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Volume II
SERGIO FERRAZ
(Coordenador)
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Volume II
EDITORA
Roberto Antonio Busato
Presidente da OAB e Presidente Honorário da OAB EDITORA
Jeff«rson U is Kravchychyn
Presidente Executivo da OAB EDITORA
Rodrigo Pereira
Capa e Projeto Gráfico
Usina da imagem
Diagramação
Conselho Editorial
Jefferson Luis Kravchychyn (Presidente)
Cesar Luiz PasoW
Hermann Assis Baeta
Pauio Bonavides
Raimundo César Brítto Aragão
Sergio Ferraz
1. Direito, l. Titulo
340
ISBN ■ 85-87260-58-8
EDITORA
SAS Quadra 05 • Lote 01 • Bloco M
Edifício Sede do Conselho Federal da OAB
Brasília, DF • CEP 70070-050
Te). (61)316-9600
www.oab.org.bf
e-maíl; oabeditora@oab.org.br
jefferson@kravchychyn.com.br
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO_______________________________________________________
CAP ÍTULO I
C A P ÍT U L O II
C AP ÍTULO III
O swaldo Naves
Responsabilidade das sociedades de advogados ................................... 35
CAP ÍTULO IV
CAPÍTULO V
Eduardo Grebler
A denominação das sociedades de advogados .................. .................89
CAPÍTULO IX
O sw aldo Naves
A s comissões de sociedades de advogados ........................ ...............103
C A P ÍT U L O X
Sérgio Ferraz
Ética profissional e sociedades de advo<^ados.................................. 107
CAP ÍTULO XI
APRESENTAÇAO
CAPÍTULO I
1. introdução
É s e m p re m u ito p ra zero so an alisar e, tan to q u a n to for p ossí
vel, s iste m atizar as p rin cip a is características d este p ec u lia r e fas
c in a n te tip o societário q u e é a socied ad e d e a d v o g a d o s. Peculiar
p o rq u e n ã o existe, e m n e n h u m d o s tipos so cietários recon h eci
d o s p e la lei b rasileira, so cied a d e q u e a ela se asse m e lh e em su as
características m ais m arcantes. F ascinante p o rq u e , d e v id o à es
cassez d e lite ra tu ra ju ríd ica a resp eito d a s so cied ad es d e a d v o
g ad o s, a ca d a n o v a reflexão q u e nos p ro p o m o s a fazer, im p o r
tan tes co n clusõ es são alcançadas. Som e-se a isso a recen te p u b li
cação d a Lei 10.406, d e 10 d e janeiro d e 2002 ("n o v o C ó d ig o Ci
10 SOCeOfcOE DE WVOGAOOS Volume»
' Eugênio R. Haddock Lobo e Francisco Costa Netto, in Comentários ao Estatuto da OAB e às
Pegras da Profissão do Advogado. Editora Rio, 1978, pág. 168.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Voljtne II 1 1
^ Nesse sentido, cf. Ruy Azevedo Sodré, in S ocie d a d e de A dv o g a d o s . Revista dos Tribunais,
São Paulo, 1975.
^Ct. Haddock Lobo e Costa Netto, C om entários.-., pág. 169.
í2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
* Orlando Gomes, Parecer, in Sociedade de Advogado, publicado por Pinheiro Neto e Cia. -
Advogados, São Paulo, 1975, pág. 117.
^Orlando Gomes, Parecer..,, pág. 117.
SOaEQADE DE WVQGADOS Volume » 13
' Sobre a falta de técnica do legislador do atual Estatuto, veja-se o comentário de Alfredo d
Assis Gonçalves Neto, in Sociedade de Advogados, Juarez de Oliveira, 2. ed., 2002, pág. tO: “C
artigo 15 do atual Estatuto, ao dispor que “os advogados podem reunir-se em sociedade civil de
prestação de serviço de advocacia", deixa de declarar, como ocorria no regime anterior, a fun
ção a ser por ela preenchida. Pode parecer, à primeira vista, que a sociedade de advogados é
constituída para exe rcer a advocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advo
cacia privativa de advogado, certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permi
tir ou facilitar a “colaboração recíproca” entre si dos sócios-advogados e demais advogados a
ela vinculados, “para a disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na pres
tação dos serviços’ por eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art,
77, caput, da Lei 4.215, de 1963" (grifos no original).
24 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Rubens Requiâo, in Projeto de Código C ivil-apreciação critica sobre o Livro II (Da atividade
negociai), artigo publicado na RT 478, pp. 15; e Nelson Abrão, Soc/edacfe... cit., pp. 12esegs.,
apontam que não obstante o legislador pátrio ter expressamente indicado os códigos suíço e
italiano como fonte de inspiração para criação da sociedade simples, esta, como inserida no
direito brasileiro, foi destinada a desempenhar função diversa daquela que lhe foi atribuída nos
ordenamentos suíço e italiano.
18 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
Luiz Antonio Soares Henlz, in Direito de Empresa no Código Civil de 2002, Juarez de Oliveira,
2002, São Paulo. pp. 163-164,
Nesse ponto é interessante notar que a aparição das sociedades de advogados no direito
brasileiro foi motivada inicialmente para produzir economias fiscais ao advogados, Antes da
entrada em vigor do Estatuto de 1963, grande números de advogados viam-se compelidos a se
agruparem em sociedades civis, reguladas pelos artigos 1.371 e seguintes do Código Civil de
1916. Somente num segundo momento as sociedades de advogados foram utilizadas como
verdadeiro instrumento de obtenção de escala e eficiência no desempenho da profissão.
Sobre os diversos perfis que a empresa apresenta, veja-se o clássico estudo de Alberto
Asquini, Profili dell'impresa, in Revista Dei Diritto Commerciale, 1943, v. 4 1 ,1.
Note que não obstante o legislador do novo Código Civil ter definido a empresa por meio de
seu perfil subjetivo, é sintomático que hoje a doutrina mais abalizada tem encontrado na empre
sa, em seu perfil funcional, comparando-a com a atividade, a forma mais correta de sua concei-
tuação- Cf., entre outros, Waldiorio Bulgarelti, in Teoria Jurídica da Empresa, pág. M 3, Revista
dos Tribunais, 1985, São Paulo,
“ Artigo 983, A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos
arts. 1.039 a 1,092; a sociedade simples pode constituir-se de conlormidade com um desses
tipos, e, não o fazendo subordina-se às normas que lhe são próprias.
CAPÍTULO II
REGISTRO DA SOCIEDADE
DE ADVOGADOS
C om entários aos artigos 16 do Estatuto
e 38 a 43 do Regulam ento Geral,
b em como ao Provim ento n ° 92/2000
CAPÍTULO III
RESPONSABILIDADE DAS
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
O sw a ld o N a ves
1. Introdução
O a s s u n to so cied a d es d e ad v o g a d o s e a re sp o n sa b ilid a d e p o r
seu s ato s e om issõ es é assu n to d o s m ais interessantes. Sua an áli
se p a rte d o E statu to d a A dvocacia, p a s s a p elo R eg u la m e n to G e
ral, P ro v im e n to n “ 92, C ódigo Civil, d e P rocesso Civil, C ód ig o
d e D efesa d o C o n s u m id o r e até m esm o pela C o n so lid ação d as
Leis d o T rab alh o.
A an á lise feita n e ste cap ítu lo será b re v e e objetiva, com enfo
q u e p rá tic o e sem p re te n sõ es d e inovar, a p e n a s re u n in d o o e n
te n d im e n to m ais ab a liz ad o ex istente so b re a m atéria.
O e n te n d im e n to m ais ac u ra d o d a re s p o n sa b ilid a d e d e a d v o
g a d o s é alg o d e ex trem a valia p a ra os o p e ra d o re s d o direito, em
esp ecial d o s a d v o g a d o s q u e p re te n d e m se a g r u p a r em socieda
36 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
' Sílvio de Sálvio Venosa, “ Responsabilidade Civil” , em D ire ito Civil. Atlas, 2003, p. 175.
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar,
ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autoriza
do ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;”
SOCIEDADE OE ADVOGADOS Volume II 39
“Art. 966, Considera-se empresário quem exerce protissionalmente atividade econômica orga
nizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
cientifica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
“Arf. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por
objeto 0 exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e simples, as
demais....”
' Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts.
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e,
não 0 tazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
®Alfredo de Assis Gonçalves Neto, Sociedades c/e A d v o g a d o s . 2. ed. Juarez de Oliveira, p. 44,
“As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade
de que façam parte” .
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 42
CAPÍTULO IV
CONTRATOS DE ASSOCIAÇÃO
C om entários ao artigo 39 do R egulam ento
G eral do E statuto da Advocacia e da OAB
1. Introdução
N e ste s te m p o s em q u e a advocacia exercida in d iv id u a lm e n te
d eix a d e ser a re g ra p a r a to rn ar-se a exceção, d a n d o lu g a r às
g ra n d e s b a n c a s d e advocacia co m p o stas d e d e z e n a s o u até cen
te n a s d e a d v o g a d o s , com filiais p o r to d o o p aís, o in stitu to d a
associação e n tre so cied ad es o u en tre estas e a d v o g a d o s a u tô n o
m o s é c a d a v ez m ais com um .
A ad v ocacia m o d e rn a exige d o pro fission al alto g ra u d e es
p ec ializaç ão , to rn a n d o p ra tic a m e n te im p o ssív e l ao a d v o g a d o
a te n d e r, in d iv id u a lm e n te , a to d o s os interesses d e seu s clientes,
em to d a s as áreas d o direito , com q u a lid a d e e com petência.
O u tro o b stácu lo en fre n ta d o pelo s a d v o g a d o s a tu a lm e n te é
q u e, com o a c ú m u lo d e au d iên cias, p ra zo s, reun iõ es, estu d o s e
p esq u isas, to d a s as h o ra s d o dia são insuficientes p a r a o esg o ta
m e n to d a ag en d a.
A lém disso, os altos cu stos d e instalação e m a n u te n ç ã o de
u m escritório com e m p re g a d o s com p eten tes, m o d e rn o s e q u ip a
48 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
’ Para Paulo Luiz Netto Lóbo “0 regulamento geral introduziu a disciplina de um tipo intermedi
ário entre o sócio da sociedade e o advogado empregado. É o advogado associado, muito co
mum nos costumes dos escritórios de advocacia brasileiros” (LÔBO, Paulo Luiz Netto, C o m e n
tá rio s a o E sta tu to da A d v o c a c ia e da O AB. 3. ed. São Paulo; Saraiva, 2002. p. 114),
2 A sociedade de advogados somente pratica atos de administração. A advocacia, por imposi
ção legal, somente pode ser exercida por pessoas naturais. Assis Gonçalves esclarece que
“Pode parecer, à primeira vista que a sociedade de advogados é constituída para exercer a
ad vocacia - o que não é verdade, pois, sendo a atividade de advocacia privativa de advogado,
certamente essa sociedade não tem por fim exercê-la, mas, permitir ou facilitar a 'colaboração
reciproca’ entre si dos sócíos-advogados e dos demais advogados a ela vinculados, ‘para a
disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na prestação dos serviços’ por
eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art. 77, cap ut, da Lei n®
4.215, de 1963" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. S o c ie d a d e d e A dv o g a d o s. 2. ed. São
Paulo: Juarez de Oliveira, 2002. p. 10/11). 0 tema é bem definido no art. 4- do Provimento n- 92/
2000 do Conselho Federal da OAB: A ri. 4 ^ - A s so c ie d a d e s d e a d vogad os, n o e x e rc íc io d e su a s
a tiv id a d e s , s o rrie n te p o d e m p ra tic a r os a to s in d isp e n s á v e is às s u a s fin a lid ades, a s s im c o m p re
en d id o s, d e n tre o u iro s . o s d e su a a d m in is tra ç ã o regular, a ce le b ra ç ã o d e c o n tra to s e m g e ra l
p a ra re p re s e n ta ç ã o , c o n s u lto ria , a s s e s s o ria e de fe sa de c lie n te s p o r in te rm é d io d e a d vo g a d o s
d e s e u s q u adro s. P a rá g ra fo único. O s a to s p riv a tiv o s de a d v o g a d o d e v e m s e r e x e rc id o s p e lo s
s ó c io s o u p o r a d v o g a d o s vincula dos à sociedade, co m o asso cia dos ou c o m o em pregados, m e sm o
q u e o s re s u lta d o s re v e rta m p a ra o p a trim ô n io social.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 49
3. Previsão legal
O c o n tra to d e associação p o d e ser firm a d o en tre ad v o g a d o s
a u tô n o m o s , e n tre so cied ades d e a d v o g a d o s ou, ain d a, en tre so
c ie d ad es e ad v o g a d o s. O co n trato d e associação firm a d o entre
a d v o g a d o s a u tô n o m o s é m ais ra ro e n ã o cau sa m a io r polêm ica.
