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Núcleos de Preenchimento
16
Pinos Pré-fabricados e
Núcleos de Preenchimento 16
Rodrigo de Castro Albuquerque, Hugo Henriques Alvim e Luís Fernando Morgan
de pode ser percebida na literatura pela busca in- de preenchimento em resina composta têm ganhado
espaço, pois propiciam menor desgaste dentário e têm
de elucidar as hipóteses e nortear os procedimentos módulo de elasticidade próximo ao da dentina.4,5
clínicos. Para perceber quantas dúvidas esse tema Em relação às funções dos pinos intrarradicula-
suscita entre os cirurgiões-dentistas, basta partici- res associados aos núcleos de preenchimento, duas in-
par de palestras ou conferências nos mais diversos dicações estão descritas na literatura. A primeira delas
é a função de reter o material de preenchimento, con-
procedimentos, técnicas e materiais empregados são ceito unânime entre todos os pesquisadores, que ora
curado responder à clássica pergunta: qual é a técni- como reconstrução para receber o preparo e a restau-
ca mais indicada para restaurar dentes despolpados? ração indireta. Já a segunda função seria a de reforçar
Tal pergunta até o momento, infelizmente, não pôde a estrutura dentária remanescente, porém é causa de
ser respondida precisamente, pois, mesmo em face inquietações e controvérsias.6-10
de uma contínua produção do conhecimento, princi- Não obstante toda a controvérsia sobre as fun-
palmente em relação aos materiais e técnicas utiliza- ções dos pinos intrarradiculares, os estudos sobre os
dos, dúvidas ainda perduram. benefícios de seu uso também originam dúvidas. Há
Dentes tratados de modo endodôntico são reco- resultados que mostram que os pinos aumentam, não
nhecidamente mais frágeis.1 A perda de dentina de- interferem, ou ainda, diminuem a resistência da es-
corrente de fraturas, lesões cariosas e não cariosas e o trutura dentária remanescente.3,11-15
tratamento endodôntico diminuem a resistência mecâ- regem o comprimento ideal do pino, o material, a for-
nica comparativamente com os dentes hígidos. Portan- ma anatômica e a técnica de cimentação também não
to, preservar ao máximo a estrutura dentária sadia faz estão claros.
Existe uma grande variedade de pinos pré-fa-
bricados com diferentes materiais, formatos anatômi-
Para reabilitar dentes tratados endodonticamen- 8
Da
te, um dos principais fatores é prover meios de reten- mesma maneira, inúmeros são os materiais e técnicas
ção para a futura restauração. Por esta razão, preconi- para cimentação desses pinos e confecção de núcleos
zou-se a inserção de um pino de madeira no interior de preenchimento. Para o sucesso do procedimento
do conduto radicular exatamente com o objetivo de restaurador é fundamental que haja um correto diag-
aumentar a retenção.2 Desde então, a evolução destes
procedimentos levou ao desenvolvimento de diversas domine a técnica de cimentação.
alternativas, como núcleos metálicos fundidos e pinos Este capítulo tem por objetivo apresentar e dis-
pré-fabricados, além de diferentes tipos de materiais e cutir os sistemas de pinos intradentinários e intrarra-
técnicas para cimentação. Estão descritas na literatu- diculares disponíveis, assim como os cimentos e ma-
ra, como vantagens dos núcleos metálicos fundidos, teriais de reconstrução, salientando as técnicas e as
a larga experiência clínica e a boa adaptação.3 Como manifestações clínicas referentes à sua utilização.
662
Figura 16.1 Exemplos de pinos pré-fabricados encontrados no mercado: (1) Radix Anker (Maillefer), (2) FKG (FKG), (3) Radix
RS (Maillefer), (4) Tenax (whalledent), (5) Unimetric (Maillefer), (6) Dentatus (Dentatus), (7) Exacto (Angelus), (8) UMC Post
(Bisco), (9) Reforpost fibra de vidro (Angelus), (10) Reforpost fibra carbono (Angelus), (11) Light Post (Bisco), (12) C-Post (Bis-
co), (13) Rebilda Post (Voco), (14) Cosmo Post (Ivoclar Vivadent), (15) White Post DC (FGM).
