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Do livro Yoga for Your Type, de David Frawley e Sandra Kozak (Lotus Press)
De acordo com a filosofia do Yoga, o corpo físico é uma manifestação de consciência. É uma
cristalização dos padrões kármicos (comportamentais) creados pela
mente. Assim sendo, a chave para trabalhar com o corpo é compreender a
consciência que lhe está por detrás, muita da qual encontra-se para além
da nossa compreensão normal. Isto requer que pratiquemos asanas
conscientes não só dos aspectos técnicos das posturas, mas também dos
estados mentais e emocionais que criam dentro de nós.
O Yoga vê os asanas não apenas como poses estáticas, mas como condições de energia que, por
sua vez, são manifestações da consciência. A energia e atenção que focamos numa posição são tão
importantes como a própria posição. Podemos ver isto na vida do dia-a-dia, na maneira como a
forma como nos sentimos a nível psicológico afecta como nos movimentamos a nível físico. Os
padrões de sentimento e energia a longo prazo determinam a forma e o ritmo do corpo.
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Asana como Estrutura Física
No seu nível mais básico, um asana é uma posição física, uma espécie de gesto corporal. Na
prática de asana, colocamos o corpo numa posição que tem um resultado específico e cuja
mensagem depende da forma que cria com o corpo. Cada asana tem o seu próprio efeito
estrutural. Posições sentadas providenciam estabilidade da coluna. Algumas posições criam
flexibilidade na parte posterior das pernas. Sendo que a maioria das posições sentadas geram
estímulos parassimpáticos, criam uma influência calmante agradável. Poses de pé aumentam a
força geral e os níveis de energia. Posições de inclinação para trás tendem a excitar-nos
(estimulação simpática), aumentam a extensão da coluna, e geram força nos músculos elevadores
do tronco. Posições de relaxamento nivelam e acalmam as energias geradas pelas nossas práticas
de asana. Todos os asanas, quer em grupo, quer individuais, têm as suas próprias energéticas
dependendo do que fazem ao corpo. Tal como uma casa, têm a sua própria arquitectura.
No entanto, na medida em que os nossos corpos não têm todos a mesma estrutura, a experiência
de um asana irá variar dependendo da constituição, flexibilidade e condição orgânica do
indivíduo. O efeito de um asana é a combinação da estrutura do asana, que é a mesma para toda a
gente, e a estrutura corporal individual a cada pessoa, que irá variar não só de pessoa para pessoa,
mas também na mesma pessoa ao longo do tempo.
Isto significa que, dependendo da forma como dirigirmos o nosso Prana, o mesmo asana pode
levar-nos a diferentes lugares. Por exemplo, uma posição sentada realizada com pranayama forte
pode ter um efeito altamente energético, enquanto que se efectuado com uma respiração normal,
irá relaxar-nos, ou até mesmo adormecer-nos. As energias prânicas de um asana dependem de
vários factores, incluindo quão rapidamente assumimos a postura, a quantidade de força que
utilizamos e, acima de tudo, a forma como respiramos durante o asana. De facto, o objectivo da
prática de asana é acalmar o corpo para que possamos trabalhar o nosso Prana. O Prana
manifesta-se quando o corpo está parado, daí a importância das posições sentadas para a cura
interna.
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Asana como Pensamento e Intenção
Um asana consiste não só de estrutura e energia,
mas também reflecte pensamento e intenção.
Poderíamos considerar o asana uma forma de
exercício “pensativa” ou “mental”. Os efeitos de
um asana variarão dependendo se a
nossa mente está livre ou
obstruída, e se as nossas
emoções estão calmas ou
turbulentas. Podemos realizar
um asana com precisão técnica,
mas o nosso estado de espírito
irá determinar quão libertador o asana será para a
nossa consciência.
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Resumindo, o efeito estrutural de um asana é o primeiro factor. A forma como energisamos o
asana através do Prana é o segundo; isto inclui a forma como nos movimentamos durante o asana,
e como respiramos. O nosso estado de espírito é o terceiro factor. A principal regra na prática de
asana é manter a mente calma, unida e atenta, para que não percamos o nosso ponto focal na
prática. Devemos considerar todos os três factores relativamente a um exame ayurvédico dos
asanas. Todos estes factores encontram-se interrelacionados. Frequentemente, o dosha contém a
chave para o estado estrutural, prânico e emocional de uma pessoa.
No entanto, esta equação dóshica dos asanas não deve ser entendida de forma rígida, pois o efeito
prânico de um asana pode ultrapassar o seu efeito estrutural, tal como já verificámos. A forma de
um asana não é o seu factor principal. Através do uso da respiração, podemos modificar ou
mesmo alterar os efeitos dóshicos do asana. Devemos também relembrar a importância do
pensamento e intenção na prática do asana. Considerando o asana, o Prana e a mente, podemos
alterar uma asana em particular ou ajudar a prática inteira em direcção a um resultado dóshico em
particular. Através da combinação de asanas específicos, pranayama e meditação, um balanço
interno completo pode ser criado e mantido.
