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Erivan Pereira de Franca

A INSTRUÇÃO NORMATIVA
N.º 05/2017
Como fica o planejamento, a gestão e a fiscalização administrativa
dos contratos de prestação de serviços

Erivan Pereira de Franca

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Erivan Pereira de Franca

Sumário

1. INTRODUÇÃO. CONCEITOS BÁSICOS ................................................................... 4


1.1. Alcance a aplicação da IN 05/2017........................................................................................... 4
1.2. Elementos caracterizadores do contrato de terceirização ......................................... 10
1.2.1. O que são serviços de natureza continuada? ........................................................... 10
1.2.1.1. A qualificação é casuística .................................................................................... 14
1.2.1.2. Hipóteses não enquadradas no conceito. Casos apreciados pelo
TCU .................................................................................................................................................. 18
1.2.2. Como se dá a cessão da mão de obra? ......................................................................... 20
2. OS ATORES DA GESTÃO E DA FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS ............................................................................................................ 23
2.1. A necessária distinção entre atos de gestão e atos de fiscalização ......................... 23
2.2. As vertentes da atividade de fiscalização: técnica, administrativa, setorial e
pelo público usuário............................................................................................................................... 27
2.3. Necessidade de designação formal do fiscal/gestor de contrato ............................ 27
2.4. Atribuições de cada ator: o gestor do contrato; o fiscal e os substitutos............. 30
2.5. O que se espera do preposto da contratada? .................................................................... 40
2.6. Reunião inicial com o preposto da contratada ................................................................. 40
3. A FISCALIZAÇÃO TÉCNICA E ADMINISTRATIVA DO CONTRATO CONFORME
O ANEXO VIII DA IN 05/2017 ................................................................................. 45
3.1. Verificação de regularidade trabalhista, previdenciária e junto ao FGTS, no
momento da contratação e durante a execução contratual ................................................ 46
3.2. Antecedente jurisprudencial: o Acórdão 1214/2013-TCU- Plenário.................... 60
3.2.1. Recomendações do TCU, no Acórdão 1214/2013 – Plenário quanto à
fiscalização administrativa do contrato.................................................................................. 63
3.2.2. A técnica da fiscalização por amostragem, conforme recomendada
pelo TCU e prevista no item 10.5 do Anexo VIII da IN 05/2017 ................................ 65
3.3. Procedimentos de fiscalização a adotar no primeiro mês de execução do
contrato (fiscalização inicial)............................................................................................................. 66
3.3.1. Documentação admissional dos terceirizados; técnica de conferência...... 67
3.3.1.1. Roteiro de verificação ............................................................................................ 67
3.3.2. Elaboração da planilha-resumo ..................................................................................... 71
3.4. Fiscalização trabalhista e previdenciária durante a execução do contrato
(após o primeiro mês e antes da extinção do contrato). Modelo de fiscalização
da IN 05/2017........................................................................................................................................... 71
3.4.1. Extratos do INSS e do FGTS são suficientes para comprovar os
recolhimentos? Como saber se o INSS e o FGTS foram efetivamente
recolhidos?............................................................................................................................................ 74
3.4.1.1. Roteiro de verificação da folha de pagamento, da GFIP, da GPS e
da GRF ............................................................................................................................................ 79
3.4.1.2. Checklist – fiscalização previdenciária e FGTS .......................................... 94
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3.4.2. Comprovantes de pagamento da remuneração e de benefícios


suplementares (vale-transporte e auxílio-alimentação) ................................................ 97
3.4.2.1. Roteiro de verificação – pagamento de salários e verbas
remuneratórias .......................................................................................................................... 99
3.4.2.2. Roteiro de verificação – vale-transporte e auxílio-alimentação ......110
3.4.3. Procedimentos a serem adotados pela fiscalização em caso de
irregularidades .................................................................................................................................113
3.5. Documentos a serem apresentados quando da extinção do contrato
administrativo.........................................................................................................................................113
3.5.1. Documentação demissional dos terceirizados .....................................................113
3.5.1.1. Roteiro de verificação ..........................................................................................114
3.6. Disposições obrigatórias, determinadas pela Portaria MP n.º 409/2016.
Qual norma observar? .........................................................................................................................125
3.7. A fiscalização diária do contrato de prestação de serviços ......................................127
3.7.1. Evitar situações que caracterizem pessoalidade e subordinação ...............127
3.7.2. Evitar desvios de função dos terceirizados ............................................................132
3.7.3. Consequências das ausências dos terceirizados ..................................................135
3.8. Fiscalização procedimental......................................................................................................137
3.8.1. Observância das normas coletivas do trabalho....................................................137
3.8.2. Concessão de férias aos terceirizados.......................................................................156
3.8.2.1. Roteiro de verificação ..........................................................................................159
3.9. Checklist – procedimentos de fiscalização trabalhista ...............................................162
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 166

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1. INTRODUÇÃO. CONCEITOS BÁSICOS

1.1. Alcance a aplicação da IN 05/2017

Este curso tem por objetivo compartilhar procedimentos de planejamento,


gestão e fiscalização dos contratos, com detalhamento de ações de controle
específicas sugeridos aos fiscais ou gestores de contrato, com base nos
procedimentos previstos na novíssima IN SEGES/MP 05/2017 (editada pela
Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão),
que revogou a IN 02/2008.

Nossa abordagem, embora eminentemente prática – porquanto é focada no


que entendemos ser as melhores práticas de fiscalização administrativa –, é
baseada na interpretação sistemática das normas de regência da matéria e da
jurisprudência do Tribunal de Contas da União e dos Tribunais Superiores.

Compartilharemos um conjunto de procedimentos que considerados


eficientes para minorar os riscos associados à gestão dos contratos, notadamente
aqueles de terceirização, com base nas inovações introduzidas pela também
Portaria MP n.º 409/2016, que estabelece normas e diretrizes que, no que toca à
fiscalização administrativa dos contratos de terceirização, contrastam
parcialmente com aqueles previstos na IN 05/2017.

Como se dará enfoque nas normas editadas pelo Ministério do Planejamento,


Desenvolvimento e Gestão, impende tecer brevíssimas considerações sobre a
relevância de se observar as prescrições de tais normas, bem como dos
entendimentos emanados do Tribunal de Contas da União, em matéria de
planejamento, gestão e fiscalização contratual.

O SISG foi criado em obediência ao comando do Decreto-Lei 200/67, que, no


art. 30, determinou que as atividades de serviços gerais (e outras atividades
auxiliares) da Administração Pública fossem organizadas na forma de sistema,
supervisionado por um órgão central, devendo sua regulamentação dar-se por
decreto (art. 31).
DECRETO-LEI 200/67
Art. 30. Serão organizadas sob a forma de sistema as atividades de pessoal,
orçamento, estatística, administração financeira, contabilidade e auditoria,
e serviços gerais, além de outras atividades auxiliares comuns a todos os
órgãos da Administração que, a critério do Poder Executivo, necessitem de
coordenação central.

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§ 1º Os serviços incumbidos do exercício das atividades de que trata êste


artigo consideram-se integrados no sistema respectivo e ficam,
conseqüentemente, sujeitos à orientação normativa, à supervisão técnica
e à fiscalização específica do órgão central do sistema, sem prejuízo da
subordinação ao órgão em cuja estrutura administrativa estiverem
integrados.
[...]
Art. 31. A estruturação dos sistemas de que trata o artigo 30 e a
subordinação dos respectivos Órgãos Centrais serão estabelecidas em
decreto.

O SISG foi instituído pelo Decreto 1.094, de 23.3.1994, sendo integrado pelos
órgãos e unidades da Administração Federal direta, autárquica e fundacional.
DECRETO 1.094/94
Art. 1º Ficam organizadas sob a forma de sistema, com a designação de
Sistema de Serviços Gerais (SISG), as atividades de administração de
edifícios públicos e imóveis residenciais, material, transporte,
comunicações administrativas e documentação.
§ 1º Integram o SISG os órgãos e unidades da Administração Federal
direta, autárquica e fundacional, incumbidos especificamente da execução
das atividades de que trata este artigo.
[...]
Art. 2º O SISG compreende:
I - o órgão central, responsável pela formulação de diretrizes, orientação,
planejamento e coordenação, supervisão e controle dos assuntos relativos
a Serviços Gerais;

Como o órgão que expediu a IN 05/2017 é da estrutura do Poder Executivo


Federal, comumente questiona-se: “A área administrativa dos órgãos e entidades
dos demais Poderes da União, dos Estados e dos Municípios está obrigada a
observar as prescrições dessa Instrução Normativa? ”

Os órgãos e entidades dos Poderes Legislativo e Judiciário da União Federal,


do Ministério Público, bem como dos demais entes federados (Estados e
Municípios), podem ter normas próprias. Entretanto, recomenda-se que, na
inexistência de norma interna, ou lacuna na norma existente, tais órgãos e
entidades adotem e apliquem as disposições das Instruções Normativas emanadas
do MP.

No âmbito do Distrito Federal, Decreto baixado pelo governador determina a


adoção da IN 05/2017:

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DECRETO Nº 38.934, DE 15 DE MARÇO DE 2018


(DODF n.º 52, de 16.03.2018)
Art. 1º Aplicam-se às contratações de serviços, continuados ou não, no
âmbito da Administração Pública Direta e Indireta do Distrito Federal, no
que couber, as disposições da Instrução Normativa nº 5, de 25 de maio de
2017, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão.
Art. 2º Os contratos formalizados anteriormente à publicação deste
Decreto e que não se conformem com o disposto no Anexo VI-B da
Instrução Normativa de que trata o artigo anterior, podem ser renovados
em conformidade com as regras editalícias e a legislação de regência.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor 90 dias após a data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário, em especial o Decreto nº
36.063, de 26 de novembro de 2014.

Recomenda-se observar criticamente as disposições da IN 05/2017,


porquanto tal norma reflete, em grande medida, boas práticas de gestão
contratual, amparadas na jurisprudência do TCU. De fato, essa Instrução
Normativa foi editada por força de reiteradas determinações do Tribunal sobre a
gestão de contratos de prestação de serviços, tal como o foi a IN 04/2014, editada
pelo MP para disciplinar a contratação de soluções de tecnologia da informação.

Destacaríamos os seguintes julgados do Tribunal de Contas da União, nos


quais foram formuladas recomendações ao MPDG para editar normativo definindo
um novo modelo de contratação para a Administração Federal, a seguir transcritos
parcialmente.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1. recomendar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992,
c/c o art. 250, inciso III, do RI/TCU, à Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação (SLTI/MP) que:
9.1.1. elabore modelo de contratação de bens e serviços pela
Administração Pública, abrangendo as fases de planejamento, seleção do
fornecedor e gestão dos respectivos contratos, bem como promova a
respectiva implementação mediante orientação normativa, utilizando como
parâmetro básico os procedimentos contidos no Apêndice 4 do relatório de
fiscalização localizado na peça 45 deste processo;
(Acórdão nº 2328/2015 - Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
(SLTI/MP) que:
[...]

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9.2.2. elabore um modelo de processo de aquisições para a Administração


Pública, para a contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos
decorrentes, considerando as diretrizes constantes dos Acórdãos 786/2006,
1480/2008 e 1.915/2010, todos do Plenário do TCU, adaptando-os à
aquisição de objetos de todos os tipos e não apenas aos objetos de
tecnologia da informação, em especial:
9.2.2.1. modelagem básica dos processos de trabalho de aquisição,
incluindo o planejamento da contratação, a seleção do fornecedor e a
gestão dos contratos decorrentes;
9.2.2.2. definição de papeis e responsabilidades dos agentes envolvidos em
cada fase;
9.2.2.3. elaboração de modelos de artefatos a serem produzidos;
9.2.2.4. utilização de estudo de modelos já existentes como subsídio para
formulação de seu próprio modelo;
9.2.2.5. planejamento das contratações, iniciando-se pela oficialização das
demandas, o que permitirá o planejamento de soluções completas, que
atendam às necessidades expressas nas demandas;
9.2.2.6. definição de conceitos e referências à legislação e à jurisprudência;
9.2.2.7. mensuração da prestação de serviços por bens e serviços
efetivamente entregues segundo especificações previamente estabelecidas,
evitando-se a mera locação de mão-de-obra e o pagamento por hora-
trabalhada ou por posto de serviço, utilizando-se de metodologia
expressamente definida no edital;
9.2.2.8. inclusão dos controles internos em nível de atividade, podendo
ainda avaliar a inclusão dos demais controles sugeridos no documento
Riscos e Controles nas Aquisições – RCA, que pode ser acessado em
http://www.tcu.gov.br/selog;
9.2.3. promova a implementação do modelo de processo de aquisições,
elaborado nas organizações sob sua esfera de atuação mediante
orientação normativa única, consolidando, se necessário, as orientações
normativas em vigor;
(Acórdão nº 2622/2015 - Plenário)

Cite-se, como exemplo de norma que autoriza a adoção de normativos


emanados de outras fontes, a Resolução n.º 182 do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) que autoriza expressamente a utilização, como fontes de informações
adicionais, das publicações e normas emanadas do Poder Executivo. Embora tal
norma trate de gestão de contratos de serviços de tecnologia da informação e
comunicação, o comando ilustra bem a recomendação de que tratamos:

RESOLUÇÃO CNJ 182


Art. 23. Poderão ser utilizados como fontes de informações adicionais,
inclusive de modelos (templates) de documentos, outros instrumentos
como o Guia de Boas Práticas de Contratação de Soluções de TI disponível
no portal do Conselho da Justiça Federal (CJF), Guia de Boas Práticas de

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Contratação de Soluções de TI disponível no portal do Tribunal de Contas da


União (TCU), Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções de TI
disponível no portal do Ministério do Planejamento, Gestão e Orçamento
(MPOG), entre outros pertinentes.

A adoção subsidiária de Instruções Normativas emanadas do Poder Executivo


é recomendada, inclusive, pela doutrina:
DOUTRINA
Em que pese esse conjunto de instituições [incluindo as do Poder Judiciário]
não estar obrigado a aplicar as disposições da referida instrução normativa
[IN 04/2010], seus órgãos e entidades podem optar, e seria uma boa
alternativa, pela utilização da referida norma, uma vez que ela disciplina
os procedimentos necessários à realização de contratações de TI com
qualidade, seguindo, inclusive, as diretrizes que regem o atual modelo de
contratação de Soluções de TI.
(Augusto Sherman Cavalcanti)

Destaque-se, também, a necessidade de observância dos entendimentos


firmados pelo TCU em matéria de licitações e contratos administrativos,
porquanto a interpretação que dá aquela Corte de Contas das normas gerais de
licitações e contratos deve ser rigorosamente seguida pelos agentes públicos, sob
pena, inclusive, de responsabilização pessoal destes.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Súmula 222
As Decisões do Tribunal de Contas da União, relativas à aplicação de
normas gerais de licitação, sobre as quais cabe privativamente à União
legislar, devem ser acatadas pelos administradores dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

LEI 8.443/92
(Lei Orgânica do TCU)
Art. 1° Ao Tribunal de Contas da União, órgão de controle externo,
compete, nos termos da Constituição Federal e na forma estabelecida nesta
Lei:
[...]
XVII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade
competente, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de dispositivos
legais e regulamentares concernentes a matéria de sua competência, na
forma estabelecida no Regimento Interno.
[...]

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§ 2° A resposta à consulta a que se refere o inciso XVII deste artigo tem


caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas não do fato ou
caso concreto.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
1. Constitui irregularidade a inobservância, pelos administradores de
órgãos e entidades jurisdicionados, dos entendimentos firmados pelo
Tribunal de Contas da União, em especial na área de licitações.
Representação acerca de possíveis irregularidades em pregão eletrônico
promovido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destinado à
contratação de empresa especializada na prestação de serviços técnicos de
engenharia para fiscalização de obra de edificação, apontara possível
restrição à competitividade do certame, decorrente de exigência editalícia
de quantitativos mínimos para se atestar a capacidade técnica. Em sede de
oitiva, após a concessão da cautelar pleiteada pela representante, a Unifesp
aduziu que os quantitativos exigidos foram fixados com base no enunciado
24 da Súmula de Jurisprudência do Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo, que os admite para serviços similares, em regra, na proporção de 50
a 60% da execução pretendida, ou outro percentual, desde que
devidamente justificado. Analisando o argumento, lembrou o relator que
“não se pode perder de vista que, no que concerne a normas gerais de
licitação, devem as entidades jurisdicionadas acatar o posicionamento do
Tribunal de Contas da União, conforme expresso no enunciado nº 222 da
Súmula de Jurisprudência do TCU, verbis: As Decisões do Tribunal de Contas
da União, relativas à aplicação de normas gerais de licitação, sobre as quais
cabe privativamente à União legislar, devem ser acatadas pelos
administradores dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios”. Considerou o relator, contudo, que o caso concreto
albergou extrapolação mínima do limite tradicionalmente aceito pelo TCU
(50%), e em consonância com orientação do órgão estadual de controle. E
que, “diante da ausência de uma regência objetiva quanto ao mencionado
limite na Súmula do TCU, seria até natural que o gestor buscasse orientação
complementar sumulada por outro órgão com atribuições semelhantes à
Corte de Contas Federal, no caso, o TCE/SP, não sendo razoável, portanto,
desaprovar sua conduta”. Nesse sentido, o Plenário do TCU, acatando a
proposta do relator, julgou parcialmente procedente a Representação,
revogando a cautelar adotada e cientificando a Unifesp de que “constitui
irregularidade a inobservância, na tomada de decisões, em especial, na
área de licitações, dos entendimentos firmados no âmbito do Tribunal de
Contas da União, conforme enunciado nº 222 da Súmula de Jurisprudência
deste Tribunal”.
(Acórdão 3104/2013 – Plenário – INFORMATIVO 178)

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1.2. Elementos caracterizadores do contrato de terceirização

O conceito dado ao contrato de terceirização na IN 05/2017 contém certos


elementos que, na visão do MP, o caracterizam:
IN 05/2017
Art. 17. Os serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra
são aqueles em que o modelo de execução contratual exija, dentre outros
requisitos, que:
I - os empregados da contratada fiquem à disposição nas dependências da
contratante para a prestação dos serviços;
II - a contratada não compartilhe os recursos humanos e materiais
disponíveis de uma contratação para execução simultânea de outros
contratos; e
III - a contratada possibilite a fiscalização pela contratante quanto à
distribuição, controle e supervisão dos recursos humanos alocados aos seus
contratos.
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput poderão ser prestados
fora das dependências do órgão ou entidade, desde que não seja nas
dependências da contratada e presentes os requisitos dos incisos II e III.

Entendemos que a terceirização, no âmbito das contratações públicas,


consiste na entrega a terceiros da execução, mediante cessão de mão de obra, de
serviço de natureza continuada.

Dois são, portanto, os elementos que, se presentes na execução do objeto


contratado, caracterizam o contrato de terceirização: 1º) o objeto do contrato é
a prestação de serviços de natureza continuada; 2º) a execução dos serviços se dá
mediante cessão de mão de obra pela pessoa jurídica contratada.

1.2.1. O que são serviços de natureza continuada?

A fim de atender às necessidades da Administração – que não puderem ser


satisfeitas mediante execução direta –, esta contrata com terceiros a aquisição de
bens ou a realização de obras ou serviços.

Frise-se que a prestação de serviço constitui obrigação de fazer, de


realizar em concreto uma utilidade para a Administração. Não se confunda serviço
com fornecimento, cuja obrigação é de dar, vale dizer, de efetuar a tradição
(entrega) do bem adquirido.

Na dicção da Lei 8.666/93, serviço é “toda atividade destinada a obter


determinada utilidade de interesse para a Administração” (art. 6º, II). Se apreciada

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Erivan Pereira de Franca

a necessidade a ser satisfeita em função de sua perenidade, os serviços podem ser


classificados como contínuos ou não contínuos.

São não-contínuos aqueles serviços que têm como escopo a entrega de


produtos ou a realização de serviços específicos em um período predeterminado
contratualmente. A necessidade da Administração é plenamente atendida com o
exaurimento do objeto contratado; a necessidade, dito de outro modo, não se
renova no tempo e ininterruptamente.

IN 05/2017
Art. 16. Os serviços considerados não continuados ou contratados por
escopo são aqueles que impõem aos contratados o dever de realizar a
prestação de um serviço específico em um período predeterminado,
podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo
necessário à conclusão do objeto, observadas as hipóteses previstas no § 1º
do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.

Admite-se a concepção de serviços não-contínuos por exclusão: são todos os


serviços não classificados como de natureza continuada. Identificando-se estes,
tem-se a perfeita noção daqueles.

Importa, então, bem compreender o conceito e os elementos característicos


dos serviços de natureza continuada.

São serviços de natureza continuada aqueles que constituem necessidade


perene da Administração, a reclamar execução continuada, sob pena de, na sua
falta, se colocar em risco o funcionamento do órgão ou entidade, podendo até
mesmo comprometer o alcance da missão institucional ou do interesse público,
razão de existir de toda e qualquer organização administrativa.

O conceito que apresentamos encontra amparo na novíssima IN 05/2017, e é


corroborada pela orientação do TCU e a melhor doutrina:

IN 05/2017
Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua são aqueles que, pela sua
essencialidade, visam atender à necessidade pública de forma permanente
e contínua, por mais de um exercício financeiro, assegurando a integridade
do patrimônio público ou o funcionamento das atividades finalísticas do
órgão ou entidade, de modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional.

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Erivan Pereira de Franca

ORIENTAÇÃO DO TCU
Serviços de natureza contínua são serviços auxiliares e necessários à
Administração no desempenho das respectivas atribuições. São aqueles
que, se interrompidos, podem comprometer a continuidade de atividades
essenciais e cuja contratação deva estender-se por mais de um exercício
financeiro.

DOUTRINA
Serviço de execução continuada é o que não pode sofrer solução de
continuidade na prestação que se alonga no tempo, sob pena de causar
prejuízos à Administração Pública que dele necessita. Por ser de
necessidade perene para a Administração Pública, é atividade que não pode
ter sua execução paralisada, sem acarretar-lhe danos. É, em suma, aquele
serviço cuja continuidade da execução a Administração Pública não pode
dispor, sob pena do comprometimento do interesse público.
(Diógenes Gasparini)

Extraem-se dos conceitos os dois elementos caracterizadores dos serviços


de natureza continuada: perenidade (a Administração deles carece a todo tempo)
e a essencialidade ou necessidade de sua prestação (sob pena de não atendimento
do interesse público ou comprometimento do funcionamento da Administração do
alcance da sua missão institucional).

Também extraímos a conceituação de tais espécies de serviços da Instrução


Normativa 971/2009, da Receita Federal do Brasil, os define com certa precisão:

IN RFB 971/2009
Art. 115. .....................

§ 2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da


contratante, que se repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade
fim, ainda que sua execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes A fim de
atender às necessidades da Administração – que não puderem ser satisfeitas
mediante execução direta –, esta contrata com terceiros a aquisição de bens ou a
realização de obras ou serviços.

Frise-se que a prestação de serviço constitui obrigação de fazer, de


realizar em concreto uma utilidade para a Administração. Não se confunda serviço
com fornecimento, cuja obrigação é de dar, vale dizer, de efetuar a tradição
(entrega) do bem adquirido.

Na dicção da Lei 8.666/93, serviço é “toda atividade destinada a obter


determinada utilidade de interesse para a Administração” (art. 6º, II). Se apreciada a

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Erivan Pereira de Franca

necessidade a ser satisfeita em função de sua perenidade, os serviços podem ser


classificados como contínuos ou não contínuos.

São não-contínuos aqueles serviços que têm como escopo a entrega de


produtos ou a realização de serviços específicos em um período predeterminado
contratualmente. A necessidade da Administração é plenamente atendida com o
exaurimento do objeto contratado; a necessidade, dito de outro modo, não se
renova no tempo e ininterruptamente.

IN 05/2017
Art. 16. Os serviços considerados não continuados ou contratados por
escopo são aqueles que impõem aos contratados o dever de realizar a
prestação de um serviço específico em um período predeterminado,
podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo
necessário à conclusão do objeto, observadas as hipóteses previstas no § 1º
do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.

Admite-se a concepção de serviços não-contínuos por exclusão: são todos os


serviços não classificados como de natureza continuada. Identificando-se estes,
tem-se a perfeita noção daqueles.

Importa, então, bem compreender o conceito e os elementos característicos


dos serviços de natureza continuada.

São serviços de natureza continuada aqueles que constituem necessidade


perene da Administração, a reclamar execução continuada, sob pena de, na sua
falta, se colocar em risco o funcionamento do órgão ou entidade, podendo até
mesmo comprometer o alcance da missão institucional ou do interesse público,
razão de existir de toda e qualquer organização administrativa.

O conceito que apresentamos encontra amparo na novíssima IN 05/2017, e é


corroborada pela orientação do TCU e a melhor doutrina:
IN 05/2017
Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua são aqueles que, pela sua
essencialidade, visam atender à necessidade pública de forma permanente
e contínua, por mais de um exercício financeiro, assegurando a integridade
do patrimônio público ou o funcionamento das atividades finalísticas do
órgão ou entidade, de modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional.

ORIENTAÇÃO DO TCU
Serviços de natureza contínua são serviços auxiliares e necessários à
Administração no desempenho das respectivas atribuições. São aqueles

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que, se interrompidos, podem comprometer a continuidade de atividades


essenciais e cuja contratação deva estender-se por mais de um exercício
financeiro.

DOUTRINA
Serviço de execução continuada é o que não pode sofrer solução de
continuidade na prestação que se alonga no tempo, sob pena de causar
prejuízos à Administração Pública que dele necessita. Por ser de
necessidade perene para a Administração Pública, é atividade que não pode
ter sua execução paralisada, sem acarretar-lhe danos. É, em suma, aquele
serviço cuja continuidade da execução a Administração Pública não pode
dispor, sob pena do comprometimento do interesse público.
(Diógenes Gasparini)

Extraem-se dos conceitos os dois elementos caracterizadores dos serviços


de natureza continuada: perenidade (a Administração deles carece a todo tempo)
e a essencialidade ou necessidade de sua prestação (sob pena de não atendimento
do interesse público ou comprometimento do funcionamento da Administração do
alcance da sua missão institucional).

Também extraímos a conceituação de tais espécies de serviços da Instrução


Normativa 971/2009, da Receita Federal do Brasil, os define com certa precisão:
IN RFB 971/2009
Art. 115. .....................
§ 2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade
permanente da contratante, que se repetem periódica ou
sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua
execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes
trabalhadores.

1.2.1.1. A qualificação é casuística

Presentes os dois elementos caracterizadores mencionados


(perenidade e essencialidade), estaremos diante de um serviço de natureza
continuada. À exceção de alguns exemplos clássicos (limpeza e conservação;
vigilância; manutenção predial; etc.), a tipologia do serviço, por si só, não o
qualifica como continuado.

A qualificação de um dado serviço como de natureza continuada é, assim,


casuística. Vale dizer, o que é essencial para o funcionamento e manutenção de um
dado órgão ou entidade pode não o ser para outros.

14
Erivan Pereira de Franca

Em deliberação paradigmática, o TCU definiu os contornos do instituto,


abordando a matéria didaticamente, conforme trecho do voto do ministro relator:

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
2. A licitação teve por objeto a contratação de empresa especializada na
prestação de serviços de organização, planejamento, promoção e execução
de eventos, elaboração e fornecimento de infraestrutura de locação de
espaço físico, com mobiliário necessário e adequado, fornecimento de
layout ou design para estandes, exposições ou feiras, com montagem,
desmontagem, limpeza, manutenção, instalações elétricas, hidráulicas, de
equipamentos e outros serviços correlatos.
3. A unidade técnica havia apontado os seguintes indícios de irregularidades
no edital:
[...]
d) consideração indevida de que os serviços seriam de natureza continuada.
[...]
7. Acompanho, na essência, as conclusões da unidade técnica, que
incorporo às minhas razões de decidir, com os ajustes a seguir
mencionados.
[...]
19. Quanto à suposta natureza continuada dos serviços para justificar
prorrogações contratuais de até sessenta meses, a alegação de que teria
sido motivada pela dificuldade e onerosidade do processo administrativo
licitatório não é suficiente para justificar o enquadramento dos serviços
de realização de eventos como contínuos.
20. Como destacado pela Secex/BA, o enquadramento como serviço de
natureza continuada depende de caracterizá-lo como essencial “para
assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e
permanente ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do
ente administrativo, de modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional”
(acórdão 132/2008 - 2ª Câmara - relator ministro Aroldo Cedraz) . Tal
avaliação deve ser verificada caso a caso, com base no exame das
atividades típicas a cargo de cada unidade.
21. O Incra/BA não trouxe documentos que comprovassem as atividades
desenvolvidas para justificar a necessidade de serviços continuados de
organização de eventos. A materialidade do contrato possivelmente
justificaria o custo-benefício para realização de licitações anuais e,
isoladamente, não comprova a natureza continuada dos serviços, que
poderiam estar concentrados em um ou poucos eventos anuais com gastos
elevados. Dessa forma, também sobre esse ponto cabe dar ciência à
unidade.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da representação e considerá-la procedente;

15
Erivan Pereira de Franca

[...]
9.3. dar ciência à Superintendência Regional do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária no Estado da Bahia sobre as seguintes
desconformidades constatadas no pregão eletrônico para registro de
preços 2/2017 (PE 2/2017):
[...]
9.3.5. previsão de prorrogações contratuais por até sessenta meses sem
comprovação de que os serviços a serem contratados teriam natureza
continuada para o funcionamento das atividades finalísticas da unidade, de
tal modo que sua interrupção pudesse comprometer a prestação de serviço
público ou o cumprimento da missão institucional, o que contrariou o art.
57 da Lei 8.666/1993;
(Acórdão 10.138/2017 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
(...) a natureza contínua de um serviço não pode ser definida de forma
genérica. Deve-se, isso sim, atentar para as peculiaridades de cada
situação examinada.
Na realidade, o que caracteriza o caráter contínuo de um determinado
serviço é sua essencialidade para assegurar a integridade do patrimônio
público de forma rotineira e permanente ou para manter o
funcionamento das atividades finalísticas do ente administrativo, de
modo que sua interrupção possa comprometer a prestação de um serviço
público ou o cumprimento da missão institucional.
Nesse sentido, pode-se entender, por exemplo, que o fornecimento de
passagens aéreas é serviço contínuo para o TCU, já que sua suspensão
acarretaria a interrupção das atividades de fiscalização ínsitas ao
cumprimento da missão desta Corte.
Na mesma linha de raciocínio, pode-se também considerar que o mesmo
serviço tem natureza contínua para uma instituição federal de ensino
superior, já que as bancas de exame de teses de mestrado e de doutorado
exigem a participação de professores de outras instituições e, assim, a
impossibilidade de fornecimento de passagens aéreas poderia inviabilizar a
própria pós-graduação a cargo daquelas entidades.
O mesmo não ocorreria, no entanto, com um órgão judicial cujos
integrantes não tivessem necessidade de deslocar-se frequentemente por
avião para oferecerem a prestação jurisdicional. Em tal situação, o serviço
em foco não seria contínuo, já que não seria essencial à permanência da
atividade finalística.
De igual modo, um serviço de vigilância permanente de instalações deve ser
considerado contínuo, posto que sua cessação colocaria em risco a
integridade daquele patrimônio.

16
Erivan Pereira de Franca

Isso não ocorre, entretanto, com um serviço de vigilância contratado para


um evento específico, de duração determinada, que, por seu caráter
eventual, não pode ser considerado contínuo.
(Acórdão 132/2008 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[SUMÁRIO]
A natureza do serviço, sob o aspecto da execução de forma continuada ou
não, questão abordada no inciso II, do art. 57, da Lei nº 8.666/1993, não
pode ser definida de forma genérica, e sim vinculada às características e
necessidades do órgão ou entidade contratante.
[VOTO]
25. Quanto a este aspecto, ressalto posicionamento já adotado pelo
Plenário do TCU no sentido de que a natureza de um serviço, se executado
de forma contínua ou não, não pode ser definida de forma genérica, e sim
vinculada às características e às necessidades do órgão ou entidade
contratante. Isso se aplica às ações de publicidade: a sua definição
como serviço de caráter contínuo deverá ser efetivada a partir da análise de
cada caso concreto. Nesse enfoque, cito os Acórdãos 35/2000 - Plenário e
132/2008 - 2ª Câmara.
26. Ao analisar o objeto da licitação, com foco no edital e em seus anexos,
em especial no Anexo 1 (fls. 32/56, Anexo 1), e, a partir da percepção da
natureza da entidade, com funções, dentre outras, de normatização, de
controle, e de julgamento em última instância administrativa de petições
envolvendo o exercício das profissões regulamentadas vinculadas ao
Sistema Confea/Crea, integradas por mais de 800.000 profissionais
registrados, 200.000 empresas da área tecnológica e 27 Conselhos
Regionais, e do detalhamento dos serviços de publicidade e mídia que são
desenvolvidas ao longo do ano, verifico que tais ações se revestem do
caráter de continuidade para o Confea.
(Acórdão 4614/2008 – Segunda Câmara)

Considerando que a qualificação de um dado serviço como contínuo é


casuística, a Administração definirá, justificadamente, na fase de planejamento
da contratação, se os serviços pretendidos são ou não de natureza continuada.

Ressalte-se que a justificativa é eminentemente técnica e deve estar


expressamente consignada no processo de contratação

A consequência imediata do não enquadramento dos serviços como


contínuos é que a duração dos respectivos contratos será adstrita à vigência dos
créditos orçamentários previstos para a satisfação da despesa no exercício
financeiro, nos termos da regra geral prevista no caput do art. 57 da Lei 8.666/93.

17
Erivan Pereira de Franca

Vale dizer, ser-lhes-á inaplicável a regra do inciso II do mencionado dispositivo,


que admite a extensão da vigência contratual por até 60 meses.

LEI 8.666/93
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à
vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos
relativos:
[...]
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que
poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses;

ORIENTAÇÃO NORMATIVA DA AGU n.º 39


A VIGÊNCIA DOS CONTRATOS REGIDOS PELO ART. 57, CAPUT, DA LEI 8.666,
DE 1993, PODE ULTRAPASSAR O EXERCÍCIO FINANCEIRO EM QUE
CELEBRADOS, DESDE QUE AS DESPESAS A ELES REFERENTES SEJAM
INTEGRALMENTE EMPENHADAS ATÉ 31 DE DEZEMBRO, PERMITINDO-SE,
ASSIM, SUA INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR.

