Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
(Provérbios 9,9)
APRESENTAÇÃO
Neste sentido, temos a honra de apresentar o Curso de Introdução à Atividade de Inteligência – CIAI,
modalidade à distância, que tem por objetivo capacitar, por meio de formação básica, o profissional de Segurança
Pública que trabalha na atividade de Inteligência.
Durante o curso, cada aluno terá a oportunidade de se integrar com profissionais de vários órgãos de inteligência
por meio dos fóruns do ambiente virtual, problematizar o assunto estudado, buscando uma constante atualização do
conhecimento adquirido, conhecer a especificidade e a forma de atuação dos diversos órgãos de Inteligência e
compartilhar informações.
O curso é composto por quatro módulos: I – Aspectos Doutrinários; II – Produção de Conhecimento; III – Proteção
de Conhecimento e IV – Operações de Inteligência. O aluno que concluir todos os módulos com êxito, realizará uma
prova presencial a ser aplicada por profissionais nomeados pela CGI/SENASP. A nota mínima para aprovação é 7,0
(sete).
Ao concluir o presente curso, o profissional estará apto a desenvolver as atividades básicas de uma Agência de
Inteligência, bem como realizar os cursos mais avançados na área, tais como: Análise de Inteligência, Operações de
Inteligência, Inteligência de Sinais, dentre outros.
Bom estudo!
APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina você estudará os fundamentos éticos e jurídicos que norteiam a Atividade de
Inteligência de Segurança Pública – ISP.
OBJETIVOS
Ampliar conhecimentos para:
• Consolidar os valores éticos necessários ao profissional que atua na atividade de
Inteligência em Segurança Pública;
• Identificar os limites jurídicos de atuação nessa área;
• Identificar as competências dos órgãos de Inteligência de Segurança Pública perante os
fundamentos éticos e jurídicos.
Existem diferentes concepções éticas, as quais sofreram mudanças ao longo do processo histórico
e social. Assim pode-se falar em ética na antiguidade, que com Sócrates, Platão e Aristóteles
desenvolveram uma concepção ética de base racionalista, ou seja, “fundamentada na razão, no
conhecimento que está acima dos interesses e desejos individuais e que pode por isso mesmo
estabelecer regras universais, válidas para todas as pessoas”.
(COTRIM, 2002, p. 272)
E na Idade Contemporânea temos a “ética do homem concreto”, que centra no próprio homem a
origem dos valores e das normas morais. A evolução da concepção sobre a ética desponta no
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 8
sentido de que é uma disciplina teórica com base filosófica que busca o conhecimento do “ser”
visando o “dever ser”. (COTRIM, 2002, p. 277)
Segundo a ABIN:
A ABIN também aponta que a “ética na atividade de Inteligência preconiza que os profissionais não
podem utilizar o conhecimento em beneficio próprio. O conhecimento só deve efetivar-se como
poder por intermédio da autoridade destinatária e em proveito da sociedade e do Estado
brasileiros”. (http://www.abin.gov.br)
O Brasil vem se consolidando como um Estado Democrático de Direito, e nesse sentido as bases
éticas para a atividade de inteligência se alinham com o estabelecido na Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, com destaque para o artigo 1° que prescreve:
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 9
A ética, portanto, deve permear toda a atividade de inteligência, pois a complexidade tecnológica
crescente das operações de coleta de informações e com a abrangência crescente dos temas
sobre os quais os governos querem conhecer e analisar, torna bastante exigente os requisitos
éticos no desempenho da função. (CEPIK, 2003, p. 117)
Portanto, o desvio ético poderá ter implicações jurídicas, conforme veremos em nossa próxima
aula.
A inquietação mundial provocada pelos ataques terroristas, com destaque para o 11 de setembro,
bem como a crescente onda de violência e criminalidade que acaba atingindo a todos
indistintamente, fez com que se percebesse a importância da atividade de inteligência.
Ao lado da liberdade, temos também a igualdade, decorrentes da revolução social do século XVIII,
cuja concretização constitucional, ao lado da liberdade implica no reconhecimento de todos como
sujeitos de direitos.
A liberdade e a igualdade estão previstas no artigo 5º da CRFB 88, que preceitua que “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade.
A legalidade é um dos princípios básicos da atividade de inteligência, a qual implica que todas as
ações de produção de conhecimento e informação devem estar pautadas no irrestrito cumprimento
da lei e a todo ordenamento jurídico pátrio.
Nesse sentido destacam-se também os princípios que regem a Administração Pública, previstos no
artigo Art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB 88): legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Importante!
Cabe ressaltar que a violação de um desses princípios acarreta desvio de finalidade do ato,
ilegalidade e abuso de poder, pois, segundo Meirelles “Na Administração Pública não há
liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a
lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o
particular significa “pode fazer assim”; para o administrador público significa “deve fazer assim”
(MEIRELLES, 2004, p. 83),.
A atividade de inteligência não foge à regra do controle administrativo, sujeitando quem infringe tais
postulados a sanções administrativas, civis e penais.
se cogitar de qualquer ação que seja atentatória aos princípios que regem a Administração Pública
ou aos direitos e garantias fundamentais do cidadão.
Alem dos princípios da cidadania e da dignidade da pessoa humana, que são basilares no
Estado brasileiro, cabe também destacar a observância compulsória dos direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos previstos no artigo 5º da CRFB na atividade de inteligência, dos quais
destacam-se os seguintes:
• Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
• Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
• Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
• É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
• É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
• É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias;
• Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
• É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
• São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
• A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 14
• Conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
Não se pode mais olvidar que quem não inovar e buscar expertise e novas competências para
obtenção de informação e conhecimento em áreas sensíveis, como é o caso da segurança pública,
acompanhando a produção tecnológica e sua modernização e interagindo com outros atores,
sucumbirá diante dos desafios concretos do mundo contemporâneo, pois a atividade de inteligência
cada vez mais exige sofisticação e aperfeiçoamento crescente.
Todas as ações que compreendem a atividade de inteligência exigem uma ética específica e a fiel
observância aos ditames do Estado Democrático de Direito, ou seja, à ordem jurídica vigente.
Importante!
Os fundamentos éticos e jurídicos estudados nesse módulo são imprescindíveis para que
ocorra o aperfeiçoamento crescente dos órgãos de inteligência em nosso país.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
(Consulte o ambiente virtual)
GABARITO: 1 – A; 2 – D; 3 – C; 4 – A; 5 – B; 6 – E; 7 – C; 8 – B; 9 – A; 10 E; 11 - B
Fundamentos Doutrinários
........................................
Instrutor: Giovani de Paula
Santa Catarina
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 21
APRESENTAÇÃO
A complexidade das atividades de segurança pública compreende um conjunto de atribuições
institucionais que diante da realidade da chamada sociedade da informação e do conhecimento,
tem deixado de ser matéria específica e prerrogativa exclusiva do sistema de justiça criminal para
converter-se em finalidade transversal e integrada, envolvendo a cooperação de diversos outros
atores, bem como espaços de reflexão, socialização e mediação de conflitos.
Os conflitos sociais que culminam em formas mais graves de violência e de criminalidade vem
causando preocupação recorrente dos governos, obrigando os órgãos de segurança pública a se
preparem cada vez mais para o seu enfrentamento visando a manutenção da ordem pública e a
promoção da paz social. Nesse sentido a atividade de inteligência se torna fundamental no sentido
de fornecer subsídios às decisões.
Sendo assim, para que possa conhecer melhor a Atividade de Inteligência (AI), nesta disciplina,
você estudará os seus Fundamentos Doutrinários.
OBJETIVOS
Compreender o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência e conhecer os fundamentos
doutrinários da atividade de Inteligência de Segurança Pública, identificando as possibilidades de
atuação nessa área e seu alinhamento com o Estado Democrático de Direito e com a promoção
dos direitos de cidadania.
A atividade de inteligência, desde a sua origem, apresenta-se como recurso de que se valiam as
autoridades das sociedades antigas não apenas para atender os interesses da coletividade, mas
também resguardarem seus interesses, notadamente a manutenção e a ampliação de suas
relações de poder e controle. Os métodos utilizados também eram muitas vezes eivados de
práticas espúrias, no sentido de que “os fins” acabavam justificando “os meios”.
O primeiro registro de ordem de pesquisa de inteligência está nas Escrituras Sagradas e aconteceu
quando Moisés, seguindo as determinações de Deus, enviou espias para a terra de Canaã.
Vejamos:
Constata-se que, na Idade Média, o serviço de espionagem, desde o início confundido com a
atividade de inteligência, foi posto de lado em razão da influência da Igreja e da Cavalaria, que o
julgavam pecado. Porém, Maomé o utilizou no ano de 624: seus agentes infiltrados em Meca
(Arábia Saudita) avisaram-no de um ataque de soldados árabes a Medina, cidade em que estava
refugiado. Ele mandou então que fizessem trincheiras e barreiras ao redor da cidade, que
impediram o avanço dos soldados (REVISTA ABIN, n. 1, p. 89).
Ainda na Idade Média, com a queda do regime feudal e com o contexto geopolítico da Europa em
fase de estabilização, as chamadas cortes européias transformaram-se em centros de disputas pelo
poder, gerando uma série de intrigas. Consta que por essa época:
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocorreu uma série de mudanças no mundo,
notadamente quanto à busca da verdade sobre as coisas e explicações com fundamento científico
dos fenômenos da vida e da maneira de pensar o mundo e suas múltiplas relações. O movimento
Iluminista foi um reflexo dessas mudanças paradigmáticas ocorridas durante essa época, as quais
alavancaram uma série de transformações que tiveram repercussão na história das sociedades.
Grande parte dessas mudanças implicou em conquistas para a humanidade, obtidas também com
enfrentamentos e disputas, não se podendo olvidar da importância das atividades de inteligência
nesse contexto.
Aliadas aos novos conhecimentos, da comunicação por sinais de fumaça ou sonoros, surgiram
novas tecnologias, que se tornaram grandes aliadas das atividades de inteligência daquela época,
tais como a fotografia, o uso de balões e aeronaves, a comunicação critptografada, o Código
Morse, o rádio, dentre outras. Em nosso tempo, as novas tecnologias disponíveis e as
possibilidades de construção de redes de conhecimento favorecem a atividade de inteligência e
permitem uma maior efetividade nas estratégias e nas ações de segurança pública.
Importante!
Cabe destacar que a importância das atividades de inteligência recai na necessidade de
proteção e desenvolvimento das sociedades, em que sistemas nacionais de inteligência foram
desenvolvidos para o exercício de funções coercitivas que diziam respeito a questões de guerra,
diplomacia, manutenção da ordem interna e, mais tarde, também do policiamento e da manutenção
da ordem pública interna.
