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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

ECA

Atualizado em 04/05/2018: novos julgados

1. DIGNIDADE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES


1.1. Reconhecimento de dano moral coletivo por conta de programa de televisão
que divulga testes de DNA tratando o tema de forma jocosa e depreciativa – (Info
618) – IMPORTANTE!!!

A conduta de emissora de televisão que exibe quadro que, potencialmente,


poderia criar situações discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos
adolescentes configura lesão ao direito transindividual da coletividade e dá ensejo
à indenização por dano moral coletivo.
Caso concreto: existia um programa de TV local no qual o apresentador abria ao
vivo testes de DNA e acabava expondo as crianças e adolescentes ao ridículo,
especialmente quando o resultado do exame era negativo. As crianças e
adolescentes não participavam do programa, apenas seus pais. No entanto, o
apresentador utilizava expressões jocosas e depreciativas em relação à concepção
dos menores.
STJ. 4ª Turma. REsp 1517973-PE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 16/11/17 (Info
618).
OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: Existia um programa de TV local chamado
“Resolvo a Bronca”. Nele, havia um quadro denominado “Investigação de
Paternidade”, no qual o apresentador abria ao vivo testes de DNA e acabava
expondo as crianças e adolescentes ao ridículo, especialmente quando o resultado do
exame era negativo. Vale ressaltar, ainda, que o apresentador do programa utilizava
expressões jocosas e depreciativas em relação à concepção das crianças e
adolescentes. Como exemplo, em um dos programas, o apresentador falou: “Oh,
dúvida cruel! É do marido ou é do outro? Será que ele é filho de ‘tiquim’? ‘Tiquim’ de um,
‘tiquim’ de outro?”. Diante disso, o MP ajuizou ação civil pública pedindo a
condenação da emissora de TV ao pagamento de indenização por dano moral
coletivo. Na contestação, a ré alegou que:
• o dano moral é um dano personalíssimo, ou seja, individual, e que deveria ter sido
reclamado pelos participantes do quadro e não pelo Ministério Público;
• os nomes das crianças e dos adolescentes não eram falados no ar;
• o dano moral não restou comprovado.

A questão chegou até o STJ? Houve dano moral coletivo? SIM.

Legitimidade do MP: O Ministério Público Estadual possui legitimidade para ação


de reparação dos danos causados a crianças e adolescentes, nos termos do art. 201,
V, do ECA:
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
(...)
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no
art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;

Vale ressaltar que na ação, o MP não está pleiteando direitos individuais das
crianças e adolescentes expostos pelo programa. O objetivo é o de resguardar os
valores constitucionais encartados no princípio da dignidade humana, em especial
de crianças e adolescentes, seres humanos em desenvolvimento, cuja incolumidade
física, mental, moral, espiritual e social há de serpreservada com absoluta
prioridade.

A jurisprudência admite a existência de dano moral coletivo? SIM. A jurisprudência


majoritária admite a possibilidade de haver condenação por dano moral coletivo.

Desnecessidade de comprovação de dor: O dano moral coletivo é uma categoria


autônoma de dano. Para que o dano moral coletivo seja reconhecido, não é
necessário que se investigue se houve dor psíquica, sofrimento ou outros atributos
próprios do dano individual. Assim, o dano extrapatrimonial coletivo prescinde da
comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico. Esses elementos (dor,
sofrimento etc.) são suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo, mas não se
aplicam para interesses difusos e coletivos (STJ REsp 1.057.274/RS). O dano moral
coletivo é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito
transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de
vista jurídico, de forma a envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo
negativo à moral da coletividade (REsp 1.397.870/MG).

In re ipsa: Assim, conclui-se que o dano moral coletivo é aferível in re ipsa, ou seja,
sua configuração decorre da mera constatação da prática de conduta ilícita que, de
maneira injusta e intolerável, viole direitos de conteúdo extrapatrimonial da
coletividade, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou de
efetivo abalo moral.

Função sancionatória e pedagógica do dano moral coletivo: A reparação adequada


do dano moral coletivo deve refletir sua função sancionatória e pedagógica,
desestimulando o ofensor a repetir a falta, sem constituir, de outro lado, um ônus
financeiro capaz de inviabilizar a continuidade da atividade empresarial exercida
pelo fornecedor.

Quantum do valor: A quantificação do dano moral coletivo depende do exame das


peculiaridades de cada caso concreto, devendo ser observados alguns critérios:
 A relevância do interesse transindividual lesado;
 A gravidade e a repercussão da lesão;
 A situação econômica do ofensor;
 O proveito obtido com a conduta ilícita;
 O grau da culpa ou do dolo (se presentes);
 A verificação da reincidência;
 O grau de reprovabilidade social.

Para quem é destinado o dinheiro da condenação? Havendo condenação em


dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados (art. 13 da Lei nº 7.347/85).

Exemplos de dano moral coletivo:


 Instituição bancária que constantemente demora de forma excessiva no
atendimento ao consumidor (STJ 2ª Turma. REsp 1.402.475/SE, Rel. Min.
Herman Benjamin, j. 9/5/17).
 Instituição financeira que não fornecia opções dos contratos bancários em
braille para as pessoas com deficiência visual (STJ. 4ª Turma. REsp
1.349.188/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/5/16).
 Instituição financeira que oferece, em sua agência, atendimento inadequado
aos consumidores idosos, deficientes físicos e com dificuldade de
locomoção (STJ. 3ª Turma. REsp 1.221.756-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, j.
2/2/12).
 Posto de gasolina que pratica “infidelidade de bandeira”, ou seja, que
ostenta marca comercial de uma distribuidora (ex: Petrobrás), mas vende
combustível de outras (STJ. 4ª Turma. REsp 1.487.046/MT, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, j. 28/3/17).
 Prática de venda casada por parte de operadora de telefonia celular (STJ. 2ª
Turma. REsp 1.397.870-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 2/12/14).
 Empreendimento que oferecia, de forma ilegal, videobingos e caça-níqueis
(STJ. 2ª Turma. REsp 1464868/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 22/11/16).

Danos morais coletivos X danos sociais: Dano social não é sinônimo de dano
moral coletivo. Danos sociais, segundo Antônio Junqueira de Azevedo,
“são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por
rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a
respeito da segurança – quanto por diminuição na
qualidade de vida. Os danos sociais são causa, pois, de
indenização punitiva por dolo ou culpa grave,
especialmente, repetimos, se atos que reduzem as condições
coletivas de segurança, e de indenização dissuasória, se atos
em geral da pessoa jurídica, que trazem uma diminuição do
índice de qualidade de vida da população.” (p. 376).

O dano social é, portanto, uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde
com os danos materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos
socialmente reprováveis, que diminuem o nível social de tranquilidade.

Alguns exemplos dados por Junqueira de Azevedo: o pedestre que joga papel no
chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu
filho. Tais condutas socialmente reprováveis podem gerar danos como o
entupimento de bueiros em dias de chuva, problemas de comunicação do avião
causando um acidente aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta da queda
do balão etc.

Diante da prática dessas condutas socialmente reprováveis, o juiz deverá condenar


o agente a pagar uma indenização de caráter punitivo, dissuasório ou didático, a
título de dano social.

Conforme explica Flávio Tartuce, os danos sociais são difusos e a sua indenização
deve ser destinada não para a vítima, mas sim para um fundo de proteção ao
consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo para uma instituição de caridade, a
critério do juiz (Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Método, 2013, p. 58).

Os danos sociais representam a aplicação da função social da responsabilidade civil


(PEREIRA, Ricardo Diego Nunes. Os novos danos: danos morais coletivos, danos sociais e
danos por perda de uma chance. Disponível em: http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11307).

Ex: decisão do TRT-2ª Região (processo 2007-2288), que condenou o Sindicato dos
Metroviários de São Paulo e a Cia do Metrô a pagarem 450 cestas básicas a entidades
beneficentes por terem realizado uma greve abusiva que causou prejuízo à
coletividade.

Na V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ foi aprovado um enunciado reconhecendo


a existência dos danos sociais:
Enunciado 455: A expressão “dano” no art. 944 abrange não
só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas
também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais
homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para
propor ações coletivas.

Voltando ao caso concreto: No caso concreto, o quadro “Investigação de


Paternidade” do programa televisivo, ao expor a identidade (imagens e nomes) dos
“genitores” das crianças e adolescentes, tornou-os vulneráveis a toda sorte de
discriminações, ferindo o comando constitucional que impõe a todos (família,
sociedade e Estado) o dever de lhes assegurar, com absoluta prioridade, o direito à
dignidade e ao respeito e de lhes colocar a salvo de toda forma de discriminação,
violência, crueldade ou opressão (art. 227 da CF/88). Assim, a conduta da emissora
de televisão - ao exibir quadro que, potencialmente, poderia criar situações
discriminatórias, vexatórias, humilhantes às crianças e aos adolescentes - traduz
flagrante dissonância com a proteção universalmente conferida às pessoas em
franco desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, donde se extrai a
evidente intolerabilidade da lesão ao direito transindividual da coletividade,
configurando-se, portanto, hipótese de dano moral coletivo indenizável.

2. GUARDA
2.1. Competência da Vara de Violência Doméstica para decidir guarda de criança
e autorização para viagem se a causa de pedir estiver relacionada com a violência
praticada contra a genitora – (Info 617) – IMPORTANTE!!!