ORIENTAÇÃO NORMATIVA DA AGU n.º 1


A VIGÊNCIA DO CONTRATO DE SERVIÇO CONTÍNUO NÃO ESTÁ ADSTRITA
AO EXERCÍCIO FINANCEIRO.

Ao planejar a contratação dos serviços mencionados nos arestos aqui


parcialmente transcritos, a Administração deve evitar qualificá-los como se de
natureza continuada fossem – a menos que possa demonstrar a sua essencialidade
e perenidade.

1.2.1.2. Hipóteses não enquadradas no conceito. Casos apreciados pelo TCU

Vejamos alguns casos apreciados pelo TCU, que afastou, consideradas as


particularidades e circunstâncias de cada qual, a possibilidade do enquadramento
do objeto contratado como prestação de serviço de natureza continuada.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Deve ser observado atentamente o inciso II do art. 57 da Lei nº 8.666/1993,
ao firmar e prorrogar contratos, de forma a somente enquadrar como
serviços contínuos contratos cujos objetos correspondam a obrigações de
fazer e a necessidades permanentes.
(Decisão 1136/2002 – Plenário)

18
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Evite realizar prorrogações indevidas em contratos e observe
rigorosamente o disposto no art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/1993,
considerando que a excepcionalidade de que trata o aludido dispositivo
está adstrita à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, não se aplicando aos contratos de aquisição de bens de
consumo.
(Acórdão 1512/2004 – Primeira Câmara - Relação)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
6. Acerca do objeto do contrato, registro que o Tribunal tem o
entendimento de que contratos de conservação rodoviária podem ser
classificados como serviços de execução continuada (Decisão 83/1993-
Plenário, ratificada pela Decisão 129/2002-1ª Câmara). Porém, nesse caso
específico, vejo, com base nos termos do contrato e do projeto básico
constantes dos autos, que os serviços contratados, realmente, não podiam
ser considerados como de natureza continuada, em razão da abrangência
do objeto que, além da manutenção do sistema viário, incluía itens
referentes à pavimentação, terraplenagem, sinalização, drenagem, entre
outros.
(Acórdão 1529/2011 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Não permita a prorrogação dos contratos para aquisição de combustível,
que é material de consumo, não podendo ser caracterizado o seu
fornecimento como serviço de execução continuada, estando fora da
hipótese de incidência do inciso II do art. 57 da Lei nº 8.666/93;
(Acórdão 1920/2011 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Abstenha-se, por falta de amparo legal, de prorrogar os contratos de
aquisição de combustível e de passagens aéreas, bem como os dos demais
serviços que não se enquadrem como contínuos no seu caso concreto.
(Acórdão 4620/2010 – Segunda Câmara)

Consulte também os seguintes acórdãos, nos quais o TCU considerou os


serviços contratados não enquadrados no conceito de serviços contínuos:
- Acórdão 745/2011 – Segunda Câmara; Acórdão 1529/2011 – Plenário;
Acórdão 2447/2011 – Plenário (vide itens 25-30 do voto do relator); Acórdão
458/2011 – Plenário (item 9.5.3 do dispositivo); Acórdão 4748/2009 – Primeira
Câmara; Acórdão 3728/2009 – Primeira Câmara (itens 14-17 do voto do relator);

19
Erivan Pereira de Franca

Acórdão 591/2008 – Plenário (voto do relator); Acórdão 1560/2003 – Plenário;


Decisão 764/2000 – Plenário (item 8.2.4 do dispositivo); Acórdão 87/2000 –
Plenário (item 8.4 do dispositivo).

1.2.2. Como se dá a cessão da mão de obra?

O outro elemento caracterizador do contrato de terceirização é a execução


dos serviços de natureza continuada, que se dá mediante a cessão da mão de obra
pela empresa contratada.

Dá-se a cessão da mão de obra quando o contratado tenha de disponibilizar


empregado seu para a execução dos serviços, em caráter não eventual, nas
dependências do contratante (tomador dos serviços) ou em outro lugar por este
indicado.

A conceituação da cessão da mão de obra é dada pela legislação


previdenciária, cujos dispositivos transcrevemos parcialmente:
LEI 8.212/91
Art. 31 ................................
[...]
§ 3º Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão de obra a
colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de
terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou
não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a
forma de contratação.

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219 ....................
[...]
§ 1º Exclusivamente para os fins deste Regulamento, entende-se como
cessão de mão de obra a colocação à disposição do contratante, em suas
dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços
contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa,
independentemente da natureza e da forma de contratação, inclusive por
meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de
1974, entre outros.

IN RFB 971/2009
Art. 115. Cessão de mão de obra é a colocação à disposição da empresa
contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de trabalhadores
que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade

20
Erivan Pereira de Franca

fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação, inclusive por


meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 1974.
[...]
§ 3º Por colocação à disposição da empresa contratante, entende-se a
cessão do trabalhador, em caráter não eventual, respeitados os limites do
contrato.

Percebe-se que a cessão da mão de obra está vinculada à execução de


serviços especializados pela empresa contratada. Não se trata, frise-se, de mera
locação de mão de obra, vedada no âmbito dos contratos públicos. Tem-se a
contratação de serviços contínuos, os quais, por sua natureza ou por exigência do
contratante, deverão ser executados mediante disponibilização de trabalhadores
com exclusividade.

Que tipos de serviços podem representar a cessão de mão de obra? Um rol


meramente exemplificativo pode ser recolhido na Lei de Custeio da Previdência
Social e no Regulamento da Previdência Social.

LEI 8.212/91
Art. 31 ....................
[...]
§ 4º Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior [cessão de
mão de obra], além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes
serviços:
I – limpeza, conservação e zeladoria;
II – vigilância e segurança;
III – empreitada de mão de obra;
IV – contratação de trabalho temporário na forma da Lei n.º 6.019/1974.

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219 ....................
[...]
§ 2º Enquadram-se na situação prevista no caput os seguintes serviços
realizados mediante cessão de mão de obra:
I - limpeza, conservação e zeladoria;
II - vigilância e segurança;
III - construção civil;
IV - serviços rurais;
V - digitação e preparação de dados para processamento;
VI- acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos;

21
Erivan Pereira de Franca

VII - cobrança;
VIII - coleta e reciclagem de lixo e resíduos;
IX - copa e hotelaria;
X - corte e ligação de serviços públicos;
XI - distribuição;
XII - treinamento e ensino;
XIII - entrega de contas e documentos;
XIV - ligação e leitura de medidores;
XV - manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos;
XVI - montagem;
XVII - operação de máquinas, equipamentos e veículos;
XVIII - operação de pedágio e de terminais de transporte;
XIX - operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de
concessão ou sub-concessão.

Os artigos 117 e 118 da IN RFB 971/2009 também elencam outros


exemplos de serviços que podem ser executados mediante cessão de mão de obra.

O Superior Tribunal de Justiça fixou o entendimento de que o rol de serviços


executáveis mediante cessão de mão de obra é meramente exemplificativo. O dado
relevante, o que realmente importa para a compreensão do fenômeno, é como se
dá, na prática, a execução, vale dizer, se há ou não a disponibilização da mão de
obra.
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
4. A Primeira Turma do STJ assentou que "a lista de serviços do art. 31, §
4º, da Lei nº 8.212/91 (alterada pela Lei nº 9.711/98) não é taxativa,
permitindo a inclusão, na incidência da contribuição vertente, de serviços
não expressos em seu regramento, desde que estejam estabelecidos em
regulamento. IV - Sendo assim, é legal a previsão da OS/INSS/DAF nº
209/99 e do art. 219 do Decreto nº 3.048/99 acerca da tributação dos
serviços de construção civil, efetuados por meio de cessão de mão de obra,
no percentual de 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, fatura
ou recibo de prestação de serviços, enquadrando-se tais disposições no
estabelecido no art. 31, § 4º, da Lei nº 8.212/91." (REsp 587577/RS, Relator
Ministro Francisco Falcão, DJ de 17.12.2004).
(AgRg no REsp 764.243-MG, DJ 20.3.2006)

22
Erivan Pereira de Franca

2. OS ATORES DA GESTÃO E DA FISCALIZAÇÃO DO


CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

2.1. A necessária distinção entre atos de gestão e atos de


fiscalização

Considera-se fiscal do contrato o servidor designado nos termos do art. 67


da Lei 8.666/93, com poderes para acompanhar e atestar a regular execução dos
serviços, informando ao gestor (servidor com competência decisória) a adequação
dos serviços prestados em relação às disposições contratuais e aos valores
cobrados pelo contratado em nota fiscal/fatura, para que este [o gestor] autorize o
pagamento.

Ademais, que compete ao fiscal registrar os atos de fiscalização e apurar a


ocorrência de fatos que dão ensejo, em tese, à aplicação de sanções ao contratado,
ou à rescisão do contrato, oferecendo, no caso, representação ao superior
hierárquico (gestor).

Em resumo: o fiscal não pratica atos de cunho decisório. Ele acompanha e


informa; subsidia a atuação do gestor. Este exerce poder decisório; delibera
sobre o curso da contratação e decide os incidentes que ocorrem durante a vida do
contrato (reajuste, revisão, repactuação, aplicação de sanções, rescisão etc.).

A gestão de contratos, por sua vez é atividade relacionada com o


planejamento de contratações, formalização, negociação e repactuação dos ajustes,
em âmbito estratégico, vale dizer, em conformidade com as diretrizes da
administração superior do órgão ou entidade, e para a observância da legislação
pertinente pelas unidades que solicitam e fiscalizam a execução dos serviços
contratados.

De fato, podemos observar, na prática administrativa, que há um feixe de


atividades e atribuições próprias do gestor, que estão acima das possibilidades
decisórias do fiscal, sendo este encarregado, tão somente, do acompanhamento da
execução das obrigações exigíveis da contratada

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
31.1.3.2. No caso em evidência, o fiscal de obras pertence ao quadro da
Seinfra/Prefeitura de Goiânia. O fiscal de obras se distingue da figura do
gestor de contrato, em razão do princípio da segregação de funções, e
atua auxiliando este. O fiscal de obras tem a obrigação de anotar em livro

23
Erivan Pereira de Franca

próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução contratual e


determinar, dentro do limite de sua competência, o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos. No caso de as decisões e providências
necessárias ultrapassarem a sua competência, deve ser solicitada a adoção
das medidas necessárias a seu superior em tempo hábil.
31.1.3.3. No caso em pauta, o superior imediato é o gestor do contrato.
Desta forma, a ausência de impulsão tempestiva para a celebração de
termo aditivo constitui falta grave. Isso porque acarreta a própria omissão
do gestor do contrato quanto a tomada das providências que seriam
necessárias para a regularização da execução contratual. Assim, no caso em
questão, resta configurado que sua omissão foi determinante para a
ocorrência da irregularidade.
[...]
31.2.3.3. Impõe ainda considerar que o fiscal de obras tem a obrigação,
dentro do limite de sua competência, de anotar em livro próprio todas as
ocorrências relacionadas com a execução contratual e determinar o que for
necessário à regularização das faltas ou defeitos. No entanto, no caso de
decisões e providências que ultrapassem os limites de sua competência,
cabe ao gestor do contrato a impulsão, em tempo hábil, das ações
necessárias. Desta forma, considerando o princípio da segregação de
funções e o princípio da eficiência, a falha do fiscal não afasta a
responsabilização do gestor do contrato. De fato, o próprio sistema
existente prevê dois níveis de hierárquicos, para que haja um controle dos
atos praticados pelo fiscal.
[VOTO]
3. Ao final da fiscalização, a equipe de auditoria identificou os seguintes
indícios de irregularidade: i) ausência de formalização tempestiva de aditivo
contratual para correção de quantitativo de escavação [...].
(Acórdão 2112/2016 – Plenário)

A prática administrativa revela que a gestão dos contratos – em muitos


aspectos e em grande medida – é desenvolvida por diversas unidades, executando,
cada qual, atos de gestão específicos, com vistas à tomada de decisões pela
autoridade competente.

A atribuição de competências distintas entre os agentes que atuam na


fiscalização e aqueles que atuam na gestão homenageia os princípios da
eficiência (art. 37, caput, CF/88) e da segregação de funções (princípio de
controle interno administrativo, corolário do princípio da moralidade: a estrutura
das unidades/entidades deve prever a separação entre as funções de
autorização/aprovação de operações, execução, controle e contabilização, de tal
forma que nenhuma pessoa detenha competências e atribuições em desacordo
com este princípio).

24
Erivan Pereira de Franca

DOUTRINA
Igualmente relevante observar que a figura do fiscal do contrato não deve
ser confundida com a do gestor do contrato.
Não obstante a não segregação dessas duas atribuições não possa ser
considerada ilegal, ela deve ser evitada. Ao fiscal do contrato do contrato,
como observado, cumpre verificar a correta execução do objeto da avença,
de modo a legitimar a liquidação dos pagamentos devidos ao contratado,
ou, conforme o caso, para orientar as autoridades competentes acerca da
necessidade de serem aplicadas sanções ou de rescisão contratual. O gestor
do contrato, a seu turno, é aquele a quem incumbe tratar com o
contratado. Ou seja, o gestor do contrato tema função de conversar com o
contratado, de exigir que este último cumpra o que foi pactuado, de sugerir
eventuais modificações contratuais.
É recomendável, todavia, que as funções de fiscalização e de gestão de
contratos sejam executadas por pessoas distintas, de modo a realizar o
princípio da segregação das funções.
(Lucas Rocha Furtado)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
26. A razão para tal condenação foi a seguinte: “Sr. [...], à época
engenheiro executor do contrato e responsável pela fiscalização do
mesmo, por certificar que o serviço [...] foi executado pela Construtora
Gautama Ltda. de acordo com as condições contratuais e por declarar na
nota fiscal 465/2002 da mesma empresa que o serviço foi prestado, embora
a execução do serviço não tenha sido comprovada, descumprindo o art. 40,
§ 3°, da Lei n. 8.666/93 c/c os arts. 62 e 63 do Decreto n. 4.320/1964”
(trecho do relatório que fundamentou o acórdão 7.778/2015-2ª Câmara).
27. Vê-se, pois, que o responsável foi presidente da comissão de
licitação da concorrência 01/2000-CEL/SAA-DF, engenheiro executor do
contrato decorrente do certame e responsável por sua fiscalização.
28. Sem aprofundar no tema, esse fato, por si só, já merece reprimenda
por afrontar o princípio da segregação de funções, ainda mais quando
praticado juntamente com outros fatos irregulares e que foram objeto de
exame nestes autos.
(Acórdão 2851/2016 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.10. dar ciência [...] de que foram detectadas as impropriedades e
irregularidades a seguir listadas (...):
9.10.9. designação de mesmos servidores para desempenho de
atribuições em diversas fases e procedimentos de um mesmo processo de
licitação e contratação, a exemplo da elaboração do edital (e do
orçamento, termo de referência, anexos etc.), da participação na

25
Erivan Pereira de Franca

comissão de licitação, da fiscalização do contrato advindo e do pagamento


dos serviços contratados, incorrendo em descumprimento do princípio da
segregação de funções;
(Acórdão 1093/2015– Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
Configura-se ausência de segregação de funções o acúmulo de ações
sensíveis por esses integrantes da Administração Pública que atuaram não
só durante a fase interna do procedimento licitatório, mas também na fase
externa, como por exemplo na fiscalização dos serviços prestados por
empresas por eles indicadas.
[VOTO]
8. Com efeito, ao compulsar diversos certames conduzidos pelo [...],
relacionados no relatório antecedente, é possível constatar que os
procedimentos foram centrados em determinados servidores, expondo a
Administração Pública aos riscos inerentes à não observância do princípio
da segregação de funções.
9. Nesse sentido cito, a título exemplificativo, o acontecido na [...], onde o
Coordenador do Serviços de Segurança acumulou as seguintes funções: a)
iniciou procedimentos para a contratação de serviços de segurança; b)
indicou as empresas que seriam consultadas para a formação de preços de
referência; c) determinou o preço de referência; d) justificou dispensas de
licitação por contratos emergenciais; e) fiscalizou a execução; f) elaborou
plano de trabalho e projeto básico.
[ACÓRDÃO]
9.1. Determinar [...] audiência dos responsáveis [...] para os achados de
auditoria apontados no relatório de fiscalização objeto deste processo,
abaixo elencados:
9.1.1.1. ter permitido o acúmulo de funções por servidores,
comprometendo o princípio da segregação de funções nos setores de
contratação de serviços de terceiros, contrariando o disposto na
Constituição Federal, art. 37, caput, conforme descrito no item 3.1 do
relatório de fiscalização;
(Acórdão 952/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.6. implemente políticas e procedimentos formalizados que estabeleçam
a separação entre funções e atividades consideradas incompatíveis,
atentando também para que os servidores responsáveis pela realização da
despesa ou pela solicitação da aquisição/prestação de serviços, não
participem como membros de comissões instituídas para licitar, inclusive
pregoeiro e equipe de apoio e como responsáveis pelo recebimento e

26
Erivan Pereira de Franca

atesto de bens e serviços ou de inventários físicos, em obediência ao


princípio da segregação de funções;
(Acórdão 1543/2013 – Plenário)

Entretanto, é comum empregar-se o termo “gestor de contrato” para se


referir, em verdade, ao “fiscal de contrato”. De fato, na IN 05/2017 o gestor de
contrato é um agente da fiscalização, como veremos a seguir.

2.2. As vertentes da atividade de fiscalização: técnica,


administrativa, setorial e pelo público usuário.

Os órgãos e entidades da Administração pública têm o dever de fiscalizar a


execução dos contratos que celebram para assegurar-se de que: o objeto
contratado seja executado a contento; as obrigações assumidas sejam realizadas
no tempo e modo devidos; as cláusulas contratuais sejam de fato observadas.

A melhor técnica de fiscalização, em homenagem ao princípio da segregação


de funções, consiste em conferir atribuições distintas aos agentes públicos
encarregados da gestão contratual daquelas conferidas aos agentes responsáveis
pela fiscalização, como o faz a IN SLTI/MPOG n.º 04/2014, que disciplina a
contratação de soluções de tecnologia da informação pela Administração Federal.
IN 04/2014
Art. 2º Para fins desta IN, considera-se:
[...]
V - Gestor do Contrato: servidor com atribuições gerenciais, designado para
coordenar e comandar o processo de gestão e fiscalização da execução
contratual, indicado por autoridade competente;
VI - Fiscal Técnico do Contrato: servidor representante da Área de
Tecnologia da Informação, indicado pela autoridade competente dessa área
para fiscalizar tecnicamente o contrato;
VII - Fiscal Administrativo do Contrato: servidor representante da Área
Administrativa, indicado pela autoridade competente dessa área para
fiscalizar o contrato quanto aos aspectos administrativos;
VIII - Fiscal Requisitante do Contrato: servidor representante da Área
Requisitante da Solução, indicado pela autoridade competente dessa área
para fiscalizar o contrato do ponto de vista funcional da Solução de
Tecnologia da Informação;

A IN 05/2017 estabeleceu distinção de atribuições entre a figura do gestor do


contrato e os fiscais designados para acompanhar a execução quanto aos aspectos
técnico, administrativo e setorial.

27
Erivan Pereira de Franca

IN 05/2017
Art. 39. As atividades de gestão e fiscalização da execução contratual são o
conjunto de ações que tem por objetivo aferir o cumprimento dos
resultados previstos pela Administração para os serviços contratados,
verificar a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais e
trabalhistas, bem como prestar apoio à instrução processual e o
encaminhamento da documentação pertinente ao setor de contratos para a
formalização dos procedimentos relativos a repactuação, alteração,
reequilíbrio, prorrogação, pagamento, eventual aplicação de sanções,
extinção dos contratos, dentre outras, com vista a assegurar o
cumprimento das cláusulas avençadas e a solução de problemas relativos
ao objeto.
Art. 40. O conjunto de atividades de que trata o artigo anterior compete ao
gestor da execução dos contratos, auxiliado pela fiscalização técnica,
administrativa, setorial e pelo público usuário, conforme o caso, de acordo
com as seguintes disposições:
I - Gestão da Execução do Contrato: é a coordenação das atividades
relacionadas à fiscalização técnica, administrativa, setorial e pelo público
usuário, bem como dos atos preparatórios à instrução processual e ao
encaminhamento da documentação pertinente ao setor de contratos para
formalização dos procedimentos quanto aos aspectos que envolvam a
prorrogação, alteração, reequilíbrio, pagamento, eventual aplicação de
sanções, extinção dos contratos, dentre outros;
II - Fiscalização Técnica: é o acompanhamento com o objetivo de avaliar a
execução do objeto nos moldes contratados e, se for o caso, aferir se a
quantidade, qualidade, tempo e modo da prestação dos serviços estão
compatíveis com os indicadores de níveis mínimos de desempenho
estipulados no ato convocatório, para efeito de pagamento conforme o
resultado, podendo ser auxiliado pela fiscalização de que trata o inciso V
deste artigo;
III - Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos aspectos
administrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias,
fiscais e trabalhistas, bem como quanto às providências tempestivas nos
casos de inadimplemento;
IV - Fiscalização Setorial: é o acompanhamento da execução do contrato
nos aspectos técnicos ou administrativos, quando a prestação dos serviços
ocorrer concomitantemente em setores distintos ou em unidades
desconcentradas de um mesmo órgão ou entidade; e
V - Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompanhamento da execução
contratual por pesquisa de satisfação junto ao usuário, com o objetivo de
aferir os resultados da prestação dos serviços, os recursos materiais e os
procedimentos utilizados pela contratada, quando for o caso, ou outro fator
determinante para a avaliação dos aspectos qualitativos do objeto.
§ 1º No caso do inciso IV deste artigo, o órgão ou entidade deverá designar
representantes nesses locais para atuarem como fiscais setoriais.

28
Erivan Pereira de Franca

§ 2º O recebimento provisório dos serviços ficará a cargo do fiscal técnico,


administrativo ou setorial, quando houver, e o recebimento definitivo, a
cargo do gestor do contrato.
§ 3º As atividades de gestão e fiscalização da execução contratual devem
ser realizadas de forma preventiva, rotineira e sistemática, podendo ser
exercidas por servidores, equipe de fiscalização ou único servidor, desde
que, no exercício dessas atribuições, fique assegurada a distinção dessas
atividades e, em razão do volume de trabalho, não comprometa o
desempenho de todas as ações relacionadas à Gestão do Contrato.

2.3. Necessidade de designação formal do fiscal/gestor de


contrato

Como vimos, os órgãos e entidades da Administração pública têm o dever de


fiscalizar a execução dos contratos que celebram. O objetivo primário da
fiscalização contratual é garantir a consecução do interesse público, fim último da
atuação administrativa, que se concretiza pela realização do objeto conforme
avençado. Isso porque toda e qualquer contratação pública tem por objetivo
prover uma legítima necessidade, que a motivou, que é o antecedente necessário
de todo e qualquer contrato.

A Lei de Licitações e Contratos atribui à Administração contratante a


prerrogativa de fiscalizar a execução do ajuste.
LEI 8.666/93
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
III - fiscalizar-lhes a execução;

A jurisprudência do TCU e abalizada doutrina, ao interpretar esse dispositivo


legal, entendem que fiscalizar a execução do contrato é mais que mera
prerrogativa; constitui dever inafugentável da Administração.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
9. A propósito, vale registrar que a prerrogativa conferida à Administração
de fiscalizar a implementação da avença deve ser interpretada também
como uma obrigação. Por isso, fala-se em um poder-dever, porquanto, em
deferência ao princípio do interesse público, não pode a Administração
esperar o término do contrato para verificar se o objeto fora de fato
concluído conforme o programado [...]
(Acórdão 1632/2009 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
29
Erivan Pereira de Franca

[VOTO]
31. Com efeito, o art. 67 da Lei nº 8.666/93 dispõe que a execução do
contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, o qual, de acordo com o art. 6º
do Decreto Federal nº 2.271/97, deverá proceder ao registro das
ocorrências, "adotando as providências necessárias ao seu fiel
cumprimento, tendo por parâmetro os resultados previstos no contrato". O
fiscal tem, pois, a incumbência de exigir o fiel cumprimento das cláusulas
contratuais, devendo propor à autoridade competente a aplicação de
sanções por irregularidades identificadas na execução do contrato.
32. Não se pode ignorar que a prerrogativa conferida à Administração de
fiscalizar a implementação da avença deve ser interpretada também como
uma obrigação. Por isso, fala-se em um poder-dever, porquanto, em
homenagem ao princípio do interesse público, não pode a Administração
aguardar o término do contrato para verificar se o objeto fora de fato
concluído conforme o programado, uma vez que, no momento do seu
recebimento, muitos vícios podem já se encontrar encobertos.
(Acórdão 3378/2012 – Plenário)

ORIENTAÇÃO DO TCU
É dever da Administração acompanhar e fiscalizar o contrato para verificar
o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas, em
todos os seus aspectos, consoante o disposto no art. 67 da Lei nº
8.666/1993. Acompanhamento e fiscalização de contrato são medidas
poderosas colocadas à disposição do gestor na defesa do interesse público.

DOUTRINA
No âmbito dos contratos administrativos, a Administração terá não apenas
o direito, mas igualmente o dever de acompanhar a perfeita execução do
contrato. Fala-se, assim, em poder-dever da Administração de promover a
devida fiscalização da execução do contrato.
Em decorrência da supremacia do interesse público, não pode a
Administração assumir posição passiva e aguardar que o contratado
cumpra todas as suas obrigações contratuais. (...) Durante a própria
execução do contrato deverá ser verificado se o contratado está cumprindo
todas as etapas e fases do contrato. Essa forma de agir preventiva apenas
benefícios traz para a Administração.
(Lucas Rocha Furtado)

A fiscalização eficiente diminui os riscos inerentes à terceirização,


especialmente os decorrentes do descumprimento, pelo contratado, das
obrigações trabalhistas e previdenciárias.

30
Erivan Pereira de Franca

De fato, uma fiscalização deficiente pode gerar danos ao erário e possível


responsabilização pessoal do servidor/empregado público omisso ou negligente
no acompanhamento dos contratos administrativos.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
45. Outro aspecto relevante destes autos refere-se à execução dos serviços.
Para esclarecer o que havia sido feito e como se deu o acompanhamento
dessa execução, entre outros aspectos, foi feita diligência ao INSS. O atesto
dado pelo Sr.[...] na fatura apresentada pela FUB e que serviu para
fundamentar o pagamento da parcela de R$ 693.000,00 apresentou duas
graves irregularidades. A primeira refere-se à ausência de designação
formal, conforme exigido pelo art. 67 da Lei nº 8.666/93, para que atuasse
como representante da administração em tal função. A segunda diz
respeito ao fato de atestar a execução de serviços que não teve o cuidado
de checar se foram efetivamente prestados. [...]
46. O Sr. [...] foi negligente ao atestar a prestação de serviços sem o
cuidado de verificar a correta execução. [...]
47. Verifica-se do texto da Lei nº 8.666/93 (art. 67) que o dever atribuído
ao representante da administração para o acompanhamento e
fiscalização da execução do contrato não deixa margem a que possa esse
representante sucumbir a pressões. É dele a responsabilidade pelo fiel
cumprimento de cláusulas contratuais, cabendo-lhe, inclusive, adotar
providências no sentido da correção de falhas observadas. Portanto, não
cabe acolher o argumento de indução ao erro. Se assim aconteceu, o Sr.
Charles Ariel contribuiu para o resultado verificado.
48. Quanto à sua carência de conhecimento técnico para avaliar as
prestações de contas, conforme alegado, cabe ressaltar que seria mais uma
razão para que não pudesse desempenhar essa função.
[ACÓRDÃO]
9.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs [...], ex-
Coordenador-Geral de Apoio à Diretoria Colegiada do INSS;
[...]
9.5. aplicar [...] individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
nº 8.443/92 [...].
(Acórdão 994/2006 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
12. Registro que a entidade pública pode se resguardar de possíveis
responsabilidades, relativamente às obrigações trabalhistas, por meio de
uma eficiente fiscalização do contrato. Podem-se condicionar os
pagamentos mensais às comprovações da efetiva realização dos dispêndios
concernentes aos salários e às obrigações trabalhistas do mês anterior. Tal
procedimento, ao tempo que resguarda a entidade pública, não

31
Erivan Pereira de Franca

compromete o certame licitatório com exigências não amparadas pela Lei


8.666/93.
[ACÓRDÃO]
9.3.4. fiscalize a execução dos contratos de prestação de serviços, em
especial no que diz respeito à obrigatoriedade de a contratada arcar com
todas as despesas decorrentes de obrigações trabalhistas relativas a seus
empregados, de modo a evitar a responsabilização subsidiária da entidade
pública;
(Acórdão 112/2007 – Plenário)

A Lei de Licitações e Contratos estabelece, em caráter obrigatório, que para


cada contrato administrativo deve ser designado um agente da Administração
encarregado do acompanhamento da execução do ajuste.
LEI 8.666/93
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
um representante da Administração especialmente designado (...)

IN 05/2017
Art. 41. A indicação do gestor, fiscal e seus substitutos caberá aos setores
requisitantes dos serviços ou poderá ser estabelecida em normativo próprio
de cada órgão ou entidade, de acordo com o funcionamento de seus
processos de trabalho e sua estrutura organizacional.
§ 1º Para o exercício da função, o gestor e fiscais deverão ser cientificados,
expressamente, da indicação e respectivas atribuições antes da
formalização do ato de designação.
§ 2º Na indicação de servidor devem ser considerados a compatibilidade
com as atribuições do cargo, a complexidade da fiscalização, o quantitativo
de contratos por servidor e a sua capacidade para o desempenho das
atividades.
§ 3º Nos casos de atraso ou falta de indicação, de desligamento ou
afastamento extemporâneo e definitivo do gestor ou fiscais e seus
substitutos, até que seja providenciada a indicação, a competência de suas
atribuições caberá ao responsável pela indicação ou conforme previsto no
normativo de que trata o caput.
Art. 42. Após indicação de que trata o art. 41, a autoridade competente do
setor de licitações deverá designar, por ato formal, o gestor, o fiscal e os
substitutos.

Esse representante da Administração, a que alude a Lei é comumente


chamado de fiscal de contrato. Segundo o Tribunal de Contas da União, para cada
contrato deve ser designado, formalmente, um fiscal (ou equipe de fiscalização)
encarregado de acompanhar a execução do objeto.

32
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.3. adote providências no sentido de nomear servidor para atuar na
condição de fiscal de contrato, tanto nas atuais avenças que estejam em
vigência, quanto em futuras contratações, em atendimento ao disposto no
art. 67 da Lei de Licitações;
(Acórdão 1543/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1. [...] recomendar ao Hospital de Clinicas da Universidade Federal do
Paraná que:
9.1.1. providencie portaria de designação específica para fiscalização de
cada contrato [...] e que constem claramente as atribuições e
responsabilidades, de acordo com o estabelecido pela Lei 8.666/93 em seu
artigo 67;
(Acórdão 1094/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
(...) outro aspecto que chamou a atenção foi a exigência de nomeação de
servidor responsável pela fiscalização dos contratos, violando, assim, o art.
67 da Lei 8.666/93. A esse respeito, [...] a melhor compreensão do aludido
dispositivo é no sentido de que pode ser designado um determinado
servidor, uma comissão, ou até mesmo o chefe de um setor específico
[...], neste caso, sem a necessidade de personificar esse ou aquele
servidor.
Outro aspecto que deve ser considerado é que a nomeação poderá ser
realizada por simples despacho da autoridade administrativa no próprio
processo de aquisição/pagamento, sem a necessidade de portarias.
(Acórdão 792/2008 – Segunda Câmara)

A ausência de designação formal de fiscal para os contratos administrativos


pode resultar em aplicação de penalidade ao responsável omisso.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
3.3 - Ausência de nomeação de fiscal de contrato
3.3.1 - Situação encontrada:
Na análise da documentação de comprovação dos gastos disponibilizada,
não foram identificados relatórios, atestos ou anotações de fiscais de
contratos que indicassem o acompanhamento dos contratos firmados, e
custeados com verbas federais repassadas ao Município.

33
Erivan Pereira de Franca

A Prefeitura de Jequiá da Praia informou que não foram nomeados Fiscais


de contratos para acompanharem a execução dos contratos firmados pela
Secretaria de Educação do Município [...].
[VOTO]
21. Quanto à ausência de designação de fiscal para os contratos
custeados com recursos federais destinados aos gastos com educação,
irregularidade atribuída ao prefeito e ao secretário municipal de educação e
cultura, os responsáveis lograram comprovar que a fiscalização ocorreu, de
fato, não obstante a ausência de designação formal dos respectivos fiscais.
22. Assim, acertada a proposta da unidade técnica de encaminhamento
de ciência à prefeitura, com vistas a evitar a ocorrência de irregularidade
semelhante no futuro.
[ACÓRDÃO]
9.3 dar ciência à Prefeitura Municipal de Jequiá da Praia/AL das seguintes
impropriedades:
[...]
9.3.10 a ausência de designação formal de fiscal para os contratos
custeados com recursos federais repassados ao Município de Jequiá da
Praia/AL, identificada nos contratos concernentes aos Pregões Presenciais
06/2010 e 03/2012, contraria o disposto no artigo 67 da Lei 8.666/1993;
(Acórdão 181/2015 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. determinar à Universidade Federal Rural da Amazônia – Ufra que adote
providências, inclusive no que concerne ao estabelecimento de rotinas de
trabalho adequadas, no sentido de evitar a repetição das seguintes falhas:
[...]
9.2.3. ausência de designação formal de servidor para exercer a função de
fiscal de contrato, a fim de acompanhar e fiscalizar a avença, pois tal
conduta caracteriza infração ao que estabelece o art. 67 da Lei nº
8.666/1993;
(Acórdão 1867/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.20. dar ciência à Furnas Centrais Elétricas S.A. quanto às seguinte falhas:
9.20.1. à necessidade da substituição de fiscais e auxiliares de fiscalização
dos contratos que estejam na situação de terceirizados ou outra análoga,
não efetiva, por servidores do quadro de pessoal de Furnas e que não
tenham participação direta ou indireta com a licitação que originou o
contrato a ser fiscalizado, de forma a atender ao princípio de controle de
segregação de funções e permitindo o aprimoramento do controle interno;
(Acórdão 100/2013 – Plenário)

34
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
4.1.3. pela ausência de designação formal de fiscal para os contratos de
limpeza, vigilância, prestação de serviços por terceirizados, compra de
passagens, confecção de chaves e carimbos, fotocópias, serviços de
engenharia, abastecimento de água, fornecimento de energia, combustíveis
e telefonia, em descumprimento ao art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993;
[...]
Contas julgadas irregulares com aplicação de multa;
(Acórdão 6780/2011 – Segunda Câmara)

É comum empregar-se o termo “gestor de contrato” para se referir, em


verdade, ao agente responsável pela fiscalização do contrato, como evidencia a
leitura da recente Portaria MP n.º 409, de 21.12.2016, baixada pelo Ministro do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, a propósito de disciplinar a contratação
de serviços.

