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Luta no Mar

Debilita-se o poderio submarino alemão

Guerra Submarina

Ao iniciar-se o segundo semestre de 1942, as formações submarinas alemães foram enfrentadas por uma
oposição que aumentava, gradualmente de intensidade. A zona costeira da América do norte e também a da
América central eram patrulhadas, dia a dia, com crescente eficiência. Os submersíveis alemães, em
conseqüência, se viram obrigados a abandonar zonas como a do Caribe, sulcadas permanentemente pelos
navios mercantes, porém, paralelamente, patrulhadas por grande quantidade de naves de guerra e aviões de
observação.

Da mesma maneira, a costa da África terminara por converter-se em território proibido para os submarinos
alemães.

A principal razão que justificava esse êxodo forçado das unidades alemães de zonas nas quais haviam obtido
brilhantes triunfos, num passado muito próximo, era o aumento gradual do raio de ação dos aviões de
observação. De fato, os aparelhos com base em terra que, em 1939, tinham um raio de ação de 130 milhas
marítimas, em 1941 o haviam alongado a 300; a 600 em 1942 e, por fim, em 1943, a 800. Isto significava
que os aviões com bases em Terra Nova, Islândia e Grã-Bretanha estavam em condições de cobrir,
praticamente, toda a extensão do Atlântico norte.

A ação dos submarinos alemães, então, se transferiu para o Atlântico central e sul. No outono de 1942, uma
frota integrada por oito submarinos de grande tonelagem "raspou" as águas do Atlântico, ao sul da cidade do
Cabo. Em ações sucessivas e com a perda de um só dos submarinos, destruiu 300.000 toneladas de naves
inimigas.

A esta altura dos acontecimentos, a guerra submarina apresentava aos alemães o inconveniente das grandes
distâncias que os unidades deviam percorrer para chegar às zonas de "caça". De fato, as águas do oceano
Índico, por exemplo, resultavam praticamente impossíveis de alcançar, apesar da utilização de submarinos
cisterna.

Em setembro de 1942, os submarinos alemães que operavam no Atlântico, chegavam a 100. Tão elevado
número permitiu organizar as campanhas, dividindo as tarefas e criando grupos especiais de exploração e
busca. Nessas circunstâncias foram levadas a cabo numerosas missões, com resultados diversos. Em geral, à
natural proteção prestada aos comboios pelos navios de escolta e pelos aviões de observação, somava-se o
mau estado do tempo. A tempestade e a neblina ocultavam e camuflavam dezenas de naves que navegavam
em grandes formações, protegendo-os assim dos incursões dos submersíveis alemães.

Contudo, golpes de sorte trouxeram grandes benefícios aos alemães; o submarino U-221, sob o comando do
Tenente de Fragata Trojer, após divisar um comboio inimigo, o SC-104, atacou-o ao longo de duas noites,
afundando sete barcos com um total de 40.000 toneladas.

Em linhas gerais, a tonelagem aliada afundada entre junho e novembro de 1942, oscilou em torno da média
mensal de 500.000 toneladas, com um máximo de 700.000 no mês de novembro. É necessário destacar, a
respeito das cifras citadas que, em geral, o comando alemão computava cifras superiores às reais, cerca de
um terço a mais. Deve-se levar em conta, ainda a respeito disso, que os ataques, em geral, de surpresa, não
permitiam visualizar claramente o objetivo; outras vezes, premidos pela necessidade de abandonar
precipitadamente a zona de luta, acabava sendo impossível identificar os barcos postos a pique, mesmo com
boa visibilidade.

Novas técnicas na guerra submarina

No segundo semestre de 1942, a guerra submarina viu seu curso alterado pela aparição do que parecia ser
uma nova arma. Cada vez com maior freqüência ocorria um episódio que abalava psicologicamente os
tripulações dos submarinos; de súbito, inesperadamente, quando a unidade se encontrava em navegação,
longe de possíveis atacantes, aparecia um avião inimigo, surgido repentinamente entre as nuvens, e caía
sobre o submarino, descarregando sobre ele suas bombas de profundidade. A única explicação era que os
aviões inimigos utilizavam, indubitavelmente, o radar. Em represália, os submersíveis alemães foram
providos, pouco depois, de um aparelho denominado FUMB ("Revelador de radar"); este artefato permitia
aos submarinistas descobrir em que momento estariam sujeitos à observação e, em conseqüência, teriam uma
margem suficiente para submergir imediatamente e escapar à perseguição. Como resultado da aplicação do
radar no luta anti-submarina, a caça aos mercantes aliados se viu prejudicada; quase todos os comboios
começaram o navegar acompanhados por um porta-aviões auxiliar, cujos aviões patrulhavam constantemente
o rota dos navios. Dessa maneira, a campanha submarina alemã viu-se cada vez mais obstaculizada.