A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui


competência para o julgamento de pedido incidental de natureza civil, relacionado
à autorização para viagem ao exterior e guarda unilateral do infante, na hipótese
em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na prática de violência
doméstica e familiar contra a genitora.
STJ. 3ª Turma. REsp 1550166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 21/11/17(Info
617).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro e Helena vivem em união estável e
possuem um filho de 2 anos de idade chamado Lucas. Determinado dia, João,
motivado por ciúmes, agrediu fisicamente Helena. Diante disso, a vítima procurou a
Defensoria Pública e esta requereu à Vara Especializada da Violência Doméstica ou
Familiar Contra a Mulher, dentre outras, as seguintes medidas em favor de Fabíola:
a) guarda unilateral de Lucas;
b) autorização para que ela viaje com o filho para Bolívia,
considerando que a sua família reside naquela localidade,
não tendo amigos ou parentes no Brasil.

A defesa de Pedro contestou o pedido afirmando que a competência para este


pedido é do Juízo da Vara da Infância e Juventude (e não da Vara de Violência
Doméstica).

A discussão aqui, portanto, é apenas quanto à competência. A Vara Especializada


da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência para
decidir esses pedidos no presente caso? SIM. É o que foi decidido no Info 617 do STJ.

O art. 14 da Lei 11.340/06 prevê uma competência híbrida (criminal e civil) da Vara
Especializada da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Confira:
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
competência cível e criminal, poderão ser criados pela União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Dessa forma, os Juizados de Violência Doméstica possuem competência para as


ações de natureza civil que tenham por causa de pedira prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher.

O propósito conferido pela Lei 11.340/06 foi o de outorgar ao mesmo magistrado o


conhecimento da situação de violência doméstica e familiar contra a mulher,
permitindo-lhe avaliar as repercussões jurídicas nas diversas ações civis e
criminais advindas direta e indiretamente desse fato. Isso tem por objetivo facilitar
o acesso da mulher, vítima de violência doméstica, ao Poder Judiciário, conferindo-
lhe uma maior proteção.

Assim, para o estabelecimento da competência da Vara Especializada da Violência


Doméstica ou Familiar Contra a Mulher nas ações de natureza civil, é imprescindível
que a causa de pedir da ação consista justamente na prática de violência doméstica
ou familiar contra a mulher.

Dessa forma, para o estabelecimento da competência da Vara Especializada da


Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher nas ações de natureza civil
(notadamente, as relacionadas ao Direito de Família), é necessário que a ação
decorra (tenha por fundamento) da prática de violência doméstica ou familiar
contra a mulher. É necessário ainda que, no momento do ajuizamento da ação de
natureza cível, a vítima esteja em situação de violência doméstica e familiar,
fazendo com que ela tenha direito, pelo menos em tese, às medidas protetivas
expressamente previstas na Lei nº 11.340/2006.

Na hipótese dos autos, a competência para o exame da referida pretensão é da Vara


Especializada, na medida em que o pedido relacionado ao interesse da criança deu-
se em plena vigência de medida protetiva de urgência destinada a neutralizar a
situação de violência doméstica.

2.2. Menor sob guarda é dependente para fins previdenciários – (Infos 595 e 619) –
JULGADO SUPER IMPORTANTE!!!

O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do
seu mantenedor, comprovada sua dependência econômica, nos termos do art. 33, §
3º do ECA, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja posterior à vigência da
Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na Lei 9.528/97.
Funda-se essa conclusão na qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do
Adolescente (8.069/90), frente à legislação previdenciária.
STJ. 1ª Seção. REsp 1411258-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 11/10/17
(recurso repetitivo) (Info 619).

Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por
morte mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa promovida
pela Lei 9.528/97 na Lei 8.213/91.
O art. 33, § 3º do ECA deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida
na lei geral da Previdência Social, em homenagem ao princípio da proteção
integral e preferência da criança e do adolescente (art. 227 da CF/88).
STJ. Corte Especial. EREsp 1141788/RS, Min. Rel. João Otávio de Noronha, j.
07/12/16 (Info 595)
OBS:
Beneficiários: Em um regime de previdência, seja o regime geral (administrado pelo
INSS), seja o regime próprio (destinado aos servidores públicos), quando falamos em
“beneficiários da previdência”, essa expressão abrange duas espécies: segurados e
dependentes.

Segurados Dependentes
São pessoas que, em razão de exercerem São as pessoas que recebem uma
um trabalho, emprego ou cargo, ficam proteção previdenciária pelo fato de
vinculadas diretamente ao Regime de terem uma relação com o segurado.
Previdência.
Estão vinculados diretamente ao Estão vinculados de forma reflexa, em
Regime de Previdência. razão da relação que possuem com o
segurado.
Ex: o servidor público federal, em Ex: a esposa do servidor público federal
virtude do cargo por ele é beneficiária do regime previdenciário
desempenhado, vincula-se ao regime próprio na qualidade de dependente.
próprio de previdência dos servidores
federais.

Dependentes
O que são os dependentes para fins previdenciários? Os dependentes são pessoas
que, embora não contribuindo para a seguridade social, podem vir a receber
benefícios previdenciários, em virtude de terem uma relação de afeto
(cônjuge/companheiro) ou parentesco com o segurado.
Quais os benefícios que os dependentes receberão? Quem define isso é a lei. Em
geral, todos os regimes de previdência preveem a pensão por morte como um
benefício que os dependentes recebem quando ocorre o falecimento do segurado.

É o segurado quem escolhe quem são seus dependentes para fins previdenciários?
NÃO. A relação dos dependentes é definida pela legislação previdenciária. Assim,
não é o segurado quem os indica. É a própria lei quem já prevê taxativamente quem
tem direito de ser considerado dependente (art. 16 da Lei 8.213/91).

Os dependentes precisam se cadastrar no INSS? Somente no momento em que


forem receber o benefício. Antes de terem direito ao benefício, os dependentes do
segurado não se inscrevem na autarquia previdenciária.

Classes de dependentes: A Lei divide os dependentes em três classes:

a) Cônjuge
1ª CLASSE b) Companheiro (hétero ou Para que recebam os
homoafetivo) benefícios previdenciários, os
c) Filho menor de 21 anos, desde que membros da 1ª classe NÃO
não tenha sido emancipado; precisam provar que eram
d) Filho inválido (não importa a idade); dependentes economicamente
e) Filho com deficiência intelectual ou do segurado (a dependência
mental ou deficiência grave (não econômica é presumida pela
importa a idade). lei).

2ª CLASSE Pais do segurado.

Para que recebam os


benefícios previdenciários, os
3ª CLASSE a) Irmão menor de 21 anos, desde que
membros da 2ª e 3ª classes
não tenha sido emancipado;
PRECISAM provar que eram
dependentes economicamente
b) Irmão inválido (não importa a do segurado.
idade);

c) Irmão com deficiência intelectual ou


mental ou deficiência grave (não
importa a idade).

GUARDA
Concessão da guarda para pessoa diversa dos pais: A legislação prevê algumas
hipóteses em que a criança ou o adolescente pode ser colocado sob a guarda de uma
pessoa que não seja nem seu pai nem sua mãe. A concessão da guarda é uma das
formas de colocação do menor em família substituta, sendo concedida quando os
pais não apresentarem condições de exercer, com plenitude, seus deveres inerentes
ao poder familiar, seja por motivos temporários ou permanentes.

A concessão da guarda para terceiros implica, necessariamente, a perda do poder


familiar pelos pais? NÃO. A concessão da guarda, diferentemente da tutela, “não
implica em destituição do poder familiar, mas sim, transfere a terceiros componentes
de uma família substituta provisória a obrigação de cuidar da manutenção da
integridade física e psíquica da criança e do adolescente.” (ROSSATO, Luciano
Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança e do
Adolescente. Comentado artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 187).

Hipóteses: Existem três hipóteses em que a guarda poderá ser deferida a outras
pessoas que não sejam os pais da criança ou adolescente:
a) quando tramitar processo judicial para que a criança ou
adolescente seja adotado ou tutelado, situação em que
poderá ser colocado, liminar ou incidentalmente, sob a
guarda do adotante ou tutor (art. 33, § 1º do ECA). Nesse
caso, a guarda destina-se a regularizar juridicamente a
situação de quem já está, na prática, cuidando do menor. O
ECA fala que a guarda “destina-se a regularizar a posse de fato”;
b) quando essa transferência da guarda for necessária para
atender a situações peculiares ou para suprir a falta eventual
dos pais ou responsável (art. 33, § 2º do ECA). Ex: pais irão
fazer uma longa viagem para o exterior, ficando a criança no
Brasil;
c) quando o juiz verificar que nem o pai nem a mãe estão
cumprindo adequadamente o dever de guarda do filho,
situação em que deferirá a guarda à pessoa que revele
compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
afetividade (art. 1.584, § 5º do CC).

Responsabilidades do guardião: A pessoa que recebe a guarda, chamada de


“guardião” (ou “detentor da guarda”), tem a obrigação de prestar assistência
material, moral e educacional à criança ou adolescente. O guardião, no exercício de
suas responsabilidades inerentes à guarda, tem o direito de fazer prevalecer suas
decisões em relação ao menor, podendo, para isso, opor-se em relação a terceiros,
inclusive aos próprios pais da criança ou adolescente (art. 33, caput, do ECA).

