhador a ... Percentual


1 Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos LT fixados no quadro constante 20%
do anexo 1 e no item 6.
2 Níveis de ruído de impacto superiores aos LT fixados nos itens 2 e 3 do anexo 2. 20%
3 Exposição ao calor com valores de I>B>U>T>G> superiores aos LT fixados nos 20%
quadros 1 e 2.
4 -
5 Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superiores aos LT fixados neste 40%
anexo.
6 Trabalho sob condições hiperbáricas. 40%
7 Radiações não-ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção 20%
realizada no local de trabalho.
8 Vibrações consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de 20%
trabalho.
9 Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20%
10 Umidade considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de 20%
trabalho.
11 Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos LT fixados no quadro 1. 10, 20, 40%
12 Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos LT fixados neste anexo. 40%
13 Atividades ou operações envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em 10, 20 e 40%
decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.
14 Agentes biológicos. 20 e 40%
Capítulo 6

MÉTODOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

6. Introdução

6.1. Três são as linhas de defesa da saúde do trabalhador


1. Eliminação do Risco;
2. Controle do Risco;
3. Proteção Individual.

6.1.1. Primeira Linha de Defesa


• Eliminação do Risco.
• Deve-se observar os seguintes princípios:
• Seleção de insumos inócuos;
• Escolher máquinas de concepção segura para compor o processo;
• Projetar instalações objetivando a ausência de riscos;
• Escolha adequada de meios de transporte considerando as especificidades dos produtos;
• Observar exigências ergonômicas para o desenho dos postos de trabalho e do ambiente coletivo;
• Arranjo físico projetado dentro dos princípios de conforto e segurança, menor distância,
integração, e obediência ao fluxo das operações e flexibilidade;
• Gerar objetos recicláveis ou não poluentes.

6.1.2. Segunda Linha de Defesa


• Controle do risco: se dá através de medidas coletivas, constituídas pelos EPC. Normalmente são
usados para corrigir os erros de concepção do sistema de produção.

6.1.3. Terceira Linha de Defesa


• Pode ser aplicada de diversas formas:
 Redução do tempo de exposição do indivíduo ao agente de risco;
 Barreiras e cremes para proteger a pele;
 Vacinação e higiene pessoal;
 Uso de EPI (respiradores, capacetes, protetores faciais);
• Considera-se EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.2. NR-6: Equipamento de Proteção Individual


 são instrumentos de uso pessoal, destinados a preservar a integridade física do empregado no
exercício de suas funções.
 Tem como função atenuar a ação dos efeitos nocivos e proteger o operário quando da ocorrência
de algum acidente.

6.2.1 Os EPI’s devem ser usados:


 Como único meio capaz de proporcionar proteção aos trabalhadores;
 Como proteção complementar;
 Em casos de emergência;
 Como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais de proteção.

6.2.2. Quanto ao Uso deve-se levar em conta:


 Aspectos Técnicos;
 Aspectos Educacionais;
 Aspectos Psicológicos.

6.2.3. Uso do EPI


• Obrigações do Empregador:
 Adquirir o EPI apropriado ao risco;
 Fornecê-lo gratuitamente;
 Treinas o trabalhador para o uso correto;
 Tornar obrigatório seu uso;
 Substituí-lo quando danificado.
• Obrigações do Empregado:
 Usar o EPI apenas para a finalidade a que se destinar.

7.2.4. Classificação dos EPI’S


• Protetores para a cabeça:
 proteção para o crânio (capacete, suspensão para capacete);
 proteção para a cabelo (touca, capuz, rede, bonés)
• Protetores visual e facial: óculos de soldagem, máscara para soldador, lentes filtrantes, protetor
facial acoplado ao capacete, óculos com lentes de cristal.
• Proteção auricular: plug de inserção e protetor auricular tipo concha;
• Proteção para as mãos: luvas de PVC, luvas de borracha para eletricistas, luvas de vaqueta.
Luvas de raspa, creme de proteção;
• Proteção para os braços e antebraços: mangote de raspas, manga de lona, cotoveleiras;
• Proteção para o tronco: aventais, blusões, batas, jaleco;
• Proteção para os membros inferiores: botas de couro e PVC, calça de lona, botas
impermeáveis;
• Proteção contra umidade: capa de chuva impermeável.
• Proteção contra queda: cinto de segurança, cinturões de segurança tipo pára-quedistas;
• Proteção especial: colete refletivo.
Capítulo 7

CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

7.1. Introdução
A Norma Regulamentadora de número 5 (NR-5) do Ministério do trabalho e Emprego
estabelece a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA em todas as empresas que
admitem trabalhadores como empregados, e é a regulamentação dos artigos 163 a 165 da
Consolidação das Leis do trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943.

