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PROCESSO Nº 02001.021326/2018-23
1. ASSUNTO
1.1. denúncia de maus-tratos a um cavalo u lizado em a vidade na colônia de férias
(processo nº 02001.021326/2018-23)
2. ANÁLISE
Recebemos a denúncia de maus tratos a um cavalo que havia sido pintado em a vidade desenvolvida
na colônia de férias em uma hípica. Confirmou-se o local como sendo a escola do setor hípico em
Brasília/DF. Em ação de fiscalização no dia 23 de julho de 2018 o responsável pela escola, o Diretor Sr.
José Cabral de Araújo Neto, anuiu que a foto denota desrespeito ao cavalo, mas ponderou que não
refle ria o real contexto da a vidade. No local, ele informou que dois eqüídeos foram u lizados na
atividade: um cavalo de nome Thor e uma égua chamada de Branquinha, ambos de cor branca.
O cavalo u lizado e a égua, que também foi pintada, foram observados no local e já haviam sido
limpos, restando, em ambos, apenas algumas manchas de nta colorida. O responsável também
argumentou que a a vidade possuiu obje vo pedagógico visando a aproximação das crianças com os
cavalos. Ele informou que vários cavalos são originários de apreensões no Distrito Federal.
Considerou-se um dos animais utilizados relativamente magro.
Considerando que foi informado que a a vidade possuiu obje vo pedagógico e, visando a melhor
apuração dos fatos, o empreendimento foi no ficado a: [1] apresentar o projeto pedagógico referente
à a vidade, [2] laudo das condições de ambos os animais u lizados, [3] as especificações das ntas
utilizadas, além de [4] fotos e vídeos da atividade.
No que se refere especificamente aos itens da no ficação, o projeto pedagógico foi apresentado,
contudo com as considerações que apresentaremos neste documento. O laudo veterinário também foi
apresentado e ele atesta boas condições dos animais. Ainda se deve dirimir com o Médico veterinário
o baixo score corporal de um dos animais. O po de nta foi, ainda no local, imediatamente mostrado
ao que se constatou ser nta guache. Foi entregue vídeo editado da a vidade, além do Diretor, em 25
de julho de 2018, ter nos mostrado uma versão sem edição. Em ambos os casos não se ouviu som nos
vídeos. A diferença básica entre o vídeo editado e o apresentado reside na eliminação de identificação
das crianças por meio de efeito em seus rostos.
A denúncia recebida foi de maus tratos. Todavia, como a nta não era tóxica, os maus tratos estariam
limitados ao momento da a vidade, dependendo das condições em que os cavalos es vessem
subme dos. A no ficação de apresentação de outras fotos e vídeos obje vou a verificação das
condições e comportamento do animal no momento da atividade.
O vídeo apresentado demonstra a a vidade de pintura de um dos cavalos, não de ambos. Ele se
apresenta calmo enquanto é pintado pelas crianças. Desta forma, con nuamos com uma visão parcial
da atividade. A denúncia cita maus tratos inclusive porque na avaliação do senso comum, qualquer ato
Nota Técnica 54 (2962756) SEI 02001.021326/2018-23 / pg. 1
da atividade. A denúncia cita maus tratos inclusive porque na avaliação do senso comum, qualquer ato
em que se indignem em relação ao animal, culmina por ser considerado desta forma. Todavia, maus
tratos se refere ao ato de provocar, por ação ou omissão, angús a sica ou psicológica a qualquer
animal. A nta, conforme se verificou, é atóxica e os animais foram, na subseqüência, limpos. Não foi
possível inferir se o cheiro da nta mesmo não sendo tóxica a humanos, poderia ter causado algum
po de desconforto aos animais. Porém, mesmo assim, os maus tratos aos animais poderiam ter sido
infligidos durante a a vidade, caso em sua execução eles es vessem estressados ou aterrorizados
ante a aproximação, toque ou pela quan dade de pessoas. O vídeo, contudo, demonstrou um cavalo
calmo enquanto era pintado pelas crianças. Houve, de nossa parte, especial atenção e preocupação
quanto à pintura próxima aos olhos, mas também não se pôde constatar reação do animal. Não foi
apresentado vídeo da a vidade para ambos os cavalos, mas tendo-os observado na hípica no
momento da fiscalização, não há indícios para supormos que ambos não es vessem igualmente
tranqüilos durante a a vidade em que foram pintados. Portanto, perante os fatos e indícios
apresentados, contrapostos à definição de maus tratos, concluímos que o ato, para estes dois animais
e nesta situação específica, não se caracterizou tipificado.