PORTARIA MP 409/2016
Art. 6º A contratante designará, formalmente, servidor ou empregado de
seu quadro próprio para atuar como gestor do contrato de prestação de
serviços, o qual, tendo como parâmetro o objeto e os resultados previstos
no contrato:
I - será responsável pelo seu acompanhamento e fiscalização; e
II - registrará as ocorrências e adotará providências para o seu regular
cumprimento.
Parágrafo único. O gestor do contrato poderá, a qualquer tempo, solicitar
informações ou documentos para averiguar o cumprimento das obrigações
legais por parte da contratada, podendo ser auxiliado por fiscais
designados para esse fim, bem como ser assistido por terceiro ou empresa,
desde que justifique a necessidade de assistência especializada.

O servidor, ainda que tenha deficiências de ordem técnica que dificultem o


exercício do encargo, não pode recusar a nomeação para o exercício do múnus de
fiscal de contrato. Ele deve pedir a necessária capacitação, a ser provida pela
Administração.
IN 05/2017
Art. 43. O encargo de gestor ou fiscal não pode ser recusado pelo servidor,
por não se tratar de ordem ilegal, devendo expor ao superior hierárquico as
deficiências e limitações técnicas que possam impedir o diligente
cumprimento do exercício de suas atribuições, se for o caso.
Parágrafo único. Ocorrendo a situação de que trata o caput, observado o §
2º do art. 42, a Administração deverá providenciar a qualificação do
servidor para o desempenho das atribuições, conforme a natureza e

35
Erivan Pereira de Franca

complexidade do objeto, ou designar outro servidor com a qualificação


requerida.

LEI 8.112/90
Art. 116. São deveres do servidor: (...)
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais.

LEI 5.194/66
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro (...)
consistem em: (...)
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
[...]
Art. 8º As atividades e atribuições enunciadas nas alíneas “a”, (...) “e” e “f”
do artigo anterior são da competência de pessoas físicas, para tanto
legalmente habilitadas.

A Administração deve prover a necessária capacitação do fiscal, dando-lhe


os meios necessários para o eficaz desempenho do encargo, sob pena de
responsabilização do superior omisso.

Em caso de deficiência técnica que inviabilize ou dificulte a fiscalização, a


Lei permite a contratação de terceiros para subsidiar o fiscal do contrato.
LEI 8.666/93
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
um representante da Administração especialmente designado, permitida a
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações
pertinentes a essa atribuição.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
4. O art. 67 da Lei 8.666/1993 exige a designação, pela Administração, de
representante para acompanhar e fiscalizar a execução, facultando-se a
contratação de empresa supervisora para assisti-lo. Assim, parece-me claro
que o contrato de supervisão tem natureza eminentemente assistencial
ou subsidiária, no sentido de que a responsabilidade última pela
fiscalização da execução não se altera com sua presença, permanecendo
com a Administração Pública.
(Acórdão 2930/2006 – Plenário)

36
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3 recomendar à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares que:
9.3.3 institua política de capacitação, de forma regulamentada, com o
objetivo de estimular o aprimoramento dos servidores dos hospitais
universitários na legislação e jurisprudência aplicáveis aos seus processos
de trabalho, especialmente aqueles relacionados com as áreas de licitações
e contratos, planejamento e execução orçamentária, acompanhamento e
fiscalização contratual e outras áreas da esfera administrativa, de modo a
subsidiar melhorias no desenvolvimento de atividades nas áreas de
suprimentos/compras, licitações/contratos e recebimento e atesto de
serviços, bem como identificação de fraudes, conluios e outros ilícitos
relacionados às contratações da entidade;
(Acórdão 1610/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.7. providencie a atualização de todas as portarias de fiscalização de
contratos, de modo que sejam renovadas aquelas que permanecem por
duas vigências, ininterruptas, com o mesmo fiscal, e que a quantidade de
contratos por fiscal, flexibilizada em conjunto com a complexidade, seja
distribuída equitativamente entre os servidores designados;
(Acórdão 1612/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[SUMÁRIO]
RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.
IRREGULARIDADES. CONHECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL DE UM
RECURSO. NÃO PROVIMENTO DOS DEMAIS. CIÊNCIA AOS INTERESSADOS.
1. Demonstrado nos autos que a responsável pela fiscalização do contrato
tinha condições precárias para realizar seu trabalho, elide-se sua
responsabilidade.
2. Comprovado que os responsáveis pela execução técnica do contrato
objeto dos autos negligenciaram quanto à adoção de providências para
sanar irregularidades apresentadas no curso da execução desse contrato,
mantém-se, na íntegra, suas responsabilidades.
(Acórdão 839/2011 – Plenário)

2.4. Atribuições de cada ator: o gestor do contrato; o fiscal e os


substitutos

Como vimos, órgãos e entidades da Administração pública têm o dever de


fiscalizar a execução dos contratos que celebram para assegurar-se de que: o
objeto contratado seja executado a contento; as obrigações assumidas sejam

37
Erivan Pereira de Franca

realizadas no tempo e modo devidos; as cláusulas contratuais sejam de fato


observadas.

A melhor técnica, em homenagem ao princípio da segregação de funções,


consiste em conferir atribuições distintas aos agentes públicos encarregados da
gestão contratual daquelas conferidas aos agentes responsáveis pela fiscalização,
como o faz a IN SLTI/MPOG n.º 04/2014, que disciplina a contratação de soluções
de tecnologia da informação pela Administração Federal.

IN 04/2014
Art. 2º Para fins desta IN, considera-se:
[...]
V - Gestor do Contrato: servidor com atribuições gerenciais, designado para
coordenar e comandar o processo de gestão e fiscalização da execução
contratual, indicado por autoridade competente;
VI - Fiscal Técnico do Contrato: servidor representante da Área de
Tecnologia da Informação, indicado pela autoridade competente dessa área
para fiscalizar tecnicamente o contrato;
VII - Fiscal Administrativo do Contrato: servidor representante da Área
Administrativa, indicado pela autoridade competente dessa área para
fiscalizar o contrato quanto aos aspectos administrativos;
VIII - Fiscal Requisitante do Contrato: servidor representante da Área
Requisitante da Solução, indicado pela autoridade competente dessa área
para fiscalizar o contrato do ponto de vista funcional da Solução de
Tecnologia da Informação;

A IN 05/2017 estabeleceu distinção de atribuições entre a figura do gestor do


contrato e os fiscais designados para acompanhar a execução quanto aos aspectos
técnico, administrativo e setorial.
IN 05/2017
Art. 40. O conjunto de atividades de que trata o artigo anterior compete ao
gestor da execução dos contratos, auxiliado pela fiscalização técnica,
administrativa, setorial e pelo público usuário, conforme o caso, de acordo
com as seguintes disposições:
[...]
II - Fiscalização Técnica: é o acompanhamento com o objetivo de avaliar a
execução do objeto nos moldes contratados e, se for o caso, aferir se a
quantidade, qualidade, tempo e modo da prestação dos serviços estão
compatíveis com os indicadores de níveis mínimos de desempenho
estipulados no ato convocatório, para efeito de pagamento conforme o
resultado, podendo ser auxiliado pela fiscalização de que trata o inciso V
deste artigo;
III - Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos aspectos
administrativos da execução dos serviços nos contratos com regime de

38
Erivan Pereira de Franca

dedicação exclusiva de mão de obra quanto às obrigações previdenciárias,


fiscais e trabalhistas, bem como quanto às providências tempestivas nos
casos de inadimplemento;
IV - Fiscalização Setorial: é o acompanhamento da execução do contrato
nos aspectos técnicos ou administrativos, quando a prestação dos serviços
ocorrer concomitantemente em setores distintos ou em unidades
desconcentradas de um mesmo órgão ou entidade; e
V - Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompanhamento da execução
contratual por pesquisa de satisfação junto ao usuário, com o objetivo de
aferir os resultados da prestação dos serviços, os recursos materiais e os
procedimentos utilizados pela contratada, quando for o caso, ou outro fator
determinante para a avaliação dos aspectos qualitativos do objeto.

Em outros dispositivos da IN 05/2017 nós podemos identificar atribuições


específicas de cada ator da fiscalização e de seus substitutos.

Quanto aos substitutos, a norma estabelece que “o fiscal substituto atuará


como fiscal do contrato nas ausências e nos impedimentos eventuais e
regulamentares do titular.” (art. 42, § 1º).

O recebimento do objeto, quando em caráter provisório, poderá ser feito


por qualquer dos atores da fiscalização (gestor ou fiscais), conforme art. 50, I, da IN
05/2017.

Já o recebimento definitivo será feito pelo gestor do contrato (art. 50, II).

O gestor do contrato encaminha ao superior hierárquico solicitações de


providências que ultrapassem a competência dos agentes da fiscalização (art. 46, §
2º).

O gestor do contrato verificar a necessidade de repactuação do contrato,


atuando junto à contratada para que formule o pedido (item 10.4 do Anexo VIII-B).

O gestor do contrato instrui o processo de pagamento das despesas


contratuais (item 1, Anexo XI).

Cabe ao fiscal técnico verificar a ocorrência de “subdimensionamento da


produtividade pactuada, sem perda da qualidade na execução do serviço”,
comunicando o fato “à autoridade competente do setor de licitações para que esta
promova a adequação contratual à produtividade efetivamente realizada.” (art. 62)

39
Erivan Pereira de Franca

O fiscal técnico deve monitorar o nível de qualidade da execução dos


serviços, durante toda a vigência contratual, apresentando relatório específico ao
preposto da contratada, para conhecimento (itens 1 e 3 do Anexo VIII-A).

O fiscal técnico, “para efeito de recebimento provisório, ao final de cada


período mensal, o fiscal técnico do contrato deverá apurar o resultado das
avaliações da execução do objeto e, se for o caso, a análise do desempenho e
qualidade da prestação dos serviços realizados em consonância com os
indicadores previstos no ato convocatório.” (Anexo VIII-A, item 4).

Já o fiscal administrativo tem incumbência de proceder a diversas


verificações durante a execução contratual especificamente relacionadas com o
acompanhamento dos contratos de terceirização (prestação de serviços
contínuos mediante cessão de mão de obra), que serão objeto de detalhamento na
Parte 4 deste curso.

2.5. O que se espera do preposto da contratada?

Inovando em relação à IN 02/2008, a IN 05/2017 estabelece, de modo


expresso, o que é esperado do preposto da contratada.

IN 05/2017
Art. 44. O preposto da empresa deve ser formalmente designado pela
contratada antes do início da prestação dos serviços, em cujo instrumento
deverá constar expressamente os poderes e deveres em relação à execução
do objeto.
§ 1º A indicação ou a manutenção do preposto da empresa poderá ser
recusada pelo órgão ou entidade, desde que devidamente justificada,
devendo a empresa designar outro para o exercício da atividade.
§ 2º As comunicações entre o órgão ou entidade e a contratada devem ser
realizadas por escrito sempre que o ato exigir tal formalidade, admitindo-
se, excepcionalmente, o uso de mensagem eletrônica para esse fim.
§ 3º O órgão ou entidade poderá convocar o preposto para adoção de
providências que devam ser cumpridas de imediato.
§ 4º A depender da natureza dos serviços, poderá ser exigida a manutenção
do preposto da empresa no local da execução do objeto, bem como pode
ser estabelecido sistema de escala semanal ou mensal.

No campo da fiscalização técnica do contrato, o Anexo VIII-A da IN 05/2017


estabelece que o fiscal técnico leva ao conhecimento do preposto relatório de
avaliação da execução do objeto contratual, devendo este apor ciência e levar aos
dirigentes da empresa, ou gerentes encarregados, o relato de todas as providências
de regularização necessárias.

40
Erivan Pereira de Franca

2.6. Reunião inicial com o preposto da contratada

Segundo a IN 05/2017, a reunião inicial com o preposto deverá ser realizada


tão logo assinado o contrato e antes de se autorizar o início da execução.
IN 05/2017
Art. 45. Após a assinatura do contrato, sempre que a natureza da
prestação dos serviços exigir, o órgão ou entidade deverá promover
reunião inicial para apresentação do plano de fiscalização, que conterá
informações acerca das obrigações contratuais, dos mecanismos de
fiscalização, das estratégias para execução do objeto, do plano
complementar de execução da contratada, quando houver, do método de
aferição dos resultados e das sanções aplicáveis, dentre outros.
§ 1º Os assuntos tratados na reunião inicial devem ser registrados em ata e,
preferencialmente, estarem presentes o gestor, o fiscal ou equipe
responsável pela fiscalização do contrato, o preposto da empresa, e, se for
o caso, o servidor ou a equipe de Planejamento da Contratação.
§ 2º O órgão ou entidade contratante deverá realizar reuniões periódicas
com o preposto, de modo a garantir a qualidade da execução e os
resultados previstos para a prestação dos serviços.

IN 04/2014
Art. 32. As atividades de início do contrato compreendem:
[...]
III - realização de reunião inicial convocada pelo Gestor do Contrato com a
participação dos Fiscais Técnico, Requisitante e Administrativo do Contrato,
da contratada e dos demais intervenientes por ele identificados, cuja pauta
observará, pelo menos:
a) presença do representante legal da contratada, que apresentará o
preposto da mesma;
b) entrega, por parte da contratada, do termo de compromisso e do termo
de ciência, conforme art. 19, inciso V; e
c) esclarecimentos relativos a questões operacionais, administrativas e de
gestão do contrato.

O objetivo da reunião é prestar esclarecimentos quanto às obrigações


contratuais; recomenda-se que também sejam tratados na reunião outros assuntos
relevantes, tais como: pontos importantes do projeto básico ou termo de
referência; cláusulas contratuais atinentes à liquidação e pagamento, fiscalização,
sanções administrativas; normas internas do órgão contratante que deverão ser
observadas pela empresa e seus empregados durante a execução dos serviços;
documentos admissionais dos terceirizados, para fins de controle.

41
Erivan Pereira de Franca

Assim que tiver ciência da designação, e tão logo assinado o contrato, o fiscal
deve elaborar uma agenda de reunião inicial com o preposto do contratado, que
poderá incluir, dentre outros, os seguintes temas:

• leitura de cláusulas essenciais do contrato, especialmente aquelas que


digam respeito às obrigações das partes, ao acompanhamento e
fiscalização, à aplicação de penalidades e à liquidação e pagamento;

• leitura de pontos específicos do Projeto Básico ou Termo de


Referência, especialmente quanto às especificações técnicas dos serviços
a serem executados, especialmente no que diz respeito à qualificação do
pessoal a ser empregado na execução dos serviços;

• revisão dos métodos de acompanhamento e avaliação dos serviços,


cronogramas e planilhas, inclusive a coleta de dados e documentos para
elaboração da planilha-resumo, instrumentos previstos no termo de
referência;

• exame das normas internas do contratante que devam ser observadas, na


execução contratual, pela empresa e seus empregados, tais como: normas
de acesso às instalações físicas, de uso de crachás de identificação, de
acesso a sistemas informatizados, de uso de equipamentos ou de meios de
comunicação eletrônica etc.;

• definição, após análise do contrato, de todos os documentos a serem


apresentados pelo contratado e os respectivos prazos de apresentação.

O fiscal do contrato deve fazer constar da agenda todos os temas a serem


tratados na reunião. A listagem apresentada acima é meramente exemplificativa.
Os assuntos variam conforme o objeto contratado.

Não se esqueça de tratar dos detalhes da execução dos serviços,


especialmente os mecanismos de medição da tempestividade, quantidade e
qualidade dos serviços.

Apresente ao contratado todos os instrumentos formais de acompanhamento


e medição criados na fase de planejamento e que terão constado do Projeto Básico
ou Termo de Referência.

Quem deve participar da reunião inicial? O gestor e os fiscais do contrato


e o preposto nomeado pelo contratado são indispensáveis.

42
Erivan Pereira de Franca

Podem ser convidados os superiores hierárquicos do fiscal do contrato, os


representantes legais ou gerentes da empresa, a área de gestão contratual do órgão
ou entidade, a área de execução orçamentária e financeira e quem mais puder
colaborar para esclarecer as disposições do contrato e procedimentos que serão
observados durante a execução do ajuste.

Recomenda-se que a reunião seja realizada tão logo assinado o contrato, o


quanto antes. O fiscal do contrato deve marcar o evento com os representantes do
contratado e pedir que apresentem, na reunião, o preposto, munido da respectiva
carta de nomeação.

Encerrada a reunião, deve ser lavrada ata, a ser assinada pelos presentes e
incluída no processo de fiscalização e pagamento.

Apresentamos, a seguir, sugestão de modelo de agenda/ata de reunião inicial


com o preposto da contratada.

43
Erivan Pereira de Franca

ATA/AGENDA DE REUNIÃO INICIAL COM O PREPOSTO


Reunião Data Hora Participantes
Inicial (após assinatura Fiscal do contrato
14.08.2018 9h
do contrato) Representante da empresa
Agenda Preparada Por Unidade gestora do contrato Preposto da empresa
Fiscal do contrato Unidade Convidados:
-
AGENDA
-
09:00 Assuntos a Tratar:

Item 1 = Exame de cláusulas essenciais do contrato, especialmente aquelas que digam respeito às obrigações
das partes, ao acompanhamento e fiscalização, à aplicação de penalidades e à liquidação e pagamento;

Item 2 = leitura de pontos específicos do Projeto Básico ou Termo de Referência, especialmente quanto às
especificações técnicas dos serviços a serem executados, especialmente no que diz respeito à qualificação do
pessoal a ser empregado na execução dos serviços;

Item 3 = revisão dos métodos de acompanhamento e avaliação dos serviços, cronogramas e planilhas, inclusive
a coleta de dados e documentos para elaboração da planilha-resumo, instrumentos previstos no termo de
referência etc.;

Item 4 = exame das normas internas do contratante que devam ser observadas, na execução contratual, pela
empresa e seus empregados, tais como: normas de acesso às instalações físicas, de uso de crachás de
identificação, de acesso a sistemas informatizados, de uso de equipamentos ou de meios de comunicação
eletrônica etc.;

Item 5 = definição, após análise do contrato, de todos os documentos a serem apresentados pelo contratado e
os respectivos prazos de apresentação;

Item 6 = xx
[...]
ATA
Deliberações Tomadas: (O que será feito? Quem fará? Quando? A quem relatará?). Ajustes realizados entre
as partes contratantes

Sobre o Item 1 =
 Decidiu-se que ...
Sobre o Item 2 = xx
 Decidiu-se que ...
Sobre o Item 3 = xx
 Decidiu-se que ...
[...]

ASSINATURAS
FISCAL DO CONTRATO PREPOSTO DA CONTRATADA

44
Erivan Pereira de Franca

3. A FISCALIZAÇÃO TÉCNICA E ADMINISTRATIVA DO


CONTRATO CONFORME O ANEXO VIII DA IN 05/2017

Neste capítulo apresentaremos um breve panorama normativo e


jurisprudencial, a revelar a obrigatoriedade de a Administração contratante
fiscalizar o adimplemento, pela empresa contratada para prestar serviços
mediante cessão da mão de obra (terceirização), das obrigações previdenciárias,
trabalhistas e junto ao FGTS, relacionadas aos profissionais cedidos.

Como veremos, a Administração Pública responde solidariamente pelos


encargos previdenciários resultantes da execução do contrato; vale dizer, em
contrato de terceirização, responde solidariamente tão somente pelos encargos
relacionados com a mão de obra cedida (art. 71, § 2º, Lei 8.666/93).

De igual modo, a Administração Pública responde subsidiariamente, nos


termos da Súmula 331 do TST, pelos encargos trabalhistas inadimplidos pela
empresa contratada; tal responsabilidade só se dá em contratos de terceirização, e
envolve todos os encargos relacionados com a mão de obra cedida (Súmula 331 do
TST).

Apontaremos as normas que estipulam a vedação à contratação de pessoa


jurídica em débito com a Justiça do Trabalho, o sistema da Seguridade Social e com
o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), bem como normas e
jurisprudência que determinam a fiscalização pelo órgão ou entidade contratante.

Veremos que, quanto aos documentos a exigir e aos procedimentos de


fiscalização, houve radical mudança, promovida pelo Acórdão 1214/2013 –
Plenário e incorporada à IN 02/2008 pela IN 06/2013 e agora contempladas na
novíssima IN 05/2017.

Como não concordamos plenamente com os procedimentos sugeridos pela IN


05/2017, compartilharemos um modelo de fiscalização mais abrangente e
completo, que, a nosso sentir, dá mais segurança ao contratante e mitiga
adequadamente os riscos inerentes aos contratos de terceirização. Procedimentos
que estão mais em harmonia com a recentíssima Portaria MP 409/2016, que, a
nosso sentir, é norma de hierarquia superior à mencionada Instrução Normativa.
Nessa linha, apresentaremos, ao longo deste capítulo, técnicas de análise e
conferência dos documentos exigíveis da contratada.

45
Erivan Pereira de Franca

A fiscalização administrativa do contrato de prestação de serviços, cujos


procedimentos estão descritos no Anexo VIII-B da IN 05/2017, restringe-se ou é
aplicável somente àqueles contratos que tenham por objeto serviços contínuos,
executados mediante cessão da mão de obra (terceirização) e objetiva mitigar os
riscos a eles associados.

Convém, portanto, antes de estudar tais procedimento, entender o que é um


contrato de terceirização, quais são seus elementos característicos e os riscos
associados ou inerentes a essa espécie de contrato de prestação de serviços.

3.1. Verificação de regularidade trabalhista, previdenciária e


junto ao FGTS, no momento da contratação e durante a execução
contratual

A Administração Pública não pode contratar com pessoa jurídica que esteja
em débito com o sistema da Seguridade Social, tampouco em débito com o Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Tal vedação se aplica, igualmente, às
contratações diretas.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 195. ....
[...]
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

LEI 9.012/95
Art. 2º As pessoas jurídicas em débito com o FGTS não poderão celebrar
contratos de prestação de serviços ou realizar transação comercial de
compra e venda com qualquer órgão da administração direta, indireta,
autárquica e fundacional, bem como participar de concorrência pública.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. responder ao consulente, considerando os esclarecimentos tecidos na
proposta de deliberação que conduz este acórdão, com o objetivo de
melhor delinear o objeto da consulta, que: "A comprovação de
regularidade com a Fazenda Federal, a que se refere o art. 29, III, da Lei nº
8.666/1993, poderá ser dispensada nos casos de contratações realizadas
mediante dispensa de licitação com fulcro no art. 24, incisos I e II, dessa
mesma lei."
(Acórdão 1661/2011 – Plenário)

46
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
CONSULTA. PROCEDIMENTO A SER ADOTADO NO CASO DE INADIMPLÊNCIA
DE CONCESSIONÁRIOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS JUNTO AO INSS,
FGTS E OUTROS TRIBUTOS. CONHECIMENTO. CONSIDERAÇÕES SOBRE A
MATÉRIA. ENVIO DE INFORMAÇÕES AO CONSULENTE. 9.2. orientar o
consulente de que: 9.2.1. as empresas prestadoras de serviços públicos
essenciais sob o regime de monopólio, ainda que inadimplentes junto ao
INSS e ao FGTS, poderão ser contratadas pela Administração Pública, ou,
se já prestados os serviços, poderão receber o respectivo pagamento,
desde que com autorização prévia da autoridade máxima do órgão,
acompanhada das devidas justificativas, conforme prolatado na Decisão n.
431/1997 e no Acórdão n. 1.105/2006, ambos do Plenário desta Corte;
9.2.2. é possível o pagamento de serviço público essencial prestado por
empresas concessionárias que não estão sob o regime de monopólio, ainda
que inadimplentes junto ao INSS e ao FGTS, desde que com autorização
prévia da autoridade máxima do órgão, acompanhada com as devidas
justificativas, caso a rescisão contratual não se mostre mais conveniente e
oportuna, não podendo ser formalizado qualquer termo de prorrogação
dos contratos celebrados, devendo a Administração dar início a um novo
procedimento licitatório; 9.2.3.caso venha a se deparar com as hipóteses
retratadas nestes autos, deverá ser exigida da contratada a regularização
da situação e, deverão ser informados os responsáveis pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
- FGTS à respeito dos fatos;
(Acórdão 1402/2008 – Plenário)

Os documentos que demonstram tal condição, no momento da contratação,


são unicamente aqueles definidos na Lei de Licitações e Contratos.
LEI 8.666/93
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista,
conforme o caso, consistirá em:
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro
Geral de Contribuintes (CGC);
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal,
se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu
ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma
da lei;
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no
cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei;
[...]

47
Erivan Pereira de Franca

A empresa contratada se compromete, por força de disposição obrigatória no


contrato, a manter-se em condições de habilitação durante toda a vigência do
negócio.
LEI 8.666/93
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
XIII – a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas
as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

Tais restrições à contratação e à manutenção dos contratos são de


observância cogente pela Administração e têm sido objeto de reiteradas
determinações do Tribunal de Contas da União, como ilustra o aresto a seguir.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
A celebração de contrato com ente da Administração Pública pressupõe a
demonstração de regularidade com o fisco e perante o FGTS da
contratada e da entidade que a controla.
O relator entendeu ter havido vício na contratação, visto que, consoante
disposto no art. 195, § 3º, da Constituição Federal, “a pessoa jurídica em
débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios”, o que respalda o entendimento
consolidado no âmbito do Tribunal e, também, na doutrina “de que a
Administração Pública, Direta e Indireta, não pode celebrar contrato com
quem esteja em situação irregular perante o fisco, a seguridade social e o
FGTS”. Observou, ainda, a respeito do alcance da expressão Poder Público,
que a Constituição “emprega o termo Poder Público de forma abrangente,
sem especificações ou restrições, abarcando, inclusive, as sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo Estado”.
(Acórdão 2161/2012 – Plenário; INFORMATIVO 119)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3. alertar o Sesc/AP para a necessidade de adoção de medidas saneadoras
para as seguintes irregularidades que ressalvam estas contas:
9.3.3. observar o entendimento prevalecente nesta Corte segundo o qual
(cf. Decisão 705/1994-Plenário e Acórdão 457/2005-2ª Câmara):
9.3.3.1. por força do disposto no art. 195, § 3º, da Constituição Federal, que
torna sem efeito, em parte, o permissivo do art. 32, § 1º, da Lei 8.666/1993,
a documentação relativa à regularidade fiscal e com a Seguridade Social,
prevista no art. 29, inciso IV, da Lei 8.666/1993 é de exigência obrigatória
nas licitações públicas, ainda que na modalidade convite, para
contratação de obras, serviços ou fornecimento, e mesmo que se trate de
fornecimento para pronta entrega;

48
Erivan Pereira de Franca

9.3.3.2. a obrigatoriedade de apresentação da documentação referida no


subitem anterior é aplicável igualmente aos casos de contratação de obra,
serviço ou fornecimento com dispensa ou inexigibilidade de licitação ex vi
do disposto no § 3º do art. 195 da CF, citado;
(Acórdão 3146/2010 – Primeira Câmara)

Com semelhante veemência Tribunal de Contas da União tem determinado


que a Administração contratante desenvolva e mantenha sistemática de
fiscalização que assegure a verificação da regularidade previdenciária e para
com o FGTS.

Até o Acórdão 1214/2013 – Plenário, o TCU determinava o exame dos


documentos exigíveis da empresa pela legislação previdenciária (folha de
pagamento, GFIP, GPS e GRF), como ilustram as deliberações a seguir parcialmente
transcritas:

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.5.5. verifique a regularidade fiscal das empresas contratadas ao proceder
a pagamentos por serviços por elas prestados, devendo, ainda, restar
comprovado, no respectivo processo de pagamento, o recolhimento dos
encargos sociais dos empregados dessas empresas que prestaram serviços
à Administração, nos termos dos arts. 13, § 3º, 55, inciso XIII, e 71 da Lei nº
8.666/1993, do art. 195, § 3º, da Constituição Federal e da Decisão nº
705/1994 – Plenário;
(Acórdão 2105/2008 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Fiscalize os contratos de prestação de serviços, em especial no que diz
respeito à regularidade fiscal e à obrigatoriedade de a contratada arcar com
todas as despesas decorrentes das obrigações trabalhistas relativas a seus
empregados, devendo constar, ainda, dos respectivos processos de
pagamento, os comprovantes de recolhimento dos correspondentes
encargos sociais (INSS e FGTS), de modo a evitar a responsabilização
subsidiária dos entes públicos.
(Acórdão 2254/2008 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.10. dar ciência à Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente,
conforme orientações da Portaria-Segecex nº 13/2011, sobre as seguintes
impropriedades:
9.10.1. ausência, nos processos mensais de pagamento, quando da
liquidação das faturas referentes ao Contrato MMA 22/2007 - objeto da
Tomada de Preços 3/2007 -, dos comprovantes destacadamente separados

49
Erivan Pereira de Franca

de recolhimentos dos encargos previdenciários e trabalhistas, de forma a


englobar apenas os empregados da empresa ligados à prestação de serviço
ao órgão, obtidos e conferidos os dados relativos à equipe de
trabalhadores, o que configura desacordo com o Enunciado TST 331 e com
as determinações contidas no item 9.2.2 do Acórdão 2.990/2005-TCU-1ª
Câmara;
(Acórdão 8887/2011 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.5 determinar à Secretaria de Controle Interno da Casa Civil da
Presidência da República que:
9.5.1 examine o cumprimento, pela Imprensa Nacional, dos itens 9.3. a 9.4
supra, bem como realize o acompanhamento dos pagamentos do contrato
49/2007, no que tange à aplicação da alíquota do FGTS e de outros
tributos, e à adequação do salário pago ao piso da categoria de
engenheiro, representando a este Tribunal em caso de ilegalidade ou
descumprimento de determinação;
(Acórdão 1029/2009 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.6.2. com o fito de dar o máximo de efetividade à norma contida no art.
55, inciso XIII, da Lei n.º 8.666/1993, verifique a manutenção, pelos
contratados, durante toda a execução do contrato, das condições de
habilitação e qualificação exigidas quando da contratação, evitando, desta
forma, a afronta ao art. 195, §3º da Constituição Federal, levando-se em
consideração as peculiaridades do caso concreto e critérios de
razoabilidade.
(Acórdão 2865/2011 – Segunda Câmara)

Mesmo após o Acórdão 1214/2013 – Plenário, encontramos deliberações


do TCU por meio das quais aquela Corte de Contas determina o exame mensal dos
documentos exigíveis da empresa pela legislação previdenciária (folha de
pagamento, GFIP, GPS e GRF), como ilustram as deliberações a seguir parcialmente
transcritas:
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
7. É pacífico, no âmbito do Tribunal, o entendimento de que, nos contratos
de execução continuada, deve haver a comprovação da condição de
regularidade junto à seguridade social e ao Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço durante toda a execução contratual. Não poderia ser diferente,
uma vez que a própria Lei de Licitações, em seu art. 55, inciso XIII, exige que
o contrato contenha cláusula que estabeleça “a obrigação do contratado de
manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as

50
Erivan Pereira de Franca

obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e


qualificação exigidas na licitação”. E, entre a documentação relativa à
regularidade fiscal e trabalhista, exigida na habilitação, está prevista, no art.
29, inciso IV, da Lei 8.666/93, a “prova de regularidade relativa à
Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)”.
8. Assim, adequada a proposta da Secex/PB de determinar que a UFPB
adote procedimento de rotina com vistas a garantir o devido cumprimento
da obrigação legal de atestar a situação de regularidade com a Seguridade
Social e com o FGTS das empresas com contrato de execução contínua, nos
moldes da deliberação proferida por meio do Acórdão 1770/2013 –
Plenário.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da presente representação, por preencher os requisitos de
admissibilidade aplicáveis à espécie, e, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar à Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no prazo de 30
dias, a adoção de procedimento de rotina, com vistas a garantir o devido
cumprimento da obrigação legal de atestar a situação de regularidade
relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS), durante toda a execução contratual, em conformidade com o
previsto no art. 29, inciso IV, c/c o art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/93,
informando as medidas adotadas a esta Corte, no mesmo prazo;
9.3. dar ciência à Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que a ausência de
verificação da manutenção de todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação, durante toda a execução contratual,
contraria o disposto no art. 55, inciso XIII, c/c o art. 67 da Lei 8.666/1993;
(Acórdão 3527/2016 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3. determinar ao Ministério da Integração Nacional que, no prazo de 30
(trinta) dias, a contar da ciência desta deliberação, promova alterações do
Contrato nº 34/2009-MI, bem como inclua naquele que o suceder, se for o
caso, de forma a:
[...]
9.3.4. condicionar o pagamento dos serviços contratados à apresentação
de documento comprobatório do recolhimento mensal do INSS e do FGTS
a cargo da empresa contratada, gerado pelo SEFIP - Sistema Empresa de
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social - GFIP; Guia de Recolhimento do FGTS - GRF ou
documento equivalente), de acordo com a legislação e os padrões
estabelecidos pela Previdência Social e pela Caixa Econômica Federal;
9.3.5. exigir da empresa contratada, no ato do recebimento do Boletim de
Medição e de entrega dos relatórios mensal e final, a apresentação de
relação nominal dos empregados designados para execução dos serviços,
com CPF, cargo, valor do salário mensal, carga horária mensal trabalhada,
período trabalhado, valor pago do INSS e do FGTS, Número de Identificação

51
Erivan Pereira de Franca

do Trabalhador - NIT, entre outras informações que se fizerem necessárias


à verificação do efetivo e tempestivo controle do recolhimento, pela
contratada, dos encargos trabalhistas e previdenciários (FGTS e INSS)
relacionados aos pagamentos de salários dos trabalhadores alocados no
contrato;
(Acórdão 2884/2014 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
A unidade técnica imputa a [omissis], fiscais do contrato de prestação do
serviço de vigilância, responsabilidade pelos "indícios de não fiscalização
dos salários e benefícios dos vigilantes contratados", na seara dos contratos
6 e 15, de 2011. Argumenta que o indício decorre do fato de os processos
de pagamento não identificar os trabalhadores, "com a descrição do seus
cargos e números do PIS".
Sustentam os responsáveis que as informações requeridas - nome de
número do PIS dos vigilantes - estavam presentes em diversos documentos
apresentados pela contratada, a saber: guias de recolhimento de FGTS;
guias de recolhimento da Previdência Social; Sistema Empresa de
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (Sefip) e cópias
dos cartões de ponto.
[...]
Considerando que as informações necessárias à aferição da regularidade
dos pagamentos de salários integrou os processos de fiscalização e
pagamento e que não há notícia de pagamentos a menor aos vigilantes, a
responsabilidade pela fragilidade mencionada resta mitigada.
Nesse cenário, acolho as razões de justificativa ofertadas pelos
responsáveis.
(Acórdão 2149/2014 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
34 No tocante à aplicação de recursos públicos, o ônus da prova da
regular utilização recai sobre o gestor, conforme jurisprudência deste
Tribunal confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (MS 20.335/DF, relator
o ministro Moreira Alves).
[...]
36. O serviço de fornecimento de mão de obra prestado pela Oscip requer
comprovação das despesas incorridas em sua prestação, bem como
observância das regras de liquidação de despesas dos art. 62 e 63 da Lei
4.320/1964. É necessário provar que os recursos transferidos foram
aplicados nos serviços contratados. Notas fiscais genéricas não
demonstram, por si sós, a aplicação dos recursos.

