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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo traçar um panorama da caracterização da


educação não formal no Brasil de 1960 à 1990. Nessa caracterização, é nossa
intenção enfatizar os movimentos sociais na década de 1980 e o terceiro setor na
década de 1990, contextualizando social e politicamente cada período.
Para iniciar nossa discussão, é necessário conceituar a educação não formal.
De acordo com Gohn (1999), Combs e Ahmed definiram educação não formal
nos anos 70 como:
Uma atividade educacional organizada e sistemática, levada a efeito
fora do marco de referência do sistema formal, visando propiciar
tipos selecionados de aprendizagem a subgrupos particulares da
população, sejam estes adultos ou crianças (GOHN, 1999, p.91).

Gohn (2006), afirma que na educação não formal o educador é o “outro”,


aquele com quem interagimos ou nos integramos. Os espaços educativos localizam-
se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos,
fora das escolas, em locais informais, locais onde há processos interativos
intencionais.
A educação não formal de acordo com Libâneo (2010), são as atividades com
caráter de intencionalidade, porém com baixo grau de estruturação e sistematização,
implicando certamente relações pedagógicas, mas não formalizadas. Tal é o caso
dos movimentos sociais organizados na cidade e no campo, os trabalhos
comunitários, atividades de animação cultural, os meios de comunicação social, os
equipamentos urbanos culturais e de lazer (museus, cinemas, praças, áreas de
recreação), etc.
Para Gadotti (2005), a educação não formal é mais difusa, menos hierárquica
e menos burocrática. Os programas de educação não formal não precisam
necessariamente seguir um sistema sequencial e hierárquico de progressão. Podem
ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem.
E de acordo Trilla (2008), educação não formal é aquela que tem lugar
mediante procedimentos ou instâncias que rompem com alguma ou algumas dessas
determinações que caracterizam a escola. O não formal é aquilo que permanece à
margem do sistema educacional graduado e hierarquizado.
Para compreendermos como se formaram as bases para o desenvolvimento
da educação não formal precisamos retratar sua trajetória histórica.
De acordo com Trilla (2008), no contexto real (mundial) de 1960/1970, os
fatores que influenciaram o desenvolvimento da educação não formal foram:
 O aumento das demandas da sociedade (novas necessidades
educacionais).
 As transformações no mundo do trabalho.
 A ampliação/ocupação do tempo livre.
 As mudanças na instituição familiar e na vida cotidiana.
 O desenvolvimento de tecnologias (comunicação de massa).
 E a crescente sensibilidade social em relação às minorias, excluídos ou
determinados públicos em situações de conflito.
Ainda de acordo com Trilla (2008), simultaneamente havia um contexto
teórico que favoreceu o desenvolvimento da educação não formal que foram:
 O discurso reformista, que parte da análise da educação em âmbito
mundial, por meio de dados estatísticos. São discursos que partem de
organismos internacionais e personalidades da educação. Esses
discursos apesar de bem fundamentados não partiam de uma
perspectiva crítica, mas pretendiam modernizar e reformar a educação.
 As críticas à instituição escolar (tecidas por alguns teóricos ao sistema
escolar formal)
 O surgimento de novos conceitos e entendimentos sobre educação,
como educação permanente, educação de adultos, educação aberta,
educação extra-escolar, educação não formal e outros.
 E a mudança de paradigma do meio educacional, que superou a visão
simplista que considerava na ação educativa somente a relação
professor e aluno e passou a considerar a influência do contexto como
significativo no processo educacional.
Podemos ilustrar o desenvolvimento da educação não formal conforme o
esquema a seguir:
Bases para o desenvolvimento da Educação Não Formal

