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9

sempre as horas
“eu sou a moda”
identidade genuína
cidade conceito
alexandre herchcovitch
recorta e conta
inexorável
the beauty closet
uma nova moeda
atemporal
tudo ao mesmo tempo
i’m with the band
skull days
empty pool, heavy skull
jeanne
trilha ensolarada
o rei do cool
domadores do tempo
batalha tarantinesca
la festança!
provocação do imaginário
sem tempo e espaço
la toute première
moderno e démodé
ativista gastrônomico
um traço no infinito
glamour sob encomenda
celebrations & partys

JEANNE,
`
DONZELA DE ORLEANS
A heroína Joana D’Arc
inspira um ensaio de
atmosfera medieval
em vermelho e azul turquesa:
EMPTY POOL,
HEAVY SKULL

BRAZIL
ANO 2 - 9/10 2009 - EDIÇÃO 8
EUR 3,50
1984-6711
ISSN 1984 - 6711

R$ 10,70

KIKI HOFFMANN
a empresária de moda e beleza para o tempo
como a não modelo da edição
2 NANU!
NANU! 3
www.zezzomais.com.br

4 NANU!
NANU! 5
6 NANU!
NANU! 7
edição 9 - N O V E M B R O / DE Z E M B R O

A proposta da NANU! é tirar da cena comum


pessoas, imagens e ideias, questionando e conectando
os diversos conceitos do mundo contemporâneo.

iniciativa
LOOSHstudio Fotografia e Design SS

NANU!! #9
Novembro . Dezembro 2009
acesse a versão virtual
www.nanu.com.br

editora chefe
Susana Pabst
susana@nanu.com.br

diretor de planejamento
Guilherme Bauer
guilherme@nanu.com.br

jornalista
Caroline Passos . DRT/SC 02251
caroline@nanu.com.br

design e arte
Fernando Denti
fernando@nanu.com.br
Gabriela Schmidt
gabriela@nanu.com.br

designer assistente
Fabiúla Cenci
fabi@nanu.com.br

tratamento e finalização
LOOSHstudio Fotografia e Design SS capa
modelo
comercial Kiki Hoffmann
Priscila Figurski
priscila@nanu.com.br vestido
Caviar for Ladies
Sandro Spergort
fotografia
conselho editorial Susana Pabst
Guilherme Bauer e Susana Pabst
edição
LOOSHstudio Fotografia e Design SS
Agradecemos a todos os nossos colaboradores de texto, arte e fotos:
Alan Pires, Adriana Nunes, Alisson Corrêa, Anderson Lourenço, Camila periodicidade . Bimestral
Martins, Carlos Eduardo “Ado” Silva, Douglas de Souza, Douglas Dwight, impressão . Impressora Mayer
Eduardo Kottmann, Ford Models, Frederico Flores, Gabriela Paludo, distribuição . Principais bancas do Vale do Itajaí, região
Gabriela Telles Moreira, Godofredo de Oliveira Neto, Helena Schürmann, norte e litorânea do Estado de Santa Catarina, Banca
Ike Gevaerd, Jaqueline Nicolle, Joice Simon Alano, Shopping Iguatemi em Florianópolis, Livrarias Cultura de
Juliana Gevaerd, Kiki Hoffmann, Leon, Leo Laps, Marina Melz, Miguel São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Recife, e Haddock Lobo
Estelrich, Nilma Raquel, Pedro Hering, Priscila Figurski, Sávio Abi-Zaid, Books & Magazines, São Paulo. Internacionalmente a revista
Solange Kurpiel, Talita Hoffmann; é distribuída em Berlim por A Livraria, especializada em
também aos anunciantes, pontos de distribuição, e a todos que, direta ou publicações brasileiras, e por Do You Read Me!?
indiretamente, contribuem para concretização da NANU!, e que desde
sempre apoiaram nosso projeto. contatos
Muito obrigado! endereço
Rua 2 de Setembro, 1618, sala 7, Itoupava Norte,
Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores Blumenau, Santa Catarina, Brasil, CEP 89052-000
e não refletem necessariamente a opinião dos editores.
telefone
55 47 3234 0772

revistananu.blogspot.com
twitter.com/revistananu
comunidade no orkut Revista NANU!

8 NANU!
Shopping Neumarkt 2º piso - Tel.: (47) 3035 1685

NANU! 9
edição 9 - N O V E M B R O / DE Z E M B R O

C O L A B O RADORES

Adriana Nunes Douglas Dwight Ike Gevaerd Kiki Hofmann Talita Hoffmann
Direto de Berlim, a jornalista fala O roteirista e dramaturgo indica O empresário convida à uma Estreia nesta edição abrindo A designer e ilustradora porto-
sobre a carreira e a exposição festas de Hollywood para visita ao Vale da Morte nos EUA seu Beauty Closet e como a não alegrense mostra seus traços
Paraíso Tropical do fotógrafo ocasiões da vida real modelo no editorial Atemporal nas Janelas
Paulo Greuel Jaqueline Nicolle
Douglas vs Duh Toda a criatividade e exotismo Leon Sávio Abi-Zaid
AHA Estilo A dupla mostra que não há do estilista Bernhard Willhelm Conversa com Iury sobre Tony Analisa a obra-prima de
O power trio Helena Schürmann, cemitério no tempo para as inspiram a fashionista Bennett, o crooner que teve Tarantino, Bastardos Inglórios,
Alisson Corrêa e Gabriela Paludo camisetas de banda Sinatra como mestre e amigo e faz uma análise da carreira
produziu o editorial da capa Joice Simon Alano do diretor
Atemporal. Eduardo Kottmann e Gabriela A consultora de moda escreve Marina Melz
Telles Moreira como Chanel sobreviveu ao Escreve desde que se entende Pedro Hering
Alan Pires Os superprodutores encararam tempo e se tornou ícone da por gente e assina a parte A cobertura dos top eventos
O maquiador cuidou dos cabelos a produção do editorial Empty moda literária das Janelas. pelo jornalista em Transitando
e do make da não modelo no Pool, Heavy Skull
editorial Atemporal Juliana Gevaerd Miguel Estelrich Solange Kurpiel
Frederico Flores Fala sobre o “contador Mostra a coleção Jeanne A jornalista leva a um passeio
Carlos Eduardo “Ado” Silva Fugindo do óbvio, o produtor de histórias”, o designer Donzela de Orléans e, em Empty pelo Palácio Real, o vizinho
Mostra como o U2 e o Kiss musical escolhe as melhores Flammarion Vieira Pool, Heavy Skull, fez make das ilustre do Louvre em Paris
continuam conquistando fãs de músicas do ano para o verão ruivas no editorial
todas as idades
Godofredo de Oliveira Neto Nilma Raquel
A atemporalidade na literatura Para a jornalista, a autoestima
nas palavras do renomado tem que ser prioridade na
escritor batalha conta as rugas

10 NANU!
edição 9 - N O V E M B R O / DE Z E M B R O

SUMÁRIO

Inbox 14 84 JEANNE
Editorial 16 94 TrILHA ENSOLARADA
“eu sou a moda” 20 96 o rei do cool
identidade genuína 22 98 DOMADORES DO TEMPO
cidade conceito 24 100 BATALHA tarantinesca
“continuo fazendo aquilo que acredito” 26 102 LA FESTANÇA!
Recorta e conta 28 104 PROVOCAÇÃO DO IMAGINÁRIO
Inexorável 30 106 SEM TEMPO E ESPAÇO
the beauty closet 31 109 La toute première
uma nova moeda 34 110 MODERNO e DÉMODÉ
eu, modelo 36 112 Ativista gastrônomico
ATEMPORAL 38 114 TOY
tudo ao mesmo tempo 58 116 um traço no infinito
PRA FAVORITAR 60 118 GLAMOUR sob ENCOMENDA
I’m with the Band 66 120 CELEBRATIONS & PARTYS
SKULL DAYS 68 123 hype SOCIETY
Empty Pool, Heavy Skull 70 140 ls&d

12 NANU!
NANU! 13
edição 9 - N O V E M B R O / DE Z E M B R O

I N B OX

NANU! # 8 140 caracteres

Brilhante evolução! Parabéns! Essa #8 conseguiu reunir uma série de Comprem a @revistananu ... Vou feliz lendo a minha no ônibus lotado.
pequenos detalhes que fazem toda a diferença. E se, como diz o ditado, Auriely Furtado, Recife, via Twitter
Deus e o diabo disputam a sombra desse espaço, então, quanto não vale
cada mísero detalhe? Cito três: 1) Fotos com a Sang Soon Kim - o que Ganhei duas edições da revista do evento da Tecnoblu, e ambas estão
é isso? Absurdamente bem produzidas, todas elas! 2) Projeto Gráfico - muito interessantes. Parabéns!
pequenos toques que lapidaram um trabalho que já estava bom. 3) Foto 8 Mirella Melo, Blumenau, via Twitter
da página 116: o ponto alto da revista!!! (risos). Agradecemos o carinho de
vocês. A festa foi ótima, como todas as festas da NANU!. A Revista está muito
Roger, Daniel e Simone, Blumenau bacana! Parabéns a todos!!!
Paty Cardoso, via Twitter
Adorei a revista!!!! Legal mesmo! Está tudo legal, o design gráfico, as fotos,
as produções.... TUDO! Show! Parabéns!
Renata Moura, Curitiba Ops!

Um dos blogs de Claúdia Vetter saiu errado nas Janelas da edição 8 da


Blog NANU!. Os endereços certos são personificando.blogspot.com e
riot-act.blogspot.
Em São Paulo encontro a NANU! em qualquer Livraria Cultura? Vocês são
ótimos, parabéns pelo trabalho! Sou a 100ª follower no Twitter da
@revistananu.
Daiane Nicoletti, São Paulo Cartas

Olá, Daiane. Sim, a NANU! está em todas as unidades da Livraria Cultura. Envie sugestões, opiniões, comentários ou críticas para a gente através do
Em São Paulo, a Haddock Lobo Books & Magazines também faz a contato@nanu.com.br ou pelo twitter.com/revistananu.
distribuição. Valeu por nos seguir! As cartas podem ser publicadas neste espaço.

14 NANU!
EDITORIAL SUSANA PABST

empre
as horas
de jornalismo - já atuante na área - e escritora Marina Melz imprime
seus pensamentos sobre o tema dessa edição. E claro, contamos com
a participação de nossos colaboradores, que deixam essa edição super
especial. Falando deles, Kiki Hoffmann, nossa não modelo e empresária de
moda e beleza, passa a integrar esse time bom com a nova coluna Beauty
Closet, com dicas poderosas e, segundo ela, infalíveis.
Mais uma novidade bacana é a mudança do formato de nossa
revista, que a partir dessa nona edição cresce ainda mais. Vale avisar que,
ao menos no tamanho da forma, vamos parar por aí (apesar de loucos,
não somos maníacos). No resto, queremos sempre crescer pois, iludidos
ou não, nosso objetivo é atravessar o tempo - ora correndo contra ele, ora
O tempo não existe. Me dei conta disso, mais uma vez, ao assistir correndo a favor. Falando em tempo, chegou a hora da minha deixa para
As Horas, filme baseado na obra de Michael Cunningham, com a soberba e encerrar mais um editorial, me permitindo usar as palavras de Virginia:
indefectível trilha sonora de Philip Glass. Três mulheres, uma delas Virginia sempre os anos entre nós... sempre o amor... sempre a razão... sempre o
Woolf, vivem em diferentes períodos de tempo - início, meio e fim do século. tempo... sempre as horas. E beijos a todos.
Apesar da evolução e de todo o progresso, aquelas mulheres eram iguais.
O amor, a dor, a dúvida. Nelas estava presente aquele singelo sentimento
sobre a vida e a condição humana, sempre tão sutil e delicado.
Nós criamos a ilusão do tempo - por uma questão organizacional -
e vivemos em função dele. Mas se observarmos a vida sem esse vínculo já
tão arraigado em nossos genes, percebemos a assombrosa atemporalidade
do universo, a constante repetição dos ciclos. Que somos como um rio que
corre sem parar, mas que está sempre ali, estável e perene.
Aquilo que atravessa o tempo e ainda assim permanece é que
tem real importância. Esqueçamos a troca dos anos, e vamos comemorar
o que é atemporal. Por isso, a NANU! 9 se inspira na beleza daquilo que
poderia ser passado, presente ou futuro. Sem modismos, sem tendências.
No ensaio principal, Kiki Hoffmann se entrega àquilo que desde sempre
amou: o mar, o vento e a liberdade. Vê-se no resultado que a simplicidade
das coisas belas dispensa maiores produções. Já em nosso editorial de
moda piramos um pouco mais, e acabamos dentro de uma piscina... vazia.
Ficamos felizes também pela oportunidade de fotografar e publicar
nessa edição o resultado da pesquisa de Miguel Estelrich e Carvalhoneto
sobre Joana D’arc.
A atemporalidade está ainda na arte de Talita Hoffmann,
ilustradora das Janelas, ela que foi selecionada na 2a mostra Novíssima
do Museu do Trabalho de Porto Alegre. Na mesma seção, a estudante

16 NANU!
COLETIVO NANU! | miscelânea

Talita Hoffmann
talita.hoffmann@gmail.com
flickr.com/photos/litsy
NANU! 17
A música que você não fez sobre o nosso
amor que nunca existiu foi minha trilha sonora todo
o dia. Senti uma saudade quase louca de todas as
noites que eu não passei olhando você dormir e da
sensação de paz que nunca senti ao teu lado. Vi
as fotografias que não tiramos das viagens que não
fizemos e senti saudades do cheiro da sua nuca.
Lembrei daquela festa bacana que nós
não fizemos. Os amigos que não tivemos, o som
que não ouvimos juntos e os cafés bacanas que
nunca concretizamos. E aquele casamento? Acho
que a festa do casal de melhores amigos que nunca
tivemos foi à festa mais divertida da nossa falta de
história. Sua gravata e meu vestido, que nunca
existiram, combinavam tanto quanto o seu gosto
musical e o meu.
A cara que você não fez no primeiro dia que
você acordou na minha casa que nunca existiu não
poderia estar de fora dessas lembranças. Aquele dia
das horas se espreguiçando que nunca existiram, da
guerra de travesseiros que não tivemos e da decisão
que não tivemos de assistir a um dos filmes que
nunca compramos comendo um dos brigadeiros que
você nunca fez.
Impossível esquecer também aquele show
a não história

que você não fez. A sua declaração de amor de que


nunca existiu seguida dos versos que você nunca
cantou e o público, aquele público que nunca esteve
em lugar algum, aplaudindo quando eu disse sim ao
seu pedido que não existiu. Aí eu lembrei sabe do
quê? Daquelas pegadas que não ficaram na areia no
dia que nós não trocamos alianças do nosso jeito,
sozinhos e com todo amor do mundo, que nunca
sentimos.
Eu lembro perfeitamente dos quadros que
nunca tivemos dos nossos ídolos misturados com os
discos, filmes e livros que eu nunca soube se eram
meus ou teus, e que no final nunca foram de ninguém.
A nossa vontade que nunca existiu de aproveitarmos
o nosso final de semana em casa recebendo amigos,
comendo pizzas assistindo as comédias nacionais
que nunca vimos.
E aí, quando me bateu um medo violento
do mundo, seu abraço que nunca existiu era o
único capaz de conseguir me fazer acreditar. O jeito
intenso de me fazer perceber que você sempre
estaria ali nunca foi sua marca mesmo. E eu levava o
computador para a cama grande que nunca tivemos
e nós escrevíamos juntos aqueles textos bonitos que
nunca existiram.
Lembro exatamente do dia em que eu não
descobri que você seria o homem perfeito pra mim.
Quando eu não peguei na sua mão, nem olhei no
fundo dos seus olhos que não pareciam ainda mais
azuis, e não disse que te amava. De quando você
não me pediu perdão por ter medo de amar, mas não
falou que mesmo assim não queria mais viver longe
de mim.
Nossa história é aquela que nunca existiu.
É uma quase não história. Mas eu vivi na cabeça
tantas vezes cada um desses momentos, que eu até
esqueço que só aquela que eu não fui, acompanhada
daquele que você nunca foi, seriam capazes de viver
um conto de fadas de verdade.

marina melz
marinamelz@gmail.com
marinamelz.wordpress.com
NANU! 19
FASHION JOICE SIMON ALANO

Às vezes me pergunto se em algum momento da vida pessoas


brilhantes como Madonna, Michael Jackson ou Barack Obama, por exemplo,
se deram conta de que um dia fariam tanto sucesso. Sucesso este que
nem o tempo nem a tempestuosa mente humana seriam (ou serão) capazes
de apagar.
Quem nunca, em um momento fálico de narcisismo, se olhou
no espelho e desejou um pouquinho de sucesso? Algum momento de
brilhantismo capaz de trazer a possibilidade, mesmo que temporária, de
fazer parte de alguma página de sucesso?
Obstinação. Acredito ser esta a característica fundamental para
quem deseja um dia não ser apenas mais um em meio a multidão. E é
evidente que, para os olhos alheios, o sucesso alcançado pelos outros
sempre parece ter sido mais fácil do que realmente foi.
Ando estudando a trajetória de Chanel por saber que será lançado
ainda este ano aqui no Brasil um longa sobre sua história – Coco antes
de Chanel, estrelado por Audrey Tautou, a adorável Amélie Poulain – e não
quero assistir ao filme sem saber exatamente quem foi esta eloquente
mulher.
Para os que se animam por moda, dizer que Chanel está entre
os mais célebres estilistas de todos os tempos não é novidade. As razões
para isto? Poderia listar no mínimo uma dezena, mas pretendo firmar estas
linhas exaltando sua rígida postura e a forma como construiu sua brilhante
trajetória.
Chanel não nasceu em berço esplêndido, ao contrário, logo jovem
perdeu sua mãe vítima de tuberculose e se viu abandonada em um orfanato
da província onde vivia, juntamente com suas irmãs. Talvez deste convívio
com freiras tenha surgido sua austera postura, e a reticente forma com a
qual ocultava suas origens.
Com 20 anos começou a trabalhar em uma loja e anos depois
procurou emprego em teatros, mas nunca obteve muito sucesso. Em uma
destas oportunidades Chanel tentou cantar, mas não gostaram muito de
sua voz. Foi também nesta época que lhe puseram o apelido de Coco por
saber apenas duas músicas, Ko-Ko-Ri-Ko e Qui Qu’a vu Coco.
Chanel foi galanteada por alguns homens, e se rendeu a algumas
paixões. Seus relacionamentos foram sempre com homens de posses e
com alguma posição social - o que a impossibilitou de, durante a juventude,
alcançar destaque social foi justamente sua origem humilde. Infelizmente a
sociedade na qual vivia não acompanhou sua visionária forma de enxergar
o mundo. No entanto, foi um grande apaixonado, Arthur Capel, que tornou
possível a vontade de Chanel iniciar um comércio criando chapéus - que
mais tarde a fariam ser reconhecida como uma novo expoente na moda
local.
Gabrielle Chanel impunha uma postura divergente de tudo o que
era comum, ou pelo menos, aceitável pela sociedade do início do século
20. Por vezes, se trajava de homem para divertir a si mesma com a cara de
reprovação das outras pessoas.
Em 1910, após fazer chapéus em um endereço pouco conhecido,
Chanel mudou-se para outro lugar onde se sentiu à vontade para fazer
florescer ainda mais suas invenções. As clientes não paravam de chegar
querendo conhecer a jovem criativa. Em 1912, a publicação mais influente
de Paris, Les Modes consagrou com entusiasmo o talento desta nova
modista: Gabrielle Chanel.
Dez meses antes do início da Primeira Guerra Mundial, Chanel,
ainda financiada por Capel, abriu uma nova loja na Rue Gontaut-Biron, um
endereço chique de Paris. Em pouco tempo, Chanel incluiu blusas estilo
marinheiro, o que chamamos hoje na moda de estilo nave, em sua loja. E
tornou possível um pouco mais de conforto às mulheres para deixá-las mais
à vontade em eventos sem tanta formalidade.
Por volta de 1914 Chanel ficou reconhecida socialmente - e

“eu sou a
imaginem a que se atribuía tal reconhecimento? À sua simples atitude
diferente de tudo o que havia na época. Chanel não parecia com ninguém, e
entende-se por isso não apenas sua moda como também sua postura.
Neste mesmo ano, ela ousou mais que nunca, e a partir de um suéter

moda”
capturado do armário de um amigo criou o casto traje de banho. Aliás, os
guarda-roupas de seus amantes sempre se tornariam referências para suas
criações.
Graças à Primeira Guerra Mundial e sua decisão de não fechar a
loja, Chanel alcançou finalmente o respeito social e admiração da sociedade
aristocrata da época. As mulheres tinham que se movimentar rapidamente e
precisavam de trajes mais soltos sem maiores estorvos, tais como o próprio
Criada em orfanato e recusada pela alta sociedade da década espartilho causava.
de 20, Coco ousou e inventou o significado para o que se Palavras da própria Chanel constatam esta mudança: “Um mundo
terminava, um outro ia nascer. Eu estava ali; uma chance se oferecia
fotos: divulgação

chama hoje de estilo próprio e aproveitei. (...) Quando ia ao hipódromo, eu não duvidava que estava
assistindo à morte do luxo, ao falecimento do século XIX, e também ao fim
de uma época”.

