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Implantação do Sistema
KANBAN em uma
Empresa Fabricante
de Armações de Óculos
Kanban System Implementation in an
Optical Eyeglass Frame Manufacturing Company

MOACIR PEREIRA
Universidade Metodista de Piracicaba.
mpereira@mpc.com.br
SILVIO ROBERTO IGNÁCIO PIRES
Universidade Metodista de Piracicaba
sripires@unimep.br

RESUMO – O presente artigo relata a experiência da implantação do sistema Kanban em uma área piloto, dentro de uma
empresa nacional fabricante de armações de óculos. A implantação do sistema Kanban deveu-se à necessidade de melho-
rar o desempenho do planejamento e controle da produção e de implementar um processo de gestão mais coerente com
a realidade atual brasileira. Para implantação do sistema Kanban, criou-se um ambiente Just-in-Time na área piloto a fim
de gerar um fluxo contínuo de produção e um ambiente propício ao contínuo aprendizado dentro da fábrica. Trabalhou-
se com funcionários que muito pouco conheciam de JIT/Kanban. Após um ano de trabalho na empresa, chegou-se a
resultados bastante satisfatórios, tanto qualitativos quanto quantitativos.

Palavras-chave: PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO – JUST-IN-TIME – KANBAN – ESTUDO DE CASO.

ABSTRACT – This paper describes the experience of implementing the Kanban system in a pilot area of a company that
manufactures eyeglass frames.The purpose of implementing the Kanban system emerged as a way of conducting
improvements and helps the Production Planning and Control in order to reach managerial standards more appropri-
ated to the Brazilian reality. In order to implement the Kanban system, a Just-in-Time environment was created in the
pilot area to generate a solid continuous production flow and to stimulate a continuous learning inside the plant.
Employees with low knowledge in JIT/Kanban have participated of the training program. After one year working in the
company, it is possible to start that very good qualitative and quantitative results have been reached.
Keywords: PRODUCTION PLANNING AND CONTROL – JUST-IN-TIME – KANBAN – CASE STUDY.

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INTRODUÇÃO A produção Just-in-Time (JIT) apresenta gran-