Discurso Reformista

Contexto Real Contexto Teórico


Críticas à Educação
Formal

Educação Não Formal Novos Conceitos

Mudança de Paradigma
Europa e América do Brasil
Norte

Os contextos real e teórico levaram à conceitos e desdobramentos diferentes


para países desenvolvidos e para países em desenvolvimento.
Para Trilla (2008), nesse período, a educação não formal na América do Norte
e Europa (países industrializados) tinha como principais objetivos escolarizar para
empregar, para capacitação profissional e enriquecimento do tempo livre. Os EUA
pensavam num campo possível e estratégico para ações educacionais mais
econômicas, nesse sentido apontava-se para a necessidade de desenvolver meios
educacionais que não se restringissem somente aos escolares. A terminologia
educação não formal torna-se popular no contexto educacional internacional a partir
de 1967.
Já nos países em desenvolvimento como o Brasil estava voltada para a
alfabetização de adultos até os anos 80, e somente nesse período o termo não
formal passou a ser utilizado no Brasil.
Conforme Gohn (1999, p. 91), “até os anos 80, a educação não formal foi um
campo de menor importância no Brasil, tanto nas políticas públicas quanto entre os
educadores.”
De acordo com Garcia (2007), até os anos 80, a educação não formal no
Brasil tinha como base a alfabetização de adultos e estava de acordo com as
propostas de movimentos sociais e também de Paulo Freire. Lembrando que entre
1960 e 1970 surgiram no Brasil experiências de educação não formal nos
movimentos sociais de esquerda. Nesse período a educação formal também estava
sendo pesquisada nos Estados Unidos.

Para Gohn (1999), um dos supostos básicos da educação não formal é:

[...] o de que a aprendizagem se dá por meio da prática social. É a


experiência das pessoas em trabalhos coletivos que gera um
aprendizado. A produção de conhecimentos ocorre não pela
absorção de conteúdos previamente sistematizados, objetivando ser
apreendidos, mas o conhecimento é gerado por meio da vivência de
certas situações-problema (GOHN, 1999, p.103).

Retomando a citação de Gohn (1999), compreendemos que a educação não


formal, partindo de situações problema do cotidiano, possibilita a construção do
conhecimento para além de conteúdos previamente sistematizados. A autora
defende a articulação entre a educação formal e não formal, pois lança a ideia de
uma nova escola, com mais liberdade e criatividade e participação por meio da
gestão democrática.
Garcia (2007), apresenta de forma sintética a trajetória da educação não
formal no Brasil, ela compara a Educação não formal à um mosaico. Mas por quê
um mosaico? Porque envolve várias áreas do conhecimento e ações, desde as
áreas que tem como foco a transformação da sociedade até as que pretendem
conservar a ordem social vigente. De acordo com a autora, a educação não formal
mescla filantropia, educação popular, assistência social, movimentos sociais, cultura,
arte, educação, terceiro setor. Ela procura delinear o caminho percorrido pela
educação não formal no Brasil abordando o nascimento desse campo teórico como
área de pesquisa.
De acordo com Garcia (2007), a educação não formal no Brasil:

[...] constitui-se dialogando com ações da filantropia, assistência


social, da educação popular, dos movimentos sociais e movimentos
culturais, de atividades recreativas, da arte-educação, da educação
para o trabalho, das ações voltadas para recreação e utilização do
tempo livre e, mais recentemente, já participando com características
próprias, das ações vinculadas ao terceiro setor e ao voluntariado, da
filantropia empresarial e da educação social. Neste emaranhado de
ações, elas se misturam, tanto na prática como em suas identidades,
concepções e ideologias (In CARNICEL; FERNANDES; PARKS,
2007, p. 31).
Retomando o recorte de Garcia (2007), compreendemos que a educação não
formal no Brasil está marcada por ações da sociedade civil, ligadas ao voluntariado
e ao assistencialismo. Essa é uma tendência que aparece quando o Estado passa à
dividir suas obrigações com outras instituições. O Estado acabou se retraindo após a
década de 90 em função das políticas neoliberais que defendem a divisão de
responsabilidades com a sociedade.
De acordo com Garcia (2007), como a educação não formal se trata de um
campo relativamente novo de estudo, foi necessário recorrer à bibliografia
internacional para tentar compreender essa área, além de ter recebido contribuições
de outros campos específicos de educação.
Garcia (2007, p. 33) afirma que “essa especificidade da educação considera
as relações educacionais como eixo e mediadoras das propostas de mudança social
que almejam e se propõem realizar.” Para Garcia (2007) o Brasil, apesar de utilizar o
termo educação não formal só recentemente, desenvolve ações nesse campo há
muito tempo.
Conforme Garcia (2007), a educação não formal começou a aparecer como
tentativa de solucionar os problemas que a escola formal não dá conta e que o
conhecimento sobre essa modalidade vem se constituindo na prática, na
necessidade de resolver situações do dia-a-dia.
Para Garcia (2007):

