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DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER À POLÍTICA

NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER: BREVE HISTÓRICO

Amanda Santos Tavares1


Marilda Andrade2
Jorge Luiz Lima da Silva3

Em 1984, o Ministério da Saúde, condições de risco, precariedade da


atendendo às reivindicações do movimento assistência em anticoncepção,
de mulheres, elaborou o Programa de DST/HIV/Aids, violência doméstica e
Assistência Integral à Saúde da Mulher sexual, a saúde de mulheres adolescentes,
(PAISM). Neste momento, houve uma saúde da mulher no climatério/menopausa,
ruptura conceitual com os princípios saúde mental e gênero, doenças crônico-
norteadores da política de saúde das degenerativas e câncer ginecológico, saúde
mulheres e os critérios para eleição de das mulheres lésbicas, saúde das mulheres
prioridades neste campo (BRASIL, 1984). negras, saúde das mulheres indígenas, saúde
O PAISM incorporou como das mulheres residentes e trabalhadoras na
princípios e diretrizes as propostas de área rural e saúde da mulher em situação de
descentralização, hierarquização e prisão.
regionalização dos serviços, bem como a Um destaque pode ser feito à
integralidade e a eqüidade da atenção, num temática Saúde Mental e Gênero já que este
período em que, paralelamente, no âmbito estudo enfoca, além da Promoção da Saúde e
do Movimento Sanitário, se concebia o intersetorialidade, a questão da depressão no
arcabouço conceitual que embasaria a sexo feminino. Segundo Ministério da
formulação do Sistema Único de Saúde Saúde, 2004, trabalhar a saúde mental das
(SUS). Abrangia ações educativas, mulheres sob o enfoque de gênero, nasce da
preventivas, de diagnóstico, tratamento e compreensão de que as mulheres sofrem
recuperação, englobando a assistência à duplamente com as consequências dos
mulher em clínica ginecológica, no pré- transtornos mentais, dadas as condições
natal, parto e puerpério, no climatério, em sociais, culturais e econômicas em que
planejamento familiar, DST, câncer de colo vivem. Tais condições que são reforçadas
de útero e de mama, além de outras pela desigualdade de gênero, bem ressaltada
necessidades identificadas a partir do perfil na sociedade brasileira, que atribui à mulher
populacional das mulheres (BRASIL, 1984). uma postura de subalternidade em relação
Em 28 de maio de 2004, o Ministro aos homens.
da Saúde, Humberto Costa, lançou a - De acordo com o Guia de Direitos
Política Nacional de Atenção Integral à Humanos, as mulheres ganham menos, estão
Saúde da Mulher - Princípios e Diretrizes, concentradas em profissões mais
construída a partir dos princípios do Sistema desvalorizadas, têm menor acesso aos
Único de Saúde (SUS), respeitando as espaços de decisão no mundo político e
características da nova política de saúde. econômico, sofrem mais violência
Para elaboração deste documento, além do (doméstica, física, sexual e emocional),
respaldo técnico dos princípios e diretrizes, vivem dupla e/ ou tripla jornada de trabalho
houve o embasamento científico nos estudos e são as mais penalizadas com o
que relatam as principais causas de morte na sucateamento de serviços e políticas sociais,
população feminina, que são as doenças dentre outros problemas. Outros aspectos
cardiovasculares, destacando-se o infarto agravam a situação de desigualdade das
agudo do miocárdio e o acidente vascular mulheres na sociedade: classe social, raça,
cerebral; as neoplasias, principalmente o etnia, idade e orientação sexual, situações
câncer de mama, de pulmão e o de colo do que limitam o desenvolvimento e
útero; as doenças do aparelho respiratório, comprometem a saúde mental de milhões de
marcadamente as pneumonias (que podem mulheres.
estar encobrindo casos de Aids não Outra grande problemática que
diagnosticados); doenças endócrinas, aflige o sexo feminino, predispondo-o à
nutricionais e metabólicas, com destaque depressão, sendo ainda muito comum na
para o diabetes; e as causas externas sociedade atual, é a violência contra a
(BRASIL, 2000). mulher. Esta tem sido identificada como um
Desta forma, priorizaram-se nesta fator de risco para vários agravos à saúde da
política as seguintes problemáticas: mulher, tanto física como mental e
mortalidade materna, precariedade da reprodutiva, e tem se mostrado associada a
atenção obstétrica, abortamento em pior qualidade de vida, maior procura por
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serviços de saúde, maior exposição a Assim, para que os profissionais de
comportamentos de risco e maiores taxas de saúde possam compreender as reais
suicídio e de tentativas de suicídio. A OMS necessidades das mulheres que buscam
define violência como: o uso intencional de atendimento em serviço de saúde mental, é
força física ou poder, em forma de ameaças necessário que se dê um processo de
ou de atos, contra si próprio (a), outra pessoa incorporação, à prática das ações de saúde,
ou contra um grupo ou comunidade, que da perspectiva de que a saúde mental das
resulte, ou tenha uma grande probabilidade mulheres é, em parte, determinada por
de resultar, em lesão, morte, dano questões de gênero, somadas às condições
psicológico, prejuízo do desenvolvimento ou socioeconômicas e culturais. Dentro dessa
privação e, especificamente, violência contra realidade, o SUS poderá propiciar um
a mulher com [...] qualquer ato de violência atendimento que reconheça, dentre os