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 23
Observe que de acordo com o que foi lido, a atividade de inteligência não está adstrita a questões
que dizem respeito apenas à defesa do Estado, mas também da sociedade, o que inclui a busca de
um conjunto de diagnósticos e prognósticos no sentido de projetar cenários de risco e minimizar
situações de conflito em prol da defesa do Estado, da sociedade e do cidadão.
Em suas origens, a atuação da inteligência era orientada para atender à polícia política e prestar
assessoramento aos Governos, o que ocorreu inicialmente com o advento do Conselho de Defesa
Nacional (CDN), mediante o Decreto n. 17.999, de 29 de novembro de 1927, órgão diretamente
subordinado ao Presidente da República e constituído por todos os Ministros de Estado e os Chefes
dos Estados-Maiores da Marinha e do Exército, o qual teve como objetivo inicial o controle dos
opositores ao regime então vigente, ou seja, numa perspectiva que se alinhava com a concepção
de inteligência clássica ou de “Estado”.
Antes desse período, a atividade de inteligência era exercida apenas no âmbito dos dois Ministérios
Militares então existentes, que se dedicavam exclusivamente às questões de Defesa Nacional e
atuavam em proveito das respectivas forças, ou seja, em defesa do Estado. Nesta época ainda não
existia o Ministério da Aeronáutica (MAer) e a Força Aérea Brasileira (FAB), que foram criados em
1941 (Revista Nossa História, 1996).
Com o advento da Constituição Outorgada em 1937, conhecida como “Polaca”, o seu artigo 162
passou a definir o Conselho Superior de Segurança Nacional apenas como “Conselho de
Segurança Nacional”.
O primeiro serviço de inteligência oficialmente criado no Brasil ocorreu em 1956, por ordem do
então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, e chamava-se Serviço Federal de
Informações e Contra-Informação - SFICI, o qual funcionou até o golpe de 1964. Durante o período
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 24
ou regime militar, foi substituído pelo Serviço Nacional de Informações, que participou ativamente
da repressão à esquerda e aos movimentos sociais.
A Atividade de Inteligência (AI) no país funciona como um sistema com o escopo de fazer uma
composição cooperativa entre as várias estruturas que atuam nessa área, tendo sido criado no ano
de 1999 o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), instituído, pela Lei no 9.883, de 7 de
dezembro de 1999, o qual por objetivo integrar as ações de planejamento e execução da atividade
de inteligência do País, com a finalidade máxima de fornecer subsídios ao Presidente da República
nos assuntos de interesse nacional.
Importante!
A inteligência no âmbito do SISBIN é entendida como a atividade de obtenção e análise de dados e
informações e de produção e difusão de conhecimentos, dentro e fora do território nacional,
relativos a fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação
governamental, bem como a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.
2.2 Composição
Os órgãos de segurança dos Estados têm importância fundamental nesse contexto, notadamente
no que tange a prevenção e controle da violência e da criminalidade, razão pela qual mediante
ajustes específicos e convênios, os Estados e o Distrito Federal poderão compor o Sistema
Brasileiro de Inteligência.
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 26
Para cumprir esse conjunto de atribuições a ABIN possui a seguinte estrutura organizacional:
I - órgãos de assistência direta e imediata ao Diretor-Geral:
a) Gabinete;
b) Assessoria de Comunicação Social;
c) Assessoria Jurídica;
d) Ouvidoria;
e) Corregedoria-Geral; e
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 27
Diante dos novos cenários de riscos a nível local e global, a cooperação é fundamental para se
prevenir atos atentatórios ao Estado e à sociedade, razão pela qual o funcionamento do Sistema
Brasileiro de Inteligência efetiva-se mediante a articulação coordenada dos órgãos que o
constituem, respeitada a autonomia funcional de cada um e observadas as normas legais
pertinentes a segurança, sigilo profissional e salvaguarda de assuntos sigilosos.
A atividade de inteligência, portanto, vai muito além das ações de Estado e de Governo, envolvendo
um conjunto de ações interligadas que tem como propósito a busca da certeza e verdade sobre
fatos que possam, direta ou indiretamente, afetar a vida das pessoas, da sociedade e do próprio
governo, principalmente no sentido de se evitarem situações de crise ou de riscos reais ou
potenciais.
Portanto, perante a complexidade das atividades de segurança e suas próprias estruturas, torna-se
imperativa uma perspectiva multiagencial e interdisciplinar que leve em consideração outras formas
de visão sobre as coisas e fatos, quer sejam pretéritos, presentes ou de possíveis cenários futuros,
de maneira que áreas distintas do conhecimento, como Sociologia, Antropologia, Direito,
Computação, Ciência da Informação, Filosofia, Inteligência Artificial, Linguística, Segurança, dente
outras, possam levar à construção de uma ontologia para as atividades de inteligência em
segurança, o que promoverá uma maior expansão da produção de conhecimento e adequação de
sua organização e utilização.
integrar as atividades de inteligência de segurança pública em todo o País, bem como suprir os
governos federal e estaduais de informações que subsidiem a tomada de decisões neste campo”.
O § 2º do Art. 2º do Decreto 3695/2000 cita que os órgãos de Inteligência dos Estados e do Distrito
Federal poderão compor o SISP desde que mediante ajustes específicos e convênios. Na prática,
este convênio é feito entre a Unidade federativa e a CGI/SENASP.
Convêm destacar que existe uma diferença entre a atividade de inteligência e a investigação
policial. Segundo a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP):
Enquanto a investigação policial está orientada pelo modelo de persecução penal previsto e
regulamentado na norma processual própria, tendo como objetivo a produção de provas, a
Inteligência Policial visa a produção de conhecimento e apenas eventualmente, subsidia na
produção de provas.
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 30
“Fornecer subsídios informacionais aos respectivos governos para a tomada de decisões no campo
da segurança pública, mediante a obtenção, análise e disseminação da informação útil, e
salvaguarda da informação contra acessos não autorizados”.
A atual concepção da estrutura de inteligência do País tem uma compleição que vai ao encontro de
uma perspectiva interdisciplinar, multifacetada e sistêmica, pois a recém-criada Política Nacional de
Inteligência, cujas bases encontram assento na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança
Pública – DNISP, procura integrar as estruturas ao Sistema Brasileiro de Inteligência, que é
composto por vários órgãos da Administração Pública e conta com a colaboração de setores
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 31
Saiba mais sobre o SISP com a leitura completa da RESOLUÇÃO Nº 01, DE 15 DE JULHO DE
2009 (http://www.fiscolex.com.br/doc_3218637_RESOLUCAO_N_1_15_JULHO_2009.aspx) que regulamentou o
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública - SISP, e deu outras providências.
Japiassú e Marcondes simplificam o entendimento sobre “doutrina” ao afirmarem que consiste num
“conjunto sistemático de concepções de ordem teórica ensinadas como verdadeiras por um autor,
corrente de pensamento ou mestre. Ex. a doutrina de Tomás de Aquino, a doutrina do liberalismo”.
(JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2006, p.78)
polícias no Brasil que padronizam uma série de procedimentos que visam facilitar e otimizar o
enfrentamento à violência e criminalidade.
Com base na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública, passaremos a expor seus
elementos constitutivos no que tange a fundamentos, processos e métodos na produção de
informação e conhecimento para a segurança publica.
Finalidade
Assessorar a atividade de Segurança Pública e Defesa Social e na formulação das respectivas
políticas, dando maior efetividade às suas ações estratégicas, tático-operacionais e de proteção do
conhecimento.
Características
A atividade de inteligência de segurança pública possui as seguintes características:
- Produção de Conhecimento
- Assessoria
- Verdade com Significado
- Busca de Dados Protegidos
- Ações Especializadas
- Economia de Meios
- Iniciativa
- Integração e Abrangência
- Dinâmica
- Segurança
Verdade com Significado: É a característica da ISP que a torna uma produtora de conhecimentos
precisos, claros e imparciais, de tal modo que consiga expressar as intenções, óbvias ou
subentendidas, das pessoas envolvidas ou mesmo as possíveis ou prováveis conseqüências dos
fatos relatados.
Economia de Meios: É a característica da ISP que permite otimizar os recursos disponíveis, o que
é proporcionado pela produção de conhecimentos objetivos, precisos e oportunos.
Abrangência: É a característica da ISP que lhe permite ser empregada em qualquer campo do
conhecimento de interesse da Segurança Pública.
Dinâmica: É a característica da ISP que lhe possibilita adequar-se às novas tecnologias, métodos,
técnicas, conceitos e processos.
Segurança: É a característica da ISP que visa garantir sua existência, protegida de ameaças.
Amplitude: É o princípio da ISP que consiste em alcançar os mais completos resultados possível
nos trabalhos desenvolvidos.
Objetividade: É o principio da ISP que visa cumprir suas funções de forma organizada, direta e
completa, planejando e executando ações de acordo com objetivos previamente definidos.
Permanência: É o princípio da ISP que visa proporcionar um fluxo constante e contínuo de dados e
de conhecimentos.
Simplicidade: É o princípio da ISP que orienta a sua atividade de forma clara e concisa,
planejando e executando ações com o mínimo de custos e riscos.
Imparcialidade: É o princípio da ISP que orienta a atividade de modo a ser isenta de idéias
preconcebidas e\ou tendenciosas, subjetivismos e distorções.
Sigilo: É o princípio da ISP que visa preservar o órgão, seus integrantes e ações.
Importante!
Vale ainda ressaltar que os dois ramos devem ser compreendidos como indissoluvelmente ligados;
são partes de um todo, não possuindo limites precisos, uma vez que se interpenetram, se inter-
relacionam e interdependem.
Fundamentos Éticos e Jurídicos - Pag. 36
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
(Consulte o ambiente virtual)
Produção de Conhecimento
........................................
Fábio de Sá Romeu
Rio de Janeiro
Produção de Conhecimento - Pag. 39
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS
1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Um dos princípios básicos da alta gerência do Estado é o que recomenda que todo ato decisório
deve estar, necessariamente, lastreado em subsídios amplos e seguros. O que se vê é uma
crescente valorização deste princípio e, mais ainda, de outro que o complementa e que se traduz
na idéia de que já não basta conhecer os fatos e as situações de interesse para a ação de governo,
mas é também negar o conhecimento destes fatos ou destas situações a quem no interesse do
Estado e, por extensão, da sociedade não deva conhecê-los.
Cresce, pois, a consciência de que a observância destas assertivas é importante para o êxito das
ações de governo, sobretudo em uma realidade cada vez mais complexa e não raro em meio ao
choque de interesses e vontades.
A Atividade de Inteligência, deste modo, apresenta-se ocupando espaço próprio como instrumento
do Estado, de que se valem os sucessivos governos nas suas ações decisórias, especificamente no
tocante à defesa dos interesses da sociedade e, em última instância, do próprio Estado.