A B
Figura 16.2A-B Incisivo superior fraturado por causa do efeito cunha de um núcleo metálico fundido.
ser enfraquecido pela presença de pinos.37 Com a gran- foi desenvolvido após estudos de Wilson e Kent.43
de popularidade alcançada pela odontologia estética, a Apresenta propriedades interessantes, como adesão
escolha do amálgama como material de preenchimen- à estrutura dental, relativa biocompatibilidade com a
to tem sido cada vez mais restrita, pois, em alguns ca-
materiais restauradores estéticos cimentados sobre ele. alguns artigos têm sido cautelosos quanto à indicação
desse material, principalmente em reconstruções maio-
Resinas compostas res, pois ele tem baixas propriedades mecânicas no que
diz respeito à sua resistência à tração. Por tal motivo,
recentemente, graças principalmente à evolução dos Huysmans et al.44 salientam que o seu uso deve ser
procedimentos adesivos à dentina, é a resina compos- et al.45 o contraindicam a dentes
ta. Como vantagens podemos relacionar sua fácil ma- anteriores. Portanto, talvez a indicação do cimento de
nipulação, polimerização imediata, ótima resistência ionômero de vidro se restrinja a dentes posteriores que
mecânica,23,38-40 além de adesão à estrutura dentária41 tenham pelo menos 40% de estrutura dentária sadia,
e excelente estética. Por outro lado, as desvantagens conforme proposto por Anusavice e Phillips.4
estão relacionadas com sua instabilidade dimensio- -
nal, que possibilita a contração de polimerização e o camente compatível com o pino pré-fabricado uti-
-
dental. Muitos clínicos têm se queixado de perda de sociado aos pinos pré-fabricados metálicos, sejam
restaurações cimentadas convencionalmente sobre nú-
retenção proporcionado pelos pinos pré-fabricados
de restaurações indiretas pode ser a absorção de água metálicos é exclusivamente mecânico graças às suas
do cimento de fosfato de zinco ou de ionômero de vi- -
dro, muito empregados na cimentação. Este problema sina composta podem ser associados a qualquer tipo
está ligado à expansão higroscópica das resinas, que de pino quanto à composição. A Tabela 16.2 mostra
poderia absorver umidade dos cimentos possibilitando as possíveis combinações entre tipo de pino e mate-
mate- rial de preenchimento.
rial, seria a reconstrução de todo o dente com ele, man-
tendo-o como restauração provisória. Assim, a resina ® Pinos intradentinários
empregada como preenchimento sofreria contato com
a umidade do ambiente bucal, o que possibilitaria pelo Restaurações extensas em amálgama apresentavam
menos alguma expansão higroscópica da resina, pos- problemas clínicos em relação à sua retenção, uma
tergando o preparo cavitário para dias depois. vez que esse material não é adesivo. Markley46 propôs
No preenchimento para o qual se escolheu a resi- então o uso de pinos intradentinários para melhorar a
na composta, esta pode ser de polimerização química retenção. Dessa maneira, essas restaurações poderiam
ou física. Em dentes posteriores, em que porventura ainda servir como base para coroas, ou mesmo como
haja dúvidas em relação ao acesso da luz fotoativado-
ra, podem-se empregar resinas quimicamente polime- -
rizáveis nos primeiros incrementos, terminando com dos ou cimentados em localizações estratégicas da den-
resina composta fotopolimerizável nos últimos, o que tina remanescente. Para tanto é preciso haver área de
42
Deve-se tomar cuidado especial com o término instalação. Esta situação é mais observada em dentes
polpados. Nos dentes despolpados geralmente a quan-
da caixa proximal. Muitas vezes, ao se empregar uma tidade de dentina remanescente é menor e mais fragiliza-
da, o que resulta, por motivos óbvios, na indicação mais
distinguir entre material restaurador e estrutura dentá- frequente de pinos intrarradiculares. Sob essa óptica é
ria. Pode ser interessante empregar um compósito com que Shillingburg et al.10
uma cor contrastante em relação ao dente para facilitar pinos intradentinários depende de uma dentina sólida
dente e não em material de preenchimento. ou ainda invadir a polpa ou o ligamento periodontal.