52
Erivan Pereira de Franca

37. São documentos hábeis para comprovação das despesas mês a mês,
que não foram devidamente apresentados: folhas de pagamentos,
transferências e ordens bancárias individualizadas por funcionário,
comprovantes de recolhimento de FGTS e INSS, demonstrativos de
despesas operacionais, dentre outros. Com isso, assegura-se que o
administrador não está pagando por serviço não executado.
38. Os ex-gestores não apresentaram fichas de frequência, recibos de
pagamentos aos funcionários, notas fiscais, comprovantes de
recolhimentos de encargos sociais e demais tributos. Também não
estabeleceram nexo de causalidade entre a totalidade dos recursos
transferidos à Oscip e os serviços contratados.
39. Ressalto, ainda, conforme registro da Secex/PR "que a omissão culposa
na verificação do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
contratada sujeita a administração pública à responsabilidade subsidiária
pelos encargos trabalhistas e previdenciários, conforme Súmula 331 do
TST".
40. Assim, as alegações de defesa dos ex-gestores municipais não merecem
prosperar.
(Acórdão 696/2014 – Plenário)

Em relevante julgado (Acórdão 1679/2015 – Plenário), no âmbito de


Fiscalização de Orientação Centralizada realizada em diversos órgãos e entidades
públicas – objetivando avaliar as práticas de governança e gestão das contratações
– o TCU expediu as seguintes recomendações, no que toca à fiscalização trabalhista
e previdenciária dos contratos de terceirização:
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.32. inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que
vierem a ser elaborados, os seguintes controles internos na etapa de gestão
contratual:
[...]
9.1.32.6. avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das
obrigações trabalhistas, previdenciárias e com o FGTS para determinar a
extensão das amostras que serão utilizadas na fiscalização do cumprimento:
9.1.32.6.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em
consideração falhas que impactem o contrato como um todo e não apenas
erros e falhas eventuais no pagamento de alguma vantagem a um
determinado empregado;
9.1.32.6.2 das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por
meio da análise dos extratos retirados pelos próprios empregados
terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias contas (o objetivo é
que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de
um ano - sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais
de uma vez para um mesmo empregado, garantindo assim o “efeito
surpresa” e o benefício da expectativa do controle);

53
Erivan Pereira de Franca

9.1.32.7. documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada


período;
(Acórdão 1679/2015 – Plenário)

Quanto à fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista, é


exigida, para a contratação de empresa para a prestação de serviços terceirizados,
a regularidade trabalhista, aferida exclusivamente pela Certidão Negativa de
Débitos Trabalhistas.

A empresa contratada se obriga, ademais, por força de cláusula obrigatória, a


manter-se em condições de habilitação durante toda a vigência do contrato.
LEI 8.666/93
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista,
conforme o caso, consistirá em:
[...]
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do
Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do
Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943.
[...]
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
[...]
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas
as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

A jurisprudência dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União


(até o advento do Acórdão 1214/2013 – Plenário) sempre foi no sentido da
necessidade de fiscalizar-se o cumprimento das obrigações trabalhistas por
parte das empresas contratadas, mediante o exame de documentos.

JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


1. Na contratação de empresa comercial fornecedora de mão de obra pode
a administração precaver-se do risco de pagar duas vezes por um mesmo
serviço, exigindo, a cada liberação do pagamento pelos serviços
contratados, a apresentação do comprovante de quitação da empresa para
com as obrigações trabalhistas e previdenciárias de seus empregados...
(AgRg na SS 1352/RS, Corte Especial)

54
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


9. O tomador de serviços tem o poder-dever de exigir da empresa
locadora de mão-de-obra que comprove, mensalmente, o registro dos
trabalhadores, e que vem cumprindo as obrigações trabalhistas e
previdenciárias, porquanto responde subsidiariamente em caso de
ausência de idoneidade econômica ou financeira da empregadora.
(Precedente do STJ)
(REsp 542203/SC, DJ 25.2.2004)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA. CULPA IN
VIGILANDO FUNDADA EM ASSERTIVA GENÉRICA. CONTRARIEDADE À
SÚMULA 331, ITEM V, DO TST. I - Para equacionar a controvérsia em torno
da existência ou inexistência de responsabilidade subsidiária da
Administração Pública pelas obrigações trabalhistas não honradas pela
empresa prestadora de serviço é imprescindível trazer a lume a decisão
proferida pelo STF na ADC 16/2007. II - Nela, apesar de ter sido
reconhecida a constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei 8.666/93, os
eminentes Ministros daquela Corte permitiram-se alertar os tribunais do
trabalho para não generalizar as hipóteses de responsabilização subsidiária
da Administração Pública. III - Na ocasião, traçaram inclusive regra de
conduta a ser observada pelos tribunais do trabalho, de se proceder, com
mais rigor, à investigação se a inadimplência da empresa contratada por
meio de licitação pública teve como causa principal a falha ou a falta de
fiscalização pelo órgão público contratante. IV - A partir dessa quase
admoestação da Suprema Corte, o Tribunal Superior do Trabalho houve por
bem transferir a redação do item IV da Súmula 331 para o item V desse
precedente, dando-lhe redação que refletisse o posicionamento dos
Ministros do STF. V - Efetivamente, o item V da Súmula 331 passou a
preconizar, in verbis: "Os entes integrantes da Administração Pública direta
e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da
Lei n. 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento
das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa
regularmente contratada". VI - Compulsando esse precedente, percebe-se,
sem desusada perspicácia, que a responsabilização subsidiária da
Administração Pública tem por pressuposto a comprovação da sua
conduta culposa ao se demitir do dever de fiscalizar o cumprimento das
obrigações trabalhistas da empresa prestadora de serviços. VII - Em outras
palavras, impõe-se extrair da decisão do Regional elementos de prova de
que a Administração Pública não observou o dever de fiscalização dos
direitos trabalhistas devidos aos empregados da empresa prestadora de
serviços, uma vez que o seu chamamento à responsabilização subsidiária
repousa na sua responsabilidade subjetiva e não objetiva. VII - Na
Reclamação nº 19.492-SP proposta pelo Município de São Bernardo do
Campo contra o Tribunal Superior do Trabalho e o Tribunal Regional do
55
Erivan Pereira de Franca

Trabalho da 2ª Região, o Ministro Dias Toffoli, em decisão monocrática,


datada de 23/2/2015, pela qual julgou procedente a Reclamação para
cassar a decisão reclamada, na parte em que afirmara a responsabilidade
subsidiária do Município de São Bernardo do Campo, deixou expressamente
consignada a tese prevalecente na Corte Suprema, a saber: "Somente nos
casos em que se lograr comprovar terem sido os atos administrativos
praticados em desconformidade com a lei e aptos à interferir no direito
pleiteado pelo trabalhador poderá o Poder Público ser responsabilizado, no
limite de sua culpa, por verbas trabalhistas devidas a empregado
contratado por empresa submetida a processo licitatório, o que não
ocorreu no caso sob exame." VIII - A Ministra Cármen Lúcia, por sua vez,
na Reclamação nº 19.147-SP, ao julgá-la procedente, por meio de decisão
monocrática lavrada em 25/2/2015, assentou, igualmente, "que as
declarações e as informações oficiais de agentes públicos, no exercício de
seu ofício, têm presunção relativa (juris tantum) de legitimidade e devem
prevalecer até prova idônea e irrefutável em sentido contrário". IX - Ainda
nessa decisão, a ilustre Ministra alertou que "para se afirmar a
responsabilidade subsidiária da Administração Pública por aqueles
encargos, imprescindível a prova taxativa do nexo de causalidade entre
conduta da Administração e o dano sofrido pelo trabalhador, a dizer, que se
tenha comprovado no processo essa circunstância. Sem a produção dessa
prova, subsiste o ato administrativo e a Administração Pública exime-se da
responsabilidade por obrigações trabalhistas com relação àqueles que não
compõem os seus quadros". X - Mediante exame do acórdão recorrido,
percebe-se não ter o Regional indicado a prova de que a Administração
Pública deixara de observar o dever de fiscalização dos direitos trabalhistas
devidos aos empregados da prestadora de serviços. XI - Isso porque se
limitou a a proferir decisão destituída de detalhes probatórios em torno da
culpa in vigilando da recorrente, tanto quanto da indicação de fato de que
teria se demitido do dever de fiscalizar o cumprimento das obrigações
trabalhistas da empresa prestadora de serviços. XIII - Com isso, depara-se
com a constatação de o acórdão recorrido ter contrariado o precedente da
Súmula 331, item V, desta Corte, pelo que se impõe o conhecimento e o
provimento do apelo extraordinário para excluir da condenação a
responsabilidade subsidiária da recorrente. XIV - Recurso de Revista
conhecido e provido. BENEFÍCIO DE ORDEM. I - Prejudicado, em razão da
exclusão da responsabilidade subsidiária da recorrente.
(RR - 1325-30.2014.5.20.0004, DEJT 20/05/2016)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. dar ciência [...] desta deliberação, em especial, no que concerne às
seguintes falhas detectadas na auditoria:
[...]
9.2.3. falhas relacionadas ao não recolhimento dos encargos
previdenciários e trabalhistas, em desacordo com o disposto no art. 71, §
2º, da Lei nº 8.666/1993, na Súmula 331 do TST e nos Acórdãos nº
446/2011 - Plenário, nº 1.233/2008 - Plenário, nº 1.299/2006 - Plenário e nº
1.844/2206 - 1ª Câmara, no âmbito dos contratos administrativos [...],
sendo oportuno registrar a necessidade de o município:
56
Erivan Pereira de Franca

[...]
9.2.3.2. exigir a apresentação de documentos comprobatórios do
recolhimento mensal do INSS e do FGTS, a cargo das empresas
contratadas, quais sejam, Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP, Guia de
Recolhimento do FGTS - GRF ou documento equivalente, de acordo com a
legislação vigente e com os padrões estabelecidos pela Previdência Social e
pela Caixa Econômica Federal;
9.2.3.3. exigir das empresas contratadas [...] a apresentação da relação
nominal dos empregados designados para execução dos serviços, com CPF,
cargo, valor do salário mensal, carga horária mensal trabalhada, período
trabalhado, valor pago do INSS e do FGTS, Número de Identificação do
Trabalhador - NIT, entre outras informações que se fizerem necessárias à
verificação do efetivo e tempestivo controle do recolhimento, pela
contratada, dos encargos trabalhistas e previdenciários (FGTS e INSS)
relacionados aos pagamentos de salários dos trabalhadores alocados no
contrato;
(Acórdão 581/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.8.4. fiscalizem os contratos de prestação de serviços, em especial no que
diz respeito à regularidade fiscal e à obrigatoriedade de a contratada arcar
com todas as despesas decorrentes das obrigações trabalhistas relativas a
seus empregados, devendo constar, ainda, dos respectivos processos de
pagamento, os comprovantes de recolhimento dos correspondentes
encargos sociais (INSS e FGTS), de modo a evitar a responsabilização
subsidiária dos entes públicos;
(Acórdão 2254/2008 – Plenário)

Vide, no mesmo sentido, os seguintes julgados do TCU: Acórdão 614/2008-


Plenário; Acórdão 3463/2009-1ª Câmara; Acórdão 2647/2009-Plenário; Acórdão
2353/2009-Plenário; Acórdão 1125/2009-Plenário; Acórdão 1662/2008-2ª
Câmara; Acórdão 1922/2003-1ª Câmara; Acórdão 2423/2009-Plenário;
2197/2009-Plenário.

Mesmo após o Acórdão 1214/2013 – Plenário, encontramos deliberações


do TCU por meio das quais aquela Corte de Contas determina o exame mensal dos
documentos exigíveis da empresa pela legislação trabalhista (comprovantes de
pagamento de salários etc.), como ilustram as deliberações a seguir parcialmente
transcritas:

57
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
É lícita a previsão contratual de retenção pela Administração de
pagamentos devidos à contratada em valores correspondentes às
obrigações trabalhistas e previdenciárias inadimplidas, incluindo salários,
demais verbas trabalhistas e FGTS, relativas aos empregados dedicados à
execução do contrato.
Representação formulada por licitantes noticiara supostas irregularidades
cometidas pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(Ceagesp), no âmbito do Pregão Presencial 14/2013, destinado à
contratação de empresa responsável pela coleta seletiva, transporte e
destinação final de resíduos. Entre as falhas consideradas não elididas, a
unidade técnica do TCU apontou a ocorrência de “retenção de valores
devidos à contratada, em decorrência de propositura de ações trabalhistas”
e propôs que essa previsão fosse excluída do edital, por considerá-la
incabível. Embora também tenha se posicionado pela irregularidade
especificamente dessa previsão, ponderou o relator que “não procede o
argumento de que a retenção de pagamentos devidos à contratada é ilegal,
por não constar do rol do art. 87 da Lei 8.666/1993. A retenção de
pagamentos não integra as hipóteses contidas no referido preceito legal
exatamente por não se caracterizar uma sanção administrativa. A natureza
da retenção é preventiva e acautelatória. Destina-se a evitar que a
inadimplência da contratada com suas obrigações trabalhistas cause
prejuízo ao erário. Tanto não é sanção que, comprovados os pagamentos
das obrigações trabalhistas, os valores retidos são imediatamente
liberados. Os valores retidos têm somente duas destinações possíveis:
pagamento à contratada, assim que comprovar que cumpriu suas
obrigações, ou pagamento aos seus empregados, caso as circunstâncias
assim recomendem”. Argumentou ainda o relator que “a retenção integral
dos pagamentos à contratada só é admissível nas hipóteses de
inadimplemento de obrigações trabalhistas com valores superiores aos
devidos pela Administração e de desconhecimento do montante
inadimplido” e salientou que “a retenção integral não pode dar-se por prazo
indeterminado, à exceção da hipótese de inadimplemento em valores
superiores aos devidos à Administração, justamente para não caracterizar
enriquecimento ilícito da Administração. Como regra, a medida deve ser
mantida por prazo suficiente para quantificação das obrigações não
adimplidas, após o que deverá ser convertida em retenção parcial”. Nesse
passo, entendeu o relator que convém “prever, no instrumento
convocatório e na minuta de contrato, retenção e pagamento direto aos
empregados, para que as prestadoras de serviços continuados não possam
alegar que desconheciam essas faculdades ao elaborar suas propostas”. No
entanto, no caso específico dos autos, a cláusula questionada previa
retenção dos valores reclamados judicialmente pelos empregados, os quais,
segundo o relator, não apresentam necessariamente correspondência com
os efetivamente devidos pela empresa, costumando ser bem mais elevados
dos que os devidos, de sorte que a retenção se mostraria desproporcional e
onerosa. Diante dessas observações, acolheu o Plenário a proposta do
relator de determinar à Ceagesp que republicasse o edital apenas após a
adoção de algumas medidas saneadoras, dentre as quais a exclusão da
cláusula em apreço. Na mesma assentada, o Tribunal recomendou à

58
Erivan Pereira de Franca

Ceagesp que adotasse os seguintes procedimentos, para se resguardar


contra dívidas trabalhistas da prestadora de serviços continuados com
dedicação exclusiva de mão de obra (subitem 9.3 do decisum): a) prever
nos contratos, de forma expressa: autorização para retenção de
pagamentos devidos em valores correspondentes às obrigações
trabalhistas inadimplidas pela contratada, incluindo salários e demais
verbas trabalhistas, previdência social e FGTS, concernentes aos
empregados dedicados à execução do contrato; autorização para
realização de pagamentos de salários e demais verbas trabalhistas
diretamente aos empregados da contratada, bem assim das contribuições
previdenciárias e do FGTS, quando estes não forem adimplidos;
aprovisionamento, em conta vinculada, de valores relativos a férias, décimo
terceiro e multa sobre o FGTS, na forma prevista no art. 19-A, inciso I, da
IN/SLTI/MP 2/08, com redação dada pela IN/SLTI/MP 6/13; b) depositar os
valores retidos cautelarmente junto à Justiça do Trabalho, com o objetivo
de serem utilizados exclusivamente no pagamento dos salários e das
demais verbas trabalhistas, bem como das contribuições sociais e FGTS,
quando não for possível a realização desses pagamentos pela própria
Administração, dentre outras razões, por falta da documentação
pertinente, tais como folha de pagamento, rescisões dos contratos e guias
de recolhimento; c) fazer constar dos contratos cláusula de garantia que
assegure pagamento de: prejuízos advindos do não cumprimento do
contrato; multas punitivas aplicadas pela fiscalização à contratada;
prejuízos diretos causados à contratante decorrentes de culpa ou dolo
durante a execução do contrato; e obrigações previdenciárias e trabalhistas
não honradas pela contratada; d) caso sobrevenham, durante a vigência
contratual, ações trabalhistas promovidas por empregados dedicados ao
ajuste, considerando o teor dos pleitos, investigar se há irregularidades no
pagamento de verbas trabalhistas, solicitando os documentos
correspondentes (vide art. 34, § 5º, inciso I, “c”, da IN/SLTI/MP 2, com
redação dada pela IN/SLTI/MP 6); comprovada a inadimplência, reter
pagamentos devidos em valores correspondentes às obrigações
trabalhistas inadimplidas.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da representação para, no mérito, considerá-la parcialmente
procedente; [...] 9.3. recomendar à Ceagesp que adote os seguintes
procedimentos, para resguardar-se contra dívidas trabalhistas da
prestadora de serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de
obra: 9.3.1. prever nos contratos, de forma expressa: 9.3.1.1. autorização
para retenção de pagamentos devidos em valores correspondentes às
obrigações trabalhistas inadimplidas pela contratada, incluindo salários e
demais verbas trabalhistas, previdência social e FGTS, concernentes aos
empregados dedicados à execução do contrato;
(Acórdão 3301/2015-Plenário - INFORMATIVO 271)

59
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
13. Particularmente com relação à falta de uma
efetiva fiscalização da regularidade trabalhista das contratadas, que, com
base nos editais de então, era feita unicamente por meio de declaração
firmada pelo dirigente da empresa afirmando estar em dia com as
obrigações, sabe-se que o Tribunal passou a determinar ao Dnit o
estabelecimento de controles suficientes e adequados para verificação do
pagamento dos encargos dessa natureza, de modo a afastar a possibilidade
de a autarquia vir a responder subsidiariamente pelo seu inadimplemento
(Acórdãos 2.423/2009-P e 2.197/2009-P).
14. De qualquer maneira, nessas e em outras deliberações sobre o assunto,
o Tribunal, reconhecendo o caráter sistêmico das falhas e a necessidade de
aprimoramento dos editais para a sua correção definitiva, optou pela não
aplicação de penalidade ao gestor.
15. O caso concreto corrobora tal condição, porquanto as deficiências de
medição foram apontadas em todos os contratos fiscalizados cujos serviços
já estavam em andamento por ocasião dafiscalização, o que levou ao
chamamento de todos os gestores que ocuparam o comando da CGMAB no
período abrangido de execução de tais avenças (2006 a 2010).
[ACÓRDÃO]
9.3. dar ciência ao DNIT que, na presente representação, constatou-se,
quanto aos contratos de gestão ambiental executados pela Autarquia, o
seguinte:
[...]
9.3.3 a fiscalização da regularidade fiscal e trabalhista das entidades
contratadas era deficiente, vez que se baseava na simples declaração
firmada pelo dirigente da contratada afirmando estar em dia com as
obrigações;
(Acórdão 1671/2015 – Plenário)

3.2. Antecedente jurisprudencial: o Acórdão 1214/2013-TCU-


Plenário

No que toca aos procedimentos e controles a adotar na fiscalização


administrativa dos contratos de terceirização, tal como hoje constam da IN
05/2017, forte foi a influência do Acórdão 1214/2013-TCU-Plenário.

Convém, por oportuno, apresentar brevíssimo histórico de como surgiu esse


relevante julgado e o seu conteúdo.

Por determinação do então Presidente do TCU, ministro Ubiratan Aguiar, foi


constituído informalmente, no ano de 2010, grupo de estudos formado
60
Erivan Pereira de Franca

inicialmente por servidores do TCU, MPOG, AGU, com a finalidade de avaliar a


eficiência dos procedimentos de planejamento, contratação e fiscalização dos
contratos de terceirização então previstos na IN 02/2008.

Posteriormente, contribuíram com os trabalhos do grupo servidores dos


Ministérios da Fazenda e da Previdência Social, do Ministério Público Federal e do
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Os estudos centraram-se nas dificuldades envolvidas na licitação e gestão


dos contratos de terceirização, em virtude de inúmeras ocorrências relacionadas
com o cumprimento irregular dos contratos, a ensejar a possibilidade de
responsabilização subsidiária da Administração, em cotejo com a suposta
ineficácia dos procedimentos de fiscalização então preconizados pela IN 02/2008 e
as dificuldades administrativas e operacionais dos diversos órgãos e entidades da
Administração na gestão dos contratos.

Após diversas reuniões, o Grupo de estudos propôs alterações na IN


02/2008, que podem ser divididas em duas categorias:

Propostas pertinentes à fase de licitação e elaboração dos editais e


contratos

• Critérios mais rigorosos de qualificação técnico-operacional e técnico-


profissional;

• Maior rigor nas exigências de qualificação econômico-financeira;

• Maior abrangência à garantia para execução do contrato de terceirização;

• Fixação de critérios para prorrogação dos contratos.

Propostas pertinentes à fiscalização contratual

• Redução do número de documentos (fiscais, trabalhistas e


previdenciários) a serem exigidos das contratadas;

• Previsão de possibilidade de retenção de créditos para pagamento direto,


pela Administração, aos terceirizados, à Previdência Social e ao FGTS;

• Fiscalização por amostragem e com participação dos terceirizados.

Entregue ao Tribunal de Contas da União o relatório do mencionado grupo de


estudos, foi apreciado pela então Secretaria Adjunta de Planejamento e

61
Erivan Pereira de Franca

Procedimentos (ADPLAN), servindo de subsídio para Representação ofertada por


aquela unidade técnica.

Dita Representação foi autuada, passando a constituir processo n.º


006.156/2011-8, para o qual foi sorteado como relator o ministro Aroldo Cedraz.

As preocupações do Grupo de estudos, encampadas pela unidade técnica


representante, e que ao final motivaram as recomendações do TCU, veiculadas pelo
Acórdão 1214/2013 - Plenário, foram assim sintetizadas pelo ministro relator:

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[RELATÓRIO]
2. Constatou-se que, nos últimos anos, passaram a ocorrer com maior
frequência problemas na execução desse tipo de contrato, com
interrupções na prestação dos serviços, ausência de pagamento aos
funcionários de salários e outras verbas trabalhistas, trazendo prejuízos à
administração e aos trabalhadores. Em razão disso, o então Presidente
deste Tribunal, Ministro Ubiratan Aguiar, determinou à Administração do
TCU que fossem realizados trabalhos conjuntos com outros órgãos da
Administração Pública com o objetivo de formular propostas para ao menos
mitigar tais problemas.
[VOTO]
8. Todos esses itens estão inseridos em um mesmo contexto – o de que a
administração tem exigido das contratadas, por força da IN/MP 2/2008,
uma extensa relação de documentos, que demandam considerável esforço
dos setores dos órgãos que exercem a fiscalização contratual. Além de
exigir uma grande estrutura de fiscalização, o exame desses documentos
acaba afastando a fiscalização de sua atividade precípua, que é a de
verificar a adequada execução do contrato. Tem-se constatado, ademais,
que a exigência de toda essa gama de documentos não tem evitado a
ocorrência de problemas em relação ao cumprimento das obrigações
trabalhistas por parte das empresas contratadas, dados os subterfúgios
que têm sido utilizados por algumas empresas para mascarar eventuais
inadimplementos dessas obrigações.
[...]
13. A implementação de mecanismos de controle envolve uma avaliação de
custo x benefício, uma vez que qualquer medida de controle implica em
custos adicionais para a administração, que devem ser compensados pelos
benefícios gerados por essa medida. E o relato apresentado pelo grupo
evidencia que os eventuais benefícios da exigência de todos os documentos
previstos na IN/MP 2/2008 não vêm compensando os seus custos.
[...]
15. Em relação ao controle de outros documentos, também previstos na
IN/MP 2/2008, para que a administração possa verificar o pagamento de
salários, vales-transporte e auxílio-alimentação, constata-se, na prática, que
a fiscalização é rapidamente avisada pelos empregados quando esse tipo de

62
Erivan Pereira de Franca

problema acontece. Assim, revela-se pertinente a conclusão do grupo de


que a administração só deve exigir os respectivos documentos quanto
tomar ciência de alguma possível irregularidade no pagamento desses
direitos aos empregados.
(Acórdão 1214/2013 – Plenário)

Como resultado da apreciação que o Tribunal fez da mencionada


Representação, foram expedidas uma série de recomendações ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão para alteração da IN 02/2008, o que
efetivamente ocorreu, mediante a edição da IN 06/2013 (e posteriormente pela IN
03/2014, introduziu significativas alterações no gerenciamento da conta
vinculada).

Ressalte-se que as recomendações do TCU foram todas no sentido de


diminuir sensivelmente a quantidade de documentos exigidos das empresas,
incluindo nos procedimentos de fiscalização verificações diretamente com os
terceirizados, mediante a técnica da amostragem.

3.2.1. Recomendações do TCU, no Acórdão 1214/2013 – Plenário


quanto à fiscalização administrativa do contrato

Especificamente quanto aos procedimentos de fiscalização para se


certificar do recolhimento das contribuições previdenciárias e dos depósitos
junto ao FGTS, o Tribunal assim recomendou:

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.5 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela administração
com o objetivo de verificar o recolhimento das contribuições
previdenciárias, observar os aspectos abaixo:
9.1.5.1 fixar em contrato que a contratada está obrigada a viabilizar o
acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha própria, aos
sistemas da Previdência Social e da Receita do Brasil, com o objetivo de
verificar se as suas contribuições previdenciárias foram recolhidas;
9.1.5.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos
os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de extratos de
recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização;
9.1.5.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizada como falha em sua
execução, o não recolhimento das contribuições sociais da Previdência
Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença, sem prejuízo da
aplicação de sanção pecuniária e do impedimento para licitar e contratar
com a União, nos termos do art. 7º da Lei 10.520/2002;
9.1.5.5 exigir certidão negativa de débitos para com a previdência – CND,
caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf;

63
Erivan Pereira de Franca

9.1.5.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por amostragem, aos
empregados terceirizados que verifiquem se essas contribuições estão ou
não sendo recolhidas em seus nomes. O objetivo é que todos os
empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano – sem
que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez
para um mesmo empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o
benefício da expectativa do controle;
9.1.5.7 comunicar ao Ministério da Previdência Social e à Receita do Brasil
qualquer irregularidade no recolhimento das contribuições previdenciárias.
(Acórdão 1214/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.6 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela Administração
com o objetivo de verificar o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço – FGTS, observe os aspectos abaixo:
9.1.6.1 fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a emissão
do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para todos os
empregados;
9.1.6.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos
os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de extratos de
recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização;
9.1.6.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha em
sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, que poderá
dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo da aplicação de
sanção pecuniária e do impedimento para licitar e contratar com a União,
nos termos do art. 7º da Lei 10.520/2002.
9.1.6.4 fixar em contrato que a contratada deve, sempre que solicitado,
apresentar extrato de FGTS dos empregados;
9.1.6.5 solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS;
9.1.6.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por amostragem, aos
empregados terceirizados extratos da conta do FGTS e os entregue à
Administração com o objetivo de verificar se os depósitos foram realizados
pela contratada. O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus
extratos avaliados ao final de um ano – sem que isso signifique que a
análise não possa ser realizada mais de uma vez em um mesmo empregado,
garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do
controle;
9.1.6.7 comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade no
recolhimento do FGTS dos trabalhadores terceirizados.
(Acórdão 1214/2013 – Plenário)

No que tange aos procedimentos de fiscalização do cumprimento das


obrigações trabalhistas pela empresa contratada, o TCU recomendou a seguinte
sistemática de fiscalização:

64
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.7 somente sejam exigidos documentos comprobatórios da realização
do pagamento de salários, vale-transporte e auxílio alimentação, por
amostragem e a critério da administração;
9.1.8 seja fixado em contrato como falta grave, caracterizada como falha
em sua execução, o não pagamento do salário, do vale-transporte e do
auxílio alimentação no dia fixado, que poderá dar ensejo à rescisão do
contrato, sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária e da declaração
de impedimento para licitar e contratar com a União, nos termos do art.
7º da Lei 10.520/2002;
9.1.9 a fiscalização dos contratos, no que se refere ao cumprimento das
obrigações trabalhistas, deve ser realizada com base em critérios
estatísticos, levando-se em consideração falhas que impactem o contrato
como um todo [?] e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de
alguma vantagem a um determinado empregado;
9.1.18 seja fixada em edital exigência de que o domicílio bancário dos
empregados terceirizados deverá ser na cidade ou na região metropolitana
na qual serão prestados os serviços;
(Acórdão 1214/2013 – Plenário)

3.2.2. A técnica da fiscalização por amostragem, conforme


recomendada pelo TCU e prevista no item 10.5 do Anexo VIII da IN
05/2017

Por meio do mencionado Acórdão 1214/2013 – Plenário, o Tribunal de


Contas da União recomendou a adoção da técnica da amostragem na verificação
administrativa do cumprimento de obrigações trabalhistas, previdenciárias e junto
ao FGTS pela empresa contratada.

Tais recomendações resultaram atendidas pela IN 06/2013, que promoveu


alterações na IN 02/2008, agora contempladas na nova IN 05/2017.

IN 05/2017
10.5. Fiscalização por amostragem
a) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados, que
verifiquem se as contribuições previdenciárias e do FGTS estão ou não
sendo recolhidas em seus nomes.
b) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados
terceirizados os extratos da conta do FGTS, os quais devem ser entregues à
Administração.
c) O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos
avaliados ao final de um ano (sem que isso signifique que a análise não
possa ser realizada mais de uma vez em um mesmo empregado),
garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do
controle.
65
Erivan Pereira de Franca

d) A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando


solicitado pela Administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos: [omissis]

3.3. Procedimentos de fiscalização a adotar no primeiro mês de


execução do contrato (fiscalização inicial)
IN 05/2017
ANEXO VIII-B – DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10. Além das disposições acima citadas, a fiscalização administrativa deverá
observar, ainda, as seguintes diretrizes:
10.1. Fiscalização inicial (no momento em que a prestação de serviços é
iniciada)
[…]
b) A fiscalização das Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) será
feita por amostragem. Todas as anotações contidas na CTPS dos
empregados devem ser conferidas, a fim de que se possa verificar se as
informações nelas inseridas coincidem com as informações fornecidas pela
empresa e pelo empregado. Devem ser observadas, com especial atenção,
a data de início do contrato de trabalho, a função exercida, a remuneração
(corretamente discriminada em salário-base, adicionais e gratificações),
além de demais eventuais alterações dos contratos de trabalho.
c) O número de terceirizados por função deve coincidir com o previsto no
contrato administrativo.
[…]
g) No primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
apresentar a seguinte documentação, devidamente autenticada:
g.1. relação dos empregados, com nome completo, cargo ou função,
horário do posto de trabalho, números da carteira de identidade (RG) e
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), e indicação dos responsáveis
técnicos pela execução dos serviços, quando for o caso;
g.2. CTPS dos empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela
execução dos serviços, quando for o caso, devidamente assinadas pela
contratada;
g.3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada que
prestarão os serviços; e
g.4. declaração de responsabilidade exclusiva da contratada sobre a
quitação dos encargos trabalhistas e sociais decorrentes do contrato.

No início da prestação dos serviços é exigida a documentação admissional de


todos os terceirizados. A conferência das carteiras de trabalho (CTPS) é feita por
amostragem: exige-se a apresentação da documentação de todos os empregados,
mas confere-se de uma amostra.

66
Erivan Pereira de Franca

Quanto aos demais procedimentos de fiscalização da documentação de


admissão dos terceirizados, especialmente a conferência e análise, apresentamos
sugestão a seguir.

3.3.1. Documentação admissional dos terceirizados; técnica de


conferência

A fiscalização deve, no início da execução do contrato, exigir da contratada a


apresentação da seguinte documentação, a fim de verificar a regularidade das
contratações de pessoal:

 Relação de empregados, discriminando: nome completo, função, RG,


CPF, endereço, data de admissão, salário (adicionais, gratificações e
eventuais benefícios), horário de trabalho, quantidade e valor do vale-
transporte e do auxílio-alimentação;

 Cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos


empregados;

 Exame médico admissional.

3.3.1.1. Roteiro de verificação

1. Analise as páginas da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) com


anotação da qualificação civil e contrato de trabalho dos terceirizados admitidos e
lance na sua planilha-resumo os dados do novo prestador de serviços: nome
completo; função; salário; data de admissão; etc.;

2. A função do terceirizado admitido deve coincidir com aquela indicada na


proposta da contratada (quantitativo de profissionais por função);

3. O salário anotado não pode ser inferior ao salário mínimo, ao piso normativo
ou ao informado na proposta da contratada;

4. A partir da admissão o empregado passará a constar da folha de pagamento e


relatórios da GFIP específicas do tomador contratante;

5. Verifique se o exame médico admissional consigna corretamente a função a


ser exercida pelo terceirizado; não aceite exame com função diversa daquela
anotada na CTPS; o exame atesta que o trabalhador está apto para o exercício da
função para a qual foi contratado.
67
Erivan Pereira de Franca

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Erivan Pereira de Franca

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Erivan Pereira de Franca

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Erivan Pereira de Franca

3.3.2. Elaboração da planilha-resumo

A documentação admissional será utilizada para elaboração da planilha-


resumo do contrato, que nada mais é que o controle do fiscal administrativo,
contendo todos os dados dos profissionais empregados na execução dos serviços.

