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FLUIDOS COMPUTACIONAL
Resumo
O ruído aerodinâmico em ventiladores axiais ocorre principalmente devido às
perturbações do escoamento na sua entrada, ao movimento das pás, ao escoamento
turbulento e à separação do escoamento sobre as pás do rotor. Devido a geometria de
admissão inadequada muitas vezes escoamentos na entrada são induzidos que variam
desde perfis de velocidades espacialmente assimétricos a giros desse escoamento que
flutuam com o tempo e dão lugar a forças aleatórias que atuam sobre as pás. Isto
produz ruído temporal de banda larga que desencadeia o ruído tonal. O Objetivo deste
trabalho é identificar as fontes de ruído locais emitidas por ventiladores axiais de
motores a diesel de usinas termelétricas, neste sentido, foi considerado um estudo em
um ventilador axial do sistema de arrefecimento de motores de combustão interna da
usina termelétrica de Goiânia II, que usa motores a diesel como fonte primária de
geração; com o intuito de projetar posteriormente um ventilador de baixo nível de
ruído. Foram utilizadas técnicas de medição aeroacústica para identificação dos níveis
de potência sonora, pelos diversos componenentes dos sistemas, durante a operação
dos motores e simulações de Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) foram
realizadas, para obter os níveis de pressão sonora de rotores axiais.
Abstract:
Aerodynamic noise from axial fans occurs mainly due to the perturbations of the flow
at the inlet, the movement of the blades, the turbulent flow and the separation of the
flow on the blades of the rotor. Due to the inadequate intake geometry many inflow
flows are induced ranging from spatially asymmetrical velocity profiles to rotations
of that flow, which float over time and give rise to random forces acting on the
blades. This produces temporal broadband noise that triggers tonal noise. The
objective of this work is to identify the local noise sources emitted by axial fans of
diesel engines of thermo-electric power plants, in this sense, it was considered a study
in an axial fan of the cooling system of internal combustion engines of the Goiânia II
thermo-electric power plant, which uses diesel engines as the primary source of
generation; with the intention of designing a low noise fan later. Aeroacoustic
measurement techniques were used to identify sound power levels of the various
components of the systems during the operation of the motors and Computational
Fluid Dynamics (CFD) simulations were performed to obtain the sound pressure
levels of axial rotors.
1. Introdução
Os ventiladores axiais são utilizados em diversas aplicações industriais; e podem ser aprimoradas de forma a
não ultrapassar os níveis sonoros industriais e domiciliares aceitáveis, sendo assim, um projeto de
ventiladores deve atender as finalidades de máxima eficiência com níveis de pressão sonora adequada
(Ramirez et al, 2016).
Neste trabalho, especificamente serão analisadas as caraterísticas operacionais dos ventiladores axiais de
grupos geradores da usina termelétrica – UTE de Aparecida de Goiânia, de gerenciamento pela empresa
Brentech Energia S/A. Esta usina tem atualmente um total de 116 unidades diesel geradoras - UDGs que
operam em três galpões abrigados para atender o sistema interligado de energia no Estado de Goiás, na
região Centro Oeste do Brasil.
Com o objetivo de reduzir as potências sonoras produzidas pelas maiores fontes de ruído, em uma primeira
fase pretende-se estudar e identificar as regiões de dissipação de energias associadas às intensidades sonoras,
e, obter as fontes principais de ruído do ventilador axial de pás planas em formato de arco de círculo, para,
posteriormente, projetar um ventilador axial de baixo nível de ruído com base na metodologia de projeto de
rotores de alto desempenho apresentado em (Ramirez et al, 2016).
Geralmente em um problema aeroacústico, há quatro aspectos a se considerar: a onda sonora e o meio
acústico, as fontes e o receptor (Santos, 1995). O meio, é o ar. As fontes são as flutuações de pressão devido
à esteira viscosa e turbulência. O receptor podem ser microfones (ou pontos de campo em uma simulação)
ou, na realidade, os ouvidos humanos (Liu, 2012).
A onda sonora ou espectro de ruído da turbomáquina consiste tipicamente em um ruído de banda larga
(broadband noise) e componentes tonais, que são harmônicos da frequência de passagem da pá (BPF - Blade
Passing Frequency) (Csaba e János, 2009).