Caputo e Standlee14 e Dawson47 corroboram a opinião
Cimento de ionômero de vidro de que dentes despolpados não devem receber estes
A partir do princípio da década de 1970, outro material
passou a ser indicado para reconstrução com núcleos de tensão podem induzir a um alto índice de microfra-
de vidro turas na dentina. Em face das evidências, acredita-se
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 665
que a indicação destes pinos seja mais oportuna a den- Técnica para utilização
tes vitais, nos quais o tecido dentinário na maioria das dos pinos intradentinários
vezes está presente em maior volume e qualidade. De
qualquer modo, não consideramos que seja absoluta a Passo 1: planejamento
contraindicação a dentes tratados endodonticamente.
Em casos nos quais, por alguma razão, pinos intrarra- qualidade. Traumatismos dentários requerem
diculares não possam ser utilizados, é possível indicar
os pinos intradentinários. Para isso, uma minuciosa ava- -
liação e seleção do local a ser preparado minimiza os mais auxiliam a mensuração de espaço biológico
riscos de fratura e, portanto, de insucesso. e volume pulpar. Exames clínicos de sensibilida-
de auxiliam o diagnóstico pulpar.
- Passo 2
Figura 16.3 Pino metálico rosqueável intradentinário e sua Figura 16.4 Pinos em fibra de vidro para cimentação intra-
respectiva broca e haste adaptadora (Retopin, Edenta). dentinária e sua respectiva broca (Micropin, Angelus).
666
deve ser feito até que a região estrategicamen- passo a passo, a técnica de utilização.
A B C
D E F
Figura 16.5 Esquema que simula a situação clínica de perda da cúspide mesiovestibular (A), posicionamento do orifício (B)
para receber o pino (C-D) e o pino após rosqueamento (E-F).
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 667
A B C
D E F
Figura 16.6 Esquema que simula a situação clínica de perda das cúspides mesiovestibular e mediovestibular (A), posiciona-
mento do orifício (B) para receber o pino (C-D) e o pino após seu rosqueamento (E-F).
A B C
Figura 16.7 Esquema que simula a situação clínica de perda das cúspides mesiovestibular, mediovestibular e distovestibular
(A), posicionamento do orifício (B) para receber o pino (C-D).
668
A B C
Figura 16.8 Esquema que simula a situação clínica de perda das cúspides mesiovestibular, mediovestibular, distovestibular e
distolingual (A), posicionamento do orifício (B) para receber o pino (C-D).
A B C
D E
Figura 16.9 Esquema que simula a situação clínica de perda das cúspides mesiovestibular, mediovestibular, distovestibular,
distolingual e mesiolingual (A), posicionamento do orifício (B) para receber o pino (C-E).
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 669
Figura 16.10 Profundidade dos pinos rosqueáveis em den- Figura 16.11 Haste de adaptação do pino (em sua parte
tina definida pela penetração padrão da broca em 2 mm. inferior) e em contra-ângulo ou rosqueadores manuais (em
sua parte superior) (Edenta).
Figura 16.12 Haste adaptada ao seu rosqueador manual Figura 16.13 Pino metálico rosqueável intradentinário.
(Edenta). Note seu ponto intermediário onde ocorrerá a fratura após
atingir o torque final de rosqueamento.
A B C
Figura 16.14 Dobradura dos pinos por meio de instrumento específico (A-B) e aspecto dos pinos devidamente dobrados (C-D).
