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1 INTRODUÇÃO
Sob tais critérios se erige a execução coletiva, procedimento por meio do qual
concorrem todos os credores (concursus creditorum), de modo a solucionar duplo conflito:
relativo aos credores, em relação ao devedor, e relativo aos credores entre si, na busca de seu
crédito. De modo a disciplinar tal situação, surge a função reguladora do Estado, no sentido
de universalizar as pretensões executivas e garantir o cumprimento dos supracitados critérios.
A esse respeito, por oportuno, preleciona MAMEDE (2009, p. 10):
“1) Preservação da empresa: em razão de sua função social, a empresa deve ser
preservada sempre que possível, pois gera riqueza econômica e cria emprego e
renda, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento social do País. Além
disso, a extinção da empresa provoca a perda do agregado econômico representado
pelos chamados intangíveis como nome, ponto comercial, reputação, marcas,
clientela, rede de fornecedores, know-how, treinamento, perspectiva de lucro futuro,
entre outros.
10) Maximização do valor dos ativos do falido: a lei deve estabelecer normas e
mecanismos que assegurem a obtenção do máximo valor possível pelos ativos do
falido, evitando a deterioração provocada pela demora excessiva do processo e
priorizando a venda da empresa em bloco, para evitar a perda dos intangíveis.
Desse modo, não só se protegem os interesses dos credores de sociedades e
empresários insolventes, que têm por isso sua garantia aumentada, mas também
diminui-se o risco das transações econômicas, o que gera eficiência e aumento da
riqueza geral.
Nesse sentido, importante que sejam verificados não apenas o atual sistema de
habilitação, mas também o anterior, trazido pelo vetusto Decreto-lei 7.661/45, vez que de
influência significativa para o atual, havendo importante corrente doutrinária a defender a
manutenção de grande parte dos procedimentos lá regulados, conforme se verá melhor
adiante.
Mais especificamente aos objetivos do presente trabalho, por sua vez, tal fase se
configura em preliminar necessária à compreensão dos instrumentos posteriormente
analisados, além de ser interessante manifestação das diferentes considerações
principiológicas que regeram a posição dos credores nos dois diplomas legais de que ora vai
se tratar em um viés comparativo.
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O vetusto decreto versava a respeito do assunto em seu Título VI, intitulado ‘Da
verificação e classificação dos créditos’. Inicialmente, haveria então um processo de
verificação dos créditos, minuciosamente regulado por lei, em que o credor elaborava pedido
ao juiz solicitando a sua admissão no concurso de credores.
Art. 82. Dentro do prazo marcado pelo juiz, os credores comerciais e civís do falido
e, em se tratando de sociedade, os particulares dos sócios solidàriamente
responsáveis, são obrigados a apresentar, em cartório, declarações por escrito, em
duas vias, com a firma reconhecida na primeira, que mencionem as suas residências
ou as dos seus representantes ou procuradores no lugar da falência, a importância
exata do crédito, a sua origem, a classificação que, por direito, lhes cabe, as
garantias que lhes tiverem sido dadas, e as respectivas datas, e que especifique,
minuciosamente, os bens e títulos do falido em seu poder, os pagamentos recebidos
por conta e o saldo definitivo na data da declaração da falência, observando-se o
dispôsto no art. 25.
Informação importante dentro do trâmite seguido pela lei – o qual, pela sua
extensão e teor auto-explicativo, não será aqui transcrito em sua inteireza – se refere à
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necessidade ou não de ser o credor assistido por advogado para postular sua declaração. A
rigor, segundo entendimento doutrinário (REQUIÃO, 1998, p. 303), não seria necessária tal
assistência, salvo em caso de impugnação ou interposição de recurso, em que a intervenção
do advogado seria essencial, inclusive para a elaboração de defesa do crédito em face da
supracitada impugnação.
juntos aos autos das declarações de crédito, as segundas vias, pareceres e documentos
respectivos, acompanhados das seguintes relações: dos credores que declararam os seus
créditos, dispostos na ordem determinada no art. 102 e seu parágrafo 1°, mencionando os
seus domicílios, bem como o valor e a natureza dos créditos; dos credores que não fizeram a
declaração do art. 82, mas constantes dos livros do falido, documentos atendíveis e outras
provas, mencionados na mesma ordem e com as mesmas indicações do n° I. Findo esse
prazo, as declarações de crédito poderiam ser impugnadas, dentro dos cinco dias seguintes,
quanto à sua legitimidade, importância ou classificação, tendo qualidade para impugnar todos
os credores que declararam seu crédito e os sócios ou acionistas da sociedade falida. Esta
seria dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tenha o
impugnante, o qual indicará as outras provas consideradas necessárias. Cada impugnação
seria autuada em separado, com as duas vias da declaração e os documentos a ela relativos,
para esseo fim desentranhados dos autos das declarações de crédito. Teriam, ainda, uma só
autuação as diversas impugnações ao mesmo crédito. Por fim, para desistir da impugnação, o
impugnante deveria pagar as custas e despesas devidas. Não havendo outros impugnantes, o
escrivão faria publicar, por conta do desistente, aviso aos interessados, de que, no prazo de
cinco dias, poderiam prosseguir na impugnação (artigo 89).