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Várias teorias bem conhecidas, como a teoria de Lighthill (Lighthill, 1952) e a teoria de Ffowcs Williams e
Hawkings (FWH) (Ffowcs Williams, 1969) foram aplicadas com sucesso em problemas aeroacústicos.
A teoria de Lighthill é a base da abordagem da teoria FWH. No artigo de Lighthill, foi demonstrado que as
fontes sonoras aerodinâmicas podem ser modeladas como série de monopolos, dipolos e quadrupolos
gerados pela turbulência numa região fluida ideal rodeada por uma grande região fluida em repouso (Liu,
2012).
Para calcular o ruído aerodinâmico, podem ser levadas em conta três abordagens (ABNT, 2000):
− Método Direto, com o qual é possível usar Simulações Numéricas Diretas (DNS) ou Simulações de
grandes escalas (LES) para resolver as equações de Navier-Stokes instáveis em todo o domínio.
− Método Integral Baseado na Analogia Acústica, que usa DNS, LES ou RANS instável juntamente
com uma analogia acústica, permitindo obter resultados do ruído no campo distante (far-field noise).
− Método utilizando Modelos de Fontes de Ruído de Banda Larga (BNS-Broadband Noise Sources
Models), que usa as quantidades de turbulência calculadas a partir da simulação em regime
permanente e os acopla com modelos acústicos.
No presente trabalho, é considerado o Método que utiliza Modelos de Fontes de Ruído de Banda Larga.
Em diversas dessas UTEs a fonte principal de geração de energia elétrica são motores a diesel, nas mais
variadas configurações de instalações e classificações, quanto a aplicação do motor, como por exemplo,
existem usinas cujos motores operam bases cabinadas (uso de containers), outras com os motores que
operam bases distribuídas dentro de galpões (UDGs abrigadas). Em todos os tipos de usinas as UDGs,
durante sua operação normal, produzem significativa potência sonora que na maioria das vezes ultrapassam
os limites da legislação brasileira (ABNT, 2000 e 1987).
As UTEs utilizam motores quase sempre, não apresetam instalações padronizadas, nas salas de máquinas das
usinas podem ser encontrados diversos tipos de motores de fabricante diversos, com UDGs de pequeno, de
médio e de grande porte instalados.
A Figura 1 mostra a UDG instalada na base 33 da UTE Goiânia II.
Source: [14].
No cenário apresentado pelas UTEs encontra-se situações em que um tipo de motor é utilizado fora de sua
aplicação normal, um exemplo disso, é a utilização de motores marítimos, cujos sistemas são adaptados para
a geração de energia elétrica, a fim de operarem como motores estacionários. Este fato se deve à redução do
custo inicial de instalação, porém com o passar do tempo, ocorre um aumento significativo do custo das
manutenções, em função da redução da vida útil dos componentes dos motores e do aumento do número de
manutenção com a redução da periodicidade de realização das intervenções nas UDGs.
Dentro do trabalho apresentado em (Santos, 2017), foi realizado um conjunto de medições em usinas
termelétricas, a fim de identificar as principais fontes geradoras de ruído, visando propor soluções
mitigadoras para redução da potência sonora produzida pelos mesmos.
Nas investigações nas UTEs que operam com grupos geradores que usam motores a diesel, foi constatado
que os níveis sonoros são pouco aceitáveis, onde se verifica concentração de emissores de ruído de maior
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intensidade no sistema de arrefecimento, que em média, para motores de grande porte produz 46 % de toda a
potência sonora da UDG, tendo como maior gerador de ruído o ventilador axial do sistema de resfriamento
(ventoinha) do motor. Em segundo lugar tem-se o sistema de exaustão de gases, com 34 % da produção de
ruído e do sistema de força do motor com 17 %, sendo as outras fontes de ruído 3% atribuídas a outros
sistemas e componentes do motor (Santos, 2012).
Especificamente no sistema de arrefecimento do motor, maior fonte geradora de ruído, foi usando um
dosímetro Extech, modelo SL-355, nas medições realizadas nas pás do ventilador, mostrada na Figura 1,
durante a operação da UDG, onde foi encontrado, para a ponta das pás, uma potência sonora média de 124
dB(A) a uma distância de 5 cm da grade de proteção.