IN 05/2017
ANEXO VIII-B – DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10.1. Fiscalização inicial (no momento em que a prestação de serviços é
iniciada)
a) No momento em que a prestação de serviços é iniciada, deve ser
elaborada planilha-resumo de todo o contrato administrativo. Ela conterá
informações sobre todos os empregados terceirizados que prestam
serviços no órgão ou entidade, divididos por contrato, com os seguintes
dados: nome completo, número de inscrição no CPF, função exercida,
salário, adicionais, gratificações, benefícios recebidos, sua especificação e
quantidade (vale-transporte, auxílio-alimentação), horário de trabalho,
férias, licenças, faltas, ocorrências e horas extras trabalhadas.

3.4. Fiscalização trabalhista e previdenciária durante a execução


do contrato (após o primeiro mês e antes da extinção do
contrato). Modelo de fiscalização da IN 05/2017

Quanto à fiscalização da documentação comprobatória do recolhimento das


contribuições previdenciárias e dos depósitos no FGTS, assim dispõe a IN
05/2017:
IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
2. Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais,
nas contratações com dedicação exclusiva dos trabalhadores da contratada
exigir-se-á, dentre outras, as seguintes comprovações:
2.1. No caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT):
[...]
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
seguintes documentos:
c.1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a critério
da Administração contratante;
c.2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da prestação
dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou entidade
contratante;
[...]
71
Erivan Pereira de Franca

d) entrega de cópia da documentação abaixo relacionada, quando da


extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação dos
serviços, no prazo definido no contrato:
[...]
d.2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
referentes às rescisões contratuais;
d.3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas individuais do
FGTS de cada empregado dispensado;
[...]
5. A Administração deverá analisar a documentação solicitada na alínea “d”
do subitem 2.1 acima no prazo de 30 (trinta) dias após o recebimento dos
documentos, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias, justificadamente.
6. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento das contribuições
previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de serviços com regime
de dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar à Receita Federal do
Brasil (RFB).
7. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento da contribuição
para o FGTS, os fiscais ou gestores de contratos de serviços com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar ao Ministério do
Trabalho.
[...]
9. Para efeito de recebimento provisório, ao final de cada período mensal, o
fiscal administrativo deverá verificar a efetiva realização dos dispêndios
concernentes aos salários e às obrigações trabalhistas, previdenciárias e
com o FGTS do mês anterior, dentre outros, emitindo relatório que será
encaminhado ao gestor do contrato.
10.5. Fiscalização por amostragem
a) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados, que
verifiquem se as contribuições previdenciárias e do FGTS estão ou não
sendo recolhidas em seus nomes.
b) A Administração deverá solicitar, por amostragem, aos empregados
terceirizados os extratos da conta do FGTS, os quais devem ser entregues à
Administração.
c) O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos
avaliados ao final de um ano (sem que isso signifique que a análise não
possa ser realizada mais de uma vez em um mesmo empregado),
garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do
controle.
[...]
d) A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando
solicitado pela Administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos:
d.1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a critério
da Administração contratante;

72
Erivan Pereira de Franca

d.2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da prestação


dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou entidade
contratante;

Com relação aos procedimentos de verificação do cumprimento das


obrigações trabalhistas, assim prescreve a IN 05/2017:

IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
2. Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais,
nas contratações com dedicação exclusiva dos trabalhadores da contratada
exigir-se-á, dentre outras, as seguintes comprovações:
2.1. No caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT):
[...]
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
seguintes documentos:
[...]
c.2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da prestação
dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou entidade
contratante;
c.3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer mês da
prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia de recibos de
depósitos bancários;
c.4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
transporte, vale-alimentação, entre outros), a que estiver obrigada por
força de lei ou de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho, relativos a
qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado; e
[...]
10.5. Fiscalização por amostragem
[...]
d) A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando
solicitado pela Administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos:
[...]
d.2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da prestação
dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou entidade
contratante;
d.3. cópia dos contracheques assinados dos empregados relativos a
qualquer mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário,
cópia de recibos de depósitos bancários; e
d.4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
transporte, vale-alimentação, entre outros), a que estiver obrigada por

73
Erivan Pereira de Franca

força de lei, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, relativos a


qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado.
[...]
9. Para efeito de recebimento provisório, ao final de cada período mensal, o
fiscal administrativo deverá verificar a efetiva realização dos dispêndios
concernentes aos salários e às obrigações trabalhistas, previdenciárias e
com o FGTS do mês anterior, dentre outros, emitindo relatório que será
encaminhado ao gestor do contrato.

3.4.1. Extratos do INSS e do FGTS são suficientes para comprovar os


recolhimentos? Como saber se o INSS e o FGTS foram efetivamente
recolhidos?

Entendemos que a simples conferência de extratos previdenciários e do FGTS


(técnica recomendada pelo TCU) não é eficiente para verificar o correto
recolhimento desses encargos.

De fato, a IN 05/2017, como vimos acima, prescreve técnica de fiscalização


que vai um pouco além daquela recomendada pelo TCU no Acórdão 1214/2013 –
Plenário, pois prevê a exigência de outros documentos além dos extratos.

A fim de se certificar da regularidade previdenciária da contratada,


entendemos que o contrato deve prever a exigência de apresentação dos
seguintes documentos (a serem cotejados com a planilha-resumo, que contém os
dados do pessoal da empresa prestadora de serviço ao órgão tomador), todos eles
obrigatoriamente confeccionados pelas empresas prestadoras de serviços, por
força da legislação previdenciária, como veremos:

 Folha de pagamento;

 Relatórios integrantes da GFIP;

 Guia da Previdência Social – GPS;

 Guia de Recolhimento do FGTS – GRF

Os documentos acima indicados deverão ser exigidos e analisados, até a


completa implementação do Sistema de Escrituração Digital da Obrigações Fiscais,
Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), instituído pelo Decreto 8.373, de 11 de
dezembro de 2014.

Por meio da Resolução n.º 2, de 30 de agosto de 2016 (alterada pela


Resolução n.º 3, de 29 de novembro de 2017), o Comitê Diretivo do eSocial
definiu novo cronograma (em revogação à Resolução n.º 1/2015, do Comitê Gestor
74
Erivan Pereira de Franca

do eSocial), com critérios para que as empresas passem a prestar informações


exclusivamente pela nova sistemática, em substituição à GFIP.

A implantação do eSocial se dará paulatinamente, por grupos de empresas e


em cinco fases. Conforme dispõe o art. 2º da mencionada norma, a partir de 1º de
janeiro de 2018 as empresas que tiveram, no ano de 2016, faturamento acima de
78 milhões de Reais deverão transmitir informações – em cinco fases (de janeiro
de 2018 a janeiro de 2019) exclusivamente pelo eSocial. As demais empresas
passarão a utilizar o eSocial a partir de 1º de julho de 2018, também em cinco fase.

Para o primeiro grupo de empresas obrigadas a prestar informações pelo


eSocial, o lançamento de informações a partir da folha de pagamento dar-se-á
somente a partir de maio de 2018 e a GFIP será substituída somente a partir da
competência julho de 2018.

Para as demais empresas, o envio da folha de pagamento via eSocial


passará a ser exigida apenas a partir de novembro de 2018 e a GFIP será
substituída somente a partir de janeiro de 2019.

Folha de Pagamento

Toda empresa prestadora de serviços mediante cessão de mão obra


(terceirização) é obrigada, pela legislação previdenciária, a elaborar folha de
pagamento específica, por tomador de serviço. Em tal documento devem constar
apenas os profissionais disponibilizados para prestar serviços ao tomador.
LEI 8.212/91
Art. 31. ....
[...]
§ 5º O cedente da mão de obra deverá elaborar folhas de pagamento
distintas para cada contratante.

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219. ....
[...]
§ 5 º O contratado deverá elaborar folha de pagamento e Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social distintas para cada estabelecimento ou obra de
construção civil da empresa contratante do serviço.
Art. 225. A empresa é também obrigada a:

75
Erivan Pereira de Franca

I - preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada


a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada
estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos;
[...]
§ 9 º A folha de pagamento de que trata o inciso I do caput , elaborada
mensalmente, de forma coletiva por estabelecimento da empresa, por obra
de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente
totalização, deverá:
I - discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço
prestado;
II - agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado
empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual;
III - destacar o nome das seguradas em gozo de salário-maternidade;
IV - destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os
descontos legais; e
V - indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado
empregado ou trabalhador avulso.

IN RFB 971/2009
Art. 47. A empresa e o equiparado, sem prejuízo do cumprimento de
outras obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária, estão
obrigados a:
[...]
III - elaborar folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou
creditada a todos os segurados a seu serviço, de forma coletiva por
estabelecimento, por obra de construção civil e por tomador de serviços,
com a correspondente totalização e resumo geral, nela constando:
a) discriminados, o nome de cada segurado e respectivo cargo, função ou
serviço prestado;
b) agrupados, por categoria, os segurados empregado, trabalhador avulso e
contribuinte individual;
c) identificados, os nomes das seguradas em gozo de salário-maternidade;
d) destacadas, as parcelas integrantes e as não-integrantes da remuneração
e os descontos legais;
e) indicado, o número de cotas de salário-família atribuídas a cada segurado
empregado ou trabalhador avulso;

Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) e


Guias de Recolhimento (GPS e GRF)

Da mesma forma, toda empresa prestadora de serviços mediante cessão de


mão obra (terceirização) é obrigada, pela legislação previdenciária, a prestar
76
Erivan Pereira de Franca

informações ao fisco e ao Conselho Curador do FGTS, por tomador de serviço, por


meio de documento específico denominado Guia de Recolhimento do FGTS e
Informações à Previdência Social (GFIP).

Em tal documento devem constar apenas os profissionais disponibilizados


para prestar serviços ao tomador. Exatamente os mesmos profissionais que
constarem da folha de pagamento.
LEI 8.212/91
Art. 32. A empresa é também obrigada a:
[...]
IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho
Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma,
prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a
fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição
previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho
Curador do FGTS;

REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Art. 219. ....
§ 5 º O contratado deverá elaborar folha de pagamento e Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social distintas para cada estabelecimento ou obra de
construção civil da empresa contratante do serviço.
[...]
Art. 225. A empresa é também obrigada a:
IV - informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por
intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida,
dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e
outras informações de interesse daquele Instituto.

IN RFB 971/2009
Art. 47. A empresa e o equiparado (...) estão obrigados a:
[...]
VIII - informar mensalmente, à RFB e ao Conselho Curador do FGTS, em
GFIP emitida por estabelecimento da empresa, com informações distintas
por tomador de serviço e por obra de construção civil, os dados cadastrais,
os fatos geradores, a base de cálculo e os valores devidos das contribuições
sociais e outras informações de interesse da RFB e do INSS ou do Conselho
Curador do FGTS, na forma estabelecida no Manual da GFIP;
[...]

77
Erivan Pereira de Franca

Art. 108. .....


§ 1º Ficando estabelecido o pagamento de parcelas retroativas ao mês da
data-base da respectiva categoria profissional, os fatos geradores das
contribuições deverão:
I - ser informados na GFIP da competência da celebração da convenção, do
acordo ou do trânsito em julgado da sentença que decidir o dissídio, em
código de recolhimento específico, observadas as orientações do Manual
da GFIP;
II - constar em folha de pagamento distinta, elaborada nos termos do
inciso III do art. 47, na qual fique identificado o valor da diferença de
remuneração de cada mês.

A fiscalização do cumprimento das obrigações previdenciárias da empresa,


relativamente à mão de obra cedida, por meio do exame da folha de pagamento
e da GFIP, era reiteradamente determinada pelo TCU, até a edição do Acórdão
1214/2013 – Plenário, como ilustram as deliberações a seguir transcritas.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.8. [...] realize a fiscalização das contribuições previdenciárias por meio
da verificação mensal dos nomes e salários dos trabalhadores alocados no
Contrato na relação nominal constante da GFIP - acompanhada da
confirmação de envio desta - visto que essa documentação atesta o
encaminhamento de informação dos valores das mencionadas
contribuições aos bancos de dados dos órgãos governamentais
responsáveis pela fiscalização do recolhimento dos encargos trabalhistas e
previdenciários;
(Acórdão 1007/2011 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.1.1.2. exija das empresas contratadas, no ato do recebimento do Boletim
de Medição e de entrega dos relatórios mensal e final, a apresentação de
relação nominal dos empregados designados para execução dos serviços,
com CPF, cargo, valor do salário mensal, carga horária mensal trabalhada,
período trabalhado, valor pago do INSS e do FGTS, Número de Identificação
do Trabalhador - NIT, entre outras informações que se fizerem necessárias
à verificação do efetivo e tempestivo controle do recolhimento, pela
contratada, dos encargos trabalhistas e previdenciários (FGTS e INSS)
relacionados aos pagamentos de salários dos trabalhadores alocados no
contrato;
(Acórdão 446/2011 – Plenário)

Entendemos que a melhor técnica de fiscalização consiste na análise mensal


da folha de pagamento, em cotejo com os relatórios da GFIP (indicados no checklist
sugerido mais adiante) e com as guias de efetivo recolhimento da contribuição
previdenciária (GPS) e do depósito no FGTS (GRF).
78
Erivan Pereira de Franca

Impende noticiar que, tão logo seja regulamentado o inciso VI do art. 32 da


Lei 8.212/91, será possível exigir das empresas a apresentação dos extratos
previdenciários que comprovem efetivo recolhimento das contribuições
(documento hoje inexistente), diminuindo sensivelmente a quantidade de
documentos a analisar pela fiscalização do contrato.
LEI 8.212/91
(alteração promovida pela Lei 12.692, de 24 de julho de 2012 –
pendente de regulamentação)
Art. 32. A empresa é também obrigada a:
[...]
VI – comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermédio de
documento a ser definido em regulamento, os valores recolhidos sobre o
total de sua remuneração ao INSS.

OFICINA: Análise dos documentos exigidos da contratada

Entendemos que a técnica de fiscalização que melhor resguarda a


Administração é a exigência de apresentação mensal, em contrato, dos documentos
estabelecidos como obrigações acessórias na legislação previdenciária e examiná-
los, para se certificar do correto lançamento dos fatos geradores das contribuições
previdenciárias e do FGTS e do efetivo recolhimento dos valores devidos.

Apresentaremos, a seguir, roteiro de verificação desses documentos: como


podem ser examinados pela fiscalização do contrato; as informações relevantes
que podem ser extraídas do exame.

3.4.1.1. Roteiro de verificação da folha de pagamento, da GFIP, da GPS e da GRF

1. No checklist “Fiscalização Previdenciária”, indicamos os principais


relatórios integrantes da GFIP, para fins de fiscalização; o relatório mais
importante é a Relação dos Trabalhadores Constantes no Arquivo SEFIP (RE);
esse relatório indica os lançamentos de informações necessárias para o cálculo da
contribuição previdenciária e o depósito no FGTS; as conferências necessárias são
as seguintes:

1.1. Verifique se o relatório indica a contratada como prestadora dos serviços, no


campo “Empresa”;

1.2. No campo “Tomador/Obra” deve, sempre, constar a indicação expressa do


órgão/entidade contratante;

79
Erivan Pereira de Franca

1.3. Se certifique de que a competência é a do mês objeto de análise, no campo


“COMP”;

1.4. Se certifique de que todos os terceirizados que constam da planilha-resumo e


da folha de pagamento também constem da RE; não aceite divergências (omissão
ou excesso de trabalhadores); havendo discrepâncias, devolva o documento e peça
à contratada que retifique a GFIP, reapresentando os respectivos relatórios;

1.5. Agora, verifique se a remuneração total paga em folha de pagamento (salário +


horas extras + adicionais) coincide com o valor lançado na GFIP; esse valor se
encontra abaixo do nome do trabalhador; se a remuneração for lançada
corretamente, a contribuição também estará correta (campo “CONTRIB SEG
DEVIDA”), pois o Sistema a calcula automaticamente;

1.6. Compare os valores retidos em folha de pagamento, a título de INSS, com


aqueles constantes da RE (campo “CONTRIB SEG DEVIDA”); se houver qualquer
divergência (para mais ou para menos), devolva para a empresa e peça que
proceda às necessárias retificações, ou preste esclarecimentos. A contribuição é
percentual incidente sobre o chamado salário-de-contribuição (art. 28, Lei
8.212/91), definido anualmente por Portaria do Ministro da Fazenda, publicado no
Diário Oficial da União e divulgado, em janeiro, pelo site do Ministério da Fazenda.

1.7. A tabela atual é a seguinte:

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e


trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de
1º de Janeiro de 2018

Alíquota para fins de recolhimento


Salário-de-contribuição (R$)
ao INSS (%)

Até 1.693,72 8,00

de 1.693,73 até 2.822,90 9,00

de 2.822,91 até 5.645,80 11,00

Portaria Ministerial MF nº 15, de 16 de janeiro de 2018 (DOU 17.01.2018)

1.8. Não se esqueça, porém, de considerar as faixas salariais e as respectivas


alíquotas; por exemplo: se um empregado ganha R$ 8.000,00 por mês, a sua
contribuição previdenciária incidirá sobre o teto do salário-de-contribuição, ou
seja, R$ 5.645,80; em outros termos, a contribuição máxima para o INSS, no
exercício de 2018, é de R$ 621,03.

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Erivan Pereira de Franca

1.9. No campo “DEPÓSITO” consta o valor do FGTS, calculado automaticamente


pelo Sistema; se o valor da remuneração estiver correto, não se preocupe com o
valor do FGTS, pois sempre estará correto (8% da remuneração);

2. Conferidos os lançamentos de todos os terceirizados, na Relação de


Trabalhadores, examine o relatório intitulado Relação de Tomador/Obra – RET
(a empresa está obrigada a entregar esse relatório mensalmente para o
órgão/entidade contratante, por força do Regulamento da Previdência Social) ou,
alternativamente, examine a Relação de Trabalhadores Constantes no Arquivo
SEFIP - Resumo do Fechamento - Tomador de Serviço/Obra; o campo “Nº
ARQUIVO” indica o código da GFIP, gerado eletronicamente pelo Sistema; esse
código é também chamado “NRA”;

3. O código NRA, constante da RET, deve ser igual ao que consta do


Protocolo de Envio de Arquivos – Conectividade Social no campo “Informações
Complementares – NRA”; o documento revela que a GFIP, cujos relatórios foram
apresentados ao órgão/entidade contratante, é a que foi enviada, eletronicamente,
para a Receita Federal do Brasil;

4. Agora, vamos verificar se o recolhimento do INSS foi feito corretamente;


para tanto, examine a Guia da Previdência Social (GPS), verificando se:

 Foi emitida em nome da empresa contratada;

 A competência é a do mês objeto de análise;

 O valor do campo 6 “Valor do INSS” coincide com aquele consignado no


campo “VALOR A RECOLHER – PREVIDÊNCIA SOCIAL” do relatório
intitulado Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher à
Previdência Social e a Outras Entidades e Fundos por FPAS –
EMPRESA; o valor deve coincidir; se houver divergências, peça
esclarecimentos para a contratada e as necessárias retificações, se for o
caso;

 Foi devidamente paga (autenticação bancária);

5. Por fim, vamos verificar se o depósito na conta vinculada individual dos


trabalhadores, no FGTS, foi feito corretamente; para tanto, examine a Guia de
Recolhimento do FGTS (GRF), verificando se:

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Erivan Pereira de Franca

 Foi emitida em nome da empresa contratada;

 A competência é a do mês objeto de análise;

 O valor do campo 15 “Total a Recolher” coincide com aquele consignado no


campo “VALOR A RECOLHER” do relatório intitulado Relação dos
Trabalhadores Constantes no Arquivo SEFIP, Resumo do Fechamento –
EMPRESA FGTS (há um relatório alternativo, que pode ser solicitado,
denominado Relatório Analítico da GRF); o valor deve coincidir; se houver
divergências, peça esclarecimentos para a contratada e as necessárias
retificações, se for o caso;

 Foi devidamente paga (autenticação bancária).

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3.4.1.2. Checklist – fiscalização previdenciária e FGTS

VERIFICAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO PREVIDENCIÁRIA


Os contratos de terceirização envolvem sério risco para a Administração, consistente na possibilidade de
responsabilização pelo pagamento de encargos previdenciários e trabalhistas não adimplidos pela contratada,
relativamente aos seus empregados prestadores dos serviços contratados. Para minimizar a possibilidade de tal
risco, sugere-se a adoção de medidas efetivas de fiscalização, a serem previstas no contrato. Seguem algumas
sugestões. Esclareça-se que, em regra, as ações a seguir sugeridas devem ser realizadas mensalmente. Não
obstante, o contrato pode fixar prazo diverso, ou, até mesmo, fiscalização esporádica, por amostragem.
I – Ações Sugeridas de Fiscalização do Cumprimento das Realizada
Observações
Obrigações Previdenciárias Sim Não
1. Exigir da contratada a apresentação dos documentos
previstos no contrato (observação: integram a GFIP os
relatórios indicados no Anexo)
2. Verificar se a documentação apresentada está completa.
Notificar a contratada em caso de entrega incompleta.
3. Juntar os documentos ao processo de fiscalização
trabalhista e previdenciária
4. Proceder à análise dos documentos ou encaminhá-los para
análise pela unidade competente
5. Juntar o relatório de análise da documentação no processo
de fiscalização e pagamento
6. Notificar a contratada para que apresente documentos
complementares ou preste esclarecimentos quanto às
impropriedades verificadas na documentação
Realizada
I.1 – Análise dos relatórios da GFIP (verificar se...): Observações
Sim Não
7. A GFIP contém os dados da contratada (nome, CNPJ etc.)

8. O tomador é o órgão contratante

9. A competência é a do mês objeto de análise


10. Todos os terceirizados lançados na GFIP prestaram serviços
ao órgão contratante no mês (compare com a relação
mensal ou planilha-resumo)
11. Todos os terceirizados lançados nos relatórios da GFIP
constam da folha de pagamento do mês correspondente
12. O salário de contribuição corresponde à remuneração
consignada na folha de pagamento
13. Os valores retidos em folha de pagamento, a título de
“INSS”, correspondem ao indicado na RE da GFIP
apresentada
14. O código NRA da GFIP é idêntico ao constante do Protocolo
de Envio de Arquivos – Conectividade Social
15. A RE da GFIP referente ao 13º salário (competência 13) foi
apresentada, quando for o caso

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Erivan Pereira de Franca

Realizada
I.2 – Análise Guia da Previdência Social – GPS (verificar se...): Observações
Sim Não
16. A GPS contém os dados da contratada (nome, CNPJ etc.)

17. A competência é idêntica à dos demais relatórios da GFIP


18. Os valores do INSS coincidem com os constantes do
“Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher
à Previdência Social e a Outras Entidades e Fundos por
FPAS – Empresa” ou com o “Relatório Analítico da GPS”
19. A GPS foi paga
20. A GPS referente ao 13º salário (competência 13) foi
apresentada, quando for o caso
I.3 – Análise da Guia de Recolhimento do FGTS – GRF Realizada
Observações
(verificar se...): Sim Não
21. A GRF contém os dados da contratada (nome, CNPJ etc.)

22. A competência é idêntica à dos demais relatórios da GFIP


23. O valor do depósito do FGTS é compatível com o indicado
na “Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo
SEFIP – Resumo do Fechamento – Empresa – FGTS” ou no
“Relatório Analítico da GRF”
24. A GRF foi paga
A análise da documentação trabalhista e previdenciária é realizada ordinariamente pelo fiscal do contrato.
Contudo, pode haver unidade especializada em tal análise. Em todo caso, não se esqueça de incluir cópia do
Relatório de Análise da Documentação Trabalhista e Previdenciária no processo de fiscalização e pagamento do
contrato, além de exigir da contratada as medidas saneadoras que se fizerem necessárias.

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Erivan Pereira de Franca

ANEXO
Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social (GFIP)

O Que é a GFIP?
A sigla GFIP significa Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social, compreendendo o conjunto de informações destinadas
ao FGTS e à Previdência Social.
Para a Previdência Social, a GFIP é o conjunto de informações cadastrais, de fatos
geradores e outros dados de interesse da Previdência e do INSS, que constam do arquivo
NRA.SFP e de outros documentos que devem ser impressos pela empresa após o
fechamento do movimento no SEFIP.
Para o FGTS, a GFIP é o conjunto de informações composto pela Guia de Recolhimento do
FGTS - GRF e pelo arquivo SEFIP. A GRF é gerada e impressa pelo SEFIP após a
transmissão do arquivo NRA.SFP (onde o NRA é o número do respectivo arquivo), pelo
Sistema Conectividade Social. (Manual da GFIP, páginas 7-8)

Que Relatórios da GFIP Devem Solicitados Para Fins de Fiscalização?


Para fins de comprovação de regularidade junto à Previdência Social e ao FGTS, são
documentos que compõem a GFIP/SEFIP, a serem apresentados pelas contratadas:

1. Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo SEFIP – Modalidade “Branco” –


Recolhimento ao FGTS e Declaração à Previdência (somente dos trabalhadores que
prestam serviço ao tomador) – RE;
2. Relação de Tomadores/Obras – RET;
3. Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo SEFIP – Resumo do Fechamento -
Empresa;
4. Resumo das Informações à Previdência Social Constantes no Arquivo SEFIP –
Tomador de Serviços/Obra;
5. Comprovante de Declaração das Contribuições a Recolher à Previdência Social e a
Outras Entidades e Fundos por FPAS – Empresa;
6. Protocolo de Envio de Arquivos, emitido pelo Sistema Conectividade Social;
7. Guia da Previdência Social (GPS), devidamente paga;
8. Guia de Recolhimento do FGTS - GRF, gerada e impressa pelo SEFIP após a
transmissão do arquivo SEFIP, devidamente paga;
9. Relação dos Trabalhadores Constantes do Arquivo SEFIP – Resumo do Fechamento
– Empresa - FGTS .

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Erivan Pereira de Franca

3.4.2. Comprovantes de pagamento da remuneração e de benefícios


suplementares (vale-transporte e auxílio-alimentação)

Comprovantes de pagamento de salários

A fiscalização do contrato deve verificar, mensalmente, o correto pagamento,


pela contratada, dos salários e demais verbas remuneratórias (13º salário,
adicionais etc.) devidos aos terceirizados, mediante cotejo da planilha-resumo com
a folha de pagamento e os contracheques ou comprovantes de depósitos bancários.
Deve, ademais, se certificar de que o salário pago não é inferior salário mínimo, ao
salário normativo (fixado em norma coletiva do trabalho) ou ao informado na
proposta da contratada.

Os documentos comprobatórios e o prazo para pagamento de salários são


definidos na legislação trabalhista:
CLT
Art. 459 ....
§ 1º Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser
efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao
vencido.
[...]
Art. 464 - O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo,
assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua
impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo.
Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em
conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o
consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de
trabalho.

O Tribunal de Contas da União, até o Acórdão 1214/2013 – Plenário,


determinava reiteradamente a fiscalização do cumprimento das obrigações
trabalhistas, mediante o exame mensal de documentos, inclusive podendo
condicionar o pagamento à situação de regularidade.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
1.6.1.3. inclua, nos contratos e em futuros editais para a execução indireta
dos serviços, com fundamento nos arts. 54, § 1º, in fine, e 55, inciso XI, da
Lei nº 8.666/93, as seguintes cláusulas: [...]
1.6.1.3.2. pela qual a empresa contratada se obriga a pagar os salários
lançados em sua proposta, bem como autoriza à contratante fiscalizar
periodicamente o efetivo pagamento dos valores salariais lançados na
proposta contratada, mediante a verificação das folhas de pagamento
referentes aos meses de realização dos serviços, de cópias das carteiras de

97
Erivan Pereira de Franca

trabalho dos empregados, dos recibos e dos respectivos documentos


bancários, entre outros meios de fiscalização cabíveis;
(Acórdão 975/2009 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3.1.3. fiscalize periodicamente o efetivo pagamento dos valores salariais
lançados na proposta contratada, mediante a verificação das folhas de
pagamento referentes aos meses de realização dos serviços, de cópias das
carteiras de trabalho dos empregados, dos recibos e dos respectivos
documentos bancários, entre outros meios de fiscalização cabíveis (...)
(Acórdão 1125/2009 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. determinar [...] sanar as seguintes irregularidades e falhas nos
contratos de terceirização e consultoria e descentralizações orçamentárias:
[...]
9.2.2. pagamento de salários aos empregados das empresas contratadas
em valores menores do que os estabelecidos contratualmente, em
desacordo ao disposto no Acórdão nº 1.233/2008 – Plenário;
(Acórdão 109/2012 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.3.1. estabeleça mecanismos de controle suficientes e adequados para
verificação do efetivo recolhimento pelas empresas dos encargos
trabalhistas e previdenciários (FGTS e INSS) relativos aos pagamentos de
salários dos trabalhadores;
9.2.3.2. verifique a compatibilidade entre os salários efetivamente pagos
pelas contratadas aos trabalhadores [...] e aqueles constantes em
demonstrativo de formação de preço ou planilha com essa finalidade,
vinculados ao instrumento contratual;
9.3. alertar... que o pagamento de salários em nível inferior ao da
proposta oferecida na licitação constitui causa para o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato em favor da Administração, devendo as
medidas cabíveis ser adotadas imediatamente à constatação de que os
salários efetivamente pagos pelas contratadas aos trabalhadores alocados
ao DNIT são inferiores aos consignados nas propostas apresentadas na
licitação, sob pena de responsabilidade solidária dos responsáveis pelos
pagamentos indevidos;
(Acórdão 1233/2008 – Plenário)

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Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Apurou-se, com base na folha de pagamento da empresa líder do
consórcio, que os salários efetivamente pagos aos empregados eram
inferiores aos que constaram da proposta oferecida na licitação, donde se
concluiu que o consórcio contratado estava a auferir, a princípio, lucros
indevidos. Por isso, foi determinado no Acórdão 327/2009-Plenário, que a
Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, à qual fora sub-
rogado o contrato, fizesse retornar aos cofres públicos a diferença entre os
salários pagos pela contratada a seus empregados e os valores constantes
da proposta, contra o que a contratada demonstrou inconformismo, por
meio de pedido de reexame. Ao examinar o recurso, o 2º revisor, ministro
Valmir Campelo, discordando do voto do relator, ministro Ubiratan Aguiar,
entendeu não ser possível a retenção da diferença dos valores declarados
pela contratada em sua proposta e os efetivamente despendidos aos
funcionários. Segundo ele, para que isso ocorresse, seria necessário que o
edital da licitação contivesse cláusula expressa nesse sentido, o que não
houve.
Para o 2º revisor, nessas contratações de serviços de consultoria por
homem/hora, “a identidade entre o valor declarado e o realmente pago é
condição para a garantia da vantajosidade e moralidade dos certames”.
Entretanto, entendeu que uma determinação genérica ao Dnit para que
fizesse constar em seus instrumentos convocatórios, doravante, cláusula
que estipulasse a necessidade da correspondência entre o valor do salário
contratado com o realmente pago à mão de obra nos contratos de
supervisão iria extrapolar as raias do pedido de reexame em discussão. Por
isso, votou por que o Tribunal constituísse grupo de trabalho para se
aprofundar nos assuntos afetos às contratações de engenharia consultiva,
de modo a contribuir para o aprimoramento dos instrumentos
convocatórios, projetos básicos e dos orçamentos desses contratos.
Ao dar provimento ao pedido de reexame, para tornar sem efeito a redação
do item 9.1 do Acórdão 327/2009, do Plenário, o Tribunal determinou
adoção das providências apresentadas pelo 2º revisor, entre elas a
constituição do grupo de trabalho mencionado. Precedentes citados:
Acórdãos n. 2.632/2007, 2.093/2009, 1.244/2010, 3.092/2010, 446/2011,
2.215/2012, todos do Plenário.
(Acórdão 2784/2012 – Plenário; Informativo 127)

3.4.2.1. Roteiro de verificação – pagamento de salários e verbas


remuneratórias

1. Verifique se a folha de pagamento contém a identificação da contratada:


nome e CNPJ; não aceite documento com dados de outra empresa;

2. A folha e pagamento deve indicar o órgão/entidade contratante como


tomador dos serviços; é obrigação legal da empresa elaborar a folha de pagamento

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Erivan Pereira de Franca

por tomador dos serviços; caso não haja indicação do tomador, peça a retificação
da próxima folha;

3. A competência da folha de pagamento deve ser a do mês objeto de análise;

4. Se certifique de que todos os terceirizados constantes da sua planilha-resumo


constem também da folha de pagamento; confira nome por nome, atentando para a
função exercida por cada terceirizado; se houver divergência, peça para a empresa
retificar a folha de pagamento;

5. Verifique se os salários consignados na folha de pagamento estão corretos e


atualizados; os salários não podem ser inferiores: a) ao salário mínimo nacional ou
regional; b) ao salário normativo (fixado em acordo ou convenção coletiva de
trabalho ou sentença normativa); c) ao indicado pela empresa em sua proposta
apresentada na licitação;

6. Confira se os salários foram pagos tempestivamente, ou seja, até o 5º dia útil


do mês subsequente ao trabalhado; a empresa pode adiantar parte do salário
(adiantamento ou “vale”); caso isso ocorra, verifique se o valor adiantado consta
como débito na folha de pagamento e nos contracheques;

7. Para conferir o pagamento tempestivo dos salários você deve cotejar os


seguintes documentos: planilha-resumo > folha de pagamento > contracheques (ou
comprovante de depósito bancário dos salários); atenção para a assinatura e a data
nos contracheques;

8. Quando houver pagamento da primeira ou segunda parcela do 13º salário


(ou parcela única, quando determinado pela norma coletiva de trabalho), verifique
o correto pagamento, com base nos mesmos documentos acima mencionados:
folha de pagamento e contracheques ou comprovantes de depósito bancário;

9. Normalmente o 13º salário é pago em 2 parcelas: a primeira até o dia 30 de


novembro; e a segunda até o dia 20 de dezembro (o registro do total pago no ano a
título de 13º salário é feito em folha de pagamento específica). Os valores das
parcelas são consignados nas respectivas folhas de pagamento - de novembro e a
de dezembro - e consolidados na folha de pagamento do 13º salário; o efetivo
pagamento é comprovado por meio de contracheques ou comprovantes de
depósito bancário;

10. Caso algum terceirizado tenha realizado trabalho extraordinário (hora extra),
anote a quantidade de horas na sua planilha-resumo; cada hora extra é

100
Erivan Pereira de Franca

remunerada com um acréscimo de 50% em relação ao valor da hora normal de


trabalho;

11. Se o terceirizado recebe vale-transporte, a empresa pode descontar a


participação no custeio (6% do salário básico – sem adicionais) diretamente na
folha de pagamento; confira se esse desconto está correto; faça isso por
amostragem;

12. Por fim, verifique, por amostragem, se a contribuição previdenciária retida


em folha de pagamento (INSS) está correta; a contribuição é percentual incidente
sobre o chamado salário-de-contribuição; esses dados são definidos anualmente
por Portaria Interministerial e divulgados, em janeiro, na página da Previdência
Social na internet.