GUARDA E EFEITOS PREVIDENCIÁRIOS


A criança ou adolescente que está sob guarda é considerada dependente do
guardião? Para responder a esta pergunta é necessário fazer um histórico da
legislação.
 Lei 8.069/90: Em 1990, foi editado o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8.069/90) prevendo que sim. Veja o que estabelece o § 3º do art. 33 do ECA:
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.

 Redação original da Lei 8.213/91: Em 1991, foi publicada a Lei 8.213/91, que
trata sobre os Planos de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS). Essa Lei elencou, em seu art. 16, quem seriam as pessoas
consideradas dependentes dos segurados. O § 2º do art. 16 previu que o
menor que estivesse sob guarda judicial deveria ser equiparado a filho e,
portanto, considerado como dependente do segurado. Em outras palavras, a
redação original da Lei 8.213/91 dizia que o menor sob guarda era
considerado dependente previdenciário do guardião.

 MP 1.523/96 e Lei 9.528/97: Em 1996, foi editada a MP 1.523/96, que alterou a


redação do § 2º do art. 16 da Lei 8.213/91 e excluiu o menor sob guarda do
rol de dependentes. A justificativa dada para esta alteração foi a de que
estavam ocorrendo muitas fraudes. O avô(ó), já aposentado, obtinha a guarda
de seu neto(a) apenas para, no futuro, deixar para ele(a) pensão por morte,
quando falecesse. A criança continuava morando com seus pais e esta guarda
era obtida apenas para fins previdenciários. Dessa forma, a intenção do
Governo foi a de acabar com os efeitos previdenciários da guarda. A referida
MP foi, posteriormente, convertida na Lei 9.528/97.

ECA não foi alterado, o que gerou polêmica: Ocorre que o legislador alterou a Lei
8.213/91, mas não modificou o § 3º do art. 33 do ECA. Continuou-se defendendo a
tese de que o menor sob guarda permanece com direitos previdenciários por força
do ECA. O INSS, por sua vez, argumentava que o art. 33, § 3º do ECA foi derrogado
implicitamente pela Lei 9.528/97. Segundo a autarquia, a Lei 8.213/91, com redação
dada pela Lei 9.528/97, é lei posterior e mais especial do que o ECA. No conflito
entre a atual redação do art. 16 da Lei 8.213/91 e o art. 33, § 3º da Lei 8.069/90
deveria prevalecer o 1º diploma, ante a natureza específica da norma previdenciária.
A jurisprudência oscilava, ora em um sentido, ora em outro. A questão, no entanto,
foi agora pacificada pela Corte Especial do STJ.

A criança ou adolescente que está sob guarda é considerada dependente do


guardião? A guarda confere direitos previdenciários à criança ou adolescente? Se o
guardião falecer, a criança ou adolescente que estava sob sua guarda poderá ter
direito à pensão por morte? SIM. O ECA não é uma simples lei, uma vez que
representa política pública de proteção à criança e ao adolescente, verdadeiro
cumprimento do mandamento previsto no art. 227 da CF/88. Não é dado ao
intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente contra a dignidade da
pessoa humana e, consequentemente, contra o princípio de proteção integral e
preferencial a crianças e adolescentes, já que esses postulados são a base do Estado
Democrático de Direito e devem orientar a interpretação de todo o ordenamento
jurídico. Desse modo, embora a lei previdenciária seja norma específica da
previdência social, não menos certo é que a criança e adolescente contam com
proteção de norma específica que confere ao menor sob guarda a condição de
dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários. Logo, prevalece a
previsão do ECA trazida pelo art. 33, § 3º, mesmo sendo anterior à lei previdenciária.

Este entendimento vale também para o Regime Próprio de Previdência Social? SIM.
Mesmo antes da decisão Corte Especial acima explicada, já havia precedentes do STJ
neste sentido:
(...) 1. O menor sob guarda judicial de servidor público do
qual dependa economicamente no momento do falecimento
do responsável tem direito à pensão temporária de que trata
o art. 217, II, b, da Lei 8.112/90.
2. O art. 5º da Lei 9.717/98 deve ser interpretado em
conformidade com o princípio constitucional da proteção
integral à criança e ao adolescente (CF, art. 227), como
consectário do princípio fundamental da dignidade humana
e base do Estado Democrático de Direito, bem assim com o
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90, art. 33, §
3º). (...)
STJ. Corte Especial. MS 20.589/DF, Rel. Min. Raul Araújo, j.
03/06/15.

Se um segurado de regime previdenciário for detentor da


guarda judicial de uma criança ou adolescente que dele
dependa economicamente, caso esse segurado morra, esse
menor terá direito à pensão por morte, mesmo que a lei que
regulamente o regime previdenciário não preveja a criança
ou adolescente sob guarda no rol de dependentes. Isso
porque o ECA já determina que a guarda confere à criança
ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins
e efeitos de direito, inclusive previdenciários (§ 3º do art. 33).
Logo, havendo previsão expressa no ECA pouco importa que
a lei previdenciária tenha ou não disposição semelhante.
Vale ressaltar que o ECA prevalece mesmo que seja mais
antigo que a lei previdenciária porque é considerado lei
específica de proteção às crianças e adolescentes.
STJ. 1ª Seção. RMS 36.034-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
j. 26/2/14 (Info 546).

Exemplo: João, avô de Beatriz, de 10 anos, tem a guarda de sua neta, concedida
judicialmente. Vale ressaltar que João é servidor público do Estado do Mato Grosso.
O Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso, editado em 2004, traz,
em seu art. 245, a relação das pessoas que podem ser consideradas dependentes dos
servidores. O art. 245 não incluiu no rol de dependentes para fins previdenciários o
menor sob guarda. João morreu. Beatriz terá direito à pensão por morte. Se ocorrer o
óbito do segurado de regime previdenciário que seja detentor da guarda judicial de
criança ou adolescente, será assegurado o benefício da pensão por morte ao menor
sob guarda, ainda que este não tenha sido incluído no rol de dependentes previsto
na lei previdenciária aplicável.

2.3. Criança ou adolescente sob guarda é considerado dependente para fins de


pensão por morte – (Info 546) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE
ENTENDIMENTO!!!

Se um segurado de regime previdenciário for detentor da guarda judicial de uma


criança ou adolescente que dele dependa economicamente, caso esse segurado
morra, esse menor terá direito à pensão por morte, mesmo que a lei que
regulamente o regime previdenciário não preveja a criança ou adolescente sob
guarda no rol de dependentes. Isso porque o ECA já determina que a guarda
confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e
efeitos de direito, inclusive previdenciários (§ 3º do art. 33). Logo, havendo
previsão expressa no ECA pouco importa que a lei previdenciária tenha ou não
disposição semelhante.
Vale ressaltar que o ECA prevalece mesmo que seja mais antigo que a lei
previdenciária porque é considerado lei específica de proteção às crianças e
adolescentes.
STJ. 1ª Seção. RMS 36.034-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 26/2/14 (Info 546).
2.4. Ação de guarda proposta por dois genitores e seu caráter dúplice – (Info 441)
– IMPORTANTE!!! (TJDFT-2016)

A ação de guarda de menor proposta pelo pai que recebe contestação da mãe, a
qual também pretende a guarda da criança, tem natureza dúplice, a possibilitar
que o juiz negue o pedido do autor e acolha o pleito da requerida, ou se há
necessidade do pedido formal de reconvenção?
A Turma entendeu que, nas ações de guarda e responsabilidade em que os polos
da demanda são preenchidos pelo pai de um lado e pela mãe do outro, ambos
litigando pela guarda do filho, pode-se dizer que se trata de ação dúplice
decorrente da natureza da relação processual. Isso porque, partindo do
pressuposto de que o poder familiar é inerente aos pais e ambos estão pleiteando
judicialmente a guarda do filho, é evidente que, se não deferida a um,
automaticamente a guarda será do outro.
É lícito, pois, o pedido da apelada, ora recorrida, formulado em sede de
contestação, visto que, sendo a ação de natureza dúplice, desnecessário o
oferecimento de reconvenção. O acatamento desse pedido não configura sentença
extra petita.
Note-se, contudo, que esse caráter dúplice evidencia-se nas ações de guarda e
responsabilidade apenas quando os que em juízo vindicam a guarda do menor
forem obrigatoriamente pai e mãe. Se um dos litigantes for terceira pessoa, por
exemplo, avô, tio etc., a sentença deve restringir-se ao pedido do autor. É que o
poder familiar será exercido pelos pais primeiramente e, apenas em situações
excepcionais, poderá vir a ser exercido por pessoas diversas.
Assim, se um dos pais pleiteia a guarda de seu filho com outra pessoa qualquer, a
ação não terá natureza dúplice, visto que, caso haja a destituição do poder familiar
desse pai em litígio, a outra pessoa integrante da relação processual não
necessariamente ficará com a guarda do menor. Com esses fundamentos, entre
outros, negou-se provimento ao recurso.
STJ, 4ª Turma, REsp 1.085.664-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 3/8/10 (Info
441).

3. ADOÇÃO
3.1. Possibilidade de revogação da adoção unilateral se isso for melhor para o
adotando – (Info 608) – IMPORTANTE!!!