Ao longo do corpo da pá, no sentido do cubo, percorrendo de 10 em 10 cm, os valores reduziam para 119
dB(A), 118 dB(A), 116 dB(A), respectivamente, chegando a 114 dB(A) nas proximidades do cubo do
ventoinha do motor (Santos, 2012).
Conforme já mencionado a filosofia deste trabalho é identificar as fontes de ruído de banda larga no
ventilador axial, com o intuito de, posteriormente, desenvolver mecanismos para se reduzir as maiores fontes
geradoras de ruído, a fim de que seja possível criar um protótipo de um ventilador axial com baixa geração
de ruído, que seja otimizado e adequado para atender as condições operacionais dos motores das UDGs e,
principalmente, os limites de produção da potência sonora vigente das legislação brasileira (ABNT, 2000 e
1987). Como trabalho futuro, este protótipo deverá ser ensaiado em laboratório e implantado na UTE
Goiâna II como forma de estudo de caso.
4. Modelo acústico
Em muitas aplicações práticas envolvendo escoamentos turbulentos, o ruído não possui tons distintos e a
energia sonora é distribuída continuamente em uma ampla faixa de freqüências. Para analisar as fontes de
ruído de banda larga, podem ser utilizadas quantidades de turbulência computáveis a partir das equações
medias de Navier- Stokes (RANS); como o campo de escoamento médio, energia cinética turbulenta (k) e
taxa de dissipação (), em conjunto com correlações semi-empíricas e a analogia acústica de Lighthill.
Ao contrário do método direto e o método integral, os Modelos de Fonte de Ruído de Banda Larga não
requerem de soluções transitórias para a solução das equações governandes. Porém, o modelo de banda larga
está limitado à previsão de características de ruído de banda larga e não fornece informação do desempenho
tonal (Dozolme et al, 2006).
Para a abordagem do presente estudo, é considerado o Método que utiliza Modelos de Fontes de Ruído de
Banda Larga.
Estes modelos podem ser empregados para identificar as principais regiões de geração de ruído.
O método de Modelos de Ruído de Banda Larga (BNS), utiliza vários modelos de fontes que permitem
quantificar a contribuição local para a potência acústica total gerada pelo escoamento. Estes modelos
incluem:
− Modelo da Fórmula de Proudman
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Com a finalidade de identificar as fontes principais de ruído e quantificar a sua contribuição local na potência
acústica total gerada pelo ventilador, no presente estudo foram utilizados dois dos Modelos de Fontes de
Ruído de Banda Larga disponíveis no código comercial Fluent – CFD 15®. Estes são o Modelo da Fórmula
do Proudman e o Modelo de Fonte de Ruído da Camada de Limite baseado na integral de Curle.
Estes dois foram escolhidos, porque se complementam um com o outro, permitindo identificar as fontes do
dipolo e as fontes do quadrupolo na forma da potência acústica.
A fórmula de Proudman, é uma fórmula para a potência acústica baseada na analogia acústica de Lighthill.
Esta fórmula fornece uma medida aproximada da contribuição local para a potência acústica total por
unidade de volume num determinado campo de turbulência.
O Modelo de Fontes de Ruído de Banda Larga de Proudman concentra-se principalmente na fonte
quadripolar, que também é conhecida como ruído turbulento. O ruído turbulento é causado principalmente
pela separação do escoamento e pela flutuação turbulenta dentro da camada limite turbulenta.
Este modelo, é uma maneira simples de determinar a contribuição local à potência acústica total das fontes
do quadrupolo. Esta fórmula para a potência acústica gerada pela turbulência isotrópica, como visto na
Equação (1), dá os resultados na forma de potência acústica devido ao volume unitário de turbulência
isotrópica [1].
5
2
PA = 0 W m3
a (1)
0
onde,
− PA , é a potência acústica ou sonora;
− , é uma constante redimensionada. No FLUENT é definida como 0,1;
− o , é a massa específica;
O Modelo de Fontes de Ruído da Camada Limite está baseado na integral de Curle, onde a pressão acústica
radiada é derivada em função da pressão superficial flutuante da superfície do corpo rígido. A potência
acústica de superfície (SAP) irradiada a partir de cada superfície de unidade pode ser calculada pelo modelo
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que é focado principalmente na fonte de dipolo. A fonte de dipolo é produzida pela flutuação da pressão na
pá e na superfície da voluta (Zhang et al, 2014).