Pode-se, então, depreender que a Atividade de Inteligência de Segurança (ISP) Pública é função
subsidiária dos processos de formulação, decisão e implementação de políticas de
Produção de Conhecimento - Pag. 40
Para a produção dos conhecimentos de Inteligência de Segurança Pública, aos quais a DNISP se
refere, é imperioso o uso de metodologia própria, que afastem a prática de ações meramente
intuitivas, com a adoção de procedimentos que sejam inteligíveis, não somente aos profissionais de
Inteligência, mas especialmente aos tomadores de decisão, que são os usuários finais do
conhecimento produzido pela Inteligência.
Para tal devem ser valorizados no estilo de produção de textos da Inteligência características como:
concisão, correção, precisão, imparcialidade, objetividade e simplicidade.
Conceito Significado
Concisão Produzir textos sintéticos e precisos.
Correção Empregar a norma culta na produção dos textos
Precisão O conhecimento produzido deve ser verdadeiro.
Imparcialidade Produzir conhecimentos isentos de idéias preconcebidas, subjetivas,
distorcidas ou tendenciosas.
Objetividade O conhecimento produzido deve estar em sintonia com o planejamento
previamente elaborado.
Simplicidade O conhecimento deve proporcionar imediata e fácil compreensão. Para tal,
a linguagem empregada não deve ser prolixa.
Desse modo, qualquer representação de um fato ou de uma situação que não decorra da produção
intelectual do profissional de Inteligência, mas que seja de interesse deste, é considerado como
dado na linguagem de Inteligência.
Pode-se fazer uma analogia do dado como sendo a matéria-prima indispensável para a difusão do
produto conhecimento.
Porém, a relação da mente com o objeto nem sempre se efetiva de forma perfeita, pois, algumas
vezes, a mente encontra obstáculos que a impedem de formar uma imagem totalmente de acordo
com o objeto. Em vista disso, e sendo a verdade a grande aspiração que norteia o exercício da
Atividade de Inteligência, todos os profissionais que a exercem devem acautelar-se contra a mera
ilusão da verdade, ou seja, contra o erro.
Imperfeita que é a mente e complexa que é a realidade, a relação entre ambas naturalmente
assume gradações. Assim, há oportunidade em que a mente adere integralmente à imagem, por ela
mesma formada, de um objeto; outras há em que esta adesão é apenas parcial; outras, ainda, em
que se mostra incapaz de optar por imagens alternativas de um mesmo objeto; por último, há outras
em que se coloca em estado puramente nulo com relação a determinado objeto.
A verdade e o seu antagonista erro são qualidades que se colocam entre o sujeito e o objeto.
A DNISP tem como um de seus principais objetos estabelecer uma metodologia que regule a
relação entre sujeito, objeto, verdade e erro, cuidando para que o produto conhecimento represente
a verdade. A seguir apresentamos os quatros estados da mente diante da verdade:
a) Certeza:
Consiste no acatamento integral, pela mente, da imagem por ela mesmo formada, como
correspondente a determinado objeto. A certeza é, dessa forma, o estado em que a mente adere á
imagem de um objeto, por ela mesma formada, sem temor de enganar-se.
b) Opinião:
A opinião é o estado em que a mente acata, porém com receio de enganar-se, a imagem, por ela
mesma formada, como correspondente a determinado objeto. A opinião é, portanto, um estado no
qual a mente se define por um objeto, porém com receio de equívoco. Por isso, o valor do estado
de opinião se expressa por meio de indicadores de probabilidades, como, por exemplo: muito
provável; provável; pouco provável etc.
c) Dúvida:
A dúvida é o estado em que a mente encontra, metodicamente, em situação de equilíbrio, razões
para aceitar e negar que a imagem, por ela mesma formada, esteja em conformidade com
determinado objeto.
d) Ignorância:
A ignorância é o estado em que a mente não produziu nenhuma imagem sobre uma situação
específica, sendo impossível ao profissional de Inteligência produzir conhecimento.
Produção de Conhecimento - Pag. 43
É, portanto, de interesse para a Doutrina investigar cada uma destas operações, em face dos
desdobramentos que têm na estruturação dos conceitos referentes aos conhecimentos e, ainda, em
outros pontos básicos da Atividade de Inteligência. Veja a seguir cada uma delas:
a) Idéia:
A idéia é a simples concepção, na mente, da imagem de determinado objeto, sem adjetivá-lo. Por
exemplo, se pedirmos que um grupo de pessoas pense num avião e, em seguida, essas pessoas
verbalizarem os aviões nos quais pensaram, provavelmente, teremos uma multiplicidade de aviões
que poderão ir dos mais simples aos mais complexos. Cada indivíduo expressa-se de forma
diferente, pois a idéia lançada, avião, não foi adjetivada, permitindo que cada indivíduo o adjetive de
forma particular.
b) Juízo:
Juízo é a operação pela qual a mente estabelece uma relação entre idéias. Podemos retomar o
exemplo anterior, e para o mesmo grupo pedir que pensassem numa avião de passageiros, já
oferecemos duas idéias que se complementam, avião e passageiros, sendo esta adjetivo daquela.
Ao verbalizarem os aviões no quais pensaram, certamente, não teremos uma multiplicidade de
aviões, como aquela anteriormente notada, os exemplos serão necessariamente de aviões de
passageiros, não entrarão aqui aviões de carga, de guerra etc. Fica claro, então, que a associação
de duas idéias (avião e passageiro) redundou num juízo, exemplificado, ainda que com algumas
variações, pelo nosso grupo de indivíduos.
c) Raciocínio:
O raciocínio é a operação pela qual a mente, a partir de dois ou mais juízos conhecidos, alcança
outro que deles decorre logicamente. Ainda recorrendo ao nosso grupo de indivíduos, ofereçamos
para reflexão os seguintes conceitos: avião de passageiros e Torres Gêmeas. O grupo de
indivíduos, em sua maioria esmagadora, irá rememorar e verbalizar os atentados terroristas
realizados contra os EUA, em 11 de setembro de 2001. Ou seja, juízos diferentes, avião de
passageiros e Torres Gêmeas, foram suficientes para que os indivíduos elaborassem raciocínios,
com maior ou menor grau de complexidade, acerca do Terrorismo.
Importante!
Na Atividade de Inteligência o contrário da verdade não é a mentira, mas o erro, que é uma ilusão
da verdade perseguida pelo profissional de Inteligência.
Produção de Conhecimento - Pag. 44
2. TIPOS DE CONHECIMENTO
Considerando esses três fatores é possível classificar o conhecimento nos seguintes tipos: informe,
informação, apreciação e estimativa. Vejamos:
O profissional, no ato da elaboração do Informe, não ultrapassa os limites do juízo, por não ter
configurada uma base mínima sobre a qual possa desenvolver raciocínio.
O Informe admite gradação no que diz respeito ao estado em que se situa a mente com relação à
verdade. Assim, o Informe pode expressar certeza, opinião ou dúvida, como estabelecido na
Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública.
A Informação não admite gradação no que diz respeito ao estado em que se posiciona a mente
com relação a verdade. Dessa forma, a Informação expressa unicamente o estado de certeza.
Importante!
A diferença entre Apreciação e Informação reside no estado em que se posiciona a mente do
profissional de Inteligência no ato de produzi-las: na Apreciação, o estado é o de opinião, ao passo
que, na Informação, conforme visto anteriormente, o estado é o de certeza.
Apesar de a Apreciação ter essencialmente com objetos fatos e situações passados e/ou presente,
este conhecimento pode admitir a realização de projeções. Porém, diferentemente do conhecimento
Estimativa, que será abordado a seguir, as projeções na Apreciação resultam tão-somente da
percepção, pelo Profissional de Inteligência, de desdobramentos dos fatos e situações objeto da
análise, e não da realização de estudos especiais, necessariamente auxiliados por métodos e
técnicas prospectivas próprias.
A Estimativa trata, essencialmente, do futuro. Uma vez que só há sentido em cogitar do futuro em
termos de probabilidade, o estado da mente do profissional de Inteligência, na produção de
Estimativa, tem de ser, necessariamente, o de opinião.
Produção de Conhecimento - Pag. 46
Para ilustrar o assunto, segue o quadro com as características dos documentos de Inteligência:
3. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Naturalmente, o CPC adota preceitos específicos para conhecimentos diferentes, por exemplo, a
metodologia que permite a produção conhecimento tipo Informe difere da produção do
conhecimento Estimativa, só para citar um exemplo.
Produção de Conhecimento - Pag. 47
Importante!
As fases ora apresentadas não representam limites fixos, ou seja, perpassam-se o tempo todo,
quando da construção do conhecimento na psique do profissional de Inteligência.
A visão clara do assunto a ser tratado, a partir de determinado enfoque, completa-se com sua
colocação em termos de problema. Formular um problema consiste em apontar a dificuldade com a
Produção de Conhecimento - Pag. 48
qual nos defrontamos e que pretendemos resolver; ou seja, buscar lacunas no conhecimento
referente ao assunto. Faz-se sobre o assunto perguntas significativas e, após compará-las, o
profissional de Inteligência seleciona qual a pergunta mais relevante a ser respondida. Aí estará o
problema a ser desvendado.
No planejamento, a determinação do assunto é, muitas vezes, provisória, uma vez que, ao término
do trabalho, poderá ser necessário redefini-lo de acordo com a representação final do fato ou da
situação enfocada.
gradualmente, vem sendo obtido. Para isso, como medida de salvaguardar o documento desde sua
elaboração inicial o analista deverá atribuir o grau preliminar de sigilo: reservado, confidencial,
secreto e ultrassecreto.
Inicia-se por um exame preliminar do relacionamento entre o obtido e o desejado, esgota-se pela
determinação de todas as frações significativas, isto é, das parcelas de dados e/ou conhecimentos
que interessam aos aspectos essenciais determinados na fase do Planejamento.
Na fase da credibilidade o Ciclo de Produção do conhecimento o profissional de Inteligência
submete os dados e os conhecimentos a um crivo, objetivando verificar se fonte e conteúdo se
coadunam com o assunto do conhecimento em elaboração.
Para fins práticos de avaliação, têm-se como fontes as pessoas, as organizações ou os
documentos dos quais se obtém um dado:
• Pessoas como fonte: são as autoras do dado, por terem percebido, memorizado e
descrito um fato ou uma situação;
• Organizações como fonte: são aquelas que detêm a responsabilidade pelo dado, por tê-lo
veiculado, tendo em vista a impossibilidade de se identificar o autor (pessoa) do mesmo e
• Documento como fonte: são aqueles que expressam o dado, mas não contêm indicações
que permitam a identificação do autor ou de uma organização responsável pelo mesmo.
Na avaliação da credibilidade, uma das preocupações do profissional de inteligência deve ser a
definição do ponto de interesse do dado. Isto significa determinar qual o ponto do conteúdo de um
dado recebido que interessa efetivamente ao Órgão de Inteligência, para desempenho da sua
atividade em determinado caso.
