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O QUE É POSSÍVEL FAZER PARA

PROPORCIONAR UM BOM FUNCIONAMENTO


DAS CRAVELHAS?
Por *Vlamir Devanei Ramos - 10/03/2017

Este artigo foi preparado com o objetivo de levar aos músicos e estudantes de
instrumentos de cordas friccionadas, alguns esclarecimentos para que, de maneira
simples, fácil e econômica, possam manter seus instrumentos com as cravelhas
sempre em boas condições de conservação e funcionamento.

O músico fica na dúvida e pergunta: “O que posso fazer para que minhas
cravelhas funcionem bem?”

É bastante comum ouvir o profissional de luteria responder que “é preciso tomar


muito cuidado para não prejudicar o instrumento” ou, “com a minha experiência
profissional posso dizer que” ou então apenas, “tem que saber fazer, não é tão
simples”.

Embora no Brasil, geralmente os luthiers não concordam com a ideia de os próprios


músicos manterem seus instrumentos com alguns procedimentos preventivos, e até
corretivos simples, nos Estados Unidos e Europa há outra consciência, pois os luthiers
até orientam seus clientes para resolverem diversos problemas.

Ver em: https://www.geigenbauonline.com/pegs.html

Ver em: http://www.geigenbau-lobe.de/en/info_tipps.html

Realmente é importante que o músico possa contar com ajuda profissional, mas o que
fazer nos lugares e regiões onde não há um luthier?

O curso de bacharelado em música da Universidade Real de Madri tem na grade


curricular uma disciplina chamada “LUTERIA”, que obviamente não orienta para a
construção de instrumentos, já que os alunos serão músicos e não luthiers, mas passa
conceitos e conhecimentos a fim de que o próprio músico possa solucionar diversos
problemas relacionados ao seu instrumento. Um desses problemas é o funcionamento
das cravelhas.
Alguns luthiers dizem que basta um bom ajuste e nada mais é necessário. Obviamente
há necessidade de um bom ajuste, como a retificação dos furos da caixa de cavelhas
ou das próprias cravelhas, sendo necessário nestes casos, a intervenção de um
profissional de luteria, já que isto exige conhecimento e uso de ferramentas
específicas.

De acordo com Michael Darnton, fabricante e restaurador de violinos americano, “se


as cravelhas estiverem corretamente ajustadas, não devem apresentar muitos
problemas, mas às vezes o violino fica difícil de afinar, tanto porque as
cravelhas não estabilizam e voltam, ou porque inversamente, apresentam
dificuldade para girar, ficando até travadas sem a mínima condição de
movimento”.

Isso ocorre porque existem cravelhas de madeiras diversas, umas mais macias, como
o “boxwood” por exemplo, e outras mais resistentes como o ébano, jacarandá,
caviúna, etc., fazendo com que o atrito entre a cravelha e a madeira da caixa de
cravelhas não seja sempre igual para todos os casos.

Cada madeira apresenta uma característica e um comportamento diferente, além de


que a variação de umidade atmosférica altera inversamente o diâmetro da cravelha e
dos furos. Quando o diâmetro da cravelha aumenta pela umidade, o diâmetro da sede
(furo) diminui. Com o tempo seco, ocorre o contrário.

INSTRUMENTOS ANTIGOS APRESENTAVAM OS MESMOS


PROBLEMAS?
COMO ERAM RESOLVIDOS?

Instrumentos de cordas medievais como alaúdes, violas renascentistas, violas


barrocas, guitarras barrocas e também as guitarras clássicas (violões) antes do
advento das tarrachas, já apresentavam os mesmos problemas existentes nas
cravelhas dos instrumentos atuais.

Embora existam os chamados produtos específicos, nos casos de emergência,


geralmente busca-se um produto qualquer que seja de fácil obtenção, e que ao
mesmo tempo resolva o problema. Isso é possível, porém são necessários alguns
cuidados, a fim de que não piorem os problemas ou sejam criados outros.

Nesses casos é muito comum o músico seguir conselhos de colegas, professores ou


luthiers de sua confiança, mas quase sempre fica sem a noção exata do que
realmente é bom ou permitido, já que lhe são passadas informações difusas e nem
sempre técnicas. Enquanto alguns recomendam o uso de certo produto, outros
condenam o uso do mesmo produto.

Sempre que possível, é importante que o músico utilize produtos específicos, mas
também é possível usar alguns que foram usados no passado sem problemas, já que
os produtos modernos seguem em suas fórmulas, os mesmos princípios de quando
músicos e luthiers, empiricamente usavam os produtos de que dispunham.

