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Anais do Seminário Regional de

Educação Ambiental e Escolas


Sustentáveis

Teresina, 20 a 22 de maio de 2015.

V. 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Reitor: Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes
Vice-Reitora: Prof.ª Dr.ª Nadir do Nascimento Nogueira
Superintendente de Comunicação Social:
Prof.ª Dr.ª Jacqueline Lima Dourado

CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro (Presidente)
Prof. Dr. Antônio Fonseca dos Santos Neto
Prof.ª Ma. Francisca Maria Soares Mendes
Prof. Dr. José Machado Moita Neto
Prof. Dr. Solimar Oliveira Lima
Prof.ª Dr.ª Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Prof. Dr. Viriato Campelo
Revisão: Edilce Madeiro de Lima

Editora da Universidade Federal do Piauí - EDUFPI


Campus Universitário Ministro Petrônio Portella
CEP: 64049-550 - Bairro Ininga - Teresina - PI - Brasil
Todos os direitos reservados

FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castelo Branco

Nascimento,
Seminário RegionalFrancisco
de Educação Alcides do.
Ambiental e Escolas Sustentáveis (2015 :
N244c A cidade sob o fogo: modernização e violência policial
Teresina, PI)
S471a em Teresina
Anais (1937–1945)
do Seminário / Francisco
Regional Alcides doAmbiental
de Educação Nascimento. e Escolas
- 2. ed. – Teresina: EDUFPI, 2015.
Sustentáveis, Teresina, 20 a 22 de maio de 2015 / Organização, Maria Majaci
Moura358 p.: il. ... [et al.]. – Teresina : EDUFPI, 2015.
da Silva
330 p.
ISBN 978-85-7463-297-7
Evento1.realizado
Teresina no - História.
Colégio 2. História
Técnico de–Teresina,
Estado Novo. 3.
promovido pela
Revolução
Universidade 1930 do
Federal – Piauí.
Piauí,4.com
Teresina
o apoio– Modernização.
de instituições I.Federais,
Titulo.
Estaduais e ONGs.
CDD – 981.22
ISSN 2448-4261

1. Educação ambiental. 2. Escolas sustentáveis. 3. Sustentabilidade. 4.


Diversidade. I. Silva, Maria Majaci Moura da. II. Título.

CDD 372.357 981 22


SUMÁRIO

COMISSÕES ............................................................... 05

APRESENTAÇÃO ........................................................ 09

PROGRAMAÇÃO ........................................................ 11

ARTIGOS COMUNICAÇÃO ORAL ................................ 13

ARTIGOS EM POSTERES ........................................... 113


COMISSÕES

CENTRAL

Dra. MARIA MAJACI MOURA DA SILVA – Universidade Federal do Piauí


Dra. GRAÇA ARRAIS MEDINA – Universidade Federal do Piauí
MS MARCOS ANTONIO TAVARES LIRA – Universidade Federal do Piauí
Dra. ROSILANE DE LIMA BRITO MAGALHAES – Universidade Federal
do Piauí
Dra. MARIA DE LOURDES ROCHA LIMA NUNES – Universidade
Federal do Piauí
ESP. LUANAS MARIA BATISTA – Sec. de Educação do Estado do Piauí

COMISSÃO ORGANIZADORA:

ROSILANE LIMA MAGALHÃES – CTT/UFPI


CRISTIANE LOPES CARNEIRO DE ALBUQUERQUE - CTT/UFPI
JOSÉ BENTO DE CARVALHO REIS – CTT/UFPI
LUANAS MARIA BATISTA - SEDUC
MILCIADES GADELHA DE LIMA – FUNDAÇÃO AGENTE
MARIA IZOLDA MONTE CARDOSO - IBAMA
CÉLIA M. SILVA - FUNASA
RAIMUNDA FERREIRA DAMASCENO VIEIRA - FUNASA
RAIMUNDO JOSÉ FONTENELE SOUSA - FIEPI/SENAI
MARIA RITA BARBOSA DE SOUSA – CTT/UFPI

COMISSÃO CIENTIFICA

DR. GONÇALO MENDES DA CONCEIÇÃO – UEMA


Dra. LUZINEIDE FERNANDES - UFPI
MS. SIMONE PUTRIK – UFPI
MS. ANA HELENA MENDES LUSTOSA - IBAMA
Dra. MARIA MAJACI MOURA DA SILVA - UFPI
MS MARCOS ANTONIO TAVARES LIRA - UFPI
MS. FÁBIO ADRIANO SANTOS SILVA - UFPI
MS VANIA MARIA GOMES DA COSTA LIMA – UFPI
MS RAIMUNDA NONATA DA CRUZ OLIVEIRA – FUNASA
Esp. JOAQUIM OLIVEIRA - SEMAR
Dra. TALITA SALOMÃO - CODEVASF
4
Dra MARIANA APARECIDA CARVALHARES - EMBRAPA
Dra. MARIA DE LOURDES ROCHA LIMA NUNES – UFPI

COMISSÃO EXECUTIVA

RAIMUNDA NONATA DA CRUZ OLIVEIRA – FUNASA


RAIMUNDA FERREIRA DAMASCENO VIEIRA - FUNASA/SESAM
MILCÍADES GADELHA LIMA - FUNDAÇÃO AGENTE
FABIANO CATÃO CÓRDULA OURIQUES DIAS – CODEVASP
JOSÉ BENTO DE CARVALHO REIS - CTT (UFPI)
JOAQUIM OLIVEIRA - SEMAR
LUANAS MARIA BATISTA - SEDUC/SUPEA
MARIA DAS GRAÇAS MEDINA ARRAIS - CCN/DB/UFPI
MARCOS ANTONIO TAVARES LIRA - CT/UFPI
ROBÉRIO DOS SANTOS SOBRENO – EMBRAPA-MEIO NORTE
CÉLIA M. SILVA – FUNASA
RAIMUNDO JOSÉ FONTENELE SOUZA – FIEPI/SENAI
CRISTIANE LOPES CARNEIRO DE ALBUQUERQUE – CTT/UFPI
ANA HELENA MENDES LUSTOSA – IBAMA/PI
MARIA IZOLDA MONTE CARDOSO – IBAMA-PI
REVISORA DOS ANAIS – EDILCE MADEIRO DE LIMA

ASSESSORES

BRENDA KARINA DE A. PROCOPIO


DENILSON SOUSA MARTINS
EDILCE MADEIRO DE LIMA
ERIKA BRENDA MONTEIRO XAVIER
EMANNUEL VITOR PIRES DE MOURA
FRANCINE DUTRA DE SENA
GLÊNIO ALEX ALVES RIBEIRO
GUILHERME WENDEL ALVES PESSOA
IEUNE CARVALHO DE MOURA
JAINE DOS SANTOS SARAIVA
JOSE PEREIRA DA SILVA
JOSÉ ROBERT DA SILVA CARVALHO
JÉSSICA TAIRINE PACHECO E SILVA
JOABE DOS SANTOS SARAIVA
LAURA BORGES RODRIGUES
LILIANE RODRIGUES DE OLIVEIRA

5
PABLO LAFAYETE DOS S. DELFINO
RENATA DO VALE GOMES
RUDSON BRENO MOREIRA RESENDE
THALIA DA COSTA ROCHA
WILBENI ALEXANDRE E SILVA LIMA

PARCEIROS

- INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO – IFPI


- FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA
- SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO – SEDUC
- FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO PIAUÍ – FIEPI/SENAI
- FUNDAÇÃO AGENTE
- COMPANHIA DE DESENV. DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E
PARNAIBA-CODEVASF
- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI - UESPI
- INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS- IBAMA
- SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS –
SEMAR
- EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA –
EMBRAPA
-SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE – SESAPI

ATIVIDADES PARALELAS:

Lançamento de livro
Exposição de Stands de livros
Feira da Economia Solidária
Stands Institucionais

6
APRESENTAÇÃO

O I Seminário Regional de Educação Ambiental e Escolas


Sustentáveis, promovido pela Universidade Federal do Piauí, no
Colégio Técnico de Teresina com o apoio de instituições Federais,
Estaduais e ONGs, ocorreu no período de 20 a 22 de maio de 2015.
A realização deste Seminário se justifica na perspectiva de
estimular as escolas e a comunidade a participarem de projetos que
promovam a educação para sustentabilidade e a diversidade,
valorizando a pessoa humana.
É fundamental envolver e estimular a participação da
comunidade escolar nas ações de educação ambiental desenvolvidas
na localidade em que está inserida, contribuindo para a realização de
diagnósticos socioambientais participativos, para o desenvolvimento
de intervenções educacionais e para o fortalecimento do intercâmbio
escola/comunidade, numa perspectiva de educação integral.
Uma interessante possibilidade de atuação é a construção, no
âmbito da escola, de grupos de discussão e ação que envolvam
estudantes, professores e funcionários que buscam trabalhar temáticas
relacionadas à educação ambiental na Escola, através das Com Vida –
Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola.
É importante também que a comunidade acadêmica se faça
presente em foros populares na intenção de aportar o conhecimento
técnico-científico e se aproximar das demandas da comunidade, abrindo
vias de diálogo que proporcionem, a todos, a oportunidade de convergir
ações e interesses pessoais e coletivos em um processo em que a troca
de saberes é alimentada cotidianamente.
É desejável, portanto, que as universidades, centros de pesquisa
e as organizações não governamentais e sócio-ambientalistas
constituam redes de formação e se articulem com as instituições
públicas responsáveis pelo meio ambiente. Tais redes buscam qualificar
a formação dos técnicos envolvidos por meio de processos permanentes
que estimulam a atuação dos servidores não somente como técnicos,
mas também como educadores no planejamento, na implantação e na
gestão das ações de Educação Ambiental.

A Comissão organizadora

7
PROGRAMAÇÃO SEMEARES 2015

DATA: 20 DE MAIO DE 2015.

LOCAL: Auditório do CTT/UFPI


08h30min a 19h00min Credenciamento

ABERTURA SOLENE
HORÁRIO: 18h00min – Apresentação de atividades artísticas
18h30min – 19h30min: Composição da Mesa e Pronunciamentos
19h30min – CONFERÊNCIA: Educação Ambiental e Escolas
Sustentáveis. Profª. Dra. DULCE MARIA PEREIRA – UFOP
20h40min – Café com prosa

DATA: 21 DE MAIO DE 2015

8h00min – MESA REDONDA: Experiências Exitosas em Educação


Ambiental e Sustentabilidade.
Mediador: Prof. Dr. Milciades Gadelha de Lima – Fundação Agente
- Estação Ecológica da UFMG – Profª. Dr. Bernardo Gontijo.
- Escola de Pedro II – Thomas Kempis
- Escola de Buriti dos Montes – Isaura
- 10h00min – Café com prosa
10h30min – Mediadora: Profª. Dra Cristiane Lopes Carneiro
PALESTRA: Turismo Sustentável e o desenvolvimento na Escala Humana
- Dra. Luzia Neide Coriolano - UECE
11h30min – Apresentação dos trabalhos em comunicação oral
12h30min – Intervalo para Almoço
14h30min - PALESTRA: CASA ECOEFICIENTE Eng. Eletricista: MS.
Newmark Heiner da Cunha Carvalho – Coord da Rede Senai – Paraíba de
Energia
MEDIADOR: Prof. Marcos Antonio Tavares Lira-UFPI
15h40min - Café com prosa
16h00min - MESA REDONDA: Atuação do Poder Público em Busca da
Sustentabilidade no Piauí
MEDIADOR: Profª. Dra. Maria de Fátima Veras Araújo
Policia Federal – Everardo Mendes Vila Nova e Silva
IBAMA – Prof. Dr. Assis Araújo
8
SEMAR – Esp. Carlos Moura Fé
CODEVASF- Esp. Fabiano Catão Córdula Ouriques Dias
IFPI – Prof. Dr. Marcos A. Castro M. Teixeira
UESPI – Profª. Dra. Roselis Ribeiro Barbosa Machado
17h30min ATIVIDADE CULTURAL:
DATA: 22 DE MAIO DE 2015
08h30min Apresentação dos Artigos em Comunicação
10h00min - Café com prosa
10h30min Apresentação dos Artigos em Painel.
12h30min – Intervalo para Almoço
14h00min – MESA REDONDA - Eficiência Energética e Uso Racional
da Água e dos Recursos Naturais
Mediador(a): Profª Dra. Luzineide Fernandes
ELETROBRÁS: Eletrotécnico. Gilvan Rodrigues Monteiro
UFPI - Prof. Dr. Francisco Edinaldo Mousinho
16h00 - Café com prosa
16h30min - PALESTRA: Universidade Sustentável: Uso Eficiente de
Recursos Energéticos.
Mediador: Prof. MS Marcos Antonio Tavares Lira
PROF. Prof. Dr. Fábio Rocha Barbosa – Coord. Do Laboratório de
Eficiência Energética do Curso de Eng. Elétrica e alunos do Curso de
Eng. Elétrica da UFPI
17h30m – Encerramento e Agradecimentos

9
COMUNICAÇÃO ORAL
ANÁLISE DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SOBRE
CONSUMO AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL DOS
PROFESSORES DO PROGRAMA ESCOLA 12
SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE TERESINA- PIAUÍ

GESTÃO ENERGÉTICA SUSTENTÁVEL PARA COLÉGIO


TÉCNICO DE TERESINA COM BASE NO PIMVP 25

A CONCEPÇÃO TEOLÓGICA DA EDUCAÇÃO


AMBIENTAL E SUAS VERTENTES DIVINAS 39

COLETA SELETIVA EM CAMPO MAIOR PIAUÍ: UMA


VISÃO SOCIAL E AMBIENTAL 45

MOBILIDADE DENTRO DA UFPI: O USO DA BICICLETA


POR ALUNOS DA RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA QUE 53
ESTUDAM NO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS


DOS RIACHOS NO PERÍODO CHUVOSO QUE CORTAM 59
A CIDADE DE FLORIANO/PI

CARTA DE PRINCÍPIOS E PROJETO AÇÃO: A INTER E


A TRANSDISCIPLINARIDADE NO CONTEXTO 65
ESCOLAR

OS OBSTÁCULOS PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:


UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DA ESCOLA 76
MUNICIPAL JOSÉ ALEXANDRE EM PARNAÍBA - PI.

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS E PROFESSORES DA


ESCOLA MUNICIPAL JUSTINO LUZ SOBRE OS 86
RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDOS NA ESCOLA

A RECICLAGEM EM EVENTOS EDUCACIONAIS 99


ANÁLISE DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SOBRE
CONSUMO AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL
DOS PROFESSORES DO PROGRAMA ESCOLA
SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE
TERESINA- PIAUÍ

Denis Barros de Carvalho1


Antonia Moura Nunes Neta2

RESUMO: Os problemas ambientais têm crescido de forma assustadora,


se fazendo necessário o desenvolvimento de ações e de políticas públicas
voltadas para resolução desse problema. A crise ambiental contribui para
o aumento das desigualdades sociais, gerando pobreza e degradação do
meio ambiente. Uma das estratégias para o enfrentamento das
problemáticas social e cultural é a educação ambiental, pois suas ações
contribuem para a melhoria da qualidade de vida. A pesquisa analisou a
relação entre educação ambiental e as práticas pedagógicas desenvolvidas
pelos professores sobre consumo ambientalmente responsável, no ensino
fundamental das escolas municipais promotoras do projeto de Educação
Ambiental Escola Sustentável, em Teresina, PI. As práticas pedagógicas
desenvolvidas pelos professores apresentam uma grande deficiência em
relação às abordagens sobre a temática do consumo e os problemas
oriundos do mesmo. Foi detectada uma falta de ajuste entre os Projetos
políticos e pedagógicos das escolas e a lei de educação ambiental.

Palavras-chave: Educação ambiental, Consumo, Escola sustentável.

INTRODUÇÃO

A problemática das questões ambientais tem crescido bastante nos


últimos anos e, com ela, o aumento da preocupação em preservar o meio
ambiente sem barrar o crescimento econômico. Surge, nesse contexto, o
conceito de Desenvolvimento Sustentável, como forma de compatibilizar
preservação e crescimento. Desde a Conferência Mundial sobre o Meio

1
Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Federal
do Piauí (UFPI) e Professor do Mestrado em Desenvolvimento e meio Ambiente da UFPI.
2
Bióloga, Mestra em Desenvolvimento e Meio e Meio Ambiente pela UFPI.

12
Ambiente Humano, celebrada em Estocolmo, em 1972, pode se perceber
que uma das formas de minimizar seria através da Educação Ambiental,
objeto de discussão da Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, realizada na cidade de Tbilisi (Geórgia), em 1977.
A Educação Ambiental seria capaz de orientar os
comportamentos e valores da sociedade para reduzir a degradação do
meio ambiente. A sensibilização do homem frente aos problemas
ambientais, causados pelo seu modo de vida, geraria atitudes
comportamentais direcionadas ao uso dos recursos naturais de forma
racional. Seiffert (2007) diz que a Educação Ambiental é capaz de
modelar o caráter e valores ambientais de indivíduos atingidos por ela.
Essa forma de educação promoveria uma melhoria na qualidade
de vida, pois atua diretamente no comportamento do homem em
questões como poluição ambiental, redução da produção de lixo,
consumo consciente evitando desperdícios, reciclagem e
reaproveitamento de materiais, o que provoca, consequentemente, a
redução de doenças causadas pela poluição, além de diminuir a pressão
sobre os recursos ambientais.
A educação ambiental deve ser orientada para resolução de
problemas ambientais. Dessa forma, alguns temas são de fundamental
importância para diminuir a pressão sobre o meio ambiente. De acordo
com Furriela (2001), as pressões ambientais estão, de uma forma ou
de outra, ligadas à questão do consumo, desde a retirada dos recursos
naturais para a produção de bens ou serviços, até sua utilização e
destinação de seus resíduos. Portanto, torna-se importante que as
questões de consumo sejam discutidas no ambiente escolar de forma a
orientar os hábitos de consumo e formar cidadãos comprometidos com
a sustentabilidade ambiental.
Para Alberto Johwan Oh (2009), o conhecimento transmitido
na escola deve estar adequado à realidade de modo a capacitar o aluno
para as complexidades do mundo real, ajudando a desenvolver uma
visão global das questões ambientais. A Educação Ambiental nas
escolas deve estar pautada na construção da cidadania dos alunos, para
que os mesmos possam interagir com o meio ambiente de forma
responsável. Sendo assim, haverá a promoção do desenvolvimento
local, o que favorece uma maximização dos recursos humanos, naturais
e tecnológicos, gerando oportunidades sociais.
Carvalho (2001) considera que todos os grupos sociais devam
ser educados para a conservação ambiental, no entanto, as crianças
são um grupo prioritário. Nesse sentido, as crianças passarão a

13
reconhecer as necessidades e a promover a mobilização dos seus
familiares e da comunidade nesse processo. Ao considerar a Educação
Ambiental como uma política pública para o desenvolvimento local, a
Secretaria de Educação Municipal de Teresina (SEMEC) desenvolve,
junto às escolas municipais, projetos de educação ambiental e
sustentabilidade, como o projeto Escola Sustentável.
Sabendo que a Educação Ambiental promovida nos projetos
ambientais deve contribuir para a sensibilização da coletividade sobre
as questões ambientais e sua organização na defesa da qualidade do
meio ambiente, surge o seguinte questionamento: como o programa
de Educação Ambiental Escola Sustentável, desenvolvido atualmente
em dez escolas municipais de Teresina, para os alunos de ensino
fundamental, contribui nas questões pertinentes ao consumo
ambientalmente responsável?
Os projetos de educação ambiental são muito importantes, pois
segundo Carvalho (2001, p. 3) “a internalização de um ideário
ecologista emancipatório não se dá apenas por um convencimento
racional sobre a urgência da crise ambiental, mas, sobretudo, implica
numa vinculação afetiva com os valores éticos e estéticos dessa visão
do mundo.” Portanto, surge a importância da análise do projeto Escola
Sustentável desenvolvido nas escolas municipais de Teresina,
observando a sua contribuição para internalização da problemática
ambiental e desenvolvimento de práticas sustentáveis para a
conservação da natureza e desenvolvimento local.
Segundo o PCN Meio Ambiente (1998), ao escolher o conteúdo
referente à temática ambiental local, os problemas ganham significado
prático para os alunos, pois proporcionam aos mesmos uma
participação nas discussões, fomentando, dessa forma, o debate.
A pesquisa objetiva analisar a relação entre educação ambiental
e as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores sobre
consumo ambientalmente responsável no ensino fundamental das
escolas municipais promotoras do projeto de Educação Ambiental
Escola Sustentável, em Teresina, PI. Para alcançar o objetivo, serão
verificada a adesão e a participação dos professores nos projetos de
educação ambiental realizados nas escolas municipais promotoras do
projeto Escola Sustentável e, a partir disso, elencamos os seguintes
objetivos específicos: Identificar se os professores discutem as práticas
de consumo ambientalmente responsável com seus alunos e que
estratégias didáticas utilizam nesse processo; verificar como os
professores abordam nas disciplinas a problemática ambiental e sua

14
contribuição para resolução dos problemas; averiguar quais são os
problemas ambientais mais abordados no ambiente escolar pelos
professores envolvidos no programa;

METODOLOGIA

Para identificar se os professores discutem as práticas de


consumo ambientalmente responsável com seus alunos e que estratégias
didáticas são utilizadas nesse processo, foi realizado o procedimento
denominado estudo de caso. Segundo Gil (2002), essa abordagem
permite um detalhado e amplo conhecimento do objeto estudado, que
será feito através da associação do método de abordagem do tipo
descritivo-interpretativo, pois o objetivo não é apenas apresentar os
resultados, mas evidenciar a relação dos mesmos nas atitudes no meio
social em que eles ocorrem. A abordagem técnica da pesquisa é quanti
qualitativa, com seu enfoque na pesquisa qualitativa.

1.1. Procedimentos
Os procedimentos metodológicos foram divididos em três etapas
com o intuito de melhor sistematizar o andamento da pesquisa. A
primeira etapa consiste em pesquisa bibliográfica e documental . A
segunda etapa em delimitação da amostra e aplicação dos questionários
aos professores da rede municipal do ensino de Teresina. A terceira
etapa se constitui na tabulação e processamento de análise dos dados.

3.1.1. Primeira etapa:


Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada
em documentos, tais como revistas, livros, teses e dissertações e artigos
científicos que abordaram o desenvolvimento da educação ambiental
e as práticas de consumo.
Em seguida, foi feito um levantamento na Secretaria Municipal
de Educação de Teresina das escolas promotoras do projeto Escolas
Sustentáveis. O total de escolas que desenvolvem o projeto foi levantado
e identificada cada escola. Posteriormente, foi realizada uma entrevista
com a coordenadora do departamento de educação ambiental para
verificação da situação da Educação Ambiental no município de Teresina.

3.1.2. Segunda etapa:


Após a etapa inicial, foi delimitada a amostra para o estudo da
percepção de consumo e educação ambiental dos professores. Foi

15
delimitada uma amostra de 40% das escolas envolvidas no Programa
Escola Sustentável.
De acordo com Vieira (2009), a amostra da presente pesquisa
pode ser classificada como amostra não probabilística ou de
conveniência, pois a escolha foi realizada para facilitar o acesso do
pesquisador, tendo como critério a localidade das escolas. As escolas
envolvidas no programa podem ser divididas em dois grupos: as de
Fundamental menor, cujo ensino envolve do 1º ao 5º ano, e as de
Fundamental maior, que trabalham com alunos do 6º ao 9º ano. As
escolas selecionadas para o desenvolvimento da pesquisa estão
localizadas na Zona Norte do município de Teresina, as quais foram:
• Escola Municipal Domingos Afonso Mafrense (Fundamental
menor);
• Escola Municipal Eurípedes de Aguiar (Fundamental maior);
• Escola Municipal Mocambinho (Fundamental maior);
• Escola Municipal Cerqueira Dantas (Fundamental menor).

Coleta de dados
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário,
com questões abertas orientadas pelos objetivos da pesquisa. Segundo
Vieira (2009), o questionário é um instrumento de pesquisa constituído
por uma série de questões sobre determinado tema.
Foram aplicados os questionários de acordo com a classificação
da escola. Nas escolas de Ensino Fundamental maior, as áreas
abordadas foram língua portuguesa, geografia e matemática, nas de
Ensino Fundamental menor, com os professores polivalentes no total
de cinco questionários por escola.
Os professores foram categorizados para apresentação dos
resultados com o intuito de preservar sua identidade. Dessa forma, os
professores do Ensino Fundamental Maior, por atuarem cada um em
apenas uma área do ensino, receberam as classificações A1, A2, A3,
A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10. Os professores do Ensino Fundamental
Menor, por serem polivalentes e trabalharem com todas as disciplinas,
foram classificados em P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10. Essa
classificação não obedece à ordem da escola apresentada no texto, foi
realizada de forma aleatória.
• Perfil dos professores participantes do Programa Escola
Sustentável.
Os professores que participaram da pesquisa apresentam idades
entre 21 e 50 anos de idade. Todos os professores fazem parte do quadro

16
efetivo da Rede Municipal de Ensino de Teresina no Piauí. Dentre os
professores pesquisados, alguns possuíam pós-graduação em nível de
especialização e mestrado.

3.1.3. Terceira Etapa


Depois de levantados em campo, os dados foram tabulados para
facilitar a leitura das informações obtidas. Foi realizada a análise do
discurso das respostas fornecidas pelos professores. De acordo com
Orlandi (2005), a análise do discurso tem como objeto de estudo a
interpretação através da reflexão.

A Análise do Discurso considera que a linguagem não é


transparente e procura detectar, então, num texto, como
ele significa. Ela o vê como detentor de uma materialidade
simbólica própria e significativa. Portanto, com o estudo
do discurso, pretende-se apreender a prática da linguagem,
ou seja, o homem falando, além de procurar compreender
a língua enquanto trabalho simbólico que faz e dá sentido,
constitui o homem e sua história. (SILVA, 2005 p. 16).

Os resultados da pesquisa e suas análises estarão sendo


detalhadas no capítulo de análise dos resultados e, posteriormente,
apresentadas as inferências no capítulo de conclusão.

RESULTADOS E ANÁLISES

O gráfico 2 apresenta os dados obtidos com o questionamento


sobre a abordagem dos temas referentes aos problemas ambientais feito
pelo professor dentro da sua disciplina e no ambiente escolar.

Gráfico 2: Número de professores que discutem ou não os


problemas ambientais na disciplina(s)

17
O gráfico mostra que a maior parte dos professores participantes
da pesquisa aborda a temática ambiental dentro da sua disciplina.
Podemos afirmar que esses professores abordam o tema transversal
meio ambiente, levando em consideração que não apenas os professores
polivalentes e de geografia afirmaram discutir o tema, como também
os professores de matemática e língua portuguesa.
O gráfico apresenta os problemas ambientais e a quantidade de
vezes que foram citados pelos professores do Ensino Fundamental
Maior e Menor que afirmaram discutir questões sobre os problemas
ambientais. O problema ambiental citado com mais frequência foi sobre
o uso racional da água, seguido por poluição atmosférica e dos
mananciais.

Gráfico 3: Problemas ambientais discutidos no ambiente escolar

Quanto aos temas abordados, podemos inferir que são de


fundamental importância para se desenvolver uma sensibilização frente
aos problemas provocados ao meio ambiente. O tema mais abordado,
a forma de consumo racional da água, tem recebido destaque no cenário
mundial dos problemas ambientais da atualidade. A questão do
desmatamento no Brasil, desde sua colonização até os dias de hoje,
tem causado grandes problemas aos ecossistemas brasileiros.
Segundo SILVA, J. A (2002), um percentual de 70% dos alunos
obtém conhecimento sobre os problemas ambientais no ambiente
escolar. Esse dado reforça a importância da discussão sobre os
problemas ambientas dentro da escola.
Para atender o objetivo de identificar se os professores discutem
as práticas de consumo ambientalmente responsável com seus alunos
e que estratégias didáticas utilizam nesse processo, foram feitos os

18
seguintes questionamentos: você discute na sua disciplina a importância
de um consumo ambientalmente responsável? Como você trabalha na
escola a temática do consumo ambientalmente responsável? Como você
poderia desenvolver o tema consumo ambientalmente responsável
dentro da disciplina que você leciona?
Os resultados serão apresentados e discutidos separadamente
para o melhor entendimento das questões, seguindo os resultados e
análise na ordem que os questionamentos foram apresentados acima.

O gráfico 4 : Professores que discutem o consumo ambientalmente


responsável no ambiente escolar

O gráfico mostra que o número de professores do Ensino


Fundamental Menor que discute sobre consumo é maior que o número
de professores do Ensino Fundamental Maior. Silva (2009) afirma em
sua pesquisa que grande parte dos cursos de licenciatura não inclui o
meio ambiente e os temas transversais dentro do seu currículo e isso
dificulta a abordagem desses temas pelos professores. O mesmo estudo
mostra que os professores têm dificuldade de trabalhar de forma
interdisciplinar. Como nos cursos de pedagogia, os professores
conhecem a base de todas as disciplinas e ministram as mesmas de
forma polivalente, para esses professores a dificuldade da
interdisciplinaridade é menor, além do currículo apresentar os temas
transversais como proposta de estudo.
A forma como os professores do Programa Escola Sustentável
trabalham na escola a temática do consumo é apresentada nas tabelas
5 e 6. Para a sua análise, foi criado um parâmetro com base nos PCNs
Meio Ambiente.

19
Quadro 1

Quadro 2

As recomendações de abordagens dos conteúdos do PCN meio


ambiente foram classificadas para facilitar a análise das formas
utilizadas pelos professores do Programa Escola sustentável da seguinte
forma: Trabalhos visuais; Pesquisas; Meios de comunicação;
Identificação da legislação ambiental; Parcerias com instituições
públicas; Acompanhamento de ONGs ambientais; Limpeza escolar;
Aulas passeios; Práticas de agricultura orgânica; Redução do consumo.
As formas de abordagem da temática consumo foram analisadas
usando como parâmetro as propostas do PCN meio ambiente para
abordagem da questão ambiental, por existir essa relação, em que todos
os problemas ambientais terem em sua origem o consumo

20
(FURRIELA, 2001). As formas de abordagens dos professores
participantes do programa concentram-se apenas nos itens 1, 2, 3, 7 e
10. Os itens 4, 5, 6, 8 e 9 não foram identificados nas respostas dos
professores do Ensino Fundamental Maior e Menor. Temas como
legislação ambiental e suas possibilidades de ação, parcerias com
instituições públicas que trabalham com os encaminhamentos das
questões ambientais, atividades das ONGs ambientais, aulas passeios
para percepção dos problemas ambientais locais e práticas de
agricultura orgânica não têm feito parte das atividades pedagógicas
dos professores do Programa Escola Sustentável.
Furriela (2001) afirma que as atividades educacionais
relacionadas com o consumo devem estar presentes em todas as
disciplinas do Ensino Fundamental e que o meio ambiente, por se tratar
de um tema transversal, engloba a questão do consumo. Os professores
A3, A7 e P4 afirmam que não trabalharam essa temática com os alunos,
estando os mesmos em desacordo com a proposta do PCN meio
ambiente.
O PCN meio ambiente (1998, p. 202 e 203) apresenta os
objetivos dos conteúdos que trabalham a questão ambiental. Segundo
o PCN meio ambiente (1998), os conteúdos devem: 1) contribuir com
a conscientização de que os problemas ambientais dizem respeito a
todos os cidadãos e só podem ser solucionados mediante uma postura
participativa; 2) proporcionar possibilidades de sensibilização e
motivação para um envolvimento afetivo; 3) possibilitar o
desenvolvimento de atitudes e a aprendizagem de procedimentos e
valores fundamentais para o exercício pleno da cidadania, ressaltando-
se a participação no gerenciamento do ambiente; 4) apresentar uma
visão integrada da realidade, desvendando as interdependências entre
a dinâmica ambiental local e a planetária, desnudando as implicações
e causas dos problemas ambientais; 5) ser relevantes na problemática
ambiental do Brasil. As propostas pedagógicas dos professores, as quais
abordam a temática consumo, devem seguir essas orientações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observamos com o estudo sobre a relação entre educação


ambiental e as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores
sobre consumo ambientalmente responsável no ensino fundamental
das escolas participantes do programa Escola Sustentável que existe
uma grande deficiência entre a adequação das escolas à lei da Educação

21
Ambiental. Os professores da rede municipal de Teresina não possuem
formação continuada que abranja a temática socioambiental, a qual é
uma exigência da presente na Lei de Educação ambiental e das
diretrizes curriculares para a Educação ambiental.
A relação entre as práticas pedagógicas dos professores sobre
consumo ambientalmente responsável, dentro das atividades de
educação ambiental no ambiente escolar, mostrou que não existe
conhecimento profundo dos problemas ambientais originados pelas
formas de consumo e que o desenvolvimento de atividades relacionadas
ao tema ainda são realizadas de forma irregular.
A problemática do consumo ambientalmente responsável tem
se apresentado de forma insatisfatória. A temática do Consumo ainda
é trabalhada de forma não sistemática e com a utilização de poucas
atividades que envolvam os alunos com suas realidades locais.
Concluímos que, embora o Programa Escola Sustentável esteja
em atividade na escola, muitos professores não o conhecem e, dessa
forma, não trabalham a questão socioambiental conforme é proposto
pelo programa. Essa falta de inserção dos professores ao programa
compromete a efetividade do mesmo, pois os professores são a base
para a formação da consciência de cidadãos socioambientalmente
comprometidos, que são fundamentais para que uma escola possa se
constituir como sustentável.
Durante a realização da pesquisa, percebemos que existem
poucos estudos sobre a redução do consumo e práticas que envolva
essa atividade escolar no âmbito escolar. A importância da redução do
consumo tem sido negligenciada desde a Conferência de Estocolmo
por ter uma relação direta com a economia e não ser de interesse dos
países desenvolvidos.
As pesquisas e estudos científicos voltados para a temática do
consumo têm sido desenvolvidos em sua grande maioria para o
marketing empresarial, em que o foco é conhecer o consumidor e,
assim, propor novas estratégias que os alcancem.
Durante a fase de investigação da presente pesquisa para a
aquisição do referencial teórico, percebemos que não existem pesquisas
sobre a relação das atividades escolares e o consumo ou problemas
ambientais gerados pelo consumo em Teresina, bem como não existem
pesquisas sobre a formação dos professores e a educação ambiental no
município. A pesquisa, por ser um estudo pioneiro nessa área, servirá
como um norteador para pesquisas futuras sobre o consumo e a
problemática ambiental no ambiente escolar.

22
Sugerimos como proposta para resolução dos problemas
encontrados pela pesquisa a criação de um curso de formação
continuada em Educação Ambiental para os professores do município
de Teresina. Outra proposta seria a inclusão nos PPPs de atividades
escolares voltadas para a Educação ambiental.
Propomos, ainda, que o projeto do Programa Escola Sustentável
tenha uma maior abertura, a fim de que possa ser construído dentro
do ambiente escolar pela comunidade que forma a escola, para que a
mesma se sinta parte do Programa e tenha conhecimento do mesmo,
bem como possa ajustar as atividades e uso das tecnologias oferecidas
pelo Programa para a resolução dos problemas de ordem
socioambiental que existem na escola e em seu entorno.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


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CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Qual educação ambiental?
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Palestras sobre o Meio Ambiente. 2001.
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Cadernos de Pesquisas em Administração, v. 1, n.3, 2º sem.,1996
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Mestrado em Organizações e Desenvolvimento, da FAE - Centro Universitário
Curitiba, 2009.
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23
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de pesquisa em educação da UFPI, 2002, Teresina-PI. Anais do II Encontro
de pesquisa em educação da UFPI, 2002.

24
GESTÃO ENERGÉTICA SUSTENTÁVEL PARA
COLÉGIO TÉCNICO DE TERESINA COM BASE NO
PIMVP

Cristiana de Sousa Leite3


Osvaldo Augusto Vasconcelos de Oliveira Lopes da Silva4
Francisco Francielle Pinheiro dos Santos5
Fábio Rocha Barbosa6

RESUMO: O desenvolvimento econômico e o crescimento


populacional geram um aumento de demanda de energia que pode ser
suprida pelo aumento da geração, que causa impactos socioambientais,
ou pela Eficiência Energética. Este artigo é sobre a Gestão Energética
e busca responder se é possível sugerir um Sistema de Gestão Energética
para o Colégio Técnico de Teresina (CTT) que seja viável, cuja hipótese
é que se pode utilizar o Volume I Protocolo Internacional de Medição
e Verificação do Desempenho Energético (PIMVP) para a Gestão
Energética e tornar eficiente o uso de energia. O objetivo é elaborar
uma proposta de Gestão Energética para o CTT e, para tanto, fez-se a
caracterização do consumo energético através da análise das faturas
de energia do ano de 2014, elaborou-se uma Linha Base para o
monitoramento do desempenho energético com base no Volume I do
PIMVP e sugeriu-se estratégias de gestão para o aumento da eficiência
energética. Ao término dos estudos, pode-se fazer o levantamento das
despesas com energia elétrica, identificar perdas que poderiam ser
evitadas com a atuação de um Sistema de Gestão Energética, e sugerir
um modelo de gestão do uso de energia ativa, baseado no PIMVP,
sendo encarado como um Projeto de Aderência Estratégica.

Palavras chave: eficiência energética, universidade, desempenho


energético.

3
Engenheira Eletricista e aluna do Curso de Especialização em Automação de Processos
Industriais da UFPI. E-mail: cristianasleite@gmail.com.
4
Engenheiro Eletricista, Especialista em Gestão Ambiental e Aluno do Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPI. E-mail: eng.osvaldo@live.com.
5
Engenheiro Químico, Doutor em Engenharia Química e professor do Curso de Engenharia
de Produção/UFPI. E-mail: pinheiro@ufpi.edu.br.
6
Engenheiro Eletricista, Doutor em Engenharia Elétrica e professor do Curso de Engenharia
Elétrica/UFPI. E-mail: fabiorocha@ufpi.edu.br

25
INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, o acesso à energia está associado à melhoria


da qualidade de vida. Porém, o crescimento populacional e o
desenvolvimento econômico geram um aumento de demanda,
solicitando o investimento na criação de novas Usinas Geradoras de
Energia ou no aumento da Eficiência Energética. De acordo com a
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública que é
vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) e tem por
finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a
subsidiar o planejamento do setor energético, estima-se para os
próximos dez anos um crescimento econômico a uma taxa média de
4,3% ao ano e um crescimento demográfico a uma taxa média 0,7%
ao ano. Com isso, o país passará a ter 216 milhões de habitantes em
2023, ou seja, um acréscimo de aproximadamente 13 milhões de
pessoas nesse período. Por essa razão, projeta-se uma taxa média de
crescimento do consumo na rede de 4,0% ao ano, atingindo 689 TWh
no ano de 2023 (EPE, 2014b), o que representará, aproximadamente,
nove vezes a energia gerada na região nordeste do Brasil em 2013
(79.856 GWh) (EPE, 2014a).
Analisando-se o último Plano Decenal de Energia (PDE),
documento de responsabilidade da EPE que constitui um dos principais
instrumentos de planejamento da expansão energética do país, observa-
se que há previsão da expansão de Fontes Alternativas de Energia.
Porém, projeta-se ainda, para os próximos dez anos, a criação de 30
novas Usinas Hidrelétricas de grande porte (principal fonte de energia
elétrica do país) com um aumento de 30.555 GW da geração
hidrelétrica de energia, necessitando ainda da ampliação do Sistema
de Transmissão. Com isso, somente com essas novas usinas, estima-se
alagar uma área 4.526 km² sendo, aproximadamente, 59% dessa área
composta por vegetação nativa, além de afetar diretamente 43 mil
habitantes e dentre eles, representantes de populações com um alto
grau de vulnerabilidade social, como as populações indígenas (EPE,
2014b).
Como foi mostrado, o aumento da geração de Energia Elétrica
causa impactos socioambientais. Porém, se utilizarmos mais
eficientemente a energia que produzimos, estaremos protegendo o meio
ambiente e usufruindo ainda de outros benefícios (MARQUES,
HADDAD e GUARDIA, 2007). As previsões de expansão de energia
propostas pela EPE já levam em consideração o aumento da Eficiência

26
Energética que deverá atingir uma economia total de 54.222 GWh em
2023, a partir de um total de 3.906 GWh já contabilizado até 2014
pelo Programa de Conservação de Energia Elétrica (Procel), que
representará 68% de toda a energia gerada no nordeste no ano de 2013
(EPE, 2014b). Porém, é importante observar que as avaliações, por si
só, não conduzem ao desempenho ambiental esperado. São requeridas,
ainda, medidas e ações posteriores, executadas de forma planejada e
estruturada, com metas e responsáveis bem definidos, com
acompanhamento por parte da administração e, na melhor das
hipóteses, sendo parte de um Sistema de Gestão Ambiental.
Projetos que objetivam a redução do consumo de energia são
considerados Projetos de Eficiência Energética (PEE). De acordo com
a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de
Energia (ABESCO, 2014), PEE são um conjunto de medidas bem
definidas que, quando implantadas, levarão a uma redução,
previamente determinada, do consumo de energia ativa ou reativa de
uma organização, mantendo-se os níveis de produção e da qualidade
do produto final. Apontado como referência pela Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL), o Volume I do Protocolo Internacional
da Medição e Verificação do Desempenho Energético (PIMVP) (EVO,
2007), de responsabilidade da Organização para Avaliação de Eficiência
(Efficiency Valuation Organization – EVO), descreve, dentre outros
aspectos, as práticas comuns de medição, cálculo e relatório de
economia obtida por PEE nas instalações do usuário final e deve ser
utilizado para quantificar os benefícios decorrentes de sua implantação.
Como será mostrado posteriormente, esse protocolo pode servir ainda
como base para o monitoramento contínuo do uso de energia elétrica,
inerente a um Sistema de Gestão Energética.
De acordo com o último Balanço Energético Nacional (BEN),
publicação anual de responsabilidade da EPE que contém a
contabilidade da oferta e demanda de energia do Brasil, no ano de
2013, as edificações residenciais, comerciais e públicas utilizaram 48,5%
de toda a energia consumida no país (EPE, 2014a). Segundo Lamberts,
Dutra e Pereira (2014) o potencial técnico de economia em edificações
existentes é estimado em 30%, enquanto que em prédios novos (quando
se considera a eficiência energética nas edificações desde a fase de
projeto) pode alcançar até 50%. Nas universidades não é diferente.
Nesse contexto, dada à diversidade e complexidade desses sistemas,
tendo em vista que não é possível gerenciar o que não se pode medir,
deve-se apresentar técnicas e métodos para definir objetivos e ações

27
para melhorar o seu desempenho ambiental e controlar os resultados,
auxiliando os gestores nas análises de PEE, conscientizando a
comunidade acadêmica, pressupondo que o desenvolvimento desse tipo
de projeto em universidades deve objetivar mais do que a verificação
de indicadores gerenciais.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Ambiental,
de responsabilidade do Ministério da Educação e Cultura (MEC),
publicadas no Diário Oficial da União em 15 de junho de 2012, por
sua vez, estabelece no seu Artigo 14 que a Educação Ambiental nas
instituições de ensino, além de outras atribuições, deve contemplar
ainda o estímulo à constituição de instituições de ensino como Espaços
Educadores Sustentáveis, integrando: Proposta Curricular (com
temática da Educação Ambiental de forma transversal), Gestão
Democrática e Edificações, tornando-as referências de Sustentabilidade
Socioambiental (MEC, 2012). As instituições de ensino devem ser,
portanto, exemplo de sustentabilidade para toda a comunidade e
incentivar mudanças concretas na realidade social articulando três
eixos: edificações, currículo e gestão.
Este artigo busca responder se é possível sugerir um Sistema de
gestão do uso de energia para o Colégio Técnico de Teresina (CTT)
que seja viável para a instituição, tendo como objetivo geral elaborar
uma proposta de gestão do uso de energia. Dessa forma, os objetivos
específicos são: 1) caracterizar o consumo energético do CTT; 2)
estabelecer uma Linha Base para o monitoramento do desempenho
energético; 3) sugerir estratégias de gestão para o aumento da eficiência
energética. A hipótese principal é que se pode utilizar o PIMVP para a
Gestão Energética do CTT para torná-la eficiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a caracterização do consumo energético do CTT, solicitou-


se junto à Pró Reitoria de Administração (PRAD) as cópias das faturas
de energia elétrica de janeiro de 2014 a dezembro de 2014 (ano base)
do Campus Universitário Ministro Petrônio Portela (CMPP), que
engloba o CTT, e buscou-se no site da instituição outros documentos
relevantes como o Calendário Acadêmico, e o Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI). De posse das faturas, analisou-
se as despesas com energia elétrica pagas pela instituição, identificando-
se, de acordo com a modalidade tarifária, os Custos Gerenciáveis
(demanda e consumo de energia) e as Perdas Evitáveis (Demanda de

28
Ultrapassagem, Reativo Excedente, Multas e Juros), sugerindo-se
estratégias de gestão energética.
Para a eliminação das Perdas Evitáveis, utilizou-se os valores
medidos como possíveis benefícios de um projeto de engenharia e
gestão, com custo estimado com base em projetos semelhantes, e
analisou-se sua viabilidade técnico-econômica e aderência estratégica.
Para a gestão dos Custos Gerenciáveis, seguindo as orientações do
primeiro volume do PIMVP, utilizou-se os dados disponíveis nas faturas
de energia para medição do consumo de Energia Elétrica de toda a
instalação, e a medição das Variáveis Independentes em cada um dos
Ciclos de Medição, dentro do Ano Base. As variáveis independentes
foram definidas em função da atividade fim da instituição e o Ciclo de
medição foi definido como sendo o intervalo compreendido entre as
leituras dos medidores realizadas pela concessionária de energia, tendo
o seu grau de correlação determinado com base no Coeficiente de
Correlação de Pearson. Já o Ano Base, período de tempo necessário
para caracterização do consumo energético, foi definido como o ano
de 2014.
Ao final desse diagnóstico energético foi utilizada a variável
independente de melhor correlação com o consumo de energia
(utilizou-se como exemplo o consumo de energia ativa no horário de
ponta do sistema) para definir uma Linha Base, determinada por
Regressão Linear, para o monitoramento do consumo energético da
instituição e verificação do desempenho de possíveis PEE que poderão
ser implantados na organização, ou para a criação de índices que podem
ser utilizados para a Gestão Energética.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Instituída em primeiro de março de 1971 a Universidade Federal


do Piauí (UFPI) é uma instituição federal de Ensino Superior sediada
na cidade de Teresina-PI, possuindo ainda campi nas cidades de
Parnaíba, Picos, Floriano e Bom Jesus. De acordo com o último Plano
de Desenvolvimento Institucional (PDI) divulgado pela instituição
(divulgado para consulta pública e sujeito a alterações), a UFPI visa
ser reconhecida como uma universidade de excelência na construção
e difusão do conhecimento científico, tecnológico e artístico,
comprometida com o desenvolvimento socioeconômico, de modo
inovador e sustentável, tendo como missão:

29
Propiciar a elaboração, sistematização e socialização do
conhecimento filosófico, científico, artístico e tecnológico
permanentemente adequado ao saber contemporâneo e
à realidade social, formando recursos que contribuam para
o desenvolvimento econômico, político, social e cultural
local, regional e nacional (UFPI, 2014).

De acordo com a metodologia apresentada, foram analisadas


as faturas de energia elétrica de janeiro a dezembro de 2014 do CMPP,
solicitadas à PRAD por meio de um ofício encaminhado à Pró-reitora
que foi prontamente atendido. A partir da análise das faturas,
identificou-se que o CMPP da UFPI, segundo os padrões
estabelecidos pela ANEEL, constitui-se de duas unidades
consumidoras junto à concessionária de energia local. O CTT (inscrito
na concessionária sob o código único 0107182-3), por se situar em
um terreno distinto do restante do campus, possui medição
independente, da qual também faz parte o Centro de Ciências
Agrárias (CCA), enquanto que o restante das instalações do campus
é inscrito na concessionária sob o código único 0100677-0 e é
alimentado a partir do Centro de Ciências da Natureza (CCN),
possuindo uma única medição. O fato de o CTT possuir medição
independente foi facilitador para a elaboração desse artigo.
Ambas as unidades consumidoras são classificadas como
grupo A, subgrupo A4 (tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV),
do tipo Poder Público Federal e tem seu consumo de energia elétrica
faturado pela Tarifa Horária Verde, que cobra uma tarifa única para
a demanda de potência (R$/kW) e duas tarifas para o consumo de
energia: uma para o horário ponta (R$/MWh), ou seja, período em
que a demanda de energia é maior na área de concessão da
concessionária de energia local, compreendido entre as 17 horas e 30
minutos e 20 horas e 29 minutos de cada dia (exceção feita aos
sábados, domingos e alguns feriados previstos pela ANEEL) e outra
tarifa de energia com um custo menor que a anterior para o horário
fora de ponta (R$/MWh), ou seja, para o restante do dia (ANEEL,
2010).
O CTT situa-se no Bairro Socopo, tendo sido vinculado
oficialmente a UFPI em 1976 através do Decreto Nº 78.672/1976.
Atualmente, o Colégio Técnico ministra cursos técnicos de forma
integrada, subsequente e concomitante com o ensino médio,
presenciais, além de cursos técnicos a distância e cursos de formação
integral e continuada (FIC) que possuem curta duração e com foco
30
em uma área de atuação específica. Sua estrutura física é composta,
dentre outros espaços, por dez salas de aula, seis laboratórios uma
estufa, um campo agrícola para desenvolvimento de projetos, uma
sala de vídeo, seis espaços de convivência e um auditório.
A Tabela 1 mostra o resumo da composição das despesas com
energia elétrica do CTT no período de janeiro a dezembro de 2014,
que além da infraestrutura descrita acima, alimenta o CCA do CMPP
da UFPI (33 laboratórios, cinco espaços de convivência, 24 salas de
aula, sete auditórios, uma biblioteca setorial, dentre outros). O
Diagnóstico Energético apresentado mostra que 3,52% do valor que
foi pago a concessionária local (R$ 664,17/mês) identificadas na
tabela como “Perdas Evitáveis” somente no período de janeiro a
dezembro de 2014, referente ao CTT, são gastos desnecessários que
podem ser facilmente evitados.
Faz-se necessária a revisão do contrato de fornecimento de
energia elétrica junto à concessionária para reduzir o valor pago com
demanda de ultrapassagem, a instalação de bancos de capacitores
para reduzir o reativo excedente, além da diminuição da burocracia
para o pagamento das faturas em dia e assim evitar a cobrança de
multas e juros. Vale ressaltar que as faturas de todas as unidades
consumidoras de responsabilidade da UFPI são apresentadas e pagas
no mesmo dia. Dessa forma, se a universidade está pagando multas e
juros por conta do atraso no pagamento das faturas do CTT, então
ela também está pagando multas e juros em todas as outras faturas
de energia.
Os Gráficos 1 e 2 mostram a variação dos gastos com energia
elétrica do CTT de janeiro a junho de 2014 e de julho a dezembro de
2014, respectivamente. A análise desses gráficos mostra um
considerável aumento do consumo de energia no final do período
em estudo, tendo seu maior consumo no mês de outubro de 2014,
com, aproximadamente, R$ 4.500,00 em perdas. Destaca-se ainda
que de janeiro a março de 2014 a instituição ainda estava encerrando
o período letivo de 2013.2 em virtude da última greve dos docentes,
e que de abril a julho e de agosto a dezembro de 2014, a instituição
estava ofertando os períodos letivos de 2014.1 e 2014.2,
respectivamente.
A Tabela 2 mostra o resultado das medições do consumo de
energia ativa no horário de ponta e fora-ponta, referentes ao CMPP,
utilizadas como exemplo, realizadas no ano de 2014, e as medições
das variáveis independentes. Foram escolhidas como variáveis

31
independentes no número de dias de medição e o número de dias
letivos em cada mês, além da média das temperaturas na cidade de
Teresina apresentadas pelo banco de dados do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), disponibilizado para consulta gratuita na
internet, para efeito de comparação, tendo em vista que em prédios
públicos, aproximadamente, 45% da energia consumida é devida ao
sistema de climatização (Lamberts et. al., 2014). Todas as análises
estatísticas que seguirão foram elaboradas com o auxílio da Planilha
eletrônica Microsoft Excel®.
A análise de correlação apresentada na Tabela 3 sugere que
existe uma correlação fraca do consumo de Energia Ativa nos horários
ponta e fora-ponta com o número de dias de consumo e com o número
de dias letivos e moderada com a temperatura média mensal.
Analisando-se somente esse parâmetro poderíamos sugerir a
utilização da última variável para a gestão do consumo de energia
ativa, porém sugere-se utilizar uma variável que possua uma melhor
correlação com o consumo de energia e que reflita a atividade fim da
instituição. Vale ressaltar que o PIMVP não determina um intervalo
de tempo mínimo para a determinação da Linha Base de Projetos de
Eficiência Energética, nem tampouco critérios estatísticos. Dessa
forma, desde que aceito pela administração, as Linhas Base definidas
nesse período de um ano poderiam ser utilizadas para a gestão
energética do CTT, estimulando a Eficiência Energética, uma vez
que após a execução de PEE a área de estudo com as características
de consumo antigas deixam de existir.
A Análise de Regressão mostra que existe linearidade entre
essas duas variáveis com uma precisão de, aproximadamente, 99%
(valor-P = 0,012). A equação que descreve a variação do consumo de
energia ativa na ponta em função da variação da temperatura média
mensal de janeiro a dezembro de 2014, que podem ser utilizadas pela
administração conforme as orientações do PIMVP, é mostrada no
Gráfico 3. Entretanto, o coeficiente R² que determina o percentual
da variação do consumo que pode ser explicado pela variação da
variável independente, também apresentado no mesmo gráfico, afirma
que apenas 48,67% da variação consumo de Energia Ativa pode ser
explicada pela variação da média da temperatura mensal. Isso se dá
em função da correlação entre as duas variáveis ser apenas moderada,
porém, vale ressaltar que se estudou um período curto de tempo,
dessa forma, faz-se necessária a continuidade dos estudos para a
determinação de uma variável que melhor se correlaciona com o

32
consumo de energia e que apresente uma correlação forte (R e” 0,80).
Podem ser estudadas por exemplo, o número de aulas programadas
ou o número de aulas ministradas.
Seguindo as orientações do protocolo, para a verificação do
desempenho energético de um determinado mês, utilizando-se a
equação da linha base mostrada no Gráfico 3, poder-se-ia afirmar
que, se fossem mantidas as características de consumo do ano anterior,
o CTT deveria ter consumido um valor “y” de energia, resultado da
imagem da temperatura média mensal naquele mês (variável “x”) na
equação da linha base. Dessa forma, o consumo evitado seria igual à
diferença entre esse consumo estimado de energia e o consumo
medido no mês. A partir daí, poder-se-ia então, determinar a redução
percentual além dos benefícios de um possível Projeto de Eficiência
Energética que, por ventura tenha sido executado, ou ainda servir de
índice para o monitoramento do consumo, atribuição de um Sistema
de Gestão Energética.

CONCLUSÃO

O apoio da UFPI com a disponibilização das informações


solicitadas foi imperativo para a realização dos estudos. Com a análise
das faturas do CTT, pode-se fazer o levantamento das despesas com
energia elétrica e identificar perdas que poderiam ser evitadas com a
atuação de um Sistema de Gestão Energética, sobretudo na revisão
dos contratos de fornecimento de energia, correção do fator de
potência e diminuição da burocracia no pagamento das faturas. No
caso específico do CTT, se tais iniciativas, encaradas como projetos
de investimento com um investimento inicial estimado em R$
30.000,00, considerando-se as médias da inflação dos últimos cinco
anos (6,26%) e dos reajustes das tarifas de energia (9,49%), e uma
vida útil de dez anos para o projeto, o valor de R$ 644,17/mês que
foi visto com perdas, pode agora ser encarado como benefício da
intervenção. Dessa forma o projeto poderá se pagar em 3,38 anos
(pay-back ajustado) e após a sua vida útil, a UFPI terá lucrado R$
58.778,49 (Valor Presente Líquido após dez anos), somente com
intervenções no CTT, uma vez que, na análise econômica, deixar de
gastar é o mesmo que lucrar.
Pode-se caracterizar o consumo energético do CTT e sugerir
um modelo de gestão do uso de energia e demanda de energia baseado
no PIMVP com, aproximadamente, 49% de adequação (R² = 0,4867),

33
utilizando-se a média das temperaturas mensais em Teresina-PI como
variável independente, com uma correlação moderada (R = 0,67), e
definindo-se os doze meses de cada ano como o ano base para o
monitoramento do consumo energético. Entretanto, O uso de energia
é apenas um dos aspectos ambientais gerenciáveis em uma
organização. Deve-se, portanto, implantar um Sistema de Gestão
Ambiental na Universidade, que englobe a Gestão Energética e
objetive a melhoria contínua de todos os aspectos ambientais
gerenciáveis: emissões atmosféricas, lançamentos em corpos d’água,
lançamentos no solo, uso de matérias-primas, uso de recursos naturais,
energia emitida (calor, radiação, vibração) e emissão de resíduos e
subprodutos, por exemplo.
A UFPI deve ser, portanto, exemplo de sustentabilidade para
toda a comunidade e incentivar mudanças concretas na realidade
social não só através de sua atividade fim (ensino, pesquisa e
extensão), mas também com a articulação da gestão e a infraestrutura
das edificações. As medidas propostas devem, portanto, ser encaradas
como Projetos de Investimento de Aderência Estratégica, uma vez
que se encontram alinhadas com a missão e a visão da UFPI para o
próximo quinquênio e com as determinações do Governo Federal,
sobretudo no que diz respeito à Educação Ambiental e à Gestão
Ambiental.

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arquitetura. 3.ed. Rio de Janeiro, 2014.
MARQUES, M. C. S.; HADDAD J.; GUARDIA, E. C. Eficiência Energética
– Teoria & Prática. 1ª ed. Itajubá: FUPAI, 2007.
MEC, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Resolução nº 2, de
15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental. Brasília, 2012.
UFPI, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ. PDI – Plano de
Desenvolvimento Institucional 2015-2019. Teresina, 2014.

TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1: Composição das despesas com energia elétrica do CTT de


janeiro a dezembro de 2014.

* Custos adicionais (COSIP, memória de massa, bandeiras tarifárias) e eventuais


descontos da fatura (retenção de impostos federais) não analisados pelo projeto.
Fonte: Elaborada pelos próprios autores

35
Tabela 2: Medição do consumo e das variáveis independentes do
CTT de janeiro a dezembro de 2014.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

Tabela 3: Análise de Correlação do Consumo de Energia do CTT


com as Variáveis Independentes.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

36
Gráfico 1: Variação das despesas com energia elétrica do CMPP de
janeiro a junho de 2014.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

Gráfico 2: Variação das despesas com energia elétrica do CMPP de


julho a dezembro de 2014.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

37
Gráfico 3: Linha Base da Energia Ativa do CTT de janeiro a
dezembro de 2014.

Fonte: Elaborada pelos próprios autores

38
A CONCEPÇÃO TEOLÓGICA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E SUAS VERTENTES DIVINAS

Allan Henrique Bacelar da Silva7


Allanbacelar@hotmail.com

RESUMO: Os avanços na construção de uma cidadania responsável


em torno da Educação Ambiental estimulam interações mais justas
entre os seres humanos e os demais seres que habitam o Planeta, para
a construção de um presente e futuro sustentáveis, sadios e socialmente
justos. A concepção teológica em Educação Ambiental tem sua
fundamentação sob o primeiro capítulo da Gênesis, mas especificamente
nos versículos 01-31.2b, em que a Terra é apresentada como um
Crescente Fértil donde não era um mundo fechado. E também, o autor
do mesmo texto pensa mais na ação criadora de deus que organiza o
mundo, do que em um começo absoluto. E introduz uma preparação
a Revelação de uma Sabedoria ou Palavra criadoras. Então na época
patrística aparece a influência do pensamento de Agostinho na filosofia
e na teologia, quanto também na cultura do ocidente, com grande
conotação, tornando assim em um pensamento exclusivo. No mesmo
viés sobre a reflexão bíblica, Agostinho toma primeiro versículo do
primeiro capitulo do Gênesis, “No principio criou Deus o céu e terra”
para transmitir, Deus as coisas temporais e mutáveis. Assim, o fez com
alento de ver em tais acontecimentos, ao mesmo tempo, a miséria que
lhe parece, e a presença marcante do Criador em cada um deles. Criador
este que aparece na história da humanidade pela encarnação de seu
Filho, que guia o homem enquanto indivíduo, doravante, por sua
providência e graça, e sem tolher livre-arbítrio, da transitoriedade desta
existência à união beatifica com a verdade imutável.

Palavras-chaves: Criação; Ex nihilo; Verdade; Deus; Bondade.

7
Licenciado em Filosofia pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão-IESMA. Bacharel
em teologia pela Faculdade Entre Rios do Piauí-FAERPI, Especialista em Filosofia
Contemporânea pela Faculdade do Médio Parnaíba-FAMEP. Professor Tutor Universidade
Federal do Piauí-UFPI/CEAD. Coordenador dos Núcleos de Ouvidoria e Comissão Própria
de Avaliação-CPA da Faculdade do Médio Parnaíba-FAMEP.

39
INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresentará as vertentes que permeiam a teologia


que acrescentam no discernimento quando nos referimos a Educação
Ambiental. Vertentes essas que perpassaram séculos e que ainda hoje são
refletidas nas grandes discussões sobre Meio Ambiente. Partindo deste
pressuposto, tomaremos a proposta de Santo Agostinho, este que toma
primeiro versículo do primeiro capítulo do Gênesis, “No principio criou
Deus o céu e terra” para transmitir, não só que Deus criou as coisas temporais
e mutáveis, mas também que Deus criou o próprio tempo. Deve se observar
que a questão do tempo no pensamento de Santo Agostinho diz respeito ao
lugar que ocupa no conjunto desse mesmo pensamento. Pode-se dizer que
a problemática do tempo inscreve no espectro que se abre à questão máxima
qual seja a que incide o ser e o não-ser. Essa questão se dá pelo fato de
Agostinho ser o precursor de algumas formas mais nítidas e recentes de
metafísica que não deixaram escapar uma tomada clara e consciente de que
para ele o que importa é aquilo que é o marco expressivo dessa atitude
intelectual do Santo de Hipona nascido em Tagaste.
Por meio deste, uma avalanche, então, se precipita história
abaixo, provocando transformações radicais nos parâmetros de
encontro e desencontro dos homens consigo mesmos, com a Natureza,
com Deus e com as Gerações Futuras8.

A BONDADE DE DEUS E O MEIO AMBIENTE EM SANTO


AGOSTINHO

Nas Confissões, Agostinho acentua, entre outras coisas, a


postura de submissão das criaturas, aponta a felicidade última do
homem à posse unitária com a verdade imutável. Assim, o faz com
alento de ver em tais acontecimentos, ao mesmo tempo, a miséria que
lhe parece, e a presença marcante do Criador em cada um deles. Criador
este, que aparece na história da humanidade pela encarnação de seu
Filho, que guia o homem enquanto indivíduo, doravante, por sua
providência e graça, e sem tolher livre-arbítrio, da transitoriedade desta
existência à união beatifica com a verdade imutável. Nessa óptica, o
Sábio esforça-se denodo por salvar a plausibilidade recorrendo à ideia
de que Deus é a verdade e todos nós queremos a verdade.

8
Pelo espírito evangélico vivido por Santo Agostinho, o mundo já não é mais o mesmo diante.
Aqui se toma real consciência sobre a importância ao Meio Ambiente.

40
Mas, na filosofia de Agostinho, a noção mais aproximativa do
homem a Deus, consiste em saber o que ele não é; pois ele nada é do
que se pode imaginar da base ao ápice da criação. Em sua pequenez, o
filósofo africano coloca:

Senhor, na miséria desta vida, o meu coração, atingido


pelas palavras da tua Sagrada Escritura, anda
profundamente perturbado. Por isso, muitas vezes, a
pobreza da inteligência humana se manifesta na
abundancia de palavras, porque a busca requer mais
palavras do que a descoberta, o pedir exige mais tempo
que o obter, e a mão que bate à porta faz mais esforço do
que aquela que recebe” 9.

Pelo pensamento do filósofo de Hipona, observa-se que ele


funda a hierarquia sobre a consistência da felicidade: entre Deus, que
é a própria felicidade, e a matéria, incapaz de felicidade bem como de
infelicidade, insere-se o homem, infeliz quando se desvia para baixo,
feliz quando se volta para o alto. Desta forma, é interessante notar
como esta apresentação é mostrada, em uma ordem ontológica e não
moral; fundamenta-se no que é natural e não sobre o mérito.
Enquanto foi adepto do maniqueísmo, Agostinho professara um
materialismo radical. E esse materialismo professado aplicava-se a Deus.
Assim, Agostinho considerava Deus como um corpo sutil e
resplandecente; sendo Deus luz por essência tudo o que é corpo e
participa em algum grau dessa luz, apresentava-se como parte de Deus10.
Assim pensava Agostinho: “acreditava que tua grandeza e tua beleza
substituíssem em ti como os acidentes nas substâncias, por exemplo,
nos corpos. Mas tu és a própria grandeza e a própria beleza [...]11.
Reagindo contra esse princípio, a partir de então Agostinho
passa a ensinar a criação ex nihilo. Para ele, o mundo só pode ter duas
origens: ou Deus o criou do nada, ou tirou-o de sua própria substância.
Contudo, admitir essa última sentença é o mesmo que admitir que da
substância divina possa se tornar finita, mutável, submissa às alterações
de todos os tipos e também as destruições, que sofrem parte do universo.
Na verdade, o Deus de Agostinho não é o mesmo Deus visto por Platão,
pois, não é como um artesão humano que trabalha a partir de uma
matéria preexistente que já lhe fora dada.

9
AGOSTINHO, 2009, XII 1,1.
10
GILSON. p.357
11
AGOSTINHO. 2009, IV 16,29

41
Mas, se tal suposição é contraditória, conclui-se que Deus teria
criado o universo do nada. Entre o divino e a mutável, portanto, a oposição
é irredutível, porém, o problema apenas torna mais difícil saber como o
eterno e imutável podem ter produzido o temporal e o mutável.12 Ele se
refere a esta hipótese e as suas causas sacrílegas, quando condena os que a
defendem, enquanto a aplicam à natureza da alma humana. Pensa o Bispo:

[...] Nós acreditamos que a natureza é substância, em que


muitos acreditam ser a essência da Trindade, mas poucos
entendem, é absolutamente incomutável. No entanto,
quem duvida que a natureza da alma pode sofrer mudança
para pior ou para melhor? Por isso, é uma opinião sacrílega
crer que ela e Deus são dotados de uma única substância.
Portanto, que outra coisa se crê desse modo senão que
Deus seja imutável? Assim, deve-se crer e entender e de
forma alguma duvidar porque a fé ortodoxa o sustenta,
que a alma procede de Deus como uma coisa que ele criou,
não como providente da natureza que dele possui, ou a
tenha gerado ou produzido de qualquer modo13.

Portanto, se a esta sentença é contraditória, resta-nos apenas


pensar uma, que passa a ser a única afirmação verdadeira, qual seja, a
de que Deus criou o universo.
Ora, como o eterno e o mutável podem ter produzido o temporal
e o mutável? De fato, como isso seria possível, uma vez que “entre o
divino e o mutável, (...) a oposição é irredutível.
Entretanto, criar, diferencia-se de gerar, logo, na geração, aquilo
que é gerado vem da própria substância que gera, assim como o filho
deriva da própria substância do pai. Criar, portanto, diferencia-se, até
mesmo, de uma mera fabricação, pois algo preexistente a ela. Criação das
coisas se dá do nada (Ex nihilo), ou seja, não da substância de Deus, nem
de algo que preexistisse ( a fórmula que posteriormente se tornaria canônica
seria ex nihilo sui et subicti).14 Sobre a criação, Agostinho pensa o seguinte:

De que modo, porém, criaste o céu e a terra? Que


instrumento empregaste em tão grande obra? Certamente
não fizeste como artista que se serve de um corpo para
formar outro corpo, imprimindo-lhe, segundo a inspiração
do espírito, a imagem que seu olhar interior descobre...
Todas as criaturas te louvam como Criador de Tudo15.

12
GILSON. p.358
13
AGOSTINHO. 2007. VII.II,3
14
REALE. ANTISERI. p.450
15
AGOSTINHO. Confissões. XI,5,7

42
Exemplificando melhor o exposto, o homem sabe “gerar” (os
filhos) e sabe produzir (os artefatos), mas não sabe “criar”, porque é um
ser finito. Deus “gera” de sua própria substância o Filho, que, como tal, é
idêntico ao Pai, ao passo que “cria” o cosmo do nada. Portanto, há uma
diferença enorme entre “criação” e “geração”, porque, diferentemente da
primeira, esta última pressupõe a vir ( a ser) por outorga de ser por parte
do criador para “o que absolutamente não existia.16
Pelo contrário, o Deus criador criou até a própria matéria. De
modo que, o ato criador significa, portanto, a produção do Ser daquilo
que é e essa produção é possível unicamente por Deus, porque, somente
Ele é o Ser e , assim, só ele pode conceder o ser a todas as coisas que
são. Para Agostinho, o homem é a razão de ser do cosmos físico, do
que ele chama de as coisas ou o exterior; ora, por tudo o que dissemos,
a sua reflexão do tempo, se é exatamente o momento lógico em que se
transcende a oposição entre subjetivo e o objetivo17.
Mas, a objetividade do mundo se faz complexo de atos mediante
os quais o homem, ao medir o tempo o descobre como a marca de ser
própria do mundo, marca que o homem tem em comum com este, mas
que compartilha acompanhando-a do dom, que para nosso Doutor é
graça, o dom de transcender alcançando o que é presente, o Deus eterno,
isto é, sempre o mesmo em seu ser, que obviamente, como essência
suprema, menos ainda do que qualquer outra essência é imune a qualquer
contrário, com o que se esclarece não ostentar o tempo este estatuto.
Assim, Agostinho confirma em suas reflexões o que realmente
diz o primeiro livro da Bíblia, no livro da Gênesis. Para nosso Doutor,
não existe nada que não deva sua existência a Deus criador. O mundo
começou quando foi tirado do nada pela palavra de Deus; todos os
seres existentes, toda a natureza, toda a história humana tem suas raízes
neste acontecimento primordial: é a gênesis pela qual o mundo foi
constituído18.

CONCLUSÃO

Assim, Agostinho confirma em suas reflexões o que realmente


diz o primeiro livro da Bíblia, no livro da Gênesis. Para nosso Doutor,
não existe nada que não deva sua existência a Deus criador. O mundo
começou quando foi tirado do nada pela palavra de Deus; todos os

16
REALE. ANTISERI. p.450
17
SOUSA NETO, p.28.
18
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA §338

43
seres existentes, toda a natureza, toda a história humana tem suas raízes
neste acontecimento primordial: é a gênesis pela qual o mundo foi
constituído e o tudo começou.19
Portanto, para Santo Agostinho o tempo não é apenas uma
sucessão de instantes separados, é um contínuo, e, como tal, é
indivisível. O tempo, para ser estudado na sua metafísica não deve
dividir-se no “antes” e “depois”, mas considerar-se na sua síntese de
continuidade.
Entretanto, se o lado teológico da doutrina da criação em
relação ao Meio Ambiente, então a ela deve corresponder também o
lado antropológico, ou seja, o modo agradável de viver a existência20
só pode ser conseguido através de um relacionamento descontraído
entre natureza e pessoa, caracterizado por perdão, paz e uma simbiose
de sobrevivência. À morada das pessoas no sistema natural da terra
corresponde, por seu lado, a morada do Espírito na alma e no corpo
da pessoa, por meio da qual é anulada a autoalienação da pessoa. Desta
maneira, em suma, a conversão da relação para com a natureza, que
hoje simplesmente é vital, acham-se muitas vezes coisas promissoras
nas tradições mais antigas da teologia cristã.

