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ALGUMAS DIVERGÊNCIAS NAS GRAMÁTICAS NORMATIVAS

Olá!

Eu me chamo Fernando Pestana. Sou autor do livro “A Gramática para Concursos


Públicos”.

Depois de muito pesquisar as gramáticas normativas da língua portuguesa, cheguei à


mesma conclusão a que todo estudioso chega: “Que confusão! Cada um diz uma coisa!
Esses caras não entram em consenso por quê, Jesus?!”.

Pois bem, o que não tem remédio... remediado está. Por isso resolvi registrar, sem lá
tanto compromisso assim, esses apontamentos...

O texto abaixo não tem a pretensão de esgotar cada minúcia, explicar ou justificar cada
filigrana possível e imaginável ou exemplificar todos os pontos divergentes nas
gramáticas normativas, mas tão somente apontar algumas divergências – umas mais
relevantes, outras nem tanto – em cerca de 30 gramáticas normativas brasileiras
academicamente consagradas (ou não), tornando mais fácil o caminho das pedras de
quem pretende mapear esses pontos.

Veja a lista de autores consultados (alguns escreveram gramáticas normativas; outros,


não):

- Evanildo Bechara - Cláudio Brandão


- Celso Cunha - José Oiticica
- Rocha Lima - Theodoro Henrique Maurer Jr.
- Napoleão Mendes de Almeida - José Rebouças Macambira
- Domingos Paschoal Cegalla - Maria Helena de Moura Neves
- Amini Boainain Hauy - Gladstone Chaves de Melo
- Silveira Bueno - Adriano da Gama Kury
- Sousa da Silveira - Cláudio Cezar Henriques
- Celso Pedro Luft - William Roberto Cereja
- Said Ali - Ernani Terra
- José Carlos de Azeredo - José de Nicola
- Carlos Góis - Hildebrando André
- Maximino Maciel - Luiz Antonio Sacconi
- Artur de Almeida Torres - Pasquale Cipro Neto
- José Marques da Cruz - Ulisses Infante
- Eduardo Carlos Pereira

Por preguiça, não fiz a revisão do texto; é válida, portanto, qualquer correção ou
acréscimo.

Vamos ao que interessa!


1) Fonologia

· Em palavras como “praia” e “sereia”, interpreta-se o encontro vocálico ora como


falso hiato, ora como dois ditongos (“glide”).
· Em palavras como “história” e “árduo”, interpretar-se o encontro vocálico como
ditongo ou hiato.

2) Acentuação

· Devido à confusa redação do Acordo Ortográfico no que tange à regra de


acentuação das oxítonas e das monossílabas tônicas, pode-se interpretar que as
monossílabas tônicas são acentuadas pela mesma regra que as oxítonas. Já a
maioria dos gramáticos, que sistematizam as regras de acentuação em suas
gramáticas, separa esses dois grupos em duas regras distintas.
· Devido à pouca clareza do Acordo Ortográfico na sistematização da regra de
acentuação das palavras paroxítonas, pode-se interpretar que paroxítonas com
terminações diferentes pertencem a regras diferentes; por outro lado, pode-se
interpretar que, independentemente da terminação das paroxítonas, todas seguem
a mesma regra de acentuação.
· Paroxítonas terminadas em ditongo crescente podem ser interpretadas como
proparoxítonas, o que significa que uma palavra como “colégio” recebe acento
pela regra das paroxítonas ou das proparoxítonas.

