A invenção do concerto público e as

novas dinâmicas da atividade

musical profissional.

Luciana Câmara
ufpe – 2014.2
 Concerto público
• Norma social mais estrita (silêncio, atenção à
música): meados XIX.
• Oratórios configuraram formas fixas e
regulares de concertos. Embora mantivessem
a temática religiosa, logo se dissociaram do
cunho religioso e se tornaram diversão.
– Handel: séries regulares de oratórios a partir de
1732.
 Concerto público
Abendmusik, Lübeck: remontam,
provavelmente, a 1640s com Tunder.
• Programas originais consistiam de recitais de
órgão. Tunder depois incluiria solistas vocais e
instrumentais, Buxtehude incluiria coro e
orquestra.
• Eram financiados pelos comerciantes da
cidade, que recebiam libreto e um assento
reservado.
 Concerto público
• A admissão era gratuita e problemas com
desordem eram freqüentes.
• Embora acontecessem na igreja, estavam
desvinculados de qualquer serviço religioso.
• Foram abolidos em 1800
 Concerto público
Inglaterra: berço dos concertos comerciais e
seculares.
• Instabilidade política (1640s-1730s) impediu o
governo de estabelecer monopólios para
música não teatral.
• Com a guerra civil não havia produção regular
de música na corte ou nas igrejas.
• Primeiros concertos: 1650s, Oxford e 1660s,
Londres – Ben Wallington, the Mitre Inn,
1664; John Banister, 1672.
 Concerto público
Sociedades musicais – academias ou Collegium
Musicum.
• Constituíam-se basicamente de músicos
amadores, sob a direção de um profissional.
• Em alguns casos vieram a se tornar conjuntos
profissionais, como é o caso da Gewandhaus
Leipzig.
• Principais exemplos em Paris: Concert des
Amateurs (1769), que posteriormente recebe o
nome de Concert de La Loge Olympique (1780).
 Concerto público
Música da corte e concertos públicos.
• Frequentemente músicos da corte eram
executantes em concertos públicos.
• Ascensão da burguesia, da máquina
burocrática pública fazem com que o espaço
urbano se torne o foco das interações sociais e
culturais.
 Concerto público
Paris, Concert spirituel (1725-1791) – marco na
mudança das produções da corte para a
cidade.
• Realizados nos dias santos, quando os teatros
estavam fechados, na Salle Tuileries, no
Louvre.
• Programas incluíam motetos religiosos de
compositores da corte (Michel-Richard de
Lalande e seus sucessores no posto)
juntamente com repertório secular.
 Concerto público
• Série central de concertos na cidade,
controlando a programação.
• Os programas do Concert Spirituel incluíam
regularmente música italiana e alemã. Haydn
(Sinfonias Paris, ns. 82-87) e Mozart (K
297/300a) estrearam sinfonias aí.
 Concerto público
Concerto em benefício – um dos mais
importantes tipos de concerto de fins XVII a
início XX.
• Extremamente freqüente entre 1780 e 1860.
• Empreendimento do músico em benefício
próprio ou de colegas ou para caridade.
• Programas incluíam variedade de músicos em
diferentes formações e, frequentemente, um
músico de renome.
 Concerto público
• Tendência a seleções de óperas e números
virtuosísticos.
• Músicos em turnê organizavam concertos
neste formato. Era o caso nas turnês da
família Mozart, por exemplo.
 Concerto público
Cortes alemãs – nas últimas duas décadas XVIII
começam a abrir seus concertos ao público.
• Corte de Frederico, o Grande, depois de sua
morte em 1787
• Corte Bávara em 1784.
• Parques começaram a ser abertos ao público e
se tornaram locais de apresentações no verão.
Reunia músicos amadores e profissionais.
“No inverno de 1808-9, eu organizei alguns
concertos por assinatura na cidade [de Gotha]
em benefício da orquestra da corte. Mas como
nestes concertos não foi possível apresentar nada
melhor do que já havia sido ouvido nos concertos
na corte – e estes tiveram a presença regular dos
amantes da música da cidade, para os quais era
separado um espaço grande atrás da orquestra –
meus concertos não contaram com muita
assistência. O ganho foi tão pequeno que, depois
de descontadas as despesas, considerou-se que
não valia a pena repetir a empresa.”
Louis Spohr, Autobiografia, da edição inglesa de 1864,
p. 123
 Concerto público
Programas (séc XVIII e primeiras décadas XIX)
• Números curtos, alternância entre voz,
diferentes solistas instrumentais e grupos
maiores (orquestra, coro).
• Havia preponderância de música vocal.
Programas exclusivamente instrumentais eram
raros, quando havia era, provavelmente,
devido à falta de bons cantores.
 Concerto público
• No entanto, o gosto pela música instrumental
cresceu ao longo do período. Destaque para o
concerto italiano e o estilo sinfônico alemão.
• Uma inovação do séc XVIII: interesse pela
performance de música do passado. Exemplo
da Academy of Ancient Music (Londres),
fundada em 1726, e que apresentava
programas com música desde o séc XVI até
música composta havia 20 anos.
 Concerto público
Leitura e discussão – textos de Roger North e
Charles Burney
• Quais os formatos dos concertos públicos?
• Quais eram as expectativas dos cronistas?
• Qual a importância da música instrumental
nesse processo?
• Qual a imagem do intérprete? E a do
compositor?