REFERÊNCIAS:

AGOSTINHO, Santo. Confissões. [tradução Maria Luiza Jardim Amarante;


revisão cotejada de acordo com o texto latino por Antonio da Silveira
Mendonça] 21. ed — São Paulo: Paulus, 2009 – (coleção: Espiritualidade)
_________Comentário ao Gênesis; [tradução Agustinho Belmonte]. 3.ed-
São Paulo: Paulus,2007.b (coleção: patrística).
BIBLIA DO PEREGRINO – edição brasileira. 3.ed - São Paulo: Paulus, 2011.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA: Típica vaticana. O céu e a terra. –
São Paulo: Loyola, 2000.
GILSON, Étienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. Tradução
Cristiane Negreiros Abbud Ayoub. São Paulo: Discurso Editorial; Paulus, 2009.
MOLTMANN, Jüngen. Deus na criação: doutrina ecológica da criação. –
Petrópolis,RJ: Vozes,1992.

19
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA §338
20
MOLTMANN,1992.p.11

44
COLETA SELETIVA EM CAMPO MAIOR PIAUÍ:
UMA VISÃO SOCIAL E AMBIENTAL

Maria Mikaeli Rodrigues de Sousa21


Maria Pessoa da Silva22

RESUMO: O meio em que vivemos vem sofrendo transformações ao


longo dos anos, o avanço da urbanização e desenvolvimento de indústrias
e setores comerciais aumentam a produção de resíduos. Para diminuir a
quantidade de lixo descartado, algumas atitudes são adotadas, como
reciclagem e coleta seletiva, que funcionam como um processo de educação
ambiental na medida em que sensibilizam as pessoas sobre os problemas
do desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo. A
coleta foi realizada de duas formas, a primeira pelo sistema de porta a
porta e a segunda por meio de pontos de entrega voluntária (PEV). O
trabalho objetivou criar uma consciência individual e coletiva na população
sobre os deveres para a manutenção sustentável da vida, desenvolver
atividades que estimulem a preservação ambiental e apresentar a
importância da coleta seletiva. O resultado do trabalho mostrou-se bem
relevante, pois possibilitou quantificar e identificar os principais resíduos
coletados mensalmente, além de minimizar a poluição do solo; aumentar
a vida útil do futuro aterro sanitário; diminuir o desperdício e fortalecer a
associação de catadores. O trabalho expôs a necessidade de debater sobre
temas relacionados à educação ambiental, destinação correta de resíduos
e a importância da população na realização dessas atividades.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Lixo, Preservação.

INTRODUÇÃO

O meio em que vivemos vem sofrendo transformações ao longo


dos anos, o avanço da urbanização e o grande desenvolvimento de
indústrias e setores comerciais aumentam a produção de resíduos
descartados. Porém, a maioria desses resíduos não tem uma destinação

21
Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Piauí
– UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Email: mikaelirs@gmail.com
22
Professora Substituta UESPI/Campus Heróis do Jenipapo. Doutora em Desenvolvimento
em Meio Ambiente

45
correta e acabam sendo depositados em locais impróprios. Para
diminuir a quantidade de lixo descartado, algumas atitudes são
adotadas como reciclagem e coleta seletiva. Outros fatores também
podem estar associados a estas mudanças, segundo Mafaldo et al (2011),
por conta das mudanças climáticas e dos problemas ambientais e de
saúde que estamos passando atualmente, nos fazendo pensar sobre o
modo que agimos para com a natureza, como por exemplo, o destino
correto dos resíduos que produzimos.
Com relação ao homem e à forma com que trata a natureza,
Wildner et al (2012), descreve:

O ser humano ao longo da história sempre utilizou o Meio


Ambiente para sanar suas necessidades, por muito tempo
manteve com ele uma relação equilibrada, pois retirava
dele somente o que realmente necessitava para a sua
sobrevivência. Mas com o passar dos tempos ocorreram
mudanças na forma de vida das pessoas, o homem fixou-
se a terra, surgiram novas tecnologia e necessidades que
refletiram diretamente no modo de vida das pessoas e na
forma de utilização e exploração dos recursos naturais.
Além de explorá-los indiscriminadamente e reduzir
significativamente as reservas de água potável, ar puro e
solo produtivo, atualmente, a humanidade descarta seus
dejetos aumentando assustadoramente a produção de lixo
em todo o planeta.

Para melhorar a qualidade de vida e o meio ambiente, todos


nós — a população, os governos, as instituições públicas e privadas ¯
precisamos nos conscientizar das questões relacionadas ao lixo. É
necessário tomar atitudes que diminuam o volume de lixo e favoreçam
tratamentos adequados (GEWANDSZNAJDER, 2009).
Daí a importância de discutir sobre este assunto, pois nos ajuda
a solucionar problemas até então vivenciados ou problemas que possam
surgir referentes aos resíduos sólidos. Mafaldo et al (2011) destaca que:

O problema dos resíduos sólidos urbanos atinge as mais


diferentes nações. Algumas conseguem soluções eficientes
para o seu tratamento, enquanto outras padecem com as
inúmeras adversidades oriundas deste problema e que
comprometem tanto a saúde da sociedade quanto da
natureza. No Brasil, os problemas relacionados aos
resíduos sólidos são inúmeros e, no entanto, apenas
recentemente, sociedade e governo começaram a
46
mobilizar-se para diminuir a geração dos mesmos ou tratá-
los de forma adequada, primeiramente diferenciando-os
em seco ou orgânico e posteriormente em outras
categorias de destinação.

As explorações dos recursos naturais e a falta de medidas de


preservação do meio em que vivemos, para que esse possa ser usado
de forma adequada, garantindo que as gerações futuras também possam
usufruir de seus benefícios, vêm aumentando progressivamente.
Portanto, o que se pensa na atualidade é pegar este lixo, nome
comumente usado para resíduos sólidos, cujo destino seria o lixão sem
qualquer processo de separação e passar a reduzir, reciclar e reutilizar
(MAFALDO et al, 2011).
A reciclagem possibilita o reaproveitamento de muitos materiais
do lixo como papéis, vidros, latas e plásticos. A coleta seletiva funciona
como um processo de educação ambiental na medida em que
conscientiza as pessoas sobre os problemas do desperdício de recursos
naturais e da poluição causada pelo lixo, gerando benefícios ambientais,
aumento da vida útil dos aterros sanitários a partir da diminuição de
resíduos que deixarão de ir para esses locais, reaproveitamento de
matérias-primas, aumentando seu ciclo de vida; sociais, organização
em cooperativas e associações, geração de trabalho e renda aos
catadores; educacionais, estimulo a mudanças de hábitos e valores no
que diz respeito à proteção ambiental, conservação da vida e
desenvolvimento sustentável; culturais, criação de novas práticas de
separação dos resíduos; econômicos, redução de gastos com os aterros
e diminuição de gastos com a limpeza pública.
Grande parte da população mundial vive hoje um momento de
consumismo, em que quase tudo dura pouco e é facilmente descartado.
A produção dessa variedade de produtos é feita à custa do desgaste dos
recursos naturais, além disso, alguns produtos se decompõem lentamente.
São vários os desafios enfrentados ao direcionar ações para
melhoria das condições de vida, muitos deles relacionados às mudanças
de atitudes na interação com o meio em que vivemos na tentativa de
formar indivíduos responsáveis por suas atitudes. Os problemas
ambientais mostram-se cada vez mais alarmantes e a saída depende
da relação estabelecida entre sociedade e natureza, tanto na dimensão
coletiva quanto na individual.
Alguns princípios básicos propõem diminuir os riscos gerados
pela destinação inadequada dos resíduos sólidos como é o caso dos 4R’s
reduzir, reutilizar, reciclar e repensar, pois enfatizam a necessidade de se
47
ter um controle quanto à quantidade de lixo gerado e o desenvolvimento
de atividades que estimulem a reutilização desses materiais que
geralmente podem ser usados para muitas outras atividades, procurando
desenvolver o senso crítico na população campomaiorense fazendo com
que se posicione de maneira responsável frente a destinação dos resíduos
por ela gerada, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e para
a conservação do meio em que vivemos. O presente trabalho objetivou
criar uma consciência individual e coletiva na população sobre os deveres
para a manutenção sustentável da vida, desenvolver atividades que
estimulem a preservação ambiental e apresentar a importância da coleta
seletiva. A coleta seletiva e a reciclagem de lixo têm um papel muito
importante para o meio ambiente, por meio delas recuperam-se matérias-
primas que seriam novamente retiradas da natureza, ameaçando assim
a exaustão dos recursos naturais não-renováveis e, além disso, é uma
boa forma de estabelecer técnicas e políticas públicas que diminuam a
quantidade de resíduos dispostos no solo.

MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Prefeitura


Municipal de Campo Maior (PMCM), Secretaria de Iluminação e
Limpeza Pública e Associação de Catadores de Campo Maior.
A coleta seletiva na cidade de Campo Maior foi realizada de
duas formas, a primeira por meio do sistema de porta a porta, onde os
catadores passam recolhendo os materiais separados, seguindo os dias
em que o caminhão da limpeza recolhe os demais resíduos; a segunda
por meio de pontos de entregas voluntária (PEV), pontos de coletas
distribuídos em locais específicos na cidade, como rodoviária, praças e
o mercado.
A implantação da coleta seletiva seguiu algumas etapas:

1ª Etapa
Reunião com os representantes da secretaria e da associação
de catadores, onde foi abordado o assunto e as atividades a serem
executadas para o desenvolvimento do projeto de implantação da coleta
seletiva.

2ª Etapa
Visita à sede da associação de catadores e conversa com os
catadores a fim de estabelecermos uma proximidade entre a divulgação

48
e execução do trabalho, informando-se sobre a forma com que
desenvolviam o trabalho e o tipo de material coletado.

3ª Etapa
Divulgação do projeto por meio de redes sociais, panfletos,
cartazes e palestras em escolas. Os panfletos e os cartazes foram
distribuídos nos bairros, em algumas residências e preferencialmente
associações de bairro e pontos comerciais. Nas escolas, as palestras
foram feitas de forma aleatória dando preferência a escolas de bairros
diferentes, afim de que a informação seja repassada para toda a cidade,
para que possa mobilizar a população de forma geral, desde crianças,
adolescentes e adultos.

4ª Etapa
Por fim, foram estabelecidas parcerias com pontos comerciais,
no que diz respeito à doação de matérias, sendo estes, locais de
produção diária de resíduos recicláveis, gerando benefício mútuo. Nesse
caso, foi disponibilizado o telefone de contato de alguns catadores para
facilitar e agilizar essa ação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado do trabalho mostrou-se bem relevante, pois


possibilitou quantificar e identificar os principais resíduos coletados
mensalmente como mostra a tabela a seguir:

Tabela 1. Demonstração da coleta mensal feita pelos catadores.


Legenda: % - Porcentagem; Kg/mês – Quilo por mês; R$/Kg –
Valor por quilo; R$ - Arrecadação mensal.

Fonte: Elaboração Própria

49
Com essas medidas, foi possível mapear o fluxo de descarte de
materiais, identificar e estabelecer parcerias com os principais geradores
de resíduos, propor ações e estratégias de descarte consciente e avaliar
a taxa de geração de material reciclável produzido mensalmente em
Campo Maior, além de possibilitar o planejamento do gerenciamento
dos resíduos produzidos pela população, contribuindo assim para
reforçar e incentivar a separação do lixo aumentando dessa forma a
renda dos catadores e diminuindo a quantidade de rejeites destinados
ao aterro.
O desenvolvimento desse trabalho possibilitou minimizar a
poluição do solo, onde a população passou a se preocupar mais com a
destinação dos materiais por ela produzidos; o aumento da vida útil
dos aterros sanitários, onde este deixou de receber os materiais
recicláveis, tendo estes materiais outra destinação como a associação
de catadores; diminuição do desperdício; fortalecimento da associação
de catadores com melhorias nas condições de trabalho e qualidade de
vida.
Durante o desenvolvimento do trabalho, foi observado que a
população já possuía um conhecimento prévio sobre a importância da
coleta seletiva tanto para meio ambiente como para a comunidade,
incluindo o aspecto social e econômico, mostrando-se bem receptiva
em relação a campanha.
Gusson (2014), pensando numa forma para amenizar os
problemas ambientais causados pela devastação dos recursos naturais
e pelo acúmulo e descarte desse resíduo sólido, diz que hoje a sociedade
de modo geral tem mudado algumas ações, ainda que de forma tímida.
Propõe ainda que a perspectiva de mudança na educação ambiental
busca não só a conservação dos meios naturais, mas principalmente a
valorização e o respeito pela natureza, pois entende-se que a sociedade
é parte do meio ambiente e a interação com o mesmo precisa ser
repensada.
Rodrigues (1998) enfatiza que a natureza é um recurso, um
bem aproveitável, quando se verifica a possibilidade de seu
esgotamento, inicia-se uma preocupação com este recurso, que devido
à sua exploração em larga escala está ficando cada vez mais escasso.
No entanto, a sociedade atual utiliza em seu desenvolvimento
o modelo capitalista, deixando, na maioria das vezes, a natureza em
último plano, esquecendo-se que ela também é capaz de gerar lucros
e que se usada de maneira correta e sustentável pode se tornar um
bem infinito.

50
Santos (2008, p. 116), em seus estudos, falou sobre o destino
dos resíduos, que grandes são os danos causados ao meio ambiente
pelo acúmulo irregular desses resíduos e pelos sistemas utilizados para
seu gerenciamento. Desde o momento de geração até o destino último
dos resíduos, uma série de medidas necessitam ser empreendidas para
evitar problemas de ordem ambiental, social, de saúde pública,
econômica e até mesmo de estética paisagística. Entre essas medidas,
destacam-se o acondicionamento, a coleta, o transporte, o tratamento
e a disposição final.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho expôs a necessidade de debater mais sobre os temas


relacionados à educação ambiental, destinação correta de resíduos e a
importância da população na realização dessas atividades, reforçando
a idéia da necessidade da reciclagem e os seus benefícios para a
comunidade que a desenvolve.
A realização do trabalho nas escolas mostrou a importância de
se trabalhar com crianças e adolescentes, já que estes funcionam como
transmissores de conhecimento, além de serem os responsáveis pela
existência dos recursos naturais no futuro, garantindo uma convivência
social em um ambiente saudável e preservado. Tornando a escola o
local a oferecer a percepção ambiental necessária para despertar o
interesse pela natureza e os benefícios relacionados ao equilíbrio
ambiental, alcançados por meio da relação harmônica entre o homem
e o meio, já que os problemas ambientais são considerados cada vez
mais graves e que a solução depende da relação estabelecida entre
sociedade e natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual.
São vários os desafios encontrados ao direcionar ações para a
melhoria da qualidade de vida, muitos deles relacionados às mudanças
de atitudes na interação com o meio em que vivemos na tentativa de
tornar indivíduos responsáveis por suas ações. Atividades educativas
que estimulem a preservação são de grande importância para o
desenvolvimento da consciência dos indivíduos no que se refere aos
deveres com o ambiente em que vivemos e do qual precisamos para a
manutenção sustentável de nossas vidas.

51
REFERÊNCIAS

GEWANDSZNAJDER, Fernando. Ciências – O planeta Terra - 4. Ed. São


Paulo: Ática, 2009.
GUSSON, M. C; A Educação Ambiental como uma Possível Solução para o
Problema do Resíduo Sólido na Escola. Revista Educação Ambiental em
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em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 5, n. 5, p. 813-824, 2012.

52
MOBILIDADE DENTRO DA UFPI: O USO DA
BICICLETA POR ALUNOS DA RESIDÊNCIA
UNIVERSITÁRIA QUE ESTUDAM NO CENTRO DE
CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Miquelyna Ribeiro Menezes23


Geyza Conceição da Costa Pereira24

RESUMO: O presente trabalho apresenta uma análise realizada dentro


do campus Ministro Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí,
com alunos que residem na Residência Universitária que se deslocam de
bicicleta para Centro de Ciências Agrárias, que é, aproximadamente, três
quilômetros dos demais centros. Levando-se em conta os principais
benefícios, as maiores dificuldades e as ações dizem respeito à Universidade
Federal do Piauí, apoia-se o uso de bicicleta por seus alunos, que torna-se
cada vez mais presente e rotineiro na vida acadêmica.

Palavras-chave: Bicicleta, Sustentabilidade, Deslocamento, Residência


Universitária.

INTRODUÇÃO

O Campus Ministro Petrônio Portela25 em Teresina possui uma


área aproximada de 1.470.000 m², sendo seus centros em distintos
endereços, acarretando a necessidade de mobilidade dentro do Campus
por parte de estudantes. Optamos por analisar a mobilidade feita por
estudantes de bicicleta que residem na Residência Universitária26 e

23
Graduanda em Engenharia Civil, na Universidade Federal do Piauí; E-mail para contato:
mikelymenezes@hotmail.com.
24
Graduanda em Letras, Licenciatura Português-Francês, na Universidade Federal do Piauí;
colaboradora de Iniciação Científica do Projeto de Pesquisa Teseu, o labirinto e seu nome. E-
mail para contato: geyzacosta7@hotmail.com
25
Campus Ministro Petrônio Portela está localizado em Teresina/ Piauí, no Bairro Ininga,
externo a esse espaço em aglomerado de Centros Acadêmicos, está o Centro de Ciências Agrarias
a uma distância aproximada de 3km, onde o recorte da pesquisa se constitui ao longo do
processo.
26
A Residência Universitária, doravante REU, é uma das assistências disponibilizada pelo
programa de apoio estudantil vinculado a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários
(PRAEC), está localizada dentro do Campus Ministro Petrônio Portela, em frente ao Centro
de Tecnologias (CT).

53
estudam no Centro de Ciências Agrícolas, este fica aproximadamente
a três quilômetros distante de onde residem, a mobilidade de bicicleta
pode ser de caráter econômico e funcional para esses estudantes, sem
deixar de ser sustentável para o planeta. Como ponto de partida para
essa análise, serão discutidos quais os maiores benefícios e quais as
maiores dificuldades encontradas por esses alunos na execução do
deslocamento utilizando-se bicicletas.

MÉTODOS

Considerando os objetivos da pesquisa e as análises sobre


pesquisa, verificamos que o estudo apresenta as características de uma
pesquisa qualitativa, em virtude de buscar a compreensão do uso de
bicicletas nos deslocamentos entre centros acadêmicos da Universidade
Federal do Piauí.
Para coleta de informações, optamos pela realização de
entrevistas semiestruturadas, por considerarmos que permite uma
organização dos questionamentos, ao mesmo tempo em que pode ser
na medida em que o diálogo acontece e trocam-se informações sobre a
questão levantada na pesquisa. Participaram dessa pesquisa inicial três
moradores da Residência Universitária do Campus Petrônio Portela
em Teresina Piauí. A coleta de informações foi realizada obedecendo
a uma sequência que apresentamos a seguir.
Considerando a natureza das informações pretendidas, optamos
pelo procedimento de entrevista semiestruturada focando nos seguintes
temas:
• Tempo de uso do modal em questão (Bicicletas);
• Economia de tempo versus economia financeira no uso do
modal em epígrafe;
• Acidentes de trânsitos com o uso de bicicletas;
• Conhecimento do Código de Trânsito Brasileiro27 para ciclistas
– direitos e deveres.
O roteiro para entrevista foi elaborado seguindo as
recomendações e orientações recebidas pela professora de graduação
da disciplina de Transporte do 7º período do currículo de engenharia
civil, levando em consideração duas finalidades: a) promover uma
discussão sobre o uso e benefícios do uso alternativo de modais nos

27
O Código de Trânsito Brasileiro durante a escrita será referenciando em sua sigla como
C.T.B.

54
deslocamentos inter-centros acadêmicos e b) levantar as concepções
sobre o processo de formação de público ciclista dentro do campus
universitário.
Diante do conhecimento dos tipos de modais para deslocamento
de pessoas e mercadorias apresentados em seminários na disciplina
acima, foi possível constatar que para a redução dos impactos
ambientais e sociais da mobilidade motorizada existente é necessário
a implantação de uma mobilidade sustentável. Tomando isso como
partida, junto à leitura de artigos e pesquisas relacionados ao tema,
planejou-se um roteiro englobando pontos importantes que não
fugissem ao ambiente de pesquisa e a obtenção de resultados simples e
reais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O roteiro de entrevista se deu individualmente entre os


participantes da pesquisa, em conversa no âmbito da Residência
universitária. A escolha dos participantes foi em função do uso diário
de deslocamento para os centros mais distantes da Residência
universitária.
O primeiro entrevistado que possui as iniciais D. S. de A. R.
passou por um roteiro de perguntas seguindo os temas levantados na
metodologia, ele é estudante de Veterinária, morador da Residência
Universitária desde o primeiro período de 2012, há um ano e meio fez
aquisição de sua bicicleta modelo mountain bike de 21 machas com
quadro de ferro, os gastos com manutenção se dão em média de seis
em seis meses, sob o custo de R$ 40,00 (quarenta reais), ainda não
possui o hábito de usar os utensílios de proteção recomendados pelo
Código de Transito Brasileiro. Até o dia da entrevista não havia sofrido
nenhum tipo de roubo ou furto, entretanto, registra que colegas de
turmas que moram próximo ao campus já sofreram tal
desapontamento. O mesmo informou ainda, que tem conhecimento
das leis de trânsito, relatou que poucos são os motoristas que guardam
a distância de um metro e meio prevista no C.T.B., entre tanto já sofreu
quase acidentes, considerados pelo entrevistado como “sustos”.
O segundo entrevistado de iniciais D.F.A. também do curso de
veterinária cursando o 4º período, é morador da Residência
Universitária há um ano e meio, fez aquisição imediata de uma bicicleta
de 18 marchas na qual se desloca todos os dias ao centro de estudo e
lugares mais próximos da Universidade. Afirma não ter passado por

55
qualquer tentativa de roubo, mas que se preocupa com sua segurança
e de sua bicicleta, pois no seu centro não há bicicletários para guardá-
la. O gasto com revisão de sua bicicleta é semestral ficando em torno
de R$ 40,00 (quarenta reais), afirma também ter noções do CTB que
protege o ciclista no trânsito. Seria de grande valia uma melhor
infraestrutura dentro da UFPI que melhor atendesse os alunos ciclistas
presentes na mesma.
O terceiro a ser entrevistado foi T. S. de S., assim como os demais
estudantes de veterinária no 6º período em andamento, já mora na
Residência Universitária há três anos e desloca-se desde o início do
curso de ônibus até o Centro de Ciências Agrárias. Ao ser indagado
porque não se locomove de bicicleta ao invés de ônibus, responde que
mesmo consciente que teria algumas vantagens como viabilidade
econômica e a prática de uma atividade física, atribui como contra
partida a falta de segurança e de ciclovias no campus. Acrescentou
ainda que por ser sedentário, trocaria o ônibus por uma bicicleta se
houvesse infraestrutura adequada e segura. E que seu principal
problema no transporte coletivo é no não cumprimento de horários
das linhas de ônibus.

MAIORES BENEFÍCIOS

O maior benefício é a prática de uma atividade física agregada


à vida acadêmica, literalmente é o útil junto ao agradável. No mundo
de compromissos e correria que é a vida acadêmica, nada mais justo,
do que estar preparado fisicamente para a jornada diária de
concentração e empenho que os estudos exigem. Outro grande benefício
é a viabilidade econômica proporcionada pelo uso da bicicleta no
percurso da moradia ao local de estudo.
O custo seria mais alto se tivessem que pegar ônibus das (linhas
locais) todos os dias para o centro de estudo em questão, dificultando
assim, economicamente, sua estadia em Teresina. O investimento numa
bicicleta também cessa a dependência de ônibus, consequentemente,
de atrasos para as aulas e o tempo gasto nas paradas a espera do mesmo.
O uso de um modo não motorizado para os deslocamentos diários
não pode mais ser ignorado como elemento do sistema de transporte.
O respeito e implantação desse transporte sustentável significa
contribuir para a inclusão social de seus usuários e de suma importância
na preservação de nosso planeta.

56
MAIORES DIFICULDADES

Ao que se destina a utilização de bicicletas em Teresina-PI há


benefícios, mas seus percalços ao longo dos percursos realizáveis, um
em que concordamos é o sol. Nossa cidade é conhecida como a capital
do calor e sol escaldante, daí necessidade de um deslocamento em
horários específicos, como pela manhã ou ao final da tarde. O Sol chega
a ser o fator menos preocupante no uso de bicicleta para deslocamento
em comparação ao desrespeito por parte dos motoristas que chega a
ser uma das maiores temeridades dos ciclistas. Ligado a esse fator, a
outra dificuldade encontrada por ciclistas é a falta de ciclovias e/ou
ciclo-faixas na universidade, pois o Código De Trânsito Brasileiro
garante que na falta de faixas destinadas aos ciclistas, os motoristas de
veículos leves e/ou pesados devem manter a distância de 1,50m (um
metro e meio) dos ciclistas, essa garantia legal só seria cumprida
mediante a disponibilização de faixas destinadas aos estudantes ciclistas
da Universidade Federal Do Piauí, que melhoraria e por seguinte
garantiria o deslocamento com segurança por parte dos ciclistas, e até
estimularia o uso de mais bicicletas entre os centros acadêmicos.
Dentre as dificuldades está também a falta de bicicletários28, o
mais conhecido está localizado na biblioteca central Jornalista Carlos
Castelo Branco, ficando longe de salas de aulas, com pouca ou nenhuma
segurança, o que não garante aos ciclistas a guarda de seu bem no
campus, por mais que uma bicicleta seja de valor inferior a um carro
utilitário comum, ela ainda assim possui seus custos de compra e
manutenção, dois pode ser roubada como em alguns casos registrados
pelos ciclistas. Essa situação de roubos e falta de local destinado a
guarda de bicicletas torna-se uma questão desagradável e
desestimulante, sem citar que no momento que o ciclista passa a ser
pedestre deixando seu bem acorrentado em uma árvore ou poste, esta
bicicleta estará exposta ao calor, chuva (raras) e aos desgastes do tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Universidade com seu fundamental papel para o


desenvolvimento da sociedade precisa oferecer uma gama de
possibilidades, que atendam ao maior número de necessidades de

28
Segundo o Código De Transito Brasileiro no Anexo I Dos Conceitos E Definições:
BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao estacionamento de bicicletas.

57
deslocamento possível. Uma combinação de vários modais oferecidos
estrategicamente é mais interessante do que grandes projetos que criam
infraestrutura para dar vazão a um único meio de transporte, em
especial se ele for o carro. A inserção de outro modal torna-se atrativo
por possibilitar dar vazão a mais de um meio de transporte. O trânsito
nos dá a falsa impressão de que a maioria das pessoas locomovem-se
fazendo uso de veículos automotores. Na verdade, os carros ocupam
a maioria dos espaços das vias públicas, mas levam a minoria das
pessoas que se locomovem por elas.
O que ainda não perceberam é que a bicicleta como meio de
deslocamento dentro da Universidade Federal do Piauí traz uma gama
de benefícios a comunidade acadêmica.
Pensando dessa forma, o primeiro passo para adaptar a bicicleta
como modal nos campus da Universidade é integrar a infraestrutura
cicloviária ao transporte público existente, criando bicicletários em
todos os centros, restaurantes universitários e residências universitárias.
Assim, parte dos deslocamentos podem ser realizados utilizando as
bicicletas e parte de transporte público. Outra medida importante é
reduzir gradativamente a velocidade máxima permitida em vias da
Universidade a fim de tornar essas vias seguras e agradáveis ao uso de
bicicletas ou mesmo por pedestres de forma que todos se adaptassem,
inclusive os motoristas de transportes motorizados Quando a
velocidade máxima é reduzida, a via fica automaticamente mais segura,
por conseguinte, encorajadora ao uso de outras formas de locomoção
sustentáveis e menos agressivas em vários aspectos.

REFERÊNCIAS

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uso da bicicleta na cidade de Juiz de Fora/ Ugo Nogueira Castañon – Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.
SILVEIRA, Mariana Oliveira. Da Mobilidade Sustentável: A bicicleta como
um meio de transporte integrado / Mariana Oliveira da Silveira – Rio de
Janeiro: FRJ/ COPPE, 2010.

58
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E
MICROBIOLÓGICAS DO RIO PARNAÍBA NO
PERÍODO CHUVOSO - EM FLORIANO/PI

Aguiar Neto, A.T. / Castro, E.F.C.*


Aguiar, L.C.T.**
Silva, M.C.***
Abreu, A.P.L. / Silva, R.B****

RESUMO: A água é uma necessidade fundamental, mas para preservá-


la tem que manter uma ação permanente de preservação e a
manutenção dos corpos d’água. Esse trabalho teve como objetivo
identificar os aspectos físico-químicos e microbiológicos do rio Parnaíba
em Floriano-PI no período chuvoso. Nas análises físico-químicas e
microbiológicas foram utilizadas as técnicas adotadas no Manual da
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA (2009), e para a identificação
das bactérias termo tolerantes para a confirmação da Escherichia coli
foi utilizada a técnica de pour plate em triplicata. Os índices físico-
químicos encontram-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela do
CONAMA nº357/2005 e da portaria nº 2.914/2011. Os resultados
das análises microbiológicas, dos 3 pontos pesquisados, as amostras
tiveram o número de coliformes fecais/100ml maiores que(>16). No
meio de diferenciação UFC/100ml, foram encontradas no (Pa1-05UFC,
Pa2-18UFC, Pa3-10UFC) indicando a presença da Escherichia coli. As
analises mostram que a qualidade físico-química, está dentro dos
padrões estabelecidos pela resolução do CONAMA nº357/2005 e da
portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde. Os resultados
microbiológicos deste estudo demonstram que a água do rio são
impróprias para o consumo humano de acordo com a portaria nº 2.914/
2011, mas para balneabilidade encontra-se adequada de acordo com a
resolução do CONAMA nº274/2000.

Palavras-chave: Rio Parnaíba, Análises físico-químicas e


microbiológicas, período chuvoso.

* Graduados em Farmácia
** Graduada em Enfermagem
*** Graduando em Biomedicina
**** Orientadores

59
INTRODUÇÃO

Segundo Amaral et al (2003), a preservação e manutenção da


qualidade da água é uma necessidade universal, que exige atenção por
parte das autoridades sanitárias e consumidores em geral,
particularmente no que se refere à água dos mananciais como poços,
minas e nascentes.
Braga et al (2003) relata que substâncias químicas utilizadas na
agricultura, esgotos das cidades, resíduos industriais e o desmatamento
favorecem uma má qualidade no corpo d’água.
Para RADIS (2011), a maioria da água doce está em grande
parte associada à má qualidade de distribuição, ausência de serviços
de saneamento, contaminação e falta de tratamento da água utilizada,
contaminação dos rios e lagoas usadas para trabalho ou lazer, coleta e
disposição final do lixo inadequado ou alimentos mal preparados para
consumo.
Para FILHO e NASCIMENTO (2005), os especialistas e as
autoridades alertam que o mau uso e a crescente demanda por esse
recurso, que é tão importante e essencial para o ecossistema, pode estar
ameaçado, pois em muitas cidades a água é contaminada por esgoto,
poluição de produtos derivados de petróleo e bactérias. GELDREICH
(1974) diz que a poluição fecal põe em risco á saúde pública, por se ter
uma grande probabilidade de conter microrganismos patogênicos
intestinais, como vírus, protozoários, bactérias, agentes frequentes
responsáveis por doença de veiculação hídrica.
TEIXEIRA (2005) diz que o controle da qualidade da água
para o consumo humano é de extrema importância, pois de acordo
com os resultados das análises, medidas de intervenção, correção ou
preventivas, podem ser adotadas garantindo assim uma boa qualidade
da água.
Este trabalho tem como objetivo avaliar os aspectos físico-
químicos e microbiológicos do rio Parnaíba em Floriano-PI no período
chuvoso.

MATERIAL E MÉTODOS

As coletas foram realizadas em 3 pontos distintos (antes, entre


e depois ) do desembocamento dos riachos, onde totalizaram 3 pontos
de coletas, para a realização das análises microbiológicas e físico -
químicas.

60
A determinação dos pontos de coleta foi feita com o uso do GPS
(GARMIN Etrex h®), as amostras foram acondicionadas em frascos de
cor âmbar e conservadas em uma caixa térmica até chegarem aos
laboratórios de microbiologia e de físico-química da FAESF-PI, onde
permaneceram mantidas sob-refrigeração até o momento das análises.
Para as análises físico-químicas e Microbiológicas utilizaram-
se técnicas adotadas no Manual da Fundação Nacional de Saúde –
FUNASA (2009). Foram analisados os seguintes parâmetros físico-
químicos: temperatura (C°), pH, alcalinidade total (mg/L), cloreto
(mg/L) e dureza (mg/L) e microbiológicos utilizou-se a técnica de
tubos múltiplos de 1:1 da tabela 2 e foi realizado a técnica de pourplate
em meio seletivo e diferencial em triplicata para a confirmação da
Escherichia coli (ANDREOLI et al., 2003).
Depois da realização das análises, os resultados foram
comparados com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA)n°357/2005 e nº274/2000 e da Portaria nº 2.914/2011
do Ministério da Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS

Para Richter e Netto (2000), a composição física, química e


bacteriológica define a qualidade da água, sendo que as características
físicas são de pouca importância sanitária. Uma água de boa qualidade
tem que ser isenta de substâncias orgânicas, inorgânicas ou quaisquer
organismos capazes de provocar enfermidades ou produzir efeitos
fisiológicos prejudiciais.
As temperaturas da água aferidas localmente no rio Parnaíba
variaram entre 20º e 23ºC. CETESB (2005) relata que a temperatura é
um importante parâmetro físico, pois sua alteração indica que está
ocorrendo aceleração ou retardamento da atividade biológica,
precipitação de compostos, absorção de oxigênio e formação de
depósitos.
Os valores de pH encontrados no período chuvoso (7,0),
encontra-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela resolução do
CONAMA nº 357/05, que estabelece limites 6,0 a 9,0. Segundo Richter
e Netto (2000), pouco significado tem quando se encontra o valor do
pH 7, pois esse resultado só indica que os íons de hidrogênio e hidroxila
têm concentrações iguais.

61
As análises das alcalinidades expressas na tabela variaram entre
26 e 28 mg/L. Cruz et al (2007), diz que os valores encontrados de
concentração é proveniente de matéria orgânica em decomposição,
pois os íons de bicarbonatos provem dessa reação.(dentro ou fora dos
padrões).
Os resultados dos teores de cloretos situaram-se na faixa de 4 a
4,4 mg/L, encontrando-se dentro dos padrões estabelecidos pela
portaria nº 2.914/2011 segundo Brasil (2011), que estabelece o limite
máximo permitido de cloretos seja de 250mg/L. Segundo CETESB
(2005), os limites fixados para o valor máximo permitido de
concentração dos cloreto, baseiam-se em relação ao gosto por motivo
de toxicidade.
Os resultados da dureza situaram-se na faixa de 16 a 18mg/L,
indicando teores aceitáveis de dureza, conforme a portaria nº 2.914/
2011. Segundo Brasil (2011), a qual estabelece o limite de 500 mg/L.
Cruz et al (2007) relata que ocorre um aumento na concentração da
dureza no período chuvoso, devido a um maior carreamento nos leitos
para os rios, que ocorrem por causa da maior concentração de chuvas
nesse período.
De acordo com Richter e Netto (2000), para o controle do sistema
de abastecimento é necessário a determinação de coliformes. Sua
presença é um indicativo da contaminação da água por esgotos
domésticos, podendo ocasionar diversas doenças de transmissão hídrica.
Os pontos Pa1, Pa2 e Pa3 tiveram resultados > 16, para o número
mais provável de bactérias e já no meio de diferenciação utilizando o
meio Mac Conkey, foram encontradas uma variação de 05 a 18 UFC
de Escherichia coli (Tabela 2). De acordo com a portaria nº 2.914/2011,
segundo Brasil (2011), quando confrontadas com os valores de
potabilidade todas as outras amostras encontram-se impróprias para o
consumo humano, mas para a balneabilidade encontra-se adequada
de acordo com a resolução do CONAMA nº 274.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A água é um bem precioso extremamente necessário para a


manutenção da vida de todas as espécies em todos os níveis de
organização, a falta desse recurso ou sua poluição implica na
sobrevivência da humanidade e de todas as espécies.
Os resultados das análises físico-químicos do rio Parnaíba
encontram-se dentro dos padrões estabelecidos pela resolução do

62
CONAMA nº357/2005 e da portaria nº 2.914/2011 segundo Brasil
(2011).
As análises dos resultados microbiológicos demonstram que as
águas do rio Parnaíba são impróprias para o consumo humano de
acordo com a portaria nº2.914/2011,mas para a balneabilidade
encontra-se adequada de acordo com a resolução do CONAMA nº
274.
É essencial a promoção de ações direcionadas para se evitar a
poluição, para promoção de uma melhor qualidade dos corpos d’água
e da diminuição na contaminação através dos esgotos nas águas do rio
Parnaíba. Na cidade está sendo implantado um sistema de saneamento
básico, uma ação que contribuirá para melhorar a qualidade da água
devido à canalização dos esgotos que cortam a cidade e se interligam
aos mesmos, em que a população despeja seus dejetos domésticos e
fecais que são lançados diretamente no rio contribuindo para a sua
poluição.
Esse estudo é a primeira abordagem realizada que engloba os
índices Físico-Químicos e Microbiológicos do rio Parnaíba na cidade
de Floriano-Pi, no período chuvoso, servindo de referência para
comparar índices futuros com os encontrados.

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64
CARTA DE PRINCÍPIOS E PROJETO AÇÃO: A
INTER E A TRANSDISCIPLINARIDADE NO
CONTEXTO ESCOLAR

Andréa Lourdes Monteiro Scabello

RESUMO: Este artigo tem por finalidade apresentar a Carta de


Princípios e aspectos do Projeto Ação elaborados pelos estudantes do
Ensino Fundamental II do Colégio Sidarta no ano de 2002. Estas ações
apoiadas nos princípios da inter e da transdisciplinaridade pretendiam
possibilitar a construção de uma representação mais abrangente sobre
planeta e demais espécies viventes. A metodologia de ensino, baseada
no sentido e significado do aprender, levou os estudantes a vivenciarem
experiências durante um estudo do meio na Estação Ecológica e
Experimental de Itirapina, SP. Após a coleta dos dados e sistematização
das informações foi elaborada uma Carta de Princípios que alçou o
status de carta de intenções. Os princípios estabelecidos serviram de
base para a elaboração do projeto ação empreendendo ações solidárias
no entorno do colégio

PALAVRAS-CHAVE: Ensino para a Compreensão. Estudo do Meio.


Carta de Princípios. Projeto ação.

INTRODUÇÃO

“Think globally, act locally”


A união planetária é a exigência racional mínima de
um mundo encolhido e interdependente. Tal união pede a
consciência e um sentimento de pertencimento mútuo que nos
una à nossa Terra considerada como primeira e última pátria.
Morin, 2001

A escola é o lugar de convivência e socialização. Lócus de


aprendizagens e do desenvolvimento de habilidades e construção de
competências. Esta afirmação traduz o cotidiano no Colégio Sidarta,
localizado no município de Cotia, SP, fundado em 1998 por um grupo
de empresários que acreditava no empreendedorismo como forma de
ação social e na educação como possibilidade de intervenção no mundo.
65
O projeto do Colégio nasceu em parceria com a Escola do Futuro
da Universidade de São Paulo - USP. A implantação da Educação Infantil
e do Ensino Fundamental I e II foi coordenada pelo Prof. Friderich
Michel Litto, tendo por fundamentação o Ensino para a Compreensão29.
O Ensino Médio, inaugurado alguns anos mais tarde, teve a colaboração
de Leila Retroia Iannone baseada na metodologia dos projetos didáticos.
Sob os auspícios da inter e da trandisciplinaridade,30 o Colégio Sidarta
estabeleceu um marco na educação por trabalhar com paradigmas
considerados pouco conservadores.
Intenciona-se neste artigo apresentar a Carta de Princípios e
aspectos do Projeto Ação elaborados pelos estudantes do Ensino
Fundamental II do Colégio Sidarta no ano de 2002. Estas ações
apoiadas nos princípios da inter e da transdisciplinaridade31 pretendiam
a construção de uma escola com princípios da sustentabilidade.

O PROJETO PEDAGÓGICO EM PROL DE UMA ESCOLA


SUSTENTÁVEL

Em 2001 o Colégio Sidarta deu início ao Ensino Fundamental


II. O Projeto Pedagógico desse segmento foi elaborado por uma equipe
de educadores contratados pela Escola do Futuro - USP. Este
documento definiu as concepções filosóficas e as ações pedagógicas
no âmbito escolar. O projeto pedagógico tinha por base um tema
gerador:

29
O Colégio Sidarta pautou-se no Modelo para Prioridades Educacionais em uma Sociedade
de Informação da Escola do Futuro (1997), nos princípios de Gardner (Projeto Zero), nas
ideias de pesquisadores que defendem o ensino para a compreensão, o aprender a aprender e a
aprendizagem com sentido e significado.
30
Citando o Projeto Sidarta (2000, p. 19) “O objetivo da visão transdisciplinar é a articulação
dos saberes, o estudo do universal, a restituição ao homem de sua integridade, a contínua
educação e formação que remeta ao conhecimento e ao respeito da totalidade aberta do Ser
humano, à compreensão da Natureza e do mundo em que vivemos. A visão transdisciplinar
implica em uma nova lógica, em um nova consciência do real, em uma interpelação ética e em
uma metafísica. Ela abarca a relação do homem com o ambiente (ecorelação), com o outro(s)
(heterorelação) e com nosso interior (autorelação), enquanto o nosso si mesmo, a nossa essência,
a nossa verdadeira natureza. Nesse sentido, ela remete a um processo contínuo de ecoformação,
de heteroformação e de autoformação”.
31
Segundo o Projeto Sidarta (2000, p.1) “A Educação permeada pela transdisciplinaridade
amplia o universo do que é educar uma vez que compreende o educador como um mediador
de sentido e de significado. Para a transdisciplinaridade o educador é um mediador de sentido
e de significado. Nesse contexto, o educador enquanto mediador de significado é aquele que
responde as perguntas o que? e porque? Ele nos remete a um conteúdo disciplinar, multidisciplinar
ou interdisciplinar. O educador, enquanto mediador de sentido, é aquele que responde as
perguntas para que? para quem? em nome do que? em nome de quem? Ele nos remete à interpelação
ética e metafísica.”

66
“Espaçonave Terra navegando”. A intenção ao se escolher esse
tema era possibilitar a construção de uma representação mais
abrangente sobre planeta. Os indivíduos das diferentes espécies são
viajantes/passageiros da Espaçonave Terra que navega pela Via-Láctea
e, consequentemente, pelo Universo. Partindo-se deste pressuposto, o
projeto pedagógico tinha por base um tema gerador: “Espaçonave Terra
navegando”. A intenção ao se escolher esse tema era possibilitar a
construção de uma representação mais abrangente sobre planeta e
demais espécies viventes. Assim, temáticas relativas à sustentabilidade
e à biodiversidade constituíam-se como foco do ensino, respaldadas
pela Teoria dos Sistemas.
A metodologia de ensino, baseada no sentido e significado do
aprender, levou os estudantes a “vivenciar experiências concretas,
refletir sobre elas, descobrir o que realmente aprendeu e compreendeu,
comunicar aos outros o seu conhecimento e, finalmente, trabalhar
cooperativamente e individualmente” (FISCHMMAN, 1997, p. 6).
A metodologia de ensino estava assentada em 4 etapas distintas:
sensibilização, investigação e descoberta, atividades criativas, da
informação ao conhecimento (Quadro 1).

Quadro 1 - Etapas do processo de ensino

Fonte: Adaptado do Projeto Amare (ESCOLA DO FUTURO, USP, p.1997).

Esta forma de ensinar trouxe para os estudantes muitos desafios.


Os conteúdos tratados em aula respeitavam os conhecimentos prévios
e instigavam a descoberta de respostas para as indagações ou problemas
que se desejavam entender. A metodologia da pesquisa científica fazia
parte do cotidiano das crianças e jovens, colocando-os na posição de
aprendizes.
A pesquisa era fundamentada na pesquisa bibliográfica, leitura
e fichamentos, elaboração de resumos e resenhas, observação direta e
67
indireta, registros no caderno de anotação, desenho, fotografia, entre
outras atividades. Mas, muitas vezes, completava esta etapa a pesquisa
de campo com aulas passeios e estudo do meio.
Os resultados parciais das investigações revertiam-se numa
produção, geralmente concreta, isto é, em desenhos, textos, maquetes,
elaboração de power point, dramatização, produção gráfica, blogs,
elaboradas individualmente e em equipe. A finalidade era a
sistematização dos dados coletados.
A finalização do processo de aprendizagem coincidia com a etapa
denominada Da Informação ao Conhecimento na qual os estudantes
socializavam as descobertas com os colegas em sala de aula e com a
comunidade através da apresentação de comunicações orais, debate,
mesas-redondas e oficinas no Congresso de Estudantes do Colégio
Sidarta (evento realizado no segundo semestre do ano letivo). O ensino
não era teórico, propiciava experiências e práticas diversificadas. Assim,
as ações pedagógicas coadunavam com o que é afirmado por Raths et
alii (1977, p 5) a respeito da atuação dos professores no processo de
ensino: “A contribuição mais significativa para o processo de maturação
é dada pela experiência” e dentro desse processo destacam-se “[...] as
oportunidades para pensar, bem como as oportunidades para
compartilhar nosso pensamento quando a pesquisa é feita em função de
objetivos [...]” (RATHS et alii, 1977, p. 6).
As experiências e a aplicação prática dos conceitos e
conhecimentos exigiam dos estudantes o desenvolvimento de
habilidades e competências, elementos fundamentais para a construção
da autonomia. Esta forma de aprender mobilizava os cinco sentidos e,
trazia para o dia-a-dia da escola, questões relativas à afetividade/
sensibilidade.
Para cada uma das séries do EF II foram planejados projetos
com temas específicos, conforme Quadro 2. Contudo, eles possuíam
natureza interdisciplinar. Assim, as ações pedagógicas do 7º ano (antiga
6ª série) desembocavam na elaboração de uma Carta de Princípios
que servia de parâmetro para os 8º e 9º anos, levando os estudantes no
final do ciclo a implantar um projeto ação junto à comunidade externa.
Os temas dos subprojetos eram desenvolvidos por todas as
disciplinas escolares. E, uma vez que a temática tinha cunho
interdisciplinar, o planejamento de ensino e das aulas eram realizados
em dois momentos: um coletivo e outro individual. O coletivo ocorria
durante as reuniões de planejamento das séries e os momentos
individuais ao longo das reuniões de área. É importante destacar que

68
os momentos de planejamento e avaliação das metas ocorriam com
frequência, pois a equipe de gestores (incluindo a mantenedora, a
direção, a coordenação de currículo e a pedagógica) fazia reuniões
com os professores semanalmente. Para atingir as metas do projeto
pedagógico entre as diversas condições destacavam-se: o planejamento
estratégico, o trabalho em equipe, profissionais bem preparados,
planejamento de ensino e das aulas. O trabalho pedagógico não ocorria
de forma solitária. Era resultado de uma equipe que se pautava no
princípio da solidariedade.
O objetivo da ação educativa era dar sentido e significado ao
conhecimento permitindo as ações empreendedoras. A proposta
pedagógica era baseada em 4 vetores: Autenticidade na identidade;
Identidade na alteridade; Qualidade na formação; e Emancipação na
criação respaldados pelos quatro pilares da Educação – Aprender a
conhecer; Aprender a fazer; Aprender a viver em conjunto; Aprender
a ser – conforme o relatório da Unesco para a Educação no século
XXI (DELORS, 1999).

Quadro 2 – Fundamentação do Projeto Político Pedagógico

Fonte: Projeto Sidarta 2000.

A proposta de trabalho para os estudantes do 7º ano (antiga 6ª


série), assim como a das demais séries, estava respaldada por objetivos
69
de compreensão. No caso, o projeto Buscando e reconhecendo as rotas
centrava-se na relação entre o Homem e a Natureza. A disciplina de
geografia, por exemplo, tinha a intenção de entender como essa relação
possibilitava a construção das paisagens e do espaço brasileiro. Nesta
perspectiva, entre os objetivos de compreensão destacavam-se:
Compreender a diversidade de relações existentes entre o Homem e a
natureza; Compreender que as intervenções da sociedade na natureza,
ao longo da história, foram responsáveis por desequilíbrios ecológicos
que ameaçam o nosso planeta na atualidade. Estes objetivos guiavam
a seleção dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais
conforme a Figura 1.

Figura 1 – Planejamento Trimestral – Disciplina de Geografia


(Ensino para Compreensão)

70
Fonte: Planejamento elaborado por Scabello (2002).
71
O planejamento da disciplina de geografia articulava-se aos
demais componentes curriculares. E para colocar em prática o ensino
desses conteúdos foi escolhido o método interdisciplinar do estudo do
meio.

O MÉTODO DE ENSINO INTERDISCIPLINAR: O ESTUDO


DO MEIO

A meta a ser alcançada relacionava-se à compreensão da


complexidade do planeta Terra, especialmente da biosfera, expondo
as fragilidades no equilíbrio na relação sociedade natureza numa
sociedade capitalista, isto é, na sociedade de consumo.
Os subprojetos permitiram discutir as consequências positivas
e negativas das ações humanas, especialmente as de cunho econômico
sobre a natureza. Para que se pudessem observar as interferências não
só ambientais, mas também de cunho cultural, optou-se por utilizar
como estratégia o estudo do meio. O local escolhido foi uma área de
preservação, mais especificamente uma unidade de conservação – a
Estação Ecológica e Experimental de Itirapina – localizada no interior
do Estado de São Paulo.
O contato dos estudantes com o ambiente externo à escola,
frequentemente, ocorreu de forma prazerosa, pois experimentavam
situações novas, treinavam as suas percepções e demonstravam
curiosidade acerca dos fenômenos percebidos.
A experiência na Estação Ecológica e Experimental32 de
Itirapina permitiu vivenciar aspectos do cotidiano dos pesquisadores
que estudam o ambiente natural. A escolha desta Unidade de
Conservação pautou-se no fato do bioma cerrado (uma das vegetações
que povoou grandes extensões do território paulista) estar circunscrita
a pequenas áreas. No caso em questão o cerrado foi substituído pela
plantação de pinus e eucalipto para beneficiar as indústrias de celulose
e, também farmacêuticas e de cosméticos.
O estudo do meio enquanto método de ensino interdisciplinar
intencionava ir além do conteúdo conceitual. Trata-se de uma prática
pedagógica que se encontra inserida em uma teoria curricular aberta
na qual a aprendizagem dos alunos não é medida através de uma

32
A estação ecológica é uma área, da Unidade de Conservação, que permite a visitação pública,
especialmente com função educativa e a pesquisa científica. Nesta área ficam proibidas ações
que interfiram na fauna e flora. A estação experimental, por sua vez, trata-se daquela área em
que é permitida a realização de experiências.

72
avaliação homogeneizante. Ele tem por finalidade proporcionar o
contato direto com determinada realidade que se deseja estudar
(PONTUSCHKA; LOPES, 2009).
Os estudantes participaram de todo o processo incluindo
planejamento, elaboração do orçamento e do caderno de pesquisa de
campo. Percebeu-se na prática que “[...] o estudo do meio pode tornar
mais significativo processo ensino-aprendizagem e proporcionar aos
seus atores o desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo sobre
a aparente naturalidade do viver social” (PONTUSCHKA; LOPES,
2009, p. 174).
O estudo do meio necessita de um planejamento flexível, mas
deve respeitar as etapas fundamentais:

[...] preciso lembrar que sua realização, especialmente nos


Ensino Fundamental e Médio, requer atenção especial
dos organizadores quanto à segurança dos alunos. Além
da prévia autorização dos pais ou responsáveis e da
contratação, quando necessária, de transporte e de
alojamento, a elaboração dos roteiros de observação e
pesquisa devem levar em consideração o estágio de
desenvolvimento cognitivo e emocional dos estudantes.
Deste modo, a definição do espaço a ser estudado não
pode prescindir de uma prévia visita ao local e da
identificação, considerando as características dos
participantes, de um itinerário que não coloque em risco
a sua segurança (PONTUSCHKA; LOPES, 2009, p. 180).

Após a realização do estudo do meio e da sistematização das


observações levantadas na pesquisa de campo, os estudantes passaram
a refletir sobre os dados coletados e tentaram articulá-los. A proposição
era a elaboração de uma Carta de Princípios que pudesse guiar as ações
deles ao longo dos próximos anos.
A Carta de Princípios envolveu todos os componentes
curriculares e contou com o auxílio de cada um dos professores e
estudantes. A elaboração da Carta exigiu uma etapa de sensibilização
e de investigação e descoberta. Utilizaram-se documentos que
defendiam os direitos humanos e das demais espécies, a exemplo da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Carta da Terra e a Carta
do Chefe Seatle ao presidente dos Estados Unidos, só para citar alguns
deles.

73
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Carta de Princípios é resultado da reflexão de estudantes. Os


professores desempenharam papel primordial colocando-se como “[...]
mediador de sentido e de significado” (PROJETO SIDARTA, 2000, P1).
A Carta de Princípios (Quadro 3) abrangeu temáticas
relacionadas às vivências proporcionadas pelo estudo do meio e pelo
embasamento teórico obtido através das leituras de diversos gêneros
de textos (reportagens, crônicas, entrevistas, cartas). A partir das
informações, os alunos refletiram sobre a sociedade de consumo e
identificaram que os valores reforçados por ela são os valores individuais
em detrimento dos coletivos. Desta forma, a Carta de Princípios
assumiria um papel relevante na medida em que os seus princípios
estariam assentado na valorização do coletivo.

Quadro 3 – Carta de Princípios dos estudantes do 6ª série (7º ano)


do Colégio Sidarta (2002).

74
Esta Carta de Princípios, na série seguinte, ganhou o status de
carta de intenções. Os estudantes, de acordo com o projeto pedagógico,
realizaram um intercâmbio visitando o Colégio Marista localizado em
Curitiba, PR. Neste intercâmbio puderam evidenciar o trabalho social
realizado pelo Colégio Santa Maria e, sensibilizados com essas ações
solidárias refletiram sobre as possibilidades de intervenção no entorno
e nos bairros localizados nas imediações do Colégio Sidarta.
Assim, no 9º ano os estudantes elaboraram, utilizando as
ferramentas propostas pela metodologia científica, projeto de
intervenção denominado projeto-ação. Desta forma, a equipe do
Colégio Sidarta tentou:

“inscrever em nós a consciência antropológica, que


reconhece a unidade na diversidade; a consciência
ecológica, isto é, a consciência de habitar com todos os
seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera) [...], a
consciência cívica terrena, isto é da responsabilidade e da
solidariedade para com os filhos da Terra; a consciência
espiritual da condição humana que decorre do exercício
complexo do pensamento e que nos permite, ao mesmo
tempo, criticar-nos mutuamente e autocriticar-nos e
compreender-nos mutuamente (MORIN, 2001, p. 76)

REFERÊNCIAS

DELORS, Jacques et alii. Educação um tesouro a descobrir – Relatório para


a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI.
Disponível em: <http:// http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/
r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf> Acesso em Maio de 2015
FISCHMMAN, Silvia (coord). Projeto Amare - Sidarta. São Paulo: Escola
do Futuro- USP, 2000 (material impresso).
MORIN, Edgard. Os setes saberes necessários à Educação do Futuro. 3ª ed.
São Paulo: Cortez, Brasília: DF: UNESCO, 2001.
PONTUSCHKA; Nídia Nacib; LOPES, Claudivan Sanches. Estudo do Meio
– Teoria e Prática. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/
index.php/geografia/article/view/2360> Acesso em maio de 2015.
RATHS, L. E.; JONAS, A.; ROTHSTEIN, A. M.; WASSERMANN, S.
Ensinar a pensar. 2ªed. São Paulo: EPU, 1977.

75
OS OBSTÁCULOS PARA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DA
ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ ALEXANDRE EM
PARNAÍBA – PI.

Fabrício Freitas dos Santos


Mayara Maia Ibiapina
Thaís Mayara Paes de Lima

RESUMO: Esta pesquisa teve o objetivo de investigar as principais


dificuldades para abordar o tema Educação Ambiental através da forma
que ela vem sendo trabalhada na prática dos professores de 2º ao 5º
ano do Ensino Fundamental, nas escolas públicas, através de um estudo
inicial realizado na Escola Municipal José Alexandre na cidade de
Parnaíba Piauí. Como metodologia, utilizou-se um estudo exploratório
através da técnica de entrevista focalizada sobre as possíveis dificuldades
enfrentadas pelos professores em praticar o Tema Educação Ambiental.
Como observado, os professores remetem as dificuldades da abordagem
do tema a falta de interesse dos alunos e a falta de material didático
associada à capacitação. Essas respostas nos levaram a uma profunda
reflexão de em quais mãos está o ensino da EA nas escolas da rede
pública na cidade. Entende-se que essas ações precisam realmente de
profissionais qualificados, porém, a principal ferramenta de ensino
desse tema chama-se criatividade em sua abordagem para prender a
atenção de crianças, visto que elas são o público primordial no ensino
de EA. A pesquisa pretende subsidiar estudos mais aprofundados sobre
o assunto e sugere o turismo pedagógico ou aulas-passeio como
ferramenta lúdica para estimular o interesse do aluno.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Dificuldades. Ensino


Fundamental.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a temática Meio Ambiente tem sido


amplamente um dos temas mais discutidos em diversas áreas do
conhecimento, uma vez que a sociedade moderna foi despertada devido
ao avanço da destruição dos recursos naturais do planeta.
76
Uma das formas de minimizar a destruição da natureza é a
conscientização dos indivíduos sobre esta temática, buscando melhorias
e soluções para paralisar a destruição, com ações de recuperar o meio
ambiente.
Uma das ferramentas de baixo custo e com efeito duradouro é a
inclusão da Educação Ambiental (EA) nas escolas. Para que os objetivos
da Educação Ambiental sejam atingidos, é necessário o uso adequado
desta ferramenta, com significativas ações no ensino aprendizagem.
O interesse da pesquisa com o tema surgiu pela falta de cuidado
das pessoas com relação ao meio ambiente e as consequências de tais
atitudes provocadas na própria sociedade. Esse trabalho visa mostrar
os resultados obtidos na investigação realizada na escola Municipal
José Alexandre na cidade de Parnaíba, que teve como problemática:
investigar a prática de ensino dos professores em relação à temática
Educação Ambiental.
Esta pesquisa teve como objetivo investigar sobre conceitos da
educação ambiental e iniciar uma investigação acerca das dificuldades
sobre o tema Educação Ambiental, através da forma que ela vem sendo
trabalhada na prática dos professores de 2º ao 5º ano do Ensino
Fundamental na escola municipal.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2007, p. 192) dizem que
o tema Meio Ambiente pode ser mais amplamente trabalhado, quanto
mais se diversificarem e intensificarem a pesquisa de conhecimentos e a
construção do caminho coletivo de trabalho, se possível, com interações
diversas da escola e desta com outros setores da sociedade.
Assim, as preocupações com o meio ambiente têm crescido a
nível global como a nível local. Com isso, deve-se refletir sobre os
problemas ambientais no sentido de contribuir com os discentes para
uma conscientização, de modo a tornarem-se aptos a exercer a
cidadania.
A inclusão da EA nos currículos escolares foi bastante positiva,
sobretudo pela necessidade de conscientização para a preservação da
natureza como um patrimônio que deve ser utilizado de forma
sustentável para que seja renovável.
Com esta pesquisa, buscou-se abordar como a instituição
educacional, juntamente com o professor, mediador de conhecimentos,
despertam valores e atitudes que permitam às crianças adotarem uma
postura consciente e participativa à respeito das questões relacionadas
com a conservação e a adequada utilização dos recursos naturais para
a melhoria do planeta e qualidade de vida da humanidade.

77
Dessa forma, a coleta de dados ocorreu através de uma
entrevista focalizada com quatro professores das séries de 2º a 5º ano,
com perguntas abertas para ajudar em um maior esclarecimento sobre
a temática. O presente trabalho tem como objetivo investigar como os
professores das séries iniciais da escola campo de pesquisa utilizam a
Educação Ambiental em sua prática pedagógica em sala de aula.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O mundo Pós-Moderno se configura na sociedade do consumo,


independente de classe social, a aceleração compulsiva desse consumo
de bens descartáveis, imposta pelo sistema, estão cada vez mais
evidentes no nosso cotidiano. Segundo Seabra (2013), os sinais mais
visíveis da crise no mundo globalizado são a degradação ambiental, o
risco de um colapso ecológico e o avanço da desigualdade e pobreza.
Surge a necessidade de mudança na sociedade:

Com isso, constata-se que insurgiu uma nova relação entre


o homem e a natureza, baseada no mútuo respeito e na
dependência recíproca, com a predominância do interesse
coletivo sobre o individual, induzindo uma nova postura
da sociedade para com o meio ambiente, que requer um
novo enfoque dos problemas existentes e uma adequação
da ordem jurídica para as suas soluções, levando em
consideração os novos valores emergentes e a
responsabilidade comum de sua defesa (LIMA & SILVA
2008).

Diante do reconhecimento de um novo desafio, a Lei Federal


nº 9.985/99 define a EA como “Entendem-se por educação ambiental
os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” e
completa em seu art. 2º que “A educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal”.
Segundo a Lei 9.985/99, a EA precisa construir valores sociais
de uma forma articulada, ela se torna um conjunto de estratégias e
técnicas para desenvolver cidadãos mais conscientes e atuante nas causas

78
ambientais e a ludicidade encontra-se como uma forma de promover a
EA, pois não basta apenas consciência, é preciso participação que para
Brose significa também mudança de postura e comportamento:

Participar vai muito além de estar presente. Participar


significa tomar parte no processo, emitir opinião,
concordar/discordar. Em um processo participativo, deve
ocorrer o respeito às ideias de todos, sendo que todas as
contribuições devem ser valorizadas e voluntárias. Deverá
haver o envolvimento individual e permanente,
considerando que a participação é indivisível, devendo
ocorrer em todo o processo. A participação é um processo,
requer treino e, fundamentalmente, mudança de
comportamento e de atitude. Deverá ver atitudes e postura
adequadas, com muita transparência e total acesso a todas
as informações. (BROSE, 2001)

No Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), reafirma-se a


importância de se trabalhar a EA como forma de transformação da
conscientização dos indivíduos. É uma forma de integrar as diversas
áreas do conhecimento. Porém, em nosso país, a realidade diverge do
que determina a lei. A temática ambiental, em muitas escolas, é
abordada só nas disciplinas de Geografia e Ciências, e na maioria das
vezes, ainda acaba permanecendo só na teoria.
Essa questão ambiental é contemplada nos PCN ao introduzir
a EA como tema transversal, o que exige uma tomada de posição diante
de problemas fundamentais e urgentes da sociedade, onde requer uma
reflexão sobre o ensino, a aprendizagem de seus conteúdos: valores,
procedimentos e concepções a eles relacionados.

A grande importância de Educação Ambiental é


contribuir para a formação de cidadãos conscientes do
seu papel na preservação e conservação do meio ambiente,
de atuar na realidade de um modo comprometido com a
vida, com o bem- estar de cada um e de tomar decisões
sobre questões ambientais necessárias para o
desenvolvimento de uma sociedade sustentável.
(BRASIL, p. 187)

A proposta de Educação Ambiental deve iniciar logo nos


primeiros anos da Educação Básica, devendo- se passar uma visão
globalizada, afinal, este nosso planeta já está a emitir sinais que indicam
pedidos de socorro.
79
Essa proposta de uma educação com abordagem na Ética
Planetária exige uma concepção metodológica que supere a visão
fragmentada sobre a realidade, organizando processos de ensino e
aprendizagem baseados nas mudanças de comportamento individual,
na coletividade e na percepção da existência da conexão entre o
ambiente interno e externo.
Segundo Capra (2002), “educar também pode ser compreendido
como trazer para dentro”, assim; o trabalho com Educação Ambiental
consiste no autoconhecimento do ser humano ou ecologia pessoal.
No Brasil, infelizmente a EA foi confundida com Ecologia
e iniciou- se de forma errada. Dez anos passados da Conferência
de Tbilisi, a UNESCO e o PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente), promoveram o Congresso Internacional
sobre Educação e Formação Ambientais, em Moscou, Rússia
(1987), quando foram analisadas as conquistas e dificuldades da
Educação Ambiental em todo o mundo e traçadas as metas para a
década de 90.
A educação ambiental deverá servir para mudanças de atitudes
e de certa realidade. As mudanças não devem se limitar a aspectos
comportamentais, mas sim em sua inserção na sociedade, de modo
mais amplo, crítico, político e social. Devemos enxergar as crianças
não apenas como agentes do futuro, mas como agentes de hoje, capazes
de influenciar e tomar decisões que podem ser ou não para o bem da
sociedade e da natureza.

METODOLOGIA

A escola Municipal José Alexandre fica localizada na cidade


de Parnaíba-PI, Bairro Nova Parnaíba e trabalha desde a educação
infantil ao ensino fundamental, onde atende crianças no horário de
sete horas às onze horas da manhã e das treze às dezessete horas da
tarde de segunda a sexta-feira.
A escola atende no turno da tarde cerca de (28) crianças na sala
do 2º ano, (20) crianças na sala de 3º ano, (27) crianças na sala do 4º
ano e (18) crianças na do 5º ano, oriundas de uma classe econômica
menos favorecida. A instituição apresenta estrutura física adequada
para seu pleno funcionamento, além de suas salas de aula, possui uma
diretoria/ secretaria, sala dos professores, biblioteca, banheiros, pátio
amplo para a realização de atividades lúdicas e recreativas, cantina e
refeitório.

80
A pesquisa teve a finalidade de investigar de que forma os
professores da Escola Municipal José Alexandre na cidade de Parnaíba
nas turmas de 2º ao 5º ano trabalham em sua prática pedagógica a
temática Educação Ambiental, entendendo a importância do tema para
desenvolvimento sustentável da cidade. Na Tabela 1 demonstra-se o
perfil dos colaboradores da amostra investigada.

TABELA 1: PERFIL DAS COLABORADORAS DA PESQUISA.

Para a elaboração da pesquisa foi escolhida a entrevista


focalizada afim de obter respostas com maior liberdade de elementos
iniciando assim uma pesquisa sobre quais dificuldades esses professores
enfrentam, podendo assim subsidiar futuras pesquisas aprofundadas e
mais amplas sobre o tema.
A entrevista focalizada é uma entrevista informal, com objetivo
de coleta de dados e recomendada em estudos exploratórios não exige
rígida estruturação, porém permite abordar realidades pouco
conhecidas pelo pesquisador e oferece uma visão aproximativa do
problema pesquisado de forma livre, segundo Brito Júnior (2011):
A entrevista focalizada (...) enfoca um tema bem específico,
quando, ao entrevistado, é permitido falar livremente sobre o assunto,
mas com o esforço do entrevistador para retomar o mesmo foco quando
ele começa a desviar-se. É bastante empregada em situações
experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma experiência
vivida em condições precisas. Também é bastante utilizada com grupos
de pessoas que passaram por uma experiência específica, como assistir
a um filme, presenciar um acidente etc. (p. 240)
A entrevista foi realizada no mês de Novembro do ano 2013 e
reunia quatro professores com o seguinte questionamento: Quais as
dificuldades encontradas em praticar o Tema Educação Ambiental? A
resposta deveria ser objetiva e clara e não exigia justificativa.

81
RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o questionamento feito de quais dificuldades


você encontra ao desenvolver os temas acerca da EA em sala de aula,
tivemos as seguintes respostas: Para a professora X é “Apenas falta de
interesse de alguns alunos, que além de não ouvirem o que está sendo
debatido, não participam e ainda atrapalham os colegas”, para a
professora Y “A falta de apoio e de material didático, dificultando o
trabalho do professor”, para a professora Z a “Falta de interesse dos
alunos” seria a única questão dificultadora e para a professora K “A
falta de material didático, a falta de capacitação do profissional em
sala de aula, para que o mesmo possa com segurança desenvolver o
trabalho docente”.
Como observado, os professores remetem as dificuldades da
abordagem do tema à falta de interesse dos alunos e à falta de material
didático associada a capacitação, essas respostas nos levaram a uma
profunda reflexão de em quais mãos está o ensino da EA nas escolas
da rede pública na cidade. Entende-se que essas ações precisam
realmente de profissionais qualificados, porém, a principal ferramenta
de ensino desse tema chama-se criatividade em sua abordagem para
prender a atenção de crianças, visto que elas são públicoalvo primordial
no ensino de EA.
Embora a Educação Ambiental esteja presente nos currículos
escolares, é importante frisar que ela ainda enfrenta muitos desafios e
problemas, nas quais as professoras citam em suas respostas como uns
dos principais a falta de interesse dos alunos e a falta de material
didático, uma vez que se está lidando com diferentes seres humanos e
que cada um tem uma maneira distinta de agir e interagir com o meio
em que vive; é nosso papel como educadores, desenvolver nos alunos
uma tomada de consciência e uma nítida compreensão da relação entre
o homem e a natureza.
Dias (2003) afirma que trabalhar a temática de Educação
Ambiental nas escolas tem se mostrado um árduo desafio, pois existem
grandes dificuldades nas atividades de sensibilização e formação, na
implantação de atividades e projetos e, principalmente, na manutenção
e continuidade dos já existentes.
Sugere-se como proposta de solução a prática do turismo
pedagógico, bem conhecido nas escolas como aulas-passeio, pois
despertam um interesse maior no aluno em aprender mais sobre o
assunto abordado em sala de aula de uma forma lúdica, seja ele de

82
aspecto cultural ou ambiental, dessa forma, o turismo educacional passa
a ser uma atividade que relaciona turismo, lazer e aprendizado.
O Turismo Pedagógico aproxima os estudantes com o meio,
um jeito de ensinar diferenciado. Segundo Goeldner (2002, p. 1910)
“O turismo eleva os níveis da experiência e do reconhecimento humano
e as realizações em muitas áreas da aprendizagem, pesquisa e atividade
artística.” Além de ampliar os conhecimentos dos discentes, o turismo
pedagógico possibilita uma aproximação maior entre o professor e
aluno, estabelecendo dessa forma uma relação afetiva entre ambos. As
viagens também fazem com que seja possível o professor analisar
melhor o comportamento do aluno e saber as deficiências do mesmo.
Por se tratar de uma prática facilitadora de aprendizagem, o
turismo pedagógico pode ser uma excelente ferramenta de educação
ambiental. Os discentes vão a campo, entram em contato com a
natureza, estabelecem uma maior aproximação da fauna e flora,
vivenciam o local, sentem a fragilidade do ambiente, podendo então
dessa forma despertar uma preocupação ecológica. Durante o trajeto
os alunos poderão ser sensibilizados, ficando atentos à questão do lixo,
do barulho, do respeito aos animais, desenvolvendo uma consciência
de preservação do meio ambiente e o que é melhor, de uma maneira
prazerosa.
Assim “nesse contexto, o professor atinge seus objetivos
didáticos de forma lúdica, pois as atividades pedagógicas são
desenvolvidas com brincadeiras e entretenimento.”. (PERINOTTO,
2008). Portanto, promover viagens de cunho pedagógico traz vantagens
tanto para os destinos receptores, quanto para o aprendizado dos
estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação de uma maneira geral é um grande desafio. E uma


Educação Ambiental em caráter particular, comprometida com a
construção de uma identidade planetária em cada pessoa, não devendo
estar apenas ligada à transmissão de conhecimentos acerca do meio
ambiente, mas sim deve conscientizar o indivíduo desde as séries iniciais
a ser um cidadão planetário, consciente e apto em suas práticas
ambientais cotidianas, visando garantir um meio ambiente saudável e
uma boa qualidade de vida.
É necessário trabalhar a temática de Educação Ambiental, de
acordo com a realidade do local, para que juntos possamos relacionar

83
os fatos do dia a dia para tentarmos solucioná-los. É preciso pensar
globalmente, mas agir localmente.
O percurso traçado por esta pesquisa foi um desafio que
começou a partir de observações, em que tinha como objetivo investigar
as práticas pedagógicas de ensino dos professores nas séries iniciais,
no que se refere à Educação ambiental enquanto tema transversal.
Durante os dias em que a pesquisa foi realizada não houve
dificuldades no acesso à escola e às professoras, pois tanto a direção da
instituição como as docentes foram receptivas durante todo o período
de realização do trabalho.
Por meio da pesquisa de caráter qualitativo podemos perceber
que alguns educadores sentem dificuldades ao desenvolver a disciplina
devido à falta de conhecimento da temática ou ainda por não adotarem
práticas efetivas que priorizem a questão ambiental como essencial no
currículo escolar
Faz-se necessário um conhecimento amplo e não fragmentado
de concepções éticoambientais de práticas educativas que propiciem
uma compreensão real e crítica da situação atual numa visão global,
para com isso despertar atitudes que visem dinâmicas e sensibilização,
cuja participação envolva todos: escolas, professores, alunos, família e
comunidade.
Nosso trabalho de investigação não é algo que se encerra por
aqui, não é definitivo e nem tampouco está acabado, pois educar
ambientalmente significa estar constantemente envolvido em um
processo contínuo que apenas vai se transformando com o passar do
tempo; vai evoluindo.