Para uma avaliação adequada o profissional de inteligência vale-se do que a doutrina classifica
como Técnica de Avaliação de Dados (TAD), que você estudará a seguir.
a) Julgamento da Fonte:
O julgamento da fonte é realizado com a finalidade de se estabelecer o grau de idoneidade dessa
fonte. No julgamento, a fonte é considerada sob três aspectos: autenticidade, confiança e
competência.
Autenticidade
Procura-se primeiro verificar se o dado provém realmente da fonte presumida. Este trabalho é
desenvolvido através do estudo das particularidades e dos eventuais indicativos que permitam
caracterizar a fonte. A seguir, verifica-se se foi nela que o dado foi gerado. Cuidados especiais são
observados para distinguir fonte de canal de transmissão (fonte primária de fonte secundária), já
que, muitas vezes, surge, entre a fonte e o avaliador, a figura do intermediário do dado. Esse
intermediário é considerado como canal de transmissão e não deve ser confundido com a fonte do
dado, embora tenha que ser submetido aos mesmos critérios de avaliação da fonte primária.
Produção de Conhecimento - Pag. 52
Confiança
Nesse aspecto, são considerados, dentre outros, os seguintes indicadores que a ela se relacionam:
- Antecedentes (criminais, político, de lealdade, de honestidade etc.);
- Padrão de vida compatível ou não com o seu poder aquisitivo;
- Contribuição já prestada ao Órgão de Inteligência (precisão de dados, etc.), e;
- Motivação (pagamento, patriotismo, ideologia, interesse pessoal, vingança etc.).
Competência:
b) Julgamento do conteúdo
O julgamento do conteúdo considera o dado sob os aspectos de: coerência, compatibilidade e
semelhança.
• Coerência - consiste em determinar se o dado em julgamento não apresenta contradições
em seu encadeamento lógico.
• Compatibilidade - é aferida estabelecendo-se o relacionamento do dado com o que se
sabe sobre o fato ou a situação, que é objeto do mesmo; procura-se, deste modo,
examinar o grau de harmonia com que o dado se relaciona com outros dados conhecidos
anteriormente.
• Semelhança - consiste em verificar se há outro dado, oriundo de fonte diferente, cujo
conteúdo esteja conforme como dado em julgamento.
A credibilidade das frações que compõem o conhecimento, também pode ser expressa pela
utilização das tabelas a seguir apresentadas, cuja conjugação alfanumérica indicará o julgamento
da fonte e conteúdo, feito pelo profissional de Inteligência. A DNISP estabelece que este uso é
opcional.
A correlação destas tabelas pode produzir, por exemplo, um conhecimento com avaliação A1 (fonte
inteiramente idônea e conteúdo confirmado), entretanto, também pode produzir um conhecimento
com avaliação E5 (fonte inidônea e conteúdo improvável), sendo recomendável, neste caso, que o
profissional de inteligência refaça o Ciclo de Produção do Conhecimento para verificar se é possível
acessar outras fontes e conteúdos, antes de difundir um conhecimento com esse tipo de avaliação,
que, certamente, contribuirá muito pouco para o processo de tomada de decisão.
Importante!
Você, profissional de inteligência, deve ter em mente que os tomadores de decisão, em regra, não
são profissionais da área, ou seja, para estes dificilmente códigos avaliativos como: A1; F6; B2 e
outros serão inteligíveis. Para estes, um texto que use de forma clara, concisa e precisa recursos
lingüísticos, que indiquem o estado da mente serão muito mais efetivos.
3.1.3.2 Análise
É o momento do Ciclo da Produção do Conhecimento (CPC) no qual o analista decompõe os dados
e/ou conhecimentos reunidos, verificando o nível de importância destes, quando confrontados com
os aspectos essenciais. É fundamental que, neste momento do CPC, que os dados reunidos já
tenham sido submetidos à Técnica de Avaliação de Dados.
3.1.3.3 Integração
O procedimento em questão resume-se em montar um conjunto coerente e ordenado com base nas
frações significativas já devidamente trabalhadas.
Para a montagem de um conjunto coerente e ordenado, é importante a observância do rol de
aspectos essenciais determinado no planejamento e, eventualmente, reajustado na etapa anterior.
Uma vez que, no planejamento, os aspectos essenciais foram distinguidos, em seu conjunto, como
um arcabouço do conhecimento em produção, suficientes para atender à necessidade do usuário
especificada quando do planejamento, constituem eles uma orientação a ser observada na
integração.
No caso de produção do conhecimento Informe, a fase que se segue, interpretação, é suprimida,
passando-se, diretamente, para a fase da difusão.
3.1.3.4 Interpretação
A interpretação é o momento de produção do conhecimento em que o profissional de Inteligência
esclarece o significado final do assunto tratado.
Os procedimentos desenvolvidos na fase da interpretação constituem essencialmente operações de
raciocínio. Estes procedimentos tendem a crescer em complexidade, na medida em que se evolui
na execução desta fase. A evolução conduz a dois tipos de situação: interpretação de fato ou
situação passados e/ou presentes; e interpretação voltada para o futuro.
Produção de Conhecimento - Pag. 55
Importante!
Vale relembrar que a metodologia de produção do conhecimento não é composta por fases e
procedimentos rigorosamente ordenados e com limites precisos. Esta assertiva é particularmente
válida para a fase da interpretação, em que os procedimentos desenvolvidos se interpenetram de
tal forma que qualquer tentativa de ordenação e delimitação se torna difícil. Torna-se, entretanto,
fundamental que você profissional de inteligência seja capaz de identificar esses fatores de
influência e o significado final.
Procedimentos de interpretação:
A seguir apresentaremos os fatores de influência que subsidiam a atividade do profissional de
Inteligência na fase de Interpretação, cujo resultado é o significado final, apresentado em seguida:
Delineamento da trajetória
Este procedimento nada mais é do que o encadeamento sistemático, com base na integração e no
estudo dos fatores de influência, de aspectos relacionados com o assunto, objeto do trabalho em
execução. Integra, pois, todos os elementos fundamentais, dentro de uma cadeia de causa e efeito,
definindo, desta forma, o delineamento da trajetória do assunto. Os limites a serem considerados
para o estabelecimento da trajetória são os constantes da faixa de tempo indicada no planejamento,
que abrange um determinado ponto no passado até o presente, ou um ponto a ser determinado no
futuro, no caso do conhecimento estimativa.
Em certas circunstâncias, o procedimento em causa pressupõe a observância, pelo profissional de
Inteligência, de técnicas acessórias para a identificação, especificação e interpretação de
continuidades, descontinuidades e de correlações entre os fenômenos que formam uma cadeia de
causalidade. O emprego dessas técnicas varia, naturalmente, com a complexidade do assunto.
Em outras circunstâncias, pode ser apenas parte do significado da situação em estudo. Nestes
casos, é impositivo interpretar, também, outros aspectos da situação, de modo que se torne
possível compreendê-la.
Finalmente, o delineamento da trajetória se presta, ainda, para subsidiar a execução de novos
procedimentos. Isto ocorre quando o conhecimentos que está sendo produzido tem por objetivo
traduzir a provável evolução de um fato ou de uma situação até determinado ponto no futuro.
Significado Final
Nesse momento, os resultados dos procedimentos anteriormente executados são revistos.
Admitidos em conjunto, podem eventualmente, assumir novas configurações.
A rigor, quando o profissional de Inteligência chega a este ponto da fase da interpretação, já tem
em sua mente, pelo menos, um esboço da solução do problema em estudo. Para tanto,
contribuíram:
• O seu gradativo acesso aos elementos do problema em estudo e
• As naturais operações de associação dos elementos, que sua Inteligência,
espontaneamente, realizou, quando da execução dos procedimentos anteriores.
• “Assim, o significado final será muito mais um procedimento de aperfeiçoamento do
esboço, do que um procedimento de descoberta integral do significado do problema em
questão.” (DNISP, 2005).
Importante!
Qualquer que seja a opção adotada, é indispensável que a formalização contenha todos os
elementos necessários ao entendimento e à utilização do conhecimento pelo usuário.
Importante!
O Ciclo de Produção do Conhecimento (CPC) não é uma seqüência de fases perfeitamente
delimitadas. Pelo contrário, suas fases comunicam-se o tempo todo. A apresentação aqui proposta
tem um caráter pedagógico, a fim de despertar em você, profissional de Inteligência, os aspectos
que devem ser considerados na produção do conhecimento.
4. DOCUMENTOS DE INTELIGÊNCIA
A fim de assegurar o fluxo dos conhecimentos de Inteligência e de atender às peculiaridades do
exercício da Atividade de Inteligência, são utilizados diversos tipos de documentos.
Nessa aula você estudará os tipos de estrutura e das técnicas de redação de alguns desses
documentos. A abordagem tem apenas caráter de sugestão, uma vez que você, profissional de
inteligência, adotará os padrões estabelecidos por seu Órgão de Inteligência, visando atender a
demanda do tomador de decisão que é usuário do Órgão.
Pedido de Busca
É documento utilizado entre órgãos de inteligência para solicitar conhecimentos. Ressalte-se que,
apesar do nome, esse documento não implica, necessariamente, a execução de procedimentos de
busca por parte do órgão destinatário.
Mensagem
É um documento de difusão externa para veiculação de assuntos de interesse do Órgão de
Inteligência.
Sumário
É um documento de difusão externa, que rotineiramente difunde, de forma sintética, fatos e/ou
situações que sejam de interesse da Segurança Pública, permitindo que o processo de tomada de
decisão ocorra em tempo oportuno.
Neste caso, normalmente, é feito um Estudo de Situação de Inteligência simplificado, com base
para a elaboração desse tipo de plano.
a) Classificação sigilosa
É a marcação do documento com o grau de sigilo que lhe for atribuído de acordo com o previsto
pela legislação pertinente e, eventualmente, pelas normas internas do órgão de inteligência que o
está elaborando. É colocado, em cada página, centralizado, acima do cabeçalho e no rodapé.
Deve-se utilizar tamanho e tipo de letra diferente da empregada no texto, em caixa alta, numa cor
também diferente, que, usualmente, é a vermelha.
d) Especificação e data
A data a ser especificada é, idealmente, a do término da redação do documento, tendo em vista
possibilitar uma noção mais exata acerca da atualidade do conteúdo veiculado.
e) Determinação do Assunto
O assunto consiste em uma expressão que sintetize o conteúdo do texto, a essência do documento.
No caso do Relatório de Inteligência, o analista deve lembra-se que o foco central de qualquer
conhecimento de Inteligência não são os personagens envolvidos (pessoas, organizações,
entidades, etc.), mas sim, fatos ou situações que, por sua natureza, sejam de interesse para que o
órgão cumpra sua missão. O assunto do Relatório de Inteligência deve, portanto refletir a questão
abordada no corpo do documento e não o sujeito, por mais que relevante que seja sua atuação no
contexto tratado.