20 NANU!
Em 1916, a estilista alcançou sua independência máxima, e com Chamaram-na de atrapalhada, zombaram de sua idade e questionaram
cerca de 300 empregadas conseguiu finalmente devolver o investimento de como puderam tê-la admirado tanto em outros anos.
Capel. Chanel teve seu primeiro modelo estampado na Harper’s Bazaar, era Entretanto, ao contrário de todas as expectativas, seus trajes tão mal
um vestido seco e reto, sem cintura e sem corpete, chamado pela revista de interpretados venderam mais do que se imaginava. Assim como seu
“a charming chemise dress”. perfume Chanel Nº5, sua grande criação que lhe rendeu fortunas.
Ela vestia mulheres da mais alta sociedade, e sua liberdade A segunda coleção marcando seu retorno foi apresentada como Life. Em
permitiu que a partir de então pudesse realizar tudo o que sempre quis. As Nova York, compradores da 7ª Avenida começaram a chamá-la novamente
inovações que Chanel propôs permitiram à moda finalmente mudar seus pelo íntimo apelido Coco.
padrões completamente. As mulheres puderam se sentir livres em roupas Chanel reinou bravamente entre seus 79 e 88 anos, seus
soltas que não lhe prendessem e não marcassem mais suas curvas e tailleurs eram incontestavelmente desejados por mulheres da Europa e
busto. Com sua atitude avant-garde, permitiu não apenas a liberdade de EUA. Novamente Chanel modificou a moda e impôs sua vontade alfinetando
escolha das mulheres, mas sim que pudessem ir e vir sem permissão. Pela ainda os costureiros masculinos em contraversão ao New Look: “Ah!
primeira vez puderam andar pelas ruas de Paris sozinhas e a pé. Decididamente, os homens não são feitos para vestir as mulheres”.
A maturidade apenas permitiu mais sucesso a Chanel, no Muitos atributos podem resumir Chanel e o sucesso de sua trajetória: visão
entanto, a concorrência apareceu naturalmente, e ninguém foi mais nociva à atemporal, atitude, rigor, talento. No entanto, sempre vai parecer faltar algo
ela que Elsa Schiaparelli. Mas Chanel soube se cercar de muitos fotógrafos que defina o segredo para seu toque de Midas no que tange seu brilhante
que capturavam seus melhores momentos e, assim como todos que a caso com a moda.
rodeavam, se apaixonaram pela sua postura e traços finos. A trajetória dela é a prova de que o sucesso depende, dentre
Em decorrência da guerra, Chanel fechou as portas de sua outros fatores, da obstinação em alcançar algo que se acredita muito. No
maison, ao contrário de outros costureiros, e ficou fora do mercado por caso desta excepcional mulher, a liberdade feminina e a visão de uma vida
15 anos. O esquecimento a constrangeu. Para piorar, um novo visionário moderna onde a roupa complementa os desafios diários de uma mulher
subverteu completamente todo o vestuário: Christian Dior, em 1947, ativa e apaixonada, antes de tudo por ela mesma.
apresentou o que ficou conhecido como New Look a uma plateia estupefata. Gabrielle Chanel construiu a moda a partir de sua própria
Os padrões foram novamente realinhados, ombros colocados necessidade e com a ajuda de seu sucessor, Karl Lagerfeld, se mantém
e arredondados, cinturas marcadas e comprimidas, o busto voltou a ser no apogeu máximo da moda mundial. Incontestável e desejada por
valorizado e tornou-se provocante, bem como os quadris. As saias usadas personalidades das mais célebres a anônimos apaixonados pela moda.
durante o dia chegaram a ter 15 metros de tecidos, e vestidos de festa mais O estilo Chanel é tão forte que parece ter vida própria. Adoramos
de 25 metros. A moda passou então à mão de homens como Balenciaga, o corte de cabelo Chanel como se fosse de “ontem”, reconhecemos o
Piguet, Fath e o já mencionado Dior. marcante toque do perfume Chanel Nº5 e desejamos uma bolsa 2.55 mais
Em 1954, com então 70 anos, Chanel decidiu voltar e reabrir do que qualquer outra.
sua maison. Porém, a crítica não poderia ter sido mais controversa à sua Chanel conseguiu ser mais do que atemporal, ela criou significado
vontade. De ingleses a americanos, as opiniões foram as piores possíveis. para o que chamamos hoje de estilo próprio.

um pouco mais...
Coco Antes de Chanel não é o primeiro o
filme que conta a história da estilista. Há também
o curta-metragem de 10 minutos, dirigido por Karl
Lagerfeld - atual diretor criativo da marca. O filme é
mudo e conta com a participação de amigos próximos
e fala sobre a vida de Gabrielle antes de a marca
se firmar no mercado. Outro filme é Coco Chanel &
Igor Stravinsky, do diretor Jan Kounen, que narra o
possível caso entre a estilista e o compositor russo.
Existe ainda a filmagem de George Kaczender, Coco
Chanel, com Marie-France Pisier no papel principal.
Para os que preferem documentários, a dica é Gabrille
Chanel, Uma Estrela Imortal, uma produção francesa
de 52 minutos dirigida por Gilles Nadeau, que traz
entrevistas, fotos e vídeos sobre a vida de Coco.

Cenas do curta de Karl Lagerfeld Cartaz do filme de George Kaczender

NANU! 21
FASHION JAQUELINE NICOLLE

identidade
Paris em 1999 com uma coleção feminina e criou suas primeiras peças
masculinas em 2000 - que só foram apresentadas três anos depois na
Menswear Fashion Week. Possui uma marca própria há 10 anos - em
sociedade com Jutta Klaus -, uma linha de calçados, e foi ele quem criou

genuína
o White Wild Bunch online, uma linha de roupas que só está disponível
na yoox.com. Seu talento foi comprovado por nomes como Walter Van
Beirendonck, Dirk Bikkembergs, Alexander McQueen e Vivienne Westwood -
estilistas dos quais Bernhard foi assistente.
Em 2002, estabeleceu-se em Paris e, paralelamente à suas
coleções de 2002 a 2004, dirigiu a casa italiana Capucci onde lançou sua
primeira coleção prêt-à-porter.
PARA Bernhard Willhelm, Para os novos integrantes do mundo da moda, é interessante
saber que Bernhard acredita que, quando se inicia uma coleção, o mais
o mais importante NA criação é se libertar importante é trazer uma ideia muito clara - ele diz que seu processo de
criação tem muito a ver com acidentes - e libertar-se para seus reais
A moda é transitória, um movimento vivo, que está sempre se desejos. Atitude que lhe rendeu o prêmio ANDAM, como um dos mais
modificando, um processo contínuo, que desafia todos os limites de tempo promissores talentos da cena criativa.
e espaço. Assim, a busca por atemporalidade na moda é um desafio. Para O estilista explica que o desenho serve para se expressar e que
esta edição da NANU!, foquei minhas pesquisas em algo que, a meu ver, sempre perseguiu o exótico por ter a sensação de estar em uma prisão.
ultrapassa gerações: a identidade cultural. Talvez por este motivo suas coleções já foram baseadas em temáticas
Existem pessoas que acreditam na busca por uma identidade surpreendentes, como a indústria automobilística japonesa.
nacional ou regional, a fim de caracterizar e proporcionar a distinção dos Bernhard admite ser preguiçoso e que precisa ser obrigado
produtos de diferentes localidades geográficas. Com muito custo, levei certo a trabalhar - já que se define através de seu trabalho - e, se não o faz,
tempo para formular uma opinião que, com alegria, é partilhada por muitos sente-se culpado. Gosta quando as pessoas fazem esforços, por ser uma
outros designers como eu. atitude tão rara entre os seres humanos. Condena a ideia de moda como
Não existe uma regra ou um conjunto de características que um símbolo de status. Afirma que não compra para parecer rico, e que
sejam perfeitamente comuns na linguagem de membros de uma mesma não tem respeito nenhum por este tipo de comportamento. Conclui que a
nacionalidade. A cada um pertence uma essência que é influenciada moda ligada ao status e ao dinheiro é óbvia e falsa, mata a criatividade e a
pelo ambiente em que se vive e pessoas com as quais se tem contato personalidade de uma pessoa.
- que moldam os seres de acordo com a sua cultura e crenças - e, por Sensível e observador, Bernhard elucida que as coisas são vistas
consequência, se reflete em modos de expressão como na moda. de maneiras diferentes quando se está longe de sua própria pátria. Com
Portanto, foi inevitável escolher Bernhard Willhelm. Em uma espírito vivaz, acredita que a melhor coisa sobre a vida é que se tem a
fotos: Lina Scheynius

entrevista à Hint Fashion Magazine, ele afirmou que nunca acreditou em possibilidade de mudá-la todos os dias, e que a beleza não é importante, já
uma identidade nacional. Nativo alemão, residente na Bélgica, confessou que beleza tem muito mais a ver com emoção do que com qualquer outra
que não decidiu se mudar para estudar moda, mas porque se apaixonou por coisa. Bernhard é a prova de que quando uma pessoa se liberta e expressa
alguém de Antuérpia, onde graduou-se em 1998. suas verdadeiras aspirações e desejos contidos dentro de si a genuína
Bernhard começou a se apresentar nos desfiles de moda de identidade se revela através das ações e dos produtos finais.

22 NANU!
Fotos de Lina Scheynius para a coleção
outono/inverno 08/09 de Bernhard Willhelm

NANU! 23
FASHION NANU!

fotos: Leo Laps

cidade
conceito
Presente, passado e futuro. O desfile Arqueologia Urbana,
desenvolvido por alunos do curso técnico em Estilismo do Senai, mostra
Blumenau em três perspectivas. A coleção, totalmente conceitual, foi
apresentada em outubro, no Teatro Carlos Gomes, paralelamente ao
lançamento do Caderno Perfil - Inspirações e Tendências.
Divididos em três grupos, duas turmas de alunos do terceiro semestre
pensaram nos modelos de acordo com pesquisas sobre a cidade em cada
Desfile Arqueologia Urbana, época. A primeira equipe foi até a cidade em construção, com uma proposta
clássica.
produzido pelos alunos de Estlismo do Senai, mostrou O segundo grupo viu Blumenau agora. O Parque Vila Germânica, a
Blumenau em três tempos Ponte Metálica, as flores e outras características do presente transformaram-se
em inspiração.
Pra encerrar, uma projeção de 50 anos na história da cidade.
Com base no projeto que prevê a estrutura urbana de Blumenau daqui cinco
décadas, os estudantes mostraram modelos futuristas, em uma estética clean
e minimalista.

24 NANU!
B R A S I L E I R I S S I M A . C O M 4 7 3 3 6 3 1 4 6 2
FASHION CAROLINE PASSOS | entrevista

“Continuo fazendo
aquilo que acredito”
As influências, criações, história e timidez do estilista
Alexandre Herchcovitch

Com seu 1,78 m de altura, tênis Nike verde e amarelo, calça de roupas, sapatos, móveis a isqueiros. Passou por grandes marcas
jeans e jaqueta preta, Alexandre Herchcovitch se encolhe na poltrona como Ellus, Zoomp (uma curiosidade: seu grande sonho era trabalhar lá.
instalada no centro do palco do Teatro Carlos Gomes (TCG). Além dos Durante a palestra em Blumenau, contou que tinha várias calças da Zoomp
holofotes, flashes insistentes vindos da plateia iluminam o rosto do e é capaz de lembrar dos detalhes de todas até hoje), Cori, Rosa Chá
estilista. (pertencente ao grupo Marisol). Além disso, abriu uma marca própria, a
Ao invés de se dirigir ao público, Herchcovitch prefere “conversar” Alexandre Herchcovitch, com uma loja filial no Japão aberta em 2007; e hoje
com Cristiano Buerger, diretor de criação e inovação da Tecnoblu - e um dos integrada ao conglomerado InBrands - o mesmo que agrega as marcas Ellus,
fornecedores do estilista -, que divide o palco com ele durante o Tecnoblu Isabela Capeto e São Paulo Fashion Week.
Note. A “entrevista” ao invés do monólogo pode ser um recurso para Apesar de ter se transformado em uma figura pop, o estilista se
superar sua característica mais conhecida, porém pouco compreendida: a encontrou no universo underground. Na adolescência, descobriu em Boy
timidez. George, vocalista do Culture Club, uma influência que o guia até hoje. A
Naquele dia, um atraso no voo prejudicou seus planos e o fez mistura entre masculino e feminino, como a do cantor dos anos 80, sempre
correr da avalanche de estudantes de estilismo que em poucos segundos rendeu frutos no imaginário “herchcovitchiano”. Tanto que fez de Márcia
invadiu o palco após a palestra. Ele tinha uma reunião marcada na Marisol, Pantera, a mais famosa drag queen do Brasil, sua primeira
em Jaraguá do Sul, dali uma hora. Não parou para dar entrevista, mas modelo. Foi neste universo que abriu seus conceitos, derrubou limitações
prometeu retornar o e-mail no dia seguinte. Na sexta-feira, dois dias depois, de estilo e inventou suas marcas. As interferências também vinham de
as respostas chegaram. Um atraso compreensível para quem é chamado de seus dois criadores preferidos: o fetiche nos trabalhos da japonesa Rei
“gênio da moda” e tem a agenda cheia. Kawakubo, da Commes des Garçons, e a sexualidade nas produções do
O contato de pouco mais de uma hora com Herchcovitch francês Thierry Mugler.
confirmou um pouco do que se lê em entrevistas e matérias sobre ele.
Mostrou, por exemplo, o quanto é uma figura pop. Deu para observar isso Origens
quando ele entrou no palco do TCG ao som de Bizarre Love Triangle, do
New Order, e as palmas de uma plateia em estado de êxtase superaram O talento em criar foi incentivado desde o início. Filho de judeus
a música, como se aquele fosse o momento mais aguardado da manhã. não praticantes, estudante de escola ortodoxa, o estilista sempre teve apoio
Momentos antes, vestindo blusa vermelha, calça com brilho e uma echarpe da família. Com 10 anos começou a dar pitacos nas roupas da mãe Regina
luminosa, o consultor de moda Robi Spatti, um dos palestrantes do dia, e, aos 16, aventurou-se na máquina de costura que ganhou de presente dos
havia brincado: “perto de Herchcovitch eu tinha que caprichar no figurino pais.
para aparecer”. Outra prova? As dezenas de pessoas pedindo autógrafos e A confecção de lingeries da mãe foi uma escola. Regina é uma
fotos no final do evento. musa constante e até ano passado cuidava da produção na grife do filho
mais velho. Os pais têm caveiras de Herchcovitch tatuadas, e junto com o
Imaginário “herchcovitchiano” irmão Artur e mãe o estilista fez a primeira de sua tatuagens aos 16 anos.
Os desenhos são uma marca da forte ligação entre eles.
Aos 38 anos de idade, Alexandre Herchcovitch fez em pouco Depois que aprendeu a costurar, ele sabia que seu caminho
tempo o que muitos demoraram décadas para conseguir. Começou estava traçado a se expressar. Achou que a fotografia era um caminho.
mostrando estilo próprio já no desfile de formatura, em 1993, a ponto de, Chegou a trabalhar na área no Jornal da Tarde quando tinha 17 anos.
um ano depois, ser convidado para integrar o time de jovens estilistas do Quando descobriu que havia um curso de moda na Faculdade Santa
Phytoervas Fashion - uma das origens de São Paulo Fashion Week. Marcelina largou o de artes plásticas na Fundação Armando Álvares
Dezesseis anos se passaram e o nome dele já esteve veiculado Penteado. Depois não parou mais.
ilustração: LOOSHstudio/ fotos: Márcio Madeira

mais sobre HERCHCOVITCH


- Os amigos que são inspiração: Johnny Luxo, David Pollak, Marcelo Ferrari (a Marcelona)
e Geanine Marques - que, no desfile no São Paulo Fashion Week em 2003, cantou ao
vivo músicas dos anos 50. Em comum, o gosto pela música, moda e a noite, coisas que +
Herchcovitch não separa e transforma tudo em moda; www.myspace.com/geaninemarques
- Fez aulas de caligrafia e matemática, duas de suas paixões; www.boy.george.net
- Considera 1993 o seu ano essencial, quando fez confirmações pessoais e profissionais; www.thierrymugler.com
- Seu primeiro vestido foi um cor-de-laranja feito em organza de seda com bolas de pingue- en.wikipedia.org/wiki/Rei_Kawakubo
www.discoverybrasil.com
pongue costuradas na barra. Neste primeiro modelo, já demonstrava a preocupação com
www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm
o caimento, uma de suas principais características. Ele jogou fora o vestido, mas sua mãe Cartas a um Jovem Estilista: A Moda como Profissão - De Alexandre Herchcovitch,
conseguiu resgatá-lo do lixo. Editora Elsevier, 160 páginas, R$ 35 (em média).

26 NANU!
NANU! - Você fez o figurino dos filmes À Deriva, de Heitor
Dhalia, e Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins - o
Zé do Caixão. Como é o processo de escolha do que será
usado nos filmes? É muito diferente de criar uma coleção?
Sim, é bem diferente. Ao fazer uma coleção temos que
pensar que ela vai ser vendida, um figurino não. Isso faz toda
diferença.

NANU! - Na palestra em Blumenau e no livro Cartas a um


Jovem Estilista você comenta suas influências da década de
90. O que te influencia atualmente?
O dia a dia, as pessoas que me cercam, a construção das
roupas, os próprios tecidos e o que consigo fazer com eles
além da própria história de marca.

NANU! - Seus trabalhos são muito ligados à cultura


popular e pop. O que você tem lido, assistido ou ouvido
ultimamente? Como isso aparece nas suas coleções?
Tudo o que faço aparece de maneira sutil. Tenho assistido a
muito programas de animais na TV, programas de culinária e
desenhos como Family Guy. Adoro folhear atlas, dicionários e
guias de cidades do mundo.

NANU! - Como foi a experiência de criar uma coleção de


praia?
A experiência está sendo muito boa, estou aprendendo dia
após dia como é vestir e despir o corpo da mulher, o que
esconder e o que mostrar sempre na medida certa.

NANU! - Você comentou na palestra que com a experiência


na Rosa Chá está a ponto de compreender a mulher
brasileira e o mercado. O que te falta pra entender o
mercado de moda brasileiro?
A cultura brasileira é um tanto mutante, recebemos
influências diárias de lugares diversos pois somos um povo
aberto. Esta movimentação que é extremamente interessante
faz com que tenhamos que entender um novo mundo a cada
dia.

NANU! - Suas relações com a indústria de moda catarinense


estão se intensificando? Quais são estas ligações?
Trabalho numa marca do Grupo Marisol, desenvolvo as
malhas na malharia Dalila, estampo tecidos na Lancaster
e a Tecnoblu tem papel importante na finalização de meus
produtos pois oferece sempre o que há de mais atual em
tecnologia.

NANU! - Você acredita que a moda está cada vez mais


democrática? Como isso interfere no seu trabalho?
Penso sempre em como desenvolver produtos para todos
e não mais para um único grupo de consumidores. A
informação está para todos e todos querem consumir marca,
design e qualidade.

NANU! - Quanto o fato de ser uma figura pop e reconhecida


pelo público influencia no seu trabalho?
Não, jamais influenciaria. Continuo fazendo aquilo que
acredito.

NANU! - Como você faz para manter a criatividade ao


passear por tantas plataformas (moda, cinema, design de
móveis...)?
Sou fiel ao meu gosto, ao meu público. Procuro ser aberto a
novas ideias, ouço muito as ideias daqueles que confio e as
mesclo com as minhas.

NANU!- Há cerca de dois anos você escreveu Cartas a


um Jovem Estilista. Hoje mudaria alguma coisa do que
escreveu?
De dois anos para cá as coisas mudaram... Minha marca não
foi comprada pelo grupo I’M e sim pela Inbrands, estou na
Rosa Chá, porém as dicas aos novos estilistas permanecem
as mesmas.