REFERÊNCIAS

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Nacionais: meio ambiente e saúde. V. 9. Brasília. p. 29. 1997.
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da Técnica de Entrevistas em Trabalhos Científicos. Evidência, Araxá, v. 7, n. 7, p.
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84
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SEABRA, G. (Org.). Educação Ambiental: Conceitos e Aplicações. João Pessoa.
Editora da UFPB, 2013. 268p.

85
PERCEPÇÃO DOS ALUNOS E PROFESSORES DA
ESCOLA MUNICIPAL JUSTINO LUZ SOBRE OS
RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDOS NA ESCOLA

Cleriane Pinheiro de Araújo Serafim


Acadêmica do curso de Ciencias Biológicas -UESPI-Picos – Pi, Licenciada
em Letras- UESPI.
Mena Maria de Souza Silva
Acadêmica do curso de Ciencias Biológicas UESPI-Picos – Pi, Licenciada
em Pedagogia- UESPI, Esp. em Psicologia aplicada a educação
Maria Majaci Moura da Silva
Professora da Universidade Fedral do Piauí/CTT

RESUMO: Este trabalho de pesquisa é resultado de uma preocupação


com o meio ambiente, desenvolvida ao longo do curso de graduação,
especialmente no que se refere ao tratamento dado aos resíduos sólidos
e às políticas de tratamento destes, resultantes de um rápido avanço
das novas tecnologias da informação e consumo, tendo os
computadores e demais aparelhos eletrônicos como principais
protagonistas nesse processo de poluição. Diante disso, objetivou-se
analisar a percepção de alunos e professores sobre os resíduos sólidos
gerados na escola municipal Justino Luz e realizar uma intervenção
na instituição. Trata-se, portanto, de um estudo teórico-prático, tendo
a princípio a pesquisa bibliográfica como suporte, e uma pesquisa de
campo, por meio da observação direta na escola, aplicação de
questionários para perceber como os professores e alunos lidam com a
construção do conhecimento sobre as formas sustentáveis de lidar com
os resíduos sólidos nas salas de aula. Os resultados foram satisfatórios
no sentido de informar e incentivar a comunidade escolar a tomar
atitudes ambientais mais conscientes a abrangentes. Por fim, este
trabalho não pretende encerrar a questão, mas demonstrar que é possível
as escolas tornarem seus alunos cidadãos ativos na preservação
ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos. Educação Ambiental.


Alunos. Professores.

86
1 INTRODUÇÃO

O século XXI é marcado pela manutenção do sistema


capitalista, que entre suas principais características apresenta a
velocidade e o consumismo como marcas acentuadas deste sistema.
Nessa busca por velocidade e qualidade na transmissão de informações
e serviços, tem crescido e se modernizado a produção de resíduos
sólidos. Contudo, ao passo que as tecnologias evoluem, produtos
ganham pouco tempo em vida útil tornando-se ultrapassados e por
isso são facilmente descartados, originando o aumento de um tipo de
lixo altamente prejudicial ao meio ambiente (MARTINS, 2009).
Neste cenário, formar cidadãos conscientes do seu papel na
sociedade é um desafio muito difícil, ainda mais quando se trata de
assuntos ambientais. Por esta razão, o referido artigo reconhece a
importância da proteção ambiental, bem como da necessidade de torná-
la uma ação prática, sobretudo no ambiente escolar. Por esta razão, o
presente trabalho se propôs a pesquisar como a comunidade escolar,
alunos e professores da escola Municipal Justino Luz, entendem e lidam
com os resíduos sólidos produzidos na referida escola.
Vale salientar que neste trabalho será considerado o termo
Resíduos Sólidos (RS) como sendo o lixo, como é designado
popularmente. Estes são consequências das atividades da comunidade
de origem industrial, escolar, hospitalar, comercial, doméstico...
Resíduos é o que sobra de um processo natural que transformado pode
ser aproveitado (LIMA, 2004).
O tratamento sobre resíduos sólidos ganhou força:

Depois de 21 anos de luta no Congresso, a Política


Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei n° 12.305,
de 2 de agosto de 2010, foi finalizada e aprovada. Agora
é Lei que até agosto de 2014 os municípios têm obrigação
legal de implantar a coleta seletiva nas cidades. Essa
Política reúne os princípios, as diretrizes, os objetivos, os
instrumentos, as metas e as ações a serem adotados
visando um gerenciamento adequado dos resíduos sólidos
(BORTOLOSSI, 2008, p.23).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos traz alguns conceitos


que, até o momento, eram pouco definidos, por exemplo,
sustentabilidade operacional e financeira, acordo setorial, integração
de catadores, padrões sustentáveis de produção e consumo, visando,

87
entre outros aspectos, à proteção da saúde. As prefeituras devem
implantar a coleta seletiva de do lixo reciclável nas residências, além
de sistemas de compostagem para resíduos orgânicos, como restos de
alimentos, o que reduz a quantidade elevada para os aterros, benefícios
ambientais e econômicos. (MARTINS, 2009)..
A coleta dos resíduos é uma etapa essencial na limpeza urbana
municipal e é caracterizada pela remoção regular do lixo acumulado,
coletado, transportado, tratado e encaminhado para a disposição final.
A execução desse serviço evita a proliferação de vetores causadores de
doenças, como ratos, baratas, moscas entre outros, problemas sanitários
para a população e mau cheiro. O não recolhimento dos resíduos é
visível à população, que fica incomodada e passa a criticar a
administração pública (MANO, 2010).
A população tem um papel de extrema importância para que a
coleta seja executada de maneira desejada. A observação dos dias e do
horário da coleta e o correto acondicionamento melhoram a eficiência
e a qualidade da coleta. O aterro sanitário é a tecnologia de disposição
de resíduos sólidos urbana mais indicada ao cenário brasileiro, na qual
são utilizados critérios de engenharia que garantem o correto
recebimento e tratamento dos resíduos, com menor impacto ambiental
e proteção da saúde pública.
A partir desse novo cenário, os municípios têm a importante missão
social de transformar suas práticas ambientais. O poder público municipal
é o principal agente dessa mudança, com a oportunidade de elevar sua
cidade a novos patamares na gestão de resíduos e com diversas obrigações
a serem cumpridas. A gestão de resíduos sólidos é um crescente desafio
para a sociedade atual, especialmente para a administração pública, em
razão da quantidade e da diversidade de resíduos, do crescimento
populacional e do consumo, da expansão de áreas urbanas. Diante desse
novo momento proposto aos municípios, são necessários motivação e
comprometimento da gestão municipal com a temática ambiental para
viabilizar a transformação necessária. (ALVES, 2000).
Depreende-se que é papel dos professores ministrar aulas com
atividades práticas sobre reaproveitamento dos Resíduos Sólidos
gerados na escola, para que com isso os alunos mudem de atitude,
haja vista a evidência dos problemas encontrados diariamente com a
falta de educação em relação ao meio ambiente.
Essa tomada de atitude frente ao modo como tanto alunos
quanto professores interagem com o tratamento ao lixo é imprescindível
já que segundo Mano et al. (2010, p 67)

88
Os Resíduos Sólidos são um dos maiores problemas no
ambiente da atualidade, pois os modelos de consumo
adotados pela maioria das sociedades moder nas
provocam o aumento contínuo e exagerado na quantidade
de Resíduos Sólidos produzido. Com isso vem uma
preocupação que leva a um conceito atual sobre o
desenvolvimento sustentável que é o desenvolvimento
capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade de atender as necessidades das
futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro, mas será que vai ser suficiente
mesmo?

Partindo deste conceito de desenvolvimento sustentável e deste


questionamento, avulta-se a importância de que os ambientes escolares,
juntamente com os alunos, saibam o que é a Educação Ambiental e os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Mediante as tantas causas da produção excessiva de lixo, está o
alto índice de consumo, no meio escolar, os estudantes chegam a
substituir cadernos a cada três meses acumulando-os sem necessidade,
fato que poderia ser evitado. O lixo indevidamente administrado
provoca danos em vários aspectos tais como o mau cheiro, a
proliferação de animais nocivos e transmissores de doenças, a poluição
do solo, da água e do ar.
Tendo em vista o grande acúmulo de lixo nos espaços da escola
e estado de conservação dos banheiros e áreas livres onde é notável a
presença excessiva de resíduos sólidos, é que se tornaram necessários e
urgentes a promoção de ações e o desenvolvimento de projetos que
visem à tomada de medidas mitigatórias na resolução destes problemas
evidenciados na Escola Municipal Justino Luz.
Com isso, veio a importância de incentivar através de
orientações alunos, professores e a comunidade que compõem esta
escola a terem cuidado com os Resíduos Sólidos, visando manter a
escola limpa através de orientações. Também a verificação da prática
pedagógica do professor de Ciências (principalmente) e das outras áreas
acumulando a interdisciplinaridade ao ministrar o conteúdo de
Resíduos Sólidos na Escola Municipal Justino Luz
Sendo assim, este trabalho se justifica pela necessidade de um
redirecionamento da Escola Justino Luz para promoção da educação
89
ambiental como possibilidade de desenvolver nas novas gerações de
educandos, não apenas nas crianças, mas em todos aqueles, sejam
jovens, adultos e idosos, educandos e educadores, que participam da
educação regular, por meio do processo ensino aprendizagem, o
compromisso com a sustentabilidade e alteridade.
Pretende-se que ao término deste trabalho, os resultados obtidos
possam nortear tomadas de atitudes e direcionamentos para o
tratamento do lixo e que a escola possa ser a primeira promotora da
formação de alunos conscientemente ativos e conhecedores das
medidas corretas a serem tomadas quanto ao tratamento do lixo
eletrônico.

2 METODOLOGIA

A pesquisa se apropriou dos conceitos e normas estabelecidas


por ser uma uma pesquisa participativa. A mesma iniciou-se no mês
de abril de dois mil e treze em uma escola pública municipal do ensino
fundamental, Escola Municipal Justino Luz (Foto 1), a mesma está
localizada na Rua Luís Nunes, bairro São José, Picos – Piauí. Constituiu
a amostra da pesquisa um total de cento e cinquenta educandos, doze
educadores, uma diretora, uma secretária, duas merendeiras, um vigia
e três faxineiras. Seguindo uma adequação de atividades decorridas
durante várias visitas através de observações na hora do lanche,
intervalo e sala de aula, palestras e entrevistas, embasadas na premissa
que a Lei 12.304/2010 exige novos olhares, conhecimentos e postura
frente ao processo educacional.
A realização do projeto partiu de uma realização de visita
diagnóstica e a partir do que foi presenciado na referida escola, dividiu-
se a execução da pesquisa em etapas. A primeira etapa foi diagnosticar
e analisar o gerenciamento atual dos resíduos sólidos e coletar
informações entre os alunos em relação ao “lixo” escolar por meio de
questionários semi-estruturados (ver apêndice A). Já a segunda etapa
constou da transcrição de depoimentos a partir de entrevistas e
questionamentos com os alunos sobre o problema do lixo na escola. A
terceira etapa consistirá em realizar intervenções por meio de promoção
de palestras para toda comunidade escolar e eventos que promovam a
divulgação e esclarecimento sobre o que é e o que deve ser feito com os
resíduos sólidos.
Assim, para que as diretrizes da PNRS fossem obedecidas e
suas metas alcançadas, foram necessários instrumentos e metodologia

90
de sensibilização e mobilização capazes de influenciar os vários
segmentos da sociedade, inclusive os profissionais da área e a população
como um todo. Este papel de sensibilização e mobilização cabe a
Educação Ambiental como:
Desta maneira, primeiramente foram realizadas visitas a escola
para apresentação da proposta do estudo e dos procedimentos a serem
desenvolvidos, apresentados à equipe gestora. Para coletar os dados
foi realizado um levantamento caracterizando todos os resíduos na
escola como na cantina, nas salas de aula, no pátio durante e depois
do recreio e o procedimento seguinte foi realizar a segregação correta
e a qualificação destes resíduos.
Também foram coletados dados sobre os pontos de geração,
manuseio, coleta interna e externa, armazenamento e destinação final
de todos os resíduos. Palestra de sensibilização do meio ambiente e
conscientização sobre o correto manuseio dos “lixos” foram aplicadas
durante o decorrer do trabalho, também uma campanha com apoio de
toda equipe da escola para a conscientização e a redução da utilização
de materiais descartáveis e papel no qual diminuirá na quantidade de
resíduos gerados no dia a dia escolar

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Percepções de alunos e professores quanto aos resíduos sólidos

Os resultados desta pesquisa serão divididos em duas etapas,


sendo apresentados primeiro os gráficos que ilustram o conhecimento
de alunos e professores sobre resíduos sólidos, o segundo momento
relatará a experiência da intervenção sócio-educativa. Os dados obtidos
foram coletados no período de abril de 2013, e nos meses de fevereiro
a abril de 2014, por meio de análise estatística descritiva simples, o
questionário é composto de cinco questões objetivas , aplicadas a escola
Justino Luz de ensino fundamental que tinha como intuito identificar
o nível de conhecimento da população escolar de Picos em relação ao
tema.
Assim, para saber como a temática é tratada na escola
pesquisada, foi abordada a seguinte pergunta sobre o conhecimento
dos pesquisados quanto ao conceito de RS, obtendo os seguintes
resultados.

91
Figura 01: O que você entende por resíduos sólidos?
.

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

Para os pesquisados apenas 12% entendem que os resíduos


sólidos são oriundos de materiais em decomposição ou em desuso que
afetam diretamente o meio ambiente e a sociedade, 26% dizem que
são resíduos oriundos de material orgânico, e 62% acreditam que são
resíduos que não afetam o meio ambiente. Isto demonstra que a maioria
dos entrevistados não têm noção do conceito de RS (resíduos sólidos)
e de seus efeitos sobre o meio ambiente, tendo em vista que os
percentuais de respostas assertivas foram muito poucos.
Perguntou-se se a escola trabalhava algum tipo de projeto
ambiental ou de conscientização sobre o tratamento do lixo e 78%
assentiram enquanto 22% dizem não existir projetos deste tipo, ilustrado
no gráfico 2:

Figura 02: A escola desenvolve projetos na área ambiental?

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

92
A existência de projetos de cunho ambiental revela que as
escolas estão incluindo em seu conteúdo programático o trabalho
com temas transversais como o Meio Ambiente, assim como está
previsto nos PCNs. Contudo, pode-se concluir que apesar de
trabalharem esta temática, não estão inserindo no ensino de
educação ambiental o tema dos RS de maneira a modificar as
atitudes dos alunos em relação ao que fazer com o lixo como ficou
claro no gráfico 1, em que a maioria dos alunos desconheciam este
conceito de RS.
Em trabalho realizado por Oliveira et al (2010, p. 243) em que
os alunos foram questionados sobre RS, o que é, seus prejuízos e
descarte, os alunos demonstraram não saber lidar com esta temática e
o mesmo afirmou que “os alunos, em geral, viram-se surpreendidos
com a situação que lhes foi apresentada e precisavam refletir mais sobre
as atividades que acabaram de participar.”
Pode-se dizer que mesmo a escola trabalhando a temática como
feito na pesquisa de Oliveira et.al. (2010), já existiu dificuldade dos
alunos em formularem respostas sobre a temática, mais difícil ainda
ficará para aquelas instituições que sequer abordam o assunto em seus
projetos e em sala de aula.
Indagou-se se a escola possui algum tipo de processo de
separação de lixo produzido pela comunidade escolar, e a maioria diz
que não existe este processo e uma minoria afirma que já ocorre a
coleta seletiva.

Figura 3: Existe processo de separação do lixo produzido pela


comunidade escolar?

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

93
A coleta seletiva já vem sendo implantada em muitas escolas e
estabelecimentos privados e públicos em geral, contudo não existem
ainda muitos lugares para o descarte de RS, em sua grande maioria,
estes são jogados no lixo comum, prejudicando o ambiente e as pessoas
que trabalham com a separação de materiais recicláveis, colocando
em risco a saúde do meio ambiente e da população em geral (REIS
JÚNIOR, 2003).
O fato é que o trabalho com a educação Ambiental deve existir
na educação formal sob o aspecto de ação transformadora, pois
implica levar os alunos a perceberem suas relações com a educação,
a sociedade, com o trabalho e com a natureza em um processo de
aprendizagem que é contínuo e envolve todos os âmbitos da vida
humana. Sobre isso, Quintas (2000 p.15 apud MACEDO, 2008)
corrobora afirmando que:

O fazer educativo ambiental que se realiza de modo


coerente com a tradição teórica crítica e emancipatória,
implica a compreensão de que, em seu processo de
concretização, alguns princípios se tornam indispensáveis
como: o entendimento de que a educação é instrumento
mediador de interesses e conflitos, entre atores sociais que
agem no ambiente, usam e se apropriam dos recursos
naturais de modo diferenciado, em condições materiais
desiguais e em contextos culturais, simbólicos e
ideológicos específicos; a percepção de que os problemas
compreendidos como ambientais são mediados pelas
dimensões naturais, econômicas, políticas, simbólicas e
ideológicas que ocorrem em dado contexto histórico e que
determinam a apreensão cognitiva de tais problemas.

É notável que a escola deve incutir em seu aluno uma


consciência ambiental que vá além do discurso e chegue a prática real,
por todos os agentes compositores da escola e que posteriormente
atuarão na sociedade.
Os alunos foram questionados se recebem algum tipo de
instrução de como lidar com os RS e 78% dos alunos dizem que este
tema não é muito abordado nas atividades escolares e 22% afirmam
que há abordagem sobre o assunto no cotidiano escolar.

94
Gráfico 4: Como os alunos são instruídos a lidar com o lixo
eletrônico?

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

O resultado acima não difere de outros estudos similares em


que se percebe que o conhecimento dos alunos sobre RS é pouco ou
limitado quando se trata do mesmo, revelando a necessidade de se
empreender projetos mais abrangentes sobre a inserção do assunto de
RS, de maneira mais ampliada nas aulas, não apenas de Biologia, mas
num cunho multidisciplinar de atuação e abordagem do tema
(SANTOS; PARDO, 2011; HOLANDA, 2013, REIS JÚNIOR, 2003).
O fato deste conhecimento se pautar no senso comum é
reafirmado quando se questionou de quem os alunos acreditam ser a
responsabilidade para o destino final dos RS e 56% afirma ser do
governo, 33% afirma ser dos alunos e 11% diz ser dos funcionários da
escola.

Figura 5: De quem é a responsabilidade para o destino final do lixo


eletrônico?

Fonte: Pesquisa direta, 2014.

95
Constatou-se que os alunos, em sua maioria, se isentam da
responsabilidade de preservar o ambiente em que estão limpos e
contribuir com o tratamento dos resíduos sólidos que a escola produz.
E eles crêem que esta incumbência é apenas do âmbito dos funcionários,
quando na verdade, ao se tratar de destinar o lixo ao lixo é uma questão
de consciência ambiental e também de higiene.
Assim, a responsabilidade parte de cada indivíduo consciente
de seu papel para a preservação ambiental, contudo, faltam políticas
de informação e incentivo para que as instituições e as pessoas
descartem corretamente este material. Poucas são as campanhas que
tratam deste assunto, esta incumbência é tanto dos gestores,
funcionários quanto dos alunos.
A partir do exposto, percebemos a necessidade de realizar uma
intervenção que informasse e instruísse a comunidade escolar quanto
à importância de saber lidar com os RS, assim a segunda parte da
pesquisa foi direcionada à conscientização e mudança do perfil dos
alunos quanto à relação com os resíduos sólidos.

3.2 Da intervenção sócio-educativa

A intervenção sócio-educativa já era um dos objetivos desde o


início do desenvolvimento deste projeto de pesquisa e se reafirmou
após a aplicação dos questionários em que se identificou a carência de
informação sobre este tema da parte da comunidade escolar. Junto a
isso, a situação de sujeira com presença constante, reforçaram o desejo
de intervir na ação dos alunos da Justino Luz.
As intervenções ocorreram após a coleta dos dados, sendo
desenvolvido por meio de palestras, com uso de data-show (Foto 3) para
projeção dos slides e vídeos informativos, todo material para apresentação
foi pesquisado nas redes virtuais e com o auxílio deste uniu-se a explanação
a recorrências de imagens e informações sobre o que é RS, quais prejuízos
podem acarretar, como pode ser seu descarte, a necessidade de que estes
sejam descartados adequadamente nessa fase da intervenção.
Nas palestras, notou-se uma receptividade por parte de alunos
e professores que se mostraram interessados em ouvir sobre o tema.
Nas palestras houve a interação do público com a realização de oficinas
sobre reciclagem.
Após a apresentação do assunto, tanto alunos quanto
professores entravam em debate e questionavam maneiras e meios para
que houvesse o desenvolvimento de projetos que visem o recolhimento

96
do RS, esta posição se destacou, principalmente, entre os alunos do 6º
ano. Os mesmos disseram que iriam evitar jogar lixo no chão e dessa
forma manter a escola limpa. Seguidas às palestras foi notável a
mudança percebida em relação a postura dos alunos, a escola passou a
ser visivelmente mais limpa e organizada, os alunos passaram a separar
o lixo e a manter a escola organizada.
Assim, a intervenção buscou conscientizar alunos e professores
a fazerem sua parte no que diz respeito ao tratamento dado ao RS,
tanto na perspectiva de que estes devem ser cidadãos ativos e com uma
consciência ambiental de proteção e preservação do meio ambiente,
bem como cidadãos também engajados na mudança de atitudes nos
lugares em que se encontram, tendo em vista que fazer o descarte
adequado dos RS é também um meio de preservação da saúde pessoal
dos alunos
Avaliou-se a intervenção como satisfatória, tendo em vista que a
participação dos alunos e professores nas palestras e oficinas foi bastante
intensa, acreditando-se que a semente da preservação foi implantada e
como pesquisador, quis-se transmitir informações de maneira extensiva
e que saísse apenas das cadeiras acadêmicas, visando envolver a
comunidade escolar na luta para a preservação do meio ambiente, a
partir do conhecimento sobre RS, na escola Justino Luz para que novas
tomadas de atitudes possam surgir, sobretudo nas escolas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho nos revelou que a escola pesquisada


demonstrou um conhecimento limitado e leigo sobre os resíduos sólidos
e seu tratamento, percebendo-se que na intuição pesquisada não havia
desenvolvimento de trabalhos sobre o tema, porém, o quadro
encontrado nos levou a realizar uma intervenção sócio-educativa.
Neste contexto, o desejo de realizar uma intervenção sócio-
educativa se reafirmou mediante o quadro encontrado, de maneira que
foram expostos e apresentados informações, palestras e oficinas de
reciclagem sobre o que são RS e do tratamento que deve ser dispensado
a estes.
Os resultados foram satisfatórios no sentido de informar e
incentivar a comunidade escolar a tomar atitudes ambientais mais
conscientes e abrangentes. Por fim, este trabalho não pretende solucionar
o problema como um todo, mas demonstrar que é possível as escolas
tornarem seus alunos cidadãos ativos na preservação ambiental.

97
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RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 6.
Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SANTOS, F.A.S.; PARDO, M.B.L. O papel da escola e do educador para uma
educação ambiental transformadora: a compreensão do conceito de educação. Encontro
de iniciação científica - ISSN 21-76-8498, Vol. 5, No 5 (2009).

98
A RECICLAGEM EM EVENTOS EDUCACIONAIS

Edilce Madeiro de Lima - Profa. CTT-UFPI

RESUMO: Este trabalho trata de uma experiência de educação


ambiental realizada no Colégio Técnico de Teresina (CTT) da
Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pretende-se apresentar a
reciclagem e o reaproveitamento de materiais na confecção de
elementos decorativos para os eventos “The English day” e “ Halloween,
the party”, ocorridos em outubro de 2014. Apesar de a reciclagem não
ser uma novidade, é possível perceber que os alunos não têm o hábito
de reciclar materiais no dia-a-dia. Os produtos industrializados
disponíveis no mercado para eventos geralmente têm um custo alto e
nesse caso, o reaproveitamento e reciclagem de materiais foi uma
solução para uma dificuldade existente.

Palavras-chave: educação ambiental, reciclagem, reaproveitamento.

INTRODUÇÃO

A reciclagem de materiais deveria ser constante no dia-a-dia da


população, uma vez que a escassez de recursos é uma realidade e o
consumo excessivo causa um grande impacto na natureza, devido ao
excesso de lixo descartado inadequadamente. O número de materiais
reciclados ou reaproveitados é ainda muito inferior ao número
produzido pela indústria e o descarte indevido desse material acaba
por contaminar o meio ambiente. Estima-se, no Brasil, que cada adulto
produza até cinco quilos de lixo por dia.
Como afirma Guimarães (2005), a Educação Ambiental,
enquanto elemento interdisciplinar, é transformadora de valores e
atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos,
conscientizadora para as relações integradas do ser humano, sociedade
e natureza, objetivando o equilíbrio local e global, melhorando assim
a qualidade de todos os níveis de vida.
O meio ambiente, como tema transversal, deve ser trabalhado
em todas as séries e em todas as disciplinas, visando a levar o aluno a
uma mudança de valores e atitudes. Compreender o meio em que está
inserido é o primeiro passo para a conscientização acerca dos problemas
99
ambientais e uma das soluções para o problema do lixo é o descarte
adequado de materiais sólidos.
Infelizmente, a reciclagem e o reaproveitamento de materiais
ainda é uma novidade, principalmente para o corpo discente, que ao
ser questionado sobre como descarta o próprio lixo e sobre a coleta
seletiva, afirma que a falta de lixo resultaria no desemprego de muitas
pessoas. Se no país a coleta seletiva quase que dobrou, no estado do
Piauí a realidade é diferente.
Dados do IBGE revelam que no Piauí poucas cidades trabalham
com a coleta seletiva e Teresina é uma delas. Apesar de a Prefeitura
afirmar que trata o lixo reciclável em parceria com uma empresa
conveniada, não se observa cestos de lixo diferenciados ou pontos de
coleta seletiva em muitos bairros. Às vezes, é difícil encontrar um único
cesto de lixo, como é o caso do centro de Teresina, que é uma área
mais movimentada.
A coleta seletiva contribuiria muito com a melhoria no meio
ambiente, uma vez que diminuiria a exploração de recursos naturais,
reduziria o consumo de energia, prolongaria a vida útil dos aterros
sanitários, diminuiria os gastos com limpeza pública e transformaria o
descarte de materiais em novos produtos, reduzindo o lixo diário.
Existem 12 pontos de coleta seletiva em Teresina, segundo a
Prefeitura. Ou seja: 80% dos bairros da cidade não têm posto algum e
só 0,01% do lixo é reciclado. A própria população não compreende o
real significado dessa coleta. Quando questionado por uma tv local
sobre coleta seletiva, um morador revelou fazer tal prática, mas ao se
explicar, percebeu-se que apenas organizava o lixo doméstico nos dias
em que o caminhão passava, sem separar qualquer material, afirmando
ainda que “ jamais jogaria lixo na rua, como muito dos seus vizinhos
faziam”.
Abdala, Rodrigues e Andrade (2014) associam a educação
ambiental à conservação ambiental, melhoria da qualidade de vida, à
sustentabilidade da economia e à formação.

A educação ambiental pode proporcionar essa mudança


comportamental na população. A meta principal deve ser
a construção de sociedades sustentáveis, mediante ações
voltadas à minimização de resíduos, à conservação do
meio ambiente, à melhoria de qualidade de vida e à
formação de recursos humanos comprometidos com a
sustentabilidade da economia e dos recursos naturais do
planeta.

100
É claro que com uma população consciente e educada a
mudança de comportamento resultaria numa reciclagem eficiente, pois
apesar de haver coleta seletiva em Teresina, os pontos existentes
aparecem timidamente e a própria população não se revela adepta da
separação do lixo, uma vez que a coleta feita pelos caminhões nos
bairros recolhe sacos com todos os materiais misturados. Espalhar
lixeiros diferenciados em poucos pontos da cidade e não adotar medidas
de conscientização visando à mudança de comportamento da
população não resolve o problema do lixo e muito menos esclarece
sobre a importância da reciclagem e reutilização de materiais.

A experiência de educação ambiental

A educação, portanto, aparece como uma saída para a


conscientização dos alunos, futuros adultos responsáveis, sobre a
reciclagem e reaproveitamento de materiais. Em outubro de 2014, dois
eventos possibilitaram aos alunos a vivência com a reciclagem no
Colégio Técnico de Teresina. O primeiro foi o “The English day”, em
que os alunos apresentaram trabalhos diversos relacionados à literatura,
linguagem, história e cultura da língua inglesa; e o outro foi a festa do
Halloween. Em ambos os eventos os alunos tiveram que decorar os
espaços disponibilizados com as temáticas desenvolvidas e a busca por
produtos prontos industrializados foi intensa, o que resultou em um
problema: o alto custo.
Nos dois eventos, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar
os aspectos culturais da língua inglesa, além de pesquisar e construir o
próprio conhecimento ao selecionar informações, delimitar temas,
elencar dados e resumir textos.
Durante a pesquisa, os discentes puderam entender a origem
da expansão da língua inglesa, os fatos históricos que tornaram essa
língua universal, a importância da literatura e história inglesa na
expansão desse domínio e as relações de significado entre essa cultura
e a cultura brasileira. Para que as exposições ficassem mais
interessantes, os alunos reproduziram os ambientes dos contextos
americano e britânico, além de se caracterizar e decorar as salas com a
simbologia da festa americana. A indústria, nesse período, fica
abarrotada com mercadorias alusivas ao tema e os alunos ficam também
motivados a se abastecer com o que o mercado oferece.
De início, todos mostraram-se resistentes com a ideia da
reciclagem, já que produtos reciclados pareciam “feios, com cara de

101
sujo e sem graça.”. Além disso, se a reciclagem não faz parte do
cotidiano desse público, fazê-los incorporar essa ideia ao projeto seria
mais uma batalha. Graças aos preços exorbitantes das lojas de
decoração, todos repensaram suas opiniões e começaram a pesquisar
sobre suas temáticas levando em consideração o reaproveitamento de
materiais e consequente barateamento dos elementos decorativos.
Um dos materiais usados foi a garrafa plástica, muito utilizada
como abóbora. A abóbora pequena, de plástico, custava oito reais na
loja, enquanto que a confecção com garrafa pet se gastaria apenas com
a tinta, de baixo custo. Fantasmas de papel custavam 14 reais a dúzia,
já a confecção de fantasmas com guardanapos custaria menos de um
real pelo menos umas 4 dúzias. Diversos outros materiais foram usados,
como madeira, sobras de papel, jornais velhos, revistas usadas, garrafas
de vidro e de plástico, folhas secas e gravetos.
O primeiro evento, ocorrido pela manhã, contou com a
exposição dos trabalhos e explicação das temáticas pelos alunos, que
também presenteavam os visitantes com folhetos e pequena lembranças.
É claro que essas lembranças viraram lixo, inclusive jogadas no chão.
Os alunos foram orientados, então, a recolher esse descarte e
reaproveitar na decoração da festa que aconteceria à noite. Graças à
reutilização desse material, outro gasto foi evitado.
A mudança de comportamento, no entanto, não acontece tão
rápido. Apesar de todos terem sido avisados que teriam que deixar a
sala limpa e organizada e retirar o material utilizado com cuidado para
que fosse reaproveitado na festa, as lixeiras estavam abarrotadas. Ao
ver a situação, foi solicitado que pegassem o material descartado para
reutilizar, quando muitos disseram: “ mas isso é lixo, não dá para
aproveitar...”. A mudança cultural leva tempo e a conscientização
acontece às vezes bem devagar. O conceito de lixo como algo que não
pode ser reutilizado ainda habita o pensamento desses jovens
estudantes.
Para Marodin e Morais (2004), a reciclagem deve ser vista
não como um fim, mas como o início de um ciclo em que podemos
preservar o meio ambiente, havendo a participação consciente e a
transformação de hábitos. Transformar hábitos, eis o grande problema
da população.
Dias (2006) já dizia que a população urbana ocupa 2% da área
do mundo, mas consome três quartos de seus recursos. O crescimento
econômico, pois, atrelado ao crescimento populacional, é responsável
pela grande quantidade de lixo gerada no planeta.

102
A conscientização ambiental, mais uma vez, seria a grande
solução do problema do lixo no planeta, e essa só é possível através da
educação. Como bem afirma Lavorato (2008), a conscientização
ambiental de massa só será possível com a percepção e entendimento
do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. O meio
ambiente é o fundamento invisível das diferenças socioeconômicas
entre os países desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento,
afetando de forma direta e irreversível a vida dos brasileiros. Preservar
o meio ambiente é preservar a própria vida, e o contrário, fragilizar o
meio ambiente, é fragilizar também a economia, o emprego, a saúde...
Afinal, de que adianta ser um país competitivo por ter recursos hídricos
e uma biodiversidade incrível se a população não sabe como administrar
toda essa riqueza?

CONCLUSÃO

Apesar de a reciclagem parecer mais um discurso do que uma


prática, é possível, aos poucos, conscientizar os alunos dentro do
ambiente escolar sobre a responsabilidade ambiental. Dentro desse
contexto, a reciclagem se mostra não só viável, mas também
indispensável para compensar a enorme quantidade de lixo produzida
diariamente.
A transformação de hábitos é possível quando o corpo discente
participa das decisões a serem tomadas acerca do lixo, quando se
entende que cada indivíduo deve se comprometer com o ambiente ao
seu redor.
Por essa razão, as ações desenvolvidas no contexto escolar
devem envolver o descarte adequado de material utilizado. Como não
existe uma coleta seletiva adequada nem na capital do estado, a
população muitas vezes nem entende a amplitude do conceito de lixo,
coleta seletiva ou reciclagem.
Espera-se, portanto, que pequenos projetos como “The English
day” ou “Halloween, the party”, que envolvem a participação direta
dos alunos tanto na pesquisa quanto na confecção de material usado,
venham a despertar a consciência ambiental dos alunos e a
transformação comprometida de hábitos e atitudes frente aos problemas
do planeta.

103
REFERÊNCIAS

Abdala, Willer José dos Santos; Rodrigues, Francisco Mendes; Andrade, João
Bosco Ladislau de. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E COLETA SELETIVA:
IMPORTÂNCIA E CONTEXTUALIZAÇÃO NO MUNDO ATUAL.
Revista Travessias, nº 2, p. 3. Disponível em: http://www.unioeste.br/prppg/
m e s t r a d o s / l e t r a s / r ev i s t a s / t r ave s s i a s / e d _ 0 0 2 / e d u c a c a o /
educacaoambiental.pdf. Acesso em: 14maio2015.
CURRIE, K. Meio ambiente: interdisciplinaridade na prática. Campinas-SP:
Papirus, 2005.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade social e
sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas-SP:
Papirus, 2006.
JAMES, Barbara. Lixo e reciclagem. São Paulo: Scipione, 1997.
LAVORATO, Marilena Lino de Almeida. A importância da consciência
ambiental para o Brasil e para o mundo. Disponível em: http//
www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=/gestão/index/artigos/
ma-brasil.html. Acesso em: 14maio2015.
MARODIN, V.S. MORAIS, G. A. Educação ambiental com os temas
geradores lixo e água. Belo Horizonte: UEMS, 2008.

104
POSTERES
A INSERÇÃO DAS DISCUSSÕES BIOÉTICAS NA GRADE
ESCOLAR COMO FORMA DE DESPERTAR A
108
CONSCIÊNCIA ÉTICO-AMBIENTAL NOS ALUNOS DE
NÍVEL MÉDIO.

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO


RIO PARNAÍBA NO PERÍODO CHUVOSO - EM FLORIANO/ 116
PI

APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS NA PRODUÇÃO DE


122
BIOGÁS E NA GERAÇÃO DE ENERGIA.

FOLCLORE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PRÁTICAS


128
INTERDISCIPLINARES NO CONTEXTO DA SALA DE AULA

A CRIANÇA E O MEIO AMBIENTE: A PERCEPÇÃO DA 133


EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO

MEIO AMBIENTE EM PAUTA: REFLEXÕES


DIAGNÓSTICAS E PROGNÓSTICAS NO LIVRO DIDÁTICO 141
DE BIOLOGIA

DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA


152
PÚBLICA

O USO DE HORTA COMO INSTRUMENTO DE


162
CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E ALIMENTAR

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO


CORRENTE DOS MATÕES, MICROBACIA DO RIO 168
GURGUÉIA - PI

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA PARA REVER


OS ASPECTOS DA RECICLAGEM DO LIXO 175

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE AMBIENTAL


182
PARA A CONTINUIDADE DE UMA EMPRESA.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O


USO CONSCIENTE DO ÓLEO SATURADO EM ESCOLAS DO 192
ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DE BENEDITINOS -
PI

106
CONSCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE PARA
IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA NO MUNICIPIO DE 206
CAMPO MAIOR/PI

APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS COMO


FERRAMENTA NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS
215
PÚBLICAS DE ECOTURISMO VOLTADA PARA
PARTICIPAÇÃO SOCIAL.

PEQUENAS QUEIMADAS URBANAS: CONSEQUÊNCIAS À 221


SAÚDE DA POPULAÇÃO

DIFERENTES ABORDAGENS E CONTRIBUIÇÕES DA


AGROECOLOGIA EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO 233

A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL CONTROLLER PARA


DISSEMINAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA 244
EMPRESA

REAPROVEITAMENTO DE GARRAFAS PET PARA O


255
CULTIVO DE HORTALIÇAS

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA PARA


DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A DENGUE NA 262
UNIDADE INTEGRADA MUNICIPAL JOSÉ GONÇALVES
COSTA NO POVOADO ALECRIM EM CAXIAS MA

A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DA UNIDADE ESCOLAR


MUNICIPAL INEZ EVANGELISTA GUIMARÃES DO
275
POVOADO BARRO VERMELHO DE CAXIAS - MA ACERCA
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DA ESCOLA SUSTENTÁVEL

ANÁLISE DAS DIFICULDADES QUE AS PESSOAS TÊM COM


RELAÇÃO A APRENDER A DANÇAR E A DANÇA COMO
ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DESCOBERTA DA 289
DIMENSÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

PROCESSO DAS CONFERÊNCIAS INFANTO JUVENIL PELO


MEIO AMBIENTE "VAMOS CUIDAR DO BRASIL COM AS 303
ESCOLAS"

107
A INSERÇÃO DAS DISCUSSÕES BIOÉTICAS
NA GRADE ESCOLAR COMO FORMA DE
DESPERTAR A CONSCIÊNCIA ÉTICO-
AMBIENTAL NOS ALUNOS DE NÍVEL MÉDIO.

Ms. Márcia Marques Damasceno, E-mail: profamarciadamasceno@gmail.com


Mônica Maria Pereira Marques, E-mail: monicamp2@live.com
Ms. Jorgelene de Sousa Lima, E-mail: dilene.sousa@ifpi.edu.br
Esp. Teresa Cristina Alves de Lima, E-mail: teresalima@ifpi.edu.br

RESUMO: O salto qualitativo dado pela humanidade a partir do século


XX possibilitou um significativo avanço científico e tecnológico.
Grandes conquistas foram alcançadas desde então, tais como o controle
mais adequado de doenças, o incremento na produção de alimentos e
o aumento da expectativa e da qualidade de vida. No entanto, o que
não evoluiu com a mesma rapidez que as descobertas tecnocientíficas
foram as discussões éticas sobre as mesmas. A pesquisa pretende inserir
discussões bioéticas em sala de aula do nível médio, especificamente,
na disciplina de Filosofia. Os alunos escolhidos serão alunos de 1 ano
do Ensino Médio. Pretendemos mostrar como as discussões bioéticas
em sala de aula podem contribuir para conscientização dos jovens
acerca das questões ambientais e tecnológicas que ameaçam a vida
humana na terra. Metodologicamente dividimos a pesquisa em três
fases, a fase de pesquisa e seleção do material bibliográfico, a fase de
leitura e discussão em sala de aula e por último a fase de
desenvolvimento conceitual com exposição e escrita dos conhecimentos
apreendidos.

PALAVRAS-CHAVE: BIOÉTICA. ÉTICA AMBIENTAL.


EDUCAÇÃO. ENSINO MÉDIO.

INTRODUÇÃO

O salto qualitativo dado pela humanidade a partir do século


XX possibilitou um significativo avanço científico e tecnológico.
Grandes conquistas foram alcançadas desde então, tais como o controle
mais adequado de doenças, o incremento na produção de alimentos e
o aumento da expectativa e da qualidade de vida. No entanto, apesar

108
de todo esse progresso, os benefícios oriundos dessas descobertas e
invenções não chegou a todos os setores da sociedade, ou melhor, não
houve uma melhora na qualidade de vida de grande parte da população
mundial (GARRAFA; COSTA; OSELKA, 2000). Mesmo com todo o
progresso científico e tecnológico alguns problemas sociais ainda
persistem, tais como a exclusão social, a fome, diferenças entre os sexos,
aborto, guerras civis, entre outros. Na verdade, além dos antigos
problemas, o avanço tecnocientífico trouxera questões novas e bem
mais complexas, a saber, a engenharia genética, mapeamento do
genoma humano, transplante de células-tronco, a energia nuclear e as
descobertas nanotecnológicas.
O que não evoluiu com a mesma rapidez que as descobertas
tecnocientíficas foram as discussões éticas sobre sua legitimação e
fundamentação moral. A velocidade com a qual as novas ciências e as
novas tecnologias são lançadas no meio acadêmico impossibilita a
devida discussão de sua validade e justificação moral. Outro agravante
para a problemática é o fato de que os agentes envolvidos serem quase
que exclusivamente provenientes das áreas de ciências exatas e médicas,
restringindo o debate ao campo técnico. Os artigos e trabalhos
produzidos nessa área apontam somente para a produção científica e
sua relação com as possíveis aplicações industriais. Para MARTINS
(2005), tais produções em momento algum fazem referência a
preocupações relativas às consequências que podem ser geradas para a
sociedade e para o meio ambiente. No entanto, é na sociedade e no
meio ambiente que irão materializar-se os impactos decorrentes do
uso dessas novas tecnologias. E defendemos que tais impactos devem
ser devidamente estudados, não apenas pelos técnicos e especialistas,
mas sim por representantes de toda sociedade.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa ainda em fase de


desenvolvimento, que pretende incentivar através de leitura e debates
a consciência bioética com alunos que cursam Ensino Médio integrado
ao Técnico no campus IFPI de Piripiri, tomando apenas os alunos de
1 ano.
Para execução dos objetivos, lançamos mão de metodologias
diversas, de maneira que os objetivos sejam alcançados em três
momentos específicos. Primeiramente realizamos a seleção do
referencial bibliográfico, pesquisa bibliográfica, a fim de catalogar as

109
principais teses e discussões levantadas em torno da bioética atualmente,
para tal, lançaremos mão de artigos e livros publicados de 2010 até a
data atual. Essa fase objetivou montar um repertório de pesquisa basilar
para consulta e análise do tema.
Em segundo lugar, faremos as discussões em sala de aula,
levando em consideração os temas mais recorrentes para a bioética na
atualidade e que suscitarão questões mais provocativas, tentando
mostrar ao aluno que a necessidade de refletir sobre essa problemática,
que tem influência direta em sua vida social.
Em um terceiro momento será solicitado aos alunos a
elaboração de um trabalho final, o tema será de escolha livre. Todos os
trabalhos serão apresentados em um seminário integrado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

É de olho nessas novas nuances que delimitam o ambiente


científico e tecnológico contemporâneo que surge a bioética como ética
aplicada. Cabe à Bioética investigar as possíveis implicações morais
trazidas pelos avanços biotecnológicos, ao mesmo tempo em que deve
promover um olhar analítico e crítico sobre os riscos e percepções sociais
dessas novas tecnologias. Constituir-se-á como nossa ferramenta para
avaliação dos desafios impostos pelas novas descobertas, no intuito de
prover um princípio, uma leitura racional e imparcial sobre as possíveis
implicações morais das transformações causadas à condição humana.
(SCHRAMM, 2010)
Consideramos estritamente relevante e necessária a reflexão
bioética acerca dos fundamentos da geração de ciência e tecnologia,
por entendermos que ainda falta uma reflexão mais ampla e rigorosa
sobre esses assuntos, uma reflexão que envolva os diversos setores da
sociedade, não apenas os especialistas.
A bioética surgiu entre os anos de 1960 e 1970, nos Estados
Unidos, decorrente de diversos acontecimentos históricos e culturais,
como a utilização de seres humanos em pesquisas, o aborto, a clonagem,
a eutanásia, os transgênicos, a fertilização in vitro e os testes com
animais. O termo bioética foi criado por Van Ronsslaer Potter, médico
oncologista nascido na Dakota do Sul, e tem como marco referencial
a publicação de “Bioethics: a bridge to the future” de 1971, de autoria do
mesmo autor. Nessa obra, Potter afirma que o homem tem se tornado
para a natureza aquilo que o câncer é para o homem, na medida em
que o consome e o leva à morte. Para ele, é possível conciliar

110
desenvolvimento científico e tecnológico e valores morais. O termo
bioética também foi utilizado por pesquisadores do Instituto Kennedy,
porém referindo-se a implicações ético morais envolvidas no campo
biomédico. A regulamentação do termo e da disciplina só fora
devidamente explicitada em 2005, com a elaboração da Declaração
Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.
Desde sua regulamentação, a bioética praticamente perpassa
todas as áreas da academia, constituindo-se como referencial teórico
que investiga e analisa os dilemas morais colocados pelo
desenvolvimento das ciências em geral e suas implicações para vida
humana, tanto atual quanto futura.
Como sua abrangência é considerável, suas discussões abarcam
também a esfera educacional, contribuindo para a compreensão dos
problemas éticos que não encontram fácil solução, mas que devem ser
devidamente discutidos. É necessário que a escola seja entendida como
espaço de conscientização ético-politica e nela sejam colocadas questões
que suscitem nos alunos reflexões críticas acerca dos temas mais atuais
que emergem do desenvolvimento científico-tecnológico. E propomos
a disciplina de Filosofia como momento em que essas discussões devem
acontecer, justamente por seu caráter multidisciplinar e crítico.
Observando também o que é proposto pela LDB 9394/1996 que afirma
que um dos objetivos da disciplina de Filosofia é preparar o educando
para o exercício da cidadania.
A importância desse estudo fundamenta-se na tese de que as
discussões bioéticas devem ser realizadas também no ambiente escolar
e que estas devem criar nos jovens uma consciência bioética, ou seja,
uma consciência de responsabilidade para com a vida em geral, seja
dos iguais, dos homens em geral, tanto os imediatos quanto aqueles
irão habitar nosso planeta nos séculos seguintes, também os animais e
o meio ambiente.
O marco teórico fundamenta-se em duas vertentes. A primeira
parte da tese de que a escola não pode omitir-se de contribuir para a
conscientização dos seus alunos e que seu papel é formar cidadãos
plenos. Como afirma MORIN (2000), a escola não poderia ficar alheia
aos fatos da vida, hipertrofiando as competências técnicas em
detrimento de algo mais sublime, a formação ética. O autor afirma
que a supervalorização da técnica limita a cidadania e ocasiona a
incapacidade de refletir mais cuidadosamente sobre qualquer assunto
que fuja das especificidades técnicas. Nossa sociedade compartilha a
crença de que a ciência é a única capaz de responder aos anseios sociais,

111
por isso a cada dia, mais a ciência isola-se em sua prática sem tematizar
os assuntos de forma mais complexa e interdisciplinar. No entanto, o
que pretendemos discutir é se a responsabilidade e o poder de escolha
restringe-se apenas aos técnicos e especialistas das ciências. MORIN
sustenta que é finalidade da escola intervir para a construção de uma
consciência ética que ultrapasse as fronteiras nacionais e que transforme
o educando em um cidadão.
Outro autor que corrobora essa tese é Gandotti (2000). Para
ele, é necessário colocar em prática aquilo que o “Relatório para a Unesco
da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI” já assegurava
ao afirmar que são quatro os pilares da educação: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Na sociedade da informação, a escola deve servir de


bússola para navegar nesse mar do conhecimento,
superando a visão utilitarista de só oferecer informações
“úteis” para a competitividade, para obter resultados.
Deve oferecer uma formação geral na direção de uma
educação integral. (GANDOTTI, 2000, p. 6)

Também encontramos fundamento na obra de FREIRE (1996).


Ele também sustenta a tese de que qualquer reflexão sobre educação
deve envolver uma reflexão sobre o próprio homem, que é afinal, sujeito
da educação e não mero objeto. A formação da consciência ética não
é algo que ocorra espontaneamente, essa capacidade depende de
estímulos da família, dos grupos sociais e da escola, principalmente.
Todas essas teorias educacionais sustentam nossa tese de que a
escola deve ser instrumento de conscientização bioética e é lá que deve
ser estimulada uma mudança fundamental nas atitudes humanas,
transformando-as em atitudes responsáveis e socialmente conscientes.
A segunda vertente da pesquisa exige que nos posicionemos
frente a dois tipos de conceituação da Bioética, pois embora tenha
surgido nos Estados Unidos, suas abordagens atuais são bastante
divergentes. Barchifontaine e Perssini (2002) apontam uma dicotomia
entre “Bioética made in USA” e “Bioética made in Europea”. A vertente
americana é influenciada pelo pragmatismo filosófico e foca suas
discussões em métodos e procedimentos para resolução de problemas
éticos. Fala-se mais de procedimentos e estabelecimento de normas de
regulamentação. “Não há uma preocupação em estabelecer um
conceito de autonomia, mas em estabelecer procedimentos de análise
da capacidade ou competência.” (BARCHIFONTAINE; PERSSINI,
112
2002, p. 51). Essa construção da bioética, leva em consideração um
principio utilitarista e individualista.
Já a vertente europeia foca suas discussões em princípios e tem
influência da filosofia do espírito e da consciência e por isso foca na
dimensão social do sujeito, aproxima-se de uma antropologia. Para
Patrão Neves (2005), essa bioética discute todas as dimensões do agir
humano, tais como o uso das tecnologias, a relação do homem com as
mesmas e suas consequências para a vida no planeta. Para JONAS (
), filósofo alemão contemporâneo, a tecnologia tornou-se um espectro
que assombra e ameaça a vida humana na terra e por isso deve ser
objeto de estudo de uma nova ética, uma ética com dimensões
ampliados, uma bioética.
Para fins específicos, iremos partir de uma relação dialógica entre
essas duas vertentes, entendendo que as mesmas são complementares.
No cenário brasileiro, nos deparamos com duas concepções de
bioéticas, a bioética da proteção e a bioética da intervenção. A bioética
da intervenção preocupa-se principalmente com a criação de políticas
públicas que privilegiem a promoção da equidade para toda
comunidade.

No seu escopo, destacam-se as reflexões a respeito da


pobreza, da exclusão educacional, das dificuldades de
acesso aos serviços de saúde, do abandono institucional
associado à excessiva concentração de renda e de restrições
de liberdades individuais, que caracterizam a estratificação
social dos países periféricos. (PIRES; GARRAFA, 2011,
p. 738)

A bioética da proteção fundamenta-se no conceito de


vulnerabilidade, direcionando-se a uma sociedade consumista que não
dispõe de uma consciência política bem delineada, uma sociedade que
consome os produtos resultantes da biotecnologia simplesmente levados
por uma ideologia capitalista, geralmente um público jovem, mal
orientado e refém de um sistema educacional tradicional e alheio às
realidades sociais.

Pessoas vulneráveis são pessoas, relativa ou


absolutamente, incapazes de defender seus próprios
interesses. De modo mais formal, podem ter força, poder,
inteligência, educação e recursos insuficientes à proteção
de seus próprios interesses. (MACLIN, 2003, p. 60).

113
Defendemos nessa pesquisa a introdução dessas duas
abordagens por entendermos que as duas complementam-se e que são
igualmente necessárias para a elevação da consciência política e ética
de alunos no nível médio.

CONCLUSÃO

Num contexto de significativo desenvolvimento científico e


tecnológico a escola não pode ser uma instância isolada das principais
problemáticas envolvendo essas temáticas. Ao contrário, devemos
pensar a educação como uma proposta de formação integral do ser
humano. É nesse sentido que propomos essa pesquisa, com o intuito
de mostrar que a discussão dessas problemáticas contribui
sobremaneira para a mudança de pensamento e, principalmente, de
comportamento.
A escola deve ser espaço aberto para o diálogo e inquietação.
As discussões bioéticas devem ser realizadas também no ambiente
escolar e estas devem criar nos jovens uma consciência bioética, ou
seja, uma consciência de responsabilidade para com a vida em geral,
seja dos iguais, dos homens em geral, tanto os imediatos quanto aqueles
que irão habitar nosso planeta nos séculos seguintes, também os animais
e o meio ambiente.

REFERENCIAS

BARCHIFONTAINE, C. P.; PESSINI, L. Problemas atuais da bioética. São


Paulo: Loyola, 2002.
BRASIL. Lei n.9.394/96. Diretrizes e bases da educação nacional, aprovada
na Câmara Federal em 17/12/96 e sancionada pelo Presidente da República
em 20/12/96. Brasília; 1996.
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115
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E
MICROBIOLÓGICAS DOS RIACHOS NO PERÍODO
CHUVOSO QUE CORTAM A CIDADE DE
FLORIANO/PI

Aguiar Neto , A.T.* / Castro, E.F.C.*


Aguiar, L.C.T.**
Silva, M.C.***
Abreu, A.P.L.**** / Silva, R.B****

RESUMO: A água é um recurso fundamental para existência da vida,


na ausência deste recurso é impossível pensar na sobrevivência. Este
trabalho teve como objetivo analisar os aspectos físico-químicos e
microbiológicos, dos sete (07) riachos de Floriano-PI no período
chuvoso. As análises físico-químicas foram utilizadas as técnicas
adotadas no Manual da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA
(2009). Para a análise microbiológica, utilizou-se a técnica dos tubos
múltiplos de 1:1 e comparadas com a tabela 2 do Manual da FUNASA
(2009), e a identificação das bactérias termo tolerantes para a
confirmação da Escherichia coli foi utilizado a técnica de pourplate em
triplicata de acordo com a técnica utilizada por (ANDREOLI et
al.,2003). Os resultados físico-químicos, (temperatura, pH, alcalinidade,
cloreto e dureza) ficaram dentro dos parâmetros estabelecidos. Das 21
amostras, 19 tiveram o número de coliformes fecais/100ml maiores
que >16 e duas amostras tiveram o valor menor <2,2 , ou seja, 90,47%
das amostras analisadas tem a presença de coliformes fecais. Os pontos
Pd1 e Pd2 foram os únicos que não tiveram crescimento de bactéria
termo tolerantes.

Palavras-chave: Riachos de Floriano, Análises físico-químicas e


microbiológicas, período chuvoso.

*Graduados em Farmácia
**Graduada em Enfermagem
***Graduando em Biomedicina
**** Orientadores

116
INTRODUÇÃO

Reis et al (2006) afirma que a água é um recurso vital para a


existência de todas as espécies, não podendo se imaginar a existência
da vida sem esse recurso. De toda água existente no planeta apenas
1% é água doce, e as suas características de pureza vêm se modificando,
sendo considerada um veículo de transmissão de inúmeras doenças.
Para RADIS (2011), grande parte das doenças está associada à
má qualidade ou ausência dos serviços de saneamento, contaminação
dos rios e lagos utilizados para o lazer e trabalho.
Para FIRJAN (2006), as disponibilidades dos recursos hídricos,
à medida que as cidades aumentam, ficam mais difíceis de garantir
condições de qualidade e quantidade necessárias para uma determinada
região, sendo um fator crucial para o desenvolvimento.
Macedo (2001) relata que o homem precisa discutir sobre o
futuro da água, pois o novo século traz consigo a sua falta. Segundo
Filho e Nascimento (2005), esse recurso é essencial para a existência
da humanidade e manutenção econômica e social. Carvalho (2003)
relata que de toda água doce disponível no Brasil, 3% estão na região
nordeste, 6% na sul, 6% na sudeste, 15% na centro-oeste e 70% na
região norte. Apesar de todo o potencial hídrico, 65% das internações
pediátricas são ocasionadas pela poluição desses recursos ou pela falta
de saneamento básico.
Segundo Amaral et al (2003), a água é uma necessidade
universal, a preservação de suas características por parte das autoridades
sanitárias e pela população é de suma importância para a preservação
de sua qualidade, visto que podem se tornar um veículo de transmissão
de doenças.
Este trabalho tem como objetivo avaliar os aspectos físico-
químicos e microbiológicos, dos 07 (sete) riachos que cortam a cidade
de Floriano-Pi no período chuvoso.

MATERIAL E MÉTODOS

A coleta das amostras foram realizadas em 3 (três) pontos


distintos de cada riacho, que totalizaram 21 (vinte e um) pontos de
coletas, para a realização das análises físico-químicas e microbiológicas.
A água foi coletada em frascos de vidro âmbar e frasco de vidro estéril
(para análises microbiológicas), em seguida foi acondicionado em uma
caixa de isopor com placas de gelo, e encaminhada imediatamente

117
para o laboratório de química e de microbiologia da Faculdade de
Ensino Superior de Floriano (FAESF)- PI. As análises foram iniciadas
3 horas após a coleta.
Para as análises físico-químicas, utilizou-se técnicas adotadas
no Manual da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA (2009).Foram
analisados os seguintes parâmetros físico-químicos: temperatura (º)C,
pH, alcalinidade total (mg/L),cloreto(mg/L) e dureza (mg/L).
Para a análise microbiológica, utilizou-se a técnica de tubos
múltiplos de 1:1 da tabela 2 do Manual da FUNASA (2009),foi feito
também uma cultura em placa de petri, utilizando-se a técnica de
pourplate em meio seletivo e diferencial em triplicata para a confirmação
da Escherichia coli (ANDREOLI et al., 2003).Utilizou-se dois meios de
cultura:CVB (Caldo Verde Brilhante Bile a 2%) para o teste confirmativo
do grupo coliformes totais e um meio de diferenciação com o Ágar
Mac Conkey para a visualização de colônias típicas (vermelho-violeta
com halo turvo) para confirmação de Escherichia coli.
Depois de analisadas as amostras, os resultados foram
comparados com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA)n°357/2005 e nº274/2000 e da Portaria nº 2.914/2011
do Ministério da Saúde, pois a população que vive próxima a alguns
riachos utiliza essa água para consumo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
Para CETESB (2005), a água independentemente de sua
finalidade não pode conter microrganismos patogênicos e nem
substâncias em níveis tóxicos, pois podem ser prejudiciais para a
manutenção da vida aquática e para o consumo humano.
As temperaturas da água medidas localmente nos sete riachos
variaram de 18º a 24ºC.
Os valores de pH tiveram uma variação de 6,00 a 6,49, estando
dentro dos padrões estabelecidos pela resolução do CONAMA nº357/
2005, a qual estabelece um limite de 6,0 a 9,0.
Os valores da alcalinidade total foram indeterminados,
confirmando que não tem alcalinidade natural.
Quanto às análises de Cloreto, os valores variaram entre 0,00378
e 0,02017mg/L. Sendo assim, a água dos riachos encontra-se dentro
dos padrões estabelecidos, conforme a portaria nº2.914/2011, a qual
estabelece o limite de Cloreto de 250 mg/L.

118
Os resultados dos teores de dureza situaram-se na faixa de 14 a 59
mg/L. A análise indica teores aceitáveis de dureza, conforme a portaria
nº2.914/2011, a qual estabelece o limite de Cloreto de 500 mg/L.

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
Os resultados microbiológicos dos sete riachos analisados (Tabela
2),conforme a portaria nº 2.914/2011, segundo Brasil (2011), em relação
à potabilidade, com exceção do pontoPd1 e Pd2, todas as outras amostras
encontram-se impróprias para o consumo humano. Resultado
semelhante foi obtido quando confrontado com resolução do CONAMA
nº 274 para balneabilidade, pois foram encontrados em alguns pontos
ao longo dos riachos 07 riachos, despejos de dejetos fecais.
De acordo com a (tabela 2), os riachos Pd1 e Pd2, apresentaram
a menor incidência de coliformes totais e nenhuma incidência para os
termotolerantes, podendo estar relacionado com a distância do riacho
para com as residências do bairro Taboca.
Os pontos, Pe1, Pe2 e Pe3 são os mais contaminados pela bactéria
Escherichia coli conforme a (Tabela 2), esse fato se deve a passagem do
riacho em uma área onde temos um grande conglomerado residencial.
SILVA e SILVA (2005) diz que a Escherichia coli é um fator determinante
na diarréia infantil, estando ligado a habitação precária, falta de água
potável e saneamento básico.
Segundo os dados SIM, a taxa de mortalidade por diarréia em
crianças menores de 5 anos por 100.000 habitantes na cidade de
Floriano, no ano de 2007, foram de 192 casos, já em 2008 não tivemos
nenhum caso. BRASIL (2009) afirma que houve uma redução de
93,9%nos casos de óbitos causados por diarréia, ou seja, entre 1980 á
2008 a taxa de mortalidade diminui de 32.704 para 1.988 casos, a cidade
de Floriano segue a mesma tendência, pois conseguiu zerar o numero
de casos em 2008
Para CETESB (2005), deve-se tomar providências imediatas
quando o corpo d´água está contaminado por Escherichia coli, pois sua
presença indica contaminação fecal recente, de humanos, animais
domésticos, selvagens, pássaros. Segundo o mesmo autor, a Escherichia
coli é uma bactéria termo tolerante mais utilizada para a determinação
e avaliação da qualidade da água.
As águas dos riachos em alguns pontos estão sendo utilizadas
pelas famílias que ali moram para o banho, lazer e lavagem das roupas,
apesar de terem água encanada, tendo um fator predisponente para
surto de diarreia em determinadas áreas.

119
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A água é um bem necessário para a perpetuação da vida em


todas as espécies, a falta desse recurso ou sua poluição implica na
sobrevivência de toda a humanidade.
Os resultados físico-químicos dos 07 riachos analisados estão
dentro dos padrões estabelecidos pela resolução do CONAMA nº357/
2005 e da portaria nº 2.914/2011, segundo Brasil (2011).
As análises dos resultados microbiológicos demonstram que as
águas desses riachos, com exceção do ponto Pd1 e Pd2, são impróprias
para o consumo humano de acordo com a portaria nº2.914/2011 e
balneabilidade, segundo a resolução do CONAMA nº274/2000.
É imprescindível que se tenha ações de despoluição nos riachos,
para promover uma melhor qualidade dos corpos d’água e sua
diminuição na contaminação. Na cidade já esta sendo realizada a
implantação do saneamento básico, é um grande passo para melhorar
a qualidade da água, visto que algumas casas ao longo dos riachos
despejam seus esgotos e dejetos fecais.
Essa pesquisa é a primeira que aborda os índices Físico-
Químicos e Microbiológicos dos riachos de Floriano no período
chuvoso, podendo ser referência para comparar índices futuros com
os encontrados.

REFERÊNCIAS

AMARAL, L.A.; NADER FILHO, A.; ROSSI JUNIOR, O.D.; FERREIRA,


F.L.A.; BARROS, L.S.S. Água de consumo humano como fator de risco à
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Biológico de Qualidade de Produtos Farmacêuticos, Correlatos e Cosméticos.
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BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. Estabelece a
classificação dos corpos de água do Território Nacional, diretrizes ambientais
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121
APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS NA
PRODUÇÃO DE BIOGÁS E NA
GERAÇÃO DE ENERGIA

Francisco de Paulo Vieira LIMA


UFPI, Brasil. E-mail: fpvl82@hotmail.com
Gleyce Maria Simplicio Revoredo LIMA
UFPI, Brasil. E-mail: gleycerevoredo@hotmail.com
Igor Feliciano Simplicio REVOREDO
FACID, Brasil. E-mail: igorrevoredo@gmail.com
Camila Maria Simplicio REVOREDO
UFPI, Brasil. E-mail: camilavoredo@ufpi.edu.br

RESUMO: O presente trabalho apresenta o uso do biogás para geração


de energia elétrica a partir do lixo urbano. Diariamente são produzidos
milhões de toneladas de resíduos sólidos e líquidos. Assim, faz-se
necessária a criação de meios para o aproveitamento desses materiais
e consequentemente a diminuição da poluição do meio ambiente.
Tendo a revisão bibliográfica como metodologia de trabalho, apresenta
conceitos que tratam da importância de fontes de energia renováveis e
sustentáveis. Os resultados demonstraram a utilização do lixo para a
geração de energia, em que além de modificar o modo de descarte o
que consequentemente diminuiria os impactos causados pelos gases
que são eliminados, também contribuiria com a fonte energética do
país melhorando suas maneiras de gerar eletricidade.

Palavras-chave: Biogás. Aterro sanitário. Energia.

INTRODUÇÃO

Estudos sobre fontes de energias renováveis e sustentáveis estão


cada vez mais presentes, devido à preocupação com o meio ambiente
e com as fontes de energia não renováveis cada vez mais escassas.
Destaca-se como uma fonte de energia em potencial e renovável
a biomassa. Umas das maneiras de obtê-la é através de resíduos sólidos
e líquidos, também chamada de lixo. Os aterros sanitários das cidades
constituem uma verdadeira fábrica de biogás, que após processo
químico e físico geram energia elétrica.

122
O tema é bastante relevante, tendo em vista que umas das
preocupações dos grandes centros urbanos é a questão do lixo. Tendo
uma destinação adequada, os resíduos urbanos deixariam de ser um
problema e viraria combustível para a produção de energia nas cidades.
O presente estudo tem como objetivo exemplificar o uso de
biocombustíveis renováveis a partir de aterro sanitário e o seu
aproveitamento na geração de energia elétrica, bem como demonstrar o
funcionamento e as principais vantagens e desvantagens do uso do Biogás.

MÉTODOS

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, baseada


em vários artigos e livros que discorrem sobre o assunto. O presente
estudo constitui-se de uma revisão da literatura especializada, realizada
entre abril e maio de 2015, no qual realizou-se uma consulta a livros e
periódicos presentes na Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos
Castello Branco (BCCB) em UFPI-Teresina e artigos científicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Novas tecnologias criadas para o desenvolvimento do país e


preservação do meio ambiente são almejadas por todos, inclusive pelos
governantes. No segundo parágrafo do Artigo 218 da Constituição
Federal ressalta-se a importância do desenvolvimento de pesquisa
visando resolver deficiências do país.

A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente


para a solução dos problemas brasileiros e para o
desenvolvimento do sistema produtivo nacional e
regional. (1)

Assim, tecnologias que desenvolvam fontes de energia renováveis


e sustentáveis tornam-se cada vez mais fundamentais nos dias de hoje.

“Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada


em energia mecânica, térmica ou elétrica é classificada
como biomassa”.(2)

Dessa maneira, os biocombustíveis produzidos a partir da


biomassa são fontes renováveis de energia e reduzem a emissão de
gases poluentes na atmosfera.

123
São exemplos de biomassa utilizados para a conversão de
energia: milho, cana-de-açúcar, madeira, palha, casca de arroz, estrume,
algas, lixo biodegradável, dentre outros. Apesar do carvão e do petróleo
serem igualmente provenientes de seres vivos, não são considerados
biomassa já que resultam de processos geológicos.
Claro que existem vária fontes de energia renováveis viáveis,
além da biomassa, como ressalta LEAL: (3)

Na geração de energia elétrica de forma renovável, a


biomassa enfrenta a concorrência de várias alternativas,
igualmente renováveis, como a energia eólica, solar,
marés, geotérmicas e pequenas hidroelétricas.

Entretanto, existe um tipo de biomassa que pode vir através de


resíduos sólidos e líquidos. Tendo em vista que a humanidade está
produzindo cada vez mais lixo e esse lixo também é capaz de produzir
energia, isso ajudaria a resolver vários problemas: diminuição do nível de
poluição ambiental, contenção do volume de lixo das cidades e aumento
da produção de energia. Vantagens: energia limpa e renovável, menor
corrosão de equipamentos, os resíduos emitidos pela sua queima não
interferem no efeito estufa, ser uma fonte de energia, ser descentralizadora
de renda, reduzir a dependência de petróleo por parte de países
subdesenvolvidos, diminuir o lixo industrial (já que ele pode ser útil na
produção de biomassa), ter baixo custo de implantação e manutenção.
O Biogás é um tipo de biocombustível como explica ROYA .(4)

O biogás é considerado um biocombustível, que pode ser


obtido natural ou artificialmente. Com um conteúdo
energético semelhante ao do gás natural, sua forma gasosa
é constituída principalmente por uma mistura de
hidrocarbonetos (compostos químicos formados por
Carbono e Hidrogênio) como o Dióxido de Carbono
(CO2) e o gás Metano (CH4).

Dessa maneira, um dos modos de resolver o problema do lixo


seria converter esses resíduos em BIOGÁS. O melhor aproveitamento
da imensa quantidade de lixo produzido diariamente nas cidades pode
trazer muitos benefícios e vantagens, tanto à população como também
ao meio ambiente. Essa atividade já está sendo muito utilizada em
vários países estrangeiros e vem ganhando forças aqui no Brasil.
Para a geração de energia a partir do lixo, é necessário a
realização de três processos, sendo .(5) :
124
1- Extração e Coleta
Por meio de um dreno é realizada a coleta do gás, em
seguida esse gás é levado para a superfície por meio do dreno e,
na boca dos drenos possui tubos de polietileno que realizam o
traspassamento do biogás derivado do lixo até as usinas gerando
uma rede.
O biogás é um recurso energético renovável que deriva da
decomposição de matéria orgânica. Sua constituição é, em sua maioria,
metano e gás carbônico e a sua principal produção se dá em aterros
sanitários que coletam e tratam os gases produzidos pelo lixo que seriam
liberados na atmosfera.

2- Beneficiamento
Nesta parte, o biogás chega à usina e é imediatamente resfriado
e, simultaneamente recebe uma separação dos vapores nele contido, o
metano que é retirado por meio deste processo recebe em seguida o
processo de combustão, que poderá resultar tanto em calor ou frio para
a produção de energia mecânica ou elétrica, bem como o biogás ser
queimado e resultarem energia térmica.

3-Geração de energia por combustão


Só se é possível produzir eletricidade a partir do biogás que é
retirado do lixo por meio da combustão que é realizada da seguinte
maneira: o biogás e queimado, essa queima do biogás resulta em energia
mecânica que por sua vez ativa os pistões, e após essa movimentação
ela é transformada em energia elétrica.
A geração dessa energia se dá através do conhecimento do
conceito físico chamado “Máquina térmica”.(6)

Denominamos máquina térmica aquela que transforma


a energia interna de um combustível em energia mecânica.
Nesse caso, a energia do combustível é convertida em
energia térmica de um gás através do processo de
combustão. Este , ao se expandir, realiza o trabalho e tem
sua temperatura diminuída.

