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ISBN 0-8297-1702-1

Categoria: Bibliologia

Copyright ® 1986 by Abraão de Almeida


Copyright ® 1987 by Editora Vida

Todos os direitos reservados na língua portuguesa por


Editora Vida, Miami, Florida 33167 — E .U .A .

Capa: Hector Lozano


História.
Milagres
Profecias
da
Bíblia
ABRAÃO DC ALMEIDA

©
Editora Vida
índice

Prefácio ............................................................................................. 5

1. A Bíblia e sua h istó ria........................................................... 7

2. A Bíblia e seu p o d e r............................................................. 27

3. A Bíblia e suas doutrinas..................................................... 50

4. A Bíblia e as h eresias............................................................ 63

5. A Bíblia e sua mensagem ................................................... 82

6. A Bíblia e suas profedas ..................................................... 103


Prefácio

Este volume, produzido ao longo de mais de duas décadas


de pesquisas, destina-se tanto aos interessados em aprofundar
seus conhecimentos do Livro dos livros — a bendita Palavra de
Deus — como à evangelização, pois apresenta de maneira
simples o plano divino para redimir a humanidade caída. As
mensagens de um de seus capítulos são um amoroso convite ao
pecador para que receba Jesus Cristo como seu Salvador
pessoal.
Neste trabalho o leitor encontrará, primeiramente, os pontos
mais salientes da inspiradora história da Bíblia, desde os
primeiros manuscritos em argila, papiro ou peles de animais,
até as incríveis tiragens de milhões de exemplares em nossos
dias, que comprovam a inquestionável liderança absoluta da
Bíblia tanto em número de traduções como em circulação
mundial.
Três capítulos tratam da exposição clara de algumas das
principais doutrinas bíblicas, da sua mensagem sempre atual
para a Igreja e o mundo, e das principais heresias antigas e
modernas, confrontadas com as eternas verdades divinas.
No segundo capítulo deparamo-nos com o extraordinário
poder da Bíblia em transformar vidas arruinadas pelo pecado.
Todas as histórias são verídicas, tocantes e dramáticas, e
mostram como a gloriosa mensagem do evangelho, qual
penetrante luz celeste, alcança o recôndito tenebroso das
almas, regenerando-as e dando-lhes poder para viver uma
nova vida em Cristo, a única vida para a qual vale a pena viver!
O capítulo final, ao focalizar aquelas profecias bíblicas hoje
transformadas em fatos históricos, constitui um eloqüente
testemunho da infalibilidade das predições divinas. O leitor
verá como a palavra dos profetas acerca da Assíria, do Egito, de
Israel, ou de famosas cidades como Nínive, Tiro, Babilônia,
Sidom e Ascalom, tiveram nos últimos vinte e cinco séculos o
6 História, Milagres e Profecias da Bíblia
seu mais perfeito cumprimento. O mesmo capítulo analisa
ainda algumas das muitas predições de Jesus para os últimos
tempos, tomando esta obra, também, uma bpa introdução ao
estudo da escatologia bíblica — o apaixonante tema de alguns
de meus livros.
Ora, se Deus tem sido zeloso em cumprir tudo o que
prometeu, como tem feito até aqui, pode o prezado leitor estar
seguro de uma coisa: Ele continua velando sobre a sua Palavra
para a cumprir (Jeremias 1:12). Aleluia!
Abraão de Almeida
Bristol, Rhode Island, agosto de 1986
1
A Bíblia e
Sua História

Que é a Bíblia?
Pelo fato de conter as origens da criação, as alianças de Deus
com os homens, a história de Israel e da Igreja apostólica, as
profecias reveladoras do futuro, bem como por revelar o
insondável amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo como o
Salvador do mundo, a Bíblia Sagrada poderià ser definida com
uma só frase: Ela é a Palavra de Deus. Contudo, vale a pena
ouvir o que dela falaram algumas pessoas célebres, como
líderes religiosos, teólogos, pregadores, escritores, poetas,
músicos, políticos, cientistas, e até mesmo ateus.
"Q ue regra mais pura e santa, que caminho mais seguro para
o homem público, para o político, do que a verdade vinda do
céu, pregada e ensinada pela boca de um Deus e registrada no
livro do Evangelho? Leia-se, pois, medite-se o livro santo do
Evangelho!" (Cardeal Arcoverde).
"Suprima-se a Bíblia e logo ficará suprimida a sonora, a
elegante, a preciosa literatura portuguesa, ou despojada, pelo
menos, dos seus mais esplêndidos esmaltes e das suas maiores
e mais pomposas magnificêndas. . . Livro incomparável este,
que há trinta e três séculos o gênero humano começou a ler, e
lendo-o todos os dias e noites e horas, não tem podido ainda
conduir a sua leitura" (Padre Alves Mendes, de Portugal).
"Impressiona-nos, na contemplação do mundo atual, a
exatidão das Sagradas Escrituras. Nestes nossos tempos, com
predsão admirável, cumprem-se previsões do velho e bendito
livro. Páginas proféticas assumem o sabor de crônicas contem-
8 História, Milagres e Profecias da Bíblia
porâneas, em que fatos e feitos, na história e através dos
homens, proclamam a veracidade da eterna palavra, que não
falhou nem falhará. Por isso é tempo de voltar à Palavra de
Deus. E é isso que a humanidade está fazendo, depois de
tantas fugas. Depois de procurar tantos caminhos, onde a
frustração lhes foi fatal, os homens retomam ao caminho, ao
único e verdadeiro caminho. E, nesse caminho, em sentido de
libertação e esperança, brilha a palavra, que é luz e lâmpada de
Deus" (Ivan E. Ávila, da Academia Evangélica de Letras do
Brasil).
"Depois de ter pregado o Evangelho por quarenta anos, e ter
impresso os sermões que preguei semanalmente durante trinta
e seis anos, tendo estes alcançado o número de 22 mil, creio
que devo ter direito a dizer algo sobre a riqueza e a plenitude da
Bíblia como o livro do pregador. Irmãos, ela é inesgotável. Não
haverá perigo de ficarmos secos se nos apegarmos ao texto
deste volume sagrado. Não haverá dificuldade em arranjar
assuntos totalmente distintos dos já usados; a variedade é tão
infinita como a sua plenitude. Uma longa vida mal dá para
ladear as margens deste continente de luz. Nos quarenta anos
do meu ministério tenho podido apenas tocar a orla das vestes
da verdade divina; mas que virtude já fluiu dela! A Palavra é
como o seu Autor — infinita, imensurável, eterna. Se fosses
ordenado ao ministério por toda a eternidade, terias na mão
tema suficiente para as exigências eternas" (Charles Spurgeon).
"Apegai-vos solidariamente à Bíblia, como a âncora das
vossas liberdades; gravai os seus preceitos nos vossos corações
e ponde-os em prática nas vossas vidas. A esse livro devemos
os progressos que temos feito em nossa civilização, e para ele
devemos olhar como o guia da nossa vida futura" (General
Ulysses Grant, presidente dos Estados Unidos).
Outro presidente dessa nação, Theodoro Roosevelt, expediu
da Casa Branca a seguinte mensagem durante a Segunda
Guerra Mundial: "Como comandante-chefe, tenho o prazer de
recomendar a leitura da Bíblia a todos os que servem nas forças
armadas dos Estados Unidos. Através dos séculos, homens de
muitos credos e de origens diversas têm encontrado no Livro
Sagrado palavras de sabedoria, conselho e inspiração. É uma
fonte de fortaleza, e agora como sempre, um auxílio poderoso
na conquista das mais altas aspirações da alma humana".
A Bíblia e Sua História 9
Tobias Barreto, pensador e escritor brasileiro, escreveu: "A
Bíblia é um modelo de tudo quanto é belo e bom e, se outras
razões não determinassem a sua leitura, bastaria o gosto, o
simples instinto literário, para levar-nos a folhear suas páginas
eternas".
"Não compreendo que se tenham posto milhares de obstácu­
los à propagação da Bíblia, pois ela é a revelação mais pura que
de Deus existe na sociedade, na natureza, na história" (Emílio
Castelar, escritor espanhol).
"Progrida quanto quiser, desenvolvam-se ao máximo os
ramos da pesquisa. Nada tomará o lugar da Bíblia" (Johann
Von Goethe).
"Espero e confio em que os meus súditos nunca deixarão de
cultivar a sua nobre herança na Bíblia inglesa, a qual, num
aspecto secular, é o primeiro dos tesouros, enquanto que na
sua significação espiritual é o objeto mais valioso que o mundo
nos outorga" (Jorge V, rei da Inglaterra).
O escritor ateu, H. L. Mencken assim se exprime sobre o
valor real da Bíblia: "É a Bíblia, inquestionavelmente, o mais
lindo livro do mundo. Não há literatura, quer antiga quer
moderna, que se lhe compare".
Concluo esta série de testemunhos citando Thomas Henry
Huxley, famoso cientista inglês: "A Bíblia tem sido a Carta
Magna dos pobres e dos oprimidos: até aos tempos modernos
nenhum país tem tido uma constituição em que os interesses
dos povos sejam tão largamente considerados".
A Bíblia fala por si mesma
Em toda a Bíblia afirma-se duas mil e oito vezes que Deus é
seu Autor. No Novo Testamento, essa autoria divina é reclama­
da 225 vezes, cerca de 50 vezes pelo próprio Senhor Jesus.
Como Palavra de Deus, a Bíblia exerce poderosa e benéfica
influência onde quer que é difundida. "Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de
dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito,
juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e
propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta
na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descober­
tas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar
contas" (Hebreus 4:12-13).
10 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Deus mesmo afirma: "Assim será a palavra que sair da minha
boca; não voltará para mim vazia" (Isaías 55:11), e o apóstolo
Paulo fala do evangelho como o "poder -de Deus" e da
transformação gerada por este mesmo evangelho na vida do
que o aceita: "E nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis
que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17).
A Bíblia apresenta-se a si mesma como alimento (Amós 8:11),
como fogo (Jeremias 23:29), como luz (Salmo 119:105), como
leite (1 Pedro 2:2), como mel (Salmo 19:10), como ouro (Salmo
19:10), como espelho (Tiago 1:23-25), como martelo que esmiú-
ça a penha (Jeremias 23:29), como espada (Efésios 6:17) e como
semente (1 Pedro 1:23).
Como nos veio a Bíblia?
A palavra "bíblia", como plural de "biblion", que no grego
significa "livro", sugere a idéia de livros, ou biblioteca. São
Jerônimo usou a apropriada expressão "biblioteca divina" para
as Sagradas Escrituras. A Bíblia, em realidade, compõe-se de
uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo e 27 no Novo
Testamento.
Para redigir a sua Palavra, Deus inspirou mais de 40 autores,
dentre eles os estadistas José e Daniel, o legislador Moisés, o
poeta Davi, o sábio Salomão, os profetas Isaías e Jeremias, o
médico Lucas, o filósofo Paulo, o cobrador de impostos Mateus
e os pescadores Pedro, Tiago e João. Estes e muitos outros
gastaram dezesseis séculos na redação da Bíblia, começando
por volta de 1500 antes de Cristo e terminando no final do
primeiro século da nossa era. Mas, apesar das épocas, lugares e
estilos diferentes em que os livros da Bíblia foram escritos,
nenhum deles foge ao vínculo que a todos unifica: a pessoa do
Messias, o Salvador do mundo.
A Bíblia divide-se em duas grandes partes: Antigo e Novo
Testamento. O primeiro foi escrito originalmente na língua
hebraica, com as seguintes passagens em aramaico: Daniel 2:4;
7:28; Esdras 4:8-16, 18; 7:12-26, e se completou cerca de 434
antes de Cristo. O Novo Testamento foi escrito no grego
popular, o koinê, contendo também algumas frases em aramai­
co. Teve o seu surgimento entre os anos 53 e 96 d. C. Portanto,
entre o último livro do Antigo Testamento e o primeiro do
Novo há um lastro de quase quinhentos anos, no qual se insere
A Bíblia e Sua História 11
o período interbíblico, em que se escreveram os principais
livros apócrifos, ou seja, não inspirados por Deus.
Segundo alguns eruditos, foram os escribas Esdras e Nee-
mias que agruparam os livros do Antigo Testamento, por volta
de 480 a.C., na grande reforma religiosa daquela época, pois
até então os livros sagrados dos judeus permaneciam separa­
dos uns dos outros. É importante salientar que esses livros
agrupados receberam o nome de Texto Massorético (a Massora —
corpo de tradições), o único reconhecido pelos judeus como
verdadeiro e digno de toda confiança. Nesse texto, ou nas
cópias dele, baseiam-se as bíblias modernas, principalmente as
editadas pelas sociedades bíblicas evangélicas.
Não havendo imprensa de qualquer espécie no período de
sua escritura, todos os livros bíblicos foram redigidos à mão e
divulgados por meio de cópias manuais. Os copiadores,
chamados escribas, copistas ou massoretas, tinham tal respeito
pelo texto sagrado e tão grande cuidado em não alterá-lo que,
antes de iniciarem a copiação de qualquer parte da Bíblia,
contavam o número de palavras e letras nela contidas. Dessa
forma, esses homens sabiam o número exato das palavras e
letras de cada um dos trinta e nove livros do Antigo Testamen­
to. Sabiam também quantas vezes ocorria cada letra. Os
copistas não admitiam rasuras de espécie alguma. Se, depois
de pronta uma cópia, fosse constatada nela algum erro, mesmo
o mais simples, tal cópia era totalmente destruída.
Apesar das épocas remotas em que foram copiados os livros
bíblicos, a arte da escrita já havia alcançado significativo
progresso, principalmente quanto à qualidade da tinta: uma
mistura de carvão com um líquido desconhecido, capaz de as
conservar maravilhosamente durante muitos séculos.
O tipo de caneta usado pelos escribas dependia do material
em que deveriam escrever. Se esse material era o pergaminho,
usavam então uma cana cortada ou uma pena de ave. No caso
de se escrever em cera, utilizavam um estilete metálico.
Antes da imprensa, o preço de um manuscrito da Bíblia era
enorme, levando-se em conta o penoso trabalho dos copistas, o
longo tempo gasto nessas escrituras e o elevado custo do
material necessário: cerca de duzentos couros de cordeiros.
Usavam-se também, secundariamente, outros tipos de "pa­
pel": o papiro, derivado de uma planta do mesmo nome, e o
12 História, Milagres e Profecias da Bíblia
ostrakon, pedaços de vasilhas de barro e tabuinhas enceradas,
além de vários outros materiais.
As primeiras traduções
Como conseqüência dos setenta anos de cativeiro na Babilô­
nia e em virtude da forte influência do aramaico, a língua
hebraica se enfraqueceu. Todavia, fiéis à tradição de preservar
os oráculos em sua própria língua, os judeus não permitiam
ainda fossem esses livros sagrados vertidos para outro idioma.
Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e
ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal.
Com o estabelecimento do império de Alexandre o Grande, a
partir de 331 a.C ., o grego popularizou-se ao ponto de se tomar
imprescindível uma tradução da Sagrada Escritura para essa
língua.
Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por
setenta e dois sábios judeus (daí o seu nome "Septuaginta"), na
cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de
Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Ter­
minada trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o
começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo
para o advento de Cristo, deveria tomar conhecida de todos os
povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era essa versão
conhecida de todos os crentes.
Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente,
foram bem traduzidos na "Septuaginta", razão pela qual
Orígenes, por volta de 228 d .C ., compôs a Hexapla, ou versão
de seis colunas, contendo a versão grega dos LXX e as três»
traduções gregas do Antigo Testamento efetuadas por Áquila
do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, traduções
estas realizadas, respectivamente, em 130, 160 e 218 d.C. Além
destas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e
o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra, constituída de
cinqüenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarra-
cenos saquearam Cesaréia em 653 d.C.
Em 382 d .C ., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de
traduzir da Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o
Novo Testamento, o que ele fez em três anos e meio. Mais
tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em Roma e
percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de
A Bíblia e Sua História 13
Jerônimo. Este, perseguido e humilhado, se dirige a Belém, na
Terra Santa, e ali estuda e trabalha durante trinta e quatro anos
na tradução de toda a Bíblia para a língua jatina. Jerônimo
escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários bíblicos,
um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da igreja
primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo
ficou conhecida por "Vulgata" (vulgar), sendo hoje usada pela
Igreja Católica Romana como a autêntica versão das Escrituras
em latim, apesar de muitos eruditos a acharem pobre e até
conter falhas graves.
Códices e manuscritos bíblicos
A partir do quarto século depois de Cristo, os livros cristãos
passaram a ser escritos em codex, palavra derivada de caudex,
que era uma tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com
um estilete metálico (stylus). Reunidos por um cordão que
passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda,
os códices ficavam em forma de livro, portanto bem mais
práticos de serem manuseados que os antigos rolos. Os mais
importantes códices bíblicos são:
Sinaiticus, produzido cerca de 325 d.C ., contém todo o
Antigo Testamento grego, além das epístolas de Bamabé e
parte do Pastor de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão
Constantino Tischendorf, em 1844, no mosteiro de Santa
Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129
páginas do manuscrito numa cesta de papel, para serem
lançadas ao fogo. Percebendo o seu enorme valor, levou-as
para a Europa. Em 1859 voltou ao mosteiro e encontrou as
páginas restantes. Doada pelo seu descobridor a Alexandre II,
da Rússia, essa preciosidade foi posteriormente comprada pela
Inglaterra pela vultosa quantia de cem mil libras esterlinas. Está
no Museu Britânico desde 1933.
Alexandrino, de meados do quarto século d.C ., contém o
Antigo Testamento grego e quase todo o Novo, com omissões
de 24 capítulos de Mateus, cerca de quatro de João e oito da
Segunda Carta aos Coríntios. Contém ainda a Primeira Epístola
de Clemente de Roma e parte da Segunda. Está no Museu
Britânico.
Outros famosos códices bíblicos são: o Vaticano, do quarto
século d .C ., contém o Antigo e o Novo Testamento com
14 História, Milagres e Profecias da Bíblia
omissões. Está na Biblioteca do Vaticano. O Efraemi, produzido
por volta de 450 d .C ., acha-se na Biblioteca Nacional de Paris.
O Baza, encontrado por Teodoro Baza no mpsteiro de Santo
Irineu, na França, em 1581, está vinculado ao quinto século
d.C. e encontra-se atualmente na Biblioteca de Cambridge,
Inglaterra. O códice Washington, produzido nos séculos quarto
e quinto d .C ., acha-se no museu Freer, na capital dos Estados
Unidos.
Há, ainda, vários outros códices de menor importância,
expostos em museus e bibliotecas de várias partes do mundo.
Somente de livros do Novo Testamento, completos ou em
fragmentos, conhecem-se hoje 156.
Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e o
mais importante de todos foi encontrado casualmente em 1947
por um beduíno, numa bem dissimulada gruta nas proximida­
des de Jericó, junto ao mar Morto. Examinado pelo professor
Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se
pertencer ao terceiro século antes de Cristo. Contém o livro
completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de
outras importantes informações sobre a época em que foi
escondido. E mais conhecido como Rolo do Mar Morto.
Traduções renascentistas
Na segunda metade do século XIV, o valoroso inglês John
Wicliffe reúne as palavras-chave dos duzentos dialetos falados
em sua pátria e faz deles uma língua, para a qual traduz quase
todas as Escrituras Sagradas, partindo-se da Vulgata Latina. Ao
morrer, em 1384, sua grande obra foi continuada por John
Purvey e concluída em 1388. As cópias dessa Bíblia foram
objeto de grandes queimas públicas nos anos de 1410 e 1413,
mas, pelo menos 170 delas ainda existem hoje.
Na Alemanha, entre os anos 1521 e 1522, o reformador
Martinho Lutero traduz o Novo Testamento do grego para o
alemão popular, iniciando em seguida a tradução de todo o
Antigo Testamento diretamente do hebraico, terminando-o
onze anos mais tarde, em 1534. Essa Bíblia de Lutero teve uma
aceitação impressionante, pois apesar de ser inicialmente
vendida a trezentos dólares o exemplar, os editores se apressa­
ram a publicar novas edições. Aos poucos foi o seu preço se
reduzindo até que as pessoas mais pobres pudessem adquiri-la.
A Bíblia e S m História 15
O inglês William Tyndale, contemporâneo de Lutero, em­
preendeu a grande tarefa de colocar a Bíblia na mão de seu
povo. Para tanto, deixa a Inglaterra em 1524 e vai à Alemanha,
uma vez que em sua pátria essa empreitada seria impossível.
Ao cabo de um exaustivo ano de trabalho, Tyndale publica o
Novo Testamento inglês, baseado nos dialetos que Wicliffe
reunira. Em 1526, cerca de seis mil cópias da poderosa Palavra
de Deus foram distribuídas secretamente em toda a Inglaterra.
Os inimigos da Bíblia, ao tomarem conhecimento dos fatos,
moveram contra ela intensa perseguição, culminando com um
grande espetáculo público no lugar denominado Cruz de
Paulo, onde empilharam cento e cinqüenta cestos de Novos
Testamentos e obrigaram os crentes a atearem o fogo. Foi uma
queima tão grande que o povo, curioso, estava agora disposto a
pagar qualquer preço pelo livro proibido. Assim, as impresso­
ras alemãs tiraram novas edições, que entraram na Inglaterra
enriquecendo gananciosos comerciantes e espalhando a luz do
evangelho nos redutos da tenebrosa idolatria.
Todavia, novos sofrimentos aguardavam ainda o povo de
Deus. O bispo Tunstall e o cardeal Wolsey, líderes da oposição
à Bíblia, "prenderam dezenas de pessoas, queimaram vivos
todos os condenados à morte e enviaram agentes à Alemanha
para prenderem Tyndale e o levarem vivo à Inglaterra. Este,
percebendo o perigo que corria, refugiou-se em casa de Filipe,
o Magnânimo, amigo da Reforma, e ali começou a estudar o
hebraico e a traduzir o Antigo Testamento para o inglês.
Infelizmente, só conseguiu traduzir até Crônicas, pois uma
terrível perseguição aos protestantes varria a Europa naquela
época. Tyndale foi preso e, quatorze meses mais tarde, no dia 6
de outubro de 1536, estrangulado publicamente'. Em seguida
queimaram o seu corpo" (Almeida, A ., A Reforma Protestante,
CPAD, Rio, 1983, p. 110).
Entretanto, durante o tempo em que esse valoroso homem
de Deus esteve preso, o reino inglês passou por profundas
transformações religiosas. Tunstall foi executado na Torre de
Londres como traidor, e uma nova versão inglesa da Bíblia,
feita por Miles Coverdale, foi distribuída gratuitamente ao
povo. A Bíblia vencia, enfim, mais uma batalha.
Henrique III, ao abolir a autoridade papal, acabou promo­
vendo uma reforma religiosa em seu país. Porém, tal reforma
16 História, Milagres e Profecias da Bíblia
não agradou a todos, mesmo porque a nova religião ainda
continuava com muitas práticas romanistas. Os que se confor­
maram com a situação religiosa vieram a se chamar anglicanos;
os que queriam uma reforma mais profunda1, nos moldes da
luterana, foram chamados de puritanos. Em 1603, o rei Tiago I,
tão logo subiu ao trono inglês, convocou alguns dos mais
eminentes anglicanos e puritanos para discutirem coisas erra­
das dentro da igreja. Havia muita contenda entre os dois lados,
pois enquanto um usava a Bíblia do Bispo, o outro usava a de
Genebra, ou calvinista. Cada partido religioso procurava de­
predar a Bíblia do outro. O rei Tiago indicou então uma
comissão de cinqüenta e quatro eruditos dentre os dois grupos
religiosos, a fim de preparar uma revisão perfeita e completa da
Bíblia, que seria ofidal da Igreja da Inglaterra. A comissão, que
mais tarde se reduziu a quarenta e sete sábios, em vez de
revisar, preparou uma tradução direta das Escrituras Hebraicas
e Gregas, trazendo à luz a famosa versão hoje conhecida por
Versão do Rei Tiago, publicada em 1611. É ela um monumento
de beleza literária que tem influendado profundamente todos
os povos de língua inglesa.
Traduções modernas e contemporâneas
Desde o inído do século XVI — graças à Renascença, à
invenção da imprensa em 1439 por Johann Gutenberg e
prindpalmente ao movimento reformista chamado protestan­
te — a Bíblia tem falado cada vez em maior número de países,
em virtude do inestimável trabalho dos missionários-tradu-
tores. Vejamos alguns desses casos:
John Eliot, após vinte e sete anos de exaustivo trabalho,
publicava, em 1661, o Novo Testamento na língua dos índios
massachusetts, tribo dos Estados Unidos, hoje extinta.
Por volta de 1810, os missionários William Carey, William
Ward e Josué Marshman já haviam traduzido a Bíblia toda para
o bengali e o Novo Testamento para o sânscrito, o criiá, o
marata, o hindustani, o guzerate, o lalmiga e o canarês.
Em 1815, a Sociedade Bíblica Russa, de São Petersburgo,
publicava o Novo Testamento em persa, e no ano seguinte a
Sodedade Bíblica Britânica e Estrangeira publicava o mesmo
livro em árabe, frutos do trabalho do denodado missionário
Henry Martyn.
A Bíblia e S m História 17
O missionário Robert Morrison, em 1819, publicava a Bíblia
completa em wenli puro, língua literária da China antiga.
Nessa monumental obra Morrison foi ajudado pelo missionário
William Milne, que traduziu dez livros do Antigo Testamento.
Por volta de 1830, Karl Friedrich Gutzlaff já havia traduzido
os livros de Gênesis e Mateus para o japonês e o Novo
Testamento completo para o siamês.
Samuel Isaac Joseph Schereschewxky, em 1873, terminava a
tradução da Bíblia completa para o mandarim, língua falada na
China. Na tradução do Novo Testamento, Schereschewxky
contou com a ajuda de sete missionários. Mais tarde, já
paralítico, o irmão Scherry (como lhe chamavam), revisou sua
Bíblia em mandarim e ainda conseguiu traduzir toda a Palavra
de Deus para o wenli popular, língua falada por um quarto dos
habitantes da terra naquela época.
No ano de 1839, após 9 anos de intenso trabalho e estudo, os
missionários Hiram Bingham e Thurstom publicavam a Bíblia
completa na língua havaiana. Cerca de cinqüenta anos mais
tarde, o filho de Hiram Bingham, do mesmo nome, traduziu
para a língua gilbertence o Evangelho de Mateus. Foram
necessários quarenta anos de sofrimento sem conta e estudos
constantes para que essa tradução se tomasse realidade. Com
seus pais e Thurstom, Bingham compilou as palavras, criou o
alfabeto, preparou um dicionário e uma gramática para uma
língua não escrita.
Adoniram Judson, missionário norte-americano à Birmânia,
após 22 anos de trabalho sob constante perseguição, publicou
sua Bíblia birmaniana em 1835.
Os missionários Thomas S. Williamson, Gideon H. Pond e
Stephen R. Riggs trabalharam durante quarenta anos na
tradução da Bíblia para a língua dos índios Dakota, tribo norte*
-americana, hoje extinta. Publicaram-na em 1880.
Em língua portuguesa temos a tradução de João Ferreira de
Almeida, ministro protestante da Igreja Reformada Holandesa,
traduzida diretamente dos originais hebraicos e gregos. Almei­
da teria feito sua tradução em Java, Oceania, em fins do século
XVn. Essa Bíblia foi revisada e publicada em 1819. Outras
versões em português: a do padre Antônio Pereira de Figueire­
do, publicada em 1821, a do padre Mattos Soares e a Tradução
Brasileira, publicadas no início deste século.
18 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Em inglês podemos citar, além da célebre Versão do Rei
Tiago, a "American Standard Version" e a "Revised Standard
Version", editadas respectivamente em 190^ e 1952.
Uma obra de grande valor literário, que merece ser aqui
citada, é a Bíblia em esperanto, tradução da Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira. Por ser o esperanto uma língua
internacional, moderna, precisa e flexível, a Palavra de Deus
nessa língua tem sido lida por milhares de pessoas, com muito
proveito para a causa do evangelho.
Sociedades bíblicas
Em se tratando do importante papel que as sociedades
bíblicas vêm desempenhando na evangelização dos povos,
seriamos injustos com nossos leitores se nos esquecêssemos de
alguém que muito contribuiu para a formação dessas abençoa­
das sociedades: a menina Mary Jones.
Filha de modestos operários, Mary teve como berço natal a
aldeia de Bala, País de Gales, Inglaterra, pacato vilarejo que
nem escolas possuía. Sem esperança de poder um dia ler a
Palavra de Deus por falta de instrução, Mary foi surpreendida
por uma iniciativa do governo, que resolveu criar uma escola
naquela localidade. Com muita alegria ela se matriculou e
aprendeu a ler rapidamente.
— Se eu tivesse um exemplar da Palavra de Deus poderia lê-
-lo diariamente e instruir-me — disse Mary muitas vezes. Mas
as Bíblias, naquele tempo, além de raras eram caríssimas.
Todavia, Deus está sempre pronto a atender àqueles que
amam a sua Palavra. Uma senhora ouviu falar da menina que
tanto desejava ler a Bíblia, e como possuísse uma, colocou-a à
disposição de Mary. Esta, cheia de contentamento, ia todos os
dias, após a escola, à casa da bondosa senhora a fim de ler o
Santo Livro. A leitura impressionou-a de tal forma que julgava
não poder mais passar sem a Palavra de Deus.
— Se eu tivesse uma Bíblia que fosse só minha, como a
estimaria! — dizia ela consigo mesma.
Depois de muito pensar, Mary resolveu economizar tudo o
que ganhava para comprar uma Bíblia. Ao fim de seis longos
anos, abriu o cofre e viu que já possuía dinheiro suficiente
para adquirir uma. O bteve permissão e se dirigiu à cidade,
distante vinte e cinco quilômetros, mas quando chegou à
A Bíblia e Sua História 19
única casa que as vendia, ouviu a triste notícia:
— As duas únicas que tenho já estão vendidas; não as posso
ceder.
Um soluço ressoou pela sala. Mary Jones chorava sentida-
mente. Economizara durante seis anos, privando-se de brin­
quedos que outras crianças usavam, e, após tão longa caminha­
da, não conseguira o que tanto desejava!
O comerciante, entretanto, ficou de tal maneira comovido
que resolveu vender uma Bíblia à menina, embora deixasse de
atender a outro cliente.
Mary enxugou as lágrimas, entregou as moedas e recebeu o
Livro que tanto amava, abraçando-o fortemente e sorrindo de
alegria.
O poder de vontade da pequena Mary e seu profundo amor à
Palavra de Deus foi uma bênção para todos os crentes.
Sensibilizados, alguns líderes evangélicos resolveram organizar
uma sociedade que se dedicasse à edição e distribuição da
Sagrada Escritura em todo o mundo, nascendo assim, em 1804,
a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Através de suas
milhares de agências e instituições afiliadas, essa célebre
entidade distribuiu, desde a sua fundação até 1984, perto de
um bilhão de exemplares da Palavra de Deus, em quase mil
línguas.
Imitando a feliz iniciativa dos pioneiros ingleses, evangélicos
da América do Norte fundaram em 1816 a sua Sociedade Bíblica
Americana, organização que vem ocupando os primeiros
lugares na circulação da Palavra de Deus, tendo já distribuído
mais de um bilhão de exemplares da Bíblia em mais de 1.100
línguas e dialetos.
Além destas, duas centenas de entidades similares estão
empenhadas na grande obra de semear a Palavra de Deus em
toda a terra, e essa gloriosa semeadura está assumindo em nossos
dias proporções gigantescas: centenas de milhões de Escrituras
completas ou em parte estão sendo distribuídas anualmente,
especialmente nos países islâmicos e comunistas, entre estes
últimos o Vietnã e a China. Desse grande esforço, que objetiva
colocar a Palavra de Deus em todos os lares do mundo, participa
ativamente a Sociedade Bíblica do Brasil, fundada em 1948, que
distribui, no Brasil e em outros países de língua portuguesa,
dezenas de milhões de Escrituras, no todo ou em parte.
20 História, Milagres e Profecias da Bíblia