670
Figura 16.15 Após o bisel, acabamento com instrumentos cortantes manuais complementam o preparo do dente.
Figura 16.16 Dente pronto para receber o pino intradentinário.
Figura 16.17 Localização planejada para a confecção do orifício do pino respeitando a distância de 0,5 mm da junção ame-
lodentinária.
Figura 16.18 Pino adaptado ao dispositivo de rosqueamento manual que acompanha o kit e posicionado imediatamente ao
lado esquerdo do seu orifício, por motivos didáticos.
Figura 16.19 Aspecto do pino (Retopin, Edenta) após ser rosqueado.
Figura 16.20 Detalhe do pino após ser curvado com o objetivo de melhorar a retenção ao material restaurador.
Figura 16.21 Proteção dos dentes vizinhos com tiras metálicas para o condicionamento com ácido fosfórico a 37%.
Figura 16.22 Condicionamento ácido por 30 s em esmalte e 15 s em dentina.
Figura 16.23 Após a remoção do ácido, lavagem e secagem, aplica-se o sistema adesivo.
Figura 16.24 Fotopolimerização por 20 s.
Figura 16.25 Aplicação do agente opacificador.
Figura 16.26 Aspecto da resina fluida opacificadora aplicada para o mascaramento do pino na restauração final.
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 671
Figura 16.44 Aspecto inicial do sorriso da paciente com fratura do dente 11. Vista frontal.
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 673
Tabela 16.1 Características mecânicas de diferentes pinos pré-fabricados, dentina, esmalte e resina composta.
Material Resistência flexural MPa* Módulo de elasticidade/GPa* Diâmetro das fibras (!m)*
White Post DCTM (FGM) No mínimo 800 20 a 50 (normalmente 13
(normalmente entre de 35 a 50)
1.100 e 1.300)
Cosmo PostTM > 800 210 N/A
(Ivoclar Vivadent)
FRC Postec PlusTM 1.050 MPa ± 50 48 ± 2 14
(Ivoclar Vivadent)
D.T. Light PostTM (Bisco) ND ND ND
C-PostTM (Bisco) ND ND ND
Exacto TranslúcidoTM** 700 a 1.015 13,2 a 26,7 50 a 70
(Angelus)
ExactoTM (Angelus) 856 40 10 a 13
Reforpost MixTM (Angelus) 950 40 10 a 13
ReforpostTM (Angelus) 856 40 10 a 13
Dentina N/A 20 N/A
Esmalte N/A 94 N/A
Resina composta N/A 17 N/A
* Valores médios a partir dos resultados de Galhano et al., Stewardson et al. e informações dos fabricantes.
54 56
Já a porção coronária de dentes despolpados debili- Contudo, para que a teoria do ponto de fulcro tenha
sucesso, é preciso atender rigorosamente aos princípios
podem promover na região, conduzindo parte das ten- que regem o posicionamento ou extensão radicular e
sões recebidas pela coroa às raízes, diminuindo os ris- coronária dos pinos. A retenção do pino ao conduto ra-
cos de uma fratura coronária.50,51 dicular e ao núcleo de preenchimento também depende
Quanto a uma provável terceira função descrita
para um pino, a de minimizar a complexidade de fratu- -
ras coronárias em dentes anteriores, pode-se dizer que bricado intrarradicular, devemos criteriosamente avaliar,
essa é menos estudada, portanto mais questionável. Aos
-
- to endodôntico e as condições da raiz. A necessidade e
to. Um dente anterior tratado endodonticamente tem o os riscos no preparo de um canal radicular para receber
seu ponto de fulcro no nível da crista óssea. No caso de um pino também devem ser levados em consideração
traumatismo mecânico, esse dente tende a fraturar no para a decisão de utilizá-lo ou não.
nível da crista óssea, invadindo o espaço biológico. A
partir do momento em que um pino é cimentado den- Pinos intrarradiculares
tro do conduto radicular, o ponto de fulcro muda au-
em dentes anteriores
tomaticamente para a extremidade coronária do pino.