OS PRODUTOS ESPECÍFICOS

Há vários produtos para cravelhas de diversos fabricantes, sendo que todos funcionam
com pelo menos dois componentes em suas fórmulas, um com função lubrificante, que
faz a cravelha reduzir o atrito e o desgaste, e o outro com função travante, para que a
cravelha tenha condições de girar com facilidade, mas também apresente estabilidade
suficiente para segurar a afinação.
Esses compostos podem ser sólidos, em formato de bastão ou pasta e também
compostos líquidos. Os sólidos e pastas podem ser à base de ceras ou sabões.

Quase sempre os compostos líquidos à base de óleos, acabam sendo absorvidos pela
madeira da caixa de cravelhas, e em caso de rupturas, não é possível realizar a
colagem do local, dificultando sua restauração.

COMPOSTOS SÓLIDOS EM BASTÃO PARA CRAVELHAS


COMPOSTOS LÍQUIDOS PARA CRAVELHAS

COMPOSTO SÓLIDO EM PASTA (SABÃO) PARA CRAVELHAS

Um produto excelente é o “Peg Soap”, ou sabão para cravelhas, que é parecido com
os bastões compostos de ceras, mas é um composto de sabão com outro elemento
travante, para produzir atrito e assim “segurar” as cravelhas, evitando o deslizamento
excessivo das mesmas. Atualmente ainda é possível encontrar alguns no mercado,
como esse da marca “Hidersine”.
PEG-SOAP ( SABÃO COMPOSTO PARA CRAVELHAS)

OS PRODUTOS CONSIDERADOS ALTERNATIVOS

Desde um passado de milênios, os músicos sempre tiveram problemas com as


cravelhas, utilizando empiricamente produtos que tinham à disposição para resolvê-
los, sem saber se aquilo traria ou não alguma consequência negativa. Quando tinham
sucesso, ensinavam outros músicos, indicando o produto que tinham usado.

Mas nem sempre o mesmo produto funcionava para todos os problemas.

Quando uma cravelha estava “escorregando”, qualquer produto que a segurasse seria
a solução, mas às vezes, essa mesma cravelha ficava emperrada ou difícil de girar, e
havia a necessidade de procurar outro produto que mudasse a situação.
Com o passar do tempo e através de observações e experimentos, concluiu-se que o
ideal seria uma composição de dois ou mais elementos (um lubrificante e outro
travante) em proporções adequadas, para que tudo fosse devidamente solucionado.

Os produtos combinados que ofereceram bons resultados foram os sabões, o giz


(calcáreo), o grafite, algumas ceras e até alguns óleos. Em menor escala, colofônia,
própolis e betume-da-judéia também fizeram parte da lista de produtos usados pelos
músicos e luthiers desses tempos.

O sabão e o giz foram tão eficazes, que até hoje muitos luthiers e músicos fazem uso
deles, e fabricantes produzem sabões específicos para cravelhas, à base de azeite, ou
óleo de linhaça, ou também óleo de nozes, compostos com gesso ou outro elemento
“travante”.

Ver em https://www.geigenbauonline.com/pegs.html
SABÃO E GIZ PEG-SOAP (SABÃO PARA CRAVELHA)

Nos casos de emergência, em que o músico ou estudante tem problemas com suas
cravelhas e não pode se dirigir a um luthier, ou reside em regiões carentes de
profissionais para atendê-los, produtos alternativos resolvem o problema de maneira
muito prática.

PROCEDIMENTOS

LIMPEZA: Geralmente não é necessário proceder a limpeza das cravelhas e suas


sedes, porém em alguns casos, já existe material na superfície de ambas, dificultando
o devido funcionamento. Para evitar mistura e acúmulo de materiais diferentes, é
aconselhável que se faça a limpeza antes da lubrificação.
Para isso, basta retirar uma cravelha de cada vez, mantendo as demais com as cordas
tensionadas (afinadas) e limpá-la com aguarrás para artesanato ou terebintina. Limpar
também as sedes (furos da caixa de cravelhas) utilizando um cotonete (bastão com
algodão nas extremidades) também com aguarás ou terebintina.
Pode-se usar o “limoneno”, chamado de terebintina cítrica ou solvente ecológico
(encontrado no mercado com a marca Ecosolv), ou até mesmo querosene.
LUBRIFICAÇÃO: Após a limpeza, enxugar os locais com um pano de algodão ou
guardanapo de papel, e aplicar uma camada do produto escolhido nos pontos de
contato da cravelha (parte brilhante verificada pelo atrito da cravelha com a sede).
Introduzir a cravelha em sua sede e girar algumas vezes até que ela apresente alguma
firmeza. Caso o produto não firme bem, pode-se aplicar uma leve camada de giz sobre
ele, e certamente haverá melhor fixação. Recolocar a corda e afiná-la.