A Bíblia lidera traduções


Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO), a Bíblia tem superado largamen­
te, em traduções, as obras de Lenin, Marx, Júlio Veme, Pablo
Neruda e todos os outros escritores de renome. No Catálogo
dessa entidade, intitulado "Index Translationum", a UNESCO
chegou à conclusão de que "a s leituras da infância alimentam o
espírito dos adultos", destacando que, como em outros tem­
pos, curiosamente as crianças continuam amando os contos de
fadas do alemão Guilherme Grimm (1786-1859) e do dinamar­
quês Christian Anderson (1805-1875).
A Bíblia, entretanto, cuja primeira tradução completa remon­
ta ao século IV d .C ., vem mantendo a liderança em todo o
mundo. Disponível hoje em cerca de duas mil línguas e
dialetos, continua ela sendo o livro mais traduzido. Isso é
deveras surpreendente, quando sabemos tratar-se de um dos
mais antigos livros que se conhecem! Moisés escreveu o
Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) cerca de setecentos anos
antes de Homero escrever a "Díada" e a "Odisséia". Davi
escreveu seus Salmos pelo menos seiscentos anos antes do
nascimento de Heródoto. Trezentos anos antes de Tales de
Mileto começar a ensinar Matemática, Astronomia e Filosofia, o
sábio Salomão já havia escrito "Provérbios", "Eclesiastes" e
"Cantares".
Partindo-se da premissa de que 950 em cada mil livros ficam
no esquecimento depois de apenas sete anos, a Palavra de
Deus surpreende pela sua incomparável aceitação. Decidida­
mente, a Bíblia Sagrada não pode ser comparada às demais
obras, quer religiosas quer clássicas. A cada ano, cerca de 500
milhões de exemplares são distribuídos em todas as nações.
Mas a Bíblia, para vencer, jamais contou com o auxílio da
maioria. Nações inteiras, religiosos fanáticos e pensadores
céticos se têm levantado ardorosamente contra ela, numa
satânica tentativa de fazê-la desaparecer da face da terra.
Voltaire, por exemplo, depois de intensa campanha, declarou:
"Dentro de cem anos o Cristianismo deixará de existir."
Entretanto, as impressoras de Voltaire, cem anos depois, foram
usadas para imprimir a Bíblia que ele com tanto afinco tentou
destruir, e a casa em que ele morava, na cidade de Genebra,
A Bíblia e Sm História 21
serve hoje como depósito de uma sociedade bíblica. Thomas
Paine, outro ferrenho inimigo da Bíblia, declarou aos quatro
ventos que a demoliria. Pobre homem! Paine morreu em
desespero e a Palavra de Deus continua a viver e a dar vida
abundante a milhões de criaturas em todo o mundo.
As traduções do Livro de Deus, que abrangem as línguas de
cerca de noventa e sete por cento da população do mundo,
lançaram em todos os continentes as bases de uma nova
sociedade, livre e cristã, e abriram a porta da educação e do
progresso a povos outrora mergulhados nas densas trevas do
paganismo.
Analisando a situação mundial à luz da Bíblia, percebe-se
que os ensinos desta, se adotados pelas nações, resolveriam os
seus problemas. Provérbios 22:6 ordena os pais a que instruam
os filhos no caminho reto. Romanos 13:67 ensina os industriais
e comerciantes a pagarem devidamente as taxas impostas pela
lei. 1 Timóteo 6:1 ordena que os empregados trabalhem hones­
tamente. Romanos 13:1-5 ordena ao povo em geral que ore
pelos governantes e obedeça às autoridades. 1 Timóteo 2:1-3
ensina que todos devemos colaborar com o Governo, orando
por ele, para que Deus lhe dê uma administração sábia e
segura. Tanto este texto como o de Romanos 13:1-5 partem do
princípio de que as autoridades, como ministros de Deus,
devem ser justas, que castigam os maus e louvam os bons.
Estas passagens, se postas em prática, não modificariam a
situação do mundo?
Outra razão que toma a Bíblia o mais precioso livro do
mundo é a sua atualidade. Embora escrita há milênios, sua
mensagem é hoje mais atual "do que o jornal que vai circular
amanhã", usando as palavras do evangelista Billy Graham. As
outras obras, mesmo as mais famosas, perdem a atualidade
porque se prendem à vida presente. A Bíblia, no entanto, trata
tanto desta como da outra vida, abrangendo o presente e o
futuro. Que o Senhor nos ajude a amar, obedecer e anunciar a
mensagem de Deus ao mundo, pois é através dela que o
pecador aceita pela fé o Salvador Jesus em seu coração e passa a
viver em novidade de vida.
As novas versões
A venda de um exemplar da Bíblia de Gutenberg, dos mais
22 História, Milagres e Profecias da Bíblia
raros do mundo, foi feita em 1978 pelo negociante de livros,
Hans P. Kraus, de Nova York, ao Museu Gutenberg, em
Mains, Alemanha Ocidental, por um milhão^e oitocentos mil
dólares. Em 1970, outra Bíblia, também impressa há mais de
500 anos pelo inventor da imprensa, foi adquirida por Kraus
Arthur A. Hourhton Jr., presidente da Steuben Glass e ex-
-presidente do "Metropolitan Museum of A rt", exatamente
pelo mesmo preço.
A descoberta da imprensa contribuiu de maneira impressio­
nante para a divulgação da Palavra de Deus em todo o mundo.
O inventor da tipografia — que fez uma tiragem de 200
exemplares da Bíblia — certamente não poderia supor que
aquele livro alcançasse mais de dois bilhões de exemplares
vendidos nos cinco séculos seguintes. De acordo com os
colecionadores de livros antigos, existem apenas 48 exemplares
da Bíblia de Gutenberg, 47 deles em poder de instituições e
apenas um em mãos de particulares. Embora quase todos
incompletos, o seu valor é imenso, como raro documento
histórico.
Segundo uma agência londrina de notícias, a Bíblia está
encontrando uma multidão de novos compradores e de novos
leitores. O sucesso de venda decorre de uma nova tradução
publicada em Londres, em 1979. Trata-se da "Versão Interna­
cional", fruto do trabalho de 105 estudiosos, residentes em
vários países. Foram necessários dez anos para redigi-la e dois
milhões de dólares para produzi-la. Nos Estados Unidos, em
apenas nove meses depois de lançada, ela vendeu dois milhões
de exemplares.
A "Versão Internacional" é a oitava tradução em inglês desde
o final da Segunda Guerra Mundial. Um porta-voz da Socieda­
de Bíblica Britânica e Estrangeira afirmou: "A té agora estas oito
traduções venderam 100 milhões de exemplares da Bíblia". Os
seus editores não conseguem explicar a razão do incrível êxito
das novas traduções da Bíblia, uma vez que as pessoas parecem
cada vez mais indiferentes ao culto cristão, mas reconhecem
que tal paradoxo não deixa de ser uma boa novidade, e não
apenas para os comerciantes.
Dentre essas oito traduções, da que recebeu o título de "Boas
Notícias" foram vendidos sete milhões de exemplares em três
anos. A "Bíblia V iva", que é mais uma paráfrase, vendeu mais
A Bíblia e S m História 23
de 23 milhões de exemplares em oito anos. A "Nova Bíblia
Inglesa", editada em 1970, vendeu 10 milhões de exemplares
em dez anos.
Eduardo England, funcionário da editora da Nova Versão
Internacional vê a necessidade dessas muitas traduções da
Escritura Sagrada: "Acredito que se trata da mesma obra,
apresentada em níveis diferentes. É como ter roupas para
diversas ocasiões. A antiga Versão Autorizada do Rei Tiago,
remonta a 1611: é a Bíblia de luxo. A Bíblia 'Boas Notícias' é a
Bíblia tipo esportiva. A 'Bíblia Viva' é uma paráfrase, por assim
dizer, em pijamas. Quanto à nova Versão Internacional, é a
Bíblia em roupas de homens de negócios. É frugal, terra a terra,
em nada sensacional".
England cita, como exemplo, as diferentes formas assumidas
pelo primeiro versículo do Gênesis. As célebres palavras que
remontam a 1611 são: "N o princípio Deus criou o céu e a Terra;
e a Terra era sem forma e vazia. E havia escuridão sobre a face
das profundezas". A nova Versão Internacional diz: "No
princípio Deus criou os céus e a Terra. Ora, a Terra era informe
e vazia; e havia escuridão sobre a superfície das profundezas".
Também no mundo comunista
O periódico brasileiro, "Jornal do Comércio", edição de 23 de
outubro de 1979, publicou interessante matéria acerca da
colocação da Bíblia Sagrada no mundo comunista. O artigo diz
o seguinte:
"A guerra fria pode ter acabado, mas a guerra santa entre o
Ocidente e o bloco comunista continua. Entre as armas mais
poderosas usadas por algumas nações membros da Aliança
Atlântica para penetrar na cortina-de-ferro está a Bíblia. Calcu­
la-se que nada menos que quarenta diferentes organizações nos
Estados Unidos e na Europa estão engajadas em contrabandear
cópias das Sagradas Escrituras na Rússia e em outros países
comunistas.
"Este tráfico não é novo. Sabe-se que, pelo menos desde a
década de 60, viajantes, quando transitavam pela Europa
Oriental, carregavam exemplares da Bíblia e outra literatura
religiosa na bagagem de mão. Muitos turistas, desde velhas
senhoras de aspecto inocente até estudantes universitários,
sofriam de ataques de amnésia ao chegar em solo comunista.
24 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Aconteda-lhes então esquecer em hotéis, lavatórios públicos,
taxis ou ônibus, cópias que eram apanhadas pela população
daqueles países.
"Em 1972, um inglês, David Tathaway, foi sentendado a 10
meses de prisão na Tchecoslováquia por levar quantidades de
livros religiosos e Bíblias através da fronteira num ônibus de
turistas. Desde então, guardas de fronteira e inspetores de
alfândegas aprenderam como deter ou pelo menos desencora­
jar este comérdo. Isto compeliu os Trabalhadores de Deus ou os
Evangelistas Contrabandistas a adotar métodos mais sofisticados.
Eles agora estão invocando a ajuda dos elementos. Os russos,
em feriados à margem do mar Negro e do Báltico, colhem
pequenas sacolas de plástico flutuantes ao sabor das marés,
para acabar encontrando Bíblias em miniatura escritas em sua
própria língua. Cuidadosos estudos do vento e das correntes
oceânicas possibilitam aos contrabandistas enviar grandes
quantidades desta literatura subversiva, apesar da vigilânda
cada vez maior. Os que colhem os envelopes plásticos desco­
brem que, além da literatura evangélica, há uma pequena
recompensa em forma de goma de mascar. Até mesmo o não-
-crente comunista tomou-se hoje um pesquisador da verdade
cristã nas praias. Uma Bíblia em russo encontra logo um
mercado clandestino, enquanto a goma de mascar continua a
ser um raro petisco no outro lado da cortina-de-ferro. As
autoridades soviéticas estão furiosas com este assalto em suas
praias."
Certos homens, por sua arrogânda e ambição, não se detêm
diante das armas mais modernas e poderosas, mas recuam ante
o poder da Palavra de Deus. Hitler zombava das nações bem
armadas que se aliaram para combatê-lo, mas temia um homem
que não possuía outra arma senão a Bíblia. O nome dele era
Martinho Niemobler. A arma de Niemobler era tão poderosa
que estremeceu o homem que fez tremer o mundo.
A página que não foi escrita
Depois de havermos acompanhado as Sagradas Escrituras
em sua vitoriosa marcha no afã de falar a muitos povos, em
muitas terras e em muitas línguas, desejamos afirmar que a
página mais importante da história da Bíblia não está ao nosso
alcance, e, portanto, não a podemos transcrever aqui. Ela
A Bíblia e Sm História 25
pertence a Deus, pois só ele conhece o número dos que se
chegaram a ele guiados por sua Palavra escrita. Só Deus
conhece todas as circunstâncias em que as páginas eternas se
escreveram. Só ele acompanhou de perto sua Palavra, velando
para que ela cumprisse fielmente seus nobres objetivos e
criando condições para o cumprimento, no tempo oportuno, de
toda a palavra profética, pois ele vela sobre a sua Palavra para a
cumprir.
Contudo, mesmo que nos fosse revelada essa história secreta
da Bíblia, faltar-nos-ia competência para escrevê-la em toda a
sua beleza e profundidade. Limitar-nos-íamos a registrar que
muitos milhões de abnegados cristãos foram tachados de
hereges e martirizados por não abjurarem a fé no Livro de
Deus; que homens, mulheres e crianças piedosos viveram
errantes pelos desertos, escondidos nas montanhas e cavernas,
tudo sofrendo e tudo suportando para que esse livro bendito
sobrevivesse, trazendo a nós, hoje, sua divina mensagem de
paz e esperança. Falaríamos também da angústia e dos sofri­
mentos que os fiéis servos de Jesus suportaram nos obscuros
séculos medievais, quando os eclesiásticos, obstinados no
fanatismo sectário e declaradamente antibíblico, tudo fizeram
para bani-la da terra. Mas, por outro lado, falaríamos também
da paz que transbordava os corações crentes, do sincero louvor
e das ardentes orações, espontaneamente brotadas de suas
almas cheias de uma felicidade mais forte que os horrores de
uma perseguição implacável. Esses odiados "hereges" nada
possuíam nesta vida, e, no entanto, eram os amados de Deus,
possuidores de tudo: uma fé inabalável nas infalíveis promes­
sas do santo Livro de Deus.
Esse glorioso livro, leitor amigo, tão popular e tão acessível a
todos, traz-nos hoje as mesmas palavras que animaram e
confortaram nossos irmãos nos séculos idos, quando à força
eram lançados às feras ou brutalmente pendurados em estacas
a fim de serem queimados vivos pelo crime único de amarem a
Deus e permanecerem fiéis à sua Palavra.
Permita Deus que, ao compulsarmos o Santo Livro, possa­
mos recordar as sábias palavras de Dante Alighieri, o maior dos
literatos italianos: "Nada provoca em tão alto grau a ira celestial
como o forçar o Livro de Deus a ceder ante a autoridade
humana ou apartá-lo da sua retidão, sem calcular quanto
26 História, Milagres e Profecias da Bíblia
sangue custou o semeá-lo no mundo e quanto proveito recebe
aquele que com humildade se aproxima dele".
Certo homem sonhou que, ao abrir a Bíblia para conferir uma
citação, achou todas as páginas em branco. Maravilhado,
apressou-se a ir à casa de um vizinho, despertando-o do sono e
pedindo que lhe mostrasse sua Bíblia. Mas, quando a recebeu,
achou-a também com as páginas em branco. Eles então
disseram: "Vamos às bibliotecas e recolhamos dos grandes
livros todas as citações das Escrituras, e assim faremos nossa
Bíblia de novo". Mas, quando examinaram todos os livros nas
prateleiras de todas as bibliotecas, acharam em branco todos os
lugares onde havia antes citações das Escrituras. Ao despertar,
o homem tinha o rosto coberto de suor frio por causa da agonia
que sentiu enquanto sonhava. Quão grandes seriam as trevas
aqui neste mundo se não tivéssemos a Bíblia! Os homens
seriam como náufragos em alto mar.
O célebre compositor Haendel morreu em Londres em 1759.
Havia algum tempo que se encontrava cego. Sobre o seu leito
de morte, na hora derradeira, pediu a seu fiel servidor João que
lesse o Salmo 91: "O que habita no esconderijo do Altíssimo, e
descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio
e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. . . Porque a mim
se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque
conhece o meu nom e." Terminada a leitura, Haendel excla­
mou: "Como é bom! Eis um alimento que satisfaz e que
restaura! Lê-me mais qualquer coisa; todo o capítulo 15 da
Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios." João leu o que o seu
mestre ordenava e várias vezes o doente interrompia para
dizer: "Pára, repete isso outra vez."
Alguns instantes depois, quis que lhe lesse, na antologia de
cânticos, o que sua mãe amava tão particularmente: "Tenho
plena segurança na fé que me une a Cristo." Suas últimas
palavras foram: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito".
Sobre o seu túmulo, na Abadia de Westminster, uma estátua
representa-o diante de um órgão. Ele tem nas mãos uma
partitura musical na qual se lêem estas palavras: "Eu sei que o
meu Redentor vive" (Jó 19:25).
2
A Bíblia e
Seu Poder

A Bíblia emparedada
Há mais de um século, quando ainda não existia o túnel de
São Gotardo, os que se dirigiam à Suíça procedentes da Itália,
ou vice-versa, tinham de transpor o desfiladeiro do mesmo
nome a pé, o que exigia muito tempo. Como era comum
naquele tempo viajar-se em grupos, alguns pedreiros de
Lugano se dirigiam à Suíça em busca de melhores salários.
Entre estes estava Antônio, um jovem que depois de evangeli-
zado por uma senhora, ganhara desta uma Bíblia de luxo,
encadernada a couro. Embora a recebesse, não se interessou
em lê-la, pois não queria saber nada do Cristianismo.
Já em seu posto de trabalho em Glarus, Antônio, enquanto
ajudava na construção de um edifício, zombava e praguejava
com os colegas de tudo que fosse sagrado. De repente, ao
rebocar uma parede, deparou com um vão que devia ser
preenchido com um tijolo. Subitamente lembrou-se da Bíblia
em sua bagagem e disse aos colegas:
— Camaradas, ocorre-me uma boa brincadeira. Vou colocar
esta Bíblia neste vão.
Em virtude do tamanho, a Bíblia foi espremida, danificando a
encadernação.
— Vejam, — disse Antônio — agora reboco à frente e quero
ver se o diabo consegue tirá-la daqui!
Semanas mais tarde ele voltou à sua pátria.
No dia 10 de maio de 1851, irrompeu em Glarus um grande
incêndio que destruiu 490 edifícios. Embora a cidade toda
28 História, Milagres e Profecias da Bíblia
estivesse em ruínas, decidiu-se reconstruí-la.
Um pedreiro perito do norte da Itália, de nome João, foi
incumbido de examinar uma residência ainda nova, porém
parcialmente destruída. Batendo com seu martelo em diversos
pontos de uma parede intacta, a certa altura deslocou-se uma
parte do reboco e surgiu um livro embutido na parede.
Bastante admirado ele o puxou. Era uma Bíblia. . . Como teria
ido parar ali? Era-lhe inexplicável, especialmente porque já
possuíra uma, mas tinham-na tomado. "Esta eles não me
tomarão", cogitou.
João tomou-se um leitor da Bíblia em toda as suas horas
livres. Embora entendesse apenas algumas partes dos Evange­
lhos e dos Salmos,'aprendeu e compreendeu que era um
pecador. Descobriu também que Deus o amava e que poderia
obter o perdão dos seus pecados pela fé no Senhor Jesus.
Quando, no outono, regressou à sua pátria e à sua família,
anunciou por toda a parte a sua salvação em Cristo.
Munido de uma mala de bíblias, João aproveitava suas horas
livres para divulgar o evangelho. Assim, chegou ele à região
onde residia Antônio e armou sua estante de bíblias numa
feira. Quando Antônio, perambulando pela feira, parou diante
da estante de João, disse:
— Ora, bíblias! Disso não preciso. Basta-me ir a Glarus, pois
lá tenho uma bem escondida na parede. Gostaria de saber se o
diabo consegue tirá-la dali.
João fitou o homem seriamente e disse:
— Tome cuidado, jovem! Zombar é fácil. O que você diria se
eu lhe mostrasse a tal Bíblia?
— Você não me enganaria — replicou Antônio. — Reconhe­
cê-la-ia imediatamente, pois ela está marcada. — E asseverou:
— Nem o diabo consegue tirá-la da parede!
João buscou a Bíblia e perguntou:
— Amigo, reconhece esta marca?
Ao ver a Bíblia danificada, Antônio calou-se, perplexo.
— Você está vendo? No entanto não foi o diabo quem a
retirou da parede, mas Deus, para que você pudesse reconhe­
cer que ele vive. Ele quer salvá-lo também.
Nesse instante, embora com sua consciência o acusando,
Antônio extravasou todo o ódio acumulado contra Deus.
Chamou os amigos:
A Bíblia e Seu Poder 29
_• Ei, colegas! O que este sujeito, com sua estante religiosa,
procura aqui?
Em poucos segundos a estante de João estava arrasada e ele
mesmo violentamente agredido. Os agressores rapidamente
desapareceram entre o povo.
Desde então Antônio revoltava-se cada vez mais contra
Deus. Certo dia, depois de beber em demasia, caiu do andaime
a dezessete metros de altura e foi hospitalizado em estado
grave. João, ao saber do addente, foi visitá-lo no hospital.
Embora impressionado com a atitude de João, o coração de
Antônio continuava empedernido. João o visitou cada semana.
Decorrido algum tempo, o addentado começou a ler a Bíblia,
inicialmente como passatempo, e mais tarde com interesse.
Certa ocasião leu em Hebreus 12:5: "Filho meu, não menospre­
zes a correção que vem do Senhor".
Ora, isso se ajustava bem a seu caso. Antônio prosseguiu a
leitura, e a Palavra de Deus, capaz de esmiuçar a penha, passou
a operar em sua vida. Reconheceu sua culpa e confessou-a a
Deus. Creu verdadeiramente na obra de Cristo consumada na
craz. Sua alma convalescera, porém seu quadril, paralisado, o
incapadtava para a sua antiga profissão. Encontrou um serviço
condizente com suas aptidões, e, mais tarde, casou-se com a
filha de João, agora seu sogro, amigo e pai na fé.
Antônio já está, há muito, na pátria celestial, mas a Bíblia por
ele emparedada permanece como uma valiosa herança de seus
descendentes.
* * *

Quando Wung Fu, chinezinho incorrigível, começou a ler a


Bíblia, os que o conhedam notaram nele uma transformação
radical, inclusive a sua professora. Esta perguntou-lhe:
— Que aconteceu, Wung? Você não é mais o mesmo! Não
predso mais repreendê-lo nem castigá-lo. Já não mente como
antes e não provoca os outros à briga. O que está acontecendo
com você?
— É simples, professora, — disse Wung Fu. —•Ê que eu
agora estou lendo a Bíblia!
Razão tinha o evangelista Moody ao colocar, na capa da sua
Bíblia, como solene advertênda e sublime lembrança, estas
palavras: "Este livro me fará evitar o pecado, ou o pecado me
fará evitar este livro".
30 História, Milagres e Profecias da Bíblia

O livro empenhado
Aos dezessete anos, W. P. Mackay deixou seu humilde lar na
Escócia para estudar medicina numa Universidade. Como
recordação, sua mãe deu-lhe uma Bíblia com uma dedicatória e
um texto bíblico.
O jovem conhecia a história da redenção e não podia se
esquecer do ensino que havia recebido na sua meninice.
Durante algum tempo, a recordação da fé radiante de sua
querida mãe imunizou-o contra as tentações da vida universitá­
ria, mas, como nunca se tinha realmente convertido e consagra­
do sua vida a Deus, suas convicções enfraqueceram e ele
começou a mergulhar-se no pecado.
Depois de formado, buscou a companhia de ateus, bêbados e
depravados, e acabou sendo eleito presidente de um clube de
ateus, cujos membros viviam dissolutamente, sem quaisquer
restrições morais. A vida de pecado de Mackay quebrantou o
coração da mãe, que continuou a orar pela salvação do filho até
passar para o Senhor.
Mackay, entretanto, por ser inteligente, passou a fazer parte
da equipe médica de um hospital. Ganhava muito dinheiro,
mas esbanjava com bebidas e outros vícios. Certa ocasião, sob o
efeito do áicool, empenhou por um copo de bebida a Bíblia que
sua mãe lhe dera.
Tempos depois, Mackay estava de plantão no hospital
quando lhe trouxeram um pedreiro, vítima de uma grave
quebra do andaime. O doutor, ao tratar do ferido, ficou muito
impressionado pela tranqüilidade deste e sua radiante alegria.
Não pôde impedir que a recordação de sua mãe cruzasse,
fugaz, a sua memória. O ferido, embora sofrendo muito,
esboçou um sorriso e perguntou:
— Que me diz, doutor?
*

— E minha opinião que sarará — respondeu o médico.


— Não, doutor, não é uma simples opinião que lhe peço —
respondeu afavelmente o homem. E acrescentou: —•A verdade
não me assusta. Se morrer, sei que serei levado à presença de
Jesus Cristo, pois ele prometeu que o que a ele for não será
lançado fora. Faz um ano que a ele recorri, aceitando-o como
meu Salvador. Estou preparado para morrer. Mas quero que
me diga a verdade: sararei ou não?
A Bíblia e Seu Poder 31
— Só lhe restam três horas de vida — foi a lacônica resposta
do médico.
A calma expressão do paciente, reflexo da sua paz interior,
não sofreu nenhuma alteração.
— Vou pedir-lhe um último favor, doutor, — disse lenta­
mente. — Num dos meus bolsos encontrará um cheque.
Queira enviá-lo à dona da casa onde me hospedo e diga-lhe que
me mande o livro.
— Que livro? — perguntou Mackay.
— Oh, o Livro — respondeu o paciente. — Ela sabe.
O médico providenciou para que fosse satisfeito o desejo do
doente e retirou-se. Entretanto, as palavras "a verdade não me
assusta, estou preparado para morrer", ressoavam ainda aos
seus ouvidos.
Mackay, insensível como era diante do sofrimento alheio,
jamais demonstrava por um paciente um interesse mais que
profissional. Não obstante, depois de atender os outros enfer­
mos, voltou ao quarto onde se encontrava o pedreiro.
— Morreu há pouco — disse-lhe a enfermeira.
— Recebeu o livro? — perguntou o médico.
— Sim, trouxeram-lhe momentos antes de morrer.
— O que era? O seu talão de cheques, talvez?
— Não, não era um talão de cheques. Está debaixo do seu
travesseiro.
O médico dirigiu-se à cama do pedreiro, levantou o travessei­
ro e retirou uma Bíblia. Abriu-a na primeira página e os seus
olhos pousaram imediatamente na dedicatória escrita por sua
piedosa mãe! Sentiu um nó na garganta. Ali estava a Bíblia que
tinha empenhado!
Com o livro debaixo do braço, dirigiu-se ao seu gabinete
particular. Ali, abriu-a e leu novamente as palavras que nela
escrevera a mãe. E pensar que esse livro, que ele jamais lera e
que empenhara por uma bagatela, havia sido o instrumento
que guiara uma alma aos pés do Salvador, que a iluminara nos
seus derradeiros momentos e que viera a cair de novo em suas
mãos!
Enquanto lia o precioso volume, notou que muitos versículos
estavam sublinhados. Sua mãe os havia marcado para que
despertassem a atenção do filho. E agora, depois de tantos anos
estragados, começou a meditar nesses versículos.
32 H istóriaM ilagres e Profecias da Bíblia
Algumas horas se escoaram. Antes de abrir a porta de seu
consultório para prosseguir nos seus deveres profissionais,
Mackay ajoelhou-se e pediu perdão a Deus. E aquele homem,
de coração insensível e vida dissoluta, converteu-se num crente
humilde e agradecido. Era nova criatura, pois a vida velha
passara.
W. P, Mackay, o médico, abraçou posteriormente o ministé­
rio da Palavra. Pregou o evangelho, e foram muitos os que por
seu intermédio aceitaram a Cristo, As orações feitas com tanto
fervor e persistência pela sua mãe, durante a vida, receberam
gloriosa resposta depois de sua morte. Quão fiel é o nosso
Deus!
* * *

Gabriela Mistral, poetisa chilena, afirmou: "A Bíblia é para


mim o livro. Não vejo como alguém possa viver sem ele, a não
ser que se tome pobre, nem como pode ser forte sem este
alimento, nem doce sem este mel".
* * *

"Há um livro que desde a primeira letra até a última é uma


emanação superior. . . um livro que contém toda a sabedoria
divina; um livro que a sabedoria dos povos chamou — a Bíblia.
Espalhai Evangelhos em cada aldeia, uma Bíblia em cada casa"
(Victor Hugo).
* * *

"Eu vos recomendo a leitura da Bíblia toda na versão russa.