Teoricamente, dessa maneira as fraturas tendem a ser A complexa dinâmica da mastigação pode ser compreen-
supragengivais, o que torna a resolução do caso muito dida a partir do momento em que se conhecem os con-
menos complexa, havendo melhor prognóstico estéti- ceitos da física sobre vetores de forças aplicados ao
co e funcional. Para que esta hipótese seja elucidada sistema estomatognático e os princípios biológicos e
são necessários estudos de acompanhamento clínico. estruturais dentários. A estabilidade oclusal, ou seja, a
A B
Figura 16.95 A. Conduto radicular após a desobstrução da guta percha mantendo os 4 mm apicais. Note que a maior altura
incisal foi mantida respeitando um mínimo de 2 mm, espaço este que garante forma de resistência ao material restaurador e,
em se tratando de preenchimento, ele deve atravessar todo o material do núcleo. Note ainda que o braço de resistência (in-
serção do pino na raiz) é maior que o braço de potência (altura inicisal do pino), separados por motivos didáticos. B. Estrutura
dental remanescente de 2 mm representa condição clínica favorável à utilização dos pinos pré-fabricados intrarradiculares.
692
Pinos intrarradiculares
em dentes posteriores
A carga mastigatória que incide sobre os molares é Figura 16.96 Quando mais de um pino intrarradicular for
predominantemente de compressão.52 Em relação à re- necessário, o preparo do conduto radicular do segundo
pino geralmente é menos profundo por causa dos canais
tenção, isso por si só já é mais favorável por causa da atrésicos e curvos. Os condutos de eleição na primeira
menor possibilidade de deslocamento do material de escolha são, na maioria das vezes, mais amplos e retos
preenchimento. Além disso, como nesses elementos (p. ex., distal de molares inferiores e palatino de molares e
dentais é maior a presença de estrutura dental e maior pré-molares, quando se aplica, nos superiores).
volume de câmara pulpar comparativamente com os
dentes anteriores, a indicação desses pinos é menos
particularidade anatômica dos pré-molares. Seu colo
frequente. Diante da necessidade dos pinos, nos den-
tes superiores o canal de escolha é o palatino e, nos cervical é mais estreito em relação à coroa clínica,
molares inferiores, o canal distal é eleito com mais além de ter uma câmara pulpar pouco ampla. Soma-
frequência. Estas escolhas são baseadas em acesso e das a isso, forças de cisalhamento também estão as-
amplitude desses canais radiculares. Quando indicado, sociadas às de compressão, tornando, de certo modo,
um pouco mais polêmico o critério utilizado para se
entretanto, mais de um pode ser utilizado, respeitando- indicar ou não um pino. Assim, o uso do pino é mais
se obviamente canais atrésicos e curvos com desobs- frequente em pré-molares que em molares.54
truções menos profundas do que os preparos radicula-
® Classificação dos pinos
Duas situações em dentes posteriores merecem pré-fabricados
atenção especial. A primeira é reconstruir dentes des-
polpados, cujo planejamento determina o pino como É enorme a variedade de pinos pré-fabricados quanto
futuro apoio para uma prótese parcial removível.
Além das cargas de compressão, as de cisalhamento -
também incidem nessa situação. Deveremos, portan-
to, sempre empregar os pinos.53 A segunda refere-se à
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 693
Pinos metálicos
-
-
dade que também se pode destacar é sua excelente Figura 16.97 Pino translucente.
694
Figura 16.98 Radiografia que mostra as diferentes radiopacidades dos materiais utilizados em pinos pré-fabricados: aço inoxi-
dável – 2 e 6; titânio – 1, 3, 4 e 5; fibra de carbono – 8, 10 e 12; fibra de vidro – 7, 9, 11, 13 e 15; dióxido de zircônio – 14.