NANU! 27
FASHION JULIANA GEVAERD

Recortes de revistas ou de outro material gráfico que ache


interessante colados e tratados sobre a madeira, crina de cavalo, fios de
espinhos de coco, couros, pedras, ouro, prata e pérolas. A combinação
de materiais tão diversos causa um resultado surpreendente em suas
peças. Usa o figurativo como expressão de arte e adora modificar ícones
ou relacioná-los com outras figuras e formas. Vem daí sua paixão em fazer
colares, pois em peças maiores sempre se pode contar uma história...
O artista faz sucesso também no exterior. Tem entre seus fãs
a badalada designer francesa Andrée Putman e seu filho Cyrille. Madame
Putman resume: “Atemporal e exclusivo: a mágica do Trompe L’oeil”.
Flammarion conta como cria: “Sempre fui impetuoso, é assim meu processo
de criação. Penso, desenho sobre a chapa, recorto e vou atrás de figuras
e outras coisas bacanas para poder fazer com que este pensamento se
transforme imediatamente em um adorno“. O artista pontua seu trabalho,
classificando-o como wearable art jewelry.
(algo como joias de arte para usar).

recorta e
conta
Admirado pela designer francesa Andrée Putman,
o artista e designer Flammarion Vieira produz peças únicas e
exclusivas com materiais inusitados


Nesta edição “capturei” e apresento para vocês o “contador de
histórias“. O artista/designer gaúcho, Flammarion Vieira, que já morou
muitos anos em Brasília - onde começou a trabalhar com joias -, hoje vive
em São Paulo e cria para Paris, Nova Iorque e, claro, São Paulo e Rio de
Janeiro.
Flammarion faz peças únicas, exclusivas e impregnadas de arte
e conceito, com muita ousadia e bom humor. Aqui no Brasil, famosas como
Ana Maria Braga, Maitê Proença, Mônica Waldvogel, Márcia Tiburi e Luciana
Gimenez usam suas joias.
fotos: divulgação

28 NANU!
NANU! 29
FASHION NILMA RAQUEL | glamour

“Bonita sou eu”. A Carin, que cuida do meu cabelo desde que
eu cheguei a Blumenau, há dois anos, dá risada e diz que já adotou essa
filosofia de vida. Costumo dizer isso quando alguém solta uma frase do
tipo “Fulana é maravilhosa, como ela consegue?”, referindo-se a alguma
celebridade que estampa as revistas que a gente costuma folhear nos
salões de beleza, com o cabelo cheio de papelotes de tinta que fazem a
gente parecer ainda mais bruxa perto da lindona que está na página.
Assim como a maioria das mulheres que conheço, trabalho pra
caramba, produzindo celulites em frente a um computador, sou motorista de
duas crianças em outra parte do dia, e realizo mais uma lista interminável
de tarefas que quem é casada e mãe conhece bem. Tempo para cuidar da
minha beleza? Sobra pouco. Claro que eu visito o salão semanalmente, uso
meus creminhos, tratei de perder uns quilos que não me deixavam desde
a minha segunda gravidez e aderi recentemente ao Pilates, maravilha das
maravilhas.
Por que digo “bonita sou eu”? Porque eu acho que a Luiza Brunet
- e outras celebridades congêneres - que vive da estampa e dedica a maior
parte do seu tempo a mantê-la em ordem não faz mais do que a obrigação
de estar inteiraça aos 40 e tantos. E aí pergunto de novo. Com todo o
cuidado dispensado, ela tem cara de 25 anos? Assim como eu, não tem e
pronto! (Apesar de obviamente eu não ser alucinada a ponto de dizer que
estou melhor que ela). Ou seja, o tempo é implacável. Você pode malhar,
massagear e esticar, mas não recupera nada, apenas dignifica, oxigena e
empresta elegância. O frescor do tempo em que seu corpo ainda produzia
colágeno é irrecuperável.
“Ui, mas que amargor!”, observa você, que chegou até aqui...
Não! Estou sendo assim tão direta em favor de nós mesmas, mulheres
comuns – mesmo as que ainda não passaram dos 25 – que não podemos
malhar três horas por dia (ou você pode?) e produzimos toneladas de
angústia por querer competir com imagens que não correspondem à

inexorável
realidade. O último bastião do formol caiu para mim outro dia, ao assistir a
Madonna conversando com o David Letterman (entre no YouTube e digite o
nome dos dois para ver). Madge está ó-te-ma, sem dúvida. Mas, decepção
das decepções, está com uma boca botocadíssima que a deixa com cara de
uma mulher de... 50 anos! E não é essa a idade dela?
Por isso acho que o legal seria que a gente alcançasse o nirvana
arte: LOOSHstudio

O ideal seria investir na vaidade pensando em conservar a de trabalhar por um corpo saudável e flexível, com atividades que nos
dessem prazer, e investir – sim! - na vaidade, mas pensando em conservar
autoestima e a confiança sem comparações nem angústia a autoestima e a confiança decorrente dela. Sem comparações e sem
angústia. Porque o tempo é inexorável. Para todos.

30 NANU!
FASHION KIKI HOFFMANN

the beauty
closet
Aloe vera Up Radical

O aloe vera é um regenerador celular, À base de resveratrol, estas cápsulas


que renova células e fortalece o sistema oferecerem à pele uma extra proteção
imunitário, dando ao organismo o que contra os radicais livres (48%), ajudam a
ele necessita para estar devidamente reduzir as rugas profundas e restauram a
equilibrado, permitindo assim que o densidade da derme. Indicado para todas
próprio corpo combata os problemas que as peles cansadas, desvitalizadas e sem
eventualmente tenha. Pode ser consumido brilho, as Vinocaps da Caudalíe prometem
em formato de suco, como o OKF Aloe ser milagrosas. Na sua composição,
Vera Juice. Tem imensos benefícios, como polifenóis de pepita de uva, resveratrol
Shining Summer evitar enxaquecas, estresse, ansiedade de videira, azeite de pepita de uva,
e cansaço, baixar os níveis de colesterol, antocianidinas extraídas da uva.
Nas mãos mais hypadas do verão purificar o sangue do fígado, cicatrizar
europeu, os tons de laranja, rosa e gold úlceras, tratar gastrites e regular o
se destacaram! A Paul & Joe lançou uma funcionamento dos intestinos, inibir a dor,
série limitada de esmaltes próprios para melhorando dores crônicas de artrites,
a estação mais quente do ano com tripla artroses e reumáticas, ajuda a fortalecer,
ação em uma única aplicação: base + regenerar e revitalizar o cabelo, ativa
esmalte + brilho. O esmalte pode ser toda a circulação do corpo, desintoxica o
encontrado em três cores: Sommeil organismo, elimina a retenção de líquidos,
Precieux, Goldfinger e Rose Givre contribui para o combate de diabetes,
hemorróidas, celulite e problemas da
próstata, evita o cansaço das pernas, entre
Bye bye celulite outros.
Power Plate
Para acabar de vez com a celulite
É uma ótima alternativa para as pessoas que não têm muito tempo
e a flacidez, aposte no VelaShape.
e nem paciência de ficar horas na academia. Os exercícios com a
Sucesso no mundo todo, tem como
tecnologia Acceleration Training fazem o corpo trabalhar com até nove
adeptas Madonna e outras famosas.
vezes mais intensidade que o normal. Apenas 20 minutos no aparelho
É o único aparelho eficaz e aprovado
são equivalentes a uma hora de musculação convencional. Foi criado
pela FDA (agência americana que
para acelerar o ganho de massa muscular e reverter a perda óssea
regula produtos farmacêuticos) no
de astronautas quando voltavam do espaço. Depois, passou a ser

fotos: divulgação
combate contra a celulite. Reúne
usado na reabilitação de atletas e idosos por diminuir o tempo de
quatro tecnologias diferentes:
fisioterapia. Com o tempo, percebeu-se que ele trazia benefícios extras,
massagem por rolamento (estimula
principalmente para as mulheres: a vibração estimulava uma espécie
a circulação e drena líquidos),
de drenagem linfática, melhorava a circulação do sangue, diminuía a
infravermelho (melhora a oxigenação
flacidez e fortalecia a musculatura em tempo recorde
das células), sucção (favorece
os fluxos sanguíneo e linfático,
eliminando toxinas), radiofrequência
(aquece a derme, provocando a quebra
e a eliminação de gordura e auxilia a
formação de fibras de sustentação).
São necessárias no mínimo 12
sessões duas vezes por semana.
Bronze hi-tech
Anthology A MagicTan traz o que há de mais moderno
em bronzeamento livre de raios UV. Não é
A nova linha de perfumes a jato e não deixa a pele com aquele tom
da D&G chamada Anthology alaranjado. O segredo está no uso de uma
é inspirada em diferentes cabine computadorizada que aplica em apenas
cartas de tarô. São cinco 30 segundos uma fórmula autobronzeadora
fragrâncias à disposição. exclusiva, contendo derivados de cana-de-
Cinco supermodelos - Claudia açúcar, aloe vera, vitamina A e DHA, que reagem
Schiffer, Eva Herzigova, nos aminoácidos e proteínas na epiderme.
Naomi Campbell, Noah Precisa apenas de uma única aplicação e
Mills e Tyson Ballou - foram a secagem é instantânea. Além disso, o
fotografados nus por Mario bronzeamento à cabine traz tratamentos de
Testino para a campanha, hidratação e rejuvenescimento da pele. Gisele
considerada uma das mais Bündchen, Paris Hilton e Charlize Theron são
sensuais da marca. adeptas do bronze.

NANU! 31
NANU! INVESTE

cuide bem
de você
BEVERLY HILLS INDICA AS MELHORES OPÇÕES PARA PRESENTEAR
1. Estojo Insolence Guerlain Paris com perfume 50 ml e loção corporal 75 ml
2. Estojo Black XS Pacco Rabanne com perfume 100 ml e desodorante 150 ml
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32 NANU!
COLETIVO NANU! | miscelânea

NANU! 33
FASHION CAROLINE PASSOS | perfil

fotos: Susana Pabst


uma nova

é preocupado com sofisticação e qualidade, como ele definiu em entrevista

moeda
à NANU! quando esteve em Blumenau durante o Tecnoblu Note. “A ideia
da marca é dar um novo peso, uma nova medida, um outro valor ao denim
nacional, prezando muito esse aspecto da qualidade principalmente pelo
jeans ser um produto muito receptivo por parte do consumidor”, conta. Ele
havia aproveitado o intervalo para pesquisar a nova silhueta da mulher,
matéria-prima e aviamentos.

O estilista e empresário Renato Kherlakian,


fundador da Zoomp, volta ao mercado da moda Do avesso
apostando no jeans premium Os detalhes fazem toda a diferença para Kherlakian. Ele sempre
recomenda que as pessoas virem as peças da RK Denim do avesso para
saber do que se trata um jeans premium. O acabamento é o teste final
quando se fala de qualidade. Peças de aviamentos como “etiquetas de
Renato Kherlakian é um mito no mundo da moda. Foi ele quem couros hidrofugados”, “rebites besuntados”, “fios de cordunê” estão
construiu a marca de jeans mais desejada entre as meninas do meu entre as palavras mais pronunciadas pelo empresário na divulgação quase
colégio - e de todos os outros no país - quando eu tinha 15 anos. É um didática da nova marca.
homem elegante e discreto - veste-se apenas de preto, inspirado no estilista Escolado e com nome forte, Kherlakian desceu sem problemas
japonês Yohji Yamamoto -, tanto que seu nome só badalou muito mais do do pedestal onde o sucesso da Zoomp o colocou para ir direto ao cliente,
que o símbolo bordado nas etiquetas daquelas calças quando veio a público visitando lojas multimarcas e dando palestras e entrevistas, ou seja, ligando
a crise financeira da Zoomp, que quebrou as pernas em uma negociação seu nome diretamente à qualidade da RK. A Zoomp, neste ponto, vira quase
azarada em 2006. um prefácio ao invés de perturbá-lo como um fantasma na história.
Foram 32 anos de prestígio até que o grupo I’ M comprou de O estilista conta ter percebido um fenômeno no mercado para dar
Kherlakian os direitos sobre o “raio”. Desde então, a Zoomp nunca mais início à RK: a vontade de consumir o novo. “Não é só um novo produto, uma
foi a mesma. O empresário e estilista, ao contrário, continuou firme e nova ideia, um novo estilo, mas também a possibilidade muito marcante
paciente, seguindo a linha que o fez emergir entre tantos outros produtores no mercado nacional é essa chance e oportunidade do ingresso de novas
de jeans que surgiram depois. Tudo o que ele tinha que fazer era esperar marcas, não só em moda, mas também em todos os segmentos”.
mesmo diante da probabilidade de a marca falir (o que de fato aconteceu Para Kherlakian, os detalhes é que podem fazer com que os
em fevereiro deste ano. Porém, meses depois, em setembro, a atual jeans assinados por ele conquistem o consumidor. Destaca que as pessoas
gestão da Zoomp recorreu da decisão judicial e conseguiu manter as portas querem é comprar produtos “politicamente corretos e organicamente
abertas, levantando, inclusive, a possibilidade de revender os direitos da aperfeiçoados“. Por isso, investiu em embalagens e aviamentos discretos,
marca). porém exclusivos da marca. Tudo pensado antecipadamente. Como a
Três anos depois do episódio a paixão pelo tecido índigo resistiu à novidade é o que o público quer, Kherlakian não para de imaginar o futuro.
decepção da derrocada da Zoomp. Hoje, Kherlakian viaja o país divulgando a Por isso, enquanto divulga as primeiras peças pelo país, o próximo passo já
recém lançada RK Denim, linha premium de jeanswear - feita para quem está traçado: o lançamento em novembro de uma linha masculina.

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NANU! 35
EU, MODELO CAROLINE PASSOS

“tem tudo a
ver comigo”

fotos: Gabriela Schmidt

Depois de dias nublados, o sol abriu naquela manhã de sexta- para a edição de novembro e dezembro, em pleno verão, amei mais ainda,
feira logo cedo. O dia está ideal para uma sessão de fotos na praia. No bar pois tem tudo a ver comigo! Sol, praia, céu e mar...”, conta.
do Recanto das Águas SPA & Resort, em Balneário Camboriú, de frente para Durante as quatro horas de sessão, ela manteve o bom humor
o mar, a não modelo está pronta para ser maquiada. Kiki Hoffmann está de quando chegou. Ficar trocando de pose e roupa, caminhar e até correr
bem-humorada e descontraída, conversa com os produtores de moda do na praia em um dos dias mais quentes até então exigiu disposição da não
AHA Estilo e se diverte com o fato de Susana Pabst ter trazido um cachorro modelo. Sem falar nas vezes em que esperou paciente Basquiat - o cachorro
para acompanhá-la nas fotos. da Susana que está nas fotos - parar na posição certa. O momento mais
A escolha de Kiki para ser a não modelo desta edição veio antes difícil? “A lambida que o Basquiat me deu no rosto!”, diverte-se.
do tema. Fazia algum tempo que Susana havia pensado nela para o editorial Foi a primeira vez que Kiki atuou como modelo. A descontração,
da edição de verão. Caminhando na praia durante as fotos, Kiki mostra no entanto, disfarçou a ansiedade inicial. Criou poses e aceitou as
o quanto está à vontade com o cenário, o que revela que a escolha foi instruções da Susana. “Já desfilei a convite de amigas que trabalham com
acertada. moda, esses dias fiz um lookbook para outra, que tem uma marca de roupa
Kiki tem paixão pelo mar. Não é a toa que encontrou na moda em São Paulo, mas sempre é uma brincadeira divertida. Um super editorial
praia o seu porto-seguro. Estilista, designer de acessórios e empresária, de revista foi a primeira vez. Fiquei um pouco tímida no começo, mas a
inspira-se na beleza do litoral para criar. “Quando fiquei sabendo que seria equipe toda logo me deixou super à vontade e a Susana é o máximo!” e

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conclui: “fiquei super animada quando vi o resultado final das fotos....E esbaldasse no mar, comprometendo o banho do dia anterior. Para Basquiat,
foram mil fotos em quatro horas!”. aquele era um dia de lazer.
Kiki nasceu em Blumenau, mas mudou durante infância para Há cerca de cinco anos, ele deixou Petrópolis para morar com
Balneário Camboriú. Morou em São Paulo, onde concluiu a faculdade de a família da Susana. Fofo e branquinho parou o aeroporto quando chegou
Negócios da Moda e trabalhou na marca Les Filós e foi assistente da ainda filhote.
estilista Cris Barros. Lá, ajudou algumas amigas a montarem suas marcas Na casa, Basquiat é chamado de “João Grandão”. O nome
até que resolveu voltar e montar um showroom de roupas e acessórios combina. Com todo aquele tamanho, se esparrama quando Susana faz
criados por ela. Foi o passo inicial para o nascimento da Kiki Hoffmann carinho em sua barriga. Aliás, ele não a deixou em momento algum durante
Holiday Boutique, que mistura moda e spa e fica em Balneário Camboriú. as quatro horas de sessão.
Susana conta que o nome dele é uma referência ao artista
Um pouco sobre Basquiat plástico nova-iorquino Jean-Michel Basquiat, um dos preferidos dela. O
artista começou como grafiteiro até ter o trabalho reconhecido e definido
Com a pelagem toda branca, o pastor branco suíço que você como neo-expressionista. Foi o amigo Andy Warhol um dos seus principais
vê nas fotos ao lado de Kiki Hoffmann ficou com receio de pisar na incentivadores. Basquiat morreu aos 28 anos, em 1988, vítima de overdose
areia a princípio. Bastaram poucos minutos, no entanto, para que ele se e é influencia até hoje a arte contemporânea.

NANU! 37
Fotografia Susana Pabst
Styling Aha Estilo
Beleza Alan Pires
Conceito e Tratamento LOOSHstudio

Ilustração: LOOSHstudio

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Agradecimentos: Allez!, Caviar for Ladies,
Dondoca, Kiki Hoffmann Holiday Boutique e
Recanto das Águas Resort & Spa e Basquiat

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COLETIVO NANU! | miscelânea

tudo ao
mesmo tempo
A gente mostra o que rolou no Pixel Show 2009 em São Paulo

A NANU! viajou até São Paulo conferir o Pixel Show, conferência


que reúne designers e artistas de todo o país. É o primeiro evento do Brasil
criado para discutir criação e tecnologia e serve de referência para quem
trabalha com qualquer atividade que exija um pouco de criatividade. Este
ano, o evento rolou no espaço Fecomercio nos dias 10 e 11 de outubro.
As palestras reuniram nomes importantes de diversas áreas,
como os brasileiros Rico Lins e Nelson Balaban, entre outros. E os
internacionais, David Rosenbaum, Molly Crabapple e MusaWorkLab.
O Pixel Show é um dos projetos da revista Zupi. Criada em 2005,
a conferência foi crescendo aos poucos. De lá até hoje o público aumentou
de 280 para 5 mil pessoas, este número contando com mais o pessoal que
passou pela Feira de Arte, Design, Tecnologia e Moda - que ocorre paralela
às palestras há dois anos. Na feira, empresas e profissionais ligados a Zupi
diversos setores apresentaram seus produtos e trabalhos. Pelo sucesso de Nasceu como estúdio de design em 2001, criada pelo artista
público nos anos anteriores, em 2009, foram duas edições do Pixel: uma gráfico Allan Szacher. Seus projetos sempre tinham algo de inovador na
em Salvador, em maio, e outra em São Paulo, em outubro. maneira de comunicar. Com o tempo, novas ideias foram surgindo e foram
inventados o Pixel Show, o Onesto, a Zupi Erotika, revista Voxel e o livro
Estética Marginal entre eventos e mostras de arte e design.
Em março de 2002 surgiu a revista eletrônica Zupi
(www.zupi.com.br), onde são publicados trabalhos de designers brasileiros
e internacionais. O objetivo é apresentar criações novas e divulgar trabalhos
de artistas. Além da versão virtual, em 2005, foi criada a Zupi impressa.
Com periodicidade trimestral, é a primeira revista brasileira reconhecida pelo
International Council of Graphic Design Associations.

fotos: Revista Zupi/divulgação e Gabriela Schmidt

Revista Zupi #15 e a


Pessoal no Pixel desenhando nos painéis nova revista Voxel em sua
segunda publicação

Onesto Zupi Erotika Estética Marginal


É o primeiro livro de arte Em setembro, a Zupi Primeira coleção de livros
editado pela Zupi. Conta a lançou a primeira edição da Editora Zupi reúne a
história do pintor, escultor da revista voltada à arte trajetória de dez artistas
e artista multimídia erótica. Foram convidados
e discute o graffiti como
Alex Hornest. A editora a colaborar artistas como
publica livros de arte expressão de arte.
Carlos Zéfiro, conhecido
contemporânea através por suas tiras cheias de Ao todo são cinco livros e
da biografia de artistas erotismo, e o ilustrador um documentário sobre a
e designers brasileiros e Shiko, que desenhou a cena entre os anos
internacionais. capa e o verso da edição. 2006 e 2008.