- Relativamente ao impacto do asana nos doshas como funções fisiológicas gerais. Cada dosha
tem os seus locais e acções no corpo, que os asanas irão afectar consoante a sua orientação.
Aplicação Constitucional
Os indivíduos do tipo Vata possuem uma estrutura corporal diferente e movem-se de maneira
diferente do que os indíviduos do tipo Pitta, ou Kapha. Do mesmo modo, os indivíduos Pitta e
Kapha têm os seus próprios movimentos e posturas que assumem como parte da assinatura
dóshica nos seus corpos e mentes. Esta diferença entre os doshas é reflectida na pulsação de cada
tipo.
Os indivíduos Vata têm uma pulsação de tipo serpenteante. Movem-se de forma serpenteante –
como uma descarga eléctrica, com movimentos rápidos, abruptos, imprevisíveis e irregulares. A
sua energia interna e pensamentos têm a mesma rapidez, brilho, imprevisibilidade e
discontinuidade.
Os indivíduos Pitta têm uma pulsação do tipo sapo, de natureza cerrada. Movimentam-se como
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um sapo – saltando em movimentos constantes até atingirem o seu objectivo próprio. O seu
movimento assemelha-se a uma chama, que aumenta quando alimentada com combustível novo.
Agem de maneira focada e com determinação, actuando passo a passo. A sua energia interna e
pensamentos têm a mesma fluidez e movimentos determinados.
Os indivíduos Kapha têm uma pulsação do tipo cisne, que é ampla e flutuante. Movimentam-se
como um cisne – lentamente, elegantemente, demorando o tempo necessário numa forma
ondulante. A sua energia é como um rio lento e sinuoso, que demora o seu tempo durante o
percurso, assegurando a chegada ao seu objectivo primordial. No entanto, quando o Kapha
acumula, o seu movimento assemelha-se a água passando por zonas pantanosas, com resistência e
levando à estagnação. A sua energia interna e pensamentos têm os mesmos movimentos aquosos
e possível inércia.
Cada tipo dóshico tem a sua própria estrutura e energética de vida, que se extende à prática de
asana. A prática de asana deve ter em conta o dosha do indivíduo, de modo a ser realmente
eficiente.
A energia Vata é impulsiva e errática, como o vento que sopra forte mas que não dura muito
tempo; no entanto, se oposta, irá fugir ou partir-se. O Vata deve ser restringido gentilmente,
suportado e estabilizado. Deve ser harmonizado e dado continuidade de forma consistente e
determinada.
A energia Pitta é focada e penetrante, e pode cortar e causar danos. Deve ser gentilmente
relaxada e difundida. É como um foco de luz que magoa a vista e abrange um campo de
iluminação pequeno mas, quando expandido, pode ser uma verdadeira força de iluminação.
A energia Kapha é resistente e complacente. Deve ser movida e estimulada aos poucos, como o
gelo que deve ser derretido lentamente até poder fluir suavemente. Devemos energisar e
estimular o tipo Kapha de forma consistente.
No entanto, o facto de um asana poder não ser bom para um tipo dóshico em particular não
significa que ele nunca o deva realizar. Significa que ele deve praticar o asana numa maneira que
proteja contra quaisquer potenciais faltas de balanço. Por exemplo, as inclinações para trás, se
realizadas com a toda a extensão com força ou muito rapidamente, podem causar uma
agravamento severo do Vata, com danos graves para o sistema nervosa possivelmente superiores
aos de qualquer outro asana. No entanto, inclinações para trás parciais e suaves são óptimas para
reduzir o Vata que se acumula na região superior das costas e ombros.
Cada grupo de asanas, tal como as posições em pé, inclinações para a frente ou posições
invertidas, apresentam diversos benefícios para o corpo e o seu potencial movimento. Cada grupo
de asanas exercita certos músculos e órgãos que, sendo parte da nossa estrutura corporal total,
não devem ser neglicenciados. Para neutralizar algumas tendências para a falta de balanço, deve
escolher posições dentro de cada grupo de asanas sejam melhores para o seu tipo corporal do que
outras dentro do mesmo grupo. No geral, deve assegurar-se que todos os grupos musculares
principais no corpo são representados na sua prática de asanas pelo menos vários dias por semana.
