A relevância social da Lei Maria da Penha é que procura adquirir
a real igualdade de gênero no que diz respeito à necessidade de pôr fim à violência doméstica, já que nesse campo é patente a desigualdade existente entre os gêneros masculino e feminino, pois as mulheres aparecem como a parte que sofre as discriminações e violências em índices consideravelmente maiores, não só pelas diferenças físicas, mas também, culturais que envolvem o tema. Neste sentido, existindo essa discriminação em favor da mulher há a necessidade da adoção de ma especial proteção, para permitir que o gênero feminino tenha compensações que equiparem suas integrantes à situação vivida pelos homens. 2. Esse trabalho tem o objetivo de mostrar que a violência contra a mulher é um problema de saúde pública, por isso são criados mecanismos a fim de protegê-las, como, as políticas públicas, de iniciativas do Estado e da sociedade civil. Neste sentido, serão destacados as lutas e movimentos das mulheres que tinham e continuam tendo como meta principal o alcance igualitário em direitos sociais e civis, que ainda está distante, bem como, o fim de qualquer tipo de violência que as mesmas sofrem perante uma sociedade machista e discriminadora. A exposição de que esta lei, ainda não usufruídas por muitas mulheres em diversos países, principalmente no Oriente Médio, Ásia e África, mas, que a partir da litigância internacional fomentada por uma transnacional network, tem-se valido de estratégias legais para obter avanços internos e externos na proteção e expansão dos direitos humanos das mulheres. Portanto, o objetivo da Lei Maria da Penha, através da família, da sociedade e do Poder Público, é educar, prevenir, levar informações às pessoas. Entretanto, se for o caso de práticas abusivas da parte do agressor, essa mesma Lei educativa e preventiva, nos oferece a punição necessária. 3. Percebe que o autor para desenvolver o referido estudo, dividiu o tema em quatro fases distintas, iniciando com a exposição sobre o movimento de mulheres e suas relações com o processo de democratização no Brasil, principalmente em meados dos anos 80, antes e após a Constituição brasileira de 1988, tendo como iniciativa a reinvenção da agenda feminista, cujas demandas e reivindicações era a igualdade entre homens e mulheres em todos os sentidos. Posteriormente foi a centralização na agenda feminista, tendo como foco principal o caso “Maria da Penha”, estudando e debatendo o seu significado e os impactos na proteção dos direitos humanos das mulheres brasileiras. A omissão do Brasil em caso de punição da violência domestica e a necessidade de petição em órgão internacional para que o Estado Brasileiro fosse condenado por negligência e omissão em caso dessa natureza e finalmente a explanação sobre a Litigância lnternacional e Avanços Locais: a Lei "Maria da Penha", que com a pressão internacional, o Brasil criou uma das melhores leis em combate a violência doméstica, tendo o Estado assumido assim, o dever jurídico de combater a impunidade dos infratores, adotando medidas e instrumentos eficazes para assegurar o acesso à justiça das vitimas, bem como, dando condições para a prevenção, investigação, indiciamento, punição e reparação as mulheres vitimadas, assegurando-lhe, recursos idôneos e afetivos e principalmente atenção especial dos entes públicos. 4. Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro com maior incidência de processos de violência doméstica contra a mulher. Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça no relatório “O Poder Judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha”. Com 21,1 processos a cada mil mulheres, Mato Grosso do Sul assume o segundo lugar em quantidade de ações quando considerado o contingente populacional feminino. Ficando atrás apenas de Mato Grosso. Considerando a quantidade de novos casos, mais uma vez, o Estado aparece como segundo colocado, desta vez com 10,3 processos a cada mil mulheres. Assim como dados proporcionais à quantidade de mulheres residentes por unidade da Federação, onde MS apresenta a segunda maior média a cada mil mulheres residentes, com 5,3. Em 2016, o TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) registrou 6398 novos inquéritos, 2.694 casos pendentes e 7.289 inquéritos arquivados. Conforme a CNJ, no ano passado ingressaram 2.904 casos novos de feminicídio na Justiça Estadual do país; durante todo ano, tramitaram 13.498 casos (entre processos baixados e pendentes) e foram proferidas 3.573 sentenças. Ainda foram expedidas 195.038 medidas protetivas de urgência, em todo o país. Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, apesar da rigorosa observância a aplicabilidade da Lei Maria da Penha, o número de denúncias sobre violência doméstica teve um aumento significativo de 6% entre os anos de 2015 a 2017. Enquanto que as mulheres vítimas de violência formalizaram 18.475 denúncias em 2017. Já no primeiro semestre de 2018, especificamente entre janeiro a março de 2018, foram registrados 3.076 casos de violência doméstica em todo o estado. Neste sentido fica evidente que apesar das detenções dos infratores, estamos aquém dos objetivos da lei. 5. É perceptível que o machismo tem um papel importante na violência de gênero, as políticas públicas que combata e conscientize esta violência não é realmente efetivas. Sabemos que o tratamento policial, jurídico e médico que a vítima recebe muitas vezes reproduz esse machismo, o que atrapalha na efetividade das leis. Por isso, devemos treinar equipes para um atendimento multidisplinar, especializado e humanizado, especialmente que esse treinamento paute no reconhecimento da questão de gênero que permeia a violência doméstica. Só que não basta educar quem aplica a lei, é preciso conversar com a sociedade, propor reflexão e fazê-la pensar no que ela pode fazer para combater um crime que até a promulgação da Lei Maria da Penha era visto como um problema pessoal, uma questão privada. Inclusão da Lei Maria da Penha no currículo escolar, principalmente nas aulas de ensino médio e alfabetização para adultos; palestras educativas sobre o tema nas associações de bairros e centros comunitários; bem como, nos presídios masculinos; aulas de conscientização para pessoas reincidentes em pratica de violências domésticas;