58 NANU!
MusaWorkLab
De Portugal, o grupo já fez exposições, livros de design gráfico e
campanhas internacionais. É considerado um dos 40 coletivos de
referência pela revista I-D. Entre os trabalhos, estão ações culturais
para empresas como Playstation, Miss Sixty e Moët&Chandon. Outras
campanhas em www.musaworklab.com.

Molly Crabapple
A desenhista, ex-modelo e dançarina burlesca americana idealizou o projeto
Dr. Sketchy’s Anti Art School, que mistura escola de arte e cabaré. Ela já
ilustrou páginas do New York Times, Marvel Comics e assinou uma das
capas da Zupi. Veja mais no site: www.mollycrabapple.com

David Rosenbaum
Ele foi o cara que deixou Brad Pitt velho no filme O Curioso Caso
de Benjamin Button, trabalho que lhe rendeu seu primeiro Oscar de
Efeitos Especiais. Aos 28 anos, começou como estagiário e, em seis
anos, chegou ao cargo de diretor de criação. Hoje está à frente da
empresa de animação Digital Domain, uma das mais modernas na
área. O site da empresa: www.digitaldomain.com.

Rico Lins
É conhecido por misturar técnicas, como com colagem e gravuras e técnicas
digitais, trabalhar com tranquilidade em mídias diferentes e por ver o designer
como uma forma de arte. Trabalhou nos últimos 30 anos em cidades como
Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro e São Paulo. No portfólio tem trabalhos
variados como páginas do New York Times e Washington Post a vídeos para a
MTV e Nickelodeon. Saiba mais: www.ricolins.com.

Nelson Balaban
Ele tem apenas 20 anos e é considerado prodígio e trabalha como
diretor de arte, ilustrador e designer. Seu trabalho é marcado pelo
surrealismo e experimentalismo. Entre os clientes, nomes grandes
como Adidas, Coca-Cola, Lobo e Nike. Mais sobre: www.xtrabold.net.

NANU! 59
COLETIVO NANU! | clica

PRA
FAVORITAR
Dicas de sites de ilustração para se inspirar

Pedro Gutierres
www.flickr.com/photos/pedrogutierres

Formado em design, Pedro Gutierres é


gaúcho e tem o trabalho marcado por
traços fortes. Suas obras vão desde
ilustrações para revistas, ao grafitti,
moda, publicidade, street art e design.

Thais Beltrame
www.flickr.com/photos/thais_beltrame

Galeria dos trabalhos da ilustradora


Thais Beltrame. Integrante do grupo de

ilustrações: reprodução
artistas Famiglia Baglione, seus trabalhos são
delicados em preto-e-branco, geralmente a
temática é infantil.

Daniela Hasse
www.danielahasse.com

Nascida no Rio de Janeiro,


Dani Hasse passou a maior parte da
vida na região do Vale do Itajaí. De
Blumenau, mudou-se para São Paulo.
A ilustradora já fez trabalhos
para grandes marcas.

Jorge Galvão
www.flickr.com/photos/jorgegalvao

De Curitiba, Galvão trabalha como diretor de


arte, com publicidade e também lançou o
livro Tempos Difíceis, com Daniel Barbosa.
Seus desenhos remetem à arte de rua e
estampam, além de camisetas, muros de
Curitiba e São Paulo.

60 NANU!
trinta dedos enrugados
Estou enfraquecendo. Ontem conversei
com o médico. Acabamos fazendo uma consulta
por webcam. Sabe, essas tecnologias têm um
sério problema: quando a câmera está na sua cara,
não há como disfarçar. Ele sabe e eu sei: não vou
longe. Deixei de lado o computador e peguei meu
maço de cigarros. Nem o Marlboro nem o café me
abandonaram nesses últimos anos de solidão.
Mais irreversível que a doença é a saudade.
Todos os dias lembro do meu avô. Homem bom.
Fumava palheiro. Me deixava enrolar a palha quando
meu pai não estava por perto. Consigo sentir o cheiro
que ele deixava nas minhas mãos. Aliás, ele sempre
dizia que eram parecidas com as mãos dele. Um
dia eu perguntei por que as pontas dos dedos dele
estavam enrugadas e ele sorriu. Me levou até uma
torneira, deixamos minhas mãos de molho. Lembro
de como os olhos dele brilharam quando ele disse
que quando meus dedos também enrugassem, eu
não me assustasse: era só água, a água da vida.
Um dia ele desapareceu. Ninguém me explicou por
quê. Sempre que eu sentia saudades dele, ia até
o banheiro, enchia a pia de água e deixava meus
dedos enrugarem.
A fumaça do cigarro é a desculpa perfeita
pra um choro disfarçado. Finjo que me afogo, minha
esposa – tão cuidadosa, minha Teresa – vem me
acudir e eu peço um abraço. Choro como quando eu
tinha seis anos e meu avô cuidava de mim. Peço um
café e ela vai.
O café é herança do meu pai, meu avô não
era muito chegado, não. Mesmo com gastrite, meu
pai nunca esquecia de deixar que o cheiro do café
invadisse nossos quartos e nos desse bom dia. Era
a certeza de que mais um dia chegaria e ele estaria
ali. Um dia meu filho, neto dele, tomava café conosco
e perguntou ao pé do meu ouvido porque as mãos
do meu pai eram enrugadas. A cena me pareceu tão
familiar e tão bonita, que eu não consegui explicar e
disse que ele voltasse para o videogame. Quando a
gente não consegue responder aos nossos filhos, é
porque teme os nossos próprios sentimentos.
Quando meu pai faleceu, há uns 20 anos,
eu e meu filho paramos ao lado do caixão. Eu segurei
a mão dele e o levei para o banheiro. Com as mãos
enrugadas, nos despedimos do melhor homem que
esse mundo já viu: meu pai. Entre lágrimas rolando
no meu rosto, eu sorri. Estávamos iguais. Sempre
seríamos iguais.
Ontem meu neto veio aqui. Chegou com as
mãos molhadas e enrugadas. Sentou ao meu lado e
tomou café comigo, enquanto fingia fumar com uma
caneta. Mudaram as coisas. Não sinto mais o cheiro
dos livros, não sujo mais minhas mãos com jornal.
Mas é na ponta dos meus dedos que está a prova
que o tempo sempre passa e que tem coisas que
não mudam. Nunca.

Outubro de 2059

marina melz
marinamelz@gmail.com
marinamelz.wordpress.com
Talita Hoffmann
talita.hoffmann@gmail.com
flickr.com/photos/litsy
62 NANU!
NANU! 63
Me carinha as costas. Teu sorriso de
cansaço é tão lindo que eu queria te fotografar. É
a imagem mais bonita do mundo. Não sei onde
começam meus braços, nem onde começam os
teus. O mesmo calor que me amortece as pernas é
o frio que me arrepia os braços. Chega mais perto,
as coisas tão lindas
fica junto de mim. A cama é grande. Deixa minha
solidão dormir ao nosso lado, abraçada com a tua:
sei que posso tocá-la, mas não preciso: me bastas.
Ri da minha cara, brinca com o meu nariz.
Me abraça. Faz frio aqui dentro: me esquenta. Deixa
eu sentir teu peito nas minhas costas, teu braço
entre meus seios. Deixa eu sentir as pontas dos
teus dedos pintando meu rosto de uma felicidade
que só tu me poderias oferecer. Escolhe as cores.
Escolhe uma música pra ser nossa. Canta. Baixinho.
Sussurra já que és canção.
Desliga o celular, apaga a luz. Tua energia
é mais forte e mais brilhante. O teu azul não é mar
revolto: é céu de inverno. Enrosca teus pés nos
meus, me beija de leve o pescoço. Não me deixa
tentar entender porque eu não quero conseguir. Faz
piada, deixa meu sorriso se espalhar.
Me beija a boca com paixão e a pálpebra
com ternura. Deixa o dia nascer, deixa o sol se pôr.
Deixa o mundo. Só não me deixa.
Perde teu tempo pra me ganhar. Me
abraça a cintura e deixa meus dedos se perderem
nos teus cabelos. Escuta meu coração batendo
leve, porque tua suavidade me encanta. Beija minha
barriga, morde minha orelha, coloca a mão no meu
pescoço. Me arrepia, me faz careta.
Dorme e me deixa com a paz do teu sono.
Me deixa ser teu sonho. Deixa eu me perder nos
teus olhos fechados, deixa eu te invadir. Deixa eu
sorrir e sentir pena de tudo que há do outro lado da
porta e não pode te ver.
Me acoberta com o jeito de viver o amor
por uma hora, um dia ou uma vida inteira. E só não
é mais eterno do que o toque da tua pele na minha
que fervem a alma e congelam o tempo.
Não levanta, não vai. Deixa eu fazer
manha, ser tua manhã. Deita, deita. Fica que eu já
volto. Deixa as roupas no chão, não arruma a cama.
Me abraça. Me carinha as costas. Sente o nosso
cheiro: o café ficou pronto.

marina melz
marinamelz@gmail.com
marinamelz.wordpress.com
Cabelo e Arte

Rua Gertrud Hering, 97 . Bom Retiro . Blumenau . 47 3322 0048


COLETIVO DOUGLAS VS DUH | vida urbana

I’m with
the Band
Quem não tem (ou nunca teve) uma camiseta de banda
no armário que escute o primeiro rock!

Mesmo com dados incertos sobre a origem da camiseta, sabe-


se que a disseminação da peça começou com os militares em meados
de 1880 e que nas duas guerras mundiais tornou-se uniforme obrigatório
dos soldados. Elvis Presley foi quem começou o culto e um caminho sem
volta às camisetas de banda. Usada para promover Heartbreak Hotel, foi
distribuída para os fãs pelo empresário do astro na época. Desde então, a
camiseta, que surgiu com o papel de promover o artista/banda, se tornou
também peça chave de qualquer guarda-roupa contemporâneo.
Agora, além de funcionar como manifestação cultural e artística,
as camisetas de banda transcenderam ao status de item de fã para
democratizar e até popularizar a música de cada artista. De Beatles a
Madonna, de Kiss a Stephany Absoluta, cada um é livre para escolher
aquela que mais agradar, sem necessariamente gostar da banda em si - o
que pra muitos é um verdadeiro insulto, para outros é simplesmente uma
imagem que agrada mais do que a musicalidade. Isto, para nós, não é
nenhum problema. Não precisa ser fã do Ramones para usar uma camiseta
da banda - afinal, quem nunca ouviu I Wanna be Sedated? Não é o suficiente
para ostentar uma estampa clássica com os nomes dos integrantes?
Para promover a atemporalidade desse ícone que é a camiseta
de banda, nosso photo-shooting desta edição aconteceu em esquema flash
mob (movimento que foi explicado na coluna Miscelânea da última edição da
NANU!) - chamamos via Twitter pessoas para participar das fotos vestindo,
claro, camiseta de banda. Quem participou com a gente foi Guilherme
Reddin, Camilla Pedrosa, Lara Albrecht, Luiz Hadlich, Ana Fukakusa e
Gabriela Telles.
Há duas publicações sobre a história das camisetas de banda que
achamos bem completas: The Art of Band T-Shirt de Amber Easby e Henry
Oliver, da editora Simon Spotlight Entertainment; e também Rock Tease:
The Golden Years of Rock T-Shirt de Ed Chalfa, Erica Easley, Wayne Kramer
e Richard Hell, da editora Abrams Image. Os dois livros mostram várias
camisetas separadas por décadas e artistas. Dá vontade de ter todas.
Sempre lembrando que quanto mais velha melhor.

66 NANU!
NANU! 67
fotos:Gabriela Schmidt
COLETIVO CAMPARI JOY | nonsense

ilustração: LOOSHstudio
SKULL
Para mim, caveira é sinônimo de inconformismo, rock, força e
contravenção. Na verdade, é difícil conseguir explicar o significado individual
de um símbolo tão comum à nossa cultura e que faz tanto sentido na minha
prateleira de ícones – parece que, por ser a caveira um símbolo universal, seu

DAYS
significado tem sido assimilado pela minha percepção desde muito tempo
atrás e o impacto da sua imagem já se tornou para mim intrinsecamente
agradável, não preciso mais de razões nem justificativas.
E não é questão de querer ser nefasta, embora a Morte e toda a
sua aura me fascinem muito mais do que anjos cantando. Não sou a favor
de nada que possa ser relacionado ao medo, sofrimento ou punição humana
por não estar de acordo com os delicados requisitos que nos tornarão
Maldição, mau agouro, perigo, morte. Essas são as primeiras merecedores da vida eterna, mas caveiras são elementos constantes dentro
impressões que a imagem de uma caveira, um crânio humano, desperta no de nossa cultura e todo o mistério e força que emanam disso tem relação
imaginário coletivo. Signo utilizado como aviso na identificação de produtos direta ao que agrada o meu senso estético e ao modo como eu enxergo as
tóxicos e tudo o que se relacione ao perigo e ao mórbido, caveiras também coisas (e também a mim mesma, às vezes).
são utilizadas como elementos da cultura pop quando a intenção é dar um Sendo atemporal o que transcende o tempo, sobrevive, persiste e
toque obscuro ao conceito, seja ele de moda, arte ou comportamento. perpetua adaptações variadas ao seu significado sem alterá-lo, mesmo que
Sob a ótica do misticismo, uma cabeça humana desprovida de pele adote características transitórias por um período, o ícone do atemporal no
revela o caráter transitório e perecível da existência física - os alquimistas meu universo é a caveira – é o eterno, o sinistro, o transgressor.
já utilizavam o símbolo da caveira como um emblema da transmutação da De uma maneira poética, a caveira é o que torna a raça humana
vida física para a eterna, na tentativa de aliviar um pouco a angústia da uma “fraternidade”, é o elemento mais comum a todo ser humano - nossa
humanidade sobre um dos seus maiores mistérios: a Morte. Caveiras são cabeça é formada e protegida por essa caixa de ossos e, fazendo uma
símbolos explícitos de nossa consciência sobre a obviedade da morte e a analogia à nossa “aldeia global”, o crânio é o que nos torna ainda mais
fragilidade de nossa existência. semelhantes e próximos uns dos outros, dentro da proposta que não há raça,
No campo da história da arte, caveiras surgem nas representações cor ou crença que nos diferencie tanto assim, nossa essência, constituição
vanitas, carregadas de mensagens sobre a conflituosa relação humana e necessidades primárias são as mesmas (e geralmente as necessidades
com a morte, e no memento mori (expressão latina que pode ser traduzida secundárias também!).
como “lembra-te que morrerás”), corrente de pensamento muito utilizada na E eu, que fico maravilhada com as coisas que não consigo controlar
literatura barroca. Ambas serviram enquanto expressão artística para nos nem compreender, coisas que me surpreendem, sigo fascinada pelo peso e
lembrar sobre a vaidade efêmera e vazia de todo o hedonismo que nos cerca pela força desse símbolo, que para mim é tão sedutor quanto enigmático.
na vida terrena, de onde um dia voltaremos a ser pó. Fascínio pelo mistério.

68 NANU!
Exclusividade
de verdade!

Fashion design
RUA ROLF COLIN • SALA 09
CONDOMÍNIO PARCO PERINI • JOINVILLE/SC
(47)3026-6276
EMPTY
POOL,
HEAVY
SKULL
Fotografia Susana Pabst
Produção de Moda e Styling Eduardo Kottmann e
Gabriela Telles Moreira
Beleza Miguel Estelrich
Tratamento Looshstudio
Modelos Jacqueline Tomazeli (Ford Models) e
Ingrid Bernhardt (Ford Models)

70 NANU!
72 NANU!
Ingrid veste Maiô Acquadelic para Kiki
Hoffmann Holiday Boutique, Colete
Belart para Allez!, Braceletes Vania
Nielsen para Kiki Hoffmann Holiday
Boutique, Sandália Schutz para Maria
na página anterior Rita Calçados.

Ingrid veste Bandage Dress Jacqueline veste Maiô Lygia & Nanny
Lolitta para Chemise, para Secret Glam, Bracelete e cinto
Scarpin Raphaela Booz, Vania Nielsen para Kiki Hoffmann
Acessórios M.Schuffer. Holiday Boutique. Saia Etnafele para
Couture. Sandália Schutz para Maria
Jacqueline veste Maiô Club Rita Calçados.
Bossa para Kiki Hoffmann
Holiday Boutique, Saia
Bandage Lorane para
Alameda 40, Scarpin
Raphaela Booz, Bracelete
Arezzo, Brincos M.Schuffer

NANU! 73
Ingrid veste Maiô Brasileiríssima, Blazer Cori para Chemise,
Peep Toe Alamanda Sapataria, Colar Arezzo,
Óculos Marc Jacobs para Relojoaria e Ótica Celso, Bolsas
Arezzo, Anel M.Schuffer

Jacqueline veste Maiô Jo de Mer para Kiki Hoffmann Holiday


Boutique, Blazer Cori para Chemise, Peep Toe Alamanda
Sapataria, Óculos Marc Jacobs para Relojoaria e Ótica Celso,
Bolsas Arezzo, Anel M.Schuffer

74 NANU!
NANU! 75
Ingrid veste Vestido Caviar for Ladies, Cinto Corbella para
Maria Rita Calçados, Relógio Guess para Relojoaria e Ótica
Celso, Brincos e Broche M.Alícia, Peep Toe Maria Rita Calçados

Jacqueline veste Maiô Club Bossa para Kiki Hoffmann Holiday


Boutique, Saia Lafort para Chemise,
Cinto Corbella para Maria Rita Calçados, Relógio Guess para
Relojoaria e Ótica Celso, Brincos e Broche M.Alícia, Peep Toe
Maria Rita Calçados

76 NANU!
NANU! 77
Ingrid veste Vestido Lafort para Chemise, Colar Arezzo,
Anéis M.Schuffer, Brincos M.Alícia,
Sandália gladiadora Raphaela Booz

Jacqueline veste Vestido Lafort para Chemise, Colar Arezzo,


Anéis M.Schuffer, Brincos M.Alícia,
Sandália gladiadora Raphaela Booz.

78 NANU!
NANU! 79
80 NANU!
Ingrid veste Maiô Dibikini para Kiki Hoffmann Holiday Boutique,
Bolero Folic para Chemise, Colar M.Schuffer, Brincos M.Alícia,
Scarpin Raphaela Booz

Jacqueline veste Maiô Club Bossa e Bolero Thorré para Kiki


Hoffmann Holiday Boutique, Colar Arezzo, Pulseira M.Schuffer,
Scarpin Raphaela Booz

NANU! 81
82 NANU!
Jacqueline veste Jeans Levi´s 501, Brincos M.Alícia,
Sandália Gladiadora Raphaela Booz,
Bracelete Arezzo e Bracelete com Druza M.Schuffer,
Bolsa Alamanda Sapataria

iNGRID VESTE Vestido Regina Salomão para Chemise,


Brincos e pulseira M.Schuffer

Jacqueline veste Macacão Regina Salomão pra Chemise,


Bracelete Arezzo e Bracelete com Druza M.Schuffer,
Brincos Allez!

NANU! 83
84 NANU!
produção Miguel Estelrich e Carvalhoneto
fotografia Susana Pabst
tratamento Looshstudio
Jeanne
86 NANU!
88 NANU!
90 NANU!
A coleção Jeanne, Donzela de Orléans surgiu da
pesquisa de Miguel Estelrich sobre a francesa
Joana D’Arc. Para chegar às peças, Miguel colheu
informações no Museu do Louvre, em Paris, e
no Museu de História de Amsterdam, além de
viajar para a Europa em busca de referências. Foi
um ano de estudo até chegar, em parceria com o
figurinista Carvalhoneto, ao resultado que está
nestas páginas.

A escolha pela heroína partiu da figura de


Joana D’Arc - mistura entre traços femininos e
masculinos que escapa, entretanto, do estereótipo
da androgenia. Outro fator importante para
a opção foi a estética medieval relacionada à
personagem. A coleção foi
apresentada em outubro no
Intercoiffure Day em Santiago no Chile.

Chamada também de Jeanne, Joana D’Arc


nasceu na aldeia de Domrémy durante o século
XIV, conturbado pela Guerra dos 100 Anos. Não
sabia ler ou escrever, mesmo assim, conquistou
a confiança do povo francês. Devota, afirmava
ouvir vozes divinas desde os 13 anos e ter sido
orientada por elas a lutar pela coroação de Carlos
VII ao reino da França e, assim, conquistar a paz
e libertar o país do comando da Inglaterra.