Chega-se à conclusão de que a humanidade não possui nem
pode possuir outro livro de igual significação" (Feodor Dos-
toiewsky).
Uma força viva
O testemunho que agora trazemos aos leitores foi adaptado
do jornal "Brasil Presbiteriano". Embora trate de outra maravi­
lhosa conversão ocorrida há muito tempo, revela o mesmo
poder transformador da Palavra de Deus,
Moody pregou, certa vez, na cidade de Saint Louis, em cuja
cadeia estava Valentim Burke, um assaltante muito temido que,
mesmo encarcerado, insultava, amaldiçoava e ameaçava o
A Bíblia e Seu Poder 33
carcereiro. Toda a cidade tomara conhecimento da presença do
evangelista e os jornais todos os dias publicavam o sermão
pregado na noite anterior, que era sempre precedido de um
título exagerado para chamar a atenção dos leitores.
Certa manhã jogaram um jornal da ddade na cela de Burke, e
este, na falta do que fazer, resolveu folheá-lo. Virando as
páginas, numa delas deparou com um pomposo título: "Como
o carcereiro de Filipos foi apanhado". Pensando tratar-se de
uma localidade perto de Illinois, que ele também conheda,
sentou-se para ler sobre a derrota do carcereiro, pois era isso
que também desejava ao que cuidava da sua prisão. Desde logo
estranhou a notícia, os personagens e os fatos mendonados.
Paulo e Silas, um grande terremoto, a pergunta: "Que é
necessário fazer para me salvar?" Tudo aquilo eram asneiras e,
arremessando o jornal ao chão, chutou-o para um canto da
cela. Desistiu da leitura e do jornal.
Procurou esquecer e distrair-se, mas a presença do jornal'1
naquele canto o deixava incomodado. Algum tempo mais
tarde, não conseguindo suportar a curiosidade e o anseio,
tomou novamente o jornal para ler aquela história que agora
achava tão extraordinária. Acabada a leitura, em sua cabeça
martelava a pergunta: — Que quer dizer isso? — e o seu
radotínio avançava: — Há muitos anos sou ladrão, mas nunca
me senti como agora. Por quê? Que quer dizer tudo isso?
Tenho tido uma vida de cão e já estou farto dela. Se há
realmente o Deus de quem o pregador fala, hei de achá-lo
também. . . — e assim foi todo aquele dia.
A noite chegara à cela daquele preso sem que ele conseguisse
ordenar seus pensamentos. Já deitado, recordou-se dos dias de
sua infância, ao lado de sua mãe, de quem se afastara muito cedo,
fugindo de casa para nunca mais voltar. Compreendeu então que
há verdadeiramente um Deus que pode e quer ajudar, que está
sempre pronto a apagar toda a nódoa do coração. Chorou muito
aquela noite até sentir-se aliviado, tranqüilo e poder agradecer e
louvar a Deus por essa bênção. Cumpriam-se naquela vida as
palavras do profeta: "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor;
ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se
tomarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o
carmesim, se tomarão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes,
comerds o melhor desta terra" (Isaías 1:18).
34 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Pela manhã, quando o guarda apareceu, Burke não esbrave­
jou como de costume, mas dirigiu-lhe palavras amáveis. O
carcereiro, ao tomar conhecimento dessa mudança, ordenou
que reforçassem o cuidado, pois certamente o preso estava
simulando algo, pretendendo uma nova fuga.
Alguns meses depois Burke foi julgado, mas em virtude de
uma falha da acusação, foi absolvido e posto em liberdade. "E
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32).
Burke deixou a prisão, mas, sem amigos, temido como
perigoso assaltante e desprezado por todos, era um fracassado.
Onde quer que pedisse emprego, as pessoas procuravam
livrar-se dele como de um pesadelo. Mas Burke, como um
cristão, não desanimava, procurando vencer a terrível prova de
fogo por que estava passando. De tanto lutar sem nenhum
resultado, e com a impressão de estar marcado por sua vida
passada, um dia pediu a Deus que melhorasse a sua aparência
para poder arranjar emprego.
Desanimado e frustrado, ia ele de cidade em cidade, vivendo
de pequenos serviços e de algumas esmolas que lhe davam.
Um dia resolveu ir a Nova York na esperança de que, longe de
sua antiga cidade, pudesse encontrar um pouco de paz e
trabalho. Pura ilusão, pois, ao fim de poucas semanas, teve de
voltar para S. Louis muito mais desanimado do que partira.
Mas mesmo assim sua fidelidade ao Senhor era a nota
dominante de sua vida. Passou as maiores dificuldades, sofreu
as mais sérias provações e muitas vezes, durante dias, supor­
tou a fome. Mas jamais vacilou. Sempre se manteve firme e fiel
ao seu Senhor e Mestre.
Certa tarde, pouco depois de ter regressado de Nova York,
um oficial da justiça trouxe-lhe um recado do juiz que havia
presidido o seu julgamento. Este queria falar-lhe. Burke pen­
sou logo tratar-se de alguma infração antiga ou algum crime
anteriormente praticado, mas só agora descoberto. Que fazer?
Ao chegar diante do juiz, Burke fala com firmeza e decisão:
— Se for alguma coisa antiga de que eu seja culpado,
confessarei e lhe direi a verdade, pois já acabei com a mentira
em minha vida.
Depois de um rápido diálogo, o magistrado diz-lhe:
— Burke, tenho acompanhado sua vida desde que deixou a
prisão, até mesmo enquanto esteve em Nova York. A princípio
A Bíblia e Seu Poder 35
não acreditei na sua transformação nem em sua reiigião. Mas
agora sei que você tem sido correto, que tem tido uma vida
honesta e cristã. Por isso mandei chamá-lo, pois tenho para
você um emprego aqui no Tribunal. Preciso de um homem em
quem possa depositar toda a minha confiança. Pode começar
quando quiser.
Imediatamente Burke começou seu serviço como funcionário
do Tribunal, como pessoa de confiança daquele magistrado.
Com firmeza, decisão e muita fidelidade a Cristo, portou-se
sempre como um verdadeiro e fiel cristão, tomando-se um
homem de muita reputação, acatado e respeitado por todos.
Era um autêntico pregador. Anos mais tarde, ao passar
novamente por aquela cidade, Moody fez questão de conhecer
o ex-prisioneiro. Encontrou-o numa das salas do Tribunal,
guardando pedras preciosas que valiam uma grande fortuna.
Burke disse a Moody:
— Senhor, veja o que a graça de Deus fez em favor de um
ladrão! O juiz me escolheu de propósito para tomar conta deste
tesouro.
Durante muitos anos, ali mesmo no Tribunal e junto à cela
onde estivera preso, Valentim Burke, com sua palavra e seu
testemunho, pregou a mensagem do amor de Deus. Muitas
vidas se voltaram para Cristo. Aquele ladrão e malfeitor
tomara-se um benemérito, um grande cristão. Ao morrer, seu
sepultamento foi acompanhado por centenas de amigos, ricos e
pobres, grandes e pequenos, crianças e jovens, dentre eles
muitos pais cujos filhos foram resgatados do crime e do vício
pelo esforço da pregação e do testemunho paciente e persuasi-
vo daquele ex-ladrão que se transformara em poderoso prega­
dor do evangelho.
“O evangelho não é meramente um livro, mas uma força
viva — um livro que sobrepuja a todos os outros. A alma
jamais pode vaguear sem rumo, se tomar esse livro como seu
guia" (Napoleão Bonaparte).
"Manancial de consolo e conselho, refúgio para as horas de
tormenta e tribulação, guia de exemplos e ensinamentos,
mestre silencioso e permanente em disponibilidade, a Bíblia é o
mais secreto confidente das penas e aflições, e ninguém sai de
suas páginas sem receber apaziguadora resposta para as
dúvidas, e bálsamo e estímulo nas ocasiões de angústia e
36 História, Milagres e Profecias da Bíblia
desespero" (Austregésilo de Athayde, escritor brasileiro).
"Acima de tudo, a pura e benigna luz da revelação exerce
uma benéfica influência sobre a humanidade e aumenta as
bênçãos da sociedade" (George Washington).
O trabalho de uma Bíblia
Durante a Segunda Guerra Mundial, Clarence W. Hall,
correspondente de guerra dos Estados Unidos, ao visitar a
aldeia de Shimabuko, em Okinawa, escreveu: "Durante anos a
aldeia não tivera cadeia, nem bordel, nem embriaguez, nem
divórcio. Havia ali um alto nível de saúde e felicidade. . .
Criaram uma democracia cristã na sua forma mais pura".
É que os mil habitantes de Shimabuko haviam recebido a
visita de um missionário que ia para o Japão, uns trinta anos
antes, o qual deixara ali um exemplar da Bíblia e dois
shimabukanos convertidos, Mejun Nakamura e Shasei Kina,
respectivamente chefe e professor da aldeia. Ao partir, disse o
missionário aos dois crentes: "Estudem este Livro, pois ele dará
a vocês uma fé robusta. Quando a fé é forte, tudo é forte".
Sem noção de ritual ou templo cristão, os mil habitantes
criaram o seu próprio sistema de adoração. O professor Kina
fazia a leitura da Bíblia e todos repetiam em forma de cântico.
Entoavam hinos e faziam orações voluntárias. Em seguida
passavam a tratar dos problemas da aldeia, e, para cada
questão, Kina procurava na Bíblia uma resposta.
Após tomar parte num desses cultos, o motorista de Hall
disse-lhe com ares de mofa: "Veja, tudo isso é resultado de
uma só Bíblia, e de dois fanáticos que querem viver como
Jesus". Impressionado com o que viu, o motorista acrescentou:
"Talvez estejamos usando as armas erradas para tomar o
mundo melhor". Ele fazia referência às armas de guerra.
Alguns anos depois de terminada a guerra, Clarence Hall
voltou a Okinawa para ver o efeito da civilização que os norte-
-americanos tinham introduzido. Okinawa estava irreconhecí­
vel. Em lugar de pequenas aldeias havia agora ruas, lojas,
armazéns, clubes, cinemas, teatros, campos de golfe, piscinas,
estação de rádio e televisão. Havia bares e prostíbulos. Hall
procurou Shimabuko e a encontrou "cercada" pelo "progres­
so". Entretanto, toda aquela confusão e aflição do "progresso"
não a tinham atingido. Permanecia espiritualmente separada
A Bíblia e Seu Poder 37
tudo aquilo, baseando sua vida nos ensinos da Bíblia. E
Clarence Hall não pôde esquecer do que lhe dissera seu
motorista anos passados: "Talvez estejamos usando as armas
e r r a d a s para tomar o mundo melhor!"
Como é gloriosa a Bíblia! Bela, majestosa e santa é a sua
doutrina! Grandiosa, desejável, inestimável é a sua moral!
poderosíssima, inigualável, eficaz em seus efeitos!
O Dr. Joaquim L. Villanueva resumiu a milagrosa influência
da Palavra de Deus nesta frase lapidar: "Com a Bíblia propaga-
-se a doutrina mais importante e pura, espalha-se a semente
dos bons costumes. . . . aprende-se a submissão às autorida­
des e à boa ordem que deve reinar em todas as hierarquias do
Estado".
Shimabuko constitui uma prova de que a obediência aos
preceitos bíblicos é o único caminho para a verdadeira demo­
cracia cristã, caracterizada pelo amor a Deus e ao próximo e,
conseqüentemente, pela paz e respeito sociais.
Bom seria se os estadistas modernos, em vez de se armarem
de destruidoras armas que semeiam insegurança, medo e
terror, distribuíssem bíblias a mão-cheia.
Riqueza num cesto de lixo
Um missionário em Manágua, Nicarágua, narra numa de
suas cartas o seguinte: "Espero dentro em breve ter a oportuni­
dade de oferecer-lhe um Novo Testamento em espanhol, que,
embora rasgado e com falta de muitas folhas, lhe será uma
linda lembrança por causa da sua história. Ele tem cumprido
uma gloriosa missão. Há tempo foi ele oferecido a uma família
aqui em Manágua, mas como ninguém o quisesse, foi por fim
lançado no lixo. A sua capa vermelha chamou a atenção de uma
menina que o apanhou e levou para sua casa, no interior. Lá,
sua mãe começou a fazer cigarros de suas folhas. O pai, um
beberrão infeliz que quando embriagado era um terror para
toda a população, viu casualmente o livro e, sem saber por quê,
mostrou-se interessado em lê-lo e mandou a esposa guardá-lo.
"Dia após dia o homem lia o Novo Testamento. Ficou tão
impressionado com o que leu, que convidou um seu colega —
beberrão como ele, um homem que em cada contenda estava
pronto a dar um rápido fim à briga com seu facão — para
juntos lerem o livro. A Palavra de Deus mostrou seu poder
38 História, Milagres e Profecias da Bíblia
transformador no coração deles. Aqueles que conheceram estes
dois homens, antes destes serem vencidos pelo evangelho,
confessam que foi uma maravilha operada por Deus, pois seus
corações de pedra se derreteram e a vida deles se tomou um
poderoso testemunho do amor de Jesus.
"Desses dois convertidos, o primeiro dirige a obra evangélica
local. Durante o dia ele trabalha na terra, e à noite sai para
anundar a Palavra de Deus. A conversão deles foi o início da obra
do Espírito Santo em toda essa comarca. Antes não havia ali
nenhum cristão. Agora, diversas pessoas foram batizadas, e nos
cultos há boa assistência. Tudo é fruto daquele pequeno Novo
Testamento, uma prova viva do poder da Palavra de Deus".
De que outro livro podemos dizer algo semelhante? De
nenhum outro, é claro. E o motivo é simples: Deus opera, pelo
Espírito Santo, através de sua Palavra. E está escrito que sua
Palavra não volta para ele vazia.
No dizer de Suzane de Dietrich, "a palavra escrita toma-se a
palavra de Deus para nós, quando a ouvimos com fé e quando,
através dela, ouvimos o chamado de Deus para o arrependi­
mento e a vida. A Bíblia revela-nos o plano de salvação de
Deus; é o meio pelo qual aprendemos a conhecê-lo e a ouvir o
seu desafio e apelo".
William A. Spicer, discorrendo sobre o valor incomparável
da Bíblia, diz: "E ela a voz do Todo-poderoso. É muito diferente
dos livros sagrados das religiões não cristãs. Naqueles, o
homem fala a respeito de Deus; na Sagrada Escritura, é Deus
quem fala ao homem".
Do precioso livro Em Cada Terra uma Bandeira, p. 68, editado
pela Casa Publicadora Batista, transcrevo a carta que Kaumua-
lii, rei da ilha Kauai, dirigiu ao Secretário da Junta Americana
de Missões, agradecendo a Bíblia que alguns missionários
norte-americanos lhe haviam ofertado. Essa carta data de 1821,
e foi escrita pelo próprio punho do rei, após aprender um
pouco da língua inglesa com os missionários: "Caros amigos:
Desejo escrever-vos algumas linhas a fim de agradecer-vos o
livro que tão bondosamente me mandastes. Creio que é um
livro excelente, um livro que Deus nos deu para ler. Espero que
breve o meu povo o lerá assim como todos os bons livros.
Agora acredito que os meus ídolos nada valem, e que o vosso
Deus é o único Deus verdadeiro, o Deus que criou todas as
A Bíblia e Seu Poder 39
coisas. Os meus ídolos, atirei-os para longe — não servem —
eles me iludem — prejudicam-me. Dou-lhes cocos, bananas da
terra, porcos e muitas coisas boas, e no fim me enganam. Agora
atiro-os para longe. Já o fiz. Quando a vossa boa gente me
ensina, louvo a Deus. Sinto prazer em que venhais ajudar-
-nos — nada sabemos. Agradeço-vos o terdes proporcionado
ensino ao meu filho. Agradeço a todo o povo da América.
Aceitai isso do vosso amigo, Rei Kaumualii".
Como é gloriosa a Bíblia, e como Deus, através dela, opera
em suas criaturas a sua boa, agradável e perfeita vontade!
Somente a Bíblia revela ao homem o insondável amor de Deus.
Só ela fala acalentadoramente ao seu coração acerca do porvir e
da necessidade de preparar-se para ele. Somente a Bíblia
descortina o glorioso caminho que conduz à felicidade presente
e futura.
O último roubo
O tribunal da cidade de Saltinho, no México, foi certo dia
agitado pela presença de um homem que queria falar ao juiz
alguma coisa séria e urgente. Quando este apareceu, o estra­
nho foi logo dizendo:
— Aqui estou como prisioneiro. Aqui estou para pagar
minhas culpas. Vim dar minha satisfação à sociedade a quem
tanto mal eu fiz.
— Mas, quem é você? — indagou o magistrado.
— Eu sou Juan Chaves, o facínora que todos perseguiam.
Estremece o juiz, ao ouvir o nome do temido marginal, e
pergunta, preocupado:
— Mas, por que você está se apresentando à justiça, como
prisioneiro, como réu confesso?
Tirando do bolso um exemplar da Bíblia, disse o criminoso
serenamente:
— Este livro me trouxe aqui. Trouxe-me de volta, a fim de
que eu possa pagar minha dívida para com a sociedade,
exatamente como meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pagou
todas as minhas dívidas perante Deus.
Esse bandido, em sua carreira criminosa pontilhada de
assaltos e roubos, um dia, ao assaltar uma residência, levara a
Bíblia entre outros objetos. E como a polida o procurasse
persistentemente, o facínora refugiara-se numa caverna, em
40 História, Milagres e Profecias da Bíblia
lugar ermo, e ali, para matar o tempo, lia aquele estranho livro.
O fato é que as verdades eternas atuaram poderosamente na
sua consciência, fazendo-o ouvir a voz divina convidando-o a
arrepender-se. E Juan Chaves teve sua vida regenerada e
radicalmente mudada, graças à sublime mensagem que a Bíblia
contém para o coração ferido e oprimido pelo pecado. Com
razão exclamou Coelho Neto:
"Homem de fé, o livro da minha alma, aqui o tenho: é a
Bíblia. Não o encerro na biblioteca, entre os de estudo;
conservo-o sempre à minha cabeceira, à mão. É dele que tiro a
água para a minha sede de verdade; é dele que tiro o bálsamo
para as dores das minhas agonias, É vaso em que, semeando a
bondade, vejo sempre verde a esperança, abrindo-se na flor
celestial, que é a fé. Eis o Livro que é a valise com que ando em
peregrinação pelo mundo".
O livro odiado
Infelizmente ainda hoje, em alguns países, pessoas educadas
se levantam arrogantemente contra o Livro de Deus, tentando
bani-lo de suas terras e dos corações de seus patrícios. Tais
perseguidores se constituem nos mais ferrenhos inimigos da
virtude, da paz, do seu próprio povo, da humanidade e de
Deus. Fernando Martinez, escrevendo a respeito dessas perse­
guições à Bíblia no periódico lusitano "Novas de Alegria",
disse: "não obstante esses diabólicos ataques, a Palavra de
Deus, sempre vencedora, continua sendo disseminada por
todos os quadrantes do globo terrestre. É certo que milhares de
volumes foram lançados, por pessoas sem escrúpulos nem
temor divino, às chamas! Muitas delas seguiam o deísmo, o
agnostidsmo e o ateísmo. . . É da pena inspirada de Garrett o
seguinte período: 'Fez-se crime até da leitura dos livros santos,
chamou-se sacrilégio o próprio estudo da lei de Deus! Ignorân-
da crassa, estúpida, a maior inimiga do Cristianismo' ".
A oposição da Igreja Romana à Bíblia não se restringiu
apenas à Idade Média. Até o século passado ainda vigorava o
"Index" acerca das Escrituras, com suas leis sobre a circulação
destas. Algumas dessas leis afirmam o seguinte:
— Desde que é manifesto, pela experiência, que a Bíblia
Sagrada em língua vulgar, se for permitida em toda a parte sem
discriminação, produzirá mais mal do que bem, em razão do
A Bíblia e Seu Poder 41
atrevimento dos homens, seja observada a decisão do bispo ou
inquisidor sobre esta matéria, de sorte que, segundo o conselho
do confessor ou do pároco, a leitura das edições católicas da
Bíblia em Kngua vulgar só será permitida àqueles que, em sua
opinião, não possam tirar dessa leitura prejuízo algum, antes
aumento de fé e de piedade, "e essa permissão deve ser dada
por escrito".
— Se alguém "se atrever" a lê-la ou possuí-la, sem esta
permissão, "não poderá receber a absolvição de seus pecados",
a não ser que primeiro entregue a Bíblia ao superior eclesiásti­
co.
— Também os livreiros que venderem bíblias em língua
vulgar a pessoas que não tenham aquela permissão, ou de
qualquer maneira lhas ministrarem, perderão o preço dos
livros, o qual será aplicado pelo bispo a obras de caridade, e
ficarão ainda sujeitos a outras penas, ao arbítrio do bispo,
segundo a natureza da ofensa.
— O clero regular "não poderá lê-las ou comprá-las" senão
com a permissão de seus prelados.
Se as coisas mudaram dentro do catolicismo romano, nos
países comunistas, todavia, a oposição à Bíblia continua forte.
Tais fatos, porém, não devem nos assustar, pois Deus vela
sobre a sua Palavra para a cumprir, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. É fato lamentável que a maior parte
dos cristãos da União Soviética possua apenas um exemplar de
um dos Evangelhos, para sua leitura e meditação, enquanto os
grandes e modernos prelos daquele país trabalham dia e noite à
serviço do comunismo ateu. Isso porque o Governo não
permite a impressão da Bíblia em seu país, e a reduzida
importação de outras terras não corresponde às necessidades
do povo de Deus.
Várias vezes a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira tem
solicitado à União Soviética permissão para suprir de bíblias os
evangélicos daquele país. A costumeira resposta de Moscou é
que seu país mesmo pode editar a Bíblia. Todavia não edita,
porque os dirigentes soviéticos simplesmente não querem a
Bíblia. Os princípios sadios desta clamam corajosamente contra
0 seu regime ditatorial, imperialista e opressor, onde não existe
a mais importante e a mais cara de todas as liberdades — a
liberdade religiosa.
42 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Contudo, por mais dura tenha sido a perseguição movida
contra a Palavra de Deus, os cristãos soviéticos não têm
diminuído sua fidelidade a Cristo. A poderosa influência da
Bíblia resiste a toda oposição humana, e ninguém pode impedir
a sua gloriosa obra. Foi o que disse o Sr. Karev, Secretário Geral
da Federação Batista Pentecostal da Rússia, quando visitou a
Noruega anos atrás: "É para mim uma alegria poder contar a
todos os que amam o Senhor Jesus Cristo, que temos cerca de
5.400 igrejas batistas, com mais de quinhentos mil batizados e
uns trinta mil irmãos pentecostais. Foi em 1944 que nos
unimos. Em todas as igrejas batistas há membros pentecostais,
e é muito boa a cooperação entre nós, glória ao nome de Jesus!
E deixe-me dizer que os irmãos pentecostais são como um
refresco nos nossos cultos e nos trazem grandes bênçãos.
Estamos gratos a Deus por tal cooperação. Muitos pecadores
entregam-se a Deus e batizamos uma média de doze mil
pessoas por ano. Podíamos batizar mais, mas não temos
pressa. Esperamos até os novos crentes ficarem firmes. Experi­
mentamos também o fogo de Deus nas igrejas, e todos desejam
ser cheios com o poder de Deus".
Folhas esparsas
Em Paris, uma senhora recebeu, sem saber, um exemplar do
evangelho das mãos de um colportor de bíblias. Quando,
porém, começou a lê-lo e percebeu que era obra protestante,
cheia de ira rasgou-o em quantos pedaços pôde, jogando-os à
rua.
Outra senhora, pobre, profundamente triste e desalentada,
que passava por uma grande tribulação, vendo um dos pedaços
na calçada, apanhou-o e começou a lê-lo. "Vinde a mim todos
os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou
manso. . (Mateus 11:28, 29), e não pôde ir adiante. Grande­
mente emocionada, pensou: "Como poderei saber qual livro
contém o resto destas palavras? Eu preciso conhecer o final
deste trecho. .
Vendo um policial, perguntou-lhe:
— O senhor me pode dizer qual o livro que contém estas
palavras e onde poderei adquiri-lo?
O policial, depois de ler o pedaço de papel, declarou que este
A Bíblia e Seu Poder 43
continha uma parte do Livro de Deus, a Bíblia Sagrada, e deu-
„]jie um endereço onde poderia adquirir o livro todo.
Dirigindo-se imediatamente ao local indicado, mostrou ao
empregado o pedaço de papel, adquiriu a Bíblia e começou a lê-
4a. Sua tristeza transformou-se em alegria. Tornou-se uma
nova criatura em Cristo Jesus. Logo depois começou a freqüen­
tar uma igreja evangélica e foi batizada.
Na cidade mexicana de Merida, província de Yucatan,
Geraldo apanhou no lixo um velho livro sem capa, bastante
desfoíhado, e viajou para Teya, a vila onde morava, e começou a
falar a outras pessoas acerca das histórias e dos ensinamentos
contidos naquele livro. Pouco tempo depois, quando já havia
uma congregação de cerca de quarenta pessoas, dois missioná­
rios realizaram ali um culto e fizeram um apelo. Sessenta
pessoas, inclusive o prefeito da cidade, foram à frente, receben­
do Jesus como Salvador. Tudo graças àquela velha Bíblia
achada por Geraldo!
Evidentemente, "a existência da Bíblia como um livro para o
povo, é o maior benefício que a humanidade tem experimenta­
do. Qualquer atentado para destruir este livro é um crime
contra a humanidade" (Emmanuel Kant).
Em um hospital norte-americano na Turquia deram uma
Bíblia a um enfermo, e este, ao receber alta, levou-a para sua
casa que ficava numa pequena vila, na Armênia. Porém, um
sacerdote viu o livro na mão do moço e arrebatou-o violenta­
mente, passando em seguida a rasgá-lo e a espalhar suas folhas
pela rua.
Um pequeno comerciante, vendo as páginas, ajuntou-as e
levou-as para a sua mercearia como papel de embrulho. Com
elas embrulhou algumas azeitonas, uma vela, um pedaço de
queijo etc., e assim os fregueses levaram para suas casas folhas
esparsas da Bíblia. Leram o que nelas estava escrito e ficaram
interessados pelo assunto, querendo saber mais a respeito do
livro. Procuraram o vendeiro, mas ele nada sabia da Bíblia.
As folhas foram guardadas e lidas muitas vezes. Algum
tempo depois um missionário colportor chegou a essa obscura
vila e ficou admirado quando cerca de cem pessoas queriam a
Bíblia ou porções dela! As folhas espalhadas tinham proclama­
do a gloriosa mensagem do evangelho.
"Existe um livro", escreveu Victor Hugo, "que desde o
44 História, Milagres e Profecias da Bíblia
princípio ao fim parece uma emanação superior; um livro que
contém toda a sabedoria humana abrilhantada por toda a
sabedoria divina. .
Heine, grande poeta germânico, exclamou: "Que livro mara­
vilhoso! Imenso e grandioso como o mundo; com as suas raízes
nos abismos da criação eleva-se além dos segredos azuis dos
céus. Aurora e crepúsculo; nascimento e morte; promessa e
cumprimento. Todo o drama da humanidade se encontra neste
Livro".
Certo mercador maometano da índia pediu a um europeu
um exemplar da Bíblia completa.
— Para que você quer a Bíblia, se não pretende lê-la?
Primeiro, por causa da língua, que você não conhece; e,
segundo, por causa do Novo Testamento, que você não aceita.
— Eu não quero uma Bíblia para lê-la, mas para fazer o
seguinte: Quando chegar aqui um comerciante desconhecido
que me proponha transações, então eu lhe falarei da Bíblia. Se
ele a examinar com interesse, sei que posso confiar nele, mas,
se a desprezar, já sei que tal mercador não merece a minha
confiança.
Certa missionária na África viu aproximar-se da sua casa um
homem estranho, vestido de peles, como é o costume de certa
tribo, e puxando uma cabra. Depois de deitar a lança no chão e
segurar a cabra, perguntou:
— Senhora, o Livro de Deus chegou ao nosso país?
— Sim! O senhor deseja possuir o Livro de Deus?
— Desejo. Meu filho recebeu esta folha e já me ensinou as
seguintes palavras: "Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito". Andei cinco dias a pé e trouxe esta
cabra para trocar pelo Livro de Deus.
Então a missionária mostrou-lhe um exemplar da Bíblia e
abriu-a para ver o versículo impresso.
— Dá-me o Livro e fique com a cabra — suplicou o homem.
Já de posse da Bíblia e, apertando o Livro contra o peito,
começou a caminhar de um lado para outro, dizendo:
— O Livro de Deus, o Livro de Deus, Ele tem falado. Tem
falado em nossa língua!
Alegre, o homem voltou para sua tribo levando a Bíblia —
para uma tribo onde não havia missionários. Será que a Palavra
de Deus vale mais para ele do que para nós?
A Bíblia e Seu Poder 45

procurando mentiras na Bíblia


Rodolfo Schuricht cresceu em um lar inteiramente alheio ao
Cristianismo, e até mesmo seu inimigo, onde a Bíblia era um
livro completamente desconhecido. Seus pais procuravam
educar os filhos no ateísmo, e como tal só conheciam um deus:
Adolfo Hitler, cuja fotografia estava pendurada na parede de
sua casa. Durante a adolescência Rodolfo nunca ouviu falar de
Jesus Cristo, nem do evangelho, nem de Deus. Isto aconteceu
na Alemanha Oriental.
Deixemos que o próprio Rodolfo conte um pouco de sua
história:
"Quando terminou a Segunda Guerra Mundial e Hitler
desapareceu, aprendemos a conhecer outro deus: Staün. Fiquei
comunista fanático e fundei o primeiro clube comunista para
jovens, na minha terra, em 1947. Um ano depois a nossa
organização contava com 4.500 filiados, e, na qualidade de
dirigente, era odiado e não podia sair livremente sem me
arriscar a ser assaltado. Odiava a todos os que não eram
comunistas e retive esta atitude durante os seguintes dois anos
e meio, até que surgiu o que mudou o curso da minha vida,
"Um dia, certo jovem procurou-me e pediu demissão do
dube. Tinha começado a ler a Bíblia e desejava seguir a Jesus
Cristo. Perguntei-lhe que estupidez o tinha levado a ler um
livro tão cheio de mentiras e contradições. Então, ele pediu que
eu lhe mostrasse essas mentiras e contradições da Bíblia.
"Poucos dias depois o vice-presidente procurou-me e, quan­
do entrou no meu quarto, vi como a sua face brilhava,
indicativo de que algo extraordinário havia aconteddo. Verifi­
quei também que ele tinha começado a ler a Bíblia. Tal como o
outro jovem, pediu-me que lhe mostrasse alguma mentira na
Bíblia, Confesso que me senti sem coragem para lhe satisfazer o
pedido.
"Deddi estudar a Bíblia e anotar suas contradições. Em seis
meses li-a de capa a capa sem encontrar uma só das muitas
contradições que esperava achar. Então, uma manhã, ao
levantar-me da cama, ajoelhei-me e, pela primeira vez em
minha vida, orei: 'Ó Deus, se tu és o verdadeiro Deus, o Deus
vivo, e se Jesus Cristo é o teu Filho, então liberta-me, salva-me
e dá a tua paz ao meu coração'. Esta foi a minha primeira oração
46 História, Milagres e Profecias da Bíblia
e Deus respondeu imediatamente. Encontrei alegria e paz no
Senhor Jesus Cristo".
Rodolfo buscou então o seu camarada e confessou-lhe sua fé
em Cristo, dizendo: "Agora sigo contigo no mesmo caminho e
vou abandonar imediatamente o partido comunista. Andava
nas trevas, ignorante da Palavra de Deus, Comprei uma Bíblia
com o propósito de descobrir mentiras para te libertar, mas
nesse santo iivro encontrei a salvação. Agora, ambos iremos
confessar a nossa fé e procurar servir o nosso Mestre e
Senhor".
Começou um novo tempo para Rodolfo. Procurou alguns
crentes e pediu-lhes que desejava ser batizado por imersão.
— Nós não praticamos esse batismo. Tens de procurar
alguns batistas — foi a resposta que deram a Rodolfo.
— Eu não sei muito do Cristianismo, não compreendo nada
dessas diferenças, mas ao ler a minha Bíblia vi que os
primitivos cristãos foram batizados. Por que é que vocês não
praticam o mesmo?
Mas eles estavam agarrados ao batismo de crianças. Em face
disso, Rodolfo procurou uma igreja que batizasse biblicamente,
da qual ficou sendo membro.
Certo dia ele foi maravilhosamente batizado com o Espírito
Santo. Jamais tinha ouvido uma palavra acerca do Movimento
Pentecostal, Nunca encontrara uma pessoa que falasse em
línguas, como sinal de que fora batizada com o Espírito Santo,
mas ali, sozinho com a Palavra de Deus, onde ele tinha lido a
verdade acerca da salvação e do batismo nas águas, encontrou,
também, a verdade acerca do Pentecoste. Rodolfo não criticava
a igreja a que pertencia, mas tinha agora outra experiência que
muitos não entendiam. Mais tarde ele conheceu o Movimento
Pentecostal, encontrou-se com esses irmãos e obteve entre eles
o seu lar espiritual.
Rodolfo tem estado em escolas bíblicas tanto na Inglaterra
como na Alemanha Ocidental e na Suécia. Foi obrigado/
porém, a fugir da Alemanha Oriental, porque ali não podia
seguir o que lhe determinava a sua consdênda e propagar
livremente a sua fé. (Adaptado de "Novas de Alegria", de
Lisboa, Portugal.)
O que aconteceu a Rodolfo tem acontecido a milhões de
outros que, ignorantemente, refutaram a Bíblia como um livro
A Bíblia e Seu Poâer 47
de mentiras, mas que, ao examiná-la seriamente, ficaram
deslumbrados diante de tanta verdade e revelação, pois a
0jblia, no dizer de Emílio Castelar, "é a revelação mais pura
qUe de Deus existe".
Vale a pena seguir o sábio conselho de Cervantes: "Leia a
Sagrada Escritura. . . nela encontrará grandiosas verdades e
fatos tão verdadeiros como valentes."
A confissão de um juiz
A experiência do norte-americano Jorge Alden, Juiz do
Supremo Tribunal do Estado de Massachusetts, possui alguns
pontos similares à do alemão Rodolfo Schuricht. Conta ele:
"Certo dia fui visitar a pequena vila onde me criei, no estado
de Vermont. Ali encontrei um rapaz que ainda não havia
terminado o seminário, mas estava pregando o evangelho
durante as férias. Esse rapaz era tão hábil orador que John
Wanamaker, grande negociante local, lhe ofereceu um alto
salário para se encarregar dos anúncios de suas lojas nas
grandes cidades do país. Quando o negociante me disse que o
rapaz havia recusado a oferta excepcional que lhe fizera, fui
visitá-lo com a intenção de persuadi-lo a aceitar o oferecimento.
O que se passou, então, entre nós, foi o seguinte, que o leitor
apreciará como quiser:
"■— Jovem, permite-me perguntar como pode justificar a
recusa do oferecimento de uma proposta que lhe dará lucros
elevados e promoção no futuro.
Ora, justifico-a pela simples razão de já possuir uma
ocupação superior ao emprego de fazer anúncios para merca­
dorias.
"— Mas, qual é essa ocupação a que você se refere?
"— Estou,pregando o evangelho de Jesus Cristo.
“— Pregando o evangelho? — respondi com sarcasmo —.
Não sabe, meu jovem, que a sua ocupação tem pouco valor? A
Bíblia, que é a base das suas mensagens, não é crida nem aceita
P°r aqueles que têm juízo. De mais a mais, ela vale tanto
Çuanto um ninho de passarinho do ano que findou, isto é, um
rJ^r*ho vazio. Eu sou mais velho do que você, e vim aconselhá-
0/ como amigo, acerca da sua situação financeira. Vou
^°*npletar trinta anos de advocacia em Boston; sou juiz do
upremo Tribunal de Massachusetts há doze anos, e declaro
48 História, Milagres e Profecias da Bíblia
que não creio em nenhuma palavra da Bíblia.
"Notei, então, a firmeza do jovem. Ele não estremeceu,
apesar de eu ter falado com voz de trovão. A resposta dele foi:
"— Juiz Alden, na minha opinião os seus argumentos não
têm nenhum valor. O senhor escolheu o lado negativo da
questão. O seu caso foi decidido há muitos séculos pelo
Supremo Tribunal do Universo.
"— Meu caso foi resolvido pelo Supremo Tribunal do Uni-
verso? Pode, então, citar o volume e o parágrafo em que está a
resolução?
O rapaz abriu a Bíblia, entregou-ma e disse:
"— Aqui está. Leia o senhor mesmo.
'Tom ei o livro e li esta declaração: 'Diz o insensato no seu
coração: Não há Deus'.
"Naquela hora eu ardia de raiva. Eu, o juiz Alden, um dos
advogados mais conhecidos de Boston, com doze anos de
exercício como juiz no Supremo Tribunal, insultado por um
pregador que nem ao menos havia terminado o curso? Não
pude conter-me e respondi, com ar de desprezo, que iria ler
tudo quanto fora escrito contra a Bíblia, pelos mais célebres
ateus, e depois voltaria para desmoralizá-lo com as suas
próprias armas. Supunha ser essa uma tarefa fácil, mas estava
enganado.
"Esse rapaz ainda vive, mas eu não pude voltar para arrasã-
-lo, como pensei. Por que não voltei? Pela simples razão de
que, quanto mais eu lia a Bíblia, quanto mais procurava
argumentos para refutá-la, mais convicto ficava de que ela é a
única revelação do caráter de Deus ao homem.
"É certo que esse acontecimento muito me humilhou, mas
não me envergonho de narrá-lo, pois aprendi a conhecer a
Bíblia e seu Autor. Dou graças a Deus por aquele pregador
corajoso, por meio de quem conheci o maravilhoso Livro que
revela a verdade divina. Minha sincera opinião é de que o
nosso país necessita do evangelho de Jesus Cristo, o único que
cura os males de que sofrem os homens no comércio, nos lares
e na religião".
Discípulo de Voltaire acha Cristo
Um conhecido incrédulo confessou, certa vez: "Sinto-me
atemorizado e confundido pela solidão em que me e n c o n tro .
A Bíblia e Seu Poder 49
e sa r da minha filosofia. Quando tento ordenar meus pensa-
a^ent°s' encon^ro dúvidas e ignorânda. Tenho a impressão
% achar-me numa situação deplorável, envolvido em trevas/'
Esse pensador, que duvidava da fé dos cristãos, duvidava
muito mais das razões da sua própria incredulidade.
Nenhuma filosofia humana pode resistir às adversidades da
vida, e muito menos à aproximação da morte. Tal aconteceu a
um disdpulo de Voltaire. Este famoso filósofo francês orgulha­
va-se de Le Harper, um seu disdpulo dedicado e fervoroso.
Voltaire considerava-o seu sucessor no combate intransigente
ao Cristianismo e à Bíblia, e sua esperança repousava no gênio
jndômito e na habilidade de escrever que caracterizavam seu
aluno.
Entretanto, a França começou a colher o que havia semeado,
isto é, foi sacudida pela Revolução Francesa, e Le Harper
atirado à prisão juntamente com muitos. Os prisioneiros,
enquanto aguardavam a hora da sua própria execução, faziam
todo o possível para afastar da mente o terrível espectro da
morte. Para Le Harper, o tempo era cada vez mais insuportá­
vel, apesar de sua filosofia.
Como era proibido introduzir literatura no cárcere, a solidão
era ainda mais grave. Porém, entre os condenados estava um
homem a ler continuamente um livro, ao ponto de chamar a
atenção de todos. Tratava-se de uma Bíblia, e Le Harper pediu-
-a emprestado, leu-a por algum tempo e depois disse ao dono
dela: "O estudo deste livro é maravilhoso. N ele há tudo para
extitar a curiosidade, e também tudo para satisfazer a alma."
De uma forma verdadeiramente milagrosa Le Harper foi
posto em liberdade e converteu-se a Cristo. Mais tarde Deus
usou-o para fortalecer e reconstruir a fé que antes pretendia
destruir. Se Le Harper não foi um bom disdpulo de Voltaire, o
f° i porém, de Cristo, e este fato é muito mais honroso do que
Proclamar uma filosofia eivada de ódio contra Deus e o
Próximo.
A Bíblia e
Suas doutrinas