O co n trato d e associação en tre sociedades será ab o rd a d o adiante.
Já o c o n tra to d e associação en tre a d v o g a d o a u tô n o m o e soci
e d a d e d e a d v o g a d o s m erece m elh o r atenção. C o m a p ro lifera
ção d a s so cied a d es d e ad v o g a d o s a p a rtir d a s d é c a d a s de 80 e
90, este tip o d e co n trato to rn o u -se corriqueiro, ca u san d o , p ara
alg u n s, a falsa im p ressão d e q u e se tratav a d e u m a b u rla ao c o n
tra to d e trabalho.
V isa n d o d e m o n s tra r a leg alidad e d o in stitu to , esta m o d ali
d a d e d e c o n tra to d e associação foi n o rm a tiz a d a pelo R eg u lam en
to G eral d a A dvocacia e d a OAB q ue, em seu artig o 39, dispõe:
^Segundo Gisela Gondin Ramos, "A finalidade é de ordem prática. Por este meio, permite-se
que a sociedade estabeleça uma relação profissional com advogados nas várias especialidades
da atividade da advocacia, sem que haja necessidade de incluí-los como sócios. (RAMOS,
Gisela Gondin. E s ta tu to da A d v o c a c ia - C o m e n tá rio s e Ju ris p ru d ê n c ia S e le c io n a d a . Florianó
polis: OAB/SC, Editora, 2® ed „ 1999, p. 225.)
‘ Destaca-se que o contrato de associação deverá obedecer aos princípios da t)oa-fé objetiva e
da lunção social do contrato (artigos 421 e 422 do Código Civil Brasileiro).
5 0 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
4. Forma e conteúdo
A n o rm a d o artigo 39 d o R eg u lam ento G eral a p e n a s estabe
lece q u e o c o n tra to d ev e ser a v e rb a d o no reg istro d a sociedade,
e a d o § T , d o artig o 6" d o P ro v im en to n® 92/2 00 0 , q u e os co n tra
tos d e associação d e v e rã o ser a p re se n ta d o s p a ra av erb ação em
três vias.
Logo, os c o n tra to s d e associação en tre so cied a d e d e a d v o g a
d o s e a d v o g a d o s a u tô n o m o s d e v e m ser o b rig ato ria m en te escri
to s e la v ra d o s , ao m en o s, em três vias. N o m ais, a fo rm a é livre.
P o d e ser p o r esc ritu ra p úb lica o u p o r in s tru m e n to p artic u la r, e
s e u c o n te ú d o é liv rem en te p a c tu a d o en tre as parte s, d e acordo
®Assis Gonçalves explica que “ Não padece a regra regulamentar de qualquer vicio de ilegalida
de, porque não está a criar nova figura jurídica, mas simplesmente a contemplar uma possibili
dade concreta, dentre as várias possiveis, de contratação de serviços de advocacia pela socie
dade. Ou seja, com ou sem a norma regulamentar, nada impediria que a sociedade de advoga
dos celebrasse contratos de associação com advogados autônomos” (GONÇALVES NETO,
Alfredo de Assis. Ob. c it„ p. 59).
SOCIEDADE DE ADVOGAMS V o l u m e II 51
5. Averbação
A averbação d o contrato d e associação é feita jun to ao registro
d a so cied ad e d e ad v og ado s, m ed ian te req u erim en to dirigido ao
P resid en te d o C onselho Seccional. O contrato d ev e rá ser ap resen
tad o em três vias, send o q u e u m a ficará a rq u iv a d a n o C onselho
Seccional e as o u tras d u a s serão d ev o lvid as p a ra as partes.
Im p o rta n te re ssa lta r q u e o a d v o g a d o asso ciad o d ev e rá ter,
o brig ato riam en te, inscrição n o C onselho Seccional o n d e será feito
0 registro.
D ev erão ser ob serv ad as, ain d a, as n o rm a s im p o sta s pelo C o n
selho Seccional e p a g o s os p reços devidos.
■ Para Assis Gonçalves “esse contrato deve ser detalhado na determinação, não só (i) dos
vincules dele decorrentes, como (ii) das atividades contratadas, (iii) das responsabilidades as
sumidas, tanto pelo advogado associado como pela sociedade, (iv) a forma, cálculo ou critério
de remuneração, (v) da oportunidade de pagamento etc. Enfim, devem ser estabelecidas 'todas
as cláusulas que irão reger as relações e condições da associação estabelecida pelas partes’"
(GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 61).
®É 0 caso, por exemplo, do Conselho Seccional do Paraná, que, através de sua Comissão de
Sociedade de Advogados, editou a Instrução Normativa n® 01/2002, que trata, entre outros as
suntos, da forma e do conteúdo mínimo dos contratos de associação.
52 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
* “A ausência deste último pressuposto, no entanto, não prejudica a conclusão antes exposta,
pois a função da averbação é a de dar publicidade ao pacto (para que a clientela possa conhe
cer a extensão dos vínculos da associação e suas implicações relativamente aos seus interes
ses e para controle da OAB), não sendo possiveS atribuir-lhe natureza constitutiva. Em outras
palavras, o descumprimento dessa exigência não invalida o ajuste, podendo a omissão ocasio
nar, porém, infração disciplinar, passível de advertência ou censura” (GONÇALVES NETO, Alfredo
de Assis. Ob. c it.,p . 61),
Assis Gonçalves ensina que “por interpretação extensiva do art, 15, § 4- do Estatuto, o advo
gado não se pode associar a mais de uma sociedade de advogados nem ser sócio de uma e se
associar a outra dentre as registradas no mesmo Conselho Seccional" (GONÇALVES NETO,
Alfredo de Assis. Ob. cit,, p. 62). No mesmo sentido, Gisela Gondin Ramos afirma que “0 cerne
do problema, aqui, está em definir se o advogado associado integra ou não a sociedade à qual
se associa, frente à restrição consignada no parágrafo quarto do art, 15 do Estatuto. Após aná
lise da questão, concluímos, d a ta venia, que o contrato de associação, efetivamente, tem o
condão de tornar o advogado associado elemento Integrante da sociedade, o que se evidencia
pela redação do art. 40 do Regulamento Geral, que ao mesmo faz referência expressa. Desta
tonna entendemos que a associação, nestes termos, não è possível” {RAMOS, Gisela Gondin,
Ob. cit., p. 225).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 53
" Para Paulo Luiz Netto Lôbo “( 0 associado) Pode utilizar as instalações da sociedade, mas
não assume qualquer responsabilidade social" (LÔBO, Paulo Luiz Netto, Ob, cit,, p. 114). Neste
sentido, Assis Gonçalves: “0 advogado associado, não sendo sócio, não responde pelas obri
gações assumidas pela sociedade, nem mesmo em caráter subsidiário" (GONÇALVES NETO,
Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 62).
“Reafirmo essas conclusões apesar de o art. 40 do Regulamento Geral falar em responsabi
lidade subsidiária do advogado associado, pois não vejo como caracterizá-la. É que, (i) ou bem
0 advogado associado agiu ou deixou de agir causando o dano, por culpa ou dolo a si imputá-
veis e sua responsabilidade é pessoal e direta (art. 32 do EAOAB), (ii) ou bem nada fez e quem
agiu ou deixou de agir foi outro advogado, integrante da sociedade. Nessa última hipótese, não
fiá norma legal que atribua qualquer responsabilidade ao advogado associado - rectius, ao
advogado não sócio - por conta de atos de outro advogado que atuou pela sociedade associa
da. Já na primeira hipótese, não pode o pacto associativo ser empecilho para que o cliente aja
diretamente contra o advogado que o prejudicou; a seu turno, a sociedade, em razão do contrato
de associação 'para participação nos resultados’, vincula-se ao cliente em caráter solidário, por
força dessa convenção que atribui a ambos o proveito patrimonial da atuação associada” (GON
ÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. cit., p. 62).
7. Aspectos tributários
A d v o g a d o associado é a d v o g a d o au tô n o m o , p o r isso, d ev e
c u m p rir co m as obrigações trib u tárias incidentes so b re su a ati
v id ad e .
O c o n tra to d e associação d e v e d isp o r so b re a fo rm a d e re m u
n eração . Se o a d v o g a d o associado receber seus h o n o rá rio s d ire
tam e n te d o cliente, a sociedade n a d a tem a fazer em relação à q u e
le m o n ta n te receb ido pelo ad v o g a d o . Por o u tro lado, se os h o n o
rário s forem p a g o s pelo cliente à sociedade, p a ra so m en te d e
p o is ser re p a s s a d a a p a rte q u e couber ao a d v o g a d o associado,
d ev e rá, a so cied ad e, o b serv ar todas as im plicações trib u tária s
d e c o rre n te s d e s ta o p e r a ç ã o " .
O a d v o g a d o associado, a seu tu rn o , n ão terá n e n h u m a res
p o n s a b ilid a d e p elo s trib utos d e v id o s pela sociedade, d a m esm a
fo rm a co m o n ã o tem p o r n e n h u m a o u tra obrigação social, com o
visto acim a.
8. Aspectos trabalhistas
Já m en c io n a m o s q u e o co n trato d e associação e n tre socied a
d e d e a d v o g a d o s e a d v o g a d o s a u tô n o m o s n ã o é u m a fo rm a
d is farçad a d e c o n tra to d e trabalho.
P a ra q u e seja ca rac teriza d a a relação d e e m p re g o é preciso
q u e estejam p re sen tes to d o s os req u isito s d o art. 3°, d a C o n so li
d a ç ã o d a s Leis d o Trabalho: (I) o n ero sidad e; (II) não-ev entu ali-
d a d e ; (III) p esso a lid a d e; e (IV) su bo rd inação .