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 695
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-
-
-
da dentina radicular no terço apical, onde o diâmetro
Por motivos óbvios, os pinos cilíndricos promo- radicular é menor.
vem maior retenção intrarradicular do que os cônicos. É sob o paradigma conservador que os pinos
Entretanto, para receber um pino cilíndrico os prepa- têm, em especial os mais recentemente desenvolvi-
dos e lançados, a porção radicular na forma cônica.
ros radiculares exigem maior desgaste de estrutura
A conicidade da porção radicular dos pinos possi-
dental, havendo adelgaçamento das paredes do terço
bilita a adaptação às paredes internas do conduto,
respeitando a anatomia radicular, preservando maior
quantidade de dentina principalmente no terço apical
A B
Configuração superficial -
-
rem tensões à dentina radicular, são de fácil inserção
e, considerando todos os outros fatores já discutidos,
pinos ativos. Este tipo de pino promove retenção su-
perior aos demais, que são considerados passivos. Sua reforçam sua preferência de utilização em detrimen-
indicação recai sobre dentes com alguma limitação de
comprimento do preparo intrarradicular. Por ser um sucesso dos pinos serrilhados e lisos é atender aos
pino cuja técnica exige rosqueamento na raiz, origina conceitos que regem suas indicações. Contudo, au-
tensões na dentina. Por esse motivo, a técnica preconi-
za retornar um quarto de volta após o travamento para, -
dessa maneira, minimizar a tensão residual sobre as tar sua retenção.73
estruturas dentárias. Em virtude de tal limitação e de A Tabela 16.4 mostra os diferentes parâmetros de
serem metálicos, eles estão em desuso.
Figura 16.106 Microscopia eletrônica de varredura da re- Figura 16.107 Microscopia eletrônica de varredura da re-
gião cervical de dentina radicular, túbulos em maior den- gião apical de dentina radicular, túbulos em menor densi-
sidade e diâmetro. dade e diâmetro.
Figura 16.108 Pincel tipo microbrush tamanho ultrafino, Figura 16.109 Pincel tipo microbrush tamanho regular, ina-
adequado para conseguir acesso às regiões mais profundas dequado para conseguir acesso às regiões mais profundas
do espaço do pino. do espaço do pino.
- TM
ou LokTM TM
-
faces adesivas: pino/cimento e cimento/substrato radi- TM
Figura 16.131 Secagem com cones de papel absorvente. Figura 16.132 Aplicação do primer do sistema adesivo au-
topolimerizável.
Figura 16.138 Pincela-se o cimento no pino. Figura 16.139 Na sequência, insere-se o pino no conduto
radicular.
Figura 16.142 Leva-se o fragmento em posição no rema- Figura 16.143 Transfixa-se o pino no fragmento.
nescente dentário.
-
ração para indicação desta técnica é que sua interface
adesiva parece degradar com o passar do tempo, le-
vando à diminuição gradual da força de união, logo à
retenção do pino. Por tudo isso, a técnica adesiva con-
obturador pode prejudicar o condicionamento ácido expansão higroscópica sofrida pelo cimento de ionô-
da dentina e interferir negativamente no grau de poli- mero de vidro dentro do conduto radicular.84 Além dis-
merização do cimento resinoso. É necessário, então, so, o menor custo e a simplicidade da técnica quando
utilizar, ou planejar com o endodontista, um cimen- comparado com os materiais resinosos são vantagens
TM que nos fazem considerar os materiais ionoméricos
TM
e Sealer 26TM uma opção interessante para cimentação de pinos in-
Sealapex TM
718
nica simples e adesão à estrutura dentária; além dis- clínicos e laboratoriais precisam ser desenvolvidos
so, têm características mecânicas semelhantes às dos para avaliação do seu comportamento ao longo dos
cimentos resinosos convencionais, sendo, portanto, anos. A sequência clínica de cimentação com cimento
superiores aos ionoméricos. Apresentam insolubili- -
ras 16.179 a 16.203.