des vantagens ao permitir, após sua implantação, a

N o início da década de 90, houve a abertura da


economia brasileira e os produtos estrangei-
ros começaram a competir intensamente
com os nacionais.
redução dos estoques de materiais em processo e
produto acabado, além de propiciar ao sistema de
manufatura maior flexibilidade para atender à varie-
dade da demanda, menor preocupação com o fator
A globalização da economia mundial tem pro- qualidade e a possibilidade de preços condizentes,
vocado uma considerável atualização tecnológica pela redução dos custos de produção.
em muitos setores industriais brasileiros e nos pro- Embora o JIT tenha sido desenvolvido na
cessos de fabricação. Dessa forma, torna-se cada vez indústria automobilística e seu sucesso seja consa-
mais importante ser um produtor de classe mundial, grado no mundo todo, como não há chance de
posicionando-se de maneira competitiva diante dos importação pura e simples das técnicas JIT/Kanban,
mercados globais. houve necessidade de ajustes e adequação à reali-
Os produtos manufaturados, geralmente vin- dade brasileira e à indústria óptica nacional.
dos de países onde o modelo classe mundial já está O propósito principal deste artigo é relatar a
consolidado, apresentam maior qualidade e varie- implantação do sistema JIT/Kanban em uma
dade, além de serem bastante competitivos, quanto empresa fabricante de armações de óculos de capital
a preços, com os similares nacionais. nacional e gestão familiar.
Esse fato colocou ao alcance dos consumido-
res brasileiros uma maior variedade de produtos de OS SISTEMAS
alta qualidade e a preços bastante atraentes. Nessa JUST-IN-TIME E KANBAN
nova conjuntura, as empresas brasileiras veêm-se O JIT é um sistema que se destina a estimular a
diante da necessidade de se adequar a essa tendên- produtividade, eliminar estoques ociosos, melhorar a
cia, adotando técnicas atuais de administração de qualidade do produto e reduzir o tempo de entrega
produção, alinhando-se com o novo paradigma do produto acabado ao consumidor. Segundo Taiichi
mundial. Ohno (Monden, 1984), a idéia é “total eliminação de
O setor óptico brasileiro é constituído por desperdícios”, entendendo-se como desperdício tudo
empresas que formam um grupo que detém, apro- aquilo que não agrega nenhum valor ao produto
ximadamente, 90% do mercado nacional. Esse acabado, como filas de materiais, produção além do
grupo é formado pela empresa principal, cuja linha programado etc. A proposta básica consiste na
de produção fabrica, além da linha normal, modelos determinação dos momentos exatos de fabricação e
sob licença das marcas Playboy, Turma da Mônica entrega de produtos, submontagem, montagem e
(infantil), Pierre Cardin e Platini. Outras quatro aquisição de materiais. Isso significa colocar todos os
empresas menores, com linhas próprias de produ- materiais em uso ativo, integrando o material em pro-
ção, fazem parte do grupo. A importação de arma- cessamento e não o deixando ocioso. Portanto, seu
ções de óculos não faz concorrência à empresa ideal é alcançar uma alta flexibilidade, em condi-
estudada: normalmente, é realizada por lojas distri- ções de atender qualquer encomenda, a qualquer
buidoras e atende a um público de maior poder momento, em pequenos lotes.
aquisitivo. É importante salientar que, no exterior, a Yoshimoto (1992) define a cultura organizaci-
armação de óculos é também utilizada como com- onal baseada no sistema JIT como um conjunto de
plemento embelezador do rosto, enquanto no Brasil padrões de comportamento, crenças e outros valo-
tem efeito de produto de receituário (óculos de res que caracterizam a empresa. O seu desenvolvi-
grau). Dentro desse contexto, a indústria óptica mento é lento, feito mediante as experiências e os
nacional buscou se adequar a novos modelos de treinamentos comuns ocorridos com as pessoas que
administração da produção para evitar uma concor- trabalham na empresa. A alta rotatividade de pes-
rência internacional agressiva, uma vez que não há soal é prejudicial, podendo colocar a perder, em
fábricas estrangeiras de armações de óculos instala- alguns casos por completo, uma cultura formada
das no país. em longos anos de trabalho.

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Fig. 1. Elementos do JIT (Wantuck, 1989, adaptado pelo autor).


Manutenção Treinamento de
Produtiva Tota Tecnologia de Grupo Pessoal

Controle de Redução de
Qualidade Total Set-up
JUST-IN-
TIME
Melhoramento Housekeeping
Contínuo