A autoridade da Bíblia
É sobre aâ verdades bíblicas fundamentais que os cristãos
fiéis apóiam a sua fé e esperança. É também através destes
princípios que se conhecem os verdadeiros crentes, unidos
segundo as palavras de Jesus: "A fim de que todos sejam um"
(João 17:21).
Nada, em toda a Bíblia, é mais evidente do que a sua própria
autoridade em matéria de ensino e doutrina. Nem o Senhor
Jesus nem os escritores do Novo Testamento jamais se puseram
a sofismar se o livro de Jeremias, por exemplo, foi escrito
unicamente pelo profeta ou também por outros Jeremias, ou se
o livro de Jó tem ou não Moisés como seu autor. Eles foram
unânimes em aceitar como Palavra de Deus todo o Antigo
Testamento, e o Senhor Jesus baseou muitos dos seus ensinos
no que escreveram Davi, Isaías, Daniel etc. Encontram-se, no
Novo Testamento, cerca de 350 referências ao Antigo, todas
confirmando a infalibilidade dessa parte das Escrituras Sagra­
das.
Jesus Cristo veio à terra em cumprimento de centenas de
vaticínios, e estabeleceu o Novo Concerto entre Deus e os
homens conforme já havia sido determinado pelo Pai e
registrado pelos profetas. E quando Jesus deu início ao seu
ministério terreno, seus apóstolos puderam registrar muito do
que ele ensinou e fez, encontrando, quase para cada incidente
da vida do Mestre, uma profecia correspondente nas antigas
Escrituras. Por isso, Jesus podia dizer que tudo acerca dele se
A Bíblia e Suas Doutrinas 51
achava nas Escrituras (Lucas 24:27).
Os livros do Novo Testamento revelam a mais perfeita
obediência aos preceitos de Cristo por parte dos seus escritores.
O apóstolo Paulo de tal maneira subordinou seus ensinos à
autoridade das Escrituras que pôde dizer: "Antes de tudo vos
entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressusci­
tou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Conntios 15:3-4).
Em outra carta, diz o mesmo apóstolo: "Outra razão ainda
temos nós para incessantemente dar graças a Deus: é que,
tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de
Deus, acoíhestes não como palavra de homens, e, sim, como,
em verdade é, a palavra de Deus" (1 Tessalonicenses 2:13).
Vemos, por estas palavras, a suficiência das Escrituras em
matéria de ensino. Jesus jamais deu aos discípulos poderes
legislativos sobre a Igreja. Esses discípulos se limitaram a
transmitir, verbalmente e por escrito, o que receberam de
Cristo, ou seja, "todo o desígnio de Deus" (1 Coríntios 11:23;
15:3; Gálatas 1:11-12; Atos 20:27), que constitui o evangelho. A
própria Bíblia afirma que qualquer evangelho que apresente
inovações ou omissões estranhas ao ensino apostólico é outro
evangelho, e não deve ser aceito pelos cristãos nem mesmo se
anunciado por um anjo vindo do céu (Gaiatas 1:8).
À queda do homem
De maneira geral, os cristãos primitivos criam (e os de hoje
ainda crêem) que a Terra descrita em Gênesis 1:1 ("No
princípio criou Deus os céus e a terra") era perfeita e habitada
por seres angelicais, tendo como príncipe a Lúcifer, o Anjo de
Luz. Este, todavia, se rebelou contra o Criador, sendo então
destronado. Por causa dessa rebelião, a Terra foi duramente
castigada, chegando ao estado caótico e vazio descrito em
Gênesis 1:2: "A terra, porém, era sem forma e vazia; havia
trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por
sobre as águas". No versículo seguinte, narra a Bíblia o início
da restauração da Terra e a criação dos seres viventes, tendo o
homem como coroação de tudo, formado do pó da terra e
revestido da imagem e semelhança divinas.
Nos capítulos 2 e 3 do Gênesis afirma-se que o Senhor Deus
colocou o homem no Jardim do Éden e deu-lhe permissão para
52 História, Milagres e Profecias da Bíblia
comer do fruto de todas as árvores, com exceção do fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal. E o homem recebeu
de Deus os motivos e as condições necessárias para prestar-lhe
plena obediência e manter-se assim em comunhão com ele.
Através da obediência voluntária por parte do homem, Deus
poderia deleitar-se em todas as suas obras,
No entanto, o homem preferiu desobedecer. Através da
serpente, Satanás persuadiu Eva a comer do fruto proibido e
esta, depois de dar-lhe ouvidos, deu-o também a seu marido.
Os trágicos resultados dessa desobediência fizeram do mundo
um vale de lágrimas, cheio de desespero, angústia e sofrimen­
to. Miseravelmente escravizada por Satanás e seus demônios, a
raça humana tem sofrido as tristes conseqüências do pecado,
pois este a mantém espiritualmente morta, ou seja, separada de
Deus (Isaías 59:2; Romanos 6:23).
A missão de Jesus
Como uma transcrição grega do hebraico Jehoshua, o nome
"Jesus" foi o de muitos judeus contemporâneos de Cristo,
derivando-se de seu radical os nomes Josué e Jesua. Assim, o
Filho de Deus recebeu de José, mediante divina revelação, um
nome familiar ao povo israelita, pois do ano 35 a 63 d.C. nada
menos que quatro sumos sacerdotes chamados Jesus pontifica­
ram em Jerusalém, e o historiador Flávio Josefo, focalizando
acontecimentos daquela mesma época, menciona vinte perso­
nagens com esse mesmo nome.
O sentido do vocábulo — ajudar, salvar — foi reforçado e
ampliado no anúncio angelical: "Porque ele salvará o seu povo
dos pecados deles" (Mateus 1:21). Como uma criança judia
entre outras crianças judias, Jesus nada tinha de incomum exn
relação aos seus semelhantes, exceto que crescia "em sabedo­
ria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens" (Lucas
2:52), com vistas ã sua divina missão de "buscar e salvar o
perdido" (Lucas 19:10),
A salvação trazida e consumada por Jesus é definitivamente
pessoal e histórica, daí a sua distinção das "salvações" m ito ló ­
g ic a s e cosmológicas concebidas pela filosofia g re c o -ro m a n a ,
bem como da "salvação nacional" tão ardentemente aspirada
por Israel enquanto sob o jugo imperial romano. De fato>
nessas circunstâncias, a palavra salvadora da cruz soava com^
A Bíblia e Suas Doutrinas 53
estonteante loucura aos ouvidos helênicos, ao mesmo tempo
que escandalizava e enfurecia o judaísmo ortodoxo, enclausu­
rado num messianismo distorcido da palavra profética.
Os "salvadores" ou os "deuses salvadores" existiam em
grande número e em diversos lugares no antigo paganismo. A
cada tipo de perigo correspondia um "salvador" especialista:
pagom, dos filisteus, presidia à vida dos peixes; Ceres, deusa
romana (a Demeter dos gregos), "salvava" a agricultura e as
boas colheitas; Atena ou Palas, dos gregos (Minerva para os
lotnanos), protegia as artes e a ciência; Bubona, dos egípcios,
era a salvadora ou conservadora dos bois; Esculápio, dos
gregos e romanos, salvava os doentes e ressuscitava os mortos;
Fauno, dos latinos, salvava os rebanhos contra os lobos.
A lista seria extensa se apenas mencionássemos os principais
"salvadores" em evidência no passado e ainda hoje invocados
em muitas partes do mundo. Até mesmo certas religiões pagãs
e idólatras, rotuladas de cristãs, conservam e veneram "salva­
dores", "padroeiros" e "milagreiros" para finalidades as mais
diversas: são casamenteiros, protetores de cegos, guardadores
de ddades etc., ignorando ou menosprezando Aquele a quem
somente pertence o meigo e soberano título de Salvador.
A Bíblia destaca a pessoa de Cristo e o caráter singular de sua
salvação, incomparavelmente superior a todas as atividades
salvadoras de todos os "deuses" da mitologia e da própria
religião mosaica: "Por isso também pode salvar totalmente os
que por ele se chegam a Deus" (Hebreus 7:25).
A fim de nos salvar, Jesus tomou o nosso pecado sobre si
mesmo, levou-o ao Calvário e ali o cravou na cruz. "Ele foi
frespassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas
tt^qüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
Pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaías 53:5). Jesus Cristo,
0 Salvador por excelênda, "o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo" (João 1:29), pode e quer salvar totalmente,
^âo apenas de vidos, doenças e outras adversidades, pois a
Ovação de Cristo é total, envolve a plenitude do ser huma*
tto — espírito, alma e corpo — e transcende as fronteiras da
*^da terrena, avançando por toda a eternidade. O crente é
r r o , portanto, não apenas de alguma coisa, mas para alguma
0tsa, como herdeiro das bem-aventuranças etemas conquista-
98 por Jesus em sua morte substitutiva.
54 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Jesus: Deus e homem
A principal fonte de informação a respeito de Jesus são as
Sagradas Escrituras, em cujo Antigo Testamento estava
Cristo prometido. Vejamos o caráter de algumas dessas
profecias: "Portanto o mesmo Senhor vos dará sinal: Eis que
a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará
Emanuel" (Isaías 7:14). Emanuel quer dizer "Deus conosco",
O mesmo profeta, referindo-se ao Messias, escreveu: "Por­
que um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo
está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz"
(Isaías 9:6).
Por estas passagens o Messias não poderia ser apenas
homem, nem apenas um grande profeta, porque os predicados
de Pai da Eternidade, Maravilhoso, Deus Forte, Príncipe da Paz
só se aplicam a Deus.
Quando nossos primeiros pais pecaram, Deus prometeu
enviar a "semente da mulher", o Messias, e desde então,
através dos séculos, repetiu essa consoladora promessa, sem­
pre juntando-lhe mais e mais informações acerca do caráter e
da missão do Messias. E quando se aproximava a época em que
a "semente da mulher" deveria se manifestar para esmagar a
cabeça da serpente (Satanás), Deus cumpriu inúmeras outras
profecias, operando grandes mudanças na vida social, política
e cultural do mundo. Nessa época excepcional, chamada nas
Escrituras de "a plenitude do tempo", veio o Senhor Jesus
(Gálatas 4:4).
Quanto à encarnação do verbo, a própria Escritura chamai
de grande mistério (1 Timóteo 3:16), que só pode ser aceito pelí
fé e segundo a graça de Deus. O apóstolo Paulo fala de Cristc
como possuidor de duas naturezas, quando diz: "Com respeite
a seu Filho (Jesus), o qual, segundo a carne, veio da descendên
cia de Davi, e foi designado Filho de Deus com poder
(Romanos 1:3, 4).
No capítulo primeiro do Evangelho segundo São Mateu?
que trata da genealogia de Cristo, a palavra "gerou" é re p e tid
trinta e nove vezes, mas é omitida no versículo 16, onde lemof
"E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesuí
que se chama o Cristo". Aqui, como em toda a Bíblia, ná'
lemos que Jesus foi gerado pela vontade do homem. 1
A Bíblia e Suas Doutrinas 55
evangelista Lucas esclarece-nos este mistério quando registra
as palavras do anjo Gabriel a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito
Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra;
por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado
Filho de Deus" (Lucas 1:35). Voltando ao Evangelho segundo
São Mateus, encontramos: "José, filho de Davi, não temas
receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo" (Mateus 1:20).
Deus e homem numa só pessoa, Jesus Cristo é a figura mais
importante da história da humanidade. Há quase dois mil anos
ele tem sido mais do que vencedor. São de Lutero estas
palavras; "Fora de Cristo desconheço salvação ou consolo,
caminho ou apoio, conselho ou vereda. Nessa verdade perma­
neço e mediante ela avanço, porquanto este é o verdadeiro
caminho e ponte, mais firme e mais certo do que qualquer
edifício de pedra ou de ferro. Seria mais fácil desfazerem-se céu
e terra do que ele falhar ou enganar!"
Por outro lado, o Novo Testamento apresenta Jesus, não
apenas como uma verdadeira vida humana, mas, como a vida
humana verdadeira. Teve mãe humana, cresceu e desenvol-
veu-se normalmente, como menino, pela adolescência e matu­
ridade. Teve a experiência das emoções e dos sentimentos
comuns a todos os homens: amor, tristeza, indignação, com­
paixão. Foi "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado". Não só comeu e bebeu, mas conheceu a
fome, a sede e o cansaço. Sua humanidade foi a mais elevada e
a mais santa que este mundo jamais viu.
E quanto à sua divindade? A Bíblia diz: "No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João
1:1). Jesus coloca sua própria autoridade em paralelo com a
autoridade de Deus Pai, fala com a autoridade do Pai e chega
mesmo a dizer: "Quem me vê a mim, vê o Pai" (João 14:9).
Jesus, o Filho de Deus, foi feito Mediador do Novo Concerto
Pelo derramamento do seu predoso sangue na cruz, resgatan­
do assim, da maldição eterna, todos os que nele confiam. Por
isso, "quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se
Mantém rebelde contra o Filho, não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus" (João 3:36). Os que se insurgem
contra a divindade de Jesus Cristo assemelham-se a Himeneu e
Pileto, acerca dos quais o apóstolo Paulo advertiu Timóteo: "a
56 História, Milagres e Profecias âa Bíblia
linguagem deles corrói como câncer''.
Jesus, o bendito Salvador, se despiu da sua glória celeste, e
vestiu-se igual a um camponês. Por amor de nós tomou-se
pobre. Dormiu na manjedoura de outrem, viajou em bote
emprestado, cavalgou no jumento alheio e foi sepultado no
túmulo de José de Arimatéia, tal a sua pobreza. Entretanto,
todos falharam, mas ele, nunca! Ele é o perfeito Salvador, o
amoroso Senhor, o poderoso Cristo!
O valor da justiça de Cristo
A Bíblia, como a perfeita revelação da vontade de Deus, diz
acerca dos homens: "Não há um justo, nem um sequer; todos
estão debaixo do pecado. . . todos pecaram. . . e o salário do
pecado é a morte" (Salmo 14:1-3; Romanos 3:9; 4:12; 6:23).
Dessa lei divina nenhum ser humano se exclui. Todos pecaram
e por isso todos precisam ser libertos do pecado. Nisto consiste
a justificação: livramento da culpa. Tomados injustos pelo
pecado, os homens precisam revestir-se de justiça.
Quando Adão e Eva pecaram, coseram para si ramos de
figueira, fazendo aventais para se cobrirem. Deus, porém,
substituiu essas inadequadas vestes por outras melhores, ou
seja, peles de ovelhas. Folhas de figueira não resistem ao
calor do sol e facilmente se ressecam e partem. Peles de
animais, obtidas mediante o derramamento de sangue ino­
cente, podem resistir ao mais forte calor do sol. As primeiras
indicam a inadequada e impotente justiça humana, enquanto
as segundas falam da perfeita e satisfatória justiça de Cristo.
Ao afirmar que somente Deus quer e pode justificar o
homem, a Bíblia revela a condição imposta aos que desejam
apropriar-se da justificação. Diz o apóstolo São Paulo: "Con­
cluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independen­
temente das obras da lei" (Romanos 3:28). "Pela graça sois
salvos mediante a fé; e isto não v e m de vós, é dom de Deus;
não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura
dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2:8'
10).
Biblicamente, a fé salvadora não consiste na aceitação e
observância de uns tantos dogmas, ritos, cerimônias e m a n d a '
mentos, mas na aceitação de Cristo como Salvador p essoal/
A Bíblia e Suas Doutrinas 57
mediante a sua obra redentora na cruz do Calvário. Cristo, diz
a Bíblia, ressurgiu para nossa justificação. Toda a justiça de
peus foi satisfeita nele, que se fez maldição e pecado por nós.
A ressurreição de Cristo
Todos os ensinos bíblicos que constituem a base do Cristia­
nismo estão estreitamente ligados entre si, de sorte que é
impossível negar um deles sem negar os demais. Nessa cadeia
doutrinária destaca-se a doutrina da ressurreição de Cristo. São
os seguintes os motivos por que essa doutrina se impõe a todo
verdadeiro cristão:
Os profetas afirmaram que o Messias nasceria de uma
mulher, que ele seria Deus, que ele morreria e que ele
ressuscitaria. O Senhor Jesus afirmou que era ele o Messias,
que era Deus, que morreria e ressuscitaria ao terceiro dia
(Mateus 16:21; Lucas 9:22; Marcos 8:31). Os discípulos de Cristo
afirmaram que ele era o Messias, que ele possuía duas
naturezas, humana e divina, que ele era Deus, que ele havia
sido morto e que havia ressurgido ao terceiro dia. Afirmam
ainda que ele, após a ressurreição, esteve com seus discípulos
durante quarenta dias, e que foi visto em certa ocasião por cerca
de quinhentas pessoas, muitas das quais ainda viviam ao
tempo em que o apóstolo São Paulo escrevia sua carta aos
Gálatas (1 Coríntios 15:5-7; Lucas 24:34; Mateus 28:17; Marcos
16:14).
Para a Igreja cristã, a ressurreição de Cristo se impõe como
'«na verdade fundamentalmente bíblica e inquestionavelmente
necessária. Os que a negam, negam um elo indispensável na
corrente doutrinária que constitui o plano de Deus para a
salvação; negam a divindade de Cristo, a sua segunda vinda, a
razao de ser da própria Igreja e. enfim, negam a própria
autoridade da Bíblia.
O apóstolo Paulo acentua a importância da ressurreição de
5 st0 nas seguintes palavras: "E, se Cristo não ressuscitou, é
®a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda
aiS: os que dormiram em Cristo, pereceram. Se a nossa
i j ^ n ç a em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
de es todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou
U C - ° S mortos' sendo ele as primícias dos que dormem"
°ríntios 15:17-20). Mais tarde, escrevendo aos romanos, o
58 História, Milagres e Profecias áa Bíblia
mesmo apóstolo coloca a morte expiatória de Cristo em pé de
igualdade com sua ressurreição, ao afirmar que ele "foi
entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por
causa da nossa justificação" (Romanos 4:25).
Destas e de inúmeras outras passagens bíblicas depreende-se
que a ressurreição do Senhor Jesus é um fato histórico e bíblico.
E doutrina basilar da fé cristã.
A santificação
Na igreja cristã, a santificação é doutrina' das mais importan­
tes. Os apóstolos ensinaram que a salvação implica tanto a ação
divina como a humana. Quando o crente, com um coração
submisso, deposita sua confiança no precioso sangue de Jesus e
tudo faz para renunciar à impiedade e às concupiscências
mundanas, ele é santificado por Deus. Este apelo à santificação
aparece com ênfase no Novo Testamento: "Rogo-vos, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos
corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional. E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus" (Romanos 12:1-2). "Segui a paz com todos, e a santifica­
ção, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12:14).
Aos cristãos de Corinto escreveu o apóstolo: "Tendo, pois, ó
amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza,
tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa
santidade no temor de Deus" (2 Coríntios 7:1). Nesta passagem
Deus está exigindo santidade tanto do coração como do corpo.
Pelo fato de a natureza humana ser universalmente corrupta, a
purificação tem de ser radical e universal. Por isso a Bíblia
centraliza no coração toda a personalidade humana e diz: "E
não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-
-lhes pela fé os corações" (Atos 15:9). Alguém disse que "a
santidade evangélica é positiva e real, não é simbólica; é
pessoal e moral, não meramente relativa e cerimonial. B
operada pelo Espírito Santo; é interna, radical, difusa e
constitui o fundamento de toda a santidade exterior da vida e
da conduta".
A Bíblia diz, ainda: "Se, porém, andarmos na luz, como ele
está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e 0
A Bíblia e Suas Doutrinas 59
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado"
(1 João 1:7). Ao seguir a luz, o cristão será sempre conduzido ao
sangue purificador. A santidade que há em Deus produz no
coração do crente um profundo anseio por mais perfeição. Sua
meta é cumprir o mandamento divino, que diz: "Sede santos,
porque eu sou santo" (1 Pedro 1:16).
A vida futura
Por que crianças alegres e sorridentes são soterradas por
avalanches ou vitimadas por guerras injustas e estúpidas, que
não provocaram? Por que o patriarca Abraão morreu em ditosa
velhice, enquanto milhares de outros, apenas no desabrochar
da vida, são implacavelmente ceifados pela morte? Na Bíblia e
na História temos exemplos vários de homens e mulheres
corajosos que saudaram com alegria a sua hora final, mas
temos, também, inúmeros relatos em que pessoas não menos
corajosas viram na sua partida desta vida uma catástrofe
apavorante. Vejamos estes casos;
"Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, pois tu me
redimiste, Deus da verdade", dizia Martinho Lutero, pouco
antes de morrer. O Dr. Jones disse-lhe ao ouvido: "Reverendo
pai, desejas manter-te firme ao lado de Cristo e das doutrinas
que tens pregado? Resistem elas às agonias da morte?" "Sim,
sim! Mil vezes sim!", exclamou Lutero. E voltando-se para um
lado, dormiu no Senhor.
Por outro lado, o pensador Voltaire, em sua desesperadora
luta contra a morte, chegou mesmo a mandar chamar um
padre, desejoso de renunciar à incredulidade e obter o perdão
de seus pecados; porém, seus admiradores e companheiros de
impiedade ordenaram que todas as portas da casa se mantives­
sem fechadas ao sacerdote, impedindo assim que seu líder
consumasse sua retratação. Preso da angústia e do pavor, o
famoso filósofo, ora implorando misericórdia, ora blasfemando
contra Deus, faleceu. Algumas de suas últimas palavras foram:
Irei para o inferno". Foi uma morte terrível!
Sim eão, depois de ver Jesus no templo, louvou a Deus,
dizendo: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo,
Segundo a tua palavra; p o rq u e os m e u s olhos já viram a tua
salvação" (Lucas 2:28). Judas Iscariotes, movido por profundo
rçmorso, atirou para dentro do templo as trinta moedas de
60 História, Milagres e Profecias da Bíblia
prata pelas quais havia traído o Filho de Deus, e "retirou-se e
foi enforcar-se" (Mateus 27:5).
Em toda a Escritura a morte nos é sempre apresentada como
inimiga. "O último inimigo a ser destruído é a morte"
(1 Coríntios 15:26). Jesus Cristo, afirma o mesmo apóstolo
Paulo, "destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a
imortalidade, mediante o evangelho" (2 Timóteo 1:10). No
Novo Testamento, a morte e a ressurreição de Cristo são
apresentadas como prova de que a morte foi derrotada:
"Tragada foi a morte pela vitória" (1 Coríntios 15:54). Agora, à
luz da vitória obtida por Cristo no Calvário, esta morte
niveladora, igualitária e objeto de pânico dos pagãos, não mais
é temida pelos crentes. Para estes, a morte não é mais
soberana, mas apenas vencida e desqualificada. Por esta razão
os apóstolos e os crentes do primeiro século não especulavam
sobre a doutrina da ressurreição de Jesus e dos mortos, pois
esta era considerada essencial à fé cristã. Assim como Cristo
venceu a morte e possui "as chaves da morte e do inferno"
(Apocalipse 1:18), assim também o cristão, confiando no seu
Salvador, pode dizer como Paulo: "Mas de ambos os lados
estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo,
porque isto é ainda muito melhor" (Filipenses 1:23).
De fato, a ressurreição de Cristo como "as primícias dos que
dormem" garante a ressurreição final e definitiva de todos os
crentes. "Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois
nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamen­
te com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares,
e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos,
pois, uns aos outros com estas palavras" (1 Tessalonicenses
4:16-18).
A Bíblia ensina ainda que a salvação deve ser buscada
enquanto aqui vivemos, pois quaisquer "recursos" posteriores,
tais como missas, rezas, velas, promessas, de nada valerão.
"Aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois
disso o juízo" (Hebreus 9:27), Para os que vivem a nova vida
em Cristo Jesus, a morte já perdeu todo o seu pavor. Tendo
Cristo entronizado no coração, o crente finda aqui os seus dias
aguardando o soar da última trombeta, quando então receberá,
na primeira ressurreição, um corpo incorruptível, semelhante
ao do seu Salvador.
A Bíblia e Suas Doutrinas 61
^ volta de Cristo
Há, efft toda a Bíblia, mais de 1,800 referências ao retomo de
C risto, e no Novo Testamento esse glorioso assunto chega a ser
0 terna central de vários capítulos e até de livros inteiros.
A Escritura Sagrada revela que o retomo de Cristo ocorrerá
em duas fases distintas: Primeira, o Arrebatamento, tanto dos
crentes vivos, que serão transformados num abrir e fechar de
olhos, como dos que morreram em Cristo, os quais serão
ressuscitados ao soar da trombeta de Deus. Segunda, o
aparecimento em glória, com sua Igreja.
O intervalo entre a vinda de Cristo para os santos e a vinda de
Cristo com os santos, corresponde à 70? semana profética de
Daniel, que contém diversos eventos, como a manifestação e o
governo do Anticristo, a Grande Tribulação, a batalha do
Armagedom, a conversão final dos judeus. Esse mesmo
período é tambérn denominado na Bíblia de "dia da vingança
do nosso Deus", em contraposição ao “ano aceitável do
Senhor", ou seja, a presente dispensação da graça (Isaías 61:1,
2 ).
Acerca do Arrebatamento, são muitas as referências bíblicas,
das quais destacamos estas: "Na casa de meu Pai há muitas
moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou
preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar,
voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu
estou estejais vós também" (João 14:2, 3). "Maridos, amai
vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a
purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,
nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito" (Efésios
5:25-27). Outras passagens: 1 Coríntios 15:51-56; 1 Tessaloni-
censes 4:13-18; 2 Tessalonicenses 2:1, 7, 8; Colossenses 3:4;
1 Pedro 5:4; Tiago 5:7, 8.
Acerca da vinda de Jesus com os santos, lemos: "Logo em
seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não
dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os
poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o
Slnal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamenta­
rão, e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu
com poder e muita glória" (Mateus 24:29, 30). O apóstolo São
62 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Paulo declara que a vinda do Senhor sobre as nuvens do céu ser£
"com todos os seus santos" (1 Tessalorúcenses 3:13). Finalmen­
te, quando Jesus era elevado aos céus, dois varões vestidos
branco apareceram e disseram aos discípulos: "Varões galileus,
por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre
vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir"
(Atos 1:11). Outras passagens acerca da vinda de Jesus com os
santos: Daniel 2:44, 45; Zacarias 14:1-5, 9, 16-21; Mateus 25:31-
46; 2 Tessalorúcenses 1:7-10; 2:8; Judas 14, 15; Apocalipse 1:7
19:11-21; 20:1-3.
4
A Bíblia e
as heresias