7.2. Objetivo
A CIPA tem como objetivo principal, segundo a NR-5, “a prevenção de acidentes e doenças
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação
da vida e a promoção da saúde do trabalhador”.

7.3. Constituição
Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as
empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta,
instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que
admitam trabalhadores como empregados.

7.4. Organização
A CIPA deve ser composta por representantes do empregador e dos empregados de forma
paritária, segundo o quadro 1 da NR-5.
Quando o estabelecimento não se enquadrar no quadro 1 da NR-5 (até 19 empregados), a
empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos da CIPA.
Os representantes do empregador, titulares e suplentes, serão por ele designados, e os
representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão por eles eleitos, em votação secreta, da
qual participarão independente de filiação sindical, todos os empregados interessados.
EXEMPLO:
Suponha que um empresário possua um curtume e uma fábrica de artefatos de couro, cada uma com
260 funcionários. Qual o dimensionamento da CIPA das duas empresas?
SOLUÇÃO:
Para o curtume:
*Entra-se no quadro III da NR-5 (CIPA) com a atividade, no caso curtimento de couro, e encontra-se o
grupo (C-5);
*Em seguida, entra-se com o grupo no quadro I da NR-5 e encontra-se o seguinte dimensionamento:
Efetivos – 4
Suplentes – 4
*Com o mesmo procedimento, chega-se ao seguinte dimensionamento para a fábrica de artefatos:
Grupo C-5a e dimensionamento: efetivos – 2 e suplentes – 2.
______________________________________________________________________
O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma
reeleição, sendo vedada a demissão arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de
direção de CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.
O empregador deverá garantir que seus indicados tenham a representação necessária para
a discussão e encaminhamento das soluções de questões de segurança e saúde no trabalho
analisadas na CIPA.
O secretário da CIPA e seu substituto poderão ser indicados entre os seus membros ou não,
sendo neste caso, necessária a concordância do empregador.
Empossados os membros da CIPA, a empresa deverá protocolizar, em até 10 dias, na
unidade descentralizada do MTE, cópias das atas de eleição e posse e o calendário de reuniões
ordinárias.

7.5. Atribuições
A CIPA terá por atribuições, entre outras:
a) Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do
maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver;
b) Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de SST;
c) Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas necessárias, bem como das
prioridades de ação nos locais de trabalho;
d) Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a
identificação de situações que venham a trazer riscos para a SST;
...
f) Divulgar aos trabalhadores informações relativas à SST;
...
h) Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde
considere haver risco grave e iminente à SST;
i) Colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas
relacionados à SST;
...
o) Promover anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção
de Acidentes do Trabalho – SIPAT.
...

7.6. Funcionamento
A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido,
realizadas em horário normal de trabalho da empresa e em local adequado.
As reuniões terão atas assinadas pelos presentes, e ficarão no estabelecimento à disposição
dos Agentes de Inspeção do Trabalho – AIT.
Reuniões extraordinárias serão realizadas quando:
 Houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas
corretivas de emergência;
 Ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;
 Houver solicitação expressa de uma das representações.
As decisões da CIPA serão por consenso, porem, não havendo consenso e frustradas as
tentativas de negociação direta ou com mediação, será instalado processo de votação, registrando-se
a ocorrência na ata da reunião.
Das decisões da CIPA cabe pedido de reconsideração, mediante requerimento
fundamentado, e deve ser apresentado á comissão até a próxima reunião ordinária, quando deverá ser
analisado.
O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando faltar a mais de
quatro reuniões ordinárias sem justificativa.

7.7. Treinamento
A empresa deverá promover treinamento para os membros da CIPA, titulares e suplentes,
antes da posse. Se CIPA em primeiro mandato, esse treinamento poderá ser ministrado em até 30 dias
após a posse. Se a empresa não é obrigada a constituir CIPA, deverá, mesmo assim, promover o
treinamento anual do designado responsável pelo cumprimento dos objetivos da CIPA.
O treinamento da CIPA deve contemplar, no mínimo: estudo do ambiente, das condições de
trabalho, bem como dos riscos originados; noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes
da exposição aos riscos existentes na empresa, bem como sua metodologia de investigação e análise;
noções sobre AIDS, legislações trabalhista e previdenciária relativas à SST; princípios gerais de
higiene do trabalho e de medidas de controle de riscos, e organização da CIPA e outros assuntos
necessários as exercício das atribuições da comissão.

