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“Karl Marx e vários marxistas periodizam a história das sociedades a partir do que
denominam de modo de produção: natureza da propriedade, relações sociais de
dominação, nível de desenvolvimento tecnológico das forças produtivas, qualidade e
quantidade de excedentes da produção e de sua forma de apropriação etc.
Em função disso, os pensadores ligados a essa escola costumam descrever a história
das sociedades como a história da luta de classes e da exploração do homem pelo
homem, identificando vários modos de produção ao longo da história, sendo eles: a)
o comunismo primitivo; b) o escravismo; c) o feudalismo; d) o capitalismo; e)
o comunismo.
Outra forma muito comum de periodização da história das sociedades, consagrada em
vários livros didáticos, é aquela que divide a história das civilizações a partir de quedas
ou ascensões de impérios e dinastias, grandes descobertas, revoluções sociais etc.
Assim, teríamos: a) pré-história; b) história antiga; c) história medieval; d)
história moderna; e) história contemporânea.
Alguns autores exploram o conceito de macrorrevolução histórica como eventos
geradores de novos paradigmas econômicos, sociais, culturais e políticos. Em outras
palavras, não seria uma mudança na cultura, mas uma mudança de cultura. Nesse
sentido, afirmam que só existem três grandes revoluções na história da humanidade:
a) Arcadia – quando os seres humanos ensaiaram suas formas elementares de vida
social; b) Agrária – quando observamos inovações como a agricultura, pecuária,
metalurgia, primeiras formas de Estado etc. c) Industrial – quando emergem o
individualismo, o trabalho livre, o capital, o Estado-nação, a ciência aplicada etc.”
(RAMALHO, 2012, p. 44)
Sociedades Tradicionais
Família de chefe camacã se preparando para um festejo, Jean-Baptiste Debret, c. 1820-1830.
Sociedades Modernas
As sociedades modernas se organizam a partir de outros elementos, a exemplo do
individualismo, do conhecimento técnico-científico, da predominância política do
Estado-nação laico, tendo a indústria como setor produtivo mais importante. Segu
Fundição de cobre em Swansea, Gales, século XIX (In: Divalte Garcia Figueira. "História". São Paulo: Ática, 2005.
p. 193)
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra do século XVIII, colaborou para o
desenvolvimento desse processo em que aconteceram grandes mudanças na vida
cotidiana das pessoas. A aplicação das invenções – máquina de fiar hidráulica,
máquina a vapor, tear mecânico – à produção de tecidos foi apenas o primeiro passo
de uma transformação do setor produtivo, que em pouco tempo ultrapassou as
fronteiras inglesas e se expandiu pela Europa e por outras partes do mundo. A
dimensão dos aglomerados populacionais, um dos fatores mais perceptíveis de
mudança, cresceu formidavelmente, em meio ao surgimento das novas relações
sociais, sobretudo as relações de trabalho:
Em 1801, em todo o continente [europeu], não havia mais de 23 cidades com mais de
100 mil habitantes, agrupando menos de 2% da população da Europa. Em meados do
século, seu número já se elevava para 42; em 1900 eram 135 e, em 1913, 15% dos
europeus moravam em cidades. Quanto às cidades com mais de 500 mil habitantes
que, na época, pareciam monstros, só existiam duas no início do século XIX: Londres
e Paris. Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, elas já eram 149. (RÉMOND, 1976.)
Como se pode conseguir comer "saudavelmente", por exemplo, quando todos os tipos
de alimentos possuem qualidades tóxicas de uma espécie ou de outra e quando o que
é afirmado como sendo "bom para você" por peritos nutricionistas varia com as
mudanças de estado do conhecimento científico?" (GIDDENS, 1991, p.131)
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Para além do Paradoxo
Você está tendo contato com uma disciplina / ciência que se chama Teologia. A
primeira pergunta que você pode fazer é esta: Teologia, para quê? Antes mesmo de
responder à legítima pro-vocação, é preciso fazer, mesmo em linhas gerais, o que é
Teologia?