A s u b o rd in a ç ã o é o elem ento ch av e d a relação a q u i estu d a-
" Assis Gonçalves lembra que “Muitas sociedades de advogados lém preferido que o advogado
a elas associado constitua outra sociedade de advogados a fim de que os pagamentos a ele
efetuados não sejam onerados com tributação mais gravosa (percentual bem mais elevado de
retenção de imposto de renda na ionle e contribuição previdenciària incidente sobre o valor
pago ao autônomo)" (GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis, Ob. cit., p. 68).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o lu m e II 55
9. Sociedades associadas
A associação en tre sociedades d e ad v o g a d o s foi ex p ressam en
te a d m itid a p e lo P ro v im en to n" 92/2000 d o C o n selh o Federal*^.
Paulo Luiz Netto Lõbo afirma que “0 advogado associado não estabelece qualquer vínculo de
subordinação ou de relação de emprego com a sociedade ou com os sócios dela" (LÕBO, Paulo
Luiz Netto. Ob. cit., p. 114). No mesmo sentido, Assis Gonçalves esclarece que “ Mesmo traba
lhando sob 0 mesmo teto e usufruindo a estrutura organizacional da sociedade de advogados, o
advogado associado mantém sua independência. Não se subordina às ordens e determinações
dos administradores da sociedade, não recebe salário e seu vinculo é relativo aos casos ou
trabalhos que são confiados à sua execução (pareceres, elaboração de peças processuais,
atendimento a determinado cliente, fornecimento de consultas etc). A sociedade não interfere
minimamente em sua atuação, trabalhando ele segundo seu modo de agir e sua convicção".
(GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Ob. Cit., p, 60).
Gisela Gondin Ramos ensina que “0 objetivo da norma, esclareça-se, não é permitir a
contratação de advogados, isentando a sociedade do vínculo empregatício dai conseqüente . 0
caso em tela é distinto. Trata, exclusivamente, daquelas situações em que interessa, tanto à
sociedade, quanto ao advogado, unirem-se para a prestação de determinados serviços profissi
onais, em geral, mas não necessariamente, limitados pela especialização técnica do associado”
(RAMOS, Gisela Gondin. Ob. cit., p. 225).
A letra “d" do artigo 6- do Provimento n- 92/2000 do Conselho Federal dispõe que serão
averbados à margem do registro da sociedade "os a ju s te s de a s s o c ia ç ã o o u d e c o la b o ra ç ã o
5 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
'8 Na lição de Assis Gonçalves: “também não é possível, a teor do que estatui o art, 6-, § 3®, do
Provimento n- 92, que dessa associação resulte a participação de uma das sociedades no capi
tal da outra, dada a e x ig ê m a de que somente advogados pessoas naturais irrscritas na OAB,
podem fazer parte do quadro social de uma sociedade de advogados. As figuras de sociedades
controladas ou coligadas são incompatíveis com as sociedades de advogados" (GONÇALVES
NETO, Alfredo de Assis. Ob. c it„ p, 68),
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis, Ob. cit,, p, 69,
SOCIEDADE DE ADVOQADOS Volume II 5 7
tre s o c ie d a d e d e a d v o g a d o s e a d v o g a d o a u tô n o m o , p o r su a
p ra tic id a d e e conveniência, são utilizad o s com freqüência e, p o r
isso, m e re c e ra m re g u la m en taç ão p o r p a rte d a OAB.
E m b o ra os p acto s n ã o d eix em d e ter v a lid a d e p o r falta d e
re g istro , in c o rre m os p a c tu a n te s e m infração d isc ip lin a r p ela
om issão. A d e m a is, d ia n te d a s rep ercussõ es tribu tárias, trab alh is
tas, d e re s p o n sa b ilid a d e civil, en tre o u tras, im p o rta n te o regis
tro d o d o c u m e n to p a ra g a ra n tir a h a rm o n ia d a relação e pu b lici
d a d e d o ato.
O b s e rv a d a s as n o rm as q u e in cid em sobre o instituto , e sen d o
ele b em u tiliz ad o , o con trato d e associação é in s tru m e n to a ser
viço d o s a d v o g a d o s e su as sociedades, co n trib u in d o p a ra o ex er
cício co nju n to d a ad v ocacia d e form a o rg a n iz a d a e racional.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume H 59
CAPÍTULO V
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
- ADMINISTRAÇÃO SOCIAL
ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL
A b ra n g e to d a a e s tru tu ra profissional, o u seja, a e s tru tu ra ju
rídica, ú nica re sp o n sá v el p elo ate n d im e n to ao cliente n as q u e s
tões ju ríd icas p a ra q u e foi co n tratad o . Essa sim é a a tiv id a d e -
fim , a q u e justifica a p ró p ria existência e a p e rm a n ê n c ia d a soci
e d a d e d e a d v o g a d o s n o ca m p o d e trab alh o . Essa e s tru tu ra ju rí
d ica p o d e ser d e p o rte p eq u e n o , m éd io o u g ra n d e , n ã o im po rta,
m a s s e m p re c o n ta rá com u m a e q u ip e co m p o sta d e ad v o g a d o s
sócios, a d v o g a d o s associados, o u co n tra tad o s, co n su lto res, esta
giários d e direito, p araleg a ls e assistentes jurídicos. A e stru tu ra
6 4 SOCreOADE DE ADVOGADOS Vctame 11
ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
C h e g a m o s ao n ível m ais alto d a a d m in is tra ç ã o d e u m a soci
e d a d e d e a d v o g a d o s . Esta é a fu n ção p rin c ip a l d o a d v o g a d o -
só c io -e m p re e n d e d o r, q u e te n h a co m o o b jetiv o d e s e n v o lv e r e
d irig ir u m a s o c ie d a d e d e serviços ju ríd ico s, com c a rac terísti
cas e m p re sá ria s, m a s sem p e r d e r as ca racterísticas p erso n alista s
ex ig id a s p e la p ró p r ia p ro fissão . Q u e saiba e n c o n tra r o p o n to
d e eq u ilíb rio e n tre o ex ig ido p elo c a m p o d e tra b a lh o e o p e r m i
tid o , re s p e ita n d o as re striç õ es legais e os p rin c íp io s éticos vi
g en te s.
E n a a d m in is tra ç ã o estratégica q u e os sócios re sp o n sá v e is
id en tificam e d e se n v o lv e m n o v as áreas d e especialização, qu e
im p la n ta m n o v o s m é to d o s d e trab alh o , q u e in o v a m n a form a de
a te n d e r o cliente e d e d e fe n d e r seus in teresses legítim os, q u e
lu ta m p ela m a n u te n ç ã o de opin iõ es jurídicas fu n d a m e n ta d a s e
q u e u s a m to d a a força d o seu co n hecim en to ju ríd ico p a r a fazer
p re v alec er s u a s teses in o v ad o ra s, to rn a n d o -o s especiais e dife
re n ciad o s. A so cied a d e d e a d v o g a d o s sem u m a ad m in istraç ão
estratég ica d efin id a, certam en te, n ã o vai so b re v iv e r m u ito te m
p o n u m m u n d o g lo b alizad o e co m p etitiv o com o o q u e estam o s
v iv e n d o n o m o m e n to atual.
É n a ad m in istra ç ã o estratégica q u e o sócio, o u o coleg iado de
sócios, d e c id e s u a s d iretriz es d e contratações, d e a b e rtu ra d e fi
liais, d e n ego ciação d e parcerias e associações com o u tra s socie
d a d e s d e ad v o g a d o s.
A s a tiv id a d e s institu cio nais e d e caráter social d ese n v o lv id a s
66 SOCIEDADEDE ADVOGADOS Vohme II
CONCLUSÃO
D efinid os os três n íveis d e ad m in istração , p o d e m o s re to rn ar
a o s d is p o s itiv o s legais m en c io n a d o s n o início d e ste artig o e con
cluir q u e a p e n a s a ad m in istraç ão funcional o u e s tru tu ra l é que
p o d e ria ser d e le g ad a, p o r p ro c u raç ão a u m p ro fissio n al n ã o só
cio e, p o rta n to , n ão a d v o g a d o . C ertam en te, a u m a d m in is tra d o r
d e em p re s a s que, co m seu s conh ecim en to s d irig id o s p a ra as á re
as a d m in is tra tiv a s , sab erá, até m elh o r q u e u m ad v o g a d o , dirigir
e c o o rd e n a r essas funções, te n d o sob su a re sp o n sa b ilid a d e to
d o s os em p reg ad o s-fu n cio n ário s, n ão ad v o g a d o s, q u e execu tam
as fu n çõ es n ã o jurídicas, já m encionadas.
O m e sm o n ã o ocorre com a ad m in istraç ão p rofissional e com
a a d m in is tra ç ã o estratégica, q u e d ev e rão ficar s e m p re n as m ãos
d o s sócios p rin cip a is d a s so cied ad es d e a d v o g a d o s, p o is são es
tas fu n ç õ es q u e d e fin e m a id e n tid a d e e a c o n d u ta p rofissional
d o s m e m b ro s in te g ra n te s d a p ró p ria sociedade. É u m a função
in d eleg áv el, p o r p rin cíp io e p o r preceito legal.
T o d o s estes conceitos e níveis d e co m petência a ss u m e m u m a
im p o rtâ n c ia significativa, n a m e d id a em q u e a so cied a d e d e a d
v o g a d o s q u e a tu a em q u estões e m p re saria is acaba s e n d o ob ri
g a d a e ex ig id a a co m p o rta r-se e e stru tu ra r-se ta m b é m d e form a
e m p re sa ria l, p a r a co n seg u ir co m p etir e colocar-se em ig u ald ad e
d e co n d içõ es técnicas e ju ríd icas com os con correntes, sejam n a
cionais o u estrangeiros.
N u m m e rc a d o d e trab a lh o co m p e titiv o e g lo balizad o , com
n egociações nacionais e in ternacionais acontecendo e d e m a n d a n
d o o rien tação ju rídica d as p arte s co n tratan tes, m u ita s v ezes de
p a ís e s d is tin to s , os a d v o g a d o s e as s o cied a d es d e a d v o g a d o s
en fre n ta m c o n stan te m e n te essa concorrência d e p ro fissio n ais de
o u tra s áre a s e n ac io n alid ad es, q u e u ltra p a ssa m os lim ites e a v a n
68 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
CAPÍTULO VI
SOCIEDADES DE ADVOGADOS:
ADMINISTRAÇÃO E ATOS.
O NOVO CÓDIGO CIVIL
Sergío Ferraz
A n tô n io Corrêa M eyer
O a d v o g a d o , p o r e x p ressa d e te rm in a ç ã o d o p a rá g ra fo ú n i
co d o art. 966 d o n o v o C ó d ig o Civil, n ã o se su jeita às n o rm a s
d a s s o c ie d a d e s e m p re s á ria s, m as, sim , às re g ra s d a s so cied a
d e s sim p les.
O corre, en tre ta n to , q u e as so cied ades d e a d v o g a d o s são d is
cip lin a d a s p o r u m a série d e n o rm ativ as d e caráter especial, e
so m e n te a elas se aplica. A ssim , as so ciedades d e a d v o g a d o s são
d is c ip lin a d a s pelos artig o s 15 a 17, 21 e 34, II, d o E statuto da
O rd e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil (Lei n° 8.906, d e 04.07.1994),
p e lo s a rtig o s 37 a 43 d o R eg u lam en to G eral, e p o r v ário s P ro v i
m en to s, esp e cialm en te o d e n ° 92/2000.
N e s s e s e n tid o , im p o rta n te d e s ta c a r q u e a e s p e c ia lid a d e le
g is la tiv a d e ce rto s tip o s d e a tiv id a d e s - co m o as d o s a d v o g a
d o s - é e x p r e s s a m e n te re c o n h e c id a p e lo n o v o C ó d ig o Civil.