Repetir esse procedimento nas outras cravelhas, sendo sempre uma de cada vez.

Só retirar uma cravelha quando a anterior já estiver recolocada e a corda da mesma


estiver tensionada (afinada). Isso evita deslocamento tanto do cavalete, como da alma.

Se optar pela utilização de sabão e giz, o sabão deverá ser neutro e seco (velho) ou
bem firme.

Deve-se aplicar primeiramente uma camada de sabão seco em toda a volta da


cravelha, e depois introduzi-la em sua sede. Girar algumas vezes e então retirar a
cravelha novamente. Aplicar uma leve camada de giz sobre a camada de sabão e
retornar a cravelha em sua sede. Girar novamente até que se firme.

Ver em: https://www.geigenbauonline.com/pegs.html


Estes materiais sempre foram utilizados sem apresentar problemas, porém, assim
como os produtos específicos, deve-se tomar cuidado com a quantidade aplicada.
Apenas um pouco é suficiente.

1 - passar uma camada de sabão seco em toda a volta da cravelha, e posteriormente


introduzi-la em sua sede girando algumas vezes.

2- retirar a cravelha novamente e aplicar uma leve camada de giz sobre a camada de
sabão, apenas na superfície de contato.

3 - recolocar a cravelha em sua sede (furo) girando novamente até que se firme, e
com um pano de algodão ou guardanapo de papel, limpar os excessos.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

1) Estas orientações não são direcionadas aos luthiers, mas sim aos músicos e
estudantes, para que de maneira simples, rápida e econômica, possam manter
seu instrumento sempre em boas condições de funcionamento.

2) Lubrificantes líquidos à base de óleos, geralmente são absorvidos pela madeira


da caixa de cravelhas no local dos furos. Nos casos de rupturas sempre haverá
dificuldade para colagem e restauro do local afetado.

3) Nunca utilizar álcool para a limpeza das sedes de cravelhas (furos) e, em


casos extremos (sujeira acumulada ou impregnada), não abusar da confiança e
não utilizar produtos que não foram mencionados neste artigo.

4) Nos casos de dúvidas ou nos casos em que as cravelhas necessitem de


ajustes, deve-se sempre procurar um profissional de luteria.

CURIOSIDADES

Os instrumentos de cordas com cravelhas remontam aos tempos bíblicos. Mesmo com
tecnologias e recursos primitivos, quando o rei Davi governou Israel, “construiu” 4000
instrumentos de música, entre sopros, percussão e cordas. Os instrumentos de cordas
eram quase sempre os alaúdes, saltérios e harpas.

ALAÚDE

Embora o alaúde seja um instrumento de origem supostamente árabe, os judeus


sempre o utilizaram e já tinham problemas com o funcionamento das cravelhas, pois
diferentemente da harpa e do saltério, o alaúde possui cravelhas em madeira que são
movimentadas com as mãos.
BETUME SABÃO DE ALEPPO CERA DE ABELHA

Nesses tempos, era muito comum a utilização do betume da Judéia, assim como os
sabões e cera de abelhas, já que eram os produtos mais comuns. O betume com cal
era utilizado na vedação de embarcações e também usado nas construções civis. Já
os sabões eram produzidos para limpeza, com a utilização de gorduras animais ou
vegetais (geralmente o azeite de oliveira) e cinza.

Um sabão muito utilizado era o “sabão de Aleppo”. Aleppo é uma cidade da Síria, que
o produz artesanalmente há 3000 anos aproximadamente, com azeite de oliveira, óleo
essencial de louro e lixívia de cinzas, além de essências diversas. Depois é colocado
para secagem por 9 meses em área aberta antes de ser comercializado. É o sabão
historicamente mais famoso, e ainda hoje é muito apreciado, podendo ser encontrado
em toda Europa e Oriente Médio.

Mas não precisa ser sabão de Allepo. Basta deixar secar um pedaço de qualquer
sabão neutro ou um bom sabão de côco, que poderá ser utilizado sem problemas.

*Vlamir Devanei Ramos é Tecnólogo, Luthier, Professor de Luteria Teórica e Prática,


Desenho de Luteria e Física Aplicada aos Instrumentos de Cordas no Conservatório de Tatuí.

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