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O erro médico é considerado a falha do médico no exercício da profissão. É a conduta profissional inadequada
que supõe uma inobservância técnica, capaz de produzir um dano à saúde de outrem, caracterizada por imperícia,
imprudência ou negligência.
Acidente imprevisível: resultado lesivo à integridade física ou psíquica do pcte devido ao ato médico, devido a
caso fortuito ou força maior (fato/ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera consequências inevitáveis).
Mal incontrolável: decorre de uma situação grave e de curso inevitável, ou seja, aquele resultado danoso
proveniente de sua própria evolução, em que as condições atuais da ciência ainda não oferecem solução. O médico tem
com o pcte “obrigação de meios” em vez de uma obrigação de resultados. Ele assume o compromisso de prestar meios
adequados, de agir com diligência e de usar seus conhecimentos na busca de um êxito favorável, o qual nem sempre é
certo. Deste modo, nem todo mal resultado é erro médico. Mas o que causa o erro?
- Banalização dos casos: achar que já viu de tudo na carreira, e que todos os pctes são iguais aos já atendidos. A
perda de individualização gera desatenção aos detalhes.
- Excesso de vaidade: faz com que o médico não acredite que o erro possa estar próximo a ele.
- Excesso de trabalho e de pacientes: como, em geral, estes médicos são referências, a procura por eles e a
cobrança são tão grandes, que o estresse gera a perda de foco e dedicação insuficiente aos pacientes.
O erro pode ser de ordem pessoal ou estrutural. É pessoal quando se deu por ação ou omissão, por despreparo
técnico ou intelectual, devido às condições físicas e emocionais do médico. Pode também ser procedente de falhas
estruturais, quando os meios e as condições de trabalho são insuficientes ou ineficientes.
IATROGENIA: o termo originalmente referia-se a toda ação médica, seja benéfica ou prejudicial. Na prática,
refere-se a doença, efeitos adversos ou complicações resultantes de palavras, ações de drogas ou intervenções médicas,
podendo ou não ser de responsabilidade (princípio da culpa) ou não do médico.
Agindo o profissional com prudência, utilizando-se das técnicas recomendadas e efetuando o procedimento mais
indicado, as seqüelas resultantes não são de responsabilidade do médico, pois são lesões previsíveis, mas inevitáveis
(não ocorrendo por equívoco, descuido ou ignorância).
Há 3 tipos de iatrogenia:
- Lesões previsíveis e esperadas: cirurgias mutiladoras, como no caso de CA de mama (mastectomia),
amputações de membros, como no caso de diabetes.
- Lesões previsíveis, porém, inesperadas (devido ao perigo existente em qualquer procedimento médico):
reações alérgicas aos medicamentos ou contrastes radiológicos.
- Lesões imprevisíveis e inesperadas (= erro médico), decorrentes da falha no exercício da profissão, estando
sujeitas à responsabilização legal do médico: confusão entre veias em uma cirurgia de varizes, levando a gangrena.
RESPONSABILIDADE MÉDICA: é a obrigação de ordem civil, penal ou administrativa a que estão sujeitos os
médicos, quando de um resultado lesivo ao paciente, por imprudência, imperícia ou negligência.
Fundamenta-se no princípio da culpa, em que o agente dá causa a um dano, sem o devido cuidado a que
normalmente está obrigado. Procede culposamente quem age sem a necessária precaução, julgando que o dano não se
dará. Quanto maior a previsibilidade de resultado danoso, maior o grau de culpa.
O erro médico pode ser julgado sob duas formas de responsabilidade: a legal e a moral. A responsabilidade legal
é atribuída pelos tribunais, podendo comportar ações civis (que tendem à reparação) e penais (que tendem à
punição). A responsabilidade moral é de competência do CRM, através de processos ético-disciplinares.
RESPONSABILIDADE CIVIL: é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou
patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado.
A obrigação de indenizar surgirá no momento da ocorrência de quatro pressupostos:
1 – do dano – prejuízo;
2 – o ato ilícito, ou ato que configure risco;
3 – o nexo causal entre os dois pressupostos anteriores;
4 – imprudência, imperícia ou negligência.
Para a caracterização da culpa médica, basta a simples voluntariedade de conduta, sendo, portanto, a intenção
desnecessária. A indenização independe da culpa!
Código Civil: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado a repará-lo.
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa (teoria objetiva).
No caso de homicídio, a indenização consiste no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral
e o luto da família. No caso de dano à saúde, a indenização deverá cobrir as despesas do tratamento até ao fim da
convalescença. Se houver lesão que limite o exercício da profissão, a indenização, além das despesas do tratamento,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para quem se inabilitou.
RESPONSABILIDADE PENAL: o código penal considera crime doloso aquele onde o agente tem a intenção
de produzir resultado (dolo direto), ou aqueles onde o agente apesar de não pretender o resultado, assume o risco de vir
a produzi-lo (dolo eventual). Crime culposo, por outro lado, consubstancia-se naquele onde o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
A negligência pode acarretar uma pena de 1 a 3 anos de prisão; a omissão de notificação de doença tem pena de
6 meses a 2 anos; a violação de segredo profissional tem pena de 3 meses a 1 ano; o aborto é punido com prisão de 1 a
3 anos, exceto quando autorizado judicialmente; já o estupro e o atentado violento ao pudor, que implicam a
realização de qualquer ato sexual sem o devido consentimento, geram penas de 6 a 10 anos. E milhares de outros crimes
previstos em lei. ATENÇÃO! Os processos civis, penais e ético-profissionais ocorrem de maneira independente.
Referências
1. Responsabilidade Civil no Erro Médico, Neri Tadeu Câmara Souza
2. Erro médico e iatrogenia: causa de exclusão da responsabilidade médica? Tula rodrigues, 2010
3. Direito Médico, Genival Veloso França, 2001
4. Responsabilidade Médica, Jurandir Sebastião, 2001
SIGILO MÉDICO
A privacidade é fundamental na defesa da liberdade, segurança das relações íntimas e na conquista da cidadania.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura “o direito de cada pessoa ao respeito de sua vida privada”.
O segredo pertence ao paciente; o médico é apenas o depositário de uma confidência. O segredo não refere-se
apenas a uma confidência. Se o médico conhece certos fatos pela circunstância que a intimidade profissional permite,
deve respeitá-lo. Há 3 escolas doutrinárias quanto ao sigilo médico:
- Corrente absolutista: impõe um sigilo total, em qualquer situação. O médico não deve ver neste homem senão
um enfermo e, portanto, não pode converter-se em seu denunciante.
- Corrente abolicionista: o sigilo nada mais é do que “uma farsa entre o doente e o médico, estranhando-se que a
lei proteja o interesse de uma pessoa, em prejuízo dos interesses da coletividade”.
- Corrente eclética ou relativista: adota o critério relativo do sigilo médico, fundamentando-se em razões éticas,
legais e de ordem social. É a doutrina que prevalece entre todos os lugares do mundo.
Infração por quebra de sigilo: ocorre quando a revelação é intencional, permitindo que um fato deixe de
constituir confidência e passe para o conhecimento de terceiros que não estão nessa relação nem no direito de sabê-la.
Para a caracterização do delito de quebra do sigilo profissional, faz-se necessário:
1) Existência de um segredo
2) Conhecê-lo em razão de função ou profissão
3) Ausência de motivos relevantes
4) Possibilidade de dano: basta a quebra do segredo p/ que seja infração, independente da concretização do dano.
5) Existência de dolo: a quebra do sigilo é sempre por dolo, ou seja, quando o agente divulga conscientemente
uma confidência e sabe que está fazendo errado. Assim, p.e, a perda de um envelope contendo resultados de exames,
possibilitando alguém conhecer sobre sua doença, não caracteriza crime de divulgação do segredo.
A quebra do sigilo, além de falta ética, pode também ser considerada crime. Por isso, o médico poderá ser
duplamente punido: pelo CRM e pela justiça.
Código Penal: revelar a alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de profissão, e cuja
revelação possa produzir dano a outrem. Pena – detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. Esse delito depende de
representação da vítima para que tenha início o processo punitivo (a denúncia deve ser da vítima ou representante legal)
Já p/ o CRM, o interesse maior é a preservação da profissão e o benefício dos pacientes. Por isso, basta que tal
fato chegue ao conhecimento do CRM (seja por quem for), que a punição é aplicada.
QUEBRA DO SIGILO
De acordo com o CEM, “é vedado ao médico revelar fato que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua
profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente”.
Justa causa é o interesse de ordem moral ou social que autoriza o não cumprimento de uma norma, desde que os
motivos sejam relevantes para justificar tal violação. Há várias situações e acontecimentos na vida profissional do
médico que não estão normatizados, desafiando até os mais experientes. Mesmo que o segredo pertença ao paciente, há
de se entender que isso é relativo, pois o que se protege não é uma vontade caprichosa e exclusivista de cada um
isoladamente, mas a tutela do bem comum, os interesses de ordem pública e a harmonia social. E o que se proíbe é a
revelação ilegal que tenham como motivação a má-fé, a leviandade ou o baixo interesse.
Dever legal: refere-se ao que está regulado em lei e o seu não cumprimento constitui crime. Há 2 situações que
exigem quebra de sigilo por dever legal: notificação compulsória de doenças e comunicação dos crimes que independam
de representação, desde que não exponha o paciente a procedimento criminal.
Não há infração por quebra do sigilo quando isso se verifica a pedido do paciente ou de seus representantes
legais. Recomenda-se que a ruptura do segredo seja precedida de explicações sobre as possíveis conseqüências dessa
revelação; e que o pedido do paciente seja por escrito, por livre manifestação e mediante um consentimento esclarecido.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
1) Em causa própria: controverso! A maioria admite que o médico não pode utilizar-se de informações
confidenciais de seus pacientes p/ interesse próprio, mas procurar na justiça o foro apropriado para cada decisão.
2) Estudantes de medicina: tudo que o médico passa p/ um estudante, no interesse de seu aprendizado, não se
pode considerar como infração por quebra do sigilo. Se o estudante divulgar um fato que teve conhecimento durante
suas aulas, responde criminalmente por esta divulgação.
3) Revelação ao paciente: cada vez mais se defende a idéia de que os pctes devem saber a verdade sobre suas
doenças (obviamente, não é quebra de sigilo). Aos familiares dos pctes deve-se dizer sempre a verdade, a não ser
determinados fatos que possam ser administrados pelo pcte e que lhe tragam algum desconforto sua revelação.
4) Segredo após a morte: o médico ainda se vê na obrigação ética e legal de manter o sigilo.
