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Ao contrário do que se imagina, o acidente ocorre de forma silenciosa. A cena da vítima debatendo-se na
água e gritando por socorro é pouco descrita por testemunhas de afogamentos.
Deve ser lembrado que além do fato da morte, grande parte dos sobreviventes apresenta seqüelas
neurológicas graves e irreversíveis, fazendo com que a prevenção seja a melhor estratégia na abordagem do
acidente por submersão.
Recomendações em relação à criança e ao adolescente:
Crianças menores que 4 anos de idade devem ser afastadas de qualquer reservatório de líquidos (baldes,
banheiras, vaso sanitário, tanques e piscinas) que deverão ser esvaziados após uso. Nesta mesma faixa etária aulas
de natação não são a prova de submersão e nunca deverão permanecer sozinhas na banheira. A criança maior deve
aprender a nadar e conhecer regras de segurança de piscinas, assim como, de parques e esportes aquáticos. Sempre
deverão ser educados a evitar brincadeiras agressivas à beira de piscinas, lagos e rios. Nunca ingerirem álcool e/ou
drogas. Devem ler e respeitar avisos de segurança em locais públicos como praias. Nunca desafiar seus próprios
limites.
Recomendações em relação ao local do evento:
Em praias procurar locais onde haja salva-vidas, e não mergulhar em águas turvas; procurar nadar longe de
cais, embarcações, rochas e correntezas. Em lagoas e represas geralmente se desconhece sua profundidade e
eventuais buracos. Piscinas e similares devem ser adequadamente cercadas (1,5m de altura e espaço entre grades
menor ou igual a 12 cm) e de preferência com portão e tranca. A presença de brinquedos dentro da piscina é atrativa
que deve ser evitado. Lembrar ao construir sua piscina residencial que o objetivo é de lazer, não justificando grandes
profundidades. Todo construtor com responsabilidade conhece e tem normas técnicas de segurança a cumprir.
Regras gerais:
No banho de seu bebê tenha tudo em mãos (toalha, sabonete, roupa) para não se ausentar do local. Em
passeios de barcos e afins use sempre o colete salva vidas que é mais seguro que flutuadores (boias de braço,
câmara de pneu, prancha). Procure esvaziar todos os reservatórios líquidos (baldes, piscinas de lona) ou tampá-los,
crianças pequenas podem se afogar em camadas líquidas de 5 cm. A presença de um adulto responsável sempre será
fundamental. Embora não se comprove a eficácia das lições de natação em prevenir afogamentos, todo esporte é
saudável e deve ser incentivado.
Acidentes Domésticos
O acidente doméstico é aquele que ocorre no local onde habitamos ou em seu entorno.
Tipos de habitação: apartamento, casa térrea, sobrado de alvenaria ou mesmo de madeira, entre outros.
O ambiente doméstico geralmente é constituído por: cozinha, lavanderia, despensa, banheiro, sala de
refeições, sala de visitas, quartos, quintal, jardim, garagem e escadas. Ao se considerar apartamento, acrescenta-se
escadas e elevadores.
Os locais de maior risco são: cozinha, banheiro, escada, quintal, sala e quarto.
Vários fatores podem estar relacionados a uma frequência maior de traumas dentro de casa: pequenas
dimensões, iluminação deficiente, móveis ou objetos pontiagudos, piso escorregadio, tomadas elétricas sem
proteção (ou mal protegidas), ausência de proteção para a criança, como corrimão na escada, passadeira deslizante,
objetos que podem causar danos: martelo, serrote, alicate, furadeira, faca, espeto de churrasco, etc.
Fatores relacionados à ocorrência de acidentes:
Idade: quanto menor a idade, maior deve ser a vigilância das crianças, a educação para prevenção deve
aumentar a medida de seu crescimento, mostrando os riscos e suas consequências. O papel dos pais é
fundamental, ao servirem de exemplo e darem as orientações.
Escolaridade: as pessoas mais instruídas terão possibilidades maiores de prevenir os acidentes, assim
como cuidar da primeira assistência.
Ambiente físico: casas em mau estado de conservação, pequenas, mal situadas, cômodos pequenos,
cozinhas apertadas, também pequenas, com mau estado da fiação, da tubulação, do gás, podem facilitar
os acidentes.
Para cada um dos cômodos do ambiente doméstico, dadas as suas peculiaridades, ocorrem alguns acidentes
com maior frequência. São considerados os locais de acidentes mais frequentes, por ordem decrescente: cozinha,
banheiro, corredor, escada, quarto e sala.
2017/1 Acidentes na Infância – Pediatria – Habilidades Médicas III 3
Plantas ornamentais e portas de vidro devem ser evitadas ou sinalizadas para evitar intoxicações ou
traumas.
Cortinas não devem ter puxadores para evitar enforcamento.
Lavanderia, jardim, garagem e varandas:
Janelas devem ter grades de proteções e não ter móveis perto para evitar quedas.
Churrasqueiras devem ter fixação adequadas e mantidas longe das crianças, não deve se utilizar álcool
líquido, pelo risco de incêndio.
Piscina deve ter muro, cerca ou grades de proteção, portão trancado, lona de cobertura e alarme, pelo
risco de afogamento.
Pesticidas herbicidas, Vários objetos na garage devem ser mantidos em armários altos e trancados,
evitando risco de intoxicação ou traumas.
Não se deve manter plantas tóxicas em casa.
Baldes e bacias devem ser mantidos em local alto e vazios pelo risco de afogamento.
Tanque de lavar roupa deve ter fixação adequada e não se deve deixá-lo cheio de água ou roupas, evitado
o risco de trauma por queda do mesmo.
Corredores e escadas:
Manter iluminação clara e constante e com piso adequado, antiderrapante, sem tapetes ou objetos que
atrapalhem a circulação, evitando risco de quedas.