Ao contrário do vetusto decreto, que adotava como única forma de afirmação dos
créditos o procedimento de habilitação voluntária anteriormente visto, trouxe a novel
legislação a figura da verificação de créditos, tida como verdadeira instituição do crédito de
ofício, a ser realizada pelo administrador judicial, da seguinte forma:
Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com
base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o
auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
Para além dessa hipótese, ainda segundo a doutrina de que ora tratamos, haveria
a habilitação voluntária de créditos, que seguiria também procedimento específico delineado
pela legislação falimentar vigente nos artigos 9º e seguintes, dos quais se transcreve alguns,
por mais significativos:
Art. 9o A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7 o, § 1o,
desta Lei deverá conter:
Art. 11. Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para
contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que
tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias.
Art. 12. Transcorrido o prazo do art. 11 desta Lei, o devedor e o Comitê, se houver,
serão intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco)
dias. (...)
Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com
os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas
necessárias.
Art. 14. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de
credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7 o, § 2o, desta
Lei, dispensada a publicação de que trata o art. 18 desta Lei.
Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos
de impugnação serão conclusos ao juiz, que:
Por fim, conclui-se, uma vez finalizado o procedimento trazido pela Lei
11.101/05, pela consolidação do denominado quadro geral de credores, nos moldes trazidos
pelo artigo 18, in verbis:
Poder-se-ia, nesse sentido, tecer uma breve conceituação de credor como aquele
que tem o direito de exigir de outrem o cumprimento de uma obrigação de dar, fazer ou não
fazer alguma coisa (ALMEIDA, 2010, pp. 58-59). No procedimento especial ora versado, no
entanto, estes assumem uma dimensão plural, em decorrência da natureza concursal das
dívidas assumidas pelo devedor empresário ou sociedade empresária.
Art. 30. Aos credores que tenham apresentado a declaração de crédito de que trata o
art. 82, ficam garantidos os direitos seguintes, desde o momento da declaração da
falência:
Pode ocorrer que o credor que declarou seu crédito tenha o mesmo impugnado, mas
durante o curso do processamento da impugnação não perde o exercício daqueles
direitos. Cessam apenas quando decisão judicial de que não caiba mais recurso o
tenha excluído do processo. Não sendo credor, declarado assim judicialmente, não
pode intervir.
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Por fim, com relação aos credores debenturistas, estes seriam representados pelo
agente fiduciária, na conformidade da legislação pertinente (Lei das Sociedades Anônimas,
artigo 68, § 3º, d). Caso não haja um, os debenturistas se reuniriam em assembléia para
eleger seu representante, sendo os únicos credores que poderiam fazer a declaração coletiva
de crédito, dispensada da apresentação de todos os títulos originais pelo representante.
saldos de seus créditos, observado o disposto no art. 133, por meio de expedição de certidão
judicial com força de titulo executivo.
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Ressalte-se, quanto a esse último ponto, dentro do que foi já discutido sobre a
expressão coletiva dos credores no vigente diploma, que, enquanto tramita o processo
falimentar, falece interesse jurídico para que o credor, individualmente, intente
responsabilizar o administrador, pois não se pode isolar o interesse individual do credor dos
interesses da comunidade. Assim, cabe-lhe apenas requerer a destituição do administrador
judicial, e, não obtendo, resta a ele aguardar o fim do concurso de credores, momento em que
qualquer credor admitido que tenha sido prejudicado por má administração ou infração à lei
poderá promover individualmente a responsabilização daquele que atuou na importante
função administrativa de que ora se tratou (ULHOA, 2008, p. 279).
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4.2.1. Atribuições
I – na recuperação judicial:
c) (vetado)
II – na falência:
a) (vetado)
Saliente-se, por oportuno, que há ainda hipótese trazida por MAMEDE (2009, p.
107) em que se admite requerimento de convocação da assembléia por qualquer credor,
porém em sede de recuperação judicial, nos moldes trazidos pelo artigo 52, § 2º da lei
11.101/05, uma vez que a expressão ‘credores’ trazida pela disposição não está vinculada a
qualquer porcentagem de representatividade, tal como ocorre no processo de falência.
Art. 37. A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1
(um) secretário dentre os credores presentes.
II – (VETADO)
Importantes anotações devem ser tecidas a respeito do transcrito § 3º, uma vez
que redobra a importância da pontualidade para participação na assembléia, em decorrência
do encerramento da lista de presença a ser assinada pelos credores no momento da instalação.
Há, contudo, de interpretar esse dispositivo com cautela, sob pena de acarretar abusos ilícitos
na feitura da assembléia. Nesse sentido, portanto, o hiato entre o encerramento da lista de
presença e a instalação da assembléia geral constitui ato ilícito (MAMEDE, 2009, p. 109).
Ademais, atente-se que o encerramento da lista a instalação devem ocorrer, obviamente, no
momento marcado para sua celebração, em respeito ao direito dos credores de chegarem ao
local em que será realizada a deliberação até o último instante do horário marcado no edital
publicado.