Abaixo seguem as principais vantagens do Biogás sob diferentes


aspectos .(4):
Do ponto de vista ambiental, o biogás tem seu uso defendido
por toda parte do mundo pelo fato deste poluir muito menos a
atmosfera, ajudando assim a desacelerar o aquecimento global. Sendo
125
utilizado o biogás em vez da lenha, há uma enorme contribuição no
combate ao desmatamento.
Do ponto de vista agrícola, a substituição dos derivados
combustíveis à base de petróleo pode economizar com a ausência de
gastos no transporte de bujões de gás. E existem ainda os resíduos
sólidos usados como adubos orgânicos, chamados de biofertilizantes.
Continuando no meio rural, o biogás pode e deve contribuir para uma
melhoria considerável na qualidade de vida nessas regiões. Nas áreas
rurais, é comum até hoje a utilização de fogões à lenha e tratores
movidos a diesel; com a chegada do biogás, os fogões não emitirão
fumaça e nem os tratores poluirão tanto o ambiente.
Do ponto de vista sanitário, o uso de biodigestores para coleta
de dejetos humanos e animais poderiam ajudar ou até mesmo sanar os
problemas de saúde pública oriundos desses dejetos carregados de
micro-organismos parasitas.
No que diz respeito a aspectos negativos, na verdade, o Biogás
é também um emissor de Dióxido de Carbono (CO2) ou Gás
Carbônico, como é mais comumente conhecido. O fato é que o CO2
é realmente um gás causador de efeito estufa, no entanto, é 20 vezes
menos poluente do que o gás Metano (CH4). Então, a grande vantagem
do biogás não é que ele não seja poluente, e sim que é muito menos do
que os combustíveis fósseis.
Já no que se refere à legislação sobre fontes enérgicas renováveis,
nos últimos anos, houve bastante avanço. A Lei 10.438/2002 criou o
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(PROINFA), que tem entre seus objetivos elevar até 2020 o percentual
das fontes renováveis de energia para 10% da oferta de eletricidade no
Brasil, propiciando maior diversificação da matriz energética brasileira,
por meio do incentivo inicial às fontes de origem de PCH, eólica e a
biomassa. Além disso, também pretende contribuir com a redução das
emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). (7)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo se propôs a mostrar a possibilidade de os aterros


sanitários serem utilizados como local para produção de biogás e seu
uso na geração de energia elétrica.
Dentre as principais contribuições para a utilização do Biogás,
pode-se citar: o baixo custo; alta eficiência energética; emissão de menos
gases poluentes; utilização de recursos renováveis. Salienta-se que esse

126
processo também possui suas desvantagens em relação ao meio
ambiente e à saúde da população, contudo as vantagens se sobressaem
às desvantagens.
Em um país onde a produção monumental de lixo gera enormes
impactos socioambientais, a geração de energia elétrica a partir dos
resíduos é uma ideia que merece atenção, investimentos e um ambiente
de negócios favorável à inclusão do biogás em nossa matriz energética.
Assim, faz-se necessário a criação de políticas públicas que
incentivem a geração de energia através de fontes renováveis, como
por exemplo, o biogás a partir do lixo.
O tema, sem dúvida, é bastante atual e relevante, recomenda-
se então futuros estudos para verificar a viabilidade econômica em
cada região do uso do biogás.

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PROPOSTA PRELIMINAR DO PRODUTO SOBRE OS SISTEMAS
ELÉTRICOS EM GERAL E COM APROVEITAMENTO ENERGÉTICO
DO BIOGÁS DE ATERRO SANITÁRIO OU DE BIODIGESTORES NO
BRASIL. Rio de Janeiro – RJ. Dezembro/2011

127
FOLCLORE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NO CONTEXTO
DA SALA DE AULA

Angela Maria Visgueira Cunha - UFPI

RESUMO: propõe-se uma discussão acerca das contribuições do


Folclore para o ensino da Educação Ambiental, como uma prática
interdisciplinar em sala de aula, de modo que possa favorecer a
aprendizagem, por meio das vivências dos alunos. Adotou- se uma
revisão bibliográfica sobre o tema, contexto em que se constituiu as
reflexões teóricas e que se constituiu o diálogo a ser compartilhado.
Por meio deste, pretende-se descrever algumas considerações que
contribuam para o ensino da Educação Ambiental por meio do folclore,
de modo que possa se afirmar que essa possibilidade é rica em
aprendizagem e favorece a interdisciplinaridade.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental. Folclore.


Interdisciplinaridade.

INTRODUÇÃO

Pensar certo demanda profundidade, e não


superficialidade, na compreensão e na interpretação dos
fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos achados, de
apreciação, reconhece não apenas a possibilidade de
mudar de opção, de apreciação, mas o direito de fazê-lo.
Paulo Freire

O objetivo deste trabalho é apresentar algumas contribuições


que o folclore pode oferecer para o ensino da educação ambiental.
Reconhecendo a importância e a necessidade que as questões sociais
sejam trabalhadas em sala de aula, para a aprendizagem e
conhecimento dos alunos, percebe-se a possibilidade de estes temas
serem trabalhados de maneira interdisciplinar.
A EA (educação ambiental), além de ser um processo educacional
das questões ambientais, alcança também os problemas socioeconômicos,

128
políticos, culturais e históricos pela interação de uma forma ou de outra
destes campos com o meio ambiente (SANTOS 1996).
Deste modo, o folclore, entendido como a tradição e usos
populares, constituído pelos costumes e tradições transmitidos de
geração em geração, pode ser um grande aliado para o ensino da
educação ambiental, de modo que o educador possa utilizar dos vários
recursos que ele oferece para trabalhar o tema. Dentre os recursos
oferecidos, destacam-se crenças, histórias populares, lendas, costumes,
cantigas de roda, brincadeiras etc.

METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho, fez-se uma revisão bibliográfica


que é um tipo de pesquisa, que, segundo Gomes (1998 p.30), “é
realizada a partir de fontes secundarias, ou seja, por meio de material
já publicado, como livros, revistas e artigos científicos”.
A pesquisa bibliográfica tem como principal característica o
fato de que o campo onde será feita a coleta dos dados é a própria
bibliografia sobre o tema que se pretende investigar, (TAZONI-REIS
2009). Ou seja, neste tipo de pesquisa, procura-se buscar conhecimentos
disponíveis sobre determinado tema utilizando a análise e interpretação
de bibliografia relacionada. Por meio desta, pretende-se resumir,
sintetizar ,avaliar ou analisar trabalhos já publicados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o homem, para inteirar-se com o ambiente em que vive é


necessário adaptar as características existentes, e através destas, formar
a sua identidade com base na herança e produção cultural que se
manifesta. O ensino dessas características culturais acontece por meio
de vivências do dia-a-dia e como abordagem formal na escola,
introduzido ou não nos conteúdos trabalhados em sala de aula,
permitindo ao aluno que não se distancie de sua realidade.
Estas práticas culturais, também chamadas de folclore, podem
ser muito importantes para enriquecer a pratica docente, pois permite
que o professor utilize diversos recursos que os alunos já trazem em
sua bagagem cultural.
De acordo com Guimarães (1995, p.15): “a EA tem o
importante papel de fomentar a percepção da necessária integração
do ser humano com o meio ambiente.” O mesmo autor relata também

129
que os conteúdos escolares devem ser trabalhados aliados aos saberes
já acumulados, mas precisam ser conduzidos de modo que contribuam
para a produção de novos conhecimentos, por isso a necessidade do
educador trabalhar, sobretudo, a integração entre ser humano e o
ambiente e considerar para seu ensino os conhecimentos das diferentes
áreas de conhecimentos. Ou seja, a EA vem a ser um mecanismo de
aproximação do homem com o meio em que ele vive.
Para a EA os recursos do folclore podem ser utilizados para as
práticas do professor em sala de aula, pois favorecem o aprendizado
do aluno, pressupondo que os mesmos já tenham conhecimento destas
diversas práticas culturais. Para Guimarães (1995, p.36), “Na EA essas
diversidades devem ser trabalhadas pelo educador, de modo que
sensibilize o educando de acordo com a sua realidade local, ou seja,
trabalhar a vivência imediata para chegar a uma vivência plena.”
Para que esses recursos possam ser usados como facilitadores
da aprendizagem é necessário que o professor saiba trabalhar com os
mesmos utilizando-se de meios que permitam a integração de um tema
ao outro, de modo que a EA e o Folclore possam criar atitudes de
preservação e defesa da Natureza de modo interdisciplinar.
Sobre essa interdisciplinaridade na EA, Cascino (2007, p.72),
relata que:

Em EA, sempre se disse que o fundamento para o


desenvolvimento de toda prática é sua característica
interdisciplinar. Tal afirmação, correta, está fundada na
análise do seu percurso histórico, inclusive como um
poderoso instrumento para rever as práticas educacionais
mais tradicionais.

Essa interdisciplinaridade envolve tanto os temas transversais


em questão como também a participação de todos que fazem parte do
segmento escolar. De acordo com os princípios básicos propostos pela
EA, o planejamento das ações deve ser necessariamente participativo:
professores, alunos, segmentos comunitários, agentes sociais de uma
prática social em que cada um colabore com sua experiência
acumulada, sua visão de mundo e suas expectativas. Dessa forma,
facilita a compreensão e a atuação integral e integrada sobre a realidade
vivenciada. (GUIMARÃES, 1995)
A conscientização não depende exclusivamente da fluência de
conteúdos, mas também está relacionada à valorização das expressões
de vivências pessoais (BASSANI, 2001). Assim, é papel do educador
130
estimular as conexões entre as vivências pessoais e os conceitos
ecológicos em ações de educação ambiental (GAZZINELLI, 2002).
Desta forma, o ensino da educação ambiental através do folclore
constitui-se em uma alternativa importante que, utilizando as
manifestações culturais, se consolida num processo envolvendo o ensino
formal e não-formal, para a construção de uma sociedade
comprometida com o meio ambiente. (SANTOS 2002).
Entre as diversas maneiras da EA ser abordada por meio de
elementos do folclore, destacam-se criações de brinquedos, objetos,
painéis, criar e recriar estórias e lendas do Folclore. A partir daí pode
despertar nos alunos e na comunidade em geral o interesse em colaborar
com o processo de conservação do meio ambiente, garantido assim
uma melhor qualidade de vida para todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que o folclore pode ser utilizado como instrumento


didático nas aulas de educação ambiental, pois vê-se neste várias
possibilidades de extrair elementos culturais e introduzi-los na EA.
Para isso, é necessária uma ação planejada por parte do
professor, pois este deve saber como trabalhar os elementos de
conhecimento cultural de seus alunos de modo alternativo para
trabalhar a EA. Para que essa ação ocorra de maneira proveitosa, é
necessário que o professor conheça o ambiente em que está inserido,
ou seja, é preciso que ele conheça costumes, lendas, histórias e
brincadeiras que fazem parte do meio social dos seus alunos.
Isso porque o conteúdo escolar é o entendimento sistematizado
de conhecimentos de uma realidade. Se, em uma aula, o educador se
restringir apenas no conteúdo pelo conteúdo, não o relacionando à
realidade, estará descontextualizando esse conhecimento, distanciando-
o da realidade concreta, tirando seu significado e alienando-o.
(GUIMARÃES, 1995)

REFERÊNCIAS

]BARRELA, W. (Orgs.).Indicadoresambientais: Conceitos e aplicações. São


Paulo: Editoras EDUC, COMPED e INEP, p.47-57,2001.
BASSANI, M.A. Fatores psicológicos da percepção da qualidade ambiental. In:

131
BASSANI, M.A; BOLLMANN, H.A; MAIA, N.B.; MARTOS, H.L.;
BARRELA, W. (Orgs.) Indicadores ambientais:Conceitos e aplicações. São
Paulo: EDUC/ COMPED/ INEP, p. 47-57, 2001.
CASCINO, Fabio. Interdisciplinaridade. In: Educação Ambiental: princípios,
história, formação de professores.4º Ed. São Paulo: Senac, 2007. P 67-82.
FRANZIN, Adriana. Crianças aprendem sobre preservação ambiental
jogando. Disponível em: http://www.ebc.com.br/infantil/para-educadores/
2013/06/criancasaprendem-sobre-preservacao-ambiental-jogando.
GAZZINELLI, M. F. Representações do professor e implementação de
currículo de educação ambiental.Cadernos de Pesquisa,n. 115, p.173-194,
2002.
GOMES, R. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C.
S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 14. ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 1998.
GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. 10ª Ed.
Campinas- SP: Papirus, 2010. 96p.
SANTOS, Antônio Silveira Ribeiro Dos. Educação Ambiental no processo
educativo. Disponível em: http://www.aultimaarcadenoe.com/artigo51.htm

132
A CRIANÇA E O MEIO AMBIENTE: A
PERCEPÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO ENSINO

Igor Ramon de Oliveira Portela 1


Luana Leticia Idalina dos Santos 2
Rita De Kássia Oliveira Tavares 3
Yara Farias Campos 4
Orientadora - Maria Beatriz Dias Coutinho 5
Co - Orientador - Maria De Jesus Soares Macêdo 6

RESUMO: Este artigo tem como objetivo mostrar a importância da


Educação Ambiental (EA) na escola no ensino Fundamental (EF).
Para isso, faz uma pequena exposição da EA, conceituando-a, e
mostrando suas possíveis relações com o ensino de forma transversal.
Os programas de Educação Ambiental como instrumentos de gestão
foram propostos para a formação de sociedades responsáveis, visando
a um novo modelo de desenvolvimento. Na escola não poderia ser
diferente, com a aplicabilidade do uso dos temas transversais Meio
Ambiente. A presente pesquisa teve como objetivo diagnosticar a
percepção dos alunos no ensino fundamental (4º ano), acerca do
entendimento ambiental. A mesma foi desenvolvida utilizando-se a
metodologia de análise de conteúdo na criação de categorias. Dessa
forma, foi usado como técnica a análise dos desenhos feitos pelas
crianças. Diante da análise feita, foram agrupados os desenhos em 04
categorias: Preservação, Biodiversidade, Poluição e Qualidade
Ambiental , Poluição. Do total de desenhos analisados, as categorias
de preservação teve um índice de 38% de desenhos que visaram à
preservação dos recursos naturais de forma sustentável. A
Biodiversidade apresentou 24% de percepção sobre a liberdade dos
animais, qualidade Ambiental 22%, mostrando um espaço ideal de
qualidade de vida para a população e a categoria Poluição apresentou
um percentual de 16%.

Palavra Chave: Educação Ambiental. Meio Ambiente. Categorias.


Educação.

133
INTRODUÇÃO

No Brasil, a Educação Ambiental foi respaldada pelo governo


a partir da promulgação da Constituição da República Federativa em
1988, onde foi inserido um adendo especial sobre Meio Ambiente (cap.
VI) e um item específico sobre a Educação Ambiental (Art. 225, item
VI) que diz: “Cabe ao Poder Público promover a Educação ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente”
(Brasil, 1988).
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um
processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no
educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental.
A Política Nacional corrobora o conceito de EA, quando diz:

[...] processos por meio dos quais o indivíduo e a


coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade. (BRASIL, 1999)

Segundo Dias (2004, pág. 15) “O Brasil não tem uma política
educacional definida, muito menos uma política para a chamada
Educação Ambiental”. Dessa forma, se verifica que a necessidade da
implantação e reformulação do estudo da educação ambiental no Brasil
precisa ser aplicada de uma maneira mais coerente, assim, a presente
pesquisa visa buscar e estudar como a educação ambiental é
vislumbrada pelas crianças da educação infantil.
O estudo do meio ambiente sempre foi algo muito comentado
desde quanto foi sugerida em 1970, dando uma proposta de
conscientização sobre ações do homem com a natureza, porém, é
observado que nas últimas décadas vem sendo uma questão
esquecida para boa parcela da sociedade, independentemente de
classe social.
O meio ambiente embora esquecido por boa parte da sociedade,
ainda é na escola que se observa o levantamento de questões dos
problemas iminentes de padrões negativos ou positivos com relação à
postura ambiental que vem se desenvolvendo no interior de cada
indivíduo.
134
Deixa-se muitas vezes de agir de maneira correta até mesmo
por não termos nos deparado com algo relacionado às questões
ambientais, todo dia é dia de pensar no meio ambiente. Porém, os
seres humanos esquecem-se do real valor que ele nos oferece causando
impactos ambientais e não educando as gerações futuras para
preservação e conservação do meio ambiente.
A vivência do ser humano de forma harmoniosa é esquecida,
no entanto percebe-se que as crianças têm uma afinidade e uma
proximidade com o meio no sentido de preservar, conservar ou até
mesmo mantê-lo intocado.

O papel que a educação deve ocupar na sociedade pode,


em parte, ser respondido pelos desafios sociais, mas, por
outro lado, profundamente influenciado pelas
características que a sociedade apresenta pelo avanço da
ciência e da tecnologia, bem como as demandas
relacionadas ao funcionamento democrático e ao
mercado, características culturais e pelas linguagens
(LUZZI, 2012, p. 42-43).

A pesquisa comprova que os desenhos analisados mostram


uma realidade vivenciada pela criança nos seus aspectos culturais.
Neste constructo, é visionário querer que a educação ambiental no
ensino fundamental deva ser um ato constante e prazeroso. As
crianças são curiosas e gostam de estar em contato com a natureza,
fato percebido nos desenhos analisados. Desde os seus primeiros
saberes os pequeninos têm uma concepção harmoniosa de como
usufruir e ao mesmo tempo preservar o meio, sendo possível o
enraizamento da concepção de forma contínua e duradoura, desde
as primeiras iniciais no âmbito escolar.

A ideia de natureza é concebida como modelo para a


pedagogia e perpetuou se no século XX. Seguiu vigência
a ênfase “no natural” como fundamento de uma
psicologia e de uma pedagogia científica em contraposição
à educação por coerção (Carvalho, 2012. P.103).

A educação Ambiental não deve ser trabalhada de forma


independente e sozinha. A mesma deve ser dialogada entre as diversas
disciplinas escolar, vivenciando uma interdisciplinaridade. Dessa
forma, se promovera uma educação ambiental visando à mudança de
comportamento na sociedade.
135
A pesquisa é uma realidade já observada e comprovada pela
sociedade de que raramente as crianças de hoje na educação infantil,
fase de grande relevância no seu aprendizado, tem contato com a
natureza e que geralmente, aquela mesma criança saberá como lidar
com as questões ambientais, fazendo assim com que a mesma cresça
sem aquele apoio de que aquilo é ou não correto, a educação escolar é
algo de grande relevância para divulgação dos princípios ambientais,
devendo assim partir desde a sua vida escolar até o ensino superior.

METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida na escola municipal Raio de


Esperança, situada no Bairro Flores, em Campo Maior- Piauí, a mesma
foi desenvolvida utilizando-se a metodologia de análise de conteúdo.
A análise de conteúdo é um procedimento de pesquisa que se situa em
um delineamento amplo da teoria da comunicação e como já
mencionado, tem como ponto de partida a mensagem.
Segundo Bardin (2012), nos reserva o direito de saber:

A análise de conteúdo é análise de significados, embora


possa ser também uma análise dos significantes,[...] A
análise de Conteúdo se define como uma técnica que
consiste apurar descrições de conteúdos aproximativas
subjetivas para pôr em evidencia com objetividade a
natureza e as forças relativas dos estímulos a que o sujeito
está submetido (BARDIN, 2011, p. 41)

A análise de conteúdo visa produzir inferências acerca de dados


verbais silenciados nos textos e a descoberta de observações de interesse
do pesquisador sempre será mediante aos objetivos propostos. O ato
de inferir significa a realização de uma operação lógica a intenção da
análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção. (BARDIN, 2012, p.44).
Refletindo sobre a conceituação de análise de conteúdo, Bardin
(2011), nos diz: Análise de conteúdo é definida como sendo o conjunto
de técnicas de análises da comunicação, que utiliza procedimentos
sistemáticos e objetivos para a descrição da mensagem (BARDIN, 2011,
p.44).
Dessa forma a criação de categorias se deu por meio da análise
dos desenhos a cerca do entendimento sobre meio ambiente. Dando
continuidade ao desenvolvimento metodológico, foi feita a pergunta

136
inicial: o que você entende sobre meio ambiente? E pedido que os
alunos respondessem em forma de desenho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Educação Ambiental é abrangente e transversal e perpassa


todas as áreas do conhecimento e todas as esferas de atuação social e
política. Nesse campo, ou associado ao mesmo, encontra – se a origem
de grandes transformações, tanto no aspecto físico do planeta quanto
nos tecidos sociais, econômicos e políticos. Mesmo quando os processos
de mudança social são induzidos por fatores de natureza diversa, a
educação em geral e a Educação Ambiental em particular devem
assumir papel primordial para sua viabilização, de forma especial
quando se pensa estrategicamente e se projeta temporalmente para o
médio e longo prazo.
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um
processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no
educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental,
compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a
evolução de problemas ambientais.
A percepção acontece de forma diferenciada em cada indivíduo,
pois cada um manifesta sua própria percepção em relação aos seus
espaços e seus momentos únicos de vida. Dessa forma, foi feita a
categorização das imagens obtidas por meio dos desenhos dos quais
foram divididas em categorias: preservação, biodiversidade, poluição,
qualidade ambiental.
Os mapas ou desenhos mentais exercem função de forma visível
os pensamentos sobre o entendimento que as crianças possuem sobre
o meio ambiente. A pergunta norteadora desta pesquisa foi aplicada
para crianças de 09(nove) 10(dez) anos, pertencentes ao 4° ano do
ensino fundamental, turno da manhã.
Os desenhos foram analisados e distribuídos em quatro
categorias:

137
Fonte: dados da pesquisa, 2015.

Categorias Ambientais Analisadas


01. Preservação: Nesta categoria, é clara a percepção de preservação
ambiental das crianças sobre o meio ambiente, onde este se encontra
ainda protegido com ambientes limpos e animais livres, sendo que
homens e animais convivem em um ambiente agradável e equilibrado.
02. Biodiversidade: Nessa categoria, observamos a diversidade em
harmonia com a natureza fazendo a percepção de vários ambientes
interligados, onde fauna e flora é o centro dos pensamentos das crianças,
sendo que o homem ainda não tem influência sobre o meio ambiente.
03. Poluição: Neste quesito temos a convicção do conhecimento que
as crianças possuem em relação aos impactos que o homem causa no
meio ambiente, onde este está poluindo um ambiente saudável e
conservado.
04. Qualidade ambiental: Manifesta-se nesta categoria a presença do
homem convivendo de uma maneira harmoniosa com o meio ambiente,
retratando animais, homem e natureza com uma relação de
interdependência.

Gráfico 01

14
Categorias Ambientais

9
8

Preservação Biodiversidade Poluição Qualidade Ambiental


Fonte: dados da pesquisa, 2014.

138
Do total de desenhos analisados as categorias de preservação
teve um índice de 38% de desenhos que visaram à preservação dos
recursos naturais de forma sustentável. A Biodiversidade apresentou
24% de percepção sobre a liberdade dos animais. Na Qualidade
Ambiental, 22%, mostrando um espaço ideal de qualidade de vida
para a população. A categoria Poluição apresentou um percentual de
16%. Nesta categoria, a preocupação com meio ambiente foi exposta
levando-se como maior problema o Lixo doméstico e o derrame de
esgoto nos rios.
De acordo com os dados, é notória a sensibilização que as
crianças possuem em relação à preservação do meio ambiente, elas
almejam um ambiente ainda protegido onde os impactos ambientais
causados pelo homem não fazem parte desta realidade, tornando este
ambiente cada vez mais agradável e conservado de um bom uso para o
homem. Na categoria biodiversidade, destaca-se a natureza

A história de educação depende de dois fatores essenciais:


o progresso da ciência, que afeta todos os meios da
educação, possibilitando dar aos indivíduos a sua máxima
capacidade; e o estado cultural de um povo ou de uma
geração, que determina o ideal educativo (LUZZI, 2012,
p.43).

A inclusão da perspectiva ambiental no mundo escolar consiste


num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter – relações e
a interdependência dos diversos elementos na constituição e
manutenção da vida. Em termos de educação, essa perspectiva contribui
para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado aos princípios
da dignidade do ser humano, da participação, da co – responsabilidade,
da solidariedade e da equidade.
Nesse intuito, a secretaria de ensino fundamental do ministro
da educação e do desporto, denominada Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), nasceu da necessidade de se construir uma
referencia curricular nacional para o Ensino Fundamental, que pudesse
ser discutida e traduzida nas escolas e nas salas de aula. Dessa forma
os Parâmetros Curriculares têm a intenção de provocar debates a
respeito da função da escola e reflexão sobre o que, quando, como e
para que ensinar e aprender, que envolva não apenas as escolas, mais
também pais, governo e sociedade.

139
CONCLUSÃO

A Educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental


é de suma importância e a culminância de atitudes simples podem
minimizar os problemas mais encontrados na comunidade escolar.
Com a análise dos resultados de pesquisa descritos neste trabalho foi
possível notar o conhecimento e a sensibilização por parte dos alunos.
É notório o conhecimento sobre meio ambiente e a preocupação que
as crianças possuem.
A pesquisa percebeu a presença de conhecimento com
referências a temas ambientais. A presença de conhecimentos de
educação formal foi bastante visível nos desenhos analisados. As
crianças desenvolvem maior habilidade com a inserção da educação
ambiental, seja formal ou não.
Todavia, só se resolve os problemas de uma nação educando
seu povo. E para tanto se torna importante que parta da própria
comunidade escolar, a vontade de agir e querer mudanças.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais /
secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC / SEF, 1.998.
BRASIL. Constituição 1.998. Constituição da República Federativa do
Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal. 1.988.
___________. Agenda 21. Rio de Janeiro. Conferência Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992.
CURRIER. Karen L. Meio Ambiente: interdisciplinaridade na prática. IN:
eixo norteador: Eu + meio ambiental. Campinas, SP: Papirus, 1998. Coleção
Papirus Educação.
BARDIN. L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011.
CARVALHO, I. C. M. de. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da
educação ambiental no Brasil. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2013
CARVALHO, I. C. M. de. Educação ambiental a formação do sujeito
ecológico. São Paulo: Editora CORTEZ, 2012.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e praticas. São Paulo: Editor
Guaia, 2004.
LUZZI, D. Educação e meio ambiente: uma relação intrínseca. Barueri,
SP: Editora. Manuel, 2012.
140
MEIO AMBIENTE EM PAUTA: REFLEXÕES
DIAGNÓSTICAS E ROGNÓSTICAS NO LIVRO
DIDÁTICO DE BIOLOGIA

M.B.D. Coutinho¹
G. A. Araújo Neto ²

RESUMO: O presente artigo é parte da dissertação de mestrado que


trata as questões ambientais nos livros didáticos de Biologia. O mesmo
visa contribui com observações que foram encontradas e abordadas
na dissertação de mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
acerca de itens, que aqui chamo de reflexões diagnósticas e prognósticas
presentes nos livros em análise. As contribuições aqui apresentadas
visam informar o corpo docente na melhor escolha na adoção dos livros
didáticos de biologia nos conteúdos de meio ambiente. A metodologia
foi desenvolvida por análise de conteúdo, onde foi possível observar, a
presença de questões ambientais distribuídas em reflexões diagnóstica
e prognósticas dentro do material analisado. Os livros adotados sofrem
variações de quantidades de reflexões presentes nos livros escolhidos
para análise.

PALAVRA CHAVE: Livro Didático. Reflexão diagnóstica. Reflexão


prognóstica. Ensino

INTRODUÇÃO

Os livros analisados foram os selecionados para o Triênio de


2012/2014, no PNLEM. Esse programa foi implantado em 2004 pela
Resolução nº 38 do FNDE, o Programa Nacional do Livro Didático
para o Ensino Médio (PNLEM), cuja proposta prevê a universalização
de livros didáticos para os alunos do ensino médio público de todo o
país. Inicialmente, atendeu 1,3 milhão de alunos da primeira série do
ensino médio de 5.392 escolas das regiões Norte e Nordeste, que
receberam, até o início de 2005, uma quantia de 2,7 milhões de livros

1
Aluna do programa de pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPI,
Email: coutinhobiaa@yahoo.com.br
2
Orientador e Professor Departamento Filosofia/UFPI, Email: Gerson-albuquerque@uol.com.br

141
das disciplinas de português e de matemática. Em 2005, as demais
séries e regiões brasileiras também foram atendidas com livros de
português e matemática, e posteriormente todas as outras disciplinas
foram contempladas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio
(PCN) trazem orientações nacionais sobre o currículo a ser trabalhado
no ensino médio. “Preconizam que ao problematizar o tema ambiente,
se torna necessário, além de explicitar os aspectos físicos, químicos e
biológicos que fazem o meio ambiente, ressaltar as relações sociais,
econômicas e culturais que permeiam o contexto ambiental” (SILVA,
2011).
Sob a perspectiva da transversalidade, proposta pelas
orientações das políticas educacionais como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) e a Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA), (Lei 9.795/1999), acredita-se que pesquisas envolvendo
livros didáticos sejam pertinentes.
A racionalidade do saber ambiental é tratada por Leff (2012)
como constructos teóricos capazes de articular um conjunto de
formação lógica e discursiva acerca das descrenças e compromissos
sociais. Sob esse olhar, Leff (2011b) propõe a ampliação de perspectivas
e o alargamento de horizontes para o conjunto da produção humana
em sua diversidade. Tal diversidade se manifesta tanto na constituição
interna do campo científico, como nas formas de organização dos
saberes culturais, em suas múltiplas expressões – materiais e simbólicas
– como na manifestação dos sentidos do ser.
A consciência ambiental vai além do pensar, e é nesse intuito
que o homem, enquanto sujeito, interfere nos seus atos de agir. Ser
ecologicamente equilibrado, com enfoques ambientais, está além de
ser ou ter consciência ambiental. A formação do sujeito justo,
equilibrado e radicalmente formador de um pensamento complexo
perpassa a lógica do raciocínio.
O surgimento de novos paradigmas emergentes nos faz refletir
sobre a necessidade de adquirirmos uma consciência ambiental, na
tentativa de aprender a conviver com o meio ambiente, equilibrando e
tornando-o igualitário para todos. Partindo desse pressuposto, o
primeiro questionamento que se pode fazer quanto à concepção de
meio ambiente é o da compreensão da nossa própria existência. Para
Morin (2001), o conhecimento pertinente é aquele capaz de situar
qualquer informação em seu contexto. No entanto, isso tudo nos leva
a crer que o meio ambiente é tudo aquilo que nos envolve. E as

142
propriedades do meio circundante influem na visão homem /natureza,
uma vez que as características da flora, da fauna e dos hábitos
alimentares dos seres vivos interferem direta e indiretamente na
consolidação de um meio ambiente equilibrado.
Seguindo esta lógica, se busca um homem capacitado e voltado
prontamente a se tornar um Eco-Homem, um homem pensante, seguindo
o pensamento complexo, partindo de ideias simples, mas interligadas.
Convém ainda dizer que o material didático coerente com a reflexão
mencionada, seja capaz de articular o seu próprio paradigma com os
paradigmas do homem em ser sujeito ecológico.

REFLEXÕES DIAGNÓSTICAS E PROGNÓSTICAS NO


LIVRO DE BIOLOGIA

A necessidade de estabelecer novos métodos para o


conhecimento das questões ambientais faz com que sejam fixadas as
bases que deverão provocar mudanças e transformações nas pesquisas
cientificas e tecnológicas.
A interdisciplinaridade surge com o desafio de romper os
paradigmas cartesianos e mecanicistas da ciência e da educação,
assumindo uma concepção totalizadora, complexa, dialética e
integradora, (CAVALCANTE, 2012). No entanto, ao se pensar em
questionamentos ambientais, verifica-se maior incidência deste
conteúdo em capítulos separados, contradizendo o que prega a
interdisciplinaridade: “... que as disciplinas em questão, apesar de partirem
cada uma de seu quadro referencial teórico metodológico, estão em situação de
mútua coordenação e cooperação, estando engajadas num processo de construção
de um referencial conceitual e metodológico consensuais” (VELASCO,2002).
Para Fazenda (2013), a interdisciplinaridade é uma exigência
natural e interna das ciências capaz de proporcionar uma melhor
compreensão da realidade que ela nos faz conhecer.
A interdisciplinaridade não deve ser repensada como sendo uma
colcha de retalhos, onde se junta um informe “ali” e outro “acolá” e
forma-se uma conjectura social mais conectada com as inter-relações
que a interdisciplinaridade propõe. Esse pensamento levar-nos-ia a ver
o papel das ciências de forma simplória e reducionista, talvez até chegar
ao homem máquina, que na visão de Descartes, levaria a crer numa
abordagem disciplinar na qual cada uma tem suas particularidades.
Assim, surgiu a interdisciplinaridade como sendo uma proposta “oca”
(BRANCO, 2005).

143
O autor ainda nos fala:

Ocorrendo “risco” de transformar os vários campos do


saber humano na abordagem de um problema, que no
entanto é objetivo,embora amplo, no que diz respeito a
um interesse maior da humanidade de sobrevivência aos
seus próprios excessos, mediante a um controle que
permite continuidade do equilíbrio dinâmico entre
espécies numa forma conservativa ou sustentável
(BRANCO, 2005, p.13).

A interdisciplinaridade trata as disciplinas de modo relacional


entre elas, e permite que exista comunicação em reciprocidade, havendo
um diálogo intercultural. A mesma não tem pretensão de criar novas
disciplinas ou saberes, mas de utilizar conhecimento de várias disciplinas
para a resolução de problemas e compreensão de fatos existentes.
O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem
apreender o que está tecido junto (MORIN, 2000, p.45). O autor ainda
enfatiza que a inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista,
disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos
disjuntos, fraciona os problemas, separa o que está unido, torna
unidimensional o multidimensional. (MORIN, 2000, p. 43):
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a
interdisciplinaridade tem função instrumental. Trata-se de recorrer a
um saber diretamente útil e utilizável para as questões e aos problemas
sociais contemporâneos. (BRASIL, 2002. p.34).
O simples fato de que todos os seres vivos são formados de
células já nos remete a uma unificação do todo, surgindo aí, com esse
postulado, um elemento unificado do ser existencial. Entre a Biologia
e a Química existe a interdisciplinaridade a partir da junção de ambas,
momento em que surge a Bioquímica, uma nova perspectiva de estudar
a biologia molecular. Mas o que era interdisciplinar agora virou
estanque, voltado a parâmetros disciplinares. Enquanto Química e
Biologia dialogaram, nenhuma perdia seus conceitos, e sim eram
fundamentais para um entendimento da biologia molecular.
Segundo (BRANCO, 2005), o ensino apresentado nos livros se
mostra reducionista acerca de conteúdos sobre natureza, e sobre isso,
o autor nos diz:
“Talvez valesse a pena o esforço didático para que o ensino de biologia
partisse da noção de natureza como entidade integradora de todas as funções
vitais” (p.15).

144
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), nos dizem que
a interdisciplinaridade é uma competência crítico-analítica de
representação da realidade não disciplinar, pois não se insere em uma
única disciplina, já que seu objeto de investigação é mais
complexo,(2002. p.51). Surge, então, a necessidade de se pensar sob
uma perspectiva interdisciplinar.
O pensamento ecologizado já é um paradigma da nova era,
embora a ciência ainda o veja em fase de enraizamento, com pouca
solidez. Nesta conjectura, o homem busca todas as formas da ecologia
do saber e o vislumbra ao ambiente equilibrado com uma equidade
social, visando à melhoria e ao bem-estar de futuras gerações.
Neste constructo, observaram-se dois tipos de situação
apresentados nos capítulos. As reflexões aqui denominadas como sendo
reflexões diagnósticas e reflexões prognósticas. Nas reflexões
diagnósticas, a temática é baseada nos acontecimentos dos fatos
presentes com base nas informações e em dados colocados no texto.
Na situação de reflexão prognóstica, observaram-se os fatos baseados
no futuro, na causa iminente do acontecimento dos fatos, o que por
meio dos acontecimentos se prevê o futuro.
A conceituação para reflexões diagnósticas devem ser controladas
através de um processo de conhecimento sistemático das características
atuais da situação problema presente nos livros didáticos, tendo sempre
em mente os cenários alternativos mais próximos da situação desejada
possível (reflexões prognósticos) em função dos instrumentos didáticos
utilizados em sala de aula, entre este, – o livro como o principal.

RESULTADO E DISCUSSÕES

A presente pesquisa iniciou-se com a escolha do material para


análise e posterior leitura crítica dos capítulos escolhidos. Este primeiro
momento consistiu na primeira fase de estudo da pesquisa, o momento
de estabelecimento de contato com os documentos, deixando-se invadir
por impressões e orientações.
A principal pretensão da análise de conteúdo é vislumbrada na
possibilidade de fornecer técnicas precisas, objetivas e suficientes para
garantir a descoberta do verdadeiro significado.
Bardin (2012) nos reserva o direito de saber:

A análise de conteúdo é analise de significados, embora


possa ser também uma análise dos significantes, [...] A
análise de Conteúdo se define como uma técnica que
145
consiste apurar descrições de conteúdos aproximativas
subjetivas para pôr em evidência com objetividade a
natureza e as forças relativas dos estímulos a que o sujeito
está submetido (BARDIN, 2012, p. 41).

A análise de conteúdo visa produzir inferências acerca de dados


verbais silenciados nos textos e a descoberta de observações de interesse
do pesquisador sempre será mediante os objetivos propostos. O ato de
inferir significa a realização de uma operação lógica a intenção da
analise de conteúdo, é a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção (BARDIN, 2012, p.44).
Ao decidir escolher trabalhar com os livros didáticos aprovados
pelo Estado no município de Campo Maior-Pi, caberia agora selecionar
quais livros de biologia seriam os adotados na rede de ensino. Diante
da busca investigativa, o livro didático adotado no município é o da
editora Ática do autor Sérgio Linhares e Fernando Gerwandsznajder.
Mas por questões de atender aos objetivos propostos na pesquisa,
escolheu-se além deste, outros que fizeram parte da análise do Programa
Nacional do Livro didático (PNLD), para o triênio de 2012/ 2014.
Foram também analisados.

QUADRO 01: Livros adotados para a análise

Fonte: dados da pesquisa, 2015.

Os capítulos foram analisados por meio da pré- análise e leitura


flutuante, também chamada de leitura crítica, onde se deixou fluir as
primeiras impressões. Após a escolha, foi feita uma releitura para definir
os capítulos a serem analisados. No total foi feita a análise de 26
capítulos, pertencentes aos autores mencionados na tabela anterior.
No material analisado foram encontradas 293 Reflexões
diagnósticas e 75 reflexões prognósticas, a divisão entre o material
em análise se encontra disposta na tabela.
146
TABELA 01: Reflexões diagnósticas e reflexões prognósticas

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

O percentual acima mostrado deu-se por meio da contagem de


todas as vezes que as reflexões apareceram no contexto das unidades
temáticas selecionadas nos capítulos para a análise. As reflexões
diagnósticas são mostradas como diagnósticos de realidade, o livro D
relata 83 reflexões, que refletem a realidade em que se encontra o
planeta. O livro D mostra uma preocupação eminente para com o
planeta, embora que de forma catastrófica a realidade seja mostrada.
A reflexão prognóstica do livro D, sobre a Mata Atlântica nos
diz: “A mata Atlântica brasileira pode perder cerca de 60%de sua área atual se
a temperatura média do planeta subir de 3° C para 4° até o fim do século”.
Essa reflexão se percebida pelos alunos e professores terá indícios de
que outras reflexões não passarão despercebidas pelo aluno leitor e
professor. Dessa forma, quanto mais reflexões prognósticas nos livros
didáticos aparecerem, melhor seria a percepção de mudança de postura
frente aos problemas ambientais. Baseados no conhecimento e diálogo
que o ser humano deve possuir para com a natureza.

147
Quanto mais reflexões dentro do livro, maior a permissão de
debate no âmbito escolar no contexto em que a temática esteja inserida.
O livro A apresenta 28, reflexões prognósticas, deixando o leitor em
contato com os temas contemporâneos de forma a refletir junto com o
autor a problemática ambiental.
Podemos citar uma reflexão que diz: “por causa dos
aquecimentos das águas dos oceanos os furacões serão mais intensos”
(p.235). E Ainda, “As áreas afetadas pela seca aumentarão e diminuirão os
recursos de água potável para boa parte das pessoas: mais de 1 milhão de pessoas
poderão sofrer com a falta de água”(p.239). Essas reflexões de certa forma
ajudarão ao aluno leitor a refletir embora que não tenha uma postura
ética e social ainda frente aos problemas ambientais, mas começarão a
entrar em contato com os grandes temas contemporâneos que assolam
a nossa década: As questões Ambientais.
Por outro lado as reflexões diagnósticas trazem para o leitor
um momento de reflexão do que está sendo vivenciado por ele em
nível global e às vezes, em nível local, possibilitando o maior contato
com a realidade em que se encontra inserido. No livro B, a natureza é
mostrada mais pelas suas destruições do que pelas suas belezas. Os
livros relatam o conteúdo ambiental de forma estratégica. Apoia o
desenvolvimento do planeta de modo a dizer não existir outra solução
se não a degradação. “A natureza pode suportar a atividade exploradora da
humanidade, desde que não se ultrapasse determinados limites” (livro B, p.342),
mas que limites? Porque não se menciona, até que ponto se pode
degradar, e até que ponto a natureza suporta? O autor do livro B, ainda
ressalta: É preciso deixar claro que a espécie humana só pode sobreviver
explorando os recursos do ambiente (p.341).
O autor reforça: A utilização a longo prazo dos recursos
naturais de que a humanidade necessita demanda o desenvolvimento
de formas equilibradas para sua exploração, nesse sentido a ecologia
torna-se imprescindível: “é fundamental conhecer a estrutura e o
funcionamento dos ecossistemas para que possamos desenvolver
estratégias racionais de utilização dos recursos naturais” (Livro B, 341).
De certa forma, o autor parece não acreditar no processo de
degradação da natureza e destruição do planeta. “Fala-se que a espécie
humana, por agredir a natureza, está a caminho da autodestruição,”
[...] “Será que existem riscos reais e catastróficos causados pela poluição
ou pelo esgotamento de fontes de energia e outros importantes recursos
naturais”? O autor também menciona os anúncios de jornais que
veiculam assuntos desencontrados. Tais como: (LIVRO B, 2012, p. 341).

148
1. “Alguns estudiosos acreditam que a humanidade está muito
próxima do fim, por provocarem danos irreparáveis à natureza”.
2. Outros proclamam que esses “ambientalistas” são
exagerados e que a humanidade saberá solucionar todos os problemas
que criar.

GRÁFICO 01:
Reflexões diagnósticas e prognósticas presentes nas unidades
temáticas

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

A intenção das linhas escritas pelos autores no contexto


analisado reflete a realidade assustadora que o mundo enfrenta diante
das questões ambientais. As reflexões como possíveis soluções, “freios”,
parada, mudança de postura é encontrada nas reflexões prognósticas,
as 18 reflexões do livro D, leva o leitor a refletir sobre a destruição do
planeta e de como “eu”-leitor estou contribuindo para garantir a
sustentabilidade ambiental do planeta. Verifica-se que os livros
analisados se preocupam mais com os problemas que já ocorreram,
do que os eventos que poderão ocorrer em decorrência do processo de
desagregação ambiental pelo homem. Neste processo, o percurso
percorrido pelo livro didático visa focar muito as reflexões presenciais
(do momento) do que propriamente as reflexões futuras.

149
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões que aparecem nos livros didáticos apresentados


sofrem variações que promovem uma maior ou menor reflexão no
intelecto do indivíduo de formas diversas. O livro didático se confronta
com este saber à medida que revitaliza certos assuntos e negligencia
outros. As reflexões aparecem de forma altruísta. Os livros devem
apresentar claramente a importância e interação das diferentes
disciplinas dentro dos capítulos, porém não é o que se observa ao longo
do percurso de estudo a cerca das reflexões diagnósticas e prognósticas
em um caminho interdisciplinar. É grande a preocupação com os
problemas já existentes, muito mais do que com problemas futuros.
Que serão decorrentes da não resolução dos problemas iniciais, não
resolvidos. A interatividade da interdisciplinaridade apresentada nos
livros deve se tornar uma rede de saberes para o homem e a
aproximação dos saberes ambientais e educacionais parece, à primeira
vista, uma convergência necessária ao ato de ensinar.

REFERÊNCIAS

BARDIN. L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011.


BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e
Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília:
Ministério da Educação, 2002a.
BRANCO, S. M. Meio Ambiente &Biologia. 2ª edição, São Paulo, Editora
Senac, 2005. CAVALCANTE, L. P. S. Interdisciplinaridade, complexidade e
saber ambiental: breves considerações críticas.
FAZENDA, I.C.A. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. 18ª ed
Campinas- SP: Papirus. 2012
FREITAG, B; COSTA, W. F. da; MOTTA, Valéria Rodrigues. O livro didático
em questão. 3ª. ed. São Paulo: Cortez, 1993.
LEFF. E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder.
Petrópolis: Vozes. 2011.
________. Epistemologia Ambiental. Ed. Cortez, São Paulo, 2012a
MORIN, E. Introdução ao Pensamento Complexo. Tradução do francês:
Eliane Lisboa - Porto Alegre: Ed. Sulina, 2011.

150
SILVA, Silvana do Nascimento; BARBOSA, Jonei Cerqueira; EL-HANI,
Charbel Niño. Análise de um livro de biologia à luz da teoria de Brasil
Bernstein. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO
EM CIÊNCIAS, 2011, Campinas, SP. Atas.Campinas-SP, 2011. p.1-12
VELASCO, S. L. Perfil da lei da Política Nacional de Educação Ambiental.
Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Fundação
Universidade do Rio Grande, v. 2, p. 1-7, 2002.

151
DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
ESCOLA PÚBLICA

MARIA BEATRIZ DIAS COUTINHO – coutinhobiaa@yahoo.com.br


MARIA DE JESUS MARCEDO – msoaresmarcedo27@gmail.com

RESUMO: O objetivo geral desta pesquisa foi diagnosticar os avanços


advindos com os PCNs em relação à Educação Ambiental nas séries
iniciais do Ensino Fundamental. A presente pesquisa ocorreu em 2009
nas escolas públicas estaduais de Campo Maior – Pi, tendo como
amostra intencional a escola Patronato Nossa Senhora de Lourdes. A
metodologia, inicialmente, se deu através de uma pesquisa bibliográfica
e pesquisa de campo com aplicação de questionário e levantamento de
dados para o estabelecimento de diagnóstico. Os resultados encontrados
indicaram que os problemas na comunidade escolar são de ordem
diversa, entre estes a falta de conhecimento e sensibilização por parte
de alguns educadores em relação a essa temática- Educação Ambiental.

PALAVRA CHAVE: Educação Ambiental. Ensino. Escola.


Professores. Alunos.

INTRODUÇÃO

Os PCNs defendem a importância da formação ambiental e


ética na escola das novas gerações, na perspectiva da transversalidade,
situando – se no contexto das diversas influências que a sociedade exerce
sobre o desenvolvimento do aluno / criança. E neste contexto, a escola
se constitui em microcosmos que pode ou não permitir a prática de
novas relações entre os atores sociais envolvidos, tornando – se
importante a explicação, esclarecimento e debate do currículo oculto
da instituição escolar que permite uma profunda reflexão em relação
às modalidades de relação entre as pessoas com o meio, muitas vezes
inconscientes, e, os valores implícitos perpassados pela escola.
Em linhas gerais os PCNs( Parâmetros Curriculares Nacionais)
definem por:
• Apontar a necessidade de unir esforços entre as diferentes
instâncias governamentais e da sociedade, para apoiar a escola
na complexa tarefa educativa;

152
• Mostrar a importância da participação da comunidade na
escola, de forma que o conhecimento aprendido gere maior
compreensão, integração e inserção no mundo.
• Ampliar a visão de conteúdo para além dos conceitos,
inserindo procedimentos, atitudes e valores como
conhecimentos tão relevantes quanto os conceitos
tradicionalmente abordados;
• Evidenciar a necessidade de tratar de temas sociais urgentes –
chamados Temas Transversais – no âmbito das diferentes áreas
curriculares e no convívio escolar;
E é diante dos fatos expostos que pretendeu – se investigar a
forma de trabalhar a Educação Ambiental nas escolas públicas estaduais
de Campo Maior como uma necessidade presente para obtenção de
resultados futuros.
Quanto a estas relações, o objetivo geral desta pesquisa foi
diagnosticar os avanços advindos com os PCNs em relação à
Educação Ambiental nas séries iniciais do Ensino Fundamental de
Campo Maior.
De forma específica, foram delimitados os seguintes objetivos:
Discutir os aspectos teóricos e históricos da Educação Ambiental na
escola; Observar a prática da Educação Ambiental nas escolas de
Ensino Fundamental (1ª a 4ª) de Campo Maior- Pi; Identificar as
principais dificuldades relacionadas a essa prática.
No sentido de alcançar os objetivos propostos utilizou – se
como metodologia inicialmente, uma pesquisa bibliográfica, pesquisa
de campo aplicação de questionário para o estabelecimento do
diagnóstico e levantamento de dados. No universo desta pesquisa
participou uma população que constou de 11 escolas, destas, a escola
Patronato Nossa Senhora de Lourdes foi trabalhada como amostra
intencional, em virtude de ser uma escola com enorme aceitação de
normas exposta pela direção católica, e por abrigar um corpo discente
e docente numeroso . Esta escola foi fundada em 07 de março de 1953
e está situada na Praça Antonio Rufino S/N em Campo Maior
possuindo um total de 17 professores e 407 alunos de 1ª a 4ª série do
Ensino Fundamental. A aplicação do questionário serviu para subsidiar
a pesquisa no tocante ao conhecimento do corpo docente e para
fomentar a construção de um plano de ação.

153
2. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO
ESCOLAR.

A questão ambiental vem sendo considerada como cada vez


mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da
humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso
pelo homem dos recursos naturas disponíveis. O conhecimento
cientifico da ecologia somou – se como um movimento ecológico
voltado no início principalmente para a preservação de grandes áreas
de ecossistemas “intocadas” pelo homem, criando – se parques e
reservas, sendo vista muita das vezes como uma preocupação poética
de visionário, uma vez que afastavam o homem desses espaços,
inviabilizando sua exploração Econômica.

2.1 Aspectos históricos sobre a Educação Ambiental em Campo


Maior.

Campo Maior – PI, situa – se ao norte do Estado à 84 km da


Capital Teresina, tem cerca de 42 mil habitantes possui, coordenadas
4º 49’ 46’ Sul, 42º 95’ 8" oeste, 4º 49’ 50" Sul e 42º 95’ e O” Oeste
(PESSOA, 2003).
O problema com Educação Ambiental na cidade de Campo
Maior é de longas datas, uma vez que em 1764, dois anos após a
instituição da Vila Campo Maior, dizia o código de postura: Por ser
uma das causas principais para a saúde dos povos, a pureza da água
de beber, e não havendo nesta vila outra se não a da lagoa, acordaram
que ninguém possa lavar roupa nela, em tempo algum, nem também,
dar de beber aos animais (GOMES, 1997, p.5).
Em 1992, o IBAMA inicia seu primeiro trabalho de Educação
Ambiental em Campo Maior, intitulado I Seminário sobre a
Preservação de Açude grande de Campo Maior – PI, onde teve a
participação de educadores, alunos e técnicos que de uma forma ou de
outra acreditavam na mudança de comportamento da sociedade. Em
1993, o projeto do seminário superou as expectativas, diz Gomes, ao
relatar que participaram 200 pessoas entre técnicos e alunos de rede
pública e privada. Após o Seminário foram realizadas atividades, como
limpeza de lixo jogado às margens e arborização do açude, sempre
envolvendo a comunidade.
O IBAMA, em 1995 realiza por ocasião da semana do Meio
Ambiente, campanhas educativas e passeatas nas ruas e um curso de

154
redação com tema “Açude Grande”, com a participação de escolas de
ensino de 1ª a 4ª, 5º a 8ª e Ensino Médio (GOMES, 2002). Ainda em
1995, ressalta GOMES, “foi criado e mantido por 03(três) meses, o
programa educativo na Rádio AM local, intitulado “Natureza Viva””.
Em agosto de 1995, a Fundação PROMAC, fez uma denuncia
formal ao IBAMA, sobre um derramamento de óleo no Açude Grande.
Neste mesmo ano, foram produzidos folders educativos sobre o lixo e
informativos sobre o quadro atual da poluição, com a colaboração da
Fundação Nacional de Saúde. Tendo como produto final deste
movimento a construção de uma cartilha infantil. (GOMES, 1996).
O Art.225 encabeça as disposições sobre o meio ambiente:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida impondo-se ao poder público e a
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL,TÌTULO VII, CAPITULO VI,1988).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais ( PCN) coloca como


um tema transversal Meio Ambiente, ou seja a Educação Ambiental
como um elemento indispensável para transformação da consciência
ambiental. Considerando que se trata de um tema de grande atualidade
aplicado a realidade cotidiana do estudante, a realização dessa pesquisa
reforça os objetivos estabelecidos nos PCNs a cerca do tema transversal
Meio Ambiente [...]

[...] temas da atualidade, em continuo desenvolvimento,


exigem uma permanente atualização; e fazê-lo junto com
os alunos é uma excelente oportunidade para que eles
vivenciem o desenvolvimento de procedimentos
elementares de pesquisa e construam, na prática, formas
de sistematização da informação, medidas, considerações
quantitativas, apresentação e discussão de resultados etc.
(PCNs,1998, p.188)

Com visão nos PCNs é que se pode afirmar que a ideia – chave
dos temas transversais que constitui todo espírito desses referenciais é
reinserir a escola e toda a comunidade escolar no plano de vida real e
tratar de questões que importam e que estão presentes no cotidiano
dos alunos. É preciso que exista uma pedagogia na qual o individuo,
a partir de seus interesses, aspirações e desafios de mudança social,
155
reúna condições de pertencer à realidade que deve constituir, com base
na analise crítica de suas condições objetivas e subjetivas de existência.
O professor é o principal ator das mudanças educativas, mas ressaltando
a necessidade de mudanças na prática e elaboração do currículo escolar,
dando lugar às novas modalidades de atividades proposta pelos PCNs
em relação aos Temas Transversais. Sendo assim, a escola deverá estar
aberta às transformações de sua prática tradicional, permitindo uma
ampla participação dos professores no planejamento escolar e na
definição do projeto Político Pedagógico.
A incorporação da Educação Ambiental no currículo escolar
de forma transversal ou por meio de projetos pedagógicos abertos, de
modo a atingir a comunidade exige muito trabalho em conjunto do
coletivo escolar, a fim de integrar esta visão no projeto Pedagógico.
Segundo Medina, (1994) ressalta:

Unir a Educação à vida associá-la a objetivos concretos


estabelecer uma correlação estreita com a sociedade, e
inventar ou redescobrir uma educação em estreita relação
com o ambiente. E neste sentido que se devem buscar
novos caminhos. Aprender a pensar em forma livre e
crítica, a amar o mundo e fazê-lo mais humano a realizar
– se mediante o trabalho criado, pode ser este caminho
para a construção da sociedade do futuro. Para isto, será
necessário que se cumpra na realidade de igualdade de
acesso educacional. (MEDINA, 1994, p.88)

Nesse intuito a Educação Ambiental apresenta-se como


alternativas de transformação da educação no marco do novo
paradigma da sociedade e do conhecimento, capaz de superar a visão
positivista e teocrática que caracteriza a civilização ocidental, hoje em
crise global.
Muitas são as dificuldades encontradas para a implementação
de programas ambiental. Mas duas podem ser apontadas como de
grande significância: formação de educadores e a percepção do meio
ambiente: visto como problema, acompanhado de uma percepção de
controle, fiscalização ou proibição e percebido como reflexo de belezas
naturais. No entanto o ensino de Educação Ambiental no Brasil
encontra-se, imerso em inúmeras contradições que, na verdade,
expressam os dilemas enfrentados pelo homem nesse final de século.
Segundo Dias (2004)

156
As mudanças devem começar dentro de cada um de nós.
Após uma revisão de nossos hábitos, tendências e
necessidades, podemos de certa forma, através da adoção
de novos comportamentos, dar a nossa contribuição para
diminuição da degradação ambiental e para a defesa e
promoção da qualidade de vida. (DIAS 2004, p. 248 –
249).

A Educação Ambiental é o aprendizado de encontrar solução


que sensibilize os diversos grupos sociais quanto à importância de se
construir valor e se adotar uma postura ética e solidária com relação
ao meio ambiente. É dever da Educação Ambiental favorecer as inter-
relações entre as diversas áreas do saber, de forma que os envolvidos
no processo ensino – aprendizagem reflitam sobre as diversas
concepções de mundo e relações cotidianas com o meio natural.

DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA


PÚBLICA

Em pesquisa elaborada para subsidiar o presente trabalho, vários


dados foram coletados; estes foram adquiridos através de questionários
realizados com professores de rede pública de Ensino Fundamental
(1ª a 4ª) no município de Campo Maior.
Ao se perguntar sobre o que entende por Educação Ambiental,
85% dos pesquisados, afirmaram não ter conhecimento sobre Educação
Ambiental em nível conceitual, 10% muito pouco conhecimento e 5%
têm conhecimento em virtude de serem formados em cursos afins.
Ter conhecimento sobre Educação Ambiental, não requer um
disciplina especial, nem tão pouco ser formado em especializações que
trate do conteúdo. A mesma deve nascer da necessidade e da preocupação
com o bem estar das gerações futuras e destas com o meio ambiente.
Em relação à conscientização do aluno, foi respondido por 75%
dos pesquisados que podem conscientizar 15% acredita ser impossível
conscientizar alguém uma vez que seria tarefa mais fácil a procura da
sensibilização do individuo, porém, 7% dizem que embora sendo tarefa
árdua a conscientização é possível quando se quer e 3% não quiseram
ou souberam responder.
A conscientização não deve ser entendida como algo que possa
ser inserido na cabeça de alguém. Embora sabendo que ninguém
conscientiza ninguém, essa é, ainda a percepção que tem os professores
pesquisados.

157
Indo mais além no interrogatório pergunta – se: Qual a
importância sobre Educação Ambiental no processo ensino –
aprendizagem? 85% dos pesquisados acredita que a percepção
Ambiental trabalhada de forma correta desenvolve o senso crítico das
crianças, 10% dizem não ver muita importância na Educação
Ambiental de forma significativa no processo ensino – aprendizagem,
5% não souberam ou não quiseram opinar.
Um bom percentual mostrado nas pesquisas acredita que a
inserção da educação ambiental no processo ensino aprendizagem
venha contribuir para um bom desenvolvimento do senso critico das
crianças, pois pô-las em contatos com temas atuais referentes ao meio
facilita aos questionamentos que envolvem educação x ambiente. E
diante da problemática ainda podemos observar alguns que de uma
forma ou de outra sempre encontra maneiras para colocar barreiras
que atormente mais ainda o meio em que vivemos (10%).
As disciplinas, hoje em dia, são vistas como fios entrelaçados
do mesmo tecido. Estamos conscientes de que todas as disciplinas são
interligadas, de que a interdisciplinaridade é um dos conceitos
fundamentais da educação, pergunta – se aos professores que trabalham
com ensino fundamental menor (1ª a 4ª): Que disciplinas estão ligadas
diretamente a Educação Ambiental? 80% ainda Acreditam que sem
sombra de dúvida é da Biologia e Ciências, 5% é da Química, 8%
Geografia e 5% da Redação e 2% de qualquer matéria curricular.
Sem sombra de dúvida não existe uma disciplina ideal para se
trabalhar a disciplina Educação Ambiental, embora a pesquisa mostre
um percentual para determinadas disciplinas como sendo ideais. A
mesma deve ser trabalhada em todas as disciplinas de forma continua
e permanente, buscando sempre informar os alunos de forma clara e
concreta, fazendo com que sejam capazes de se auto avaliarem, ainda
que de forma superficial no tocante ao meio ambiente.
Ainda em relação aos 2 % que afirmaram que Educação
Ambiental pode ser trabalhada em qualquer disciplina foi perguntado
como trabalhar esta Educação? . 60 % afirmaram que embora
acreditando for uma questão importante para o planeta não trabalha
porque não tem conhecimento do assunto, 25 % não dá tempo trabalhar,
pois tem que completar carga Horária da matriz curricular, 10 %
acredita que isso não surte efeito e apenas 5 % vê a Educação ambiental
como a única forma de inserir a sensibilização no aluno.
A Educação Ambiental apresenta – se como uma das
alternativas de transformação da educação no marco do novo

158
paradigma da sociedade e do conhecimento. Com visão na mudança
para um mundo melhor foi perguntado no questionário em que série
seria mais fácil trabalhar temas referente a ao meio ambiente e o
resultado foi : 60% dos pesquisados afirmaram que a melhor série pra
se trabalhar a Educação Ambiental é a de 5ª a 8ª série, em virtude
serem maiores e terem uma mente mais aberta no que se refere as
problemáticas ambientais, 25% afirmaram que 1ª a 4ª série seria a etapa
ideal, uma vez que ao conhecimento estava sendo inserido pela primeira
vez e que seria muito fácil trabalhar com quem não tem opinião
formada, 10% disseram que tanto faz toda série é possível de se trabalhar
a Educação Ambiental, 5% acreditam ser mais fácil inserir este tema
para o Ensino Médio em virtude de terem a conscientização dos
problemas que afligem o meio ambiente
De fato a melhor série para se trabalhar a Educação Ambiental
é de 1ª a 4ª, uma vez que inserir na cabeça dos pequeninos a realidade
sobre o meio ambiente tenderá a surtir mais efeito. Não se pode
conscientizar ninguém, porém a sensibilização do educando deverá
ser conseguida, por uma relação prazerosa dele com o processo de
ensino. Assim sendo destaca-se, na Educação Ambiental a importância
do aspecto lúdico e criativo das atividades e dos procedimentos para
envolver o educando, tanto em seu lado racional como emocional.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o
comportamento do homem em relação à natureza. E a aquisição e /
ou a construção de um plano de ação se faz necessário, e no intuito de
sugerir ações que possa minimizar esta problemática no tocante ao
meio ambiente, este, tem a finalidade de controlar e fiscalizar as
atividades exercidas pelo o homem na comunidade escolar. Tendo como
objetivo geral, redirecionar os olhos do sistema educacional para
importância de se trabalhar a educação ambiental de forma paralela,
permanente e continua na comunidade escolar.
E no seu campo mais especifico: formar grupos de apoio para
discussões de temas ambientais, construir através de práticas e
experiências um diagnóstico dos problemas encontrados na
comunidade escolar e de entorno, criar clubes de meio ambiente nas
escolas para solucionar problemas da comunidade escolar .
A educação ambiental enfatiza as regularidades, e busca manter
o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas da Terra.
O dever de reconhecer as similaridades globais, enquanto se interagem
efetivamente com as especificidades locais, é resumido no seguinte
lema: Pensar globalmente, agir localmente.

159
Trabalhar Educação Ambiental é tarefa árdua, contudo se torna
necessária e urgente, uma vez, que o mundo caminha a largos passos
para o fim. A relação homem – natureza adquire, desse modo, um
novo significado, devido à crescente preocupação do homem com os
destinos do planeta que diante de ameaças de tão grande magnitude,
vê – se compelido a redirecionar estilos de vida predatória ao meio.
Por conseguinte o saber acumulado ao longo de gerações deve ser
direcionado à manutenção da vida, seja qual for o formato que
apresente. E assim pensar e atuar Educação Ambiental com vista à
transição para uma Nação que, sob ética da sustentabilidade, se a
ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, é
uma tarefa e um desafio para todos nós, cidadãos brasileiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A EA está presente em todas as atividades e em todos os aspectos


da vida do cidadão responsável e preocupado com o presente e com o
futuro de todos os seres vivos, devendo ser entendida como um
componente essencial e permanente do processo de educação e de
formação da cidadania plena; de mudança de valores, percepções e
comportamentos.
E a partir dessas informações, a pesquisa traz sugestões que
possam auxiliar no trabalho dos professores das series iniciais do ensino
fundamental, mediante a um plano de ação que foi elaborado visando
minimizar a problemática da educação ambiental nas escolas primária.
Infelizmente, ao longo do tempo, o homem provocou mudanças nos
diversos ecossistemas, a maior parte das vezes, de uma maneira
negativa. Contudo, devido à sua inteligência e habilidade, possui
também capacidade suficiente para solucionar os problemas que ele
mesmo criou, gerando soluções, propondo modelos e aplicando
conceitos inovadores e surpreendentes.
Na análise dos resultados de pesquisa descritos neste trabalho,
foi possível notar a falta de conhecimento e a sensibilização por parte
de alguns educadores em relação a essa temática. Percebe-se a falta de
compromisso dessa parcela da sociedade para com o meio ambiente e
consigo mesmo, e ainda a indisposição a querer aprender mais. Muitos
ainda resistiram ao questionário por dizerem que não era da área e
que estavam sem tempo.
Todavia, só se resolve os problemas de uma nação, educando
seu povo.

160
Portanto a Educação ambiental nas séries iniciais do ensino
fundamental é de suma importância e a culminância de atitudes simples
podem minimizar os problemas mais encontrados na comunidade
escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais /
secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC / SEF, 1.998.
BRASIL. Constituição 1.998. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 05 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal. 1.988.
DIAS. GENEBALDO Freire. Educação Ambiental: Principio e Práticas. São
Paulo: Gaia, 2004, (p. 248 -249).
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: curso básico à distância; documentos e
legislação da educação ambiental. In. Antecedentes históricos: Conferências
internacionais. Brasília: MINA, 2001. 5V, 2º ed. P, 19 – 21.
GOMES, Fernando A. L. A Educação Ambiental como eixo norteador da
luta pela preservação do Açude grande de Campo Maior - Piauí. Apresentada
na IV Reunião Especial da Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência –
SBPC, 1996 na Universidade Estadual de feira de Santana – BA.
GUTIERREZ, Francisco; Rojos, C. P. Ecopedagogia e cidadania planetária.
São Paulo: Cortez, 1.999.
MEDINA. Nana. Mininni & SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação
Ambiental: uma metodologia participativa de formação. Petrópolis: vozes.
2000. 231. p
MENESES, C. L. Desenvolvimento urbano e meio ambiente: e experiência
de Curitiba. Campinas: Papirus, 1996 – p 38.
VIOLA, E. O movimento ecológico no Brasil: do ambiente: do ambientalismo
a ecopolitica. In: Ecologia e Política no Brasil. PÁDUA, J. A (org.) Rio de
Janeiro: Espaço e tempo, 1.987.

161
O USO DE HORTA COMO INSTRUMENTO DE
CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E ALIMENTAR

Adriana Carvalho de Moraes Quaresma


Antonia Maria da Silva Oliveira
Liduina Maria Rebouças e Silva
Maria Cristiane Ferreira Lima

RESUMO: A alimentação escolar é um direito de todos os estudantes,


assegurado pela Constituição Federal Brasileira, e com o projeto uso
da horta como instrumento de conscientização ambiental e alimentar,
buscou valorizar o meio ambiente, propondo pequenas mudanças ao
longo do processo educativo envolvendo os alunos e funcionários da
Unidade Escolar Conselheiro Saraiva. Trabalhar de forma
interdisciplinar para que o aprendizado seja ampliado e levado além
da escola. O plantio de sementes e da horta como meios de
conhecimento e aprendizado para alunos e colaboradores,
proporcionando pequenas mudanças de hábitos ao longo desse projeto,
tornando assim, um “habito saudável ao seu dia a dia”. As principais
atividades desenvolvidas dentro da escola, envolvendo a horta no
trabalho de educação ambiental e alimentar, foram; conhecimento,
cultivo e consumo de diversas plantas (hortaliça, grãos e raízes);
reciclagem de resíduos sólidos; oficinas culinárias com a utilização
dos alimentos colhidos na horta. Portanto a horta é um projeto de
grande importância para toda a comunidade escolar.

Palavras Chave: Horta Escolar; Educação Ambiental; Alimentação


Saudável.

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta as principais contribuições do uso de


horta como instrumento de conscientização ambiental e alimentar. A
Horta Escolar é uma das ações locais, que consegue envolver a
comunidade escolar com medidas de segurança alimentar e nutricional.
Este artigo fez-se, necessário no sentido sensibilizar os alunos, quanto
à importância do cultivo de hortas sustentáveis no ambiente escolar,
despertando a cultura de convivência harmônica com o meio ambiente
162
em busca da sustentabilidade bem como incrementar a Merenda
Escolar na escola, alcançando ótimos resultados, proporcionando ao
mesmo tempo melhoria nos hábitos alimentares dos educandos, assim
torna-se importante estimular o consumo de frutas e de vegetais na
alimentação dos mesmos.
Utilizando a Horta Escolar com a finalidade educativa e
diversificação de métodos para transmitir e adquirir conhecimentos,
ressaltando as atividades práticas e as experiências pessoais de forma
interdisciplinar.
Entende-se que a realidade da Unidade Escolar Conselheiro
Saraiva é muito propícia para o desenvolvimento da Horta Escolar, a fim
de produzir vegetais nutritivos, que complementam a Merenda Escolar,
de forma a atender as necessidades nutricionais diária dos educandos,
auxiliando na formação de cidadãos saudáveis, multiplicadores de bons
hábitos alimentares e incentiva a preservação do meio ambiente.
A Unidade Escolar Conselheiro Saraiva da rede estadual,
situada no município de Batalha Piauí, apresenta um cardápio
diversificado na merenda escolar como; seleção e compra de alimentos
acompanhado por nutricionista, além de fornecer orientações às
merendeiras quantos aos cuidados higiênico-sanitários e quanto à
qualidade nutricional.
Dos projetos desenvolvidos na escola destaca-se o projeto “O
uso de horta como instrumento de conscientização ambiental e
alimentar” que surgiu com objetivo de melhorar a formação dos alunos
e da comunidade escolar em educação alimentar e ambiental.

MATERIAL E MÉTODO

A escola na qual realizou-se este trabalho foi a Unidade Escolar


Conselheiro Saraiva, que está situada à Avenida Getúlio Vargas n.º
646, no centro da cidade de Batalha – PI / Brasil; é a escola mais
antiga da cidade, inaugurada no dia 16 de dezembro de 1960, teve
como primeira gestora a professora Maria do Carmo Melo. Atualmente
é dirigida pela professora Ilanna Fernanda e Francisca Castro, tendo
como coordenadores pedagógicos a professora Liduina Maria
Rebouças e Silva e Francisca das Chagas Carvalho.
Seu nome foi em homenagem ao José Antônio Conselheiro
Saraiva por ser uma figura muito ilustre para o Estado do Piauí, fundou
a capital de Teresina, transferindo a sede administrativa da província
do Piauí da cidade de Oeiras para a atual capital, Teresina.