Acidentes mais frequentes de acordo com as idades são:
i. 0 a 1 ano: quedas (trocador, cama, colo), asfixia, sufocação, aspiração de corpos estranhos,
intoxicações, queimaduras (água quente, cigarro).
ii. 2 a 4 anos: quedas, asfixia, sufocação, afogamentos, intoxicações, choques elétricos, traumas.
iii. 5 a 9 anos: quedas, atropelamentos, queimaduras, afogamentos, choques elétricos, intoxicações,
traumas.
iv. 10 a 19 anos: quedas, atropelamentos, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas.
O tema dos acidentes é um problema de saúde pública, nem sempre bem cuidado como outros e a
prevenção de suas ocorrências deveria ser de conhecimento de todos os profissionais, assim como de todas as
famílias, para que mais tarde os familiares possam transmitir seus conhecimentos com exemplos dados pelos
pais/responsáveis à criança sob sua tutela.
no peito em crianças sem casos de alergia na família. Tosse persistente, chiado no peito, falta de ar súbita, rouquidão
e lábios e unhas arroxeadas, são sinais sugestivos de que pode ter ocorrido a ACE.
Quando a ACE é parcial, a criança pode tossir e esboçar sons. Nesta situação, o melhor procedimento é a não
intervenção no ambiente doméstico e encaminhamento a um serviço de saúde, para o tratamento definitivo.
Quando a ACE é total, a criança não consegue esboçar qualquer som, está com asfixia, falta de ar importante
e até com os lábios arroxeados. Nesta situação, deve-se proceder da seguinte maneira:
Maiores de um ano: manobra de Heimlich, que
consiste em compressões abaixo das costelas, com
sentido para cima, abraçando a criança por trás, até
que o CE seja deslocado da via aérea para a boca e
expelido.
Menores de um ano: 5 percussões com a mão na
região das costas, a criança com a cabeça virada
para baixo, seguida de 5 compressões na frente,
até que o CE seja expelido ou a criança torne-se
responsiva e reaja.
Se você conseguir visualizar o CE na boca, retire-o com cuidado, mas não tente ir às cegas com o dedo na
boca, pois pode provocar lesões na região ou empurrar o corpo estranho para regiões mais baixas, e piorar o
quadro de obstrução.
Recomendações de prevenção
O que você deve fazer para evitar que seu filho engasgue?
Não ofereça alimentos a crianças menores de 4 anos, sem amassar e desfiar as fibras.
Não deixar pedaços de alimentos no prato, principalmente os arredondados.
Os seguintes alimentos são de risco potencial para a aspiração: sementes, amendoim, castanha, nozes,
milho, feijão, pedaços de carne e queijo, uvas inteiras, salsicha, balas duras, pipoca, chicletes.
Mantenha os seguintes itens da casa, longe do alcance de crianças menores de 4 anos: balões, moedas,
bolinha de gude, brinquedos com peças pequenas, bolas pequenas, botões, baterias esféricas de aparelhos
eletrônicos, canetas com tampa removível.
o O que você pode fazer para prevenir o engasgo e aspiração:
Estar ciente das manobras de desobstrução que você pode fazer em casa, citadas acima.
Insistir para que as crianças comam à mesa, sentadas. Evite alimentá-las enquanto correm, andam, brincam,
estão rindo e não deixá-las deitar com alimento na boca.
Corte os alimentos em pedaços bem finos e ensine a criança a mastigá-los.
Supervisione sempre a alimentação de crianças pequenas.
Fique atento às crianças mais velhas. Muitos acidentes ocorrem quando irmãos ou irmãs mais velhas
oferecem objetos ou alimentos perigosos para os menores.
Evite comprar brinquedos com partes pequenas e mantenha objetos pequenos da casa fora do alcance das
crianças.
Siga a recomendação da embalagem dos brinquedos, com relação à idade ideal para aquisição.
Não deixe crianças pequenas brincarem com moedas.
Quedas
6 Habilidades Médicas III – Semiologia do Adulto – Dispneia 2017/1
Queda é a maior causa de visita à unidade de emergência. Ocorre em qualquer idade e as lesões decorrentes
podem ser extremamente graves, envolvendo membros (feridas abertas e fraturas), crânio (traumatismo crânio-
encefálico) e abdômen (lesões de órgãos internos).
A maioria das quedas ocorre em casa, acomete crianças de 0 a 5 anos, e estão associadas à ausência de
algum cuidador.
Com a supervisão de adultos, modificações do ambiente onde a criança vive, brinca e estuda, e informações
claras em produtos de uso infantil, o risco e as lesões decorrentes de quedas podem ter uma redução significativa.
Alguns alertas de prevenção deste tipo de acidente:
Em lactentes:
1. Nunca deixe bebês sozinhos em qualquer local da casa, particularmente em camas, sofás, trocadores,
beliches, mesmo que a criança ainda não tenha adquirido a capacidade de rolar.
2. Tenha certeza que colocou grades de proteção em qualquer móvel utilizado para a criança dormir.
3. Cuidado na escolha de cadeiras para oferecer a alimentação. Devem ter base alargada, trava e cinto. Sempre
supervisionar a criança, mesmo que ela esteja contida na cadeira com dispositivos de segurança.
4. No berço, observe se a altura da base é suficiente para evitar que a criança caia por cima da grade. Se o
limite superior for menor que ¾ da altura da criança, o berço não pode mais ser usado. Estas orientações
devem ser seguidas a partir do momento em que a criança consegue ficar em pé com apoio.
5. Nunca coloque brinquedos ou travesseiros dentro do berço. Estes objetos podem cair para fora e a criança
tentando alcançá-lo, pode cair.
6. Quando a criança passar para a cama, instale grade protetora dos dois lados.
7. Nunca use andador. É muito comum a queda do andador em escadas, e as lesões decorrentes desta queda
sempre são graves, com trauma de crânio e hospitalização.