Fábrica Focada Arranjo Físico Kanban

De acordo com Wantuck (1989), o JIT é uma eficiente (sistema Kanban), quando devidamente
estratégia central que tem como pontos de apoio implementado. No nível de programação, as tarefas
uma série de ferramentas distribuídas por todas as não são programadas como nas formas convencio-
fases do processo produtivo. Podem ser implemen- nais. A produção é puxada, e ocorre somente
tadas simultaneamente ou em partes, como mostra quando há uma necessidade sinalizada pelo ele-
a figura 1. mento seguinte da cadeia produtiva. Ainda segundo
Quando se deseja implantar o sistema Kan- Pires (1995), empresas que priorizam o desempe-
ban, deve-se seguir alguns processos de implanta- nho das entregas e a qualidade, e possuem pequena
ção. Moura (1989) define os seguintes passos: variabilidade no volume e no total de itens produzi-
1) preparar os funcionários para os conceitos dos, têm grande potencial para usufruir o sistema de
e ferramentas do Just-in-Time; controle Kanban.
Schonberger (1993) comenta que a manufa-
2) escolher uma área-piloto para permitir o
tura puxada representa um dos pressupostos básicos
aprendizado da técnica;
do JIT, e fundamenta-se no princípio de que não
3) determinar a demanda dos componentes deve haver o processamento de um pedido até sua
ao longo de todo o processo produtivo; real solicitação por um estágio ou operação subse-
4) definir as quantidades por contentor; qüente no fluxo de produção.
5) definir o tipo de sistema Kanban (duplo O Kanban é, essencialmente, um sistema de
cartão, cartão único ou Kanban-contentor) fluxo de informações que controla harmoniosa-
e os procedimentos; mente as quantidades produzidas em todas as fases
dos processos de manufatura. Deve, obrigatoria-
6) criar painéis porta-Kanbans.
mente, pertencer a um sistema de manufatura
Por sua vez, o Kanban é um sistema de infor-
puxada, como o JIT.
mações, controle e coordenação da produção e do
suprimento de materiais no piso de fábrica. É base-
ado na manufatura puxada, no controle de estoques A INDÚSTRIA DE ARMAÇÕES
FIFO (First In, First Out) e na manutenção de míni- DE ÓCULOS NO BRASIL E A
mos níveis de estoques. O Kanban é o mecanismo EMPRESA ESTUDADA
que viabiliza a manufatura no chão de fábrica. A Indústria de Armações de Óculos
Conforme Pires (1995), duas das maiores vir- A partir da década de 80, o êxodo de pessoas
tudes do sistema JIT são ele ter uma abrangência do meio rural para o meio urbano aumentou signifi-
conceitual, que extrapola os limites das atividades cativamente no Brasil. Segundo Rego & Marques
de planejamento e controle da produção, e conce- (2000), os dados do IBGE publicados em 1997
ber um sistema de controle da produção simples e informavam que 78,36% dos brasileiros moravam

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nas cidades. As pessoas passaram a viver mais tempo somente a busca de novas tecnologias, mas também
e a ser, na maioria, alfabetizadas e dependentes de de técnicas adequadas de planejamento e de um
sua capacidade de visão, não só para leitura, mas fluxo contínuo de produção, consistente e rápido.
para realizar outras atividades diárias. Diante disso, optou pela implantação do sis-
Por sua vez, a indústria de armações de óculos tema JIT/Kanban, pois chegou à conclusão que, por
no Brasil foi, de certa forma, protegida pelo princi- ser simples e de regras fáceis a ser seguidas pelo pes-
pal instrumento de contenção de importações soal do chão de fábrica, era a melhor opção de exe-
durante os anos 1980, medidas não tarifárias, entre cução e de resposta rápida à implantação.
as quais se destacava a Lei do Similar Nacional, que
listava produtos cuja importação era proibida. Em Justificativa e Metodologia
função do quadro de instabilidade reinante pratica- O sistema Kanban foi desenvolvido inicial-
mente durante toda a década de 80, grande parte mente na indústria automobilística, e espalhou-se
dos setores da economia brasileira encontravam-se pelo mundo. Entretanto, a aplicação da técnica em
em atraso tecnológico quando comparados aos uma empresa de armações de óculos era um desafio a
padrões internacionais. ser vencido, pois não há, no Brasil, aplicação similar.
Por outro lado, em vez de os produtores naci- A empresa estudada conta com 650 colabora-
onais se aperfeiçoarem, aproveitando a proteção e a dores, está instalada numa única planta e fabrica um
produto que pode ser manuseado com facilidade,
vantagem permitida pelas diversas medidas gover-
por ser leve e pequeno.
namentais desse período, o que houve foi um efeito
exatamente contrário. Boa parte deles se acomo- A baixa variação de produção no volume diá-
rio – 10.500 peças/dia – e um mix de produtos rela-
dou, não fez o investimento necessário para garantir
tivamente pequeno (a grande diferença está na
que seus processos de produção e produtos alcan-
aplicação de detalhes sobrepostos na lateral da haste
çassem padrões internacionais, acreditando que a
da armação) – propiciava a implantação do Kanban,
proteção seria perene.
aliada à intenção da alta direção em implementar/
Assim, o conjunto de fatores citados propiciou investir em novas práticas gerenciais.
à industria de armação de óculos um crescimento
A fim de evitar um impacto muito grande em
rápido e consolidação no mercado interno. No perí- toda a empresa e montar uma área que pudesse ser-
odo entre 1990 e 1994, a política industrial do vir de modelo para as outras, optou por iniciar a
governo restringiu-se à abertura comercial. Nesse implantação do Kanban em uma área-piloto.
mesmo período, a empresa estudada neste artigo já Segundo Moura (1984), um bom candidato a setor
detinha, aproximadamente, 90% do mercado nacio- piloto é aquele que apresenta um número pequeno
nal de armações de óculos e, quando da abertura de itens individuais, com programas de produção
comercial ao exterior, já estava consolidada, bus- razoavelmente estáveis e poucas restrições de pro-
cando novas tecnologias para o desenvolvimento da dução (capacidade, tamanho de lotes etc.). Assim, a
capacitação competitiva e o lançamento de diversos empresa definiu que a área-piloto seria o setor de
modelos de armações, novas cores e materiais. tornos. Os produtos dessa área são parafusos para
armações de óculos, buchas para fixação de lentes e
A Empresa Estudada apliques para hastes de armações. A figura 2 mostra
Fundada em agosto de 1972, a empresa nas- componentes de uma armação de óculos.
ceu como a maioria das pequenas empresas familia- Deve-se ainda levar em conta que é de consi-
res, em que os próprios sócios se encarregavam das derável importância a formulação de uma metodo-
operações produtivas e de comercialização. Ao logia específica que contemple as etapas e os
longo do tempo, passou por vários momentos de aspectos necessários à eficiente implantação do Kan-
transformação, procurando, sempre, manter-se atu- ban e a sua posterior perenidade, a médio e longo
alizada por meio da modernização de seus proces- prazos. A metodologia adotada, a pesquisa-ação, é
sos e de melhorias no seu parque fabril, com a uma estratégia da pesquisa na qual o objetivo con-
aquisição de máquinas e equipamentos modernos. siste em resolver, ou pelo menos em esclarecer, os
A preocupação da diretoria da empresa não era problemas da situação observada.

