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NO METODISMO PRIMITIVO
Wesley anota em seu Jornal, em 13 de fevereiro de 1760, um relato extraordinário. Um grupo
de mais ou menos 30 pessoas se reuniu em Otley, às 8 horas da noite, para, como de
costume, orar, cantar hinos e “estimular uns aos outros no amor e nas boas obras” (Hb 10, 24,
um dos versículos favoritos de Jonh Wesley). Finda a oração, algumas pessoas, entre suspiros
e gemidos, se queixaram da carga sentida pelo pecado que ainda tinham.
O grupo continuou ali por mais de duas horas, uns louvando e magnificando a Deus, outros
clamando por perdão ou pela pureza de coração, com a mais profunda agonia de espírito. Na
manha seguinte, voltaram a se reunir e o Senhor esteve novamente presente para sarar os
quebrantados de coração. Um recebeu a remissão dos pecados e três creram que Deus os
limpou de suas faltas.
Wesley conta a experiência crendo firmemente que a ação de Deus naquele lugar e na vida
daquelas pessoas foi uma ação legitima. Foi lá conhecer o grupo, ouviu os relatos, reconheceu
que eram pessoas simples, pobres na maioria analfabetos e incapazes de falsear os fatos.
Para ele, foi fácil perceber que o lugar e as pessoas haviam recebido a visitação do Espírito
Santo de Deus.
Wesley assinou que Deus derramou seu espírito com abundância. Muitos saíram cheios de
consolação, particularmente alguns vindos de Lisburn, a mais de 32 quilômetros de distância,
para participar do culto. Uma jovem de dezesseis anos de idade passou por uma experiência
muito bonita. Deus restaurou a luz da sua face e lhe deu clara evidência de seu amor. Tudo
ocorreu de forma tão extraordinária que a sua alma parecia ser toda amor.
Por que o trabalho metodista na Escócia estaria passando por aquelas dificuldades? Meses
depois, em julho, ele se dirigiu até Portarlington, onde havia uma sociedade pobre e morta. Não
poderia ser diferente, pois seus pregadores se fechavam em um quarto com 20 a 30 ouvintes.
Achavam que o trabalho pastoral consistia em cuidar apenas de um grupinho. Para que
houvesse crescimento na obra, seria necessário muito trabalho. Os frutos não nascem
sozinhos. È preciso trabalhadores que lancem as sementes, que as plantem.
Incomodado com aquela situação, Wesley dirigiu-se diretamente ao mercado da cidade. Ali,
bem no centro, ele proclamou com voz forte e segura: “Eis que o semeador saiu a semear” (Mt
13,3). Com coragem e determinação, proclamou a Palavra de Deus e uma verdadeira multidão
o rodeou. Na manhã seguinte, às 5 horas, o salão metodista estava repleto de pessoas,
totalizando mais que o dobro de sua capacidade. Às 8 horas, ele retornou ao mercado e
pregou sobre o texto “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel?” (Os 11,8).
Solenemente, a multidão escutou a proclamação da Palavra de Deus. Muitos atenderam ao
chamado e se converteram ao Senhor.
1. todas elas tinham perfeita saúde e nunca haviam sofrido convulsão de nenhuma natureza;
3. no momento em que caíram no chão, elas perderam as forças e se viram, cada uma a seu
modo, tomadas de forte dor, expressa de maneiras diversas: uma espada atravessando o
corpo, um grande peso comprimindo-as contra a terra, uma tal asfixia que as impedia de
respirar, um inchaço no coração prestes a rebentá-lo e a sensação de que o coração, as
entranhas e o corpo todo estivessem sendo despedaçados. Desse modo, os sintomas
observados não podiam ser creditados a qualquer causa natural, mas ao Espírito de Deus.
Wesley não podia duvidar que Satanás estivesse despedaçando aqueles que se aproximavam
de Cristo.
Ainda naquele ano, ele comentou, em seu Journal (30/dez), certas manifestações ocorridas
nos cultos, tendo examinado meticulosamente todos os casos. Alguns não eram capazes de
descrever o que lhe acontecia, apenas que, a certa altura do culto, se viam caídos no chão,
gritando e sem controle do que falavam. Wesley estava convencido de que aquilo tudo era obra
de Deus e, portanto, não cabia nenhuma repreensão: “Que sabedoria é essa que se atreve a
repreender essas pessoas, dizendo que devem permanecer silenciosas? De modo algum!