5) AIDS e sigilo profissional: caso um pcte aidético manifeste o desejo de que nem seus familiares tenham
conhecimento dessa condição, o médico deve respeitar tal pedido. Quando os infectados pelo HIV se recusam a dar tal
informação aos parceiros, invocando-se o princípio da justa causa, é legítimo que o médico procure tais parceiros e lhes
informe. Mais que isso, é crime omitir essa condição do parceiro caso esteja tendo relações sexuais sem preservativo.
É dever legal a notificação dos pacientes portadores de AIDS à instituição de saúde pública competente.
No caso de trabalhadores infectados pelo HIV, não se pode pedir exames sem seu conhecimento e aprovação,
muito menos repassar essas informações aos seus patrões, principalmente quando eles tem condições físicas e psíquicas
de trabalhar e quando o efetivo exercício de suas atividades não traz risco ou prejuízo para outros.
6) Segredo e perícia médica: o atestado e o laudo médico não se referirão ao nome da doença, salvo lesões
produzidas por acidentes em serviço, doença profissional ou doenças que levarão à aposentadoria por invalidez: TBC
ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, etc.
7) Requisição de prontuários: a obrigação da guarda do segredo médico se estende aos prontuários! No entanto,
por solicitação do paciente e em sua própria defesa, o médico não comete infração de divulgação do segredo
profissional se ele testemunhar ou apresentar cópias de prontuários, de papeletas ou de boletins. Também não se pode
negar ao perito do juiz acesso a esses documentos.
8) Revelação de crime: deve-se comunicar à autoridade os crimes que independam de representação, desde que
não exponha o paciente a procedimento criminal. Um dos casos mais comuns é a constatação de prática criminosa de
aborto, e não se pode denunciar a paciente (já que o aborto é crime).
9) Informação à autoridade sanitária: o é dever legal notificar às autoridades sanitárias as doenças
infectocontagiosas.
10) Privacidade e sigilo em informática médica: recomenda-se que os sistemas de informação utilizados nas
ações de saúde mantenham separadas as informações clínicas da documentação administrativa; que os bancos de dados
dos pctes não sejam conectados a uma rede de informações não médica; e que os levantamentos de dados com fins
estatísticos ou de pesquisa não revelem a identidade do paciente.
11) Tempo de guarda de informação: o Código Civil considera o valor de 3 anos após ocorrência do fato como
o tempo máximo para abertura de processo civil; já o Código de Defesa do Consumidor, considera o tempo de 5 anos.
12) O sigilo médico e a imprensa: a divulgação médica para o público não deve visar à propaganda pessoal, e
sim a educação em saúde, ajudando-o na luta contra as doenças, naquilo que é interesse da saúde pública.
À imprensa, a informação deve ser dada com imparcialidade, como um meio efetivo de ajudar as coletividades.
13) O segredo no atestado médico: se levarmos em conta a determinação do código de ética médica, vamos
observar que esse diagnóstico só pode ser consignado, nominalmente ou em código, nas três situações ali admitidas:
justa causa, dever legal e autorização expressa do paciente.
14) O segredo no boletim médico: o boletim médico é uma exigência à qual não se pode opor. Ele faz parte do
direito que tem a sociedade de ser informada sobre condições de saúde de pessoas que transcendem a sua mera condição
de cidadão. No entanto, deve-se divulgar o estritamente necessário, sem saciar certos impulsos de curiosidade, nem
aproveitar determinadas situações para promover a própria imagem.
15) Cobrança judicial de honorários: mesmo em tais situações, o médico não deva quebrar o sigilo, relatando o
diagnóstico ou certas particularidades do paciente.
16) Atendimento a adolescentes: p/ oferecer ao adolescente a oportunidade de falar de si, confidencialmente, é
necessário que o atendimento ocorra em 2 momentos => acompanhado de seu responsável, depois só com o adolescente.
A quebra do sigilo só é justificada quando o adolescente não tem condições de arcar sozinho com sua saúde ou
quando há risco de causar danos a si ou a outrem. Exemplos: gravidez, AIDS, ideal de suicídio ou homicídio, uso de
drogas, recusa ao tto. Nesses casos, o paciente deve ser informado, justificando-se os motivos para a quebra do sigilo.
17) Paciente menor de idade: pela lei civil, as pessoas são classificadas em capazes e incapazes. Capazes são as
pessoas maiores de 21 anos de idade, que não tenham restrição legal ou de ordem psíquica. Absolutamente incapazes
são os menores de 16 anos de idade. Já os maiores de 16 anos, mas que ainda não atingiram os 21 anos, são tidos como
relativamente capazes para a prática de certos atos da vida civil (de acordo com Jurandir, mas é controverso).
Em < 16 anos, a comunicação aos pais ou responsáveis é dever do médico. Em pctes > 16 anos, considerados
capazes, deve-se manter o sigilo. MAS ATENÇÃO! Se a conduta médica causar danos a ele, os pais ou responsáveis
legais poderão pleitear contra o médico a devida reparação material e moral. Assim, na dúvida, é preferível o médico
enfrentar eventual processo administrativo, do que ter contra si processo judicial movido pelos pais do menor.
18) Atividade sexual e contracepção antes dos 15 anos: as relações sexuais antes dos 15 anos, segundo o
Código Penal, configuram-se em crime de estupro. Portanto, nesses casos, seria necessária notificação ao Conselho
Tutelar. Essa lei está defasada da realidade atual, em que cerca da metade dos adolescentes inicia a atividade sexual
antes dos 15 anos, e a jurisprudência vem reduzindo o rigor diante desses casos.
A contracepção é um direito reprodutivo, e os adolescentes podem decidir livremente sobre a própria vida sexual
e reprodutiva (desde que possa “arcar” com sua saúde).
< 14 anos vítimas de estupro: com ou sem lesões corporais, o atestamento é obrigatório.
14 a 18 anos, vítimas de estupro: comunicar aos pais, cumprindo a estes denunciar ou não.
Vítima de estupro maior e capaz: sem lesões ou com lesões leves => o atestado não deve ser fornecido sem o
consentimento da vítima; se as lesões forem graves, deve haver denúncia à autoridade policial, p/ iniciar o inquérito.
Código Penal: é crime revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação. Mas também é crime deixar de comunicar à autoridade competente (dever legal):
- Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária,
desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal.
- Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória.
Código Civil: “ninguém é obrigado a depor sobre fato a cujo respeito, por profissão, deva guardar segredo.”
Referências:
- Direito Médico, Genival Veloso França, 2001
- Responsabilidade Médica, Jurandir Sebastião, 2001
- Conduta ética no atendimento à saúde de adolescentes, Stella Taquette, Adolescência e Saúde, 2010
- Sigilo Médico, Gerson Zafalon Martins, Jornal Vascular Brasileiro, 2003
- Aspectos Ético-Legais e Jurisprudenciais do Sigilo médico no Brasil, José Geraldo de Freitas Drummond e
Letícia Drummond, Sideme, 2010.
Pesquisa: classe de atividades cujo objetivo é desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável ou no
acúmulo de informações, que possam ser corroborados por métodos científicos aceitos de observação e inferência.
1. CEM: é vedado ao médico participar de qualquer tipo de experiência envolvendo seres humanos com fins
bélicos, políticos, étnicos, eugênicos ou outros que atentem contra a dignidade humana; deixar de obter aprovação
de protocolo para a realização de pesquisa em seres humanos, bem como do termo de consentimento livre e
esclarecido do pcte ou de seu representante legal.
Menor de idade: consentimento de seu representante legal + esclarecimento e aprovação do menor.
É vedado ao médico:
- Não utilizar o tratamento indicado, quando seu uso estiver liberado no país.
- Pesquisar em comunidade sem esclarecimento sobre a pesquisa, ou não promover proteção à saúde pública.
- Deixar de manter independência profissional e científica em relação a financiadores de pesquisa médica,
satisfazendo interesse comercial ou obtendo vantagens pessoais.
- Manter vínculo com pesquisas que usem placebo em seus experimentos, quando há tto eficaz p/ a doença.
- Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha participado; atribuir-se autoria exclusiva de trabalho
realizado por outros, mesmo se sob sua orientação, bem como omitir do artigo quem dele tenha participado.
- Utilizar informações ainda não publicadas, sem referência ao seu autor ou sem sua autorização por escrito.
- Deixar de zelar pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações, bem como de declarar relações com a
indústria de medicamentos, órteses/próteses, equipamentos, implantes e outros potenciais conflitos de interesse.
Consentimento livre e esclarecido: aprovação do sujeito (se maior e capaz) da pesquisa e/ou de seu
representante legal, livre de simulações, dependência, subordinação ou intimidação, após explicação completa e
pormenorizada sobre a pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e potenciais riscos. O pesquisador deve
passar todas as informações em linguagem simples e dar plena liberdade para que o pesquisado abandone a investigação
em qualquer momento.
Riscos e benefícios
Apesar dos riscos potenciais, as pesquisas serão admissíveis quando oferecerem elevada possibilidade de gerar
conhecimento para entender, prevenir ou aliviar um problema que afete o bem-estar dos sujeitos da pesquisa e de outros
indivíduos. O risco deve se justificar pela importância do benefício esperado.
O benefício deve ser maior ou igual a outras alternativas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
ATENÇÃO! Deve haver suspensão imediata diante de risco ou dano à saúde do sujeito, não previsto no termo de
consentimento. O CEP deve ser informado dos efeitos adversos ou fatos que alterem o curso normal do estudo.
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA: toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à
apreciação de um Comitê de Ética (CEP). Na impossibilidade de se constituir CEP, o pesquisador responsável deverá
submeter o projeto à apreciação do CEP de outra instituição.
O CEP deverá ser constituído por colegiado com número não inferior a 7 membros. Sua constituição deverá
incluir a participação de profissionais da área de saúde, das ciências exatas, sociais e humanas, incluindo, por exemplo,
juristas, teólogos, sociólogos, filósofos e bioeticistas. Terá sempre caráter multidisciplinar, não devendo haver mais que
metade de seus membros pertencentes à mesma categoria profissional.
- Atribuições do CEP:
a) Revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, cabendo-lhe a responsabilidade primária
pelas decisões sobre a ética da pesquisa a ser desenvolvida na instituição.
b) Emitir parecer por escrito, no prazo máximo de 30 dias, identificando com clareza o ensaio, documentos
estudados e data de revisão. O protocolo poderá ser aprovado com pendência, não aprovado e aprovado.
c) Manter a guarda confidencial dos dados obtidos e arquivamento do protocolo completo (durante 5 anos), que
ficará à disposição das autoridades sanitárias.
d) Acompanhar o desenvolvimento dos projetos através de relatórios anuais dos pesquisadores.
e) Receber denúncias de abusos ou notificação sobre fatos que possam alterar o curso normal do estudo,
decidindo pela continuidade, modificação ou suspensão da pesquisa.
f) Requerer instauração de sindicância à direção da instituição em caso de denúncias de irregularidades de
natureza ética nas pesquisas e comunicar à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP)
g) manter comunicação regular e permanente com a CONEP (sobre os projetos aprovados, p.e).
COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA (CONEP/MS): instância colegiada, de natureza
consultiva, vinculada ao Conselho Nacional de Saúde.
A CONEP tem composição multidisciplinar, devendo ser composta por 13 membros titulares e seus respectivos
suplentes, sendo 5 pessoas destacadas no campo da ética na pesquisa e 8 personalidades com destacada atuação nos
campos teológico, jurídico e outros, assegurando-se que pelo menos um seja da área de gestão da saúde.
Atribuições da CONEP - compete à CONEP o exame dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres
humanos, bem como a adequação e atualização das normas atinentes.
A CONEP consultará a sociedade sempre que julgar necessário, cabendo-lhe as seguintes atribuições:
a) Estimular a criação de CEPs institucionais e registrá-las.
b) Acompanhar os protocolos de pesquisa em áreas temáticas especiais tais como: genética humana, reprodução
humana; fár maços em testes diagnósticos novos ou não registrados no país, etc.
c) Acompanhar projetos que, a critério do CEP, sejam julgados merecedores de análise pela CONEP.
d) Prover normas específicas no campo da ética em pesquisa.
e) Rever responsabilidades, proibir ou interromper pesquisas, definitiva ou temporariamente.
f) Constituir um sistema de informação e acompanhamento dos aspectos éticos das pesquisas envolvendo seres
humanos em todo o território nacional, mantendo atualizados os bancos de dados;
Ao pesquisador cabe...
a) Apresentar o protocolo ao CEP, aguardando o pronunciamento deste, antes de iniciar a pesquisa.
b) Desenvolver o projeto conforme delineado.
c) Elaborar e apresentar os relatórios parciais e final.
d) Apresentar dados solicitados pelo CEP, a qualquer momento;
e) Manter em arquivo, sob sua guarda, por 5 anos, os dados da pesquisa, contendo fichas individuais e todos os
demais documentos recomendados pelo CEP.
f) Encaminhar os resultados para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores associados e ao pessoal
técnico participante do projeto.
g) Consideram-se autorizados para execução, os projetos aprovados pelo CEP, exceto os que se enquadrarem nas
áreas temáticas especiais, os quais, após aprovação pelo CEP institucional deverão ser enviados à CONEP/MS, que dará
o devido encaminhamento.
- As agências de fomento à pesquisa e o corpo editorial das revistas científicas deverão exigir documentação
comprobatória de aprovação do projeto pelo CEP e/ou CONEP, quando for o caso.
- Os CEP institucionais deverão encaminhar trimestralmente à CONEP/MS a relação dos projetos de pesquisa
analisados, aprovados e concluídos, bem como dos projetos em andamento e, imediatamente, aqueles suspensos.
Normas de Pesquisa com Novos Fármacos, Medicamentos, Vacinas e Testes Diagnósticos Envolvendo Seres
Humanos - Resolução 251/97
Fase I: é o 1º estudo em seres humanos em pequenos grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias, de um novo
princípio ativo, ou nova formulação. Estas pesquisas se propõem estabelecer uma evolução preliminar da segurança e do
perfil farmacocinético e quando possível, um perfil farmacodinâmico.
Fase II (Estudo Terapêutico Piloto): visam demonstrar a atividade e estabelecer a segurança a curto prazo do
princípio ativo, em pctes afetados por uma determinada enfermidade ou condição patológica. As pesquisas realizam-se
em um número limitado (pequeno) de pessoas.
Fase III (Estudo Terapêutico Ampliado): são estudos realizados em grandes e variados grupos de pctes, com o
objetivo de determinar o risco/ benefício a curto e longo prazos das formulações do princípio ativo. Exploram-se nesta
fase as interações clinicamente relevantes, principais fatores modificatórios do efeito (como idade), etc.
Fase IV: são pesquisas realizadas depois de comercializado o produto e/ou especialidade medicinal. Geralmente
são estudos de vigilância pós-comercialização, para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento de novas reações
adversas e/ou confirmação da freqüência de surgimento das já conhecidas, e as estratégias de tratamento.
Devem-se seguir as mesmas normas éticas e científicas aplicadas às pesquisas de fases anteriores.
SITUAÇÕES ESPECIAIS
- Pesquisa em Indivíduos Sadios: qualquer ato que possa diminuir a resistência do ser humano só pode ser
admitido em seu próprio interesse, logo, a experimentação em indivíduos sadios não é recomendada.
- Pesquisa em condenados: é ilícita e imoral, visto que não possuem plena liberdade de decisão para voluntariar-
se. Mesmo ele tem direito há integridade física e psíquica.
Referências
1. Direito Médico, Genival Veloso França, 2001
2. Responsabilidade Médica, Jurandir Sebastião, 2001
3. Resoluções do CFM
PROTOCOLO DE ME
Para iniciar o protocolo, são necessários 3 pré-requisitos:
1. Coma com causa conhecida e irreversível: comprovar a causa por TC/RM ou LCR! Os pctes devem ser
identificados e informados sobre início do protocolo. Não iniciar se a causa é desconhecida!
2. Ausência de hipotermia (TºC<36), hipotensão (PIA<60) ou distúrbio metabólico grave (Na>160 ou <120).
3. Ausência de intoxicação exógena ou efeito de medicamentos psicotrópicos
(aguardar 12-24 horas se o pcte usou sedativos ou anestésicos; aguardar 24-48 horas se o pcte usou barbitúricos)
3. Teste da apnéia: essencial p/ o dx de ME! Possui valor preditivo positivo próximo de 100%, mas há
possibilidade de efeitos deletérios p/ o pcte. Por isso deve ser o último teste a ser realizado e abortado quando surgirem
sinais de hipóxia ou isquemia (PIA<90 ou SatO2<75). Como é feito?
- Ajuste os parâmetros do ventilador para obter PaCO2 em torno de 45 mmHg;
- Aumente a concentração de oxigênio no ventilador para 100% pelo menos durante 10 minutos;
- Mantenha um acesso intra-arterial (artéria radial ou femoral) acoplado a um a conexão de três vias p/ facilitar a
coleta das gasometrias;
- Desconecte o ventilador (marque o tempo) e instale uma sonda profunda na traquéia, com fluxo de oxigênio de
6L/min em adultos ou 1L/5 kg/min em crianças;
- Observe o aparecimento de qualquer incursão respiratória por 10min ou até que a PaCO2 esteja >55mmHg.
No momento em que o 2º teste de apnéia é finalizado, declaramos a morte do pcte. Legalmente, a hora da morte é
aquela do término do teste de apnéia.
O exame clínico é a base do dx (em alguns países, como EUA, não é necessário nenhum exame complementar).
Dx é feito após realização de 2 exames clínicos por profissionais diferentes (com intervalo de 6h em adultos)
e não vinculados à equipe de transplantes (é recomendado que pelo menos 1 dos exames seja feito por neurologista).
É obrigatória a realização de exame complementar compatível com ausência de perfusão cerebral, atividade
elétrica cortical ou metabolismo encefálico.
Em crianças... o dx deve ser mais rígido, devido à imaturidade do SNC, e só é possível após 7 dias de vida.
7 dias a 2 meses = intervalo de 24 horas entre os exames clínicos + realização de 2 EEG.
2 meses a 2 anos = intervalo de 12 horas entre os exames clínicos + realização de 1 EEG.
> 2 anos = intervalo de 6 horas + realização de um exame complementar.
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Atualmente, os centros transplantadores enfrentam o grave problema da escassez de órgãos, uma realidade
enfrentada em todo o mundo. A falta de doadores está relacionada a dois elos: o médico e a sociedade.
Há, ainda hoje, certo desconhecimento quanto ao diagnóstico de morte encefálica. A falta de informações
quanto aos aspectos éticos, morais e legais deste diagnóstico e o despreparo das equipes para realizar os exames clínicos
necessários a sua confirmação, acabam por culminar na perda de um potencial doador.
Quanto à sociedade, a incompreensão quanto a este diagnóstico é ainda maior, de maneira que a recusa familiar
situa-se dentre as razões mais comuns para a não disponibilização de órgãos de doadores efetivos. Relacionam-se a isso:
a incompreensão do diagnóstico de morte encefálica e a crença na reversão do quadro, o medo do comércio de órgãos, a
falta de esclarecimento dado pelas equipes à família, dentre outros.
Histórico
A história dos transplantes no Brasil teve início por volta da década de 60, quando foi realizado o 1º transplante
renal. Os programas de transplante dos demais órgãos, porém, só entraram em atividade por volta de 1980.
Em 1997, foi publicada a Lei 9.434 sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tto. A partir de então, a decisão sobre a doação pertencia aos familiares do potencial doador. Além disso,
estabeleceu o conceito de ME como critério para constatação da morte.
No mesmo ano, o MS criou o Sistema Nacional de Transplante (SNT) e as Centrais de Notificação, Captação
e Distribuição de Órgãos (CNCDO).
Após o dx de morte encefálica, se o pcte for um potencial doador, tem início o esclarecimento da família sobre
a doação de órgãos. É obrigação notificar o dx à central de transplantes. Se o pcte não tem critério p/ doação ou a
família não consentiu, o pcte é considerado um cadáver (legal, ética e moralmente).
Em alguns dias (aproximadamente 5), todos os pctes com ME evoluem com PCR.
Em doador com parada cardíaca recente (até 6h) => é possível a retirada de órgão.
Se a parada cardíaca não é recente => pode ser doador apenas de tecido.
Receptores: os pctes inscritos no Cadastro Técnico Único da Central de Transplante serão classificados por
um sistema de pontuação que inclui: compatibilidade HLA, tempo em lista de espera, idade e grande sensibilização.
Alguns critérios priorizam alguns receptores: no caso de transplante renal, a ausência de via de acesso para
tratamento dialítico; tratando-se de doador criança (<12 anos) para receptor criança (<12 anos); se o primeiro da lista
não tiver condições de saúde adequadas para receber o tranplante, o segundo da fila é chamado.
*No caso de doadores vivos: é permitido à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos
ou partes corpo, desde que a retirada não represente comprometimento a sua saúde, e corresponda a uma necessidade
terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.
Pela lei, parentes de até 4º grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização judicial.
Órgãos e tecidos que podem ser obtidos de doador vivo: um dos rins, medula óssea obtida por meio da aspiração óssea
direta ou pela coleta de sangue periférico; parte do fígado, parte do pulmão e pâncreas (em situações excepcionais).