C o m efeito , d e a c o rd o co m o p a r á g ra fo ú n ic o d o art. 983 d o
n o v o C ó d ig o C iv il, ficam re s s a lv a d a s d e s u a s d isp o s iç õ e s as
s o c ie d a d e s c o n s ta n te s d e lei e sp e cial q u e , p a r a o ex ercício d e
c e rta s a tiv id a d e s , i m p o n h a m a c o n stitu iç ã o d e s o c ie d a d e s se
g u n d o u m t ip o s o c ie tá rio e s p e c ia l (caso d a s s o c ie d a d e s d e
a d v o g a d o s ). E m o u tra s p a la v ra s , q u a n d o se está d ia n te d e u m
d e t e r m in a d o tip o d e a tiv id a d e q u e, p o r e x p re s s a d is p o s iç ã o
leg a l, s u je ita -s e a n o rm a s esp eciais, a a p lica ção d o n o v o C ó d i
g o C iv il s e rá a p e n a s su b s id iá ria . E m ú ltim a in s tâ n c ia , isso sig
n ifica d iz e r q u e as n o rm a s q u e r e g u la m as d ita s s o c ie d a d e s
e s p e c ia is d e v e r ã o p re v a le c e r q u a n d o e m c o n fro n to co m as
re g ra s d a s o c ie d a d e sim p les.
P o r essa razão , a so ciedad e d e ad v o g a d o s é tida com o socie
d a d e pro fissio n al d e caráter au tô n o m o e especial. Essas so cied a
d es, é fato n o tório, têm b ase p esso al e, n as su as relações in ter
n a s , é c a r a c te r ís tic o o " i n t u i t u s p ersonae". A e s s e re s p e ito .
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
' Tuilio Ascarellí. i n “ C o r s o d iD ir ítto C o m m e rc ia l^ , 3. ed, Giuffrè, Milão, 1962, p. 179. Note-se
que as considerações de Ascarellí em nenhuma hipótese devem ser consideradas despiciendas,
eis que o Código Civil italiano serviu de base para a elaboração do nosso novo Código Civil,
notadamente na parte do Direito de Empresa. Por exemplo, o citado parágrafo único do art. 966
do novo Código Civil deriva, indubitavelmente, do ari. 2,238 do Código Civil italiano, in v e itis :
“S e 1'esercizio d e lia pro fe s sio n e constituisce elem ento d i un'attività o rganizza ta in fo m ia d ’im presa.
s i a p p io c a n o a n c h e ie d is p o s iz io n i d e i tito b It í20S2ss.J. In ogni caso, se /'esecente di una
p ro fe s s io n e in te lle c ttu a le im p ie g a s o s tu tu ti o au siliari. s i a p p iic a n o le d is p o s iz io n i d e lie s e z io n i II,
III e IV d e i c a p o tito lo II [2 .0 9 4 ss.j.
72 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
CAPÍTULO VII
OS CONSULTORES ESTRANGEIROS
C om entários ao Provim ento n" 91/2000
do Conselho Federal da OAB
HISTÓRICO
O s a d v o g a d o s m ilitan te s n ão m u ito jovens, q u e é o caso d o
s u b scrito r d e s te artig o p resen ciaram , d u ra n te su a atuação , as
s istin d o a clientes m ultinacionais, a p resen ça, a distân cia, dos
a d v o g a d o s " d a m atriz", assim ch a m ad o s n a época.
Em esc ritó rio s e s o c ie d a d e s d e a d v o g a d o s e s s e n cialm en te
n a c i o n a i s , p o r o c a s iã o d e o p e r a ç õ e s d e s e u c l i e n t e a q u i
d o m ic ilia d o , n ã o só em alteraçõ es d e c o n tra to s sociais, asso cia
ções, lic e n c ia m e n to s, m as ta m b é m em caso s d e a q u isiçõ e s im o
b iliá rias, n a m ais d a s v ezes, as m in u ta s e r a m e n d e re ç a d a s à
m a triz , n o ex terio r, p a ra o " re fe re n d u m " o u o " d e a c o rd o " , seja
d o seu ju ríd ic o " in te rn o " o u d o s seu s assesso res, ju ríd ic o s ex
te rn o s , estes, escritó rio s de advocacia, d e g ra n d e p o rte , lá esta
belecidos.
C o m isso, n ó s já estáv am o s, p o r assim dizer, "fam iliarizad os"
com os colegas d o exterior, C o n tu d o , eles LÁ e nós A Q U I, sem
q u a is q u e r in vasõ es d e p rá tic a s jurídicas.
O co rre q u e o m u n d o m u d o u e o n osso B R A SIL tam b ém e
p a ra m e lh o r ao q u e se tem.
7 6 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II
I) OS a d v o g a d o s q u e se b a c h a re la ra m e m c u rs o s re g u la re s p o r
fa c u ld a d e s brasileiras; e
II) estran g eiro s d ip lo m a d o s n o exterior, q u e re v alid assem seus
d ip lo m a s, a p ó s cu rso s d e a d a p ta ç ã o , em fa c u ld a d e s brasileiras.
E m a m b o s os casos, d e s d e q u e a p r o v a d o s n o E x am e d e O r
d e m e p o r ta d o r e s d a re s p e c tiv a c a rteira d e h a b ilita ç ã o p ro fis
sional.
É re g ra m á x im a d o n osso E S T A T U T O D A A D V O C A C IA
(Lei n “ 8.906, d e 4 d e ju l h o d e 1994)
RESOLVE:
Art. 1“. O estrangeiro profissional em direito, regularm ente
adm itid o em seu país a exercer a advocacia, som ente poderá
p restar tais serviços no Brasil depois d e au to rizad o pela O r
dem dos A d v o gado s do Brasil, na form a d este Provim ento.
§ 1°. A autorização da O rdem dos A dvogados do Brasil, sem
p re concedida a título precário, ensejará exclusivam ente a
prática d e consultoria no direito estrangeiro correspondente
ao país ou estado de origem do profissional interessado, ve
d ad o s expressam ente, m esm o com o concurso d e ad vo g ado s
ou sociedades d e ad vogados nacionais, reg ularm ente inscri
tos ou registrados na OAB:
1 — o exercício do procuratório judicial;
II — a consultoria ou assessoria em direito brasileiro.
§2°. As sociedades d e consultores e os consultores em direi
to estrangeiro não p oderão aceitar procuração, ainda q u an d o
restrita ao p o d er de substabelecer a outro advogado.
Sergio Ferraz
Relator"
E m co n se q ü ên cia , n ã o p re te n d e m a tu a r ILEG A LM EN TE no
Brasil, o q u e r e d u n d a ria em g ra n d e p re ju íz o p a r a a su a im a g e m
ín tern acion aL
A ssim , a lg u m a s d ela s a p re s e n ta ra m seu s p e d id o s .
A lg u n s já d eferid o s. O u tro s sob análise.
E os q u e n ã o se a d a p ta ra m ao P ro v im e n to ?
F o ram p o u co s, m a s d e g ra n d e e n v e rg a d u ra .
O q u e v e m s e n d o feito pela O A B ?
N a Seccional d e São P aulo, o DD. P resid en te, a tra v é s d a sua
C o m is s ã o d e S o c ie d a d e s d e A d v o g a d o s, p o r "ca rta -c o n v ite " ,
v em p e d in d o esclarecim en to s às re ferid a s s o c ie d a d e s e s tra n g e i
ras, n u m total d e 13 (treze).
A m a io ria d ela s o u, q u a se to d as, p o r assim d iz e r, ate n d e u .
O s p ro c esso s en c o n tram -se , hoje, com os re la to res d e s ig n a
d o s p e lo P re s id e n te d a referid a co m issão p a ra ap recia ção e p e
d id o s d e m ais d o c u m e n to s , em a lg u n s casos.
CAPÍTULO VIII
Eduardo Grebler
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;’ (CCiv),
^ “Art, 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome’
(CCiv).
Parágrafo Único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a deno
minação das sociedades simples, associações e fundações" (CCiv).
90 SOCIEDADE DE ADVOGADOS VoUme II
* “Art. 52, Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalida
de" (CCiv).
^ “A rt-1 7 .0 nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou represen
tações que a exponham ao desprezo pút>lico, ainda quando não haja intenção ditamatória."
^ “Art. 18, Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial” (CCiv).
' "Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de advo
cacia, na forma disciplinada nesta Lei e no Regulamento Geral.
8 "Art. 983.................
§ r . A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsá
vel pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilida
de no ato constitutivo" (EAOAB).
“Art. 3 8 .0 nome completo ou abreviado de, no mínimo, um advogado responsável pela soci
edade consta (sic) obrigatofiamente da razão social, podendo permanecer o nome de sócio
falecido se, no ato constitutivo ou na alteração contratual em vigor, essa possibilidade tiver sido
prevista" (RGA).
" “Art. 2°. Vedada a adoção de qualquer das espécies de sociedade mercantil, o contrato social,
celebrado por instrumento público ou particular, deve conter:
VI - a razão social designada pelo nome completo ou abreviado dos sócios ou. pelo menos, de
um deles, responsável pela administração, assim como a previsão de sua alteração, ou manu
tenção, por falecimento de sócio que lhe tenfia dado o nome’ (Provimento n* 92/2000}.
“Art. 2“ ................
§ r . Na composição da razão social, não podem ser adotadas siglas ou expressões de fantasia
ou de características mercantis” (Provimento n° 92/2000}.
9 2 SOCIEDADE DE ADVOGADOS Voijme II
Ari. 15,§r,EA0AB.
" Constituição Federal, art. 5°, incisos XIII e XVII.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume It 93
e n c o n tra r s o cied a d e d e a d v o g a d o s h o m ô n im a p re v ia m e n te re
g istra d a n o C o n selh o Seccional, caso em q u e a coincidência de
n o m e s p o d e o casion ar p ro b lem a s d iverso s, seja en tre as p ró p ri
as so cied a d es, seja em relação a seu s respectiv os clientes.
C o m vistas a reso lv er as situações já existentes, b e m com o a
p re v e n ir o s u rg im e n to d e o u tras, o C o n selh o F ederal d a OAB
ed ito u o P ro v im e n to n° 98, d e 1 5 /1 0 /2 0 0 2 , cria n d o o C ad astro
N a cio n al d e S o cied ad es d e A d v o g a d o s, a ser p o r ele m an tid o ,
c o n te n d o to d o s os d a d o s d a s so cied ad es d e a d v o g a d o s existen
tes n o País.
P o r ocasião d o re sp ectiv o p e d id o d e reg istro d e n o v a socie
d a d e d e a d v o g a d o s, o C o nselh o Seccional e n v o lv id o fica o b ri
g a d o a re alizar co n su lta form al ao C o nselh o Federal q u a n to à
ra z ã o social p re te n d id a , ca b en d o a este re s p o n d e r à co n su lta em
d e z dias. D etectad a a existência d e so cied a d e d e a d v o g a d o s re
g is tra d a p re c e d e n te m e n te com a m esm a ra zão social p re te n d i
d a o u c o m ra z ã o sem elh a n te , o C o nselh o F ed eral re s p o n d e rá
n e g a tiv a m e n te à p o ssib ilid ad e d e registro, a p o n ta n d o a id e n ti
d a d e o u a sem elh a n ça, caso cujo resp ectivo C o n selh o Seccional
d e v e rá d e te rm in a r aos re q u ere n te s p a ra p ro v id e n c ia re m o u tra
ra z ã o social, q u e será su b m etid a à no v a consulta.