Ressalta-se que a correta determinação do assunto facilita a recuperação do documento em
arquivo, além de contribuir para que o tomador de decisão reconheça a importância do
conhecimento já na leitura do assunto.
f) Indicação da referência
Como referência citam-se documentos ou mesmo eventos que, de algum modo, se relacionem com
o assunto objeto do documento.
É impositivo que os documentos ou eventos referenciados já sejam conhecidos pelo destinatário do
documento.
g) Identificação da origem
É a indicação do Órgão de Inteligência que detém a autoria do texto do documento que está sendo
elaborado.
Quando o Órgão de Inteligência atua como intermediário, divulgando um texto que é de autoria de
outro Órgão, o item será preenchido com a identificação deste último.
i) Indicação da difusão
No item Difusão, indicam-se órgão(s) e/ou autoridade(s) aos quais o documento se destina.
Produção de Conhecimento - Pag. 60
l) Texto
Os textos de Inteligência apresentam variações em função do tipo do conhecimento difundido e,
mesmo da estilística do autor. Não obstante, algumas considerações podem ser feitas, visando a
uniformização dos textos de Inteligência:
• Ser conciso e, ao mesmo tempo, amplo, de modo a não deixar lacunas no texto;
• Ser simples. Formar frases curtas, sempre que possível, e na ordem direta;
• Ser claro e usar palavras de significado preciso;
• Se for inevitável o uso de expressões técnicas (jurídicas etc.), colocar entre parênteses, o
seu significado;
• Ser objetivo, tanto no sentido de ater-se aos fatos que realmente interessam ao propósito
do documento, quanto no de apresentá-lo de modo positivo, sem interferência de
subjetividades;
• Adotar o padrão culto de linguagem, evitando incorreções gramaticais e vocabulário
inadequado;
• Ordenar as idéias em uma seqüência lógica;
• Ao fazer uso de sigla ou de abreviatura pela primeira vez, colocá-la entre parênteses,
precedida de seu significado por extenso;
• Ao transcrever citações, fazê-lo entre aspas e identificar a fonte; desde que este tipo
procedimento não signifique quebra de sigilo;
• Evitar palavras que indiquem sugestão e
• Rever sempre o que foi escrito antes de dar por terminada a redação.
Antes de ser abordar o texto do Pedido de Busca, cabem algumas considerações acerca dos
procedimentos para a retransmissão de conhecimento.
Retransmitir consiste em um Órgão de Inteligência transmitir a um outro um conhecimento originado
em um terceiro Órgão de Inteligência. O Órgão que for retransmitir um conhecimento deverá
observar o seguinte:
• Conservar o grau de sigilo atribuído pelo órgão de origem.
• Identificar colocando o nome do Órgão de Inteligência que está fazendo a retransmissão.
• Numerar o documento de acordo com a seqüência adotada.
• Registrar a data da retransmissão.
• Repetir o assunto citado pelo órgão de origem.
• Indicar, como referência, documentos ou mesmo eventos que, de algum modo, se
relacionem com o assunto tratado e que sejam de conhecimento recíproco do órgão que
está fazendo a retransmissão e do destinatário.
• Indicar, como origem, o Órgão autor do conhecimento que está sendo retransmitido.
• Repetir a difusão anterior especificada pelo órgão de origem. No caso de ter sido feita
difusão múltipla pelo órgão de origem, deverão ser indicados, ainda no item difusão
anterior, os órgãos e/ou autoridades que figuram na difusão múltipla, excetuando-se,
naturalmente, o órgão que está fazendo a retransmissão.
• Indicar, no item difusão, os Órgãos e/ou autoridades destinatários do conhecimento que
está sendo retransmitido.
• Manter como anexos o que foi colocado pelo órgão de origem.
• Precedendo o texto propriamente dito, indicar a data em que o conhecimento foi
produzido pelo órgão de origem; indicar, ainda, o número do documento recebido e que
contém o conhecimento que está sendo retransmitido.
• Repetir, a seguir, na íntegra e entre aspas, o texto que figura no documento recebido e
que traduz o conhecimento que está sendo retransmitido.
As regras antes alinhadas visam, principalmente, garantir que o conhecimento a ser retransmitido
não sofra deformações em seus aspectos fundamentais, de modo que possa ser utilizado, por
quem vai recebê-lo, com o máximo de aproveitamento e segurança.
Produção de Conhecimento - Pag. 62
assunto tratado e a proteger possíveis fontes. Este tópico será denominado INSTRUÇÕES
ESPECIAIS.
Embora válida, este tipo de apresentação do conhecimento num documento de mesmo nome gera
alguns entraves, o principal deles é que, raramente, um conhecimento veiculado é de apenas um
tipo, na prática, no texto do documento de Inteligência podem surgir frações que sejam, por
exemplo, informe e apreciação.
Importante!
A DOUTRINA NACIONAL DE INTELIGÊNCIA não extinguiu os conhecimentos Informe,
Informação, Apreciação e Estimativa. Adotou como meio de difusão destes conhecimentos, o
documento RELINT.
Para ilustrar o que foi ensinado, no anexo I e II você pode visualizar os modelos os documentos de
Inteligência RELINT e Pedido de Busca, em razão de que estes são os documentos mais comuns
em uma Agência de Inteligência.
FINALIZANDO...
Nesse módulo, você estudou que:
- Conhecimento é a representação de um fato ou de uma situação, reais ou hipotéticas, de
interesse para a ISP, processada pelo profissional de Inteligência.
- Dado é a matéria-prima indispensável para a difusão do produto conhecimento.
- O conhecimento pode ser classificado nos seguintes tipos: informe, informação,
apreciação e estimativa.
- Produção do Conhecimento é o conjunto de procedimentos adotados pelo profissional de
Inteligência, do qual resulta determinado conhecimento. A metodologia de produção do
conhecimento compreende as seguintes fases: planejamento; reunião de dados e/ou
conhecimentos; processamento; e difusão.
- Como tipos de documentos de Inteligência temos: relatório de inteligência; pedido de
busca; Mensagem; e sumário.
Produção de Conhecimento - Pag. 65
ANEXO I
Modelo de RELINT
Produção de Conhecimento - Pag. 66
ANEXO II
(Modelo de PB)
Produção de Conhecimento - Pag. 67
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Exercício em Grupo
Você, Chefe do Núcleo de Inteligência Policial (NIPOL), recebe um Disque-denúncia (DD) com a seguinte delação:
- “O policial Caveirinha, do 50º Batalhão, seria responsável pela milícia no bairro do Cantinho. Foi quem matou o PM Tenorius,
em 2010, porque queria tomar a milícia nos condomínios da Zona Oeste”.
A partir de então, você decide produzir um conhecimento acerca do delatado, para difusão à Secretaria de
Segurança, entretanto, para produzir este conhecimento necessitará acessar outras fontes e dados, cujos resultados
estão a seguir listados:
• Ao pesquisar no banco de dados da Agência de Inteligência (AI), você identifica Caveirinha, como 3º SGT PM RG
99.099 MÁXIMUS DE OLIVEIRA, residente à Avenida do Faz quem Quer, nº 199, bairro Cantinho;
• Na fase do planejamento você difunde um Pedido de Busca nº 90/2011 à Polícia (PF) Federal, visando levantar
dados/conhecimentos acerca da morte do PM TENORIUS, já identificado em seu banco de dados, como SD PM
RG 100.232 TENORIUS MAXIMUS CAVALCANTIS.
• A PF respondeu, através do RELINT nº 289/2011, “que o PM TENORIUS pertencia a uma milícia que controlava
diversos condomínios populares na Zona Oeste da cidade, conhecida como GALÁTICOS. A principal fonte de
renda desse grupo criminoso era a venda ilegal de sinal de TV (“gato net”) e a venda de botijões de gás com ágio.
O homicídio do PM TENORIUS teria sido resultado de uma guerra com a milícia INVICTUS, pelo controle dos
condomínios na Zona Oeste, uma vez que TENORIUS recusou-se a associar-se ao PM CAVEIRINHA, ainda não
identificado por este Órgão de Inteligência. Após a morte do PM TENORIUS, foi desencadeada a Operação DEDO
DE DEUS que desarticulou milícia GALÁTICOS, sendo preso, inclusive, o delegado PETRUS SILVA, que apoiava
as ações desta milícia e “perseguia” o grupo de milicianos INVICTUS, cuja investigação ainda não apontou seus
integrantes.”
• Ao pesquisar a ficha judiciária do 3º SGT PM RG 99.099 MÁXIMUS DE OLIVEIRA você coletou registros de que o
mesmo já teve expedido em seu desfavor um mandado de prisão temporária, acusado de homicídio no bairro do
Cantinho. Na esfera administrativa, esta acusação motivou a instauração de um Procedimento Administrativo, que
pode redundar na exclusão do mesmo.
• Diante destes dados você decide realizar uma vigilância sobre PM MÁXIMUS e, para isso aciona o Elemento de
Busca através da Ordem de Busca nº 003/2011.
• Relatório de Missão nº 005/2001 do Elemento de Operações consigna que o 3º SGT PM RG 99.099 MÁXIMUS DE
OLIVEIRA reside num imóvel de 3 (três) andares, com fino acabamento, Avenida do Faz quem Quer, nº 199, bairro
Cantinho. Possui estacionado em sua garagem os veículos a saber: HYUDAI/AZERA, placa ABC 0001,
GM/CAPTIVA, placa AAB 9999; e TOYOTA/COROLA, placa AAA 0202, os dois primeiros pertencentes ao PM e o
último a sua esposa, ora identificada como CREMILDA SILVA DE OLIVEIRA. Entrevistas realizadas na comunidade
registram que CREMILDA nasceu e foi criada naquela comunidade, não exercendo nenhuma atividade profissional,
dedicando-se a cuidar dos 3 (três) filhos do casal. Que os moradores tem muito medo de se referir ao PM, que teria
acabado com o tráfico de drogas na região. Por fim, registra que a opulência da residência do PM destoa
completamente do bairro, cuja infraestrutura está longe do ideal.
• Ao acessar comprovante de Imposto de Renda do 3º SGT PM MÁXIMUS, entregue por este na Corporação, por
exigência de Decreto Estadual, você confirma que o alvo não declarou outra fonte de renda, além da que recebe no
Estado, cujo montante, em 2010, foi de R$ 36.918,32.
Diante dos dados e conhecimentos ora disponibilizados, produza um Relatório de Inteligência, com difusão ao Setor
de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (SI/SESP).
Produção de Conhecimento - Pag. 68
APRESENTAÇÃO
Nessa disciplina você estudará sobre proteção do conhecimento, a fim de ampliar seus
conhecimentos e identificar os conceitos relativos à Contra-Inteligência.
OBJETIVOS
PROTEÇÃO DE CONHECIMENTOS
No Brasil, o diploma legal que dispõe sobre a salvaguarda de dados, informações, documentos e
materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito da
Administração Pública Federal é o decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002.