7.8. Processo eleitoral


Compete ao empregador convocar eleição para escolha dos representantes dos empregados
na CIPA, no prazo mínimo de 60 dias antes do término do mandato em curso, devendo comunicá-la ao
sindicato da categoria profissional.
O presidente e o vice-presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo
mínimo de 55 dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral – CE, que será a
responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral.
Havendo participação inferior a cinqüenta por cento dos empregados na votação, não haverá
apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra eleição que ocorrerá no prazo
máximo de 10 dias.
Assumirão a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais votados. Em
caso de empate, assumirá aquele que tiver mais tempo de serviço no estabelecimento.
Capítulo 8

SESMT – SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA


E EM MEDICINA DO TRABALHO

8.1. Introdução
A maioria das empresas no Brasil não é obrigada, por lei, a constituir um Serviço
Especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, conforme a Norma
regulamentadora N-4. Portanto, não possuem sequer um técnico de segurança do trabalho em seus
quadros. Isso motivou a proposta de alteração dessa norma, que se encontra em discussão na
Comissão Tripartite Paritária Permanente – CTPP criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
visando criar serviços especializados coletivos, abrangendo grupos de pequenas e médias empresas
(Costa, 2004). Essas mudanças já foram introduzidas na NR-31, sobre Segurança e saúde no trabalho
na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração florestal e Aqüicultura, quando esta permite a
formação de serviços especializados próprios, coletivos e externos.

8.2. Objetivo e Constituição


O serviço especializado em engenharia de segurança e em medicina do trabalho – SESMT
tem como finalidade, segundo a NR-4, “promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no
local de trabalho”.
São obrigados a constituir SESMT, todas as empresas privadas e públicas, os órgãos
públicos da administração direta e indireta e dos poderes legislativo e judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O SESMT deverá ser registrado
no órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego.

8.3. Dimensionamento
O dimensionamento dos serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina
do trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do
estabelecimento constantes dos quadros I e II da NR-4.
As empresas que possuam mais de 50% (cinqüenta por cento) de seus empregados em
estabelecimento ou setor com atividade cuja gradação de risco seja de grau superior ao da atividade
principal deverão dimensionar os SESMT em função do maior grau de risco.
A empresa poderá constituir SESMT centralizado para atender a um conjunto de
estabelecimentos pertences a ela, desde que a distância a ser percorrida entre aquele em que se situa
o serviço e cada um dos demais não ultrapasse 5.000 m (cinco mil metros), dimensionando-o em
função do total de empregados e do risco, de acordo com o quadro II da NR-4.
Havendo na mesma empresa apenas estabelecimentos que, isoladamente, não se
enquadrem no quadro II, o cumprimento da NR-4 será feito através de SESMT centralizado em cada
Estado ou no Distrito Federal, desde que o total de empregados dos estabelecimentos no Estado ou no
Distrito federal alcance os limites previstos no quadro II da NR-4.
Para as empresa de grau de risco 1 o dimensionamento do SESMT considerará como
número de empregados o somatório dos empregados existentes no estabelecimento que possua o
maior número e a média aritmética do número de empregados dos demais estabelecimentos, devendo
os profissionais integrantes do SESMT cumprirem tempo de trabalho integral.
Para as empresas enquadradas nos graus de risco 2, 3 e 4 o dimensionamento do SESMT
considerará como número de empregados o somatório dos empregados de todos os estabelecimentos.
______________________________________________________________________
EXEMPLO:
Suponha que um empresário possua um curtume e uma fábrica de artefatos de couro, cada uma com
260 funcionários. Qual o dimensionamento da CIPA das duas empresas?
SOLUÇÃO:
Para o curtume:
*Entra-se no quadro I da NR-4 (SESMT) com a atividade econômica e encontra-se o grau de risco (4);
*Em seguida, entra-se com o grau de risco (4) e número de empregados (260) no quadro II da NR-4.
Tem-se, então, o seguinte dimensionamento:
 Téc. de segurança – 3;
 Eng. de segurança – 1 em tempo parcial (mínimo de 3 horas);
 Médico do trabalho – 1 em tempo parcial (mínimo de 3 horas).