O conceito de teologia
No que se refere estritamente ao conceito de teologia existem duas tensões básicas. A
primeira se refere com o que quer dizer theós ou Deus, a segunda com o que se quer
dizer com logos (logía). A tradição do pensamento grego tende a ver Deus como
impessoal, como fundamento ontológico. A tradição judaica tende a vê Deus com
características pessoais, como revelando-se com seu nome a um povo concreto no
espaço-tempo determinado. Igualmente no que se refere a logos. Este é um conceito
grego muito complexo. Basicamente, trata-se da racionalidade objetiva de que o
universo é dotado, sendo o que torna cosmos e não caos. Mas se trata também da
racionalidade do ser humano, que de alguma forma, corresponde àquela, estando ai a
condição de inteligibilidade da mesma (BOFF, 1999, p.119).
A esta altura, pode-se afirmar que a Teologia é a ciência que estuda o Absoluto
(Deus), à luz da razão e da fé. Tal movimento parte-se do pressuposto de que crer
seja um ato, no qual, evitam-se dois extremos, a saber: o fideísmo e o racionalismo.
Assim se rechaça, da mesma maneira, o axioma que se criou no desenrolar dos
séculos, eis o seu resumo a seguir: aquele que sabe não crer e o que crer não sabe!
Seria, portanto, uma convivência impossível: aqueles que crêem terão que renunciar
ao saber e aqueles que sabem nunca poderiam crer.
Importante saber:
A Teologia será sempre uma reflexão crítica e que obedece a um rigor cientifico, a um
método, a um objeto e a objetivos específicos. “É uma ‘arte’ no sentido clássico de
procedimentos, servindo à produção de um resultado determinado” (BOFF, 1999,
p.15). É a arte de apresentar ao mundo o objeto e o sujeito da fé, com o devido
método e fazendo a necessária articulação com os elementos que a compõem e
sempre dialogando com as ciências. Mas...
Teologia é um jeito de falar sobre o corpo. O corpo dos sacrificados. São os corpos
que pronunciam o nome sagrado: Deus... A teologia é um poema do corpo, o corpo
orando, o corpo dizendo as suas esperanças, falando sobre o seu medo de morrer,
sua ânsia de imortalidade, apontando para utopias, espadas transformadas em
arados, lanças fundidas em podadeiras... Por meio desta fala os corpos se dão as
mãos, se fundem num abraço de amor, e se sustentam para resistir e para caminhar
(Rubem Alves)
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Quem é o homem?
Quem é o homem?
Todas as ciências querem saber quem é o homem. Do mais elementar ao mais
complexo sempre se quer saber mais sobre esta obra-prima, sobre este mistério. A
literatura também registrou essa preocupação. Carlos Drummond de Andrade em
“Especulações em torno da palavra homem” indaga sobre quem é homem?
Mas, quem é o homem? Uma resposta à luz da Teologia versa na linha da imago Dei,
isto é, uma doutrina de que o Homem foi criado à imagem Divina. É a resposta bíblica
a como surgiu o Homem, criatura singular entre as existentes. O registro bíblico é o
seguinte: “Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele o
criou homem e mulher” (Gn 1, 27). Vamos chegar mais perto e vejamos o que diz o
Catecismo da Igreja Católica:
O homem e a mulher são criados, isto é, são queridos por Deus: por um lado, em
perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, em seu ser respectivo de
homem e de mulher. "Ser homem, 'ser mulher" é uma realidade boa e querida por
Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível que lhes vem diretamente
de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são criados em idêntica dignidade, "à
imagem de Deus". Em seu "ser-homem" e seu "ser-mulher" refletem a sabedoria e a
bondade do Criador (CIC, n. 369).
Aprofundando a conversa
A experiência do Sagrado tem na universidade um espaço privilegiado, sobretudo,
porque ela é universitas, isto é, aberta ao conhecimento, aberta às demandas da
sociedade e fiel à sua história. Por causa disso, o lugar da Teologia é na universidade.