Em pré-escolares e escolares:
Em casa
1. Disponha os móveis de maneira que a supervisão de seu filho possa ser constante e direta.
2. Trave portas e bloqueie o acesso às áreas perigosas da casa, como lavanderia, cozinha e área externa.
3. Remova tapetes e utilize material de borracha em banheiros.
4. Remova brinquedos e roupas do chão, que possam provocar tropeços, deslizes e quedas.
5. Instale grades protetoras em escadas e áreas de risco da casa, e oriente os familiares para sempre fechá-las
após o uso.
6. Instale redes ou grades de proteção em todas as janelas dos apartamentos ou casas do tipo sobrado.
7. Mantenha os móveis afastados das janelas.
Em área externa a casa
1. Proíba atividades em áreas elevadas, como balcões, lajes e telhados.
2. Prefira triciclos a bicicletas.
3. A utilização de equipamentos de proteção como capacetes, cotoveleiras e joelheiras em atividades com
bicicleta, diminui a gravidade, mas não evita as lesões decorrentes das quedas. Estas atividades devem
sempre ser supervisionadas por um adulto e realizada em áreas fechadas, sem trânsito urbano
Queimaduras
No Brasil as queimaduras representam a quarta causa de morte e hospitalização, por acidente, de crianças e
adolescentes de até 14 anos. A maioria das queimaduras ocorre na cozinha e na presença de um adulto. Em muitos
casos o tratamento é muito doloroso, demorado e deixa marcas para sempre.
Causas comuns:
Escaldadura (queimadura por líquidos quentes) – é a principal causa em menores de 5 anos.
Contato com fogo e objetos quentes – as queimaduras por chamas são mais graves, atingem maior extensão
e profundidade da pele. O álcool é um importante agente causador.
Queimadura provocada por substâncias químicas – a ingestão de soda cáustica continua sendo a maior fonte
de queimaduras químicas em crianças.As pequenas pilhas, as baterias de relógios e de aparelhos eletrônicos
representam perigo por possuir conteúdo corrosivo.
Queimadura por exposição à eletricidade – os acidentes por fios e aparelhos elétricos acometem mais as
crianças menores de 5 anos. Também são vítimas os adolescentes que ao empinar ou retirar pipas da rede
elétrica têm contato com fios de alta tensão.
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Primeiro grau:
Atinge a camada superficial da pele, que fica vermelha, quente e dolorosa, mas não forma bolhas. Ocorre
por exemplo quando a pessoa fica exposta ao sol por períodos prolongados.
A cura espontânea ocorre em 3 a 6 dias, sem deixar cicatrizes.
Segundo grau:
Atinge mais profundamente a pele, que se apresenta dolorosa, vermelha e com bolhas. O edema
(inchaço) e a dor são importantes. É comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes.
A evolução depende da gravidade das lesões: quando menos profundas, a cura pode ocorrer em cerca de
duas semanas sem deixar cicatrizes ou com cicatrizes discretas. As mais profundas demoram várias
semanas e podem resultar em cicatrizes significativas
Terceiro grau:
Todas as camadas da pele são lesadas. A ferida é seca, brancacenta ou marrom, e a dor é menos intensa
devido aos danos nos nervos. Observada frequentemente nas queimaduras por chama, nas queimaduras
químicas e elétricas.
O tratamento é complexo, exigindo cirurgia plástica reparadora com enxerto de pele.
Quanto à extensão, as queimaduras são identificadas de acordo com o percentual de área do corpo
acometida, que os médicos chamam de “superfície corporal queimada (SCQ)”. Pode-se considerar que a silhueta da
mão da própria criança corresponde a 1% de SCQ e, por exemplo, se a criança queimar uma área do corpo
correspondente ao tamanho de duas mãos espalmadas ela queimou 2% de SCQ.
O que fazer
Todas as queimaduras devem ser tratadas de forma imediata para reduzir a temperatura da área queimada e
o dano da pele e tecidos subjacentes.
Busque atendimento médico imediato se:
A queimadura for considerada de segundo ou terceiro graus.
Se a área queimada é grande, mesmo que a queimadura não pareça grave, ou sempre que a queimadura
parecer cobrir mais de 15 a 20% do corpo.
A queimadura for provocada por fogo, corrente elétrica ou substância química.
A queimadura é no rosto, couro cabeludo, articulações ou genitais.
A queimadura parece estar infectada (inchada, com pus, cada vez mais roxa ou com linhas roxas na pele que
rodeia a ferida).
Primeiros cuidados:
Até que se tenha acesso ao atendimento médico siga as seguintes orientações:
Retire a roupa que cobre a área queimada. Se a roupa estiver grudada na área queimada lave a região até
que o tecido possa ser retirado delicadamente sem aumentar a lesão. Se continuar aderido à pele, o tecido
deve ser cortado ao redor do ferimento.
Remova anéis, pulseiras e colares, pois o edema se desenvolve rapidamente.
Coloque a área queimada debaixo da água fria (e não gelada) ou coloque compressas limpas e frias sobre a
queimadura até que a dor desapareça. O resfriamento das lesões com água fria é o melhor tratamento de
urgência da queimadura. A água alivia a dor, limpa a lesão, impede o aprofundamento das queimaduras e
diminui o edema (inchação) subseqüente.
Não utilize compressas úmidas por longo tempo em queimaduras extensas, pois podem ocasionar
hipotermia (a temperatura do corpo da vítima fica abaixo do normal).
Envolva a criança com lençol limpo, agasalhos, e encaminhe para o atendimento médico.
Dê um analgésico para alívio da dor.
8 Habilidades Médicas III – Semiologia do Adulto – Dispneia 2017/1
Nas crianças conscientes e colaborativas com pequenas áreas queimadas (até 10% de SCQ) a hidratação oral
com água e sucos de frutas pode ser iniciada.
Nas queimaduras extensas a perda de líquidos é muito grande e a reposição de líquidos e eletrólitos por via
venosa, o mais rápido possível, é fundamental para sobrevivência do paciente.
O que não deve ser feito:
Não use gelo nas queimaduras.
Não fure as bolhas da queimadura.