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Fig. 2. Componentes de uma armação de óculos.

Segundo Thiollent (1994: 15), toda pes- A Implantação do Kanban na


quisa-ação é do tipo participativo, ou seja, “a parti- Empresa Estudada
cipação das pessoas implicadas nos problemas É interessante destacar como as pessoas
investigados é absolutamente necessária”. Na pes- podem participar a fim de se atingir a produção JIT.
quisa-ação, os pesquisadores desempenham um Isso é feito pelo conhecimento das ferramentas ou
papel ativo no equacionamento dos problemas pré-requisitos, fase em que os funcionários discutem
encontrados. O autor atuou como consultor por o que pode ser feito com a colaboração de cada um.
dois anos e implantou o sistema Kanban na Essa etapa é, antes de tudo, um estímulo para dis-
cussões. Foi elaborado o treinamento, distribuído
empresa estudada.
em diversas fases, dos colaboradores no sistema
Kanban, conforme mostrado na figura 3.

Fig. 3. Etapas de implantação do sistema Kanban na empresa estudada.

1ª Etapa 2ª Etapa
Palestra de 2 horas Elaboração de uma apostila
transmitindo a lógica do com conceitos simples e
JIT/Kanban. apropriados à empresa.

4ª Etapa
Apresentação do projeto de 3ª Etapa
funcionamento do Kanban Simulação de funcionamento
proposto. dos sistema Kanban.

5ª Etapa 6ª Etapa
Fixação de placas com Implantação e execução do
conceitos e regras do projeto na área-piloto.
Kanban na área-piloto.

7ª Etapa
Avaliação do desempenho e
mensuração dos resultados.
(Figura 8)

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Fig. 4. A sistemática de funcionamento do Kanban (Monden, 1984, adaptado pelo autor).