*Com o mesmo procedimento, chega-se ao seguinte dimensionamento para a fábrica de artefatos:


* Grau de risco (2); e dimensionamento: não se enquadra para efeito de constituição de SESMT.
______________________________________________________________________
8.4. Composição
Os SESMTs deverão ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do
Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho e Auxiliar de enfermagem do
Trabalho, obedecidos o quadro II da NR-4.
Os profissionais integrantes dos SESMTs deverão ser empregados da empresa, salvo no
caso da empresa não se enquadrar no quadro II da NR-4, quando, então, poderão dar assistência na
área de segurança e medicina do trabalho a seus empregados através de SESMTs comuns
organizados pelo sindicato ou associação da categoria econômica correspondente ou pelas próprias
empresas interessadas. Neste caso, o dimensionamento deverá ser feito em função do somatório dos
empregados das empresas participantes, obedecendo ao quadro II da NR-4. Essas empresas também
poderão optar por SESMT de instituição oficial ou instituição privada de utilidade pública, cabendo ás
empresas o custeio das despesas proporcionalmente ao número de empregados de cada uma.
O técnico de segurança do trabalho e o auxiliar de enfermagem do trabalho deverão dedicar
8 (oito) horas por dia para as atividades do SESMT, enquanto que o Engenheiro de segurança do
trabalho, o médico do trabalho e o enfermeiro do trabalho deverão dedicar, no mínimo, 3 (três) horas
(tempo parcial) ou 6 (seis) horas (tempo integral) por dia para as atividades do SESMT, respeitada a
legislação pertinente em vigor.
Ao profissional especializado em segurança e em medicina do trabalho é vedado o exercício
de outras atividades na empresa durante o horário de sua atuação nos SESMTs.
A empresa é responsável pelo cumprimento da NR-4, devendo assegurar, como um dos
meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes do SESMT. O
impedimento do referido exercício profissional, mesmo que parcial, e o desvirtuamento ou desvio de
funções constituem, em conjunto ou separadamente, infrações classificadas no grau I4, se devidamente
comprovadas, para os fins de aplicação das penalidades previstas na NR-28.
O SESMT deverá manter entrosamento permanente com a Comissão Interna de prevenção
de acidentes (CIPA), dela valendo-se como agente multiplicador, e deverá apoiá-la, treiná-la e atendê-
la, além de estudar suas solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas.
CAPÍTULO 9

PPRA E PCMSO

NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


7.1. Do objeto.

7.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e


implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de
promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

7.1.2. Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na


execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho.

7.1.3. Caberá à empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar a empresa


contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de
trabalho onde os serviços estão sendo prestados.

7.2. Das diretrizes.

7.2.1. O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da
saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR.

7.2.4. O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores,
especialmente os identificados nas avaliações previstas nas demais NR.

7.3. Das responsabilidades.

7.3.1. Compete ao empregador:

a) garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia;

b) custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao PCMSO;

c) indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina


do Trabalho – SESMT, da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO;
d) no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR 4,
deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o
PCMSO;

e) inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra


especialidade para coordenar o PCMSO.

7.3.1.1. Ficam desobrigadas de indicar médico coordenador as empresas de grau de risco 1 e 2,


segundo o Quadro 1 da NR 4, com até 25 (vinte e cinto) empregados e aquelas de grau de risco 3 e
4, segundo o Quadro 1 da NR 4, com até 10 (dez) empregados.

7.3.2. Compete ao médico coordenador:

a) realizar os exames médicos previstos no item 7.4.1 ou encarregar os mesmos a profissional médico
familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente,
as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa a ser
examinado;

b) encarregar dos exames complementares previstos nos itens, quadros e anexos desta NR
profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados.

7.4. Do desenvolvimento do PCMSO.

7.4.1. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos:

a) admissional;

b) periódico;

c) de retorno ao trabalho;

d) de mudança de função;

e) demissional.

7.4.2. Os exames de que trata o item 7.4.1 compreendem:

a) avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental;

b) exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos nesta NR e seus


anexos.

7.4.2.1. Para os trabalhadores cujas atividades envolvem os riscos discriminados nos Quadros I e II
desta NR, os exames médicos complementares deverão ser executados e interpretados com base
nos critérios constantes dos referidos quadros e seus anexos. A periodicidade de avaliação dos
indicadores biológicos do Quadro I deverá ser, no mínimo, semestral, podendo ser reduzida a critério
do médico coordenador, ou por notificação do médico agente da inspeção do trabalho, ou mediante
negociação coletiva de trabalho.

7.4.2.2. Para os trabalhadores expostos a agentes químicos não-constantes dos Quadros I e II, outros
indicadores biológicos poderão ser monitorizados, dependendo de estudo prévio dos aspectos de
validade toxicológica, analítica e de interpretação desses indicadores.