Não passe nada na queimadura. Não use pomadas, nem produtos caseiros tais como clara de ovo, pó de
café, banha de galinha, pasta de dente, pimenta, dentre outros, pois além de não trazer quaisquer
benefícios, podem favorecer as complicações infecciosas.
Não ofereça bebida alcoólica ao paciente.
Queimaduras elétricas
Desligue o interruptor da chave
Afaste a vítima da corrente elétrica.
Remova a vítima do condutor com material isolante (cabo de vassoura, tapete de borracha).
Verifique se a vítima está respirando e com o coração batendo. Se estiver em parada cardiorrespiratória
inicie as manobras de ressuscitação enquanto aguarda o SAMU -192.
Resfrie as lesões com água fria.
Queimaduras químicas
A simples suspeita de ingestão de substância corrosiva (soda cáustica, amônia, limpa alumínio, limpa forno,
baterias e pilhas) deve ser considerada uma emergência, mesmo que a criança se apresente sem sintomas.
O maior número de informações deve ser obtido a respeito da substância e da quantidade ingerida.
A face e a boca devem ser lavadas com água fria na tentativa de livrar a criança de qualquer partícula
cáustica residual.
Manter a criança em jejum (não oferecer nem água) e não induzir vômitos até que seja avaliada por médico
do serviço de referência. Pode ser necessária a realização de endoscopia digestiva.
Se a criança ingerir bateria de relógio ou de aparelho eletrônico procure imediatamente atendimento
médico, pois as baterias contêm conteúdo corrosivo que podem causar perfuração do tubo digestivo.
Medidas de prevenção
Os acidentes não ocorrem por acaso e a prevenção constitui a única medida realmente eficaz.
Preparo do banho: a temperatura ideal da água para o conforto e a segurança do bebê é 37ºC. Coloque
primeiro a água fria na banheira e em seguida acrescente a água quente. Teste a temperatura da água com a
mão, movendo-a por toda a banheira para ter a certeza de que não há nenhum ponto muito quente.
Não deixe a criança regular a temperatura do chuveiro ou da água da banheira sozinha.
Mamadeira: jamais utilize o forno de microondas para aquecer a mamadeira. Há risco de queimaduras
graves da boca e garganta. O leite pode ser dado à criança a temperatura ambiente.
Banho de sol: somente antes das 10 horas ou depois das 16 horas. Exposição ao sol durante grandes
períodos, ou fora destes horários, provoca queimadura e câncer de pele. Até os 6 meses de idade não é
recomendado o uso de protetor solar.
Tomadas e fios desencapados representam risco de choque elétrico: as crianças colocam objetos metálicos
nas tomadas e os levam à boca. Coloque tampas de proteção nas tomadas e substitua os fios desencapados.
Nunca faça “gambiarras e gatos” com a rede elétrica. É perigoso e pode custar a vida de seu filho!
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Cozinha não é lugar de criança. É o local de maior risco para queimaduras. Crianças com menos de dois anos
compreendem mal as advertências. Coloque uma barreira física como grade de proteção na porta.
As panelas devem ficar nas bocas de trás do fogão, sempre com o cabo voltado para o fundo e longe do
alcance das crianças. Evite o uso da boca dianteira para fervura de líquidos e frituras. Panela com o fundo
amassado e fogão que balança também representam riscos. Cuidado com a tampa do forno, pois as crianças
podem usá-la como degrau, virando o fogão e as panelas em cima delas. Líquidos e alimentos quentes não
devem ser manuseados com a criança no colo e devem ser mantidos longe da borda dos balcões, pias e
mesas. E lembre-se: a criança pode puxar a toalha de mesa! Todo cuidado é pouco ao transportar panelas
com líquidos quentes.
Fósforo e isqueiro devem ficar longe do alcance das crianças.
Ferro de passar roupa e aparelhos elétricos também devem ficar fora do alcance das crianças.
Álcool líquido e outros combustíveis (querosene, gasolina, óleo diesel, tinner) não devem ser mantidos em
casa. Frascos com estes produtos se inflamam na presença de chama ou faísca e provocam queimaduras
muito graves. Acetona também é inflamável.
Churrasqueira – mantenha a criança longe da churrasqueira. Nunca utilize álcool para acender o fogo e nem
deixe garrafas de álcool ou de outros combustíveis perto da churrasqueira.
O frasco de álcool pode “explodir” atingindo várias pessoas, com conseqüências desastrosas.
Fogos de artifícios e balões - em festas juninas não deixe as crianças brincarem perto de fogueiras, nem
soltar fogos de artifícios e balões.
Produtos corrosivos – Todos os produtos de limpeza, higiene, devem ser estocados fora da vista e do alcance
das crianças. Não guarde em casa produtos muito perigosos, como: soda cáustica, ácidos, pesticidas
agrícolas. Guarde sob chave qualquer produto químico, por mais inócuo que aparente ser. Dê preferência a
produtos que não estejam em embalagens atrativas e que sejam de difícil manipulação pela criança.
Pilhas e baterias de aparelhos eletrônicos – devem ser guardados ou desprezados em local seguro.
Brinquedos – para crianças menores de 8 anos evite brinquedos com elementos de aquecimento, baterias,
tomadas elétricas.
Pipas – Ensine as crianças a não brincar próximo à rede elétrica de alta tensão, principalmente com pipas.
Nunca retirar pipas presas aos fios da rede elétrica.
grande maioria sofre quedas; dos casos mais graves, cerca de 80% são de quedas de escadas. Nos Estados Unidos,
num período de 25 anos, foram registradas 34 mortes causadas por andadores, um número nada desprezível.
É verdade que o andador confere independência à criança. Contudo, todos os especialistas em segurança infantil
justamente insistem que um dos maiores fatores de risco para injúrias físicas é dar independência demais numa fase
em que a criança ainda não tem a mínima noção de perigo. É consenso que a capacidade de autoproteção só é
adquirida a partir dos cinco anos de idade. Colocar um bebê de menos de um ano num verdadeiro veículo que pode
atingir a velocidade de até 1 m/s equivale a entregar a chave do carro a um guri de dez anos. Crianças até a idade
escolar exigem total proteção.
O andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, ainda que não muito. Bebês que utilizam
andadores levam mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores
inferiores nos testes de desenvolvimento.
O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele confira mais mobilidade e
velocidade, a criança precisa despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa com
seus próprios braços e pernas.
Por fim, trata-se de uma grande falácia dizer que a satisfação e o sorriso de um bebê valem qualquer risco.
Defendendo esta ideia, um pai chegou a sugerir que se os pediatras conseguirem que os andadores sejam
proibidos, como aconteceu no Canadá, a seguir vão querer proibir patins, skates e bicicletas, terminando com a
alegria da criançada. Evidentemente, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Bicicletas, skates e patins são
brinquedos para crianças mais maduras, que já têm condições de aprender as noções de segurança e
responsabilidade e, por isso, podem se arrojar em atividades com maior risco. Ainda assim, é sempre importante
lembrar que os devidos equipamentos de segurança, como capacete de ciclista, cotoveleiras e joelheiras, precisam
ser sempre usados. Um bebê de um ano fica radiante com muito menos do que isso: basta sentar na sua frente, fazer
caretas para ele e lhe contar histórias ou jogar uma bola. Dizer que o andador torna uma criança mais fácil de cuidar
revela preguiça, desinteresse ou falta de disponibilidade do cuidador. Por outro lado, caso um adulto realmente não
tenha condições de ficar o tempo todo ao lado de um bebê pequeno, é mais seguro colocá-lo num cercado com
brinquedos do que num andador.Vários estudos já mostraram que cerca de 70% das crianças que sofreram
traumatismos com andadores estavam sob a supervisão de um adulto. Ou seja, nem todo mundo reage a tempo de
conter um diabinho que dispara pela sala a 1 m/s. A supervisão constante da criança constitui a chamada proteção
ativa, que costuma ser muito falha. O melhor é cercá-la de um ambiente protetor, com dispositivos de segurança,
como grades ou redes nas janelas; estas são medidas de proteção passiva, muito mais efetiva. O andador
definitivamente não se enquadra neste esquema.
Enfim, sabe-se que existe hoje em dia um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos no
sentido de que legislações semelhantes à canadense sejam aprovadas e postas em prática, uma vez que todas as
estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por andadores.Enquanto este progresso não
chega ao Brasil, continuamos contando com o bom senso dos pais, no sentido de não expor os bebês a um produto
perigoso e absolutamente desnecessário.
Animais Domésticos
Durante nossa evolução alguns de nossos predadores e presas na cadeia alimentar se transformaram em
utilitários e, ao serem domesticados estabeleceu-se um vínculo de afeto, sendo criado desta maneira o animal de
estimação.
Além da questão do companheirismo, atualmente estes animais têm sido utilizados como auxiliares em
processos terapêuticos em hospitais e instituições afins. É sabido que a posse responsável de um animal de
estimação, desde que em harmonia e consenso familiar, pode ser positiva para a criança como um objeto de afeto.
Entre outros fatores, ajuda a desenvolver hábitos de responsabilidade para com o outro, pode tornar-se um
instrumento facilitador para informações sobre sexo, ajuda a entender a normalidade das necessidades fisiológicas
(urinar e defecar) e acaba sendo um assunto em comum para conversas de pais e filhos, além de preparar a criança a
lidar com a morte.
Embora existam várias razões que justifiquem a aquisição de um animal de estimação, não se deve esquecer
que se trata de um animal irracional domesticado, podendo levar a riscos de mordedura com sérias lesões e em
alguns casos à morte. Além da lesão própria da mordedura ou arranhadura há o risco de infecções graves, pois a
boca do animal é altamente contaminada, assim como, doenças transmissíveis por mamíferos como a hidrofobia
(raiva).
2017/1 Acidentes na Infância – Pediatria – Habilidades Médicas III 11
Pelo fato de cães e gatos serem os animais mais populares, são também os principais agressores, porém a
maioria dos animais domésticos podem apresentar riscos de mordedura. Alguns animais “estão na moda”, como
iguanas, cobras, macacos e outros nomeados como “exóticos”, cujo comportamento ainda não é de todo conhecido.
Como toda injúria não intencional, a mordedura é passível de prevenção.
Crianças gostam de brincadeiras com cães, que são considerados companheiros e amigos, mas, nessa convivência, é
preciso conhecer as regras de segurança.
O quê todos devem saber:
Animais apresentam atitudes agressivas por medo ou defesa (território, dono, cria, alimento), portanto estas
situações devem ser respeitadas. Atitudes como não se aproximar de animais desconhecidos, não desafiar ou agredir
os animais auxiliam na prevenção de lesões. Outras medidas são importantes, como não tocar em animais sem a
permissão do proprietário, além de respeitar e conhecer a natureza.
A mídia tem mostrado com frequência casos muito graves, inclusive fatais, de ataque por cães da
raça Pitbull, mas não se deve desconhecer o risco de agressão por outras raças.
A grande maioria de mordidas em crianças é causada por animais da própria família ou de vizinhos, e as crianças são
agredidas mais frequentemente que os adultos.
Os ataques mais graves geralmente acontecem com crianças pequenas e, nessa situação, é grande o risco de
mordida na cabeça, na face e no pescoço. Em crianças maiores, as lesões ocorrem habitualmente nos braços e nas
pernas.
Principais medidas de segurança:
Se houver criança pequena em casa, os pais devem analisar bem antes de adquirir um cão, porque criança
pequena nunca pode ficar sozinha perto de cão: é muito perigoso. Observar o momento oportuno e seguro
para adquirir um cão.
Antes de adquirir um cão, informar-se com um veterinário sobre as raças mais adequadas e mais mansas.