Figura 16.199
Não obstante toda essa discussão técnico-cien- conduto radicular que receberá o pino. A radio-
continua a ser a retenção friccional. Uma boa adap- pino quanto a diâmetro, comprimento e forma do
tação do pino continua sendo primordial para o su-
cesso restaurador. A função do cimento é tão somente fabricantes disponibilizam até mesmo um gaba-
preencher os espaços entre o pino e o canal radicular,
favorecendo a retenção friccional. Deve-se lembrar, negatoscópio, orienta a seleção correta. A impor-
tância desse passo é ressaltada pelas evidências
compensar preparos intrarradiculares em comprimen- de que a retenção dos pinos depende de uma ade-
to inadequado ou um pino mal adaptado.52 quada adaptação e comprimento.71,85-87
Passo 2: adaptação do pino. Selecione, dentre os
Sequência de seleção, preparo e diferentes diâmetros de pinos, o que melhor se
cimentação de pino intrarradicular adapta ao conduto radicular em cada caso. Utili-
ze preferencialmente pinos cujo sistema disponi-
A seguir serão descritos, passo a passo, a técnica clí- bilize a respectiva fresa para formatar o conduto
nica e os detalhes associados, desde a seleção até a
cimentação de um pino intrarradicular. não devem ser desgastados para possibilitar seu
assentamento. Alguns kits vêm com fresas para
Passo 1: planejamento
e interproximal de qualidade. Avalie a qualida- las na sequência correta, pois as brocas iniciais
de do tratamento endodôntico e a anatomia do somente desobstruem o conduto, enquanto as
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 731
Figura 16.206 Marcação do pino para corte determinando a altura incisal, que deve ser a maior possível respeitando o espaço
de 2 mm para o material restaurador.
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 733
reconhecidamente uma região de difícil acesso, cimento por conta do uso desta ponta pode ser
especialmente seu terço apical. Para o condicio- minimizado com a redução do número de rota-
namento ácido deve-se iniciar a deposição do ções por minuto do contra-ângulo, evitando-se
terço apical para o cervical. Pontas metálicas lon- acelerar o processo de presa do cimento. Pincelar
o cimento no pino imediatamente antes de sua
primer inserção melhora o contato entre eles. Após in-
e/ou adesivo, um microbrush serir o pino, deve-se aguardar o tempo de presa
- inicial antes da confecção do núcleo de preenchi-
va o ácido inicialmente com spray de ar e água
intermitentes em abundância e, na sequência, dependendo do cimento utilizado.
utilize pontas de irrigação endodôntica para efe-
tivamente lavar os terços médio e apical. Após a A Tabela 16.5 sumariza os passos operatórios ne-
lavagem, remova os excessos de umidade com cessários para cimentação dos pinos com os diversos
auxílio de cones de papel absorvente cimentos disponíveis.
A B C
Figura 16.210 Ponta tipo Centrix com haste metálica alongadora possibilita acesso (A) e deposição uniforme do cimento ao
longo do conduto (B-C).
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 735
A B
Figura 16.211 Ponta tipo Centrix com formato (A) ou diâmetro (B) inadequados para acesso às regiões mais profundas do
espaço do pino.
Figura 16.212 Ponta lentulo possibilita acesso adequado às Figura 16.213 Ponta lentulo possibilita deposição uniforme
regiões mais profundas do conduto. do cimento ao longo do conduto.