Processo Processo Processo
de de de
Usinagem Banhos Submontagem

Fluxo do Kanban de produção


Linha de
Montagem
Fluxo de materiais Final

Com relação à importância da preparação da regras do sistema Kanban. Isso foi realizado com o
mão-de-obra, Campos (1992) comenta que objetivo de fazer com que as informações chegas-
sem o mais próximo possível dos funcionários, de
o conceito de crescimento do ser humano
está baseado na intenção de que as pes-
forma a que eles pudessem ler, autoinstruir-se e tirar
soas devem fazer sempre serviços de valor dúvidas – o que ajudou a estimular a curiosidade
agregado cada vez mais alto. Maior valor dos funcionários das outras áreas.
agregado para pessoas significa trabalho
no qual se escreve, fala, ordena, mostra, As Mudanças Efetuadas na Área
instrui etc. Crescimento do ser humano sig-
Para a efetiva implantação do sistema Kanban,
nifica utilizar cada vez mais a mente do
indivíduo, e não somente a força braçal. as principais mudanças foram um programa de
Para isso, o indivíduo deve ser preparado organização e limpeza, a definição do local para o
durante toda sua vida. (Campos, 1992: 155) painel porta-contentor e da fixação de prateleiras. O
Portanto, uma força de trabalho motivada e Kanban atuou no sentido de facilitar a programação
comprometida é de importância vital para a dos centros de trabalho na empresa.
empresa. Com a implantação do Kanban, o objetivo
Em paralelo, um treinamento específico foi maior da administração da produção foi a redução
montado (4.ª fase) para mostrar como funcionaria o dos estoques, tanto em processo quanto os de segu-
sistema Kanban da empresa na prática, apresentar rança, baseada na minimização dos ciclos de produ-
os contentores-Kanban e os procedimentos adota- ção e dos estoques intermediários.
dos. Nesse módulo, os funcionários puderam prati- Para a consecução desses objetivos, foi dada
car os novos procedimentos mediante simulação da prioridade às seguintes etapas:
situação real e tomaram as decisões interpretando o 1) redução dos estoques intermediários dos
painel. Na figura 4, pode-se ver o diagrama de fun- materiais produzidos;
cionamento do sistema Kanban proposto. Como
2) redução de riscos relacionados à obsoles-
observação, mencione-se que o suprimento de
cência dos materiais através do atendi-
materiais é efetuado no próprio centro de trabalho,
mento às necessidades internas em níveis
de acordo com a programação. O posto de coleta
mais precisos;
indica a programação para o próximo período, ante
a retirada do contentor pelo cliente. O contentor 3) busca da flexibilidade da mão-de-obra
vazio retorna ao porta-Kanban da área produtora, (polivalência dos funcionários);
reiniciando o ciclo do sistema Kanban. 4) melhoria dos níveis de qualidade dos pro-
Após essas etapas, com a aplicação de alguns cessos e dos itens produzidos.
testes de conhecimentos, foi possível concluir que Para haver confiabilidade no funcionamento
houve absorção dos conceitos por parte dos funcio- do Kanban, foram feitos planos relativos à
nários, melhorando, portanto, sua qualificação. implantação da manutenção produtiva total e pla-
Deve-se observar, aqui, que foram afixadas nos de auditoria interna do sistema. As figuras 5 e 6
placas na área-piloto (5.ª fase) contendo conceitos e mostram os resultados das ações implantadas.

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Fig. 5. Situação anterior à implantação do Kanban.

Fig. 6. Vista do porta-contentor após a implantação do Kanban.

Com relação ao sistema Kanban, a figura 7 aprendizado da técnica, e só depois expandir o