Cães de raças reconhecidamente agressivas (Pit bull, Rottweiler, Pastor alemão, Doberman, etc.) não são
recomendados. Deve-se ter atenção aos cruzamentos porque podem gerar animais perigosos. Para crianças
maiores, recomenda-se cão de raça dócil.
Observar bem o comportamento do cão antes de levá-lo para casa.
Cão de comportamento agressivo, independentemente da raça, não deve ficar em casa que tenha criança.
Cães castrados geralmente são menos agressivos.
O cão necessita de treinamento, socialização e educação, orientados por pessoa habilitada. Nunca se deve
estimular a agressividade do cão e, sim, comportamento submisso.
As brincadeiras entre crianças e cães devem ser supervisionadas por adultos.
Não se deve importunar o cão, principalmente durante a alimentação, o sono, se tiver filhote novo ou se
estiver com aparência de doente.
Não se deve puxar as orelhas, as patas e o rabo; nunca colocar o dedo nos olhos do animal; não tomar
brinquedo que esteja com o cão.
Não é recomendado beijar ou ficar com o rosto perto do animal.
Não tentar separar briga de cães; manter-se distante dos agressivos.
Manter as vacinas em dia, cuidar da higiene e da saúde do cão.
Orientar as crianças para não se aproximar ou brincar com animal estranho.
Deve-se combinar antecipadamente com as crianças que o cão não poderá dormir com elas nem fazer as
refeições com a família.
Cão pequeno e de raça mansa não são garantia de que não morderá alguém.
As crianças precisam receber orientações sobre as maneiras adequadas para lidar com o animal, como não
provocar ou machucar o cão. Se houver provocação ou agressão, mesmo o cão de raça dócil poderá morder.
As responsabilidades do proprietário: ter controle sobre o animal e adestrá-lo corretamente. Não estimular
comportamento agressivo (principalmente se for cão). Em caso de animal feroz providenciar placas de alerta com
ilustração (nem todos são alfabetizados). Conduzir o animal em locais públicos sempre com guia. Oferecer
assistência veterinária periódica. Antes de adquirir um animal consultar veterinários, criadores e proprietários sobre
as características e adaptação a rotina familiar. Se o animal apresentar comportamento indesejado consultar um
veterinário, nunca o abandonar em locais públicos.
São sinais sugestivos de ataque iminente por alguns mamíferos: pelo eriçado, dentes à mostra e rosnado, orelhas
eretas e para frente, cauda elevada e reta e contato visual prolongado.
12 Habilidades Médicas III – Semiologia do Adulto – Dispneia 2017/1
Além destes efeitos citados a permanência prolongada nesta atividade está associada a:
Atividades solitárias e sedentárias com hábitos alimentares inadequados (excesso de consumo calórico e de
sódio: ingestão de batata frita, pipoca, fast food, bolachas …), que podem levar a obesidade e elevações da
pressão.
Reprodução de insultos e agressões expostos nos jogos de computador;
Distúrbios do sono (Insônia);
Diminuição da comunicação inter-familiar e isolamento;
Dificuldades escolares;
Exposição maciça a propaganda focada no consumo de tabaco, de álcool, de roupas de grife e brinquedos da
moda etc.
Hiperestimulação sexual e antecipação do início da vida sexual;
Distúrbios de atenção aos 7 – 8 anos de idade têm sido descritos em crianças expostas a televisão antes dos
2 anos.
Para se avaliar a influência da mídia no comportamento basta observar o modo como as crianças de hoje
dançam e vestem. Programas de televisão frequentemente apresentam temas vulgares, com forte apelo sexual
(dança da garrafa, da “bundinha”, da vassoura, bailes funk). Novelas exibidas a tarde e no início da noite exibem um
mundo absurdo, denegrindo valores, a família, a religião, banalizando o sexo e a violência.
O que os pais podem fazer a respeito?
Reduzir o tempo para ver televisão a uma ou duas horas por dia.
Ajudar seus filhos a encontrar outras atividades que substituam a televisão, como esportes, hobbies e
atividades familiares em grupo.
Conhecer os programas que seus filhos vêem. Quando eles mostram cenas de sexo, abuso de drogas ou
violência, ajude-os a compreender o que estão vendo, mostrando toda a extensão do problema.
Impedir a instalação de aparelhos de TV nos quartos das crianças.
Manter livros, revistas e jogos de tabuleiro na saleta de TV.
Não usar a televisão como babá eletrônica de seus filhos.
Não permitir que crianças com idade inferior a 2 anos sejam expostas a mídia televisiva.
Não permitir refeições ao mesmo tempo em que assistem à televisão.
Ser um exemplo vivo do que deseja ensinar.
É importante enfatizar que existem programas altamente educativos e adequados para as mais diferentes idades e
que esta mídia constitui a única forma de lazer e até mesmo de educação para milhares de brasileiros. A televisão
presente em grande parte dos lares constitui uma realidade com a qual é necessário aprender a conviver.
A idade é um fator essencial da questão da segurança do pedestre. Crianças abaixo de oito anos não têm
maturidade para enfrentar qualquer tipo de trânsito sem a supervisão direta de um adulto. Vias movimentadas, com
cruzamentos sinalizados, exigem supervisão até cerca de 12 anos. Em grandes avenidas, mesmo adolescentes
precisam da supervisão de um adulto.
A idade pré-escolar tem peculiaridades importantes, por causa da dificuldade de visualizar as crianças
pequenas e à sua total incapacidade de autoproteção. Abaixo dos três anos, podem ocorrer atropelamentos em casa,
como nos acessos de estacionamento ou garagens. Em torno dos quatro anos, a maioria dos traumatismos
acontecem quando a criança sai correndo para o meio da rua, geralmente no meio da quadra, muitas vezes passando
entre carros estacionados.
Pré-escolares são incapazes de conter impulsos e, ao brincar na rua, se esquecem de que estão próximos ao
fluxo de automóveis; portanto não podem jamais ser deixados sem supervisão fora de casa.