736
Respeito integral aos procedimentos adesivos aplicando-se um lubrificante tipo gel solúvel em
de hibridização em suas diversas técnicas, assim
como nos adesivos restauradores convencionais isolar a dentina radicular dos materiais adesivos,
- facilitando a posterior remoção do pino após seu
terior do conduto radicular. Excessos podem reembasamento. Vaselina não deverá ser utili-
zada em hipótese alguma. Isolado o conduto ra-
adesão dicular, deve-se inserir a resina composta e/ou
excessos devem ser removidos com pincéis des- fluida por meio de espátulas ou pontas metáli-
cartáveis antes que o cimento tome presa
Para a cimentação de pinos metálicos, o cimento
de fosfato de zinco, desde que manipulado correta- posicionado no sentido mesiodistal e vestibulo-
- lingual, segue-se a fotopolimerização por 1 min
des mecânicas. Desse modo, continua sendo uma
boa alternativa à cimentação desse tipo de pino é suficiente para polimerização adequada através
Pinos pré-fabricados metálicos rosqueáveis es- do pino, especialmente no terço apical, no entanto,
tão em desuso, em virtude da tensão nas paredes é suficiente para possibilitar que o conjunto pino e
radiculares. No entanto, se por alguma razão o resinas de reembasamento seja removido do condu-
-
rosqueamento e travamento deve-se retornar um se momento, deve-se complementar a fotopolime-
quarto de volta para que ele não seja cimentado rização do pino reembasado fora da raiz por mais
sob tensão, o que poderia, no futuro, provocar
uma fratura radicular. ar. Em seguida, remove-se da raiz o gel lubrificante
com jatos de ar e água intermitentes, seca-se com
cones de papel absorvente. Depois deste passo, o
® Pino anatômico tratamento do substrato dentinário deve concordar
com a técnica de cimentação escolhida. Lembre-se
de que, para cimentos autoadesivos, nenhum tra-
formas ovoides, com conicidade e expulsividade tamento adicional deve ser realizado. Simultanea-
exagerada ou, mesmo, com a luz do conduto dema- mente, insere-se no conduto o cimento com dis-
siadamente alargada por causa do tratamento endo- positivos próprios, pontas tipo Centrix® ou brocas
dôntico. Graças a essa grande diversidade anatômica tipo lentulo e no pino com pincéis. Leva-se o pino
e de situações clínicas, estão disponíveis pinos com reembasado no conduto radicular e, após o tempo de
- reação de presa inicial, realizam-se os procedimen-
- tos para confecção dos núcleos de preenchimento
-
da pela evidência de que a boa adaptação do pino às realizar um adequado preenchimento do canal radi-
paredes do canal radicular é o fator preponderante cular, melhorando a adaptação,89-91 logo a retenção
para sua retenção. do pino e, por sua vez, do núcleo de preenchimento.
Entretanto, mesmo com toda essa gama de Em sua tese de doutorado, Clavijo92 demonstrou que
disponibilidade de pinos, em algumas situações pinos reembasados apresentaram maiores valores
clínicas pode ainda não haver uma boa adapta- de união ao conduto radicular quando comparados
- com os pinos sem reembasamento, independente-
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Esgotadas as possibilidades das mente da técnica adesiva empregada. Vale lembrar
formas originais de pinos, os futuros problemas que não se deve alterar por desgaste a forma ana-
advindos da desadaptação das partes podem ser tômica original dos pinos na tentativa de obter me-
solucionados por meio dos pinos anatômicos. 89 A lhor assentamento no conduto.
técnica consiste em melhorar a adaptação do pino Essa técnica pode ser usada em dentes anteriores
às paredes do conduto mediante reembasamento do e posteriores. Seu uso é mais comum em dentes ante-
pino com resina composta ou resina fluida. Após riores e pré-molares. Em dentes posteriores, mesmo
definido e provado diretamente no canal radicular, que seja necessário, por alguma razão, utilizar mais
o pino deverá receber tratamento superficial com de um canal, ainda que divergentes, a técnica pode
- ser usada para receber os pinos. Para tanto, deve-se
vagem e secagem, aplicação de silano e do adesi- reembasar e cimentar um pino por vez no seu respec-
tivo canal e assim criar uma condição extremamente
fotopolimerização. Depois de executado o trata- favorável para a retenção do núcleo e dos próprios
mento superficial do pino, deve-se preparar a raiz, pinos no canal radicular.
Capítulo 16 | Pinos Pré-fabricados e Núcleos de Preenchimento | 737
Figura 16.218 Limpeza do pino com ácido fosfórico a 37% por 60 s.
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