PROCESSO DE DOAÇÃO
1º Passo – Identificação do potencial doador: o processo inicia-se com a identificação de pcte com ME.
2º Passo – Notificação: normalmente a captação ocorre de forma regionalizada. Assim, a Central de Transplantes
repassa a notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão) que cobre a região do hospital notificador.
3º Passo – Avaliação: durante o processo, a manutenção do potencial doador deve buscar a estabilidade
hemodinâmica, garantindo a viabilidade e qualidade dos órgãos passíveis de doação. Assim, uma vez ocorrida a
notificação, a OPO dirige-se ao hospital e avalia o doador: história clínica, sorologias para afastar moléstias infecciosas,
viabilidade dos órgãos e teste de compatibilidade com possíveis receptores.
Nesta etapa a família é abordada sobre a doação, podendo autorizar ou não a remoção de órgãos (autorização
pode ser dada por cônjuge ou parente). Se autorizada, é, então, feita transferência p/ outro hospital com melhor estrutura
para manutenção hemodinâmica do paciente.
4º Passo – Informação do doador efetivo: a OPO informa à Central de Transplante se Doador é viável.
5º Passo – Seleção de receptores: os receptores são cadastrados na Lista Única de Receptores do Sistema
Nacional de Transplantes. No momento em que uma OPO informa quanto à efetividade de um doador, a Central de
Transplante emite uma lista de receptores desta lista que são compatíveis com o doador. No caso dos rins, deve-se
realizar uma nova seleção por compatibilidade imunológica.
6º Passo - Resposta do Laboratório de Imunogenética: após a realização do teste de compatibilidade
imunológica, os laboratórios enviam a lista com os receptores compatíveis para a Central de Transplante.
7 º Passo – Equipes de Transplantes: uma vez com a lista definitiva de transplantes, a Central de Transplantes
informa a equipe de transplante sobre o doador. Cabe à equipe transplantadora a decisão da utilização do órgão doado.
8º Passo – Transplante: em caso de aprovação pela equipe de transplante, é realizada a captação e efetivado o
transplante. Terminada a captação, que ocorre no hospital em que o doador está internado, as equipes dirigem-se para
seus hospitais de origem para realizarem a transplantação. O corpo do doador é entregue à família condignamente
recomposto, sendo fornecida toda orientação necessária à família.
- Estabelecer relação médico, equipe de saúde e pcte adequada: a construção de uma interação apropriada,
desde o 1º contato, implica por em prática a capacidade de empatia, compreensão e desejo de ajuda. Desta forma, é
importante demonstrar interesse e respeito, essenciais para o paciente sentir-se bem.
- Conhecer cuidadosamente a história médica: isso dará consistência às decisões clínicas e permitirá uma
comunicação mais clara. Neste sentido, quem irá revelar as notícias deverá ser o médico responsável pelo caso.
- Ver o paciente como pessoa: é importante que se vá além do conhecimento formal e saber quem é a pessoa a
quem se oferece os cuidados. Nesses momentos questões como: de onde vem esse paciente? Quais são suas motivações?
Seus medos? Projetos? – são importantes para que se possa lidar com outras dificuldades que não somente aquelas
impostas pelo adoecimento. A cuidadosa e respeitosa exploração do paciente em termos de crenças religiosas e sistema
de valores ajudarão a considerar a dimensão global do paciente.
- Preparar o setting: deve-se buscar um lugar com privacidade e conforto, onde não haja possibilidade de
interrupção, e evitar comunicar uma má notícia no corredor. É importante saber se o paciente deseja a presença de
outras pessoas durante a entrevista. Por parte da equipe médica, é recomendável a presença de outro membro da equipe
(outro médico ou enfermeiro familiarizado com o caso) durante a comunicação. A pessoa que for comunicar a má
noticia deverá manter contato visual com o paciente e usar o toque apropriadamente.
- Organizar o tempo: é necessário que se garanta um tempo razoável para preparar o pcte, comunicar a
informação, permitir um breve espaço para reflexão e possibilitar um intercâmbio entre perguntas e respostas
programando, apropriadamente, o seguimento e abordando os procedimentos terapêuticos por fazer.
- Aspectos específicos da comunicação: é importante compreender o pcte, ter uma expressão neutra e, em
seguida, informar as notícias de maneira clara. Usar tom de voz suave, pausado e linguagem sincera. O profissional
deverá assegurar-se que o paciente tenha compreendido a mensagem com clareza. Para checar o grau de compreensão
do paciente, é aconselhável que o profissional peça ao mesmo que conte as informações com suas próprias palavras.
Mesmo que uma cura não seja realista, oferecer esperança e encorajamento sobre quais opções estão disponíveis.
- Reconhecer o que e o quanto o paciente quer saber: há discordância entre o que o profissional quer dizer e o
que o pcte quer saber. Perguntar ao paciente o que ele quer saber dará a oportunidade deste colocar sua vontade. Se o
paciente mostrar que não quer falar sobre a informação, devemos deixar a porta aberta para falar em outra hora.
- Encorajar e validar as emoções: é importante que o profissional verifique continuamente com o pcte como ele
se sente, não antecipando a reação emocional do mesmo. Oferecer períodos de silêncio permite que os pacientes
processem a má notícia e ventilem emoções.
- Atenção e cuidado com a família: face à comunicação de uma má noticia, o profissional deverá ficar atento à
situação familiar do pcte e levar em conta as necessidades particulares da família em função de seus antecedentes
culturais e religiosos. A presença de um membro da família geralmente serve de apoio e suporte para o paciente.
- Planejar o futuro e o seguimento: Após ter recebido a má notícia, um paciente pode experimentar sentimentos
de isolamento e incerteza. O profissional pode minimizar a ansiedade do paciente resumindo as áreas discutidas,
verificando se houve a compreensão e formulando um planejamento ou “próximos passos” com o paciente.
- Trabalhar os próprios sentimentos: estar consciente das próprias reações, preocupações e sentimentos é
extremamente importante p/ que o profissional possa manter uma boa relação com o paciente. Por essa razão é
recomendável que depois da comunicação de uma má noticia, o profissional reserve um tempo para revisar as próprias
reações - reconhecê-las permitirá uma sensibilidade maior e melhor habilidade clinica de comunicação.
O importante é que os médicos falem a verdade, usando uma linguagem simples. Dizer a verdade não é sinônimo
de relato brutal e frio. A verdade deve ser dita com sinceridade e compaixão. Uma verdade amparada pela caridade e
esperança. Deve ser narrada de forma gradual e nunca como um golpe abrupto e violento.
É necessário que os profissionais recebam treinamento p/ adquirir habilidades p/ realizar a comunicação eficiente
de más notícias. O treinamento durante a formação médica, por exemplo, têm demonstrado bons resultados.
As evidências mostram que a atitude do profissional e a capacidade de comunicação desempenham um papel
fundamental e decisivo no modo que o paciente enfrentará seu problema.
PROTOCOLO SPIKES
ETAPA 1: Plaejando a entrevista (S – Setting up the interview)
- Busque privacidade, envolva os familiares durante a comunicação, caso o pcte deseje.
- Sente-se, mantenha o contato visual, toque no braço do paciente ou segure sua mão.
Etapa 2: Avaliando a percepção do paciente (P – Perception)
Antes de discutir achados médicos, o médico usa perguntas abertas p/ saber como o pcte percebe a situação
médica. “O que já lhe foi dito sobre seu quadro clínico até agora?” Baseado nessas informações, poderá corrigir
desinformações e moldar a má notícia para a compreensão do paciente.
ETAPA 3: Obtendo o convite do paciente (I – Invitation)
Enquanto uma maioria de pacientes expressa o desejo de ter plenas informações sobre seu diagnóstico,
prognóstico e detalhes de sua doença, alguns outros não o fazem. Pode-se perguntar ao pcte: “Como você gostaria que
eu te informasse sobre os resultados dos exames? Você gostaria de ter toda a informação ou apenas um esboço dos
resultados e passar mais tempo discutindo o plano de tratamento?”.
ETAPA 4: Dando conhecimento e informação ao paciente (K – Knowledge)
Comece no nível de compreensão e vocabulário do paciente, sem usar termos técnicos Dê a informação em
pequenos pedaços e confira periodicamente a sua compreensão.
ETAPA 5: Abordar as emoções dos pctes com respostas afetivas (E – Emotions)
O médico pode oferecer apoio e solidariedade ao paciente com uma resposta afetiva. Uma resposta afetiva
consiste em: observar a emoção do paciente, identificar a razão desta emoção (na dúvida, pode-se perguntar ao pcte) e
demonstrar apoio e compaixão.
ETAPA 6: Estratégia e resumo (S – Strategy and summary)
Antes de discutir um plano de tto, é importante perguntar aos pacientes se eles estão prontos para essa discussão e
se aquele é o momento. Compartilhar responsabilidades na tomada de decisão com o pcte pode aumentar a motivação
do pcte, melhorar a relação médico-pcte e reduzir qualquer sensação de fracasso da parte do médico.
Referências
1. Direito Médico, Genival Veloso França, 2001
2. Morte Encefálica: conceitos essenciais, diagnóstico e atualização – Eric Grossi Morato, 2009, RMMG
3. Entenda a doação de órgãos, Associação Brasileira de Transplante de órgãos, 2002
4. O preparo do médico e a comunicação com familiares sobre a morte, Alberto Júnior, Rolim e Morrone, 2005,
Revista de Associação Médica Brasileira.
5. Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica, Victorino, et al, 2007, Revista SBPH.
Eutanásia (“boa morte”): provocação intencional da morte, por ação ou omissão, a determinada pessoa que sofre
de enfermidade degradante e incurável, visando privá-la dos suplícios decorrentes da doença.
2. Voluntária: o pcte pede, implora e até mesmo suplica por sua morte. Solicitada por aquele que sofre, tem sido
descrita c/ suicídio assistido ou homicídio por requisição. O suicídio assistido é praticado pelo próprio pcte!
- Involuntária: decisão da sociedade, médico ou um indivíduo em pôr fim à vida daquele que sofre, sem que este
exprima sua vontade. Ex.: crianças com grave deficiência mental ou das pessoas dementes e inconscientes.
3. Indireta: a ação produz a morte, mas a intenção daquele que age não é a supressão da vida. Ex.: a
superdosagem de narcóticos p/ alívio da dor em pacientes com câncer terminal.
Distanásia: o oposto da eutanásia; é a idéia de manter a vida a qualquer custo, mesmo que a pessoa tratada
padeça em agonia e rejeite o prolongamento da própria vida. Há alto custo financeiro, social e psicológico para todas as
partes envolvidas (paciente, familiares e profissionais de saúde).