O escolar já é capaz de compreender os riscos do trânsito, mas tem dificuldade de avaliar a velocidade dos
carros, antes dos 11 anos de idade. Os horários de entrada e saída da escola são períodos de grande perigo.
O adolescente tem um comportamento muito influenciado pelos amigos; frequentemente tem atitudes de
desafio a regras. Além disso, é mais comum estar fora de casa e longe da supervisão de adultos. O uso de patins,
rollers e skates constituem fatores adicionais de risco. A partir dos 15 a 16 anos, a ingestão de bebidas alcoólicas leva
a um risco cada vez maior, assim como o uso de outras drogas.
Independentemente da idade, de um modo geral ocorrem mais atropelamentos em zonas pobres, com
muitas crianças, tráfego intenso, mais carros estacionados, vias de mão dupla, menor policiamento e pouco controle
da velocidade dos veículos. Nestas circunstâncias, ir a pé para a escola sem a companhia de um adulto aumenta em
até dez vezes a chance de uma criança ser atropelada.
Em relação à atitude dos motoristas, o que mais causa atropelamentos é abusar da velocidade,
principalmente dirigindo embriagado, não seguir as regras de trânsito e não e respeitar os pedestres.
A prevenção do atropelamento de crianças tem sido baseada em programas de treinamento, que, em geral,
tentam aumentar o conhecimento e modificar o comportamento, com ênfase em como atravessar uma rua.
Infelizmente, a efetividade é muito inconsistente em mudar o comportamento das crianças. Programas educativos
que envolvem os pais têm maior potencial de sucesso, pois melhoram os níveis de supervisão dos adultos, bem como
sua atitude como modelos de comportamento seguro.
As estratégias de modificação do ambiente, no sentido de separar a criança do automóvel, parecem ser mais
efetivas no controle dos atropelamentos. Medidas que exigem alterações mais substanciais na configuração das ruas
se adaptam melhor a comunidades que estejam em fase de desenvolvimento, sendo de difícil aplicação nas grandes
áreas urbanas brasileiras, que oferecem o maior risco para os pedestres.
O conceito de “acalmação do trânsito”, introduzido em anos recentes, combina modificações múltiplas de
engenharia de tráfego (sinalização ostensiva, barreiras, quebra-molas, áreas de acesso restrito a carros, zonas de
refúgio de pedestres), com vistas a reduzir a velocidade dos veículos e promover um nível maior de atenção dos
motoristas. Trata-se de intervenção atraente, se não pela redução do risco de atropelamento, até por tornar os
ambientes urbanos mais agradáveis.
As campanhas comunitárias de segurança no trânsito costumam ter natureza muito variada e têm sido pouco
avaliadas. Aquelas puramente educativas, voltadas à modificação do comportamento dos pedestres e motoristas,
mesmo quando têm ampla divulgação na mídia, apresentam resultados pobres quanto à redução efetiva dos
atropelamentos.
Em resumo, as medidas mais efetivas para a redução dos atropelamentos de crianças e jovens poderiam ser
sintetizadas da seguinte maneira: playgrounds cercados e/ou afastados de ruas movimentadas; tráfego de
automóveis desviado da proximidade de escolas; vias urbanas com mão única e com estacionamento limitado
próximo às calçadas; passarelas sobre vias de fluxo mais pesado e cercas impedindo o cruzamento em outros pontos;
calçadas limpas e apropriadas para o uso em toda a sua extensão, separadas da rua por cercas; velocidade dos
veículos controlada por meio de policiamento ostensivo, controladores eletrônicos e/ou quebra-molas; legislação
severa, limitando o ato de dirigir sob o efeito de álcool; roupas para escolares feitas com material refletor de luz,
tornando-os mais visíveis à noite; ensinar normas de segurança do pedestre a partir da pré-escola, com reforços de
instrução durante a idade escolar, com preferência ao treinamento em situações verdadeiras de tráfego em vez da
sala de aula; instruir os pais a não permitir crianças desacompanhadas na rua antes dos 12 anos.
2017/1 Acidentes na Infância – Pediatria – Habilidades Médicas III 15
Além disso, é importante lembrar repetidas vezes às crianças as regras de segurança para o pedestre no
trânsito:
A. Andando na rua:
i. Caminhar sempre na calçada, longe do meio-fio. Nas estradas, caminhar no acostamento, à esquerda da
via, em fila indiana, no sentido contrário ao dos veículos.
ii. Mesmo caminhando na calçada, estar atento para locais de entrada e saída de veículos: parar e esperar
que não haja nenhum veículo se aproximando.
iii. Ao descer de qualquer veículo, sempre fazê-lo pelo lado da calçada; aguardar longe do meio-fio a saída
do veículo.
B. Atravessando a rua:
i. Pensar: achar o lugar mais seguro para atravessar, longe dos carros estacionados e preferentemente em
faixa de segurança. Não cruzar a pista de viadutos, pontes ou túneis, exceto onde exista permissão.
Obedecer e respeitar a sinalização de trânsito.
ii. Parar: sobre a calçada, perto do meio-fio, em local visível. Prestar atenção em carros parados ou outros
objetos que possam estar bloqueando a visão.
iii. Usar olhos e ouvidos: olhar em todas as direções para ver se não vêm veículos.
iv. Esperar: se vier algum veículo, aguardar até que ele tenha passado.
v. Olhar e ouvir novamente: quando não houver mais veículos, atravessar em linha reta, sem correr e sem
retornar.
vi. Chegar vivo: continuar atento, olhando para os dois lados, até alcançar a outra calçada.
Antes de viajar: definir o destino com antecedência e com a participação dos filhos é muito importante, sendo uma
ótima oportunidade para fortalecer o diálogo entre pais e filhos. Sem criar ansiedade estimular o interesse sobre as
características do local a ser visitado (geografia, cultura, lazer…) e estabelecer um roteiro, tempo de permanência e
local de hospedagem.