A reflexão feita por Manzatto (2015) é pertinente e reflete bem a problemática atual. É
verdade que o mundo de hoje é plural, onde coexistem diferentes religiões e diferentes
referenciais de significação. Inclusive, ou, sobretudo, nos ambientes universitários se
percebe tal pluralismo que não é visto como ruim, mas sim como uma riqueza de
humanidade.
O discurso teológico católico não é o único presente nas universidades mesmo
católicas, até porque os que ali estudam ou trabalham não são todos católicos. O
discurso da teologia e da religião insere-se, pois, nesse ambiente de pluralidade, de
flexibilidade, de atenção à diferença E aí há dois elementos a serem levados em
conta.
O primeiro é que, por isso, o discurso teológico deve constituir-se não como um
discurso de força ou de “dono da verdade”, mas sim se posicionar numa atitude de
diálogo, de escuta também, de quem reconhece o direito de palavra a discursos
vindos de outros horizontes que, igualmente, não se situem como discursos de força,
mas possibilitem o diálogo desejado, a cooperação entre as pessoas e a convivência
na busca da paz.
Por isso, o discurso teológico, mesmo na universidade católica, não precisa ser
caracterizado como discurso catequético, proselitista ou apologético, embora isso não
lhe seja proibido nem diminua sua importância.
Mas há um segundo elemento a ser afirmado, exatamente o direito do discurso
teológico permanecer católico e ser realizado. A afirmação da identidade do discurso
teológico não é vergonhosa e é mesmo exigência do testemunho da fé. Furtar-se a
isso ou proibi-lo por razões que querem afirmar apenas a referência da fé ao privado é
omissão ou exercício de força inadmissível em sociedade democrática.
O discurso teológico, portanto, a partir da fé, é maneira de a comunidade crente
participar das conversas entre os seres humanos que, vindos de diversos horizontes,
querem construir um mundo de paz. Trata-se do direito do discurso teológico em
ambiente universitário e dentro da sociedade, direito que não pode ser negado à fé.
A opção da Universidade Católica do Salvador em abordar a disciplina Teologia e
Humanismo é dialógica, preservando as convicções individuais, mas sem abrir mão de
sua identidade católica, isto é, aberta e sem abdicar da missão de cuidar do bem que
recebemos como dom: a vida de cada ser humano.
Uma Parábola
Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns
cavalos para ajudar no trabalho de sua fazenda. Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia
que um de seus cavalos havia caído num velho poço abandonado. O buraco era muito
fundo e seria difícil tirar o animal de lá. O fazendeiro avaliou a situação e certificou-se
de que o cavalo estava vivo. Mas pela dificuldade e o alto custo para retirá-lo do fundo
do poço, decidiu que não valia a pena investir no resgate. Chamou o capataz e
ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz chamou alguns
empregados e orientou-os para que jogassem terra sobre o cavalo até que o
encobrissem totalmente e o poço não oferecesse mais perigo aos outros animais. No
entanto, na medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a
derrubava no chão e ia pisando sobre ela. Logo os homens perceberam que o animal
não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía,
até que , finalmente, conseguiu sair...".
Muitas vezes nós nos sentimos como se estivéssemos no fundo do poço e, de quebra,
ainda temos a impressão de que estão tentando nos soterrar para sempre. É como se
o mundo jogasse sobre nós a terra da incompreensão, da falta de oportunidade, da
desvalorização, do desprezo e da indiferença. Nesses momentos difíceis, é importante
que lembremos da lição profunda da história do cavalo e façamos a nossa parte para
sair da dificuldade. Afinal, se permitimos chegar ao fundo do poço, só nos restam duas
opções: Ou nos servimos dele como ponto de apoio para o impulso que nos levará ao
topo; - Ou nos deixamos ficar ali até que a morte nos encontre. É importante que, se
estamos nos sentindo soterrar, sacudamos a terra e a aproveitemos para subir.
A presença da Teologia no mundo universitário e na vida das pessoas quer ser este
impulso vital, esta alavanca que, não apenas retira de situações de animosidades,
mas encoraja-nos a viver o cotidiano com alegria e cheio de esperança.