Este modelo é utilizado para investigar o ruído gerado pelo escoamento da camada limite turbulenta. Nele é
utilizada uma aproximação para determinar a contribuição local por unidade de área superficial da superfície
do corpo, na potência total acústica (PA), como pode ser visto na Equação (2).
PA = I( y )dS( y ) (2)
S
Onde:
2
Ac ( y ) p
I( y ) (3)
12 0 03 t
Sendo:
Ac ( y ) , é a correlação de área;
S ( y ) , é a superfície de integração;
6. Simulação numérica
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Tanto a modelagem da geometria, quanto a geração da malha computacional foram realizadas no programa
comercial ICEM CFD 15.0®. Na Figura 2 é representada a geometria do ventilador axial.
Para a modelagem da geometria, foi considerada uma folga no topo de 3% da altura da pá. Este valor é
aparentemente grande, porém frequentemente utilizado nos ventiladores axiais industriais.
Foi gerado o canal periódico para a geometria de rotor axial com pá plana em formato de arco de círculo
(Figura 3).
A condição de periodicidade é frequentemente aplicada em maquinas de fluxo, com base na hipótese de
equilíbrio radial, não sendo necessário modelar o rotor completo para a simulação. Por isso, foi gerada a
malha apenas no domínio referente a uma pá, o qual representa 1/9 do domínio completo (rotor axial de 9
pás).
Figura 3: Domínio da malha computacional (canal periódico) 2.316.762 de elementos.
Para as análises numéricas do campo de escoamento foi considerado escoamento em regime permanente,
incompressível e isotérmico.
A massa específica e a viscosidade dinâmica, utilizadas nas simulações numéricas foram:
ρ = 1,225 kg/m3 e μ = 1,7894e-5 kg/m.s, respectivamente.
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Para o cálculo do campo local de escoamento foi utilizado o programa comercial Fluent – CFD 15®, o qual
resolve as equações de conservação de massa e quantidade de movimento para o domínio discretizado.
Para a simulação computacional foi usado o modelo de turbulência k-ω/SST, que apresentou-se adequado
para o cálculo deste tipo de escoamentos internos em turbomáquinas.
Para as condições de contorno na entrada foi considerada a condição de vazão em massa, pressão
manométrica de 0 Pa, e nível de intensidade de turbulência de 5% e uma taxa de viscosidade turbulenta de 5.
Utiliza-se a condição de fluxo de saída (outflow). Ao utilizar esse tipo de condição, não é necessário
estabelecer nenhuma grandeza característica do escoamento como pressão ou velocidade na saída do
ventilador, deixando que a rotação resolva o campo de pressões estáticas e dinâmicas.
Para a simulação numérica foram considerados os Modelos de Fonte de Ruído de Banda Larga, os quais
estão baseados em correlações semi- empíricas e a analogia acústica de Lighthill.
7. Resultados e Discussões
Foram obtidos resultados correspondentes à distribuição de pressão estática, linhas de corrente e a
identificação de fontes de ruído.
A Figura 4 mostra o vórtice da ponta da pá, resultado da diferença de pressões entre o lado de pressão e
sucção da pá, provocando a perturbação do escoamento à jusante do rotor.
Na ponta da pá, pode se identificar a separação das camadas limites como é apresentado na Figura 5, que
mostra os contornos de pressão estática no ventilador, provocando regiões de pressão negativa.
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Com o Modelo de Fonte de Ruído de banda larga que usa a Fórmula de Proudman, foram identificadas as
fontes locais de ruído de ordem quadripolar.
Na Figura 6, são apresentados quatro planos normais ao eixo de rotação do ventilador, que descrevem o nível
de potência acústica na entrada da pá, no bordo de ataque, a metade da pá e logo após do bordo de fuga.
Figura 6. Nível de potência acústica em planos normais ao eixo de rotação: (a) antes do bordo
de ataque; (b) bordo de ataque da pá; (c) metade da pá; (d) bordo de fuga da pá.
(a) (b)
(c) (d)
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(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Os resultados obtidos com o Modelo de Fonte de Ruído de Banda Larga que usa a Fórmula de Proudman,
são visualizados em forma de Nível de Potência Acústica mostradas nas Figuras 6 e 7.