Fazer uma consulta médica (1-2 meses antes) verificando e atualizando, se necessário, as vacinas da infância
(algumas regiões do Brasil e do exterior necessitam de vacinas especiais). Também é conveniente uma consulta
odontológica. Verificar se as mensalidades de seu seguro saúde estão em dia e a cobertura que lhe é de direito. Em
viagens de carro ou ônibus escolher horário de menor trânsito e menos calor.
Preparando as malas: evitar bagagem desnecessária. Não se esquecer dos documentos das crianças e do cartão de
seu seguro saúde. Menores desacompanhados dos pais necessitam de autorização junto a Vara da Infância e
Juventude e, em viagens ao exterior mesmo que acompanhados de um dos pais, também é necessário a autorização
por parte do outro. Providenciar uma pequena mala ou mochila e estimular seu filho (a) a ter responsabilidade com a
própria bagagem, porém, supervisionar e permitir em sua bagagem algum brinquedo pessoal. Levar roupas
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adequadas ao clima do local de destino. Sob orientação médica preparar um “KIT” medicação (anti térmico, anti
alérgico, anti emético, repelente, protetor solar, curativos adesivados) e não se esquecer das medicações de uso
pessoal contínuo.
Durante a viagem: trajetos longos de automóvel necessitam de pequenas paradas para descanso e necessidades
fisiológicas, aproveitar para oferecer líquidos e alimentos leves para as crianças. Nestes locais de parada prestar
atenção em eventuais riscos de acidentes como atropelamentos no estacionamento e proximidade com a estrada,
verificar também as condições de higiene local (lanchonete e restaurante). Providenciar atividades de “passa tempo”
como jogos e estórias inventadas (a leitura pode ocasionar enjôos). Não se esquecer das regras de segurança no
transporte de crianças. Em viagem de trem, navio ou avião disciplinar as crianças a respeitarem as regras de
segurança de bordo.
No destino: aproveitar as férias, mas lembrar-se que a prevenção de acidentes não tem descanso. As atividades das
crianças deverão ser supervisionadas por um adulto. Verificar os riscos locais (área rural, praia, metrópole,
ecoturismo, esportes radicais) e orientar seus filhos, principalmente adolescentes em relação ao uso de álcool e
drogas, ou eventual atividade sexual sem proteção
É indispensável que o adolescente conheça a sinalização, as normas de segurança e seja capaz de colocá-las
em prática.
Cuidados ao andar de bicicleta
Para que a criança e o adolescente façam uso adequado da bicicleta com segurança e com comportamento
solidário, vale a pena que as seguintes orientações sejam observadas.
1. Andar de bicicleta somente durante o dia, evitar o entardecer e a noite.
2. Usar roupa que facilite a visualização do ciclista, o que é muito importante.
3. Evitar excesso de velocidade.
4. Transportar somente uma pessoa por vez em cada bicicleta.
5. Não andar de bicicleta com os pés descalços; deve-se, também, evitar calçados que possam prender-se na
bicicleta.
6. Não tirar as mãos do guidão nem realizar manobras perigosas; não fazer “acrobacias” com a bicicleta.
7. Pedalar no sentido do trânsito, nunca na contramão.
8. Conhecer e respeitar a sinalização do trânsito.
9. Nunca andar segurando nas traseiras de ônibus ou caminhões.
10. Evitar o uso de fones de ouvido, pois, além de impedirem a imprescindível atenção aos sons ambientais,
levam a distração, aumentando os riscos.
11. Não usar bebida alcoólica e drogas, pois o risco de acidentes aumentará muito.
12. Fazer revisões periódicas e manutenção das correntes, freios e calibragem adequada dos pneus da bicicleta.
Muitos acidentes acontecem quando a bicicleta não está em boas condições para circulação, assim, a
manutenção da bicicleta é um ponto importante de segurança.
Equipamentos para ciclistas
O Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 105, parágrafo VI, considera os seguintes equipamentos como de
uso obrigatório para as bicicletas, “a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e
espelho retrovisor do lado esquerdo”.
Capacete
Estudos mostram que a maioria das hospitalizações e mortes de ciclistas é devida a traumatismo craniano;
ressaltam, também, a importância do uso do capacete para evitar e/ou diminuir a gravidade desses traumatismos, as
sequelas neurológicas e a morte. É um equipamento indispensável para se andar de bicicleta; deve ser visto como
uma forma de proteção imprescindível para a segurança do ciclista, da qual ele nunca deverá abrir mão. Cabe aos
pais educar os filhos para o compromisso de usá-lo.
O capacete deverá ser próprio para ciclista, de tamanho adequado, para que se adapte bem à cabeça (isto é,
não deve ser apertado nem grande demais), colocado corretamente e ter adesivos refletores para facilitar a
visualização do ciclista. Como os pais são exemplos para o filho, deverão, também, usar capacete ao andar de
bicicleta.
O local para praticar os esportes tem um papel importante na segurança dos participantes. Locais
improvisados, inadequados, aumentam muito o risco de lesões.
É importante que os pais, para o bem-estar e boa autoestima dos filhos, reconheçam não só as habilidades e
o desempenho esportivo deles mas também suas limitações nos esportes.
Deve-se avaliar se o esporte está sendo favorável às condições emocionais da criança.
Usar roupas e calçados apropriados ao esporte.
Manter-se bem hidratado.
Usar protetor solar para a prática esportiva no sol.
Conhecer as regras do esporte que irá praticar.
Fazer aquecimento e alongamento.
Evitar treinamentos excessivos.
Praticar esporte somente se a criança e/ou adolescente estiver bem de saúde.
Se, apesar de todas as precauções, acontecer alguma lesão, o jovem deverá receber tratamento apropriado
e somente voltar às atividades esportivas quando estiver recuperado.
É recomendável que haja por perto pessoa capacitada para prover os primeiros socorros e colocar em
prática as medidas de suporte básico de vida.
Os pais, professores e instrutores devem, em todas as oportunidades, ressaltar para a criança e/ou
adolescente a necessidade do respeito ao adversário e combater todas as formas de violência.