163
Com área bem distribuída, ambiente amplo e arejado. Atende
a uma demanda muito grande de alunos de nível social médio-baixo,
distribuídos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, na sede, e em
mais quatro anexos: Polos: Imbiribas
(fundado em 2003), Caraíbas, Vitória de Baixo e Bela Vista
(fundado em 2006) na zona rural. Entre os alunos 08(oito) são
portadores de necessidades especiais, embora a escola ainda não esteja
adaptada para atender estes alunos. A escola trabalha com o programa
Mais Educação, o que oportuniza os alunos passarem o dia todo na
escola. E ainda conta com a parceria dos amigos da escola na realização
das atividades escolares.
Sua estrutura física é uma das melhores do município,
atualmente o prédio está em reforma para um melhor atendimento
aos alunos, com piso de granizo, instalações hidráulicas e elétricas em
bom funcionamento, a escola possui adequações para atender os
portadores de necessidades especiais. A escola possui 08 salas de aulas,
(01) uma biblioteca, (01) uma diretoria, (01) uma sala de professores,
(01) um laboratório de informática, (01) uma cantina, (01) um banheiro
feminino coletivo, (01) um banheiro masculino coletivo, (02) banheiros
adaptados para alunos com necessidades especiais e (02) banheiros
para funcionários. Dispõe ainda de um pátio e uma quadra de esportes
na qual são desenvolvidas as atividades lúdicas e festivas da escola.
Os professores fazem uso de estratégias metodológicas atrativas,
visto que a escola dispõe de recursos tecnológicos, como TV, vídeo,
DVD, aparelho de som, data show, jogos diversos que são bons,
atualizados e coerentes com a realidade da escola e ainda
acompanhamento pedagógico de coordenadores.
A equipe é constituída por 78 funcionários, sendo (01) um diretor
titular, (01) um diretor adjunto, (02) coordenadores, (02) secretárias, (02)
auxiliares de secretaria, (01) uma bibliotecária, (01) um digitador, (03)
vigias, (06) seis auxiliares de serviços gerais, (10) dez professores diurno
(17) dezessete professores (1ª a 3ª série do Ensino Médio – SEDE) e 35
professores 1ª a 3ª série do Ensino Médio – PÓLOS.
O quadro de professores efetivos não é suficiente, portanto há vários
professores seletistas para suprir a necessidade, porém todos são
capacitados para atender nas diversas áreas do ensino oferecido pela escola.
Em relação ao quadro de pessoal de serviços gerais também não é suficiente
para atender a demanda da escola, pois a maioria delas está em precário
estado de saúde. Precisa-se ainda expandir o quadro de auxiliares para
atender a demanda dos polos. A relação da escola com a 2ª GRE – Gerencia

164
Regional da Educação é boa, porém deveria melhorar a lotação de
professores em tempo hábil nas áreas afins, menos rotatividade de
professores e mais contratação de funcionários. A participação da SEDUC
depende da GRE, pois a escola está jurisdicionada à GRE.
A escola atende a um público estudantil heterogêneo com
fatores socioeconômicos que influenciam no cotidiano escolar. Está
situada numa avenida movimentada e próxima a várias outras escolas.
A população contemplada pela escola em sua maioria vive em
condições socioeconômicas precárias. Vive da agricultura, pecuária e
piscicultura de subsistência e preserva suas tradições culturais, existem
pequenos comerciantes, funcionários públicos, outros possuem renda
familiar provenientes de aposentadorias, pensões e programas sociais.
Por isso a importância da implementação de um projeto voltado para
qualidade alimentar e ambiental através do uso de hortas sustentáveis.
A Abordagem metodológica que estruturou a investigação foi
norteada pelos aspectos de pesquisa qualitativa um tipo de pesquisa que
envolve a obtenção de dados descritivos obtidos no contato direto do
pesquisador com a situação estudada. Enfatizando mais o processo do
que o produto e se preocupando em retratar as perspectivas dos
participantes sendo empregados todos os métodos e técnicas de grupo
para lidar com a dimensão coletiva e interativa da investigação e também
técnicas de registro, de processamento e de exposição dos resultados.
Portanto, inicialmente a pesquisa consta de levantamento bibliográfico,
que constitui a base teórica para a fundamentação. No segundo momento
fez-se a limpeza do local, bem como realização das medições dos canteiros
e calculado o volume de matéria orgânica a ser empregada, preparação
do adubo e em seguida a montagem da estrutura da horta com registro
fotográfico para ilustração dos aspectos de desenvolvimento da mesma.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa intitulada “o uso de horta como instrumento de


conscientização ambiental e alimentar”, objetiva não só contribuir para
a complementação e enriquecimento nutricional da merenda escolar,
mas principalmente para sensibilizar sobre a importância do meio
ambiente e incentivar a formação de bons hábitos alimentares em
nossos alunos. Através da Horta Escolar é possível levar o aluno a
consumir mais hortaliças - fonte de vitaminas, fibras e sais minerais; a
obter noções sobre Educação Alimentar e Ambiental e a servir-se dela
como instrumento prático do processo ensino/aprendizagem.

165
Além de enriquecer a merenda escolar, estamos formando
cidadãos conscientes, responsáveis e atuantes na comunidade em que
vivem e ao mesmo tempo difundindo, incentivando, assim o trabalho
voluntário, contribuindo para o fortalecimento das atividades de
cooperação desenvolvidas na Escola. Durante as fases de análise do
solo, preparação e adubação dos canteiros, os alunos foram inseridos
na proposta de organização do espaço da horta, acompanhando, em
grupo, tudo o que estava sendo feito.
Hoje em dia, uma das preocupações mundiais é com a
preservação do meio ambiente. O Brasil é um país exportador de muitos
produtos chamados primários (agrícolas, pecuários, florestais, minerais
e outros) e diversos subprodutos estão ligados à expansão dos
agronegócios. Embora esse tipo de atividade seja responsável por quase
a metade das exportações do país, é preciso pensar nos impactos que
trazem para o ambiente: Uso de produtos químicos que contaminam
água, solo, ar e o próprio alimento, além da destruição de Biomas e a
diminuição da biodiversidade.
Estudos sobre o assunto verificaram que as iniciativas para o
resgate e manutenção da biodiversidade são simples de serem
viabilizadas, sendo que a conscientização ecológica através da educação
ambiental é o único caminho que poderá assegurar a verdadeira
qualidade de vida para as futuras gerações.
Toda ação educacional que integre questões ambientais, que
objetive mudanças de atitudes, que incentive a cooperação e a
solidariedade, que pratique o respeito e a tolerância e que busque
resgatar valores éticos hoje perdidos na nossa sociedade, pode ser
chamada de Educação Ambiental.

“Se pretendemos que a escola forme indivíduos com


capacidade de intervenção na realidade global e complexa,
teremos de adequar a educação, em seu conjunto, aos
princípios do paradigma da complexidade e, por
conseguinte, às características de uma aproximação
sistêmica. Temos que promover uma educação que
responda precisamente a essa realidade global e complexa,
e que dê uma resposta adequada a seus problemas, entre
eles o da crise ambiental” (DIAS, 2002).

Segundo Dias (2002) a escola assume uma grande um desafio


para desenvolver com criatividade ações interdisciplinares com os
alunos, funcionários e comunidade, pois somente assim, é possível

166
despertar a capacidade de adquirir hábitos saudáveis contribuindo para
melhorar e transformar o meio em que vivem.
Outro aspecto de grande relevância é a segurança Alimentar e
Nutricional, está assegurada na Constituição Federal em seus artigos
205 e 206 (1988) e é por isto que o acesso regular e permanente a
alimentos de qualidade é um direito do cidadão ao alimento saudável
e variado e a água potável, pois a fome e a desnutrição afetam a
qualidade de vida das pessoas, das nações e do planeta.
Relacionando o direito com a realidade; vemos que nem todos
têm acesso.
A cidade de Batalha é genuinamente agropecuária. São
inúmeros os fatores que contribuem para elevadas produções nesta área,
mas ainda existem famílias que não tem um acesso considerável a esses
produtos, e dentro dessas famílias há alunos que fazem parte da escola
em questão, que necessitam do complemento alimentar para obter um
melhor rendimento escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do trabalho desenvolvido percebeu-se que a horta e o


contato com a terra inserida no ambiente escolar pode ser uma
ferramenta eficaz na formação integral do estudante, pois o tema
exposto aborda diversas áreas de conhecimento, podendo ser
desenvolvido durante todo o processo ensino aprendizagem. Diante
de tal importância, vê-se a necessidade de manter esse projeto vivo,
elaborando meios de torná-lo cada vez mais avançado e fortalecido.

REFERÊNCIAS

DIAS, João de Deus Oliveira; Agricultura Geral: I volume, séria didática n°


13. Ministério da Agricultura. Rio de Janeiro, 2002.
MAGALHÃES, A. M.; GAZOLA H. Proposta de Educação Alimentar em
Creches. In: Congresso Internacional de Educação Infantil 1. 2002,
Bombinhas. Anais. Bombinhas: PMPB, 2002.
PIMENTA, Jose Calisto; RODRIGUES, Keila da Silva Maciel. Projeto Horta
Escolar: Ações de Educação Ambiental na Escola. Goiânia, maio de 2011.
RODRIGUES, Elaine et al; Projeto Horta na Escola: Novembro 2012.

167
CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA
ÁGUA DO RIO CORRENTE DE
MATÕES, MICROBACIA DO RIO GURGUÉIA – PI

Fernanda Benício Coelho de Araújo


Leonarda Beserra Magalhães
Adriana Miranda de Santana Araújo
Márcio Cleto Soares de Moura

RESUMO - A ocupação e uso do solo pelas atividades agropecuárias


alteram sensivelmente os processos biológicos, físicos e químicos dos
sistemas naturais. Estas alterações ocorridas em uma bacia hidrográfica
podem ser avaliadas através do monitoramento da qualidade da água.
Logo, as análises destes parâmetros da água por serem indicadores
dos principais impactos causados pela ação do homem, fornecem dados
importantes para a identificação e avaliação da qualidade da água.
Assim, objetivou-se com esse trabalho analisar os parâmetros
microbiológicos da água do rio Corrente dos Matões, nas épocas seca
e chuvosa. O estudo foi realizado no rio Corrente dos Matões, principal
afluente do rio Gurguéia, localizado na bacia do alto Parnaíba,
município de Bom Jesus, Piauí. As analises microbiológicas (coliformes
totais e termotolerantes) da água foi realizada a pesquisa do Número
Mais Provável (NMP) de coliformes totais e coliformes termotolerantes
pela técnica da fermentação em tubos múltiplos. Observou-se que a
maior contaminação de coliformes totais nas águas ocorreu no período
chuvoso, variando de (280 a 1100 NMP/ 100 mL). Enquanto que os
valores médios do NMP de coliformes termotolerantes, incidiram no
período chuvoso, com destaque para o ponto de amostragem P7 com
600 NMP/100 mL.

Palavra Chave: Qualidade da agua, coliformes fecais, bioindicadores

INTRODUÇÃO

Uma maneira de realizar o monitoramento da água em bacias


hidrográficas é utilizar um conjunto de parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos que possam gerar indicadores da qualidade da água
(ZUCCO et al., 2012). Os parâmetros da qualidade da água são de

168
suma importância e aliado a diversos fatores ambientais podem nos
dá informações sobre o meio ambiente como um todo.
Estes parâmetros representados por meio de resultados
quantitativos devem ser comparados tanto com dados quantitativos
por amostragem sazonal e temporal, quanto com dados qualitativos,
viabilizando a seleção de indicadores mais relevantes que possam ser
utilizados em uma determinada bacia e que possa servir de modelo,
sendo que avaliação da qualidade da água com uso dos parâmetros
físicos, químicos e microbiológicos para uma região é importante,
uma vez que, irá proporcionar o conhecimento da situação atual do
rio em seus usos múltiplos prioritários. Logo, as análises destes
parâmetros das águas de rio por serem indicadores dos principais
impactos causados pela ação do homem, fornecem dados importantes
para a identificação e avaliação da qualidade da água (PROENÇA,
2004).
O rio Corrente dos Matões - PI, principal afluente do rio
Gurguéia, localizado na bacia do Alto Parnaíba, vem exibindo nos
últimos anos, uma forte expansão agrícola, com a implantação de
culturas anuais, monoculturas de soja e milho, com intensa mobilização
dos solos e que adotam o uso intensivo de fertilizantes químicos
fosfatados, visando corrigir a baixa fertilidade natural dos solos da
região (PAULA FILHO et al., 2012). Neste contexto, insere-se a
importância do estudo nesta microbacia, uma vez que atividades
agrícolas e pecuárias desenvolvidas próximo ao rio são despejadas
detritos carregados de matérias orgânicas, inorgânicas e eventuais
compostos químicos, que poderá ser responsável pelo desequilíbrio nos
processos naturais químicos e ecológicos deste corpo hídrico.
Neste sentido, objetivou-se com esse estudo analisar os
parâmetros microbiológicos das águas do rio Corrente dos Matões, no
período seco e chuvoso, visando contribuir com informações úteis para
a gestão dos recursos hídricos na região.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no rio Corrente dos Matões, principal


afluente do rio Gurguéia, localizado na bacia do alto Parnaíba, sudoeste
do Piauí, município de Bom Jesus (Figura 1). Sua área de drenagem
apresenta 700 km2 e aproximadamente 50 km de extensão, abrangendo
as chapadas do Quilombo e do Pirajá, onde são encontradas algumas
das principais áreas agrícolas da região. Na bacia, os solos

169
predominantes são os Latossolos Amarelos e Neossolos Flúvicos
(Embrapa, 2006).
A vegetação da região é formada principalmente por plantas
herbáceas, arbustos e matas de cocais, característica peculiar a uma
área de transição cerrado - caatinga. De acordo com classificação
climática de Köppen, a região apresenta clima quente e semiúmido do
tipo AW’ e se caracteriza por possuir estação chuvosa entre os meses
de outubro e março.
As amostras de água na microbacia foram coletadas em dois
períodos, uma no período seco (Setembro de 2013) em oito pontos de
coleta e outra no período chuvoso (Fevereiro de 2014) em 09 pontos
de coleta, compreendendo nascentes, seguimentos intermediários e foz
do rio.
Em campo, as amostras de água foram coletadas com o auxilio
de garrafas de vidro esterilizadas e em seguida acondicionadas em
caixas de isopor contendo gelo e transportada para o laboratório, para
posteriormente serem processadas e analisadas nos laboratórios de
Química Geral e Analítica e de Microbiologia de Alimentos da
Universidade Federal do Piauí, Campus Profª. Cinobelina Elvas / Bom
Jesus.
A análise microbiológica (coliformes totais e termotolerantes)
da água foi realizada a pesquisa do Número Mais Provável (NMP) de
coliformes totais e coliformes termotolerantes pela técnica da
fermentação em tubos múltiplos - série de cinco tubos - teste presuntivo,
utilizando-se caldo Lauril Sulfato Triptose (35°C/24-48h) e teste
confirmativo para coliformes totais e E.Coli utilizando-se caldo Verde
Brilhante Bile (VB) (35°C/24-48h) e caldo E. coli (EC) (44,5°C/24h).
Para a realização do teste presuntivo, realizaram-se diluições
seriadas e adicionou-se 1,0 mL em uma série de 15 tubos de ensaio
contendo 10 mL de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST), com tubos de
Durhan. Após essa etapa, incubaram-se os tubos a 35ºC/24h e
observou-se se que houve crescimento com produção de gás. Em caso
negativo, incubaram-se até completar 48 horas e repetiu-se a leitura,
passando para os itens subsequentes em caso de crescimento com
produção de gás.
Para a confirmação de coliformes totais a partir de cada tubo
positivo (LST), transferiu-se uma alçada bem carregada da cultura para
os tubos Caldo Verde Brilhante Bile (VB). Em seguida, levou-se para a
incubadora a 35ºC por 24/48 horas até haver o crescimento com
produção de gás, confirmativo de coliformes totais. Posteriormente,

170
anotou-se o número de tubos de (VB) com gás e determinou-se o
Número Mais provável (NMP) de coliformes totais/100 ml em uma
tabela de NMP apropriada às diluições inoculadas. A não ocorrência
de gás após 48 horas de incubação indicou-se ausência de coliformes
totais na amostra.
Para a confirmação de coliformes termotolerantes, foi
realizada a partir de cada tubo positivo (LST), transferindo-se uma
alçada bem carregada da cultura para tubos de Caldo E. Coli (EC) e
em seguida os tubos de ensaio foram incubados a 44,5ºC por 24 horas
em banho-maria, observando se houve crescimento com produção
de gás, confirmativo de coliformes fecais. Posteriormente, anotou-se
o número de tubos de EC com produção de gás e se determinou o
Número Mais Provável (NMP) de coliformes termotolerantes/100
ml em uma tabela de NM apropriada às diluições inoculadas (APHA,
2005).
Os dados microbiológicos da água do rio Corrente dos Matões
foram obtidos através da utilização de métodos de estatística descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios do Número Mais Provável - NMP de


coliformes totais (CT) e coliformes termotolerantes (CT) nas amostras
analisadas entre os períodos seco e chuvoso do rio Corrente dos Matões
estão representadas na Tabela 1.
Observa-se que a maior contaminação de coliformes totais nas
águas ocorreu no período chuvoso, variando de (280 a 1100 NMP/
100 mL), principalmente nos locais de coletas P3 e P4 próximos à
nascente do rio, que pode ser atribuída ao escoamento superficial
proporcionado pela estrada secundária localizada ao ponto de coleta,
e pela contribuição de fezes de animais (bovinos) nestes locais,
respectivamente. Porém, não ultrapassaram os limites estabelecidos
pela Resolução CONAMA, 2005 para águas de classe 2.
Além disso, as fontes de poluição difusas (fertilizantes) podem
ter contribuído para o aumento desta variável, pois, próximos destes
locais, a presença de propriedades com lavouras de produção de soja e
milho, originando o arraste de todo tipo de material para o curso de
água, principalmente na ocorrência de chuvas. Gonçalves et al. (2005)
verificaram resultados similares, cujos os valores de coliformes totais
variaram entre (745, 530 e 854 NMP 100 mL) em uma microbacia
eminentemente rural, do Arroio Lino, Agudo, RS.

171
Para os valores médios do NMP de coliformes termotolerantes,
verificou-se que os maiores valores incidiram no período chuvoso, com
destaque para o ponto de amostragem P7 com 600 NMP/100 mL que
pode estar relacionado às atividades de criação de animais neste local.
Porém, não ultrapassaram os limites estabelecidos para águas de classe
2 pela Resolução CONAMA (2005). Zucco et al. (2012) conferiram
altas concentrações de coliformes termotolerantes numa bacia que sofre
influência eminente rural em ribeirão Concórdia, Lontras, SC, devido
principalmente à poluição de origem pontual, como o lançamento de
águas residuárias domésticas e às atividades de criação de animais.
Morais e Silva (2012) também verificaram aumento de
coliformes termotolerantes nas águas durante o período chuvoso, onde
foi atribuído à poluição difusa nos pontos monitorados em diagnóstico
ambiental no rio Poti em Teresina, Piauí. Igualmente, Cunha et al.
(2004), ao analisarem a qualidade microbiológica de quatro rios do
baixo curso do Amazonas, próximos às cidades de Macapá e Santana
(AP), identificaram a existência da relação entre precipitação e aumento
da concentração de coliformes termotolerantes. Segundo os autores,
nos períodos de precipitações intensas, houve um incremento da
poluição fecal nos rios monitorados, sobretudo, nos locais próximos a
áreas urbanas.
Por outro lado, os resultados verificados para o rio Corrente
dos Matões são significativamente inferiores àqueles obtidos para uma
bacia com uso predominantemente urbano como a do córrego André,
Mirassol, MT, cujos valores médios alcançados para coliformes
termotolerantes variaram entre 7400 a 9000 NMP/100 mL (BARROS
e SOUSA, 2012).

CONCLUSÃO

1. Houve maior contaminação de coliformes totais nas águas no


período chuvoso, variando de (280 a 1100 NMP/ 100 mL),
principalmente nos locais de coletas P3 e P4 próximos à nascente
do rio.
2. Houve maior incidência de valores médios do NMP de coliformes
termotolerantes, no período chuvoso, com destaque para o ponto
de amostragem P7 com 600 NMP/100 mL.

172
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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173
ANEXOS

Figura 1. Região Hidrográfica do rio Parnaíba destacando a localização


dos pontos de amostragem do rio Corrente dos Matões, sub-bacia do
rio Gurguéia, no município de Bom Jesus, sudoeste do Piauí.

Tabela 1. Número Mais Provável de coliformes totais e termotolerantes


nas águas do rio Corrente dos Matões nos períodos seco e chuvoso.

*Classe 2 - limite para uso da água para à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à
recreação de contato primário (natação e mergulho); Número Mais Provável (NMP/100 mL);
(P1, P2, P3, P4) – pontos próximos à nascente do rio; (P5, P6, P7, P8) – seguimento intermediário
do rio e (P9) – foz do rio; - Ausência de coletas no período seco.

174
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA
PARA REVER OS ASPECTOS DA
RECICLAGEM DO LIXO

Ederson de Sousa Martins


Maria Mikaeli Rodrigues de Sousa
Rizane Maria de Andrade Silva
Maria Pessoa da Silva

RESUMO: O espaço na qual estamos inserido cada vez mais está


passando por modificações, isso se deve, ao processo de globalização
na qual está gerando uma quantidade absurda de lixo. A questão
ambiental está sendo trabalhada em todos os níveis de ensino, com a
finalidade de conscientizar os alunos a respeito dos problemas trazidos
pelo destino incorreto dos resíduos sólidos. Este trabalho tem por
objetivo analisar a visão que os alunos possuem para com o tema
educação ambiental enfatizando a reciclagem do lixo. Os alunos foram
submetidos à metodologia participativa, e os resultados se basearam
em observações diretas, onde de inicio, os alunos participaram de uma
palestra, logo após, gerou-se um debate em circulo referente ao tema,
e por ultimo a confecção de produtos provindos de materiais reciclados.
De acordo com as observações, os alunos já possuíam um
conhecimento prévio sobre o tema abordado, e já tinham em mente
conceitos sobre reciclagem, facilitando assim, o repasse das
informações. Ao questionar sobre os tipos de degradação que o meio
ambiente tem sofrido com a ação humana, foram citada a poluição da
água (52%) e o desmatamento (24%), mostrando assim que os alunos
conheciam a realidade, e facilitando assim o debate.

Palavras-chave: educação ambiental, resíduos sólidos, poluição da


água, desmatamento

INTRODUÇÃO

Com o processo da globalização e comumente com o avanço


tecnológico, o homem cada vez mais tende a se preocupar com o espaço
onde vive, pois o mesmo está cada vez mais sofrendo alteração. Outros
fatores também podem estar associados a estas mudanças, segundo

175
Mafaldo et al (2011), por conta das mudanças climáticas e os problemas
ambientais e de saúde que estamos passando atualmente nos fazem
pensar sobre o modo que agimos para com a natureza, como, por
exemplo o destino correto dos resíduos que produzimos.
Com relação ao homem e a forma que trata a natureza, Wildner
et al (2012), descreve:

O ser humano ao longo da história sempre utilizou o Meio


Ambiente para sanar suas necessidades, por muito tempo
manteve com ele uma relação equilibrada, pois retirava
dele somente o que realmente necessitava para a sua
sobrevivência. Mas com o passar dos tempos ocorreram
mudanças na forma de vida das pessoas, o homem fixou-
se a terra, surgiram novas tecnologia e necessidades que
refletiram diretamente no modo de vida das pessoas e na
forma de utilização e exploração dos recursos naturais.
Além de explorá-los indiscriminadamente e reduzir
significativamente as reservas de água potável, ar puro e
solo produtivo, atualmente, a humanidade descarta seus
dejetos aumentando assustadoramente a produção de lixo
em todo o planeta.

Isto é de grande importância, discutir sobre este assunto nos ajuda


a solucionar problemas até então vivenciados ou que podem surgir.
Referente aos resíduos sólidos, Mafaldo et al (2011) destaca que;

O problema dos resíduos sólidos urbanos atinge as mais


diferentes nações. Algumas conseguem soluções eficientes
para o seu tratamento, enquanto outras padecem com as
inúmeras adversidades oriundas deste problema e que
comprometem tanto a saúde da sociedade quanto da
natureza. No Brasil, os problemas relacionados aos
resíduos sólidos são inúmeros e, no entanto, apenas
recentemente, sociedade e governo começaram a
mobilizar-se para diminuir a geração dos mesmos ou trata-
los de forma adequada, primeiramente diferenciando-os
em seco ou orgânico e posteriormente em outras
categorias de destinação.

Portanto, o que se pensa na atualidade é pegar este lixo nome


comumente usado para resíduos sólidos, cujo destino seria o lixão sem
qualquer processo de separação e passar a reduzir, reciclar e reutilizar
(MAFALDO et al, 2011).

176
Com isso, muitos produtos oriundos de vidro, plástico, papel e
alumínio podem ser retornados ao local de produção, pois o que antes
era descartado em lixões agora pode ser reaproveitado e acaba por
gerar empregos, além de contribuir para o meio ambiente (Wildner et
al (2012).
Com relação à questão ambiental, a mesma tem que ser
discutida em toda a extensão da sociedade civil, assim como, ações
devem ser exploradas por vários níveis como o individual, empresarial,
institucional, governamental, não-governamental, local, regional,
nacional e internacional (ALENCAR, 2005).
Medidas já são tomadas para amenizar a quantidade de resíduos
sólidos jogados em locai desapropriados, contudo uma alternativa
eficiente seria a educação ambiental.

A Educação Ambiental é uma importante ferramenta para


reverter esse quadro, porque permite a compreensão da
complexidade do meio ambiente e o reconhecimento da
interdependência e inter-relações existentes entre os seus
diversos elementos, com vistas à utilização racional dos
recursos naturais através de processos de sensibilização a
partir da percepção ambiental do grupo envolvido
WILDNER et al, 2012).

Portanto, o que se pode dizer é que educação ambiental está


cada vez mais tomando lugar nas escolas, pois temos um lugar de
discursão e repasse de conhecimento e podendo ser trabalhado de
diferentes formas e por todas as disciplinas.
Para Abreu et al (2008), o mesmo afirma que:

No âmbito educativo, em 1996, foi promulgada a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9.394/96),
que aponta a necessidade de uma formação mais ampla
do estudante da escola básica e sugere a abordagem de
temas que propiciem a reflexão sobre questões como a
ética, a responsabilidade e a cidadania, incluindo a
percepção e compreensão do meio ambiente numa
perspectiva interdisciplinar.

Conforme o que foi discutido, segundo Alencar (2005);

A escola, por ser difusora de conhecimentos e formadora


de opiniões, deve abordar e apresentar meios simples e
práticos para enfrentar o problema do lixo através do

177
desenvolvimento de atividades que propiciem reflexão,
participação e, acima de tudo, comprometimento pessoal
e mudança de atitudes para com a proteção da natureza.
Sendo assim, as escolas cumprem um papel fundamental,
ao lado das empresas e da mídia, de formar cidadãos
críticos e formadores de opiniões.

Com isso, a escola vem de encontro para debater este tema


juntamente com seus alunos, em diferentes modalidades do ensino.
Este trabalho tem por objetivo analisar a visão que os alunos possuem
para com o tema educação ambiental enfatizando a reciclagem do lixo.

METODOLOGIA

Área de estudo

A Unidade Escolar Briolanja Oliveira localiza-se na Rua


Monsenhor Mateus, s/n, Bairro de Flores em Campo Maior – PI. O
local conta com um espaço próprio com pátio bastante espaçoso. Apesar
de a fachada demonstrar certo descaso quanto à preservação do edifício
escolar como parte do muro caído, a estrutura das salas de aula é
nitidamente preservada.
Soma-se em um total de 5 salas de aula, sem forro e piso
cimentado, possui um sistema de ventilação alimentado por
ventiladores, cada sala conta com quatro ventiladores de parede o que
é insuficiente para atender a demanda durante os meses mais quente
da região. Inclui-se que em todas as salas dispõem de cadeiras
ergométricas, proporcionando maior conforto para o aluno. Quanto
aos quadros de acrílicos todas as salas possuem, porém já demonstram
está gastos.
Além das salas de aula, a escola possui uma diretoria e uma
sala de professores ambas pequenas e de piso “bruto”; um laboratório
de computação instalado e equipado que também funciona como
depósito para livros usados ou novos; uma cantina arejada e
relativamente espaçosa; dois banheiros para alunos (masculino e
feminino) e um banheiro para professores e demais funcionários e um
depósito.
No entorno da escola há um pátio extenso, mas a falta de
cuidados impossibilita o total uso do seu espaço: em uma parte há
grande quantidade de mato o que atrai para a escola insetos de variadas
espécies comprometendo criticamente no ensino, pincipalmente no
178
turno da noite, onde os insetos movidos pela luz provinda da escola
invadem as salas causando transtornos e motivando barulhos e
conversas entre os alunos; outro espaço alaga quando chove. Apenas a
pequena parte do pátio que fica na entrada possui finalidade para uso.
A escola ainda conta com uma quadra em construção, que irá
proporcionar aos alunos a realização de atividades físicas com conforto.
Quanto o quadro de funcionários, a escola conta com uma equipe de
quarenta funcionários, sendo estes distribuídos entre duas diretoras,
duas secretárias, um coordenador, quatro vigias, cinco zeladores e
merendeiras.
O corpo Docente é formado por uma equipe de 26 professores
sendo que quatro desses lecionam aulas de ciências e biologia, porém
apenas dois possuem formação na área. A turma na qual o projeto foi
desenvolvido refere-se ao 8o ano do Ensino Fundamental.
Este trabalho se deu com a utilização de metodologias
participativa, e os resultados se basearam em observações diretas. De
inicio teve-se uma palestra para com a turma participante na qual a
mesma recebeu informações referentes à educação ambiental em todo
o seu contexto. Logo após, os alunos foram colocados em um circulo,
onde se iniciou o debate referente ao tema, para que os mesmos
pudessem transmitir informações do seu dia-a-dia, assim como
experiências já vividas ou até mesmo presenciadas.
Para finalizar a turma foi dividida em grupos, para que todos
os grupos pudessem desenvolver criar e confeccionar produtos feitos
com materiais reciclados.

RESULTADOS / DISCUSSÃO

Mediante o que foi observado, o estudo mostrou de inicio que


os alunos já possuíam um conhecimento prévio sobre o tema abordado,
e isto facilitou o repasse das informações por meio da palestra, na qual
tentou mostrar para os mesmos a questão do lixo, e como a mesma
afeta nossas vidas de forma direta e indiretamente, também foi
questionado o papel de cada um, para com a preservação do meio
ambiente. Em seu trabalho, Mafaldo et al (2011), observa que os alunos
participaram ativamente, fazendo perguntas e estavam dispostos a ouvir.
Quanto ao conhecimento que os alunos tinham sobre o tema,
percebeu-se que ao iniciar as palestras, os alunos já tinham em mente
conceitos sobre reciclagem, e isto também foi visto por Santos et al
(2011) pois em seu trabalho o mesmo percebeu que pelo teor das

179
discussões com os alunos, pôde-se notar que após as informações
necessárias sobre o tema os alunos já tinham uma visão mais crítica do
assunto e até propuseram soluções para reduzir alguns dos problemas
detectados no seu ambiente de convívio.
Também foi visto que os alunos se mostraram entusiasmados
para com o tema, querendo aprender e possivelmente repassar o que
foi visto principalmente para seus pais e vizinhos a importância de
reciclagem.
Com relação ao circulo de debate foi visto uma maior interação
entre os alunos, na qual os mesmos tiveram um espaço maior para
falar. Perguntaram aos alunos sobre quais os tipos de degradação que
o meio ambiente tem sofrido com a ação humana, com isso percebeu-
se que dentre as citações o que mais colocaram foram: Poluição do ar
(16%), poluição da agua (52%), poluição da terra (8%) e desmatamento
(24%) (Gráfico 01). Percebeu-se que os alunos conhecem a realidade e
a situação que vivemos, e isto foi bem visto mediante o debate.
Santo et al (2011), descreve em seu trabalho que o ensino
ambiental foi interessante aos alunos porque se liga à realidade concreta
e tem o potencial de ligar conhecimentos à ação social. E isso é de
grande importância, não somente para a escola, que tem um grande
papel na vida do aluno, como para o próprio aluno, que não apenas
conhece, mas participa ativamente deste contexto social, uma vez que
o mesmo está inserido no meio ambiente e usufrui do mesmo.
Quanto à capacidade de criar produtos feitos de materiais
reciclados, percebeu-se a alta capacidade que os mesmos possuem em
transformar produtos antes jogados fora em algo criativo, onde cada
aluno procurou inovar, criar coisas que sejam realmente utilizável
mesmo que seja para decorar o ambiente de casa.

CONCLUSÃO

A educação ambiental deve ser vista em todas as modalidades


de ensino, todos tem o direito de saber e compreende-la. Com isso, a
escola é considerada um ambiente propicio para esta finalidade. Cada
professor de diferentes disciplinas pode trabalhar e abordar a questão
ambiental de maneiras diferenciadas atendendo assim tanto a
expectativa da disciplina como o objetivo da educação ambiental.
Mediante ao que foi visto, conclui-se que os alunos tiveram
uma interação efetiva, desde o momento das palestras até as confecções
de produtos provenientes de materiais reciclados.

180
Acredita-se que a escolha do tema, foi de grande importância
para os alunos, uma vez que mesmo tendo um conhecimento proveio
do que seria meio ambiente e com isso trabalhando educação ambiental
isso os motivou a procurar mais conhecimento, principalmente quando
foram motivados a trabalhar a questão da reciclagem, pois os mesmos
acabaram gostando quando criaram produtos, visto por eles como
simples, mas inovadores vindos de matérias que poderiam ir ao lixo.

REFERÊNCIAS

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de sabão como instrumentos de educação ambiental. Revista Eletrônica em
Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 5, n. 5, p. 813-824, 2012.

181
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE
AMBIENTAL PARA A CONTINUIDADE
DE UMA EMPRESA

Jocivoney Teixeira da Silva


Orientadora: Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes

RESUMO: Registros mostram que a contabilidade geral existe desde os


primórdios da civilização, sendo possível com a invenção da escrita, localizar
exemplos completos de contabilidade no segundo milênio antes de Cristo,
na civilização da Suméria, da Babilônia, no Egito e na China. A contabilidade
ambiental um dos vários ramos dessa ciência surgiu em 1970, quando as
empresas introduziram em seu planejamento uma atenção aos problemas
do meio ambiente. A partir da década de 70, as empresas que na fabricação
de seus produtos ou prestação de serviços utilizavam recursos naturais
passaram a ter a responsabilidade de quando prejudicarem a natureza
ressarcir o meio ambiente, principalmente por alguns recursos serem
limitados. Assim com a atual conscientização da população com relação
aos problemas causados a natureza pelas empresas, a contabilidade ambiental
surge como ferramenta para mensuração e geração de informações úteis e
relevantes, cujo objetivo principal é promover o crescimento econômico,
juntamente com o desenvolvimento sustentável da região em que as empresas
estão inseridas. Esta pesquisa objetivou de forma geral a analise da
contabilidade ambiental como ferramenta de preservação e proteção do
meio ambiente visando garantir a continuidade da empresa, verificando o
uso da contabilidade ambiental como sistema informação para a preservação
do meio ambiente. Conclui-se que existem ganhos para o meio ambiente
quando empresas utilizam a preservação como um dos instrumentos de
seu planejamento porque contribui o desenvolvimento sustentável e
diminuição dos impactos ambientais.

Palavras-chave: Contabilidade ambiental, Continuidade de uma


empresa, Desenvolvimento Sustentável, Impacto Ambiental.

INTRODUÇÃO

A contabilidade ambiental surgiu em 1970, quando as empresas


começaram a introduzir em seu planejamento atenção aos problemas
182
ambientais, que desde essa década vem comprometendo a vida da
sociedade com as explorações desordenadas dos recursos naturais,
tornando o efeito estufa uma grande realidade. Assim a humanidade
nos dias atuais já se conscientizou de que a sobrevivência de todos
depende da preservação do meio ambiente.
A preocupação com a questão ambiental em nível mundial teve
como antecedentes a poluição do ar em Londres e Nova York nas décadas
de 50 e 60, a contaminação por mercúrio das águas de Minamata e
Niigata no Japão, a constatação de que o uso exagerado do DDT e outros
pesticidas traziam como consequências efeitos secundários inesperados
como a diminuição de vida aquática nos Grandes Lagos, cuja localização,
nos Estados Unidos (McCORMICK, 1992).
Esses episódios levaram a Organização das Nações Unidas
(ONU) a convocar todos os países a discutirem essa temática e a
procurarem respostas para suas causas como também para
consequências que poderiam comprometer o futuro do planeta Terra.
Portanto, em 1972 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre
o Ambiente Humano (CNUMA), conhecida como conferência de
Estocolmo e que estabeleceu princípios norteadores para a discussão e
tomada de decisão acerca da questão ambiental em todos os países.
Nesse sentido, a dimensão ambiental passou a fazer parte dos
projetos de desenvolvimento de todos os países signatários da carta da
ONU, atendendo ao que foi determinado e pactuado no documento
final da Declaração de Estocolmo em respeito ao meio ambiente
humano.
Desse modo, a contabilidade ambiental surgiu como uma
ferramenta de mensuração e evidenciação dos danos causados a
natureza, fornecendo dados relevantes para eliminar ou suavizar tais
impactos e quais serão seus custos sob a perspectiva econômica e
financeira. Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa é de analisar a
contabilidade ambiental enquanto ferramenta de preservação e
proteção do meio ambiente visando garantir a continuidade da empresa.
A pesquisa na área da contabilidade ambiental surge para
atender a necessidade de uma sociedade que prioriza o lucro em
detrimento das questões ambientais. Matos e Vieira (2001, p. 21) fazem
uma reflexão sobre pesquisa e a conceituam como uma “[...] a atividade
principal da ciência que nos permite a aproximação e o entendimento
da realidade que investigamos [...]”.
A metodologia pode ser identificada quanto aos objetivos
propostos e quanto aos procedimentos técnicos. Assim, quando de uma

183
referência à pesquisa quando de uma referência aos objetivos propostos
fez-se uso da pesquisa exploratória e quando de uma menção a respeito
dos procedimentos técnicos adotou-se a pesquisa bibliográfica.
A importância desta metodologia reside no fato de o
pesquisador conhecer o que foi investigado sobre o tema desde os
aspectos históricos até as pesquisas mais recentes. Para realização deste
trabalho investigativo foi feito o levantamento de pesquisas referentes
ao tema com vista a dar subsídios à pesquisa sobre contabilidade
ambiental.
A pesquisa em contabilidade ambiental é relevante, porque
possibilita uma análise e a compreensão do papel do contador como
elemento essencial para a preservação ambiental, haja vista, que sua
atuação ocorre na perspectiva de oferecer visibilidade aos custos
ambientais para as empresas e instituições que utilizam os recursos
naturais em sua produção. Corroborando com essa ideia Ferreira (2006,
p. 59) afirma que “o desenvolvimento da contabilidade ambiental é o
resultado da necessidade de oferecer informação adequada às
características de uma gestão ambiental”.

1.1 História, Conceitos e a Importância da Contabilidade Ambiental

A contabilidade ambiental surgiu na década de 70, quando as


empresas passaram a responder às exigências da legislação ambiental
e introduziram em seu planejamento uma atenção aos problemas do
meio ambiente. Desde essa época a contabilidade ambiental vem
evoluindo e ganhando mais espaço e importância no cenário mundial,
principalmente pelos muitos benefícios para com o meio ambiente e
porque gera oportunidades competitivas oferecidas através da questão
ambiental.
A partir da década de 70 muitas empresas que na produção de
seus produtos ou na prestação de serviços utilizavam recursos naturais
começaram a ter uma responsabilidade de quando prejudicarem o meio
ambiente, restaurarem a natureza, principalmente devido alguns
recursos naturais serem limitados, mas a maioria dessas entidades não
tinha preocupação em ressarcir uma fonte de recurso que era natural.
Ultimamente sustentar as necessidades e desejos da população
permitindo que os recursos naturais permaneçam disponíveis para as
gerações futuras é um dilema que as organizações estão enfrentando,
especialmente depois que a sociedade se conscientizou da capacidade
da natureza suportar todo esse consumo.

184
Nos dias atuais a percepção de que as organizações estão
danificando o padrão de vida da sociedade por meio da exploração
dos recursos naturais de forma desordenada é uma realidade. Os
problemas acarretam-se pelo modo que esses recursos têm sido
consumidos ao longo de décadas, desde a Revolução Industrial.
Dessa maneira a contabilidade ambiental surge como
ferramenta para mensuração e geração de informações úteis e
relevantes, cujo objetivo principal é promover o crescimento econômico,
juntamente com o desenvolvimento sustentável da região em que as
empresas estão inseridas. Ganhando, assim, mais espaço dentro do
planejamento das entidades e a devida importância que ela desempenha
dentro de uma entidade, onde seu investimento dependa do meio
ambiente ou que de alguma maneira venha prejudicar a natureza.
A contabilidade ambiental é o registro do patrimônio ambiental
(bens, direitos e obrigações ambientais) de determinada entidade ou
empresa, e suas respectivas mutações - expressas monetariamente,
medindo qual o tamanho do seu patrimônio ambiental e de que modo
ele está sendo utilizado sob o ponto de vista econômico e financeiro,
sobre a proteção, preservação e sua recuperação. Essas informações
auxiliam os tomadores de decisão para qual melhor forma de conduzir
as operações da empresa no sentido de garantir que o ambiente não seja
prejudicado e que a empresa obtenha lucro garantindo sua continuidade.
Contabilidade ambiental é a contabilização dos benefícios e
danos que a invenção de um produto, ou serviço, pode trazer ao meio
ambiente. Seu objetivo é prover aos seus usuários, internos e externos,
informações e subsídios sobre eventos ambientais ocorridos numa
empresa, que causam modificações patrimoniais, bem como realizar
sua identificação, mensuração e evidenciação.
De acordo com Bergamini Júnior (1999, p. 98), a contabilidade
ambiental “tem o objetivo de registrar as transações da empresa que
impactam o meio ambiente e os efeitos das mesmas que afetam ou deveriam
afetar, a posição econômica e financeira dos negócios da empresa”.
Christophe (2012, p. 34) define contabilidade como sendo “um
sistema destinado a dar informações sobre a rarefação dos elementos
naturais, engendrado pelas atividades das empresas e sobre as medidas
tomadas para evitar a rarefação”.
Teixeira (2000) ressalta que há convergência das empresas em
informar a sociedade dados referentes à sua política ambiental que
envolve seus programas de gerenciamento ambiental, suas tecnologias
e o impacto em seu desempenho econômico e financeiro das ações

185
que envolvem essa política voltada para a dimensão ambiental. Para
tanto de mesma autoria o conhecimento de que:

A contabilidade do meio ambiente tem crescido de


importância para as empresas em geral porque a
disponibilidade e/ou a escassez de recursos naturais e a
poluição do meio ambiente tronaram-se objeto do debate
econômico, político e social em todo mundo. (TEIXEIRA,
2000, p. 3)

Tinoco e Kraemer (2004) enfatizam que a diferença entre a


contabilidade ambiental e a contabilidade tradicional alicerça-se no
cunho ambicioso da primeira, e isto quando da busca por conhecer as
externalidades negativas e fazer registros, aferir, mensurar, avaliar e
informar todos os eventos ambientais.
A contabilidade ambiental é responsável por apresentar todas as
informações ambientais por meio das contas sejam elas patrimoniais ou
de resultado, dando maior destaque às contas que contemplam os fatos
contábeis relevantes para gestão ambiental necessária para a tomada de
decisão. Assim, a contabilidade ambiental pode ser entendida como a
atividade de identificação de dados e registro de eventos ambientais,
processamento e geração de informação que subsidiem o usurário
servindo como parâmetro em suas tomadas de decisões.

1.2 A Empresa e o Meio Ambiente

Desde os tempos passados o homem vem comprometendo a


vida da sociedade devido às explorações dos recursos naturais,
causando prejuízos à população decorrentes dos impactos ambientais,
aumentando assim a ameaça do aquecimento global.
O crescente aumento da população nas ultimas décadas e o
desenvolvimento econômico está permanentemente ameaçando o meio
ambiente, o que leva as empresas a investirem em novas áreas de
atividade que preservem a ecologia, tendo em vista que defender o
meio ambiente deixou de ser apenas assunto de ecologistas sob a ótica
empresarial, entende-se que se a empresa inviabiliza o seu meio, acaba
por inviabilizar a sua própria atividade.
Nos últimos anos com a sociedade bem informada, termina
por potencializar a pressão, sobre as instituições que não respeitam o
meio ambiente. Aliado a esse processo existem políticas públicas que
dão subsídios a empresas que adotam uma política ambiental. Por estas
186
razões, todas as empresas terminam por adotar uma política de com
enfoque ambiental na qual o controle, a preservação e a recuperação
ambiental dão o tom para o planejamento estratégico das empresas.
Franco (1999) assevera que o consumidor e, principalmente, os
investidores têm um olhar positivo acerca das empresas que tem
políticas ambientais. O autor enfatiza ainda que alguns países já adotam
fundos especializados com vistas ao investimento em empresas que
tem o meio ambiente como eixo orientador de seu planejamento
estratégico. Esses fundos têm apresentado um crescimento e uma
rentabilidade, porque tais empresas mostarm dados mais lucrativos.
De acordo com Epelbaum (1997, p. 235)

Pode-se expressar sucintamente o comprometimento com


o meio ambiente como sendo a contínua intencionalidade
e prática em considerar a proteção ambiental nas decisões
gerenciais e operacionais cotidianas. Tal noção de
comprometimento, para ser considerada abrangente
dentro das organizações, deve ser adotada por todos os
seus níveis e funções, desde a alta administração até o
nível operacional.

Algumas empresas veem a proteção do meio ambiente como


um custo a mais para suas atividades, sem perceber que são muitas as
vantagens que a entidade obterá tendo a devida responsabilidade
ambiental. Uma empresa que reconhece suas responsabilidades
ambientais deverá diminuir risco financeiro futuro resultante de
incidentes ambientais e ao mesmo tempo pagará menos prêmios de
seguro em decorrência do menor risco.
Por exemplo, uma empresa que recicla seus materiais resultantes
da fabricação de um determinado produto, em vez de lançá-los na
natureza, reduzirá o risco de poluição que poderia prejudicar a empresa
no futuro. Se todas as entidades atendessem aos programas de
antipoluição e aos novos processos e tecnologias que permitem uma
produção mais limpa, praticamente sem resíduos, se eliminaria a
necessidade de enfrentar riscos futuros e, principalmente, atrairia
acionistas e investidores que dão preferência às empresas sem riscos.
Nos últimos anos vem aumentando a preocupação com o meio
ambiente que vem alterando a forma de administrar. As empresas com
objetivo de dá continuidade a sua organização, vem adotando
procedimentos para redução de emissões de afluentes, reciclando
materiais, analisando o ciclo de vida de seus produtos e seu impacto

187
sobre a natureza, a fim de que a população cada vez mais conscientizada
continue adquirindo seus produtos.
A necessidade de se preservar o meio ambiente deixou de ser
preocupação isolada de grupos ambientalistas e de organizações não
governamentais. Assim empresas que ligaram seus produtos a conceitos
de sustentabilidade ou ecologicamente corretos aumentaram
consideravelmente suas vendas ou melhoraram sua imagem frente à
sociedade. Desse modo o leque de oportunidades tende a aumentar
proporcionalmente à conscientização das pessoas e empresas com
questões relacionadas à sustentabilidade, mudanças climáticas e
aquecimento global.

A CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA

A importância da contabilidade ambiental começa a vigorar


quando os problemas ambientais passam a preocupar os gestores e a
sociedade. Segundo Paiva (2003, p. 17) a contabilidade ambiental tem
por finalidade, “auxiliar na elaboração do planejamento estratégico;
servir de parâmetro no gerenciamento das atividades-alvo e fornecer
informações externas no sentido de prestações de contas dessas
atividades”, facilitando o processo de gerenciamento, proporcionando
vários benefícios às organizações.
Dentro de uma empresa a contabilidade tem várias funções.
Uma é a contabilidade financeira responsável pelo registro e divulgação
das informações financeiras para os usuários externos. Outra é a
contabilidade gerencial que é a ferramenta responsável pelo
fornecimento de informação que ajudam os gestores a planejar e
controlar as atividades da organização e avaliar o desempenho
econômico e ambiental do negócio.
A contabilidade ambiental também desempenha a função de
mensuração, que é fundamental para que a contabilidade as registre
com valores confiáveis, procurando refletir a verdadeira posição em
que a empresa se encontra com relação aos eventos ligados ao meio
ambiente. (CHRISTOPHE, 2012).
Outra importante função da contabilidade é evidenciação, que
tem como função evidenciar, claramente, os gastos decorrentes da
questão ambiental, demonstrando ao público interessado a atuação de
determinada empresa para com o ambiente natural onde está inserida.
A contabilidade ambiental juntamente com o Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) eficaz e eficiente é responsável pela continuidade de

188
resultados sustentáveis nas empresas. A mensuração dessas informações
é o modo mais coerente, pois o uso de parâmetros torna possível a
implantação de metas e a otimização de resultados.
A partir do momento em que as empresas adotam políticas
ambientais de proteção, recuperação e controle do meio ambiente, a
divulgação dos gastos e investimentos efetuados durante o exercício
social se torna imprescindível para a boa imagem dessas empresas.
Assim só aumenta a importância da contabilidade do meio
ambiente para as empresas em geral, devido a disponibilidade ou a
escassez de recursos naturais (renováveis e não renováveis) e poluição
do meio ambiente tornarem-se objetos de debate econômico, político
e social em todo o mundo, havendo um maior conhecimento por parte
da população mundial sobre a questão ambiental dentro das entidades
e a devida responsabilidade que todas as empresas devem tomar quando
em sua produção ou prestação de serviços utilizar-se de recursos
naturais e/ou meios advindos de forma direta ou indireta da natureza.
Com as pressões sociais e negociais identificadas no mundo
inteiro, aumenta-se a tendência das empresas em abrir para a sociedade
grande quantidade de dados sobre a política ambiental adotada, seus
programas de gerenciamento ambiental e o impacto de seu desempenho
ambiental em seu desempenho econômico financeiro. Desse modo a
entidade diminuirá seu risco financeiro futuro devido ao fato da
comunidade conhecer suas práticas ambientais e os programas que a
empresas desenvolvem para preservação do meio natural, garantindo
na sociedade uma boa imagem da empresa.
Uma entidade que seus produtos são ecologicamente corretos
irá atrair consumidores que estão cada vez mais conscientizados da
responsabilidade das empresas com a natureza. Uma política ambiental
com responsabilidade, além dos aspectos econômicos, é uma
importante ferramenta para construir uma boa imagem diante a
sociedade.
Em contrapartida as empresas que ignoram os padrões exigidos
na questão ambiental, especialmente aquelas cujas atividades trazem
danos ao meio natural, são duramente punidas, sendo pena maior a
imposta pelos consumidores que procuram deixar de adquirir seus
produtos, dando, preferência às corporações que priorizam pela
preservação ambiental.
Visto que o meio ambiente é patrimônio de todos, a
contabilidade ambiental surge com a finalidade social de mensurar
danos causados a natureza e fornecer dados relevantes para eliminar

189
ou suavizar tais impactos e quais serão seus custos sob o ponto de vista
econômico e financeiro. Nesse contexto pode-se afirmar que a
contabilidade ambiental constitui-se num guardião das ações
empresarias em favor do meio ambiente, considerando que as empresas
que exploram seus negócios demonstram preocupação em implementar
práticas ambientalmente corretas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos tem-se aumentado a pressão da sociedade e


das leis ambientais sobre as empresas que não respeitam o meio
ambiente e que na geração de seus produtos utilizam os recursos
naturais limitados sem a preocupação de restituir a área onde retiram
esses recursos. Estas empresas estão sendo obrigadas a adotar uma
política de controle, preservação e recuperação ambiental a fim de
garantir sua continuidade.
Tendo em vista que proteger o meio ambiente deixou de ser
preocupação apenas de ambientalista ou de organizações não
governamentais, a contabilidade ambiental surge dentro das empresas
como uma fermenta de fornecer informações ambientais aos
administradores, para a correta tomada de decisão em relação aos
recursos naturais, com o intuito de preservá-los e prevenir a empresa
de penalidades impostas a práticas ambientais incorretas.
Existem vários modelos para alcançar essas práticas corretas,
mas o modelo mais usado pelas empresas foi a implantação de uma
gestão ambiental, isto é, método pelo qual elas controlam o impacto
de suas atividades produtivas sobre o meio ambiente, ou seja, se estão
ou não prejudicando a natureza.
A contabilidade ambiental é muito importante para a
continuidade de uma empresa devido às funções de identificação,
mensuração e esclarecimento dos eventos e transações econômicas-
financeiras que estejam relacionadas à proteção, à preservação e à
recuperação ambiental, visto que a sociedade esta cada vez mais
conscientizada que essas funções são indispensáveis para as corretas
tomadas de decisão em relação ao meio ambiente. Outra importante
função da contabilidade ambiental é orientar a empresa nos registros
dos gastos e investimentos com o meio ambiente que tem como
premissa levar o empresariado a uma tomada de consciência no sentido
de que os recursos naturais não são inesgotáveis, muito pelo contrário,
alguns danos causados à natureza são irreversíveis.

190
O mercado de consumo não aceita o descaso dos recursos
naturais, os consumidores cada dia mais procuram por produtos limpos.
Isso representa a grande importância da contabilidade do meio
ambiente, visto que nos últimos anos empresas que ligaram seus
produtos a conceitos de sustentabilidade ou ecologicamente corretos
aumentaram consideravelmente suas vendas ou melhoram sua imagem
frente à sociedade.
Desse modo o leque de oportunidades tende a aumentar
proporcionalmente à conscientização das pessoas e empresas com
questões relacionadas à sustentabilidade, mudanças climáticas,
aquecimento global, principalmente porque os detentores de recursos
não querem arriscar indefinidamente seus patrimônios em companhias
que se recusem a tomar medidas preventivas na área ambiental, pois
uma empresa que reconhece suas responsabilidades ambientais deverá
diminuir seu risco financeiro futuro resultante de incidentes ambientais.

REFERÊNCIAS

CHRISTOPHE, B. Contabilidade Ambiental Mensuração, Evidenciação e


Transparência. São Paulo - SP: Editora Atlas, 2012.
EPELBAUM, M. Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14000: mudando a
postura reativa. Anais IV Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio
Ambiente, São Paulo - SP, nov. 1997.
FRANCO, H. A contabilidade na era da globalização. São Paulo - SP: Atlas,
1999. In: KRAEMER, M. E. P. Contabilidade ambiental: o passaporte para a
competitividade. CRCSC & Você. A Revista do Contabilista Catarinense,
v.1, nº1, p.25-40, Florianópolis - SC, 2002.
MATOS, K. S. L.; VIEIRA, S. L. Pesquisa educacional: o prazer de conhecer.
Fortaleza - CE: Demócrito Rocha, 2001.
McCORMICK, J. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista.
Rio de Janeiro - RJ: Relume Dumará,1992.
PAIVA, P. R. Contabilidade ambiental: evidenciação dos gastos ambientais
com transparência e focada na prevenção. São Paulo - SP: Atlas, 2003.
TEIXEIRA, L. G. A. Contabilidade ambiental: a busca da eco-eficiência.
Congresso Brasileiro de Contabilidade, 16., 2000, Goiânia. Anais do XVI
Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiânia, 2000.
TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e Gestão Ambiental.
São Paulo - SP: Atlas, 2004.

191
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA O USO CONSCIENTE DO ÓLEO SATURADO
EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA
CIDADE DE BENEDITINOS – PI

José da Cruz Pereira da Silva


Orientadora: Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes

RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo analisar as concepções


de educação ambiental desenvolvida ao longo da vida do homem como
sujeito participante de sua história. No universo de quatro escolas,
apenas duas foram contempladas com a pesquisa: a Unidade Escolar
Raimundo Araújo Prado e Unidade Escolar São Benedito, situada no
município de Beneditinos – PI, ambas pertencentes a rede municipal
de ensino, verificando dessa forma, suas concepções sobre o meio
ambiente e as metodologias utilizadas para se trabalhar o mesmo no
ambiente escolar e sua postura diante do descarte do óleo saturado. As
contribuições deste trabalho para o aprofundamento dessa temática
foram realizadas a partir de pesquisas bibliograficas com base nos
autores: Dias (1998), Ruscheeink (2002), Rabelo (2008), Ferreira
(2008), Pitta Junir (2012), PCNs (1997) dentre outros e uma pesquisa
de campo, de cunho qualitativo, nas escolas pesquisadas. Como
instrumento de pesquisa, utilizamos questionário com perguntas
abertas para dois funcionários da Unidade Escolar Raimundo Araujo
Prado e três da Unidade Escolar São Benedito. Pretendemos, com esta
pesquisa, colaborar com a prática docente no processo de reflexão
sobre a importância da educação ambiental e ajudar não só as escolas
pesquisadas, mas todo cidadão a ser um agente transformador de
opiniões e ações para se tornar apto a conviver com a preservação de
sua propria espécie.

Palavra chave: Conscientizaçâo, Gordura Saturada, Educação


Ambiental

1 INTRODUÇÃO

A educação ambiental tem como fator determinante a formação


da personalidade do homem e o despertar da consciência ecológica,
192
dando ênfase a preservação e conservação da natureza, para que as
gerações futuras se apropriem de seus benefícios.
Em pleno século XXI, a poluição e o lixo são problemas
enfrentados pela população mundial, e o meio ambiente sofre com
esse processo visto que a degradação do mesmo é determinada pelo
modo em que a sociedade utiliza-se dos recursos da natureza.
Surge então a possibilidade de mudança mediante uma
educação transformadora que envolva não só uma visão ampla de
mundo, como também a clareza da finalidade do ato educativo.
Partindo da concepção da escola como uma instituição transformadora
e transmissora de conhecimentos onde deve estar comprometida com
uma educação em que os alunos conheçam suas ações e saibam
estabelecer suas próprias metas e se tornarem mediadores da
conscientização ambiental não só no ambiente escolar mais na sua
comunidade, bairro, igreja etc.
Neste contexto investigar como a escola participa desse
movimento de transformação, e como podem atuar de forma
responsável e construtiva na formação de cidadãos conscientes nas
questões ambientais.
O estudo desse tema deu-se pela necessidade de conhecer a
importância de da educação ambiental para o uso consciente do óleo
sarutado nas escolas do ensino fundamental da cidade de Beneditinos
– PI. É preciso reavaliarmos a noção que temos sobre o meio ambiente,
desenvolvimento sustentavel e a nós mesmos como participantes desse
contexto.
Diante disso, o propósito desse trabalho é analisar a importância
da educação ambiental e o descarte consciente do óleo saturado,
procurando alertar a comunidade escolar sobre o seu papel e para que
a mesma possa contribuir no processo de aprendizagem dos alunos e
de toda comunidade escolar . Baseado nessa problemática esta
monografia tem como objetivo principal analisar a importância da
educação ambiental e o uso consciente do óleo saturado na Unidade
Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade Escolar São Benedito na
cidade de Beneditinos-PI, e como os objetivos especificos: Conhecer
trajetória histórica da educação ambiental no mundo e no Brasil e na
formação do cidadão; Identificar o meio ambiente e os desafios
ambientais do século XXI; Conhecer as gorduras saturadas e sua
consequências ao meio ambiente.
Sendo assim, este trabalho teve como embasamento teórico:
Dias (1998), Ruscheeink ( 2002), Rabelo (2008), Ferreira (2008), Pitta

193
Junir (2012), PCNs (1997) e outros que relatam a importância da
educação ambiental no processo ensino aprendizado dos alunos
visando uma educação consciente de seus deveres com o meio
ambiente.
Este trabalho está estruturado em cinco partes: a primeira,
relata um breve histórico sobre a educação ambiental; a segunda,
comenta o meio ambiente e os desafios do século XXI; a terceira,
discorre as gorduras saturada e suas consequências no meio ambiente;
a quarta, dar ênfase a metodologia da pesquisa de campo e
instrumentalização utilizada; e por fim, a última descreve as
concepções dos entrevistados das escolas da rede municipal de ensino
sobre educação ambiental.
Portanto, a presente pesquisa possui relevância social, uma vez
que pretende contribuir para a participação ativa dos indivíduos na
solução de problemas ambientais.

2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A admiração pela natureza e sua preocupação em protegê-la


vem desde os primórdios e se concretiza na reflexão filosófica de grande
sensibilidade artística, cientifica e religiosa.

Filósofos, cientistas, artistas e religiosos têm, ao longo da


escalada do homem, expressado a sua admiração pela
natureza, e sua preocupação em protegê-la. As culturas
orientais e a Grécia Clássica nos legaram reflexões
filosóficas de grande sensibilidade respeito das relações
homem-natureza. (DIAS, 1998, p. 20).

O mesmo relata que o escrito Thomas Huxley, 1963 escrevia


sobre as interdependências entre os seres humanos e os demais seres
vivos no seu ensaio apresentando um exame detalhado da ação do
homem sobre os recursos naturais e desde essa época chamava atenção
para as causas do declínio de civilizações antigas, acentuando a mesma
situação para civilizações modernas.
Nas décadas de 50/60, impulsionado por avanços tecnológicos
o homem ampliou sua capacidade de produzir alterações no meio
ambiente natural e na década seguinte efeitos na qualidade de vida já
eram evidentes. No contexto a ética ambiental se torna parte das
divisões e inquietações mundiais, Albert Schweitzer (1954) populariza
a ética ambiental e recebe o Prêmio Nobel da Paz.
194
Em 1972 o clube de Roma publicou seu relatório que denunciava
o crescente consumo mundial que levaria a humanidade a um
crescimento exagerado e possivelmente a um colapso. Surgem então
os políticos de gerenciamento ambiental onde se gerou a declaração
sobre ambiente humano e estabeleceu-se o plano de ação mundial com
o objetivo de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e
melhoria do ambiente humano.
O mesmo reconheceu o desenvolvimento da Educação
Ambiental como elementos críticos para combater a crise ambiental
no mundo, e enfatizou a urgência da necessidade do homem reordenar
suas prioridades.
Outro fator determinante na educação ambiental foi a
Conferencia de Estocolmo, onde reconheceu a importância da
Educação Ambiental trazer assuntos ambientais para o público em
geral, recomendando treinamento de professores e o desenvolvimento
de novos recursos instrucionais e métodos.
Baseado nessas informações, a UNESCO promoveu em
Belgrado, Iugoslávia (1975) o Encontro de Belgrado, como ficou
conhecido (The Belgrado Workshop) onde foram formulados os
princípios e orientações para um programa internacional de educação
ambiental.
No encontro foi formulada também a Carta de Belgrado que
prioriza a necessidade de uma nova ética global, capaz de promover a
erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da
exploração e dominação humana e acentuando a premência de formas
de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade.
No Brasil a Educação Ambiental surge sobre a influência do
manifesto dos pioneiros da educação nova (1932), cujas ideias foram
essências para as diretrizes e bases da Educação Ambiental. Estendeu-
se nas tendências tecnicistas, escolanovista, sempre buscando uma
postura em relação à Ciência e a Educação Ambiental, embora a mesma
preocupação do início do texto esteja presente nos dias atuais.

[...] a principal função do trabalho com o Meio Ambiente


é contribuir para a formação de cidadãos conscientes,
aptos para decidirem a atuarem na realidade
socioambiental de um modo comprometido com a vida,
com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.
(PCN’S, 1997, p. 29).

195
Sendo assim, a educação ambiental prove bem estar comum e
acima de tudo a consciência ambiental visto que a formação do cidadão
e fator decisivo na realidade socioambiental.
Muitos foram os encontros brasileiros sobre a educação
ambiental com políticas públicas e metodologias para tal formação
iniciadas desde 1991, a adoção de propostas sócias educativas foi o
marco dos encontros tendo como pontos direcionados a capacitação
de recursos humanos, material didático e as formas de trabalho na
comunidade e na escola. De acordo com Dias (1998) o mesmo
visava:

A formação de opinião para conservação da vida, em


todas suas dimensões, no Planeta Terra; Iniciativa a
produção de material alternativo; A participação de
segmentos organizados da sociedade no alcance do direito
da cidadania, com melhores condições de vida para a
população; Buscar uma Educação Ambiental em todos
níveis e modalidades de ensino e aos demais segmentos
da sociedade civil organizada; Dar um perfil ao indivíduo
de forma atuante, analítica, sensível, transformadora,
consciente, interativa, critica, participativa e criativa.

Neste contexto, o Brasil dá passos significantes à


conscientização para questão ambiental criando propostas significativas
onde o cidadão é o agente transformador de opinião.
O século XXI encontra-se repleto de Ciência e Tecnologia, onde
a gloria e a miséria estão presentes e, no meio ambiente, são ameaças à
própria continuidade do ser humano.

3 AS GORDURAS SATURADAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS


NO MEIO AMBIENTE

Com a crescente poluição do planeta e o enorme prejuízo


causado pelo lançamento de óleo e gordura saturado nas redes de esgoto
o que ocasiona um enorme problema, sendo que esse material se
incrusta no ramal predial e na rede coletora, provocando sua obstrução.
Uma vez lançado a rede esgoto o óleo, cria uma massa de gordura que
vai endurecendo ocasionando assim a obstrução o retorno do esgoto
nos imóveis que estão acima do local de entupimento e ainda prejudica
o tratamento de esgoto coletado, pois aumenta a demanda bioquímica
de oxigênio (DBO) na estação de tratamento.

196
Os óleos e gorduras são substancias insolúveis em água
(hidrofóbicos) de origem animal, vegetal ou mesmo microbiana,
formada predominantemente de produtos de condensação entre
“glicerol” e “ácidos graxos” chamados triglicerídeos. Suas diferenças
presente no óleo (liquido) e a gordura (sólida), reside na proporção de
grupos acila saturados e insaturados presente nos triglicerídeos.
O óleo vegetal utilizado para a produção dos chamados óleos
de cozinha, obtidos por meio de vários tipos de plantas como buriti,
mamona, soja, canola, girassol, milho e outros terminam sendo grandes
causadores de danos ao meio ambiente.
Neste contexto a poluição pelo óleo faz encarecer o tratamento
de esgoto, agravar efeito estufa, no contato da água poluída com o mar
a reação química libera gás metano. Outro fator claramente e
reutilização excessiva do óleo nos processos de cocção produzindo
assim, radicais livres causadores de doenças degenerativas,
cardiovasculares e o envelhecimento precoce.
De acordo com o professor de Centro de Estudo Integrado sobre
Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Unidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ, Alexandre D’Avingnon, a decomposição de óleo
de cozinha emite gás metano na atmosfera (RABELO, FERREIRA,
2008).
O metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa,
que contribui para o aquecimento da terra. Um litro de óleo de cozinha,
que muitas vezes vai para o ralo da pia acaba chegando ao oceano
pelas redes de esgoto, contamina 1 milhão de litro de água os suficiente
para o homem usar durante 14 anos.
Para Filho apud ANAP Brasil (2013), parte desse problema
pode ser amenizada quando se trabalha educando e conscientizando
ambientalmente a população e os empresários. Desenvolvendo
campanha de coleta de óleo e gordura saturada saturado, a fim de
impossibilitar o seu lançamento as redes esgotos. Sendo assim, um
trabalho feito em parcerias com as escolas, entidades, instituições
privadas e a nível estadual e municipal dentre outras.
Um fator alarmante que deve ser ressaltado acerca do óleo de
cozinha, segundo estudiosos, é que o mesmo passa a ser um argente
poluente e causador de inúmeros problemas ambientais e doenças no
homem, e a simples ação do descarte do mesmo de forma certa, pode
acarretar inúmeros benefícios à população. Sua coleta de forma seletiva
impede o impacto ambiental e prejuízos à fauna e a flora, tornando-se
assim, um desafio sensibilizar e mobilizar os cidadãos de todas as classes

197
sociais a dar um destino certo ao resíduo de óleo de cozinha
conservando nesse simples ato a água, um dos recursos naturais
essenciais para nossa vida.
De acordo com Pitta Junior (2012), as principais formas de
reaproveitamento de óleos e gorduras saturados são de uma maneira
geral, produção de glicerina, padronização para composição de tintas,
produção de massa de vidraceiro, geração de energia elétrica por meio
de queima em caldeira, produção de biodiesel e outros.
O homem tem inúmeras possibilidades de transformar a
situação ambiental dos dias atuais, porém sua sensibilidade não aguçou
para os danos que o mesmo causa diariamente ao nosso planeta.

4 METODOLOGIA E INSTRUMENTALIZAÇÃO UTILIZADA

A metodologia empregada no trabalho foi uma pesquisa de


campo, em duas escolas da rede municipal de ensino, com o propósito
em saber qual a concepção dos componentes da comunidade escolar
tem sobre o meio ambiente e, como ambas, fazem uso do consumo e
descarte do óleo de cozinha na cidade de Beneditinos – PI.
Segundo Marconi (2007, p. 83), a pesquisa de campo:

É aquela utilizada com o objetivo de conseguir


informações ou conhecimentos acerca de um problema
para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese
que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir fenômenos
ou as relações entre eles.

A pesquisa foi realizada em duas escolas da rede municipal


de ensino na cidade de Beneditino – PI. A primeira escola em que
aconteceu a entrevista foi a Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado,
escola está mantida pela Prefeitura Municipal de Beneditinos. A
escola foi inaugurada no ano 1983, localizada na Rua 07 de Julho,
Bairro Santo Cruz. A mesma de nível fundamental de 6º ao 9º ano,
compõem em sua estrutura física 04 salas amplas e ventiladas, todas
as salas são equipadas com carteiras (conjunto cadeira e mesa) e
ventiladores, há quadros de giz, como também quadro acrílico em
todas as salas com boa qualidade de visibilidade e ainda lousa digital,
onde o corpo docente como o discente encontra mais facilidade de
trabalhar suas atividades.

198
5 CONCEPÇÕES DOS ENTREVISTADOS DA ESCOLA
MUNICIPAL UNIDADE ESCOLAR RAIMUNDO ARAÚJO
PRADO E UNIDADE ESCOLAR SÃO BENEDITO SOBRE A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Movido pelas discussões sobre educação ambiental, este


trabalho optou por duas escolas da rede municipal de ensino a Unidade
Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade Escolar São Benedito, na
qual fizemos uma aplicação de questionário, e este favoreceu uma visão
global das concepções dos entrevistados acerca da educação ambiental
e o uso do óleo saturado no ambiente escolar.

5.1 Definição de Meio Ambiente

A educação ambiental é um tema discutido, nos últimos, anos


com frequência em escolas, instituições governamentais e não
governamentais, com intuito de se tornar uma ferramenta indispensável
ao cidadão para na sua conscientização e nas demais pessoas. Diante
desta preocupação, foram questionados funcionários das instituições
citadas sobre a educação ambiental.

Tabela 1 - O que você entende por meio ambiente?

Fonte: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

De acordo com as respostas dos entrevistados o meio ambiente


é tudo que envolve a vida, ou seja, onde haja condições favoráveis que
ela se desenvolva, com a qual o homem interage, assim fica evidenciado
na fala dos mesmos. De acordo com Ferreira (2006, p. 24) afirma que:

199
[...] meio ambiente é o espaço onde se desenvolve as
atividades humanas e a vida dos animais e vegetais. É um
sistema formado por elementos com o qual o homem
interage, se adaptando, transformando-o e utilizando-o
para satisfazer suas necessidades.

Observa-se que os entrevistados são conhecedores e definem


um conceito sobre meio ambiente, entretanto não basta apenas
conceituar, definir, precisa-se fazer parte da transformação. Neste
contexto, os mesmos foram indagados sobre sua concepção de
educação ambiental. Diante disso os entrevistados relatam:

Tabela 2 - O que você entende por Educação Ambiental?

Fontes: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

Reforçar os significados de educação ambiental fazem


necessários, haja vista que o homem é o principal causador dos
problemas atuais no meio ambiente. Conforme a descrição dos
entrevistados a educação ambiental é a conscientização da
preservação. Para tanto, conscientizar e educar para formar opinião
não tem sido uma tarefa fácil, pois é necessário conviver de forma
harmoniosa com o meio, refletindo sobre o agir de forma crítica a
respeito do mesmo.

[...] um processo de formação e informação da população


quanto às questões ligadas ao meio ambiente, mas não só
exatamente meio ambiente, mas questões mais sociais em
si, como por exemplo, toda a área de saneamento, de saúde,
tudo isso a gente considera como educação ambiental

200
trabalhando com escolas, com comunidades, com crianças,
adultos. (MAY apud Carvalho (2002, p. 161).

Sendo assim, a educação ambiental torna-se elo entre o cidadão


e seu compromisso socioambiental, levando-o a se tornar consciente
de suas atitudes e mediador para reflexões futuras na comunidade,
escola, igreja e demais instituições.

5.2 A educação ambiental dentro da escola

Atualmente, a escola insere em suas grades curriculares


temáticas educativas, culturais e sociais, que buscam o desenvolvimento
ético, político e cultural, onde a educação ambiental ganha destaque e
força através de temas atuais, reforçando valores hoje esquecidos pelo
homem. Neste sentido questiona- se aos entrevistados:

Tabela 3 - A escola desenvolve algum projeto de educação


ambiental?

Fontes: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

De acordo com as resposta, embora sabendo o papel da escola


perante a educação ambiental, duas escolas ainda não trabalham a
temática no ambiente escolar o que se tornar um fator negativo, pois a
escolar torna-se um portal de conhecimento e reprodução de culturas
e costumes.

[...] a discussão sobre a necessidade de conservar o meio


ambiente chega até a sala de aula, entra e ocupa o espaço
que merece na escola. Só assim se realiza o necessário
trabalho de construção de sociedades sustentáveis e da
melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras
gerações. (BRASIL, 2009, p. 40).

201
Neste contexto escolar, meio ambiente e desenvolvimento
sustentável devem trilhar caminhos em comum, porque uma escola
comprometida com o meio ambiente possui alunos conscientes de
seu papel na preservação da natureza e na sustentabilidade do
planeta.