7.4.2.3. Outros exames complementares usados normalmente em patologia clínica para avaliar o
funcionamento de órgãos e sistemas orgânicos podem ser realizados, a critério do médico
coordenador ou encarregado, ou por notificação do médico agente da inspeção do trabalho, ou ainda
decorrente de negociação coletiva de trabalho.

7.4.3. A avaliação clínica referida no item 7.4.2, alínea "a", com parte integrante dos exames médicos
constantes no item 7.4.1, deverá obedecer aos prazos e à periodicidade conforme previstos nos
subitens abaixo relacionados:

7.4.3.1. no exame médico admissional, deverá ser realizada antes que o trabalhador assuma suas
atividades;

7.4.3.2. no exame médico periódico, de acordo com os intervalos mínimos de tempo abaixo
discriminados:

a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o


desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam
portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos:

a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se notificado pelo
médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de
trabalho;

b) para os demais trabalhadores:

b.1) anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta e cinco) anos de idade;

b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e cinco) anos de
idade.

7.4.3.3. No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser realizada obrigatoriamente no primeiro
dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias por
motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto.
7.4.3.4. No exame médico de mudança de função, será obrigatoriamente realizada antes da data da
mudança.

7.4.3.4.1. Para fins desta NR, entende-se por mudança de função toda e qualquer alteração de
atividade, posto de trabalho ou de setor que implique a exposição do trabalhador à risco diferente
daquele a que estava exposto antes da mudança.

7.4.3.5. No exame médico demissional, será obrigatoriamente realizada até a data da homologação,
desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de:

 135 (centro e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro I
da NR 4;

 90 (noventa) dias para as empresas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR 4.

7.4.3.5.3. Por determinação do Delegado Regional do Trabalho, com base em parecer técnico
conclusivo da autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do trabalhador, ou
em decorrência de negociação coletiva, as empresas poderão ser obrigadas a realizar o exame
médico demissional independentemente da época de realização de qualquer outro exame, quando
suas condições representarem potencial de risco grave aos trabalhadores.

7.4.4. Para cada exame médico realizado, previsto no item 7.4.1, o médico emitirá o Atestado de
Saúde Ocupacional - ASO, em 2 (duas) vias.

7.4.4.1. A primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente de
trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho.

7.4.4.2. A segunda via do ASO será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na
primeira via.

7.4.4.3. O ASO deverá conter no mínimo:

a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;

b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do empregado,


conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho - SSST;

c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os exames
complementares e a data em que foram realizados;

d) o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;

e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou
exerceu;
f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;

g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição
no Conselho Regional de Medicina.

7.4.5. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames complementares,
as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que
ficará sob a responsabilidade do médico-coordenador do PCMSO.

7.4.5.1. Os registros a que se refere o item 7.4.5 deverão ser mantidos por período mínimo de 20
(vinte) anos após o desligamento do trabalhador.

7.4.5.2. Havendo substituição do médico a que se refere o item 7.4.5, os arquivos deverão ser
transferidos para seu sucessor.

7.4.6. O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas as ações de saúde a
serem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto de relatório anual.

7.4.6.2. O relatório anual deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na empresa,
de acordo com a NR 5, sendo sua cópia anexada ao livro de atas daquela comissão.

7.4.8. Sendo constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de exames


médicos que incluam os definidos nesta NR; ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer
tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames constantes dos Quadros I
(apenas aqueles com interpretação SC) e II, e do item 7.4.2.3 da presente NR, mesmo sem
sintomatologia, caberá ao médico-coordenador ou encarregado:

a) solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT;

b) indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco, ou do trabalho;

c) encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento de nexo causal, avaliação de


incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho;

d) orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de controle no ambiente de


trabalho.

7.5. Dos primeiros socorros.

7.5.1. Todo estabelecimento deverá estar equipado com material necessário à prestação dos
primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter esse
material guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim.
Capítulo 10

NR 09 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

9.1. Do objeto e campo de aplicação.

9.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e


implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da
saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

9.1.2. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa,
sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência
e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle.

9.1.2.1. Quando não forem identificados riscos ambientais nas fases de antecipação ou
reconhecimento, descritas nos itens 9.3.2 e 9.3.3, o PPRA poderá resumir-se às etapas previstas nas
alíneas "a" e "f" do subitem 9.3.1.

9.1.3. O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas
demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
previsto na NR 7.

9.1.4. Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução
do PPRA, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho.

9.1.5. Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos
existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e
tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

9.1.5.1. Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações ionizantes, bem como o infra -som e o ultra-som.
9.1.5.2. Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo
organismo através da pele ou por ingestão.

9.1.5.3. Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,
entre outros.