Em Orléans, conseguiu a primeira vitória,


surpreendendo o futuro rei. Depois de vencer
batalhas e coroar Carlos VII, Joana foi vendida
aos ingleses e julgada e condenada por bruxaria e
heresia. Ela morreu queimada na fogueira aos 19
anos no ano de 1431.

Agradecimentos:
Marcenaria Moretto, Ford Models BC,
Centro Equestre União, Matheus Leonardo Tafner,
Toby Blue

92 NANU!
CULT FREDERICO FLORES | música

TrILHA
ENSOLARADA
Cinco músicas e um álbum que são capazes de aquecer antes mesmo de o verão chegar

O verão é talvez a mais atemporal das estações. Os dias são mais longos ao mesmo tempo em que parecem passar mais rápido. Também
é tempo de extremos: dizem que é a época em que mais chove, mas é nos seus dias que se aproveita mais intensamente o sol - alguns milhares de
quilômetros mais próximo de nossas cabeças. Época para terminar e começar um namoro. E, com certeza, é tempo de ouvir muita música. Uma das coisas
que ficam na memória de um verão que passa é a trilha sonora.
Selecionei uma lista de cinco músicas lançadas este ano que, acredito, são capazes de despertar um sentimento ensolarado, boas para ouvir
antes, durante e depois da estação que se aproxima.

1. You Can Tell It To 2. Sun is Shining 3. June Evenings 4. Note I Love You + 5. Can’t Stop Now
Everybody Bebel Gilberto - All In One Air France - No Way Down 100 Major Lazer - Guns Don’t Kill
Air - Love 2 (2009) (2009) (2009) Lindstrøm & Prins Thomas- People... Lazers Do (2009)
Em seu último disco Bebel II (2009)
O álbum Love 2, lançado Gilberto faz uma releitura Aqui a dupla sueca Air Aqui o polêmico DJ Diplo
pela dupla francesa Air, foi para Sun is Shining, do France celebra os fins de Também dos países deixa de lado o seu
gravado durante o suave eterno astro Bob Marley. tarde de junho, época em nórdicos a dupla de DJs experimentalismo para
verão europeu - o que Com a sua típica roupagem que é possível passear de e produtores de música atacar com simplicidade.
é possível de perceber de bossa nova com texturas camiseta e brincar sem frio eletrônica Lindstrøm & Um reggae antigo tocando
em suas músicas de eletrônicas, ela canta “o nos parques da península Prins Thomas entrou no em disco de vinil, em
melodias doces e batidas sol brilhando e a manhã escandinava, com vozes estúdio para fazer um álbum que a agulha insiste em
preguiçosas. O título da chamando, te envolvendo cheias de ar e paisagens extremamente instrumental pular repetindo a música,
música, que também é o até as pontas dos pés” e o sonoras ofuscantes. e progressivo. O resultado enquanto Jovi Rockwell e
refrão, diz respeito ao típico resultado é pura insolação. foram músicas com mais Mr. Vegas cantam sobre
amor de verão: “Você pode de 10 minutos de duração essa base.
contar para todos que existe que causam um efeito de
algo acontecendo entre nós” suspensão do tempo no
ouvinte. É muito presente
o clima de improviso, uma
mesma música possui
vários temas e este disco
poderia muito bem ter sido
lançado em outro verão, o
2 - Sun is Shining de 1968...

Ouça também
Dave Brubeck
Time Out (1959)

Um disco de 50 anos, mas que talvez seja


o mais atemporal de todos. Por causa do
título, do uso de compassos assimétricos,
mas principalmente pelas músicas que estão
acima de qualquer classificação e época. Só
fotos: reprodução

ouvindo para saber do que se trata este clássico


ainda hoje à frente do tempo. Melhor ainda
se for apreciado através da recente edição
remasterizada em vinil de 200 gramas.

+ Na foto, The Dave Brubeck Quartet ao vivo em 1967

94 NANU!
CULT LEON | música

o rei do

From: Iury
cool
To: Leon
Subject: Tony Bennett


Muito se falou sobre uma suposta rivalidade entre Tony Bennett
e Frank Sinatra. Creio que não houve. Apesar da semelhança de estilos,
tocavam para plateias diferentes. O Frank sempre foi mais Main Event.
Os dois eram amigos e, mais do que isso, ligados. Quando Frank
Sinatra morreu, em abril de 1998, a Life Magazine publicou uma edição
belíssima com dezenas de fotos, algumas exclusivas. O Tony Bennett abriu
a edição, com uma carta de despedida ao Frank. From: Leon
Na carta, Tony reforça a palavra Lealdade como a que mais To: Iury
identifica Frank Sinatra - quando ele gostava de alguém, gostava com todas Subject: Tony Bennett
as forças. E cita uma passagem interessante: “Uma noite minha mãe e eu
estávamos assistindo Sinatra na TV fazendo o Main Event (show de 1974 no
Madison Square Garden). Ele sabia que minha mãe estava morrendo, e ele Sempre gostei mais do Tony que do Frank. Sei que, como me
se virou para a plateia e disse que o Tony Bennett era o seu ‘cara preferido’ conheces, isso não deve parecer estranho, pois sempre gostei mais do que
em todo o mundo. O rosto da minha mãe brilhou como se fosse uma árvore não é comercial, daquilo que não é unânime. Sinatra foi uma unanimidade.
de natal - e esta imagem eu vou levar comigo enquanto eu viver. Era o tipo Não sei quantos discos do Tony Bennett eu tenho em casa. São
de coisa pequena que ele fazia, e que fazia uma grande diferença.” muitos. Uma coleção quase tão grande quanto a discografia que tenho do
Em outra ocasião Tony estava fazendo um show no Waldorf Chet Baker. Não é para menos, Bennett gravou mais de 70 discos. Nasceu
Astoria, e Judy Garland tinha apanhado numa discussão em casa e ligou em Nova Iorque (1926), mais precisamente em Astoria, Queens. Filho de pai
chorando e pedindo ajuda. Tony estava prestes a entrar no palco e pediu italiano, seu nome verdadeiro é Anthony Dominick Benedetto.
ajuda para Sinatra, que estava em Miami, a milhas dali. Frank disse para ele Comecei a gostar dele justamente na fase em que ele estava
fazer o show, que ele daria um jeito. relegado ao esquecimento: anos 80. Assim como muitos outros músicos de
Ao final da apresentação, Judy ligou: “Eu pedi ajuda, mas isto é jazz, os anos 70 e 80 foram os anos da decadência, acompanhada de muita
ridículo. Tem cinco advogados na minha suíte (ela estava no Hotel St. Regis) droga (no caso do Tony, a cocaína). Quase morreu de overdose e bateu no
e 900 policiais lá fora na rua“. Coisas de Frank Sinatra. fundo do poço no final dos anos 70.
Acabo me alongando demais, e puxando a brasa para a sardinha A grande volta à mídia veio com o sucesso do álbum Astoria:
do Frank, enquanto o que eu queria era falar do Tony Bennett. Mas foi bom Portrait of the Artist (1989). Astoria ganhou o Grammy em 1990. O primeiro
porque são dois dos três crooners daquela época que eu mais gosto - sobre Grammy de Bennett após 28 anos.
dElla eu falo outra hora. É um disco belíssimo. Entre outras, tem a música Antonia
Lembra quando criticamos o disco do Tony Bennett cantando Billie (homenagem à filha – a mesma que fez a abertura dos shows aqui no Brasil
Holiday, Leon? Realmente é muito ruim. Mas vou falar de outros três, com em outubro deste ano) e a minha favorita The Folks Who Live on The Hill,
estilos completamente diferentes. uma obra prima da dupla Hammerstein/Kern (e que eu já havia comentado
O primeiro é Hot & Cool - Bennett Sing Ellington -, disco de 99 que em um e-mail anterior).
tem o Wynton Marsalis numa interpretação magistral de Chelsea Bridge - o A consagração veio com o MTV Unplugged (que lhe rendeu o
Tony nem se arrisca a cantar. Deste disco eu escolheria In a Sentimental Grammy e um disco de platina), o maior sucesso comercial da carreira do
Mood, que ficou linda. E Sophisticated Lady não fica muito atrás, além de músico. Inegavelmente um bom álbum.
contar com um ótimo acompanhamento de violino de um tal Joey Smirnoff, Cito outros dois (ou três) que adoro: Tony Bennett/Bill Evans
que àquela altura já devia ter tomado várias. Album, gravado em 1975, e o outro disco da dupla, gravado em 77,
Depois temos Playin’ With My Friends - Bennett Sings the Blues - chamado Together Again; ambos imperdíveis - assim como o sensacional
por sinal produzido pelo Phil Ramone - em que ele canta com o Ray Charles, Bennett/Berlin, no qual interpreta música de Irvin Berlin e é de 1987.
Stevie Wonder, B.B. King, entre vários outros. Recomendo New York State of É legal ver o reconhecimento que está sendo dado ao Tony. Ao
Mind, em que ele canta com o autor. Tenho certeza que vão adorar. todo, ele ganhou 15 Grammys: os dois primeiros são dos anos 60 e os
E finalmente temos 16 Most Requested Songs, disco de 86 que, seguintes a partir do Astoria.
apesar de ser compilação, é imbatível. Eu gosto de TODO o disco. Tem For Como curiosidade, segue o link da história da primeira gravação
Once in My Life, que é uma das minhas músicas preferidas de todos os do Bennett. Foi em abril de 1949 e ele usava o nome artístico de Joe Bari.
tempos. Além dessa, apostaria em I Wanna be Around, principalmente pela (http://www.steve-albin.com/Artists/Bennett/bari/index.html)
letra, puta dor de corno. Last but not least, não posso deixar de comentar a tua
Quem não é viciado no cara provavelmente vai gostar de Who Can recomendação da música New York State of Mind, Iury. O autor é o Billy
ilustração: LOOSHstudio

I Turn To (When Nobody Needs Me). É simplesmente impossível uma mulher Joel, aquele que o Ado acha a cara do teu pai.
ouvir esta música inteira do teu lado e não se apaixonar. Pelo Tony Bennett.
Mas, pensa bem, já é um começo.

Beijo, Bj,
Iury Leon

96 NANU!
UM ESTILO INCONFUNDÍVEL

Anni Futuri | CArmim | GolA | tommy HilFiGer | CospirAto | los Dos | spirito sAnto | siGG | polo uk | CAvAlerA | DAnello
polo rAlpH lAuren | AlCAçuz | CHolet | GiovAnA CroCHet | essenCiAle | roCk lily | BoB store | les Filós | em Breve: seven

ALAMEDA RIO BRANCO 840 CENTRO BLUMENAU SC 47 3041 04 25


AVENIDA MARCOLINO MARTINS CABRAL 2525 AEROPORTO TUBARÃO SC 48 3621-5332
CULT CARLOS EDUARDO “ADO” SILVA | música

DOMADORES DO
TEMPO

O mais importante: o Raymond James Stadium estava lotado de pessoas de
todas as idades. Tinha desde crianças aos avós delas.
Este é o grande mérito do U2. É uma banda que dá um
SHOW. Eles gravam novos CDs como argumento de montar excursões e
performances maravilhosas – no princípio básico da música, tocar ao vivo.
U2 e Kiss são a prova de que existe rock com idade para Como dizia o Milton Nascimento: “todo artista tem que ir aonde o povo
todas as faixas etárias está”. Eles fazem isso com estilo. Como o foco do U2 acaba sendo sua
performance ao vivo, suas músicas não têm idade, pois acabam renascendo
a cada show. Em Tampa, eles tocaram a maravilhosa Unforgetable Fire (do
Com todos os gêneros e apetrechos, o rock destaca e dá certa CD de mesmo nome de 1984). A música parecia ter sido escrita naquela
preferência aos atemporais. Beatles e Rolling Stones são atemporais, sem hora, pronta pra download no iTunes.
dúvida. Já os Beach Boys, apesar de maravilhosos, ficaram pregados a uma É fácil defender o U2. Outra banda atemporal? O Kiss.
época. O Jimi Hendrix e a Janis Joplin são completamente late 60’s e por Qual é o problema? Eu gosto do Kiss e não escondo. Neste caso,
isso é que têm gente que os acha chatos – não concordo, mas respeito. não se trata dos atributos musicais e técnicos – o Kiss é pura diversão e
Don’t Stop Believing, do Journey, por exemplo, é atemporal. Minha performance. Por isso são também perfeitos domadores do tempo. Tanto
filha de 8 anos me pediu pra comprar a música no iTunes. Quando falei pra que, no final do mês, eu irei assisti-los junto com minha esposa e meus
ela que eu escutava essa música quando tinha 13 anos ela não acreditou, filhos - eles adoram o Kiss, e somos uma das muitas famílias que vão estar
pois é uma música com uma apelo constantemente atual e não uma por lá. Nessa tour estão sendo comemorados o 35 anos do lançamento do
ilustração: LOOSHstudio

“música pra ti”, como ela me falou. primeiro disco ao vivo deles, o Alive, – o cúmulo do atemporal.
Acabo de sair de um show de uma banda “sobre-atemporal” - Alguns podem gritar: é nostalgia!
talvez a verdadeira “maior banda de rock do mundo”: o U2. Me mandei pra Não! O Kiss é atemporal sim! Como é que vocês explicam eu,
Tampa para ver o show da 360˚Tour. “Nababesco” é o primeiro adjetivo que querendo dormir, e o meu filho, de quatro anos, brincando ao meu lado, com
me vêm à mente – um palco ENORME, no formato de uma garra, no centro Playmobil (muuuuito atemporal) e cantando Rock & Roll All Nite, inteirinha,
do estádio, possibilitando uma visão total. Simplesmente impressionante. de cabo a rabo? Põe atemporal nisso! Viva o Kiss!

98 NANU!
CULT SÁVIO ABI-ZAID | cinema

BATALHA
tarantinesca
COM BASTARDOS INGLÓRIOS O DIRETOR USA TODAS AS ARMAS E
CONQUISTA O OLIMPO DE HOLLYWOOD

Ele já havia rompido barreiras no cinema há um bom tempo. Filmes da 2ª Guerra Mundial, de maneira geral, tendem a tratar a
Em 1992, marcou a história do cinema com Cães de Aluguel, uma das história de maneira sagrada, buscando sempre a maior precisão possível.
melhores estreias de um diretor até hoje. Não se acreditava que fosse Começamos a assisti-los partindo do pressuposto de que sabemos como
vingar. Como se superar depois de uma entrada assim? Dois anos mais a história vai terminar. Sem suspense, e sem espaço para ambiguidades.
tarde, mostrou como: Pulp Fiction. Não só mostrou algo ainda melhor como Em sua obra-prima, Tarantino inverte isso: suprime totalmente o rigor
começou a deixar claro que seus filmes faziam parte de um universo todo histórico e cria um faz-de-conta, claramente anunciado no título do primeiro
seu, hermético e absurdamente recheado de referências de sua infância e capítulo – Era uma vez na França ocupada pelos nazistas. Como diz um dos
juventude. personagens, em um dos inesquecíveis diálogos: “Fatos podem ser muito
Como que para deixar os comentários fortalecerem, lança em enganadores“! E assim se cria uma magnífica fábula sobre a 2ª Guerra
1997 um filme mediano, nada que possa ser comparado ao que já tinha Mundial.
feito, Jackie Brown. A fonte secou dizem os críticos. Mera ilusão. Nove É uma versão alternativa de Tarantino, sem dúvida. Sim, o sangue
anos depois de Pulp Fiction, Tarantino lança Kill Bill Vol. 1. Nova sagração. está lá, mas em pouca quantidade, e a violência está contida - se não de
Embora não possa ser alçado - a não ser pelos fãs mais afoitos - a um maneira geral, contida em algumas cenas, pelo menos. É menos o diretor de
dos seus melhores filmes, é uma nova ruptura no cinema ocidental. Causa Kill Bill, e mais um diretor autoral, um dos que vivem no Olimpo do cinema.
choque e frisson, na mesma medida, e faz com que as plateias aguardem, Os confrontos são, em sua maioria, verbais. São pesados, alongados para o
ávidas, a conclusão do filme Kill Bill Vol. 2, lançado um ano depois. prazer do seu condutor, que sabe ou demonstra parecer saber onde tudo vai
Quinze anos depois de Pulp Fiction e seu Oscar, Quentin Tarantino acabar, sem nunca deixar isso absolutamente claro, para o desespero do
ilustração: LOOSHstudio

lança agora mais uma obra digna de seu nome, e apta a se postar no ponto seu interlocutor e da plateia.
mais alto de seu pódio cinematográfico. Bastardos Inglórios é a obra-prima Tarantino se delicia com a tensão quase palpável destes
de seu criador. Quarenta e seis anos de referências cuidadosamente confrontos, que são recheados com sutilezas e detalhes que beiram
armazenadas e uma década para o desenvolvimento e aperfeiçoamento o absurdo. Em um deles, por exemplo, close-ups de cremes, strudels,
do roteiro, de forma a dar vazão às suas mais bem quistas lembranças do movimentos de câmeras e cortes complexos, tudo só está lá para aumentar
cinema e da música do passado. a tensão do diálogo. O pedido de um copo de leite faz ferver o sangue e

100 NANU!
ouriçarem-se os pelos. Sua verve de escritor se sobrepõe à de diretor, e de em sua essência, às roupas de La Pedite, à casa... Estamos de fato nos
maneira magistral. anos 60, num grandioso faroeste europeu, dirigido, com toda a reverência
A tensão e o drama surgem por meios de sorrisos forçados, de necessária, por um americano, com a iconografia da 2ª Guerra. Nos
sussurros, e de comunicação truncada, dura. O desempenho de Christoph capítulos seguintes, de novo as trilhas e as cenas de câmera lenta, que
Waltz, como o Coronel Hans Landa, é excepcional e perfeito para estes prenunciam os “duelos”, também remetem diretamente ao velho oeste no
embates verbais. Sua explicação sobre a distinção da forma de pensamento estilo europeu.
alemão e judeu, pelas metáforas utilizadas, é eletrizante. Ele mantém o Algo novo e notável que, possivelmente, só Tarantino poderia
sorriso manso o tempo todo, como se discorresse sobre uma variedade de fazer sem ferir os egos americanos, é o fato de os diálogos se darem todos,
rosas ou chás. Mas como podemos esperar menos que isso de um diretor com uma exceção justificável, na língua original dos personagens, o que
que ganhou um Oscar por um filme com um monólogo que versa sobre um faz dele, essencialmente, um filme em língua estrangeira, uma vez que
relógio escondido em um reto? E não é nada menos que excelência o que o francês e o alemão são usados com mais frequência do que o inglês.
ele nos entrega. Se fosse outro, seria excomungado pela plateia e pela academia; sendo
Outras marcas do diretor também estão presentes. Longos Tarantino, passa a ser arte. Vale entretanto ressaltar que também aqui ele
planos, como o em que a garota judia entra na estreia cinematográfica, pode estar fazendo uma referência: O Mais Longo dos Dias, de 1962, épico
e aquele que se desenvolve cuidadosamente até chegar ao coronel sobre o dia D, já havia se utilizado do mesmo recurso, com as mesmas
nazista dando seu bote na espiã alemã e seus convidados “italianos” são línguas.
primorosos e característicos do universo de Tarantino. Assim como pés Mas é no contexto geral que o filme salta aos olhos. Sim, para
descalços, câmeras com ponto de vista de cadáveres, e por aí vai. alguns, o filme contém violência em excesso. Para outros, a verborragia
Seu amor aos clássicos também está evidente, e o homenageado tarantinesca é excessiva. Não importa. O filme é uma obra de arte,
desta vez é o diretor italiano Sérgio Leoni e seus os westerns spaghetti, atemporal, e nisso mesmo seus detratores deverão concordar, sob o risco
como Era uma Vez no Oeste e O Bom, o Mau e o Feio. O primeiro capítulo, de verem suas críticas esmagadas pela força do tempo.
do início ao fim, tem seu dedo. Da trilha inicial, algo como Pour Elise
arranjada por Ennio Morricone, passando pelo cenário, verde, mas árido

NANU! 101
CULT DOUGLAS DWIGHT | cinema


O cinema já produziu todo tipo de festa e pode ser uma fonte
inesgotável de ideias para badalações. Se para alguns cineastas incluir
esse tipo de cena na trama significa apenas a garantia de belas imagens,
para outros as comemorações ganham desdobramentos dramáticos
inusitados, divertidos e com toques de originalidade. De uma forma ou de
outra, as farras atraem o público e muitas vezes a expressão “festa de
cinema” é utilizada para se falar do sucesso de um evento.
Alguns filmes podem servir como referência na hora da escolha
do tema da recepção. Se a festa for dançante, a seleção da trilha sonora
é ponto chave para manter o clima animado. É fundamental sintonizar a
escolha do repertório com o perfil dos convidados.