6.3 O óleo saturado no ambiente escolar.

Sendo o óleo de cozinha extremamente poluente e o descarte


ambiente inadequado constitui um grave problema ao meio ambiente
na atualidade decorrente a falta de informação e conscientização da
população, indagamos os entrevistados sobre sua concepção sobre o
mesmo.

Tabela 4 - Como a escola vê a questão do óleo de cozinha no


ambiente escolar?

Fontes: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

Mediante as respostas, evidencia-se que a escola como em boa


parte dos lares, repartições e empresas conhecem os danos que óleo
saturado causa no meio ambiente, mas não se comprometem em
proporcionar ações educativas mais eficazes.

Vivemos num momento de crise civilizatória, da


necessidade de reconstrução de valores, pautados por uma
nova ética de promoção a vida, que releve a dignidade
humana e repensem as relações dos seres humanos entre
si e com a natureza (OLIVEIRA, p. 34, 2000 [...]

Para tanto, faz-se necessário que toda comunidade escolar se


mobilize buscando mudanças envolvendo toda sociedade na perspectiva
de minimizar a degradação do meio ambiente. Compreender o descarte
de óleo e gorduras saturados e fazer uso de seu reuso, de forma
202
consciente, forma um ciclo sustentável, diminuindo a extração de
recursos naturais evitando a poluição da água e do solo.
Baseando-se nesta informação, questiona-se:

Tabela 5 - O que o colégio faz com o óleo de cozinha após sua


utilização?

Fontes: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

Mediante as respostas, fica evidente que a comidade escolar


ainda não está preparada para o descarte adequado do óleo saturado,
visto que a mesma comete errro graves que prejudica o meio ambiente.
Um dos grandes desafios da educação ambiental é constituir
vínculos significativos entre o local, o global, o ecólogico e o
socioeconomico, e para que isso aconteca, impõe-se uma educação
sobre o ser , a sociedade e seu papel na sustentabilidade.
Nesta pespectiva os entrevistados foram questionados :

Tabela 6 - O que é feito em termos de coscientização acerca do


descarte inadequado do óleo usado no âmbito escolar?

Fontes: Escola Municipal “Unidade Escolar Raimundo Araújo Prado e Unidade


Escolar São Benedito” Pesquisador: Silva, Ano (2014).

Nota-se através das respostas que o processo educativo formal


e informal sobre a importância do meio ambiente anda em passos

203
lentos, pois os problemas ambientais são visiveis e a solução só pode
ser concebida com a conscientização de cada cidadão. É necessário
intensisificar as discussões sobre a preservação e conservação do meio
ambiente, para assim, as gerações futuras viverem em um planeta
saudável.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Promover mudanças de pensamentos e hábitos é um desafio


da educação ambiental, sendo uma atividade intensa que mostrará
resultados em longo prazo. Baseado nas informações contidas nesse
trabalho fica evidente que as crises ambientais que ocorrem em todo o
planeta, ocasionado pelo abuso e atitudes inconsequentes do homem,
devido à ambição e em muitos casos a falta de informação das
consequências que podem ser geradas pela ação destruidora do homem
em relação ao meio ambiente.
Conhecimento, consciência e ação são fatores indispensáveis
para viabilizar e fortalecer a minimização do impacto ambiente no
planeta. Mediante essa afirmação conclui-se o um papel fundamental
da escola com a educação ambiental na formação de cidadãos
conscientes e aptos a defender a vida.
Neste contexto, a pesquisa proporcionou uma visão ampla das
escolas, bem como as mesmas se manifestam perante a educação
ambiental, visto embora sabendo de seu papel como alicerce na
conscientização de si e dos demais cidadãos muito ainda se deixa a
desejar.
Perante a pesquisa notamos que as dificuldades ainda são
imensas nas escolas no desenvolvimento da educação ambiental, e falta
de informações e a sensibilização de alternativas simples podem mudar
a realidade de uma sociedade na busca de soluções imediatas para os
problemas ambientais.
Constatou-se diante das entrevistas realizadas com a
comunidade, que já existem algumas mudanças positivas em relação
a educação ambiental, porém grande parte dos entrevistados sabe
a definição e a importãncia do meio ambiente, todavia ficam alheias
apenas as definiçoes, não procurando interagir com os demais e
fazer uso na prática de seus conhecimentos. Outro fator preocupante
é o descarte inadequado do óleo saturado nas escolas, questão está
que não afeta só a escola como também toda comunidade a sua
volta.

204
Acredita-se que após este trabalho as instituições citadas
promovam pralestra informativas, mini cursos de reciclagem do óleo
saturado e mostre a cada cidadão como acontece o processo de
coscientização e participação na proteção ao meio ambiente.

REFERÊNCIAS

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02 de junho de 2014.
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1999.
RUSCHEINSKY, Aloisio. Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto
Alegre: Artemed, 2002.

205
CONSCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE PARA
IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA NO
MUNICÍPIO DE CAMPO MAIOR/PI

Jordana de Oliveira Rocha e Maria Pessoa da Silva


Graduanda em Ciências Biológicas/UESPI – Campo Maior – PI./
Professora Substituta da UESPI – Campus Heróis do Jenipapo - Doutora
em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

RESUMO: A coleta seletiva e a reciclagem têm um papel importante


no ambiente. Recuperam matérias primas e tiram da natureza
produtos não biodegradáveis, além de gerar renda aos catadores
diminui o impacto ambiental. A sociedade precisa adotar formas de
lidar com a problemática da geração e do descarte do lixo, alcançando
assim ganhos socioambientais e econômicos. O trabalho de
conscientização ambiental ocorreu em cinco etapas, onde incialmente
recorreu-se a livros e apostilas. A conscientização da população e da
comunidade escolar foram os focos seguintes da pesquisa. Campo
Maior já conta com um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos (PGIRS) que se constitui em um documento que visa a
administração integrada dos resíduos por meio de um conjunto de ações
normativas, operacionais, financeiras e de planejamento. Pretende se,
atingir a sensibilização e a colaboração da população campomaiorense
e uma futura adesão à coleta em todos os órgãos do município, além
de 100% dos domicílios em coletas regulares. Geração de renda aos
catadores; redução da quantidade de resíduos encaminhados ao aterro
e dos gastos com a limpeza da cidade, foram resultados adquiridos.
Pode-se inferir que a implantação deste trabalho fará com que o
município de Campo Maior se torne modelo para as demais localidades.

PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem, Gerenciamento de Resíduos,


Catadores.

1. INTRODUÇÃO

Como todos os povos, os brasileiros integram as estatísticas


sempre crescentes relativas à produção de resíduos sólidos. A geração
de resíduos no mundo gira em torno de 12 bilhões de toneladas por

206
ano, e até 2020 o volume previsto é de 18 bilhões de toneladas/ ano
(UNEP-EEA, 2007). Pensando nesses dados o município de Campo
Maior/PI implantou na cidade um sistema de coleta seletiva que
conta com uma associação de catadores em parceria com a secretaria
de limpeza do município.
Os lixões, por sua vez, são locais de disposição final de resíduos
a céu aberto sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde
pública (SHIRAIWA et al., 2002; LOPES,2006). Para cobrir os
custos reais dos serviços, juntamente com os Recursos do Tesouro
Municipal, as prefeituras costumam remunerar as operações que
abrangem a limpeza da municipalidade por meio da cobrança de uma
Taxa de Coleta de Lixo (TCL), evitando-se o remanejamento de
recursos preciosos de outras áreas (MONTEIRO et al., 2001).
Conforme Mansur e Monteiro (1991) e Monteiro et al. (2001), para
efetuar a gestão adequada dos serviços de limpeza urbana, é necessária
a realização de um levantamento das características físicas dos
resíduos gerados no município: papel, papelão, vidros, garrafas
pets, alumínio etc.
A coleta seletiva, além de contribuir significativamente para a
sustentabilidade urbana, vem incorporando gradativamente um perfil
de inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e
excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho (SINGER, 2002).
Entre as vantagens ambientais da coleta seletiva, destacam-se a redução
do uso de matéria prima virgem e a economia dos recursos naturais
renováveis e não renováveis, além da redução da disposição de lixo
nos aterros sanitários e dos impactos ambientais decorrentes (WAITE,
1995).
Para Oliveira (1998) há duas rotas principais para os resíduos,
sendo que a rota 1 corresponde à coleta, transporte e disposição final;
e a rota 2 à coleta seletiva, triagem, reciclagem e reuso, retorno ao
consumidor como novo produto, enviando um mínimo possível de
resíduo para os aterros, poupando os já escassos recursos da natureza.
A primeira experiência de coleta seletiva no Brasil ocorreu em
1985, em Niterói (RJ), em São Francisco, bairro residencial e de classe
média (EIGENHEER, 1993). Atualmente, menos de 10% dos
municípios brasileiros desenvolvem programas de coleta seletiva
(IBGE,2001; CEMPRE, 2000).
A responsabilidade pela destinação final do lixo é da prefeitura.
Mas nem sempre a coleta seletiva surge como iniciativa da própria
administração municipal. Frequentemente, observa-se a movimentação

207
de determinados segmentos da população que, tendo desenvolvido
maior consciência ambientalista, passam a cobrar dos órgãos
competentes posturas e procedimentos mais adequados, assumindo
participação ativa no processo de preservação e/ou de recuperação
ambiental. (CPLEA.Guia para prefeituras, 4.ed).
É importante o poder público local oferecer condições favoráveis
à instalação da central de triagem, assim como o fornecimento de
alguns equipamentos essenciais e assistência jurídica e administrativa
aos cooperados desta central, pelo menos até que consigam se
manter, suprindo assim as carências básicas que prejudicariam o
bom desempenho do local principalmente no início de sua operação
(MONTEIRO et al., 2001).
No ano de 2010, após longo processo de tramitação, foi
promulgada a lei 12.305 que propiciou à sociedade brasileira seu
principal instrumento de regulação e criação da Política Nacional
de Resíduos Sólidos PNRS (Brasil,2010). O Piauí ainda não dispõe
de uma legislação estadual que defina a política de resíduos sólidos
urbanos para o Estado. O município de Campo Maior/PI possui
um plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGIRS)
fornecendo subsídios a propostas adequadas à realidade de Campo
Maior para promoção do gerenciamento de cada tipo de resíduo
(PGIRS/CM).
Conforme Mansur e Monteiro (1991) e Monteiro et al. (2001),
para se efetuar a gestão adequada dos serviços de limpeza urbana, é
necessária a realização de um levantamento das características físicas
dos resíduos gerados no município. Campo Maior no ano de 2009 foi
fundada uma associação dos catadores de Campo Maior mais
pela falta de planejamento e conscientização da comunidade o
programa de coleta seletiva não teve êxito. No ano de 2015 com o
planejamento do PGIRS e a realização de um Fórum sobre a coleta
seletiva foi um ponta pé inicial para o começo das atividades.
“Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (Lei. N° 9.795/1999,
Art. 1° – institui a Política Nacional de Educação Ambiental).
O objetivo geral é minimizar os impactos ambientais
ocasionados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos urbanos no
município de Campo Maior Piauí.

208
O objetivo especifico e relatar a importância da implantação
do sistema de coleta seletiva para o município e estabelecer programas
e ações de Educação Ambiental conscientizando a população residente
acerca de sua responsabilidade socioambiental.

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Inicialmente o trabalho foi desenvolvido tendo como principal


fonte de apoio, pesquisas bibliográficas, feita em documentos: plano
de gerenciamento integrado dos resíduos sólidos de Campo Maior/
PI, além de consulta a trabalhos e artigos científicos e consultas a sites
de empresas e associações relacionadas ao tema em questão.
Os trabalhos de conscientização ambiental foram feitos em
algumas etapas:
I etapa: Pesquisa bibliográfica teve como fontes, livros de diversos
autores, artigos, estudos já realizados, dicionário. Também foram
efetuados diálogos com alguns catadores Campo-maiorenses e visita à
sede da associação dos catadores de coleta seletiva do município, além
de entrevistas com o chefe de limpeza urbana.
II etapa: Foram propostos inicialmente a implantação da coleta seletiva
em alguns bairros do município de Campo Maior/PI, são os bairros
pilotos: Bairro de Fatima de Lourdes, São Luís, José de almeida e
São João. E que os catadores passam1 (uma) hora antes nas residências
nos mesmos dias da coleta do lixo orgânico devidamente fardados e
com carinhos coletores, bem como implantações de lixeiras em praças
e centros comerciais do município.
III etapa: Trabalho de conscientização da comunidade desses bairros
pilotos, foram realizados panfletagem e conversa com a população sobre
a importância da separação do lixo seco do orgânico. Realização
palestras nas associações de bairros com alguns representantes da
comunidade e contando também com a ajuda das agentes comunitárias
de saúde que reforçaram a proposta de coleta seletiva nos domicílios.
Foi mostrada a diferença entre lixo recicláveis e lixo não recicláveis e
foi observado que a comunidade tinha dúvidas acerca desse assunto.
a) Recicláveis: aqueles que podem ser usados como matéria-prima para
outro produto já que sua função inicial já foi utilizada, exemplo: papel
(jornais, revistas, papelão, fotocópias, caixas, cartazes e embalagens
longa vida); vidro (garrafas, copos, vidros de conservas, potes e
embalagens); plásticos (canos, tubos, baldes, PET, descartáveis, sacos
e lonas); e metais (tampas de garrafas e potes, latas de alimentos e

209
bebidas, potes, panelas, talheres, matérias de ferro, alumínio, cobre, e
outros metais).
b) Papéis não recicláveis: adesivos, etiquetas, fita crepe, papel carbono,
fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos
engordurados, papéis metalizados, parafinados ou plastificados. Metais
não recicláveis: clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tintas, latas
de combustível e pilhas. Plásticos não recicláveis: cabos de panela,
tomadas, isopor, adesivos, espuma, teclados de computador, acrílicos.
Vidros não recicláveis: espelhos, cristal, ampolas de medicamentos,
cerâmicas e louças, lâmpadas, vidros temperados planos. (Ib.Usp)
IV etapa: Visitas a comunidade escolares em 6 (seis) escolas de bairros
distintos para abranger todo o município, com o intuito de bate papo
com os alunos sobre a importância da coleta seletiva no município,
entrega de panfletos explicativos sobre quais materiais são recicláveis.
São as seguintes escolas: Briolanja (bairro Flores) escola 13 de março
(bairro de Fatima) Paulo Ferraz (São Luís e São João) Petrô nio Portela
(Cariri) Valdivino Tito (Centro) e CEPIT (Lourdes).
V etapa: Divulgação dos trabalhos em portais do município na internet,
entrevistas em rádios, criação de uma fanpage em redes sociais e
distribuições de cartazes em pontos estratégicos no município.
A implantação de coleta seletiva não é uma tarefa fácil porem
não é impossível. O primeiro passo para a realização do programa é
verificar a existência de pessoas interessadas em fazer esse trabalho.
Uma pessoa sozinha não conseguiria arcar com tudo por muito tempo,
e uma das principais razões para o sucesso de programas desse tipo é o
envolvimento das pessoas. (Guia pedagógico do lixo.2ed. SP). A
associação dos catadores de Campo Maior e formado por uma equipe
de 13 (treze) catadores que diariamente seguem uma rota de acordo
com o dia da coleta do lixo orgânico no munícipio para facilitar a
coleta do lixo recicláveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do gerenciamento adequado dos resíduos sólidos


urbanos no município de Campo Maior, Piauí por intermédio da
implantação da Coleta Seletiva, espera-se que a comunidade seja
instigada a realizar a separação dos recicláveis e veja a importância
desse projeto para o meio ambiente e sustentabilidade do município
que além de gerar renda ao município, e aumenta a vida dos
aterros sanitários pois menos lixo serão despejados.

210
É importante também a realização de treinamentos e
palestras de educação ambiental para multiplicadores (professores,
lideranças comunitárias, técnicos da prefeitura, dentre outros). A
ação deve ser contínua. (PGIRS/CM). Umas das etapas mais
importante do trabalho de implantação do sistema de coleta seletiva e
a sensibilização da população sobre a importância desse sistema de
reciclagem e o incentivo para a separação do lixo seco do úmido, além
de informar sobre a diminuição dos impactos ambientais causados
pela geração do lixo.
Marçal (2005) atenta para o fato de a escola representar um
espaço privilegiado para a ocorrência de discussões socioambientais e
principalmente no ensino fundamental, o qual se destina ao
fortalecimento da cidadania e instrução de valores fundamentais à
vida social. A realização das palestras nas escolas (imagem 1, 3 e 4)
teve por finalidade esse objetivo de conversar diretamente com as
crianças e adolescentes para junto com eles alertar a importância do
sistema de coleta seletiva na escola e na cidade e também o apoio dos
familiares, foram também realizadas dinâmicas com os alunos onde
objetivava mostrar a importância de ser sustentável para preserva o
meio ambiente.
Uma pesquisa realizada pelo instituto Polis (2007) é preciso
diferenciar os termos lixo de resíduos sólidos recicláveis. Quando
misturados, restos de alimentos, embalagens descartadas e objetos
inservíveis tornam - se lixo, que deve ter como destino ambientalmente
adequado o aterro sanitário. Esses mesmos materiais, quando
disponibilizados separadamente para a coleta seletiva (resíduos secos
e úmidos) tornam se materiais reaproveitáveis ou recicláveis. Na
imagem 2 mostra os catadores de material recicláveis fazendo a rota
diária porta a porta recolhendo e separando o lixo d os domicílios.
E o trabalho de divulgação e educação ambiental objetiva a facilidade
para que os catadores tenham em coletar o lixo sem precisar separa-lo
para que nenhum material seja desperdiçado e a estratégia e que os
catadores passem no mesmo dia da coleta do lixo orgânico para facilitar
a coleta.
Na dimensão econômica, destacam-se o aumento da vida útil
dos aterros, considerando-se a dificuldade de encontrar áreas adequadas
para a disposição final de resíduos, principalmente nas grandes cidades,
e a r edução dos custos dos programas de coleta seletiva para as
prefeituras (DEMAJOROVIC et al, 2006; VIVEIROS, 2006;BESEN,
2006). Podemos concluir que a coleta seletiva e bastante vantajosa pois

211
além de gerar rendas a famílias carentes, ela diminui vida nos at erros
já que menos lixo serão lançados e redução da matéria prima da fonte
geradora por meio da reciclagem do lixo.

CONCLUSÃO

A proposta de implantação de coleta seletiva é viável para o


município de Campo Maior/PI. Uma grande parcela da população
mostrou interesse pela separação dos materiais recicláveis dos não
recicláveis com intuito de contribuir com projetos sociais desenvolvidos
pelas comunidades de catadores. As campanhas educativas serão
facilitadas pelo grau de escolaridade tendo em vista o grau de
consciência ecológica já despertado. Será necessário um grande
trabalho de Educação Ambiental, mas teremos resultados ao longo
prazo, sendo que o importante é não desistir quando surgem os
obstáculos. Foram mostrados para a população que além da economia
gerada pela reciclagem a coleta seletiva contribui também com a
preservação do meio ambiente, pois diminui a quantidade de lixo
que chegam nos aterros sanitários e dessa maneira minimizam o
impacto causado pelo lixo gerando assim um município sustentável e
preocupado com as questões ambientais.
Para que a coleta seletiva continue terá que haver o apoio direto
do governo municipal (prefeitura), e secretarias de limpeza e meio
ambiente como implantações de lixeiras e rotas diárias para assim haver
interesse tanto da população com dos catadores que recebem um
incentivo financeiro para continuar atuando nos trabalhos de coleta
do lixo.
Espera-se que o sistema de coleta seletiva do município de
Campo Maior seja exemplo para a implantação ao demais munícipios
do Piauí. É melhoria de vida tanto da população como dos catadores.

REFERÊNCIAS

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de Minas – MG (2003-2004). 2005. 237 f. Dissertação (Mestrado) -
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OLIVEIRA, José Flávio de (coord.). Guia Pedagógico do Lixo. 2 ed. São
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Loschiavo dos Santos, Sylmara Lopes Francelino Gonçalves-Dias. – São Paulo:
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Santos, B.S. (ORG.) produzir para viver. Os caminhos da produção não
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SEBRAE SP, São Paulo, maio.
_____. Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental.

214
APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE
PROJETOS COMO FERRAMENTA NA
ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE
ECOTURISMO VOLTADA PARA PARTICIPAÇÃO
SOCIAL.

Francisco de Paulo Vieira LIMA


UFPI, Brasil. E-mail: fpvl82@hotmail.com
Gleyce Maria Simplicio Revoredo LIMA
UFPI, Brasil. E-mail: gleycerevoredo@hotmail.com
Igor Feliciano Simplicio REVOREDO
FACID, Brasil. E-mail: igorrevoredo@gmail.com
Camila Maria Simplicio REVOREDO
UFPI, Brasil. E-mail: camilavoredo@ufpi.edu.br

RESUMO: A participação social constitui uma importante ferramenta


na elaboração e implementação de políticas públicas na área de
ecoturismo. Este artigo busca refletir sobre a gestão dessas políticas
públicas de uma maneira mais eficaz através do conceito de
Gerenciamento de Projetos. No processo de produção dos dados
utilizamos os referenciais da área de Ecoturismo e Administração que
permitiram a construção de uma matriz teórica. Os resultados
mostraram que ainda é bastante reduzida a participação social nas
políticas públicas de ecoturismo, mas que, com a correta aplicação das
ferramentas de Gerenciamento de Projetos é possível melhorar esse
quadro.

Palavras-chave: ecoturismo; gestão; participação social.

INTRODUÇÃO

Políticas públicas do ecoturismo podem e devem ser formuladas


através da participação dos principais grupos interessados: empresários,
população local, grupos ambientalistas, governo, dentre outros.
Entretanto, essa participação ainda deixa a desejar, contribuindo
para políticas públicas ineficazes na área de ecoturismo. O ecoturismo
de base local pode ser considerado uma utopia, visto que a atividade
turística trabalhada nos países periféricos é desenvolvida pelas grandes

215
corporações e que não vem ao longo dos tempos proporcionando as
comunidades locais o verdadeiro intitulamento social e econômico o
que não contribui de fato para a construção do desenvolvimento como
liberdade. (1)
A análise do tema faz com que gestores despertem para a
problemática da gestão de políticas públicas na área do ecoturismo.
Uma vez que, o planejamento adequado gera resultados mais rápidos
e desejados. A partir do exposto, o presente artigo busca analisar o
papel da participação social nas políticas públicas e suas possíveis
limitações, bem como a importância do uso do conceito de
gerenciamento de projetos na implementação dessas políticas.
O presente trabalho foi feito através de uma revisão da literatura
especializada nas áreas de ecoturismo e gestão.

MÉTODOS

Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura


especializada, realizada entre abril e maio de 2015, no qual realizou-
se uma consulta a livros e periódicos presentes na Biblioteca
Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco (BCCB) em UFPI-
Teresina e por artigos científicos.
Nessa direção foram elaboradas algumas considerações
conceituais, a partir de um levantamento bibliográfico sobre a temática
deste estudo. Os aspectos destacados na fundamentação teórica
possibilitaram a elaboração e a aplicação de uma metodologia que
permitiu atingir o objetivo deste artigo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Existe uma tendência atual para o crescimento do ecoturismo


em todas as regiões do Brasil. Fenômeno este, por sua vez, muito
lucrativo para empresários e consequentemente bom também para
os cofres públicos e desenvolvimento de uma localidade. Umas das
maneiras de gerir o ecoturismo de uma região é através da
participação popular. Entretanto, nem sempre é utilizado de uma
maneira adequada na formulação de políticas públicas de
ecoturismo.
Segundo o Art. 5º do Plano Nacional de Turismo 2013-2016,
um dos programas do Ministério do Turismo é fortalecer a gestão
descentralizada, parcerias e participação social. (2)

216
A participação social constitui uma importante ferramenta para
o ecoturismo de uma região, entretanto, tem sido pouco utilizada como
explica Fadini abaixo:

Entre os sérios problemas decorrentes do segmento


turístico encontra-se a ausência de planejamentos que
consideram a participação como prioridade para as
tomadas de decisão da localidade...(3)

Apesar do Meio Ambiente ser um dos temas transversais


abordado no PCN (Parâmetros curriculares nacionais).(4) Ou seja, já
era para estar no cotidiano da população, em especial das crianças por
meio das escolas.

Ao se tomar o Meio Ambiente como foco de preocupação


fica clara a necessidade de que, ao aprender sobre essa
temática, os alunos possam também aprender práticas que
concorram para sua preservação, tais como a organização
e a participação em campanhas contra o desperdício.

Fadini também confirma a importância do tema Educação


ambiental para a resolução do impasse da pouca participação popular
no ambiente de ecoturismo.”Uma das formas para alcançar a
participação de todos os segmentos sociais, inclusive do turista, é através
da incorporação da Educação Ambiental”.(3)
Mas segundo o mesmo autor, para a participação dos grupos
sociais ser mais efetiva, é que haja a participação social na elaboração
e na implantação das políticas públicas.

A resolução dos conflitos ambientais e de uso dos recursos


naturais presentes no município exige a formulação de
políticas públicas que subsidiem propostas de
planejamento, entre elas, as de turismo sustentável e as
de Educação Ambiental.(3)

E de acordo com Maranaldo (5) (1989, p. 60), a Administração


Participativa é o conjunto harmônico de sistemas, condições
organizacionais e comportamentos gerenciais que provocam e
incentivam a participação de todos no processo de administrar. Visando
através dessa participação, o comprometimento com os resultados
(eficiência, eficácia e qualidade) não deixando a organização apresentar
desqualificação.
217
Umas das áreas da Administração seria a de Gerenciamento
de projeto, que consiste em atuar de forma a atingir os objetivos
propostos dentro de parâmetros de qualidade determinados. Ou seja,
dadas as metas e as restrições de recursos e tempo, cabe ao gerente de
projetos garantir que ele atinja os objetivos propostos.
A edição e implementação de políticas públicas se dá através
de: legislação, programas, projetos e ações, para viabilização das metas.
Segundo o PMBOK(6) , Programa nada mais é que o conjunto de
Projetos, e Projeto “um esforço temporário com a finalidade de criar
um produto/serviço único”.
O Gerenciamento de Projetos, portanto, é a aplicação de
conhecimentos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de
forma efetiva e eficaz. Trata-se de uma competência estratégica para
organizações, permitindo com que elas unam os resultados dos projetos
com os objetivos do negócio.
Desse modo, o Gerenciamento de Projetos torna-se essencial
na condução de políticas públicas voltadas para o ecoturismo, e a
inclusão eficaz da participação social.
De acordo como Guia PMBOK 2013 (7), na sua 5°edição, existe
uma nova área de conhecimento na gestão de projetos, o
“gerenciamento das partes interessadas”, enfatizando o diálogo
contínuo entre a equipe do projeto e os grupos de interesse, e o maior
envolvimento deles nas decisões e atividades do projeto. Para isso são
proposto dois novos processos: planejar o envolvimento das partes e
monitorar e controlar o seu envolvimento.
Um exemplo de Projeto que promove a participação social, é o
desenvolvido pela Prefeitura de São Luís-MA, chamado Projeto
Turismo Educativo. O mesmo promove a educação patrimonial e
ambiental com alunos da rede municipal de ensino, enfatizando a
importância da preservação e valorização dos atrativos históricos,
culturais e naturais de São Luís, estimulando a boa conduta e os
princípios éticos no ambiente escolar.(8)
Um dos modos para gerenciar projetos com eficácia é por meio
da EAP. Segundo DAYCHOUM (9) EAP (Estrutura Analítica de
Projetos), do inglês, Work breakdown structure (WBS) é uma
ferramenta de decomposição do trabalho do projeto em partes menores
para facilitar o controle. Assim, por meio dessa ferramenta é possível
estimar custos, monitorar e controlar o trabalho planejado.
A estrutura é organizada como a raiz de uma árvore, onde as
entregas mais abrangentes são posicionadas no topo e as mais

218
específicas na parte inferior, agrupadas por níveis hierárquicos. Desse
modo, o trabalho do projeto é subdivido em partes menores e mais
facilmente gerenciáveis.
Este estudo se propôs a analisar a importância da participação
da sociedade na gestão de políticas voltadas para o ecoturismo.
Confirmou-se as limitações dessa participação, bem como indicou-se
possíveis soluções através da aplicação do conceito de Gerenciamento
de Projeto nas políticas públicas.
A literatura encontrada na área de ecoturismo aborda o tema,
mas pouco contribui para o crescimento da participação social no
processo de gestão. Por essa maneira, buscou-se complemento na área
de Administração e em algumas de suas técnicas.
Entretanto, antes de sair trabalhando no projeto e utilizando
suas técnicas, tem que se entender as reais necessidades dos grupos de
interesses (empresários, população local, ambientalistas, governo, etc).
Uma vez que, o resultado de um projeto não deve ser o objetivo do
gestor de projeto, mas sim de todos os envolvidos.
Assim, percebe-se que deve existir claramente a identificação
do público-alvo do projeto. E esse público-alvo, ou seja, os grupos de
interesse é que deve indicar os próximos passos do projeto. Por exemplo,
por meio de audiências e consultas públicas, fórum de debates, Mesas
de Negociação, canais de Ouvidoria. Com o propósito do foco ser nas
partes interessadas e no resultado, e não somente no planejamento em
si.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos que uns dos objetivos das políticas públicas de ecoturismo


seria a inserção da participação social em sua elaboração. Todavia,
ainda existe muitas limitações na inclusão dos grupos de interesse.
Constatou-se que as políticas públicas para o ecoturismo
precisam ser objetivas, de forma a direcionar o desenvolvimento do
ecoturismo em consonância com a conservação ambiental. Visto que
a objetividade dessas práticas só seria alcançada através de um bom
planejamento. E ferramentas administrativas, tal como a EAP, podem
auxiliar no alcance de melhores resultados durante a formulação e
implementação das políticas públicas de ecoturismo.
O gerenciamento adequado de um projeto auxilia no
direcionamento de um objetivo, ou seja, se o resultado almejado é o de
aumentar a participação social no ecoturismo, deve existir um

219
planejamento para que isso ocorra de fato. Não esquecendo que o
projeto deve sempre ser voltado para o atendimento das partes
interessadas, isto é, empresários, população local, grupos ambientais,
governo, etc.
Assim, o artigo busca contribuir com a compreensão dessa
temática, abrindo caminho para trabalhos futuros na área de
participação social no ecoturismo. Uma vez que, estudos desta natureza
são importantes para gestores públicos que desejem implantar ou
aprimorar políticas públicas de ecoturismo em sua região. Desde que
haja o entendimento de que a prática de ecoturismo só vão funcionar
em sua plenitude, se os gestores voltarem sua atenção para as partes
interessadas.

REFERÊNCIAS

1- MACEDO, Raquel Fernandes de; MEDEIROS, Viviane Costa Fonseca de


Almeida; AZEVEDO, Francisco Fransualdo de; ALVES, Maria Lucia Bastos.
PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. Vol. 9 Nº 2 págs. 437-
448. 2011.
2- Brasil. DECRETO No 7.994, DE 24 DE ABRIL DE 2013.Aprova o Plano
Nacional de Turismo 2013- 2016. Diário Oficial da União Seção I, Nº 79,
quinta-feira, 25 de abril de 2013, p. 13 e 14.
3- Fadini, A.A.B; Fermino, E.S.; Hoefel, J.L.M.; Suarez, C.F.S. Políticas
públicas e participação social: perspectivas de turismo sustentável em Vargem
(SP). Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.3, n.1, 2010, pp.91-108
4-Parâmetros curriculares nacionais : apresentação dos temas transversais,
ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.
5-MARANALDO, D. Estratégia para a competitividade. São Paulo:
Produtivismo, 1989.
6- A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBoK). 3rd edition.
Project Management Institute Inc, 2004.
7-Guia PMBOK® 5a. ed. – EUA: Project Management Institute,2013.
8- Governo do Maranhão. Disponível em: http://www.saoluis.ma.gov.br/.
Acesso em: 29/04/15.
9-DAYCHOUM, Merhi. 40 + 8 ferramentas e técnicas de
gerenciamento.4.ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2012.

220
PEQUENAS QUEIMADAS URBANAS:
CONSEQUÊNCIAS À SAÚDE DA POPULAÇÃO

Claudehany Farias Costa1


Ana Carla Marques da Costa2

RESUMO: A poluição do ar é um dos mais evidentes problemas


ambientais nos centros urbanos, ocasionados pelas pequenas
queimadas, sendo necessário que haja mudanças nos hábitos antigos
e melhora em sua relação com o meio ambiente. O presente trabalho
teve por objetivo identificar os moradores do Bairro em estudo a
respeito da prática de queimadas urbanas, comumente usada pela
população. A metodologia foi uma pesquisa de campo, exploratório
descritivo, com abordagem quantitativa. Para a obtenção dos dados
foi aplicado um questionário durante a visita realizada em cada
residência do local de estudo e após a entrega de um folheto pedindo
a contribuição em prol do meio ambiente. De acordo com os
resultados obtidos, 60% dos homens e 69% tem a pratica de queimar
o lixo mesmo 64% dos homens e 100% das mulheres sabendo que
isso causa impactos ambientais, e 78% homens e 57% das mulheres
relataram ser mais prático e rápido. Como analise final foi evidenciado
o arrependimento da população do estudo e revelaram ainda a
promessa de mudanças de seus hábitos de vida, o qual as pessoas se
tornaram mais capazes de compreender e interpretar os problemas a
sua volta, sendo assim capaz de agir em prol da sua saúde e do meio
ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Queimadas; Saúde; Meio ambiente;

INTRODUÇÃO

Uma prática muito antiga e que ainda persiste no meio urbano


é a prática de queimadas, sendo muito comum o seu uso para queima
de lixo doméstico, lixo comercial e lixo industrial, principalmente, no
período da tarde, sendo o fogo o meio mais utilizado para limpeza
pública compostos por folhas em geral, galhos de arvores, papelões,
entulhos de construção, terras, animais mortos, madeiras e móveis
danificados tal prática é comum em pequenas e grandes cidades, pois
221
se encontra associada a falta de sensibilização da população e a pobreza,
como também se constitui em uma prática cultural.
A poluição do ar é um dos mais evidente problemas ambientais
nos centros urbanos, pois todos precisam respirar o tempo inteiro,
mesmo dormindo. A fumaça atinge igualmente ricos e pobres. Do
barulho, do transito e da criminalidade até se pode sonhar em escapar,
protegendo-se atrás de muros e locomovendo-se de helicóptero. É
impossível fugir do material particulado – uma poeira quase invisível
de tão fina – que aumenta a mortalidade de idosos e de bebês em cidades
como São Paulo, nos dias de maior poluição. Hoje a poluição do ar
também se tornou um problema de regiões rurais (LEITE, 2012).
A queima como prática inadequada em ambientes urbanos não
é visto de forma preocupante pelas autoridades, pois ao andarmos nos
locais em estudo verificamos a prática sem nenhum empecilho por
parte das autoridades nesses aspectos de degradação do meio ambiente
mesmo sendo ao longo prazo.
Queimada é uma combustão incompleta ao ar livre, e depende
do tipo de matéria vegetal que está sendo queimada, de sua densidade,
umidade etc., além de condições ambientais, em especial a velocidade
do vento (RIBEIRO; ASSUNÇÃO,2002).
O estudo dos problemas ambientais e de suas soluções nunca
foi tão importante. Parcialmente devido ao rápido crescimento da
população humana e, em parte, devido às mudanças ou aos avanços
tecnológicos, a humanidade está se tornando uma espécie urbana e os
efeitos sobre o meio ambiente são cada vez mais reflexos da vida urbana
(BOTKIN; KELLER 2011).
Nas cidades estão os melhores empregos, quanto maior a cidade
mais movimentada e rica a sua vida cultural, com faculdades, livraria,
teatros, cinemas, escolas, restaurantes parques e assim por diante.
Reparando bem, você vai perceber que a maioria dos problemas urbanos
está relacionado a com os problemas ambientais (com exceção para
falta de empregos e a criminalidade, que não cabe tratar aqui), ou seja
são as dificuldades que surgem quando as atividades humanas produz
efeitos danosos sobre as condições naturais que nos cercam sejam elas
o ar que respiramos, a quantidade de luz ou de calor que recebemos, o
ruído que atinge nossos ouvidos,, os obstáculos que nos impedem de
chegar rapidamente ao nosso destino ou a paisagem que nos oprime,
em vez de maravilhar (LEITE, 2012).
Alguns autores, como Dubos (1961) e Audy (1971), vêem a
saúde como um processo contínuo de reação e adaptação,

222
diferentemente da definição adotada pela Organização Mundial da
Saúde em 1946: “Saúde é o estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não meramente a ausência de doenças” (RIBEIRO,
2001b).
No entanto o homem depende do meio ambiente, pois só pode
viver em ambientes com determinadas características e com certa
variedade de recursos disponíveis. Em razão da tecnologia e a ciência
atuais propiciarem à humanidade o poder de destruir o meio ambiente,
é necessário compreender como este funciona para que seja possível
viver de acordo com suas restrições (BOTKIN, 2011).
Queimar lixo nas cidades é crime ambiental, podendo render
ao infrator multa de R$ 500 a R$ 50 milhões. O que diz a Lei de Crimes
Ambientais (9.605 de 13 de fevereiro de 1998) em seu artigo 54: causar
poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana. (MARCIATRINDADE, 2013)
O presente trabalho foi elaborado com a finalidade de
demonstrar as consequências ocasionadas pelos atos inadequados da
população em estudo com o meio ambiente, através das pequenas
queimadas. Pois é muito importante o estudo em questão para melhorar
as condições de vida das pessoas e do meio em que vivemos, o qual
necessitamos entender os possíveis efeitos negativos que o homem pode
causar ao meio e a si mesmo, e que a longo prazo as pequenas atitudes
causam efeitos gigantescos afetando assim a qualidade de vida das
pessoas.
E muitas pessoas não sabem a real consequência de suas atitudes
no ciclo de vida dos seres vivos. Pois o homem está destruindo o seu
único meio de sobrevivência. Portanto necessitamos sensibilizar a
população em geral para que cada um possa fazer a sua parte, e procurar
meios alternativos para que o seu bem esta não prejudique o ambiente
e as futuras gerações.
O objetivo do estudo foi conhecer os hábitos comportamental
da população sobre o destino do lixo, e verificar o número de pessoas
que praticam as pequenas queimadas e relacionar com os problemas
de saúde na população, E verificar o número de pessoas que praticam
as pequenas queimadas e perceber o quanto as pessoas necessitam de
incentivos para as mudanças de atitudes que prejudicam também a
saúde e de todo o ambiente. Pois as pessoas necessitam de incentivos
para mudanças de atitudes na qual a sua postura pode levar a população
a refletir sobre esse problema.

223
METODOLOGIA

Desenho do estudo
A metodologia foi uma pesquisa de campo, exploratório
descritivo, com abordagem quantitativa.
Local da pesquisa
Município de Caxias, no bairro ponte. A escolha deste Bairro
foi devido a ser observado uma grande parte de moradores que
reclamavam da fumaça e de problemas respiratórios População
Moradores do Bairro Ponte. Total de 31 moradores.
Critérios de Inclusão
- Ter idade acima de 18 anos; -Morador a mais de 2 anos no
bairro -Ter capacidade mental de resposta -Terá direito a responder o
questionário apenas um morador por cada residência
Coleta de dados
A pesquisa desse estudo foi realizada por meio de uma pesquisa
visitas domiciliares com moradores da área em estudo.
Instrumento da Coleta
Para a obtenção dos dados aplicou-se um questionário
(Quadro-1 – ANEXO 1) contendo dez questões objetivas, que abordou
o tema queimadas inadequada do lixo. Esse questionário foi aplicado
com aos moradores, onde em cada local da entrevista teve-se um
tempo de trinta e cinco minutos para responder o questionário. Foi
solicitado aos mesmos que usassem o máximo de sinceridade nas
respostas.
A cada chegada em uma residência, foi apresentado o motivo
da visita, onde cada acadêmico estava devidamente caracterização,
utilizando crachá ou fardamento da instituição. Explicamos o objetivo
da pesquisa e foi pedida a possível colaboração do mesmo para
responder algumas questões sobre o tema abordado.
Após a coleta de dados, foi feito a entrega do folheto contendo
pedido de colaboração em Pról do Meio Ambiente e da Saúde, onde
informa como colaborar e as vantagens em colaborar. Conforme anexo
(Quadro-2 – ANEXO 2). Onde ficou em cada visita um folheto auto-
explicativo onde informação a cada morador as consequências
negativas da queima inadequada do lixo.
Analise dos dados
Inseridos em gráficos os dados.

224
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram entrevistadas 31 pessoas, sendo 15 homens e 16


mulheres, e realizados perguntas objetivas para coleta de dados. Na
primeira abordagem a maioria dos moradores indicou que Sim, que
alguém de sua residência queima o lixo no quintal ou em frente de
suas casas e essa seria a melhor alternativa (Gráfico-1). Mas, durante a
entrevista a maioria deles acabou confessando que acham essa pratica
um erro, mas que é a única solução para o problema.

Gráfico 1. Relato dos moradores quanto a queima do lixo no quintal ou em


frente de suas casas, no Bairro Ponte segundo sexo, Caxias-MA

No gráfico 2 teve como foco qual tipo de lixo que os moradores


queimam com mais frequência, percebeu-se que é o lixo mais queimado
é proveniente de limpeza pública e em segundo o lixo comercial.

Gráfico 2. Relato dos moradores quanto ao tipo de lixo que é queimado no


Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA.

225
A terceira questão indagou aos moradores qual o motivo que
os levam a queimar o lixo e a maioria responderam ser mais rápido e
prático, conforme gráfico-3.

Gráfico 3. Relato dos moradores sobre qual motivo que os levam a queimar
o lixo no Bairro Ponte segundo sexo, Caxias-MA

A quarta questão levava em consideração a existência do


recolhimento regular do lixo no Bairro, pois a maioria tanto sexo
masculino como sexo feminino relatam que existe um recolhimento
do lixo gráfico 4, através de carro coletor de lixo.

Gráfico 4. Relato dos moradores sobre a existência do recolhimento regular


do lixo no Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA

Na quinta pergunta tratou-se de quantas vezes na semana é


feito o recolhimento do lixo no Bairro, onde observamos que as
mulheres estão mais bem informada sobre o assunto, somente 40%
dos homens, e 56% das mulheres entrevistadas tem a informação correta
desses dias, e sabem realmente quantos dias o carro faz o recolhendo
226
do lixo, de acordo com a gráfico 5. O que nos mostram que muitas
pessoas não sabem os dias do recolhimento correto e algumas
mostraram total desinteresse por isso.

Grafíco 5. Relato dos moradores sobre quantas vezes na semana é realizado


o recolhimento do lixo no bairro ponte, segundo sexo, Caxias-ma

A sexta questão levantou a hipótese para os moradores se a


queima causava impactos ambientais, sendo que 100% as mulheres e
apenas 93% dos homens disseram sim mostrando que muitos tem a
consciência dos impactos causados ao meio e a saúde, mas não mudam
suas pratica.

Gráfico 6. Relato dos moradores se eles achavam que a queima do lixo


causa impactos ambientais, no bairro ponte, segundo sexo, Caxias-ma

Na sétima questão 100% dos moradores confirmam que sabem


das causas de doenças e problemas ambientais proveniente das
queimadas, tanto os homens como as mulheres tem esse conhecimento
sobre o assunto, gráfico 7.
227
Gráfico 7. Relato dos moradores Se eles acham que a queima do lixo causa
doenças a seres humanos, Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA

Na oitava questão 57% dos homens e 75% das mulheres relatam


realizar a queima do lixo durante o período da tarde, e 19% das
mulheres 29% dos homens a qualquer hora, e 14% dos homens e 6%
dos mulheres pela manhã.

Grafico 8. Relato dos moradores sobre Qual o período em que mais se


realiza a queima do lixo no Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA

Na nona questão a maioria dos entrevistados tanto homens


quanto mulheres dizem que seus vizinhos queimam o lixo em diferentes
horários, e que algumas pessoas até tem horários específicos.

228
Grafico 9. Relato dos moradores se Seus vizinhos tem a pratica de queimar
o lixo no Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA

Na décima e última questão, a maioria dos moradores relatam


que Conhecem pessoas com problemas respiratórios no Bairro, sendo
que 67% dos homens, e 56% da mulheres responderam sim, e alguns
responderam que eles mesmo tinham problemas respiratórios,
(gráfico10)

Grafico10. Relato dos moradores se as mesmas Conhecem pessoas com


problemas respiratórios no Bairro Ponte, segundo sexo, Caxias-MA.

É muito comum ver moradores ignorando a lei e queimando


lixo doméstico. Para quem não sabe, ou ignora este problema e insistem
em eliminar “lixo” ou se livrar de folhas de árvores no quintal de casa,
rua ou terreno baldio através de queimadas (MARCIATRINDADE,
2013)
Quando uma poluição aumenta demais numa área em que
vivem populações humanas, aumenta-se substâncias indesejáveis e
229
prejudicial à saúde dos seres humanos, em primeiro lugar, mas também
de animais e plantas as pessoas começam a ficar doentes (LEITE, 2012).
A queima do lixo lança no ar dezenas de produtos tóxicos, que
variam da fuligem (que afeta os pulmões) às cancerígenas dioxinas,
resultantes da queima de plásticos. Além disso, queimar lixo no quintal
aumenta o risco de incêndio e a fumaça produzida pela queima
produzem gases que causam sérias doenças respiratórias, alérgicas e
dermatológicas que combinado com a baixa umidade do ar onde
crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis.
(MARCIATRINDADE, 2013)
De acordo com o estudo realizado podemos observar que a
população precisa ser mais monitorada sobre essa prática pois os
mesmos sobem os malefícios ocasionados pela queima inadequada do
lixo e sendo a mesma desnecessária, pois existe o recolhimento do lixo
regularmente, as pessoas estão adquirindo doenças respiratórias, alguns
relatam que a mesma tem, e ninguém tem dúvidas que a queima causa
doenças em humanos, mas ainda assim a maioria das pessoas tem
hábitos de queimar o lixo. Sendo necessário uma maior rigor sobre
essas práticas que são realizadas constantemente por homens e
mulheres. (MARCIATRINDADE, 2013).
Para Dubos (1961), “estados de saúde ou doença são a expressão
do sucesso ou fracasso experimentado pelo organismo no seu esforço
de resposta adaptável aos desafios do meio ambiente”. Para Audy
(1971) “saúde é a propriedade contínua, potencialmente mensurável,
da habilidade de um indivíduo reagir a insultos químicos, ou físicos,
ou infecciosos, ou psicológicos, ou sociais” (RIBEIRO;
ASSUNÇÃO,2002).
Um dos mais graves problemas ambientais nas cidades
brasileiras e do mundo é o da deposição de lixos e resíduos de seus
moradores. Apesar de todas as informações disponíveis hoje pelos
meios de comunicação, algumas pessoas insistem em continuar
destruindo o meio ambiente e contribuindo para piorar a qualidade de
vida na cidade. Talvez não seja pela falta de informação, mas sim pela
falta de cidadania e de respeito ao próximo (MARCIATRINDADE,
2013).

CONCLUSÃO

Este trabalho foi de grande importância, pois percebemos que


é uma preocupante as atitudes errôneas das pessoas com o meio

230
ambiente que aumentam a sua degradação, através da queima
inadequada que mesmo sendo aparentemente muito pequena para
causar danos, mas que ocasiona o aumento da temperatura, doenças
respiratórias aos seres humanos ou seja, prejuízos a todos os seres vivos,
e um total desequilíbrio ambiental.
Porém é preciso que se tenha maior atenção para essas práticas
humana e que melhore o processo de informação e incentivo as pessoas
para mudanças de seus hábitos com relação ao meio ambiente, para
que se tenham gerações futuras com atitudes diferentes das que
podemos observar até o momento, e que possam assegurar uma vida
mais digna e com mais segurança para o homem e o meio ambiente,
sem o qual não podemos viver.
Acredita-se que este comportamento seja pela cultura já trazida
dos pais e que os filhos carregam uma experiência social e cultural.
Essas visitas dentre várias atitudes que podem ser tomadas,
proporcionou a reflexão de alguns moradores, especialmente àqueles
que sofrem com doenças respiratórias.
A sensibilização ambiental, trabalhada nos Bairros junto a cada
morador tem a capacidade de disponibilizar conhecimentos, organizar
e problematizar o assunto abordado de modo a promover, um avanço
no desenvolvimento, e educação dos moradores do Bairro, para uma
melhor convivência em sociedade e um melhoramento no estilo de
vida, na sociedade, promovendo condições para que o mesmo
identifique outros moradores com práticas inadequadas e resolva
problemas a partir de diálogos e relatos de melhoramento na saúde.
As observações, sobre os fatos relacionados às pratica de queimadas
na área urbana, diálogos possibilita que aos moradores que eles
consigam tirar sua própria conclusão sobre o assunto e torne-se capaz
de questionar hábitos antigos.

REFERÊNCIAS

AUDY, J.R. Measurement and diagnosis of health. In Shepard, P. & McKinley,


D. (eds.) Environ/mental. essays on the planet as a home. New York, Houghton
Mifflin, 1971.
BEGON, M., C. R. Townsend e J. L. Harper 2007. Ecologia de Indivíduos a
Ecossistemas. 4ªed, Artmed, Porto Alegre. (2005, 4ª ed. Blackwell, Oxford ou
3a ed., 1996).
DUBOS, R. Man adapting. New Haven, Yale University Press, 1961.

231
EDWARD A. Keller; Daniel b Botkin; Editora: LTC;. Ciência Ambiental - Terra,
Um Planeta Vivo - 7ª Ed. 2011.
LEITE, Marcelo. Direito civil em mapas mentais. Data. 2012.
Publicação:Imprenta: Niterói, RJ, Ponto, Impetus, 2012.
RIBEIRO, H. Fossil fuel energy impacts on health. Encyclopedia of Life
Support Systems. Unesco, 2001a. http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/
Queima de Lixo acesso em 11/12/2014 www.walmambiental.com.br acesso
em 12/11/2014 http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.2015 acesso em 13/
05/2015

232
DIFERENTES ABORDAGENS E CONTRIBUIÇÕES
DA AGROECOLOGIA EM ESCOLAS DE
ENSINO MÉDIO

Cristiane Lopes Carneiro d’Albuquerque1


Renata Lopes de Oliveira2
Amando Oliveira Matias3;
Maria da Conceição Bezerra da Silva Matias4

RESUMO: O contexto agroecológico é inserido nas escolas de ensino


tradicional como tema transversal das disciplinas curriculares,
enquanto que nas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) a agroecologia
é o tema gerador, fomentador das disciplinas curricular do ensino
médio se tornando um instrumento de ensino aprendizagem. O
presente estudo teve como objetivo comparar as diferentes abordagens
agroecológicas no ensino médio e sua contribuição para o processo
ensino-aprendizagem. A metodologia utilizada foi à quantitativa
descritiva com aplicação de questionários semiestruturados. Os
resultados demonstram que a abordagem sobre agroecologia como
tema gerador é mais eficiente porque possibilita maior apreensão dos
conteúdos didáticos e difusão desses em suas comunidades. Essa
integração de conteúdos teóricos e práticos induziu a uma menor
taxa de evasão escolar e taxa de repetência nas EFAs em relação às
escolas tradicionais

Palavras-chaves: pedagogia da alternância, desenvolvimento


sustentável, contextualização.

INTRODUÇÃO

Agroecologia é uma ciência ou disciplina científica, que


apresenta uma série de princípios, conceitos e metodologias que nos
permitem estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas.
Os agroecossistemas são considerados como unidades fundamentais
para o estudo e planejamento das intervenções humanas em prol do
desenvolvimento sustentável. Essa ciência em construção propõe uma
simbiose de diversos conhecimentos numa abordagem sistêmica dos
aspectos econômico, social, político, ético, cultural e social, o que é

233
muito importante para a questão humana e seus aspectos socioculturais
(CAPORAL E COSTABEBER, 2007)
A escola é outro espaço importante para a formação de
indivíduos responsáveis e aptos a colaborar e decidir sobre questões
sociais, restabelecendo suas relações com o meio onde vive. A educação
ambiental torna-se então uma prática necessária para fortalecer as
relações homem–ambiente.
Assim, o processo educacional deve transmitir e difundir os
princípios e valores das diferentes visões e propostas para alcançar a
sustentabilidade. A educação ambiental implica num processo de
conscientização sobre os processos socioambientais emergentes, que
mobilizam a participação dos cidadãos na tomada de decisões, junto
com a transformação dos métodos de pesquisa e formação, a partir de
uma ótica holística e enfoques multidisciplinares (LEFF, 2001).
Nesse contexto, o resultado seria a conexão dos saberes
necessários para a construção significativa do conhecimento, em
módulos de aprendizagem, onde os conteúdos estão distribuídos de
forma interdisciplinar, gradativamente complexa e significativa para o
estudante (BICA et al., 2007).
Dentro do aspecto educacional, a ciência agroecologia vem
sendo introduzida de duas formas: como tema transversal as disciplinas
do ensino médio da rede pública que adotam uma metodologia
tradicional de ensino, e como tema gerador de conhecimento em escolas
agrícolas famílias.
As lutas por educação de qualidade fizeram surgir novas
experiências, as quais possibilitaram alternativas pensadas e geridas
pelos trabalhadores camponeses, movimentos sociais do campo e
instituições religiosas. Dentre as várias concepções de ensino que
trabalha a educação no/do campo destacou a contribuição da
pedagogia da alternância realizada pelas Escolas Família Agrícola –
EFAs.
A pedagogia da alternância baseia-se em dialogar com as
vertentes do ensino, estando em abertura tanto com o teórico quanto
com a empírica, ou seja, o educando em seu período de internato,
chamado de sessão, está em convívio constante com as aulas em sala, e
seus horários de atividades práticas, onde, de acordo com a estrutura
da EFA, eles irão desenvolver o que aprenderam.
O foco principal da unidade EFA é integrar as diversas fontes e
recursos de aprendizagem, integrando ao dia a dia da escola gerando
fonte de observação e pesquisa exigindo uma reflexão diária por parte

234
dos educadores e educandos envolvidos. As atividades desenvolvidas
permitirão a aplicação prática de conteúdos de diversas disciplinas.
O quadro educacional brasileiro é ainda bastante insatisfatório.
Sabemos que o problema da evasão e da repetência escolar no país
tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelas redes de ensino
público, pois as causas e consequências da evasão e repetência escolar
estão ligadas a fatores sociais, culturais, políticos, econômicos e outros
(VIEIRA, 2009).
A formação na alternância tem como objetivo principal
possibilitar a educação em tempo integral, envolver as famílias na
educação dos filhos, fortalecer a prática do diálogo entre os diferentes
atores que participam dos processos de formação dos educandos. A
Pedagogia da alternância visa melhorar a vida escolar e familiar
tentando reduzir o índice de evasão provocado pelas escolas de ensino
médio tradicionais.
Existem na literatura diversos trabalhos que avaliaram a
agroecologia como temas geradores e como temas transversais nos
diferentes tipos de escolas do ensino médio, como: Miranda (2013);
Santos et al. (2012); Ferreira et al. (2009) e Fonseca (2008).
Entretanto, não foram encontrados estudos que façam a
comparação entre essas abordagens agroecológicas, principalmente no
estado do Piauí e que reflitam sobre seus resultados efetivos no processo
de ensino aprendizado.
Este trabalho tem como objetivo comparar as diferentes
abordagens agroecológicas no ensino médio e sua contribuição para o
processo ensino-aprendizagem

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em escolas de ensino médio da rede


pública do Estado do Piauí. O universo amostrado contemplou 04
(quatro) escolas da rede pública que adotam o sistema tradicional de
ensino - TRAD e 03 (três) escolas famílias agrícolas – EFAs, em cada
local foram aplicados questionários semi-estruturados para os discentes
(10 em cada escola), docentes (03 em cada escola) e para a direção (01
em cada escola), resultando em um total de 70 questionários para
discentes, 21 para docentes e 07 para diretores.
Para os discentes e docentes foram abordadas questões
referentes: à contextualização da teoria apresentada em sala de aula e
a vivência dos discentes e seus reflexos nas famílias e/ou comunidades,

235
apontada como abordagem social; questões referentes à conservação
do meio ambiente, chamada abordagem ambiental e questões de
conhecimento da agroecologia e agricultura orgânica, que foi a
concepção do entendimento conceitual desses temas.
Para os diretores as questões foram referentes às estatísticas das
escolas como: taxas de evasão e de repetência e comportamentais como
os percentuais de gestação precoce e da utilização de drogas ilícitas
por parte dos discentes.
Os dados foram transformados em percentuais utilizando o
programa computacional EXCEL, além disso, fez-se revisão de
literatura sobre a temática.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

UNIVERSO DISCENTE: PERCEPÇÕES

Atualmente vive-se um período de construção e reconstrução


de paradigmas em relação aos processos produtivos, pedagógicos,
educacionais, culturais, enfim em todas as instâncias da vida do ser
humano, procura-se priorizar as relações do homem com o meio
ambiente e com o próprio homem em detrimento de um modelo de
desenvolvimento econômico e social centrado no lucro imediato e que
beneficia minorias.
O ambiente escolar é o espaço propício para formar jovens com
mais responsabilidade sócio-ambiental. Esse comportamento possibilita
a sustentabilidade nos mais diversos aspectos descritos por Caporal e
Costabebe (2007). Se isso já está ocorrendo e em que espaços ocorrem
é o que os resultados abaixo revelaram.
Perguntado aos discentes quais as disciplinas cursadas poderiam
ser aplicados em suas vidas cotidianas; as escolas famílias informaram
que as disciplinas têm percentuais homogêneos de aplicação enquanto
que os resultados dos discentes do ensino médio tradicional
apresentaram maiores valores para as disciplinas de biologia (28%) e
português (20%), enquanto outras primordiais para a convivência
humana como filosofia (6%) quase não foram percebidas como
aplicáveis.
Em complementaridade a essa informação, os discentes dos
EFAs disseram que compartilham o aprendizado das disciplinas em
suas casas e/ou comunidades e ainda 100% desses discentes afirmaram
que o aprendizado favorece a convivência familiar em contracenso um

236
percentual baixo (45%) dos discentes das escolas tradicionais que
declararam repassar os conteúdos aprendidos e a maioria (71%)
afirmou que se os assuntos curriculares não favorecem o convívio
familiar.
Esses resultados demonstram a importância do ensino
contextualizado tanto para o aprendizado como para a melhoria da
qualidade de vida dos familiares e das comunidades as quais estes
indivíduos estão inseridos, pois conseguem perceber que o exercício
da cidadania perpassa pelo respeito aos semelhantes em todos os
aspectos. Segundo Santos et al. (2012), o homem não vive
autenticamente enquanto não se acha integrado à sua realidade. Sem
essa integração, o processo se faz inorgânico e inoperante, pouco haverá
promoção de aprendizagem. Por outro lado, mostra uma desconexão
daquilo que é estudado com a realidade vivenciada pelo alunado das
escolas públicas tradicionais. Isso denota que as práticas pedagógicas
utilizadas são pouco atrativas ao público, esse fato pode ser umas das
explicações para as taxas de evasão escola e repetência (MEC, 2012),
existentes na rede pública estadual (4,1% e 15,5%, respectivamente)
serem geralmente superiores a regional (3,3% e 16,2%, respectivamente)
e a nacional (3,4% e 14,8%, respectivamente).
Ao serem questionados sobre conservação do meio ambiente
constatou-se que mais de 70% dos discentes dos dois segmentos das
escolas pesquisadas já haviam estudado sobre conservação ambiental.
Essa informação evidencia que as diretrizes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), no que se refere à inserção dessa
temática nos currículos, está sendo cumprida. Resultado semelhante
ao do presente estudo foi encontrado por Santos et al. (2012).
Os reflexos do aprendizado desses conteúdos são sentidos na
mudança de comportamento dos discentes em relação aos recursos
naturais, pois quando perguntados quais as práticas de conservação
estudadas foram realizadas, os discentes deram respostas homogêneas
tais como: jogar lixo no lixo e não desperdiçar água (mais de 25%)
seguida da rejeição à prática das queimadas (maior que 17%).
Entretanto, a prática de separação do lixo orgânico do não orgânico
ainda é pouco adotada, menos de 10% dos pesquisados informaram
ter essa preocupação, o que é compreensível, uma vez que ainda não
existem ações das esferas governamentais que possibilitem essa
prática. Santos et al. (2012), ao questionar os discentes do 3º e 4º
anos do ensino médio tradicional, quase 50% fizeram a mesma
afirmação desse estudo.

237
O desenvolvimento sustentável tem um componente educativo
formidável: a educação ambiental depende de uma consciência
ecológica e a formação da consciência depende da educação. É aqui
que entra em cena a ecopedagogia que promova um aprendizado do
sentido das coisas a partir da vida cotidiana (SANTOS et al., 2012).
Quando perguntado se a agricultura prejudica o meio-ambiente
mais de 65% dos entrevistados não relacionaram práticas agrícolas com
problemas ambientais. Esse dado tem duas vertentes a primeira que os
discentes das escolas tradicionais relacionaram as práticas agrícolas
apenas a produção de alimentos demonstrando falta de senso crítico
em relação aos sistemas de produção predominantes em nosso País e
que são abordados nas maiorias dos materiais didáticos adotados pelas
escolas públicas. Resultado semelhante foi encontrado por Ferreira et
al. (2009) em espaços educativos pertencentes ao Movimento
Camponês Popular (MCP) e 68% dos discentes também não
relacionaram práticas agrícolas modernas com problemas ambientais.
A segunda, em função da abordagem agroecológica vivenciada
pelos discentes das escolas famílias durante o tempo escola e a prática
da agricultura familiar vivenciada no tempo comunidade; justificam a
falta de correlação entre a agricultura e a devastação do meio ambiente,
pois pouco ou não se utiliza agrotóxico o que pode ser constatado pela
afirmação posterior em que 83% dos entrevistados dizem não concordar
com a utilização desses produtos para produção de alimentos.
Ao serem pesquisados sobre agroecologia e agricultura orgânica
66% dos discentes dos EFAs pesquisados afirmaram ter ouvido falar
de agroecologia enquanto que 97% ouviram falar de agricultura
orgânica isso demonstra que não só ouviram falar, mas que
conseguiram diferenciar conceitualmente agroecologia de agricultura
orgânica. Enquanto que 85% declararam que os principais instrumentos
de informação dessas temáticas foram a própria escola (33%) televisão
(23%) e jornais e/ou livros (18%).
Os pesquisados declaram já ter ouvido falar em agricultura
orgânica, demonstrando uma confusão conceitual sobre as temáticas
que talvez possa ser explicada pela forma como foram obtidas as
informações cerca de 40 % foi pelos meios de comunicação televisão
e/ou rádio e 26% em jornais e/ou livros, pois geralmente fornecem
informações generalizadas. Corroboram com esses resultados trabalhos
realizados por Ferreira et al. (2009) e Santos et al. (2012).
Diante do exposto compreende-se que não se trata de inserir
educação ambiental, filosofia, ética como disciplinas apenas para

238
compor o currículo da educação básica ou de inventar uma nova prática
pedagógica e sim de renovar as práticas pedagógicas já existentes que
já desenvolvem uma formação contextualizada, integral, aplicável
voltadas para as questões ambientais, sociais, políticas, éticas e
consequentemente para o desenvolvimento sustentável, como é o caso
das escolas famílias de formação por alternância. (FONSECA, 2008).

OS DOCENTES E AS DIREÇÕES NA PESQUISA

Os docentes que responderam a pesquisa ministram as mais


diversas disciplinas, a saber: biologia, português, matemática, química,
física, geografia, história, inglês e educação física. Nas escolas
tradicionais 90% são especialistas e os demais são graduados a maioria
desses profissionais tem até 15 anos de exercício da profissão. Nas
escolas famílias a grande maioria são graduados (58%) os demais são
especialistas (16%) e mestres (25%) e a maioria têm até 10 anos de
atuação como docentes. Esses dados demonstrando que a política de
capacitação dos docentes da rede pública está sendo realizado.
Quando perguntados se já ouviram falar de agroecologia
responderam que sim 91% e 36% os docentes dos EFAs e das escolas
tradicionais, respectivamente.
Esses percentuais podem ser explicados pela própria abordagem
que a temática tem nos dois sistemas de ensino, como foi dito
anteriormente, agroecologia é tratada como eixo gerador de
conhecimento nas escolas famílias e como tema transversal no ensino
médio tradicional. Segundo Fonseca (2008) o currículo das escolas
famílias de formação por alternância reúne a dinâmica interdisciplinar
e transversal da organização dos conteúdos curriculares aliados a temas
geradores e planos de estudo distribuídos no tempo de formação. Sendo
assim é natural que os docentes dos EFAs tenham mais conhecimento
sobre essa ciência e por essa razão na sua maioria (67%) declararam
inserir assuntos como conservação do meio ambiente, alimentação
saudável e cidadania em suas disciplinas.
Nas escolas tradicionais 62% dos docentes declararam que não
fazem essa abordagem. Entretanto, mais de 90% afirmaram promover
discussões acerca de conservação do meio ambiente, alimentação
saudável e cidadania em suas aulas, demonstrando a falta de
conhecimento do conceito e dos princípios da agroecologia. Em
entrevistas com docentes do ensino médio Ferreira et al. (2009)
obtiveram resultados semelhantes.

239
Quando perguntado se os docentes contextualizam os temas
de suas aulas com a realidade dos discentes 100% dos docentes disseram
que sim, mesmo que esporadicamente. Aproximadamente 90%
responderam acreditar que os discentes conversam sobre seu
aprendizado em suas casas e/ou comunidades.
As informações prestadas pelos docentes dos EFAs são
confirmadas pelo levantamento realizado nas próprias escolas, pois a
contextualização e a difusão de conteúdo refletiram em baixas das taxas
médias de evasão escolar (10%) e de reprovação (inferior a 1%). Em
relação às escolas tradicionais taxas médias de evasão escolar (23%) e
de reprovação (11,5%) foram às elevadas deixando de denotar as
informações prestadas pelos entrevistados. Esses valores são
preocupantes e repercutem diretamente na avaliação da qualidade do
ensino aprendizagem.
Essa realidade evidencia a eficiência na utilização da
agroecologia como tema gerador de conhecimento, pois a formação
integral, alternada entre a casa e o internato, em sintonia com os pilares
do novo paradigma da educação (aprender a ser, a fazer, a conhecer e
a conviver) possibilita enriquecer a experiência na convivência em
grupos, proporcionando a aquisição e o desenvolvimento de novas
capacidades cognitivas (aprender a aprender), permite apoderar-se de
conhecimentos gerais e particulares (saber ser e conhecer, autoafirmar)
e faculta aprimorar capacidades sociais (cooperar, dialogar, aprofundar
a democracia).
Como os protagonistas desse estudo são os jovens e a juventude
é vista como uma construção social, vista como uma “fase da vida”,
marcada pela instabilidade e incertezas necessitou-se ampliar a pesquisa
no sentido de perceber se as abordagens agroecológicas estão
relacionadas a diferenças comportamentais desses jovens,
especialmente no que se refere a utilização de drogas e gravidez precoce,
problemas tão recorrentes tanto nas juventudes urbanas como rurais.
Estudos sobre a juventude vêm se configurando numa
importante preocupação entre pesquisadores e profissionais de várias
áreas, uma vez que apontam para questões de âmbito sociocultural,
educacional e econômico. Os estudos sobre comportamento,
necessidades, direitos da juventude rural também vem sendo
implementados, permitindo a expansão de possibilidades de serem
estabelecidos novos diálogos sobre a temática (FONSECA, 2008).
Nesse aspecto, fez-se um levantamento nas escolas sobre o
número de casos que ocorreram em média por ano de gestação precoce

240
e se existe a utilização de drogas ilícitas por parte dos discentes.
Obviamente esses dados não são coletados e sistematizados
oficialmente, sendo fruto apenas da observação dos docentes e da
direção. Nas EFAs pesquisadas a quantidade máxima declarada foi 01
(um) caso por ano, em relação à utilização de drogas disseram não
haver usuários de drogas entre os discentes. Quanto às escolas de ensino
médio tradicionais afirmaram que em média 04 (quatro) adolescentes
ficam gestante por ano e ainda mais preocupante foram os dados
relacionados às drogas, cerca de 3% em média dos discentes são
usuários, embora isso não ocorra dentro do espaço escolar.
Os princípios agroecológicos pressupõem a articulação do
capital humano nos aspectos social, ambiental, ético, político, cultural
e financeiro de uma dada população. Quando esses elementos são
trabalhados conjuntamente tanto pela escola como pela família, eles
se tornam valores capazes de blindar os jovens das distorções presentes
na sociedade. Os projetos político pedagógicos das EFAs a
participação das famílias tem lugar de destaque. Nesses documentos,
ressalta-se que na associação, as famílias participam e assumem
responsabilidades no processo de gestão e no processo de ensino-
aprendizagem, especialmente nos períodos em que os jovens estão
no meio socioprofissional. Fato que não ocorre nas escolas
tradicionais onde escola e família está distanciada e em muitos casos
apresentam valores e crenças distintos levando o adolescente a
situações de vulnerabilidade.
Os resultados desse estudo corroboram com Bica et al. (2007)
quando afirmam que educação e agroecologia são caminhos que se
completem pois os processos de educação tradicional são realizados
numa perspectiva didática cartesiana que compreende apenas
transmissão e memorização de conhecimentos. O sujeito é eliminado
do processo, o qual é realizado de forma determinista e reducionista.
Projetos pedagógicos que utilizem agroecologia como tema gerador
remete a uma construção participativa do processo educacional que
reúne os diferentes atores. Baseando-se em teorias onde o estudante é
coresponsável por seu processo de aprendizagem, e que consideram as
experiências de vida e as decisões tomadas durante o amadurecimento
do ser para si e do processo de vir a ser. Pretende-se que as questões
sociais, ambientais, econômicas, políticas e culturais, façam parte de
projetos em que os jovens, as famílias e a comunidade, sejam os atores
do processo educacional.

241
CONCLUSÃO

Nas escolas tradicionais esse tema é menos conhecido do que


nas EFAs, mas, não menos falado, pois ambas abordam conteúdos
interdisciplinares que embasam atitudes agroecológicas visando uma
melhoria na qualidade de vida do aluno que está estudando tanto nas
escolas tradicionais quanto nas EFAs.
Nas Escolas tradicionais o termo agroecologia é trocado pelo
termo meio ambiente sustentável, ou seja, os professores,
principalmente de biologia e geografia abordam conteúdos que levam
ao conhecimento de imediato do alunado, como por exemplo, “não
provocar queimadas, pois o ambiente estará susceptível a gases tóxicos
e isto irá provocar o aumento do efeito estufa”, como também, “não
desperdiçar água, porque é uma fonte de vida, e a mesma está sendo
escassa em partes do País e Estados.”
Já nas Escolas Familias Agrícolas (EFAs) o termo Agroecologia
é bastante usado, pois o público alvo são moradores de comunidades
rurais, e estes conhecem a agroecologia como um fator sustentável e
rentável, pois são eles que manuseiam a agricultura com base ecológica.
As EFAs buscam a motivação e a interação escola/família,
através da abordagem de conteúdos que são de interesse e úteis aos
alunos, valorizando os conhecimentos adquiridos e as experiências
vividas, neste sentido, o conhecimento da realidade reduz o índice de
evasão escolar.

REFERÊNCIAS

BICA, et al. Educação e agroecologia: caminhos que completam. Revista


Brasileira de agroecologia. V Congresso Brasileiro de Agroecologia – Outras
Temáticas. Resumo. Paraná, p 1-20, 2007.
CAPORAL, F. & COSTABEBER, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e
princípios. Brasília : MDA/SAF/DATER-IICA, 24 p 2007.
FERREIRA, A. P. de M. A agroecologia no contexto escolar do município
de catalão (GO): Resultados de uma experiência. XIX ENCONTRO
NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Paulo, p. 1-20, 2009.
FONSECA, A. M.. Contribuições da à Pedagogia da Alternância para o
desenvolvimento sustentável: trajetória de egressos de uma escola família
agrícola. 2008. 1-179 f. Dissertação (Mestrado em Educação)–Universidade
Católica de Brasília, Brasília,1-101 f, 2008.