Continuar um tratamento considerado fútil é contra todos os princípios fundamentais da ética medica:
contra a beneficência, pois não provê nenhum beneficio ao paciente; contra a não-maleficência, pois pode causar
sofrimento e prejuízo; contra a justiça, pois exige custos, tempo e energia que poderiam ser mais bem usadas em outros
pacientes; e ate mesmo contra a autonomia, pois ninguém quer receber uma terapia fútil que simplesmente prolonga por
horas ou dias a morte em estado vegetativo.
Ortotanásia (“morte correta”, “morte natural”): a morte se dá sem a interferência ativa de nenhum agente, sem
um prolongamento artificial executado pelo equipe de saúde, seguindo seu curso natural. EVITA A DISTANÁSIA.
=> Pctes oncológicos terminais que “vão morrer em casa”.
Deve ser realizada! *Com consentimento do pcte, cônjuge ou parente. Projeito de lei aprovado em 12/2009.
Também chamada de “eutanásia por omissão”. Mas diferentemente da eutanásia, a ortotanásia é sensível ao
processo de humanização e alívio das dores, e não incorre em prolongamentos com risco de sofrimento adicional.
HÁ O DIREITO DE MORRER?
PRÓS: uma pessoa tem, ou deveria ter, o direito de decidir sobre o sofrimento que ela está preparada p/ aceitar e,
quando esse limiar for atingido, se ela tem o "direito de morrer", p/ por fim ao sofrimento. Assume o interesse
individual acima do da sociedade que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. A eutanásia não defende a morte,
mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única.
“Direito de morrer” = direito do paciente de não ser submetido a terapias inapropriadas e o de receber
medicamentos para aliviar a dor, mesmo sob o risco de abreviação da vida.
*Constituição Federal: Art 1º = direito à vida e dignidade da pessoa humana; Art 5º = ninguém será submetido à
tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
O direito à vida deve ser entendido como um direito absolutamente indisponível, a ser tutelado pelo Estado até
contra a vontade do indivíduo!
*Código Civil: ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de morte, a tto médico ou intervenção
cirúrgica.
* Código de Ética Médica diz que:
- São deveres fundamentais do médico: “guardar absoluto respeito pela vida humana, jamais usando seus
conhecimentos técnicos ou científicos para sofrimentos ou extermínio do homem”.
“Não pode o médico, seja qual for a circunstância, praticar atos que afetem a saúde ou a resistência física ou
mental do ser humano, salvo quando se tratar de indicações estritamente terapêuticas ou profiláticas em benefício do
próprio paciente”.
- “O médico tem o dever de informar o doente quanto ao diagnóstico, prognóstico e objetivos do tto, salvo se as
informações que puderem causar-lhes dano, devendo ele, neste caso, prestá-los a família ou aos responsáveis”.
- “Não é permitido ao médico abandonar o tto do doente, mesmo em casos crônicos ou incuráveis, salvo por
motivos relevantes”.
A eutanásia é crime, homicídio doloso (há intenção de matar), que pode chegar à condição de homicídio
privilegiado (quase todos os casos), um crime que, por sua relevância moral e social, enseja uma atenuação da pena,
mas que ainda persiste como um crime grave. O indivíduo recebe uma pena menor, de 1/6 a 1/3 da pena.
O Código penal descreve de forma análoga duas condutas da qual o indivíduo que praticar a eutanásia poderá ser
enquadrado: forma ativa e a forma passiva.
Crime de homicídio =>pena de prisão de 12 a 30 anos de reclusão.
Crime por “auxílio ao suicídio” => pena de prisão de 2 a 6 anos.
A eutanásia passiva encontra-se tipificada no Código Penal Brasileiro em seu art. 135, que prevê:
"Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco, à criança abandonada ou extraviada,
ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e eminente perigo; ou não pedir, nesses casos socorro da
autoridade pública: DIFERENTE DE ORTOTANÁSIA!
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. (3x se resulta em morte)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se da omissão resultar lesão corporal de natureza grave, e
triplica, se resulta a morte”.
ATENÇÃO! Tanto do ponto de vista civil quanto penal, é indiferente que o pcte tenha dado seu
consentimento, ainda que assinado! O consentimento não desconsidera a conduta como crime.
Influência cristã: a maioria dos países extremamente conservadores tem fortíssimas influências cristãs, doutrina
que prega aos homens o dever de suportar suas aflições, não importando a severidade das mesmas, como provação para
herdar o “reino dos céus”. O suicídio é considerado a heresia mais grave contra a divindade.
A igreja católica mantém uma posição radicalmente contra a prática da eutanásia, alegando principalmente que “a
Deus foi dado o dom dar a vida e somente a ele caberá tira - lá”.
Na antigüidade greco-romana, o direito de morrer era reconhecido, o que permitia aos doentes
desesperançados pôr um fim às suas vidas. Tais práticas acabaram com o surgimento do cristianismo, que introduziu a
noção de sacralidade da vida, como um dom de Deus a ser preservado e cultivado.
Até o século XVII, eutanásia se referia aos meios para se alcançar a morte boa ou a morte fácil, como, por
exemplo, cultivar uma vida sóbria e de temperança, ou pela aceitação da própria mortalidade. Em 1605, com Francis
Bacon, a eutanásia passa a se integrar aos domínios da medicina com a conotação de aliviar o sofrimento de doentes
terminais, até apressando a sua morte, se preciso fosse.
Paradoxalmente, Bacon se inspirava nos conceitos humanísticos e cristãos de bem-estar e dignidade do ser
humano para defender a longevidade, livre de enfermidades e da senectude, como o mais nobre propósito da medicina e
a morte livre da dor e do sofrimento, como objeto das habilidades médicas.
O perfil do Brasil: apesar de não haver diferenças éticas, morais e legais entre suspender e não introduzir novas
medidas terapêuticas, a segunda atitude e mais freqüente, pois geralmente se prefere omissões a ações.
Não há, no Brasil a tradição de documentar a ordem de não reanimar como existe em outros países, mas foi
demonstrado que a não adoção de medidas de RCP frente ao evento terminal PCR é a forma mais comum de
limitação terapêutica. É comum o registro inverídico de medidas de RCP em pacientes que não foram reanimados.
Além disso: retirada dos métodos dialíticos, hemoderivados, fármacos vasopressores, antibioticoterapia e
nutrição parenteral total.
Os métodos terapêuticos que podem causar desconforto ou sofrimento, como sedação e analgesia, raramente
são omitidos ou retirados. A ventilação mecânica embora algumas vezes seja omitida, raramente é retirada,
possivelmente por abreviar mais rapidamente o processo de morte.
ATENÇÃO!! Deve-se salientar a importância de documentar estas decisões nos prontuários dos pacientes.
Estudos demonstraram as deficiências encontradas na documentação pelos médicos dos cuidados relativos ao fim
da vida, inclusive sugerindo a utilização de formulários específicos para esta situação, com o intuito de facilitar o
registro destes dados no prontuário.
Referências
- Revista Investidura: O direito de morrer: eutanásia, ortotanásia e distanásia no direito comparado, 2012
- Eutanásia: Direito de se fazer cessar um sofrimento; Paulo Ricardo da Conceição Alves; 2009
- Eutanásia: problemas éticos da morte e do morrer; Márcio Palis Horta.
- O que é o paciente terminal? Revista da Associação Médica Brasileira, 2001.
- Condutas de limitação terapêutica em pacientes internados em UTI, Rev Brasileira de Terapia Intensiva, 2007.
- Breves considerações sobre a Eutanásia e Distanásia, e o respeito a princípio da dignidade no momento da morte
– Faculdade Editora Nacional, 2008.
ATO MÉDICO
“Ato médico”: atividades de responsabilidade do médico quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento.
A maioria das outras 13 profissões da área da saúde é regulamentada! Em contrapartida, os mais de 280.000
médicos trabalhando no Brasil necessitam de uma lei que reconheça sua importância social, seu espaço profissional e
que garanta que a assistência atinja altos níveis de qualidade e excelência.
A Medicina no Brasil é atualmente regulada por uma lei de 1957, um arcabouço jurídico que deve ser aprimorado
para acompanhar a dinâmica da ciência relacionada à saúde. Essa lei não define o campo de trabalho do médico.
A legislação deve explicitar o que é medicina, quais são os procedimentos exclusivos do médico e quais podem
ser compartilhados com agentes de outras profissões de saúde. Mesmo uma profissão antiga, como é a medicina, cujos
elementos de identidade estão profundamente arraigados na consciência social, necessita ter sua identidade legalmente
instituída para assegurar sua atividade e poder assegurar o melhor atendimento aos pacientes e à sociedade.
**A sociedade tem o direito de saber o que pode e o que deve esperar dos agentes de cada profissão.
Nenhuma outra profissão, à exceção da odontologia, possui a prerrogativa de diagnosticar doenças. Todas as
demais, em sua própria regulamentação, participam da assistência à saúde de modo e maneira bem específicos, sem
qualquer referência ao diagnóstico de doenças.
Reconhecimento de um estado doentio x diagnosticar doenças? Tome-se, p.e, uma avó experiente. Ao se
defrontar com um neto apresentando febre alta, tosse com catarro purulento, dor no peito e prostração, ela será capaz de
identificar uma possível pneumonia. Do ponto de vista profissional, diagnosticar implica possuir competência técnico-
científica para proceder ao diagnóstico diferencial entre os diversos tipos de pneumonias, bem como as demais
infecções respiratórias, e prescrever o tratamento.
Diagnóstico funcional: consiste na identificação do rendimento de uma estrutura ou função somática
(fisioterapia, fonoaudiologia).
Diagnóstico psicológico: corresponde ao diagnóstico funcional no terreno da conduta e do psiquismo. Permite
identificar traços ou tipos de personalidade ou características de conduta de alguém. A psiquiatria é a especialidade
médica que diagnostica as enfermidades mentais e da conduta, enquanto a psicologia utiliza-se unicamente de
métodos e técnicas psicológicas para atender pessoas com problemas de ajustamento ou desenvolvimento.
*Argumentos contra o ato médico (embora muitos sejam contraditórios após leitura do PL)
- A idéia de diagnóstico nosológico encerra-se no paradigma biomédico, que nega a determinação social do
processo saúde-doença. O modelo curativo deveria ser superado pelo modelo preventivo.
- O ato médico pressupõe uma reserva de mercado, ao excluir da área da saúde outras profissões que, numa
atuação multidisciplinar, podem contribuir para a cura, prevenção de doenças e promoção da saúde.
- A idéia de que determinada classe de profissionais se bastem significa abolir o trabalho coletivo. O caráter
individual pressupõe a um só tempo a eficiência e a autogestão, que podem se converter em sucesso ou fracasso, pois
dependem do indivíduo ou classe. Os médicos passam a ser os únicos responsáveis pela doença/cura do cidadão.