9.2. Da estrutura do PPRA.

9.2.1. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura:

a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;

b) estratégia e metodologia de ação;

c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;

d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

a) 9.2.1.1. Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma análise
global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e
estabelecimento de novas metas e prioridades.

9.2.2. O PPRA deverá estar descrito num documento-base contendo todos os aspectos estruturais
constantes do item 9.2.1.

9.2.2.1. O documento-base e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e


discutidos na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a NR 5, sendo sua cópia anexada
ao livro de atas desta Comissão.

9.2.2.2. O documento-base e suas alterações deverão estar disponíveis de modo a proporcionar o


imediato acesso às autoridades competentes.

9.2.3. O cronograma previsto no item 9.2.1 deverá indicar claramente os prazos para o
desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas do PPRA.

9.3. Do desenvolvimento do PPRA.

9.3.1. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá incluir as seguintes etapas:

a) antecipação e reconhecimento dos riscos;

b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;

c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;


d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

e) monitoramento da exposição aos riscos;

f) registro e divulgação dos dados.

9.3.1.1. A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA poderão ser feitas pelo
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por
pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto
nesta NR.

9.3.2. A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações, métodos ou


processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando a identificar os riscos potenciais e
introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação.

9.3.3. O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis:

a) a sua identificação;

b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;

c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de
trabalho;

d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;

e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;

f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde


decorrente do trabalho;

g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica;

h) a descrição das medidas de controle já existentes.

9.3.4. A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:

a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos identificados na etapa de


reconhecimento;

b) dimensionar a exposição dos trabalhadores;

c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle.

9.3.5. Das medidas de controle.


9.3.5.1. Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou
o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:

a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;

b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;

c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os


valores dos limites previstos na NR 15 ou, na ausência destes os valores limites de exposição
ocupacional adotados pela American Conference of Governmental Industrial Higyenists-ACGIH, ou
aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais
rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos;

d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre danos
observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos.

9.3.5.2. O estudo desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverão obedecer à


seguinte hierarquia:

a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde;

b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho;

a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho.

9.3.5.3. A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser acompanhada de treinamento dos
trabalhadores quanto os procedimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as
eventuais limitações de proteção que ofereçam;

9.3.5.4. Quando comprovado pelo empregador ou instituição, a inviabilidade técnica da adoção de


medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de
estudo, planejamento ou implantação ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser
adotadas outras medidas obedecendo-se à seguinte hierarquia:

a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;

b) utilização de Equipamento de Proteção Individual - EPI.

9.3.5.5. A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as Normas Legais e


Administrativas em vigor e envolver no mínimo:

a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade
exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto
oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as
limitações de proteção que o EPI oferece;

c) estabelecimento de normas ou procedimento para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a


higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando a garantir as condições de
proteção originalmente estabelecidas;

d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificação dos EPI
utilizado para os riscos ambientais.

9.3.5.6. O PPRA deve estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da eficácia das medidas de
proteção implantadas considerando os dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle médico
da saúde previsto na NR 7.

9.3.6. Do nível de ação.

9.3.6.1. Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas
ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais
ultrapassem os limites de exposição.

As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o


controle médico.

9.3.6.2. Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição
ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem:

a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados de acordo com
a alínea "c" do subitem 9.3.5.1;

b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR 15, Anexo I,
item 6.

9.3.7. Do monitoramento.

9.3.7.1. Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle deve ser
realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando à introdução ou
modificação das medidas de controle, sempre que necessário.

9.3.8. Do registro de dados.

9.3.8.1. Deverá ser mantido pelo empregador ou instituição um registro de dados, estruturado de forma
a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do PPRA.

9.3.8.2. Os dados deverão ser mantidos por um período mínimo de 20 (vinte) anos.
9.3.8.3. O registro de dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores interessados ou seus
representantes e para as autoridades competentes.

9.4. Das responsabilidades.

9.4.1. Do empregador:

I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da


empresa ou instituição.

9.4.2. Dos trabalhadores:

I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;

II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA;

III. informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar risco
à saúde dos trabalhadores.

9.5. Da informação.

9.5.1. Os trabalhadores interessados terão o direito de apresentar propostas e receber informações e


orientações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução do PPRA.

9.5.2. Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre


os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para
prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos.

9.6. Das disposições finais.

9.6.1. Sempre que vários empregadores realizem, simultaneamente, atividades no mesmo local de
trabalho terão o dever de executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA
visando à proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ambientais gerados.