Recordando
A presença da Teologia na universidade e nos diversos cursos de graduação é, com
certeza, uma oportunidade para que a comunidade acadêmica possa refletir, em
primeiro lugar, sobre a transcendência do conhecimento. E, uma vez admitindo essa
função, reflita igualmente a possibilidade de “sem Deus, o homem não sabe para onde
ir e não consegue compreender quem é” (Bento XVI). Por isso, a Teologia é um lugar
privilegiado para a vivência do humanismo. Pois, “um humanismo que exclui Deus é
um humanismo desumano”. (Bento XVI).
O Componente Curricular chamado Teologia, por sua vez, dá ao estudante a
oportunidade de pensar-se enquanto ser que está no mundo para intervir com
qualidade na sociedade. Os conhecimentos obtidos, os dons e as habilidades
adquiridos não são apenas instrumentos de subsistência econômica, de
respeitabilidade social, de garantia de profissionalidade.
1. Reconhecer que o ser humano é uma criatura, um ser criado. Daí nascem a
compreensão de criaturalidade e seus desdobramentos na vida da pessoa;
2. Viver na dimensão de finitude, vendo na efemeridade da vida uma oportunidade
para o crescimento humano e para valorização do outro e um momento privilegiado
para revisitar a própria vida, observando a condição de finitude;
3. Perceber que, mesmo sabendo da importância do homem entre os seres criados,
ele não se basta a si mesmo. Isto permite admitir que, de certo modo, o homem
também é relativo diante de uma imensidão e de uma grandeza do mundo que o ser
humano não pode dar conta sozinho;
4. Afirmar que este ser humano, embora tenha em si o germe de eternidade, ele é
mortal. A vida chega a um ponto em que se gasta e se esvai. O homem é o único ser
que sabe disso.
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Saiba mais...
O ser humano, em todas as épocas e culturas, usou a razão para buscar o significado
da realidade. As artes, desde as pinturas rupestres, documentam vivamente essa
busca, esse desejo de conhecer, que facilmente associamos à filosofia ou à ciência.
Na verdade, cada gesto humano exprime ora a busca ora o afirmar-se de um
significado.
Essa busca se expressa naquelas perguntas que estão ligadas à própria raiz do agir
humano.
Estas perguntas estão no coração de cada homem, como bem demonstra o gênio
poético de todos os tempos e de todos os povos, que, quase como profecia da
humanidade, repropõe continuamente a séria pergunta que torna o homem
verdadeiramente tal. Exprimem a urgência de encontrar um porquê da existência, de
todos os seus instantes, tanto das suas etapas salientes e decisivas como dos seus
momentos mais comuns. (JOÃO PAULO II, 1998, p. 46-47).
Diversas foram as expressões que a literatura e a arte em geral deixaram dessas
perguntas que “estão no coração de cada homem”. Na música popular brasileira a
natureza dessas perguntas ficou documentada na canção O que será (à flor da pele),
de Chico Buarque.
Pelo simples fato de viver, independente da sua origem étnica ou cultural, da sua
condição social ou educacional, o ser humano se defronta ao longo da vida com estas
perguntas: “Qual é o sentido exaustivo da existência? Qual é o significado último da
realidade? Por que no fundo vale a pena viver?”. Segundo o teólogo italiano Luigi
Giussani (1997, p.18), “o conteúdo do senso religioso coincide com estas perguntas e
com qualquer resposta a estas perguntas”. Além disso, o Autor nos lembra que os
adjetivos presentes nestas perguntas indicam a necessidade de uma resposta total,
definitiva.
Porém, “quanto mais a pessoa avança na tentativa de responder a tais perguntas,
tanto mais lhes percebe a potência e tanto mais descobre a própria desproporção em
relação à resposta total” (GIUSSANI, 2009). Mais uma vez é na arte que podemos
encontrar uma boa tradução desse sentimento de desproporção. A escritora mineira
Adélia Prado (1991, p. 187) sintetizou essa percepção nos últimos versos do poema
Desenredo:
O Humanismo Renascentista
É muito difusa a ideia de que a religiosidade é uma característica presente apenas
naquelas pessoas mais voltadas às questões espirituais ou que estão diretamente
filiadas a uma das tantas tradições religiosas que se desenvolveram ao longo da
história da humanidade. Porém, se entendemos que o senso religioso está relacionado
a estas perguntas, é fácil perceber o quanto ele está presente em cada pessoa. Mais
ainda: se a pessoa prestar atenção à própria vida verá que em cada gesto, desde o
mais simples, se afirma algo acerca da resposta a estas perguntas.
