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12/07/2018 (71) O pragmatismo da geração de 1968 Na filosofia,... - Rudá Guedes Ricci
aventura de extrema-direita propalada pelos jovens do MBL. Serra foi outro que, embora à direita de Zé Dirceu,
foi tragado pelo atalho do pragmatismo.
Finalmente, César Benjamin, o Cesinha. Foi militante secundarista em 1968, considerado por muitos um gênio
tal a precocidade política e intelectual que demonstrava. Com o AI 5, passou à clandestinidade vinculando-se ao
MR-8. Preso em meados de 1971, aos 17 anos, foi torturado e expulso do país no final de 1976, exilando-se na
Suécia. Retornou ao Brasil em 1978 e se engajou na fundação do Partido dos Trabalhadores. Foi um dos
coordenadores da campanha de Lula à Presidência da República, em 1989. Em 1995, e em 1997, atuou na
fundação do movimento Consulta Popular. Em 2004, filiou-se ao PSOL e aceitou ser candidato a vice-presidente
da República nas eleições de 2006, na chapa da senadora Heloísa Helena. No mesmo ano, desfiliou-se do
PSOL. Cesinha sempre demonstrou grande mágoa com a falta de reconhecimento de suas capacidades e
história política. Em 2009, Cesinha escreveu um artigo à Folha de S. Paulo em que acusou Lula de ter revelado,
em 1994, uma tentativa de estupro contra um "menino do MEP", durante a sua prisão, quando líder sindical.
César Benjamin citou, em seu texto, uma testemunha, "um publicitário brasileiro que trabalhava conosco cujo
nome também esqueci". Logo em seguida, o "publicitário" veio à público para desmenti-lo. Tratava-se do
cineasta Silvio Tendler, que em 1994 trabalhou na campanha de Lula à presidência da República. O cineasta
relata que esta história foi contada durante um almoço, em 1994, e que se tratava de uma brincadeira de Lula,
em meio à gargalhadas. Citou Tendler: "Todos os dias o Lula sacaneava alguém, contava piadas, inventava
histórias. A vítima naquele dia era um marqueteiro americano. O Lula inventou aquela história, uma brincadeira,
para chocar o cara...".
Finalmente, em 20 de dezembro de 2016, foi anunciado que seria o secretário de Educação, Esporte e Lazer, da
cidade do Rio de Janeiro, na gestão Marcelo Crivella (líder evangélico filiado ao PRB). No mesmo secretariado
era anunciado o coronel Paulo Cesar Amêndola, da secretaria de Ordem Pública, que havia efetuado a prisão
de Cesinha durante o regime militar. Cesinha, enquanto secretário, divulgava nas redes sociais, quase
diariamente, todas suas ações e agruras e chegou a criticar duramente a atuação da Polícia Militar do Estado do
Rio de Janeiro por promover operações próximas a áreas escolares, nos horários de entrada e saída de alunos.
Também declarou que Crivella lhe dava condições de trabalho que os partidos de esquerda não dariam.
Hoje, o prefeito Marcelo Crivella exonerou o secretário municipal de Educação Cesar Benjamin. O ato está
publicado na edição desta quarta feira do Diário Oficial. Cesinha afirma em sua página no Facebook que foi
pego de surpresa. Denuncia que sua chefe de gabinete atuou nos bastidores para derrubá-lo e tomar-lhe o
cargo. Defendeu que foi exonerado porque “não cedeu à politicagem”. Outro militante desta geração politizada
que escolheu o caminho do pragmatismo.
O que me chama a atenção é o que motivaria esta guinada quase ingênua (ou autoengano) de jovens militantes
de esquerda que, na meia idade, correm para este atalho pragmático, se envolvendo perigosamente com quem
um dia combateu. Uma união que não convence o outro lado, tanto que na primeira oportunidade viável, não
apenas os afastam, mas também os humilham, com requintes de crueldade.
Seria algum sinal de permanência do romantismo? Cansaço das ações ofensivas que exigem tanta energia no
combate? Pressa? O canto da sereia e sua força de sedução?
Há, aqui, um fenômeno recorrente, com cores mais intensas ou amenas, de uma geração que foi ao limite da
sua própria existência e que retornou procurando se insinuar num campo que no passado se apresentava como
minado. Um campo político que, como os pensadores pragmáticos sugeriam, no mundo real e concreto, revelou
que a percepção juvenil era, de fato, a mais correta.
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