3) Morfologia

· Interpreta-se o “o” de “menino” ora como vogal temática, ora como desinência
de gênero.
· Em palavras formadas por acréscimo de prefixo e sufixo, como
“transexualidade”, interpreta-se que houve “derivação prefixal e sufixal” ou
“derivação prefixal ou sufixal”; ainda outras palavras, por falta de clareza nas
gramáticas, como “desmatamento”, dão margem a interpretações diferentes:
“derivação parassintética” ou “derivação sufixal”.
· Alguns interpretam “bi” como radical; outros, como prefixo. Os demais
morfemas numéricos, como “tri”, são sempre radicais.
· Palavras como “boteco” podem ser interpretadas como formadas por derivação
regressiva nominal ou abreviação vocabular.
· Alguns interpretam “tigresa” e outros, “tigre fêmea” como feminino de “tigre”.
· O plural de substantivos compostos formados por “substantivo + substantivo”,
em que o segundo especifica o primeiro, pode ser interpretado de duas maneiras:
pluraliza-se só o primeiro elemento ou ambos.
· O plural de substantivos compostos formados por “verbo + verbo” pode ser
interpretado de duas maneiras: pluraliza-se só o segundo elemento ou ambos.
· Em frases como “Tenho muitos amigos, mas os que me ajudam são poucos”,
alguns interpretam “o, a, os, as” – antes de pronome relativo “que” ou de
preposição “de” – como artigos definidos; outros, como pronomes
demonstrativos.
· Em frases como “Esses documentos são nossos”, alguns interpretam “nossos”
como pronome adjetivo; outros, como pronome substantivo.
· Com o infinitivo flexionado precedido de preposição, alguns interpretam como
correta só a próclise, outros entendem que é um caso facultativo de colocação.
· Alguns (poucos) entendem que pronomes demonstrativos são um fator de
próclise; a maioria nada diz ou diz que é um caso facultativo de colocação.
· Quando não há palavra atrativa antes do verbo, alguns entendem que a ênclise é
obrigatória, mas a maioria vê como caso facultativo de colocação pronominal.
· É facultativa a colocação pronominal após vírgula marcando intercalação,
segundo a maioria dos gramáticos que tocam nesse ponto; alguns entendem que
a ênclise é obrigatória; trata-se duma lacuna na esmagadora maioria das
gramáticas.
· A próclise ao verbo principal nas locuções verbais é polêmica; uns admitem,
outros não.
· Em frases como “Que mulher!”, o “que” pode ser interpretado como pronome
interrogativo exclamativo ou como pronome indefinido.
· Alguns gramáticos ensinam que os demonstrativos “este(a/s), isto” não podem
ser anafóricos (exceto quando acompanhado de “aquele[a/s], aquilo” na mesma
frase), devendo-se usar “esse(a/s), isso”; outros ensinam que podem ser
anafóricos, usados exatamente como “esse(a/s), isso”.
· Antes do pronome relativo “que”, não se pode usar preposição com mais de uma
sílaba, segundo a maioria dos gramáticos; a minoria ensina que se podem usar as
preposições “contra”, “para” e “sobre” antes desse relativo.
· Em frases com “quem”, como “Quem lê sabe mais” e “Quero saber quem está
fazendo bagunça”, esse pronome pode ser interpretado como “pronome
indefinido (ou interrogativo)” ou como “pronome relativo indefinido (ou relativo
sem antecedente)”.
· Com o verbo “querer”, pode-se interpretar “Quero passar na prova” como
locução verbal ou dois verbos constituindo duas orações.
· Em voz verbal, alguns consideram como voz ativa a forma como o verbo se
apresenta na frase, e outros consideram a forma como se apresenta e seu valor
semântico. Por exemplo, em frases como “João nasceu em junho” ou “João
tomou um soco”, uns veem como voz ativa; outros veem como ausência de voz.
· Segundo alguns, certos verbos transitivos indiretos podem ser transpostos para a
voz passiva; segundo muitos, não se pode transpor verbo transitivo indireto para
a voz passiva.
· Os verbos “emergir” e “imergir” são considerados como defectivos por alguns,
mas por outros não.
· Alguns ensinam que, além de modificarem verbo, adjetivo, outro advérbio ou
uma oração inteira, os advérbios podem modificar substantivo, pronome,
numeral, etc.
· Alguns ensinam que os advérbios que modificam adjetivos só indicam
intensidade; outros ensinam que podem indicar nesse caso circunstâncias
diferentes, como modo ou meio.
· “Jamais” e “nunca” podem ser interpretados como advérbios de tempo ou de
negação.
· Após o advérbio “talvez”, alguns ensinam que o uso do modo indicativo é
possível; outros, não.
· Antes de particípios ou adjetivos, alguns consideram correta a forma “mais
bem” ou “mais mal”, “melhor” ou “pior”, em frases como “Ela está mais bem
vestida hoje” (“Ela está melhor vestida hoje”). A maioria vê como correta só a
primeira construção.
· Alguns consideram como locução prepositiva a expressão formada por
“advérbio + preposição” (perto de, longe de, dentro de, fora de...); outros veem
não como locuções, e sim advérbios seguidos de preposição, exigidas por eles.
· Alguns (poucos) entendem que a conjunção “e”, quando usada com valor
adversativo, é uma conjunção adversativa, introduzindo oração adversativa.
· Após locuções conjuntivas concessivas, alguns admitem o uso de verbo no
modo indicativo; a maioria ensina que o verbo tem de estar no subjuntivo.