Os judaizantes
As heresias datam das origens do Cristianismo, sendo uma
das primeiras delas a dos judaizantes. Estes se opunham à
expansão do evangelho e, quando não podiam detê-lo, procu­
ravam impor aos cristãos a guarda de preceitos mosaicos.
A esse movimento espúrio o apóstolo São Paulo se opôs com
veemência. Sua carta aos Gãlatas é um testemunho triste de
como os judaizantes conseguiram afastar alguns novos crentes
do evangelho da graça para um legalismo morto, denominado
por Paulo de "outro evangelho": "Admira-me que estejais
passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de
Cristo, para outro evangelho". E acrescenta: "Ainda que nós,
ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá
além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1:6, 8).
Os judeus, acostumados a um formalismo já tradicional
havia séculos, ao se converterem, tiveram algumas dificuldades
em admitir a doutrina bíblica da justificação mediante a fé,
conforme explicada principalmente pelo apóstolo aos gentios:
Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é
j.0m de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie"
(«festos 2:8, 9).
^ Perniciosa tentativa de unir a lei e a graça resultou em
Práticas antibíblicas mais tarde absorvidas por algumas igrejas
C£ü s , posteriormente chamadas de "igrejas irregulares", as
Muais contribuíram para a formação do catolicismo romano.
0rrt o alastramento do Cristianismo por todas as partes,
64 História, Milagres e Profecias da Bíblia
prindpalmente após as duas grandes derrotas dos judeus em
70 e 135 d.C., perderam os judaizantes grande parte da sua
iníluênda. Organizaram-se, mais tarde, em pequenas seitas,
sendo a priridpal delas a dos ébiomitas, ou igreja dos pobres,
que teria subsistido até o século quinto.
Modernamente, os sabatistas, surgidos em meados do século
passado nos Estados Unidos, são, em certo sentido, os conti-
nuadores dos antigos judaizantes pela tentativa que fazem de
assodar preceitos judaicos, como o da guarda do sábado, à fé
cristã.
0 gnosticismo
O apóstolo Paulo preocupou-se com a presença de gnósticos
na igreja de Colossos (Colossenses 1:9-23), e o apóstolo João
referiu-se a eles em sua Primeira Carta: "E todo espírito que
não confessa a Jesus não procede de Deus; este é o espírito do
anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem, e
presentemente já está no mundo'' (1 João 4:3). Dizendo-se
possuidores de um profundo conhedmento espiritual, os
gnósticos reduziram o Cristianismo a um sistema filosófico ao
basearem suas pretensões numa interpretação perversa de
1 Coríntios 2:6-8: "Entretanto, expomos sabedoria entre os
experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a
dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas
falamos a sabedoria de Deus, em mistério, outrora oculta, a
qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória;
sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conhe­
ceu; porque, se a tivessem conheddo, jamais teriam crucificado
o Senhor da glória."
"Gnosticismo" vem da palavra grega "gnose", que significa
conhecimento, dênda. Os gnósticos opunham-se à simplidda-
de da fé cristã. Consideravam-se pensadores profundos e
tentavam explicar, mediante as suas filosofias, os mistérios da
criação e o problema do mal. Para eles havia três tipos dê
pessoas: os instruídos, ou espirituais, que eram eles mesmo8'
os cristãos comuns, em quem se equilibram matéria e espírito/
e, finalmente, os pagãos, ou materiais, nos quais o espírito ^
subjugado pela matéria. Aplicada ao Cristianismo, a h ereslâ
gnóstica ensinava que Jesus, ao ser batizado no Jordão, receb i
um eon, ou seja, uma entidade superior, que fez dele ^
A Bíblia e as Heresias 65
nviado de Deus, capaz de levar os homens à verdadeira
"enose", o evangelho da redenção. Segundo eles, o mundo foi
Jíado pelo último "eon", ou demônio que arrebatou uma
centelha da plenitude divina, com a qual deu vida à matéria.
q $ principais gnósticos foram: Valentim, egípcio, pregou em
Roma entre os anos 135 e 160. Retirou-se para Chipre, onde
fundou uma seita. Carpócrates, contemporâneo de Valentim,
ordenou que seu filho Epifânio, que faleceu ainda moço e cheio
<je vícios, fosse honrado como um deus dentro da sua seita. Era
indiferente às desordens sensuais. Márcio, também contempo­
râneo de Valentim, chegou a Roma procedente do Ponto, por
volta de 135. Rompeu com a igreja cristã e fundou uma seita,
^firma-se que ele opunha o Antigo Testamento ao Novo,
chamando aquele de "obra do Deus justo", e ao Novo de "obra
do Deus bom".
Os gnósticos, na verdade, nunca deixaram de existir. Eles
estão presentes, hoje, em diversas sociedades secretas, em
muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, onde realizam
sessões e fazem divulgação das suas doutrinas através da
imprensa. Uma página de autoria do "Venerável Mestre de
Mistérios Maiores", Gancha Cuichini, afirma: "Aprendemos a
cumprir a vontade do Pai, tanto no céu como na terra. Para
isso, a procriação em nós verifica-se por obra e graça do Espírito
Santo, ou seja, de Nosso Senhor Jeová, o qual nos dirige e
numa de nossas uniões de magia sexual, permite a fecundação
de nossa esposa ou sacerdotisa por obra e graça do Espírito
Santo, através da ação de um só gene. Desta forma, o parto será
sem dor e esse filho da luz será um novo bem-aventurado para
a glória do Pai".
® Antitrinitarianismo
Os apologistas do século segundo fizeram sabiamente a
*esa de uma das principais doutrinas cristãs: a da Trindade,
pU seja, um só Deus em três pessoas — o Pai, o Filho e o
spírito Santo. Eles mantiveram os dois termos da doutrina:
^ d a d e de essência e trindade das pessoas divinas.
^odo o esforço apologista não evitou, porém, que surgissem
tü'tas especulações e, conseqüentemente, muitos erros. Um
ftcjSses erros foi o antitrinitarianismo, também conhecido por
0clQrüsmo. Esta heresia negava as doutrinas da Trindade, da
66 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Divindade de Cristo e da encarnação do Verbo, e tinha como
fundador Teódoto, rico curtidor bizantino. Outros nomes
ligados à defesa e propagação do adocionismo são um banquei­
ro chamado Teódoto, e um certo Artémon. Afirma-se que 0
bispo de Roma, Vitor I, por volta do ano 190, teria condenado
tanto a seita como os seus fundadores.
Por volta de 210, Sabélio começou a ensinar a unidade de
pessoas, ou a unidade de naturezas em Deus. Assim, o Pai, 0
Filho e o Espírito Santo seriam apenas três aspectos ou modos
de um mesmo Deus, o Pai. Também o mesmo Pai teria
encarnado, nascido em Belém, pregado o evangelho, ido à cruz
e ressurgido. Daí a razão dos outros nomes dados à seita, como
monarquismo, patri-passiens e modalistas. No primeiro caso,
por somente admitirem a monarquia, ou seja, a unidade da
pessoa; no segundo caso por acreditarem que o Pai sofreu na
cruz, e, por último, por reduzirem as três Pessoas da Trindade
a simples modos.
Estas doutrinas, lamentavelmente, não morreram. So­
brevivem hoje parcialmente nas "Testemunhas de Jeová" (que
negam divindade a Jesus e ao Espírito Santo) e nos unitarianos,
que batizam somente em nome de Jesus e atribuem a uma só
Pessoa, o Pai, as manifestações como Filho e como Espírito
Santo.
A Bíblia ensina que as três Pessoas da Trindade, apesar de
unidas, executam funções distintas: na criação, o Pai planejou,
o Filho executou e o Espírito Santo vivificou (Efésios 3.9;
Colossenses 1:16; Jó 33:4); na redenção, o Pai planejou, o Fílhc
consumou e o Espírito Santo aplicou a salvação (João 3:16; 16#
11; 19:30); na Igreja, o Pai "opera tudo em todos", o Fil^
distribui os ministérios e o Espírito Santo reparte os dotf
espirituais (1 Coríntios 12:4-6).
O Novo Testamento revela ainda as manifestações das
Pessoas por ocasião do batismo de Jesus (Mateus 3:16, 17), [
por ocasião do martírio de Estêvão: "Mas Estêvão, cheio ^
Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de D eu^
Jesus, que estava à sua [de Deus] direita" (Atos 7:55)' \
mesmas três Pessoas aparecem distintas na bênção a p o s t ó l ^ ,
"A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e ,
comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 C o r i f 1**
13:13).
A Bíblia e as Heresias 67
patismo infantil
pepois que o batismo passou a ser considerado como uma
a g ê n c ia de salvação, mediante a herética doutrina da regenera­
d o batismal, surgiram outras práticas antibíblicas. Raciocina­
vam que' se 0 batismo realmente lavava os pecados, deveria ser
administrado o mais cedo possível. Daí a origem do batismo
infantil. Este, todavia, só foi plenamente aceito depois do final
do século quarto.
As doutrinas da regeneração batismal e do batismo infantil
provocaram, segundo J. M. Carrol, a primeira grande cisão do
Cristianismo, em 251, quando as igrejas fiéis manifestaram-se
contrárias às igrejas que praticavam tais erros. Convém ressal­
tar que o Cristianismo oficializado em Roma ao tempo de
Constantino, não foi o que permaneceu fiel às doutrinas
apostólicas, mas o constituído pelas igrejas irregulares. Os
verdadeiros cristãos, desde essa época, passaram a ser dupla­
mente perseguidos, tanto pelo Império como pelos falsos
cristãos, ou cristãos nominais, não regenerados.
Apesar de constantemente ameaçada pelos erros doutriná­
rios, a Igreja cresceu sobremaneira nos primeiros três séculos,
chegando mesmo a preocupar os líderes pagãos do Império
Romano. E mesmo depois de Constantino continuou vitoriosa
através dos séculos obscuros da Idade Média, perseguida
ferozmente pelos falsos cristãos centralizados nas duas capitais
do Império: Roma e Constantinopla.
O arianismo
Surgido em meados do terceiro século, ensinava o arianismo
<iue Cristo era um simples filho de Deus por adoção, criado do
n*da, portanto inferior a Deus. Mas também dizia que ele não
simples homem. Ocupava uma posição intermediária entre
ueus e o homem, menor que Aquele e maior que este.
o fundador dessa nova doutrina, nasceu no Egito por
^oíta de 256. Era presbítero de uma importante igreja em
sxandria. Suas idéias espalharam-se por todo o Oriente,
ç ^ Concilio de Nicéia, convocado a pedido do imperador
nstantino, rejeitou a doutrina ariana. Destacou-se nesse
srí Ve' Atanásio, enfatizando que Cristo era da mesma
“SfMtacia do Pai.
^ decorrência das controvérsias eristológicas dessa época,
68 História, Milagres e Profecias da Bíblia
surgiram outras idéias antibíblicas, como o focionismo. O bispo
Marcelo de Ancira, ao pretender refutar, em livro, o ariarásmo,
acabou caindo no erro de Sabélio. Soube-se mais tarde que
Marcelo baseara-se nos escritos do bispo Fório, daí o nome da
heresia.
Os arianos, por sua vez, criaram muitas fórmulas para sua
definição de Cristo, caindo numa verdadeira incoerência. Um
bom número delas foi, mais tarde, chamado de semi>
arianismo.
Deuses, semideuses e santos
A principal distinção entre o Cristianismo e o paganismo está
em que neste os mediadores são muitos, enquanto que naquele
há "um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus
homem" (1 Timóteo 2:5). A mitologia greeo-romana ensinava a
existência de deuses maiores ou superiores, e deuses menores
ou inferiores. Acreditava-se que os superiores possuíam todo o
poder, e os inferiores, poderes limitados, servindo de mediado­
res entre aqueles e os homens. A característica principal, então,
do paganismo, era uma enorme quantidade de divindades e
um verdadeiro exército de mediadores.
Lamentavelmente, Roma papal entrou pelo mesmo caminho
do paganismo e perdeu sua distinção cristã, ao canonizar urna
longa lista de santos e os constituir mediadores e advogados
entre Deus e os homens. Embora os católicos romanos não
dêem aos seus supostos santos o nome de deuses ou semideu­
ses, como a mitologia greco-romana o fazia, é inegável o fato de
muitos homens e mulheres mortos, cujas almas segundo se crê
estão no céu, receberem verdadeiro culto religioso semelhante
em muitos aspectos ao da mitologia clássica, por sua vez
herdada do paganismo babilônico. Numa evidente apostasia, o
romanismo atribui a seus santos os mesmos poderes de
mediação que o paganismo conferia aos seus semideuses.
Entre os pagãos, acreditava-se na possibilidade de uma
pessoa ser canonizada se se fizesse notável por seus feitos, tais
como invenções, conquistas ou qualquer outra grande realiza'
Ção benefidadora do gênero humano, podendo então servi*
como intermediárias em favor deste junto às d iv in d a d e 5
superiores. Todos os filósofos pagãos falam neste s e n tid 0'
como registrou o escritor M. H. Seymour em sua c o n h e d d 3
A Bíblia e as Heresias 69
0bra Noites com os Romanistas:
"O filósofo Apuleo disse: 'Os semideuses são inteligências
Intermediárias, por meio das quais nossas orações e necessida­
des chegam ao conhecimento dos deuses. São mediadores
entre os habitantes da terra e os habitantes do céu, e levam para
^ as nossas orações e trazem para a terra os favores implora­
dos; vão e voltam como portadores das súplicas dos homens, e
d0s auxílios da parte dos deuses', etc. Era este o credo do
paganismo, e em nada, a não ser no nome, difere do credo do
romanismo, no que diz respeito à intercessão dos santos.
Quando a igreja romana acha entre os membros de sua
comunhão indivíduos tidos por piedosos ou ilustres, em razão
de certos poderes milagrosos, sustenta que podem ser canoni­
zados e contados entre os seus santos, como mediadores entre
Deus e os homens. Ela acredita que eles possuem influência
suficiente com Deus, para obter dele os favores solicitados, e
que, portanto, são competentes ou idôneos para acolher as
nossas orações e súplicas, segundo declarou o Concilio de
Trento nestas palavras: 'Os santos que reinam juntamente com
Cristo rogam a Deus pelos homens; e é bom e útil invocá-los
humildemente e recorrer a suas orações, intercessões e auxí­
lios'. O princípio do romanismo pagão e o princípio do
romanismo papal são uma e a mesma coisa, não havendo
diferença senão nos nomes dos objetos de invocação. . .
"Quando se descobriu, depois do estabelecimento do Cristia­
nismo, nos tempos de Constantino (quando o grande fim
P e ja d o pela corte era estabelecer a uniformidade da religião),
muitos pagãos se conformariam exteriormente com o
Cristianismo se lhes fosse permitido conservar em particular o
^ t o de suas divindades tutelares, concedeu-se-lhes permissão
P^a isso, mudando tão-somente os nomes de Júpiter em
edro, e o de Juno em Maria; e assim aconteceu que continua-
rajri a adorar suas antigas imagens, depois que estas mesmas
^ agens foram batizadas sob nomes cristãos. Os escritos
aqueles tempos tomam evidente o seguinte: acreditou-se que
ssa foi uma medida muito sábia e um golpe de hábil política, e
j tendia a produzir a uniformidade religiosa entre as massas
^Snorantes. A invocação de Juno se transformou na de Maria,
°rações dirigidas a Mercúrio foram então dirigidas a Paulo,
■Não podemos compreender como a simples substituição
70 História, Milagres e Profecias da Bíblia
dos nomes de Mercúrio ou Apoio, pelos de Damião ou
Cosme, ou a dos nomes de Minerva ou Diana, pelos de Lúç^
ou de Cecília, possa mudar o caráter essencialmente idólatra da
prática.
"Uma passagem da Enciclopédia de Fosbroke", continua
Seymour, "informa-nos do mesmo fato com maiores detalhes:
'Os gentios deleitavam-se nas festas dos seus deuses e não
queriam renunciar a elas. Por isso Gregório (Taumaturgo), que
faleceu no ano de 265, e que era bispo de Neocesaréia, instituiu
festas anuais para facilitar a sua conversão. Foi assim que as
festividades cristãs substituíram as bacanais e as satumais; os
jogos de maio substituíram as florais (jogos em honra de Flora)
e as festas da Virgem Maria, de São João Batista e de diversos
apóstolos tomaram o lugar das solenidades que celebravam a
entrada do Sol nos signos do Zodíaco, de acordo com o antigo
calendário Juliana'. Sobre a verdade destas asserções não pode
haver a menor dúvida, pois ainda hoje é evidente a coincidên­
cia de algumas festas cristãs com as do paganismo."
A Bíblia afirma que somente Jesus Cristo, como o único
Mediador entre Deus e os homens é que pode perdoar pecados
e conduzir o homem ao seu Criador. Ele disse: "Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim" (João 14:6). Em Atos 4:12 está escrito: "E não há salvação
em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum
outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos".
Sucessão apostólica
Poucos textos bíblicos têm gerado mais controvérsias através
dos séculos do que este: "Respondendo Simão Pedro, disse: Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: Bem-
-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e s a n g u e
quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a m in h a
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Daí'
-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá
sido ligado nos céus; e o que desligares na terra, terá sido
desligado nos céus" (Mateus 16:16-19).
Eis aí a passagem basilar da sucessão apostólica, segundo a qual
Simão Barjonas foi o primeiro papa a governar a Igreja, de 33 a
A Bíblia e as Heresias 71
a , d.C-, como possuidor de autoridade suprema sobre todos os
géis* Tal ensino, incrivelmente ousado quando posto à luz da
^gtória e da Bíblia, ainda hoje é sustentado por alguns. Contra
todas as evidências históricas e escriturísticas, admite-se a
^jstoriddade e a canonicidade do ministério papal daquele
apóstolo, em decorrência do qual proveio o dogma que confere
aos chefes visíveis da Igreja Romana a plenitude do poder
espWtual legado por Cristo.
São Pedro, de acordo com o catolicismo romano, nasceu em
Betsaída e expirou em Roma em 29 de junho de 66. Esteve em
Antioquia, onde fixou sua sede pontificai, viajando depois pela
G alícia, Capadócia, Ásia e Bitínia. No segundo remado de
Cláudio, transferiu-se para Roma, onde foi preso. Indultado,
voltou a Jerusalém, onde presidiu ao primeiro concilio da
Igreja. Pelo ano de 65, voltou a Roma juntamente com São
Paulo. Poucos meses depois foi preso e crucificado, sob o
governo de Nero. A Igreja Romana ensina ainda que Pedro foi
o príncipe dos apóstolos, que a Igreja foi fundada sobre Pedro,
que o papa é o sucessor de Pedro e o vigário de Jesus Cristo, e
infalível quando fala com autoridade no que concerne à fé ou à
moral.
O texto de Mateus 16:16-19, citado pela Igreja Romana em
apoio de sua doutrina da supremacia papal, não é tão difícil de
ser compreendido. Jesus pergunta aos discípulos: Quem dizem
os homens ser o filho do homem? Ao que Pedro responde: "Tu
és o Cristo, o filho do Deus vivo". Então Jesus declara Pedro
um bem-aventurado, como todo crente, e lhe diz: 'Tu és Pedro, e
sobre esta pedra (não sobre ti) edificarei a minha igreja, e as
Portas do inferno não prevalecerão contra ela". Pedro confessa a
Cristo e este, então, declara: "Sobre esta pedra (Cristo) edificarei a
nünha igreja". Cristo é a pedra, ou fundamento sobre o qual a
%reja está edificada. A mudança do "te" no versículo 18 para
esta pedra" no mesmo versículo é notável, especialmente pelo
feto de o Salvador voltar a usar o "te" no verso 19, Se a Igreja
^vesse de ser edificada sobre Pedro, Cristo teria dito: sobre ti
edificarei a minha igreja. Entretanto, ele disse: "Sobre esta pedra
edificarei a minha igreja. . . E eu te (a ti, Pedro) darei as chaves do
reirio dos céus".
Que Jesus Cristo mesmo é a Pedra, e não Pedro, não há a
^enor dúvida na Palavra de Deus. Além das passagens de
72 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Gênesis 49:24, Sâlnto 118:22 e Isaías 28:16, temos no Novq
Testamento as próprias palavras de Pedro, portanto de vaIor
incomparavelmente superior a todas as falácias não fundamen­
tadas na Bíblia. Diz o apóstolo: "Chegando-vos para ele (Jesus),
a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para con\
Deus eleita e preciosa" (1 Pedro 2:4; veja também os versículos
5 a 8).
}á na sua confissão anterior, registrada por Mateus, Pedro
reconhece a divindade de Cristo, e este, por sua vez, apresenta
sua opinião acerca do apóstolo. É afirmação clara das Escritu­
ras, conforme explica o professor de grego do Instituto Bíblico
Moody, R. S. Wuest: "O nome original de Pedro era Simão.
Nosso Senhor lhe adicionou o apelido Cefas, que no aramaico
significa ‘uma pedra' (João 1:42), como descrição do caráter de
Simão quando o Espírito Santo viesse ocupá-lo totalmente. . .
Mateus, entretanto, escrevendo em grego, usou um termo que
significa pedrinha e é desse vocábulo que obtivemos a palavra
Pedro" (Jóias do Novo Testamento Grego, Imprensa Batista
Regular, São Paulo, 1966, pp. 51 e 52).
Mas, mesmo conferindo às palavras de Jesus sentido que elas
não possuem — como muitos não temem em fazê-lo — ainda
assim a doutrina da sucessão apostólica continuaria estranha ao
espírito do Novo Testamento, onde se pode comparar as
atividades dos apóstolos Paulo e João em relação às de Pedro, e
demonstrar merecerem aqueles dois a mesma honraria a este
atribuída. Jesus veio especialmente do céu para converter a
Paulo e investi-lo no apostolado; foi Paulo quem levou o
evangelho a todas as nações; quem fundou o que poderíamos
chamar de "Teologia Sistemática" e "Teologia Apologética",
segundo afirmam renomados estudiosos da Bíblia; quem codifi­
cou a moral derivada da justificação peia fé sem as obras; quem
recebeu revelações de Deus tão extraordinárias que a palavra
humana é incapaz de descrevê-las; quem recebeu a missão/
diretamente de Cristo, de pregar em Roma. Foi Paulo constituí'
do apóstolo de todos os homens, e por isso ele se abrasava pelo
cuidado de todas as igrejas. Foi ele quem repreendeu na cara e
em público a Pedro, quando este caía em falta.
E que dizer de João? Foi chamado por Jesus de "Filho do
Trovão"; era o discípulo a quem Jesus amava; João reclinava a
cabeça no seio do Mestre; foi ele quem acompanhou de peri0
A Bíblia e as Heresias 73
j0 o drama do Calvário; quem escreveu o mais extraordinário
dos Evangelhos; quem recebeu a revelação do futuro glorioso
da e vinda do Anticristo. Foi a João que Jesus confiou
0 cuidado de sua mãe.
Argumentar que Pedro foi o principal dos apóstolos e que
deixou sucessores como papas da Igreja, é ir de encontro a todo
0 contexto bíblico. O teólogo J. J. Von AHmen salienta com
razão que "São Pedro não pode ter sucessores: ele, como os
demais apóstolos, exerceu um ministério tão único como o
próprio ministério terrestre de Jesus. Os apóstolos formam
parte da obra de salvação cumprida uma vez por todas:
pretender multiplicá-los no tempo, arrisca negar concomitante-
mente a uniddade da revelação e da redenção trazidas por
Jesus Cristo" (Vocabulário Bíblico, ASTE, São Paulo).
Em defesa do seu indefensável ponto de vista, os teólogos
romanistas apelam para o testemunho de alguns "pais" da
Igreja, destacando a opinião de Santo Agostinho, autor de
numerosos volumes de comentários bíblicos, em alguns dos
quais se manifestara a favor de uma interpretação superficial do
texto de Mateus. Todavia, numa de suas últimas obras,
preparada especialmente para corrigir os próprios erros espar­
sos nos seus muitos escritos, Agostinho retrata-se corajosa­
mente das opiniões que emitira sobre o aludido trecho. Aqui
estão suas próprias palavras:
"Em certo passo, disse eu do apóstolo São Pedro, que a igreja
fora fundada sobre ele, como sobre a pedra. . . Mas lembro-me
de que, depois, e por muitas vezes, tenho explicado esta
sentença do Salvador: 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja', neste sentido: que a pedra é Aquele que Pedro
fotfia confessado quando disse: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivente'. Assim foi que Pedro, derivando o seu nome desta
PEDRA, figurava a pessoa da Igreja que sobre ela foi edificada e
que recebeu as chaves do reino dos céus. Com efeito: Não diz
Tu és a pedra (petra), mas, tu és Pedro (Petrus); porque a
Pedra era Cristo, e Simão, tendo-o confessado, como toda a
j§*eja o confessa, foi por isso chamado Pedro. Que escolha o
leitor, destas duas interpretações, a que lhe parecer mais
Provável" (Retratação de Santo Agostinho, obra citada em
a Igreja e o Anticristo, E. Luiz D'Oliveira, Empresa Editora
brasileira, São Paulo, 1930).
74 História, Milagres e Profecias da Bíblia
A tradição romana
De acordo com a doutrina católico-romana, tradição é a
palavra de Deus não escrita na Bíblia, mas transmitida oralmen­
te de boca em boca, através dos séculos, e ainda registrada e
interpretada na vastíssima e indeterminada obra dos escritores
eclesiásticos, como Agostinho, Tertuliano, Cipriano, Ambró-
sio, Jerônimo, João Magno, Tomás de Aquino e em todos os
decretos de concüios e pastorais de papas.
Um criterioso exame da tradição revela a fragilidade da sua
base, pois a "palavra de Deus fora da Bíblia", como é chamada,
não passa de divergentes opiniões e idéias de homens acerca de
assuntos morais, religiosos e bíblicos, uma vez que é impossí­
vel Deus contradizer-se na sua Palavra. "O supremo Juiz, pelo
qual todas as controvérsias de religião são determinadas e
todos os decretos de concílios, opiniões de escritores antigos,
doutrinas de homens e espíritos privados serão examinados e
cujas sentenças devemos acatar, não pode ser outro senão o
Espírito Santo, falando através das Escrituras", afirma a Confis­
são de Westminster.
Até à Renascença, a Igreja Romana não havia tomado uma
atitude definida com respeito à tradição, em virtude do pouco
conhecimento da Bíblia e da conseqüente fraca oposição aos
dogmas católicos. Mas, com o advento da Reforma Protestante
no século XVI e a abundante distribuição da Palavra de Deus
por toda a Europa, o catolicismo foi desafiado a sustentar seus
dogmas à luz refulgente da Bíblia. Como, logicamente, a
maioria desses dogmas estivesse divorciada da verdade, era
forçoso encontrar outra autoridade que os apoiasse, a menos
que fossem negados e renunciados.
O romanismo, porém, já se havia distanciado demais dos
ensinos bíblicos para voltar a harmonizar-se com eles, £
preferiu então confirmar todas as suas doutrinas e apoiá-las em
outra base. E assim, no Concilio de Trento, realizado logo
depois da arrancada triunfante da Reforma, estabeleceu-se o
dogma segundo o qual a autoridade da tradição é absolutamente
igual à das Sagradas Escrituras. Esse mesmo concilio junto#
ainda ao cânon sagrado alguns livros apócrifos, ou seja, não
inspirados por Deus, os quais preceituam alguns erros eclesiáS'
ticos.
Desde a época em que as muitas inovações anticristãs
A Bíblia e as Heresias 75
começaram a ser aceitas pela Igreja Romana, esta começou a
encontrar dificuldades em justificá-las biblicamente. Tais difi-
^jldades levaram o Concilio de Toulosa, em 1229, a uma
jnedida extrema: proibir o uso da Bíblia a todos os leigos. A
partir dessa data, o clero romano tudo fez para impedir a
propagação da Palavra de Deus, não conseguindo, todavia, o
5eu intento.
Entretanto, depois dos grandes trabalhos de tradução e
íüvulgação das Sagradas Escrituras, realizados por Wicliffe,
Tyndale e Lutero, a Igreja Romana foi obrigada a reconsiderar,
em parte, seu decreto de 1229, permitindo aos fiéis ler a Bíblia
em edição por ela aprovada e desde que não formassem um
juízo próprio de seus ensinos, mas aceitassem a interpretação
tradicional da Igreja, a única certa e infalível. Destarte, os
dogmas fundamentados na tradição estariam resguardados e a
Bíblia reduzida, assim, a um livro ininteligível e destituído da
sua principal característica: a autoridade.
"A questão da autoridade na Igreja de Roma sempre foi uma
dolorosa questão; mas, a história revela que a sua tendência
sempre foi a de flutuar de um para outro ponto, com propensão
para fixar-se no papado. Essa foi a evolução da autoridade: das
Escrituras para a tradição, desta para a Igreja, da Igreja para o
clero e deste para o papa, que em 1870 diria: La tradizzione son
io” (Revista Fé e Vida, São Paulo, maio de 1943).
Não há negar, a tradição teve o seu lugar na Igreja quando foi
preciso responder às diversas heresias que argumentavam com
textos bíblicos mal interpretados. Aqui temos o uso legítimo e
útil de uma tradição: corroborar, confirmar e dar testemunho
das Escrituras Sagradas. E jamais os chamados "pais da igreja"
deram à tradição autoridade igual ou superior à da Bíblia.
Na igreja primitiva não havia duas autoridades doutrinárias.
Isso percebemos facilmente pela leitura do Novo Testamento,
bem como pelo testemunho dos cristãos dos primeiros séculos.
Cipriano, no século III, escrevendo ao bispo Estêvão, disse: "a
^adição sem a verdade é o erro envelhecido". Tertuliano
afirmou: "Cristo se cognominou a Verdade, mas não a tradi-
Ção", e acrescentou: "Os hereges vencem-se com a Verdade e
^ão com a novidade". Vicentio, ano 450: "Inovações são coisas
hereges e não de crentes ortodoxos". São Jerônimo, autor da
kadução da Bíblia considerada oficial pela Igreja Romana — a
76 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Vulgata Latina — escreveu: "As coisas que se inventam e se
apresentam como tradições apostólicas, sem autoridade e
testemunho das Escrituras, serão atingidas pela espada de
Deus",
A Igreja de Roma invoca a autoridade de Irineu, que citava ç
apelava para a tradição. Contudo, a tradição de Irineu era
apostólica, pois fora discípulo de Policarpo e este de João. Além
disso, Irineu jamais concedeu à tradição autoridade igual à da
Bíblia.
Para os que defendem a tradição como verdadeira, necessária
e como um complemento às Sagradas Escrituras, os ensinos de
Cristo e de seus apóstolos ou estão incompletos ou são
insuficientes para a salvação, Isso vai de encontro às seguintes
passagens bíblicas: "E que desde a infância sabes as sagradas
letras que podem tomar-te sábio para a salvação pela fé em
Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada por Deus
e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça” (2 Timóteo 3:15, 16). "Examinais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas
mesmas que testificam de mim" (João 5:39).
Além dessas e de muitas outras passagens, temos as palavras
do Senhor Jesus: "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da
profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer
acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste
livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da
cidade santa, e das que estão escritas neste livro" (Apocalipse
22:18, 19). Este texto é, a um tempo, garantia e advertência.
Garantia de ser a Bíblia a infalível e completa Palavra de Deus,
reveladora de toda a vontade divina a nosso respeito; advertên'
da, pois Deus não tolerará quaisquer acréscimos ou omissões
em sua Palavra.
O espiritismo
O espiritismo, tal como o conhecemos hoje, é c u m p r im e n to
da Palavra de Deus, que afirma: "Ora, o Espírito afirm3
expressamente que nos últimos tempos alguns apostatarão da
fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos
demônios" (1 Timóteo 4:1).
O principal codificador do espiritismo moderno foi HippolV'
A Bíblia e as Heresias 77
jg Léon Denizard Rivail, nasddo em Lion, na França/ em 1804.
médico, bacharel em dências e letras, professor e dentista,
^gse no dia 30 de abril de 1856 que havia recebido a missão de
Pregar uma nova religião. Esse sábio francês, que adotou o
ftO®e de Allan Kardec, escreveu inúmeras obras, entre elas O
livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e O
£ví*ngdho Segundo o Espiritismo.
Vejamos algumas das prindpais doutrinas espíritas, compa­
rando-as com os ensinamentos claros da Bíblia Sagrada:
A doutrina espírita afirma que Deus existe, porém não de
form a pessoal, mas longínquo, que "se perde na distânda
imensurável de um ponto espiritual que mal podemos vislum­
brar" (dt. por T. G. Leite Filho, em Evangelismo: Missão de Todos
Nós, CPAD, Rio de Janeiro, 1982). Esse Deus é uma espéde de
inteligênda cósmica responsável tanto pela criação como pela
manutenção de todo o Universo.
Na Bíblia, entretanto, descobrimos um Deus vivo, real,
pessoal, existente por si mesmo, que se manifesta nas obras de
suas mãos, na história da raça humana e especialmente de
Israel, seu povo escolhido. Nas páginas das Escrituras Sagradas
vemos Deus se revelando a patriarcas, sacerdotes, profetas,
apóstolos e crentes em geral, inclusive por meio de aparições e
do testemunho do Espírito Santo.
Podemos descobrir a personalidade de Deus através dos
títulos que ele usou no Antigo Testamento, como: Eu Sou
(Êxodo 3:14); Javé*Jiré, o Senhor proverá (Gênesis 22:13, 14);
Javé-Nissi, o Senhor é a nossa bandeira (Êxodo 17:15); Javé-
Rofeca, o Senhor que é minha saúde (Exodo 15:26); Javé-
Shalom, o Senhor é nossa paz (Juizes 6:24); Javé-Rafá, o Senhor
é o meu pastor (Salmo 23:1); Javé-Tisidkenu, o Senhor é a nossa
justiça (Jeremias 23:6); Javé-Samá, o Senhor está presente
(Ezequiel 48:35); Javé-Eliom, o Senhor Altíssimo (Salmo 97:9);
tavé-Sabaote, o Senhor dos Exércitos (1 Samuel 1:3); )avé~
^ikidaskim, o Senhor que santifica (Êxodo 31:13), e El Shaddai,
Todo-poderoso (Gênesis 17:1) etc. Por tais atributos ele é
^ vo, eterno, imutável, onisdente, onipotente, justo, reto e fiel.
O homem, segundo o espiritismo, compõe-se de três ele-
j^entos essenciais: corpo, espírito e perispírito, sendo este
^ o , além de indestrutível e eterno como o espírito, a parte
une o corpo e o espírito como um laço, e consiste numa
78 História, Milagres e Profecias da Bíblia
envoltura semimaterial, invisível, mas que às vezes pode
tomar-se tangível nas sessões espíritas.
A Bíblia, entretanto, ensina que o homem foi criado por Deus
a partir de coisas já existentes, ou seja, do pó da terra. Para isso
o Gênesis emprega a palavra "asah". Quando, porém, a
referência é ao espírito e à alma do homem, usa-se "bara", que
significa criar do nada (Gênesis 1:27; 2:7). Estas duas palavras
aparecem em Isaías 43:7: "A todos os que são chamados pelo
meu nome, e os que criei (bara) para a minha glória; eu os
formei, sim, eu os fíz (asah)". O homem foi criado perfeito, por
um Deus perfeito. A Bíblia chama ao corpo "homem exterior" e
ao espírito e à alma "homem interior" (2 Coríntios 4:16; Efésios
3:16). Todavia, o homem possui Mvre-arbítrio, mediante o qual
pode escolher amar a Deus ou desprezá-lo. E o homem preferiu
desobedecer a Deus, embora, se quisesse, poderia ter permane­
cido obediente. Com a entrada do pecado no mundo, o homem
perdeu a comunhão com Deus e a própria natureza ficou
sujeita à vaidade.
Para os espíritas, os espíritos não provêm de uma criação
especial, e chegaram a essa condição mediante uma evolução
multimilenar. Eram simples e ignorantes a princípio, mas,
dando curso ao seu iivre-arbítrio, progrediram, uns mais outros
menos, tanto em inteligência como em moralidade. São almas,
ou espíritos, dos que viveram na terra ou em outros mundos
habitados, e que deixaram o invólucro corporal. AHan Kardec
os classifica em três grupos principais: espíritos puros, espíritos
bons e espíritos imperfeitos.
A Bíblia, ao afirmar que "aos homens está ordenado morre'
rem uma só vez e, depois disto, o juízo" (Hebreus 9:27), nega
terminantemente que os espíritos dos mortos possam retomar
a este mundo, e muito menos reencamar-se. Os supostos
espíritos que se comunicam com os vivos através da mediuní-
dade não passam, portanto, de demônios, que são seres
puramente espirituais e inteligentes. A Bíblia está cheia de
exemplos da capacidade que os demônios, ou maus espíritos/
têm de enganar as pessoas.
Comandados por Satanás, que é capaz de transformar-se efí*
"anjo de luz" para enganar as pessoas e alcançar seus sórdidos
objetivos, os espíritos maus são os que realmente se manifes'
tam nas sessões espíritas, em meio a pessoas que negam toda5
A Bíblia e as Heresias 79
as verdades fundamentais da Palavra de Deus. Se o mundo jaz
no maligno, se Satanás é o príncipe deste mundo e se
percebemos a sua ação nefasta sobre a humanidade não
regenerada, quanto mais não se manifestarão os agentes do
inferno em toda a sua astúcia e ostentação de poderes até
mesmo miraculosos!
A reencarnação, conforme o espiritismo ensina, é uma lei
segundo a qual a alma, ou espírito, volta à vida corporal, mas
em outro corpo que nada tem de comum com o antigo. A
reencarnação é o meio pelo qual todas as criaturas se envolvem
nos planos intelectual e moral, à medida que expiam os erros
cometidos nas encarnações passadas. Como fenômeno próprio
do espírito humano, este tem de nascer, morrer, renascer e
progredir sem cessar. No seu comentário do evangelho, Kardec
diz que a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o
nome de ressurreição.
Começando pelo diálogo com Nicodemos, querem os espíri­
tas que as palavras de Jesus: "E necessário nascer de novo" se
refiram à reencarnação. Note-se, porém, que ali mesmo Jesus
explica que estava falando do nascimento espiritual, e não do
carnal. Não é voltar ao ventre materno e reencamar-se, mas,
sim, nascer de novo pela semente incorruptível da Palavra de
Deus, conforme explica o apóstolo Pedro em sua Primeira
Carta, capítulo um, versículo 23.
Nas próprias supostas reencamações de Rivail percebemos a
grande incoerência do espiritismo. Rivail afirma que numa de
suas encarnações havia sido um sacerdote católico-romano nas
Gálias antigas, chamado Allan Kardec, razão pela qual assinou
suas obras com esse nome. Afirma também que os espíritos lhe
revelaram que, numa encarnação posterior à de Kardec, foi ele
o mesmo João Huss, o famoso pregador e reformador tcheco,
rnartirizado em 6 de fevereiro de 1415. Comparando a fé
religiosa desses três, percebemos que, enquanto Rivail não
acredita na Bíblia, nem no inferno, nem no céu, nem na Igreja,
fiem na ressurreição, Huss acredita em todas estas coisas, e o
suposto Kardec, na condição de sacerdote católico-romano,
certamente cria no purgatório e negava a reencarnação e todas
outras crenças espíritas. São profundas as diferenças doutri­
nárias entre esses três, como representantes de três distintas
religiões. Rivail diz que fora da caridade não há salvação;
,
80 História Milagres e Profecias da Bíblia
Kardec, como padre católico-romano, ensina que fora da Igreja
não há salvação, e Huss enfatiza que fora de Cristo não há
salvação.
Jesus não deixa a menor dúvida sobre a falsidade da
reencarnação e sobre a veracidade da ressurreição, quando diz;
"Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento; mas
os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a
ressurreição dentre os mortos, não casam nem se dão em
casamento [logo, ressurreição não pode ser reencarnação). Pois
não podem mais morrer [o que não acontece na pretendida
reencarnação], porque são iguais aos anjos, e são filhos de
Deus, sendo filhos da ressurreição" (Lucas 20:34-36).
Com relação à Bíblia, usam os espíritas de dois pesos e duas
medidas. Quando querem que suas conjeturas sejam confirma­
das pela Bíblia, citam algum versículo isolado e dizem: "está
escrito". Quando tomam alguma posição certos de que não
podem basear-se na Bíblia, desprezam-na totalmente e apóiam-
-se na opinião do espírito de um suposto ilustre falecido. Umas
das passagens mais conhecidas e citadas, e também mais
torcidas pelos espíritas, é o diálogo entre Nicodemos e Cristo.
O espírita Carlos Imbassahy definiu bem a posição do
espiritismo em relação à Bíblia: "Gostamos pouco de discutir
baseados na Bíblia, por que além de a conhecermos mal,
encontramos nela, misturados com os mais santos e sábios
ensinamentos, os mais descabidos e inaceitáveis absurdos" (O
Espiritismo Analisado, citado em Heresiologia, EETAD, Campi­
nas, São Paulo).
Kardec diz que Jesus "veio completar as profecias que lhe
anunciavam a vinda. A autoridade provinha-lhe da natureza
excepcionai do seu espírito e da sua divina missão; veio ensinar
aos homens que a verdadeira vida não existe na terra, mas no
reino dos céus: veio mostrar-lhes o caminho que a eles conduz
os meios de se reconciliarem com Deus e fazê-los pressentir a
marcha das coisas futuras para cumprimento dos destinos
humanos" (O Evangelho Segundo o Espiritismo).
Analisemos as palavras de Kardec. O espírito de Cristo é de
uma "natureza excepcional". E por que não natureza divina? A
autoridade provinha-lhe. . . da sua "divina missão". A divina
missão de Jesus foi salvar os pecadores e morrer por eles. Veio
ensinar aos homens que "a verdadeira vida não existe na terra
A Bíblia e as Heresias 81
no reino dos céus". Por que, então, os espíritas não crêem
n o s céus, esse reino fe liz e glorioso onde todos os salvos vivem
a verdadeira vida? Veio "mostrar-lhes o caminho que a eles
c o n d u z " . Por que, então, o espiritismo não aceita esse caminho
q tie é, sem dúvida, o caminho que conduz ao céu, ao reino dos
céus?
A Bíblia diz que Jesus é o Salvador, o médico divino, que veio
buscar e salvar o perdido, O espiritismo esforça-se por ignorar
completamente a obra redentora de Cristo, apresentando-o ao
mundo como um grande filósofo, um grande sábio, um grande
mártir. Nunca o chama de Senhor, mas sempre de Mestre.
Esquece-se, entretanto, que com esse cruel procedimento
arranca, de todas as missões de Jesus, a maior delas, a mais
elevada, a principal, que é o evangelho que ele próprio mandou
pregar, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.
De fato, quando Kardec procura descrever a missão de Jesus,
nada fala da missão de Cristo dé salvar a humanidade pelo seu
sangue, e não menciona o nome principal de Jesus, que é
"Salvador". Não diz que ele veio para ser levantado na cruz
como a maior de todas as esperanças do cristão. E podemos
dizer, mesmo, ser o sangue de Jesus a única tábua de salvação
que nos resta aqui. Satanás, procurando ocultar-se no espiritis­
mo, investe violentamente contra o Salvador Jesus, desvirtuan­
do o poder infinito do seu precioso sangue que nos purifica de
todo o pecado.
5
A Bíblia e
sua mensagem