com base no gênero que resulte, ou tenha direitos humanos das mulheres, o direito a
uma grande probabilidade de resultar, em um atendimento realmente integral a sua
dano ou sofrimento físico, sexual ou saúde (BRASIL, 2004).
psicológico da mulher (OMS, 1996). Ao mesmo tempo em que se
Desta maneira, entendendo de uma preconiza a integralidade das ações, os
forma mais ampla os transtornos no âmbito relatos das histórias das mulheres na busca
da saúde mental aos quais as mulheres são pelos serviços de saúde ainda expressam
suscetíveis, tanto por questões sociais quanto discriminação, frustrações e violações dos
hormonais, permite-se interpretar a trajetória direitos e aparecem como fonte de tensão e
de repetição exaustivas das usuárias às mal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a
unidades básicas de saúde, em sua grande humanização e a qualidade da atenção
maioria com sintomas mórbidos como dores, implicam na promoção, reconhecimento, e
sensações corpóreas, insônia, além de respeito aos seus direitos humanos, dentro
tristeza e medo, refletindo em seus corpos de um marco ético que garanta a saúde
uma dor do existir social, traduzido pela integral e seu bem-estar.
ausência de expressão verbal e política. As práticas em saúde então,
Percebe-se a impotência frente à construção deverão nortear-se pelo princípio da
de um projeto individual e social de vida. humanização, aqui compreendido como
Várias especialidades são oferecidas nos atitudes e comportamentos do profissional
serviços e sendo, por fim, acolhida na área de saúde que contribuam para reforçar o
de saúde mental, com todo o significado que caráter da atenção à saúde como direito, que
isso implica: alta medicalização, surtos melhorem o grau de informação das
psicóticos e internações hospitalares, bem mulheres em relação ao seu corpo e suas
como a perda de referências importantes condições de saúde, ampliando sua
para o viver. (BARBOSA, 2006). capacidade de fazer escolhas adequadas ao
Pensar em gênero e saúde mental seu contexto e momento de vida; que
não é apenas pensar no sofrimento causado promovam o acolhimento das demandas
pelos transtornos mentais que acometem as conhecidas ou não pelas equipes de saúde;
mulheres. É necessário contextualizar os que busquem o uso de tecnologia apropriada
aspectos da vida cotidiana das mulheres, a cada caso e que demonstrem o interesse
conhecer sua estrutura social, para resolver em resolver problemas e diminuir o
as questões práticas da vida, e reconhecer sofrimento associado ao processo de
que a sobrecarga das responsabilidades adoecimento e morte da clientela e seus
assumidas pelas mulheres tem um ônus familiares (BRASIL, 2004).
muito grande, que muitas vezes se sobrepõe Ainda segundo essa política,
às forças de qualquer pessoa (BRASIL, humanizar e qualificar a atenção em saúde é
2004). aprender a compartilhar saberes e
Além das especificidades reconhecer direitos. A atenção humanizada e
biológicas, outras teorias têm sido de boa qualidade implica no estabelecimento
exploradas para explicar as diferenças de de relações entre sujeitos, seres semelhantes,
gênero na prevalência de depressão, como, ainda que possam apresentar-se muito
por exemplo, maior persistência dos distintos conforme suas condições sociais,
episódios depressivos em mulheres que em raciais, étnicas, culturais e de gênero.
homens, permeada pela influência de Tem como objetivos principais: 1 -
pressões sociais, estresse crônico e baixo a promoção da melhoria das condições de
nível de satisfação associados ao vida e saúde das mulheres brasileiras,
desempenho de papéis tradicionalmente mediante a garantia de direitos legalmente
femininos, ou pela forma diferencial entre constituídos e ampliação do acesso aos
gêneros de lidar com problemas e buscar meios e serviços de promoção, prevenção,
soluções (ANDRADE, 2006). assistência e recuperação da saúde em todo
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território brasileiro. 2 – contribuir para a Suas atividades estariam, então,
redução da morbidade e mortalidade femi- mais voltadas ao coletivo e ao ambiente
nina no Brasil, especialmente por causas (físico, social, político, econômico e
evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos cultural), através de políticas públicas e de
diversos grupos populacionais, sem dis- condições favoráveis ao desenvolvimento da
criminação de qualquer espécie, 3 - ampliar, saúde e do reforço (empoderamento) da
qualificar e humanizar a atenção integral. capacidade dos indivíduos e das
Entretanto, a caracterização comunidades (BUSS, 2000).
moderna da promoção da saúde é a Observa-se, através deste estudo, a
observação contínua dos determinantes importância da Promoção da Saúde e sua
gerais sobre as condições de saúde. Este relação direta com a qualidade de vida na
conceito baseia-se no entendimento que a comunidade. Através de mobilizações
saúde é produto de um amplo espectro de sociais há um estreitamento de vínculo
fatores relacionados com a qualidade de profissional – usuário, facilitando assim o
vida, incluindo alimentação e nutrição, boas acesso ao serviço de saúde, melhoria do
condições de habitação, saneamento, acolhimento ao usuário, controle social,
trabalho, educação, apoio social para ampliação da capacidade de enfrentamento
famílias e indivíduos, estilo de vida dos problemas locais e, conseqüentemente,
responsável e um leque de opções aos objetivando a melhoria das condições de
cuidados de saúde. vida da comunidade como um todo.

REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Políticas atenção integral à saúde da mulher: princípios e
diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BUSS, P.M. Promoção da Saúde e Qualidade de Vida. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 05, n. 01, 2000.
BARBOSA, S.R.C.S. Subjetividade e complexidade social: contribuições ao estudo da
depressão. Physis, Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 02, 2006. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312006000200010.
Acessado em: 20/10/2007.
ANDRADE, L.H.S.G.; VIANA, M.C.; SILVEIRA, C.M. Epidemiologia dos transtornos
psiquiátricos na mulher. Revista de psiquiatria clínica, São Paulo, v. 33 n. 02, 2006.
Disponível em http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol33/n2/43.html. Acessado em:
20/10/2007.

REFERÊNCIA DO TEXTO:
TAVARES. A.S.; ANDRADE, M.; SILVA, J. L. L. Do programa de assistência integral à
saúde da mulher à política nacional de atenção integral à saúde da mulher: breve histórico.
Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.30-32, 2009.

1
Enfermeira. Especialista em Promoção da Saúde pelo Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da
Saúde com ênfase em PSF/ Uff.
2
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa Uff.
Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da Saúde/ Uff.
3
Enfermeiro. Mestre em Enfermagem (Unirio). Professor Colaborador do Curso de Especialização em Enfermagem
e Promoção da Saúde/ Uff.

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