No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do


Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser flexibilizada no melhor interesse
do adotando.
Ex: filho adotado teve pouquíssimo contato com o pai adotivo e foi criado, na
verdade, pela família de seu falecido pai biológico.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.545.959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para
acórdão Min. Nancy Andrighi, J. 6/6/17 (Info 608).
OBS:
Diante da inexistência de reais vantagens para o adotando no processo de adoção
unilateral, é possível imaginar a possibilidade de se permitir a sua revogação, desde
que haja uma análise individualizada por parte do Poder Judiciário se os motivos
alegados são justificáveis.
A razão de ser da proibição da revogação da adoção existe para proteger o menor
adotado, buscando colocá-lo a salvo de possíveis alternâncias comportamentais de
seus adotantes, rupturas conjugais ou outras atitudes que recoloquem o menor
adotado novamente no limbo sócio emocional que vivia antes da adoção.
Por outro lado, se a revogação tem por objetivo proteger os interesses do adotado,
então, nesta hipótese, poderia ser flexibilizada a restritiva regra fixada no art. 39 § 1º,
do ECA.

3.2. Não é possível que a adoção conjunta seja transformada em unilateral post
mortem caso um dos autores desista e o outro morra sem ter manifestado intenção de
adotar unilateralmente – (Info 588)

Se, no curso da ação de adoção conjunta, um dos cônjuges desistir do pedido e


outro vier a falecer sem ter manifestado inequívoca intenção de adotar
unilateralmente, não poderá ser deferido ao interessado falecido o pedido de
adoção unilateral post mortem.
Tratando-se de adoção em conjunto, um cônjuge não pode adotar sem o
consentimento do outro. Assim, se proposta adoção em conjunto e um dos autores
(candidatos a pai/mãe) desiste da ação, a adoção deve ser indeferida,
especialmente se o outro vem a morrer antes de manifestar-se sobre a desistência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.421.409-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 18/8/16
(Info 588).
OBS:
O § 5º do art. 42 do ECA prevê a chamada adoção póstuma, que ocorre quando o
pretenso adotante morre no curso do processo, antes de proferida a sentença, sendo
permitida a finalização do processo. Para isso, no entanto, é indispensável que o de
cujus tenha manifestado inequivocamente sua de vontade de adotar. No caso em
tela, a adoção foi proposta pelo casal, tratando-se de adoção conjunta, prevista no §
2º do art. 42 do ECA:
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
sejam casados civilmente ou mantenham união estável,
comprovada a estabilidade da família.

Como um dos autores (a mulher) desistiu, o juiz não poderia ter deferido a adoção
post mortem apenas em relação ao falecido porque o pedido inicial foi de adoção
conjunta e um dos requisitos exigidos para este tipo de adoção é a necessidade de
concordância do casal para adotar. Tratando-se de adoção em conjunto, um cônjuge
não pode adotar sem o consentimento do outro. O consentimento deve ser mútuo.

3.3. Adoção de criança por pessoa homoafetiva – (Info 566)

É possível a inscrição de pessoa homoafetiva no registro de pessoas interessadas


na adoção (art. 50 do ECA), independentemente da idade da criança a ser adotada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.540.814-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 18/8/15
(Info 567).

3.4. A adoção de pessoa maior de idade não precisa do consentimento de seu pai
biológico – (Info 558)
Imagine que André foi abandonado, ainda criança, pelo seu pai biológico (João),
tendo sido criado por Bento, quem considera seu verdadeiro pai.
Quando André atinge a maioridade, Bento ajuíza ação para adotar o rapaz.
João (pai biológico) apresenta contestação, não concordando com a adoção, e
invocando o caput do art. 45 do ECA: “A adoção depende do consentimento dos
pais ou do representante legal do adotando.”
O simples fato de o pai biológico não concordar com a adoção de seu filho maior de
18 anos é motivo suficiente para impedir que ela aconteça? Aplica-se ao caso o
caput do art. 45 do ECA?
NÃO. Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afetivo) entre o
adotante e o adotando, a adoção de pessoa maior não pode ser refutada pelo pai
biológico que abandonou o filho, a menos que ele apresente uma justa causa.
A adoção de pessoas maiores de 18 anos é regida pelo ECA. No entanto, no caso,
não se aplica a exigência do caput do art. 45 do ECA porque o § 1º do mesmo
artigo afirma que esse consentimento do pai é dispensado caso ele tenha sido
destituído do poder familiar. O poder familiar termina quando o filho atinge a
maioridade. Logo, sendo André maior que 18 anos, João não mais tem poder
familiar sobre ele, não sendo necessário seu consentimento para a adoção.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.444.747-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
17/3/2015 (Info 558).

3.5. Adoção de neto pelos seus avós – (Info 551) – IMPORTANTE!!!

Admitiu-se, excepcionalmente, a adoção de neto por avós, tendo em vista as


seguintes particularidades do caso analisado: os avós haviam adotado a mãe
biológica de seu neto aos oito anos de idade, a qual já estava grávida do adotado
em razão de abuso sexual; os avós já exerciam, com exclusividade, as funções de
pai e mãe do neto desde o seu nascimento; havia filiação socioafetiva entre neto e
avós; o adotado, mesmo sabendo de sua origem biológica, reconhece os adotantes
como pais e trata a sua mãe biológica como irmã mais velha; tanto adotado quanto
sua mãe biológica concordaram expressamente com a adoção; não há perigo de
confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; e não havia
predominância de interesse econômico na pretensão de adoção.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014
(Info 551).

(MPSC-2016): Há entendimento do STJ de que o enquadramento de uma


situação fática como filiação socioafetiva serve para mitigar a proibição da
adoção avoenga. BL: Info 551, STJ.

3.6. Adoção conjunta feita por dois irmãos

Pelo texto do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes
sejam casados ou vivam em união estável. No entanto, a 3ª Turma do STJ
relativizou essa regra do ECA e permitiu a adoção por parte de duas pessoas que
não eram casadas nem viviam em união estável. Na verdade, eram dois irmãos
(um homem e uma mulher) que criavam um menor há alguns anos e, com ele,
desenvolveram relações de afeto.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.

3.7. Adoção post mortem mesmo que o adotante não tenha iniciado o
procedimento formal enquanto vivo

Pelo texto do ECA, a adoção post mortem (após a morte do adotante) somente
poderá ocorrer se o adotante, em vida, manifestou inequivocamente a vontade de
adotar e iniciou o procedimento de adoção, vindo a falecer no curso do
procedimento, antes de prolatada a sentença.
Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o
menor, poderá ocorrer a adoção post mortem mesmo que não tenha iniciado o
procedimento de adoção quando vivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/6/2012.

3.8. ADOÇÃO HOMOAFETIVA

É possível a adoção de uma criança por casal homoafetivo.


É possível também a adoção unilateral do filho biológico da companheira
homoafetiva.
Ex: João é filho biológico de Maria. A criança foi fruto de uma inseminação
artificial heteróloga com doador desconhecido. Maria mantém união estável
homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.281.093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/12/2012.

3.9. Negativa da adoção à casais homoafetivos sob a alegação genérica de que


pode gerar problemas psicológicos na criança

O juiz pode negar o pedido sob a alegação genérica de que adoção por casais
homoafetivos pode gerar problemas psicológicos na criança?
NÃO. Este argumento genérico não é acolhido pelos Tribunais Superiores porque
“os diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em
fortes bases científicas (realizados na Universidade de Virgínia, na Universidade
de Valência, na Academia Americana de Pediatria), não indicam qualquer
inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais
importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que
serão inseridas e que as liga a seus cuidadores.
REsp 889.852/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
27/04/2010.

3.10. CADASTRO DE ADOTANTES

A observância do cadastro de adotantes, ou seja, a preferência das pessoas


cronologicamente cadastradas para adotar determinada criança, não é absoluta. A
regra comporta exceções determinadas pelo princípio do melhor interesse da
criança, base de todo o sistema de proteção. Tal hipótese configura-se, por
exemplo, quando já formado forte vínculo afetivo entre a criança e o pretendente
à adoção, ainda que no decorrer do processo judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.347.228-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 6/11/2012.

4. MEDIDAS PROTETIVAS
4.1. Poderes do juiz para determinar, de ofício, providências em favor de criança
ou adolescente em situação de risco.

O juiz da infância e juventude tem o poder de determinar, de ofício, a realização


de providências em favor de criança ou adolescente em situação de risco (no caso
concreto, matrícula em escola pública), sem que isso signifique violação do
princípio dispositivo.
STJ. 2ª Turma. RMS 36.949-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 13/3/2012.

5. BUSCA E APREENSÃO DE CRIANÇA


5.1. Inadequação do habeas corpus para impugnar decisão que determina a busca
e apreensão e o acolhimento de criança – (Info 574)

Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial liminar que determinou a
busca e apreensão de criança para acolhimento em família devidamente
cadastrada junto a programa municipal de adoção.
STJ. 4ª Turma. HC 329.147-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 20/10/15 (Info 574).
OBS: A jurisprudência majoritária do STJ entende que o habeas corpus não é
instrumento processual adequado para a concessão desse tipo de provimento
jurisdicional. Ademais, o caso não se enquadra na hipótese de ameaça de violência
ou coação em liberdade de locomoção prevista no art. 5º, LXVIII, da CF/88.