E m relação às so cied ad es já existentes, d isp õ e o n o rm ativ o
q u e, se for d e te c ta d a a existência de id e n tid a d e o u sem elhança
e n tre as ra z õ e s so ciais d a s s o c ie d a d e s cujos re g is tro s fo rem
efe tu a d o s a n te rio rm e n te à im p le m en taç ão d o C a d a s tro N acio
nal, o C o n selh o Federal dev erá, p o r in term éd io d o C o n selh o Sec
cional d e te n to r d o re g istro p o sterio r, d e te rm in a r à so cied a d e
re sp ectiv a qu e, n o p ra z o d e 60 (sessenta) dias, p ro m o v a a co m
p e te n te alteração co n tra tu al, seja a p re s e n ta n d o n o v a razão, seja
ac re sc e n ta n d o o u ex clu in d o d a d o s d e m an e ira a fazer a d istin
9 4 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II
§ 3°. Se, do confronto das razões sociais das sociedades cujos registros foram efetuados ante
riormente à implementação do Cadastro Nacional, o Conselho Federal detectar a existência de
identidade ou semelhança, deverá, por intermédio do Conselho Seccional detentor do registro
posterior, determinar à sociedade respectiva que, no prazo de 60 (sessenta) dias, promova a
competente alteração contratual, seja apresentando nova razão, seja acrescentando ou excluin
do dados que a distingam da sociedade registrada precedentemente.
§ 4°. Na hipótese do parágrafo anterior, o Conselho Seccional efetuará consulta formal ao Con
selho Federal, evitando-se a ocorrência de nova identidade ou semelhança” (Provimento n“ 98/
2002 ).
SOCIEDADE DE ADVOGADOS VcXuine II 95
SODRÉ, Ruy de Azevedo. Sociedade de Advogados. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975.
p. 16.
96 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o h j m e II
“Art. 16. Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados
que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia, que
realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou
totalmente proibido de advogar" (EAOAB),
'®Ver Nota n° 9 supra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 97
a d v o g a d o s q u e in te g ra m a so cied a d e (p ren o m e e s o b re n o m e ju n
tos) o u se, a o co n trário , ad m itir-se-iam os n o m e s o u so b re n o m e s
iso la d a m e n te .
É certo q u e o n o v o C ó d ig o Civil refere-se a nom e co m o co m
p r e e n d e n d o o prenom e e o sobrenome^'^; p o r seu tu rn o , foi flexível
a in te rp re ta ç ã o d o art. 16, § 1° d o EAOAB, d a d a p e lo R eg u la
m e n to G e raP ' e p elo P ro v im en to n° 92/2000^^, a d m itin d o q u e a
ra z ã o social c o n te n h a o nome completo ou abreviado, d a í concluir-
se ser p o ssív el m e n c io n a r a p e n a s u m a p a rte d o n o m e d o a d v o
g a d o in te g ra n te d a sociedade.
M as q u e p a rte d o n o m e d e v e c o n star d a ra z ã o social: o p re
n o m e o u o s o b re n o m e ? O d ireito brasileiro, s e g u in d o a siste m á
tica d o s d ire ito s e u ro p e u s , priv ileg ia o p a tro n ím ic o , o u n o m e de
fam ília, co m o a p a rte p rin cip a l d o n o m e, q u e co n fere à pessoa
n a tu ra l su a in d iv id u a liz a ç â o em relação às d e m a is p esso as. Por
isto, tem -se e n te n d id o q u e, p a ra c o m p o r a ra z ã o social d a socie
d a d e d e a d v o g a d o s , ad m ite-se o u so a p e n a s d o s o b re n o m e d o
a d v o g a d o sócio-’ .
P A U L O LUIZ N ETT O LÔBO lem b ra q u e o Conselho Federal
da O A B , antes do novo Estatuto, jâ decidira que a sociedade de advoga
dos podia ser identificada ou pelo nome completo de u m de seus advo
gados ou pelo sobrenome, pelo menos, de qualquer u m deles^^ . H á ex
ceções, c o n tu d o , u m a d a s q u a is n o tic ia d a p o r A L F R E D O DE
ASSIS G O N Ç A L V ES N ET O , q u a n d o o p re n o m e seja p a rtic u la r
m e n te d is tin tiv o d e m o d o a b e m id en tifica r o a d v o g a d o inte-
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao Novo Estatuto da Advocacia e da OAB. Brasília:
Brasília Jurídica, 1994, p. 79.
98 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II
^^MAMEDE, Gladston. A Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Porto Alegre: Síntese,
1999. p. 129.
“ Ver Nota n" 12 supra.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 99
sim , s e n d o a s o c ie d a d e d e a d v o g a d o s im p e d id a d e re v e stir a
fo rm a o u características m erc an tis (art. 16, EAOAB) - n a te rm i
n o lo g ia d o n o v o C ó d ig o C iv ú , form a ou características empresárias
n ã o lhe seria lícito u tilizar, em s u a ra z ã o social, v o c á b u lo s o u
a b r e v ia tu ra s p ró p r ia s d a s so c ie d a d e s m e rc a n tis - a tu a lm e n te
sociedades empresárias - , tais com o limitada, com panhia, sociedade
anônim a o u s u a s re sp ectiv as abreviações.
C u rio sa q u e stã o , d iv e rs a s v ezes su sc ita d a em d ife re n te s C o n
selh o s Seccionais d a OAB, d iz re sp eito ao u so d o sinal com o
co n ectiv o d o s n o m e s q u e in te g ra m a ra z ã o social, tid o p o r al
g u n s co m o e x p ressão d e características m erc an tis. C o n q u a n to
haja, d e fato, trad ic io n a l u so d esse sinal e m c o n ju n to co m o v o
cá b u lo companhia, a d e s ig n a r as so cied a d es m e rc a n tis - hoje e m
p re s á ria s - em q u e haja sócios d e re s p o n sa b ilid a d e ilim itad a , o
sinal & n a d a m a is é d o q u e a estilização d o co n ectivo latin o “et",
in c a p a z , p o r si só, d e conferir características m e rc a n tis - o u em
p re s á ria s - à s o cied a d e em cuja ra z ã o social fig u rar. N ã o h á, pois,
m o tiv o ju sto p a r a q u e se v e d e a utilização d esse sin al co m o in te
g ra n te d a ra z ã o social d a s so cied ad es d e a d v o g a d o s .
E m b o ra n ã o se in clu a p ro p ria m e n te na q u e stã o d o n o m e da
so c ie d a d e d e a d v o g a d o s , tem certa relação co m ela a p rá tic a -
hoje co rre n te - d e estilização gráfica d o n o m e d a s o c ie d a d e p ara
fo rm a r u m a lo g o m arc a, ora ag re g a n d o -se ao n o m e certo s ele
m e n to s gráficos - sím bolos, acrô n im o s, lin h as, cores etc. - , ora
d o ta n d o -o d e características d is tin tiv as p ró p ria s , ca p aze s d e lhe
co n ferir o rig in a lid a d e visual.
N ã o se e n c o n tra v ed a ção ex pressa a esse re s p e ito n a s n o rm a s
re g u la m e n ta re s d a p rofissão , q u e r n o to ca n te ao a d v o g a d o in d i
v id u a lm e n te c o n sid e ra d o , q u e r n o to ca n te às s o c ie d a d e s d e a d
v o g ad o s. H á , c o n tu d o , n o C ó d ig o d e Ética e D isciplina d a OAB,
100 SOCIEDADE DE ADVOGADOS V o l u m e II
re c o m e n d a ç ã o n o s e n tid o d e q u e a p u b lic id a d e d o a d v o g a d o
d e v a ser feita co m discrição e m o d e ra ç ã o , e q u e o a n ú n c io n ão
d e v a c o n te r fo to g ra fias, ilu straçõ e s, co res, fig u ra s , d e s e n h o s ,
lo g o tip o s, m a rc a s o u sím b olo s in co m p atív eis com a s o b rie d a d e
d a advocacia^^.
In te g ra n d o -s e a la c u n a n o rm a tiv a co m re c u rs o à an a lo g ia , é
ra z o á v e l co n c lu ir q u e a utilização d e efeitos v isu a is asso c ia d o s
ao n o m e d a s o c ie d a d e d e a d v o g a d o s d ev a , ig u a lm e n te , p a u ta r-
se p e la d iscrição e co m p a tib ilid a d e co m a s o b rie d a d e d a a d v o
cacia. O g ra n d e elastério d e ste s conceitos p e rm ite q u e as socie
d a d e s d e a d v o g a d o s façam u so d o s re cu rso s d a m o d e r n a c o m u
nicação, o b serv an d o -se, n o en ta n to , q u e a a tiv id a d e ad v o c atícia
n ã o é co m p a tív e l co m excessivos im p acto s v isu ais, n e m co m a
ex p lo ra çã o co m ercial d e m arcas.
Conclusão
O tra ta m e n to legal e re g u la m e n ta r d a d e n o m in a ç ã o social d a
s o c ie d a d e d e a d v o g a d o s o b ed ece a re g ra s e p rin c íp io s a p lic á
v eis à g e n e ra lid a d e d a s so cied ades, n a ó p tica d o C ó d ig o Civil.
P a u ta -s e ta m b é m , n o en ta n to , p o r certos d is p o s itiv o s legais e
re g u la m e n ta re s q u e, em b o ra p o u co s, es tab e lece ram a d iscip lin a
específica d a d e n o m in a ç ã o d e s te tipo p a r tic u la r d e s o c ie d a d e
sim ples.
Busca-se, co m os lim ites im p o sto s à d e n o m in a ç ã o d a s socie
d a d e s d e a d v o g a d o s , q u e estas n ã o p erc a m , p e r a n te o pú b lico ,
* *
“ GOMES, 0 liando. Parecer, in Sociedade de Advogados. São Paulo: Pinheiro Neto Advoga
dos, 1975. p. 117 e 118, apt/d FERRAZ, Sergio e l al, Sociedades de Advogados. São Paulo;
M alheiros Editores, 2002, p, 17.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 203
CAPÍTULO IX
AS COMISSÕES DE
SOCIEDADES DE ADVOGADOS
O sw a ld o N aves
d e s d e a d v o g a d o s p a r a h a rm o n iz á -lo às re g ra s d o n o v o C ó d ig o
C iv il. M a is re c e n te m e n te , t e n d o p o r r e la t o r o D r. O r l a n d o
G iaco m o , e n c a m in h o u à Escola S u p erio r d a A d v o c acia o p ro
g ra m a d o C u r s o so b re a A d m in istra ç ã o d e E scritó rio s d e A d v o
c a c ia /S o c ie d a d e s d e A d v o g a d o s e D e p a rta m e n to s Jurídicos.
E m ra z ã o d a esp e c ia lid a d e d o objeto d a C SA D , n o s ú ltim o s
m e se s ela v e m se in stitu c io n a liz an d o co m o in te rlo c u to ra ju n to
ao M in isté rio d e Relações E xteriores p a ra a s s u n to s re la c io n a d o s
ao co m ércio d e serviços, te n d o s o m a d o esforços co m o u tra s in s
titu iç õ e s p a r a o d e s e n v o lv im e n to d e e s tu d o s e re la tó rio s n as
neg ociaçõ es n o tab u leiro in ternacional.