mostra claramente o fluxo de produção e processo sistema. Para essa expansão, é importante criar
dos contentores entre a área produtora (tornos), a um clima cliente-fornecedor dentro da empresa
área intermediária (acabamento) e a área consumi- toda.
dora (usuário final). É importante destacar uma É relevante que, depois da implantação do
observação feita por Taiichi Ohno (Monden, 1984:
sistema, seja reservado um tempo para medir seu
28): “o Kanban deve ter início sempre dentro de
desempenho e aumentar seus benefícios. Monden
um setor da empresa, passar paulatinamente para
outro, ter suas falhas corrigidas e ser consolidado (1984) alerta para o fato de que, apesar de o Kan-
internamente, para só depois ser passado para as ban ser bastante simples, sua implementação é de
outras áreas”. E ainda: “começar o Kanban de fora extrema complexidade. A falta de entendimento
(fornecedores) para dentro da empresa é o maior do sistema JIT pode levar a um pífio aproveita-
erro que se pode cometer”. mento da técnica ou, pior, ao fracasso e posterior
Fica, portanto, destacada a importância de falta de credibilidade, provocando geralmente uma
se iniciar por uma área-piloto, para permitir o rejeição a ela, caracterizada pelo fracasso anterior.

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Fig. 7. Fluxo de contentores na linha de produção.


Movimentação de contentores no Kanban.

Consumidor Acabamento Tornos


4
Material Pronto Material Pronto

Contentor Vazio Material Pronto Contentor Cheio


3
1 Material em Processo
2 Contentor Vazio

Material em Processo

CONSIDERAÇÕES FINAIS E A implantação apresentou bons resultados.


RESULTADOS DA IMPLANTAÇÃO Eles foram quantificados e obtidos a partir de dados
O conceito ocidental de maximização da utili- coletados da seguinte forma:
zação da capacidade produtiva instalada em função • antes da implantação: os dados foram obtidos
da discussão do enfoque contábil-financeiro versus com a comparação entre os registros de alguns
operacional, ou seja, a utilização plena da capaci- anos anteriores à implantação do Kanban junto
dade, necessita ser alterado para o conceito de aten- ao PCP;
dimento rápido das necessidades dos clientes,
• após a implantação: os dados foram obtidos
recursos transformadores bem conservados e quali-
dade total, conceitos preconizados pelo JIT. diretamente na área-piloto destinada para a
implantação inicial. Os resultados podem ser
O argumento que justificaria a manufatura
baseada na plena capacidade seria a diluição dos visualizados na tabela 1.
custos no alto volume de produção, sem a preocu-
pação com a formação excessiva de estoques, pois Tab. 1. Demonstrativo dos resultados obtidos após a
esses eram considerados como investimentos em implantação do Kanban.
capital. Em contrapartida, o JIT pressupõe a produ- ITEM JAN/99 MAR/00
CON-
SUMO
ção somente para o atendimento das necessidades,
sendo este um ponto de extrema relevância para a Parafusos (pçs.) 1.100.000 45.900 1 semana
confiabilidade do sistema de manufatura e para a Buchas (pçs.) 1.200.000 50.000 1 semana
efetividade do Kanban como mecanismo de exe- Ordens de fabricação 510 390
_
(documento emitido) por dia por dia
cução das atividades produtivas.
Atrasos (pçs não entregues 100.000/
Para a implantação do Kanban, a empresa a operação seguinte) mês
-0- (zero) _
estudada mostrou-se, desde o início, extremamente Taxa de rejeição
aberta à pesquisa e às mudanças que permitissem a 7,5 a 8,0 4,0 a 5,5 _
(% ao mês)
adoção do sistema. Isso não é comum ou corri-
queiro nas empresas brasileiras e familiares, que O presente trabalho confirma, na prática, a
ainda resistem à integração e às informações da Uni- possibilidade de se implantar modelos de gestão de
versidade. produção com o intuito de melhorar os processos
Procurou-se estabelecer um processo de exe- produtivos em ramo diverso da indústria automo-
cução com acompanhamento pari passu, buscando bilística ou de autopeças. Porém, ressalta de forma
melhorias contínuas no processo produtivo sem veemente que a adaptação das técnicas deve ser cui-
perturbar demasiadamente o andamento das ativi- dadosamente estudada, não se tratando de um pro-
dades no chão de fábrica. cesso simples.

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Essa adaptação e a conseqüente transição para aprendizado das novas técnicas, a estabilização da
um patamar superior em termos de gestão da pro- demanda e o treinamento da mão-de-obra forem
dução poderão acontecer se requisitos como o observados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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