O médico regulador
- Deve discernir o grau de urgência, gravidade e prioridade;
- Enviar os recursos necessários ao atendimento, considerando necessidades e ofertas disponíveis;
- Monitorar e orientar o atendimento feito por outro profissional (médico intervencionista, enfermeiro, técnico
de enfermagem), por profissional da área de segurança, bombeiro ou leigo que se encontre no local;
- Definir e acionar o serviço de destino do pcte, informando-o as condições e previsão de chegada do mesmo;
- Julgar a necessidade ou não do envio de meios móveis de atenção. Em caso negativo, o médico deve explicar
sua decisão e esclarecer o demandante do socorro quanto a outras medidas a serem adotadas, por meio de orientação ou
conselho médico, que permita ao solicitante assumir cuidados ou buscá-los em local definido pelo médico regulador;
- Reconhecer que, como a atividade do médico regulador envolve o exercício da telemedicina, impõe-se a
gravação contínua das comunicações, o correto preenchimento das fichas médicas de regulação, das fichas de
atendimento médico e de enfermagem, e o seguimento de protocolos institucionais consensuados e normatizados que
definam os passos e as bases para a decisão do regulador;
- Decidir os destinos hospitalares não aceitando a inexistência de leitos vagos como argumento para não
direcionar os pacientes, ou seja, garantir o atendimento nas urgências, mesmo nas situações em que inexistam leitos
vagos para a internação de pacientes (a chamada “vaga zero”).
- Decidir o destino do pcte baseado na planilha de hierarquias pactuada e disponível para a região, alocando
os pctes dentro do sistema regional, comunicando sua decisão aos médicos assistentes das portas de urgência;
- Regular as portas de urgência, considerando o acesso a leitos como uma segunda etapa que envolverá a
regulação médica das transferências inter-hospitalares, bem como das internações;
Tipos de ambulância
Ambulância de Transporte (Tipo A): transporte em decúbito horizontal de pctes que não apresentam risco de
vida. Tripulada por 2 profissionais: motorista e técnico ou auxiliar de enfermagem.
Ambulância de Suporte Básico (Tipo B): transporte inter-hospitalar de pctes com risco de vida conhecido e ao
atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido. Tripulada por 2 profissionais: motorista e
técnico ou auxiliar de enfermagem.
Ambulância de Resgate (Tipo C): atendimento de pctes vítimas de acidentes ou em locais de difícil acesso, com
equipamentos de salvamento (terrestre, aquático e em alturas). Tripulada por 3 profissionais militares, policiais
rodoviários, bombeiros militares, sendo um motorista e os outros dois profissionais com capacitação e certificação em
salvamento e suporte básico de vida.
Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D): atendimento e transporte de pacientes de alto risco que necessitam
de cuidados médicos intensivos. Tripulada por 3 profissionais: motorista, enfermeiro e médico.
Aeronave de Transporte Médico (Tipo E): aeronave de asa fixa ou rotativa para transporte inter-hospitalar de
pacientes e aeronave de asa rotativa para ações de resgate. O atendimento feito por aeronaves deve ser sempre
considerado como de suporte avançado de vida, devendo contar com o piloto, um médico, e um enfermeiro; para o
atendimento a urgências traumáticas em que sejam necessários procedimentos de salvamento, é indispensável a
presença de profissional capacitado para tal.
Indicado quando a gravidade do quadro exige uma intervenção rápida e as condições de trânsito tornem o
transporte terrestre muito demorado (asa rotativa), ou para percorrer grandes distâncias (asa fixa).
Embarcação de Transporte Médico (Tipo F): transporte por via marítima ou fluvial. Conta com o condutor da
embarcação e um auxiliar/técnico de enfermagem (suporte básico) ou um médico e enfermeiro (suporte avançado).
ATESTADO DE ÓBITO
O MS implantou, em 1976, um modelo único de Declaração de Óbito – DO para ser utilizado em todo território
nacional. O sepultamento só é feito com certidão, em vista do atestado de médico (se houver no lugar), ou, caso
contrário, duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
A DO tem dois objetivos principais: ser o documento padrão p/ coleta das informações sobre mortalidade que
servem de base para o cálculo das estatísticas vitais e epidemiológicas do Brasil; o segundo, de caráter jurídico, é o
de ser o documento hábil, indispensável para as formalidades legais do sepultamento.
Os dados de óbitos são utilizados para conhecer a situação de saúde da população e gerar ações visando à sua
melhoria. Para tanto, devem ser fidedignos e refletir a realidade. As estatísticas de mortalidade são produzidas com
base na DO emitida pelo médico.
A emissão da DO é ato médico, segundo a legislação do País.
1. Os dados de identificação devem se basear em um documento da pessoa falecida. Na ausência de documento,
caberá, à autoridade policial, proceder o reconhecimento do cadáver.
2. Registrar os dados na DO, sempre, com letra legível e sem abreviações ou rasuras.
3. Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas regras internacionais, anotando um diagnóstico por
linha e o tempo aproximado entre o início da doença e a morte. O médico deve declarar a causa básica do óbito em
último lugar, estabelecendo uma seqüência, de baixo para cima, até a causa terminal ou imediata.
Ex.: HAS (35 anos) => Cardiopatia hipertensiva (2 anos) => ICC (2 meses) => EAP (5h)
4. Revisar se todos os campos estão preenchidos corretamente, antes de assinar.
5. O médico não deve utilizar termos vagos para o registro das causas de morte como PCR, falência múltipla de
órgãos, parada cardíaca; nem deve cobrar pela emissão da DO.
Situações em que se deve emitir a DO: todos os óbitos (natural ou violento); quando a criança nascer viva e
morrer logo após o nascimento; no óbito fetal, se a gestação teve duração >= 20 semanas, ou o feto com peso igual ou
superior a 500g, ou estatura igual ou superior a 25cm (DO feita pelo médico que estiver prestando assistência).
Situações em que não se deve emitir a DO: no óbito fetal, com gestação de menos de 20 semanas, ou peso
menor que 500 gramas, ou estatura menor que 25 centímetros; peças anatômicas amputadas.
Para peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico ou de membros amputados: o médico elaborará um
relatório em papel timbrado do Hospital descrevendo o procedimento realizado. Esse documento será levado ao
Cemitério, caso o destino da peça venha a ser o sepultamento.
- Médico que atua em serviço de transporte, remoção, emergência, quando o mesmo dá o primeiro
atendimento ao pacientes: caberá ao médico da ambulância a emissão da DO, se a causa for natural e se existirem
informações suficientes. Se a causa for externa, chegando ao hospital, o corpo deverá ser encaminhado ao IML.
- Óbito ocorrido em ambulância sem médico: O corpo deverá ser encaminhado ao SVO na ausência de sinais
externos de violência ou ao IML em mortes violentas. A DO deverá ser emitida por qualquer médico em localidades
onde não houver SVO, em caso de óbito natural, sendo declarado "CAUSA DA MORTE DESCONHECIDA".
- Se o doente foi transferido sem o acompanhamento de um médico, mas com relatório médico que possibilite a
conclusão do diagnóstico da causa de morte, a DO poderá ser emitida pelo médico que recebeu o doente já em óbito,
ou pelo médico que o encaminhou. Porém, se o relatório não permitir a conclusão da causa da morte, o corpo será
encaminhado ao SVO, ou, em caso de morte suspeita, ao IML.
Referências
1 - A medicina e os atos médicos, em defesa do direito da população à assistência médica de qualidade – CFM
2 - O ato médico e a defesa da saúde do cidadão – Clóvis Francisco Constantino – 2004.
3 – Rede Humaniza SUS – Lula e o Ato Médico – 2009.
4 – O Ato Médico e suas implicações – Revista Psicologia em Estudo – 2006.
5 - Atos pela cidadania, Dr. Rosinha (DF, Pediatra e Sanitarista), 2004
6 - Resolução CFM N º 1.834/2008; Resolução CFM nº 1451/95
7 - Sobreaviso médico sob a ótica da Resolução do CFM - Geraldo Alves da Silva – 2008
8 – Política Nacional de Atenção às Urgências – MS, 2006 9 - Regulação Médica das Urgências – MS, 2006
10 - Declaração de óbito : documento necessário e importante – MS, CFM, 2006
Constituição Federal: É livre o exercício de qualquer trabalho, atendidas as qualificações que a lei estabelecer.
CEM: P/ o exercício da medicina, impõe-se inscrição no CRM do respectivo Estado ou DF.
Decretos: Só é permitido o exercício da Medicina aos habilitados por títulos conferidos pelas escolas médicas.
- É obrigatório o registro do diploma no Ministério da Educação (MEC) e, logo após, a inscrição no CRM.
- Em caso de estrangeiros, terão seus títulos revalidados ao se habilitarem perante as faculdades brasileiras
(independente da nacionalidade e prestação de serviço militar). O pedido de revalidação deve ser encaminhado a uma
Universidade oficial que ministre curso idêntico, anexado da documentação necessária, autenticada e em português. Tais
documentos serão endereçados aos departamentos, que darão seu parecer. Em geral, pela não equivalência dos
currículos, o candidato é submetido a provas sobre disciplinas obrigatórias do currículo mínimo.
- Não é obrigada a inscrição no CRM o médico estrangeiro que esteja no país estudando e praticando, sem a
responsabilidade do ato médico, supervisionado e orientado por profissional legalmente habilitado.
- “Tratado de Santiago”: entre Brasil, Chile e Bolívia, em que os professores universitários desses países têm
direitos recíprocos no exercício da medicina. Presume-se que o prof universitário tem conhecimentos adequados.
- Convênio entre Brasil e Portugal: os médicos desses países não precisam de revalidação do diploma.
- É proibido aos médicos anunciar exercício de mais de 2 especialidades, ou de especialidade ainda não admitida
pelas sociedades médicas; é vedado ao médico exercer a profissão de Farmácia simultaneamente.
- Todo aquele que mediante anúncios, placas, cartões, se propuser ao exercício da Medicina, sem ser devidamente
registrado, fica sujeito às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão.
Código Penal: Para configurar-se crime, basta apenas o perigo, não exigindo-se lesões ou malefícios.
*Não se pode considerar infração se a prática é justificada pelo estado de necessidade (risco iminente de vida).
- Exercer, ainda que gratuitamente, a profissão de médico, sem autorização legal ou excedendo-lhes os limites:
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos. Se o crime também tem fim de lucro => há também multa.
- Anunciar cura por meio secreto ou infalível (charlatanismo): Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
- Exercer o curandeirismo: prescrevendo ou ministrando qualquer substância; usando gestos ou palavras; fazendo
dx: - Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos. Se o crime também tem fim de lucro => há também multa.