Apresentamos aqui uma seleção de mensagens da Bíblia,


algumas já publicadas na imprensa evangélica do Brasil e de
Portugal, e outras adaptadas para programas radiofônicos. Os
temas são variados e complementam alguns dos outros capítu­
los desta obra.
Fatos e mitos no Natal de Jesus
O profeta Oséias, uns sete séculos antes de Cristo, registrou
as seguintes palavras de Deus acerca de Israel: "O meu povo
está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento" (Oséias
4:6).
A história se repete e milhões, hoje, estão se auto-destruindo
pelo mesmo motivo. As mentiras vão tomando o lugar da
verdade, as tradições assumem o posto da doutrina e os mitos
passam-se por fatos.
A Bíblia é feita de fatos, e de promessas que um dia também
serão fatos consumados. Para nós, a Bíblia não apenas contéro
a Palavra de Deus, como ensinam os modernistas, mas é a
Palavra de Deus.
Dentro do nosso propósito de separar o trigo do joio — os
fatos dos mitos — no que diz respeito ao Natal de Jesus, o
primeiro exemplo estã em Lucas 2:14: "Glória a Deus nas
maiores alturas, e paz na terra, entre os homens, a quem efc
quer bem". Deus mesmo toma a iniciativa, ama o mundo de tal
maneira que lhe envia o seu único Filho. Ele prova o seu amor
para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores. A salvação veio de Deus, por intermédio de Cristo-
A Bíblia e sua Mensagem 83
//Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas" (Isaías
"Foi ele quem nos fez e dele somos" (Salmo 100:3). Este é
^ dos maiores fatos relacionados com o Natal de Jesus: a boa
vontade de Deus para conosco.
T o d a v ia , muitos discordam de Deus e da Bíblia, e mudam a
verd a d e divina em mentira, ao citarem o referido texto como
sen d o : "Glória a Deus nas alturas, paz na terra aos homens de
boa vontade". Inexiste tal versículo, e ainda que existisse, não
e n c o n tra ria ele respaldo escriturístico. Os homens nunca tive­
ram boa vontade para com Deus. A redenção é obra exclusiva
de Deus em Cristo. O fato de o véu do templo rasgar-se de alto a
baixo naquela trágica tarde de sexta-feira, mostra de onde vem
a salvação: de cima, de Deus.
O segundo exemplo é este: "Tendo Jesus nascido em Belém
da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos
do oriente a Jerusalém. . (Mateus 2:1). Esta é a verdade: uns
magos. Ninguém, até hoje, conseguiu provar a historicidade
dos três reis magos. A Bíblia não diz quantos eram nem os
apresenta como reis, e é imprudente tirar conclusões apressa­
das baseando-se apenas nos presentes ofertados ao menino
Jesus. Provavelmente eram eles conselheiros reais na Babilônia,
pessoas ilustres, pois como tais foram recebidos em Jerusalém.
Mas não se pode afirmar que eram reis, nem que eram três. Se
fossem apenas três como poderiam eles atravessar milhares de
quilômetros, às vezes por desertos infestados de bandidos? H.
H. Halley, em seu Manual Bíblico, sugere mais de três e ainda
acompanhados de uma comitiva composta de dezenas ou
centenas de pessoas, ao ponto de alvoroçarem toda a cidade de
Jerusalém. É fato histórico que uns magos, vindos do Oriente,
seguiram a estrela e visitaram o menino Jesus, mas não passa
de mito tudo o mais que não se pode provar pela Bíblia ou pela
história.
O terceiro exemplo está em Mateus 2:11: "Entrando na casa,
^iram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adora-
ram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas:
°uro, incenso e mirra".
O fato bíblico é: "entrando na casa". O mito é: entrando na
Manjedoura. São comuns as representações, segundo a tradi-
Ção romana, de Jesus deitado num berço de palhas, na
Manjedoura, recebendo os presentes dos magos. Tais insinua­
84 História, Milagres e Profecias da Bíblia
ções não encontram base na Bíblia Sagrada. As palavras usadas
para recém-nascido e menino são diferentes, e Mateus se seryç
exatamente da última, cujo significado é o de uma criança entre
um e dois anos de idade. É o que se infere do fato de Herodes
mandar "matar todos os meninos de Belém, e de todos os seus
arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com
precisão se informara dos magos" (Mateus 2:16).
Felizmente, mediante os recursos fornecidos pelos magos,
José e Maria, "avisados por divina revelação", fugiram para o
Egito levando Jesus, para que se cumprisse Oséias 11:1: "Do
Egito chamei o meu filho".
Finalmente, o quarto exemplo: "Aquele que crê no Filho tem
a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida,
mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3:36). Este é um
fato: somente possui a vida eterna quem crê em Jesus "confor­
me as Escrituras" (João 7:38). Ele morreu por todos, mas
apenas muitos, não todos, serão beneficiados pela sua morte.
Vejam-se estas passagens: Isaías 53:11 (justificará a muitos),
Mateus 26:28 (seu sangue derramado por muitos), Lucas 1:14
(muitos se alegrarão no seu nascimento) e Hebreus 1:10 (trazen­
do ^muitos filhos à glória).
É mito acreditar numa salvação automática e incondicional,
sem participação da nossa parte. O Natal de Cristo nos coloca
numa encruzilhada: ou entramos pelo caminho da verdade,
aceitando a Palavra de Deus como ela é, crendo e confiando no
Filho de Deus — seu nascimento sobrenatural, ministério,
morte redentora e ressurreição — como condição "sine qua
non" para a posse da salvação, ou permanecemos no mito,
tendo a ira de Deus pairando sobre a nossa cabeça. De nada
valem os banquetes, as trocas de felicitações, a filantropia
interesseira, o comparecimento aos templos religiosos, árvores
natalinas, presépios, programas especiais e outras coisas, que
não passam de tradições humanas. Mas a Palavra de Deu^
como verdade cristalina, apresenta um fato glorioso na vida de
milhões de pessoas em todo o mundo: "A todos quantos o
[Jesus] receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus; a saber: aos que crêem no seu nome" (João 1:12).
Positivismo bíblico
A Palavra de Deus, como o Livro que encerra o passado, 0
A Bíblia e sua Mensagem 85
regettte e o futuro num só panorama, aconselha a todo cristão
*jUe se levante, olhe para Jesus e prossiga para o alvo, que é
^ ver, em toda a sua plenitude, uma nova vida aqui neste
jnundo.
A história de muitos é o trágico relato de quem começou
andando, mas parou. Vidas antes abundantes, agora estão
secas, insípidas. "O que é que o Senhor pede de ti, senão. . .
q U e andes humildemente com o teu Deus?" (Miquéias 6:8). O
mundo não precisa de mais cristianismo, mas de verdadeiros
cristãos que realmente vivam o evangelho de Cristo.
Andar, nas Escrituras, é sinônimo de viver, pois implica em
movimentar-se, pôr-se em ação, tomar um rumo, prosseguir.
Fisicamente, a imobilidade atrofia nervos e músculos, enfra­
quece os ossos, entorpece os sentidos e leva o corpo à paralisia
e à morte prematura. Quando a Igreja parecia acomodar-se em
Jerusalém, veio a perseguição, e os crentes; espalhados por
toda a parte, proclamaram o evangelho a outras gentes. A vida
abundante não pode ser represada. Ela tem de fluir constante­
mente para ser renovada. É o que afirma a Bíblia: "Do seu
interior fluirão rios de água viva" (João 7:38). Notem o
"fluirão". É a água espiritual em movimento, jorrando, vivifi-
cando vidas mortas e reflorescendo corações desérticos.
Os primeiros sintomas da morte espiritual na Igreja Romana
surgiram com os mosteiros e conventos, quando muitos
julgaram necessário fugir literalmente do mundo para agradar
a Deus, esquecidos das palavras de Jesus: "Não peço que os
tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal" (João 17:15),
Correr da sociedade e afastar-se dos pecadores é o mesmo que
dar remédio aos sãos e acender a lâmpada no claro. "Os são
não precisam de médico, e, sim, os doentes" (Mateus 9:12).
"Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está
nos céus" (Mateus 5:16).
Muitos crentes, nos primeiros anos de fé, passam pela
amarga experiência de terem de morar, trabalhar ou estudar em
ambientes hostis ao evangelho. Oram e esforçam-se por uma
Mudança, mas nada acontece. Por quê? Porque Deus mesmo é
9uem os coloca lá, nas trevas mais escuras, para que por eles a
Mfulgente luz de Cristo alcance também as almas entenebred-
das pelo pecado. Jesus humanizado, sujeito às mesmas paixões
86 História, Milagres e Profecias da Bíblia
que nós, jamais pecou, embora vivesse com publicanos ç
pecadores e fosse amigo deles.
Parar é morrer. Stanley Jones afirma que muitos crentes
naufragam na fé porque param, fogem das lutas e passam a
viver apenas na contemplação das compensações do céu. "É
evidente que tais compensações existem, mas o evangelho
consiste mais em transformarmos em céu os nossos infernos",
O que anda, anda por motivação, busca encontrar algo,
espera chegar a um destino. O cristão bíblico tem um alvo e
anda, renova-se e vive. Andar é ato de otimismo, enquanto o
parar é um estado do pessimismo. "O pessimista assenta-se e
lastima; o otimista levanta-se e age", diz o adágio popular. O
primeiro Salmo da Bíblia afirma que o homem, ao desviar-se do
plano de Deus, pára no caminho dos pecadores e finalmente
assenta-se na roda dos escamecedores. A ordem divina é:
"Levantai-vos, e íde-vos embora, porque não é lugar aqui de
descanso" (Miquéias 2:10).
Vida com abundância
Nas proximidades da cidadezinha de Bom Jardim de Minas,
minha terra natal, havia um lindo lugar denominado "Toca do
Bichinho", lamentavelmente hoje destruído pelo descaso das
autoridades e pela ganância dos fazendeiros da região. Tratava-
-se de um pequeno vale coberto por frondosas árvores e
imensas lajes que avançam de um dos montes, como se
quisessem esconder um cristalino riacho margeado de areia
fina e branca.
As pessoas que visitaram a encantadora "Toca" perpetuaram
em suas paredes rochosas, como recordação, o seu próprio
nome gravado, um pensamento ou mesmo versículos bíblicos.
Quando visitei aquele inesquecível recanto, no início de 1964,
não consegui evitar que se me fixasse na memória um pensa'
mento escrito numa grande pedra incrustada entre muitas
outras que serpenteiam o regato. Ei-lo: "A vida passa efêmera e
vazia; um adiamento eterno que se espera, numa eterna
esperança que se adia".
Como parece evidente, esse pensamento expressa um inegá'
vel fato comum à raça humana de todos os tempos. 5e
pudéssemos ver o íntimo de cada semelhante nosso, desco­
briríamos que a grande maioria leva uma vida "efêmera e
A Bíblia e sua Mensagem 87
vazia”/ agarrando-se à esperança de um futuro melhor, porém
^certo, uma vez que a própria esperança é como uma casa
edificada sobre a areia. É como um viajante sedento num árido
deserto e que se alegra ao contemplar um lago de límpidas
águas, mas que, quanto mais caminha em sua direção, mais ele
ge afasta, não passando de uma miragem.
Quão diferente, entretanto, é a existência de quem recebe a
vida eterna e toma a Bíblia como regra de fé e prática, como a
bússola de sua vida! Esse pode dizer como o Salrnista: "O
Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo?
O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? Ainda
que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o
meu coração" (Salmo 27:1, 3).
Naquela memorável tarde de verão, a natureza muito contri­
buía para enlevar-me espiritualmente. O agradável murmúrio
das águas, o cantar alegre da passarada, o aroma benfazejo das
flores campestres e a beleza extasiante do pôr-do-sol, tudo
falava íntima e suavemente ao meu coração. E enquanto lia e
relia as palavras do poema, percebi que minha alma se
extravasava de alegria, de paz, de segurança, e desfrutei a
predosa companhia daquele que é tudo para o cristão nesta
vida. Pude compreender que, para o crente, a vida não passa
efêmera e vazia, mas cheia de bênçãos celestiais, de plena
liberdade no Espírito, de fé consoladora no futuro.
Como é reconfortante estar apoiado na Rocha Eterna e
Inabalável, e fartar-se daquela Água Viva que sada a nossa
sede de paz, de justiça e de felicidade presente e futura!
Cristo, a nossa Esperança
Durante a "revolta boxer", cerca de trinta mil cristãos
chineses preferiram morrer a negar o seu Senhor. A senhora
^bang, formada pela Escola Missionária de Londres, foi atirada
nas ruas de Pequim com seu bebezinho e sua mãe cega. Foram
Separadas, e a velha mãe perdeu-se. Um revoludonário pren-
Chartg com o bebê e os levou à presença de um juiz boxer.
u lugar estava escorregadio com o sangue dos cristãos já
sacrificados. A mãe apertava ao peito o fÜhirtho e orava: "Ó
enhor, dá-me coragem para confessar-te até ao fim", O
Magistrado perguntou-lhe:
Es tu cristã?
88 História, Milagres e Profecias da Bíblia
— Sim — respondeu ela.
— Queima isso e serás poupada — disse ele entregando-lhe
uma vara de incenso.
— Nunca — respondeu ela.
— Mate-a! — bradou o magistrado. Calmamente ela disse;
— Meu corpo pode ser morto e lançado à terra, como
estes — e apontou para o monte de cadáveres ao lado — mas a
minha alma irá para Jesus —. Dizendo isso ela morreu com
aquela abençoada certeza de ir para Deus.
Este é um fato que encontra inúmeros paralelos na história
do Cristianismo. Em quase todos os países do mundo o
fanatismo religioso ou o ódio anticristão tem cometido atrocida­
des semelhantes às que se verificaram na China. Contudo, em
todas essas ocasiões os cristãos se têm portado com altruísmo e
coragem, preferindo a morte a negar sua fé no Senhor Jesus
mesmo que essa morte seja lenta e torturante. Essa escolha
"louca" tem deixado perplexos e indignados os inimigos do
Cristianismo, pois não encontram para ela explicação lógica,
também pelo fato de esses crentes manterem uma atitude
calma, serena e amorosa ante o martírio inevitável e hediondo.
Para os que não têm esperança, a escolha do cristão em tais
circunstâncias é realmente um mistério ou uma loucura. Não o
é, porém, para os que conhecem e amam o Senhor Jesus,
"nossa esperança" (1 Timóteo 1:1). Ele disse: "Não temais os
que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer.
Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele
que depois de matar, tem poder para lançar no infemo. Sina,
digo-vos, a esse deveis temer. . . Quem quiser, pois, salvar a
sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e
do evangelho, salvá-la-á" (Lucas 12:4, 5; Marcos 8:35).
Através dos tempos mais remotos, desde que o homem
desobedeceu a Deus e ficou sujeito ao pecado, o Senhor Jesus,
o Messias prometido, tem sido a mais fagueira das esperanças.
Os patriarcas, os salmistas, os profetas e todos os que buscaram
a Deus no Antigo Testamento encheram seus corações dessa
esperança consoladora. Moisés, nada menos que 75 vezes faloü
do Messias. Os profetas, através dos séculos, fizeram mais de
240 referências à tão almejada vinda do Salvador. Ao todo são
456 gloriosas promessas que se cumpriram com o advento ào
Filho de Deus.
A Bíblia e sua Mensagem 89
Ao manifestar-se ao mundo, Jesus viveu entre os homens
exatamente como os profetas vaticinaram. Foi ele "Maravilho­
so, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
paz" (Isaías 9:6). E ao consumar a obra de redenção da raça
bumana, e^e confortou os discípulos com palavras inefáveis e
promessas de uma vida eterna com ele na glória, onde não mais
jiaverá "morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque já as
primeiras coisas são passadas" (Apocalipse 21:4). E não somen­
te prometeu-lhes estas bem-aventuranças, mas deu-lhes tam­
bém a certeza, pelo seu Espírito, de que se tomaram herdeiros
do reino vindouro. Não há, pois, motivos para temer a morte
física, quando esta antecipa o gozo indizível que aguarda os
salvos ao final da sua peregrinação terrena. Quando Cristo é a
nossa esperança, não há lugar para lamentações, tristezas,
mágoas e vinganças. Quando assim encaramos a vida presente,
mesmo que esta esteja cheia dos inevitáveis dissabores que
fazem deste mundo um vale de lágrimas, podemos fazer
nossas as palavras do apóstolo Paulo: "Porque para mim tenho
por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para
comparar com a glória por vir a ser revelada em nós" (Romanos
8:18).
Liberdade em Cristo
Pela desobediência, o homem trocou sua pureza e santidade
por uma ininterrupta degeneração física, moral e espiritual.
Transformou sua paz em desespero e sua felicidade em
completa desgraça, constituindo-se inimigo de Deus e escravo
do pecado. Diz a Bíblia: "Pela desobediência de um só
homem. . . todos pecaram e carecem da glória de Deus".
"Todo o que comete pecado é escravo do pecado" (Romanos
5:19; 3:23; João 8:34).
"Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas
lanchas?" (Jeremias 13:23), pergunta Deus referindo-se ao
homem desejoso de libertar-se dos seus pecados por suas
próprias forças. Ele não consegue, por si mesmo, livrar-se dos
seus vícios e muito menos de suas más inclinações. Pergunte-se
a um fumante por que não deixa de fumar. Apesar de saber que
0 fumo é o principal agente do câncer pulmonar, ele continua
hunando. Da mesma forma acontece com o alcoólatra.
O pecado enraizou-se na alma humana e mancha-a terrível-
90 História, Milagres e Profecias da Bíblia
mente. É uma verdadeira lepra espiritual que se ramifica,
amarrando e sufocando a alma. Como um déspota tirano, o
pecado exige de seus escravos uma obediência cega, porque
atrás dele está o próprio Satanás, o grande usurpador. As obra§
do pecado são as mais horrendas que se pode imaginar;
insegurança, doenças, inimizades, rixas, contendas, falta de
paz e toda uma grande e negra lista.
Pecado é desobediência. Ao colocar o homem no Éden,
disse-lhe o Senhor Deus: ''De toda a árvore do Jardim comerás
livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal
não comerás" (Gênesis 2:16,17). O homem, porém, não estava
impedido de desobedecer, e por isso comeu do fruto da árvore
proibida. Aqui nasceu o pecado com todas as suas desgraças.
Escravizado e sujeito à morte, o homem luta duramente para
granjear o pão cotidiano com suor e lágrimas. O pecado tomou
a terra em maldição, produzindo esta "espinhos e cardos"
(Gênesis 3:17,18). Em conseqüência da desobediência, "toda a
criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora"
(Romanos 8:22). O pecado sujeitou a Terra à corrupção. Por
isso as coisas criadas esperam ardentemente a vinda do Senhor
em glória, quando se dará então a manifestação dos filhos de
Deus (Romanos 8:18, 21).
Mas, graças a Deus, o Senhor Jesus Cristo se manifestou para
desfazer as obras do diabo (1 João 3:8). Ele foi apresentado por
João Batista como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo" 0oão 1:29). Esta declaração evoca a primeira Páscoa,
quando cada família israelita imolou um cordeiro e aspergiu o
sangue dele nos umbrais e vergas das portas, a fim de livrar os
primogênitos de Israel da última praga, a morte. Aquele
sangue apontava para o precioso sangue de Jesus, que "nos
purifica de todo o pecado" (1 João 1:7).
Foi baseando-se no cumprimento literal desse símbolo que
escreveu o apóstolo São Pedro: "Sabendo que não foi mediante
coisas corruptíveis como prata ou ouro, que fostes resgatados
do vosso futil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula'"
(1 Pedro 1:18, 19).
A verdadeira liberdade, a liberdade espiritual que dá à alma
íntima comunhão com Deus, somente o Senhor Jesus pode
conceder. Basta atender ao seu amável convite: "Vinde a mim
A Bíblia e sua Mensagem 91
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aviarei". "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"
(Mateus João 8:32).
A verdadeira paz
Solicitaram a dois famosos artistas que pintassem um quadro
representando a paz. Um deles pintou uma linda tarde,
aparecendo no cenário um lago tranqüilo, árvores esparsas,
mna planície que se estendia ao longe, algumas ovelhas
pastando e outras deitadas, uma cabana de pastor, o sol se
pondo. . . Tudo denotava descanso e quietude.
O outro pintou tuna cena tempestuosa e selvagem. Densas e
escuras nuvens, açoitadas pelo vento, cirandavam no espaço
enegrecido. Árvores centenárias e desfolhadas se contorciam
furiosamente ao embate implacável da tempestade impiedosa.
No centro, uma cascata despejava seu volume colossal de
águas envoltas em espumas que subiam do abismo. As rochas
escarpadas, a corrente poderosa, as colunas de água, tudo se
destacava de tal maneira que quase se podia ouvir o ruído
medonho das forças da natureza. No entanto, uma das
primeiras coisas que os olhos percebiam na tela era um pássaro
no cume do rochedo, absolutamente alheio ao ambiente,
soltando o seu mavioso trinado.
Eis aí, nesta última representação, a paz de que nos fala a
Bíblia. Paz que nos pode manter serenos e tranqüilos em meio
às inevitáveis tempestades da vida presente. Paz que não
depende da cessação dos conflitos armados ou ideológicos,
pois mesmo a tão almejada paz terrena, sonho dos mais
honestos pensadores e governantes de todos os tempos, não
pode satisfazer plenamente aos mais sinceros e sublimes
anseios da alma.
Segundo as palavras do Senhor Jesus em João 14:27, o
mundo não conhece a verdadeira paz por causa do pecado. O
profeta Isaías, depois de registrar que ''para os perversos não
há paz", declarou: "Porque as vossas iniqüidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus" (Isaías 57:21; 59:2). Nesta
triste condição estão todos os filhos de Adão, pois, pela
desobediência deste, todos foram feitos pecadores. A Bíblia
afirma: "Todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Roma­
nos 3:23). "O pecado é o grande mal que desonra a Deus e
92 História, Milagres e Profecias da Bíblia
arruina a criatura, fazendo-a cair abaixo do nível da criação
bruta, e tomando-a, não passiva nem cega, como é a criação
material, mas ativamente oposta a Deus, uma negação de
Deus, um elemento de desordem na criação harmoniosa do
Onipotente" (O Livrinho do Coração).
Nesta atitude de constante oposição e guerra ao Criador,
como conseguirão os homens gozar a verdadeira paz?
Para o mundo em geral está manifesto que não haverá paz
alguma. Porém, individualmente, ela pode ser usufruída,
preenchidas as condições da Palavra de Deus. Escreveu o
apóstolo Paulo que, "justificados, pois, mediante a fé, te­
nhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo"
(Romanos 5:1). Esta é a exigência bíblica para os que desejam
gozar a inefável paz de Deus. É preciso confiar em Cristo, ou
seja, crer em sua Pessoa divina e humana, crer no que ele já fez
por nós e no que fará em nós, conforme as Escrituras. Através
dessa preciosa confiança, Deus nos justifica, perdoando as
nossas transgressões e reconciliando-nos consigo. Somente
assim os íntimos anseios da alma humana encontram resposta
em Deus, a fonte daquela verdadeira e imorredoura paz que
pode permanecer indelével no interior dos homens, mesmo
nas circunstâncias mais adversas.
Jesus, o Rei
Quando alguns fariseus interrogaram Jesus acerca da época
em que ele estabeleceria na terra o seu reino, tiveram como
resposta: "O reino de Deus está dentro em vós" (Lucas 17:21).
Aqueles religiosos ficaram decepcionados com a resposta de
Cristo, pois não viam com seus próprios olhos tal reino nem o
podiam compreender ou sentir.
De maneira geral, os judeus esperavam da parte do Messias
um domínio político e ditatorial, que rápida e heroicamente
libertasse Israel de seus poderosos opressores. Suas mentes e
atenções estavam de tal maneira voltadas para as dificuldades
econômicas, religiosas e morais da nação, que só podiam
esperar da parte de Jeová um Cristo revolucionário, talvez
como um dos Macabeus, que suplantasse pela força das armas
o Império Romano e reinasse em Jerusalém "com vara de
ferro", conforme anunciava o segundo salmo.
Tal interpretação de escrituras isoladas não poderia apoiar-se
A Bíblia e Sua Mensagem 93
po conjunto das claras profecias, pois estas falavam de um
jvlessias desprezado, perseguido e aparentemente fraco, que
seria levado à cruz como se leva um cordeiro ao matadouro
(Isaías 53). Isso a maioria dos judeus não percebeu, como
também não percebeu as profecias acerca da sua ressurreição e
do estabelecimento por ele de um reino eterno, porém,
inicialmente, caracterizado por seus aspectos espiritual e mo­
ral, no qual Deus é supremo.
Muito embora rejeitado pelo povo e incompreendido até
mesmo por muitos discípulos, Jesus cumpriu fielmente a
missão que lhe fora confiada, de resgatar, com seu precioso
sangue, os que nele cressem. E depois de vencer o diabo e a
morte, entregou aos seus primeiros súditos — pouco mais de
uma centena — as boas novas de salvação, seladas com o seu
próprio sangue, e mandou-os proclamá-las a todas as gentes.
Jesus, como Rei da paz e do amor, tem satisfeito plenamente
todos os anseios de seus governados, concedendo-lhes graça
sobre graça.
Nas Escrituras, o reino de Cristo é também conhecido por
"raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus” (1 Pedro 2:9), que são alguns dos títulos da
verdadeira Igreja. Esta fiel assembléia dos santos, enquanto
estiver na terra como igreja militante, tem de lutar com denodo
contra o reino das trevas, despoticamente governado por
Satanás e seus agentes, e onde estão presos e escravizados
todos os que ainda não nasceram de novo.
Todavia, as Escrituras tratam também do aspecto escatológi-
co do Reino, a ser estabelecido aqui na terra com a vinda de
Jesus para o Milênio. As referências bíblicas são abundantes:
Deus prometeu a Abraão que da sua descendência sairiam
reis (Gênesis 17:6). Jacó profetizou que o cetro não se apartaria
de Judá, e que viria Siló, o Messias (Gênesis 49:8). Os profetas
falaram de Cristo como rei (Isaías 9:6; Zacarias 9:9; Jeremias
23:5). De fato, Jesus nasceu como rei (Mateus 2:2,11,16-18), foi
aclamado rei pelos judeus (João 12:12-16; Mateus 21:8-11),
testificou da sua realeza diante de Pilatos (João 18:33-37), como
rei foi coroado e crucificado (Mateus 27:29, 37), e como rei foi
recebido em cima nos céus (Salmo 24:7-10).
Como Rei dos reis e Senhor dos senhores Jesus é hoje
glorificado (1 Timóteo 1:17; 6:15; Apocalipse 1:5; 15:3; 19:6).
94 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Como rei ele voltará com poder e grande glória (Mateus 16:27
28; 25:34; Apocalipse 17:14; 19:16), e reinará na terra por mj]
anos (Ezequiel 37:22,24,25; Apocalipse 20:1-6; Daniel 2:44; 7:27-
Mateus 19:28; Atos 2:30). Finalmente, como rei ele entregará ó
Reino ao Pai, no final do Milênio, quando toda a rebelião
estiver para sempre aniquilada (1 Coríntios 15:24-28; Filipenses
2:9-11).
Segundo o concerto estabelecido entre Deus e Davi, através
do profeta Natã (2 Samuel 7:1-17), a casa de Davi (sua linha­
gem), o trono de Davi e o reino de Israel durariam para sempre.
Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento de
Jesus, disse que ele seria grande, e o Senhor Deus lhe daria o
trono de Davi seu pai, e que ele reinaria sobre a casa de Jacó para
sempre, e seu reino não teria fim (Lucas 1:32, 33). Aqui estão as
mesmas três palavras-chave do concerto davídico: trono, casa,
reino. As nações não querem que Cristo reine sobre elas. Israel
não quis e ainda não quer que Cristo reine sobre ele, mas Deus
é fiel e executará a sua vontade. Jesus remará!
Deus é amor. . . e justiça
Pessoas há que se admitem pecadoras, mas que nem por isso
se sentem perdidas. Julgam que suas boas ações, suas obras
caritativas podem apagar a nódoa pecaminosa de suas almas e
facultar-lhes a entrada no céu. Apegadas a essa falsa esperança,
milhares (talvez milhões) caminham pela vida sem certeza, sem
paz e sem Deus, em direção à perdição eterna. Outras, aliadas a
errôneas doutrinas, vivem como se não existissem nem céu
nem inferno, mas procurando'abafar a voz da consciência que
procura mostrar-lhes o perigo que correm em prosseguir nessa
senda. Há, ainda, os desobedientes a Deus, mas que vivem
alimentando a suposição de que ele é incapaz de permitir a
perdição de suas criaturas, sendo ele todo poder e amor-
A todos esses a Escritura Sagrada responde que Deus
realmente ama suas criaturas, mas condena o pecado. Sendo
ele santo, por sua própria natureza é incompatível com a menor
transgressão da sua boa, perfeita e soberana vontade, uma veZ
que isso o desonra e o ofende. A Bíblia diz: "Todos pecaram e
carecem da glória de Deus". "Todos nós andávamos desgarra'
dos como ovelhas" (Romanos 3:23; Isaías 53:6). Declara ainda o

Apóstolo do Amor em seu Evangelho: "O que, todavia,


A Bíblia e Sua Mensagem 95
jantem rebelde contra o Filho nâo verá a vida, mas sobre ele
erjxianece a ira de Deus" (João 3:36). Por estas passagens
^tendemos claramente que o homem está em pecado, e,
conseqüentemente, perdido. Todos pecaram, todos se desvia-
faíiV e so^re todos paira a terrível sentença: a ira de Deus.
fijio s atrás, na Suécia, certo camponês resolveu roçar o seu
campo, apesar de o tempo ameaçar iminente tempestade. Seus
familiares, pressentindo o perigo, tudo fizeram para impedir
que ele corresse aquele risco, mas em vão. O camponês saiu
para o trabalho, mas, pouco depois, ao desabar o forte
vendaval, a ferramenta que ele carregava atraiu um raio que o
fulminou instantaneamente. Da mesma maneira o pecado
atrairá a ira divina sobre os que ainda vivem nele.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia e que prova o
seu amor para conosco, preparou um meio de salvação. Nas
palavras áureas da Bíblia, lemos: "Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"
(João 3:16).
Amados leitores ainda não salvos, apoderem-se desta glorio­
sa verdade: Deus os ama e não quer a sua perdição. Estão agora
perdidos, mas Deus quer a sua reconciliação com ele. Aceitem
agora o Salvador Jesus, confiem nele, sigam-no, e ele apagará
todo o seu pecado e lhes dará eterna bem-aventurança.
Subversão moral
"A publicidade que se faz do sexo, nas formas mais absurdas
®escandalosas, inclusive com incitação de casais à prática da
Mbidinagem grupai, vem-se tomando uma constante, merecen­
do tal fato, certamente, um freio, em nome da moral, dos bons
costumes e, bem assim, na defesa da família, hoje invadida por
esse tipo rude de literatura que se distribui sem nenhum
controle. Hoje, com base em uma doutrina sutil e inconseqüen­
te' procura-se deturpar o elevado objetivo do sexo diante dos
Pfenos de Deus para o homem, deixando o sexo de revestir-se
a sua verdadeira dignidade. Deste modo, homem e mulher se
^tregam à prática da depravação, seguindo conselhos folheti-
^scos, visando simplesmente o prazer físico, fazendo da
Q u a lid a d e uma razão a mais de viver e do corpo um
^strurnento de satisfação momentânea, como se nele não
96 História, Milagres e Profecias da Bíblia
residissem virtudes divinas e a ele não se destinasse a morad^
do Espírito de Deus."
As palavras acima foram proferidas na Câmara Federal p0r
um médico e parlamentar evangélico, que acrescentou: "As
Escrituras, que têm a solução para todos os problemas da,
humanidade, condenam a prática do sexo sem as finalidades $
que se destina. E não podemos permitir que, pela omissão do
silêncio, a ira de Deus recaia sobre nosso povo, como ocorreu
nos dias de Sodoma e Gomorra, horrível tempo do império do
pecado."
Alguns meses depois desse enfático pronunciamento em
Brasília, e como resultado da sua repercussão nacional, os
vereadores de Curitiba se reuniram para discutir o problema da
escalada da imoralidade, pretendendo proibir a exposição, nas
bancas de jornais, das perniciosas revistas de sexo. Essas
manifestações, aplaudidas por milhões de brasileiros, levaram
o Presidente da República e o Ministro da Justiça a determina­
rem providências no sentido de reprimir a venda e exposição
escandalosa de revistas pornográficas. Comentando essa deci­
são dos poderes Executivo e Judiciário, que por sua vez
atenderam apelo do Legislativo, o Jornal do Brasil publicou:
"Não se pode negligenciar a boa formação moral, cívica e cristã
de nossas gerações, pois indivíduos desfibrados, debochados e
sem moral constituem uma séria ameaça à nossa nacionalidade
e soberania, porque facilmente eles se transformam em vendi­
lhões da pátria pelo fato de aceitarem, sem nenhuma reação, as
mais revoltantes intromissões externas em assuntos de nosso
exclusivo interesse, quer estes sejam de natureza material, quer
espiritual."
Felizmente, o povo brasileiro está-se conscientizando de que,
por trás da abusiva pornografia encontra-se toda uma trama
sórdida e premeditada, com objetivos claros: destruir a família-
Foi isso o que propôs um encontro realizado em Cuba pela
OLAS — Organização Latino-Americana de Países Socialistas:
"1 — Disseminar o tóxico nas escolas; 2 — Desmoralizar as
autoridades públicas por meio de publicações pornográficas e
pomochanchadas" (O Estado de São Paulo, edição de 7 de
outubro de 1980).
Que a pornografia quase sempre se manifesta associada 3
ideologias absolutistas, não há dúvida. "Os agentes do comU'
A Bíblia e Sua Mensagem 97
pjgjno internacional se servem da dissolução da família para
jmpor o seu regime político", afirmou Alfredo Buzaid, quando
jvíínistro da Justiça, concluindo: "Para tanto, buscam lançar no
erotismo a juventude, que facilmente se desfibra e perde a
dignidade."
Convém salientar que os promotores da subversão moral
conhecem muito bem o poder corruptor das publicações
obscenas, pois, com o mesmo empenho com que as difundem
n0 mundo livre, combatem-nas em seus países. Fora de suas
fronteiras acatam o conselho de Lenin: "Desmoralizem a
juventude de um país e a revolução está ganha", ou o de Mao
Tsé-Tung: "Desorganizem tudo o que é bom no país inimi­
go. . . Lancem os moços contra os velhos, introduzam canções
sensuais, descartem as velhas tradições. . Todavia, reco­
nhecendo a força deletéria de tais publicações, impedem com
veemência a sua circulação em seus próprios territórios.
É fora de dúvida que toda publicação atentatória à moral e
aos bons costumes é um mal. Um mal para o indivíduo e para
toda a nação, uma vez que esse tipo de literatura quase sempre
se estende a áreas cada vez mais abrangentes: do livro para a
revista, desta para o teatro, e do teatro para o cinema ou a
televisão, ou vice-versa. Assim, essa onda erótica, impulsiona­
da pela imprensa, pela moda e pela publicidade, invade os
lares, as ruas, as praias e até mesmo alguns templos religiosos!
E esse desdobramento ocorre, não por falta de uma boa
legislação que o coíba, mas em virtude de uma série de fatores
complexos e entrelaçados, sendo um deles, além da subversão
ideológica, a alegação de que estamos vivendo uma época em
que novos valores substituem a tradicional moral cristã, valen­
do-se do enfraquecimento das regras religiosas e das novas
condições de vida impostas pela sociedade industrial e de
consumo.
Convém salientar ainda que a Medicina condena a pornogra­
fia por seus perniciosos efeitos, e os códigos penais de diversos
Países a reprimem duramente, pois a mensagem obscena, em
Quaisquer formas, leva o público adulto a atitudes degradantes
e ° infanto-juvenil a uma distorção dos valores, parecendo-lhe
Justificadas as condutas anormais.
A exibição abusiva de material pornográfico vem-se consti-
^•indo num desafio a todos os que procuram pautar suas
98 História, Milagres e Profecias da Bíblia
condutas pela elevada moral evangélica. E muitos estão reagjn
do positivamente. O Ministro da Justiça recebe milhares ^
cartas pedindo providências no sentido de conter a torrente de
obscenidades que os meios de comunicação despejam irrespcm
savelmente sobre o povo. De muitos parlamentares, das
câmaras municipais ao Senado Federal, estão sendo reclamadas
medidas enérgicas e urgentes em defesa da família, tão
agredida e tão ameaçada em seus mais caros fundamentos.
Que será de nossas crianças, se diante de seus olhos
inocentes e de suas mentes ainda virgens continuarem sendo
exibidas cenas as mais escabrosas, capazes mesmo de até
incomodarem pessoas adultas e de boa formação? A Bíblia
Sagrada, infalível na previsão dos trágicos efeitos da negligên­
cia aos seus imutáveis postulados éticos, contém seriíssimas
advertências, como estas: "Não ameis o mundo, nem as coisas
que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai
não está nele" (1 João 2:15). "A religião pura e sem mácula para
com o nosso Deus e Pai, é esta: . . . e a si mesmo guardar-se
incontaminado do mundo" (Tiago 1:27). "Quem da imundícia
poderá tirar coisa pura? Ninguém" (Jó 14:4).
Como justificar o aborto?
Quando somos informados de que todo ano ocorrem no
mundo mais de oitenta milhões de abortos provocados, dos
quais mais de um milhão somente no Brasil, nossa primeira
impressão é a de que a sociedade moderna tomou-se tão iníqua
que, diante dela, as cidades de Sodoma e Gomorra parecem
santas! É dentro desse clima de multiplicação constante da
maldade humana e de contínuo esfriamento do amor, até
mesmo do amor materno (ou paterno), que a campanha pela
legalização do aborto continua célere em muitos países, inclusi­
ve no Brasil.
Paradoxalmente, entre os defensores da legalização do abor-
to estão muitas mulheres, e dentre estas as "feministas" são as
mais ardorosas. Elas usam, como pretexto para a sua luta, o
respeito à vida e à liberdade da mulher! Dentro desse racioci'
nio, aquela que foi agraciada com o dom da maternidade deve
ser suficientemente livre para assassinar no ventre, sem quaiS'
quer restrições legais, o próprio filho, esquecendo-se de que o
ser humano, mesmo ainda no seu estado embrionário, é parte
A Bíblia e Sua Mensagem 99
de um todo a que chamamos raça humana, humanidade. É
dentro dessa realidade que o aborto deve ser enfocado. Estudos
de Psicologia Avançada mostram, por técnicas de regressão de
idade, que o homem é capaz de lembrar-se até mesmo de sua
fecundação. "Está provado, hoje, que não é necessária a
existência de um sistema nervoso completo para que haja
memória. Muitas pessoas, em trabalho de Psicologia Profunda,
descobriram que problemas de sua vida adulta estavam estrei­
tamente ligados a rejeições ocorridas durante a vida intra-
-uterina. Portanto, algo mais do que um sistema nervoso havia
captado os sentimentos que cercavam sua gestação e marcaram
aquele ser" (Evaldo A. D'Assumpção, Estado de Minas, 27 de
julho de 1980).
Portanto, de acordo com os resultados das pesquisas mais
recentes, o aborto não mata apenas algumas células ainda em
processo de multiplicação, mas destrói uma vida, um ser que é,
inclusive, capaz de captar os sentimentos e emoções da mãe e
até mesmo das pessoas que a cercam. E isso é a quebra do
mandamento bíblico: "Não matarás" (Êxodo 20:13). Se a
mulher faz tanta questão da sua liberdade, por que então não a
usa para evitar o ato de amor físico capaz de levá-la à gravidez?
Partindo do princípio de que toda liberdade conduz à responsa­
bilidade, aquela que concebeu é responsável pela vida que
abriga em seu próprio ser.
Outro argumento abortista baseia-se no fato da sua prática
dandestina. “Deve ser legalizado porque já existe", dizem.
Nesse caso se devem também legalizar os assaltos, os assassi­
natos, os estupros os roubos e todos os demais crimes, porque
eles existem de fato — e como existem! — atestados diaria­
mente pelos meios de comunicação. Não há dúvida de que as
leis contra a família, contra a natureza, contra a própria vida e
contra Deus são o efeito de um avançado estado de depravação
e degradação do ser humano.
O aborto, da maneira como vem sendo praticado em nossos
dias, certamente assustaria o próprio Herodes. Ele, que talvez
tenha perdido o sono ao saber do profundo pranto das mães
oelemitas chorando suas criancinhas assassinadas, certamente
^ão seria capaz de compreender os milhares de mães que hoje
bancam de seu corpo serezinhos inocentes, os estraçalham e
depois os lançam ao lixo como trastes imprestáveis e repelentes.
100 História, Milagres e Profecias da Bíblia