Im p o rta n te p o r s u a p e rm a n e n te a tu a ç ã o e m fa v o r d o s escri
tório s d e ad v ocacia, a com issão está d is p o n ív e l p a r a co n su lta s e
su g e stõ e s a tra v é s d o correio eletrô nico d o C o n se lh o F ed eral, car
ta, fax o u ofício, a n a lis a n d o m atéria s d e â m b ito n ac io n al d e co m
p etê n cia d a OAB.
SOCIEDADE DE ADVOGADOS Volume II 107
CAPÍTULO X
ÉTICA PROFISSIONAL E
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Sergio Ferraz
■L
p iraç ão q u e c o n d u z iu à inovação. £ aí n o s d e p a ra m o s co m a co m
p le x id a d e crescen te d o o rd e n a m e n to ju ríd ico , a e x p a n s ã o d o s
c a m p o s m a te ria is d a ciência jurídica, a p ro life raç ão leg islativa
in co n tro láv el, o d in a m is m o s e m p re e s e m p re m a is v ertig in o so
d a s relações sociais, a glob alização d a ec o n o m ia etc. D e fato, hoje
é p ra tic a m e n te im p o ssív el d e te n h a o a d v o g a d o co n h e cim en to
en c iclo p éd ico d o d ireito , até m e sm o d o d ire ito d o seu país. O
tra b a lh o d e e q u ip e , q u a lq u e r q u e seja o fig u rin o a d o ta d o , é q u a
se in ev itáv e l n o p re s e n te (e n o fu tu ro , p o r certo), d a advocacia.
D aí o s u rg im e n to d a s so cied ad es d e a d v o g a d o s. S o cied a d e d e
n o v o s co n to rn o s, p o r certo, a té p o rq u e n ã o v o lta d a s p re c ip u a -
m e n te à e s tru tu ra ç ã o d a s p restaçõ es d e serviços a terceiro s, m as
sim à d iscip lin a d a s relações recíprocas en tre os a d v o g a d o s sóci
os, q u a n to a se u s liam es a d m in is tra tiv o s e a re g u la ç ã o d a s a p r o
p ria ç õ e s d o s re s u lta d o s p a trim o n ia is a u fe rid o s . N o e n ta n to ,
e m b o ra n o v as, so cied a d es ex c lu siv a m e n te d e a d v o g a d o s , n eces
s a ria m e n te in fo rm a d a s, pois, d e to d a s as p e c u lia rid a d e s e n o
b re z a s a d s trita s ao d e s e m p e n h o d a advocacia. E é essa circu n s
tância n o d a l q u e vai e sta r a e m b a sa r o n ú cle o d e s te trab alh o ,
c o n so a n te m ais a d ia n te se explicitará.
M as n ã o se co n stró i u m arcab o u ç o cu ltu ra l, fe c h a n d o os olhos
ao p a ssa d o . A ssim , co m o p rim e iro p asso , im p e n d e c o n s id e ra r
co m o o le g islad o r d e 1963, d ire ta m e n te in flu en c ia d o p elo s tra
b a lh o s d o C o n se lh o F ederal d a OAB, v o lto u s e u s o lh o s a esse
c a m p o a té e n tã o v irg e m e n tre nós. E co m o ch e g o u à d iscip lin a
d o a s s u n to alv o d e s te trabalho.
6. Conclusões
Enfim , d a n o s s a leitu ra d o artig o 17 esta tu tá rio , e x tra ím o s o
corolário d e q u e, p elo s ato s típicos d a so cied a d e, com o u s o d e
s u a ra z ã o , c o n trá rio s às re g ra s ético -d iscip linares, re s p o n d e a
so cied a d e m e s m a (p o r con seq ü ên cia, as re s p o n sa b ilid a d e s s u b
sid iária / so lid ária d o s sócios, p re v ista s n o artig o 17 d o E statu to
e 2 ^ inciso X, d o P ro v im e n to n° 92/20 0 0, são p a trim o n ia is , civis
exclu siv am ente).
D o u tra p a rte , co m o sujeitas q u e estão as so cied a d es, p o r ex
p re s sa d isp o siç ão legal já referida, aos p re ceito s ético-discipli-
n a re s d a ad vo cacia, tem -se q ue, co m o c o n tra p a rtid a , a lc an ça d as
p e lo s p e rtin e n te s c o m a n d o s san cio n ató rio s d o s a rtig o s 34 e se
g u in te s d o E statu to , e v id e n te m e n te n o q u e c o m p a tív e l co m a
n a tu re z a d e en te ideal. N e sse ân g u lo , facilm en te se p o d e d e te c
tar, n o s a rtic u la d o s 34 e su b seq ü e n te s, v ário s q u e ca b em n a s a ti
v id a d e s d a p e sso a ju rídica; sirv am d e ex em p lo os incisos IV, VII,
XIII, XVI, XXI e XXIII, d o artig o 34 estatu tário . E, p o r c o n s e g u in
te, ex p õ e m -se elas às fa cu ld ad e s d e c e n su ra , s u s p e n s ã o d a s ati
v id a d e s, cassação d e reg istro (no caso d e ser p u n id a , p o r três
v ezes, co m s u s p e n s ã o — art. 3 8 , 1) e m u lta.
O esforço m aio r, d e s te ensaio, radica-se p o is n a su ste n ta ç ã o
d e q u e o v elh o , m a s inafastável, b ro c a rd o se g u n d o o q u a l n ã o h á
crim es o u p e n a , se m lei q u e p re v ia m e n te o estabeleça, em n a d a
se co n flita co m a tese, a q u i e s p o s a d a , d e re s p o n sa b iliz a ç ã o e
ap e n açã o discip lin are s d a s so cied ad es d e a d v o g a d o s. T an to m ais
co n v e n ie n te a n ó s se afig u ra o e m p e n h o d o u trin á rio o ra in te n ta
d o, q u a n d o se tem e m v ista o cen ário p ato ló g ico c a d a v e z m ais
d ifu n d id o e n tre nós: escritórios alien ígenas su fo c a n d o a a d v o
cacia b rasileira, sem a te n ção às n o rm a s q u e d isc ip lin a m s u a p re
sen ça n o p aís; g ra n d e s escritórios, inclusive b rasileiro s, ian ç an -
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e (I 117
CAPÍTULO X
SOCIEDADE DE PROFISSIONAIS
LIBERAIS E SOCIEDADE DE ADVOGADOS
1. Introdução
U m a q u e s tã o in tere ssa n te, q u e tem p re o c u p a d o os p a íse s in
teg ra n tes d a U n ião E u ro péia, d iz resp eito às p ro fis s õ e s in te le c tu
a is p ro te g id a s (aqui c o n h e cid as co m o re g u la m e n ta d a s ), isto é,
à q u e la s cujo exercício é su b o rd in a d o à a p ro v a ç ã o e m u m ex am e
d e h ab ilitação , co m o b rig a to rie d a d e d e re g istro p o s te rio r n o re s
p ec tiv o ó rg ã o d e classe, re g u la m e n ta d o r d a ativ id a d e . D iscute-
se a re sp e ito d e u m a flexibilidade m a io r n o q u e to ca ao seu ex er
cício sob fo rm a societária e so b re o seu fu tu ro n u m a d im e n s ã o
tran sn a cio n al. O a s s u n to p a s s o u a a s s u m ir m a io r re le v o com o
fe n ô m e n o d a globalização, qu e a c en tu o u a ten dên cia, ao q u e tu d o
in d ica irrev ersív el, d a n ec essid ad e, c a d a v e z m ais fre q ü e n te , do
exercício, n ã o só e m colaboração, m a s e m c o m u m o u e m co-par-
ticip ação d e p e sso a s n o d e se n v o lv im e n to d essa esp écie d e ativ i
d a d e profissio n al.
P ara ap im e n tá -lo , re la tiv a m e n te a u m a d e s s a s p ro fissõ e s, o
P a rla m e n to E u ro p e u e o C o n selh o d a U n iã o E u ro p é ia a p r o v a
ra m , e m 16 d e fev ereiro d e 1998, a D iretiv a 9 8 / 5 / C E , " te n d e n te
a facilitar o exercício p e rm a n e n te d a p ro fissã o d e a d v o g a d o n u m
E s ta d o -m e m b ro d ife re n te d a q u e le e m q u e foi a d q u ir id a a q u a li
120 S O C IE D A D E D E A D V O G A D O S volume II
' A aplicação dessa lei a cada profissão é detalhada por decretos do C o n s e il d ’E tait. Especifica
mente no que respeita à advocacia, as condições para seu exercício em sociedade foram fixa
das pelo Decreto n- 92-680, de 20 de julho de 1992, complementado, posteriormente, pelo De
creto n® 93.492, de 25 de março de 1993.
^As condições de aplicação das disposições referentes às ditas sociedades profissionais co
merciais a cada profissão também dependem de decreto específico do Conselho de Estado.
Sua aplicação à profissão de advogado foi regulada, posteriormente, pelo Decreto n- 93-492, de
25 de março de 1993.
122 S O C I E D A D E O E A D V O G A D O S V o l u m e II
^JAUFFRET, Alfred. D roit com m ercial. 21, e d „ atualizada por Jacques MESTRE. Paris: Libraire
Générale de Droil et de Jurisprudence, 1993, n- 506, p. 329.
'D ID IER, Paul. D ro it com m ercial - {'e n te rp ris e em société. 2. ed. Paris: Presses Universitaires
de France, 1997, p. 40.
^JAUFFRET, Alfred, op. loc. cit.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II 123
®Sobre o assunto, ver minhas Liçõ e s de D ireito S ocietário, 2. ed. São Paulo: Juarez de Olivei
ra. 2004, n®71,pp, 177-184.
124 S O C IE D A D E D E A D V O G A D O S Volume II
3, A legislação alemã
A a tiv id a d e so b form a d e so cied a d e d e p ro fissio n ais liberais
é d is c ip lin a d a , n a A lem a n h a, p ela Lei d e S o cied a d es d e 1"^ de
ju lh o d e 1995, q u e, p ara tan to , cria u m a n o v a fo rm a d e so c ie d a
d e (u m a esp écie d e so cied a d e sim ples), alte rn a tiv a à q u e la s tra
d icio nais, a P a r tn e r s c h a ft ou, n o vern ácu lo , a S o cied a d e d e P a r
ceria (u m a s o cied a d e d e p esso as, à sem elh a n ça d a parhiership d o
d ire ito inglês).
N e sse tip o societário, ta m b é m só p o d e m se asso ciar p e sso a s
físicas q u e ex erçam p ro fissão liberal, v e d a d a a p a rtic ip a ç ã o d e
^Sobre o assunto, MAMELIN, Jacques, e DAMIEN. André. Les regies de Ia no uvelle profession
d ’advocat. 4. ed. Paris: Daloz, 1981, pp. 46-66.
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o W m e II 127
4. 0 sistema italiano
P ara b e m e n te n d e r com o a m atéria re la tiv a às so c ie d a d e s d e
"p ro fissõ es p ro te g id a s " é hoje tra ta d a n o d ire ito italiano , c o n
v é m re tro c e d e r ao p e río d o d e ed ição d o C ó d ig o C ivil d e 1942.