Deixem que clamem por Jesus de Nazaré até que Ele responda ‘Tua fé te salvou”’.
Em conversa com vários moradores, ávidos por testemunhar a realização de Deus em suas
vidas, Wesley concluiu que ocorria ali um avivamento semelhante ao da cidade de Londres.
Ficou muito feliz ao reconhecer que o movimento metodista produzia frutos admiráveis em
todos os cantos e tinha motivos de sobra para esperar que tais sinais significavam apenas o
início de uma grande obra.
Muitos adversários do evangelho, incitados por um homem maldoso, que afirmava não haver
lei para os metodistas, organizaram motins e tumultos, visando a atrapalhar o trabalho de
Wesley. As confusões só terminaram quando um juiz daquela comunidade, procurando por
Wesley, acatou a causa e impediu a atividade dos baderneiros, que ficaram mansos como
ovelhas.
O que, para muitos pastores, poderia ser compreendido como um trabalho evangelístico de
sucesso, para Wesley, exigia uma avaliação mais serena e cuidadosa. Apesar de todas as
mostras visíveis de aquela comunidade estar preparada para a obra do Senhor, Wesley se
mostrou reticente, achando que muito trabalho havia a ser feito. Muitos o procuraram
desejosos de contar as suas experiências. Tudo bem bonito, um sucesso, mas Wesley sabia
ser apenas o inicio da caminhada. Início promissor é verdade, no entanto, achava que quando
“as águas se esparramam demais, não são profundas”.
É preciso tomar cuidado e evitar que o jejum se converta em prática para alcançar o
reconhecimento das pessoas. Contra isso há a admoestação do Senhor: “Quando jejuardes,
não vos mostreis contristados como os hipócritas, que desfiguram o rosto com o fim de parecer
aos homens que jejuam (Mt 6,16).
Outro risco freqüente é transformar o jejum em obra meritória. Muitos imaginam que, jejuando,
se tornam merecedores d alguma coisa. O desejo de estabelecer nossa própria justiça, de
procurar a salvação por mérito, e não por graça, é algo profundamente arraigado nos corações
humanos. Não devemos imaginar que o mero e formal cumprimento do jejum atrairá
inevitavelmente a benção divina. O jejum não é uma armadilha com vista a alcançar algum
fruto, por mais honroso e necessário que seja. Também não é uma prova de resistência. A
saúde, dom de Deus, deve ser preservada. Qualquer esforço extraordinário, comprometedor da
saúde, transforma o jejum em sacrifício, em obra humana.
Para que o jejum seja completo, é necessário estar associado a obras de misericórdia, como
disse o anjo do Senhor a Cornélio, em seu jejum e oração: “Suas orações e suas esmolas
elevaram-se para memória diante de Deus” (At 10,4).
A luta violenta de muitos na igreja acabou com vários bancos quebrados. É comum as pessoas
permanecerem imóveis e depois cair, ao regressar aos seus lares. Alguns foram encontrados
estendidos como mortos pelo caminho e nos jardins de Berridge, sem poder caminhar de volta
à casa. De Forma geral, noto que poucos anciãos e apenas alguns ricos experimentam essa
obra de Deus. Eles geralmente a desprezam ou até se indispõem contra ela. Na verdade,
chegando a negar os sacramentos para aqueles membros de sua paróquia que fossem ouvir o
Sr. Berrdge. Nenhum desses cavalheiros, nem o Sr. Hicks, nem o Sr. Berrdge, eram
eloqüentes, e até pareciam débeis no falar. O Senhor, por este meio, demonstrou claramente
que esta é Sua própria obra.
Um dos personagens citados, John Berridge, foi pregador metodista em Everton. Não foi muito
tranqüila a relação deles com os irmãos Wesley, especialmente por causa da sua teologia
calvinista e da ligação estreita com a condessa de Huntingdon e com George Whitefield. O
pomo da discórdia ocorreu em 1760, quando El publicou Collection of Divine Songs, incluindo
hinos de Charles Wesley modificados conforme sua teologia calvinista.
FONTE: BARBOSA, José Carlos. Adoro a Sabedoria de Deus. Itinerário de John Wesley o
Cavaleiro do Senhor. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2002