6. ATO INFRACIONAL
6.1. Judiciário pode determinar que Estado implemente plantão em Delegacia de
Atendimento ao adolescente infrator – (Info 609)

A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do


plantão de 24 horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à
Juventude não constitui abuso de poder, tampouco extrapola o controle do mérito
administrativo pelo Poder Judiciário.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.612.931-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 20/6/17
(Info 609).

7. EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS


7.1. INTERNAÇÃO: Quando o art. 122, II, do ECA prevê que o adolescente
deverá ser internado em caso "reiteração no cometimento de outras infrações graves"
não se exige um número mínimo – (Info 591) – IMPORTANTE!!!

O ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para


justificar a internação do menor infrator com fulcro no art. 122, II, do ECA
(reiteração no cometimento de outras infrações graves).
Logo, cabe ao magistrado analisar as peculiaridades de cada caso e as condições
específicas do adolescente a fim de aplicar ou não a internação.
A depender das particularidades e circunstâncias do caso concreto, pode ser
aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida de internação ao
adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma outra infração grave.
Está superado o entendimento de que a internação com base nesse dispositivo
somente seria permitida com a prática de no mínimo 3 infrações.
STF. 1ª Turma. HC 94447, Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/04/11.
STJ. 5ª Turma. HC 332.440/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 24/11/15.
STJ. 6ª Turma. HC 347.434-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min.
Antonio Saldanha Palheiro, j. 27/9/16 (Info 591).
OBS:
Quais são as medidas socioeducativas que implicam privação de liberdade?
• Semiliberdade;
• Internação.

Semiliberdade (art. 120 do ECA): Pelo regime da semiliberdade, o adolescente realiza


atividades externas durante o dia, sob supervisão de equipe multidisciplinar, e fica
recolhido à noite. O regime de semiliberdade pode ser determinado como medida
inicial imposta pelo juiz ao adolescente infrator, ou como forma de transição para o
meio aberto (uma espécie de “progressão”).

Internação (arts. 121 e 122 do ECA): Por esse regime, o adolescente fica recolhido na
unidade de internação. A internação constitui medida privativa da liberdade e se
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento. Pode ser permitida a realização de atividades
externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
judicial em contrário. A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis
meses. Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
Se o interno completar 21 anos, deverá ser obrigatoriamente liberado, encerrando o
regime de internação.

Internação somente nas hipóteses do art. 122 do ECA: O juiz somente pode aplicar a
medida de internação ao adolescente infrator nas hipóteses taxativamente previstas
no art. 122 do ECA, pois a segregação do adolescente é medida de exceção, devendo
ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade, em
observância ao espírito do Estatuto, que visa à reintegração do menor à sociedade
(STJ HC 213778). Veja a redação do dispositivo:
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
quando:
I — tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa;
II — por reiteração no cometimento de outras infrações
graves;
III — por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.

“Reiteração no cometimento de outras infrações graves”: Ao se interpretar essa


expressão, foi construída a tese de que, para se enquadrar na hipótese do inciso II do
art. 122, o adolescente deveria ter cometido, no mínimo, três infrações graves. Assim,
somente no terceiro ato infracional grave (após ter praticado outros dois anteriores) é
que o adolescente receberia a medida de internação.

A jurisprudência acolhe esse critério? NÃO. Tanto o STF como o STJ entendem que,
para se configurar a “reiteração na prática de atos infracionais graves” (art. 122, II)
não se exige a prática de, no mínimo, três infrações dessa natureza. Não existe
fundamento legal para essa exigência. A exigência de no mínimo três infrações foi
adotada durante muitos anos pela jurisprudência como forma de “abrandar” a
aplicação do ECA, mas esse entendimento está atualmente superado.

7.2. ATOS INFRACIONAIS E PRISÃO PREVENTIVA – (AINDA NÃO


DIVULGADO EM INFORMATIVO)

João, 19 anos, está respondendo a processo criminal por roubo. Quando era
adolescente, cumpriu medida socioeducativa por homicídio. O juiz, ao decretar a
prisão preventiva do réu, poderá mencionar a prática desse ato infracional como
um dos fundamentos para a custódia cautelar?
SIM.
A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou
manutenção da prisão preventiva como garantia da ordem pública, considerando
que indicam que a personalidade do agente é voltada à criminalidade, havendo
fundado receio de reiteração.
Não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância, que pode ser utilizado
para caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença. É
necessário que o magistrado examine três condições:
a) a gravidade específica do ato infracional cometido, independentemente de
equivaler a crime considerado em abstrato como grave;
b) o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime em razão do qual é
decretada a preventiva; e
c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.
STJ. 3ª Seção. RHC 63.855-MG, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, j.
11/05/16 (ainda não divulgado em Informativo).

7.3. Atos infracionais cometidos antes do início do cumprimento e medida de


internação – (Info 562)

O adolescente que cumpria medida de internação e foi transferido para medida


menos rigorosa não pode ser novamente internado por ato infracional praticado
antes do início da execução, ainda que cometido em momento posterior aos atos
pelos quais ele já cumpre medida socioeducativa.
STJ. 5ª Turma. HC 274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 12/5/15 (Info 562).

7.4. Transferência de adolescente infrator para outra unidade de internação –


(Info 542)

O ECA assegura o direito do adolescente privado de liberdade de permanecer


internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus
pais ou responsável (art. 124, VI). No entanto, esse direito não é absoluto. Assim,
não é ilegal a transferência de um adolescente para uma unidade de internação
localizada no interior do Estado em virtude de o centro de internação da capital,
onde ele estava, encontrar-se superlotado. Vale ressaltar, ainda, que a família do
adolescente também nem residia na capital.
STJ. 6ª Turma. HC 287.618-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 13/5/14 (Info
542).

7.5. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA PARA PESSOA QUE JÁ CUMPRIU


MEDIDA SOCIOEDUCATIVA – (Info 533) – IMPORTANTE!!!

É possível determinar, no âmbito de ação de interdição, a internação compulsória


de quem tenha acabado de cumprir medida socioeducativa de internação, desde
que comprovado o preenchimento dos requisitos para a aplicação da medida
mediante laudo médico circunstanciado, diante da efetiva demonstração da
insuficiência dos recursos extra-hospitalares.
STJ. 3ª Turma. HC 135.271-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 17/12/013 (Info 533).
STJ. 4ª Turma. HC 169.172-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/12/13 (Info 533).

8. JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE


8.1. Princípio do juízo imediato versus Princípio da perpetuatio jurisdicionis

PROCESSO CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA. AÇÃO DE


DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR. ALTERAÇÃO DE DOMICÍLIO DA
CRIANÇA E DAQUELES QUE DETÉM SUA GUARDA. ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO
JURISDICTIONES X JUIZ IMEDIATO. PREVALÊNCIA DESTE ÚLTIMO NA
HIPÓTESE CONCRETA.
1. Conforme estabelece o art. 87 do CPC, a competência determina-se no momento
da propositura da ação e, em se tratando de hipótese de competência relativa, não
é possível de ser modificada ex officio. Esse mencionado preceito de lei institui,
com a finalidade de proteger a parte, a regra da estabilização da competência
(perpetuatio jurisdictionis).
2. O princípio do juiz imediato vem estabelecido no art. 147, I e II, do ECA,
segundo o qual o foro competente para apreciar e julgar as medidas, ações e
procedimentos que tutelam interesses, direitos e garantias positivados no ECA, é
determinado pelo lugar onde a criança ou o adolescente exerce, com regularidade,
seu direito à convivência familiar e comunitária.
3. Embora seja compreendido como regra de competência territorial, o art. 147, I e
II, do ECA apresenta natureza de competência absoluta, nomeadamente porque
expressa norma cogente que, em certa medida, não admite prorrogação.
4. A jurisprudência do STJ, ao ser chamada a graduar a aplicação subsidiária do
art. 87 do CPC frente à incidência do art. 147, I e II, do ECA, manifestou-se no
sentido de que deve prevalecer a regra especial em face da geral, sempre
guardadas as peculiaridades de cada processo.
5. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo de
Direito da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal-DF.
STJ, CC 119.318/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 25/04/2012.

(TJDFT-2016-CESPE): De acordo com o STJ, o princípio do juízo imediato,


previsto no ECA, sobrepõe-se às regras gerais previstas no CPC, tal como o
princípio da perpetuatio jurisdictionis, privilegiando a celeridade e a eficácia em
relação à criança. Assim, será legítima a modificação do foro em que tramita a
ação, quando houver a mudança do domicílio da criança e de seus responsáveis,
mesmo já iniciada a ação. BL: STJ, CC 119318/DF.

8.2. Portaria fundamentada pelo magistrado disciplinando a entrada e


permanência de criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsáveis

Conforme autoriza o art. 149 do ECA, o juiz pode disciplinar, por portaria, a
entrada e permanência de criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou
responsáveis em estádios, bailes, boates, teatros etc. No entanto, essa portaria
deverá ser fundamentada, caso a caso, sendo vedada que ela tenha determinações
de caráter geral (§ 2º do art. 149).
STJ. 1ª Turma. REsp 1.292.143-SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/6/2012.