Bailes

Se a opção for por um baile nos moldes dos anos 40 e 50,


movido a orquestra e roupas elegantes, várias fitas podem servir de
referência. Em High Society, os cenários são as belas e ricas mansões de
Rhode Island nos Estados Unidos. Grace Kelly, em sua última aparição no
cinema, interpreta Tracy Samantha, uma jovem que, prestes a se casar pela
segunda vez, fica balançada pelo assédio do ex-marido (Bing Crosby) e a
sedução de um repórter (Frank Sinatra), encarregado de fazer uma matéria
sobre o casamento.
A grande atração é a despedida de solteiro que acontece na
véspera da cerimônia. Grace Kelly e Sinatra dançam embriagados no jardim,
se beijam num clima de total sedução e acabam tomando um banho de
piscina ao luar. Num diálogo musicado, Sinatra e Crosby, enquanto bebem
champanhe francesa, comentam sobre o requinte, a beleza e a alegria da
festa embalada pelas canções de Cole Porter.

Festas dançantes e reencontros

Se o clima escolhido for os anos 60, Grease - Nos Tempos da


Brilhantina é uma das recomendações. Nele, John Travolta de jaqueta de
couro e Olivia Newton Jonh de saia rodada e meia soquete dançam ao som
das baladas românticas e do rock and roll. O mesmo Travolta pode servir
de inspiração em Os Embalos de Sábado à Noite, caso se queira reviver a
época das discotecas e seus ritmos alucinantes.
Para comemorar o reencontro da turma do colégio ou da
faculdade, vale à pena assistir a filmes como Peggy Sue - Seu Passado a
Espera, de Francis Ford Coppola, O Reencontro, de Lawrence Kasdan.
Caso a ideia seja promover um luau à beira mar, regado a frutas
tropicais e serenatas, nada melhor do que assistir às comédias românticas
de Elvis Presley que se passam em praias do Havaí e do México.

LA O cardápio

FESTANÇA!
Na hora de escolher um cardápio para uma festa, vale dar uma
consultada em filmes que fazem da gastronomia um de seus pontos de
destaque. Em Festa de Babete, um típico jantar francês faz os moradores
de uma aldeia dinamarquesa, de padrões religiosos rígidos, renderem-
se aos prazeres da gula e saborearem sofisticadas iguarias preparadas
ilustração: LOOSHstudio

por uma cozinheira que chega ao lugarejo. Seguindo os ensinamentos da


cozinha mágica de Tita, em Como Água para Chocolate, é possível servir
INSPIRE-SE NOS filmes clássicos para fazer festas pratos com temperos especiais e provocar emoções fortes e inusitadas nos
DE ARROMBA na vida real convidados. Em Comer, Beber e Viver, de Ang Lee, deliciosas atrações da
culinária chinesa desfilam pela tela provocando no espectador o desejo de
sair direto da sala de exibição para um bom restaurante.

102 NANU!
CULT ADRIANA NUNES | arte

fotos: Paulo Greuel


PROVOCACÃO DO
IMAGINÁRIO
Mas não o paraíso dos clichês tropicais da mídia internacional,
e sim um reflexo calmo do mundo interior do artista, que, longe de ser
ingênuo, ainda assim recusa em sua obra a entrada do desespero e da
dor. A visão virtual de Paulo Greuel proporciona alívio e conforto visual, ao
mesmo tempo em que dissolve as fronteiras entre o sonho e o real. Ou
Fotógrafo Paulo Greuel inaugura a exposição Paraíso como afirma o curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo,
Diógenes Moura: “O mundo que Paulo Greuel construiu para o seu Paraíso
Tropical no Museu de Arte de Joinville e mostra um Tropical cabe inteirinho na idéia de uma fotografia de silêncios. [...] Ao
reflexo calmo do seu mundo interior retirar de seus “quadros” quase abstratos a idéia da violência que a vida
cotidiana enfrenta, desde o momento em que desperta para um outro dia,
as imagens do fotógrafo nos trazem aquela paisagem do Campeche – não
como paisagem -, muito mais como a epígrafe de um poema de Lúcio
Foi em Blumenau, Santa Catarina, que Paulo Greuel desenvolveu Cardoso, quando o poeta escreve:
suas primeiras experiências com uma máquina fotográfica, e um laboratório
para revelar estes experimentos que decidiriam seu futuro no exterior.
Partiu da cidade em 1975 e foi residir em Düsseldorf na Alemanha, para
prosseguir os estudos e experimentações na fotografia.
“Surjo, insurjo-me,
O que vê um fotógrafo brasileiro, ao regressar ao seu país, à teia da bruma espuma:
após quase três décadas vivendo e trabalhando na Europa? O que o seu sei que cresço
corpo sente, o que capta a sua mente, depois de inacabáveis invernos
düsseldorfianos, com seus dias curtos e cinzentos? – respondeço
Um universo onírico, explosão de cores, cotidiano de abstrata em azul de noturno mar”.
beleza, um Paraíso Tropical!

104 NANU!
Imagens quase miragens, em desfoque. Vinte e duas fotografias mostra Brasil + 500, Mostra do Redescobrimento, módulo Negro de Corpo e
que completam a trilogia iniciada com Sonho Tropical, em 2004, Fotografia Alma, na Fundação Bienal de São Paulo.
Tropical, em 2006 e Paraíso Tropical, em 2008. Retornando ao seu país em 2002 para a exposição
Paraíso Tropical é uma proposta de entendimento entre as cores Bildnis=Retrato na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com curadoria de
e a forma como elas são apresentadas. É também resultado de muita Diógenes Moura, Paulo Greuel se estabeleceu no Campeche Beach, em
pesquisa e experiência com novas técnicas, desenvolvidas já desde a Florianópolis, onde seria seu daylight estúdio ou Tropical Flash Studio e de
época em que o catarinense vivia em Düsseldorf, na Alemanha. onde tem retirado inspiração para seus atuais trabalhos. Desde então suas
“O trabalho de Paulo Greuel vem do sistema de procura onde fotografias percorrem o país em exposições importantes como a Foto 90,
o fotógrafo, a partir de uma imagem realisticamente visceral, invade um no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), e Um Século de Arte
mundo que ultrapassa toda essa questão virtual, para se estabelecer no Brasileira – Coleção Gilberto Chateuabriand, no Museu de Arte de Santa
mundo dos sonhos.” (Diógenes Moura) Catarina.
Depois de uma carreira bem-sucedida como fotógrafo, onde Paulo Greuel que conta atualmente com 22 fotografias na Coleção
ganhou vários prêmios pelos diversos trabalhos publicados em revistas Gilberto Chateaubriand inaugura a exposição Paraíso Tropical no Museu de
renomadas como Donna, Mondo Uomo e Vogue de Milão, Táxi New York, Arte de Joinville em 24 de novembro de 2009 que poderá ser visitada até
Max de Hamburgo, Paulo Greuel decidiu dar continuidade a sua pesquisa 10 de janeiro de 2010. A exposição teve o incentivo do Governo do Estado
fotográfica e se dedicar à fotografia de arte. de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado do Turismo, Esporte e
Seu trabalho foi imediatamente reconhecido na Alemanha. Cultura e da Fundação Catarinense de Cultura.
O diretor de fotografia e vídeo do Museu Ludwig de Colônia Reinhold Mais do que um retorno ao Brasil real, palpável, pode-se dizer que
Misselbeck descreveu assim a obra do artista de Blumenau: “As fotografias o reencontro de Paulo Greuel com sua terra de origem foi o fortalecimento
de Paulo Greuel são claramente reconhecidas como produto da imaginação. do seu universo interior, a libertação total do seu olhar de todas as amarras
Ele constrói seu próprio Theatrum Mundi, distanciando-se do registro da e condicionamentos. Ou para citar um trecho do romance Sob Céus
realidade pré-estabelecida.” Estranhos, da escritora alemã Ilse Losa: “O regresso, Nils, está dentro de
Após exposições de sucesso em Düsseldorf, Gênova e Berlim, nós e o resto é mutação ininterrupta”.
Paulo Greuel foi convidado em 2000 por Emanoel Araújo para participar da

NANU! 105
CULT GODOFREDO DE OLIVEIRA NETO | literatura

Baudelaire já escreveu com mestria em Ideal o peso do tempo,


“esse obscuro inimigo que nos corrói o coração”. Mas o poeta sabia muito
bem que a arte (além da religião) logra neutralizar o tempo. Ela ignora
o espaço e a morte. O combate pela eternidade terá um final exitoso
se houver uma verticalização na vida, um mergulho na alma, ali onde,
justamente, nasce a arte.
Os escritores não ignoram que ao encontrar a “voz interior” o
texto sai com mais densidade e literariedade. A partir desse momento,
não é mais propriamente o autor, aquele com o nome na capa do
livro, a escrever; antes um narrador travestido de autor, agora o novo
dono da caneta ou das teclas do computador. Uns vão chamar isso de
concentração, outros de encontro com a alma, outros de encontro com
o divino, outros ainda de “possessão” por um escritor já desaparecido,
outros, simplesmente, de técnica inerente ao ofício de escritor. Todos
têm consciência, porém, que o resultado daquele esforço cognitivo será
atemporal.
Equacionar o conflito entre razão e emoção alojado na nossa
mente é encontrar o humanismo. Se não houver o freio da razão só viceja a
animalidade. A emoção deve sair dosada, como passando por um magnífico
giclê dosador; demais afoga, de menos não pega. Ao artista traçar essas
linhas demarcatórias! (Linhas que têm um jogo de cintura de artista para
artista). A arte bamboleia sobre essa demarcação. Para esse traço não há
tempo nem espaço.
Quando Thomas Morus escreve, em 1516, o seu Sobre o Melhor
Estado e Sobre a Nova Ilha Utopia, ele cria um lugar diferente daqueles
conhecidos por seus leitores, uma ilha onde não há desequilíbrios
sociais e onde reina a igualdade (Morus retoma o estado ideal de
Platão). A fabricação de um outro mundo basta para revelar os poderes
incomensuráveis da arte (e, por tabela, do homem). A fabulação de Morus é
atemporal.
No Sítio do Picapau Amarelo não se vê um patriarca a dar ordens.
A personagem principal é Dona Benta. Não havia (e nem há! É pena!)
sociedade assim estruturada, pouco importa, vale a imaginação de Monteiro
Lobato.
Machado de Assis trabalha bastante essa ansiedade advinda das
limitações do homem diante do tempo. É que descobrir o real e a verdade
equivale a achar um passaporte para a eternidade, por isso a fixação em
relógios e olhares.
Em Dom Casmurro, por exemplo, a busca da verdade ou do
real levam o narrador a sobrevalorizar os olhos da Capitu na esperança
de que eles sejam objetivos e frios (mas eles são armas da emoção, por
isso mentirosos). Lembremo-nos que o olhar da Capitu era “oblíquo e
dissimulado”. E até no enterro do “amante” (versão de Bentinho): “Capitu

SEM TEMPO E
olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa,
que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas”.
O tempo também poderia desvelar a verdade. Daí que o narrador

ESPAÇO
de Memórias Póstumas de Brás Cubas, do mesmo Machado, não seja

ilustração: LOOSHstudio/fotos: reprodução


“propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
foi outro berço”, como se lê no primeiro capítulo do genial romance que,
para os historiadores da literatura, iniciou a fase realista do fundador da
Academia Brasileira de Letras. Ora, para rever a sua vida com objetividade,
o narrador se posicionou fora do tempo e do espaço. Porque ambos, tempo
e espaço , relembram com dureza aos seres humanos a sua finitude.
Como sair então desse impasse angustiante? Lendo o Dom
Casmurro, por exemplo. É que através da arte leitor e autor são atemporais,
logo, eternos.

nanu! lê
Histórias que os Jornais Cadernos de Literatura Lonely Hearts e Lost
Não Contam Brasileira Constallations
Moacyr Scliar Mário Quintana Tara McPherson
O escritor dá uma visão ficcional e O Instituto Moreira Sales dedica A artista lança Lonely Heart e Lost
fantástica às notícias dos jornais. a 25a edição do Cadernos de Constallations, com desenhos
São 54 crônicas carregadas do bom Literatura Brasileira ao poeta feitos a lápis, esculturas e
humor e linguagem característica gaúcho Mário Quintana. O livro pinturas. Tara produz em uma
de Scliar. Os temas vão de viagens traz entrevistas, depoimentos, linguagem pop e surreal. Ela
de avião, corrupção e até macacos fotografias, manuscritos e inéditos. também trabalhou na produção
pintores. Editora Agir, 184 páginas, Editora Instituto Moreira Salles, 156 da série Futurama. Dark Horse
R$ 29. páginas, R$ 60. Comics, 112 páginas,
R$ 25 e R$ 26, respectivamente.

106 NANU!
Talita Hoffmann
talita.hoffmann@gmail.com
flickr.com/photos/litsy
NANU! 107
Horário marcado, bom dia minha senhora,
posso pegar a escada ali, essa altura pode ser,
posso lavar a mão, são 120 reais, obrigada, deixo
meu cartão. Vidinha imbecil essa. Prédio 1250. Moça
estranha. Tinha uma coisa meio esquisita no olhar,
acho que era sono. Oito da manhã é pra dar sono
mesmo. Mal sabe ela que eu acordo cinco e meia.
Levar as crianças na escola e aquela coisa toda. Mas
a moça não parecia ter filhos, não. Olho inchado.
Moça estranha. Me ofereceu café. Até
aceitei, com açúcar e tudo. Será que a moça sabe
que lá em casa as formigas invadem o açucareiro?
Moça, toma cuidado com formiga, bicho tinhoso.
Sorriso bonito da moça. Ela é pequena e ri grande.
Moça bonita.
Bolo formigueiro e margarina, quero, sim.
Gentil a moça. Diz que dessas formigas não têm
medo, não, e ri com o olho inchado pequenininho.
Moça, desculpa a intromissão, mas a senhorita
precisa de ajuda? O sorriso da moça não brilha e
até parece meio deselegante e ela diz que tem mais
medo de gente do que de formiga. Moça estranha.
Se precisar, moça, tem uns vizinhos que
dão uma boa lição em quem faz malcriação com
moça direita tipo a senhorita. A moça disse que não é
caso de surra, não. Ah, moça, mas uns tapas sempre
ajuda. Ela diz obrigada, moço, e insiste que não é
caso de surra, não. A moça levanta e pede licença.
Moça educada.
Falta só enganchar as persianas. Em
cima tem uns papéis da moça. Não é xeretar, mas
a senhorita escreve bonito que só, moça. Ela sorri
bonito de novo. Sorriso de verdade, que brilha. Não
sei o que a moça queria dizer com aquele monte de
palavra complicada, mas ela tem medo de gente, a
moça.
São 120 moça. 150 e não precisa devolver
o troco? Moça gentil. Não posso aceitar, sabe como
é, empresa não gosta de gentileza com peão. A
moça sorri bonito e diz pra comprar caderno pras
formigueiro

crianças. Quem dera, moça, que eles escrevessem


tão bonito quanto a senhorita. É, moça, senhorita tem
razão, sim. Vou cuidar das formigas. E a senhorita
cuida com gente, viu moça.
Amanhã tem horário marcado, bom dia
minha senhora, posso pegar a escada ali, essa altura
pode ser, posso lavar a mão, são 120 reais, obrigada,
deixo meu cartão. E ainda tenho que comprar veneno
pra formiga. Disse pra moça que ia comprar. Moça
bonita. Será que a moça um dia inventa um veneno
pra gente?

marina melz
marinamelz@gmail.com
marinamelz.wordpress.com
JOIE DE VIVRE NANU! | drink

Enquanto a Revolução Francesa aterrorizava a aristocracia do


país no ano de 1789, uma menina de 11 anos estava no centro de ataque
da raivosa multidão. No convento real de Saint-Pierre-les-Dames, instalado
na cidade de Reims a 140 quilômetros de Paris, a pequena Barbe-Nicole
Ponsardin - que viria a comandar a Veuve Clicquot, um marco na história da
champanhe - e as colegas, filhas de famílias ricas e poderosas, temiam o
ataque a qualquer momento.
Barbe-Nicole conseguiu escapar antes que o convento fosse
invadido com a ajuda de uma das costureiras da fábrica têxtil da família.
Vestida como camponesa, a menina atravessou as ruas de Reims cobertas
pelo sangue de aristocratas mortos pelos rebeldes. Naquela época, o
vinho banhava as comemorações populares que viam erguer na França
a democracia fincada sob o lema “liberdade e igualdade”. Até então a
champanhe era considerada pela alta sociedade uma bebida grosseira e
as bolhas indesejadas. Nem se imaginava que ironicamente, anos depois,
aquela menina rica disfarçada tornaria o até então popular vinho em um dos
líquidos mais ligados ao poder e à sofisticação.
Barbe-Nicole passou a adolescência discretamente, aprendendo
a servir de esposa e mãe. O próximo capítulo marcante de sua história foi
o casamento com o nobre François Clicquot, cuja família também havia
prosperado na indústria têxtil. Em 1772, monsieur Clicquot desistiu dos
tecidos para investir na produção de champanhe. Até então Barbe-Nicole
Clicquot Ponsardin era mera coadjuvante e tratava de cuidar da casa e da
única filha do casal.
fotos: divulgação

A viúva Clicquot

François sucumbiu a uma febre infecciosa e deixou Barbe-Nicole


aos 27 anos sozinha com uma vinícola nas mãos. Apesar de conservadora

La toute
e acreditar que as mulheres eram feitas para o lar, a viúva assumiu os
negócios do marido e empenhou-se em produzir a melhor champanhe.
Nos 60 anos em que dirigiu a empresa seguiu firmemente o lema

première
“une seule qualité, la toute première” (traduzindo, “uma única qualidade, a
primeiríssima“). Assim nasceu a Veuve Clicquot que ficou famosa em todo
mundo graças às inovações que garantiram qualidade e guiaram a maneira
de produzir a bebida.
Barbe-Nicole focou na burguesia ascendente e, assim,
revolucionou o estereótipo vinculado ao consumo do vinho. Também criou,
entre outras, a técnica do remuage que consiste no armazenamento do
Nas mãos da Veuve Clicquot, vinho de cabeça para baixo. O procedimento serve para deixar a champanhe
a champanhe tornou-se artigo de luxo, cristalina e borbulhante, pois elimina resíduos da segunda fermentação.
Hoje, suas champanhes são reconhecidas pela imagem da matriarca
ficou mais cristalina e borbulhante impressa em rótulos e rolha - além da qualidade, é claro.

Da adega Veuve Clicquot

Rosé Vintages Demi-Sec


É um champanhe Em 1810, madame Clicquot Champanhe branca privilegia
delicado, frutado reservou as melhores uvas e a uva Pinot Noir, sendo
e pode servir de produziu champanhes que só completada por um quarto
aperitivo. Sua cor é seriam vendidas de acordo com de Pinot Meunier e outro
luminosa com matiz a data de “aniversário” da safra, quarto de Chardonnay. Esta
rosa e o aroma lembra para que marcassem a memória mistura torna-o harmonioso
cereja e especiarias. de um ano único. Nesta linha, há sem alterar o frescor.
as opções Vintage, Vintage Rosé,
Vintage Rich e Rare Vintages.

Brut Yellow Label La Grande Dame


Um dos mais apreciados e conhecidos É uma champanhe especial, elaborada
da Veuve Clicquot tem estrutura firme apenas em anos de safras excepcionais.
com toque de Pinot Menunier, um terço Foi criada para comemorar o bicentenário
de Chardonnay - o que garante elegância da marca. Sua característica é o vigor
e equilíbrio ao sabor. Ganhou este nome do Pinot Noir com a delicadeza do
por causa da cor do rótulo. Chardonnay. As garrafas são conservadas
Saiba mais
por pelo menos seis anos nas Crayéres
A Viúva Clicquot - De Tilar J.
(cavernas transformadas em adegas).
Mazzeo, Editora Rocco, 304
Tem sabor frutado, com textura profunda e
páginas, R$ 39 (preço médio)
sedosa.