C o m o se sab e, esse d ip lo m a foi e d ita d o p o r p a rte s, a p a r tir d e
1938. A n te s d a p u b licaç ão d o Livro Del Lavoro (q u e tra ta ria d o
tra b a lh o a u tô n o m o , n o q u al foi in serid a a a tiv id a d e in telectu al,
a p a rta d a d a no ção d e em p re sa), m a s já d u r a n te os tra b a lh o s d e
su a elab oração, foi p ro m u lg a d a a Lei n® 1.815, d e n o v e m b ro d e
1939, q u e v e ta v a o exercício d a s p ro fissõ es in telec tu a is em for
m a so cietária. Ela p e rm itia , p o ré m , a asso ciação p ro fissio n al,
id en tifica d a p o r d e n o m in a ç ã o com a d icção "escritó rio técnico,
legal, com ercial, contábil, a d m in is tra tiv o o u trib u tá rio " , s e g u i
d o d o n o m e e so b re n o m e , b em com o d o s títu lo s p ro fissio n ais
d o s asso c ia d o s in d iv id u ais.
A d o u t r i n a e a ju r is p r u d ê n c ia ita lia n a s , p o s te r io r m e n te , i n
t r o d u z i r a m a d is tin ç ã o e n tr e s o c ie d a d e s d e p r o f is s io n a is e
s o c ie d a d e s d e m e io s , e e n tre p r o fis s õ e s p r o te g id a s e p r o fis
s õ e s n ã o p ro tegid as. "E m p a r tic u la r, a C o rte d ^ C a s s a ç ã o t i
n h a e x p r e s s a m e n te in d ic a d o q u e a m e s m a r a z ã o q u e p r e s c r e
v e u m a m o d a l i d a d e p a r tic u la r p a r a as a s s o c ia ç õ e s d e p r o f is
sio n a is, v e ta q u e u m a e m p re s a c o m e rc ia l p o s s a d e s e n v o lv e r
u m a a t i v i d a d e p ro f is s io n a l p ro te g id a d e b a ix o d e u m a firm a
in d i v id u a l e cu jo titu la r n ã o se id e n tifiq u e c o m o u m p r o f is s i
o n a l h a b ilita d o (sen t. n. 3 4 4 1 /9 3 ). N ã o e ra e x c lu íd a , p o r é m ,
s e g u n d o a S u p r e m a C o rte , a c o n s titu iç ã o d e s o c ie d a d e , n o c ir
c u n s c rito â m b ito d a a t i v i d a d e re la tiv a à s a ú d e , p o r q u e s u a
c o n s titu iç ã o p o d e r ia te r p o r fim a o fe rta d e u m p r o d u t o o u
s e rv iç o d iv e r s o e m a is c o m p le x o r e la tiv a m e n te a o tra b a lh o
d o p ro f is s io n a l i n d iv id u a lm e n te c o n s id e r a d o , o u a g e s tã o d o s
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II 129
m e io s in s t r u m e n t a i s p a r a o ex ercício d e u m a a t i v i d a d e p ro te -
le g a lm e n te h ab ilita d a , s u a in d e p e n d ê n c ia e s u a re s p o n sa b ilid a
d e in d iv id u a l p e lo q u e fizesse" .
C o m o a d v e n to d a D iretiva 9 8 / 5 / C E , a Itália in c u m b iu -s e d e
se a d e q u a r às s u a s n o rm a s, re cep c io n ad as p elo D ecreto Legisla
tiv o n*' 96, d e 2 d e fev ereiro d e 2001, v is a n d o , essen cialm en te,
facilitar o exercício d a ad v o cacia em u m E s ta d o -m e m b ro d is tin
to d a q u e le n o q u a l o a d v o g a d o a d q u iriu s u a h ab ilitaçã o p ro fis
sional. O in te re s sa n te é q u e, e m b o ra lim ita d o a re g u la r a p ro fis
são d o s a d v o g a d o s , foi n essa o p o rtu n id a d e q u e o le g is la d o r in
tro d u z iu n o o rd e n a m e n to ju ríd ico italian o a fig u ra d a so cied a d e
d e a d v o g a d o s , fa z e n d o cair, assim , as lim itaçõ es ao exercício em
fo rm a societária, d a s p ro fissõ es in telectuais p ro te g id a s o u re g u
la m e n ta d a s .
S e g u n d o a p re v isã o co n tid a n o artig o 16 d o D e cre to L egisla
tiv o n° 96 d e 2001, a a tiv id a d e p ro fissio n al d e re p re s e n ta ç ã o , as
sistência e d efesa em ju ízo p o d e ser ex ercid a e m fo rm a c o m u m
" s e g u n d o o tip o d a s o cied a d e e n tre p ro fissio n ais, d e n o m in a d a
d e s o c ie d a d e d e a d v o g a d o s ".
A s o c ie d a d e d e v e inscrev er-se n a Seção d a O rd e m d o s A d v o
g a d o s d e s u a sed e, a ela ap lica n d o -se n a tu ra lm e n te as n o rm a s
legislativ as, p ro fissio n ais e d eo n to ló g ica s q u e d is c ip lin a m a p ro
fissão forense. A con stitu ição d a s o cied a d e d e a d v o g a d o s d e v e
ser re a liz a d a p o r esc ritu ra p ú b lica o u p riv a d a a u te n tic a d a e tem
p o r objeto ex c lu siv o "o exercício c o m u m d a p ro fissã o d o s p ró
p rio s sócios". O ato co n stitu tiv o d a s o c ie d a d e d e v e in d ic a r os
sócios, a s e d e e o objeto social; se n ã o fo rem in d ic a d o s os sócios
q u e tê m a a d m in is tra ç ã o d a so ciedad e, esta p e rte n c e a q u a lq u e r
d ele s d isju n tiv a m e n te , e n ã o p o d e ser c o n fia d a a terceiro s, com
" Cf. recomendação do Conselho Nacional dos Notários a seus membros na elaboração dos
instrumentos de constituição das sociedades de profissões regulamentadas (DISEGNI, Giulio,
c it,p . 48).
132 S O C I E D A D E O E A D V O G A D O S V o l u m e II
5. Em Portugal
E m P o rtu g a l n ã o h á lei q u e discip lin e as s o c ie d a d e s d e p ro
fissionais liberais, m a s sim ato s n o rm a tiv o s específicos p a r a cad a
profissão .
P a ra os a d v o g a d o s h á a s o cied a d e civil d e a d v o g a d o s , cujo
re g im e ju ríd ic o é fixado p e lo D ecreto-Lei n° 5 1 3 -Q /7 9 , d e 26 d e
d e z e m b ro d e 1979 {alterado p elo D ecreto-L ei n*^ 237, d e 30 d e
a g o sto d e 2001) q u e, e m 28 artigos, c o n té m re g ra s b a s ta n te d e ta
lh a d a s d is p o n d o so b re su a constituição, e s tru tu ra , fu n c io n a m e n
to, a d m in is tra ç ã o , re la cio n am e n to e n tre os sócios, atrib u içõ es,
tra n s m is s ã o d e p articip açõ es, n a tu re z a d a s co ntrib u içõ es, d e li
b eraçõ es, d isso lu ç ã o etc.
N e sse tip o societário, só h á aquisição d e p e rs o n a lid a d e jurídi
ca com seu registro na O rd e m d o s A d v o g a d o s d e P o rtu g al, ten d o
p o r esco po exclusivo o exercício em c o m u m d a p ro fissão d e a d
v o g a d o p o r seus sócios. A pesar d o c u n h o especial d e q u e se re
v este, n o ta d a m e n te d a p e s s o a lid a d e d o exercício d a a tiv id a d e
profissional, há discussões acerca da n atu re za em p resarial, o u não,
d a so cied a d e d e a d v o g a d o s ou, pelo m enos, d a s g ra n d e s socieda
d e s d e a d v o g a d o s q u e lá d ese n v o lv e m su as a tiv id a d e s ’^
N o to ca n te à a tu a ç ã o d e a d v o g a d o s e s tra n g e iro s e m seu ter-
A respeito do tema; ABREU, Jorge Manuel Coutinho de. Da em p re s a ria lid a d e - as em pre
sas d o d ire ito . Coleção Teses. Coimbra: Almedina, 1999. p. 100 e seg.
1 34 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II
6. Tratamento no Brasil
O o rd e n a m e n to jurídico nacional não fazia q u a lq u e r distinção
en tre socied ad es d e p restação d e serviços em geral e so cied ad es
co n stitu íd as p a ra o exercício d e ativ id ad es intelectuais, d e n tre es
sas as d e profissões re g u la m e n ta d a s'^ . T o d as p o s s u ía m u m único
re g im e jurídico, q u e era o estabelecido p elo C ó d ig o C ivil d e 1916,
s e g u n d o as p re v isõ e s genéricas d e seu s artigos 1.379,1.381 e 1.409,
aplicáveis às socied ad es civis em geral, g ênero n o q u al se re p u ta
v am e n q u a d ra d a s as sociedades d e p restação d e serviço.
A p e sa r disso , n ã o só o ex em p lo d a s legislações estra n g eira s,
m a s u m e n fo q u e p rá tic o ap o n ta d iferen ça s q u e re c o m e n d a m a
existência d e u m tra ta m e n to p ecu liar, p o rq u e , e n q u a n to a lg u
m a s s o c ie d a d e s d e p re sta ção d e serviços p re s c in d e m d e m ão-
d e-o b ra q u alifica d a, o u tra s têm com o p re s s u p o s to a a tu a ç ã o de
p e sso a s co m ta len to p ró p r io o u com co n h e cim en to s técnicos es
pecíficos, o b tid o s em cu rso s q u e fo rn ecem títu lo s d e h abilitação
pro fissio n al.
' ‘ Hà tratamento diferenciado no campo do Direito Tributário, não permitindo nossa legislação,
por exemplo, que as sociedades de profissões regulamentadas adotem o sistema de tributação
conhecido como SIMPLES, mas, em contrapartida, assegurando-lhes regime especial no to
cante ao COFINS (hoje a questão da revogação do benefício instituído pela Lei Complementar
n. 70 pende de definição pelo Supremo Tribunal Federal) e ao Imposto sobre Serviços, que tem
tomado como base de cálculo para sua incidência, normalmente, não o volum e do faturamento
da sociedade, mas o número de profissionais que através dela exercem sua atividade.
S O C I E D A D E DE ADVOGADOS VohjmeII 135
u m re g im e p e c u lia r p a ra q u e n ã o se a b ra a p o s s ib ilid a d e d e o
exercício d a p ro fissã o esco nd er, so b o m a n to d e u m a s o cied a d e
c o n stitu íd a, a tu a ç ã o d e terceiros e rm o s d a h ab ilitação específica
q u e c o n stitu a seu escopo social.
N o c a m p o d a ad v o cacia esse p ro b le m a aflo ro u , m ais a g u d a
m e n te n a prá tic a, com a a b e rtu ra d e s o cied a d es civis d e a d v o g a
d o s q u e, n u m p rim e iro m o m en to , p a recia m ser in co m p atív eis
c o m os p o s tu la d o s d a p rofissão, n o ta d a m e n te os re la tiv o s à pes-
s o a lid a d e d a a tu a ç ã o p ro fis s io n a l, o s ig ilo e a p ro ib iç ã o d e
a g e n c ia m e n to d e causas, m e d ia n te a p a rtic ip a ç ã o n o s re s u lta
d o s se m co lab o ração n a execução d o s serviços. C o n tu d o , tra ta
v a-se d e u m a re a lid a d e q u e n ã o p o d ia ser d e s p r e z a d a '^ .