9.6.2. O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e dos riscos
ambientais presentes, incluindo os dados consignados no Mapa de Riscos, previsto na NR 5, deverão
ser considerados para fins de planejamento e execução do PPRA em todas as suas fases.

9.6.3. O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos ambientais nos locais de trabalho
que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhadores, os mesmos possam
interromper de imediato as suas atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as
devidas providências.
CAPÍTULO 11

SISTEMAS DE GESTÃO EM SST

11.1. A OHSAS 18001 E A CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA SEGURANÇA E


SAÚDE NO TRABALHO

Diversas organizações associadas ao QSP – Centro da Qualidade, Segurança e Produtividade


para o Brasil e América Latina – e milhares de outras empresas ao redor do mundo têm manifestado a
necessidade de demonstrar, junto a diversas partes interessadas, seu comprometimento em relação à
segurança e saúde de seus funcionários e contratados.

Por coincidência, nessa mesma época, um grupo de Organismos Certificadores (BSI, BVQI,
DNV, Lloyds Register, SGS entre outros) e de entidades nacionais de normalização da Irlanda,
Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia, reuniu-se na Inglaterra para criar a primeira "norma" para
certificação de Sistemas de Gestão da SST de alcance global: a OHSAS 18001

Além da norma BS 8800 (que não é uma especificação, mas sim um guia de diretrizes),
começaram a proliferar nos últimos 2 anos várias "normas" certificáveis, desenvolvidas tanto por
organismos oficiais como por grupos independentes, para a área de Segurança e Saúde no Trabalho,
principalmente em função da crescente - e urgente - demanda por certificação por parte das empresas
em todo o mundo. A "norma" OHSAS 18001, cuja sigla significa Occupational Health and Safety
Assessment Series, foi oficialmente publicada pela BSI – British Standards Institution – e entrou em
vigor no dia 15/4/99.

É importante frisar que esse novo documento não é uma norma nacional nem uma norma
internacional, visto que não seguiu a "liturgia" de normalização vigente. Por isso, a certificação em
conformidade com a OHSAS 18001 somente poderá ser concedida pelos Organismos Certificadores
(OCs) de forma "não-acreditada" (sem credenciamento do OC para esse tema por entidade oficial). E é
por isso também que estamos neste texto utilizando o termo "norma" entre aspas, quando nos
referimos à OHSAS 18001.

De qualquer maneira, é um grande passo rumo à padronização dos Sistemas de Gestão da


SST em inúmeros países, no Brasil inclusive. Como dissemos, organizações de todos os tipos estão
cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar o seu desempenho em Segurança e Saúde no
Trabalho (SST), controlando os riscos de acidentes e de doenças ocupacionais provenientes de suas
atividades, e levando em consideração sua política e seus objetivos de proteção ao trabalhador. Esse
comportamento se insere no contexto de uma legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento
de políticas econômicas, trabalhistas e previdenciárias, de outras medidas destinadas a estimular a
SST, e de uma crescente preocupação das partes interessadas em relação à responsabilidade social
das empresas.

Muitas delas têm efetuado "análises" ou "auditorias" de SST, a fim de avaliar seu desempenho
nessa área. No entanto, por si sós, tais "análises" e "auditorias" podem não ser suficientes para
proporcionar a uma organização a garantia de que seu desempenho não apenas atende, mas
continuará a atender, aos requisitos legais e aos de sua própria política. Para que sejam eficazes, é
necessário que esses procedimentos sejam conduzidos dentro de um Sistema de Gestão estruturado e
integrado ao conjunto das atividades de gerenciamento.

A nova OHSAS 18001 é uma especificação que tem por objetivo prover às organizações os
elementos de um Sistema de Gestão da SST eficaz, passível de integração com outros requisitos de
gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos de segurança e saúde ocupacional. Ela define
os requisitos de um Sistema de Gestão da SST, tendo sido redigida de forma a aplicar-se a todos os
tipos e portes de empresas, e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais.
O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções, especialmente da
alta administração. Um sistema desse tipo permite a uma organização estabelecer e avaliar a eficácia
dos procedimentos destinados a definir uma política e objetivos de SST, atingir a conformidade com
eles e demonstrá-la a terceiros.

A OHSAS 18001 contém apenas os requisitos que podem ser objetivamente auditados para
fins de certificação e/ou autodeclaração. Recomenda-se àquelas organizações que necessitem de
orientação adicional sobre outras questões relacionadas a Sistemas de Gestão da SST consultar os
Manuais sobre Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho comercializados pelo QSP.