É interessante considerar que a educação não formal, como área do


conhecimento, passou a ser observada como válida e como
possibilitadora de mudanças, inclusive dentro da própria concepção
de educação, a partir de seu aparecimento e de sua inclusão como
área pedagógica em documentos e artigos relevantes da área
educacional (In CARNICEL; FERNANDES; PARKS, 2007, p. 36).

Compreendemos nesta citação de Garcia (2007), que a educação não formal


é uma importante modalidade de educação e que aponta para possibilidades
transformações na sociedade.
De acordo com Gohn (1999), a educação não formal se divide em dois
campos segundo seus objetivos. Um dos campos é destinado ao aprendizado da
leitura e escrita e dos conhecimentos acumulados pela humanidade, mas em
espaços alternativos. O outro campo abrange a educação gerada no processo de
participação social, em ações coletivas não voltadas para o aprendizado de
conteúdos de educação formal.
Nesse segundo campo, de ações coletivas, podemos estudar a presença de
ações da educação não formal dentro dos movimentos sociais. A partir daqui
estudaremos os movimentos sociais, que ganharam força a partir de 1980 e o
terceiro setor a partir de 1990.

MOVIMENTOS SOCIAIS

Para iniciarmos o estudo sobre a educação não formal nos movimentos


sociais precisamos entender o conceito de movimentos sociais.
De acordo com Peruzzo (1998), movimentos sociais são organizações
articuladas com questões mais amplas, que possuem visibilidade pública e tem um
projeto de mudança relacionado à um problema social. No entanto, conceitualmente
há diversidade de termos utilizados para movimentos sociais.
Esses movimentos podem ser:
 Ligados aos bens de consumo coletivo.
 Envolvidos na questão da terra.
 Relacionados com as condições gerais de vida (preservação ambiental, alto
custo de vida, etc).
Para Peruzzo (1998), quatro itens vão caracterizar os movimentos sociais:
 A mobilização
 A organização
 A articulação
 E as parcerias
No entanto, isso não necessariamente ocorre nessa ordem, nem sempre os
movimentos sociais se desenvolvem num movimento cronológico linear dessas
fases.
Conforme Peruzzo (1998), a sociedade como um todo estava muito insatisfeita
com o governo militar e foi em busca da redemocratização do país. No final dos
anos 70, as classes subalternas começaram a se organizar para exigir seus direitos.
Os movimentos sociais nesse sentido podem ser citados como mecanismos de
pressão da sociedade civil ao Estado.
A década de 80 é considerada mais crítica de enfrentamento do governo,
havia uma efervescência social, um clima fértil para o desenvolvimento dos
movimentos sociais, pois algumas características favoreceram o surgimento desses
movimentos na história do Brasil, que foram:
 A degradação das condições de ida dos cidadãos.
 A compreensão da população quanto a precariedade de sua existência.
 A percepção da interferência nos processos decisórios do poder público
por meio de ações coletivas.
 O momento político global acenando para uma possível abertura.
 O apoio encontrado na sociedade civil, principalmente na igreja e em
outras instituições defensoras dos direitos humanos.
A questão da educação popular aparecer dentro dos movimentos sociais, que
ganham força após 1980 no Brasil, aponta para uma concepção mais ampla de
educação na qual estava presente a ideia da educação como ferramenta para
resolver os problemas sociais. No entanto, essa é uma visão simplificada da
realidade, é preciso ter uma visão mais realista das coisas, pois é ilusão achar que
na escola pode dar conta sozinha de resolver todos os problemas da sociedade. É
preciso ter toda uma estrutura que garanta os direitos básicos dos cidadãos pelo
Estado.
Para Garcia (2007), a educação não formal nos movimentos sociais extrapola
o que é esperado pela educação formal. De acordo com a autora:

Já nascendo com uma preocupação que compreende a educação de


uma maneira muito mais ampla do que formar e informar, os
movimentos sociais surgem concebendo a educação como mais uma
área importante na formação dos indivíduos, abrangendo cultura,
arte, formação política etc. A questão educacional no contexto dos
movimentos sociais surgem em um primeiro momento, ligada à
educação popular, em especial ao analfabetismo (CARNICEL;
FERNANDES; PARK, 2007, p.41)

Conforme a citação de Garcia (2007), compreendemos que no Brasil,


inicialmente, a educação não formal nos movimentos sociais tinha como objetivo a
alfabetização. Também havia movimentos que propunham atividades com jovens e
crianças em parques infantis, centros de cultura e atividades extra escolares.
Há uma preocupação, de acordo com Garcia (2007), sobre a questão
pedagógica dessas intervenções da educação social, tendo em vista suas práticas e
propostas assistenciais.
De acordo com Peruzzo (1998), debates teóricos em 1990 dão enfatizam as
contribuições e limitações de tais movimentos. Nesse sentido, as contribuições
destacadas seriam: uma nova cultura política e a passagem da percepção das
carências sociais para exigências sociais. E falando das limitações, seriam: ver os
participantes como minoria da população, grande parte dos movimentos são grupos
pequenos e a obtenção dos serviços exigidos pode representar o fim dos
movimentos. Outra questão discutida também é a utilização de uma postura teórica
inadequada e não a prática concreta dos movimentos. Há preocupação com a
educação não formal no sentido de ser oferecida uma educação social em propostas
com bases pedagógicas.
Conforme Garcia (2007) , na educação não formal:

[...] está presente uma das maiores preocupações com seu sentido
pedagógico, pois, utilizando-se dos discursos de parceria com a
sociedade civil, a educação (no sentido de formação) perde espaço
para a intenção neoliberal de individualização, não só dos sujeitos
como também de suas ações, responsabilizando-os, indiretamente ,
pela sua formação (In CARNICEL; FERNANDES; PARK, 2007 p. 44)

Nossa compreensão acerca da citação de Garcia (2007) é que a posição do


Estado fica confortável, pois se a educação também é oferecida de forma não formal
dentro dos movimentos e ações da sociedade por meio de parcerias, diminui as
obrigações do Estado em relação à essa necessidade da população, e
responsabiliza o próprio indivíduo pela sua formação.
Peruzzo (1998), não subestima nem superestima o papel dos movimentos
sociais, ela diz que é preciso analisar o seu contexto.
Conforme Peruzzo (1998), além da diversidade dos movimentos sociais
voltados para diferentes fins (questão da terra, direitos humanos e questões
trabalhistas), há um conjunto bastante expressivo de instituições, organizações e
pastorais, etc. É uma rede bastante diversificada em seus objetivos, em suas táticas,
mas que pode apresentar muitas coisas em comum como por exemplo: esta rede
pode estar favorecendo ou ajudando a construir uma nova cultura política e a
democratização da sociedade.
Essa organização de movimentos sociais, conforme Peruzzo (1998) vai
configurando novos valores para sociedade que são:
 Democracia
 Autonomia
 Participação da mulher
 Solidariedade e gratuidade.
De acordo com Peruzzo (1998) esses são valores coletivos que se
desenvolvem quando os interesses em comum aproximam as pessoas em torno de
um mesmo objetivo, que no caso, seria a busca da garantia de direitos.
Feito esse panorama dos movimentos sociais, a seguir discutiremos o terceiro
setor na década de 90.