13. A tabela atual é a seguinte:

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e


trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de
1º de Janeiro de 2018

Alíquota para fins de recolhimento


Salário-de-contribuição (R$)
ao INSS (%)

Até 1.693,72 8,00

de 1.693,73 até 2.822,90 9,00

de 2.822,91 até 5.645,80 11,00

Portaria Ministerial MF nº 15, de 16 de janeiro de 2018 (DOU 17.01.2018)

14. Não se esqueça, porém, de considerar as faixas salariais e as respectivas


alíquotas; por exemplo: se um empregado ganha R$ 8.000,00 por mês, a sua
contribuição previdenciária incidirá sobre o teto do salário-de-contribuição, ou
seja, R$ 5.645,80; em outros termos, a contribuição máxima para o INSS, no
exercício de 2018, é de R$ 621,03.

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Erivan Pereira de Franca

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Erivan Pereira de Franca

Comprovantes de pagamento de benefícios (vale-transporte e auxílio-


alimentação)

O vale-transporte foi instituído pela Lei 7.418/85 (regulamentada pelo


Decreto 95.247/87), como um direito do trabalhador, destinado a custear despesas
com transporte no deslocamento de casa para o trabalho.
LEI 7.418/85
Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, (Vetado) que o empregador,
pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização
efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa,
através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou
intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos
urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de
linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente,
excluídos os serviços seletivos e os especiais.

Destina-se, portanto, a cobrir despesas do empregado com deslocamento da


residência para o trabalho (ida e volta).

O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordinário 478.410-


SP decidiu que o vale-transporte dado ao trabalhador, ainda que o seja em
dinheiro, não tem natureza salarial. Por essa razão, é cotado na planilha como
insumo.

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


EMENTA: RECURSO EXTRORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
INCIDÊNCIA. VALE-TRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO
FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE
NORMATIVA.
1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em vale-
transporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do
benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro
sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da
moeda nacional. [...] 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o
valor pago, em dinheiro, a título de vales-transporte, pelo recorrente aos
seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa.
(RE 478410, Tribunal Pleno, DJe 13-05-2010)

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


4. Descabe arguir omissão quanto aos dispositivos constitucionais
reputados violados se o acórdão embargado considera, de forma expressa
e categórica, ofensiva ao princípio da legalidade tributária (CF, art. 150, I)
a interpretação que chancela a incidência de contribuição previdenciária
sobre os valores pagos em pecúnia a título de vale-transporte sem lei
105
Erivan Pereira de Franca

complementar que o permita, notadamente à luz dos art. 195, I, ‘a’ e § 4º,
da CF.
5. A compreensão da fundamentação dos votos da maioria vencedora
revela a necessária restrição dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade do art. 4º da Lei nº 7.418/85 e do art. 5º do Decreto
nº 95.247/87 exclusivamente no que concerne ao domínio tributário, para
afastar a incidência de contribuição previdenciária pelo só pagamento da
verba em dinheiro, mantendo-se hígida, no mais, a sistemática do vale-
transporte para os demais fins, notadamente à luz dos domínios
remanescentes do direito positivo.
(ED no RE 478.410-SP, DJe 6.2.2012)

Quanto à participação do trabalhador no custeio, a Lei o fixa em 6º do


salário básico (art. 4º, parágrafo único, Lei 7.418/85).

LEI 7.418/85
Art. 4º....
[...]
Parágrafo único - O empregador participará dos gastos de deslocamento
do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à parcela que exceder a
6% (seis por cento) de seu salário básico.

DECRETO 95.247/87
Art. 4° Está exonerado da obrigatoriedade do Vale-Transporte o
empregador que proporcionar, por meios próprios ou contratados, em
veículos adequados ao transporte coletivo, o deslocamento, residência-
trabalho e vice-versa, de seus trabalhadores.
Parágrafo único. Caso o empregador forneça ao beneficiário transporte
próprio ou fretado que não cubra integralmente os deslocamentos deste,
o Vale-Transporte deverá ser aplicado para os segmentos da viagem não
abrangidos pelo referido transporte.
[...]
Art. 7° Para o exercício do direito de receber o Vale-Transporte o
empregado informará ao empregador, por escrito:
I - seu endereço residencial;
II - os serviços e meios de transporte mais adequados ao seu
deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
§ 1° A informação de que trata este artigo será atualizada anualmente ou
sempre que ocorrer alteração das circunstâncias mencionadas nos itens I
e II, sob pena de suspensão do benefício até o cumprimento dessa
exigência.
§ 2° O benefício firmará compromisso de utilizar o Vale-Transporte
exclusivamente para seu efetivo deslocamento residência-trabalho e vice-
versa.

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Erivan Pereira de Franca

§ 3° A declaração falsa ou o uso indevido do Vale-Transporte constituem


falta grave.
[...]
Art. 9° O Vale-Transporte será custeado:
I - pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% (seis por cento) de seu
salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou
vantagens;
[...]
Art. 10. O valor da parcela a ser suportada pelo beneficiário será
descontada proporcionalmente à quantidade de Vale-Transporte
concedida para o período a que se refere o salário ou vencimento e por
ocasião de seu pagamento, salvo estipulação em contrário, em convenção
ou acordo coletivo de trabalho, que favoreça o beneficiário.
Art. 11. No caso em que a despesa com o deslocamento do beneficiário
for inferior a 6% (seis por cento) do salário básico ou vencimento, o
empregado poderá optar pelo recebimento antecipado do Vale-
Transporte, cujo valor será integralmente descontado por ocasião do
pagamento do respectivo salário ou vencimento.

Quanto à alimentação, não há lei no país que obrigue o empregador a


concedê-la aos seus empregados.

Segundo o art. 458 da CLT, a alimentação fornecida habitualmente ao


empregado, pelo empregador, por força do contrato ou do costume, integra o
salário. Trata-se de parcela denominada salário-utilidade ou in natura.

Entretanto, a nova redação dada ao § 2º do art. 457 da CLT pela Lei


13.467/2017, além de estabelecer que o auxílio-alimentação tem natureza
indenizatória, veda o seu pagamento em dinheiro.
CLT
Art. 457 - ....
[...]
§2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias
para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do
empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem
base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
[...]
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário,
para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras
prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do
costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será
permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.

107
Erivan Pereira de Franca

O TST, por meio da Súmula 241 ainda mantém o entendimento de que a


alimentação fornecida em virtude do contrato de trabalho tem natureza salarial.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Súmula 241
O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem
caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os
efeitos legais.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Orientação Jurisprudencial 413, SDI-1
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. ALTERAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA. NORMA
COLETIVA OU ADESÃO AO PAT. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012)
A pactuação em norma coletiva conferindo caráter indenizatório à verba
“auxílio-alimentação” ou a adesão posterior do empregador ao Programa
de Alimentação do Trabalhador — PAT — não altera a natureza salarial da
parcela, instituída anteriormente, para aqueles empregados que,
habitualmente, já percebiam o benefício, a teor das Súmulas nº 51, I, e 241
do TST.

Caso a empresa adira ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT),


instituído pela Lei 6.321/76 (regulamentado pelo Decreto 5/91), então se obriga a
fornecer a alimentação aos seus empregados.
LEI 6.321/76
Art. 1º As pessoas jurídicas poderão deduzir, do lucro tributável para fins
do imposto sobre a renda o dobro das despesas comprovadamente
realizadas no período base, em programas de alimentação do
trabalhador, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho na
forma em que dispuser o Regulamento desta Lei.
[...]
Art. 3º Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura,
pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério
do Trabalho.

DECRETO 5/91
Art. 4º Para a execução dos programas de alimentação do trabalhador, a
pessoa jurídica beneficiária pode manter serviço próprio de refeições,
distribuir alimentos e firmar convênio com entidades fornecedoras de
alimentação coletiva, sociedades civis, sociedades comerciais e
sociedades cooperativas.
[...]
Art. 6° Nos Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT), previamente
aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, a parcela

108
Erivan Pereira de Franca

paga in-natura pela empresa não tem natureza salarial, não se incorpora à
remuneração para quaisquer efeitos, não constitui base de incidência de
contribuição previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
e nem se configura como rendimento tributável do trabalhador.

O PAT foi instituído pela Lei 6.321/76 e é gerenciado pelo Ministério do


Trabalho e Emprego (MTE), que expede as regulamentações pertinentes (vide
Portaria n.º 3, de 1º de março de 2002).

Para que a empresa possa fornecer alimentação no âmbito do PAT é


necessária a inscrição no Programa, junto à Secretaria de Inspeção do Trabalho
do MTE, que pode ser feita, inclusive, por meio eletrônico.

Conforme o art. 3º da Lei 6.321/76, os valores desembolsados pelo


empregador, a título de alimentação no âmbito do PAT, não têm natureza salarial.
Assim tem entendido o TST:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Orientação Jurisprudencial 133, SDI-1
A ajuda financeira fornecida por empresa participante do programa de
alimentação ao trabalhador, instituído pela Lei nº 6.321/76, não tem
caráter salarial. Portanto, não integra o salário para nenhum efeito legal.

Várias são as formas de fornecer o benefício aos trabalhadores: serviço


próprio de alimentação preparada pelo próprio empregador, ou cesta de
alimentos; fornecimento de alimentação coletiva, por terceiro contratado para 1)
administrar o refeitório da empresa ou 2) cozinha industrial onde sejam
preparadas as refeições ou 3) produzir e entregar cesta de alimentos.

Entretanto, a forma mais usual nos dias de hoje é o fornecimento de auxílio-


alimentação ao trabalhador por empresa que opere “sistema de documentos de
legitimação” (tíquetes, vales, cupons, cheques, cartões eletrônicos), nas
modalidades “refeição” (para uso em restaurantes) ou “alimentação” (para uso em
supermercados) – vide art. 4º do Decreto 5/91 e Portaria SIT/DSST 3/2002.

Quanto ao valor do auxílio-alimentação (“refeição” ou “alimentação”), as


normas de regência se limitam a declarar que o “valor do benefício concedido
através de documento de legitimação deve ser suficiente para atender às exigências
nutricionais fixadas na legislação do PAT, tanto no sistema de refeição-convênio,
como no de alimentação-convênio, considerando-se, nesse último caso, as
necessidades mensais.”

109
Erivan Pereira de Franca

Ou seja, não há determinação de valor para o benefício. Por tal razão, é


comum que seja fixado em negociação coletiva do trabalho.

O auxílio-alimentação é fornecido por dia trabalhado, podendo ser


descontado do empregado valor correspondente a até 20% do custo direto da
alimentação. Ressalve-se que é comum a isenção da contribuição do empregado,
concedida por norma coletiva de trabalho.

3.4.2.2. Roteiro de verificação – vale-transporte e auxílio-alimentação

1. Caso o vale transporte seja pago em dinheiro, o fiscal deve solicitar à


contratada relação nominal, assinada pelos terceirizados, contendo os seguintes
dados, que deverão ser objeto de conferência:

 nome e assinatura de cada terceirizado; confira com base na sua planilha-


resumo;

 valores unitário e total do vale transporte; essa conferência é feita


considerando o endereço dos terceirizados, que você deverá registrar na
planilha-resumo; se houver discrepâncias evidentes, peça
esclarecimentos da contratada;

 data de pagamento do vale transporte e período de fruição do benefício;

 data de pagamento do vale transporte e período de fruição do benefício;

2. Se o vale transporte for pago em folha de pagamento, confira a folha para se


certificar do correto lançamento; o efetivo pagamento é comprovado por
contracheque ou comprovante de depósito bancário;

3. Se os benefícios são entregues mediante cartão eletrônico, exija a


apresentação do extrato fornecido pela administradora do cartão; verifique se cada
terceirizado constante da planilha-resumo consta do extrato, se os valores dos
benefícios estão corretos e se o crédito foi de fato efetivado/liberado;

4. Confira os valores unitário e total do auxílio-alimentação; o valor é


encontrado na planilha de custos e formação de preços apresentada com a
proposta da contratada, devidamente atualizada pelas repactuações subsequentes
à contratação.

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3.4.3. Procedimentos a serem adotados pela fiscalização em caso de


irregularidades
IN 05/2017
ANEXO VIII-B – DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
6. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento das contribuições
previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de serviços com regime
de dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar à Receita Federal do
Brasil (RFB).
7. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento da contribuição
para o FGTS, os fiscais ou gestores de contratos de serviços com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar ao Ministério do
Trabalho.
8. O descumprimento das obrigações trabalhistas ou a não manutenção
das condições de habilitação pelo contratado poderá dar ensejo à rescisão
contratual, sem prejuízo das demais sanções.
8.1. A Administração poderá conceder um prazo para que a contratada
regularize suas obrigações trabalhistas ou suas condições de habilitação,
sob pena de rescisão contratual, quando não identificar má-fé ou a
incapacidade da empresa de corrigir.

3.5. Documentos a serem apresentados quando da extinção do


contrato administrativo

3.5.1. Documentação demissional dos terceirizados


IN 05/2017
ANEXO VIII-B – DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
2. Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais,
nas contratações com dedicação exclusiva dos trabalhadores da contratada
exigir-se-á, dentre outras, as seguintes comprovações:
2.1. No caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT):
[...]
d) entrega de cópia da documentação abaixo relacionada, quando da
extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação dos
serviços, no prazo definido no contrato:
d.1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível pelo
sindicato da categoria;
d.2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
referentes às rescisões contratuais;

113
Erivan Pereira de Franca

d.3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas individuais do


FGTS de cada empregado dispensado;
d.4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados.

A fiscalização deve exigir da contratada a apresentação da seguinte


documentação, a fim de verificar a regularidade das demissões de pessoal:

 notificação de aviso prévio – ou da indenização – ao empregado demitido


(art. 487, CLT), com observância da concessão do aviso prévio
proporcionalmente ao tempo de serviço (Lei 12.506/2011)

 CTPS devidamente anotada (art. 29, § 2º, c, CLT)

 Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT);

 guia de recolhimento do FGTS incidente sobre as verbas rescisórias (GRRF


– Circular CAIXA 669/2014), em caso de despedida sem justa causa. As
informações devem ser prestadas por meio do SEFIP e transmitidas
eletronicamente (Circular CAIXA 413/2007); o recolhimento da
contribuição previdenciária é feito normalmente por meio do SEFIP;

 exame médico demissional, se necessário (art. 168, II, CLT; NR-07,


Portaria MTE 3.214/78).

A quitação das verbas rescisórias é comprovada por documento específico,


denominado Termo de Quitação da Rescisão do Contrato de Trabalho.

3.5.1.1. Roteiro de verificação

1. A rescisão do contrato de trabalho tem que ser previamente comunicada pela


parte que deseja por fim à relação, mediante notificação prévia, com antecedência
de no mínimo 30 dias, denominada “aviso prévio”; se a notificação é para
comunicação de rescisão imediata do contrato, é considerada “sem aviso prévio”;

2. A notificação pode ser dada pelo empregado (pedido de demissão), com ou


sem aviso prévio;

3. A notificação pode ser dada pelo empregador/empresa apontando a causa da


rescisão (demissão motivada) ou não (demissão sem justo motivo);

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Erivan Pereira de Franca

4. Em regra, a notificação da rescisão do contrato de trabalho deve ser dada


mediante aviso prévio de no mínimo 30 dias, observando o direito do trabalhador
ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço (Lei 12.506/2011); o período
entre a comunicação e o efetivo desligamento chama-se “aviso prévio”; durante
esse período o trabalhador continuará prestando os serviços, porém terá reduzida
sua jornada diária de trabalho em 2 horas;

5. Por outro lado, se a demissão for imediata, sem cumprimento do aviso prévio,
o empregado terá direito ao salário correspondente ao período correspondente ao
do aviso prévio não concedido (aviso prévio indenizado, considerada a Lei
12.506/2011); se a iniciativa da rescisão for do empregado, para desligamento
imediato, sem cumprimento de aviso prévio, a empresa terá direito de descontar
das verbas rescisórias o equivalente a 1 mês de salário;

6. Recomenda-se que o fiscal do contrato combine com o preposto que


apresente cópia da notificação de aviso prévio ou da comunicação de desligamento
imediato; deve, de posse do documento, lançar as informações pertinentes na
Planilha-resumo;

7. Como saber a data da notificação de aviso prévio se o documento não foi


apresentado? No caso, basta examinar o campo 25 do Termo de Rescisão do
Contrato de Trabalho (TRCT); ali estará consignada a data do aviso prévio; se o
aviso prévio não foi concedido pela empresa, a indenização é paga e registrada no
campo 69 do TRCT; se o empregado pediu demissão e não concedeu aviso prévio à
empresa, esta descontará das verbas rescisórias o valor correspondente e
registrará o débito no campo 103 do TRCT;

8. O primeiro documento a analisar é a CTPS; verifique se foi devidamente


anotada a data de desligamento do empregado no campo “data saída”; a data ali
anotada é a data da rescisão do contrato de trabalho; mas, atenção, essa data tem
que coincidir com aquela consignada no documento que formaliza a rescisão –
Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT); havendo divergência,
prevalece a data consignada no TRCT; a CTPS pode, posteriormente, ser retificada
sem qualquer dificuldade;

9. Em seguida, examine o Atestado Médico Demissional; verifique se o nome e a


função do terceirizado estão corretos;

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Erivan Pereira de Franca

10. O principal documento a analisar é o TRCT, que deve ser assinado pelas
partes. O TRCT é um formulário cujos campos são numerados; os principais
campos a serem conferidos são os seguintes:

 11 = nome do terceirizado;

 22 = causa do afastamento;

 23 = remuneração mês anteriores ao afastamento;

 24 = data de admissão;

 25 = data do aviso prévio;

 26 = data do afastamento (anote este dado na sua planilha-resumo);

 50 = saldo de salário (verifique os dias trabalhados no mês da rescisão e o


salário correspondente);

 63 = 13º salário (proporcional aos meses trabalhados no ano da rescisão);

 65 = férias (proporcional aos meses trabalhados no ano da rescisão);

 68 = 1/3 constitucional de férias;

 69 = aviso prévio indenizado;

 70 = 13º salário sobre o aviso prévio indenizado;

 71 = férias sobre o aviso prévio indenizado;

 101 e 102 = débito de salários pagos adiantados;

 103 = débito por aviso prévio indenizado (ou seja, não concedido pelo
empregado);

 112 = INSS;

11. Em caso de demissão do empregado SEM JUSTA CAUSA, exija a apresentação


da Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS (GRRF), acompanhada do
Demonstrativo do Trabalhador de Recolhimento FGTS Rescisório; verifique se a
GRRF foi paga; confira os dados do trabalhador; as informações financeiras são
assim conferidas;

 A linha “remuneração/saldo”, coluna “mês rescisão” indica o saldo de


salário devido no mês da rescisão;

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 A linha “remuneração/saldo”, coluna “aviso prévio indenizado” indica o


valor do aviso prévio indenizado, caso devido;

 A linha “remuneração/saldo”, coluna “multa rescisória” indica o saldo da


conta vinculada individual do trabalhador no FGTS; é o valor total dos
depósitos que foram efetuados pela empresa durante a relação de
emprego;

 A linha “depósito”, coluna “mês rescisão” consigna o depósito do FGTS


incidente sobre o saldo de salário pago por ocasião da rescisão;

 A linha “depósito”, coluna “aviso prévio indenizado” consigna o depósito


do FGTS incidente sobre o aviso prévio indenizado;

 A linha “depósito”, coluna “multa rescisória” consigna o valor da multa


pela rescisão sem justa causa, correspondente a 40% do valor do saldo da
conta vinculada individual;

12. A partir da competência seguinte à da demissão, o empregado deixará de


constar da folha de pagamento e da GFIP específicas do tomador contratante; não
se esqueça de anotar a data de demissão na sua planilha-resumo e incluir os dados
do terceirizado que o substituir.

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3.6. Disposições obrigatórias, determinadas pela Portaria MP n.º


409/2016. Qual norma observar?
PORTARIA-MP n.º 409/2016
Art. 2º ....
[...]
§ 2º É obrigatório que os instrumentos convocatórios e os contratos
mencionados no caput contenham cláusulas que:
[...]
III - estabeleçam a possibilidade de rescisão do contrato por ato unilateral e
escrito do contratante e a aplicação das penalidades cabíveis, em caso de
não pagamento dos salários e demais verbas trabalhistas, bem como pelo
não recolhimento das contribuições sociais, previdenciárias e para com o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
IV - prevejam, com vistas à garantia do cumprimento das obrigações
trabalhistas nas contratações de serviços continuados com dedicação
exclusiva de mão de obra:
a) que os valores destinados para o pagamento de férias, décimo terceiro
salário, ausências legais e verbas rescisórias aos trabalhadores serão
efetuados pela contratante à contratada somente na ocorrência do fato
gerador; ou
b) que os valores para o pagamento das férias, décimo terceiro salário e
verbas rescisórias aos trabalhadores da contratada serão depositados pela
Administração em conta vinculada específica, aberta em nome da
contratada, com movimentação somente por ordem da contratante.
V - exijam a prestação de garantia, inclusive para pagamento de obrigações
de natureza trabalhista, previdenciária e para com o FGTS, em valor
correspondente a cinco por cento do valor do contrato, limitada ao
equivalente a dois meses do custo da folha de pagamento dos empregados
da contratada que venham a participar da execução dos serviços
contratados, com prazo de validade de até noventa dias após o
encerramento do contrato; e
VI - prevejam a verificação da comprovação mensal, pela contratante, do
cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para com o
FGTS, em relação aos empregados da contratada que efetivamente
participarem da execução dos serviços contratados, em especial, quanto:
a) ao pagamento de salários, adicionais, horas extras, repouso semanal
remunerado e décimo terceiro salário;
b) à concessão de férias remuneradas e pagamento do respectivo adicional;
c) à concessão do auxílio-transporte, auxílio-alimentação e auxílio-saúde,
quando for devido;
d) aos depósitos do FGTS; e

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Erivan Pereira de Franca

e) ao pagamento de obrigações trabalhistas e previdenciárias dos


empregados dispensados até a data da extinção do contrato.
§ 3º Caso não seja apresentada a documentação comprobatória do
cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para com o
FGTS de que trata o inciso VI do § 2º, a contratante comunicará o fato à
contratada e reterá o pagamento da fatura mensal, em valor proporcional
ao inadimplemento, até que a situação seja regularizada.
§ 4º Na hipótese prevista no § 3º, e em não havendo quitação das
obrigações por parte da contratada no prazo de quinze dias, a contratante
poderá efetuar o pagamento das obrigações diretamente aos empregados
da contratada que tenham participado da execução dos serviços objeto do
contrato.
§ 5º O sindicato representante da categoria do trabalhador deverá ser
notificado pela contratante para acompanhar o pagamento das verbas a
que se referem os §§ 3º e 4º deste artigo.

Os procedimentos em parte contrastantes, da IN n.º 5/2017 e da Portaria MP


n.º 409/2016, podem causar perplexidade aos gestores dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema de Serviços Gerais (SISG), gerando dúvida sobre qual
norma, afinal de contas, devem adotar no planejamento, gestão e fiscalização dos
contratos de terceirização, notadamente quanto aos procedimentos de fiscalização
administrativa.

Parece-nos não haver dúvida de que, ante o conflito entre as duas normas, há
de prevalecer a Portaria baixada pelo Ministro do Planejamento, Desenvolvimento
e Gestão (MP), em detrimento da Instrução Normativa expedida por subordinado
seu, no caso, o Secretário de Gestão daquele Ministério.

O Ministro do Planejamento é a autoridade máxima do SISG, como se


depreende do exame das normas de regência. De fato, o § 2º do art. 30 do Decreto-
Lei n.º 200/67 determinou a estruturação, por Decreto, do mencionado Sistema.

A instituição do SISG veio a ocorrer somente com a edição do Decreto n.º


1.094, de 23 de março de 1994, que, no artigos 2º, inciso I, 4º e 5º, inciso I, letra
“b”, situa o atual MP como órgão central, dotado de competência normativa, ao
qual se sujeitam, quanto à observância das normas pertinentes à contratação de
serviços, os demais órgãos e entidades do Sistema.

Não há qualquer controvérsia, por óbvio, quanto ao fato de o Ministro do MP


ser a autoridade máxima daquele órgão, ao qual se sujeita a autoridade que editou
a IN n.º 5/2017, no caso, o Secretário de Gestão.

126
Erivan Pereira de Franca

Portanto, é fora de dúvida de que a Portaria baixada pelo Ministro –


autoridade máxima do órgão central do SISG – tem precedência sobre norma
emanada de servidor ocupante de função hierarquicamente inferior. Entender de
modo diverso seria subverter por completo o princípio da hierarquia, que norteia o
serviço civil no âmbito da União Federal, como sugere o art. 116, inciso IV, da Lei
n.º 8.112/90.

Assim, concluímos que, em caso de conflito entre as disposições da IN n.º


5/2017 e as da Portaria MP n.º 409/2016, esta última é a norma que deverá
prevalecer e ser cogentemente observada pelos órgãos e entidades integrantes do
Sistema de Serviços Gerais.

3.7. A fiscalização diária do contrato de prestação de serviços

3.7.1. Evitar situações que caracterizem pessoalidade e subordinação

No dia-a-dia da execução contratual, é possível cometer-se o equívoco de


tratar algumas questões diretamente com os terceirizados, ao invés de fazê-lo por
intermédio do preposto, que é o legítimo representante do contratado para essa
finalidade, a fim de evitar qualquer espécie de subordinação, o que é vedado pelo
Decreto n.º 2.271/97.

DECRETO 2.271/97
Art. 4º É vedada a inclusão de disposições nos instrumentos contratuais
que permitam:
IV – subordinação dos empregados da contratada à administração da
contratante.

IN 05/2017
Art. 4º [...]
§ 1º. A prestação de serviços de que trata esta Instrução Normativa não
gera vínculo empregatício entre os empregados da contratada e a
Administração, vedando-se qualquer relação entre estes que caracterize
pessoalidade e subordinação direta.

Em regra, todas as providências relativas à execução dos serviços


contratados devem ser levadas ao conhecimento do preposto e não diretamente
aos executores, empregados do contratado, como bem recomenda a IN 05/2017.

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Erivan Pereira de Franca

IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10.3. Fiscalização diária
a) Devem ser evitadas ordens diretas da Administração dirigidas aos
terceirizados. As solicitações de serviços devem ser dirigidas ao preposto da
empresa. Da mesma forma, eventuais reclamações ou cobranças
relacionadas aos empregados terceirizados devem ser dirigidas ao
preposto.
b) Toda e qualquer alteração na forma de prestação do serviço, como a
negociação de folgas ou a compensação de jornada, deve ser evitada, uma
vez que essa conduta é exclusiva do empregador.

Entretanto, em alguns casos, parece ser inevitável que as ordens sejam


diretas, como na contratação de serviços de recepção, secretariado, copeiragem,
enfim, atividades de apoio administrativo. Nessa hipótese, o contrato deverá
descrever as atividades de cada função, conforme a própria IN 05/2017admite.
IN 05/2017
Art. 8º Poderá ser admitida a contratação de serviço de apoio
administrativo, considerando o disposto no inciso IV do art. 9º desta
Instrução Normativa, com a descrição no contrato de prestação de serviços
para cada função específica das tarefas principais e essenciais a serem
executadas, admitindo-se pela Administração, em relação à pessoa
encarregada da função, a notificação direta para a execução das tarefas.
[...]
Art. 5º É vedado à Administração ou aos seus servidores praticar atos de
ingerência na administração da contratada, a exemplo de:
[...]
I - possibilitar ou dar causa a atos de subordinação, vinculação
hierárquica, prestação de contas, aplicação de sanção e supervisão direta
sobre os empregados da contratada;
II - exercer o poder de mando sobre os empregados da contratada,
devendo reportar-se somente aos prepostos ou responsáveis por ela
indicados, exceto quando o objeto da contratação previr a notificação
direta para a execução das tarefas previamente descritas no contrato de
prestação de serviços para a função específica, tais como nos serviços de
recepção, apoio administrativo ou ao usuário ;

Contudo, ainda que admitidas ordens diretas, é vedado ao fiscal ou a


qualquer servidor determinar, diretamente aos empregados do contratado,
alterações no modo de execução dos serviços.

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Erivan Pereira de Franca

Os dispositivos da IN 05/2017 acima mencionados, que admitem a


contratação de atividade de apoio administrativo, são criticados por inovarem na
ordem jurídica, na medida em que autorizam a contratação de pessoal sem
concurso público. Se houver subordinação, a terceirização será vedada. Esse é o
entendimento estritamente legalista.

Mas, reconhecemos, a prática revela que há muitos contratos de prestação de


serviços terceirizados em que a condução dos serviços não é feita pela empresa,
mas pelos servidores públicos, que dão as ordens diretamente ao pessoal
terceirizado. Nesse tipo de contratação, a empresa contratada limita-se a
“fornecer” o pessoal. A Administração se utiliza dessa mão de obra como bem lhe
aprouver, o que, à toda evidência, é ilegal e inconstitucional.

A utilização do contrato administrativo como mero mecanismo substitutivo


da contratação de pessoal afronta a Constituição Federal, que estabelece como
regra o concurso público.

Por tais razões é que, nos contratos de terceirização, a figura do preposto é


essencial para evitar a subordinação direta do pessoal terceirizado aos
servidores da Administração contratante. Para tanto, as solicitações do fiscal
devem ser dirigidas ao preposto.

Em regra, os comandos relativos à execução dos serviços são dados ao


preposto da contratada, para o fiel cumprimento das cláusulas acordadas. O fiscal
do contrato não deve dar ordens diretas aos prestadores de serviço, de modo a
evitar, de qualquer maneira, a subordinação do pessoal prestador dos serviços.

Daí porque todas as providências relativas à execução dos serviços


contratados devem ser levadas ao conhecimento do preposto e não diretamente
aos executores, empregados da contratada.

Em todo caso, terá que haver a figura do preposto, com quem o fiscal da
Administração fará toda a interlocução necessária para o fiel cumprimento do
contrato. Não se admite que esse tipo de interação se dê diretamente com os
prestadores de serviço.
IN 05/2017
Art. 44. O preposto da empresa deve ser formalmente designado pela
contratada antes do início da prestação dos serviços, em cujo instrumento
deverá constar expressamente os poderes e deveres em relação à execução
do objeto.
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Erivan Pereira de Franca

§ 1º A indicação ou a manutenção do preposto da empresa poderá ser


recusada pelo órgão ou entidade, desde que devidamente justificada,
devendo a empresa designar outro para o exercício da atividade.
§ 2º As comunicações entre o órgão ou entidade e a contratada devem ser
realizadas por escrito sempre que o ato exigir tal formalidade, admitindo-
se, excepcionalmente, o uso de mensagem eletrônica para esse fim.
§ 3º O órgão ou entidade poderá convocar o preposto para adoção de
providências que devam ser cumpridas de imediato.
§ 4º A depender da natureza dos serviços, poderá ser exigida a
manutenção do preposto da empresa no local da execução do objeto,
bem como pode ser estabelecido sistema de escala semanal ou mensal.

Confira os arestos a seguir do TCU sobre esse ponto, notadamente a


relevância da figura do preposto em contratos de terceirização.
JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
9. Não é demais lembrar, também, a orientação contida na Súmula TST nº
331, segundo a qual o reconhecimento da terceirização legítima, que
alcança apenas os serviços ligados à atividade-meio do tomador, depende
da inexistência de relação de pessoalidade e subordinação direta entre
empregados terceirizados e agentes públicos.
(Acórdão 847/2013 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.21. em atenção ao disposto no art. 68 da Lei 8.666/1993 c/c inciso IV do
art. 4º do Decreto 2.271/1997, exija das empresas contratadas a
designação formal de preposto a ser mantido no local dos serviços, para
representá-la durante a execução contratual, efetivamente intermediando
as solicitações entre o contratante e os funcionários terceirizados, por meio
de instrumento específico, a exemplo das ordens de serviço, de modo a
não caracterizar subordinação direta dos profissionais da contratada ao
Ministério do Esporte, bem como adote providências para aceite do
indicado e sua efetiva atuação no local onde os serviços são prestados;
(Acórdão 1597/2010 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
6. Tais argumentos [apresentados pelo gestor responsável] não merecem
acolhimento, já que:
[...]

130
Erivan Pereira de Franca

b) ficou comprovada a existência de pessoalidade e de subordinação


direta dos contratados, bem como de outros elementos caracterizadores
da interposição de mão de obra, como a ausência de preposto, a expedição
de regras diretamente a funcionários da contratada e a remuneração desta
última pela mera disponibilidade de funcionários à contratante, o que
caracteriza infração ao enunciado 331 do Tribunal Superior Trabalho.
(Acórdão 3894/2011 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
1.5.1. Alertar o Tribunal Regional Federal da 5ª Região de que a contratação
de empresas com disponibilização de mão de obra para prestar serviços nas
dependências do próprio órgão, sob a sua gerência, exercendo o poder
hierárquico e disciplinar sobre os empregados da empresa contratada, ao
invés de contratar serviços predeterminados e quantificados, em função da
demanda, caracteriza contratação indireta de pessoal, com infringência ao
inciso II do art. 37 da Constituição Federal.
(Acórdão 4452/2010 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.21. em atenção ao disposto no art. 68 da Lei 8.666/1993 c/c inciso IV do
art. 4º do Decreto 2.271/1997, exija das empresas contratadas a
designação formal de preposto a ser mantido no local dos serviços, para
representá-la durante a execução contratual, efetivamente intermediando
as solicitações entre o contratante e os funcionários terceirizados, por
meio de instrumento específico, a exemplo das ordens de serviço, de modo
a não caracterizar subordinação direta dos profissionais da contratada ao
Ministério do Esporte, bem como adote providências para aceite do
indicado e sua efetiva atuação no local onde os serviços são prestados;
(Acórdão 1597/2010 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.4.15. em atenção ao disposto nos arts. 63 da Lei nº .666/1993 e 4º, IV, do
Decreto nº 2.271/1997, exija das empresas contratadas a designação
formal de preposto a ser mantido no local dos serviços, para representá-las
durante a execução dos serviços objeto dos contratos e intermediar as
solicitações do contratante no que concerne aos terceirizados. Referido
preposto deverá ser designado por meio de instrumento específico a
exemplo das ordens de serviço, de modo a não caracterizar subordinação
direta dos profissionais da contratada ao Ministério da Educação e
posterior interposição de mão de obra, forma de terceirização considerada
ilegal pelo Tribunal Superior do Trabalho;
(Acórdão 669/2008 – Plenário)

131
Erivan Pereira de Franca

Acórdãos do TCU no mesmo sentido: Acórdão 8327/2012 – Segunda


Câmara; Acórdão 2612/2011 – Plenário; Acórdão 3894/2011 – Segunda Câmara;
Acórdão 2132/2010 – Plenário; Acórdão 3961/2010 – Primeira Câmara; Acórdão
3792/2010 – Primeira Câmara; Acórdão 6434/2009 – Segunda Câmara; Acórdão
2353/2009 – Plenário; Acórdão 346/2009 – Segunda Câmara; Acórdão 2720/2008
– Plenário; Acórdão 669/2008 – Plenário; Acórdão 486/2007 – Plenário; Acórdão
593/2005 – Primeira Câmara; Acórdão 1815/2003 – Plenário.