Ele disciplina a salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos, bem como
das áreas e instalações onde tramitam.
Proteção de Conhecimento – Pag. 72
Comete crime quem divulga informações sigilosas perante o nosso código penal?
A divulgação não autorizada de informações sigilosas constitui
crime sim! A Lei nº 9.983, que altera do Código Penal, prescreve
em seu art. 313-A que: “Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano. "Pena reclusão de 2 (dois)
a 12 (doze) anos, e multa”.
Proteção de Conhecimento – Pag. 75
O que é contrainteligência?
De acordo Roy Godson Consiste na identificação e neutralização das ameaças representadas pelos
serviços de Inteligência estrangeiros ou outros, e na manipulação desses serviços, em benefício do
manipulador.
No Encontro de Trabalho de Contra-Inteligência - RJ – 1996, foi conceituada como sendo uma
atividade voltada para a prevenção, identificação e neutralização de ações que representam
ameaças reais ou potenciais aos segredos, instituições e valores do Estado e da Sociedade.
Já a lei nº 9883, de 07 dez 99 a contrainteligência é a atividade que objetiva neutralizar a
Inteligência adversa;
Na concepção da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) é o ramo da
Atividade de ISP que se destina a produzir conhecimentos para proteger a atividade de Inteligência
e a Instituição a que pertence, de modo a salvaguardar dados e conhecimentos sigilosos e
identificar e neutralizar ações adversas de qualquer natureza. A CI assessora também em assuntos
internos de desvio de conduta, relacionados à área de Segurança Pública.
Dessa forma, em linhas globais a contrainteligência deve salvaguardar conhecimentos e dados
oriundos da estrutura de Inteligência ou por ela manuseados ou custodiados e, fundamentalmente
identificar e neutralizar ações adversas realizadas por organismos ou por grupo de pessoas,
vinculadas ou não a governos.
Segmentos da contrainteligência:
Proteção de Conhecimento – Pag. 76
Segurança no desligamento
A segurança no desligamento visa, previamente, a levantar indícios de vulnerabilidade de
segurança e posteriormente, a verificar se o ex-servidor mantém um comportamento adequado.
Não comentar com pessoas estranhas ao serviço, seus métodos de trabalho, os projetos em
desenvolvimento, as perspectivas da organização, seu potencial humano, material e tecnológico.
Proteção de Conhecimento – Pag. 78
Evitar assuntos de serviço ou com eles relacionados, no seio da família, com amigos ou com outras
pessoas.
Encarar como rotina o ato de cobrir a documentação ou escurecer a tela do micro, sempre que se
aproximar qualquer pessoa que não tenha necessidade de conhecer.
Salvo quando autorizado, não portar qualquer documento sensível, nem guardá-lo em sua
residência, ou outro local fora do ambiente de trabalho.
Resistir à vaidade e ao desejo de parecer bem informado.
A conduta social deve ser regrada procurando sempre abster-se dos excessos que possam vir
a constituir-se em vulnerabilidade.
Adotar procedimento de segurança padrão: evasivas, percursos diferentes entre outros.
Modelo do Termo de Confidencialidade
• Na produção
• Na difusão e recepção
Segurança: • No manuseio
• No arquivamento
• Na destruição
Segurança na produção
As medidas de segurança na produção têm como fim atribuir um grau de sigilo, controlar recursos
utilizados na produção de documentos sigilosos e marcar estes documentos com sinais de
segurança.
Segurança no manuseio.
É o estabelecimento de procedimentos para reprodução, custódia e revisão de classificação sigilosa
dos documentos, no sentido de implementar controles de segurança durante sua utilização.
Segurança no arquivamento.
Consiste na definição de locais e de processos adequados ao arquivamento e à recuperação de
documentos sigilosos e no estabelecimento de rotinas para situações de emergência.
Segurança na destruição.
Definir meios e locais de destruição, determinar formas de controle e manter um rígido controle de
destruição.
Um caso que mercê ser destacado foi divulgado na Gazeta Mercantil no dia 9 de outubro de 2000 e
que explicitou uma vulnerabilidade: “Companhias aéreas fazem pesquisas, vasculham o lixo dos
aviões e espionam concorrentes para definir o tratamento aos passageiros”
Segurança da transmissão.
Conjunto de medidas voltado para proteger fisicamente os meios de comunicações e a dificultar a
interceptação e a conseqüente análise do fluxo de mensagens.
Proteção de Conhecimento – Pag. 83
Segurança do conteúdo.
Visa dificultar o entendimento, por elementos adversos, do texto transmitido. Programa-se por:
a) Esteganotecnia; e
b) Criptotecnia.
Segurança da informática.
É o conjunto de normas, medidas e procedimentos destinados a preservar os sistemas de
Tecnologia da Informação, de modo a garantir a continuidade do seu funcionamento, a integridade
dos conhecimentos e o controle do acesso.
Medidas de segurança.
Os responsáveis pela execução dos trabalhos operacionais defrontam-se com o problema da
segurança versus eficiência.
A montagem das alternativas de execução deve atender aos princípios e às normas relativas à
segurança, visando assegurar a salvaguarda das Operações de inteligência.
Outro caso que merece ser trazido como exemplo é o fato de um homem ter conseguido invadir, no
dia 9 de março de 2006 a Casa Branca, saltando o muro da residência oficial do presidente
Proteção de Conhecimento – Pag. 85
americano George. Ele teria ainda jogado, nos jardins da casa, um pacote suspeito, que será
analisado pelas forças de segurança. O Homem foi detido por seis agentes federais do serviço
secreto e da Polícia da Casa Branca (www.acessepiaui.com.br. 10/04/2006 09h03).
Demarcação das áreas;
Implantação de barreiras;
Controle de acesso;
Medidas
Detecção de intrusão e monitoração e alarme; e
Elaboração de planos de prevenção e combate a incêndios e de defesa da
Instalação.
Áreas restritas.
São aquelas consideradas vitais para o funcionamento da organização como elevadores, casa de
máquinas, entrada de energia, caixas d’água, central telefônica.
Ele será resultado de um processo harmônico e integrado, depois de percorridas as fases de:
estudo de situação; decisão; elaboração do plano; implantação do plano e supervisão das ações
planejadas. (Estudo de Situação). Importante se ter a mente que esse plano deve ser adequado às
peculiaridades de cada organização.
Estudo de situação.
1. Estudo de situação
• Fatores que condicionam a segurança;
• Legislação que regula as atribuições;
• Diretrizes emanadas de órgãos, superiores e do próprio chefe;
• Riscos de segurança;
• Recursos.
2. Elaboração de alternativas: nesta fase são definidos os objetivos a alcançar e elaborados
alternativas para sua consecução. Os objetivos a serem atingidos serão colocados numa
escala de prioridade. Cada objetivo a ser atingido corresponderá a linhas de ação, que
conterão:
• Que fazer?;
• Quando fazer?;
• Onde fazer?;
• Como fazer?;
• Com quem fazer?
b. MISSÃO: fase onde são definidos os objetivos a serem alcançados pela execução do
plano.
c. EXECUÇÃO: nesta fase ficam explícitas as atribuições e as responsabilidades de cada
segmento da organização quanto à execução do plano. Estabelece também para cada
segmento da Segurança Orgânica os principais procedimentos a serem observados e
cumpridos. O detalhamento desses procedimentos pode constar em Instruções Normativas.
d. MEDIDAS ADMINISTRATIVAS - Fase onde são avaliados os recursos de toda ordem
necessários à execução do plano.
e. PRESCRIÇÕES DIVERSAS - Nesta fase ficam especificadas outras orientações ligadas à
execução do plano, como por exemplo: responsabilidades; supervisão; ligações; prazos;
medidas especiais de segurança, etc.
Decálogo da segurança
1. Não deposite na cesta de papéis: rascunhos, cópias e carbono sigilosos. Para os documentos
inservíveis. Utilize a máquina trituradora de papel e depois incinere a sobra. O lixo deverá ser
recolhido e incinerado diariamente, sob supervisão.
2. Retirem de sua mesa de trabalho, antes de deixar a sala, documentos que não devam ficar
expostos, guardando-os em local apropriado. Ao término do expediente, verifique se os arquivos,
gavetas e portas de armários ficaram fechadas e trancadas.
3. Assunto Sigiloso não é conversa para telefone. Não há segurança neste tipo de comunicação.
4. Sua condição de integrante do Sistema ou suas atribuições, sejam quais forem, não deverão ser
objeto de conversas em reuniões sociais, bares, restaurantes, coletivos etc.
5. Tenha sempre em mente que, em reuniões sociais, você não sabe quem esta escutando.
6. No serviço, evite procurar inteirar-se de assuntos que não sejam de suas atribuições ou não
estejam sob sua responsabilidade.
7. Informações sobre documentos (teor e andamento) somente deverão ser fornecidas a quem
estiver devidamente credenciado.
8. Lembre-se sempre de que o conhecimento de assuntos sigilosos depende da função
desempenhada e não do seu grau hierárquico ou posição.
9. Qualquer indício de risco na segurança do pessoal, da documentação, das instalações, das
comunicações e da informática deve ser imediatamente comunicado ao Oficial de Inteligência.
10. Confie e colabore com a Guarda do Quartel e elementos de serviço. Eles o estão ajudando a
cumprir estas normas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
(Consulte o ambiente virtual)
Operações de Inteligência
........................................
Instrutores: Andre Ferreira Leite de Oliveira (PE) e,
Lucélia Oliveira Almeida (BA)
Operações de Inteligência - Pag. 91
APRESENTAÇÃO
Nesse módulo você estudará sobre os conceitos e as técnicas empregadas nas operações de inteligência
que são comumente utilizadas para a busca de um dado negado.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
São todos os procedimentos e medidas realizadas por uma AI para dispor dos dados necessários e
suficientes para a produção do conhecimento, centrados, de um modo geral, em dois tipos de ações de
Inteligência:
São procedimentos realizados por uma AI, ostensiva ou sigilosamente, a fim de obter conhecimento e/ou
dado disponível, ou seja, aquele de livre acesso a quem procura obtê-lo.
As ações de Coleta podem ser classificadas como primária e secundária. Veja o que as diferenciam!
Ações de Busca são procedimentos realizados por uma AI, através de ações especializadas, para obtenção
de dados não disponíveis, considerados como tal, aqueles aos quais seu (s) detentor (es), executam
medidas especiais de segurança para impedir o acesso a pessoas que não autorizadas pelo setor de
operações de uma AI envolvendo ambos os ramos da ISP, a fim de reunir dados protegidos ou negados, em
um universo antagônico.
É o conjunto de ações de busca visando à obtenção de dados referentes a um assunto, objeto do interesse
da Atividade de Inteligência. A Operação de Inteligência difere da Ação de Busca pela complexidade,
amplitude de objetivos e, normalmente, por sua maior duração.