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Os níveis de potência acústica apresentados nestas figuras, estão associados ao ruído turbulento, ocasionado
principalmente pelos fenômenos de separação e a flutuação turbulenta da camada limite turbulenta. Estes
efeitos são originados pela ingestão de turbulência no escoamento da entrada, a formação de vórtices a partir
da separação da camada limite e a esteira viscosa que se começa a formar logo após do bordo de fuga da pá.
Onde pode-se ver que os máximos níveis de potência acústica estão concentrados na ponta da pá onde se
gera um vórtice devido a separação da camada limite. Altos níveis de potência acústica também são
identificados no bordo de fuga e na esteira viscosa que começa a formar logo após o bordo de fuga. Também
apresentam níveis de potência acústicas no bordo de ataque e na camada de limite de escoamento da
superfície da pá.
Devido a que a pá tem espessura diferente desde a base (espessura maior) até a ponta da pá (espessura
menor); para ter uma melhor percepção do ruído devido à turbulência, na Figura 7, são apresentados seis
planos transversais à pá do ventilador. Na base da pá (que é a peça de engate do rotor no cubo), no bordo de
ataque (que não tem arredondamento) devido às perturbações no escoamento incidente ao fazer contato com
a superfície sólida do bordo de ataque, no bordo de fuga devido à esteira viscosa que começa a se formar, e
no lado de sucção da pá; apresentam-se altos níveis de potência acústica. À 45% da altura da pá, devido a
que a espessura diminui consideravelmente, o nível de potência acústica no bordo de ataque também
diminui, no entanto no bordo de fuga e logo após do bordo de fuga ainda apresentam-se altos níveis de
potência acústica, os quais estão associados ao ruídos produzido na esteira viscosa. Na altura da pá de 60%, a
espessura diminui até a espessura mínima da pá, e pode se ver que o nível de potência acústica no bordo de
fuga diminui, porém logo após do bordo de fuga devido à difusão da esteira viscosa o ruído de turbulência
também começa a se difundir. Na altura da pá de 90%, embora a espessura tenha-se mantido constante, os
níveis de potência acústica se incrementam e continuam-se difundindo na região do escoamento à jusante;
também o ruído começa a se difundir a montante; assim como também começa a aparecer uma concentração
de fonte de ruído no bordo de ataque.
Na altura da pá de 95%, são identificados altos níveis de potência acústica no bordo de ataque perto da ponta
da pá, e na região onde se apresenta o vórtice da ponta da pá identificado na Figura 3. A difusão do ruído se
intensifica a montante e a jusante, assim como o ruído que tem origem no bordo de ataque perto da ponta da
pá. Isto pode ser explicado pelo fato do ventilador ter uma relação de diâmetros pequena, ou seja, que o
diâmetro externo é muito maior em comparação com o diâmetro do cubo, e isto ocasiona que o ruído gerado
por uma pá seja irradiado na região próxima das outras pás e ocasione perturbações acústicas, já que as ondas
acústicas emitidas são refletidas. Na ponta da pá, também apresenta-se um alto nível de ruído, assim como
no lado de sucção da pá; isto devido ao vórtice da ponta da pá e subsequente separação da camada limite.
Em todos os planos normais ao eixo de rotação (Figura 6) assim como nos planos transversais à pá (Figura
7), foram identificadas fontes de ruído na camada limite formada na superfície da pá. E por este motivo, que
o Modelo de Fontes de Ruído de Banda Larga baseado na fórmula de Proudman, está intimamente ligado
com o Modelo de Fontes de Ruído de Banda Larga da Camada Limite.
Nas Figuras 8 e 9, são visualizados os níveis de potência acústica devido a fontes de ruído dipolar. As fontes
de ruído de ordem dipolar, são uma das fontes mais importantes na maior parte dos rotores [10].
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Estas fontes de ruído, são gerados pela distribuição variável de pressão na superfície das pás, ocasionado
pelas flutuações no carregamento, pelas acelerações produzidas pela rotação das pás, pela turbulência e a
geração de vorticidade nas pontas das pás.
Figura 8. Superfície de Nível de Potência Acústica obtida com o Modelo da Camada Limite
baseado na integral de Curle.