NANU! 109
JOIE DE VIVRE SOLANGE KURPIEL | conexão

MODERNO e
DÉMODÉ
O Palácio Real É o lugar ideal para quem busca contrastes

O velho e o novo se esbarram o tempo todo aqui em Paris. Os Rakel Van Kote é a proprietária do estabelecimento. Israelense,
monumentos históricos e as suas centenas de anos batem de frente com as chegou à França há 25 anos para se casar, há dez comprou a loja da família
construções supermodernas e conceituais. Simetricamente posicionado em fundadora, os Goldish. Ela conta que até hoje recebe a família do ilustre
frente ao Arco do Triunfo, o Arco de La Défense é uma réplica ultramoderna escritor Balzac e também a de Gustav Eiffel, dois grandes clientes de A
do monumento histórico construída com materiais como o vidro e o metal. l’oriental. Na parede atrás dela, uma foto de Luciano Pavarotti com um
As grandes redes e marcas globais de moda, cosméticos, perfumes também cachimbo na boca também a faz lembrar as diversas vezes que o tenor lírico
vão de encontro às pequenas, originais e insólitas butiques que persistem veio à pequena loja.
há séculos. O público brasileiro também não está de fora. Ela afirma que eles
É uma sugestão, uma excelente pedida, para quem quiser um sempre dão um pulinho por aqui. Quando Rakel me mostra os cachimbos e
dia conferir um desses lugares cheios de contrastes. A apenas dois passos as peças de relíquia que comercializa, e explica que não se preocupa com
do Museu do Louvre está o Palácio Real, uma visita que, infelizmente, a organização do local, que simplesmente não acha bonito o simétrico,
na maioria das vezes, passa bem longe da rota frenética dos turistas. A “quando um cachimbo cai (me aponta um no final da prateleira) deixo lá, sei
construção abriga mais de quatro séculos de história e contempla uma que se chegar alguém aqui que o quiser, vai me apontar e vou recuperá-lo.
extraordinária arquitetura clássica ornada por colunas, marquises, galerias e Essa é a minha casa, aqui trabalho, aqui canto, componho, escrevo. O resto
estátuas em mármore. Um charme reforçado pela mescla “desarmônica” e é resto”, completa.
enriquecedora de obras contemporâneas. Saindo da loja de Rakel, caminho entre o jardim e as outras
Logo na entrada mais próxima ao Museu do Louvre, ao lado butiques. O ambiente é tranquilo, o céu cinza do início do outono dá um tom
da Comédie Française, fica uma ousada e muito polêmica escultura de bastante nostálgico ao lugar. Uma sensação que casa muito bem com a
3 mil m2. A obra é do francês Daniel Buren e consiste em 260 colunas próxima visita: na esquina da Galeria Beaujolais com a Passagem de Perron,
de mármore pretas e brancas dispostas na principal praça do palácio. A está a Anna Joliet - Boîtes à Musiques. Aqui o único produto comercializado
princípio a ideia não agradou nem um pouco os parisienses, mas com o são as caixinhas de músicas, das menores e com mecanismos bem simples
tempo e com o hábito eles acabaram engolindo – a mesma história da até relíquias que podem chegar a 3 mil euros. A ideia nasceu há 30 anos
época da Torre Eiffel. Seguindo reto em direção ao jardim do Palácio, você da polonesa Anna Joliet. Uma mistura de fascinação por um presente de
encontra as duas fontes de Pol Bury, formadas por esferas móveis de metal infância e a descoberta do processo de fabricação numa cidadezinha Suíça,
que dão um ponto de vista inusitado para admirar o prédio. a motivou a abrir a loja. Hoje com 80 anos não se ocupa mais da butique,
A provocante disputa entre o moderno e o clássico, entre démodé mas todas as manhãs Madame Joliet vem dar uma boa olhadinha, afirma
e o que está na moda, fica ainda mais excitante nos corredores que Geneviève Barrial, atualmente a coordenadora do empreendimento. “O mais
contornam o jardim do Palácio Real. As galerias abrigam, especialmente, agradável em trabalhar aqui é a sensação de estar em um mundo mágico,
butiques de alta costura que trazem às vitrines as últimas tendências quando os clientes entram e acionam as caixinhas há um silêncio na loja,
de roupas, sapatos, joias. Estão nas galerias do palácio marcas então sei que o som os reportou para algum momento especial da infância”,
tradicionalíssimas como Rick Owens, Didier Ludot, Stella McCartney, Marc sorri Geneviève.
Jacobs. Chartres, Orleans, Valois, Montpensier, Beaujolais ao longo de
É no meio de tanto luxo e glamour que descubro uma das lojas todas as galerias do Palácio é possível curtir inabituais e obsoletos artigos
que fazem mais sucesso por aqui. Não segue (nem um pouco) os padrões em lojas tão específicas como uma dedicada apenas à venda de prataria
das vizinhas – muito pelo contrário – é bagunçada, empoeirada e com antiga ou outra perfeita para os colecionadores de medalhas ou ainda um
fotos: Solange Kurpiel

artigos saindo pelas janelas. A butique A l’oriental, na esquina de uma das local que sobrevive há 215 anos fazendo gravações em livros, peças em
saídas do palácio e da Galeria de Chartres, é conhecida internacionalmente metal. O mais interessante ao caminhar por aqui é perceber que artigos
por seus cachimbos, que podem ser raridades do século XVIII ou peças que muitas vezes cremos estarem 100% defasados ou, ainda melhor, “fora
atuais. Desde 1818 a loja recebe figuras célebres do mundo da música, da de linha”, em locais como estes se mantêm iguais, no mesmo ritmo de
política, do teatro. compra, desconhecem crises ou instabilidades econômicas.

110 NANU!
CULT FREDERICO FLORES

NANU! 111
JOIE DE VIVRE NANU! | gastronomia

Ativista
gastrônomico
De Porto Alegre, o chef Alan Chaves ensina como a culinária
vegetariana é acessível e deliciosa

Alan Chaves prefere não ser chamado de chef, embora tenha e sair calado, pegar o meu diploma e ir embora, para aí sim começar a
formação em gastronomia pelo Senac de Porto Alegre. Para ele, “ativista minha carreira. Só que quando chegou no trabalho de conclusão, meu grupo
gastronômico” é uma definição muito melhor. Afinal, Alan prepara sugeriu que os pratos fossem veganos (sem nada de origem animal) e eu
exclusivamente pratos vegetarianos e veganos - ou seja, sem derivados de topei na hora! O trabalho foi considerado tão original que teve destaque nos
carne, como ovos e leite. Outra bandeira levantada por Alan é acabar com meios de comunicação, e já comecei a me lançar como cozinheiro.
o mito de que a gastronomia sem carne é cara e pouco acessível. Para
comprovar, ele ensina seus pratos em workshops pelo Brasil e envia uma de NANU! - Você pensava em se tornar chef?
suas receitas para a NANU!. Não tinha intenção de ser chef na época, mas com o passar do tempo
Não é apenas a seleção de ingredientes que o diferencia dos vi que tinha facilidade de explicar as matérias aos meus colegas que
outros chefs. Alan começou a cozinhar quando decidiu deixar de comer eventualmente faltavam, e isso me deixava gratificado. Mesmo dando
carne. “Comecei a ler sobre veganismo em fanzines, panfletos e letras aula hoje não me denomino chef de cozinha: prefiro o termo ‘Ativista
de bandas de HardCore no final do ano 2000. Foi por questões éticas. Li Gastrônomico‘. Acho que a palavra ‘chef’ ainda deixa as pessoas com muito
tanto que uma hora não consegui mais comer”, conta. Primeiro, abandou medo da cozinha. Vou na casa das pessoas e elas ficam apreensivas e
a carne branca - diferente da maioria, que prefere largar antes a carne inseguras, dizendo ‘ai meu Deus, vou cozinhar pra um chef de cozinha!’.
vermelha. Depois de seis meses, já não comia mais nenhum tipo de carne Acho que não é bem por aí que tem que ser. A cozinha é um local de
ou derivados. “O mais difícil foi o queijo, até mais do que a carne, mas já se integração, de troca de vivências, sabe? Eu mesmo aprendi muito nessa
passaram nove anos e eu não sinto mais falta de nada”, explica. viagem, e isso que valeu mais a pena. De qualquer forma, as pessoas dão
Antes de virar chef, ou melhor, ativista gastronômico, Alan maior valor quando o termo chef é aplicado. Para divulgar o vegetarianismo
decidiu distribuir comida em shows para divulgar o vegetarianismo. Adepto e ter uma certa credibilidade ou autoridade no assunto, aceito ser
do movimento punk, já morou em squats (“casas abandonadas que são chamado de chef, mas minhas intenções vão muito mais além da questão
ocupadas por punks para servir de moradia e/ou espaço cultural“) e fez de profissional, e querendo ou não isso gera um diferencial na minha profissão,
tudo um pouco - como ele mesmo brinca -: trabalhou em estúdios de música um algo mais.
e como porteiro de bar. Seu último trabalho foi como bartender, mas ele
preferiu arrumar as malas divulgar o vegetarianismo por aí. NANU! - Qual é o maior desafio na culinária vegan? Encontrar temperos,
ingredientes?
Acho que o maior desafio da culinária vegan é superar os preconceitos.
fotos: Gabriel Soares

NANU! - Você fez um curso de gastronomia no Senac em Porto Alegre. Qual No Brasil quem começou tudo foram os hare-krishnas e os macrobióticos.
era a sua expectativa ao fazer o curso? Este último grupo é muito natureba, então, muita gente acha que comemos
Minha expectativa era ter um diploma profissional para atuar na área, comida com pouco tempero, muita salada, essas coisas, então fica
somente. Dificilmente uma pessoa vegetariana encara um curso desses por esse estigma, sabe? Mas isso não representa a dieta da maioria dos
causa da manipulação de carnes, que é obrigatória. Eu queria entrar quieto vegetarianos de hoje em dia. Eu mesmo sou vegetariano e odeio salada. Sei

112 NANU!
que devo comer, que faz bem e tudo mais, mas assim como a maioria dos meu travesseiro de pescoço, para não dar torcicolo durante a viagem (risos).
vegetarianos de hoje em dia, optei por essa dieta focado em motivos éticos
e não somente por saúde, como era antes. NANU! - Qual o seu prato preferido?
Pergunta cruel, hein?! É o mesmo que escolher qual filho a mãe gosta mais
NANU! - Isso está mudando? (risos)! Mesmo depois de me tornar vegetariano, ainda fico com o bom
O vegetarianismo já está conseguindo ser aceito com mais naturalidade e velho strogonoff, batata palha e arroz branquinho com bastante alho,
nos últimos tempos, mas quando tu falas que se abstém de tudo de origem tudo sem origem animal, claro. O strogonoff pode ser de proteína vegetal
animal, ainda tem gente que te tira pra maluco. E não é maluquice: se tu texturizada, popularmente conhecida como “carne de soja” ou mesmo com
tomas uma opção ética de não obter nada que provenha de sofrimento bifes de glúten cortados em iscas. Para substituir o creme de leite, uso o
animal, o veganismo é um passo mais avançado, mais completo. creme de soja, ou melhor ainda: leite de coco. Fica uma delícia!
Compreendo que conceitos que são novos sempre sofrem um tipo de
resistência. Mas é só olhar para ver o que acontece na Europa, onde 6% NANU! - Qual foi o primeiro prato que você fez?
da população é vegetariana, e ver com qual naturalidade a população e o Difícil essa também... Provavelmente deve ter sido uma proteína de soja
mercado lida com isso. E isso está começando a acontecer no Brasil, é só bem sem graça (risos). Mas com o tempo fui acertando a mão. Em um
conferir nas prateleiras dos mercados a crescente presença de produtos show foi um cachorro quente com proteína de soja e molho, bem sem
que substituem as proteínas vegetais. Infelizmente essas opções ainda graça também (risos). Mas quando tinha banquinha e comecei a vender
são caras pois têm valor agregado por ser um produto saudável ou light. hambúrguer de lentilha com maionese de batata e cenoura, aí todo mundo
Mas não tem segredo, comemos as mesmas coisas que um onívoro come, gostou muito! Inclusive, no meu curso, ensino a fazer esta maionese.
exceto as coisas de origem animal, que no nosso país é um luxo. Arroz,
feijão, macarrão, verduras e legumes estão no prato de todos os brasileiros. NANU! - Como faz pra conciliar o trabalho com a banda XAMORX e as
viagens?
NANU! - Como decidiu viajar o Brasil fazendo as oficinas? O que não pode A XAMORX está devagar e sempre.... devagar! Somos uma banda bem
faltar na tua bagagem para os cursos? relapsa, e as coisas aqui em Porto Alegre para show estão bem devagar
Essa ideia foi a junção do punk com o cozinheiro. O lema do punk é o Do também. Porém viajando pelo Brasil vi que tem muita gente que gosta,
it Yourself (Faça Você Mesmo), e a maioria das bandas desde estilo fazem que ainda tem a nossa demo, em fita k7, de 2001, e isso dá uma vontade
turnês pelo mundo todo seguindo essa filosofia. Se programam, entram em de organizar uma tour pro futuro. Ainda mais agora que vai sair nosso cd,
contato com pessoas nas cidades que têm interesse de armar um evento, finalmente... Voltar para a estrada como membro de banda vai ter um gosto
colocam o pé na estrada e vamo que vamo! Se eu fosse um chef ‘normal’, ainda mais especial.
com meu restaurante e uma certa idade, certamente não faria. Não
marcaria um evento com uma pessoa que nunca vi na vida, numa cidade NANU! - Qual prato que faz mais sucesso nos cursos?
que não conheço sem saber quantos pagantes vai dar. Dormir na casa dos Nessa minha primeira turnê, o foco foram molhos. São 15 no total, mas
organizadores, em sofá, colchão, rede, no chão, onde der, e não em uma os preferidos são os de gergelim torrado com limão e salsa, o agridoce e o
cama de hotel. Cruzar o Brasil de ônibus e pegando metrô com 60 quilos molho fungui. Nos jantares, o churrasquinho de proteína de soja e o jantar
de bagagem. Isso é bem rock and roll! Eu não posso viajar sem minhas árabe com falafel (bolinho de grão de bico), kibe, tabule e homus sempre
panelas, facas e liquidificador, tanto para as aulas como para os jantares recebem elogios e fazem que as pessoas comam até não aguentarem mais
que faço na casa das pessoas. Não posso viajar sem meu mp3 player e (risos)!

Ninho Agridoce de Tomate

Ingredientes
2 tomates verdes tamanho médio
3 tomates maduros
1 batata pequena
2 maços grandes de espinafre
1/3 de xícara de chá de açúcar
1/3 de xícara de vinagre de maçã
Azeite de Oliva q/n (quantidade necessária)
Sal e pimenta do reino a gosto

Preparo da geleia de tomate Preparo do espinafre


Lave e retire a parte do cabinho dos tomates maduros, e faça um corte Lave-os e retire as folhas dos talos. Logo após, coloque as folhas em uma
superficial em cruz na extremidade oposta. Jogue-os em água fervente peneira, e mergulhe-as em água fervendo por três segundos e, logo após,
até que a pele comece a despetalar. Logo em seguida, jogue-os em água em água fria. Para economizar tempo e gás, utilize a água usada para
fria e remova o restante da pele que não soltou sozinha. Após, corte os descascar os tomates, de preferência, antes. Escorra e reserve.
tomates em quatro partes e retire as sementes. Faça isso em cima de uma
peneira com um vasilhame por baixo - para aproveitar o suco do tomate que Preparo da batata
posteriormente poderá ser usado na geleia. Retiradas a pele e as sementes, Após lavar e descascar, passe na parte mais fina do ralador. Enxugue-as em
pique o tomate em cubos pequenos, levando-os em uma frigideira com o papel toalha e frite-as em imersão de óleo quente. Escorra e coloque uma
açúcar, o vinagre, uma pitada de pimenta e de sal. Deixe em fogo baixo até pitada de sal e pimenta. Reserve.
os pedacinhos dos tomates se desmancharem e virarem uma geleia. Caso
necessário, use o suco do tomate para não deixar queimar. Reserve. Montando o ninho
Em um aro, forre seu interior com as folhas do espinafre - de preferência
Preparo do tomate frito as maiores. Coloque uma colher de sopa cheia de geleia e, logo após, o
Lave e corte os tomates verdes em rodelas de mais ou menos um tomate frito. Novamente, adicione uma camada de geleia e outro tomate.
centímetro. Em uma frigideira plana e quente, coloque um pouco de azeite Pegue as pontas das folhas de espinafre e coloque-as para dentro do centro
de oliva, espere esquentar e coloque as rodelas de tomate e deixe frigir até do tomate, para que o cubra. Repita essa operação para formar o segundo
dourar os dois lados. Desligue a frigideira e tempere com sal e pimenta-do- gomo do ninho. Coloque a batata frita no topo do ninho, e retire o aro com
reino. Reserve. cuidado. Sirva em temperatura ambiente.

NANU! 113
JOIE DE VIVRE NANU!

TOY
new
Smarts contra o câncer

Smarts Cars customizados por dez grifes estão à venda por uma boa causa. Os
carros da Mercedes Benz ganharam versões únicas, coloridas e descoladas de
marcas como 284 - criada pela terceira geração da Daslu -, Reserva, Jor de Mer
e Zapälla.
O bacana é que parte da renda conseguida com a venda dos carros e de 50
peças doadas pelas grifes será revertida para o Instituto Brasileiro de Combate
ao Câncer (IBCC). O projeto, batizado de B (Loves) C, é uma parceria entre o
IBCC, o clube de compras BrandsClub e o Smart Jardins.
Cada versão custa R$ 58.700.
Dá pra votar no seu carro preferido pelo site oficial smart.brandsclub.com.br.
Cada marca terá o seu Brandsday no www.brandsclub.com.br.

all Alô?

Este telefone é um clássico dos


Quadro mágico anos 50 e 60. Disponível nas cores
vermelho, preto, branco e laranja o
Conhecido no Brasil como quadro
ScandiPhone tem o dial na base. Dá
mágico, o Etch a Sketch foi
pra comprar no www.delight.com por
relançado em vários formatos, mas
$ 61,50.
o mais legal é dos anos 60 mesmo
- afinal, os clássicos nunca morrem.
Dá pra encontrar em lojas virtuais
como a ww.garagemkorova.com.br
por R$ 40.

Rock the kitchen

Para os roqueiros, esta espátula em


forma de guitarra feita em silicone
e resistente a altas temperaturas é
perfeita. A Flipper Guitar Spatula tem

Style nas opções vermelho e preto por


$ 9,99 no
www.perpetualkid.com.

Back in the Game

Os tênis Pony estão de volta e já fotos: divulgação


chegaram ao Brasil. A coleção Pony
Collegiate Pack é inspirada nas
universidades dos EUA. A marca
foi criada em 1972, virou sucesso,
Relógio de brinquedo
desapareceu e agora foi relançada.
Os modelos custam entre
Parece brinquedo, mas não é.
R$ 85 a R$ 150.
O The Newton, relógio da Nixon,
não tem ponteiros ou números.
Ele tem um display com lâmpada
Cinto de borracha LED e pulseira de silicone. Dá
pra mergulhar até 30 metros de
O Inner Tyre Tube, da Schlauch, é profundidade na água que ele não
um cinto feito da borracha usada no estraga.
interior dos pneus de bicicleta. Ele Custa perto de U$ 99.
é ajustável com uma fivela e tem Informações no www.nixonnow.com.
vários modelos de estampas.
Custa entre 21 a 46,50 euros no
www.schlauch-shop.com.

114 NANU!
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JOIE DE VIVRE IKE GEVAERD | por aí

um traço no
infinito
O Vale da Morte no deserto de Mojave revela algumas das
paisagens mais surpreendentes dos Estados Unidos

O começo do vale
Num lugarejo deserto, no deserto de
Mojave, Estado de Nevada (EUA), um
pavão bem nutrido nos recebe em
frente à Amargosa Opera House na
entrada principal do Vale da Morte,
quando se vem de Las Vegas.

Death Valley
Na estrada, como se tivessem saído de uma tela

fotos: Ike Gevaerd


de TV nos anos 70, arbustos empurrados pelo
vento cruzam nosso caminho. As caixas d’água,
antigos reservatórios/abastecedores que davam o
último suprimento antes de se entrar no deserto,
são as poucas intervenções humanas que ocorrem
na paisagem desértica.

Zabrinskie Point e estrada a Badwater


Proporcionam uma monumental visão do centro do
Deserto de Mojave, onde as terras áridas formam
esculturas de argila, moldadas e pintadas com
as cores da Pallete dos Artistas - uma montanha
multicolorida escondida nos arredores da estrada
que leva a Badwater, uma pequena piscina natural
situada a 86 metros abaixo do nível do mar.

Furnace Creek Ranch


Parada obrigatória no meio do deserto, é uma
opção para dormir e pesquisar um pouco mais
sobre um dos locais mais interessantes do
Planeta. Este oásis no meio do deserto, com
seus campos de golfe, fontes de água natural e
arboretos de palmeiras, repõe as energias para
desbravar a região no outro dia.