242
LEFF, H. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder, 2001. In: SILVEIRA-FILHO, et al,. Horta escolar como alternativa de
educação ambiental e abordagem multidisciplinar. Resumos do VII Congresso
Brasileiro de Agroecologia – Fortaleza/CE, p. 1-5, 2011.
SANTOS, S. de S. I. dos. Ensino médio: debate atual sobre o abandono e a
evasão escolar. Trabalho de Conclusão de Curso-TCC, Maringá, p. 1-18, 2012.
TEIXEIRA, E. S. et al. Estudos sobre a pedagogia da Alternância no Brasil:
revisão de literatura e perspectiva para a formação, São Paulo-SP, v.34, n.2,
p. 1-16, 2009.
VIEIRA, E. F; da C. Evasão escolar no curso do programa nacional de
integração da educação profissional com a educação básica na modalidade
de educação de jovens e adultos (PROEJA). Seropédica-RJ, 61 f, 2009.

243
A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL
CONTROLLER PARA A DISSEMINAÇÃO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA EMPRESA

FÁBIO LIMA BONA


KEILA REGINA MORENO DE SOUSA
MÁRCIA DENISE BATISTA DA SILVA

RESUMO: A Controladoria é uma ferramenta essencial para as


empresas no que diz respeito ao auxílio da tomada de decisões. Em um
ambiente empresarial ou organizacional, constituído por uma economia
de mercado, empreender um negócio tem sido uma oportunidade
rentável e cada dia mais complexa, fez se necessário a exigência de um
profissional dotado de conhecimentos específicos sobre o ramo e
atividade do negócio desenvolvido para que esse pudesse prosperar de
forma sólida e contínua. Este trabalho tem como objetivo demonstrar
através de pesquisas que evidenciam a presença desse profissional em
sucedidos casos em que a controladoria foi aplicada de forma adequada,
visando melhores resultados financeiros. Possibilitando que o
planejamento estratégico fosse criado a partir de informações precisas e
confiáveis obtidas pela controladoria. No trabalho a seguir, também
descreveremos as funções e atribuições do profissional Controller no
mercado de trabalho do cenário atual e na disseminação da educação
ambiental em uma empresa, enfatizando os benefícios adquiridos com
essa postura empresarial de preservar o meio ambiente.

Palavras-chave: processo de tomada de decisão; Controladoria; Gestão


de Informação; Ambientalismo; Controle financeiro.

INTRODUÇÃO

A controladoria zela pelo bom desempenho da empresa,


administrando as sinergias existentes entre as áreas, buscando também,
maior grau de eficácia empresarial. O papel da controladoria é fazer
os problemas serem superados, a fim de que a qualidade gerencial seja
alcançada com maior agilidade.
O controller é o gestor encarregado do departamento de
controladoria. Este deve, através do gerenciamento eficiente do sistema

244
de informação, zelar pela continuidade da empresa, viabilizando as
sinergias existentes. Com essa percepção, por fim, faz as atividades
desenvolvidas em grupo alcançarem resultados superiores,
diferentemente se trabalhassem isoladas. Quem ocupar esta função deve
possuir uma visão ampla das operações de uma organização. É
considerado um funcionário estratégico no fornecimento desta visão
crítica. Seus questionamentos devem ir além das considerações legais,
chegando até mesmo ao nível ético.
A controladoria é uma ferramenta essencial para as empresas
no auxilio da tomada de decisões. Define-se como um órgão
administrativo que por intermédio de informações dá embasamento e
informações necessárias para o direcionamento do que se deve fazer e
como fazer, na gestão de uma organização.
Esta é uma pesquisa exploratória do tipo bibliográfica e
descritiva, onde foram investigados, analisados e interpretados os dados
na busca de informações acerca da profissão do Controller. A partir da
análise de casos concretos verificou-se os reflexos da controladoria dos
profissionais nas empresas onde procurou-se identificar as vantagens e
desvantagens da existência desse profissional para a empresa.
Busca-se fazer uma abordagem sobre a necessidade de se ter
um profissional competente dentro da empresa, que auxilie na tomada
de decisão, dando ênfase a posição da controladoria no organograma
da empresa. Como também definir o Controller como um profissional
que esteja apto a identificar e analisar a situação financeira e operacional
da empresa. O assunto também é de grande interesse para os
profissionais da área, para um melhor aperfeiçoamento na profissão.
A pesquisa exploratória leva o pesquisador a descoberta de
novos enfoques, percepções e terminologias que darão o suporte técnico
necessário a respostas da pesquisa. Piovesan e Temprani (1995)
entendem a pesquisa exploratória como uma forma de refletir acerca
da realidade de maneira que a aprendizagem só se concretiza quando
parte do conhecido e, este por sua vez, possibilita a ampliação do
conhecimento.
Nesse sentido, este trabalho procura definir o Controller como
um profissional que mede acumula e interpretar as informações dentro
da Administração da empresa nas funções de planejar, controlar, analisa
e organizar suas atividades. Também, faz-se uma análise do papel do
Profissional Controller para uma melhor compreensão e desempenho
do seu trabalho dentro da empresa, e contribuir de alguma forma para
a sua formação profissional. Na atualidade esse profissional vem

245
ganhando espaço na Auditoria Ambiental e realizando procedimentos
dentro da empresa visando a sustentabilidade.
As questões ambientais têm motivado especialistas dessa área
a assumir um comportamento ativo dentro das empresas. Na busca da
maximização de lucros a curto prazo e no atendimento as exigências
de mercado com regulamentação legal, nota-se uma conexão entre a
responsabilidade social e o lucro. A ética ambiental faz parte da missão
da empresa junto ao meio ambiente e essa postura hoje já é vista como
uma nova oportunidade de negócios em um competitivo mercado
produtivo.
A origem da Contabilidade vem desde os primórdios da
humanidade e sempre foi pautada à necessidade de registros do
comércio, pois à medida que o homem começava produzir para a
sua subsistência crescia a necessidade do mesmo em realizar trocas
entre produtos constituindo-se no comércio.
A necessidade da comercialização de produtos demandaram a
aferição de valores nos produtos e a descoberta do rendimento como
uma forma de aumentar a sua situação patrimonial. Volnei (2008, p.
2) assevera antigamente os homens procuravam se organizar para ter
o controle sobre os seus pertences e precisavam saber organizar tais
informações. Como o volume de tais informações eram cada vez mais
numerosas gerou a necessidade de registros, “gerando os primeiros
esboços para os estudos voltados para a contabilidade”.
Vale ressaltar que foi nos Estados Unidos, na virada do século
XIX para o século XX, houve várias procedimentos na criação dos
grupos conhecidos como business federation or combinations que
obtinham vantagens financeiras e econômicas de escala, mas
individualmente, as empresas conservavam sua autonomia de gestão e
controle.
E foram neste período, companhias como Dupont, United
States Steel, Standard Oil e mais tarde, a General Motors, se
constituíram em departamentos e divisões contando com um controle
centralizado (CHANDLER, 1962, p. 19).
No início do século XX, o avanço e a complexidade das
organizações, causada pela globalização e o ampliação dos negócios,
inclusive geograficamente, em outros países, fizeram com que a
importância da contabilidade financeira aumentasse, pois eram
imprescindíveis maiores checagens, mais balanços e maiores controles
internos para atender aos negócios. Assim, o processo por melhores
práticas gerenciais trouxe a reboque a necessidade de ter uma

246
contabilidade adequada e um maior controle sobre a informação
(WILLSON, ROEHL-ANDERSON & BRAGG, 1995, p. 20).
Nessa época surgiu a figura do controller, chamado na época
de comptroller, aparecendo em 1920 no organograma da administração
central da General Motors e em 1921 na Dupont como Treasure
Assistant Comptroller (CHANDLER, 1962, p. 109).
Mendes (1991, p. 16), apud Sathe1, apresenta que a função do
controller parece ter surgido antes de 1920, mais ou menos por volta
de 1880, quando diversas empresas de trens estabeleceram a função
“comptroller” como consequência de um erro de tradução do latim.
A função da controladoria é fornecer aos gestores das empresas
a informação que eles precisam para atingir os objetivos empresariais.
Na busca da otimização dos resultados econômicos da empresa,
durante as últimas cinco décadas, houve uma transformação
significativa nas funções do controller. Caggiano e Figueredo (1997)
asseveram que:

afirma que “o Controller é o gestor encarregado do


departamento de Controladoria; seu papel é, por meio
do gerenciamento de um eficiente sistema de informação,
zelar pela continuidade da empresa, viabilizando as
sinergias existentes, fazendo com que as atividades
desenvolvidas conjuntamente alcancem resultados
superiores aos que alcançariam se trabalhassem
independentemente”. (CAGGIANO E FIGUEREDO,
1997, p.28),

Baseado nesta afirmação, determina-se, que o controller é peça


fundamental para um bom funcionamento na empresa, tem que
conhecer a missão da empresa, os sistemas de informações gerencias,
mantendo o gestor sempre informado sobre a empresa. Portanto,
Carvalho (1995, p. 63) afirma que:

à controladoria, enquanto órgão integrante da estrutura


organizacional das empresas, é reservado o papel de
monitorar os efeitos dos atos da gestão econômica sobre
a empresa, atuando no sentido de que os resultados,
medidos segundo conceitos econômicos, sejam
otimizados.

O autor citado acima converge para o ponto: otimização de


resultados, seja através da sinergia ocorrida na empresa, seja através
247
da tomada de decisão feita usando como referencial dados confiáveis,
providos pela controladoria.
Podemos afirmar que a controladoria consegue identificar
pontos fortes e fracos dentro de uma organização, visto que a partir
desse processo, o gestor (controller) pode avaliar quais medidas deve
tomar dentro da organização, promovendo planejamento,
orçamento, execução de medidas corretivas para determinadas
situações.
Atualmente a controladoria está presente em diversas
organizações de todos os setores e em destaque do terceiro setor tais
como: saúde, educação, cultura, apoio aos portadores de deficiência,
organizações ambientais e outros.
Diante mudanças sociais que vem acontecendo no nosso
cotidiano às empresas buscam evoluir na mesma proporção imposta
pelo ambiente externo em que estão inseridas, uma vez que interagem
com as mesmas variáveis. A evolução da tecnologia, a necessidade de
informações mais precisas, a mudança da economia, que compõem
cenários cada vez mais complexos demonstram esse desenvolvimento
empresarial.
Nessa conjuntura, cresce significativamente a necessidade das
empresas em adotar instrumentos que permitam a correta gestão de
seus recursos. Nesse contexto, a controladoria surge com ferramentas
adequadas para assessorar o meio empresarial.
Neste sentido o sistema de informações, o controller é o gestor
responsável pelo Departamento de Controladoria. E essa tem um papel
básico em zelar pelo processo, controle e sistema de informações
gerenciais, econômicas e financeiras da organização, visando às
sinergias entre áreas e à agregação de valor.
Para Nakagawa (1993), o Controller cumpre sua função de
controle de maneira muito especial, isto é, ao organizar e reportar dados
relevantes exerce uma força ou controle que induz os gerentes a
tomarem determinações lógicas e consistentes com a missão e objetivos
da empresa.
Vale ressaltar que a função principal da organização é manter
o executivo principal da companhia e os demais usuários informados
sobre os rumos que ela (empresa ou área) está tomando e sobre quais
os pontos que, porventura, podem estar ou ficarão enfraquecidos, caso
não sejam realizadas ações imediatas.
Para tanto a controladoria desempenha um papel importante
no processo de gestão, composto pelas etapas do planejamento,

248
execução e controle. Peleias (2002, p.17), propõe objetivos de atuação
da Controladoria para que ela possa atuar no efetivo suporte ao processo
de gestão:

a) Subsídio, de forma ampla e incondicional, ao processo


de gestão, propiciando aos diversos gestores as condições
necessárias ao planejamento, acompanhamento e controle
dos resultados dos negócios, de forma detalhada e global;
b) Contribuição para que os gestores ajam no sentido de
aperfeiçoar os recursos. Os gestores passam a atuar de
forma a dar à empresa a melhor contribuição em suas
áreas de atuação, compreendendo que o resultado ótimo
depende do perfeito conhecimento da atividade
empresarial e suas inter-relações;
c) Certificação de que os sistemas de informação para
apoio ao processo de gestão gerem informações adequadas
aos modelos decisórios dos principais usuários na
organização;
d) Certificação da padronização, homogeneização de
instrumentos e informações em todos os níveis da gestão
da organização;
e) Desenvolvimento de relações com os agentes de
mercado que interagem com a empresa, no sentido de
identificar e atender às demandas por essas impostas à
organização.

Diante deste contexto o controller deve assumir o papel de


conselheiro e crítico (no sentido construtivo) do processo, e as suas
investigações geralmente destacam os pontos fracos de outras áreas, o
que sempre deve ser visto como oportunidade de melhorias. Desta
forma, os seguintes princípios norteiam o trabalho do Controller: é a
iniciativa; visão econômica; imparcialidade; síntese; visão para o futuro;
oportunidade; persuasão; liderança e por ética
Para Figueiredo (1999), o papel do Controller é zelar pela
continuidade da empresa, viabilizando as sinergias existentes, fazendo
com que as atividades desenvolvidas conjuntamente alcancem
resultados superiores aos que alcançariam se trabalhassem
independentemente.
E na Gestão significa administrar, fazer as coisas acontecerem.
A gestão de uma empresa subdivide-se em gestão financeira, gestão
operacional e gestão econômica. Em cada área da empresa podem ser
encontrados os três tipos de gestão, assegurando assim a gestão da
empresa como um todo.
249
O processo de gestão, também conhecido decisório, acontece
tanto na esfera global como nas diversas áreas da empresa. Assim o
processo decisório de cada área deve estar em consonância com o
processo decisório global. E assim que o controller é o responsável
pelos sistemas de relatórios econômicos e financeiros de uma empresa,
é necessário que ele tenha certa independência e esteja ligado
diretamente ao presidente da empresa.
O papel mais relevante que será cobrado do controller, no futuro,
é a participação e o acompanhamento dos planos estratégicos da
empresa, pois é ele que tem todas as ferramentas de controle dos planos
projetados versus os realizados.
Dentre as funções deste profissional Controle, a principal delas
é a solução de conflitos sejam financeiros, interpessoais, de natureza
quantitativa e física.
Exige-se a interdisciplinaridade do controller na execução de
suas atividades, primando pela ampla visão da empresa o que habilita
esse profissional a enxergar as dificuldades como um todo e propor
medidas e soluções de fácil aplicabilidade na organização em questão,
utilizando as informações e relatórios que lhe são fornecidos.
Controller bem sucedidos demonstram uma visão proativa,
transmitem e vendem facilmente suas idéias e ponto de vista,
apresentam fácil relacionamento em todas as esferas e departamentos
de uma organização, e consegue ter sensibilidade em aprimorar ou
parabenizar o setor pelo que está sendo feito, conseguindo desta forma
obter resultados preciosos, atingindo os objetivos traçados.

1. O PROFISSIONAL CONTROLER E A DISSEMINAÇÃO DA


EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

Muitos problemas ambientais, que à primeira vista parecem


complicados nas empresas, podem se tornar de simples solução, desde
que haja algum investimento em educação ambiental. A educação
ambiental no trabalho pode se transformar num completo programa
educacional incluindo material didático-pedagógico e pode ser adotada
com eficácia e ser adaptada às necessidades de qualquer organização,
com simplicidade e baixo custo.
Ela conduz os profissionais inclusive o profissional controller, a
uma mudança de comportamento e atitudes em relação ao meio
ambiente interno e externo às organizações. A educação ambiental nas
empresas tem um papel muito importante, porque desperta cada

250
funcionário para a ação e a busca de soluções concretas para os problemas
ambientais que ocorrem principalmente no seu dia-a-dia, no seu local
de trabalho, na execução de sua tarefa, portanto onde ele tem poder de
atuação para a melhoria da qualidade ambiental dele e dos colegas.
Esse tipo de educação extrapola a simples aquisição de
conhecimento. Nas empresas industriais, por exemplo, a educação
ambiental é um instrumento eficaz no controle da poluição. Nesses
empreendimentos, o controle da poluição deve começar no processo,
estando também parte desta responsabilidade nas mãos dos
trabalhadores, pois mantem-se envolvidos diretamente na produção.
Portanto, não é somente na escola que a educação ambiental
acontece. Os recursos para o ensino-aprendizagem da educação para
o meio ambiente se encontram em todas as partes, como nas grandes,
médias, pequenas e microempresas; nas indústrias e fábricas.
Nesta década de 90, as perspectivas da educação ambiental em
empresas são muito positivas, considerando-se que as organizações
estão sendo estrategicamente sensibilizadas a adotar um novo modelo
de gestão empresarial contemplando a qualidade ambiental.
Em meio a tantas mudanças, no âmbito das empresas, a
Educação Ambiental assume um papel fundamental. Tem como
objetivo alcançar uma transformação profunda dos funcionários dentro
da organização, do presidente ao “chão-de-fábrica”, sobre questões
como o uso inteligente dos recursos naturais, condições mais seguras
sob o aspecto ambiental para os operários , redução das infrações
ambientais e destinação final adequada de rejeitos.
As iniciativas educacionais relacionadas à temática ambiental
estão aumentando a cada dia em todo País. Tanto os Fóruns de
Educação Ambiental, como as pesquisas na área revelam que as ações
e projetos promovidos pelos municípios, por exemplo, através de suas
secretarias, conselhos e de parcerias com escolas, associações de
cidadania, empresas e outros órgãos públicos, ganham destaque neste
quadro. A maioria dessas ações são precisas e se voltam para o
envolvimento das pessoas na solução de problemas, como o do lixo e
da arborização urbana, ou ações de capacitação de professores ou de
outros setores da população (JACOBI, 1999).
Todavia, o processo de sensibilização e conscientização para
as questões ambientais voltado para o público interno das empresas,
comunidade de seu entorno e clientes, especialmente, requer
persistência e continuidade de ações com este fim, como palestras,
gincanas, sessões de filmes ambientais etc., além da participação em

251
fóruns, conselhos, redes, comissões, coletivo educador, nos quais temas
como agricultura, educação, desenvolvimento, tecnologia e meio
ambiente norteiam as discussões (SILVA, 2006).
O autor exemplifica o caso da Embrapa Acre, que assim como
as outras Unidades da Empresa, tem investido em educação ambiental,
assim como na responsabilidade sócio-ambiental. É uma Empresa que
gera novas tecnologias, promove mudanças no modo de lidar com a
terra e os recursos naturais. O grande desafio é conciliar a melhoria da
qualidade de vida da população e fazer valer o conceito de
desenvolvimento sustentável. Informar a respeito dos danos ambientais
que nos afetam é um passo importante para sensibilizar e fazer com
que cada pessoa se sinta responsável por estes problemas e motivada a
cooperar para a redução dos danos, uma vez que mesmo atividades
rotineiras como tomar banho, comer e locomover-se deixam marcas
no meio ambiente.
“Entre estratégias adotadas pelas empresas em geral, pode-se
destacar os programas de educação ambiental no âmbito do setor
produtivo, visando dessa forma, auxiliar o desafio empresarial da
sustentabilidade. Neste contexto, existem alguns elementos
indispensáveis para o planejamento desses programas”.
(LAYRARGUES,2008).
A educação ambiental nas empresas tem um papel muito
importante porque desperta cada funcionário para a busca de soluções
concretas para problemas ambientais que ocorrem principalmente no
seu cotidiano, no seu local de trabalho, na execução de suas tarefas,
conferindo ao colaborador poder de atuação para a melhoria da
qualidade ambiental sua e de seus colegas, utilizando conscientemente
os recursos naturais. Mudar as atitudes ou a cultura de uma organização
não é uma tarefa fácil, mas é possível conseguir a colaboração dos
cidadãos conscientes para construir uma sociedade que vise a
sustentabilidade.
As atividades de gestão ambiental dão origem a algumas
situações favoráveis no Brasil, no que diz respeito a informações intra
e internacionais que facilitam processos entre clientes e serviços. Nesta
perspectiva, a sustentabilidade está ligada aos valores dos indivíduos e
do conhecimento através das atividades de cada organização, em um
processo de gestão ambiental, que necessita da contabilidade para
formar diretrizes.
Contratar ou celebrar ações voltadas ao meio ambiente são
estratégias usadas por algumas empresas para obtenção de lucro,

252
onde novos produtos surgem valorizando a qualidade e atendendo as
exigências da demanda de um mercado consciente com sua
responsabilidade social e valorizando a preservação da natureza.
As atividades produtivas começam a valorizar o meio ambiente
e novos valores são incorporados pelas empresas, dando origem a uma
gestão ambiental. Durante o planejamento dessa gestão, o Controller
atua como coordenador de todas as etapas, elaborando orçamentos
parciais e verificando se a produção está dentro da capacidade da
empresa. Dentre suas funções, podemos enfatizar a autoridade do
controller na organização em relação a execução de tarefas, direcionar
os recursos aos setores certos, afim de obter sinergia na empresa,
mensuração do resultado do processo, determinando pontos falhos e
apontando medidas e ações corretivas. Nesse aspecto, pode-se obter
ganho através do benchmarking.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse contexto, este trabalho procura definir o Controller como


um profissional que de amplo conhecimento, que abrange desde do
desenvolvimento de relatórios gerenciais com informações precisas e
confiáveis, até a tomada de decisão que envolve a gestão de negócios e
pessoas de um ambiente organizacional e ambiental como um todo.
O profissional Controller tem bastante aceitação no mercado e
cenário atual da economia, uma vez que os administradores e gestores
têm cada vez mais o conhecimento da importância de seu papel e das
técnicas utilizadas pela controladoria no planejamento, controle e
execução de ações no mais variados setores do mundo empresarial e
deve ter presença marcante no âmbito da educação ambiental
promovendo a sustentabilidade.
De acordo com a discussão presente neste trabalho, percebe-se
que a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um
processo de aprendizagem permanente que pode ser realizado pelo
profissional controller, baseado no respeito a todas as formas de vida.
Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a
transformação humana e social e para a preservação ecológica.
A educação ambiental nas empresas tem um papel muito
importante porque desperta cada funcionário para a busca de soluções
concretas para problemas ambientais que ocorrem principalmente no
seu cotidiano, no seu local de trabalho, na execução de suas tarefas,
conferindo ao colaborador poder de atuação para a melhoria da

253
qualidade ambiental sua e de seus colegas, utilizando conscientemente
os recursos naturais. Mudar as atitudes ou a cultura de uma organização
não é uma tarefa fácil, mas é possível conseguir a colaboração dos
cidadãos conscientes para construir uma sociedade que vise a
sustentabilidade.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o
comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de
promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo
que assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma
a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender
as necessidades das gerações atuais), a compatibilização de práticas
econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto
à qualidade de vida de todos.
Consideramos que são inerentes a crise, a erosão dos valores
básicos e a alienação e a não participação da quase totalidade dos
indivíduos na construção de seu futuro. É fundamental que as
comunidades planejem e implementem suas próprias alternativas às
políticas vigentes. Dentre essas alternativas está a necessidade de
abolição dos programas de desenvolvimento, ajustes e reformas
econômicas que mantêm o atual modelo de crescimento, com seus
terríveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espécies, incluindo
a humana.
Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve
promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de
atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da
qualidade ambiental, seja no ambiente das empresas, escolas, nos
espaços urbanos e rurais. A educação ambiental é ponto relevante para
mudança de valores e atitudes, por tratar da educação do ser humano
versus sua relação com o meio ambiente. Percebe-se que o
desenvolvimento sustentável se tornará efetiva realidade quando cada
parcela da sociedade contribuir seja na informação, na sensibilização,
na competência e/ou consciência ambiental.

REFERÊNCIAS

254
REAPROVEITAMENTO DE GARRAFAS PET PARA
CULTIVO DE HORTALIÇAS

Tatiane Rodrigues da Silva Soares1


Alexandre de Aguiar1
Diego Costa Cunha1
Magno Soares de Brito1
Márcia Paula Vieira1
Patrícia Maria Martins Nápolis de Andrade2

RESUMO: O que mais vem preocupando os ambientalistas é o descarte


de garrafas plásticas no meio ambiente, o que tem provocado muitos
problemas, como por exemplo, as enchentes que ocorrem nas cidades,
entupindo bueiros e trazendo transtornos para a sociedade. Baseados
em todas essas constatações, foi desenvolvido um projeto de pesquisa,
do tipo pesquisa-ação que é uma forma de investigação baseada em
uma autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um
grupo social de maneira a melhorar a racionalidade e a justiça de suas
próprias práticas sociais e educacionais, como também o seu
entendimento dessas práticas e de situações onde essas práticas
acontecem. Foi feita uma pesquisa das mudas que poderiam ser
cultivadas em pequenos recipientes, delas foram escolhidas a couve-
manteiga, a cebolinha e o coentro, por possibilitarem sua colheita em
pouco tempo após o cultivo. Os executantes do projeto (alunos do 1°
período de Ciências da Natureza, 2013) se mostraram bastante
interessados no projeto, participaram ativamente de todo o processo
de recolhimento e preparo das garrafas, assim como também do plantio.
Cada aluno reuniu uma quantidade de garrafas pet em benefício da
preservação do meio ambiente, depois disso, foi promovida uma mini-
aula de como trabalhar com as hortaliças, preparação do solo e de
como fazer seu cultivo; posteriormente, como cuidar das mudinhas
até que elas possam ser colhidas e utilizadas no consumo próprio de
cada aluno. Após o tempo de “capacitação” dos alunos, foi feita a
concretização do projeto, onde cada aluno foi responsável por preparar
o solo e cultivar sua mudinha. Também ficaram responsáveis por regá-
la e cuidar dela sempre que haja necessidade. Ao passar o tempo
necessário para a colheita, e as mudinhas estiverem desenvolvidas, estas

¹ Graduandos em Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí


2
Profª. Doutora da Universidade Federal do Piauí

255
poderão ser colhidas e utilizadas para o consumo próprio de seu “tutor”,
tornando seu organismo um pouco mais saudável, e o planeta um pouco
menos poluído.

Palavras-chaves: Reutilização e reaproveitamento de garrafas pet,


Preservação ambiental e qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

Uma das formas de levar a Educação Ambiental para além das


escolas é através da ação do professor na sala de aula, pois o educador
é um elemento chave no processo de conscientização da sociedade dos
problemas ambientais, onde este pode buscar desenvolver hábitos e
atitudes sadias de conservação ambiental. A escola pode estabelecer
vínculos através de ações pedagógicas numa perspectiva interdisciplinar,
criando possibilidades para o desenvolvimento da Educação Ambiental
como um todo, e assim propondo a trabalhar com atitudes, com
formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e
procedimentos, portanto a Educação Ambiental está sendo cada vez
mais aceita para o desenvolvimento da educação e sustentabilidade,
visto que sua inserção no currículo escolar é importante para a
interdisciplinaridade em todas as práticas cotidianas da escola
(SANTOS, 2007).
O aumento da demanda por parte da sociedade para atender
suas necessidades tem gerado uma preocupação mundial que é a
produção de lixo. Essa produção excessiva de lixo complica ainda mais
a convivência na sociedade. É válido lembrar, que é preciso disciplina
e respeito ao meio ambiente (SCANAVACA, 1999).
Onde iremos colocar tanto lixo? Como iremos viver com tanto
lixo? Há espaços para todos? São estas perguntas que nós temos que
responder hoje, para procurar agir de forma a garantir a preservação
dos recursos para as futuras gerações. Não dá para eliminar o lixo,
mas podemos diminuir sua produção, reduzindo o consumo e
reutilizando sempre que possível. Para que isso aconteça precisamos
mudar alguns paradigmas, repensar nosso modo de vida e começarmos
uma revolução, mudar nossas atitudes para que todos tenham direito
a vida (SCANAVACA, 1999).
A utilização de garrafas pet pela indústria tem aumentado a
cada ano. No Brasil a fabricação de garrafas plástico para a utilização

256
na indústria subiu de 120 toneladas para 360, isto alavancadas
principalmente pela indústria de refrigerante. Deste total 48% é
reciclado, com isso cerca de 4,7 bilhões de garrafas são descartadas na
natureza, contaminando rios, indo para lixões ou mesmo espalhadas
em terrenos baldios. O que mais tem preocupado os ambientalistas é
exatamente o descarte dessas garrafas no meio ambiente, o que tem
provocado muitos problemas, como por exemplo, as enchentes nas
cidades (ABIPET, 2008).
Apesar de 52% da produção ainda não ser reaproveitada,
especialistas também lembram que a própria reciclagem não é a melhor
opção. Para fazer a reciclagem do excedente atual, seriam necessários
224 milhões de quilowatts por hora de energia elétrica e 120 milhões
de litros de água. O ideal seria a redução do uso deste tipo de embalagem
combinado com a reutilização da embalagem, “A reciclagem tem um
custo muito alto para o ambiente”, diz Vault (2009), autora do livro
Ciclo de Vida de Embalagens para Bebidas no Brasil.
O ciclo dos produtos na cadeia comercial não termina após
serem usados pelos consumidores, esses são descartados muitas vezes
em lugares indevidos. Há muito se fala em reciclagem e
reaproveitamento dos materiais utilizados. Hoje, algumas empresas,
estimulando a responsabilidade ambiental, já possuem projetos de
recolhimento de embalagens direcionando-o para ser descartado ou
reutilizado. O crescimento do poder de consumo é um problema gerado
pelas novas tecnologias de fabricação, que garante a acessibilidade dos
consumidores aos produtos gerando uma preocupação com o meio
ambiente do novo perfil de consumidor (MUELLER, 2005).
Atualmente, são desenvolvidos projetos de implantação de
coleta seletiva, principalmente em escolas, para reutilização de lixo
reciclável na produção de diversos materiais como artesanatos, por
exemplo (BRITO, 2010)
O crescente uso de materiais de plástico tem-se agravado em
um grande problema ambiental, porque geram elevadas quantidades
de resíduos, apesar de representarem apenas 4% a 7% em massa do
lixo urbano, os plásticos ocupam de 15% a 20% do seu volume, e estes
causam diversos danos ao meio ambiente devido ao seu grande tempo
de meia vida, que geralmente demoram 400 anos para se degradarem,
e além do mais, quando queimados, produzem gases tóxicos. Portanto,
ressalta-se a importância de reaproveitamento desses materiais através
da reciclagem, de modo a reduzir o desperdício e a poluição do meio
ambiente (DIAS, 2006).

257
Nos últimos anos, houve algumas ações que promoveram
avanços na forma de pensar e agir, alertando as pessoas em relação ao
consumo. Uma das grandes dúvidas que surgem atualmente é de como
colocar a questão do excesso de consumo nos países desenvolvidos
como um motivo relevante no debate sobre a atual crise ambiental
mundial (JACOBI, 2006).
Mediante a carência do país que sofre com a falta de incentivo
e disseminação de políticas públicas ambientais que viabilizem a
execução dos projetos afins, surgem soluções alternativas como
iniciativas de organizações não governamentais ou mesmo da sociedade
civil, que para alcançarem resultados significativos devem ser executar
um trabalho contínuo (MUELLER, 2005).
Então, para reverter essas situações, a humanidade precisa
pensar na sustentabilidade ambiental, envolvendo todos os setores da
sociedade, entre eles o setor econômico, político, educacional e de
saúde. Pois, é através da sustentabilidade que se proporcionará
qualidade de vida, atendendo às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de gerações futuras. Para isso toda sociedade
precisa educar suas ações, estabelecer limites de consumo e isso envolve
não só os consumidores, mas também as empresas que devem
desenvolver produtos ecologicamente corretos e com materiais que não
agridam o meio ambiente (BRITO, 2010).

OBJETIVOS DA PESQUISA

Apresenta-se como objetivo geral desta pesquisa, incentivar a


reutilização das garrafas PET para o plantio de hortaliças, proporcionando
uma melhor qualidade de vida dos indivíduos. Dessa forma, espera-se
com esse estudo, promover informações sobre a importância de reduzir a
quantidade de garrafas PET lançadas no Meio Ambiente e estimular
práticas sustentáveis através de produção e consumo de hortaliças.

RECURSOS METODOLÓGICOS

O presente projeto foi executado no Município de Teresina,


capital do estado do Piauí, cidade que está geograficamente à 5°5’20
de latitude sul e 42°48’07 de longitude oeste e está à 72 metros acima
do nível do oceano atlântico. É a única capital do nordeste que não é
banhada pelo mar, mas está situada entre dois rios (Parnaíba e Poti) o
que lhe rende o apelido de mesopotâmia do nordeste. Com uma

258
população de mais de 800 mil habitantes, Teresina é a 22ª cidade mais
populosa do Brasil, tal população encontra-se distribuída numa área
de 1.755,7 km², sendo a maior capital nordestina em área de extensão
territorial (IBGE, 2010).
Foi realizado com os alunos do primeiro período do ano de 2013,
do Curso de Licenciatura plena em Ciências da Natureza, dia vinte e
oito de agosto do corrente ano a partir das dezenove horas, no Espaço
Integrado de Ensino, situado na Universidade federal do Piauí, Campus
Ministro Petrônio Portela, ao lado da biblioteca Central desta instituição.
O referido projeto é do tipo pesquisa-ação, que é uma forma de
investigação baseada em uma autorreflexão coletiva, empreendida pelos
participantes de um grupo social de maneira a melhorar a racionalidade
e a justiça de suas próprias práticas sociais e educacionais, como também
o seu entendimento dessas práticas e de situações onde essas práticas
acontecem (KEMMIS e MC TAGGART, 1988, apud Elia e Sampaio,
2001, p.248). Buscou-se com isso, o envolvimento com a atividade prática
do cultivo de hortaliças, além do incentivo a sustentabilidade.
Inicialmente foi feita uma apresentação do projeto junto aos
alunos, após este momento ocorreram discussões no sentido de
viabilizar a execução do projeto. Esta experiência consistiu em cultivar,
como forma de demonstração, hortaliças em garrafas pet.
As hortaliças são as do tipo folhosas como: couve-manteiga,
cebolinha e coentro. A proposta foi desenvolvida juntamente com o
público alvo para que este, tendo a compreensão do processo de
produção e da ideia de sustentabilidade, pudessem a partir dali divulgar
a iniciativa fazendo com que mais pessoas reaproveitem garrafas pet
no cultivo de hortaliças.
O primeiro passo foi adquirir o material necessário para a
produção das mudas (sementes e adubo orgânico), e depois, foram
feitas as considerações importantes a respeito do plantio e cultivo das
hortaliças.
Todos se agruparam na frente do centro, onde cada um
“adotou” uma garrafa pet, cortou-a (umas horizontal outras
verticalmente) preparando-as para o plantio; decoraram-nas da forma
que lhes foi conveniente (alguns até nomearam a garrafa), e em seguida,
foi colocado o adubo disponibilizado.
Logo após esse processo, iniciou-se o plantio das sementes,
sendo as de cebolinha e coentro nas garrafas cortados horizontalmente
e as de couve-manteiga nas garrafas verticais. Dessa forma, uma a uma
foram plantadas por seus “tutores” e posteriormente regadas.

259
Todas as garrafas plantadas foram concentradas na parte
exterior do prédio, onde deverão ser cuidadas até que seu produto final
seja colhido. Após esse processo, as garrafas poderão servir de depósito
para outras sementes, e dessa forma, o ciclo continuará se
desenvolvendo, bastando apenas que hajam interessados em dar
continuidade a este projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto possibilitou a interação entre alguns dos alunos de


Ciências da Natureza, sensibilizando-os a respeito da contribuição que
cada um pode dar em relação a preservação do meio ambiente.
Observou-se com isso, que existem diversas forma úteis de
reutilização de garrafas pet (já que sua erradicação é ainda um sonho
futuro), nesse caso com a produção de hortaliças, que após o cultivo e
desenvolvimento poderão ser colhidas e consumidas tranquilamente,
sem que haja preocupação com sua proveniência, uso de agrotóxicos e
demais agentes que interfiram na qualidade do produto, assim, a saúde
e bem estar do indivíduo que as consumir estará garantido.
Dentre os resíduos sólidos, os resíduos plásticos chamam mais
atenção devido a total descartabilidade das embalagens, a resistência à
degradação e a sua leveza, fazendo-os flutuarem em lagos e cursos de
água, então após a execução desse projeto, a turma repensará um pouco
mais sobre seus atos em consonância com o meio ambiente e sua
preservação. Dessa forma não só foi valorizada a autoestima dos
graduandos ao se tornarem sujeitos ativos dessa ação, como também
minimizada uma parcela de lixo descartado no meio ambiente.
Mediante a carência do país que sofre com a falta de incentivo
e disseminação de políticas públicas ambientais que viabilizem a
execução dos projetos afins, surgem soluções alternativas como
iniciativas de organizações não governamentais ou mesmo da sociedade
civil, que para alcançarem resultados significativos devem ser executar
um trabalho contínuo.
Entendemos que este foi apenas o ponto de partida de uma
imensa maratona que ainda precisa ser vencida, cabe então, a cada um
de nós contribuir mais efetivamente com a preservação do nosso
ecossistema, evitando consumir materiais de difícil decomposição
despejados na natureza, e quando consumi-los, procurar dar a eles um
destino final menos agressivo a natureza.

260
REFERÊNCIAS

ABIPET - Censo da Reciclagem de PET, Disponível em:<http://


www.abipet.org.br/index.html?method=mostrarInstitucional&id=7>, Acesso
em 17 de jul. de 2013.
BRITO, T, 2010. SME prioriza Educação Ambiental nas Escolas. Disponível
em: <http://www.prefeiturasaj.ba.gov.br/index.php?paginas_ler
&noticias&cat=&d=279>. Acesso em: 09 de jul. de 2013.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,
1993. 400p.
GIL, A. C. 5ª Edição, 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010.
JACOBI, P, 2006. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania.
Ambiente & Sociedade. v.9 n.1 Campinas Jan./June 2006.
KEMMIS e MC TAGGART,1988, apud Elia e Sampaio, 2001, p.248.
MUELLER, C. F. 2005. Meio-ambiente e Produtividade. Disponível em:
<http://pessoal.facensa.com.br/girotto/files/Logistica_de_Distribuicao/
logistica_reversa.pdf>. Acesso em 09 de julho de 2013.
ONU População mundial é de 7,2 bilhões de pessoas - internacional - geral
- Estadão, Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/
inter nacional,onu-populacao-mundial-e-de-72-bilhoes-de-
pessoas,1042156,0.htm>, Acesso em 17 de jul. de 2013.
SANTOS, E. T. A,. Educação Ambiental na Escola: Conscientização da
Necessidade de Proteção da Camada de Ozônio. 2007. 53f. Monografia
(Especialização em Educação Ambiental) - Pós-Graduação em Educação
Ambiental, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. 2007.
SCANAVACA L. J. , 1999. Disponível em: <http://www.cnpma.embrapa.br/
down_hp/506.pdf>, Acesso em 17 de jul. 2013.
VAULT, R. Ciclo De Vida de Embalagens Para Bebidas no Brasil. São Paulo,
2007.

261
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA
PARA DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE
A DENGUE NA UNIDADE INTEGRADA
MUNICIPAL JOSÉ GONÇALVES COSTA NO
POVOADO ALECRIM EM CAXIAS - MA

Laiane Borges da Silva


Graduada em Ciências Biológicas – Faculdade do Médio Parnaíba (FAMEP)
Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes
Mestre e Doutora em Educação – Universidade Federal do Piauí (UFPI)
(Orientadora)

RESUMO

O presente trabalho monográfico procurou analisar a Educação


Ambiental como estratégia para disseminação da informação sobre a
dengue na Unidade Integrada Municipal José Gonçalves Costa
(UIMJG) do Povoado Alecrim em Caxias - MA. A metodologia que
orientou esta pesquisa foi o estudo de caso. Neste trabalho fez-se uma
retrospectiva histórica acerca da educação ambiental onde houve uma
abordagem sobre considerações a respeito de seus objetivos e propósitos,
na intenção de despertar nas consciências humanas a percepção da
realidade como resultado da má utilização dos recursos naturais. A
pesquisa abrangeu o estudo da disseminação de informações sobre a
dengue através da educação ambiental, em experiências realizadas em
vários municípios do Brasil. Procurou-se demonstrar que o controle
da dengue pode e deve ser feito através das ações sociais efetivadas
pela população junto à escola. Para consolidar a pesquisa fez-se um
estudo a respeito da dengue em seus aspectos históricos e biológicos.
Apresentou-se a análise dos dados da pesquisa e seus “achados”, como
também houve a exposição de um histórico completo da doença e o
resultado de pesquisas recentes. Realizou-se uma pesquisa acerca do
conhecimento dos alunos sobre educação ambiental e a prevenção da
dengue, onde foi possível constatar que a escola não desenvolve
atividades de educação ambiental com enfoque na dengue e que, assim,
o conhecimento dos alunos sobre a dengue é muito incipiente.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Dengue. Recursos Naturais.

262
1 INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental é um instrumento importante na escola,


porque pode inserir a discussão acerca das questões ambientais dentro
de um currículo, na gestão escolar e em outras atividades que possam
envolver a comunidade do entorno da escola.
Corroborando com essa ideia Jacobi (2003, p. 198) propõe um
novo olhar sobre a educação ambiental a fim que seja voltada para a
cidadania ao afirmar que:

A Educação Ambiental como formação e como exercício


da cidadania tem a ver com uma nova forma de encarar a
relação do homem com a natureza, baseada numa nova
ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma
diferente de ver o mundo e os homens.

Nesse diapasão, a educação ambiental se apresenta como uma


alternativa para solução desses problemas. Guimarães (2007, p. 90)
ressalta o papel da escola como um espaço para o desenvolvimento da
educação ambiental.

É indiscutível a importância da escola para promover uma


educação ambiental. E o processo educativo da escola
deve estar integrada, interagindo com os movimentos
externos da mesma, presentes nas comunidades. Isso se
contextualiza no processo formativo das ações cotidianas
de constituição da realidade próxima, local, na
comunidade à qual a escola está inserida, mas sem perder
o sentido que esta realidade próxima é influenciada e influi
na constituição da realidade global.

O interesse pelo tema educação ambiental surgiu durante todo


o curso de graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade do Médio
Parnaíba (FAMEP). No entanto, foi durante o estágio supervisionado
que veio a percepção da importância e relevância da temática devido
aos problemas ambientais que ocorrem em Caxias - MA terem
aumentado em sua amplitude e frequência.
Na zona rural de Caxias - MA o problema se apresenta
aparentemente de forma pontual e com pouco impacto para o meio
ambiente. No entanto, eis a possibilidade de enumerar alguns
problemas nas localidades Alecrim e Mucambo como: a ausência de
um serviço de coleta de lixo; a queimada irregular no período do
263
preparo da terra para o plantio das roças; e, o desmatamento das
margens do riacho.
A dimensão dos problemas se materializa na quantidade de
pessoas que foram contaminadas pela dengue nos anos de 2012 e
2013, o lixo acumulado em locais inadequados associado à forma
incorreta de acondicionamento tendo aumentado os casos de
contaminação. No período de maio a junho de 2012, ocasião em que
houve a participação no estágio supervisionado na escola foi possível
constatar uma grande quantidade de alunos que faltaram as aulas
por conta da dengue.
Associado a esses problemas, atualmente essas duas localidades,
Alecrim e Mucambo, estão sendo invadidas por turistas por conta da
grande quantidade de água disponível em riachos e olho d’agua que
ficam nas nascentes do Riacho do Mucambo. Em razão da demanda
de turistas que geram renda para membros da comunidade há uma
grande pressão para transformar de forma desordenada esses ambientes
naturais em Balneário.
A temática ambiental está na ordem do dia e impõe que a
comunidade se organize para saber decidir o que é melhor para o meio
ambiente e/ou para cada um de seus membros. No caso das localidades
do Alecrim e Mucambo a escola é o local onde todas as pessoas da
comunidade são envolvidas de forma direta ou indireta, portanto ela
deve estar preparada para responder a essa demanda.
Quando de uma sensibilização com essa questão procurou-se
saber como a Unidade Integrada Municipal José Gonçalves Costa que
está localizada no povoado Alecrim, mas também atende ao povoado
Mucambo com um número considerado de alunos matriculados, pode
responder às necessidades da comunidade. Necessidades estas no que
se refere aos problemas ambientais, às exigências da legislação
educacional sobre educação ambiental além de contemplar os
conteúdos que tratam da educação e saúde, notadamente na questão
da dengue.
O objetivo dessa pesquisa foi promover a educação ambiental
no âmbito comunitário e escolar com ênfase na prevenção da dengue
na Unidade Integrada Municipal José Gonçalves Costa (UIMJGC).
Para realização desse trabalho foi feito um diagnóstico do
conhecimento dos alunos acerca da dengue e concretizada uma
pesquisa documental nessa escola sobre o projeto político pedagógico
e nos relatórios de atividades realizadas na escola nos anos de 2012 e
2013.

264
A metodologia empregada foi pesquisa de campo utilizando-
se as técnicas de observação não participante, a aplicação de
questionários aos alunos dos 6º, 7º, 8º e 9º ano da UIMJGC. Também,
fez-se uso da pesquisa documental, quando de uma análise a respeito
do regimento da escola, relatórios e outros documentos como ofícios e
planejamento dos professores. Para uma averiguação dos questionários
serviu-se da análise de conteúdo segundo Bardin (1977).

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS

Sabe-se que a educação ambiental deriva basicamente de um


processo de formação de ideias, norteadas do clareamento do
conhecimento e formulação de consciência crítica sobre os rumos
da educação ambiental, vinculada a atividades que buscam a
cooperação das comunidades nos cuidados com o equilíbrio do meio
ambiente. Assim, conforme Dias (1998) a educação ambiental veio
para a divulgação das ideias objetivas sobre conhecimento
ambiental, com a participação e ajuda popular na preservação
sustentável de seus recursos. Essa análise surgiu do interesse do
homem pelo assunto, devido às notícias de grandes desastres que
tem abalado o mundo.
Duarte (2003) afirma que a educação ambiental deve situar-se
e manter-se diretamente acoplada a todas as atividades e aspectos da
vida. Assim como todo cidadão deve manter-se preocupado
abertamente com a educação ambiental, e vice versa já que ultimamente
é difícil de explicar e entender o universo da problemática da educação
ambiental, pois a maior parte da sociedade se acomodou apenas tendo
se diversificado o conceito da temática. O autor busca fazer com que
haja uma compreenda de que é preciso educar cidadãos para se entender
a complexidade do assunto e a importância do papel do indivíduo em
relação ao meio circundante.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais o (PCNs)
a Educação Ambiental traz às mudanças necessárias para
comportamento individual com atitudes de valores de cidadania.
Aplicados ao educador o papel de fortalecedor da educação ambiental
aos educandos, reintegrando ao ensino valores ambietalistas e
humanistas, trabalhando pedagogicamente as condutas do homem à
frente do seu espaço ocupado, além de suas necessidades e interesses.
Nota-se que construir e formar cidadãos consciente é necessário
capacitá-los para decidirem agir atuando na realidade socioambiental

265
com comprometimento com a vida e com o bem-estar de um todo,
seja local ou mundial. Apesar do estudo de ecologia, a educação
ambiental é distinta, esta última também abrangendo um âmbito bem
mais extenso, pois, busca um questionamento direto da conscientização
do indivíduo sobre suas decisões e percepções, além das relações
mantidas entre homem e meio ambiente.
Em objetivo requer uma educação que estimule uma formação
de cidadãos seguros e conscientes, que possam reconhecer não só os
seus direitos, mas também que saibam ver seus deveres em meio essa
grande sociedade desenfreada, que sejam responsáveis nas suas ações
e vontades de mudanças, pois mudanças é o pontapé inicial para que
haja transformação.
A educação ambiental tem que ter seu entendimento por cada
membro da instituição escolar como professores, alunos, diretores e
funcionários enquanto instrumento facilitador para a execução de
projetos pedagógicos.
Assim, a educação deve ser vista e trabalhada de maneira firme
e consciente entre alunos e professores ainda que também tornando
propício uma interação entre escola e comunidade, facilitando uma
influência mútua entre as diversas realidades com que os alunos se
apresentam. E isto a partir do desenvolvimento de conhecimentos dos
anos de escolaridade, quando há de levar-se em conta a formação do
indivíduo cidadão, para que com os conhecimentos obtidos no futuro
ele venha participar das decisões sobre o destino do país.
Cabe dizer ainda que, a Educação Ambiental tem um papel
muito importante no ensino de ciências naturais para educação e
construção do conhecimento científico do ser humano, principalmente
no que diz respeito aos princípios importantes e necessários, a
explicação e o entendimento em meio dos fenômenos circundantes.
Porém, para uma melhoria de vida, a sociedade necessita com
urgência de educadores que se disponham a lutar por uma educação
enquanto direito universal, e que esta mesma educação seja capaz de
construir uma sociedade com consciência crítica, integrada e em
movimento com os acontecimentos. Só por meio da compreensão da
importância da educação é que se pode chegar a uma sociedade justa
e de comum interesse.
A consciente responsabilidade requer uma atitude diferente
perante a vida, uma busca existencial. Hoje a sociedade enfrenta as
transformações decorrentes do novo mundo que prediz e demanda
novos valores, individuais e coletivos para que as relações entre os

266
homens devam ser fundamentadas no diálogo, na honestidade, no
respeito à individualidade e no respeito a todas as formas de vida.
No contexto educacional, a escola deve estar comprometida,
de forma que seus alunos saibam situar suas próprias metas com
consciência do que estão perpetrando, transpondo seus próprios limites
sem competições, adotando uma postura ética, assumindo suas próprias
opções, e buscando satisfazer suas necessidades diárias fortalecendo
sua autoestima.
A educação ambiental deve ser tratada em variadas disciplinas,
assim o papel estipulado ao professor não seria um simples acomode
de conteúdos curriculares, e sim uma relação ativa com os
acontecimentos atuais do cotidiano vivenciado diariamente pelos
alunos. E isto é possível dizer quando do ato de colocar em prática
conhecimentos sociais contraídos e situar uma conexão com as demais
áreas do conhecimento. Vincular os conteúdos estabelecidos é a forma
adequada de rompimento com os padrões tradicionais de fazer e
relacioná-los, desse modo a educação ambiental trata das relações entre
o homem e a natureza e o seu estudo promovido e em coerência com
outras matérias.

5 O CONHECIMENTO DOS ALUNOS SOBRE EDUCAÇÃO


AMBIENTAL E A PREVENÇÃO DA DENGUE

Levantamento feito pelo Ministério da Saúde em março de 2014


nos municípios do Maranhão mostrou um número crescente de casos,
quando em média de 24 municípios do estado encontravam em situação
de risco de aquisição da dengue, além de 22 cidades já se encontrarem
em alerta sobre possíveis casos.
Foram registrados uma média de 329 casos de dengue somente
no primeiro bimestre deste ano, sendo 14 desses casos em nível grave,
mas sem registro de óbito. No ano de 2013, foram registrados 889 casos
de dengue em todo o estado, contendo 05 desses casos como de modo
grave e 02 óbitos.
De acordo com levantamentos do Ministério da Saúde no
Maranhão há 24 municípios em alerta de risco de dengue e 22 outros
municípios estão em foco de contaminação incluindo-se São Luiz e
Imperatriz, e o município de Caxias está inserido no rol dos que estão
em situação de risco devido à falta do desenvolvimento do projeto na
cidade. Assim, o Estado do Maranhão apresenta um quadro
preocupante em relação à dengue, mas uma boa parte da sociedade

267
tem procurado contribuir para com a diminuição dos quadros de
contaminação notadamente visíveis, considerando aqui como em fito
o município de Caxias - MA.
A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) tem um
projeto de educação ambiental cujo propósito é envolver a maior
quantidade de informações sobre o que é, qual agente causador,
principais formas de contágio, os sintomas e prevenção da doença,
para que assim haja uma orientação verdadeira e efetiva quanto ao
combate à dengue.
Esse projeto é desenvolvido com a colaboração e participação
do ensino básico de escolas da rede pública, onde ocorrem visitas ao
laboratório de entomologia médica que fornece vagas e possibilidade
para a aquisição de experiência prática com manuseio de microscópio,
e os alunos terem oportunidade de participar das diversas atividades
informativas sobre a dengue.
E desta maneira acredita-se que o contato direto dos alunos
com estudantes universitários, incentiva a aptidão cientifica das crianças
e dos adolescentes, ainda que também uma atenção para a questão de
que ao término da visita são aplicados questionários com perguntas
referentes ao inseto e a doença.
Com a aplicação do questionário a intenção é de avaliar o
conhecimento dos estudantes antes da inspeção e depois, quando da
intenção que o aluno seja um atuante multiplicador de seu
conhecimento por onde incidirem tanto no âmbito familiar como em
outros demais lugares. Dando sequência à assertiva acima, quanto à
professora, esta se diga satisfeita com a realização do projeto de
educação ambiental como aqui considerado e feliz de ter contribuído
para saúde da população do município.

5.1 Campo Empírico da Pesquisa

Esta pesquisa foi realizada no Povoado Alecrim que fica


localizado a 60 km de Caxias - MA. O povoado tem 74 domicílios
registrados e uma população aproximada de 390 habitantes.
A atividade econômica da população é basicamente a
agropecuária e a exploração de pontos turísticos para quem gosta de
natação. A comunidade não tem um posto de saúde para atender sua
população, caso haja necessidade de atendimento médico as pessoas
têm que se deslocar até o povoado Santo Antônio que atende a
população do Alecrim e dos povoados adjacentes.

268
O comércio é feito através de pequenos comerciantes que
vendem gêneros alimentícios, insumos agrícolas e roupas. Também a
população pode dispor de uma padaria, uma papelaria e uma
lanchonete. As atividades de lazer são realizadas no Clube de Festa do
Alecrim que acontecem esporadicamente. As festas religiosas
acontecem no templo da Igreja Evangélica da Congregação Canaã da
Igreja Assembleia de Deus.
A Unidade Integrada Municipal é a única escola que atende a
comunidade. Essa instituição tem 05 salas de aula, uma sala de
informática que também funciona como biblioteca, uma secretaria,
cantina, 02 banheiros para os alunos e alunas e 01 banheiro para os
demais funcionários. A escola é arborizada e tem uma horta escolar.
Os dados desta pesquisa foram coletados através de questionário
que foi aplicado com a escolha dos participantes de forma aleatória.
Foram escolhidos 10 alunos das turmas de 6º, 8º e 9º ano. Os alunos
do 7º ano não puderam integrar porque estavam participando da
Olimpíada de Matemática.
Os alunos do 6º e do 8º ano tiveram respostas semelhantes e
demonstraram um conhecimento parcial sobre o que é a dengue quando
responderam à pergunta “o que é a dengue”, somente 20% tendo
respondido que era uma doença transmissível. A indicação da sua
gravidade não foi detectada nas respostas desses alunos. Os alunos do
9º ano por sua vez, em um total de 20%, demonstraram saber que a
dengue é uma doença grave, mas não fizeram menção a sua forma de
transmissão.
Em relação à pergunta “como a dengue é transmitida” dos
alunos das 03 turmas correspondentes ao 6º, 8º e 9º ano somente 01
(3%) destas turmas respondeu que era o mosquito. Da mesma forma
somente 01 (3%) fez referência à água como um fator importante para
a transmissão. Registra-se que 10% fizeram referência ao mosquito
como vetor da transmissão da dengue.
Em se tratando dos sintomas da doença somente 3 (10%)
identificaram a febre com dor de cabeça como um dos principais
sintomas da dengue. Do total de alunos somente 02 (6,6%)
mencionaram a dor no corpo como o único sintoma conhecido.
Quando perguntado sobre a biologia do mosquito no quesito
forma de reprodução somente 3(10%) identificaram o ambiente como
“água limpa e parada” como o meio propício para a reprodução do
mosquito Aedes aegypti. No que se refere a outras formas e modalidades
de condições apropriadas para a reprodução do mosquito da dengue

269
somente 1(3%) indicou “poças de água e vasos de plantas” como um
meio. Outros 3% responderam que era “a existência de pneus cheios
de água, latas e caixas de água”.
Houveram respostas significativas quando perguntado o que
cada um fazia para evitar a presença do mosquito na sua casa. As
respostas mais expressivas dos alunos do 8º ano tratavam: da
substituição da água por pedras nos vasos de plantas; do esvaziamento
dos depósitos não deixando água parada; não deixando baldes e caixas
de água destampados; virando litros de água; e, queimando sacos
plásticos.
Em relação à resposta queimar sacos plásticos é uma medida
eficaz, porque evita o acúmulo de água parada que favorece a
reprodução do mosquito da dengue, mas, por outro lado, provoca a
poluição do ar.
Os alunos do 6º ano quando perguntados sobre as medidas
preventivas acerca da presença do mosquito na sua casa responderam:
tampando os caixotes; evitar os pneus e vasos com água. Dois alunos
desse ano responderam de forma coerente a essa pergunta, a saber:
“Utilizar água da forma correta. Tampar os caixotes bem, retirar a
água parada dos vasos e pneus, além de tampar as caixas de água”; e,
“não deixando água parada, colocando garrafas de boca para baixo”.
Quando solicitado respostas à pergunta sobre qual atitude
tomaria caso fosse constada a dengue em algum membro de sua família
a 80% dos alunos do 8º e 9º ano responderam que encaminhariam a
pessoa da família ao médico ou a um hospital. Um aluno respondeu
fazendo referências à rotina de casa o que assumiria os afazeres
domésticos. Em relação aos alunos do 6º ano 90% responderam que
conduziriam o parente ao médico, ao hospital ou ao posto de saúde.
Um aluno respondeu que ficaria triste.
Quando questionados sobre terem recebido alguma informação
sobre a dengue 4(40%) alunos do 6º ano responderam que sim, 6 (60%)
alunos do 8º ano responderam que sim e do 9º ano 8 (80%) responderam
sim também. Os alunos identificaram os meios de comunicação como
os responsáveis pela veiculação de informações sobre a dengue e que
chegaram até a eles. Pode-se perceber que o potencial que tem uma
campanha educativa veicula nos meios de comunicação em um trabalho
de prevenção da dengue.
Ao serem arguidos sobre as atividades desenvolvidas na escola
relativa a medidas de prevenção da dengue 5(50%) dos alunos do 6º
ano responderam que sim, dois disseram que a escola não desenvolvia

270
atividades e um aluno registrou que não tinha conhecimento de tais
atividades. Quanto aos alunos do 8º ano 8 (80%) disseram que tinham
conhecimento, um disse e outro mencionou uma ação que poderia ter
sido realizada na escola que era o recolhimento de sacos plásticos. E
os alunos do 9º ano 7 (70%) alunos disseram que sim e 2(20%) disseram
que não. Um aluno do 9 º ano respondeu que a escola poderia fazer o
trabalho através de vacina, essa resposta demonstra total
desconhecimento acerca dos avanços científicos nas pesquisas sobre a
cura e prevenção da dengue. Não existe vacina.
No que se refere às ações desenvolvidas pela família dos alunos
na prevenção da dengue 4(40%) alunos do 6º ano disseram que em sua
casa há uma preocupação com a prevenção da dengue, 2 (20%) disseram
que não e o restante respondeu que não sabia. Os aluno do 8º ano
7(70%) responderam nesse quesito que não havia essa preocupação
em sua casa e 2 (20%) afirmaram que não sabiam. Quanto aos alunos
do 9º 2(20%) disseram que sim, outro aluno afirmou que sua casa era
muito cuidada, mas não era possível evitar o mosquito da dengue e
4(40%) responderam que não.
Quando abordados acerca da participação da comunidade na
prevenção da dengue na escola, em casa e na própria comunidade os
entrevistados responderam: 2(20%) alunos do 6º ano que não sabiam,
mas o restante deu respostas específicas, a saber: tampando os caixotes
e preservar a água; tampar os caixotes bem, os vasos e as caixas de
água; com a comunidade e em casa assim como na escola, podemos
retirar as águas acumuladas em pneus; se não podemos pegar dengue
e ela mata; não acumular lixo nas ruas e esvaziar todos os recipientes
com água; não deixar água parada colocando as garrafas de cabeça
para baixo; tampando os caixotes e preservar a água. Pode-se perceber
que há uma similaridade das respostas que se resumem ao diminuir as
condições propícias para a reprodução do mosquito.
Em relação aos alunos do 8º ano 01(10%) dos alunos deu uma
resposta coerente relativa a um trabalho colaborativo entre comunidade
e escola fundamentado na prevenção da dengue, a saber: “em casa
podemos cuidar para que não haja mosquito, na escola podemos reunir
os alunos para cuidar do meio ambiente e a comunidade podemos
alertar sobre o mosquito”. Em relação a prevenção 05 (50%) alunos
mencionaram a necessidade de evitar a água parada em diversos tipos
de recipientes como caixas de água, baldes, latas e/ou outros recipientes
que acumulam água da chuva. Outro aluno disse que “devemos tampar
baldes, virar latas e levar os pneus a locais propícios”. Este último aluno

271
demonstrou um conhecimento adequado para a prevenção da dengue
principalmente no que deve ser feito em relação aos pneus.
Em relação aos alunos do 9º ano eles responderam de forma
semelhante, mas deve-se registar a fala do aluno que abordou a
necessidade da conscientização da população. No seu texto o aluno
diz: “sempre os melhores meios para se prevenir a dengue é
conscientizar a população para não deixe a água se acumular em locais
que o mosquito possa se reproduzir”. Os outros alunos demonstraram
uma preocupação em relação à água deixada em diversos recipientes.
Um aluno mostrou desconhecimento em relação à dengue, porque ele
sugere tomar vacina contra dengue, ainda não existindo a vacina.
Outros alunos afirmaram a necessidade de não deixar acumular o lixo,
limpar os vasos de flores, tampar a caixa de água e manter o ambiente
limpo.
É no depoimento do aluno do 9º ano que se resume a
importância da educação ambiental nesse processo: “Se todos nós
fizéssemos a nossa parte o mosquito não invadiria a escola nossa casa
nem a comunidade. Não jogar lixo na rua, não deixar resto de água
nos litros e outras coisas para evitar a dengue”. Mesmo não
conceituando a educação ambiental ele trata dos elementos que a
compõem como o trabalho colaborativo no cuidado com o meio
ambiente.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dengue é uma enfermidade febril ocasionada por um vírus


(flavivírus) originado por um mosquito denominado Aedes aegypti e que
se dissemina principalmente devido às condições de um meio ambiente
adequado ao seu desenvolvimento.
Tendo em vista a situação apresentada hoje sobre as séries de
casos sobre a dengue no Brasil, e, principalmente, o aparecimento de
casos nas zonas rurais, onde a maioria das vezes as informações sobre
o mosquito é repassada de maneira insuficiente e superficial, é onde se
ver a necessidade de um programa de ação eficiente e de destaque do
que diz respeito aos perigos desse mosquito.
De acordo com a análise e a problematização da dengue, faz-se
necessário uma conscientização junto à escola, com alunos, professores,
diretores e os demais funcionários, ainda que também com a ajuda da
comunidade para formulação de planos de ação no combate ao Aedes
aegypti.

272
Para tanto é preciso considerar o aprimoramento de um
conhecimento amplo quando a respeito do mosquito Aedes aegypti, do
engajamento das principais formas de se contrair a doença, do
esclarecimento acerca dos sintomas, dos tratamentos, da prevenção e
do combate à doença, numa ação integrada da escola e da comunidade
e da Secretaria de Saúde do município. E isto quando da importância
de ações próprias da redução e da eliminação da ocorrência dos casos
de dengue tanto na escola como na comunidade em que esta instituição
localiza-se.
Em vistas de outras propostas é possível inserir programas já
utilizados na área de conscientização e prevenção do foco da doença,
bem como se criar ações de modo que ativas e eficazes para com a
eliminação da dengue. A junção da coletividade entre escola e
comunidade é uma maneira decisiva na tomada de possíveis decisões
visando à contemplação da execução de ações, assim como o auxílio e
apoio de secretarias de saúde.
O desenvolvimento de um projeto deve considerar a
disponibilidade de ajuda da comunidade, secretarias, escolas e governo
municipal, como também está alinhado ao desempenho de profissionais
da área da saúde, bem como agentes de saúdes e agentes endêmicos.
Alunos acometidos pelo mosquito no âmbito escolar,
proporcionalmente tem o menor rendimento, além de indicação falha
no manejo e do como se prevenir da dengue, contudo torna-se claro a
falta de campanhas e ações de combate e conscientização de todos os
níveis de conhecimento da escola assim como da comunidade.
A investigação do ambiente familiar dos alunos, quando de uma
averiguação de possíveis locais em que possam vir a ser depósito para
o acomodo do mosquito, e dentre estes locais: reservatório de lixo;
plantas e jardins; caixa d’água; calhas e lajes e depósitos de água,
espaços que oferecem as principais vias de acesso à proliferação do
mosquito.
Desta forma, existe a possibilidade de aprimorar o
conhecimento a respeito do mosquito Aedes aegypti, e os locais onde
este se aloja. Ainda que também para o combate à dengue faz-se
necessário um engajamento quando do conhecimento das principais
formas de se contrair a doença, do esclarecimento dos sintomas, dos
tratamentos, da prevenção e do combate à doença. E isto quando há
de levar-se em conta uma ação integrada da escola junto à comunidade,
à secretaria de saúde do município, visando à redução e à eliminação
da ocorrência dos casos de dengue na escola e na comunidade.

273
REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 4ª ed. Lisboa: Edições 70, 1977.


DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 5ª ed.
São Paulo: Global, 1998.
DUARTE, M. C. S. Meio ambiente sadio: direito fundamental em crise.
Curitiba (PR): Juruá, 2003.
GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. 3ª ed. Campinas
(SP): Ed. Papirus, 2007.
JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos
de Pesquisa, n. 118, março/ 2003.
PASQUINI, Nilton Cesar. Educação ambiental no controle de aedes aegypti,
uma estratégia de combate e prevenção. In: Revista educação Ambiental em
Ação. No. 41. Disponível: http://www.revistaea.org/
artigo.php?idartigo=1269&class=21. Acesso em 31 de maio de 2014.
RAMOS; M. G. M.; CORREIA, M. L. A. A educação ambiental na
prevenção e controle da dengue no município de Fortaleza: Reflexões sobre
Saúde e sustentabilidade Ambiental. Anais do XIX Encontro Nacional do
CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de
2010.

274
A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DA UNIDADE
ESCOLAR MUNICIPAL INEZ EVANGELISTA
GUIMARÃES DO POVOADO BARRO VERMELHO
DE CAXIAS - MA ACERCA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E DA ESCOLA SUSTENTÁVEL

Leidia da Silva Sousa Santos


Graduada em Ciências Biológicas pela Faculdade do Médio Parnaíba (FAMEP)
Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes
Mestre e Doutora em Educação - Universidade Federal do Piauí (Orientadora)

RESUMO

A educação ambiental objetiva o estudo do meio ambiente


relacionando-o com processos de sensibilização, de aquisição de
conhecimentos e de habilidades para resolver problemas relativos à
questão da preservação ambiental. O objetivo geral deste trabalho foi
analisar a percepção dos professores da Unidade Escolar Municipal
Professora Inez Evangelista Guimarães acerca da educação ambiental
e escola sustentável. Para tanto fez-se um trabalho de pesquisa
utilizando o estudo de caso como metodologia. Neste trabalho
procurou-se verificar a percepção que os professores da Unidade Escolar
Municipal Professora Inez Evangelista Guimarães em Caxias – MA,
tem sobre a educação ambiental. Buscou-se apreender o papel do
professor e verificar se os mesmos procuram estimular seus alunos e
alunas a uma participação consciente e crítica quando de uma análise
da realidade e do reconhecimento do papel que cada um tem sobre a
preservação ambiental. Conclui-se que os professores tem um prévio
conhecimento do que é educação ambiental e o que é escola sustentável,
mas não desenvolvem atividades na escola e muito menos tem a
percepção da importância de se discutir à preservação ambiental e de
se ter práticas cotidianas que demonstrem o compromisso com a causa
ambiental.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Escola Sustentável;


Sustentabilidade; Ensino Fundamental.

275
1 INTRODUÇÃO

A educação ambiental está inserida oficialmente na política de


educação no Brasil desde Política Nacional do Meio Ambiente que foi
promulgada através da Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre fins,
mecanismos de formulação e aplicação da Política Nacional do Meio
Ambiente. Essa Lei inaugura a Educação Ambiental como política e
estende, no seu Artigo 2º, inciso X que a “Educação Ambiental a todos
os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”.
O Decreto n. 88.351/83, que regulamenta esta lei, evidencia e
estabelece as competências referentes às diferentes esferas do Podre
Público e determina que esses poderes devem “orientar a educação,
em todos os níveis, para a participação efetiva do cidadão e da
comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os
currículos escolares das diversas matérias obrigatórias complementem
o estudo de ecologia.”
Em 1999 com a promulgação da Lei de nº 9.795 que instituiu a
Política Nacional de Educação Ambiental, determina que esta política
deverá ser regulamentada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) e pelo Conselho Nacional de Educação.
Essa educação visa o estudo do meio ambiente relacionando-o
com processos de sensibilização, de aquisição de conhecimentos e de
habilidades para resolver problemas relativos à questão da preservação
ambiental. Ainda que também recomenda utilizar diferentes processos
educativos para a construção do conhecimento sobre o meio ambiente.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) adotou a educação
ambiental como uma política a partir dos diversos programas e projetos
que essa instituição tem desenvolvido tanto para a Educação Básica
como para a Educação Superior. Assim, é possível registrar os
programas que fazem parte do escopo do MEC como vistos a seguir:
Programa Nacional de Educação Ambiental; Vamos Cuidar do Brasil;
Com-Vida; Escola Sustentável; Agenda 21 na Escola; Consumo
Sustentável; e Programa de Dinheiro Direto na Escola.
Considerando que a escola é um espaço privilegiado para a
aprendizagem acerca do meio ambiente, portanto, teve-se uma noção
da necessidade de discutir o tema em estudo na escola onde a
pesquisadora exerce seu papel de educadora e nas escolas das
localidades vizinhas. Porém, para a efetivação deste trabalho foi
escolhida a Unidade Escolar Municipal Professora Inez Evangelista

276
Guimarães, porque é uma escola recém-inaugurada e que a mesma
está inserida no padrão das escolas do MEC.
É importante ressaltar que a escola em que a pesquisadora atua
não foi escolhida para esta pesquisa, porque a instituição como aqui
referenciada já tem um programa de educação ambiental o qual
possibilitou a participação dos alunos na Conferência Infanto-Juvenil
para o Meio Ambiente (CIJMA) em 2013.
O objetivo geral deste trabalho foi analisar a percepção dos
professores da Unidade Escolar Municipal Professora Inez Evangelista
Guimarães acerca da educação ambiental e a escola sustentável. Para
tanto pesquisou-se a percepção que os professores da Unidade Escolar
Municipal Professora Inez Evangelista Guimarães tem sobre a
educação ambiental. Buscou-se apreender o papel do professor e
verificar se os mesmos procuram estimular seus alunos e alunas a uma
participação consciente e crítica quando de uma análise da realidade e
do reconhecimento do papel que cada um tem sobre a preservação
ambiental.
A relevância deste trabalho está associada à necessidade se se
preservar o meio ambiente e a escola, esta, uma instituição enquanto
espaço ideal para efetivação da educação ambiental. Outro fator
importante foi à inclusão da dimensão ambiental nos projetos de
financiamento da educação. O Programa Dinheiro Direto na Escola
(PDDE) impõe uma condição para que cada escola participe desse
programa que é implantar o Programa Escola Sustentável (PES).
O PES é um programa de educação ambiental orientado com
vistas às escolas públicas e às escolas particulares e que tem como
objetivo o estímulo e a constituição de uma cultura de sustentabilidade,
a partir do desenvolvimento de habilidades, do fortalecimento de
hábitos e de comportamentos sustentáveis na escola, na família e na
comunidade.
O programa como acima identificado, o PES, opera com duas
frentes:

I - estímulo à mudança de comportamento e promoção


de atitudes e práticas sustentáveis entre alunos,
professores, funcionários e membros da comunidade
escolar; e,
II - promoção da melhoria dos indicadores de
sustentabilidade da escola como consumo de água,
consumo de energia, minimização de resíduos sólidos,
ambiente escolar e biodiversidade.