4) Sintaxe

· Em construções típicas de voz passiva sintética, como “Vende-se casas”, cuja


concordância é condenada pela maioria, alguns a veem como correta, recebendo
a seguinte justificativa: o verbo, na voz ativa, vem acompanhado de partícula de
indeterminação do sujeito, e o termo que o segue (casas) é seu objeto direto.
· Segundo muitos, não se pode contrair preposição com artigo ou pronome que faz
parte dum sujeito de verbo no infinitivo; segundo alguns, tanto faz haver ou não
tal contração nesse caso: “Apesar do (ou de o) brasileiro acreditar na política...”
· Verbos que indicam deslocamento/movimento ou moradia, como “ir, chegar,
voltar, morar, residir”, podem ser interpretados como intransitivos ou como
transitivos indiretos. Logo, a análise da frase “Ela chegou ao parque” pode ser
feita de duas maneiras: verbo intransitivo seguido de adjunto adverbial ou verbo
transitivo indireto seguido de objeto indireto; há quem classifique “ao parque”
como “complemento circunstancial”.
· Em frases com o verbo ser semelhantes a “São duas horas”, segundo a maioria
dos gramáticos, o verbo é de ligação seguido de predicativo do sujeito, mesmo
não havendo sujeito; a minoria ínfima vê “duas horas” como adjunto adverbial
ou sujeito.
· Em frases com locuções prepositivas formadas por “advérbio + preposição”,
como “Ele está perto da praia”, alguns gramáticos veem “da praia” como
complemento nominal, encarando “perto” como advérbio regencial; mas a
maioria entende que só os advérbios terminados em “-mente” são regenciais, de
modo que não haveria complemento nominal na frase, e sim um adjunto
adverbial de lugar iniciado por locução prepositiva: “perto da praia”.
· Os pronomes oblíquos átonos com valor possessivo podem ser interpretados
como objeto indireto com valor possessivo ou como adjunto adnominal em
frases como “Maria beijou-me o rosto”.
· Com os verbos causativos e sensitivos + pronome oblíquo átono + infinitivo, há
três análises sintáticas diferentes para o pronome: sujeito, objeto direto ou, ao
mesmo tempo, sujeito e objeto direto.
· Em frases com aposto resumitivo (Mulheres, homens, adultos, crianças,
ninguém chegou a tempo), alguns entendem que “ninguém” é o sujeito, e não o
aposto, e os termos enumerados são o aposto, e não o sujeito.
· Alguns entendem que é facultativa a preposição antes de orações subordinadas
substantivas objetivas indiretas e completivas nominais; a maioria não faz essa
ressalva, de modo que inferimos ser, para esses, obrigatória sua presença.
· Na construção (e semelhantes) “Faz cinco meses que não viajo”, interpreta-se o
“que” como expletivo, conjunção subordinativa temporal ou conjunção
integrante. Isso implica, obviamente, diferentes análises sintáticas.

5) Pontuação

· Em frases com objeto deslocado seguido de objeto pleonástico, como em “As


explicações, eu as dei ao aluno”, não há consenso (obrigatória, proibida ou
facultativa).
· A vírgula antes do “e” ligando orações com sujeitos diferentes e marcando
polissíndeto é vista como obrigatória ou como facultativa.
· Conjunções adversativas ou conclusivas deslocadas são obrigatoriamente
separadas por vírgula(s), segundo a maioria; a minoria diz ser caso facultativo.
· Ao fim das orações adjetivas restritivas de certa extensão ou de certo tipo com
verbos um do lado do outro, pode-se usar uma vírgula, segundo alguns
gramáticos, como em “Os que decididamente querem continuar a estudar, devem
ser fortes”; a maioria não se posiciona a respeito disso, de modo que se criou
uma virtual condenação a essa vírgula.

5) Concordância

· Em sujeitos formados por numeral percentual ou fracionário seguidos de


especificador, a regra de concordância é bem conflitante: uns ensinam que só se
deve concordar com o núcleo; outros, com o especificador; ainda outros, com
ambos, facultativamente.
· A concordância do verbo com o sujeito composto de núcleos ligados pela
conjunção “com” em construções com vírgula (O técnico, com os jogadores,
entrou no campo) é conflitante: uns entendem que o plural do verbo também é
possível; outros entendem que o singular é obrigatório.
· Se o sujeito composto é constituído de palavras sinônimas ou em gradação,
alguns entendem que o verbo tem de ficar no singular, mas a maioria vê como
caso facultativo (singular ou plural).
· Se o sujeito composto é constituído de “um ou outro” ou “nem um nem outro”,
alguns entendem que o verbo tem de ficar no singular; outros, no plural; ainda
outros, tanto faz.
· Se o sujeito composto é constituído de séries aditivas enfáticas ou conjunções
correlativas aditivas, alguns entendem que o verbo tem de ficar no plural; já
outros acham que é um caso facultativo.
· Indicando horas e seguido de locuções como “perto de”, “cerca de”, etc., o verbo
“ser” pode ficar no singular ou no plural.

5) Regência e Crase

· A maioria vê como incorretas construções com verbos de regências diferentes


apresentando o mesmo complemento, como em “Gostei e publiquei a imagem”,
devendo ser “Gostei da imagem e publiquei-a”; outros abonam ambas as
construções.
· O verbo “assistir” (com o sentido de auxiliar) não é só transitivo direto, como
ensinam alguns; outros ensinam que pode ser transitivo direto ou indireto,
facultativamente.
· Segundo alguns, o verbo “atender” não é só transitivo direto quando seu
complemento é “pessoa” nem é só transitivo indireto quando seu complemento é
“coisa”; alguns ainda infelizmente insistem nessa divisão.
· Segundo a maioria, o verbo “implicar” (acarretar, provocar) é só transitivo
direto; outros veem a possibilidade de ser transitivo direto ou indireto.
· Segundo muitos, o verbo “visar” (com o sentido de almejar, objetivar) é
transitivo direto ou indireto, mas alguns insistem em considerá-lo só transitivo
indireto, nessa acepção.
· Alguns ensinam que o uso do acento grave é proibido em expressões de núcleo
feminino indicando meio ou instrumento, como “à caneta”, “à mão”, “à vela”, “à
lenha”, “à vista”, etc., mas há gramáticos consagrados que abonam o uso desse
acento nesses casos.
· Alguns ensinam que a locução “à distância” só recebe acento se vier
especificada, mas outros entendem que o acento é empregado com ou sem
especificação da distância.

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