TERCEIRO SETOR

De acordo com Garcia (2007), a educação não formal no Brasil, nos últimos
anos, está voltada para a população mais pobre. Essas ações partem de ONGs,
grupos religiosos e instituições em parceria com empresas. No Brasil a educação
não formal se expande no mesmo momento do aumento do número de ONGs,
nesses movimentos a educação tem destaque e as ações partem das camadas
pobres da população gerando debates e lutas pela garantia dos direitos.
O terceiro setor refere-se à organizações privadas, com gestão própria, sem
fins lucrativos e com trabalhadores voluntários (não remunerados).
De acordo com a definição de Korten (1991), ONGs são “grupos e instituições
que são inteiramente ou largamente independentes do governo e caracterizadas
principalmente por objetivos humanitários ou cooperativos, em vez de comerciais)
Essa denominação de acordo com Garcia (2007) vem do contexto neoliberal
que reduz a sociedade em três setores, que são o Estado, o mercado e o terceiro
setor, isso é complicado porque coloca a política esfera pertencente ao Estado e não
ao povo. A sociedade civil passa a ser sinônimo de terceiro setor onde se encaixam
também as ONGs.
No caso das ONGs, para Garcia (2007 p. 45) “ao mesmo tempo em que
necessitam garantir sua sobrevivência, necessitam defender e fazer valer sua
atuação e projeto político. Essas duas faces podem ser conflitantes.” Para
compreender o que a autora quer dizer, significa que duas ONGs podem ter a
mesma proposta mas suas bases serem antagônicas. Por isso é importante
compreender o contexto das fundações, instituições, ONGs e olhar mais de perto
para ver quais são os seus reais objetivos.
Já as fundações, conforme Garcia (2007) tem como base a lógica
empresarial, que envolve interesses do mercado. Elas tem ocupado parte do espaço
do terceiro setor, elas tem ações sociais mas com objetivos e interesses próprios. A
iniciativa privada tem financiado projetos na área de educação.
As ONGs ganham força com a reforma do Estado (década de 90), na qual a
responsabilidade social é dividida com a sociedade civil, há um compartilhamento de
responsabilidades que desonera o Estado. Nesse contexto também surgem as
OSCIPS – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, ferramenta
utilizada para ações de interesse das classes dominantes da época.
Como o terreno era fértil, e era um momento de disputas conceituais,
conforme Garcia (2007), houve um mimetismo, ou seja, projetos neoliberais estavam
mascarados para ficarem parecidos com propostas com base transformadora da
sociedade.
Garcia (2007) enfatiza o papel da educação não formal nesse contexto:

A educação não formal e em especial sua atuação como educação


social precisa ser compreendida neste contexto, [...], e é necessário
ter clareza de quais as possibilidades que esse campo tem sozinho,
de exercer ações transformadoras em relação aos projetos já
instituídos. Essas questões deveriam estar presentes em arenas
mais amplas de discussão, pois, apesar dessa especificidade
educacional vir se constituindo como proposta e como uma área
profissional, as ações efetivas e transformadoras no setor social só
se efetivarão como parte de um projeto político e não como serviço
profissional (CARNICEL; FERNANDES; PARK, 2007 p. 48)

O que compreendemos da citação de Garcia (2007) é que somente a


educação não dá conta dessas transformações sociais, ela é parte de um projeto
que envolve muitas outras variáveis.
Garcia (2007) afirma que ações filantrópicas também se inserem no terceiro
setor e também são vistas como propostas transformadoras mas são propostas
assistencialistas.
A educação não formal, de acordo com Garcia (2007) aproxima-se bastante
da pedagogia social (área de formação e atuação em outros países).
Para Garcia (2007), o papel da educação social na relação com a educação
não formal é o de atacar problemas emergenciais.
De acordo com a autora a definição de ONGs como:

Organizações formais, privadas, porém com fins públicos e sem fins


lucrativos, autogovernadas e com participação de parte de seus
membros como voluntários, objetivando realizar mediações de
caráter educacional, político, assessoria técnica, prestação de
serviços e apoio material e logístico para populações alvos
específicas ou para segmentos da sociedade civil, tendo em vista
expandir o poder de participação destas com o objetivo último de
desencadear transformações sociais ao nível micro (do cotidiano
e/ou local) ou ao nível macro (sistêmico e/ou global) (SCHERER;
WARREN, 1995 p.165)

Conforme a citação, compreendemos que elas também tem como objetivo


mediações educacionais, ou seja, na educação não formal. Pode-se dizer que o
campo de atuação das ONGs tem sido o assistencialismo, o de desenvolvimento e o
campo da cidadania.
No entanto, conforme a autora, as ONGs também tem limitações e
possibilidades. Dentre as possibilidades podemos citar: oferecer espaços menos
burocratizados para construir a cidadania. No campo dos problemas, podemos
elencar alguns fatores como: se tornar espaços para adquirir e desviar verbas
públicas, a parceria com o governo em alguma medida diminui a postura radical, no
sentido de que se recebe verbas públicas pressiona menos o governo nas
reinvindicações pois teme perder os incentivos financeiros.
Atualmente não se pode dizer que as ONGs são independentes do Estado,
pois muitas recebem incentivos e é aí que podem haver desvios de verbas.
Então, nesse sentido a década de 80 é considerada mais crítica de
enfrentamento do governo e a década de 90 foi de diminuição da pressão sobre o
poder público para não perder os benefícios.
Nesse ponto também entra a questão dos objetivos das ONGs, pois pode ter
objetivos implícitos e explícitos por isso é preciso parar e analisar quais os reais
objetivos dessa ONG.
A partir daqui, faremos a caracterização do espaço de educação não formal
visitado e faremos nossas conclusões, relacionando o espaço pesquisado com os
estudos sobre educação não formal, movimentos sociais e terceiro setor.
CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

 HISTÓRIA
A Casa do Caminho teve seu nome escolhido para homenagear a primeira
comunidade Cristã na história da humanidade. Aquela Casa foi um marco na história
do Cristianismo e um exemplo inesquecível do espírito da abnegação e da
fraternidade.
Nossa Casa, inaugurada 1987, em Londrina, contou com o esforço de muitos
trabalhadores para desenvolver-se durante esses anos, entre eles Jupiter Villoz
Silveira e Tania Regina M. Silveira, ainda integrantes da atual Diretoria. O eixo,
norteador do trabalho ao longo dos anos sempre foi o mesmo: amparar, auxiliar,
ajudar, estender as mãos aqueles que nos procuram sendo o amor e o respeito as
características essenciais para que isso ocorra. A casa foi fundada com o interesse
de educar a crianças e adolescentes, e já atendeu a mais de 1.600 crianças desde
que foi fundada.
Hoje, contamos com uma estrutura capaz de atender a aproximadamente 180
crianças. Trabalhamos com a educação infantil e o apoio sócio educativo e
abrigamos 3 adultos com necessidades especiais remanejados do abrigo que
funcionou na Casa, por mais de 12 anos.
Nossa proposta é o desenvolvimento de um trabalho educativo sério. Educar
é propiciar condições para que ocorra um crescimento interior, expansão na
horizontal e vertical. É a busca da transformação e emancipação do homem. Para
nós todos devem ser vistos como seres com plena possibilidade de
desenvolvimento.

 Localização:
Av: Paul Harris, 1481 - Londrina

 Objetivos:
Educar, amparar, auxiliar, socorrer, estendendo as mãos ao próximo sem
esquecer que todos somos espíritos imortais, sempre necessitados do amparo
Divino.
Acreditamos ser possível construir uma sociedade fraterna, justa e solidária
para todos. Em razão disso é que realizamos um trabalho pedagógico com crianças
e adolescentes na educação infantil e no apoio sócio educativo, respectivamente,
objetivando propiciar condições para que os educandos desenvolvam valores
morais, com a finalidade de que atuem perante a sociedade com consciência,
humanidade e cidadania.
Os princípios cristãos são a base do desenvolvimento de todo nosso trabalho
educativo.