- Lei das Contravenções: Explorar a credulidade pública mediante sortilégios, predição do futuro, explicação
de sonho: Pena – Prisão simples, de 1 a 6 meses, e multa.
- Exercer profissão ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que está subordinado o seu exercício:
Pena – prisão simples, de 15 dias e 3 meses, ou multa.
*Inscrição de médico deficiente (visual, físico): se o MEC registrar esse diploma sem nenhuma restrição, cabe
ao CRM cumprir. Se o MEC registrar restrições, sua inscrição deve ser efetivada registrando as limitações na carteira.
*Exame de qualificação ou “de ordem”: suposta finalidade de estabelecer critérios de avaliação, aplicado pelos
CRM como pré-requisito da sua inscrição. Não tem respaldo legal ou ético, pois não é com testes de múltipla escolha
que seria julgada a aptidão p/ o exercício da profissão. A tarefa de julgar a competência profissional é do MEC!
Tal postura é imobilista e simplista, sem qualquer conteúdo pedagógico, negando-se a refletir as causas
determinantes da inadequada formação do médico. É não assumir a implementação de mudanças necessárias e urgentes!
*Suspensão do registro por doença incapacitante: o CEM diz que o médico portador de doença incapacitante,
apurada pelo CRM em procedimento com perícia médica, terá seu registro suspenso enquanto durar sua incapacidade.
Durante a apuração do processo, o médico portador da doença pode indicar um médico como perito, para ter
acesso a todas as peças dos autos, para comprovar sua capacidade (encerrando a suspensão!).
*Não é apenas o leigo que pode cometer tal delito, mas também o médico quando excede os limites da
profissão. Ex.: assumir tto dirigido por quem não for profissional, firmar declaração de óbito de pessoa que foi tratado
por leigo, atestar sem haver examinado o doente, etc.
*Charlatanismo (“conversar muito, iludir”): é o anúncio em torno da cura infalível e através de meios secreto,
de terapia simulada, dx e prognóstico falsos, “poderes milagrosos”. Crime de perigo abstrato. Privativo do médico!
Os médicos despreparados e ultrapassados, que não acompanham o progresso da ciência, não são infratores,
pois a ignorância, atraso e falta de motivação não caracterizam o dolo. É o charlatanismo inconsciente. Pode ser:
RESIDÊNCIA MÉDICA
Modalidade de ensino de pós-graduação, sob a forma de cursos de especialização (53 especialidades!).
Melhor maneira de um estudante completar sua formação! Benefícios: melhor qualidade da formação quanto a
determinada especialidade (que não é contemplada na graduação), facilidade de entrada no mercado de trabalho e
melhor assistência prestada à população.
- As instituições de saúde somente poderão oferecer programas de Residência depois de credenciadas pela
Comissão Nacional de Residência Médica. É vedado o uso da expressão residência médica para designar qualquer
programa de treinamento médico que não tenha sido aprovado pela Comissão Nacional de Residência Médica.
- Assegurada bolsa no valor de R$ 2.384,82, em serviço de 60h/semana. (2011). Dada a inexistência de vínculo
empregatício na relação com a instituição de ensino, não tem direito ao 13º salário.
- É filiado ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS como contribuinte individual.
- Tem direito à licença-paternidade de 5 dias ou à licença-maternidade de 120 dias. A residente precisa
cumprir um período de 10 meses antes de ter direito ao salário maternidade. Sendo assim, há 2 situações:
1ª: Período cumprido: durante a licença, a residente terá direito ao salário maternidade, que será pago pela
Previdência. A bolsa será suspensa e só voltará quando retornar às atividades p/ completar a carga horária prevista p/
conclusão do Programa.
2ª: Período não foi cumprido: durante o período da licença, a médica não terá direito ao salário maternidade pago
pela Previdência e nem à bolsa de Residência.
- O tempo de residência médica será prorrogado por prazo equivalente à duração do afastamento do médico-
residente por motivo de saúde ou licença maternidade/paternidade.
- Os programas respeitarão o máximo de 60 horas semanais, com um máximo de 24 horas de plantão.
- Direito a um dia de folga semanal e a 30 dias consecutivos de repouso, por ano de atividade. Os residentes de
um mesmo programa podem tirar férias em períodos diferentes – até mesmo antes de completar 1 ano de atividade.
Contudo, os trinta dias de férias devem ser gozados de uma só vez.
- Descanso obrigatório de 6h p/ o residente que tenha cumprido plantão noturno de 12h. Não é permitido o
acúmulo de horas de descanso para serem usadas depois. (2011)
- O plantão presencial do residente sob supervisão de preceptor capacitado é a única modalidade de plantão
reconhecida pela CNRM. Os plantões de sobreaviso são irregulares! (2010)
- Os programas de Residência compreenderão (mínimo de 10% e máximo de 20% da carga horária) atividades
teórico-práticas, sob a forma de sessões atualizadas, seminários, correlações clínico-patológicas, etc.
- O médico estrangeiro, detentor de visto temporário de qualquer modalidade, não pode cursar Residência
Médica no Brasil. Os “Programas de Capacitação Profissional para Médicos Estrangeiros” estabelecem critérios para
que os médicos estrangeiros possam cursar especialidades no Brasil, com características similares às da Residência.
- Cursos de especialização médica => não têm validação ou equivalência ao título de residência. A estes
profissionais são negadas as vantagens de obter o registro de especialista automaticamente após a conclusão do curso
junto CRM, sendo obrigados à submissão a exame probatório da sociedade de sua respectiva especialidade.
Referências
1 - Código de Ética do Estudante de Medicina – Denem e Cremesp - 2007
2 – Direito Médico – Genival França / 3 – Leis e Portarias – Site do MEC
4 – Responsabilidade Criminal na atividade médica – Univali, Curso de Direito, 2006
5 – Medicina Legal – Alirio Batista de Souza, 2008 / 6 – Importância da Residência Médica – CFM, 2004
Resolução 1.974/11
Anúncio, publicidade ou propaganda: comunicação ao público, por qualquer meio de divulgação, de atividade
profissional de iniciativa, participação e/ou aprovação do médico. Deverão conter nas peças publicitárias e papelarias
(atestado, receituário, ficha de anamnese, prontuário): nome, especialidade (até 2), CRM, número de registro de
qualificação de especialista (RQE), se o for.
É vedado ao médico:
- Anunciar, quando não especialista, que trata de doenças específicas, por induzir a confusão com especialidade.
- Anunciar aparelhagem de forma a lhe atribuir capacidade privilegiada. ATENÇÃO! Pode-se fazer referência aos
aparelhos de que a clínica dispõe.
- Participar de anúncios de empresas ou produtos ligados à Medicina.
- Permitir que seu nome circule em qualquer mídia em matérias desprovidas de rigor científico.
- Expor a figura do pcte como divulgação de método ou resultado de tto, ainda que com autorização do mesmo.
Exceto em trabalhos e eventos científicos, com autorização do pcte ou representante legal.
- Anunciar a utilização de técnicas exclusivas.
- Oferecer seus serviços por meio de consórcio.
- Garantir, prometer ou insinuar bons resultados do tratamento.
- Consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa (blogs, p.e) ou à distância.
- Com a imprensa e em eventos, é vedado divulgar endereço/telefone de consultório ou serviço.
- Usar expressões tais como “o melhor”, “o mais eficiente”, “o único capacitado”, “resultado garantido”.
- Participação publicitária de pessoa famosa afirmando ou sugerindo que utiliza os serviços do médico ou do
estabelecimento. Podem participar dos anúncios, desde que não afirmem ou sugiram que utilizam os serviços.
- Divulgar preços de procedimentos, parcelamento ou descontos como diferencial na qualidade dos serviços.
- Não declarar possível conflito de interesse ao se apresentar como palestrante/expositor em eventos, sendo
obrigatório explicitar o recebimento de patrocínios de empresas ou governos, sejam parciais ou totais.
É vedado o anúncio de pós-graduação para a capacitação pedagógica em especialidades médicas, exceto quando
estiver relacionado à especialidade e área de atuação registrada no Conselho de Medicina (a residência médica e a prova
de títulos da AMB são as únicas formas de reconhecimento, pelo CFM, para fins de registro em especialidade).
Se especialista, pode-se anunciar que cuida dos sistemas, órgãos e doenças relacionados à especialidade (p.e,
dizer “Médico do coração”, em vez de cardiologista).
Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) dos CRM possui 3 membros e tem como finalidade:
- Responder a respeito de publicidade de assuntos médicos.
- Convocar os médicos p/ esclarecimentos quando tomar conhecimento de descumprimento das normas éticas
regulamentadoras, devendo orientar a suspensão do anúncio.
- Propor instauração de sindicância nos casos de inequívoco potencial de infração ao Código de Ética Médica;
- Rastrear anúncios divulgados em qualquer mídia, inclusive na internet.
- Providenciar p/ que a matéria relativa a assunto médico, divulgado pela imprensa leiga, não ultrapasse, em sua
tramitação na comissão, o prazo de 60 dias.
Nos anúncios de clínicas, hospitais e outras instituições de saúde deverão constar o nome do diretor técnico
médico e seu CRM.
O médico pode, utilizando qualquer meio de divulgação leiga, prestar informações, dar entrevistas e publicar
artigos sobre assuntos médicos de fins estritamente educativos.
O médico deve evitar sua autopromoção e sensacionalismo, preservando, sempre, o decoro da profissão.
Autopromoção é a utilização de entrevistas e informações ao público com intenção de atrair clientela, fazer
concorrência desleal, pleitear exclusividade de métodos diagnósticos e terapêuticos, permitir a divulgação de endereço e
telefone de consultório, clínica ou serviço.
Sensacionalismo: é a divulgação feita de maneira exagerada e fugindo de conceitos técnicos, para individualizar
e priorizar sua atuação ou a instituição onde atua.
- Utilização da mídia para divulgar métodos e meios que não tenham reconhecimento científico.
- Adulteração de dados estatísticos visando beneficiar-se individualmente.
- Apresentação, em público, de técnicas e métodos científicos que devem limitar-se ao ambiente médico.
- Veiculação pública de informações que possam causar intranqüilidade, pânico ou medo à sociedade. O médico
deve transmitir às autoridades competentes e aos CRM as razões de sua preocupação. Esse comunicado deve ser
protocolado em caráter de urgência, para que sejam tomadas as devidas providências.
- Usar de forma enganosa/sedutora representações visuais e informações que induzam a promessas de resultados.
Emissão de documentos médicos: de modo impessoal e verídico, preservando o segredo médico. Poderão ser
divulgados por intermédio do CRM quando o médico achar conveniente. Em caso de pctes internados, deverão ser
assinados pelo médico assistente e subscritos pelo diretor técnico.