As atividades operacionais de inteligência, portanto, são desenvolvidas com a finalidade de obter dados não
disponíveis para subsidiar o processo da produção do conhecimento em seus ramos de atividade.
Concepção
Todas as Ações de Inteligência, sejam de Coleta, sejam de Busca, são capazes de, por si sós, mesmo que
desencadeadas isoladamente, obter os dados necessários para a produção do conhecimento. Podem ser,
também, ações preparatórias ou fazerem parte de uma Operação de Inteligência.
A maior parte dos dados necessários ao exercício da atividade de ISP (Inteligência de segurança Pública)
está disponível em fontes abertas; entretanto, precisam ser confirmados com outras fontes para sua
autenticidade. Os dados protegidos, tidos como “negados”, revestem-se de especial importância,
constituindo-se num fator diferenciador que possibilita a produção de conhecimentos úteis e privilegiados.
a) Operações Exploratórias
Essas ações são utilizadas normalmente para cobrir eventos e levantar dados específicos, em curto prazo.
Prestam-se, particularmente, para a cobertura de reuniões em geral, para o reconhecimento e levantamento
Operações de Inteligência - Pag. 93
de áreas, para o levantamento das atividades e contatos das pessoas, para a obtenção de conhecimentos
contidos em documentos guardados, para a avaliação da validade da abertura de outras operações, etc.
Sendo assim, são particularmente aptas para o levantamento das atividades atuais do alvo.
b) Operações Sistemáticas
É a obtenção constante de dados sobre um fato ou situação que deva ser acompanhado.
Essas ações são utilizadas normalmente para acompanhar metodicamente, as atividades de pessoas,
organizações, entidades e localidades. Prestam-se, particularmente, para o acompanhamento das facções
criminosas, a neutralização de suas ações e a identificação de seus integrantes. Visam a atualizar e a
aprofundar conhecimentos sobre suas estruturas, atividades e ligações, através da produção de um fluxo
contínuo de dados.
Assim como em qualquer outro trabalho específico, na atividade Operacional de inteligência, são
empregados expressões e termos que caracterizam a linguagem técnica daquele grupo de profissionais. Em
operações de inteligência podemos identificar alguns termos, a saber:
É uma ação limitada, planejada e executada com o emprego de técnicas e meios sigilosos, com vistas à
obtenção de dados específicos de interesse da Atividade de Inteligência. Não deve ser confundida com uma
Atividade de Investigação Criminal.
2.2 Agente
Profissional especializado em realizar a coleta ou busca de dados, disponíveis ou não, sob o controle do
Órgão de Inteligência. É um funcionário orgânico da AI que possui treinamento especializado.
Pertence a um Órgão de Inteligência; e
Características:
Executa a Busca e Coleta.
2.3 Colaborador
É a pessoa que por diferentes razões e motivações colabora com a Organização de Inteligência, em especial
com o elemento de operações, sem ter sido treinado ou preparado para tal.
Não pertence à Organização de Inteligência;
Coopera criando facilidades ou repassando dados;
Características:
Pode ser remunerado ou não; e
Não é treinado ou preparado pelo OI.
Operações de Inteligência - Pag. 94
2.4 Informante
É uma pessoa recrutada operacionalmente, que trabalha em sua área normal de atuação. Existem dois tipos
de informantes, os que não possuem treinamento e os que possuem, sendo esses últimos identificados
como “Informante Especial (IE)”. É a pessoa não pertencente à atividade de Inteligência – AI, que consciente
ou não, colabora com o profissional de inteligência criando facilidades e/ou fornecendo dados.
Não pertence à Organização de Inteligência;
Presta serviços a Organização de Inteligência;
Características:
Recebe treinamento; e
Normalmente é remunerado, por tarefa ou salário.
2.5 Infiltrado
É o indivíduo envolvido na busca de informações que não pertence à Organização de Inteligência, mas, foi
por ela recrutado e preparado para desenvolver operações de busca, dentro de organizações ou facções que
seja membro ou que nela seja inserido.
Não pertence à Organização de Inteligência;
Foi treinado para atuar sob cobertura
Características:
É remunerado (normalmente bem remunerado);
É empregado para não expor o pessoal da Organização
2.6 Busca
É o conjunto de ações especializadas desenvolvida pela Organização de Inteligência, para obtenção do dado
e/ou conhecimentos protegidos por medidas especiais de segurança, ou seja, aquilo que não é ostensivo.
2.7 Alvo
Alvo é o paciente principal da investigação, levada a efeito numa Ação de Busca ou numa Operação de
Inteligência. Como tais, podem ser assim designados:
- A pessoa que detém o conhecimento desejado ou que possa dar indicações ou condições para a
obtenção do mesmo;
- Locais;
- Objetos;
- Canais de Comunicações
Operações de Inteligência - Pag. 95
3. AÇÕES DE BUSCA
3.1 Conceito
Como visto anteriormente Ações de Busca são ações limitadas, planejadas e executadas com o emprego de
técnicas e meios sigilosos, vistas à obtenção de dados específicos de interesse da Atividade de Inteligência.
a) Reconhecimento: é uma ação de Busca, com vista a obter dados sobre um ambiente operacional
ou identificar visualmente uma pessoa. Normalmente, é uma ação preparatória que subsidiar o
planejamento de uma Operação de Inteligência.
b) Vigilância: é a Ação de Busca realizada para levantar dados sobre um alvo mantendo-os sob
observação. Classifica-se: quanto ao alvo - fixa e móvel -, quanto aos agentes - a pé ou
transportada - e quanto ao grau de sigilo - sigilosa ou ostensiva.
d) Infiltração: é a Ação de introduzir uma pessoa - normalmente, não pertencente à AI, junto ao alvo
da operação, a fim de obter dados de interesse da atividade.
f) Provocação: é a Ação de Busca, com alto nível de especialização, realizada para fazer com que
uma pessoa/alvo modifique seus procedimentos e execute algo desejado pela AI, sem que o alvo
desconfie da ação a que está sendo submetido.
g) Entrevista: é uma Ação de Busca realizada por meio de uma conversação planejada e controlada
pelo entrevistador, consentida ou não pelo alvo, para obter dados pertinentes ao processo de
produção de conhecimento.
h) Entrada: é a Ação de Busca realizada para obter dados em locais de acesso restrito e sem que
seus responsáveis tenham conhecimento da ação realizada. É a técnica que possibilita ao agente
ter acesso a dados protegidos por mecanismos de fechamento, sem deixar vestígios da ação
realizada.
Importante!
Ressalte-se que as Ações de Busca, Infiltração, Entrada e Interceptação de Sinais e de Dados
necessitam de autorização judicial. Tais ações são de natureza sigilosa e envolvem o emprego de técnicas
especiais visando à obtenção de dados.
Com objetivo de auxiliá-lo no aprofundamento das Ações de Busca mais utilizadas, você estudará a seguir
as definições, finalidades e considerações para o seu correto emprego pelos Agentes de Inteligência.
3.2.1 Reconhecimento
a) Contextualização
É a ação de busca realizada para obter dados sobre o ambiente operacional ou identificar visualmente uma
pessoa. Normalmente é uma ação preparatória que subsidia o planejamento de uma operação de
inteligência.
A Técnica Operacional de Reconhecimento (RECON) caracteriza-se por ser aplicada antes da execução de
uma Operação de Inteligência e se destina a coletar subsídios para suprir a necessidade de conhecer o alvo
e o ambiente onde será desencadeada a Operação. Normalmente o RECON é realizado na fase do
Planejamento.
b) Regras de Segurança
Quando da aplicação desta Técnica são consideradas algumas regras de segurança. É importante salientar
que a Operação inicia-se no mesmo local onde foi realizado o Reconhecimento e, portanto, Estórias-
cobertura mal empregadas e um comportamento inadequado podem comprometer os trabalhos
subseqüentes. Algumas dessas regras são básicas:
- Adotar Estórias-cobertura coerentes com o ambiente, que permitam a estada do agente no local o
tempo necessário.
- Quando uma equipe realizar o RECON, chegar ao local, por caminhos diferentes e em horários
alternados;
c) Confecção de croquis
Os croquis se destinam a facilitar a visualização pelo Encarregado de Caso dos locais reconhecidos
(ilustração no anexo A).
a) Contextualização
É uma ação de busca realizada por um agente especializado para convencer uma pessoa a trabalhar,
consciente ou inconscientemente, sem vínculo empregatício, para sua organização.
Para que o agente possa realizar um Recrutamento com o menor risco possível é necessário que sejam
observadas as fases abaixo descritas executando-as na ordem de seqüência que se apresentam:
1. Assinalação
2. Investigação
3. Seleção
4. Aproximação
5. Abordagem
6. Treinamento
7. Utilização
8. Dispensa
Fase I – Assinalação: é o processo pelo qual identificamos um indivíduo qualquer com potencial para ser
recrutado dentro do objetivo da operação. O direcionamento do processo é realizado em função do acesso
que o provável alvo possui ao assunto.
Fase II - Investigação: esta fase tem como objetivo, coletar dados sobre o elemento ou elementos
assinalados e facilitar, especificamente, o processo de seleção. A investigação deve ser realizada em
arquivos, serviços de cadastro, entidades de classe, clubes sociais e com o uso de técnicas operacionais.
Operações de Inteligência - Pag. 98
Fase III – Seleção: Fase em que decidimos pelo alvo do recrutamento entre os assinalados. Destacam-se
como fatores influentes na decisão o risco para a segurança, a personalidade, o acesso, a motivação
(ideológica, sentimental ou psicológica e material) que permita controlar o alvo e aspectos físicos.
Fase IV – Aproximação: no geral essa fase tem a mesma finalidade que tem na entrevista, mas
ressaltamos que além de obter a confiança e observar o alvo, ela permite ao recrutador tomar a decisão pela
abordagem.
Fase V - Abordagem: esta fase é o objetivo em si do recrutamento. É a fase em que o recrutador sabe se foi
convincente ou não. Usando da técnica de entrevista o recrutador irá formular a proposta e aguardar a
resposta do alvo.
Fase VI – Treinamento: poderá ser necessário treinar o informante para o cumprimento da missão. Há
casos em que um treinamento básico atende as necessidades da missão. Há outros em que é necessário o
conhecimento de algumas técnicas. É importante observar que o treinamento do informante ocorrerá apenas
quando ele tiver consciência que foi recrutado.
Fase VII – Utilização: esta é a fase em que o recrutado efetivamente estará trabalhando para a organização
policial. Seu contato, denominado controlador, é intermediário entre o informante e a organização policial.
Haverá ocasiões em que outro elemento entrará em contato com o recrutado, mas nessa situação ele será
apenas um entrevistador.