Do mesmo modo, o facto de um asana ser bom para um dosha em particular não significa que
todas as pessoas desse tipo dóshico devam realizá-lo. Significa que esse asana pode ser bom para
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elas se for realizado de maneira correcta, e se elas
forem fisicamente capazes de o realizar. Cada
asana tem o seu grau de dificuldade, que pode
requerer certas posições de aquecimento ou
preparação para que possa ser realizado com
segurança. Por exemplo, a preparação
correcta para fazer o pino
cria a musculatura nos
braços e ombros necessária
para suster um balanço bom
e seguro. O facto de fazer o
pino poder ser bom para o
seu tipo dóshico não significa
que deva simplesmente realizar logo essa posição
ou realizá-la sem possíveis efeitos secundários.
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Analizar o tipo ayurvédico e faltas de balance do indivíduo;
Analizar a condição estrutural do indivíduo, incluindo a sua postura, idade e condição física;
Analizar a sua condição prânica, o seu control da respiração e sentidos, e a sua vitalidade e
entusiasmo;
Analizar o estado de espirítod da pessoa, a sua atenção, vontade e motivação, tal como a sua
condição emocional.
O mesmo asana deve ser realizado de forma diferente consoante o indivíduo seja Vata, Pitta ou
Kapha. O mesmo asana deve ser realizado de forma diferente dependendo da idade, sexo e
condição física do indivíduo. Deve variar dependendo se o indivíduo possui muita ou pouca
vitalidade. Outras variações adicionais irão ocorrer se a pessoa se encontrar zangada, stressada ou
deprimida. Isto reflecte os quatro objectivos principais para a prática de asanas ayurvédica.
1. Balançar os doshas.
Um asana lento e suave, realizado de forma uniforme e balançada em ambos os lados do corpo, é
o exercício ideal para os indivíduos Vata. Os Vatas necessitam de praticar asanas porque estes
aliviam o Vata que facilmente se acumula nas costas e ossos. As doenças Vata começam por uma
acumulação de ar com sentido descendente (Apana Vayu) no cólon, que é transferido para os
ossos, onde causa problemas ósseos e articulares. O Vata beneficia da acção de massagem dos
asanas nos músculos e articulações, onde liberta a tensão nervosa e balança o sistema.
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- Potencial Positivo do Vata
Os indivíduos Vata gostam de movimento e exercício. Preferem ser activos e expressivos, tanto
física como mentalmente, e gostam de fazer coisas novas. O asana é algo que apreendem
facilmente e ao qual se acostumam como parte da sua natureza activa. É uma forma calmante de
se exercitarem.
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combater a sua tendência para a complacência e inércia. São bons a continuar uma prática por
longos períodos de tempo, uma vez que a tenham iniciado.
Enquando que a Ayurveda diz que os alimentos de certos sabores têm maior capacidade de
aumentar ou reduzir doshas específicos, diz também que necessitamos de algum grau de todos os
sabores. Do mesmo modo, também necessitamentos de todos os tipos principais de asanas a
algum nível. São o grau e extensão que variam consoante o tipo dóshico. Cada indivíduo requer
uma gama completa de exercícios que lidem com a gama de movimentos do seu corpo.
A sua prática geral de asana deve ser como uma refeição. Cada refeição deve conter algum grau de
todos os seis sabores (doce, ácido, salgado, picante, amargo e adstringente) e alguma quantidade
de todos os tipos de nutriente necessários ao organismo (amidos, açúcares, proteínas, lípidos,
vitaminas e minerais), mas de forma ajustada às necessidades da constituição de cada indivíduo.
Do mesmo modo, também a prática de asanas deve conter todos os tipos de asana necessários ao
exercício e relaxamento do corpo inteiro, ajustado aos factores constitucionais individuais. Deve
incluir posições sentadas, inclinadas e em pé, e movimentos expansivos, contractivos,
ascendentes e descendentes, mas numa maneira e sequência que nos mantenha balançados e
tenha em conta a nossa condição individual estrutural, energética e mental.
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Pontos-Chave para Praticar Asana para o seu Tipo:
Tipo Vata
Geral – Mantenha a sua energia firme, nivelada e consistente; modere e contenha o seu
entusiasmo.
Corpo – Mantenha o corpo calmo, centrado e relaxado; realize o asana lentamente, gentilmente e
sem uso abrupto ou desnecessário de força, evitando movimentos abruptos.
Tipo Pitta
Geral – Mantenha a sua energia refrescada, aberta e receptiva, como uma lua em quarto
Crescente.
Corpo – Mantenha o seu corpo refrescado e relaxado; realize os asanas de modo aberto, para
remover o calor e a tensão.
Prana – Mantenha a respiração refrescada, relaxada e difundida; expirar através da boca para
reduzir o calor conforme necessário.
Mente – Mantenha a mente receptiva, isolada e consciente, mas não de forma cortante ou crítica.
Tipo Kapha
Geral – Certifique-se que fez o aquecimento necessário, e depois realize o asana com força,
velocidade e determinação
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