Figura 2 - Henri Matise, “Ícaro”. 1943. Paris, Musée National d´Art Moderne.
Há como que um fio que liga cada gesto humano com a resposta que encontramos
para as perguntas do senso religioso. As circunstâncias da nossa vida, boas ou ruins,
alegres ou tristes, prazerosas ou dolorosas, só podem ser vividas integralmente à
medida que estejam acompanhadas por essa hipótese de significado, por esse
porquê. Do contrário, até mesmo aquilo que parece bom perde o sabor. O fundador da
terceira escola de psicoterapia de Viena, Victor Frankl, sintetizou essa percepção em
uma frase: “quem tem um ‘porquê’, enfrenta qualquer ‘como’” (FRANKL, 1985, p. 95-
96). Em outras palavras, “o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceito, se
levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta; se esta meta for tão
grande que justifique a canseira do caminho.” (BENTO XVI, 2007, p. 3).
Dessa meta última, desse porquê definitivo, toda a realidade depende. É a ela que a
tradição religiosa chama de Deus. É nessa perspectiva que se pode entender o senso
religioso como “um dote característico da nossa natureza, que dispõe a alma a aspirar
por Deus, que quase a conduz à tentativa de agarrar a Deus de alguma forma”
(GIUSSANI, 1997, p. 21).
Assim, podemos dizer que essa interrogação acerca do sentido, do porquê, constitui a
expressão mais elevada da razão humana e, conseqüentemente, da própria natureza
do ser humano. Por isso, diferente do que o senso comum atual acredita, a
religiosidade representa o ponto mais alto da racionalidade humana. Ou seja,
quando o porquê das coisas é procurado a fundo em busca da resposta última e mais
exauriente, então a razão humana atinge o seu vértice e abre-se à religiosidade. De
fato, a religiosidade representa a expressão mais elevada da pessoa humana, porque
é o ápice da sua natureza racional. Brota da profunda aspiração do homem à verdade,
e está na base da busca livre e pessoal que ele faz do divino. (apud JOÃO PAULO II,
1998, p. 47).
Por isso, podemos afirmar que “a vida é fome, sede, paixão por um objeto último que
paira no horizonte, mas que está sempre além desse. E é isto que, uma vez
reconhecido, faz do homem alguém que busca incansavelmente” (GIUSSANI, 2009, p.
81). Essa mesma percepção está expressa poeticamente na música popular brasileira
com Tenho sede, de Gilberto Gil.
É possível, e, às vezes, muito frequente, que alguém identifique essa meta, esse fim
último, com a namorada, a carreira, o poder, o dinheiro, a política, a saúde ou, quem
sabe, a ciência. De qualquer forma é sempre uma religiosidade que se exprime, é
sempre um deus que se busca.
O ser humano está constantemente diante da tentação de determinar ele mesmo qual
é o sentido último, de ser a medida de todas as coisas (como queriam os sofistas),
abandonando assim a busca que é própria da sua natureza. Nesse caso, segundo
Giussani (1997, p.45),
o senso religioso, como afirmação de um significado último, é corrompido, para
identificar como seu objeto algo que o próprio homem escolhe dentro do âmbito da sua
experiência, ou seja, um aspecto particular da sua vida, algo que finalmente lhe seja
compreensível.
Essa corrupção do senso religioso, na qual a razão humana identifica o significado
último, o sentido exaustivo, com um elemento da sua experiência, com um objeto
qualquer, é chamada na Bíblia de idolatria.
Comida, Titãs
Saiba mais
Senso religioso e pecado