 Públicos:
Adultos, crianças, idosos.

 Organização pedagógica:

 Atividades desenvolvidas:

 Evangelização adultos e crianças (aberto a comunidade).

 Tratamento fluidoterapico.

 Assistência fraterna (aberto a comunidade).

 Grupos de estudo (aberto a comunidade).

 Grupo de estudos sobre mediunidade (aberto a comunidade).

 Reuniões mediúnicas para grupos específicos).

 Grupo de Evangelização a partir do Teatro (aberto a comunidade).

 Centro Espírita (Francisco Cândido Xavier) – desenvolve atividades


com base na Doutrina Espírita de Allan Kardec. Atendem aos que
comungam do ideal espírita e aos simpatizantes do espiritismo.
 Casa da Sopa (Benedita Fernandes) – inaugurada em 200 no centro
da cidade de Londrina, próximo a delegacia central, tem o objetivo de
atender aos moradores de rua e seus familiares. Semanalmente e no
horário noturno realizamos neste local a sopa fraterna direcionada aos
moradores de rua da cidade. Além disso, promove campanhas de
distribuição de roupas, agasalhos e alimentos a estas pessoas.
Durante o ano, em datas determinadas, promovem encontros
educativos e de cidadania com os moradores de rua. Nesses
momentos propiciamos, além do alimento, palestras educativas,
evangelização, momentos culturais e atendimento na área de higiene e
lazer. Esse trabalho é desenvolvido exclusivamente por voluntários,
que participam e contribuem (pagamento do aluguel do local e todas as
despesas e campanhas promovidas pelo grupo). Não recebem verbas
da mantenedora e de órgãos públicos, apenas há apoio da
mantenedora na cessão do espaço físico para eventos nos finais de
semana e doação de alimentos, quando há sobras de alimentos
perecíveis.

 Casa abrigo – tem por objetivo abrigar, prestar atendimento especial e


educação não formal a 3 adultos com necessidades especiais, em
horário integral (24 horas). Os internos são remanescentes da antiga
Casa abrigo, um segmento da casa do Caminho desativado em anos
anteriores.

 Centro de Educação Infantil (Eurípides Barsanulfo)– trabalho


integrando o “cuidar e educar” com crianças de 0 a 6 anos. Essa
educação busca alicerçar valores universais que possam ajudar a
consolidar o ser consciente, com base na Pedagogia do Amor. As
atividades educacionais são desenvolvidas em período integral. Para
tanto, os infantes recebem material escolar e uniforme da Instituição. A
alimentação diária é fornecida com, no mínimo 5 refeições, e
diversificada de forma a conciliar as especialidades de cada faixa etária
 Apoio Sócio-Educativo - um trabalho integrando o cuidar e educar.
Com esse método educativo buscamos alicerçar valores universais que
possam ajudar a consolidar um ser mais consciente, tendo como base
a Pedagogia do Amor. As crianças e adolescentes tem a oportunidade,
em turno contrário ao da escola regular, de realizar atividades lúdicas,
esportivas, recreativas, artísticas, escolares. Esse trabalho é
desenvolvido através de projetos e oficinas de Arte, xadrez, Culinária,
Teatro, Leitura, Esportes, Circo, Música, entre outros. Essas crianças
também reaizam atividades extra tais como Excursões, passeios
educativos e Acantonamentos durante todo o ano letivo.

O grupo que trabalha no Centro Espírita realiza também atividades que


envolvem a cultura espírita (música, teatro, dramatizações, etc.). Educação do
espírito com o objetivo de aprofundamento dos ensinos da Evangelização de
Espíritos em Encontros, Seminários e Palestras.

 Formação do educador social.

 Fotos

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