Ameaça nuclear
Em 1954, o filósofo inglês Bertrand Russell denunciou a
terrificante ameaça de um conflito nuclear em um manifesto
que concluía assim; "Dirigimo-nos a vós, como seres humanos
a outros seres humanos. Lembrai-vos de nossa humanidade e
esquecei o resto. Se puderdes fazê-lo, o caminho de um novo
paraíso está aberto. Se não, é a morte universal." Einstein, dois
dias antes de morrer, firmou esse documento.
O manifesto foi ainda assinado por outros cientistas, quase
todos ganhadores do prêmio Nobel. Estes, em número de 22,
se reuniram pela primeira vez em julho de 1957, na Ilha
Pugwash, cedida aos defensores da paz pelo milionário cana­
dense Cyrus Eaton. Na ocasião, os cientistas declararam: "É
necessário suprimir a guerra ou preparar-se para a catástrofe.
As experiências atômicas já provocam mutações, causam cân­
cer e leucemia. O progresso científico e técnico é irreversível. A
humanidade agora só pode unir-se. .
Do antigo documento de Russell originou-se o "Movimento
Pugwash", que tem reunido pacifistas de várias partes do
mundo. Numa conferência em 1966, o ganhador do prêmio
Nobel da paz, Philip Noel-Baker, descreveu os resultados de
uma única bomba de dez megatons, caso fosse lançada sobre
Londres: "A explosão a dois quilômetros acima de Trafalgar
Square aniquilaria Londres. O centro da cidade ficaria reduzido
a pó. Por baixo, subiria um pilar de fogo com dois quilômetros
de altura e quarenta de largura. Em redor, roncaria um furacão.
Os reservatórios e os encanamentos de gás, juntamente com os
postos de gasolina, explodiriam. O ar dos abrigos subterrâneos
seria aspirado e substituído pelo óxido de carbono, mortalmen­
te tóxico. Num raio de oitenta quilômetros, toda a população
ficaria cega."
Se o mundo acordou sobressaltado no dia 6 de agosto de
1945, com o aniquilamento repentino de Hiroshima e com a
consciência terrível de que o homem finalmente descobrira o
maior segredo da natureza — a impressionante energia contida
no minúsculo átomo — a situação hoje é muitas vezes pior. Da
bomba atômica ("A") os Estados Unidos chegaram à de
hidrogênio ("H") em 1952. A União Soviética explodiu sua
bomba "A" em 1949 e a "H" em 1957. A França lançou a "A"
A Bíblia e Sua Mensagem 101
em 1960. A China detonou a "A" em 1964 e a "H" em 1967. Em
resumo, de 1945 a 1985 cerca de mil e quinhentas explosões
nucleares foram registradas nos mais diversos testes em vários
pontos do Globo.
O profeta Daniel fala de “tempo de angustia, qual nunca
houve, desde que houve nação", e Jesus afirma: “Não tivessem
aqueles dias sido abreviados, e ninguém seria salvo" (Daniel
12:1; Mateus 24:22). Por mais pavorosas que tenham sido as
guerras da história, nenhuma logrou sequer ameaçar de
extermínio a população da terra. Nem mesmo os dois grandes
conflitos mundiais do século vinte. Por isso muitos escarneciam
das citadas palavras bíblicas, considerando-as uma prova da
impossibilidade da inspiração da Escritura Sagrada. Mas a
ciência da guerra desenvolveu-se a tal ponto que hoje poucos
duvidam de que possa ocorrer um suicídio mundial.
O poderio atual das duas superpotências é assombroso. Ao
simples apertar de um botão, podem partir como raios mísseis
intercontinentais com cargas destrutivas equivalentes a um
milhão e trezentas mil bombas do tipo da que arrasou Hiroshi-
ma. Também são fabricadas armas "inteligentes", que são
atraídas pelo alvo. Minas que "dormem" no fundo do mar e
"despertam" com a passagem de um submarino inimigo.
Bombas voadoras teleguiadas e obuses enriquecidos com
urânio. Aviões lentos como o A-10, verdadeiro canhão voador,
ou rápidos como o F-15, capaz de fazer seus 2.500 quilômetros
horários sem perder as características de manejo. E que falar da
bomba de nêutrons, que mata as pessoas e preserva as presas
da guerra? dos satélites equipados com armas atômicas? do raio
(LASER) da morte? da guerra química? da guerra radiológica,
que mata por dispersão de materiais radioativos, sem explosão?
da arma biológica, que causa cem vezes mais estragos do que a
nuclear e custa muito pouco?
Que tais armas serão usadas num novo embate mundial é
fora de dúvida para quem estuda a Palavra de Deus. O apóstolo
Pedro refere-se claramente a uma conflagração nuclear de
enormes proporções quando afirma que “os céus que agora
existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido entesourados
para fogo, estando reservados para o dia do juízo e da
destruição dos homens ímpios. . . no qual os céus passarão
cOm estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados;
,
102 História Milagres e Profecias da Bíblia
também a terra e as obras que nela existem serão atingidas"
(2 Pedro 3:7, 10).
Enquanto aumentam as desilusões com os efêmeros e
desacreditados tratados de paz e de limitação de armas, vão as
nações acelerando o cumprimento das profecias bíblicas ao
prepararem as condições necessárias aos juízos apocalípticos
que ainda hão de sobrevir à Terra. E como não justificar o
medo, e a insegurança hoje reinantes no mundo, quando parte
desse vasto poderio pode cair em mãos de governos ditatoriais,
belicosos e ateus, com pouca ou nenhuma consideração pela
vida humana, como infelizmente a história já o tem tantas
vezes demonstrado?
Nestes últimos dias da conturbada história humana, Cristo
continua sendo a única esperança. Nele há refúgio, há certeza,
há segurança, "ainda que a terra se transtorne, e os montes se
abalem no seio dos mares" (Salmo 46:2). Somente os que nele
se refugiam podem dizer com o apóstolo Pedro: "Nós, porém,
segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra,
nos quais habita a justiça" (2 Pedro 3:13). A bendita promessa
de Jesus, prestes a cumprir-se, refere-se ao rapto da sua Igreja e
ao estabelecimento do seu reino de verdadeira paz aqui na
Terra. Ao mencionar os sinais dos tempos, disse ele: "Ora, ao
começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei as vossas
cabeças; porque a vossa redenção se aproxima" (Lucas 21:28).
Somente Cristo, por sua triunfante intervenção nos destinos do
mundo, vai impedir a total autodestruição da raça humana.
6
A Bíblia e
suas profecias