9. PROCEDIMENTOS PREVISTOS NO ECA


9.1. Ação de destituição do poder familiar

Na ação de destituição do poder familiar proposta pelo Ministério Público não


cabe a nomeação da Defensoria Pública para atuar como curadora especial do
menor.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.176.512-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
1º/3/2012.

10. REMISSÃO
10.1. Impossibilidade de modificação por magistrado dos termos de proposta de
remissão pré-processual – (Info 587) – IMPORTANTE!!!

Se o representante do Ministério Público ofereceu a adolescente remissão pré-


processual (art. 126, caput, do ECA) cumulada com medida socioeducativa e o juiz
discordou dessa cumulação, ele não pode excluir do acordo a aplicação da medida
socioeducativa e homologar apenas a remissão.
É prerrogativa do MP, como titular da representação por ato infracional, a
iniciativa de propor a remissão pré-processual como forma de exclusão do
processo.
O juiz, no ato da homologação, se discordar da remissão concedida, deverá
remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça para que ele decida, tal como
ocorre no art. 28 do CPP.
O juiz, no ato da homologação, se discordar da remissão concedida pelo MP,
deverá remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça e este terá três opções:
a) oferecerá representação;
b) designará outro Promotor para apresentar a representação; ou
c) ratificará o arquivamento ou a remissão, hipótese na qual o juiz estará obrigado
a homologar.
Assim, mesmo que o juiz discorde parcialmente da remissão, não pode modificar
os termos da proposta oferecida pelo MP para fins de excluir aquilo que não
concordou.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.392.888-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti, j. 30/6/16 (Info 587).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Ricardo, adolescente de 17 anos, agrediu
outro adolescente com socos e pontapés. O Ministério Público ofereceu remissão pré-
processual cumulada com medida socioeducativa de semiliberadade, como forma de
exclusão do processo.

O que é remissão? Remissão, no ECA, é o ato de perdoar o ato infracional praticado


pelo adolescente e que irá gerar:

1) a exclusão;
2) a extinção; ou
3) a suspensão do processo, a depender da fase em que
esteja.

A remissão não significa necessariamente que esteja se reconhecendo que o


adolescente praticou aquela conduta nem serve para efeito de antecedentes.

Fundamento convencional: A remissão é um instituto recomendado pelas Nações


Unidas em um documento internacional chamado de "Regras mínimas das Nações
Unidas para administração da Justiça da Infância e da Juventude" (Regras de
Beijing). Essa recomendação existe porque se entende que, sempre que possível,
deve-se evitar que o adolescente seja submetido a uma ação socioeducativa na qual
ele passaria pelo estigma de ter sido submetido a um processo judicial infracional.
Na versão original das Regras de Beijing, escrita em inglês, a expressão utilizada
para o instituto foi "diversion" que acabou sendo traduzido como "remissão". A
doutrina especializada, no entanto, critica esta tradução e afirma que remissão é
chamada no inglês de "remission" (perdão). Logo, a tradução mais correta de
"diversion" seria algo como "encaminhamento diferente do original". (ROSSATO,
Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da
Criança e do Adolescente. Comentado artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT, 2014, p.
385).

A remissão está prevista na legislação brasileira? SIM. A remissão está prevista nos
arts. 126 a 128 e também no art. 188 do ECA.

Características da remissão:
a) A remissão não implica necessariamente o reconhecimento
ou comprovação da responsabilidade. Em outras palavras,
caso o adolescente aceite, isso não significa que ele estará
reconhecendo que praticou ou que é "culpado" pelo ato
infracional que lhe é imputado. A remissão é para evitar que
o processo inicie ou continue;
b) A remissão não prevalece para efeito de antecedentes, ou
seja, se o adolescente tiver sido beneficiado com uma, duas
ou várias remissões, isso não significa "maus antecedentes"
não podendo prejudicá-lo se vier a ser julgado em uma ação
socioeducativa ou uma ação penal no futuro;
c) O adolescente que receber a remissão pode ser obrigado a
cumprir qualquer medida socioeducativa, com exceção de
duas: colocação em regime de semiliberdade e internação.

Espécies de remissão:
Remissão como forma de EXCLUSÃO Remissão como forma de
do processo SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do
processo
É pré-processual (antes do processo É processual, ou seja, depois que a ação
iniciar). socioeducativa foi proposta.
Concedida pelo MP. Concedida pelo juiz.
Concedida a remissão pelo O Ministério Público deverá ser ouvido,
representante do MP os autos serão mas sua opinião não é vinculante.
conclusos ao juiz para homologar ou Quem decide se concede ou não a
não (art. 181 do ECA). remissão é o magistrado.
Também chamada de remissão Também chamada de remissão judicial.
ministerial.
Prevista no art. 126, caput, do ECA: Prevista no art. 126, parágrafo único, do
Art. 126. Antes de iniciado o ECA:
procedimento judicial para apuração de Art. 126 (...)
ato infracional, o representante do Parágrafo único. Iniciado o
Ministério Público poderá conceder a procedimento, a concessão da remissão
remissão, como forma de exclusão do pela autoridade judiciária importará na
processo, atendendo às circunstâncias e suspensão ou extinção do processo.
consequências do fato, ao contexto
social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional.

Remissão como própria e imprópria: A remissão pode ser classificada em:


PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Ocorre quando é concedido perdão Ocorre quando é concedido o perdão ao
puro e simples ao adolescente, sem adolescente, mas com a imposição de
qualquer imposição. que ele cumpra alguma medida
socioeducativa, desde que esta não seja
restritiva de liberdade.
A doutrina afirma que, neste caso, não é É indispensável o consentimento do
necessário o consentimento do adolescente e de seu responsável, além
adolescente nem a presença de da assistência jurídica de um advogado
advogado. ou Defensor Público.

Vale ressaltar mais uma vez que não é possível a aplicação de remissão imprópria
pelo MP sem que haja homologação judicial. Isso restou consignado em uma súmula
editada pelo STJ:
Súmula 108-STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao
adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência
exclusiva do juiz.

Ao oferecer proposta de remissão, o MP pode incluir a obrigação de que o


adolescente cumpra alguma medida socioeducativa? SIM. Na proposta, o MP
poderá exigir que o adolescente cumpra uma medida socioeducativa, desde que não
seja semiliberdade ou internação. Dessa forma, é plenamente possível a remissão
ministerial imprópria. Essa possibilidade encontra-se disciplinada no art. 127 do
ECA:
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-
liberdade e a internação.

A remissão ministerial (pré-processual) imprópria é compatível com a CF/88? SIM.


Existe precedente do STF neste sentido:
(...) 3. A remissão pré-processual concedida pelo Ministério
Público, antes mesmo de se iniciar o procedimento no qual
seria apurada a responsabilidade, não é incompatível com a
imposição de medida sócio-educativa de advertência,
porquanto não possui esta caráter de penalidade. Ademais, a
imposição de tal medida não prevalece para fins de
antecedentes e não pressupõe a apuração de
responsabilidade. (...)
STF. 2ª Turma. RE 248018, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j.
06/05/08.

Voltando ao caso concreto: A proposta, oferecida pelo MP, foi aceita pelo
adolescente, por sua genitora e pelo advogado que os acompanhava, os quais
assinaram o termo do acordo e solicitaram, juntamente com o Parquet, a
homologação judicial. O juiz, no momento da homologação, discordou da
cumulação pretendida e a decotou. Em outras palavras, o magistrado excluiu a
obrigação do adolescente de cumprir a medida socioeducativa alegando que esta
violava a parte final do art. 127 do ECA e homologou a remissão pura e simples.

Em nosso exemplo hipotético, a remissão concedida pelo MP foi correta? NÃO. Isso
porque, conforme vimos acima, na remissão, o Promotor de Justiça não poderá exigir
que o adolescente cumpra medida socioeducativa em regime de semiliberdade ou
internação (art. 127 do ECA).

Então o magistrado agiu corretamente? Também NÃO.

Remissão pré-processual é atribuição do MP: A remissão pré-processual é atribuição


legítima do MP, como titular da representação por ato infracional e diverge daquela
prevista no art. 126, § único do ECA, dispositivo que prevê a concessão da remissão
pelo juiz, depois de iniciado o procedimento, como forma de suspensão ou de
extinção do processo. O juiz não era parte do acordo e não poderia oferecer ou
alterar a remissão, como forma de exclusão do processo, pois a titularidade da
representação por ato infracional pertence, com exclusividade, ao MP, a quem é
facultado formular o perdão administrativo, por razões de conveniência e política de
proteção às crianças e aos adolescentes.

O que o juiz deveria ter feito por discordar da proposta? Se o juiz discordou da
proposta, deveria ter remetido os autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante
despacho fundamentado, e este teria as seguintes opções:
a) poderia oferecer a representação;
b) designar outro membro do Ministério Público para
apresentá-la; ou
c) ratificar o arquivamento ou a remissão, hipótese na qual o
juiz estaria obrigado a homologar.
Esse é o texto do § 2º do art. 181 do ECA:
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
fundamentado, e este oferecerá representação, designará
outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará
a autoridade judiciária obrigada a homologar.