Fase VIII – Dispensa: no momento em que a organização policial decidir cessar sua ligação com o
informante, ele será dispensado. As principais razões para uma organização dispensar um informante são:
• Termino da missão;
• Quebra de compartimentação;
• Perda de acesso;
• Queda de produção;
• Sensibilidade à defecção;
• Suspeita de deslealdade;
• Atividades incompatíveis;
• Relação custo/benefício;
• Utilização da relação em proveito próprio;
• Desrespeito a compromisso assumido;
• Interesse do informante.
3.2.3 Vigilância
a) Contextualização
Vigilância é a Ação de Busca que consiste em manter um ou mais alvos sob observação (visual ou auditiva)
lugares ou pessoas, seja de um ponto fixo ou móvel.
Operações de Inteligência - Pag. 99
No elemento de Operações de Inteligência, para que sejam desenvolvidas as ações de busca é necessário o
emprego de Técnicas Operacionais de forma eficiente e eficaz, sempre levando em consideração o mais alto
nível de segurança.
O conhecimento da Técnica Operacional de Vigilância é básico para os agentes, tanto no seu aspecto
ofensivo, quanto no defensivo, acentuando-se a necessidade de uma constante atualização e treinamento,
através de estudos teóricos e práticos.
Pelas características desta Técnica, cada situação exige procedimentos diversos. Não é possível, então, ter
regras para todos os casos. Há, porém, conhecimentos básicos necessários à sua execução.
b) Objetivos da vigilância
Os objetivos de uma Vigilância são diversos. No entanto, podem ser citados como principais, os seguintes:
c) Formas de execução
Quanto à forma de execução a Vigilância pode ser: Fixa - a coberto e a descoberto e Móvel - a pé e
transportada.
I. Vigilância fixa
São ocupados Postos de Observação (PO), que permitem aos agentes observar o alvo sem ser
vistos pelo mesmo.
Neste caso a vantagem é que os PO, do tipo imóveis de apoio, reduzem significativamente a
exposição dos agentes na área principal e permitem a utilização de equipamentos como binóculos,
lunetas, máquinas fotográficas, filmadoras, etc.
Os agentes ocupam PO, porém ficam expostos na área, potencialmente sob a visão do alvo.
Misturam-se aos transeuntes, e aproveitam pontos de ônibus, bares, bancas de jornais ou, ainda,
utilizam disfarces ou Estórias-coberturas, que permitam a sua estada na área pelo período que for
necessário, sem despertar a atenção do alvo e do público.
Deve-se levar em conta que na Vigilância Fixa a Descoberto, normalmente não é possível a
utilização, com a devida eficiência, de meios técnicos. Além disso, os agentes ficam expostos na
área, o que pode dificultar a comunicação entre os mesmos.
• Vigilância móvel a pé
A vigilância móvel a pé pode ser mantida por um único agente. No entanto, o trinômio: eficiência-
eficácia-segurança estaria prejudicado.
A equipe formada por três agentes é básica para a realização da vigilância móvel a pé. Isso não
significa que apenas uma equipe acompanhará o alvo, mas que o número de agentes deverá ser
restrito para evitar uma excessiva movimentação na área operacional.
Alguns dos princípios aplicados à vigilância móvel a pé são válidos para vigilância móvel
transportada. Há necessidade, no entanto, de uma maior flexibilidade do planejamento devido a
algumas peculiaridades como:
- Possibilidade do trabalho evoluir para áreas distintas e com grande variação do ambiente
operacional;
Além disso, a vigilância móvel transportada é limitada pelas condições do tráfego, pelas normas e
pêlos sinais de trânsito, pelas dificuldades de camuflagem, de inversão de direção de marcha, etc.
Por isso, a utilização de um método para a sua execução deve ter em vista as possíveis variações
da situação.
d) Decálogo do vigilante
3.2.4 Entrevista
a) Contextualização
Entrevista é a ação de busca realizada para obter dados por meio de uma conversação, mantida com
propósitos definidos, planejada e controlada pelo entrevistador.
b) Finalidade
Em operações de inteligência a Entrevista é comumente utilizada:
c) Tipos de entrevista
I. Ostensiva: ocorre de maneira formal. Neste caso o entrevistador não esconde a sua condição de policial
II. Encoberta: o entrevistador, por conveniência da investigação, oculta a sua condição de policial e assume
outra que lhe permita acesso ao entrevistado sem que seja necessário revelar a real finalidade da entrevista.
4. TÉCNICAS OPERACIONAIS
As Técnicas Operacionais (TOI) são as habilidades desenvolvidas por meio de emprego de técnicas
especializadas que viabilizam a execução das ações de busca, maximizando potencialidades, possibilidades
e operacionalidades.
Operações de Inteligência - Pag. 102
Muito embora, mais adiante iremos aprofundar o estudo de algumas das TOI, vejamos agora um resumo de
cada uma delas.
c) Estória-Cobertura é utilizada para encobrir as reais identidades dos agentes e das AI, a fim de facilitar
a obtenção de dados - dissimulando os verdadeiros propósitos da atividade -, e de assegurar a
segurança e o sigilo.
d) Disfarce é a TOI pela qual o agente, usando recursos naturais ou artificiais, modifica sua aparência
física, a fim de evitar o seu reconhecimento, atual ou futuro, ou de adequar-se a uma Estória-cobertura.
f) Leitura da Fala é a TOI na qual um agente, à distância, compreende o assunto tratado numa
conversação entre duas ou mais pessoas;
g) Análise de Veracidade é utilizada para verificar se há convicção de que uma pessoa esteja falando a
verdade.
i) Emprego de Meios Eletrônicos é a TOI que capacita os agentes integrantes da Inteligência Humana a
utilizarem adequadamente os equipamentos de captação, gravação e reprodução de sons.
É uma das principais medidas de segurança, normalmente presente no desenvolvimento de todas as Ações
Especializadas, praticadas pelos profissionais de Inteligência para mascarar seus propósitos ou atos quando
na "Busca do Dado Negado". É uma identidade de proteção para pessoas, operações, instalações ou
organizações.
Operações de Inteligência - Pag. 103
b) objetivos
- Proteger o sigilo da Ação Especializada desenvolvida por um Agente ou uma Equipe de Agentes;
c) Classificação
• Estória-cobertura superficial
São aquelas normalmente utilizadas em casos de rotina, muitas vezes requerendo planejamento
mental quase imediato. Sua característica principal é ter pouca capacidade de resistência a
investigações, mesmo sumária, por parte do alvo ou mesmo de elementos adversos imprevisíveis.
As Estórias-cobertura superficiais não devem ser utilizadas sobre alvos que disponham de
condições de pesquisar dados, de meios de segurança ou de acesso à Contra-inteligência, nem
mesmo tampouco sobre alvos com os quais o agente manterá contatos duradouros ou freqüentes.
• Estória-cobertura profunda
Em geral, são utilizadas em missões que requerem alto nível de segurança, com possibilidades de graves
riscos para o patrocinador ou, ainda, de comprometimento de interesses, de posição e prestígio de um país
no plano internacional.
• Estória-cobertura oficial
São coberturas proporcionadas por órgão governamental com a designação de agentes para
funções oficiais de governo, em embaixadas, organismos internacionais, etc.
São coberturas proporcionadas por atividades não reconhecidas como governamentais. Ex:
atividades comerciais, culturais, educacionais, científicas, etc.
d) Montagem da Estória-cobertura
A elaboração da Estória-cobertura deve obedecer a algumas regras básicas, com a finalidade de maximizar
a probabilidade de êxito na sua execução. Para a obtenção de bons resultados é necessário:
• Simplicidade;
• Coerência;
a) Definição
A observação, memorização e descrição – OMD participa no emprego das demais técnicas operacionais. É a
técnica na qual os profissionais de inteligência examinam, minuciosa e atentamente, pessoas, locais, fatos
ou objetos por meio da máxima utilização dos sentidos, de modo a transmitir dados que possibilitem a
identificação. Consiste em observar com perfeição, memorizar o que se viu e descrever com veracidade.
Operações de Inteligência - Pag. 105
OBSERVAÇÃO
É o ato pelo qual o agente examina minuciosa e atentamente as pessoas e o ambiente que o cerca por
meio da máxima utilização dos sentidos visando captar o maior número possível de estímulos e,
concomitantemente, eliminar os fatores que podem interferir durante a observação.
MEMORIZAÇÃO
É o conjunto de ações e reações voluntárias e metódicas que tem a finalidade de auxiliar na lembrança dos
fatos. Com a memorização, trazem-se de volta os fatos e acontecimentos anteriormente observados e que
graças à memória, ficam retidos no cérebro.
DESCRIÇÃO
b) Descrição de pessoas
Para descrever completamente uma pessoa, abordam-se os seguintes aspectos:
• Aspectos Físicos Gerais - conjunto dos aspectos aparentes de uma pessoa: sexo, cor,
compleição, idade, altura e peso;
• Aspectos Físicos Específicos – são aspectos aparentes da pessoa, relativos às diversas partes
do seu corpo. Normalmente, costuma-se descrever:
- Queixo e orelhas;
- Pescoço e ombros;
• Caracteres distintivos - são traços incomuns ou anormais que são facilmente observados por uma
pessoa comum. Não devem ser traços imprecisos e difíceis de descobrir, mas sim perceptíveis e
óbvios para qualquer observador. Esses caracteres podem ser encontrados tanto nos Dados de
Qualificação quanto nos Aspectos Físicos Gerais ou Específicos. Exemplo: careca, verruga sobre o
nariz, dente de ouro, etc.
• Dados de qualificação: são todos os dados pessoais que não são visíveis no físico do indivíduo,
necessitando, na maioria das vezes, de uma investigação para serem conhecidos.
Operações de Inteligência - Pag. 106
4.3 Disfarce
a) Conceito e finalidade
Disfarce é a técnica operacional que consiste em alterar a aparência física de uma pessoa, com objetivo de
favorecer a execução de ações de busca. Possui a seguinte finalidade:
I. Ambiente Operacional: É necessário que o disfarce seja condizente com a área da missão, ou seja, o
elemento disfarçado deve estar de acordo com os hábitos e costumes dos habitantes da área, tanto na
vestimenta quanto na maneira de se conduzir.
II. Distância: Quanto menor à distância, maior deverá ser o esmero na preparação do disfarce.
III. Duração da missão: Quando a missão demanda um tempo maior, deve-se utilizar um tipo de disfarce
que resista a esse tempo. Com isto surge a idéia de que o disfarce tem um tempo útil de duração e que deve
ser sempre observado para o emprego em operações.
V. Pessoal: Pessoal apto ao emprego da técnica, como também pessoal que apresente as características
necessárias para o disfarce em questão.
VI. Treinamento: É o período necessário para que o agente assimile as características próprias do disfarce,
se adestre nas habilidades que por ventura tenha de executar, bem como realize a sua preparação
psicológica.
Finalizando...
Anexo A
Croqui do RECON
***
Operações de Inteligência - Pag. 109
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
(Consulte o ambiente virtual)