3.7.2. Evitar desvios de função dos terceirizados

Na fiscalização cotidiana, vale dizer, durante toda a vida do contrato,


mediante verificações esporádicas, o fiscal deve se certificar de que os
terceirizados executem apenas os serviços previstos no contrato. Não é admissível
que qualquer servidor da Administração exija ou solicite dos terceirizados a
execução de tarefas estranhas ao objeto do contrato. Essa prática é vedada,
corretamente, pela IN 05/2017.
IN 05/2017
Art. 5º É vedado à Administração ou aos seus servidores praticar atos de
ingerência na administração da contratada, a exemplo de:
[...]
IV - promover ou aceitar o desvio de funções dos trabalhadores da
contratada, mediante a utilização destes em atividades distintas daquelas
previstas no objeto da contratação e em relação à função específica para a
qual o trabalhador foi contratado; e

Ademais, há Instrução Normativa do Ministério do Trabalho e Emprego sobre


terceirização de serviços, aplicável tanto às empresas privadas quanto à
Administração Pública, que proíbe a manutenção de trabalhador terceirizado em
atividade diversa daquela para a qual fora contratado.
IN MTE 3/1997
Art. 3º …………
[…]
§ 2º. A contratante não pode manter trabalhador em atividade diversa
daquela para a qual o mesmo fora contratado pela empresa de prestação
de serviços a terceiros

À vista das normas mencionadas, às quais devemos, sem dúvida, obediência –


porque espelham os princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade,
que norteiam a atividade administrativa – nem o fiscal nem qualquer servidor do

132
Erivan Pereira de Franca

órgão ou entidade contratante está autorizado a solicitar aos terceirizados a


prestação de serviços em desvio de função.

Alguns exemplos dessa prática abominável: pedir aos terceirizados que


façam pequenos “favores” pessoais, como ir ao banco pagar contas de autoridades
e servidores; ordenar aos terceirizados a realização de qualquer tarefa que não
diga respeito ao contrato administrativo; atribuir ao mensageiro tarefa de
recepcionistas e vice-versa; fazer do vigilante ou do motorista um auxiliar
doméstico; enfim, qualquer tarefa que não esteja prevista no contrato não deve ser
solicitada à empresa ou aos seus empregados. Essa prática é condenada pelo TCU,
como podemos extrair da leitura dos seguintes arestos:

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.2.6. abstenha-se de atribuir a execução de atividades inerentes a
servidores públicos a profissionais terceirizados, conforme determina o art.
1º, § 2º, do Decreto 2.271/97;
(Acórdão 604/2009 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. [...] recomendar ao Instituto Nacional do Seguro Social que reformule a
descrição dos serviços prestados pela Central 135 e o material adotado
para treinamento dos teleatendentes, de forma a excluir a atividade de
“orientar os usuários”, e, com isso, eliminar o risco de atribuir a
teleatendentes terceirizados atividades exclusivas de cargos pertencentes
ao quadro próprio de servidores da autarquia,conforme determinam o art.
1º do Decreto nº 2.271/1997 e o art. 9º, inciso I, da Instrução Normativa
MP nº 2, de 30/4//2008 (subitem 3.2 do relatório de auditoria);
(Acórdão 105/2012 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU,
determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT) que adote as providências cabíveis, informando-as ao Tribunal, no
prazo de 60 (sessenta) dias, para sanar as seguintes irregularidades e
falhas nos contratos de terceirização e consultoria e descentralizações
orçamentárias:
9.2.1. desvio de funcionários das atividades objeto dos contratos e
descentralizações a que estão vinculados;
(Acórdão 109/2012 – Plenário)

133
Erivan Pereira de Franca

 Desvio de função: práticas a evitar, com vistas a reduzir riscos para a


Administração:
• Realização de favores pessoais

• Pedir a realização de tarefas não contempladas no objeto do contrato

• Pedir que um terceirizado realize atividade de outro cuja função é


distinta

• Pedir que terceirizado realize atividade de servidor

Quais são as consequências dos desvios de função? A mais danosa é a


possibilidade de indenizar o trabalhador, ao pedir equiparação salarial na Justiça
do Trabalho. No caso, o reclamante indicará o paradigma (cargo cujas funções
executava de fato) e pedirá o salário deste, com todos os reflexos possíveis. Caso a
empregadora não tenha bens para pagar a condenação, o ente público o fará, pois
terá sido quem se beneficiou do desvio de função. Como vimos, esse entendimento
está pacificado no âmbito do TST.
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
OJ-383-SDI-1
TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E
DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, "A", DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974.
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa
interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração
Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos
empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e
normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços,
desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12,
"a", da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.

JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


ISONOMIA - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO TERCEIRIZADO - EMPREGADOS DO
QUADRO FUNCIONAL DA TOMADORA - ADMISSIBILIDADE DO
TRATAMENTO IGUALITÁRIO NA ORIGEM - RECURSO EXTRAORDINÁRIO -
REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA.
Possui repercussão geral a controvérsia acerca da possibilidade de se
reconhecer aos empregados terceirizados os mesmos direitos conferidos
aos trabalhadores contratados pela tomadora dos serviços e vinculados à
Administração Pública, a teor do princípio da isonomia e da proibição

134
Erivan Pereira de Franca

preceituada no artigo 7º, inciso XXXII, da Carta Maior, no que tange à


distinção laborativa.
(RE 635546, DJe 03-05-2011)

3.7.3. Consequências das ausências dos terceirizados


IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10.3. Fiscalização diária
[...]
c) Conferir por amostragem, diariamente, os empregados terceirizados que
estão prestando serviços e em quais funções, e se estão cumprindo a
jornada de trabalho.

O fiscal/gestor do contrato de terceirização deve estabelecer rotinas e


controles de verificação da frequência diária do pessoal executor dos serviços.

Quais são as consequências das ausências dos terceirizados? As


consequências estão diretamente relacionadas com a métrica definida para
mensurar a execução dos serviços e definir os valores a pagar ao contratado.

 Contratação por posto – verificar a presença diária dos terceirizados

 quantitativo e função previstos na proposta

 auxílio dos fiscais setoriais

 ausência implica em glosa

 Contratação por resultado – verificar a frequência diária dos terceirizados

 ausência não implica necessariamente em glosa

 glosa se os resultados não forem alcançados

 Em todo caso, o quantitativo de pessoal deve ser igual ao informado


na proposta da contratada.

135
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Súmula 338
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-
apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção
relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por
prova em contrário.
[...]
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída
uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da
prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,
prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
A ausência de comprovação do comparecimento da copeira ao órgão
contratante, por meio de folhas de ponto, mostra-se especialmente
relevante para o deslinde da matéria, porque todos os trabalhadores
terceirizados, exceto ela, assinavam as respectivas folhas de ponto.
[ACÓRDÃO]
9.1. julgar irregulares [...] as contas de [Diretor Presidente] e [Diretor de
Gestão], condenando-os ao pagamento das importâncias a seguir indicadas
[...]
9.2. aplicar individualmente a [Diretor Presidente] e [Diretor de Gestão], a
multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 7.000,00 (sete
mil reais), [...];
(Acórdão 412/2012 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
Nesse passo, não procedem as alegações de impossibilidade física de
controle da execução contratual, com base na aferição dos quantitativos
de mão de obra, material, equipamentos e dos demais insumos
efetivamente mobilizados na realização dos serviços. O acompanhamento
da execução, quanto aos aspectos qualitativos, igualmente importantes, é
perfeitamente conciliável com a avaliação dos elementos quantitativos, que
compõem os serviços, pois, em última análise, devem ser coerentes e
proporcionais com os pagamentos devidos à contratada.
Nesse sentido, não depreendo o óbice aventado pelo órgão contratante em
verificar se o número de prestadores de serviço contratados correspondia
aos efetivamente disponibilizados durante o período de vigência do acordo

136
Erivan Pereira de Franca

contratual, tendo por base as respectivas folhas de frequência ou outros


registros de entrada.
As várias distorções, reveladas na instrução, indicam graves abusos de
direito, consistentes no pagamento de despesas não efetivamente incursas
no período da execução do contrato [...]
Destaco, nessas situações discrepantes, a inclusão, pela empresa
contratada, de folhas de presença de colaboradores lotados em
localidades e ajustes distintos [...]. Como exemplo, relaciono alguns casos
identificados pela unidade técnica, num total mais de 350 ocorrências [...]
[ACÓRDÃO]
9.2.1. [...] converter os presentes autos em Tomada de Contas Especial
[dano quantificado: R$ 4.307.421,90]
(Acórdão 832/2013 – Plenário)

3.8. Fiscalização procedimental

3.8.1. Observância das normas coletivas do trabalho

Como saber qual norma coletiva de trabalho adotar, para fins de


fiscalização? Quais são os critérios que disciplinam o enquadramento sindical,
para fins de identificação do instrumento normativo a se observar?

Três são as espécies de norma coletiva do trabalho: acordo coletivo do


trabalho, convenção coletiva de trabalho, sentença normativa. Qual é a diferença
entre esses instrumentos? Em breve síntese:

 Convenção Coletiva de Trabalho: Acordo de caráter normativo pactuado


entre o sindicato dos empregados e o sindicato dos empregadores. Vincula
toda a categoria econômica.

 Acordo Coletivo de Trabalho: Acordo de caráter normativo celebrado


entre uma ou mais empresas e um ou mais sindicatos representantes dos
empregados. Só vincula as partes contratantes.

 Sentença Normativa: Acórdão do TRT ou TST que julga dissídio coletivo


(ação promovida, em caso de fracasso das negociações, por sindicato,
federação ou confederação – de trabalhadores ou empregadores). Tem
força normativa. Disciplina todos os aspectos da relação trabalhista até a
próxima data-base. Vincula toda a categoria econômica.

137
Erivan Pereira de Franca

Seguem os dispositivos da CLT que dão os contornos desses instrumentos:

CLT
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias
econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.
§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais
celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais emprêsas da correspondente
categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no
âmbito da emprêsa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.
[...]
Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou
profissionais e as emprêsas, inclusive as que não tenham representação
sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva.
[...]
§ 2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, [...] ou se
malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou emprêsas
interessadas a instauração de dissídio coletivo.

É muito importante que, no planejamento da contratação, notadamente na


fase de elaboração do orçamento estimado, a Administração identifique a
convenção coletiva de trabalho aplicável, em tese, às categorias a serem
empregadas na execução dos serviços. Tal informação pode ser obtida mediante
consulta aos instrumentos vigentes na página do Sistema Mediador do Ministério
do Trabalho e Emprego: www.mte.gov.br/mediador.

Impende, neste ponto, frisar que a Administração, ao elaborar o


orçamento estimado da contratação de serviços mediante terceirização, deve
atentar para os instrumentos normativos coletivos de trabalho, para se
certificar de que os benefícios e direitos de natureza pecuniária sejam
devidamente contemplados na planilha. Assim tem entendido o Superior Tribunal
de Justiça.

JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


1. Os editais de licitação devem, na formação dos custos, observar todas as
normas de proteção ao trabalhador, sendo certo que os certames, cujo
objeto toque relação laboral regida pela Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT, devem pautar a composição do custo do serviço com a observância
também das Convenções Coletivas.
(RMS 28396/PR, SEGUNDA TURMA, DJe 09/06/2009)

138
Erivan Pereira de Franca

A jurisprudência do TCU é no mesmo sentido da obrigatoriedade de


considerar-se, na fase de planejamento e na etapa de fiscalização do contrato, as
disposições de norma coletiva do trabalho.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
7. Quanto à confusão acerca de qual convenção coletiva deveria ter sido
utilizada pelas licitantes para formulação de suas propostas, embora a
ausência de especificação no edital e a atuação pouco precisa do pregoeiro
tenham motivado a desclassificação de duas propostas de menor valor que
a vencedora, entendo que não houve má-fé do responsável. Conforme
levantando pelo próprio auditor instrutor, o recurso da licitante não foi
claro na especificação da convenção coletiva que deveria reger a
contratação em comento, e a resposta ao recurso elaborada pelo pregoeiro
demonstra que, aparentemente, tampouco ele percebeu a confusão.
[ACÓRDÃO]
9.4. dar ciência à Prefeitura Universitária da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB) que foram constatadas as seguintes irregularidades no
pregão eletrônico para registro de preços 21/2014:
[...]
9.4.2. ausência, nos estudos técnicos preliminares de contratação de mão
de obra terceirizada, da indicação de forma clara e precisa do sindicato,
acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa que rege a
categoria profissional que executará o serviço, com base na Classificação
Brasileira de Ocupações - CBO, em afronta ao art. 6º, inciso IX, alínea "a",
da Lei 8.666/1993.
(Acórdão 3982/2015 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
4.Insurge-se a autora, em síntese, quanto ao fato de o edital considerar os
salários vigentes em 2016, relativos aos profissionais que deverão prestar
os serviços, cuja categoria é abrangida pelo Sindicato dos Empregados nas
Empresas de Asseio e Conservação da Região do Sul Fluminense do Estado
do Rio de Janeiro (SIEEACON), apesar de nova convenção coletiva ter sido
celebrada em março de 2017.
[...]
12.Relevante a observação de que o art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005
dispõe sobre diversos elementos que devem estar contidos no termo de
referência, entre os quais o valor estimado em planilhas de acordo com o
preço de mercado e que, elastecer esse conceito a ponto de posicioná-lo
em qualquer marco temporal pretérito não atende ao princípio da
razoabilidade, por afastar-se da necessidade de os valores orçados terem
139
Erivan Pereira de Franca

de refletir aqueles praticados atualmente. Necessário, portanto, levar ao


conhecimento da Eletronuclear o juízo realizado pela unidade técnica a
respeito da matéria.
[...]
17.Quanto ao mérito, entendo que o presente processo deve ser julgado
parcialmente procedente, anuindo-se pelo prosseguimento do certame,
todavia, sem prejuízo de que seja dada ciência à Eletronuclear quanto à
afronta ao art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005, uma vez que o orçamento
estimativo não refletiu os preços praticados no mercado quando da
deflagração do certame.
[ACÓRDÃO]
9.1. conhecer da presente representação, por atender os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno deste
Tribunal, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, para, no mérito, considerá-
la parcialmente procedente;
9.2. dar ciência à empresa Eletrobras Termonuclear S.A. (Eletronuclear) ,
com fundamento no art. 7º, da Resolução-TCU 265/2014, em relação à
defasagem dos preços constantes no orçamento estimativo elaborado para
o pregão eletrônico 125/2017, os quais não refletiam os preços praticados
no mercado por ocasião da deflagração do certame, em afronta ao art. art.
9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005;
(Acórdão 2443/2017 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2.1. determinar [...] que, no âmbito da fiscalização do contrato [...] confira
especial atenção à análise do cumprimento das obrigações trabalhistas por
parte da contratada, em especial no que concerne às disposições da
convenção coletiva de trabalho, medida com o fito de evitar eventual dano
ao Erário decorrente da responsabilização subsidiariária do tomador dos
serviços, in casu, a Administração, quanto às aludidas obrigações.
(Acórdão 1662/2008 – Segunda Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
7. Em que pese não estar a Administração Pública obrigada a fazer constar
em seu edital as parcelas e valores objetos da Convenção, o licitante o
está. Por força da Cláusula 54 e parágrafos, a empresa que se candidata a
ser contratada por tomador de serviços deve incluir na documentação para
licitação cópia da CCT, bem como indicar em suas planilhas os reflexos dos
adicionais pactuados em férias, 13.º salário, FGTS e verbas rescisórias. Cabe
a ele verificar se a empresa terceirizada está cumprindo com suas
obrigações trabalhistas, sob pena de, não o fazendo, poder ser chamado a

140
Erivan Pereira de Franca

arcar com as indenizações decorrentes de execução de instrumento


coletivo válido.
(Acórdão 455/2009 – Plenário)

Em recente consulta respondida, o TCU manifestou entendimento no


sentido de que, em contratações de obras públicas, não há obrigatoriedade de a
Administração Pública examinar as propostas dos licitantes para verificar se estes
consideraram as disposições das normas coletivas do trabalho na formulação do
preço.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
Na contratação de obras públicas, não há determinação legal que obrigue
a Administração a examinar as propostas dos licitantes para verificar se
estes consideraram nos seus preços as despesas com mão de obra
decorrentes do cumprimento de acordo, convenção ou dissídio coletivo
de trabalho, devendo ser observadas as disposições dos arts. 48 e 44, § 3º,
da Lei 8.666/1993, bem como os critérios de aceitabilidade de preços e
outros requisitos previstos no edital. Isso não exime os licitantes do
cumprimento de acordo coletivo do qual foram signatários, nem de
disposições presentes em convenção ou dissídio coletivo de trabalho, em
observância ao art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, e ao art. 611
do Decreto-Lei 5.452/1943 (CLT).
Ao apreciar Consulta indagando se haveria “determinação legal que obrigue
os participantes de licitações para a execução de obras públicas e serviços
de engenharia a levar em consideração, na formulação de suas propostas,
as despesas decorrentes do cumprimento de acordos e convenções coletivas
de trabalho”, o revisor entendeu pertinente fazer algumas considerações à
manifestação do relator, destacando em seu voto, preliminarmente, que
não se poderia conferir a um contrato de empreitada de construção civil o
mesmo tratamento jurídico dispensado a um contrato de terceirização, em
particular no que se refere à responsabilidade do contratante quanto aos
encargos trabalhistas. Diverso deveria também ser o foco da fiscalização
contratual, uma vez, “nos contratos de terceirização, o cumprimento das
obrigações trabalhistas pela contratada é uma das atividades principais da
equipe de gestão contratual, enquanto nos contratos de execução de obras,
tanto nas empreitadas por preço global quanto nas por preço unitário, o
foco do fiscal do contrato é a fidedignidade da obra com o projeto licitado, o
atendimento das especificações técnicas e o quantitativo dos serviços
executados”. O revisor ressaltou a ausência de qualquer obrigação expressa
no art. 48 da Lei 8.666/1993, no sentido de a Administração desclassificar
licitante cuja proposta de preços “desrespeitar acordos e convenções
coletivas de trabalho”, mas não haveria óbice a que fosse inserida no
instrumento convocatório a “obrigação de a licitante não poder praticar
preços inferiores aos valores estabelecidos nos instrumentos coletivos de
negociação trabalhista, de modo análogo às diversas disposições
atualmente existentes na IN-Seges/MPDG 5/2017”, e que tal procedimento
encontraria amparo nos arts. 48, inciso I, e 44, § 3º, da Lei 8.666/1993. O
141
Erivan Pereira de Franca

revisor considerou igualmente relevante interpretação extraída dos


referidos dispositivos de que a inexequibilidade de itens isolados da
planilha de custos não seria motivo suficiente para a desclassificação da
proposta, haja vista que o juízo sobre a inexequibilidade teria como
parâmetro, em regra, o valor global da proposta. Nesse sentido, destacou
que “uma composição de custo unitário de licitante que apresentasse valor
de salário inferior ao piso da categoria não deveria ensejar a
desclassificação da empresa, visto que o preço global de sua proposta
poderia ser plenamente exequível”. Apesar de concluir não haver, nos
certames que objetivam a contratação de obras públicas, determinação
legal obrigando a Administração a examinar as propostas dos licitantes para
observar se estes consideraram nos seus preços as despesas com mão de
obra decorrentes do cumprimento de acordo, convenção ou dissídio
coletivo de trabalho, o revisor enfatizou que não estava, de modo algum,
defendendo o descumprimento de regras trabalhistas ou o desrespeito aos
direitos fundamentais dos trabalhadores. Para ele, o viés de exame de uma
proposta de preços não seria o mesmo aplicável à fase de execução
contratual, nem abrangeria a análise de conformidade da proposta com
diversas outras leis esparsas que tratem de matérias estranhas ao
procedimento licitatório, tais como regras trabalhistas, ambientais,
previdenciárias e tributárias, todavia, “isso não quer dizer que a empresa
contratada possa executar o ajuste ao arrepio dessas outras leis”. Em
função do que expôs o revisor, o Plenário decidiu responder ao consulente
que: “9.2.1. nos certames objetivando a contratação de obras públicas, não
há determinação legal que obrigue a Administração Pública a examinar as
propostas dos licitantes para observar se estes consideraram nos seus
preços as despesas com mão de obra decorrentes do cumprimento de
acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho, devendo ser observadas
as disposições dos arts. 48 e 44, §3º, da Lei 8.666/1993, bem como os
critérios de aceitabilidade de preços e outros requisitos previstos no
instrumento convocatório; 9.2.2. as licitantes, por sua vez, estão obrigadas
ao cumprimento de acordo coletivo, do qual foram signatárias, bem como
de disposições presentes em convenção ou dissídio coletivo de trabalho, em
observância ao art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal de 1988, e ao
art. 611 do Decreto-Lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), que
conferem caráter normativo a tais instrumentos, tornando obrigatória,
assim, a sua observância nas relações de trabalho”.
(Acórdão 719/2018 – Plenário – INFORMATIVO 343)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.2. responder ao consulente que:
[...]
9.2.6. em face do princípio do formalismo moderado e da supremacia do
interesse público, que permeiam os processos licitatórios, o fato de o
licitante apresentar composição de custo unitário contendo salário de
categoria profissional inferior ao piso estabelecido em instrumento

142
Erivan Pereira de Franca

normativo negociado é, em tese, somente erro formal, o qual não enseja a


desclassificação da proposta, podendo ser saneado com a apresentação de
nova composição de custo unitário desprovida de erro;
(Acórdão 719/2018 – Plenário)

Como saber qual norma coletiva de trabalho adotar, para fins de


elaboração do orçamento estimado? Quais são os critérios que disciplinam o
enquadramento sindical, para fins de identificação do instrumento normativo a se
observar? Vejamos as regras e princípios que informam o enquadramento sindical.

O enquadramento sindical dá-se em função da atividade econômica


preponderante da empresa, segundo os critérios fixados pela legislação e
jurisprudência trabalhistas, em consonância com a disciplina dada pela
Constituição Federal (enquadramento em função da atividade econômica e âmbito
territorial de aplicação).
CLT
Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias
econômicas ou profissionais, específicas, na conformidade da
discriminação do quadro das atividades e profissões a que se refere o art.
577 ou segundo as subdivisões que, sob proposta da Comissão do
Enquadramento Sindical, de que trata o art. 576, forem criadas pelo
ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.
Art. 577. O Quadro de Atividades e Profissões em vigor fixará o plano básico
do enquadramento sindical.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. PRELIMINAR DE
COISA JULGADA/LITISPENDÊNCIA. AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL.
NÃO CONFIGURAÇÃO. 2. OPERADORA DE TELEMARKETING.
ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA.
NORMA COLETIVA APLICÁVEL. O artigo 511, § 1º, da CLT fixa, como vínculo
social básico da categoria econômica, "a solidariedade de interesses
econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou
conexas". Portanto, a natureza da atividade desempenhada no âmbito
empresarial é que se apresenta como critério de vinculação da categoria,
criando a relação social inerente à associação sindical. O enquadramento
sindical deve, pois, ocorrer de acordo com a atividade preponderante da
empresa, a teor dos artigos 570 e 581 da CLT. No caso concreto, o Tribunal
Regional manteve a sentença, registrando que a Recorrente tem por objeto
social serviços vinculados a sistema de centrais de atendimento telefônico,
os chamados "call centers" ou "contact centers", o que a vincula às normas
coletivas celebradas pelo Sindicato dos Operadores de Telemarketing e
143
Erivan Pereira de Franca

Empregados em Empresas Prestadoras de Serviço de Telemarketing e


Similares ou Conexos do RJ, conforme indicado pela Reclamante. Adotar
entendimento em sentido contrário demandaria o reexame do conjunto
fático-probatório produzido nos autos, o que se revela inadmissível, nos
termos da Súmula 126 desta Corte. Julgados. Agravo de instrumento
desprovido.
(AIRR - 10842-12.2013.5.01.0008, DEJT 15/12/2017)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


B) RECURSO DE REVISTA. ECT. BANCO POSTAL. JORNADA ESPECIAL DE SEIS
HORAS. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCA DE HORAS EXTRAS ALÉM DA 6ª
DIÁRIA. O entendimento jurisprudencial predominante nesta Corte é de
que o enquadramento sindical é definido pela atividade preponderante
exercida pela empresa. Sendo o serviço postal a atividade dominante na
ECT, o Banco Postal funciona como correspondente bancário de forma
acessória, não possuindo atividades peculiares de um estabelecimento
financeiro. Nesse sentido, inclusive, na sessão do dia 24.11.2015, nos autos
do processo nº TST-E-RR-210300-34.2007.5.18.0012, decidiu, por maioria
de votos, o Pleno desta Corte que os empregados dos Correios lotados no
Banco Postal exercem apenas atividades bancárias básicas, não podendo
ser equiparados à categoria dos bancários. Naquela mesma ocasião, por
maioria de votos, o Pleno também decidiu que o trabalhador ecetista que
labora no banco postal (ECT) não faz jus à jornada especial de seis horas
inerente ao bancário. Ressalva de entendimento do Relator. Recurso de
revista conhecido e provido. Prejudicada a análise dos demais temas.
(RR - 1195-88.2011.5.22.0004, DEJT 27/04/2018)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


B) RECURSO DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. Consoante
entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência, a definição
do enquadramento sindical decorre de previsão legal, sendo realizada, via
de regra, pela atividade preponderante do empregador, nos termos dos
artigos 511, § 2º, e 570 da CLT, exceto quanto à categoria profissional
diferenciada, prevista no artigo 511, § 3º, o que não é o caso dos autos.
Logo, não há como prevalecer o entendimento do Regional que manteve a
aplicação das normas firmadas pelo Sindicato dos Empregados em
Estabelecimento de Serviços de Saúde de Curitiba (SINDESC), em
detrimento daquelas firmadas pelo ente sindical representativo da real
empregadora da reclamante, Sindicato dos Auxiliares de Administração
Escolar no Estado do Paraná (SAAEPAR). Ademais, o fato de a reclamante
prestar serviços no Hospital Marcelino Champagnat não altera o
enquadramento sindical, que é definido segundo a atividade
preponderante de seu empregador, e não há tese da ausência de
preponderância. Recurso de revista conhecido e provido.
(ARR - 1700-54.2015.5.09.0084, DEJT 20/04/2018)
144
Erivan Pereira de Franca

Deve-se observar, para o enquadramento, o princípio da unicidade


sindical, de raiz constitucional, do qual decorre o princípio da territorialidade.
CF/88
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
[...]
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho;

CLT
Art. 516. Não será reconhecido mais de um Sindicato representativo da
mesma categoria econômica ou profissional, ou profissão liberal, em uma
dada base territorial.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014.
ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA PROFISSIONAL DIFERENCIADA.
NORMAS COLETIVAS APLICÁVEIS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM
LOCALIDADE DIVERSA DA SEDE DA EMPRESA. Discute-se, no caso, qual a
norma coletiva aplicável à reclamante - vendedora-propagandista,
pertencente a categoria profissional diferenciada - se aquelas firmadas
pelos sindicatos do Rio Grande do Sul, local da prestação de serviços, ou de
São Paulo, sede da reclamada. A representação sindical é definida pelos
critérios da atividade preponderante do empregador e da territorialidade,
este último decorrente da unicidade sindical prevista no artigo 8º, inciso II,
da Constituição Federal. Assim, o enquadramento sindical deve considerar
o local da prestação de serviços, após o que deverá ser observada a
atividade preponderante do empregador para fins de incidência das
normas coletivas correspondentes, exceto no caso de empregado
pertencente a categoria profissional diferenciada, conforme disposição do
artigo 511, § 3º, da CLT, quando incidirão as normas próprias. Logo, ao
contrato de trabalho de empregado pertencente a categoria profissional
diferenciada aplicam-se as normas coletivas firmadas pelo sindicato
correspondente do local da prestação dos serviços para definir seu
enquadramento sindical, em estrita observância ao critério da
territorialidade. Desse modo, considerando que a reclamante pertence a
categoria profissional diferenciada e prestou serviços no Estado do Rio
Grande do Sul, ao seu contrato de emprego devem incidir as normas
coletivas dos vendedores-propagandistas deste Estado, em detrimento
145
Erivan Pereira de Franca

daquelas da localidade da sede da empresa, como corolário do que dispõe


o artigo 8º, inciso II, da Constituição Federal. Além disso, depreende-se dos
autos que a reclamada integra a categoria da indústria farmacêutica, com
atuação no Estado do Rio Grande do Sul, pelo que se conclui que ela foi
representada pelo Sindicato respectivo. [...]
(Ag-E-ED-RR - 102400-34.2007.5.04.0027, DEJT 27/04/2018)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


I - RECURSO DE REVISTA DA EMPRESA. PROCESSO ANTERIOR À LEI Nº
13.467/2017. ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMAS COLETIVAS
APLICÁVEIS. LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. Esta Corte tem decidido que são aplicáveis as normas
coletivas do local da prestação dos serviços, e não da sede da empregadora
ou da contratação do empregado, em observância ao princípio da
territorialidade. Precedentes. Nesse contexto, a decisão recorrida está em
consonância com a iterativa e notória jurisprudência desta Corte. Recurso
de revista não conhecido.
(RR - 961-49.2012.5.04.0012, DEJT 20/04/2018)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA APLICÁVEL. LOCAL DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. Esta Corte
Superior possui entendimento no sentido de que devem ser aplicadas as
normas coletivas celebradas no local da prestação de serviços do
empregado, ainda que ele seja contratado ou a empresa esteja situada
em localidade diversa, em observância ao princípio da territorialidade.
Decisão regional proferida em consonância com a jurisprudência
majoritária do TST. Recurso de revista de que não se conhece. [...]
(RR - 1320-70.2010.5.04.0011, DJ 19/12/2017)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


CONVENÇÃO COLETIVA APLICÁVEL. LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. 1.
O entendimento desta Corte Superior é de que a representatividade
sindical, no ordenamento jurídico brasileiro, deve ser regida pelo princípio
da territorialidade, consagrado no artigo 8º, inciso II, da Constituição da
República, razão pela qual o instrumento coletivo aplicável deve ser o da
base territorial onde o empregado tenha prestado os serviços, e não onde
se encontre a sede da empresa. 2. Na hipótese, o Tribunal Regional
entendeu ser possível a aplicação das normas coletivas trazidas com a
inicial, "haja vista que as mesmas foram firmadas entre o Sindicato da
Indústria da Construção do Estado da Bahia e o Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias da Construção Civil de Feira de Santana, sindicatos estes
representativos da categoria do reclamante, considerando-se que o mesmo
foi empregado da segunda reclamada, empresa sediada em Feira de
146
Erivan Pereira de Franca

Santana, conforme se vê no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica". 3. Não


registrou, todavia, qual foi o efetivo local de trabalho do reclamante nem se
houve, ou não, prestação de serviços na cidade de Feira de Santana.
Tampouco foi instado a fazê-lo, via embargos de declaração. 4. Nos limites
em que devolvida a matéria à apreciação desta Corte, não é possível
afirmar que o instrumento coletivo aplicado tenha desatendido ao princípio
da territorialidade.
(RR - 280-48.2011.5.05.0251, DEJT 20/05/2016)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA
APLICÁVEL. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. 1. A Corte de origem consignou que "é fato
incontroverso que a autora laborou desde 02-04-2009 em Porto Alegre"
demonstrando, assim, "vinculação ao sindicato representativo de sua
categoria no Município de Porto Alegre". Nesse sentido, concluiu, com base
no princípio da territorialidade sindical previsto no art. 611 da CLT, como
correta "a aplicação da convenção coletiva de trabalho juntada às fls. 272-
284 e fls. 286-296, firmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em
Administração Escolar no Rio Grande do Sul" ao invés daquela firmada pelo
Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escolar de Tubarão
- SINPAAET, Estado de Santa Catarina, local da sede e da contratação da
reclamante. 2. O entendimento desta Corte Superior se estabeleceu no
sentido de que a representatividade sindical, no ordenamento jurídico
brasileiro, deve ser regida pelo princípio da territorialidade, consagrado
no artigo 8º, inciso II, da Constituição da República. Nesse sentido, tendo o
Tribunal Regional concluído pela aplicação do instrumento coletivo
firmado com o sindicato da base territorial onde a reclamante prestou
serviços, e não as normas coletivas da base territorial da sede da
reclamada, decidiu em sintonia com a jurisprudência desta Corte Superior.
Óbice da Súmula 333/TST e do art. 896, § 4º (atual § 7º), da CLT.
Precedentes. Recurso de revista não conhecido.
(RR-1148-45.2012.5.12.0041, DJ 04/05/2015)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO
COLETIVA DE TRABALHO. DIFERENÇA SALARIAL. ENQUADRAMENTO
SINDICAL. APLICAÇÃO DE NORMAS COLETIVAS. PRINCÍPIO DA
TERRITORIALIDADE. São inaplicáveis as normas coletivas de sindicato de
base territorial distinta daquela em que o trabalhador prestou serviços.
Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(AIRR-94040-49.2009.5.21.0001, DJ 26/8/2011)

147
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


RECURSO DE REVISTA. NORMAS COLETIVAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM
BASE TERRITORIAL DIVERSA DA SEDE DA RECLAMADA. Afastada a hipótese
de categoria profissional diferenciada, se determinada empresa presta
seus serviços em diversos locais, as normas coletivas aplicáveis aos seus
empregados devem ser as do local da prestação de serviços, ainda que a
sede da reclamada seja em outra base territorial. Precedentes. Não
conhecido.
(RR - 116900-95.2003.5.04.0011, DJ 15/10/2010)

Os empregados que integrem categoria profissional diferenciada somente


terão direito de exigir da empresa a observância de norma coletiva do trabalho que
tenha sido firmada pelo sindicato que represente a atividade econômica
preponderante da empregadora. Vale dizer, se a empresa não tiver sido
representada, pelo seu sindicato, na negociação com sindicato representativo de
categoria profissional diferenciada, não estará obrigada aos termos da norma. É
que estabelece a Súmula 374 do TST:
JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Súmula 374
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o
direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento
coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua
categoria.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. 3. ENQUADRAMENTO SINDICAL. ATIVIDADE
PREPONDERANTE. CATEGORIA DIFERENCIADA. SÚMULA Nº 374. NÃO
PROVIMENTO. A egrégia Corte Regional entendeu que no enquadramento
sindical deve-se levar em conta a atividade preponderante do empregador
e não a função exercida pelo empregado. Registrou, ademais, que ainda
que o reclamante integre categoria profissional diferenciada, como na
hipótese ora apreciada, a empregadora não poderia ser obrigada a cumprir
instrumentos coletivos de cuja negociação não participou diretamente ou
por meio do seu sindicato patronal representativo. Nesse sentido, uma vez
consignado no v. acórdão regional que a reclamada WORKTIME
ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA., de fato, não participou dos instrumentos
normativos da categoria do reclamante, sequer por meio de entidade
sindical a que integra, tem-se que a decisão encontra-se em conformidade
com a Súmula nº 374, segundo a qual a norma coletiva de categoria
diferenciada somente se aplica ao empregado que exerce função distinta da
atividade preponderante da empresa quando ela for representada pelo
órgão de classe da categoria econômica. Nesse contexto, o processamento

148
Erivan Pereira de Franca

do recurso de revista encontra óbice no artigo 896, § 7º, da CLT e na


Súmula nº 333. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(AIRR - 1296-33.2011.5.05.0026, DEJT 11/05/2018)

Recomenda-se que a Administração faça constar do instrumento


convocatório cláusula que exija do licitante informar, quando da apresentação da
planilha de custos e formação de preços, qual o instrumento coletivo normativo
por ela adotado. Como bem preconiza a IN 05/2017:
IN 05/2017
ANEXO VII-A
DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
6. Da proposta:
[...]
6.2. As disposições para apresentação das propostas deverão prever que
estas sejam apresentadas de forma clara e objetiva, estejam em
conformidade com o ato convocatório, preferencialmente na forma do
modelo previsto Anexo VII-C, e contenham todos os elementos que
influenciam no valor final da contratação, detalhando, quando for o caso:
[...]
c) a indicação dos sindicatos, Acordos, Convenções ou Dissídios Coletivos
de Trabalho que regem as categorias profissionais que executarão o
serviço e as respectivas datas-bases e vigências, com base na Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO);

A fiscalização do contrato deve analisar a norma coletiva do trabalho e


destacar os direitos e benefícios de natureza pecuniária devidos aos trabalhadores,
para fins de verificação mensal da correta observância da norma pela empresa
contratada.