(a) (b)
O ruído devido a camada limite turbulenta e a esteira de vórtices aparece, quando a transição para o regime
turbulento precede a separação. Na Figura 9, são apresentados os níveis de potência acústica nas superfícies
do lado de pressão e do lado de sucção da pá. No lado de sucção, pode-se observar que nas regiões onde a
camada limite começa a se separar, aparecem altas fontes de ruído de banda larga, as quais se intensificam na
superfície próxima à ponta da pá, o bordo de ataque e na base da pá, especificamente na peça de engate da pá
no cubo. No lado de pressão da pá, as fontes de ruído de banda larga se fazem mais intensas na ponta da pá
onde aparece o vórtice, e na parte superior da peça de engate da pá no cubo.
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8. Conclusões
No presente estudo foram identificadas as fontes geradoras de ruído de banda larga do ventilador axial de pás
planas curvadas em formato de arco de círculo, do sistema de arrefecimento das UDGs da usina
termoelétrica de Aparecida de Goiânia, gerenciada pela empresa Brentech Energia S/A. O ruído produzido
neste componente tem origem na vorticidade produzida a partir das interações do fluido com as pás,
principalmente nas suas extremidades.
Para a análise do campo local de escoamento e o campo acústico foi utilizado o programa comercial Fluent –
CFD 15®. Na simulação numérica foram considerados os Modelos de Fonte de Ruído de Banda Larga, os
quais estão baseados em correlações semi-empíricas e a analogia acústica de Lighthill. Foram usados
especificamente, o Modelo de Fonte de Ruído de Banda Larga com base na Fórmula do Proudman; e o
Modelo de Fonte de Ruído de Banda Larga da Camada de Limite baseado na integral de Curle.
Estes dois modelos se complementam um com o outro, permitindo identificar as fontes do dipolo e as fontes
do quadrupolo na forma da potência acústica. Estes ruídos são ocasionados pela rotação das pás e a
subsequente variação da velocidade.
As fontes de natureza dipolar, estão associadas a distribuição do carregamento na superfície das pás, e as
fontes de natureza quadripolar estão associadas à turbulência.
Os principais mecanismos para a sua geração são as flutuações no carregamento decorrentes da turbulência
oriunda na camada limite, a geração de vorticidade nas pontas da pá, e a turbulência.
Na análise das fontes de ruído, foi observado que os máximos níveis de potência acústica estão concentrados
na ponta da pá do ventilador onde se gera um vórtice devido a separação da camada limite, com níveis de
potência sonora gerado acima de 122 dB(A).
Altos níveis de potência acústica também são identificados no bordo de fuga e na esteira viscosa que começa
a se formar logo após do bordo de fuga, podendo chegar a mais de 118 dB(A). Também foram identificados
elevados níveis de potência sonora no bordo de ataque e na camada limite de escoamento da superfície da pá,
que em média, apresentam valores acima de 116 dB(A), para motores de grande porte.
Bem como foram evidenciados altos níveis de potência sonora na esteira viscosa decorrente da separação da
camada limite. O ruído de turbulência identificado nesta região, começa a se difundir, primeiro a jusante, e
posteriormente a jusante e a montante, intensificando-se na região mais próxima a ponta da pá.
O ruído de turbulência gerado nas pontas das pás é irradiado nas regiões das pás próximas, ocasionado assim,
perturbações devido a que as ondas acústicas são refletidas.
Na análises dos valores de medição e de simulação computacional realizadas em motores de grande porte,
fica evidenciado que níveis de potência sonora consideráveis se fazem presentes pelas instabilidades do
escoamento sobre a superfície da pá.
Na simulação, as fontes de ruído consideráveis também se fazem presentes no lado de sucção da pá, onde a
camada limite começa a se separar e na ponta da pá, aparece a formação de um vórtice forçado.
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Com base nos resultados obtidos nas medições de potência sonora e das simulações, nos sistemas de
arrefecimento das UDGs verificou-se a necessidade de projetar ventiladores axiais otimizados com pás
aerodinâmicas de forma a reduzir os níveis de ruido aceitáveis pela legislação brasileira.
Agradecimentos
Os autores agradecem a ANEEL, a Brentech Energia S/A, e Núcleo de Estudos e Pesquisas do Nordeste –
NEPEN, pelo apoio financeiro. Agradecem também ao Grupo de Energia, Biomassa e Meio Ambiente –
EBMA da Universidade Federal do Pará – UFPA e ao Laboratório de Hidrodinâmica Virtual – LHV da
Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI, pela infraestrutura para desenvolvimento do projeto.
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