Apenas a eficácia da remissão depende da homologação judicial. Se a autoridade


judiciária discorda, ainda que parcialmente, dos termos do perdão, por entender que
a cumulação é inconstitucional ou desnecessária, não pode adequar o acordo de
vontades, já assinado pelo adolescente e por sua genitora, em supressão à
competência do Ministério Público, pois nem sequer houve a instauração de
procedimento judicial.

Assim, havendo discordância, total ou parcial, da remissão, deve ser observado o


rito do art. 181, § 2º do ECA, sob pena de suprimir do órgão ministerial, titular da
representação por ato infracional, a atribuição de conceder o perdão administrativo
como forma de exclusão do processo, faculdade a ele conferida legitimamente pelo
art. 126 do ECA.

10.2. Possibilidade de cumulação de remissão com a aplicação de medida


socioeducativa

Segundo decidiu o STJ, é possível cumular a remissão com a aplicação de medida


socioeducativa que não implique restrição à liberdade do adolescente infrator.
Em outras palavras, é possível a concessão de remissão cumulada com medida
socioeducativa, desde que não a semiliberdade e a internação.
STJ. 6ª Turma. HC 177.611-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 1º/3/2012.

11. RECURSOS
11.1. CUMPRIMENTO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA: Cumprimento
imediato da internação fixada na sentença ainda que tenha havido recurso – (Info
583) – IMPORTANTE!!!

É possível que o adolescente infrator inicie o imediato cumprimento da medida


socioeducativa de internação que lhe foi imposta na sentença, mesmo que ele
tenha interposto recurso de apelação e esteja aguardando seu julgamento.
Esse imediato cumprimento da medida é cabível ainda que durante todo o
processo não tenha sido imposta internação provisória ao adolescente, ou seja,
mesmo que ele tenha permanecido em liberdade durante a tramitação da ação
socioeducativa.
Em uma linguagem mais simples, o adolescente infrator, em regra, não tem direito
de aguardar em liberdade o julgamento da apelação interposta contra a sentença
que lhe impôs a medida de internação.
STJ. 3ª Seção. HC 346.380-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para
acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/4/2016 (Info 583).
OBS:
No caso de apuração de ato infracional, aplica-se subsidiariamente o CPP ou o
CPC? Depende. Aplica-se:
 o CPP para o processo de conhecimento (representação, produção de provas,
memoriais, sentença);
 o CPC para as regras do sistema recursal (art. 198 do ECA).

Resumindo:
- 1ª opção: normas do ECA.
- Na falta de normas específicas:
 CPP: para regular o processo de conhecimento.
 CPC: para regular o sistema recursal.

Imagine agora a seguinte situação: João, adolescente, praticou ato infracional


equiparado a roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II, do CP). Durante todo o processo,
João permaneceu em liberdade. O juiz proferiu sentença aplicando-lhe medida
socioeducativa de internação. A defesa interpôs recurso de apelação. A apelação foi
recebida apenas no seu efeito devolutivo (não foi recebida no efeito suspensivo).
Como o recurso não suspendeu a sentença, isso significa que, na prática, o
adolescente deverá aguardar no centro de internação o julgamento da apelação. Em
outros termos, foi negado ao adolescente o direito de recorrer em liberdade e ele
iniciará o cumprimento da medida de internação.

A decisão foi acertada? Em regra, a apelação contra a sentença que aplica medida
socioeducativa de internação deverá ser recebida no efeito meramente devolutivo? É
possível o imediato cumprimento da medida de internação mesmo que o adolescente
tenha interposto recurso? SIM.

Tema outrora polêmico: Este tema era extremamente polêmico no STJ, havendo
inúmeras decisões em ambos os sentidos. A decisão proferida neste HC 346.380-SP
foi tomada pela 3ª Seção (que abrange a 5ª e 6ª Turmas, que julgam direito
infracional). A tendência é que esta posição se consolide, apesar do resultado da
votação ter sido extremamente apertado (5x4).

Vejamos, abaixo, os principais argumentos do STJ.


 Iniciar o cumprimento imediato atende aos princípios da proteção integral,
da prioridade absoluta e da atualidade
 A medida socioeducativa tem como missão precípua não a punição pura e
simples do adolescente em conflito com a lei, mas, principalmente, a
ressocialização e a proteção do jovem infrator.
 As medidas previstas nos arts. 112 a 125 do ECA não são penas e possuem o
objetivo primordial de proteção dos direitos do adolescente, de modo a
afastá-lo da conduta infracional e de uma situação de risco. Isso atende aos
princípios da proteção integral e da prioridade absoluta (art. 227 da CF/88 e
arts. 3º e 4º do ECA).
 Postergar (retardar) o início de cumprimento da medida socioeducativa
imposta na sentença significa fazer com que se perca a atualidade da resposta
estatal, enfraquecendo o objetivo ressocializador e permitindo que o
adolescente permaneça em situação de risco, uma vez que ele continuará
exposto às mesmas circunstâncias que o levaram à prática infracional.

Não há ofensa ao princípio da não-culpabilidade (presunção de inocência) porque a


medida socioeducativa não é pena: Não se deve equiparar o adolescente que pratica
ato infracional ao adulto imputável autor de crime. De acordo com o art. 228 da
CF/88, os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis e estão sujeitos às
normas da legislação especial. No processo penal, as regras têm por objetivo,
fundamentalmente, proteger o acusado contra ingerências abusivas do Estado em
sua liberdade. A pena criminal é uma punição e o princípio da presunção de não
culpabilidade é levado ao extremo. Por outro lado, a medida socioeducativa não
representa punição, sendo um mecanismo de proteção do adolescente e da
sociedade, possuindo natureza pedagógica e ressocializadora. Por essas razões, para
o STJ, a imediata execução da sentença que aplica medida socioeducativa não ofende
o princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF/88).

Princípio da intervenção precoce: Ainda que o adolescente infrator tenha respondido


ao processo de apuração de prática de ato infracional em liberdade, a prolação de
sentença impondo medida socioeducativa de internação autoriza o cumprimento
imediato da medida imposta, tendo em vista os princípios que regem a legislação
menorista, um dos quais é o princípio da intervenção precoce na vida do
adolescente, positivado no § único, VI, do art. 100 do ECA.

Art. 100 (...)


Parágrafo único. São também princípios que regem a
aplicação das medidas:
(...)
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
seja conhecida;

Revogação do inciso VI do art. 198 do ECA: Um argumento contrário ao


cumprimento imediato da medida socioeducativa era o inciso VI do art. 198 do ECA,
que previa que os recursos seriam recebidos apenas no efeito devolutivo, sendo que
este inciso foi revogado pela Lei nº 12.010/2009. Veja o que dizia o inciso VI:

VI - a apelação será recebida em seu efeito devolutivo. Será


também conferido efeito suspensivo quando interposta
contra sentença que deferir a adoção por estrangeiro e, a
juízo da autoridade judiciária, sempre que houver perigo de
dano irreparável ou de difícil reparação; (Revogado pela Lei
nº 12.010/2009)

Em suma: Condicionar, de forma peremptória, o cumprimento da medida


socioeducativa ao trânsito em julgado da sentença que acolhe a representação –
apenas porque não se encontrava o adolescente já segregado anteriormente à
sentença – constitui verdadeiro obstáculo ao escopo ressocializador da intervenção
estatal, além de permitir que o adolescente permaneça em situação de risco, exposto
aos mesmos fatores que o levaram à prática infracional.

11.2. Via de regra, o recurso de apelação deve ser recebido em seu duplo efeito

A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de que, com a revogação


do art. 198 do Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei n. 12.010/09, adotou-se
a regra do art. 520 do Código de Processo Civil (atual art. 1.012 do CPC 2015),
segundo a qual o recurso de apelação deverá ser recebido no seu duplo efeito.
Diante disso, já não se admite a execução provisória de sentença que impõe
medida socioeducativa.
STJ. 5ª Turma. RHC 56.546/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 03/12/15.
Cuidado: Se o juiz, na sentença, confirmar a necessidade de internação cautelar do
adolescente infrator, neste caso, excepcionalmente, a apelação não terá efeito
suspensivo e o menor terá que aguardar o julgamento do recurso internado. É como
se o juiz estivesse concedendo tutela antecipada (atual tutela provisória) na sentença
para que o menor permaneça internado.

11.3. Recurso de apelação contra sentença que aplica medida socioeducativa de


internação, confirmando a antecipação dos efeitos de medida cautelar de internação
provisória imposta, tal recurso não será recebido no duplo efeito

Diante da revogação do inciso VI do art. 198 do Estatuto da Criança e do


Adolescente pela Lei n. 12.010/2009, esta Corte adotou o entendimento de que o
recurso de apelação deverá ser recebido no seu duplo efeito, nos termos do art.
520 do Código de Processo Civil (atual art. 1.012 do CPC 2015), não se admitindo,
em regra, a execução provisória de decisão sentenciante.
Em se tratando de recurso de apelação contra sentença que aplica medida
socioeducativa de internação, confirmando a antecipação dos efeitos de medida
cautelar de internação provisória imposta, excepciona-se tal mandamento, nos
termos do art. 520, VII, do CPC. (atual art. 1.012, § 1º, V, do CPC 2015).
STJ. 5ª Turma. HC 328.032/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 15/10/2015.