Foi p o r isso q u e o a n te rio r E statu to d a O rd e m d o s A d v o g a
d o s d o Brasil, co n tid o na Lei n® 4.215, d e 1963, a d m itiu , p e la p ri
m e ira v ez , u m a s o c ie d a d e d e p ro fissio n ais liberais co m c o n to r
n o s d iv e rs o s d a q u e le s gen éricos estab elecid o s p elo C ó d ig o C i
vil d e 1916, ap licáveis às so cied ad es civis d e p re s ta ç ã o d e serv i
ços. N a re fe rid a Lei ficou estab elecid o, p a r a o q u e a esta e x p o si
ção in tere ssa , q u e “os advogados podem reunir-se, para colaboração
profissional recíproca, em sociedade civil de trabalho, destinado à disci
plina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na presta
ção de serviços de advocacia” (art. 77), d e v e n d o ser p re s ta d a s in d i
v id u a lm e n te , p o ré m , as ativ id a d e s p ro fissio n ais "quando se tra
tar de atos privativos de advogado, ainda que revertam ao patrim ônio
'^Sobre a origem das sociedades de advogados no Brasil, reporlo-me ao meu livro Sociedade
de A dvogados. {2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, n - 1, pp. 7-8). Com todo acerto, obtempera
Daniela V. L. de MELO BORGES que, nesse tipo societário, “muito mais importante do que o
imóvel em que se localiza a sociedade e demais bens corpóreos lá presentes, o verdadeiro
elemento valorativo da sociedade é a própria atividade intelectual exercida por seus sócios,
associados ou empregados, ou seja, o bem incorpóreo trazido pelo profissional através de seu
intelecto que, juntamente com os outros bens maiores da sociedade, os clientes, possam resul
tar num perfeito equilíbrio, através do qual poderá ser atendida a função social da advocacia e
da sociedade de advogados" (Em presa de tra b a lh o in te le c tu a l - a a tiv id a d e inte le ctual
exe rcid a p e lo advogado. Revista do Advogado, Ed. AASP, n- 74, p. 31).
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II 137
d e e m p re s a e d e k s s e p a ra d o , p a r a re g ra m e n to d iferen cia d o , a
p ro fissã o in telectual, d e n a tu re z a científica, literária o u artística,
n ã o c u id o u d e estab elecer n e n h u m a re g ra q u e leve em c o n sid e
ra ção as p a rtic u la rid a d e s d e seu exercício.
P e n h o r d o q u e acab o d e afirm ar está n a p o s s ib ilid a d e d e a
so cied a d e sim p le s con stitu ir-se s e g u n d o u m d o s tip o s d e socie
d a d e em p re s á ria , s u b o rd in a n d o -se , assim , ao re g im e ju ríd ic o d o
tip o esc o lh id o (art. 983), salvo n o to can te ao reg istro , q u e n ão
m ig ra p a r a as Ju n ta s C om erciais, p e rm a n e c e n d o n o O fício d e
R eg istro d e P essoas Ju ríd icas {art. 1.150). T o d av ia , o local d e re
g istro n a d a significa n e m d iz re sp eito às d istin çõ es q u e recla
m a m tra ta m e n to especial. Da m e sm a fo rm a, n ã o se d e v e o lv id a r
q u e a s o c ie d a d e sim ples, em b o ra espécie, é, acim a d e tu d o , a
s o cied a d e-b a se o u so cied ad e-tro n co , cujas n o rm a s são s u p le ti
v as d a s d isp o siç õ es estab elecid as p a ra as d e m a is s o cied a d es - o
q u e a desloca p a r a o centro d o sistem a, com o a socied a d e geral,
s e m p a r tic u la rid a d e s p ró p ria s , d e so rte a p ro p ic ia r a aplicação
d e s u a s n o rm a s a q u a lq u e r o u tro tip o so cietário q u e n ã o co n te
n h a (este sim ) p re v isã o d e tra ta m e n to especial'^.
fazem os chamados profissionais liberais: mas nessa atividade profissional, exercida por essas
pessoas, falta aquele elemento de organização dos fatores da produção; porque na prestação
desse serviço ou na criação desse bem, os fatores de produção, ou a coordenação de fatores, é
meramente acidental: o esforço criador se implanta na própria mente do autor, que cria o bem ou
0 serviço. Portanto, não podem - embora sejam profissionais e produzam bens ou serviços -
ser considerados empresários. A não ser que, organizando-se em empresa, assumam a veste
de empresários. Parece um exemplo bem claro a posição do médico, o qual, quando opera, ou
f a i diagnóstico, ou dá a terapèuiica, es\á prestando um serviço resultante da sua alivitiade
intelectual, e por isso não é empresário. Entretanto, se ele organiza fatores de produção, isto é,
une capita!, trabalf^o de outros médicos, enfermeiros, ajudantes etc., e se utiliza de imóvel e
equipamentos para a instalação de um hospital, então o hospital é empresa e o dono ou titular
desse hospital, seja pessoa física, seja pessoa jurídica, será considerado empresário, porque
está, realmente, organizando os fatores da produção, para produzir serviços" (Q uestões de
D ire ito M ercantil. Direito Mercantil e Atividade Negociai no Projeto do Código Civil. São Paulo:
Saraiva, 1977, p. 11).
Uma crítica mais ampla ao regime jurídico da sociedade simples pode ser encontrada nas
S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II 339
D e q u a lq u e r fo rm a , as n o rm a s d a s s o c ie d a d e s sim p le s n ão
a te n d e m às exigências d a re a lid a d e nacional. P elo co n trá rio , sua
rig id e z en g e ssa - se p e rm itid a a e x p ressão - a n e c essária flexibi
lid a d e d e q u e d e v e m d is p o r esses tip o s societários, n o ta d a m e n -
te n o q u e d iz re sp eito ao in g resso e à saíd a d e sócios, ao s q u ó ru n s
d e d elib eração , à e s tru tu ra d e fu n c io n a m e n to etc. O s a d v o g a
do s, ta lv e z p o r o a s s u n to esta r lig ad o ao exercício d e s u a p ro fis
são, já p e rc e b e ra m as d ific u ld a d e s q u e irão e n fre n ta r n a atu a ção
e m g ru p o , so b fo rm a societária e, p o r m eio d e iniciativ as ju n to
ao C o n s e lh o F ederal, e stão p ro c u ra n d o , a tra v é s d a e d iç ã o d e
p ro v im e n to , s u a v iz a r as in co n g ru ê n cias q u e os a p a n h a ra m com
a e n tra d a e m v ig o r d a s n o rm a s codificadas. M as, n ã o é o b a s ta n
te. É p re ciso q u e haja u m a co nscientização d o n o s s o leg islad o r
p a r a q u e, u rg e n te m e n te , b u s q u e a lte ra r a leg islação relativ a à
so c ie d a d e sim p le s, seja a d e q u a n d o su as n o rm a s às p a rtic u la re s
exigências d esse s tipos societários, seja cria n d o u m tra ta m e n to
p ró p r io q u e as re g u le a d e q u a d a e eficazm ente.
P o r ú ltim o , n o q u e re sp eita à liberação d o s serv iços jurídicos,
p a re c e ce rta a p o sição d a OAB n o s e n tid o d e evitá-la, d a d a s as
p a rtic u la re s exigências de co n h e cim en to q u e e n v o lv e m seu ex er
cício e m c a d a país. N o en ta n to , é ta m b é m n ec essário q u e sejam
le v a d a s e m co n sid eraçã o situações especiais, co m o a q u e ocorre
e n tre os p a íse s d a U n ião E u ro p éia, e q u e ju stificam u m regra-
m e n to lib era liz an te p a ra p e rm itir a a tu a ç ã o d o a d v o g a d o , q u e
o b té m s e u c re d e n c ia m e n to em u m d e seu s E sta d o s-m e m b ro s,
ju n to ao s d em ais. E a q u i tem o s o e x e m p lo d o M ercosu l, o n d e,
a p e s a r d e já e s ta re m em fase a d ia n ta d a as d isc u ssõ e s so b re a
liberalização d o s serviços, m u ito há a fazer n o q u e d iz re sp eito à
minhas L iç õ e s de D ire ito S ocietá rio (2. ed, São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004, nos 46-48,
pp. 109-126).
140 S O C I E D A D E D E A D V O G A D O S V o l u m e II
a d v o c a c ia . Q u e s tõ e s c o m o a p o m p o s a t r a m ita ç ã o d e c a rta s
ro g a tó ria s p a r a diligências q ue, d e te rm in a d a s p o r u m E stado-
m e m b ro , d e v a m ser c u m p rid a s em o u tro (ap esar d e, às vezes,
h a v e r a necessid ad e, apen as, d e atrav essar u m a ru a o u a p o n te d e
u m rio) c h a m a m a atenção tanto q u a n to a ausência d e cred en cia
m e n to p a ra a atu ação d e ad v o g a d o s d a região e n v o lv id a p o r esse
tra ta d o e m cortes su p ranacion ais, com o o T rib u nal Arbitrai.
O s m o d e lo s e u r o p e u s p o d e m a ju d a r n a d is c u s s ã o d e s s e s te
m as, s e n d o d ig n a d e re g istro a iniciativa to m a d a p elo C o n selh o
d o s C olég ios e O rd e n s d o s A d v o g a d o s d o M erco su l - C O A D E M ,
q u e, so b a P resid ên c ia d o C o n selh eiro F ed eral S ergio F erraz, em
re u n iã o re a liz a d a e m M o n tev id éu , d ia 24 d e m a io d e 2004, a p r o
v o u o tex to d e u m p ro jeto q u e re g u la m e n ta a a tu a ç ã o d o s a d v o
g a d o s n o s E stad o s-m e m b ro s d o M ercosul (a c h a m a d a a tu a ção
tran sfro n teira), p e rm itin d o q u e, a te n d id a s certas co nd icion antes,
u m p ro fissio n a l d o d ire ito d e q u a lq u e r d ele s p re s te co n su lto ria
e a s s is tê n c ia ju r íd ic a n o s o u tro s , s e m a o b r i g a t o r ie d a d e d e
re v a lid a ç ã o d o d ip lo m a . A p ro p o s ta é no s e n tid o d e exigir, p a ra
tan to , p r o v a d e inscrição d o a d v o g a d o n o ó rg ã o d e classe d o seu
p a ís d e o rig em , su b m e te r-se às re g ra s d o C ó d ig o d e Ética d o
p a ís o n d e p r e te n d e a tu a r e se a p re s e n ta r a o C olégio o u O rd e m
d o s A d v o g a d o s d esse últim o p o r indicação d e u m a d v o g a d o local
o u q u e ali já esteja a tu a n d o , v e d a d o s , p o ré m o p a tro c ín io e a
re p re s e n ta ç ã o judicial'®.
A única facilidade aceita pelo Brasil até agora nessa matéria é a do advogado português, que
goza de tratamento especial devido ao Provimento n- 37, de 22 de julho de 1969, segundo o
qual pode inscrever-se no Brasil sem revalidação do diploma, observados os requisitos comuns
de inscrição das legislações brasileira e portuguesa quanto aos seus nacionais. Não se trata de
permitir que o advogado português atue no Brasil com sua inscrição portuguesa, mas de lhe
proporcionar a obtenção da inscrição brasileira com a apresentação de prova de inscrição na
Ordem dos Advogados de Portugal e submissão, como qualquer brasileiro, às demais exigênci
as de inscrição, inclusive exame de ordem.
Execução Gráfica:
ISBN 85-87260-58-8
9"788587"260581