A IN 05/2017, estabelece procedimento padrão de fiscalização, mediante o


exame da norma coletiva de trabalho e verificação do cumprimento das suas
disposições pela empresa contratada.
IN 05/2017
ANEXO VIII-B - DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10. Além das disposições acima citadas, a fiscalização administrativa deverá
observar, ainda, as seguintes diretrizes:
[...]
10.1. Fiscalização inicial (no momento em que a prestação de serviços é
iniciada)
149
Erivan Pereira de Franca

[...]
d) O salário não pode ser inferior ao previsto no contrato administrativo e
na Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria (CCT).
e) Devem ser consultadas eventuais obrigações adicionais constantes na
CCT para as empresas terceirizadas (por exemplo, se os empregados têm
direito a auxílio-alimentação gratuito).
[...]
10.4. Fiscalização procedimental
a) Observar a data-base da categoria prevista na CCT. Os reajustes dos
empregados devem ser obrigatoriamente concedidos pela empresa no dia e
percentual previstos, devendo ser verificada pelo gestor do contrato a
necessidade de se proceder a repactuação do contrato, inclusive quanto à
necessidade de solicitação da contratada.
[...]
10.5. Fiscalização por amostragem
[...]
d) A contratada deverá entregar, no prazo de 15 (quinze) dias, quando
solicitado pela Administração, por amostragem, quaisquer dos seguintes
documentos:
[...]
d.4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
transporte, vale-alimentação, entre outros), a que estiver obrigada por
força de lei, Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho, relativos a
qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer empregado.

Não obstante a empresa, na qualidade de empregadora, esteja obrigada a


acatar as disposições das normas coletivas de trabalho, a Administração não se
sujeita a cláusulas que se revelem ilegais ou prescrevam obrigações que
transbordem o âmbito negocial reservado aos sindicatos. Razão pela qual deve ser
feito exame crítico desses instrumentos, colhendo-se a manifestação, se
necessária, da área de assessoramento jurídico do órgão ou entidade.

É o que preconiza a IN 05/2017, que cita exemplos de matérias que, embora


pactuadas pelos sindicatos, não serão consideradas pela Administração.
IN 05/2017
Art. 6º A Administração não se vincula às disposições contidas em Acordos,
Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que tratem de pagamento
de participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa
contratada, de matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direitos não
previstos em lei, tais como valores ou índices obrigatórios de encargos

150
Erivan Pereira de Franca

sociais ou previdenciários, bem como de preços para os insumos


relacionados ao exercício da atividade.
Parágrafo único. É vedado ao órgão e entidade vincular-se às disposições
previstas nos Acordos, Convenções ou Dissídios Coletivos de Trabalho que
tratem de obrigações e direitos que somente se aplicam aos contratos com
a Administração Pública.

A seguir apresentamos alguns julgados do TCU e do TST que ilustram


matérias veiculadas pela norma coletiva que não podem ser aceitas pela
Administração contratante.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
4. No mérito, os pontos impugnados pela ora representante consistiram, de
forma sintética, em:
a) violação da obrigatoriedade de apresentação de custos e de formação de
preços com percentual mínimo de 78,46% de encargos sociais; e
[...]
6. Na ocasião, afastou-se, de plano, o primeiro ponto impugnado pela
representante, tendo em vista que o CNPq não estava obrigado a cumprir
cláusulas previstas em convenções coletivas da categoria de brigadistas,
exceto quanto a obrigações de natureza trabalhista, à luz da IN -
SLTI/MPOG 2/2008, que dispõe sobre regras e diretrizes para a contratação
de serviços no âmbito da administração federal.
7. Tal entendimento, aliás, vai ao encontro da intelecção dada à matéria por
este Tribunal, que entende indevida a fixação de percentual, ainda que
mínimo, para encargos sociais e trabalhistas, os quais oneram, sobremodo,
o preço de serviços (e.g. Acórdãos 1.699/2007 e 2.646/2007, do Plenário, e
Acórdão 372/2011, da 2ª Câmara).
[...]
24. [...], importa destacar que a aceitação da proposta da [empresa
vencedora], formulada com percentual de encargos trabalhistas abaixo de
78,46%, evidencia o acatamento e a observância, por parte do CNPq, às
prescrições da IN SLTI/MPOG e ao entendimento deste Tribunal, no sentido
de que a administração pública não está vinculada ao cumprimento de
cláusulas de Convenções Coletivas de Trabalho, excetuadas as alusivas às
obrigações trabalhistas.
(Acórdão 1407/2014 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
[VOTO]
2. O consulente pretende ver esclarecidas as seguintes questões:
151
Erivan Pereira de Franca

a) o benefício concedido aos empregados de empresas que prestam


serviços continuados à Administração previsto em Convenção Coletiva de
Trabalho como participação nos lucros pode ser considerado custo de
venda dos serviços?
3. Conforme consignado pela unidade técnica e pelo Ministério Público
junto ao TCU, nos pareceres transcritos no relatório precedente, a
participação nos lucros será objeto de negociação entre a empresa e seus
empregados, visando o aumento da produtividade, a redução dos custos e,
por consequência, o aumento dos lucros. Trata-se, como se vê,
exclusivamente de uma relação entre a empresa e seus funcionários, que
não envolve a eventual contratante do serviço prestado pela empresa. Não
pode, assim, ser considerada custo de venda dos serviços.
4. Diferente é a relação entre a Administração e a empresa contratada.
Todas as parcelas que integram a remuneração do contratado devem estar
previstas no edital e no contrato dele decorrente, de tal forma que haja
uma justa remuneração pelos serviços prestados. Se a empresa contratada
inserisse na remuneração de seus empregados uma parcela referente à
participação nos lucros, introduziria um elemento de incerteza incompatível
com os rigores exigidos nas contratações públicas, na medida em que não
há definição prévia nem quanto à ocorrência da participação nos lucros em
si (condicionada que está à existência de resultado positivo), nem quanto
aos valores a serem transferidos aos empregados.
[ACÓRDÃO]
9.2. responder ao consulente que:
9.2.1. o benefício aos empregados de empresas que prestam serviços
continuados à Administração, previsto em Convenção Coletiva de
Trabalho como participação nos lucros e resultados, não é considerado
custo da venda dos serviços, uma vez que se trata de obrigação exclusiva
do empregador;
(Acórdão 3336/2012 – Plenário)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU
9.3. dar ciência ao [omissis] acerca das seguintes irregularidades
identificadas na condução do Pregão Eletrônico 26/10, com o objetivo de
que se evite a reincidência de tais ocorrências na realização de futuros
procedimentos licitatórios no âmbito daquela Instituição:
9.3.1. exigência de que as planilhas de custo das licitantes contemplassem
todos os encargos sociais e trabalhistas previstos em convenção coletiva
de trabalho, em desacordo com o art. 13 da Instrução Normativa MPOG
2/2008 e com a jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 657/2004,
1.699/2007, 650/2008 e 381/2009, todos do Plenário);
(Acórdão 9036/2011 – Primeira Câmara)

152
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


Súmula 437
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque
este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido
por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS. Constatada a divergência
jurisprudencial a respeito da validade de negociação coletiva que culmine
em redução do valor da multa sobre os depósitos do FGTS de quarenta para
vinte por cento, reputa-se atendida a Súmula 296, I, do TST. Agravo
Regimental a que se dá provimento. EMBARGOS. FGTS. CLÁUSULA
NORMATIVA QUE REDUZ A MULTA DE 40% PARA 20% E ESTABELECE DE
ANTEMÃO A EXISTÊNCIA DE CULPA RECÍPROCA. INVALIDADE. Na sessão
plenária da Subseção de Dissídios Individuais 1 de 22/8/2014, decidiu-se
por inválida cláusula de convenção coletiva de trabalho que estabelece,
de antemão, a existência de culpa recíproca na rescisão do contrato de
trabalho e a consequente redução da multa de quarenta por cento sobre
os depósitos do FGTS para vinte por cento, mediante o compromisso das
empresas que sucederam outras na prestação do mesmo serviço, em
razão de nova licitação, de contratarem os empregados da empresa
sucedida. Trata-se de direito indisponível do empregado, garantido em
norma de ordem pública e, portanto, infenso à negociação coletiva (E-ED-
RR-45700-74.2007.5.16.0004, SBDI-I, rel. Min. Ives Gandra Martins Filho,
red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa). Embargos de que se conhece e a
que se dá provimento.
(E-ARR-237-96.2011.5.10.0017, SDI-1, DEJT 06/03/2015)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


III. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE NA VIGÊNCIA DA
LEI 13.015/2014. CLÁUSULA DE GARANTIA DE EMPREGO. CULPA
RECÍPROCA. INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS. REDUÇÃO POR NORMA
COLETIVA. INVALIDADE. DIREITO INDISPONÍVEL. Hipótese em que os
sindicatos obreiro e patronal, por meio de convenção coletiva, avençaram a
possibilidade de rescisão contratual por culpa recíproca, com a redução da
indenização sobre o FGTS para 20%, nas situações em que o empregador,
empresa de prestação de serviços terceirizados, é substituído por outro
congênere. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que é
inválida cláusula de convenção coletiva de trabalho que prevê a hipótese
de culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho e impõe a redução
da indenização de 40% do FGTS para 20%, a pretexto de assegurar a
contratação do empregado terceirizado pela empresa prestadora de
serviços que substitua a empregadora anterior. A multa rescisória constitui
153
Erivan Pereira de Franca

direito indisponível do trabalhador, garantido em norma de ordem pública,


logo, infenso à negociação coletiva. Com efeito, nos termos dos arts. 7°, I,
da Constituição e 10, I, do ADCT, que preveem a concessão de indenização
compensatória pela dispensa sem justa causa, consubstanciada no
pagamento da indenização do FGTS no percentual de 40%, resta inválida a
cláusula que prevê a redução da indenização de quarenta para vinte por
cento sobre os depósitos de FGTS por presumir a ocorrência de rescisão do
contrato de trabalho por culpa recíproca a afetar direito do trabalhador.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.
(RR-353-66.2010.5.10.0008, 7ª Turma, Julgamento 16.11.2016)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


NORMA COLETIVA. CLÁUSULA RELATIVA A RESCISÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO. CULPA RECÍPROCA. RECOLHIMENTO PARA O FGTS. Discute-se
a possibilidade de se pactuar em norma coletiva cláusula que assegure que
a empresa sucessora na prestação de serviços objeto de terceirização
admita os empregados da anterior e em que se estipule que a rescisão
contratual com a empresa anterior se dará por culpa recíproca, sendo
devido o acréscimo de 20% sobre os depósitos existentes na conta
vinculada do empregado junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Cláusula dessa natureza revela-se manifestamente inválida, na medida em
que vincula terceiros que não participaram da negociação coletiva,
alcançando tanto o órgão gestor do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço, ao possibilitar o levantamento dos depósitos existentes na conta
vinculada do empregado, como o novo empregador, que se vê compelido a
admitir os empregados da empresa anterior. Ademais, é inadmissível que
norma coletiva venha a tipificar hipóteses de culpa recíproca quando o
legislador expressamente determina que essa somente estará caracterizada
mediante decisão judicial (arts. 484 da CLT e 18, § 1º, da Lei 8.036/90).
(RR-34600-97.2006.5.10.0013; SDI-1; 31.8.2012)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


7. A promessa de manutenção de emprego não pode ser permutada pela
flexibilização de direito inscrito em norma de ordem pública. A
irregularidade da redução da indenização do FGTS para 20% legitima a
cobrança da diferença que se quer indevida.
(RR-335/2006-020-10-85)

Com a reforma trabalhista a CLT passou a prever a possibilidade de os


sindicatos pactuarem normas coletivas, cujo conteúdo terá prevalência sobre a lei.

154
Erivan Pereira de Franca

CLT
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
[omissis]

O rol de matérias pactuadas com prevalência sobre a lei é meramente


exemplificativo. A limitação temática ou as matérias infensas à negociação coletiva
são indicadas pela própria CLT. Assim, dispositivos de normas coletivas que
disponham sobre as matérias vedadas devem ser considerados ilegais.

CLT
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos
seguintes direitos:
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira
de Trabalho e Previdência Social;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
IV - salário mínimo;
V - valor nominal do décimo terceiro salário;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa;
VIII - salário-família;
IX - repouso semanal remunerado;
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50%
(cinquenta por cento) à do normal;
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias;
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de
trinta dias, nos termos da lei;
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou
em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
155
Erivan Pereira de Franca

XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas;
XIX - aposentadoria;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador com deficiência;
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso;
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador,
inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência,
qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender;
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e
disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade em caso de greve;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A,
395, 396 e 400 desta Consolidação.
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são
consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para
os fins do disposto neste artigo.

3.8.2. Concessão de férias aos terceirizados

A fiscalização deve se certificar da regular concessão e pagamento das férias


adquiridas pelos terceirizados. A CLT disciplina: a aquisição e fruição do direito; os
prazos de comunicação e concessão das férias; a forma e prazo para pagamento. Os
dispositivos pertinentes são a seguir reproduzidos parcialmente:

156
Erivan Pereira de Franca

CLT
Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período
de férias, sem prejuízo da remuneração.
Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de
trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5
(cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14
(quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte
e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32
(trinta e duas) faltas.
[...]
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só
período, nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito.
§ 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser
usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser
inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a
cinco dias corridos, cada um.
§ 2o (Revogado).
§ 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede
feriado ou dia de repouso semanal remunerado.
Art. 135 - A concessão das férias será participada, por escrito, ao
empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa
participação o interessado dará recibo.
[...]
Art. 136 - A época da concessão das férias será a que melhor consulte os
interesses do empregador.
[...]
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata
o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
[...]
Art. 142 - O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que
lhe for devida na data da sua concessão.
[...]
Art. 143 - É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período
de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração
que lhe seria devida nos dias correspondentes.
157
Erivan Pereira de Franca

Como se observa da leitura dos dispositivos acima transcritos, a CLT


determina apenas o pagamento ao empregado do salário a ele devido por ocasião
das férias. Ou seja, o trabalhador deixa de trabalhar no período de férias, mas
recebe sua remuneração normalmente.

A Constituição Federal estabeleceu o gozo de férias anuais como direito de


todo trabalhador.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;

A reforma trabalhista promovida pela Lei 13.467/2017 em nada afetou esse


direito do trabalhador. Ao contrário, estabeleceu a vedação de supressão ou
redução do direito por norma coletiva de trabalho:

CLT
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos
seguintes direitos:
[...]
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;

Vemos, pelas normas de regência aqui mencionadas, que as férias anuais


constituem direito de todo o trabalhador e devem ser objeto de verificação pela
Administração contratante.
IN 05/2017
Anexo VIII – B – DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
10.4. Fiscalização procedimental.
[...]
b) Certificar de que a empresa observa a legislação relativa à concessão de
férias e licenças aos empregados.

O pagamento tanto da remuneração correspondente ao período de férias


quanto do próprio adicional de férias é comprovado mediante recibo assinado pelo
158
Erivan Pereira de Franca

empregado, em que constem o dia de início e o dia de término das férias, bem
como os valores devidos a título de remuneração e adicional de férias.
CLT
Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o do
abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início
do respectivo período.
Parágrafo único - O empregado dará quitação do pagamento, com
indicação do início e do termo das férias.

Para a verificação do correto pagamento deve-se cotejar a planilha-resumo


(controle do fiscal administrativo, contendo os dados de todos os terceirizados)
com o recibo de férias assinado pelo empregado.

3.8.2.1. Roteiro de verificação

1. Adquirido o direito às férias pelo empregado, é a empresa que, contudo,


escolhe quando ele as gozará, podendo fazê-lo nos 12 meses seguintes à aquisição
do direito; para conceder as férias, a empresa dará aviso, por escrito, ao
empregado, pelo menos 30 dias antes do início do período de gozo;

2. Assim, a primeira verificação é solicitar para o preposto da empresa que


entregue cópia do Aviso de Férias, tão logo concedido ao empregado; sempre que
houver concessão de férias, exija a apresentação do documento;

3. Examine o Aviso de Férias para se certificar de que o salário do período de


férias (adiantado ao empregado) está correto; não pode ser inferior ao salário
atualmente praticado, vale dizer, não há redução de salário por ocasião das férias;

4. Verifique o Recibo de Férias; esse documento é o “contracheque” das férias;


ele retrata o salário pago referente ao período das férias, o abono pecuniário –
quando for o caso (“venda” de 10 dias, pelo empregado), e o adicional de férias
(terço constitucional);

5. O pagamento das férias deve ser feito até 2 dias antes do início do período de
gozo; verifique o Recibo para se certificar de que o pagamento foi tempestivo;
segundo o TST, o pagamento com atraso gera o dever de pagar em dobro, ainda
que as férias tenham sido concedidas no período concessivo:

159
Erivan Pereira de Franca

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO


SÚMULA 450
FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA
DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT.
É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o
terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que
gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo
previsto no art. 145 do mesmo diploma legal [pagamento até 2 dias antes
do início das férias].

6. Mantenha a sua planilha-resumo atualizada e se certifique de que houve


substituição do terceirizado em gozo de férias.

160
Erivan Pereira de Franca

161
Erivan Pereira de Franca

3.9. Checklist – procedimentos de fiscalização trabalhista

FISCALIZAÇÃO TRABALHISTA
Os contratos de terceirização envolvem sério risco para a Administração, que é a possibilidade de responsabilização
pelo pagamento de encargos previdenciários e trabalhistas não adimplidos pela contratada, relativamente aos seus
empregados prestadores dos serviços contratados. Para minimizar a possibilidade de tal risco, sugere-se a adoção
de medidas efetivas de fiscalização, a serem previstas no contrato. Seguem algumas sugestões. Esclareça-se que,
em regra, as ações a seguir sugeridas devem ser realizadas mensalmente. Não obstante, o contrato pode fixar
prazo diverso, ou, até mesmo, fiscalização esporádica, por amostragem.
I – Ações Sugeridas de Fiscalização do Cumprimento das Realizada
Observações
Obrigações Trabalhistas Sim Não
1. Exigir da contratada a apresentação dos documentos
previstos no contrato, incluindo a CNDT
2. Verificar se a documentação apresentada está completa.
Notificar a contratada em caso de entrega incompleta.
3. Juntar os documentos ao processo de fiscalização
trabalhista e previdenciária
4. Proceder à análise dos documentos ou encaminhá-los para
a unidade competente
5. Juntar o Relatório de Análise no processo de fiscalização e
pagamento
6. Notificar a contratada para que apresente documentos
complementares ou preste esclarecimentos quanto às
impropriedades verificadas na documentação
Realizada
I.1 – Planilha-resumo: Observações
Sim Não
7. Elaborar Planilha-resumo específica para cada mês objeto
de análise
8. Verificar se o quantitativo de pessoal informado na
proposta da contratada corresponde ao número de
terceirizados executores dos serviços
9. Verificar se houve terceirizados em férias e consignar o
período de gozo
10. Verificar se houve afastamento por motivo de doença e
consignar as datas de início e término
11. Verificar se houve terceirizados em licença-maternidade e
consignar as datas de início e término
12. Verificar se houve terceirizados em licença-paternidade e
consignar as datas de início e término
13. Inserir dados dos terceirizados admitidos, indicando a data
de admissão
14. Indicar os terceirizados demitidos, consignando a data de
demissão
15. Informar a função exercida por cada terceirizado e o
respectivo salário, bem como a jornada prevista

162
Erivan Pereira de Franca

Realizada
I.1 – Planilha-resumo: Observações
Sim Não
16. Informar as transferências de terceirizados para outro
tomador ou para o escritório da contratada, indicando a
data da ocorrência
17. Em caso de transferência de terceirizado, solicitar da
contratada a apresentação de folha de pagamento e GFIP
do novo tomador ou do escritório da empresa
18. Certificar-se de que houve substituição dos terceirizados
afastados ou demitidos e consignar o nome dos substitutos
19. Em caso de ausência de substituição, glosar o valor
correspondente dos pagamentos devidos à contratada,
bem como verificar a possibilidade de aplicar sanção
20. Avaliar a necessidade de verificar a documentação
trabalhista e previdenciária do substituto
Realizada
I.2 – Análise da Folha de Pagamento (verificar se...): Observações
Sim Não
21. A Folha de Pagamento contém os dados da contratada
(nome, CNPJ etc.)
22. O tomador é o órgão contratante

23. A competência é a do mês objeto de análise


24. Os terceirizados consignados na folha de pagamento
correspondem aos indicados na Planilha-resumo
25. Os salários correspondem ao valor indicado na proposta da
contratada
26. Os salários estão atualizados de acordo com a Convenção
Coletiva de Trabalho
27. Os salários são pagos em parcela única ou em duas
parcelas (adiantamento)
28. O pagamento foi efetuado até o 5º dia útil do mês
subsequente ao trabalhado
29. Foram apresentados os comprovantes de pagamento
(contracheques assinados ou recibos de depósitos
bancários – relatório do banco)
30. O 13º salário foi pago tempestivamente (em regra: 1ª
parcela paga até 30 de novembro; 2ª parcela paga até 20
de dezembro)
31. Houve pagamento de horas extras
32. As horas extras estão previstas no contrato e na proposta
da contratada
33. O desconto a título de custeio do vale-transporte
corresponde a 6% do salário básico
34. O valor descontado a título de INSS está correto (tabelas
atualizadas estão disponíveis no site da Previdência Social)

163
Erivan Pereira de Franca

Realizada
I.3 – Pagamento de férias (verificar se...): Observações
Sim Não
35. A planilha-resumo consigna o nome dos terceirizados que
gozaram férias no período
36. Foi apresentado aviso de férias
37. O pagamento foi efetuado até dois (2) dias antes do início
do período de férias
38. O salário pago corresponde aos dias efetivamente
usufruídos
39. O adicional (1/3 constitucional) foi pago
40. O abono pecuniário (“venda” de 10 dias) foi pago
juntamente com o salário de férias
41. Se as férias foram concedidas em mais de um período
Realizada
I.4 – Admissão de Pessoal (verificar se...): Observações
Sim Não
42. Os terceirizados admitidos foram incluídos na Planilha-
resumo, consignando-se a data de admissão
43. Foi apresentada cópia da CTPS (Carteira de Trabalho e
Previdência Social) ou do contrato de trabalho ou do
Registro de Empregado
44. A CTPS consigna corretamente o salário, a função e a data
de início do contrato de trabalho
45. Foram apresentados os exames médicos admissionais
46. A CTPS foi devidamente anotada em caso de modificação
de função ou aumento de salário
47. O salário anotado é igual ou superior ao previsto na
Convenção Coletiva de Trabalho e na proposta da
contratada
48. Foram apresentados comprovantes da qualificação do
pessoal executor dos serviços, exigidos no contrato ou
termo de referência
Realizada
I.5 – Demissão de Pessoal (verificar se...): Observações
Sim Não
49. A data e o motivo da demissão dos terceirizados foi
registrada na planilha-resumo
50. Foi apresentada cópia da CTPS com anotação da rescisão
do contrato de trabalho
51. Foram apresentados exames médicos demissionais, caso
exigidos (vide NR-7 do Ministério do Trabalho)
52. Foi apresentada notificação de aviso prévio
53. Houve pedido de desligamento por iniciativa do
terceirizado, sem aviso prévio

164
Erivan Pereira de Franca

Realizada
I.5 – Demissão de Pessoal (verificar se...): Observações
Sim Não
54. Foi apresentada a Guia de Recolhimento Rescisório do
FGTS (GRRF), no caso de rescisão sem justa causa por
iniciativa do empregador
55. O termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) foi
apresentado, com pagamento de indenização de despedida
sem justa causa, se for o caso
56. O TRCT foi assinado pelo empregado

57. O TRCT foi assinado pelo empregador


58. O comprovante de pagamento das verbas rescisórias foi
apresentado (em caso de depósito bancário), e o Termo de
Quitação, assinado pelo empregado
59. Foi apresentada a Guia de Recolhimento Rescisório do
FGTS (GRRF), no caso de rescisão sem justa causa por
iniciativa do empregador
Realizada
I.6 – Auxílio-Alimentação (verificar se...): Observações
Sim Não
60. Todos os terceirizados constantes da planilha-resumo
receberam auxílio-alimentação
61. O período do pagamento corresponde ao mês objeto de
análise
62. O valor do benefício está de acordo com a Convenção
Coletiva e a proposta da contratada
63. O benefício foi pago ou creditado (cartão eletrônico)
64. Foi efetuado pagamento proporcional aos terceirizados em
férias ou afastados no período
Realizada
I.7 – Vale-Transporte (verificar se...): Observações
Sim Não
65. Todos os terceirizados constantes da planilha-resumo
receberam vale-transporte
66. O período de pagamento corresponde ao mês objeto de
análise
67. A Convenção Coletiva de trabalho isenta a contribuição dos
empregados (6% do salário base)
68. O benefício foi pago em folha de pagamento; depósito
bancário; cartão eletrônico; em dinheiro
69. Foi efetuado pagamento proporcional aos terceirizados em
férias ou afastados no período
70. Em caso de funcionários que dispensam o vale-transporte,
foram apresentadas declarações de não opção
A análise da documentação trabalhista e previdenciária é realizada ordinariamente pelo fiscal do contrato.
Contudo, pode haver unidade especializada em tal análise. Em todo caso, não se esqueça de incluir cópia do
Relatório de Análise da Documentação Trabalhista e Previdenciária no processo de fiscalização e pagamento do
contrato, além de exigir da contratada as medidas saneadoras que se fizerem necessárias.
165
Erivan Pereira de Franca

LEITURA COMPLEMENTAR

Para ampliar seus conhecimentos sobre os temas objeto de estudo neste


Curso, sugerimos a leitura das obras a seguir indicadas:

- Almeida, Anadricea Vicente de. Novas considerações sobre a organização da


planilha de custos da IN n° 2/08 alterada pela recente portaria n°7/11 . In: Revista
Zênite: ILC: Informativo de licitações e contratos, v. 18, n. 206, p. 374-379, abr.
2011.

- Barros, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 6ª ed. São Paulo:
LTr, 2010, p. 451-458.

- Belmonte, Alexandre Agra. Aspectos jurídicos materiais e processuais da


terceirização trabalhista. In: Revista LTr : legislação do trabalho, v. 79, n. 3, p. 263-
276, mar. 2015.

- Braga, Carlos Renato Araújo. Conteúdo mínimo de um termo de referência


para contratação de serviços de TI. IN: Revista do Tribunal de Contas da União, v.
42, n. 117, p. 31-40, jan./abr. 2010.

- Brasil. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e


jurisprudência do TCU. 4ª ed. rev., atual. e ampl. – Brasília: TCU/Senado Federal,
2010, p. 78-101, 138-139, 166-180, 196-209, 719-725, 772-775, 780-790.

- Brasil. Tribunal de Contas da União. Guia de boas práticas em contratação


de soluções de tecnologia da informação: riscos e controles para o planejamento da
contratação. Versão 1.0. – Brasília: TCU, 2012.

- Camarão, Tatiana. O termo de referência e sua importância para alcance de


uma licitação perfeita. In: Revista Síntese licitações, contratos e convênios, v. 4, n.
23, p. 218-220, out./nov. 2014.

- Camarão, Tatiana. A fase interna da licitação: distinções entre o projeto


básico e termo de referência. In: Fórum de contratação e gestão pública, v. 12, n.
141, p. 54-59, set. 2013.

166
Erivan Pereira de Franca

- Carli, Kalinca de. Alteração de contrato administrativo decorrente de falha


no projeto básico. In: Revista Zênite: ILC: Informativo de licitações e contratos, v.
21, n. 243, p. 447-451, maio 2014.

- Castro, Cláudio Dias de. Terceirização: atividade-meio e atividade-fim. In:


Revista do direito trabalhista, v. 8, n. 7, p. 3-7, jul. 2002.

- Cavalcanti, Augusto Sherman. O novo modelo de contrações de TI pela


Administração Pública – Belo Horizonte: Fórum, 2013.

- Coelho Motta, Carlos Pinto. Eficácia nas licitações e contratos. 11ª ed. – Belo
Horizonte: Del Rey, 2008, p. 176-179.

- Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. São Paulo:


LTr, 2010, p. 414-451.

- Doetzer, Isis Chamma. Terceirização – Contratos de terceirização de


serviços firmados com a administração: a questão da responsabilidade trabalhista.
In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, n. 56, p. 165, fev.2007.

- Doetzer, Isis Chamma. Considerações sobre a incidência de INSS e de FGTS


sobre o aviso prévio indenizado na planilha de custos da IN MPOG nº 2/08. IN:
Revista Zênite : ILC : Informativo de licitações e contratos, v. 16, n. 189, p. 1036-
1042, nov. 2009.

- Doetzer, Isis Chamma. Terceirização – Contratos de terceirização de


serviços firmados com a administração: a questão da responsabilidade trabalhista.
In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, n. 56, p. 165, fev.2007.

- Doetzer, Isis Chamma. Planilha de custos e formação de preços:


identificação do custo da mão-de-obra. IN: Revista Zênite : ILC : informativo de
licitações e contratos, v. 13, n. 149, p. 600-604, jul. 2006.

- Fernandes, Jorge Ulisses Jacoby (coordenador). Terceirização: Legislação,


doutrina e jurisprudência. Belo Horizonte: Fórum, 2017.

- Franca, Erivan Pereira de Franca; Simões, Luiz Felipe Bezerra Almeida.


Licitações e contratos administrativos: legislação aplicável. Salvador: Jam Jurídica,
2015.

167
Erivan Pereira de Franca

- Furquim, Isabel Cristina Forster. Administração pública: projeto básico e


controles. In: Boletim de administração pública e gestão municipal, v. 4, n. 28, p.
40-50, jan. 2014.

- Furtado, Lucas Rocha. Curso de licitações e contratos administrativos. Belo


Horizonte: Fórum, 2007, p. 206, 210, 221-225, 371-372, 407-408, 616.

- Furtado, Madeline Rocha. Aprovação do Projeto Básico ou termo de


referência. IN: ILC: informativo de licitações e contratos, v. 15, n. 175, p. 928-932,
set. 2008.

- Gasparini, Diógenes. Prazo e Prorrogação do Contrato de Serviço


Continuado. In: Revista Diálogo Jurídico, n. 14, jun-ago/2002, acesso em 27.7.201
(http://www.direitopublico.com.br/pdf_14/DIALOGO-JURIDICO-14-JUNHO-
AGOSTO-2002-DIOGENES-GASPARINI.pdf)

- Gomes Neto, Indalécio. Terceirização – Relações triangulares no direito do


trabalho. In: Revista Zênite ILC: Informativo de licitações e contratos, n. 155, p. 57,
jan.2007.

- Jesus, Noel Antonio Tavares de. O projeto básico na fase interna da licitação
para a execução de obras e serviços de engenharia. In: Revista Zênite ILC:
Informativo de licitações e contratos, n. 112, p. 498, jun.2003.

- Junkes, Rodrigo Vissotto. A exigência de projeto básico prévio à celebração


de contratos emergenciais de obras de engenharia. In: Revista Zênite: ILC:
Informativo de licitações e contratos, v. 16, n. 186, p. 761-762, ago. 2009.

- Justen Filho, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos


Administrativos. 13ª ed. São Paulo: Dialética, 2009, p. 129-139, 783-790.

- Leiria, Jerônimo Souto. A batida perfeita, a harmonia da tríade : projeto


básico ou termo de referência, contrato e edital : o planejamento em contratos
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