O artigo 38 da vigente lei falimentar rege importante regra deliberativa, uma vez
que consigna o poder de voto de maneira proporcional ao valor do crédito, ressalvado, nos
planos sobre deliberação de recuperação judicial, o disposto no o disposto no § 2 o do art. 45
da Lei. Com relação à maneira de aferição desses valores, MAMEDE (2009, p. 111) traz
ilustradas lições:
Esses valores são definidos conforme o estado do juízo universal naquele momento:
o que se tem, conforme os elementos e os cálculos até então possíveis, por (1) valor
total do passivo; (2) valor total dos créditos em cada categoria, como se estudará
abaixo; e (3) valor de cada crédito específico. Obviamente, a evolução do processo
de recuperação judicial ou de falência determina alterações nesses valores, seja em
virtude de novos elementos – a exemplo de novos documentos, novas habilitações
(incluindo a hipótese de habilitação retardatária) etc. -, seja em virtude do próprio
desenrolar do processo: impugnações, reforma de decisões, pagamento de alguns
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Ainda com relação ao assunto, o artigo 39 aduz que terão direito a voto na
assembléia-geral as pessoas arroladas no quadro-geral de credores ou, na sua falta, na relação
de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do art. 7 o, § 2o, da Lei de
Falências e Recuperação de Empresas, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo
próprio devedor nos termos dos arts. 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou
105, inciso II do caput, da mesma Lei, acrescidas, em qualquer caso, das que estejam
habilitadas na data da realização da assembléia ou que tenham créditos admitidos ou
alterados por decisão judicial, inclusive as que tenham obtido reserva de importâncias,
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 10 do referido diploma. Ademais, não terão direito
a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e de
deliberação os titulares de créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49.
Com relação a este último dispositivo, MAMEDE (2009, p. 114) ainda atenta
para o fato de que se veda a suspensão ou adiamento da dita assembléia pelos motivos
expressamente dispostos no artigo, de tal sorte que por outras razões seria sim possível tal
ocorrência, mesmo em sede liminar, desde que presentes os elementos jurídicos pertinentes.
Tal dispositivo, inclusive, coaduna-se com o que já foi exposto acerca do artigo 39, § 2º da
Lei, pois ambos servem como instrumentos de eficácia do juízo universal.
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Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de
credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a
proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do
valor total dos créditos presentes à assembléia e, cumulativamente, pela maioria
simples dos credores presentes.
§ 3o O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação
de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou
as condições originais de pagamento de seu crédito.
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição:
§ 3o Caberá aos próprios membros do Comitê indicar, entre eles, quem irá presidi-
lo.
Justamente por isso, caso se verifique haver abuso no poder de voto daqueles que
insistem em manter a nomeação de representante que não se interesse pelo
desempenho da função, será lícito aos credores minoritários aforar ação de
indenização por abuso de direito contra o credor controlador ou os credores
majoritários; essa ação, por dizer respeito ao que se passa no juízo universal, será
distribuída por dependência aquele juízo, cabendo ao juiz, se julgá-la procedente,
determinar se houve danos econômicos mandando indenizá-los, ou se houve danos
morais ou mesmo danos processuais, arbitrando a respectiva reparação. Trata-se,
reconheço, de posição doutrinária ousada, mas que se justifica pela necessidade de
coibição do abuso de deliberação, como no exemplo dado.
4.3.2. Atribuições
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses
dos credores;
todavia, para o seu diferenciado rol de atribuições. Saliente-se apenas, contudo, que, em
determinadas falências de índole complexa, essa atribuição deve ser utilizada com cautela,
sob pena de tumultuar sobremaneira o andamento do feito.
Por fim, a última atribuição confere uma abrangência genérica ao rol ora versado,
de que teríamos como exemplos os estatuídos no artigo 8º, ao determinar a apresentação ao
juiz impugnação contra relação de credores, apontando ausência de crédito ou manifestando-
se contra a legitimidade, importância ou classificação do crédito impugnado, ou manifestar-se
sobre pedido de disposição ou oneração de bens do falido, ressalvados os bens cuja venda
faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória da
empresa (artigo 99, inciso VI) etc.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
nesse contexto, diferentes posicionamento acerca das mudanças legislativas efetuadas, que
nem sempre atentaram para a necessária precisão terminológica.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falência e Recuperação de Empresa. 25 ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
FREITAS, Adriana Maria Bezerra de. A Função Social da Empresa como Fundamento da
Lei 11.101/05. Disponível em: http://www.repositoriobib.ufc.br/000005/00000586.pdf
Acesso em 20/10/11.
MENDONÇA, José Xavier Carvalho de. Das fallencias: dos meios preventivos de sua
declaração. v. 1. São Paulo: Typographia Brasil de Carlos Gerke & CIA, ?.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial. 4. ed. rev. ampl. e atual.
Salvador: JusPodium, 2010.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Falimentar. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
SOUSA JÚNIOR, Francisco Sátiro de; PITOMBO, Antônio Sérgio de Moraes (Coord).
Comentários à lei de recuperação de empresa e falência: Lei 11.101/2005 – Artigo por
artigo. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.