Porém, o art. 32 da Lei nº 9.605/98 com respec vo reba mento administra vo no art. 29 do Decreto
Federal nº 6.514/08 não se limita a maus tratos como a conduta ante a qual se protege os animais.
Ferir, mu lar ou pra car ato de abuso são comandos legais do disposi vo penal e administra vo.
Portanto, mesmo se afastando o enquadramento de maus tratos, a situação ainda precisa ser avaliada
ante a possibilidade de abuso. Assim, se tornou per nente verificar o contexto da a vidade, o obje vo
pedagógico e conseguir maiores detalhes de como ela foi executada.
Lei Federal nº 9.605/98
Art. 32. Pra car ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mu lar animais silvestres, domés cos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º ...
Segundo Trennepohl (2009) maus-tratos é caracterizado quando se inflige ao animal dor sica ou
psicológica. Abuso é caracterizado pela imposição ao animal de esforço sico acima de sua
capacidade ou da obrigação de executar tarefa ou atividade que contrarie sua natureza.
Marcão (2018) define como abuso expor a excessos e que o sujeito passivo é a cole vidade, sendo o
animal o objeto material do crime.
Mossin (2015) considera abuso como fazer uso de forma exorbitante, que se mostra incompa vel com
o tratamento que deve ser dispensado ao animal. Também, considera a sociedade como sujeito
passível da infração.
Prado (2005) configura como ato de abuso o mal uso ou o uso inconveniente. Salienta, ainda, ser o
animal o objeto material do delito.
Abuso, segundo o Houassis: 1. fazer mau uso, usar de maneira imprópria, inadequada; 2. Usar em
excesso, exorbitar no uso ou na exigência de uso, exceder-se na u lização de; 3. Tirar vantagem, ...;
4. Fazer pouco caso, ridicularizar, menosprezar, humilhar; 5 ...
É importante esclarecer que, segundo o ordenamento jurídico nacional, o sujeito passivo, ou seja,
quem é afetado pela conduta, é a cole vidade, sendo o animal o objeto do crime. Neste sen do, o
abuso praticado contra o animal atinge a sociedade, sujeito de direito que os deve ter protegido.
Embora a proposta da colônia de férias não foi, segundo o exposto nas entrevistas com o Diretor, o
desrespeito ou uso abusivo do animal, a comoção iden ficada nas redes sociais demonstra que a
cole vidade não considerou a a vidade de forma tranqüila. Portanto, a cole vidade, sujeito passivo,
para as questões de abuso dos animais, considerou a a vidade condenável. Porém, embora o
posicionamento da sociedade seja importante para se definir o animus em relação ao fato, ela não
pode ser a única questão avaliada. Até onde se sabe, ao cavalo não se interessa ou importa se está
pintado de azul, verde ou o que exprime os desenhos nele marcados. Esta avaliação, porém, não leva
em conta fatores comportamentais para os quais existem estudos em que a marcação de animais
ocasionou repercussões posi vas e, às vezes nega vas, na interação entre indivíduos da mesma
espécie. Sendo assim, e considerando a pintura efetuada, é importante avaliar como a sociedade, o
sujeito passivo da conduta, se posiciona. Importante, assim, verificar se a pintura incu u um
sen mento nega vo que induz ao desrespeito dos animais. Pelas manifestações de indignação, a
Em domingos ou feriados
Assim, com base no disposto no art.15 da Lei nº 9.605/98 não se observou na conduta an jurídica
qualquer dos agravantes listados. Quanto às circunstâncias atenuantes, cita-se a total colaboração
com a fiscalização ambiental.