Assíria e Nínive
Mostrando ao mundo a universalidade do seu amor, Deus
enviou Jonas à grande cidade de Nínive, tão vasta que, para
atravessá-la a pé, necessitava-se de três dias. Isto ocorreu por
volta do ano 800 a.C. Todavia, menos de um século depois, em
745 a.C., tiranos implacáveis começaram a fazer da Assíria a
mais sanguinária potência do antigo Oriente. Crimes os mais
bárbaros e suplícios de requinte insuperáveis eram usados
rotineiramente por esse povo que só pensava em dominar,
escravizar e exterminar, E foi em decorrência dessa desenfrea­
da e arrogante febre de conquistas e opressões que Naum,
cerca de 630 a.C., durante o reinado de Josias, vaticinou contra
a capital assíria:
"Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de
roubo, e que não solta a sua presa. . . Os cavaleiros que
esporeiam, a espada flamejante, o relampejar da lança, a
multidão de trespassados, massa de cadáveres, mortos sem
fim; tropeça gente sobre os mortos. . . Também tu, Nínive,
serás embriagada, e te esconderás; também procurarás refúgio
contra o inimigo. . . Os teus pastores dormem, ó rei da Assíria;
os teus nobres dormitam; o teu povo se derrama pelos montes,
e não há quem o ajunte. Não há remédio para a tua ferida; a tua
chaga é incurável; todos os que ouvirem a tua fama baterão
palmas sobre ti; porque, sobre quem não passou continuamen­
te a tua maldade?" (Naum 3:1, 3, 11, 18, 19). Tais profecias
referem-se mais precisamente à capital dos assírios, mas Isaías,
104 História, Milagres e Profecias da Bíblia
em vários capítulos de seu livro, fala de toda a nação: "Ai da
Assíria, cetro da minha irai A vara em sua mão é o instrumento
do meu furor. . . Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha
indignação, e a minha ira, para a consumir'' (Isaías 10:5, 25).
É interessante observar que estas predições datam de uma
época em que o reino assírio estava no auge do seu poder, sob a
administração do invencível Assurbanipal, que começou a
reinar em 668 a.C. Bisneto do experiente guerreiro Sargão, neto
do poderoso Senaqueribe e filho do famoso Asaradon, Assur-
banipal conseguiu ampliar ainda mais o seu já vastíssimo
império, principalmente após a conquista da riquíssima cidade
egípcia de Tebas (Nô-Amom, conforme Naum 3:8), em 663 a.C.
Porém, com a morte de Assurbanipal em 626 a.C , o império
começou a se enfraquecer rapidamente, enquanto surgia um
novo poder constituído de neobabilônios e medos, os quais
conseguiram tomar a poderosa Assur em 614. Dois anos mais
tarde, depois de uma grande batalha, a cidade de Nínive foi
tomada, destruída e queimada, cumprindo-se também, rigoro­
samente, as palavras de Sofonias, proferidas uns vinte anos
antes: "E destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma desolação, e
terra seca como o deserto" (Sofonias 2:13).
"Nínive, que durante séculos, com expedições de conquista e
ocupação, com torturas, terror e deportações em massa, só
causara sangue e lágrimas através do mundo antigo, Nínive
estava destruída e queimada. O Fértil Crescente respirou alivia­
do. Os povos torturados encheram-se de júbilo. . . e renasceu a
esperança", afirma Wemer Keller em sua conhecida obra £ a
Bíblia Tinha Razão.
Apenas dois séculos mais tarde, em 401 a.C., quando Xenofon-
te passou com os seus milhares sobre as ruínas da capital assíria,
havia desaparecido até mesmo a memória e o nome de Nínive. A
palavra dos profetas foi cabalmente cumprida.
O Egito
Antigo berço de uma das mais notáveis civilizações do
passado, cuja história remonta a vários milênios antes de
Cristo, o Egito é objeto de candentes vatioínios bíblicos que
chegam mesmo a impressionar pela clareza meridiana de sua
linguagem, sobejamente enriquecida de detalhes hoje postos à
prova pelos historiadores.
A Bíblia e Suas Profecias 105
''Restaurarei a sorte dos egípcios, e os farei voltar à terra de
patros, à terra de sua origem; e serão ali um reino humilde.
Tomar-se-á o mais humilde dos reinos, e nunca mais se
exaltará sobre as nações" (Ezequiel 29:14, 15). "Assim diz o
Senhor: Também cairão os que sustêm o Egito, e será humilha­
do o orgulho do seu poder; desde Migdol até Sevene, cairão à
espada, diz o Senhor Deus. Serão desolados no meio das terras
desertas; e as suas cidades estarão no meio das cidades
devastadas. . . Secarei os rios, e venderei a terra, entregando-a
na mão dos maus; por meio de estrangeiros farei desolada a
terra e tudo o que nela houver; eu o Senhor é que falei. Assim
diz o Senhor Deus: Também destruirei os ídolos, e darei cabo
das imagens em Mênfis; já não haverá príncipe na terra do
Egito, onde implantarei o terror" (Ezequiel 30:6, 7, 12, 13).
"Naquele dia os egípcios serão como mulheres; tremerão e
temerão ao levantar-se da mão do Senhor dos Exércitos, que ele
agitará contra eles. . . Naquele dia o Senhor terá um altar no
meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor na
sua fronteira" (Isaías 19:16, 19).
Estas são algumas das muitas profecias acerca do Egito,
enunciadas entre 750 e 590 a.C., exatamente numa época áurea
desse país, quando o progresso se fazia presente em todas as
atividades da vida nacional. A famosa dinastia de Psamético,
iniciada em 663 a.C., manteve animadas relações comerciais e
culturais com os países da Ásia e, especialmente, com a Grécia,
para onde o Egito exportava o seu trigo. A indústria desenvol-
veu-se de modo especial na preparação de metais, pedras
preciosas gravadas, louças, vidros, mosaicos e linho. Grandes
projetos de irrigação agrícola foram executados, com a constru­
ção de enormes reservatórios e a abertura de um canal ligando
o Nilo ao mar Vermelho. Afirma-se que o sábio grego Pitágoras
tenha aprendido geometria com os sacerdotes de Isis, pois no
Egito esse ramo da Matemática servia de fundamento à
agrimensura, tão necessária em virtude das cheias periódicas.
Entretanto, passou-se a fase notável e o Egito começou a ser
dilacerado por lutas intestinas, até que foi invadido pelos
Persas e derrotado em Pelusa. Oliveira Lima descreve assim
esse declínio: "No ano 525 a.C. dava-se o massacre de Mênfis
Pelas forças de Cambises e ficava o Egito reduzido por dois
óculos a satrapia persa. Desta sujeição, agitada por violentas
106 História, Milagres e Profecias da Bíblia
insurreições, se libertaria ao esfacelar-se o império de Alexan­
dre que lhe valeu a fundação de Alexandria (330 a.C.)/ foco
brilhantíssimo de cultura cosmopolita. Sede então de uma nova
monarquia, a dos Ptoiomeus, cuja dinastia findou com Cleópa-
tra, passou à província romana sob Augusto, pertencendo
durante quatro séculos ao Império do Ocidente e em seguida,
durante quase três, ao Império do Oriente. No século VII da era
cristã foi que começou para o Egito o período muçulmano.
Invadido pelos árabes, que fundaram a cidade do Cairo, passou
em 1571 para o poder dos turcos, de cuja soberania transitou
para o protetorado britânico" (Oliveira Lima, História da
Civilização, 1919, Cia. Editora Nacional, São Paulo).
As profecias referentes ao Egito vêm sendo cumpridas já há
2.500 anos, e ainda avançam para o futuro. Persas, macedô-
nios, romanos, gregos, árabes, turcos-otomanos, franceses,
ingleses, todos tiveram o seu papel no cumprimento da
Escritura. "Não haverá mais no Egito um soberano que seja
natural do país, como efetivamente aconteceu desde a conquis­
ta persa (525 a.C.) até nossos dias" (Notas à Bíblia Sagrada,
Pontifício Instituto Bíblico de Roma, vol. II, comentando
Ezequiel 30:13).
Os versículos 8, 14, 15, 16 e 17 do capítulo 30 de Ezequiel
(Versão Clássica de Figueiredo), são claros quanto aos propósi­
tos divinos: "E eles saberão que eu sou o Senhor: Quando eu
tiver posto fogo ao Egito, e forem desfeitos todos os que lhe
davam auxílio. E arruinarei o país de Fatures, e meterei fogo em
Tafnis, e exercitarei os meus juízos em Alexandria. E derrama­
rei a minha indignação sobre Pelúsio, que é a força do Egito, e
farei morrer essa multidão de Alexandria. E meterei fogo no
Egito: Pelúsio sentirá dores como a mulher que está para parir,
e Alexandria será destruída, e em Mênfis haverá cotidianos
apertos. Os mancebos de Heliópole e de Bubasto cairão mortos
ao fio da espada, e as mulheres serão levadas cativas."
Fatures é Patros, capital original dos faraós do Egito. Tafnis
(Talhes ou Zoã), a dássica Daphanae, é hoje Tell Defenneh, uma
ddade importante no limite oriental do Baixo Egito (Jeremias
2:16). Nessa ddade Jeremias profetizou a conquista do Egito por
Nabucodonosor (Jeremias 46:25), também conhedda por Tebas, a
capital do Alto Egito. Pelúsio é a mesma Sim, uma fortaleza do
Delta, sobre cujas ruínas está hoje a ddade de Daniala. Mênfis é
A Bíblia e Suas Profecias 107
Nof/ no Baixo Egito. Heliópolis (também conhecida por Aven,
On), é a capital do Baixo Egito, onde erguia-se, imponente, um
templo do deus Sol. Bubasto é Pi-Besete, cidade da deusa Bast,
onde havia múmias de gatos sagrados.
Acerca de Tebas, a capital do Alto Egito Qeremias 46:25),
vejamos ainda o testemunho de um renomado estudioso das
profecias bíblicas: "A grandeza dessa antiga cidade egípcia é
difícil de descrever. O templo de Luxor, de relance, apresenta
ao turista um dos mais esplêndidos agrupamentos arquitetôni­
cos egípcios. O extenso propylon, com dois obeliscos e estátuas
colossais em frente; os maciços grupos de colunas enormes; a
variedade de apartamentos e o santuário que contêm; os belos
ornamentos que adornam as paredes e colunas, descritos por
Sir Hamilton, fazem o turista esquecer-se de tudo quanto já
viu. Se a nossa atenção for levada para o lado setentrional de
Tebas, junto às ruínas elevadíssimas que se projetam acima das
palmeiras, gradualmente entrará naquele grande agrupamento
de ruínas e templos, colunas, obeliscos, esfinge, portais e um
sem-número de outros objetos assombrosos que é impossível
descrever. É absolutamente impossível imaginar a cena sem
primeiramente vê-la. As idéias mais sublimes que se formam
das espécies mais belas da nossa arquitetura atual, ainda assim
dariam uma impressão pouco exata dessas ruínas; tal é a
diferença, não somente em magnitude, como também em
foima, proporção e construção, que o próprio lápis só pode dar
uma vaga idéia do que é. Parecia-me uma cidade de gigantes,
que depois de um longo conflito, foram todos destruídos,
deixando as ruínas dos seus vários templos como prova única
da sua existência" (Belzoni, citado em Luz Bíblica Sobre as
Profecias, Frank M. Boyd, CPAD, 1980).
Para que o leitor tenha uma idéia de como as predições
bíblicas acerca do Egito são abundantes e fiéis, basta dizer que
somente nos capítulos 29 e 30 de Ezequiel, que totalizam 47
versículos, há mais de 80 predições, da quais cerca de 70 já
estão cumpridas.
Além de tratar do declínio do Egito e da dominação estran­
geira sobre ele, as profecias falam também da invencibilidade
dos judeus pelas tropas egípcias. Este é um acontecimento
realmente atual. Com a criação do Estado de Israel em 14 de
iriaio de 1948, o Egito iniciou neste mesmo dia sua primeira
,
108 História Milagres e Profecias da Bíblia
guerra moderna contra os judeus e sofreu pesadíssimas baixas.
Em 1956, outra investida egípcia e outra humilhante derrota.
Onze anos mais tarde, em 1967, numa campanha de seis dias,
os israelenses destroçaram inteiramente as forças inimigas,
lideradas pelo Egito de Nasser. Em outubro de 1973, novo
ataque a Israel, desta vez de surpresa, e novamente a antiga
"potênria,' africana é vergonhosamente batida, juntamente
com mais 13 nações árabes. E isto apesar de poderosamente
equipadas com modernas armas soviéticas. Na singela termino­
logia profética, os egípcios foram "como mulheres" diante de
Judá, que, por sua vez, tomara-se, para eles, "um espanto".
Como decorrência lógica de 30 anos de guerras e custosos
orçamentos militares, o governo egípcio sentiu agigantar»se em
todo o país o fantasma da miséria e deu um passo histórico em
busca da paz, indo a Jerusalém e discursando no Knesset, o
Parlamento. O mundo livre, para quem o Oriente Médio
sempre foi um "barril de pólvora", aplaudiu a coragem e os
propósitos de Sadat, que pagaria com a própria vida seu ato
heróico. Alguns jornais chegaram a interpretar o encontro sob
o ponto de vista bíblico, antevendo mesmo o tempo em que a
descendência de Abraão — judeus e árabes — haveria de ir-
manar-se numa paz permanente.
Qual a reação de Israel? Ao tomar conhecimento das boas
intenções de Sadat, o Primeiro Ministro Menahem Begin enviou
uma otimista mensagem ao povo egípdo, na qual afirma: "Nós,
israelenses, estendemo-vos a mão. Como sabeis, não é uma mão
fraca. . . Mas não queremos embates convosco. Digamos um ao
outro, e que seja um voto silendoso de ambos os povos, do Egito
e de Israel: não mais guerras, não mais derramamento de sangue,
não mais ameaças. Façamos apenas a paz."
Sadat e Begin apertaram as mãos em Jerusalém, saudando-se
mutuamente "shalom" e "sulh" (palavras que significam
"paz" respectivamente em hebraico e árabe), apesar de alguns
países, incluindo-se a União Soviética, continuarem clamando
por uma solução do problema palestino através do ódio, que
até hoje nada construiu. Entretanto, cumpre-se a Palavra de
Deus nos filhos de Abraão Isaque (judeus) e Ismael (árabes). E
o Egito, dono de uma história traçada nas páginas proféticas da
Bíblia, tem muito a ver com os últimos acontedmentos na Terra
Santa.
A Bíblia e Suas Profecias 109
Como resultado do clima de boa vontade entre egípcios e
israelenses nasceu, entre os dois países, o Tratado de Camp
pavid. Embora frágil, esse importante documento pode ser o
começo de uma permanente paz no convulsivo Oriente Médio.
X luz da Bíblia, o Egito será enumerado e abençoado juntamen­
te com Israel. ''Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará,
dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo. . . e Israel, minha
herança" (Isaías 19:25). O descontentamento soviético e o clima
de desespero e desilusão em alguns países árabes são com­
preensíveis do ponto de vista do anti-semitismo e do egoísmo
interesseiro. Egito e Israel, entretanto, adaptam-se às previsões
bíblicas.
Babilônia
Pelas dezenas de vezes que a Babilônia é mencionada na
Bíblia pode-se fazer uma idéia da importância dessa famosa
cidade em tempos passados. "Babilônia, a jóia dos reinos,
glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra,
quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada e
ninguém morará nela de geração a geração; o arábico não
armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores farão ali
deitar os seus rebanhos. . . As hienas uivarão nos seus
castelos, os chacais nos seus palácios de prazer, está prestes a
chegar o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão. . .
Porque te tomarás em desolação perpétua. . . Babilônia se
tomará em montões de ruínas, morada de chacais, objeto de
espanto e assobio, e não haverá quem nela habite. . . Os largos
muros de Babilônia totalmente serão derribados. . ." (Isaías
13:19-22; Jeremias 51:26, 37, 58).
A excepcional grandeza da Babilônia, tão fartamente descrita
pelos historiadores antigos e modernos, está hoje plenamente
confirmada pelas escavações arqueológicas. Banhada pelos rios
Tigre e Eufrates, atingiu sua maior glória no governo do
poderoso Nabucodonosor, monarca que empregou fabulosas
riquezas no embelezamento da cidade. O historiador Oliveira
Lima assim fala dessa célebre metrópole do passado: "As
construções babilônicas, que presentemente são meros mon­
tões de ruínas, eram levantadas sobre consideráveis aterros
exigidos pela natureza do solo encharcado e que ao mesmo
tempo asseguravam melhor defesa e emprestavam maior
110 História, Milagres e Profecias da Bíblia
imponência àqueles templos e palácios, que assim se erguiam
treze metros ou mais acima do nível da planície, por entre
aglomerações de casas de taipa, numa extensão tão grande que
Babilônia cobria cinco vezes a superfície de Londres. . . com
suas altas muralhas tão largas que sobre elas podiam passar de
frente dois carros de guerras; com suas cem portas de bronze,
como Tebas; com seus jardins suspensos, que deviam prova­
velmente ser os terraços arborizados e floridos dos zigurates;
com suas torres de tijolos esmaltados em cores vivas, reverbe-
rando um sol que as nuvens mui raramente coam e que assim
resplandeciam como centro de culto sideral de que eram os
magos serventuários" (Oliveira Lima, História da Civilização,
1919, Melhoramentos, São Paulo).
Eis aí um pálido retrato da ddade que foi a soberba dos
caldeus, e que pareda destinada a uma existênda etema por
sua própria grandiosidade e estratégica posição geográfica,
pela grande fertilidade de seu solo e pela glória de haver-se
iniciado em quase todos os ramos da dênda, de quem foram
aprendizes e continuadores os gregos.
Entretanto, a ddade dourada caiu. O rei da Pérsia, em 539
a.C., lançando mão de sua efidente engenharia, desviou o
curso do Eufrates, que passava sob os magníficos muros, e,
servindo-se do leito desse rio, entrou na ddade enquanto esta
se achava entregue à orgíaca festa de Sesac, a deusa do amor e
da alegria (ver Jeremias 25:26; 51:41, A Bíblia de Jerusalém), na
mesma noite em que o profeta Daniel decifrou a mensagem do
juízo divino contra o monarca zombador e seu vasto império,
escrita pelo dedo de Deus na caiadura do paládo.
Em todas as profedas acerca de Babilônia há mais de uma
centena de particularidades. Apenas no texto citado nos
deparamos com alguns importantes detalhes: Não seria mais
habitada, nem edificada, nem o árabe armaria ali a sua tenda
nem os pastores para ali levariam os seus rebanhos. Nela ouvir-
-se-iam os gritos das feras, seus paládos se tomariam uma
assolação e seus muros seriam totalmente derribados. Todos
esses pormenores, rigorosamente cumpridos, atestam de ma­
neira indiscutível a origem divina das profedas bíblicas. Doutra
forma, como poderia Isaías prever que a Babilônia nunca mais
seria habitada, quando, mesmo após a destruição de uma
ddade, sempre fica um resto de população? Como poderia ele
A Bíblia e Suas Profecias 111
saber que o árabe continuaria existindo até nossos dias e
habitando em tendas? Como poderia Jeremias prever que os
largos muros de Babilônia seriam totalmente derribados, quan­
do, em tantos outros casos, muros muitas vezes menos fortes
continuam em pé mesmo após a aniquilação de uma cidade?
Ainda mais: "A Caldéia servirá de presa; todos os que a
saquearem se fartarão. . . abri os seus celeiros. . . rica de
tesouros. . (Jeremias 50:10, 26; 51:13). Nenhuma cidade foi
tantas vezes saqueada como a Babilônia, juntamente com
outras regiões da Caldéia. Xerxes, Alexandre, partos e roma­
nos, num período que abrange quase uma dezena de séculos,
levaram dela riquezas fabulosas, além mesmo de suas expecta­
tivas, e até hoje essas ruínas guardam ainda enormes tesouros!
Tiro, Sidom e Ascalom
"Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, 6 Tiro,
e farei subir contra ti. muitas nações, como faz o mar as suas
ondas. Elas destruirão os muros de Tiro e deitarão abaixo as
suas torres; e eu varrerei o seu pó, e farei dela penha
descalvada. No meio do mar virá a ser um enxugadouro de
redes; porque eu o anunciei, diz o Senhor Deus; e ela servirá de
despojo para as nações. . . Derribarão os teus muros e arrasa­
rão as tuas casas preciosas; as tuas pedras, as tuas madeiras e o
teu pó lançarão no meio das águas. . . Farei de ti uma penha
descalvada; virás a ser um enxugadouro de redes, jamais serás
edificada; porque eu, o Senhor, o falei, diz o Senhor Deus"
(Ezequiel 26:3-5, 12, 14).
Esta mensagem profética, dada aproximadamente 590 anos
antes de Cristo, por sua clareza, eloqüência e fiel cumprimento
tem-se constituído num veemente desafio a todos os céticos
durante mais de 23 séculos. Tiro, a senhora dos mares, a rica, a
bela, a culta, para onde afluía as riquezas de todo o mundo
antigo, estava condenada ao completo desaparecimento.
A primeira parte da profecia começou a cumprir-se logo
depois de Ezequiel a haver registrado. Nabucodonosor, o
poderoso monarca de Babilônia, sitiou a cidade durante 13
anos, e, com grande esforço, tomou-a e destruiu-a completa­
mente, vingando-se com dureza dos seus habitantes e dos
próprios edifícios. Contudo, além das ruínas permanecerem
nos locais das suas respectivas edificações, uma nova cidade,
112 História, Milagres e Profecias áa Bíblia
com o mesmo nome, começou a nascer a meio quilômetro da
praia, numa ilha.
Dois séculos e meio mais tarde, a fama de Alexandre
espalhava-se por todo o Oriente, estremecendo a todos de
terror. O conquistador macedônio caminhou veloz para a nova
Tiro em 332, e seu plano de ataque foi elaborado cuidadosa­
mente e executado com todo o vigor. Tomou todas as ruínas da
antiga Tiro (muros, madeiras, pedras, torres) e com elas
construiu um sólido dique para a nova Tiro, que foi arrasada.
Até o próprio pó da antiga cidade foi raspado e lançado ao mar,
tão grande era a necessidade de materiais. Tiro ainda so­
breviveu como uma importante cidade até 1291 d.C., quando
foi definitivamente destruída pelos maometanos comandados
pelo Sultão do Egito. Nas suas proximidades está hoje Es-Sur,
uma pobre povoação. A antiga e poderosa Tiro nunca mais foi
reconstruída, apesar de sua privilegiada localização junto a
campos férteis e a milhões de litros de água potável que jorram
de suas muitas fontes.
Hoje, ao visitarem o local onde outrora erguera-se imponente
a poderosa Tiro, os viajantes não vêem lá uma só casa, mas
apenas os pescadores enxugando nas praias suas redes, exata­
mente como anunciou o profeta!
O mesmo Ezequiel, depois de prever o trágico destino de
Tiro, volta-se para Sidom e diz: "Assim diz o Senhor Deus: Eis-
-me contra ti, ó Sidom, e serei glorificado no meio de ti. . .
porque enviarei contra ela a peste, e o sangue nas suas ruas, e
os trespassados cairão no meio dela, pela espada contra ela por
todos os lados. . ." (Ezequiel 28:22, 23).
Era Sidom a mais antiga das cidades fenícias, razão pela qual
os fenírios são conhecidos na Bíblia por sidônios. Ela estava em
decadência na ocasião da profecia, ao passo que sua poderosa
rival Tiro, distante apenas 48 quilômetros, encontrava-se no
apogeu de seu poderio. Todavia, apesar de suas fragilidades,
Sidom continua existindo até o presente, tendo hoje cerca de
dez mil habitantes. Foi tomada e destruída por Artaxerxes
Ochus, rei da Pérsia, em 351 a.C., e desde então tem sido
muitas vezes destruída e reedificada. Talvez nenhuma outra
cidade, nem mesmo Jerusalém, tenha tido tantos e tão grandes
sofrimentos.
Se Ezequiel simplesmente procurasse adivinhar o fim dessas
A Bíblia e Suas Profecias 113
duas cidades, seguindo a lógica humana adotada pelos "profe­
tas" modernos, ele poderia ter previsto a completa extinção de
Sidom, mas nunca a de Tiro.
Volvamos agora nossas atenções para mais uma antiga
cidade, cujo fim atesta a infalibilidade da profecia bíblica:
"Ascalom ficará deserta. . . e não será habitada" (Sofonias 2:4;
Zacarias 9:5).
Esta ddade, fundada 1800 anos antes de Cristo, gozava de
grande prestígio nos dias apostólicos. Como berço natal de
Herodes o Grande, foi por este adornada com belos edifídos e
tornou-se, durante o império romano, um notável centro de
cultura helênica.
Em 636 d.C. foi tomada pelos árabes e durante as cruzadas
era lugar estratégico para quem se dirigia ao sudoeste da
Palestina. Balduíno III, em 1153, apoderou-se dela depois de
seis meses de cerco e de sangrentas batalhas. Joseph-François
Michaud, em sua História das Cruzadas (Editora das Américas,
São Paulo), trata pormenorizadamente dessa conquista. Eis
alguns detalhes:
"A ddade de Ascalom erguia-se em círculo à beira-mar e tinha
do lado da terra muralhas e torres inexpugnáveis; todos os
habitantes estavam exerdtados na arte da guerra, e o Egito, que
tinha grande interesse na conservação daquela praça, para lá
mandava, quatro vezes por ano, víveres, armas e soldados. . ."
No final do cerco, os sitiados, vendo as muralhas caídas e
sem esperanças de socorro, começaram a gritar: "Homens de
Ascalom. . . voltemos ao Egito e deixemos aos inimigos uma
ddade que Deus feriu com sua maldição."
Ascalom ainda foi ocupada e reparada pelos franceses, mas
em 1270 o sultão Bibars destruiu-lhe as fortificações e obstruiu-
“Ihe o porto com pedras. Desde então, por mais de setecentos
anos, ela tem estado em completa ruína, sem um só habitante,
atestando a infalibilidade da Palavra de Deus.
A vinda e o ministério de Jesus
Acerca da vinda de Jesus, de seu ministério, morte e
^ssurreiçáo, pode-se dizer que quase tudo já estava registrado
centenas de anos antes de seu nasdmento em Belém de Judá.
®ão muitas as profecias a esse respeito, sendo estas algumas
^elas:
Moisés registrou que Jesus deveria nascer de mulher e que,
114 História, Milagres e Profecias da Bíblia
como um grande profeta, seria levantado em Israeí (Gênesis
3:15; 49:10; Deuteronômio 18:18, 19; Lucas 7:16). Isaías disse
que Jesus viria como menino, nascido de uma virgem (Isaías
7:14; 9:6; Mateus 1:21-23). Oséias disse que ele seria levado ao
Egito (Oséias 11:1; Mateus 2:15). Isaías, Jeremias e Zacarias
profetizaram que ele viria como renovo de Davi, isto é, de sua
descendência, e este último profeta registrou que o Messias
seria recebido em Jerusalém como rei, porém montado em um
jumentinho (Isaías 4:2; 9:7; 11:10; 53:2; Jeremias 23:5; 33:15;
Zacarias 6:12; 9:9; Mateus 1:1; 21:1-11; Lucas 1:27; Atos 2:30).
Daniel, numa das mais belas profecias do Antigo Testamento,
indicou a época da morte do Messias (Daniel 9:24-26).
Davi predisse as últimas palavras de Jesus na cruz (Salmo
22:1; Mateus 27:46; Marcos 15:34); profetizou que ele seria
trespassado nas mãos e nos pés (Salmo 22:16; Lucas 24:39; João
20:25-27), que os soldados romanos lançariam sortes sobre a
túnica de Cristo e repartiriam entre si as vestes dele (Salmo
22:18; Mateus 27:35), e que ele seria a Pedra rejeitada pelos
edificadores (Salmo 118:22; Mateus 21:42).
Davi profetizou ainda que Jesus seria traído por um daqueles
que comiam da própria mesa do Mestre (Salmo 41:9; Mateus
26:14), e Zacarias anteviu o traidor recebendo, pelo seu ato
infame, o salário de trinta moedas de prata (Zacarias 11:12;
Mateus 26:15; Marcos 14:10, 11). Este mesmo profeta escreveu
que o Messias seria ferido nas mãos, e que os discípulos dele se
dispersariam quando ele fosse feito prisioneiro (Zacarias 13:6,
7; Lamentações 4:20; Mateus 26:56).
A Palavra de Deus contém, ainda, muitas outras profecias
acerca de Jesus. Todas tiveram seu cumprimento exato, como
se pode verificar da leitura do Novo Testamento, particular­
mente do Evangelho de Mateus. Algumas dessas profecias são
tão claras que muitos se recusam a aceitá-las como tais. Urn
bom exemplo está em Isaías. Numa escola pública de Nova
York havia um bom número de estudantes judaicos que
desejavam livrar-se das incômodas aulas de estudos bíblicos. E
por fim conseguiram um acordo: tomariam parte nos estudos
sob a condição de que só estudassem o Antigo Testamento-
Mas um dia, numa aula, um cristão leu muito seriamente o
capítulo 53 de Isaías, provocando quase um tumulto entre os
estudantes judaicos. Os pais destes, depois da aula, foram ter
A Bíblia e Suas Profecias 115
com o reitor da escola, dizendo que os cristãos tinham violado o
compromisso, pois haviam lido o Novo Testamento. Para
surpresa deles, o reitor disse-lhes que estavam enganados.
— Mas eíes leram acerca do seu Jesus e da sua morte na
cruz ~~ insistiu um estudante.
O reitor abriu então o livro do profeta Isaías e mostrou-lhes o
que fora lido. Houve um grande silêncio. De fato tinham
ouvido acerca do Cordeiro de Deus, algo que fora escrito uns
setecentos anos antes da sua vinda ao mundo!
Esse incidente mostra o quanto as profecias bíblicas referen­
tes a Cristo são claras e inconfundíveis. Por isso o apóstolo
Paulo podia escrever aos crentes em Corinto: "Antes de tudo
vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Coríntios
15:3, 4).
Israel, cabeça e não cauda
Já em 1962 afirmava um semanário inglês que o Estado de
Israel emergia como o maior fator individual na empresa de
desenvolver o Oriente Médio e todo o continente africano,
acrescentando que o surpreendente progresso obtido pelos
judeus num dos rincões mais inóspitos da Terra, e tendo ainda
de lutar heroicamente para conservar esse território, fizeram de
Israel uma força, não somente na África, mas também no
mundo inteiro.
De fato, Israel tem confirmado sua posição de liderança e
mantido seu extraordinário ritmo de desenvolvimento, apesar
da oposição dos árabes e de algumas potências. De Norte a Sul
e de Leste a Oeste, o povo se entrega a um profícuo trabalho,
consciente da necessidade de fortalecer ao máximo o seu país.
Assim, desertos de areia e pedra foram transformados em
lavoura e jardim, e cidades em ruínas foram restauradas, como
Berseba, sentinela e capital do Neguev, com seu Hotel Desert
Inn, maravilhosamente decorado e onde se confundem arte
moderna e antiga, e Cesaréia, de quatro mil anos, tantas vezes
destruída, surge dos montões de pedras e areia como um
modelo urbanístico.
Há, em Israel, uma febre de trabalho. Ninguém descansa.
Todos produzem, fazendo ressurgir das cinzas o velho mundo
116 História, Milagres e Profecias âa Bíblia
hebraico com suas cidades bíblicas, suas tradições, sua língua,
mas também com sua invejável riqueza, como a do mar Morto e
a da extração de diamantes,
Não há dúvida alguma de que Israel, por seu incessante
trabalho, se colocou à frente, não somente das demais nações
do Oriente Médio, mas também da África e, em alguns
aspectos, da Ásia. No setor militar sabe-se que Israel já possui a
bomba atômica, de sua própria fabricação, e que ele está
desenvolvendo a fabricação de armas super-modernas, inclusi­
ve caças à jato e blindados, tomando-se, dessa forma, cada vez
mais poderoso e independente das grandes potências. Tam­
bém quanto à educação e à pesquisa, os israelitas estão à
dianteira. Por tradição, são eles dedicados às investigações
científicas mais do que outros povos, e por isso cerca de três
dezenas de judeus já foram laureados com o prêmio Nobel.
Apesar das humilhações por que tem passado através dos
séculos, a descendência de Abraão prova que continua sendo
cabeça e não cauda, conforme afirma a Palavra de Deus há 35
séculos (Deuteronômio 28:13).
Guerras, pestes e fomes
Em resposta à pergunta de seus discípulos: "Que sinal
haverá da tua vinda e do fim do mundo?", disse o nosso
Senhor Jesus Cristo: "Virão muitos em meu nome, dizendo: Eu
sou o Cristo, e enganarão a muitos. E certamente ouvireis falar
de guerras e rumores de guerras. . , porquanto se levantará
nação contra nação,, reino contra reino, e haverá fomes e
terremotos em vários lugares" (Mateus 24:5-7). Estas palavras
estão encontrando o seu cumprimento nos dias atuais.
Em todo o tempo da sua peregrinação, nunca a humanida­
de viveu dias tão agitados como estes últimos. Do século
passado podemos dizer que foi o das conquistas, das mudan­
ças ideológicas, dos conflitos e das revoltas. E o que dizer do
presente século "das luzes"?
Somente os grandes conflitos de 1914-1918 e 1939-1945
sobrepujaram em prejuízos para a raça humana a todas as
guerras dos dezenove séculos anteriores. A Segunda Guerra
Mundial deixou um saldo de 80 milhões de mortos nos campos
de batalha, nos campos de concentração ou como vítimas dos
bombardeios; 29 milhões e meio ficaram inutilizados para o
A Bíblia e Suas Profecias 117
trabalho e 45 milhões foram deportados, evacuados e interna­
dos; 50 milhões foram deslocados, sem família; 30 milhões de
casas foram destruídas. Um milhão de crianças menores
perderam seus pais e um milhão de pais perderam seus filhos
menores.
Mas a Segunda Guerra Mundial não pôs fim às guerras, que
continuaram ceifando vidas em todos os continentes. Em 1984
havia 45 nações em guerra e quatro milhões de soldados nos
campos de batalha. E desde então essa crise internacional se
tem agravado mais e mais. As despesas anuais com armas hã
muito -ultrapassaram já a casa do meio trilhão de dólares!
No rasto das guerras, ou mesmo em tempos de paz, fomes e
pestes têm assolado diversas partes do mundo. Como conse­
qüência direta do conflito mundial de 1914, 35 milhões perece­
ram de fome e peste. Somente na índia, o número das vítimas
da "influenza" foi de 12 milhões, enquanto no restante do
mundo a mesma gripe levou à sepultura outros 20 milhões.
Após a Segunda Guerra Mundial, o saldo foi ainda mais
estarrecedor. Apesar de os governos reagirem energicamente
contra os fantasmas da fome e da peste, ainda muitos milhões
pereceram em conseqüência desses flagelos que varreram
muitos países.
Em se tratando especificamente da fome, dos 1 milhão e 400
mil jovens brasileiros que se apresentaram ao alistamento
militar em 1982, quase a metade teve de ser dispensada por
insuficiência física, o que eqüivale a dizer: foram vítimas da
subnutrição. A notícia, divulgada pelo jornal "O Globo", do
Rio de Janeiro, revela a gravidade de um problema que tem
afligido muitas nações nestes últimos tempos: o da fome e da
subnutrição.
Quando, há dois séculos, Thomas Robert Malthus alertou
que o aumento da população do mundo ocorre em proporção
geométrica (2,4,8,16, etc.), enquanto a produção de alimentos
avança apenas numa progressão aritmética (2, 4, 6, 8, etc.), ele
não foi levado muito a sério. Hoje, porém, aquela teoria está-se
revelando correta em vários aspectos, porque o rápido cresci­
mento demográfico já está diminuindo a produção média anual
de alimento por habitante, apesar de todos os sucessos da
pesca, da lavoura e da pecuária, A produção mundial de cereais
básicos, como trigo, arroz e milho, que era de 238 quilos por
118 História, Milagres e Profecias da Bíblia
pessoa em 1962, baixou para 229 em 1972. Ocorreu, assim, uma
diminuição de quase cinco por cento na quantidade de cereais
em relação ao crescimento populacional num período de dez
anos. Entre os anos de 1975 e 1976, nos 24 países mais pobres
da África, o índice de produção agrícola ficou 3,3% abaixo da
taxa de crescimento demográfico.
O problema da fome parcial ou total agrava-se dia a dia em
todo o mundo, cumprindo as palavras de Jesus: "Haverá fomes
em vários lugares". Apesar das grandes conquistas científicas
deste século, obtidas em diversas áreas do conhecimento
humano, dezenas de milhões de pessoas pereceram de fome
em conseqüência das duas grandes guerras, e outros milhões
estão sofrendo do mesmo mal, inclusive o Brasil. Do meu livro
Então Virá o Fim, há muito esgotado, cito os seguintes parágra­
fos, por considerã-los oportunos: "René Dumont, eminente
agrônomo francês, escreveu que o espectro da fome está
rondando o mundo. Afirma que se não forem tomadas, com
urgência, enérgicas providências, a humanidade enfrentará,
antes do fim do século, a maior fome de todos os tempos (Visão,
23 de julho de 1973).
"Dizem os especialistas em alimentação que mais de dois
bilhões e seiscentos milhões de habitantes do mundo estão hoje
ingerindo calorias insuficientes. Das 2.800 necessárias diaria­
mente a uma pessoa média, setenta e cinco por cento da
população mundial mal consegue 2.250, e os povos da Ásia mal
alcançam as 1.700! E que falar da fome total?
"Nos primeiros meses de 1973, seis milhões de africanos do
Chade, da Nigéria, do Alto Volta, da Mali, da Mauritânia e do
Senegal não morreram de inanição porque os Estados Unidos, o
Canadá, a Alemanha Ocidental e outros países os socorreram em
tempo com centenas de milhares de toneladas de alimentos/'
Em 1984 e 1985 o mundo ficou assustado com imagens da
Etiópia, mostradas pela televisão, nas quais se viam homens,
mulheres e crianças esqueléticos, vítimas de uma terrível fome
que assolou aquele país. A catástrofe só não foi maior graças à
ajuda de muitos países. Todavia, o que acontecerá quando as
nações ricas, por motivos econômicos ou políticos, não mais
puderem socorrer os povos famintos? Hoje, com toda a a j u d a
que ainda existe, metade da população do mundo vai dormir
com a barriga vazia!
A Bíblia e Suas Profecias 119
A trágica derrota dos mais eficientes recursos técnico-
-dentíficos, políticos e religiosos ante o fantasma da fome, cuja
indesejável presença entre os povos se toma cada vez mais
consolidada, não nos dá alternativa senão reconhecer a proxi­
midade da volta de Cristo e a infalibilidade de suas palavras:
"Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não
passarão" (Mateus 24:35).
Terremotos
Em seu sermão profético, no texto já dtado (Mateus 24:5-7),
Jesus deu como indicação da proximidade de sua segunda
vinda, além de vários outros sinais, a ocorrência de terremotos
em diversos lugares.
De todos os fenômenos físicos já sofridos pelo nosso planeta,
talvez nenhum outro tenha vitimado tantas vidas e causado
maiores estragos que os tremores de terra. Não há dados
estatísticos exatos sobre os prejuízos materiais que os terremo­
tos vêm causando em todo o mundo, mas se imaginarmos a
ruína total de grandes cidades, com seus imponentes edifícios
residendais, comerdais e fabris, teremos uma idéia das enor­
mes perdas, pois em muitos casos a própria topografia dessas
áreas atingidas fica profundamente alterada, com os rios
percorrendo novos caminhos e o mar apoderando-se de vários
quilômetros de terras outrora densamente povoadas.
E os efeitos psicológicos? Quem não se sente profundamente
inseguro e dependente do auxílio do Alto, ao contemplar as
ruínas de belas ddades destruídas em frações de minuto? Até
mesmo ditadores tiranos e filósofos ateus têm-se deixado
quedar pensativos diante de tais catástrofes, forçados a reco­
nhecer a vaidade de todos os seus orgulhosos empreendimen­
tos ante a extrema insegurança da vida presente.
Esses pensamentos ocuparam minha mente quando visitei
Lisboa e contemplei, das proximidades do Castelo de São
Jorge, toda a vasta área atingida pelo pavoroso terremoto de
1755, área essa facilmente identificável pelo novo estilo arquite­
tônico. Lembrei-me das palavras de Rui Barbosa, proferidas
por ocasião das comemorações, no Rio de Janeiro, do Centená­
rio do Marquês de Pombal:
"A cabeça da grande Lusitânia vadia, como se a embriaguez
do misticismo devoto a sacudisse no delírio de uma visão de
120 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Apocalipse. As abóbadas dos templos confundem sob as
mesmas ruínas as imagens e os crentes, a hóstia e os levitas, o
sangue dos fiéis e o da vítima incruenta; as ruas sulcam-se em
abismos; os palácios desabam, trovejando; a casaria, esboroan-
do-se numa sucessão infinita de fragores indizíveis, desaparece
na voragem, na confusão e no incêndio, que açoita com as asas
rutilantes as trevas desse círculo dantesco.
"De um lado, as chamas parecem destinadas a fundir a
antiga capital do Ocidente, como o fogo macedônico amalga-
mara outrora num metal único o ouro, a prata e o bronze das
estátuas de Corinto; do outro, quinze metros acima das mais
altas marés a enchente, instantânea, minaz, caótica, infernal,
abisma navios em repentinos sorvedouros, engole em cada
assalto milhares de homens.
"Quatro vezes a alucinada vaga humana desaparece entre a
vaga marinha e a vaga terrestre, que nalguns minutos devoram
doze mil almas, enquanto a viuvez, a orfandade, a miséria e o
crime se levantam por entre os esqueletos hirtos das casas
aluídas. . . No meio desse conflito gigantesco de todos os
elementos e de todos os terrores; entre essa luta de todas as
tempestades da Natureza com todas as desgraças do destino
humano; sob um céu que a tormenta forrou do chumbo da suas
nuvens contra as lágrimas da terra; quando o dia foge, e o chão
falta debaixo dos pés; quando a opulência desaparece, esmigalha-
da, enlameada, caldnada, pelas fendas do solo; quando a razão se
apaga em todos os espíritos; quando a loucura do medo enche o
vazio deixado pela inteligência ausente — de sobre essa imensa
superfície devastada uma individualidade se levanta, exprimindo
a luz, a calma, a força, a soberania da consdênda do homem,
ereta, augusta, salvadora. Tal imperturbavelmente imóvel, atra­
vés da noite, sobre a cratera acesa do Hecla solitário, quanto a
lava entornada queima de redor os campos, e destrói ao longe os
últimos vestígios da vida, a incomensurável coluna de fogo que se
alonga para os céus, indiferente aos mais ríspidos ventos,
enquanto o bramido formidável do fenômeno subterrâneo parece
ameaçar a subversão do mundo."
Desse vivido discurso de Rui, que data de 8 de maio de 1882 e
consta da Coletânea Literária organizada por seu genro Batista
Pereira, pode-se ter uma idéia, embora pálida, das misérias que
acompanham os abalos sísmicos.
A Bíblia e Suas Profecias 121
Os especialistas em sismologia estão preocupados com o
acentuado aumento de tremores de terra em todo o mundo.
Dos 6.300 abalos sísmicos percebidos pelo homem anualmente
em todo o Globo, um número cada vez maior está provocando
destruições e vítimas fatais entre a população. Desde o início da
era cristã até o século quinze, houve uma média de 53
terremotos destruidores por século. A partir do século dezes­
seis, esse número vem aumentando de forma assustadora: 253
(século XVI), 378 (século XVII), 640 (século XVIII), 2.139 no
século passado e uma trágica previsão de 5.750 no presente
século vinte. De 1900 a 1970 já haviam ocorrido mais tremores
sísmicos que em todos os 1800 anos anteriores!
Exemplificando o que revelam as estatísticas, eis alguns dos
mais destrutivos tremores de terra ocorridos no século vinte:
1908, Messina, Itália, 83 mil mortos; 1915, Avezzano, Itália, 30
mil mortos; 1920, Kansul, China, 180 mil mortos; 1923, Tóquio,
Japão, 143 mil mortos; no mesmo ano em Kansul, China, 60 mil
mortos; 1935, Quotta, índia, 60 mil mortos; 1939, Chillan,
Chile, 30 mil mortos; no mesmo ano, na Turquia, 23 mil
mortos; 1960, no Marrocos, no Chile e no Irã, mais de 30 mil
mortos; 1970, Peru, 60 mil mortos; 1972, Manágua, Nicarágua,
10 mil mortos; 1974, sudoeste da China, 20 mil mortos; no
mesmo ano, no noroeste do Paquistão, cinco mil mortos; 1976,
Guatemala, mais de 22 mil mortos, e no mesmo ano, na China,
talvez o maior terremoto do século, com um número de vítimas
fatais calculado entre 100 mil e um milhão; 1985, Cidade do
México, México, 20 mil mortos e 100 mil desabrigados.
Os terremotos, como também outras desgraças que têm
sobrevindo à humanidade, além de sinais dos tempos podem
ser, também, manifestações do juízo divino, precedendo o
tempo em que pragas ainda maiores ocorrerão. Nesse sentido,
há um fato que merece ser aqui destacado: O jornal "Telefone",
de Messina, Itália, na sua edição do Natal de 1908, publicou um
artigo blasfemo referente ao nascimento de Jesus, que zombava
dos crentes e concluía assim: "Pobre menino Jesus, que não te
contentas em ser homem, mas queres também ser Deus!
Mostra-te, se ainda és vivo! Manda-nos um pequeno terremo­
to!" No dia 28 de dezembro do mesmo ano ocorreu o terremoto
que destruiu a ddade e ceifou 83 mil pessoas, entre elas o
redator do citado artigo e toda a sua família!
122 História, Milagres e Profecias da Bíblia
Ao prever a multiplicação dos terremotos nestes últimos
dias, escreveu Isaías: "Tremem os fundamentos da terra. A
terra está de todo quebrantada, ela totalmente se rompe, a terra
violentamente se move. A terra cambaleia como um bêba­
do. . ." (Isaías 24:18-20). Que o profeta fazia referência aos dias
imediatamente precedentes ao retomo de Cristo, o versículo 23
não deixa dúvida: "A lua se envergonhará, e o sol se confundi­
rá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em
Jerusalém; perante os seus anciãos haverá glória".
O automóvel
Teria a Bíblia algo a dizer acerca da proliferação dos veículos
automotores? Ao anunciar a destruição de Nínive, ocorrida de
fato no ano 612 a.C., o profeta Naum registrou: "Os carros
passam furiosamente pelas mas, e se cruzam velozes pelas
praças, parecem tochas, correm como relâmpago" (Naum 2:4).
É esta uma das mais notáveis profecias da Sagrada Escritura,
tão minuciosa que dificilmente deixaria de ser compreendida
como sendo uma antevisão do automóvel. Os estranhos
veículos vistos pelo profeta como tochas ardentes correspon­
dem ao intenso tráfico noturno de nossas rodovias e avenidas
movimentadas, quando fortes faróis iluminam como relâmpa­
go e se cruzam em alta velocidade. A multiplicação dos carros
automotores tomou-se, não apenas uma ameaça à vida, mas
um problema que tem desafiado governos e exigido deles a
construção de gigantescas estradas, pontes e vias elevadas.
A expressão: "parecem tochas, correm como relâmpago"
descreve de maneira viva o que se passa principalmente nas
estradas de rodagem. Muitos dos automóveis de hoje têm sua
força motriz de tal maneira aumentada que podem percorrer
mais de 150 quilômetros por hora. Para quem estava acostuma­
do ao lento tráfego de camelos, como o escritor sagrado, a visão
notuma de uma autopista moderna só poderia sugerir a idéia
de tochas acesas passando furiosamente, como relâmpago.
Convém salientar ainda que a visão de Naum tem como
ponto de partida a queda da grande cidade de Nínive, com
milhares de pessoas mortas às mãos dos furiosos e valentes
soldados de Nabucodonosor. Da mesma forma sobe a milhares
por ano o número de pessoas que perdem a vida ou ficam
feridas ou inválidas em conseqüência dos rotineiros e incontá-
A Bíblia e Suas Profecias 123
veis acidentes automobilísticos. Às margens de muitas rodovias
já se constroem hospitais destinados ao socorro das vítimas do
automóvel. Nas estradas brasileiras e nas principais vias
públicas de metrópoles como Rio e São Paulo, o índice de
mortalidade é um dos mais elevados do mundo. Por isso, a fim
de reduzir o número de acidentes, os responsáveis pela
segurança dos que viajam promovem intensas campanhas de
conscientização dos perigos do trânsito, como esta: "Não faça
de seu carro uma arma. A vítima pode ser você". Em muitos
países, o trânsito tem causado mais vítimas do que as mais
perigosas enfermidades.
A linguagem bíblica sugere também que tal cumprimento
profético se daria no tempo "do seu aparelhamento" (Naum
2:3). Aparelhamento de quê? ou de quem? Sugerem alguns
estudiosos da Palavra de Deus que se trata aqui do tempo em
que o Senhor estivesse preparando o seu regresso à Terra.
Desta forma, o aperfeiçoamento do automóvel, ta] como o
vemos hoje, é cumprimento perfeito e insofismável da visão do
profeta Naum, e sinal seguro do breve retomo do Senhor Jesus
para buscar a sua Igreja. Que o Senhor, ao regressar, nos
encontre firmes e orando esta última oração da Bíblia: "Ora
vem, Senhor Jesus" (Apocalipse 22:20).
O saianismo
Um dos mais terríveis sinais dos últimos tempos é o
movimento que ganha cada vez mais terreno e que se chama:
"Os adoradores de Satanás". Há muitos anos que se lia acerca
deste movimento e da sua origem, porém, recentemente foram
descobertas duas igrejas em Paris onde Satanás é adorado e a
missa negra celebrada. Estas igrejas foram fechadas, mas o
movimento continua num café transformado em igreja pelos
seus membros. Os adoradores do diabo reúnem-se cada noite
no café e depois retiram-se para o andar superior de uma casa,
fechada com fortes portas e ferrolhos. Homens e mulheres da
alta dasse tomam parte nos cultos, e os atos de adoração
consistem espedalmente em cometerem pecados iguais aos de
Sodoma e Gomorra.
Em Nova York, Satanás é adorado também por pessoas da
alta sodedade, com a participação de muitos estudantes. Num
destes lugares onde especialmente os jovens se reúnem —uma
124 História, Milagres e Profecias da Bíblia
dama é a dirigente. Diante de um altar ela dirige ao diabo a
seguinte oração: "Satanás, és o nosso mestre e nós os teus
discípulos. Satanás, és o nosso Senhor e nós, os teus servos, te
adoramos. Prometemos cumprir todo o maí que inventares;
prometemos não fazer nada que seja bom, e prometemos
seguir fielmente os teus treze mandamentos. Prometemos fazer
tudo o que nos mandares e cometer pecados mortais. Isto te
prometemos, Satanás, nosso Senhor". Também imitam a Ceia
do Senhor, mas de uma maneira tão horrível que nem pode ser
publicada na imprensa.
Estas duas notas, extraídas de um periódico português
editado em 1948, dão uma idéia da força do movimento
satânico já naquela época, quando as autoridades, pressiona­
das pelas lideranças religiosas, impunham ainda alguma restri­
ção a tais celebrações. Hoje, abusando da liberdade de religião
reconhecida nos países livres, o satanismo alcança progressos
bem maiores. Centenas de milhares, conscientemente, cultuam
Satanás em todo o mundo.
No Brasil, o astrólogo Luiz Howarth tomou-se notícia desde
que se denominou "redentor de Satanás e irmão de Deus". Ele
tem afirmado que "o mal que existe no mundo não pode ser
atribuído ao diabo, mas sim aos desníveis sociais, à usura e ao
egoísmo do homem. O mal não é o diabo, nem o bem é Deus.
Os dois são irmãos, que representam duas forças, e da sintonia
entre essas duas forças é que resulta o equilíbrio do homem". O
templo do diabo, que Howarth construiu em Aracaju, tem o
formato de um caixão de defunto. O astrólogo disse ainda que
implantar uma igreja do diabo em cada capital do país não é sua
única tarefa: ele anunciou a distribuição de milhares de
exemplares da "bíblia do diabo", que será também traduzida
para o inglês e o espanhol.
Vale a pena recordar as palavras de Jesus em João 8:44 e
10:10: "Vós sois do diabo, que é o vosso pai, e quereis
satisfazer-lhe aos desejos. Ele foi homicida desde o princípio e
jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade.
Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque
é mentiroso e pai da mentira". "O ladrão vem somente para
roubar, matar, e destruir; eu vim para que tenham vida e a
tenham em abundância."
A adoração consciente de Satanás constitui um sinal de que o
A Bíblia e Suas Profecias 125
mundo se prepara rapidamente para o advento do anticristo. E
como este, segundo a Bíblia, só se manifestará após o arrebata­
mento da Igreja, os acontecimentos finais se aproximam com
tremenda rapidez. É tempo de fidelidade, trabalho e vigilância!
Falsos profetas
No sexto século antes de Cristo, quando o poderoso e
riquíssimo Creso, rei da Lídia, consultou o oráculo de Delfos
sobre se deveria ou não lutar contra Ciro, da Pérsia, foi-lhe dito:
''Quando o rei Creso atravessar o rio Halis destruirá um
poderoso exército". Creso, supondo que a profecia lhe era
favorável, lançou-se contra Ciro e destruiu, de fato, um
poderoso exército — o seu próprio!
Mil anos mais tarde, nas proximidades de Roma, dois
pretendentes ao trono imperial estão prestes a defrontar-se no
campo de batalha. Um deles, Maxêncio, consulta uma profetisa
do oráculo de Cumes, e esta lhe diz: "Nesse dia (da batalha) o
inimigo de Roma será derrotado". Sentindo-se confiante na
vitória, Maxêncio lança seu exército contra o de Constantino,
mas sofre fragorosa derrota e perde a vida,
Como o leitor percebeu, tanto num como noutro caso a
profecia teria forçosamente de cumprir-se, qualquer que fosse o
resultado. Assim eram, e ainda são, as profecias humanas:
sempre obscuras ou de sentido dúbio. Por isso são objeto de
tantas especulações e interpretações, como as de São Malaquias
(não o Malaquias da Bíblia), e Nostradamus.
Acerca deste último, Nostradamus, vale a penas examinar
suas predições e perceber quão obscuras elas são. De todas as
suas profecias, não há consenso em nenhuma só por parte dos
que as estudaram e estudam. Vejamos, como exemplo, a
quadra III, Centúria 97:
"Nova lei prevalecerá na nova terra
Para a Síria, Judéia e Palestina
O grande império bárbaro declina
Antes que a Lua complete o seu ciclo".
Wolner vê os anos 2080 e 2332 d.C.; Leoni vê 1917 a 1920;
Roberts vê a queda da Confederação Árabe.
Mas, até mesmo quando são claras, as predições humanas
não merecem confiança. Em 1918, finda a Primeira Guerra
Mundial, representantes de 62 nações se reuniram na capital
126 História, Milagres e Profecias da Bíblia
francesa para assinarem o "Pacto de Paris". Entre as muitas
expressões eufóricas que lá se ouviram, podemos destacar
estas: "Hoje foi a guerra internacional banida da civilização".
"Pela primeira vez na história do mundo vai-se ter paz eterna e
mundial". O Presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover,
exclamou com otimismo: "Estamos no inído de uma idade
áurea". Cumpriram-se aquelas predições? Evidentemente que
não.
Os homens também disseram que a Segunda Guerra Mun­
dial livraria a terra da regênda ditatorial, que as Nações Unidas
unificariam todos os povos numa cooperação patífica. En­
tretanto, nada disso se cumpriu, porque aos homens é impossí­
vel antever o futuro. Unicamente o Deus onisdente, em sua
Palavra, tem desvendado os acontecimentos futuros, muitos
dos quais ainda estão por vir, e dado infalíveis provas de que
eles terão seu exato cumprimento, porque ele "não é homem
para que minta" (Números 23:19).
Nota
Como o leitor certamente deve ter observado, deixei de me
referir, neste capítulo, a diversas outras profedas bíblicas já
cumpridas ou em cumprimento. Assim o fiz propositadamen­
te, uma vez que muitas delas estão já comentadas nos meus
livros Desafios da Nossa Época, Israel de Herodes a Dayan, Deus
Revela o Futuro, Assim Vive Israel, Israel Gogue e o Anticristo, As
Visões Proféticas de Daniel. Estes dois últimos também editados
em espanhol pela Editora Vida.
RELATOS DE TESTMUNHAS
OCULARES DE SINAIS E
PRODÍGIOS NO MUNDO DE
HOJE
Os milagres acontecem ainda hoje? Deus ainda cura os enfer­
mos? É bíblico esperar milagres? Este livro, baseado em exrensa
pesquisa, trata desta e de muitas outras questões.
Este livro apresenta milagres que demonstram o potencial que
têm sinais e prodígios para o crescimento da igreja.

A extraoramam in v e r ta d o curso

expwnenlal MC5Í0- Sinais. Prodígios


e Cnsdmento da Igreja Ministrado no
Seminário Teohgko Fulkr
IíxJuI um « tu d o «ra 13 c «pttcig&p

Viíla
f W. "Q / > ny - '
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1—L ^ ' _í V^líáLJL.^

ÂBR440 DE ALMEIDA
História, Milagres e Profecias da Bíblia, destina-se tanto aos
interessados em aprofundar seus conhecimentos da bendita
Palavra de Deus, como à evangelização. Produzido ao longo de
mais de duas décadas de pesquisas, este livro apresenta de
maneira simples o plano divino para redimir a humanidade caída.
Neste trabalho o leitor encontrará os pontos mais salientes da
inspiradora história da Bíblia, desde os primeiros manuscritos em
argila, papiro ou peles de animais, até às incríveis tiragens de
milhões de exemplares em nossos dias.
História, Milagres e Profecias da Bíblia é, também, uma boa
introdução ao estudo da escatologia bíblica — o apaixonante
tema de alguns dos livros de Abraão de Almeida. É com grande
prazer que a Editora Vida coloca nas mãos dos estudiosos do
Livro dos livros mais esta excelente obra em português de tão
conceituado Autor.

ISBN 0-8297-1702-1

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