Convém observar que a OHSAS 18001 não estabelece requisitos absolutos para o
desempenho da Segurança e Saúde no Trabalho, além do comprometimento, expresso na política, de
atender à legislação e regulamentos aplicáveis, e o comprometimento com a melhoria contínua. Assim,
duas organizações que desenvolvam atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de
desempenho da SST, podem, ambas, atender aos seus requisitos.
A OHSAS 18001 baseia-se na premissa de que a organização irá, periodicamente, analisar
criticamente e avaliar o seu Sistema de Gestão da SST, de forma a identificar oportunidades de
melhoria e a implementação das ações necessárias.

O Sistema de Gestão da SST fornece um processo estruturado para atingir a melhoria


contínua, cujo ritmo e amplitude são determinados pela organização à luz de circunstâncias
econômicas e outras. Embora alguma melhoria no desempenho da SST possa ser esperada devido à
adoção de uma abordagem sistemática, entende-se que o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde
no Trabalho é uma ferramenta que permite a uma empresa atingir, e sistematicamente controlar, o
nível do desempenho da SST por ela mesma estabelecido. O desenvolvimento do Sistema de Gestão
da SST, por si só, não resultará, necessariamente, na redução imediata de acidentes e doenças do
trabalho.

Entretanto, possuir tal sistema irá auxiliar uma organização a dar confiança às várias partes
interessadas de que:
 existe um compromisso da alta administração para atender às disposições de sua política e
objetivos;
 é dada maior ênfase à prevenção do que às ações corretivas;
 podem ser dadas evidências de atuação cuidadosa e de atendimento aos requsitos legais; e
 a concepção de sistemas incorpora o processo de melhoria contínua.

Podem ser obtidos benefícios econômicos com a implementação de um Sistema de Gestão da


SST. Recomenda-se que tais benefícios sejam identificados de forma a demonstrar às partes
interessadas, o valor de uma gestão eficaz da segurança e saúde dos trabalhadores para a
organização. Isso também dá a uma empresa a oportunidade de ligar objetivos de SST a resultados
financeiros específicos, assegurando assim que os recursos necessários estejam disponíveis.

Os benefícios potenciais associados a um eficaz Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no


Trabalho incluem:

 assegurar aos clientes o comprometimento com uma gestão da SST demonstrável;


 manter boas relações com os sindicatos de trabalhadores;
 obter seguro a um custo razoável (principalmente quando o SAT – Seguro de Acidentes do
Trabalho – for operado no Brasil de forma mais inteligente!);
 fortalecer a imagem da organização e sua participação no mercado;
 aprimorar o controle do custo de acidentes;
 reduzir acidentes que impliquem em responsabilidade civil;
 demonstrar atuação cuidadosa;
 facilitar a obtenção de licenças e autorizações;
 estimular o desenvolvimento e compartilhar soluções de prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais;
 melhorar as relações entre a indústria e o governo.

A criação da OHSAS 18001 atendeu a um grande clamor internacional. Sua importância pode ser
aquilatada pela representatividade dos Organismos Certificadores que participaram de sua elaboração,
os quais respondem por cerca de 80% do mercado mundial de certificação de Sistemas de Gestão.

A nova "norma" foi desenvolvida para ser compatível com a ISO 9001:1994 (para Sistemas de Gestão
da Qualidade) e com a ISO 14001:1996 (para Sistemas de Gestão Ambiental), com o objetivo de
facilitar às empresas a implementação de Sistemas Integrados de Gestão (SIGs como nós os
denominamos), totais ou parciais.

Em síntese, podemos dizer que a especificação OHSAS 18001 estabelece os requisitos de um Sistema
de Gestão da SST que permite a uma organização controlar seus riscos ocupacionais e melhorar seu
desempenho nessa área. Ela não define critérios específicos de performance em SST, nem fornece
requisitos detalhados para o projeto de um Sistema de Gestão nessa área.

A OHSAS 18001 é, sobretudo, aplicável a uma empresa que deseja ou necessita:

 estabelecer um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, para eliminar ou minimizar


riscos aos trabalhadores e outras partes interessadas que possam estar expostos a riscos de acidentes
e doenças ocupacionais associados a suas atividades;
 implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão da SST;
 assegurar-se de sua conformidade com sua política de SST definida;
 demonstrar tal conformidade a terceiros;
 buscar certificação de seu Sistema de Gestão da SST por uma organização externa;
 realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com essa "norma".

Espera-se que a aplicação da especificação OHSAS 18001 pelas empresas ao redor do mundo possa
fornecer dados importantes para o futuro desenvolvimento tanto de normas internacionais, como de
normas nacionais certificáveis para Sistemas de Gestão da SST.

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