O médico não deve permitir que seu nome seja incluído em concursos, cuja como o “médico do ano”, “destaque”,
“melhor médico” ou outras denominações que visam ao objetivo promocional ou de propaganda, individual ou coletivo.
As homenagens acadêmicas e aquelas oferecidas por entidades médicas e instituições públicas são permitidas.
Artigo 116 CEM: o médico está impedido de participar de anúncios de empresas comerciais de qualquer
natureza, valendo-se de sua profissão.
Resolução CFM 2002: é antiética a participação de médicos como proprietários, sócios, dirigentes ou consultores
dos chamados Cartões de Descontos.
* É vedada a vinculação com estabelecimentos de estética, salões ou institutos de beleza.
Especialidades que mais recebem queixa quanto à publicidade: cirurgia plástica, dermatologia, oftalmologia.
Nos anúncios veiculados pela mídia impressa (jornais, revistas, boletins) e em peças publicitárias (cartazes,
folders, postais, folhetos, panfletos) devem ser inseridos os dados de identificação do médico ou do diretor técnico (se
estabelecimento/serviço de saúde) de forma a causar o mesmo impacto visual que as demais informações.
Emissoras de rádio, TV e internet: a empresa responsável deve disponibilizar as informações pertinentes ao
médico, devendo ser pronunciada pelo personagem/locutor principal, pausada e perfeitamente audível.
Ao conceder entrevistas, repassar informações ou participar de eventos públicos, o médico deve anunciar
possíveis conflitos de interesse que, porventura, possam comprometer o entendimento de suas colocações.
Amostras-grátis: distribuição somente por empresas a médicos em ambulatórios, hospitais, consultórios médicos
e odontológicos. É vedado distribuição de amostras grátis de vacinas e medicamentos isentos de prescrição.
Devem ter 50% do conteúdo da apresentação original, exceto dos antibióticos, anticoncepcionais e medicamentos
de uso contínuo, que deverão ter a quantidade de 100% do conteúdo da apresentação.
Em eventos científicos, pode ser distribuído aos profissionais não-prescritores e acadêmicos material científico
contendo o nome comercial do medicamento, a substância ativa e o nome da empresa.
Qualquer apoio ou patrocínio, total ou parcial, aos profissionais de saúde para participação em eventos científicos,
nacionais ou internacionais, não deve estar condicionado à prescrição, dispensação e/ou propaganda ou publicidade de
algum tipo de medicamento. Os palestrantes que estabeleçam relações com laboratórios farmacêuticos ou tenham
qualquer outro interesse financeiro devem informar potencial conflito de interesses aos organizadores dos congressos.
Referências
1. Manual de publicidade médica – 2011 / Resoluções - CFM
2. Ética em Publicidade Médica – CREMESP, 2012
3. Disponibilidade em Obstetrícia – Remuneração a ser acordada com Operadora, 2011
4. Manual de orientação ética e disciplinar - Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos, 2000
5. A dimensão bioética dos conflitos de interesses na relação entre médico e indústria farmacêutica, Ver
Brasileira de Clínica Médica, 2010.
Prontuário (prontuarium = “despensa, armário”) é “documento constituído por informações, sinais e imagens
registrados sobre a saúde do paciente e a assistência prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a
comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”.
Responsáveis pelo prontuário: médico assistente e demais profissionais que compartilham do atendimento.
A expressão “prontuário médico” é ambígua: parece que o prontuário é do médico ou é usado só por médicos,
podendo desencorajar profissionais não-médicos de aí fazer suas observações.
Os dados do prontuário pertencem ao paciente e à instituição que o assiste.
Funções:
- Em intercorrências que exijam intervenção de plantonistas, que ficarão cientes da evolução do quadro.
- Forma de ligação e de comunicação entre os setores assistenciais.
- Atendimento e tto mais rápido e eficiente.
- Simplifica ou dispensa interrogatórios e exames complementares já realizados, com redução do custo de
atendimento e do tempo de permanência hospitalar.
- Facilita o trabalho na elaboração da diagnóstico e instituição do tto.
- P/ o médico, é defesa legal como provas em processos nos CRM e tribunais de Justiça. É o documento de maior
valor jurídico para defesa ou acusação. Nos processos contra médicos, o acusador, geralmente o paciente, deverá
comprovar que o médico agiu com imprudência, negligência ou imperícia. Podem colher as provas que negam a
responsabilidade do médico sobre o fato em casos de registros omitidos ou irregulares, o médico pode perder a
possibilidade de comprovação de seus atos. Nesse caso, as alegações do paciente passam a ter mais validade judicial que
a memória do médico.
Quando requisitado judicialmente, o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz.
- Possibilita ao médico-legista a emissão de pareceres periciais com mais segurança.
- Demonstra o padrão de atendimento oferecido, pela análise dos resultados.
- Ferramenta essencial em sindicâncias administrativas, éticas, judiciais e processos nos conselhos de classe.
- Fornece dados estatísticos p/ o médico e instituição, além de possibilitar investigações epidemiológicas de
interesse para a comunidade, ensino e pesquisa.
- Permite formar indicadores sobre mortalidade, morbidade, prevalência e incidência de morbidades.
- Dá elementos p/ auditorias concernentes a seguros de saúde, cooperativas médicas, medicina de grupo,
entidades convenentes de assistência médica.
- Para a equipe assistencial, permite mais interação entre os profissionais que acompanham o paciente por ser
instrumento de comunicação.
É importante e obrigatório haver nas instituições de assistência à saúde uma Comissão de Revisão de
Prontuário, p/ garantir a qualidade e ética das informações registradas no atendimento. Pode ser composta de médicos e
não-médicos pertencentes ao estabelecimento. Cabe a essa comissão:
- Verificar identificação do paciente, endereço, nome completo, data do nascimento, sexo, nome da mãe, etc.
- Avaliar anamnese, exame físico, HD, resultados de exames, diagnóstico definitivo, tto, prescrições, etc.
- Conferir anotações diárias sobre evolução do pcte, procedimentos realizados, profissionais que os realizaram.
- Verificar a legibilidade da letra dos profissionais nas anotações, assim como assinatura e CRM.
- Conferir se os prontuários de consultas ambulatoriais foram preenchidos e se o número confere com o de
consultas agendadas.
- Orientar a ordenação dos formulários, fichas e páginas no prontuário
- Orientar (e não, fiscalizar) a atuação dos profissionais!
- Convocar profissionais para esclarecimentos sobre seus registros no prontuário.
É necessário estabelecer um Serviço de Prontuário, que irá assessorar a comissão de prontuário e guardar sigilo.
É composto por:
(1) Setor de Registro: elaboração inicial do prontuário com a tomada de dados de identificação do paciente no
seu preparo para a 1ª consulta. A instituição pode exigir a apresentação de documentos p/ abertura do prontuário
(identidade, CPF etc). O pcte recebe um nº de registro que será dado ao prontuário e demais fichas e requisições.
(2) Setor de Documentação: análise dos componentes do prontuário, para que este se torne completo e assegure
que esteja de acordo com os padrões estabelecidos pela administração e comissão de prontuário.
(3) Setor de Arquivamento: responsável por preservação do prontuário, controle de entrada e saída deste,
conferição e ordenamento dos formulários. Importante p/ segurança, conhecimento, pesquisas.
O estabelecimento é o proprietário dos prontuários, devendo prover a disponibilidade das informações quando
forem objeto de necessidade de ordem médica, social, administrativa, jurídica e do próprio paciente.
Os prontuários de consultórios particulares ficarão sob os cuidados do médico responsável em arquivo
particular. Em caso de seu falecimento e de não haver herdeiro profissional, esses documentos serão incinerados por
pessoa que conviveu diariamente com o facultativo – secretária ou pessoa da família.
Pesquisas em prontuários: o setor de arquivo deve funcionar 24 horas/dia, em local silencioso, bem iluminado,
com funcionários p/ o controle de fornecimento, guarda e registro de movimentação dos prontuários utilizados.
É infração grave retirar prontuários do arquivo e não devolvê-los por perda ou estragos. O médico será
responsabilizado eticamente como negligente.
Por quanto tempo? os documentos de papel devem ser arquivados por pelo menos 20 anos, a partir da data do
último registro. Nos casos de hospitais-maternidade, os prontuários de parto serão arquivados por 18 anos.
ATENÇÃO! Pelo Código Civil => 3 anos.
Findo o prazo, poderá ser substituído por outros métodos de registro que possam restaurar as informações nele
contidas => arquivados eletronicamente em meio óptico, magnético ou microfilmado p/ manutenção permanente. A
microfilmagem (“arquivo paralelo”) dificulta pesquisas, mas dura cerca de cem anos e pode ser refilmada. Tendo em
vista o valor dos prontuários p/ o ensino e pesquisa, sua extinção é crime e configura perda patrimonial irrecuperável.
Acesso ao prontuário: o médico fornecerá cópia do prontuário se solicitada pelo pcte ou representante legal, que
poderão apenas ter cópias do documento. O representante legal só existe em referência àqueles civilmente incapazes:
menores de 16 anos; problemas mentais; surdos-mudos que não puderem expressar sua vontade.
Doentes com distúrbios mentais têm direito ao acesso a seu prontuário, mas esse direito tem restrições, a critério
médico, para evitar danos sérios ao próprio paciente ou resguardar a segurança de outros. Por meio de requerimento ou
de recurso similar devidamente assinado, o paciente pode solicitar e obter cópia de seu prontuário e fazer dela o uso que
julgar conveniente.
Paciente falecido: com o óbito do paciente, o conteúdo do prontuário só será revelado por justa causa ou dever
legal; se a requisição for feita por representante legal (pcte incapaz); ou se o pcte deixou expressa sua vontade.
Atendimento sem prontuário: transgride o CEM e pode criar processo ético-profissional.
Acadêmicos de medicina: devem receber instruções sobre a elaboração do prontuário sob supervisão de seus
orientadores tão logo tenham contato com o enfermo. É recomendável que o médico orientador também assine as
anotações feitas no prontuário por estudantes como comprovação de sua assistência prestada ao doente e ao estudante, o
que lhe será fundamental em casos de pendências judiciais e éticas.
Referências:
1 - Prontuário médico do paciente - Guia para uso prático, CRM-DF, 2006.
2 – Resoluções – CFM.
3 – Documentos médicos, Leonardo da Silva Fabbro, 2010.
4 – Prontuário do pcte: o papel na defesa profissional do médico, Rev Soc Cardiol, 2005.
5 - Aspectos Éticos e de Segurança do PEP, II Jornada do Conhecimento e da Tecnologia.