O fim da linha
Seguindo viagem através dos salares,
campos de dunas e das exuberantes
montanhas enrugadas, enxergamos
no final da paisagem o branco das
montanhas de neve que anunciam o final
do deserto. Estamos indo em direção ao
Nappa Valey e seus vinhedos, localizado
ao lado de São Francisco, na Califórnia.

116 NANU!
JOIE DE VIVRE NANU!

GLAMOURsob
ENCOMENDA
O que há de melhor e estiloso no mercado de embarcações exclusivas

Um modelo clássico, um filme, uma lembrança do passado ou compensada pelo capricho dado aos barcos.
traços modernos. Estes barcos, projetados por designers (yatch designers), A experiência adquirida em 27 anos na produção de barcos faz da
são inspirados em desejos e memórias de seus clientes. Feitos sob empresa referência no setor. Hoje, aos 24 anos, a herdeira Lorena Kreuger
encomenda, remetem aos anos 60, filmes do 007 ou às canoas dos índios coordena o negócio que nasceu e se desenvolveu nas mãos do seu avô,
americanos. Até o modelo no qual John F. Kennedy ensinou Jacqueline a Erik, e de seu pai, Lars, mantendo na mesma linha adotada desde o início:
velejar é uma das referências. atender ao mercado garantindo exclusividade. Além de ter se especializado
As embarcações construídas pelo Estaleiro Kalmar figuram entre no trabalho com madeira de alta qualidade para interiores, móveis e decks
as melhores, segundo publicações especializadas, e é preciso entrar na fila de iates exclusivos. Confira abaixo o charme dos projetos que estão entre
para ter uma delas. Quem consegue, no entanto, garante que a espera é os preferidos da família Kreuger.

Runabout
Com potência máxima de 33 nós, a
Runabout 24 é uma lancha baseada
em traços dos anos 60 e remete à
cenas nostálgicas e filmes do 007,
em que o agente secreto britânico
James Bond é vivido por Sean Connery
em 1962.

Lobster
Sua referência são os barcos rápidos usados
na pesca de lagosta no estado do Maine, na
costa americana, criados antes da 2a Guerra
Mundial. O Lobster é um trawler de 35 pés
e certamente a navegação mais suave e
independente do estaleiro. Dono de conforto
extremo, o Lobster não é um simples barco,
mas uma residência embarcada, que oferece
à tripulação toda comodidade e aconchego de
uma casa.

Canoa Calmar Canadense


A menina dos olhos dos Kreuger é esta canoa.
Projeto e obra desenvolvidos pelo estaleiro,
é fabricada com muito carinho e prazer pelos
artistas que literalmente colocam a mão na
massa. Tendo como principal matéria-prima o
Kiri, madeira extremamente leve e de agradável
aparência. A canoa pesa cerca de 26 quilos.

Veleiro K8
Inspirado no 26 pés Victura, no qual John F.
Kennedy ensinou a esposa Jacqueline a velejar,
o modelo é destaque de aceitação. É uma
embarcação de oito metros e possui excelente
estabilidade e navegação. Trata-se de um
projeto do escritório Carabelli, um dos mais
bem conceituados do mercado
fotos: divulgação

118 NANU!
JOIE DE VIVRE PEDRO HERING | transitando

CELEBRATIONS&
PARTYS
Com Jesus Luz em Santa Catarina O atual namorado de Madonna mostrou-se supercolocado e
confesso que estranhei as poucas exigências de segurança e camarim no
Jesus Luz esteve em SC e botou seis mil pessoas para dançar caso de uma celebridade mundial como ele: apenas quatro seguranças e
na pista do Balneário Camboriú durante uma hora e meia. O set, sem hits pouca bebida, mesmo ele recebendo alguns convidados. Just in case pedi
fáceis, foi super up-lifting e com pegada undergound. Funcionou. para mandar gelar as VC e Don Perignon.
Antes o carioca de 22 anos que hoje mora em NY tocou durante Jesus tem presença, é educado e simpático. E ele confirmou,
meia hora no cocktail de lançamento de uma revista para 500 convidados. transitando no palco sem estrelismo entre os presentes, supercarismático e
Eu me joguei até lá para fazer as honras e garantir que tudo interagindo com a pista que bombou all the time. Total star-quality.
corresse bem com ele.

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1. Jesus Luz 2. DJ Rodrigo Vieira, filho da atriz Susana Vieira 3. Modelo catarinense Marlon Teixeira que fez a campanha Dior Homme 4. Caco Ricci 5. Ator Iran Malfitano e o DJ
Jesus Luz 6. Luciana Vendramini 7.Juliana Christol e Guilherme Romariz

Lançamento do Travel
Guide do Ponta dos
Ganchos

Nicolas Peluffo recebeu


poucos e bons para lançar o Travel
Guide Ponta dos Ganchos 2010 –
fotos: Pedro Hering/Imagecare

2001 no final de outubro. A cena


foi chez Tina Bauer em Floripa. A
publicação vem endossada por um
time estrelado: assinada por Ricardo
Freire conta com ilustrações de Felipe
Crescenti e fotos de Tuca Reines e
Sergio Pagano. Luxo!

1. Cristiane França e Nicolas Peluffo 2. Travel Guide Ponta dos Ganchos

120 NANU!
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You’re simply the best: Johanna & Alexandre,


Valentino, Tom Ford e Galliano

Vários dias de comemorações para celebrar bodas são tendência


entre os que sabem das coisas. O casamento da blumenaunse Johanna
Stein com Alexandre Birman em São Paulo foi comme il faut, com fortes
pitadas de chiqueria e informação de moda, combinação just perfect.
Minha prima Johanna de Valentino – uma semana depois assisti o
documentário Valentino The Last Emperor e amei. O noivo Alexandre vestido
impecávelmente com um fraque Tom Ford. Excelent choice. Falando em Tom
Ford estou nervoso para ver seu filme de estreia, A Single Man.
Definitivamente Tom Ford é o meu designer preferido no momento
ao lado de John Galliano, cujas calças masculinas são minhas prediletas,
always. Com fitting impecável e mood sacaninha na medida exigem um
corpo em forma e atitude. Resumindo: para poucos.
Da solteirice fashion silverscreen de Tom Ford à sexualidade
explícita de Galliano passando pelo luxo haute couture de Valentino vamos
às imagens, mas não sem antes desejar aqui, publicamente, longa vida ao
casal.
4 5
1. Johanna Stein Birman 2. Johanna e Alexandre Birman na saída da igreja 3. Karoline
Stein, Johanna Stein Birman e Giovani Bianco 4. Edsá e Debora Sampaio e Álvaro
Garnero 5. Renata e Lilly Sarti

Cocktail da Levi’s

A Levi’s de Blumenau reuniu a chiqueria, fashionistas e formadores de opinião para apresentar a nova loja de Blumenau. Mailing impecável by
Image Care Media Connections e muito alto astral garantiram o “warm-up” para a festa de lançamento de NANU! mais tarde no Camorra. Eu fiz algumas
fotos exclusivas para meus leitores em NANU!. Here we go!

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1. Marco Duailibi com Paula e Fernanda Barbano 2. Cintya Mendes, Marco Aurélio Cúneo e Juliano Mendes 3. Duh Kottmann, Douglas de Souza e Gabriela Telles Moreira 4. Beto
Holetz e Miriam Roza 5. Miguel Estelrich e Carvalhoneto 6. Ricardo e Letícia Bauer 7. Helena Schürmann e Alisson Corrêa

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O lançamento da oitava edição da NANU!, com o tema Noise, reuniu convidados no Camorra
NANU! 8
fotos: Camilla Jade Martins

1. Priscila Figuski, Clikles e Claudia Farias 2. Joice, Susana Pabst e Duh 3. Renata Silva, Maristela Garcia e Maria Rogeria 4. Alan Segala e Patricia Segala 5. Pierre Eduardo, Cae Ubber e Arthur Presser 6. Carmen Marquetti e Maria
Fernanda Marquetti 7. Anderson Reiner, Tatiana Pacher e Aline Lima 8. Ariane Andrade e Juliana Masson 9. Djs 10. Bina Barbieri e Família Marquetti 11. Célio Luis Delabeneta, Celso Spengler, Anderson Lourenço, Campari Joy
12. Mayara Mady 13. Edu Beltramini, Ana Fukakusa e Emily Betiol 14. Eude, Evelaso e Charles 15. Gabriel Villaruel e Grace Sudbrack 16. Chikles Farias, Cláudia Farias, Ana Grahl e Jean Huewes 17. Suzi Fukushima e Maristela
Garcia 18. Fabio Guerber, Fernanda Guerber e Cleyton Reitel 19. Milena Fritzlae,Vanessa Siesves e Kadu Britis 20. Guilherme Becker e Renata Wilbert 21. José Joaquim Martins, Sérgio Popper e Kadu Britter 22. Maira Ribelo
Cotti e Guilherme Fehrlen 23. Gabriela Telles Moreira e Duh 24. Lais Gianesini e Guilherme C. Schaffer 25. Sara Hildebrand e Danielle Janzen 26. Leila Hort, Flávia Vaneli e Jonathan Rodrigues 27. Gabriela Schmidt 28. Jessica, Ana,
Felipe e Bianca 29. Susana Pabst, Priscila Figuski e Fernando Denti 30. Robson Stedile, Jeferson, Stefano Luchesi, Rafael Beber e Fernando Denti 31. Joice e Susana Pabst 32. Nicole Victorin, Bina Barbieri e Gabriela Cândido
33. Rafael Corbella e Caroline Bruning 34. Duh e Douglas 35. Pedro Rebelo e Manuela Franca 36. Suelen Piklé, Luma Caroline dos Santos e Bianca Andrade de Liz 37. Guilherme Reddin 38. Renata Wilbert, Felipe Brockveld e Giovana
Morastoni 39. Salvador Torres e Caroline Passos 40. Sandra e Tiago Proci 41. Monike Mueller e Farley hillesheim 42. Silvio e Tania Zabel 43. Tatiana Pacher Nazato, Guilherme Bauer e Fabíola 44. Suellen Pikle e Carlos Norberto

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Urban Man
fotos: Camilla Jade Martins

Promoveu desfile e jantar para clientes e parceiros no Tabajara Tênis Club


2. Sandra e Sergio Popper 3. Angelito e Leonesia Barbieri 4. Bernadete Briano e Julio Gonçalves 5. Darci e Edson Rogerio Delbosi 6. Ednilson, Katia e Ana Luiza Tambosi 7. Equipe Urban Man 9. Cesar, Tania Pamplona, Renato e Lorena Medeiro 10. Irene,
Geni, Cris, Sandra e Sergio 12. Josiani e Caio Debossan 14. Iliani Souza e Sergio Popper 15. Maria Fernando e Daniel 16. Joselia Gomes de Carvalho e Marcia Popper 18. Erica e Ivan Reinert 19. Silvana H. Censi, Deise Oliveira e Carmen Lucia Censi 21.
Kadu Brites 23. Cintia Tanziani 24. Sergio Popper e Mariana Popper 26. Roberta e Jaison 27. Charles, Lara Balbinote e Vera Weickert 29. Pry, Maria Eduarda e Jaqueline Raimundi 31. Michele Fuke 32. Vera, Maurina, Artina, Valquiria, Lilian e Marilene

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Levi’s
Comemorou com coquetel a reabertura da loja no Shopping Neumarkt
1. Ruana Carvalho e Daniela Provesi 2. Paula Barbano e Luiz Kunde 3. Renata e Andriei Beber e Janice Bell 4. Kamilla Karoline Lopes e Leonardo Cesar de Mello 5.
fotos: Lesther Santoro

Fernanda Fressiane, Felipe Sá Ferreira e Melina Gabriel Alves 6. Janice Bell, Cinthia Mendes, Miguel Estelrich e Rosana Schindler 7. Jonathan Daniel Baer e Leonardo
Falquetti 8. Janice Bell e Maria Júlia Zimmermann 9. Beto Almeida , Patrícia Cardoso e Ana Paula Cardoso 10. Marcelo (Levi`s Brasil) Gabriela, Douglas e Eduardo 11.
Equipe Levi´s Tamires, Felipe, Cláudia, Marcelo, Suzana,Djone e Su 12. Paula Barbano, Ana Luiza Greco Moura e Diethein Reimer 13. Elise Marie Manassés e Wallace
Rodrigues 14. Fernanda Nasser, Marco Duailibi e Maria Júlia Zimmermann 15. Fernanda Bressiane, Felipe Sá Ferreira, Melina Gabriel Alves e Maria Júlia Zimmermann
16. Fernanda Bressiane, Juliana Finder, Isabela Almada e Paula Barbano 17. Fernanda Rosa, Rosete Rosa Boehn e Tamires(Levi`s) 18. Luiz Kunde, Paula Barbano,
20
Fernanda Barbano e Teny Barbano 19. Eduardo 20. Amanda Lopes, Belarmino Silva, Maria Júlia Zimmermann e Mary Weickert

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Monic & Cia


Participou com desfile no 12 º lanche beneficente de Natal,
fotos: Camilla Jade Martins

do Lions Clube de Blumenau e de apoio à ONG São Roque e Associação Renal Vida
1. Aglaê Nazário, Maristela Garcia e Lucia Victorino 2. Lourdete Petters e Janice de Menezes 3. Alessandra Lange, Elsa Simão e Raquel Moser
4. Gisele Busanna, Lindamir Siqueira e Vera Marcellos 5. Dr. Itamar e esposa 6. Sandra Liane de Souza 7. Isadora Moser, Ediandra Menegatti
e Monic de Menezes 8. Iracema Pagnocelli 9. Rosemary Schramm 10. Irisete Matuchaki 11. Ivana Isotton e Nadir Ferreira da Silva 12. Maria
das Graças e Dione Pithon 13. Scheila Schiel 14. Rosângela Balzan, Maria Tomio e Dorothy Steil 15. Vera Eberhardt 16. Janice e Edson de
Menezes 17. Sabrina Boss e filhos 18. Janice de Menezes e Neilen Sackl 19. Miriam Roza 20. Janine Mueller de Lima e Eduardo Raulino
23 24 21. Marina Oliveira 22. Janice de Menezes e Rejane Passeti 23. Claudia Coelho e Taciana Heidmann 24. Luana dos Santos e Ane Lourenço

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Tecnoblu Note
fotos: Camilla Jade Martins

Comemorou os 15 anos da Tecnoblu com


palestras de Robi Spatti, Renato Kherlakian e Alexandre Herchcovitch

1.10. 29. Alexandre Herchcovitch 4. 2. Cristiano Buerger 5. 6. 8. 11. 20. 23. Robi Spatti 13. 27. 28. Alexandre Herchcovitch e Cristiano Buerger
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14. 22. 26. Renato Kherlakian 2. Celso, Lucio,Fábio e Kris 7. Luciana, Sidney e Priscila 9. Talice, Larissa,Vilma,Luisa 24. Carol e Renata

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Allez
inaugurou com coquetel para clientes e amigos a nova loja em blumenau
1. Ana Paula Abreu e Leila Abreu 2. Iara Abreu, Maria Eduarda Vasselai, Ana Paula Abreu Soares 3. SEM NOMESSS 5. Mackzinhox,Carola e Ana Paula Abreu 7.Silvana Vieira e Ana Paula Abreu 8. Valeska Schroeder, Amelia Bruns,
ROberta Schroeder e Ana Paula Abreu 10. Carol, Débora, CArina, Ana Paula, Roberta, MAria Aparecida, Valeska, Karoline e Leila 11. Adelina Adriano, Maria Aparecida Lissoni, Edith Schwanke, Leila, Ana Paula e Uta 12. Clayton
Batista e Ana Paula Abreu 13. Leila Abreu Soares, Claudete Batista e Ana Paula de Abreu 14. Carol Vecchietti e Ana Paula Abreu 16. Ana Wolff e Ana Paula de Abreu 17. Amelia Bruns, Roberta Schroeder, Ana Paula Abreu, Karoline
Sofka, Carina Stemposki, Maria Eduarda Vasselai 18. Andreia Pereira e Janaina Vieira Cim e Ana Paula Abreu

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Museu de Arte de joinville


Piquenique no jardim, abertura de exposições e da 38ª Coletiva de
Artistas de Joinville foram os eventos que movimentaram o museu

1. Charles Narloch, Elizabete Tamanini, Franzoi, Carlito Merss, Amarilis Laurenti e Silvestre Ferreira 2. Marivete Cardoso 3. Regente Mário Klemann e Coral da Univille 4. Silvio Arlindo Borges e Elizabete Tamanini 5. Lurdi Blauth, Marina Heloisa Medeiros
Mosimann, Marivete Cardoso e Franzoi 6. Franzoi e Silvestre Ferreira 7. Charles Narloch, HelgaTytlik, Silvestre Ferreira, Elizabete Tamanini, Alena Marmo e Franzoi 9. Valdir Francisco, Gugue, Eduardo Baumann, Franzoi, Ricardo Ledoux, Daniel Arcuri,
Melanie Peter, Cassia Aresta, Helenita Peruzzo, Rosa Grizzo, Fernanda Zimermann e Camila Pietruza 11. Pena Filho e Ana Beatriz Raposo 12. Débora Melina Benz 13. Franzoi e Marivete Cardoso 14. Elizabete Tamanini e Silvestre Ferreira 16. Rafaela Ventz

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Lu JP.
A inquieta fotógrafa registra as melhores festas de Balneário Camboriú:
uma noite na Pousada Felíssimo, uma comemoração badalada na orla e uma
festa eletrônica exclusiva para convidados

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Wella Trend Vision Awards 2009


Gisa Bernhardt e Amilton Schiessel, do salão Peluqueria de Miguel Estelrich, conquistaram o segundo lugar no campeonato mundial. A equipe usou a
tendência “intersexion”, unindo masculino e feminino em um corte moderno, curto e ousado.
1. Nataniana Bernardes 2. Gisa Bernhardt e Nataniana Bernardes 3. Nataniana Bernardes 4. Darli Louiza Probts, Lauro Brinhosa, Gisa Bernhardt, Amilton Schiessel, Helena Pires Bohn e Miguel Estelrich 5. Nataniana Bernardes, Amilton
Schiessel, Gisa Bernhardt, karina Kava e Evelise Gadens (Equipe 3º Lugar) 6. Gisa Bernhardt, Marcus Hermann, Amilton Schiessel e Simona 8. Gisa Bernhardt, Miguel Estelrich, Aline, Ana, Amilton Schiessel, Nataniana Bernardes e Monica
Cassado 9. Gisa Bernhardt, Evelise Gadens, Amilton Schiessel e karina Kava 10. Miguel Estelrich, Gisa Bernhardt e Amilton Schiessel

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fotos: Gabriela Schmidt

PUNKCAKE
Dia 13/11 estreou na Galesi Disco a PUNKCAKE,
novo projeto de Douglas VS. Duh que mistura a liberdade
e o alternativo do punk com o glamour do nightlife.

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Venha conhecer as novidades
que nós preparamos para você!

MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, N.55 | BLUMENAU - SC | (47) 3037 - 7050


LS&D GUILHERME BAUER

Insaciável
/inexorável/
amoral/atemporal
Tem certeza o pequeno grande homem
sobre sua infinita onipresença e sapiência.
(sem parafrasear Raulzito, não nasci há dez mil anos atrás,
mas vivo a cada dia quase 100 mil segundos atrozes)

Por meus olhos passam transformações que em milênios causam extinção.


Primeiro vi pedra se mexer.
Continentes se modificarem.
Os solos se arearem.

Vi o mar subir montanhas, comer terras.


Se transformar em gelatina de águas vivas.
As geleiras degelarem e as águas rarearem.

Os céus vazarem radiações invisíveis.


Chuva de besouros.
Sapos por tudo,
sapos em lugar nenhum.

Montanhas se modificarem, às vezes,vales,


outras vezes, planícies se tornarem.
As matas desertificarem.
Florestas inflamarem.

Espécies se mutarem.
Populações se extinguirem,
outras virarem zumbis eletrônicos.
Alguns nascerem xerox genéticos,

Homens em jaulas.
Vidas engaioladas.
Outros que do pó fizeram fumaça e
sem alma fazerem das almas próximas penadas.
Famílias empenadas.

Vejo cegos guiados por papel colorido,


projetando- se no outro.
Alimentos crescidos,
parecendo bolas de isopor.

E eu, como mais alguns,


que para isto poderia até ser guri,
ter nascido quase no ano 2000.

Que venha 2010!!!


Abram-se os olhos,
ou com certeza sob meus pés
a terra há de se abrir...

140 NANU!

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