277
2 HISTÓRICO E CONCEITO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em 1974 a Comissão Nacional da UNESCO, na Finlândia,


realizou um Seminário sobre Educação Ambiental o qual a Educação
Ambiental passou a ser considerada não como um ramo da Ciência
ou como uma matéria de estudos de modo separado, mas que deve ser
tratada de acordo com o princípio de uma educação integral.
Belgrado, capital da Sérvia, sediou em 1975 o Seminário
Internacional de Educação Ambiental, que ficou conhecido como o
Encontro de Belgrado. Esse evento foi promovido pela UNESCO como
resultado de uma das várias proposições da Conferência de Estocolmo
(1972). O documento final desse evento, conhecido como a Carta de
Belgrado, é o primeiro documento oficial dedicado à Educação
Ambiental, um dos primeiros no mundo e o primeiro que definiu a
Educação como anteriormente referenciada, como sendo:

A educação dirigida ao crescimento de uma população


mundial consciente e preocupada com o meio ambiente
e seus problemas associados e que tenha conhecimentos,
habilidades, atitudes, motivações e compromissos e possa
trabalhar individual e coletivamente para a solução dos
problemas atuais e prevenção dos problemas futuros.
(Documento Final da Conferência de Belgrado)

A UNESCO, em parceria com o Programa das Nações Unidas


para o Meio Ambiente (PNUMA), organizou a Primeira Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental que aconteceu em
Tbilisi, capital do Estado da Geórgia na Rússia, no ano de 1977.
Essa conferência é considerada o marco da política mundial da
educação ambiental, porque estabeleceu seu conceito, princípios e
estratégias.
A Conferência de Tbilisi (1977) dá ênfase à necessidade de uma
postura crítica ao se promover uma análise sobre os diversos fatores
que intervém em determinada situação que envolve a questão ambiental
(UNESCO, 1977). Essa conferência influenciou a elaboração Lei nº
6.938, de 1981, que instituiu Política Nacional do Meio Ambiente,
com suas finalidades e mecanismos de proposição e efetivação.
Em 1992 o Brasil sediou a II Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente que ficou conhecida como a ECO/92. Nessa
conferência foi assinado o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Esse tratado

278
considera a educação como um direito de todos, mas também como
um dever em que todas as pessoas são ao mesmo tempo aprendizes e
educadores.
A busca da valorização do meio ambiente no âmbito escolar
pode-se dar através do desenvolvimento de temas já bastante discutidos
em documentos tanto do campo educacional quanto nos que orientam
as políticas ambientais, um dos temas mais importantes é a
sustentabilidade.
Através de trabalhos realizados onde o foco é a sustentabilidade,
pode haver grandes mudanças no pensar e no agir do ser humano que
hoje é o grande responsável pela degradação do meio ambiente. Mas
para que ocorram essas mudanças é preciso que setores governamentais
procurem fazer, dar e gerar condições favoráveis, principalmente, na
área educativa, aonde essa área já vem sendo modificada positivamente
para dar possibilidades para a realização de trabalhos de forma que
venham trazer criações e inovações para educação ambiental e para
sustentabilidade.
É importante lembrar que a educação ambiental e os programas
de sustentabilidade propõem em sua maioria a recuperação do meio, a
conservação e até mesmo uma proposta de qualidade de vida muito
melhor. A sustentabilidade hoje é vista como novo critério básico e
que integra responsabilidades éticas e também aponta propostas
pedagógicas voltadas para a conscientização através de conhecimentos
adquiridos.
A educação tem um papel muito importante para a sociedade
e cada vez mais vem enfrentando desafios para poder suprir a
necessidade de novos conhecimentos para poder realizar causas sociais
que a cada dia se tornam mais complexas e os riscos ambientais se
tornam maiores. E a partir desses riscos é que os ambientalistas
procuram resgatar o desenvolvimento de valores e de comportamento
e ainda estimular a visão como um todo dando ênfase na
interdisciplinaridade na construção de saberes.
O estudo do meio ambiente possibilita uma análise
interdisciplinar das questões ambientais no processo pedagógico. Por
isso e muito mais é que a interdisciplinaridade veio para romper essas
dificuldades e contribuir para que cada área de conhecimento ao ser
utilizado para analisar um determinado contexto específico, possa
contribuir para que cada ponto de vista seja averiguado e colocado em
prática à sua maneira sempre visando mudanças e melhorias no meio
ambiente.

279
Nesse sentido, a escola é um ponto indispensável na formação
da vida social das pessoas. Ela é um espaço onde devem ser
desenvolvidas atividades para que o aluno possa entender os problemas
que o meio ambiente vem sofrendo e que o mesmo poderá contribuir
para modificar esse quadro.

3 ESCOLA SUSTENTÁVEL

A Lei nº 9.795/ 99 que dispõe sobre a política de educação


ambiental propõe a institucionalização da educação ambiental na
educação brasileira. Portanto, desde 1999 o Brasil passou a promover
ações pedagógicas que favorecem a formação de valores, experiências,
capacidades e ações voltadas para aquisição da sustentabilidade
socioambiental.
Escolas Sustentáveis é um programa de educação ambiental
orientado a escolas públicas e particulares e que tem como finalidade
o fortalecimento de hábitos e condutas sustentáveis na escola, na família
e na comunidade. Os fundamento de uma escola sustentável. Associado
ao Programa Escola Sustentável existe o programa COM-VIDA que
concretiza as ações voltadas para a institucionalização desse programa
no âmbito escolar (BRASIL, 2012).
O programa COM-VIDA é um conjunto de vários elementos
que envolvem estudantes, professores, direção, funcionários, pais de
alunos e a comunidade na perspectiva de gerar situações de
sustentabilidade nos espaços escolares. É um programa de grande
importância na construção de espaços sustentáveis na escola. (BRASIL,
2012).
Para participar desse programa a escola tem que criar a
Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola COM-
VIDA. A COM-VIDA deve ser um comissão atuante na escola e para
fortalecê-la é preciso: realizar oficinas com formação de pessoas;
possibilitar um planejamento participativo da agenda 21 nas escolas;
disponibilizar equipamentos que venham favorecer os registros e acesso
à internet; estimular a discussão no âmbito da escola de contexto
teórico, metodológico e pedagógico em educação ambiental e
sustentabilidade; criar situações de estudos voltados para o espaço físico
da escola, avaliar e viabilizar a intervenção arquitetônico de acordo
com critérios sustentáveis e de acessibilidade; realizar formação de
oficinas para a produção e obtenção de materiais didáticos e
pedagógicos. (BRASIL, 2012).

280
O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) - Escola
Sustentável, um programa criado pelo MEC para incentivar as
escolas a promoverem melhorias na qualidade do ensino e dar apoio
às escolas públicas adotando meios para a sustentabilidade
(BRASIL, 2013).
O repasse de recursos só acontece através do SECADI/MEC,
da internet via Plano de Desenvolvimento na Escola (PDE) e da cópia
da ata da reunião de planejamento da comunidade escolar. As escolas
devem estar com seus cadastros todos atualizados, processo que apensa
ocorre por meio do sistema PDDE via web. E os que não possuem
acesso à internet tem que apresentar um formulário de Cadastro da
Unidade Executora, ou seja, da relacionada escola.
O plano de ação é elaborado através das implementações de
recursos do PDDE Escolas Sustentáveis a partir da comunidade escolar.
As decisões devem estar lavradas em ata e com a assinatura das pessoas
presentes. E depois deve ser direcionada à Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) e as
ações impostas que constituem o Plano de Ação.

4 METODOLOGIA E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Campo Empírico da pesquisa

A Unidade Escolar Municipal Professora Inez Evangelista


Guimarães localiza-se no Povoado Barro Vermelho, 2º Distrito de
Caxias (MA), a 48 km da sede desse município. O nome da escola foi
escolhido pela comunidade como forma de homenagear a uma das
primeiras professoras que lecionaram para crianças, jovens e adultos
no Povoado Barro Vermelho.
A professora Inez Evangelista Guimarães notificou-se pela sua
disponibilidade em atender à comunidade no que se refere à educação
e notadamente a alfabetização dos moradores de Barro Vermelho.
Essa escola foi inaugurada no dia 13 de agosto de 2011, porém seu
primeiro ano letivo deu-se somente em 2012. A edificação dessa
unidade deveu-se a uma demanda do Povoado Barro Vermelho, além
de fazer parte do projeto de reestruturação escolar da rede escolar de
Caxias (MA).
As comunidades e os povoados que se beneficiam dessa escola
são os povoados: Redenção; Bebedouro; Lagoa do Tigre; Boca da Mata;
Cofre; e, Vertente. Os alunos e as alunas desses povoados são

281
beneficiados pelo transporte escolar. O Centro de Ensino Thales Ribeiro
Gonçalves, funciona de modo que atendendo 130 alunos do Ensino
Médio da rede Pública Estadual de Ensino do Maranhão.
O povoado Barro Vermelho surgiu a cerca de 200 anos atrás,
fica a 49 km da cidade de Caxias (MA) e tem em torno de 70 famílias
morando no local. As pessoas que constituem a família Vieira e a
família Evangelista foram as primeiras a povoar a localidade, os
moradores tem como prática de trabalho, a agricultura de onde
retiram meios de sustentação quando em relação ao seu próprio
alimento, ainda que também fortalecendo seu poder aquisitivo a partir
da comercialização os produtos cultivados no sentido de contribuir
com o poder aquisitivo
A Unidade Escolar Municipal Professora Inez Evangelista
Guimarães tem como visão a educação a partir integração da escola,
comunidade e família, e por missão promover a educação com maior
qualidade através dessa integração. A Unidade Escolar como em estudo
oferece Ensino Fundamental de 1º a 9º ano, com matrícula atual de
219 alunos, no diurno e no noturno funciona o Anexo V do Centro de
Ensino Thales Ribeiro Gonçalves, uma escola de Ensino Médio. Escola
esta, o Centro de Ensino Thales Ribeiro Gonçalves, que tem capacidade
de atender 288 alunos.

4.2 Sujeitos da Pesquisa

Para realizar esta pesquisa foi elaborado um questionário


(Apêndice I) que continha questões relativas a meio ambiente, educação
ambiental e escola sustentável. Foram distribuídos 13 questionários
para os professores da Unidade Integrada Municipal Professora Inez
Evangelista Guimarães. Desse total somente 10 professores entregaram
o questionário respondido. Uma professora recebeu o questionário,
mas prontamente nos comunicou que não participaria da pesquisa.
Dois outros professores não devolveram o questionário e não
explicaram o porquê de não ter respondido.
Todos os professores que responderam ao questionário tem
Curso Superior em: Licenciatura em Matemática; Licenciatura em
Ciências Naturais; Licenciatura em Letras - Inglês; Licenciatura em
Letras - Português; Licenciatura em História; Licenciatura em
Geografia; Licenciatura em Pedagogia; e Licenciatura em Filosofia.
As turmas em que esses professores lecionam correspondem à prática
do Ensino Fundamental.

282
Os professores que se dispuseram a participar da pesquisa
trabalham no turno matutino e vespertino. Desse total 30% do sexo
masculino e 70% do sexo feminino.

4.3 A Percepção dos Professores acerca da Educação Ambiental

A escola é um dos primeiros lugares onde a criança passa a ter


contato com coisas diferentes do que ela já conhece e é nesse ambiente
diferente que ela vai passar a se conscientizar do quanto nosso meio
ambiente está degradado, um dos motivos que a educação ambiental
passou a ser trabalhada em todas as disciplinas.
É das escolas que saem ou deveriam sair grandes cidadãos com
opiniões formadas. Atualmente, muitos professores já vêm trabalhando
a educação ambiental de forma bem simplificada, através do plantio
de árvores, da coleta seletiva, e isto quando até mesmo de uma simples
ação podendo-se começar uma conscientização, isto tendo início a
partir da sala de aula deixando-a sempre limpa.
Esse contexto natureza/ambiente é muito mais que uma simples
informação, é uma ação social que cada ser humano deve ter como
responsabilidade e obrigação. A natureza em que homem faz parte
dela “grita” por novas mudanças, novas concepções. Como é preciso
mudar, vem a necessidade de novos estudos, logo a escola torna-se
indispensável nesse momento, principalmente nos anos iniciais da
escolaridade, que é o começo de novos pensamentos e possibilidades
de transformações.
Devido a problemas sociais, políticos e culturais é que hoje a
educação ambiental vem sendo mais trabalhada nas escolas, onde o
foco é a conscientização de alunos. A educação ambiental é peça chave
na luta contra a degradação ambiental. É na escola que alunos e
professores juntos procuram meios para que possam trabalhar em defesa
do meio ambiente. A escola é um polo onde há possibilidade de criar e
firmar compromissos de conscientização do que vem acontecendo no
meio ambiente.
O professor encontra muitas dificuldades para trabalhar esse
tema transversal que é a educação ambiental, o motivo é aumento na
lotação em salas de aulas, vários conteúdos para o ano. Mas o educador
tem como obrigação preparar esses alunos para uma vida social através
de algo mais concreto, possibilitando uma aprendizagem maior do que
se é trabalhado e não esquecendo de sempre procurar trabalhar o lúdico
em sala de aula.

283
O professor através de suas ações pode se tornar espelho para
seus alunos, principalmente nos anos iniciais onde a criança está
começando a formar as suas ideias sobre valores. A educação ambiental,
a partir dos anos iniciais, veio para oferecer mais significado na vida
da criança e proporcionar que ela faça a diferença ao transformar o
meio em que vive.

4.4 Análise do Questionário

Baseado nas mudanças que ocorreram no contexto ambiental


a sociedade tem aumentado as preocupações com o meio ambiente,
daí procurou-se saber dos professores qual o conceito que ele faz de
Educação Ambiental. E assim, eis a apresentação da Tabela 1.

TABELA 1: Qual o conceito que você faz de Educação Ambiental?

Fonte: Respostas fornecidas em questionários pelos professores da escola


pesquisada

De acordo com os entrevistados o meio ambiente é tudo que


envolve a vida, ou seja, onde haja condições favoráveis que ela se
desenvolva com a qual o homem interage e assim demonstram que têm
conhecimento sobre essa questão, no entanto todos mencionam que,
sobretudo, é um processo de conscientização para que haja preservação.
Notou-se que os entrevistados são conhecedores das questões
relacionadas ao meio ambiente, mostrando-se estarem informados
sobre o assunto e que buscam estar passando para seus alunos essas
concepções.
Sabe-se que sem o conhecimento sobre o meio ambiente, fica
difícil compreender a função da educação ambiental nas escolas e como

284
essa educação pode transformar atitudes a favor da vida. Dai procurou-
se saber o que significa para o professor tornar-se mais consciente acerca
das questões ambientais, conforme expresso na Tabela 2 a seguir:

TABELA 2: Você sabe o que é escola sustentável?

Fonte: Respostas fornecidas em questionários pelos professores da escola


pesquisada

De acordo com o ponto de vista das pessoas entrevistadas sabe-


se que deram uma definição de escola sustentável na qual infelizmente
as escolas ainda não desenvolvem no seu espaço o termo
sustentabilidade.
Neste sentido percebeu-se que os professores tem um papel
fundamental na construção de conhecimentos e valores em relação às
questões ambientais, mais além de ser um profissional reflexivo. Sabe-
se que esses componentes são necessários para o processo educativo,
todavia, além destas informações, a própria maneira como elas são
adquiridas é que vai provocar o desenvolvimento da formação
pretendida.
A escola é um lócus de ensino aprendizagem que transforma o
sujeito em cidadão, onde os professores e alunos exercem a sua
cidadania, ou seja, comportam-se em relação a seus direitos e deveres
de alguma maneira.
Vale ressaltar que a educação passou por um desenvolvimento
histórico, movido, principalmente, pela tecnologia. As novas formas
de aprender e de ensinar foram elaboradas e disponibilizadas. Espaços
como nossa própria casa, onde trabalhamos, ou onde dispomos de
nosso tempo de ócio e lazer, tornaram-se as bases do desenvolvimento
285
de meios de comunicação, com um foco muito significativo no
computador, com o qual se pode acessar a internet.
Neste sentido a sociedade adquiriu nos últimos anos novos
hábitos no qual vieram por surgir mudanças radicais no seu
comportamento, principalmente na estrutura de boa parte das famílias
com filhos que não são educados totalmente pelos pais, que por sua
são obrigados a deixar a cargo de outras pessoas grande parte dessa
responsabilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos problemas ambientais que o planeta Terra apresenta,


no momento, vem acarretando o aquecimento global, outros provocam
a escassez de alimentos e perda da biodiversidade, por exemplo.
Portanto, todos os cidadãos e cidadãs deverão participar na prevenção
e tentativa de solução de tais problemas na busca da cidadania
ambiental.
Algo que tem sua concretização no propósito de gerar inovações
quando em relação a atitudes e a comportamentos em meio à questão
do consumo por parte da sociedade, ainda que também considerando-
se esta concretização quando da intenção em contribuir com a mudança
de valores tanto em termos individuais como coletivos (JACOBI, 2005).
Uma dimensão ambiental que não é discutida e muito menos
vivenciada de forma satisfatória na escola como se poderia imaginar.
A legislação educacional pertinente a essa área já existe no Brasil desde
1988 com a promulgação da Constituição Federal.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) tem investido nesse
campo com a implementação de programas como: 1) o Programa
Nacional de Educação Ambiental (ProNEA); Educação Ambiental:
Aprendizes de Sustentabilidade; Vamos Cuidar do Brasil; Pensar o
Ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental; COM-VIDA/
Agenda 21 na Escola; Consumo Sustentável; Coletivos Jovens de Meio
Ambiente; Juventude Cidadania e Meio Ambiente; Viveiros
Educadores; e, Carta das Responsabilidades para o Enfrentamento das
Mudanças Ambientais Globais.
São muitos os programas e os recursos investidos, mas ainda
não tem ressonância na escola e muito menos na vida dos alunos e das
alunas. A formação de professores não tem contemplado essa área
mesmo depois que a educação ambiental tornou-se obrigatória nos
currículos.

286
Atualmente, estão em vigor vários programas e projetos
propostos pelo MEC e que são voltados para a discussão da dimensão
ambiental nos currículos, na gestão e no espaço físico. Todavia, as
formações pertinentes a tais projetos também não chegam aos
professores o que termina por dificultar uma ação educativa em sua
essência e de forma trans e interdisciplinar onde a dimensão ambiental
orienta todo processo.
Espera-se que este estudo possa contribuir para ampliar essa
área de conhecimento e refletir sobre a prática social, na perspectiva
de propor transformações na escola que contemple as políticas
ambientais.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Ministério do Meio Ambiente.


Vamos cuidar do Brasil com escolas sustentáveis: educando-nos para pensar
e agir em tempos de mudanças socioambientais globais. Brasília (DF): MEC/
MMA, 2012.
_______. Ministério da Educação e Cultura. Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE) - Escola Sustentável. Brasília (DF): MEC, 2013.
_______. Ministério da Educação. Ministério do Meio Ambiente. UNESCO.
Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola.
Brasília (DF): Ministério da Educação, 2007.
_______. Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação. Política
Nacional de Educação Ambiental (PRONEA). 3ª ed. Brasília (DF): Ministério
do Meio Ambiente, 2005.
_______. Ministério do Meio Ambiente. Ministério da Educação e Cultura.
Formando Com-vida. Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida
na Escola. Construindo Agenda 21 na escola. 3ª ed. rev. e ampl. Brasília
(DF): MMA/MEC, 2012.
______. Presidência da República. Casa Civil. Lei 6.938 de 31 de agosto de
1.981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências
_______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Lei No 9.795, de 27 de Abril de 1999. Dispõe sobre a educação
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Brasília (DF): Presidência da República, 1999.
_______. Senado Federal. Constituição Federal de 1988. Brasília (DF):
Senado Federal. Secretaria Especial de Editoração e Publicações. Subsecretaria
de Edições Técnicas, 2006.
287
FERREIRA, I. D. Meio ambiente, sociedade e educação. Brasília (DF):
Centro de Educação a Distância (CEAD), 2006.
NUNES, M. de L. R. L. A educação ambiental e o ensino de ciências em
escolas do ensino fundamental em Teresina - PI e Timon - MA. Teresina,
1998. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade Federal do Piauí.
Teresina (PI): UFPI, 1998.
UNESCO - PNUMA. Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental. Declaração da Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental. Tbilisi, Geórgia, 14 a 26 de outubro de 1977.
UNESCO. Comisión Nacional Finlandesa para la UNESCO. Serminaron
Environmental Education, Tammi-Finlândia, 1974.
______. Seminário internacional de Educación Ambiental: Belgrado,
Yugoslávia, 13-22 de octubre, 1975. Paris, 1977.
_______. La Educacion Ambiental. Las Grandes Orientaciones de la
Conferencia de Tbilisi. Tbilisi, 1980.

288
ANÁLISE DAS DIFICULDADES QUE AS PESSOAS
TÊM COM RELAÇÃO A APRENDER A DANÇAR E
A DANÇA COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA
PARA A DESCOBERTA DA DIMENSÃO
AMBIENTAL NA ESCOLA

(autor) RIBEIRO, Sidelmonio Alves


Especialização em Metodologia do Ensino de Artes pela Faculdade Internacional de
Curitiba - FACINTER. Graduado em Marketing pela Faculdade Internacional de
Curitiba - FACINTER. Professor de Dança Clássica e Contemporânea. E-mail:
sidhribeiro@gmail.com
(coautora) CORDEIRO, Gisele do Roci
Professora Mestre em Educação pela PUC-PR, e professora do Centro Universitário
Internacional UNINTER. (Orientadora)

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo geral analisar, a partir das


falas dos autores trabalhados, as principais dificuldades que as pessoas
sentem para aprenderem a dançar e suas causas e a importância da
dança como estratégia para a descoberta da dimensão ambiental na
escola. A pesquisa foi de cunho bibliográfico. Os autores pesquisados
e que constam neste artigo sobre a dança, o corpo simbólico e as
dificuldades e causas no aprender a dançar foram: Sabongi (2008),
Barbosa (2007), Marques (2003), Bock (1999), Le Boulch (1982), dentre
outros. Após a análise das falas tem-se como considerações finais que
apesar das dificuldades que afastam as pessoas da dança ou do aprender
a dançar, a dança é vista e entendida como a arte de expressão em
forma de movimento por ter sensibilidade, criatividade e expressividade,
além de ajudar as pessoas a superarem suas dificuldades, através da
ampliação de suas capacidades de interação social e afetiva, bem como
ajudam a desenvolver as capacidades motoras e cognitivas de cada
indivíduo, em especial nas crianças, possibilitando a humanização e
integração do ser humano com um todo. Fazendo do corpo um
instrumento poderoso de comunicação, notadamente com a dimensão
ambiental na escola.

Palavras- Chaves: Dança. Dificuldades. Corpo. Movimento.


Superação. Dimensão ambiental.

289
1. INTRODUÇÃO

Este artigo consiste em um trabalho de pesquisa de cunho


bibliográfico que segundo Marconi e Lakatos (2003, p.182) “não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia
o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras”. Assim, foram lidos autores que discorreram
sobre o tema, e em seguida retirado questões que serão apresentadas a
seguir, com as respostas contidas nos autores pesquisados e na minha
vivência, como professor de dança.
E, neste sentido, a primeira questão consiste em reflexões sobre
a relutância das pessoas em dançar; na segunda questão se tem os
obstáculos que as pessoas colocam para não dançarem; a terceira
questão aborda as dificuldades elencadas para que as pessoas não
dancem. Na quarta questão se tem reflexões sobre como modificar
estas dificuldades, fazendo com que as pessoas dancem, ressaltando
os benefícios da dança e a importância de tê-la na grade curricular das
escolas regulares e, por fim as considerações finais, ressaltando aqui,
que não se pretende encerrar a questão, mas, convidar o leitor a refletir,
e quem sabe, continuar esta pesquisa, trabalhando não mais apenas a
dimensão bibliográfica, mas uma pesquisa de campo. Outro aspecto
essencial abordado é a importância da dança como estratégia da
descoberta da dimensão ambiental na escola.

2. RELUTÂNCIA DAS PESSOAS EM DANÇAR

Na maioria das vezes as pessoas relutam em dançar por falta


de conhecimento dos benefícios que a dança pode trazer para as
mesmas. Sabongi (2008) no seu texto intitulado Vícios e problemas no
mundo da dança, ele menciona algumas dificuldades tais como:
“descuido, senso crítico, falta de musicalidade, amor próprio, fofocas
e Mexericos, baixa– estima”.
A minha vivência como professor de dança há 27 anos também
aponta que uma grande dificuldade é o preconceito que emerge na
família, entre os amigos, na escola, acrescidos a falta de tempo, de
dinheiro, de incentivo, enfim, os motivos são os mais variados possíveis.
E, como exemplo de alguma destas dificuldades, tem-se quanto ao
preconceito na família o relato de uma história de um aluno que queria
dançar, mas que os pais foram contra por considerarem a dança apenas
para meninas e não meninos. Então, após uma conversa que tive com

290
os pais, mostrando que a dança é uma profissão como qualquer outra,
diferente de tendência sexual, eles começaram a ver a dança com outro
olhar e autorizaram o filho a dançar. Este é um dos inúmeros casos
que aparecem e que retratam os estigmas sobre a dança oriundos de
uma construção cultural acerca da divisão de profissões por gênero e
que dificultam muito a escolha dos homens com relação à dança.
Contudo, além da relutância quanto a dançar por conta das
“fofocas e mexericos”, como disse Sabongi (2008), reafirmada pelas
vivências relatadas acima por mim, pode - se perguntar ainda quais os
outros obstáculos colocados para que não se aprenda a dançar?
A dimensão ambiental deve ser trabalhada na escola haja vista
a possibilidade de se discutir os valores éticos e a beleza da natureza,
assim como a necessidade do cuidado com o meio ambiente. Moraes;
Torre (2004) afirma que

deveria também estar presente nos projetos educativos de


maneira central e fazer parte dos valores a serem
transmitidos de maneira transversal. Em nossa opinião,
deveria se constituir num eixo central do currículo a ser
explorado de maneira interdisciplinar. Como valor, requer
um tratamento que vai além da informação no sentido de
promover no ser humano uma postura interna de
reverência pela vida, ao perceber que a vida no planeta
depende também da participação de cada um de nós.
Quem respeita a vida não a destrói, não a mutila e nem a
condena. (MORAES; TORRE, 2004, p. 137)

A escola é um espaço de produção do conhecimento, de


desenvolvimento da criatividade, de vivências coletivas onde são
compartilhados processos de criação e de superação das dificuldades.
Nesse sentido, a dança possibilita uma interação de cada uma das
pessoas que compões a comunidade escolar e dessas como o seu
entorno.

3. OBSTÁCULOS QUE AS PESSOAS SE COLOCAM NO QUE


SE REFERE À DANÇA

As respostas mais comuns para as questões correlatas são


oriundas de escutas em sala de aula, que remontam 27 anos de
experiência como dançarino e professor de dança. Destes comentários,
destaco os seguintes: “dança não dá dinheiro, não te traz nada de bom, não

291
é para pessoas como você”; “dança é pra quem não tem o que fazer, é pra
gentinha de classe inferior”. Se o profissional for homem, atrai ainda os
seguintes comentários: “dança é pra viado (expressão para se referir a
homo afetividade)”. Se for mulher, sofre os preconceitos aqui
resumidos: “dançar não é para moça de família, pois, moça de família deve
tocar piano ou ser médica”.
Em face de tais pensamentos e outros de semelhante impacto
sócio emocional, professores e alunos foram, paulatinamente, ficando
com mais e mais receios de aprender a dançar.
Conforme visto acima com Sabongi (2008), dentre os obstáculos
tem-se:

a) Senso crítico- todo nós temos a obrigação de tê-lo, pois


ausência dele acaba tornando-se um vício. Senso crítico
é um hábito de boa conduta que precisa ser desenvolvido
cotidianamente para os nossos propósitos. Quem não o
tem perde a noção do ridículo, do seu espaço e dos limites.
b)Fofocas e mexerico - É um vício tão maléfico que causa
uma certa indignação nas pessoas que presenciam, falar
da vida dos outros é uma maldade sem tamanho, pois
esse ato pode fazer com que as pessoas se sintam cada
vez menos importantes ou capazes. Infelizmente, criou-
se esse péssimo vício no mundo da dança e se propaga da
vez mais nos meios em que vivemos, contudo vale ressaltar
que essa ação não é saudável ao bom convívio, proliferar
as fofocas é com se um ‘grão-de-areia’ tornará uma praia
completamente poluída. As informações se multiplicam
e, sempre, sempre, as notícias ficam maiores do que na
realidade são .Veja ditado árabe: ‘Aquele que fala mal dos
outros na tua presença, falará mal de ti na tua ausência’.
Elimine esse vício... e faça o seu trabalho. Tenha por
hábito seguir sempre o seu caminho. c) Falta de
musicalidade – existe ainda hoje pessoas com muita
dificuldade em lidar como que chamamos de
musicalidade, ou seja, os ritmos, a falta de musicalidade
pode e deve ser reparada e corrigida. Dançar no tempo
errado e saber disso é uma dádiva para sua auto-correção.
A dica para este problema é treinar sempre, todos os dias
até corrigir. d) Baixa- estima – é necessário cuidar dessa
parte desde cedo, pois ela já vem incorporada a nós desde
criança quando nossos pais por descuido nos diz algo que
possa interferir em nossa jornada, ao mesmo tempo não
têm noção de como uma atitude dessa quando dita em
nossa fase de crianças, poderá estar repercutindo na

292
formação de nossa autoestima no futuro. A autoestima
deverá ser estimulada e construída desde criança. Sem
auto estima ficamos vulneráveis e acabamos crescendo
com diversos sintomas que, ao menor deslize, irão se fazer
presentes (...)

A partir da fala de Sabongi (2008), tem-se quanto ao senso


critico que quem não tiver desenvolvido o seu senso crítico e se
preocupar muito com o que os outros dizem acerca da dança,
principalmente, quanto às fofocas e mexericos não dançará,
reafirmando as falas da maioria. Todavia, quem tiver autoestima,
segurança do que quer e de suas escolhas, e não se preocupar, por
conhecer o universo profissional que envolve a dança, irá
desconstruir estas falas preconceituosas mostrando a dança como
uma profissão, como uma das maiores manifestações da arte e
também como terapia.
Assim, fica claro que o indivíduo mais do que nunca necessita
sempre está em busca do aprimoramento do seu senso critico, pois é
somente através dele que o mesmo poderá refletir e pensar sobre
determinado assunto; além disso, o senso crítico torna o indivíduo
com capacidades mais claras para aproveitar as coisas boas da vida.
Contudo, ainda nos possibilita aprimorar nossa capacidade intelectual,
para tal o ser humano precisa estar constantemente desenvolvendo
hábitos de boa conduta para viver em comunidade, respeitando a todos,
bem como as regras já estabelecidas e seus parâmetros. Sendo assim, a
capacidade do homem em desenvolver seu senso crítico é o fundamental
para a construção de sua história de vida.
No que se refere a musicalidade, compreende-se que a esta é
essencial para o indivíduo no que diz respeito aqui a prática da sua
dança. A musicalidade não pode ser vista como instinto ou dom, ela é
um processo adquirido através de ferramentas cotidianas e de
conhecimento através de práticas contendo exercícios facilitadores para
seu melhor aproveitamento.
Logo, basta que se possa fazer com que o indivíduo procure
analisar o pulsar do seu coração, a sua respiração e sua locomoção de
espaço para o outro; dessa forma ele poderá desenvolver sua
musicalidade que pode ser entendida como sendo informal ou formal
e também pode ser através da pratica teórica.
Assim, para dançar de acordo com ritmos e em sincronia com
os demais se demanda tempo, paciência a acima de tudo muita prática,
só assim o individuo poderá corrigir essa falta de musicalidade.
293
Quanto às fofocas e mexericos, conforme supracitado, tem-se
que partindo do ditado árabe: “aquele que fala mal dos outros na tua
presença, falará mal de ti na tua ausência”. É a mais pura verdade,
para alguns as fofocas são uma maneira de se sentir relaxadas, de se
divertirem as custa do sofrimento de outras pessoas; mas, cuidado,
naturalmente as fofocas e mexericos são coirmãs e sempre insinuam
boatos frequentemente desagradáveis, por isso, é preciso ter atenção
com os nossos comentários pois os mesmo podem estar expondo
alguém.
Com isso, percebe-se a importância do indivíduo cultivar bons
hábitos para desenvolver seu trabalho sem necessitar atrapalhar o outro;
pois, sabe-se que sempre irá existir “um lugar ao sol” para cada um de
nós. E, ainda assim, mesmo sabendo que há espaço para todos, tem as
pessoas que cometem esse erro tão grosseiro e ao mesmo tempo
desumano. Todavia, já está mais do que na hora do Ser humano, dar
bons exemplos de convívio harmônico vendo o próximo a partir de
um prisma diferenciado.
Sobre a baixo-estima, conforme visto acima com Sabongi
(2008), ele nos leva a refletir que a baixa estima é o resultado de um
complexo de inferioridade que fora colocada, inconscientemente, pelos
pais e que também pode estar associada a já existente pela experiência
obtida em vidas passadas, mesmo sabendo que ao menor deslize
podemos nos deparar com problemas e sintomas de proporções grandes
e nosso dia a dia.
A baixa estima age sobre a conduta humana de forma
deprimente provocando danos excessivos em nosso emocional, uma
pessoa com baixa estima se sente frustrada por acreditar na sua
desvalorização e por achar que não tem capacidade e nem habilidade
pessoal para sair de marasmos.
Não se pode cultivar o sentimento de auto piedade, pois o
mesmo pode tornar a pessoa doente fisicamente e mentalmente, ou
seja, uma doença que podemos chamar de invalidez psíquica, essa
mesma invalidez pode levar a crer que se é inferior e incapaz provocando
assim uma perda na confiança que se tem em si mesmo. Felizmente,
existem na atualidade uma valorização de profissionais no universo
da psicologia, psicanálise e livros de auto ajuda para aquele que
pretende dar um passo para superar essa baixa estima, sabendo o
mesmo que é um processo de longo prazo para isso é preciso muita
disciplina e perseverança, porém, só assim o individuo será capaz de
acreditar em si.

294
O acreditar em si mesmo é o princípio maior para adquirir o
equilíbrio emocional sem perder o bom senso e o rumo certo das ações.
Contudo, o uso desses livros e palavra de estímulos e incentivos poderão
nos ajudar a reconquistar a autoconfiança perdida; por isso, vale
ressaltar que o ser humano é potencialmente capaz de tomar decisões,
tem umas individualidades completamente diferentes e distintas uns
dos outros; fazendo sempre algo que se gosta e que pode proporcionar
alegria e prazer.
Sabe-se, então, que no decorrer de toda existência humana, cada
individuo irá se relacionar com os mais variados tipos de grupos ou
apenas com o seu, e terá que aprender a não tem medo de ser
abandonado por nenhum deles, para tanto é preciso que se tenha bom
senso para lidar com as desaprovações.
Assim, sem nenhum medo, cada individuo é capaz de tomar
suas próprias decisões a respeito do que deseja fazer, alterar ou mesmo
transformar, diante de suas afinidades e de seu estilo de vida pretendido.
Para isso, é essencial acreditar sempre em si mesmo. É preciso, não
duvidar das aptidões e vocações naturais, para atingir autoconfiança,
o que é indispensável para reivindicar, valorizar e exercer o que já
existe em cada pessoa, por direito divino ou humano.
Todas estas reflexões, oriundas da experiência empírica e de
uma releitura do pensamento de Sabongi (2008), consolidaram-se ao
longo de 27 anos de docência em dança, no Brasil e no Exterior.
Somados, apresenta-se a seguir, os porquês acerca das dificuldades em
aprender a dançar e uma visão contemporânea sobre os benefícios da
dança, para a mente e o corpo.

4. BENEFÍCIOS DA DANÇA PARA AS PESSOAS COM


DIFICULDADE EM APRENDER A DANÇAR

Segundo a Pedagoga, psicopedagoga e mestre em Educação -


Laura Monte Serrat Barbosa (2007), quando “se fala em dificuldade
de aprendizagem, se fala principalmente no ato de aprender, pois,
aprender é uma ação que supõe dificuldade e a superação desta.”
Conforme Barbosa (2007)

Para que possamos ter um aprendizado em qualquer que


seja o seguimento é necessário que tenhamos dificuldades,
pois, só assim podemos buscar meios para alcançar o
nosso objetivo no aprender. Ter dificuldades não é ruim
mesmo que as pessoas possam pensar que não somos
295
capazes de realizar tarefa ou de aprender com qualidade,
as vezes pensamos que a dificuldade nos torna diferentes
nos afastam de pessoas normais nos faz acreditar que não
podemos conseguir êxito, mera ilusão é através das
dificuldades que somos instigados a conquistar nossos
objetivos pois sem ela não teríamos sucesso. É diante das
dificuldades temos a oportunidade de buscar novas
alternativas, soluções mais viáveis ao nosso aprender e
vencer os desafios que a vida no impõe dia a dia.As
dificuldades estão relacionadas ao conjunto de fatores tais
como: dislexia, timidez, hiperatividade dentre
outro.Todavia somos capazes de romper essas dificuldades
e nos tornarmos serem bem sucedidos em nosso dia a
dia.

Assim, tem-se conforme a citação acima de Barbosa (2007) que


as dificuldades podem ser trabalhadas quando identificadas, como é o
caso de alunos disléxicos, ou hiperativos, ou tímidos que são colocados
em contato com a dança e, através da identificação destas dificuldades
eles vão conseguindo dançar.
Segundo a Pedagoga, psicopedagoga, Mestre em Educação,
Laura Monte Serrat Barbosa(2007)

Se conseguirmos considerar a dificuldade como parte


integrante da aprendizagem, será muito mais fácil
lidarmos com ela. Independente se a pessoa apresenta um
quadro de dificuldade orgânica, emocional, social –
patológico ou não, a dificuldade deve ser encarada como
elemento próprio do desenvolvimento daquele sujeito.
Todos poderemos aprender, apesar de nossas dificuldades;
sem elas, certamente não cresceríamos. Uma criança de
dez anos, por exemplo, que não está alfabetizada,
apresenta esse dado que precisa ser enfrentado em seu
processo de aprender. De nada adianta considerarmos sua
dificuldade de leitura como uma entidade à parte, pois
isso torna sua aprendizagem mais difícil e mais inatingível.

E, conforme a fala de Barbosa (2007),percebe-se que o professor


tem um papel muito importante no aprendizado do aluno, pois, ele,
como educador, pode ir além da mera co-repetição de conteúdos, e
enfatizar as conquistas que aquela criança deve ter, preocupando-se
com as possíveis atividades que podem ser realizadas para desenvolver
na criança as habilidades necessárias para aprender, seja a dançar, seja
qualquer outra disciplina.
296
Por isso, hoje, em 2013 acerca da função de ser professor vale
ressaltar que diretamente ele é tão responsável, quanto o diretor, que
indiretamente contribui para que as condições necessárias ao
aprendizado existam. Não se pode, então, em hipótese alguma, deixar
uma criança dizer que não é capaz de ler, escrever, dançar, cantar, tocar
ou tornar-se um indivíduo bem sucedido, somente porque encontrou
uma dificuldade específica, muitas vezes apenas momentânea, atrelada
a vetores sócio-culturais.
Para estimular este grupo de crianças e adolescentes limitados
por traços não democráticos de algumas raízes preconceituosas, pode-
se mostrar que alguns dos homens mais bem sucedidos do mundo
também encontraram dificuldades em suas trajetórias rumo ao sucesso
pessoal. O que os torna ou os tornou diferenciados, foi e é exatamente
a capacidade de enfrentamento dos medos, com seqüente vitória.
Pode-se dizer que, hoje, na pós-modernidade globalizada do
início de 2013, muitas das pessoas vitoriosas das quais ouvimos falar
pela imprensa e pela literatura, são, comumente, aquelas que
impulsionam indivíduos e grupos, a seguirem em frente. Como
exemplo, cita-se: Leonardo Da Vinci (in memoria, que tinha dislexia;
Albert Einstein (in memória), também disléxico; dentre muitos outros.
O que se conclui é o fato de não haver limites para um indivíduo
saudável e bem norteado, promover a transformação, a construção e a
superação das estruturas psicomotoras individuais, com reflexos coletivos,
ao longo de sua trajetória, desde a infância até a maturidade etária e social,
como adulto consciente, criativo, proativo e autêntico em seu conjunto de
desejos, onde se pode encontrar – por que não? – a dança.

5. REPESSANDO A IMPORTÂNCIA DA DANÇA PARA


MINIMIZAR AS DIFICULDADES QUE AS PESSOAS TEM
PARA APRENDEREM A DANÇAR

Todo começo necessita de um ponto fundamental para que haja


melhor aceitação oriunda do indivíduo, no processo de aprendizagem,
seja educacional, cultural e ou social.
Segundo Marques (2003, p. 17) “a linguagem da dança é uma
área privilegiada para que possamos trabalhar discutir e problematizar
a pluralidade cultural em nossa sociedade (...)”. O que significa que a
dança proporciona o respeito à diversidade, o que pode contribuir para
a ruptura de preconceitos e discriminações de gênero, étnicos, renda,
culturais quanto ao dançar.

297
Para que se possa no futuro ter pessoas sem as dificuldades
supracitadas como preconceitos de várias ordens, baixa estima, timidez,
a interferência destes preconceitos externos e internos (no âmbito
familiar), exceto questões de componente genético como é o caso da
hiperatividade ou dislexia, é importante estimular cada vez mais cedo
as criança no universo da dança, para que tenham prazer em
desenvolver suas habilidades seja na dança, seja na música, tocando
um instrumento ou através do canto, seja ainda no campo das artes
plásticas como a pintura.
A dança, embora por muito discriminada ou mal interpretada,
conforme fora visto anteriormente quanto as dificuldades tais como as
fofocas e mexericos, possibilita o enriquecimento e aprofundamento
de valores essenciais as relações sociais.
Outra dimensão da dança é que ela se constitui num movimento
que é “natural” ao ser humano, apesar de já ter sido abordado que a
dança também passa por um aprendizado em itens anteriores, pois
segundo Bock (1999) a dança é uma “característica essencial no período
por ele denominado sensório-motor. É através os movimentos que a
criança toma conhecimento do ambiente que a cerca.”
Para que no futuro as pessoas não tenham dificuldade em
relação a aprender a dançar podemos mencionar aqui alguns autores
importantes acerca do movimento corporal da dança e de seus
benefícios. Assim, para dançar deve-se partir de um ponto importante
e com muita naturalidade que conforme Le Boulch (1982)

Deve partir dos movimentos naturais como correr, andar,


rolar, entre outros, partindo de exercícios simples para os
complexos, dos espontâneos aos construídos, menos
intensas para as mais vigorosas, com aumento gradativo,
poucas repetições, ritmo lento, com direções e sentidos
em relação ao espaço, força e qualidade muscular.

Os movimentos citados por Le Boulch (1982) são classificados


por Nani (1995) em

Involuntários, próprios do amadurecimento


neuromuscular; movimentos básicos (locomotores, não
locomotores e manipuladores); movimentos perceptivos
motores que proporcionam a recepção da informação
sensorial e a interpretação da mesma; habilidades físicas;
movimentos especializados, criativos, expressivos e
interpretativos.
298
Assim, é interessante que o professor de dança tenha
conhecimento dos movimentos supracitados, estude também os
transtornos invasivos do comportamento, como dislexia, dentre outros
que afetam a coordenação motora para que a dança seja, realmente,
uma fonte de prazer e funcionar como uma terapia para cada criança,
jovem ou adulto com estas dificuldades.
Além dos movimentos, conforme Fux (1983, p. 67) descreve:

Quando somos crianças necessitamos nos mover porque


nos movendo expressamos nossa vontade de rir, de chorar
ou de brincar. À medida que crescemos nosso corpo, pelos
tabus de uma civilização que corrompe nossa necessidade
de expressão, perde cada vez mais o desejo de mobilização.
É aí que devemos recorrer já adultos, a experiências para
melhorar o físico em academias de ginástica, onde sem
pensá-lo, não só melhoramos como descartamos a energia
acumulada por tantos “nãos” impostos. Mas que
maravilha seria se soubéssemos nos comunicar com o
nosso corpo, estimulados pelo desejo de nos expressar com
a música ou sem ela, mas fazendo do corpo um
instrumento de comunicação entre o que queremos fazer,
entre o que podemos fazer e entre o que vamos
descarregando para podermos nos expressar.

A fala de Fux (1983) colabora com o que foi dito anteriormente


acerca do trabalhar a dança com as crianças e, desta maneira, o corpo
da criança vai desenvolvendo a flexibilidade necessária, e mobilidade
para mantê-la na fase jovem e adulta, contribuindo inclusive para uma
grande qualidade de vida.
Porém, conforme Marques (2003) as pessoas associam todo
o trabalho com o corpo como recreação, ou aliado apenas a
dimensão estética, e esquecem segundo supracitado que também é
saúde, bem como “desenvolvimento e aprendizagem” na visão de
Negrine (2002).
Portinari (1989, p.17) diz que a

dança é uma manifestação instintiva do homem, e deve


ser incentivada. Não basta inserir o movimento desde a
infância, é necessário que a prática pedagógica impulsione
o desenvolvimento da criança. Atuais pesquisas mostram
a importância da dança, com ênfase na prática desta na
escola.

299
Portinari (1989) no final da década de 80 já falava sobre a
relevância do ensino da dança na escola, o que se tornou realidade no
século XXI, embora algumas escolas ainda não a tenham incluído na
grade curricular. Mas, aumenta a consciência da relevância do ensino
da dança, bem como da música nas escolas.
Assim sendo, percebe-se que a relevância deste artigo está
no fato de que muitas pessoas tem dificuldades em lidar com o seu
corpo, com sua corporalidade, e, neste sentido, tendo transtorno de
comportamento ou não, a dança vai fazendo com que tanto a criança,
quanto o jovem, adulto ou idoso vá criando consciência do seu corpo,
do que podem ou não fazer. E, ter a dança como disciplina curricular,
fará com que se tenham pessoas mais resolutas, mais determinadas e
autoconscientes de si, bem como com auto- estima bem elevada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que se amenizem as dificuldades dos indivíduos, no


aprendizado da dança, é necessário que se comece a trabalhar o
movimento, o corpo da criança, de maneira lúdica, prazerosa, mas ao
mesmo tempo, possibilitando a ela o autoconhecimento anatômico e
motor, para, a partir daí, desenvolver de forma sadia as sensações de
autoestima, considerando limitações e buscando superações ao longo
do tempo, com o exercício e o treino.
Frente a essa premissa, é importante se realizar um trabalho
corporal e melódico, que comece na escola e sejam extensivos às
academias de dança, enfatizando a respectiva prática como fonte de
qualidade de vida, como método de terapia cognitivo-educacional,
como princípio de bem-estar físico e psíquico, itens indispensáveis a
uma construção muscular excelente, com ênfase na flexibilidade, seja
de movimento, seja de cultura.
Trabalhar com a criança e a família o fato de meninos dançarem
não ser sinal de distúrbio de gênero, mas que é algo saudável e, no
futuro, um trabalho a ser realizado profissionalmente, conforme a
identificação deste com a dança, o que não o tornará menos homem
por isto. E, esta quebra de preconceitos, também irá dissipando as
fofocas e mexericos, ressaltando a autoestima e valorização de si, do
outro, do mundo, uma vez que a dança também é plural e trabalha o
respeito a diversidade.
Enfim, a dança é uma linguagem corporal na qual sua área é
privilegiada e possibilita trabalhar, discutir e problematizar a pluralidade

300
cultural, sobre tudo em sociedade; por isso, conforme fora visto
anteriormente, pode-se afirmar que a dança é vida em: movimento,
comunicação, arte, cultura e ciência.
A dança está inserida no Ensino da Arte na escola, estando,
portanto inserida na dimensão ambiental. E, como fora visto
anteriormente, para que cada vez mais se possa aprender sem medo é
necessario partir de movimentos naturais como correr, andar, rolar,
entre outros, iniciando com exercícios simples para os complexos, dos
espontâneos aos construídos com menos intercidade até chegar ao nível
mais vigoroso, sempre buscando seu aumento gradativo e continuo
para uma melhor qualidade, para isto é necessário que o profissional
esteja sempre qualificado.
Assim, apesar das dificuldades que afastam as pessoas da dança
ou do aprender a dançar, a dança é vista e entendida como a arte de
expressão em forma de movimento por ter sensibilidade, criatividade
e expressividade, além de ajudar as pessoas a superarem suas
dificuldades, através da ampliação de suas capacidades de interação
social e afetiva, bem como ajudam a desenvolver as capacidades
motoras e cognitivas de cada indivíduo, em especial nas crianças,
possibilitando a humanização e integração do ser humano com um
todo. Fazendo do corpo um instrumento poderoso de comunicação.
E, aqui, como dito anteriormente, não se encerra o estudo deste tema,
que poderá ser ampliado através de uma pesquisa de campo a posteriori.
A presente pesquisa, que culminou neste artigo, possibilitou
importante reflexão acerca da atuação do docente no universo da dança,
por trazer subsídios a uma conduta construtiva como profissional e
professor em todas as áreas afins. Tal conduta deve ajudar alunos com
dificuldades em dança, a superarem tais limites.
A pesquisa também contribuirá como referência para outros
professores de dança, que poderão utilizar este documento como fonte
de aperfeiçoamento, no sentido de aprimorar suas práticas profissionais,
em face de alunos com quaisquer tipos de dificuldade no aprendizado
correlato, certos de que as deficiências limitam, mas não incapacitam.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. M. S. Reflexões sobre as dificuldades de aprendizagem no


mundo contemporâneo. Março de 2007. Revista Brasileira da Associação
Brasileira de Psicopedagogia. Disponível em http://www.abpp.com.br/
artigos/81.htm. Acessado em 22/11/2012
301
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São
Paulo: Saraiva, 2001
FUX, M. Dança, experiência de vida. São Paulo: Summus, 1983
MARCONI, M.A., LAKATOS, E.M.. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Atlas, 2003.
MORAES, Maria Cândida; TORRE, Saturnino de la. Sentipensar:
fundamentos e estratégias para reencantar a educação. Petrópolis: Vozes, 2004.
NANI, D. Dança e Educação: Pré-escola à Universidade. Rio de Janeiro, RJ:
Sprint, 1995
SABONGI , Jorge. Vícios e Problemas no mundo da dança. Escrito em
novembro de 2000 e revisado em setembro de 2008. Disponivel
em:www.khanelkhalili.com.br/dicasproblemas.htm. acessado em 20/11/
2012.
LE BOULCH, J. Desenvolvimento Psicomotor. Porto Alegre: Artes Médicas,
1982.
MARQUES, I. A. Dançando na escola. São Paulo. Cortez, 2003.
NEGRINE, A. O corpo na educação infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2002.
PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1989

302
PROCESSO DAS CONFERÊNCIAS INFANTO
JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE “VAMOS
CUIDAR DO BRASIL COM AS ESCOLAS”

Luanas Maria Batista


Coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Educação e Cultura
do Estado do Piauí e Coordenadora da Conferências Estaduais Infanto
Juvenil pelo Meio Ambiente.
Maria de Lourdes Rocha Lima Nunes
Coordenadora Estadual do Comitê Estadual de Educação em Direitos
Humanos do Piauí e Coordenadora Geral do Movimento Nacional de
Direitos Humanos.

RESUMO

O objetivo desse trabalho é relatar as atividades desenvolvidas


no Piauí das Conferências Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio
Ambiente (CNIJMA) que se realizaram no período de 2003 a 2014 no
Piauí. A CNIJMA é um instrumento voltado para o fortalecimento
da cidadania ambiental nas escolas e comunidades a partir de uma
educação crítica, participativa, democrática e transformadora. Esse
projeto de educação ambiental é coordenado pelo Ministério da
Educação (MEC), através da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade (SECAD) em âmbito nacional e pelas
Secretarias Estaduais de Educação em âmbito estadual. Em todos os
estados foram estabelecidas parcerias com várias organizações
governamentais e organizações não governamentais. No Piauí, o
processo aconteceu em três momentos: a Conferência nas Escolas; a
Conferência Estadual; e, o Encontro Preparatório. Os temas debatidos
nas escolas, de acordo com a metodologia das CNIJMA, de forma
geral tratavam das “Mudanças Ambientais Globais”. A metodologia
adotada orientava aos professores e alunos para interagir com o seu
meio ambiente, o que tornou possível o pensar e o agir coletivamente,
expressando assim uma vivência social. Pode-se afirmar que os saldos
positivos foram: uma maior integração escola/comunidade;
fortalecimento de parcerias; a troca de experiências; maior
envolvimento dos participantes em todos eventos possibilitando uma
maior integração;

303
1. INTRODUÇÃO

A Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Estado do Piauí


– SEDUC, cumpre o seu papel quando desenvolve as diferentes ações
que contemplam a Política de Educação Ambiental, visando sobretudo
alicerçar a formação de recursos humanos com sustentabilidade
consciente para preservação do meio ambiente. Nesta perspectiva,
contribui ainda para a qualificação dos estudantes como agentes
agregadores de conhecimentos e transformadores da sociedade.
Nota-se que a partir de 1990 instauram-se no Estado do Piauí
mecanismos para a estruturação mais efetiva da educação ambiental,
possibilitando a articulação integrada de ações no campo institucional,
sobretudo, o desenvolvimento de programas e projetos no âmbito da
instituição escolar, envolvendo professores, alunos e membros da
sociedade civil organizada.
A transformação da escola em um ambiente mais participativo
e mais próximo das dinâmicas já interiorizadas pelos alunos e
comunidades, contribuem para que haja um novo ritmo do trabalho
pedagógico em sala de aula e fora dela, mudando o cenário do ambiente
escolar. Esse novo comportamento na escola induz, naturalmente, aos
professores gestores e coordenadores a definir novos paradigmas para
o papel que cada um deve assumir nesse contexto numa nova
metodologia de interação, de planejamento, de execução e de
acompanhamento das ações técnico-pedagógicas planejadas.
Entendendo a escola nesta perspectiva, o Programa “VAMOS
CUIDAR DO BRASIL COM ESCOLAS” concebido pelo Ministério
da Educação em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e as
Secretarias de Educação dos Estados e Municípios num fluxo contínuo
de comunicação, envolve as escolas das redes públicas e privadas, para
elaborar, gerenciar e executar projetos, junto à comunidade escolar
contribuindo para o desenvolvimento sustentável do espaço escolar e
seu entorno.
Nesse sentido, a Secretaria de Educação e Cultura do Piauí, a
Comissão Organizadora Estadual (COE) e o Coletivo Jovem (CJ), vem
deste de 2003 desenvolvendo o Programa “Vamos Cuidar do Brasil
com as Escolas”, a partir das realizações das Conferências Infanto
Juvenil pelo Meio Ambiente. Desse programa, resultaram várias ações
de Educação Ambiental como a Criação de Comissões de Meio
Ambiente e Qualidade de Vida (Com Vidas) nas escolas, Formação
Continuada de professores e alunos, Financiamentos de projetos nas

304
escolas PDDE Escolas Sustentáveis, Curso de Extensão Escola
Sustentável e Com- vidas.
A Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente
(CNIJMA) é um projeto de educação ambiental, coordenado pelo
Ministério da Educação (MEC), através da Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) em âmbito
nacional e pela Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Piauí –
SEDUC em parceria com o Coletivo Jovem1.
Considerando, pois a adesão das escolas à Política de Educação
Ambiental e tendo em vista o fortalecimento e o enraizamento das
práticas educativas implementadas no contexto escolar e na dimensão
da sociedade como um todo é que se faz imprescindível dar
continuidade às ações do referido programa.
Este artigo apresenta uma retrospectiva das CNIJMA realizada
no Piauí no período de 2003 a 2014. Para a concretização desta
proposta, foi desenvolvida uma ação educativa integrada em que foi o
estímulo à participação da comunidade escolar, mediante a vinculação
das atividades educativas ao desenvolvimento de uma consciência
crítica de sua realidade, preparando-a para a superação das dificuldades,
tendo os problemas ambientais como eixo temático.

2. I CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO


AMBIENTE: 2003/2004

O meio ambiente é tema amplamente discutido em todos os


processos desenvolvimento sócio-econômico e suas consequências,
constituindo-se numa das principais preocupações dos cidadãos do
mundo. Essa inquietação é legítima, pois, ao longo dos séculos, o tipo
de interação homem/natureza até hoje realizada, acarretou uma série
de problemas, como a degradação dos sistemas vitais, mudanças

1
Outras entidades participaram do processo como: Secretaria do Meio Ambiente (SEMAR),
Universidade Estadual do Piauí (UESPI); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (EMATER-PI); Secretaria Municipal da
Juventude (SEMJUV); Coordenadoria dos Direitos Humanos e da Juventude do Estado do
Piauí (DCEDHJ); IBAMA; Secretaria Municipal de Educação de Teresina (SEMEC); União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME); União Brasileira de Escritores
(UBE); Movimento dos Sem Terra (MST); Coletivo Jovem; Centro Colegial dos Estudantes
Piauiense (CCEP); Legião de Vanguarda das Juventudes (LVJ); CEQ; Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Estado do Piauí (FETAG); Fundação para a Preservação do
Rio Parnaíba (FURPA); União dos Escoteiros do Brasil – Região Piauí (UEB); Instituto Federal
de Educação Tecnológica do Piauí (IFPI); Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos
(CEEDHPI); Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).

305
climáticas, diminuição da biodiversidade, erosão do solo, secas,
inundações, desertificações, dentre outros, que, a seu termo, ameaçam
a sobrevivência de várias espécies, inclusive a humana.
No Estado do Piauí a SEDUC/PI em parceria com outras
instituições e ONGs realizou a I Conferência Nacional Infanto-Juvenil
pelo Meio Ambiente na escola, atingindo 346 (trezentos e quarenta e
seis) escolas das redes estadual, municipal e particular, envolvendo
alunos, professores e comunidades totalizando 92.226 (noventa e dois
mil, duzentos e vinte e seis) participantes. Na ocasião, discutiu-se Como
“Vamos Cuidar do Brasil” com as temáticas: Água, Seres vivos,
Alimentos, Escola e Comunidade.
Em 2004 o MEC/MMA, realizou a Formação I de Professores,
em Brasília com participação de 06(seis) representantes do estado do
Piauí. O projeto teve continuidade no estado com o Seminário de
Formadores II tendo como público alvo coordenadores de ensino
aprendizagem, gestores, professores e alunos das escolas das Gerencias
Regionais, (participantes da I Conferência em 2003). Finalizando as
deliberações da I conferência realizou-se a Formação III envolvendo
604 (seiscentos e quatro) professores e 604 (seiscentos e quatro) alunos
das redes estadual, municipal e particular de ensino.

3. II CONFERÊNCIA NACIONAL INFANTO JUVENIL PELO


MEIO AMBIENTE: 2005/2006.

Na II Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente no


estado do Piauí realizou-se um Oficinão de Conferência com presença
de um representante do MEC e a participação de educadores das 18
(dezoito) Gerências Regionais de Educação (Formadores II), Secretaria
municipal de Educação e parceiros convidados totalizando 68 (sessenta
e oito) participantes.
Como estratégias de mobilização, foram realizadas 24 (vinte e
quatro) Oficinas de Conferência, sendo 07 (sete) na capital e 17
(dezessete) nas Gerências Regionais de Educação, qualificando 700
(setecentos) multiplicadores em 150 (cento e cinquenta) municípios.
Como resultado dessa mobilização, atingiu-se 164.653 (cento e sessenta
e quatro mil seiscentos e cinquenta e três) participantes, 639 (seiscentos
e trinta nove) escolas de 149 municípios no Estado do Piauí. Nesse
processo foram criadas 217 (duzentos e dezessete) Comissões de Meio
Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vidas) nas 18 (dezoito) Gerências
Regionais de Educação com a Formação Continuada de 1.208 (mil,

306
duzentos e oito) professores e 602 (seiscentos e dois) alunos de Ensino
Fundamental, além da Publicação de 606 (seiscentos e seis) cartilhas
de Educação Ambiental para subsidiar professores do ensino
fundamental nas escolas.
Como conquistas houve a inserção no organograma da
Secretaria Estadual de Educação e Cultura- SEDUC a Supervisão de
Educação Ambiental. A instituição dessa supervisão possibilitou a
realização de um trabalho de educação ambiental na SEDUC que por
sua vez, tem procurado ao longo desses anos, estimular na comunidade
escolar que o homem é parte integrante da natureza e que, para
satisfazer suas necessidades básicas efetua ações que transformam ou
alteram o meio ambiente.
O principal elemento discutido era apossibilidade de
transformação da realidade e a não repetição de práticas predatórias,
mas que a qualidade de vida caminha ladoa lado com o repeito ao
meio ambiente. A relação do homem com a natureza apresentou
aspectos diversos ao longo da história da humanidade. Em diferentes
momentos históricos essa relação foi menos predatória, em que o
homem conseguia satisfazer suas necessidades sem provocar
impactos irreversíveis na recuperação dos ecossistemas naturais
utilizados.

4. III CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO


AMBIENTE: 2008/2010

A visão homocêntrica do mundo – em que o homem


considerava-se senhor do universo e, portanto, possuidor de todos os
direitos sobre os bens/recursos da natureza, completou-se com as
descobertas no campo das ciências, levando o homem a “domesticar”
a natureza, a partir de que, os impactos negativos dessa interferência
tornaram-se tão grandes ao ponto de ameaçarem a sobrevivência da
própria espécie humana.
Na III Conferência houve a mobilização de 216 (duzentos e
dezesseis) municípios com o envolvimento de 610 (seiscentos e dez)
escolas e 144.599 (cento e quarenta e quatro mil quinhentos e noventa
e nove) participantes. Este evento teve a intenção de sensibilizá-los
quanto a importância do tema “Mudanças Ambientais Globais”
debatido nas escolas e na III Conferência Nacional Infanto-Juvenil
pelo Meio Ambiente. Como estratégias de mobilização foram
realizadas 18 (dezoito) Oficinas de Conferências, sendo 01 (uma) na

307
capital e 17 (dezessete) nas Gerencias Regionais de Educação,
qualificando 860 (oitocentos e sessenta) multiplicadores.
Com o desdobramento da III Conferência, foram realizados,
em 2010 Fóruns, Seminários e Encontros para avaliação de propostas
debatidos e elaborados em 21 escolas de 17 (dezessete) municípios,
que participaram da III Conferência Nacional em Brasília com o
objetivo de formar COM-VIDAS e elaborar a Agenda 21 Escolar, ao
tempo em que houve o acompanhamento das ações propostas pelas
escolas. Conseguiu-se mobilizar cerca de 9.140(nove mil cento e
quarenta) participantes.

5. IV CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO


AMBIENTE: 2012/2014.

Nesse processo de conferência houve a participação de 160


(cento e sessenta) municípios onde 751 (setecentos e cinquenta e um)
escolas realizaram Conferências e cadastraram no sistema do MEC.
Como estratégia de mobilização realizou-se 18 (dezoito) Oficinas de
pré-conferência descentralizadas em 17 (dezessete) Gerências Regionais
de Educação (GRES) do interior e um em Teresina, onde foram
divulgadas as diretrizes e ações para realização nas escolas da IV
Conferência Nacional Infanto juvenil pelo Meio Ambiente, com a
temática: Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas Sustentáveis. Esta
ação envolveu cerca de 560 (quinhentos e sessenta) professores/gestores
das redes estadual e municipal de 178(cento e setenta e oito) municípios
do Estado.
No Piauí realizou-se a II Conferência Estadual no período de
17 e 18/10/2013 com participação de 100(cem) alunos/delegados(a)
da rede municipal, estadual e particular e 100(cem) professores
acompanhantes de 55 (cinquenta e cinco) municípios piauienses,
totalizando 200 participantes. Foram eleitos 24(vinte e quatro)
delegados (a), para representar o Estado na IV Conferência Nacional
Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que foi realizada em Brasília-
DF em 2013, com a participação de cerca de 700 (setecentos)
delegados(as) de 11 a 14 anos, provenientes de todas as Unidades
Federativas que aderiram ao processo de Conferência.
Em 2013, foi lançado pelo MEC/FNDE o PDDE Escolas
Sustentáveis que beneficiou cerca de 360(trezentos e sessenta) escolas
das redes municipal e estadual. Essa forma de financiamento do plano
de ações elaborado e desenvolvido pela comunidade escolar tem

308
melhorado significativamente o aspecto físico, a gestão e currículo da
escola e elevando a autoestima de alunos, funcionários e comunidades,
contribuindo assim, para melhoria da qualidade de vida e do ensino.
Em 2014 foi lançado pelo MEC/FNDE a resolução nº 18, de
03 de Setembro de 2014, PDDE Escolas Sustentáveis que beneficiou
com recursos cerca de 683 escolas, sendo 169 da rede estadual e 514
municipal que participaram da IV Conferência Infanto-Juvenil pelo
Meio Ambiente que não foram contempladas no financiamento de
2013.Para 2015 o MEC/FNDE lançará uma nova resolução do PDDE
Escola Sustentável. Realizou-se no estado Formação sobre Escolas
Sustentáveis e Com-Vidas para os professores e gestores das escolas
que aderiram ao Programa Mais Educação.

6. AVALIAR O PROCESSO PARA AFIRMAR A CONSTRUÇÃO


DA CIDADANIA AMBIENTAL

Neste projeto os conteúdos educacionais foram desenvolvidos,


de acordo com uma visão global de meio ambiente, trabalhando uma
temática integradora e renovadora dos conteúdos educativos,
procurando trabalhar com métodos de ensino que possibilitassem o
desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares e que despertem a
corresponsabilidade dos educandos com a questão do aquecimento
global e o desenvolvimento sustentável.
As atividades desenvolvidas nos diversos projetos apresentados
demonstraram vários aspectos positivos como: a valorização do
pensamento criativo; o estímulo a professores e alunos a se tornarem
mais sensíveis aos problemas ambientais; a aquisição do conhecimento
em diversos campos do saber; e, a discussão acerca das
responsabilidades individuais e coletivas, assim como, as possíveis
implicações de suas ideias e ações para o planeta.
Ao final desse trabalho, a lição que ficou para nós foi de que
em qualquer lugar do mundo os valores humanos mais fundamentais
como: a liberdade, a verdade, a responsabilidade, o respeito e o amor à
vida são necessários pois alimentam os ideais de todos e todas por um
mundo melhor. Aprendemos, também que o respeito ao meio ambiente
deve fazer parte de nossa vida.
Diante do exposto, avaliando as ações desenvolvidas, conclui-
se que o Piauí, obteve êxito, no desenvolvimento de suas ações
concernentes ao Programa implantado, entretanto é importante
destacar os aspectos positivos e negativos que se segue: ausência de

309
entidades parcerias COE; atraso na impressão de materiais de
divulgação; entraves políticos em alguns municípios; burocracia na
liberação dos recursos financeiros; e, Infraestrutura precária.
No entanto, pode-se afirmar que as mobilizações de alunos e
professores nas escolas e comunidades em prol de discussões e debates
sobre as temáticas ambientais permitiu a integração escola/
comunidade. A metodologia adotada o que facilitou a compreensão
dos participantes onde os temas propostos relacionavam às questões
locais as questões globais.
A Coordenação geral ficou sob a responsabilidade da SEDUC
o que facilitou a mobilização das CNIJMA, no Estado. a criação e
fortalecimento de cerca de 400 Com-Vidas nas escolas municipais e
estadual; a publicação 1.200 cartilhas: Construindo a Educação
Ambiental nas Escolas Publicas do Estado do Piauí; a instituição do
Programa Escola Sustentável na rede municipal de educação em
Teresina Piauí; envolvimento de 363 escolas da rede estadual e
municipal financiadas pelo PDDE Escolas Sustentáveis; realização de
Formação Continuada de 1.208 professores e 602 alunos em Educação
Ambiental; e, Formação Continuada em Escola Sustentáveis e Com-
Vidas para cerca de 380 (trezentos e oitenta) professores/gestores das
escolas do Programa Mais Educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As CNIJMAs se inserem no processo de enfrentamento de dois


imensos desafios: um planetário, voltado à pesquisa e ao debate nas
escolas e alternativas civilizatórias e societárias para as mudanças
globais; outro educacional, relacionado à iniciativa do Plano de
Desenvolvimento da Educação – PDE – que deve envolver pais, alunos,
professores e gestores na busca da melhoria do processo ensino-
aprendizagem e da permanência do aluno na escola.
Com base no pressuposto de que a Educação Ambiental
apresenta-se, tanto como um dever do Poder Público quanto da
sociedade civil, e como alicerce para a formação continuada de recursos
humanos para a preservação, conservação e proteção do meio ambiente,
considera-se importante à implementação da Política Nacional de
Educação Ambiental sob o respaldo da Lei 9.795/99 e o Dec. 4.281/
02 que a regulamenta. Assim, a partir de 2003, cria-se no Estado do
Piauí, mecanismos para participação e implementação das
Conferências Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente nas escolas públicas

310
e privadas, através das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de
Vida COM-VIDAS.
As Conferências Nacionais Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente
– CNIJMA demonstrou ser um instrumento voltado para o
fortalecimento da cidadania ambiental nas escolas e comunidades a
partir de uma educação crítica, participativa, democrática e
transformadora. Ela se caracteriza como um processo dinâmico de
encontros e diálogos, para debater temas propostos, deliberar
coletivamente e escolher os representantes que levarão as ideias
consensuadas para as etapas sucessivas. Seu objetivo de fortalecer a
educação ambiental no sistema de ensino propiciando atitudes
responsáveis e comprometidas da comunidade escolar com as questões
socioambientais locais e globais demonstrou também ser eficiente em
relação à participação social e nos processos de melhoria das relações
de ensino aprendizagem, em uma visão de educação integral.
Os objetivos que foram considerados como positivos
apresentados na experiência e vivenciados neste projeto traduziram o
empenho de todas as pessoas que participaram em: 1) articular de
esforços conjuntos orientados a alcançar resultados educacionais
mutuamente benéficos; 2) facilitar as condições que viabilizem os
propósitos estabelecidos de maneira comum; 3) concretizar ações que
permitiam os fins educacionais propostos; 4) promover o intercâmbio
de experiências entre áreas, os participantes, os propositores, as
comunidades beneficiadas; e, 5) estabelecer meios para melhorar a
qualidade da atividade educativa que tem o meio ambiente como tema
gerador.

REFERÊNCIAS

ABREU, MARIA DE FÁTIMA. Do Lixo à Cidadania, Estratégias para a


Ação – 2001, UNICEF/CAIXA.
ALPHANDERY, Pierre; BITOUN, Pierre, DUPONT, Yves. O equívoco
ecológico: riscos políticos da inconsequência. São Paulo: Brasiliense, 1992,
189p.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e
práticas em educação ambiental na escola. 216. ed. Brasília: Unesco, 2007. 248 p.
CUELLAR, Javier Perez de NOSSA Diversidade criadora: Relatório da
Comissão Mundial da Cultura e Desenvolvimento. (Org.). Campinas: Papirus,
Brasília: UNESCO, 1997, 415p.

311
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Globalização e multiculturalismo. Blumenau: Ed.
FURB, 1996, 169p.
DIAS, Genebaldo. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,
1992, 400p. Fonte: IDHEA - Instituto para o Desenvolvimento da Habitação
Sustentávelhttp://www.semads.rj.gov.br/dic/curiosidade.htm
MCCORMICK, John. Rumo ao Paraíso: A História do Movimento
Ambientalista. Rio de Janeiro:Relume Dumará, 1992.
PADUA, José Augusto (Org.). Ecologia e Política no Brasil. Rio de Janeiro:
Ed. Espaço e Tempo, 2ª Edição, 1992.
VIOLA, Eduardo. A expansão do Ambientalismo Multissetorial e a
Globalização da Ordem Mundial, 1985-1992. XVI Encontro Anual da
ANPOCS, Caxambu, MG, 1992.

Sites consultados
Ambiente Brasil: www.ambientebrasil.com.br
CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem): www.cempre.org.br
Como Defender a Ecologia. http://br.geocities.com/escolhavegan/
dicas_ecologicas.htm
Ibama: www.ibama.gov.br
Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br

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