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Tratou-se, no fundo, de não alimentar o mal-estar social, o verdugo de todos os governos não

peronistas da Argentina desde o retorno do país à democracia, em 1983. Aplicou então o que
chamou de “gradualismo”, ou seja, uma redução contida do déficit, mas que financiou com
endividamento externo. Com o corte do fluxo de dinheiro do exterior, Macri teve que recorrer
ao FMI como credor de última instância e acelerar os cortes.

“cláusulas de salvaguardas sociais inéditas”, que permitirão à Argentina relaxar a meta de


déficit para aplicar uma porção do gasto adicional em programas sociais”. De qualquer modo,
quem sofrerá mais serão as províncias. Buenos Aires reduzirá as transferências de dinheiro
para os governos regionais, uma jogada perigosa que porá em risco o apoio político dos
governadores no Senado, onde estão representados. Também haverá cortes nos “gastos da
política”, ou seja, nos salários dos funcionários públicos.

Se forem cumpridas as expectativas de estabilidade do Governo, o problema não será mais


econômico, mas político. No ano que vem a Argentina realizará eleições presidenciais e Macri
pretende se reeleger. Um ajuste fiscal não é o melhor cenário para uma campanha bem-
sucedida. O resgate do FMI, além disso, aglutinou o peronismo oposicionista, dividido até
agora em três correntes que pareciam irreconciliáveis. A primeira advertência para o Governo
foi a votação pelo peronismo unificado de uma lei que anulou o aumento dos serviços públicos
e obrigou Macri a vetá-la. A próxima batalha parlamentar será em setembro, quando se
discutirá o orçamento de 2019. Nesse texto estarão os detalhes dos aportes que serão
reduzidos e quais setores serão os mais prejudicados.

A Argentina não consegue domar o dólar e solicitará novamente a assistência do Fundo


Monetário Internacional (FMI) após 12 anos.

Macri disse que seu país precisa do dinheiro para superar um contexto internacional "cada dia
mais complexo", com taxas de juro mais altas. Na terça-feira, o peso argentino se desvalorizou
mais de 5% em relação ao dólar, em um contexto internacional de forte pressão sobre as
moedas de economias emergentes. "Estamos entre os países do mundo que mais necessitam
de financiamento internacional, como resultado do enorme gasto público que herdamos",
disse Macri.

O pedido de ajuda da Argentina ao FMI é a história de um fracasso. E isso supõe o pagamento


de um custo político muito alto para Macri, à frente de um país que durante anos acusou a
instituição de estar por trás de ajustes austeros e grandes crises econômicas. Mas Macri não
teve outro remédio. Em meio a uma depreciação generalizada das moedas da região, como
reflexo do aumento dos juros nos EUA, o peso argentino evidenciou sua vulnerabilidade. O
dólar subiu para 23,50 pesos na manhã desta terça-feira, apesar das medidas extraordinárias
para conter a valorização. Na sexta-feira, o Banco Central da Argentina elevou a taxa de juro
de 32,25% para 40%, em uma tentativa de desencorajar investidores que fugiam do peso a
toda velocidade e apostavam na moeda norte-americana. A decisão acalmou o mercado de
câmbio naquele dia, mas a primavera durou apenas até terça-feira. O mercado de ações
acompanhou o nervosismo com uma queda de quase 5% no meio da sessão.

A Argentina tem uma economia vulnerável aos ruídos externos. Em sua mensagem ao país,
Macri descreveu claramente a origem dos problemas: "Implementamos uma política
econômica gradualista que resolva o desastre em que as contas públicas foram deixadas. Isso
depende de financiamento externo e, nos últimos dois anos, tivemos um contexto favorável.
Mas isso está mudando por diferentes fatores: as taxas de juro sobem, o petróleo sobe, as
moedas emergentes se desvalorizaram", disse.
O déficit é o ponto frágil do modelo. O Governo anunciou na semana passada que cortará os
gastos públicos em cerca de 3 bilhões de dólares (10,8 bilhões de reais) e reduzirá a
dependência do Estado em relação aos recursos estrangeiros. Mas nada disso foi suficiente. Os
investidores não confiam mais na economia argentina, apesar do apoio internacional recebido
por Macri desde que chegou ao poder. Enquanto o dólar subiu 5,3% em relação ao peso
argentino, a moeda da Colômbia se desvalorizou 1,4%, a do Chile caiu 1,3%, e o real perdeu
0,8%. Proteger o peso custou ao Banco Central argentino mais de 5 bilhões de dólares na
semana passada.

FMI, uma história de desencontros

A Argentina se distanciou do FMI em 2006, quando o então presidente Néstor Kirchner quitou
uma dívida de 9,8 bilhões de dólares. Foi uma decisão econômica, mas principalmente política.
Para muitos argentinos, o FMI é sinônimo de ajuste econômico, e seu papel na derrocada de
2001, quando suspendeu o financiamento ao Governo de Fernando de la Rúa, foi amplamente
criticado, mesmo fora do país sul-americano.

A crítica ao FMI foi uma das principais bandeiras do kirchnerismo, em linha com os governos
regionais de esquerda que marcaram a política sul-americana nos últimos 15 anos. O
pagamento ao FMI não foi uma ruptura, porque a Argentina nunca deixou a instituição, mas
permitiu ao kirchnerismo recusar as visitas de avaliação técnica às quais o Fundo submete seus
membros. Foi uma época em que o vento de cauda acompanhava as economias emergentes,
com preços recordes das commodities e juros internacionais próximos de zero. A Argentina se
financiou durante todo esse tempo emitindo dívida interna, em pesos. Mas isso mudou.

Lagarde visitou a Argentina em março, no âmbito da cúpula dos ministros de Finanças do G-20.
Trouxe como mensagem que o FMI havia mudado, atento às consequências sociais de suas
recomendações macroeconômicas. E defendeu a política de "gradualismo" aplicada por Macri.
Naquele momento, não se falou em ajuda financeira, mas a boa sintonia era evidente. "É um
FMI muito diferente do que era há 20 anos. Aprendeu com as lições do passado e apoiou o
programa gradual da Argentina. Estou certo de que podemos fechar um programa que apoie
nosso rumo", disse o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne. Foi uma tentativa de
aplacar a tempestade política que se aproxima.

O governo defende que a operação era necessária para superar a volatilidade do mercado
internacional, em especial a recente desvalorização do peso que fez escalar a inflação do país.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/06/argentina-anuncia-planos-para-atingir-
metas-do-fmi.shtml

https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2018/06/20/fmi-esta-de-volta-a-argentina.htm

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44035325

https://www.marxismo.org.br/content/o-colapso-do-peso-argentino-sinais-sinistros-da-
situacao-da-economia-mundial/
http://time.com/5272911/argentina-macri-imf-international-monetary-fund-economy/

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