12. MINISTÉRIO PÚBLICO


12.1. Legitimidade do MP para promover ACP visando compensação por dano
moral difuso decorrente da submissão de adolescentes a tratamento desumano e
vexatório

O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública a fim de
obter compensação por dano moral difuso decorrente da submissão de
adolescentes a tratamento desumano e vexatório levado a efeito durante rebeliões
ocorridas em unidade de internação.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.368.769-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
6/8/2013.

13. CRIMES EM ESPÉCIE


13.1. Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado
por dois crimes de corrupção de menores (art. 244-B do ECA) – (Info 613) –
IMPORTANTE!!!

A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação


por dois crimes de corrupção de menores.
Ex: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e Dheyversson (15
anos), praticaram um roubo. João deverá ser condenado por um crime de roubo
qualificado e por dois crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art.
70, 1ª parte, do CP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 10/10/17 (Info
613).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João (20 anos de idade) convidou Maikon
(16 anos) e Dheyversson (15 anos) para praticarem um roubo. Dessa forma, os três,
em conjunto, mediante grave ameaça, subtraíram a carteira e o celular de uma
mulher que esperava o ônibus na parada. João foi denunciado e o juiz o condenou
pelos crimes de roubo qualificado e de corrupção de menores (por duas vezes), em
concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). A condenação foi, portanto, a seguinte:
 Roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, II, do CP);
 Corrupção de menores (art. 244-B do ECA) (2 vezes).

Veja os dispositivos legais:


Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(...)
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de


18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Concurso formal
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria
cabível pela regra do art. 69 deste Código.

O réu recorreu pedindo para afastar o concurso formal entre os dois crimes de
corrupção de menores, alegando que deveria ser reconhecido crime único. Em outras
palavras, João afirmou o seguinte: eu deveria ter sido condenado por roubo em
concurso com uma só corrupção de menores (e não com duas). Houve um só crime
de corrupção de menores, mesmo tendo havido a participação de dois adolescentes.

No que isso interfere? No quantum da pena. Isso porque, segundo o STJ (HC
319.513/SP), o critério para a escolha do aumento de pena previsto no art. 70 do CP é
o número de crimes praticados:
 2 crimes – aumenta 1/6
 3 crimes – aumenta 1/5
 4 crimes – aumenta 1/4
 5 crimes – aumenta 1/3
 6 crimes – aumenta 1/2

Logo, pela decisão do juiz (três crimes: um roubo e duas corrupções de menores), o
aumento fica em 1/5; pela tese da defesa (sendo apenas 2 delitos), o aumento do art.
70 ficaria em 1/6.

A sentença do juiz foi mantida? SIM. O bem jurídico tutelado pelo art. 244-B do
ECA é a formação moral da criança e do adolescente a fim de que eles não
ingressem ou permaneçam no mundo da criminalidade. Se o bem jurídico tutelado
pelo crime de corrupção de menores é a formação moral da criança e do adolescente,
caso duas crianças/adolescentes tiverem seu amadurecimento moral violado, em
razão de estímulos a praticar o crime ou a permanecer na seara criminosa, dois
foram os bens jurídicos violados. Da mesma forma, dois são os sujeitos passivos
atingidos, uma vez que a doutrina é unânime em reconhecer que o sujeito passivo
do crime de corrupção de menores é a criança ou o adolescente submetido à
corrupção. O entendimento perfilhado também se coaduna com os princípios da
prioridade absoluta e do melhor interesse da criança e do adolescente, vez que trata
cada criança ou adolescente como sujeitos de direitos. Ademais, seria desarrazoado
atribuir a prática de crime único ao réu que corrompeu dois adolescentes, assim
como ao que corrompeu apenas um.

13.2. ARTS. 240 E 241-B DO ECA: Possibilidade de configuração dos crimes


mesmo que as vítimas estivessem vestidas – (Info 577) – IMPORTANTE!!!

Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em poses


nitidamente sensuais, com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos
por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual e libidinosa, adequam-se,
respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA.
Portanto, configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a
finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo
agente, com enfoque nos órgãos genitais de adolescente - ainda que cobertos por
peças de roupas -, e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua
sexualidade com conotação obscena e pornográfica.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.543.267-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 3/12/2015 (Info 577).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: O réu tirou fotografias de uma menina de 12
anos, em poses sensuais, com enfoque principalmente em seus órgãos genitais. Nas
imagens, a adolescente usava um vestido que deixava suas roupas íntimas à mostra,
sendo que muitas fotos enquadravam (close) única e exclusivamente essas partes do
corpo da garota (nas genitálias da menina). Durante as investigações, a polícia
encontrou outras imagens, no mesmo contexto, envolvendo outras crianças e
adolescentes menores de idade. Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia
contra o réu pela prática dos crimes previstos nos arts. 240 e 241-B do ECA:

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou


registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,


fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

A questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? As condutas narradas acima
configuram os crimes tipificados nos arts. 240 e 241-B do ECA? SIM.

"Cena de sexo explícito ou pornográfica": O art. 241-E do ECA define "cena de sexo
explícito ou pornográfica". Confira:

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

Pela exclusiva leitura do art. 241-E do ECA: As condutas acima descritas não
poderiam ser enquadradas como "cena de sexo explícito ou pornográfica". No
entanto, segundo o STJ, este dispositivo é uma norma penal explicativa, porém não
completa. Assim, a definição deste artigo não é exaustiva e o conceito de pornografia
infanto-juvenil pode abarcar hipóteses em que não haja a exibição explícita do
órgão sexual da criança e do adolescente.

Portanto, configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a
finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente,
com enfoque nos órgãos genitais de adolescente - ainda que cobertos por peças de
roupas -, e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua sexualidade com
conotação obscena e pornográfica.

13.3. Corrupção de menores (Art. 244-B do ECA)

O simples fato de um maior de idade ter se utilizado da participação de um menor


de 18 anos na prática de infração penal já é suficiente para que haja a consumação
do crime de corrupção de menores (previsto inicialmente no art. 1º da revogada
Lei n. 2.252/1954 e atualmente tipificado no art. 244-B do ECA).
Assim, para a configuração do delito não se exige prova de que o menor tenha
sido efetivamente corrompido. Isso porque o delito de corrupção de menores é
considerado formal.
STJ. 6ª Turma. HC 159.620-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 12/3/13.

14. SINASE
14.1. Relativização da regra prevista no art. 49, II, do SINASE – (Info 576) –
Atenção! Ministério Público!

A Lei 12594/12 (Lei do SINASE) prevê que é direito do adolescente submetido ao


cumprimento de medida socioeducativa "ser incluído em programa de meio
aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da
liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou
violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais
próxima de seu local de residência".
O simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da
liberdade em unidade próxima da residência do adolescente infrator não impõe a
sua inclusão em programa de meio aberto, devendo-se considerar o que foi
verificado durante o processo de apuração da prática do ato infracional, bem como
os relatórios técnicos profissionais.
A regra prevista no art. 49, II, do SINASE deve ser aplicada de acordo com o caso
concreto, observando-se as situações específicas do adolescente, do ato infracional
praticado, bem como do relatório técnico e/ou plano individual de atendimento.
STJ. 6ª Turma. HC 338.517-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 17/12/2015 (Info 576).
OBS:
O art. 124, VI, do ECA prevê regra semelhante ao do art. 49, II, da Lei da SINASE.
Confira:

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre


outros, os seguintes:
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais
próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;

O STJ também possui precedentes relativizando esta previsão, conforme se pode


conferir abaixo:

(...) Em casos excepcionais, relativiza-se o direito insculpido no art.


124, VI, do ECA, de modo a garantir que a medida imposta seja
efetivamente cumprida em ambiente adequado e em localidade
distinta da do domicílio dos pais ou responsáveis ou próxima a
eles (...)
STJ. 5ª Turma. HC 316.438/MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 25/08/2015.

15. CONVENÇÃO DE HAIA


15.1. Afastamento da regra do art. 12 e consideração da manifestação da criança
que revele maturidade capaz de compreender a controvérsia – (Info 565) –
IMPORTANTE!!!

A Convenção de Haia determina que a autoridade central deve ordenar o retorno


imediato da criança quando é acionada no período de menos de 1 ano entre a data
da transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a
autoridade judicial ou administrativa do Estado contratante onde a criança se
encontrar (art. 12).
Essa regra é absoluta? Se o processo foi iniciado com menos de 1 ano da retenção
indevida, será sempre obrigatório o retorno da criança?
NÃO. O pedido de retorno imediato de criança retida ilicitamente por sua
genitora no Brasil pode ser indeferido, mesmo que transcorrido menos de 1 ano
entre a retenção indevida e o início do processo perante a autoridade judicial ou
administrativa (art. 12 da Convenção de Haia), na hipótese em que o menor - com
idade e maturidade suficientes para compreender a controvérsia - estiver
adaptado ao novo meio e manifestar seu desejo de não regressar ao domicílio
paterno no estrangeiro.
Assim, em situações excepcionalíssimas, nos termos da Convenção da Haia e no
propósito de se preservar o superior interesse do menor, a autoridade central
poderá negar o pedido de retorno imediato ao país de origem, como na hipótese
de a criança já se encontrar integrada ao novo meio em que vive e manifestar o
desejo de não regressar para o domicílio estrangeiro do genitor.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.214.408-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/6/2015
(Info 565).

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