Os submersíveis alemães, premidos pelos circunstâncias, foram obrigados a recorrer a novas armas que
permitiram que eles atacassem e se defendessem das pequenas naves de escolta, destróieres e,
principalmente, de torpedeiros. Deve-se destacar que esses tipos de navios não eram mais atacados pelos
submarinos, em virtude da sua extrema mobilidade e escassa importância da sua tonelagem. Porém, sem
dúvida, continuavam sendo, para os submarinos, inimigos perigosos. Em conseqüência, os técnicos alemães,
aperfeiçoaram um novo tipo de torpedo, denominado "Zaunkonig", que, munido de um artefato acústico, se
dirigia automaticamente para as hélices da nave atacada.

Outras armas foram paralelamente projetadas e postas em prática na luta submarina. Duas delas foram as
chamadas FAT e LUT. Tratava-se de torpedos de longo alcance, que podiam ser disparados de grande
distância, eliminando assim grande parte do risco da nave atacante. Os FAT e LUT eram lançados sem um
objetivo determinado; isto é, simplesmente eram dirigidos contra a massa de barcos que integravam o
comboio. Quanto maior fosse a densidade do mesmo, maiores eram as possibilidades de que o projétil
alvejasse algum dos navios. Contudo, o perigo, para os submarinos alemães, crescia, dia a dia. Realmente, o
aperfeiçoamento crescente dos ecogoniômetros, utilizados pelas naves aliadas, tornava arriscado, inclusive,
permanecer relativamente longe da zona que estava patrulhada pelos barcos de escolta. Os alemães, uma vez
mais, recorreram a novas armas. Para este caso, desenvolveram e puseram em prática o BOLD; era um
recipiente que, lançado por meio dos tubos lança-torpedos, em determinado momento, liberava uma
substância química que produzia grande quantidade de borbulhas. Estas, por sua vez, produziam nos
aparelhos detectores dos barcos aliados, ecos semelhantes aos dos submarinos, induzindo-os a erro. Como
contramedida, os Aliados treinaram minuciosamente grupos de verdadeiros especialistas na caça submarina,
que, depois, embarcados nos naves escolta, se converteram num gravíssimo perigo para os submersíveis
alemães, visto que seu traquejo lhes permitia identificar facilmente os ecos reais dos falsos. As bombas de
profundidade, também, foram extremadamente aperfeiçoadas pelos Aliados; os explosivos utilizados eram
cada vez mais potentes, atuando sobre o submarino cada vez a maior distância. Como defesa, os alemães
passaram a montar as máquinas dos seus submarinos sobre bases de borracha, para reduzir os efeitos das
explosões. Uma arma anti-submarina particularmente perigosa era o Hedgehog ("Porco-espinho"). O
Hedgehog era um aparelho que lançava simultaneamente dezesseis pequenas bombas de profundidade.
Destas, somente uma explodia, se batia no submarino; as demais se afundavam silenciosamente. O objetivo
era não perturbar o funcionamento dos aparelhos de escuta da nave atacante. Apesar de tudo e apesar das
eficazes medidas desenvolvidas pelos Aliados, as perdas sofridas por eles continuaram sendo particularmente
graves. Nos primeiros dias de novembro de 1942, por exemplo, um grupo de 13 submersíveis alemães atacou
o comboio SC-107, pondo a pique 15 navios, com um total de 88.000 toneladas.

Submarinos em ação

Quando se produziu o desembarque aliado na África, a 8 de novembro de 1942, vinte e dois submarinos
alemães estavam no Atlântico norte, cobrindo as principais rotas dos comboios aliados; três se encontravam
no Golfo de Viscaya; outros sete, destinados ao Atlântico, foram desviados para o Mediterrâneo e um grupo
de oito grandes submarinos estavam operando entre os Açores e as ilhas de Cabo Verde. Este último grupo,
precisamente, avistou, a 27 de outubro, o comboio SL-125 e, atacando-o, provocou o afundamento de doze
naves, com um total de 80.000 toneladas.

Nas semanas posteriores ao desembarque aliado na África do Norte, outros submarinos tiveram que ser
transferidos ao Mediterrâneo, com o objetivo de compensar as perdas sofridas. Essas unidades deveriam
acossar a navegação inimiga, principalmente os seus comboios de reabastecimento. No entanto, o êxito dos
ataques submarinos foi muito limitado. Três submarinos foram afundados e seis sofreram graves avarias.
Paralelamente, os danos que esses corsários causaram às embarcações aliadas foram insignificantes.
Por volta de novembro de 1942, os alemães lançaram novamente à luta suas unidades submersíveis. O mau
tempo, contudo, tornou difíceis as operações. Depois do ataque ao comboio aliado ONS-144, nove
submarinos alemães tiveram que manter-se navegando na superfície, durante quase uma semana, à espera
das naves que deviam reabastecê-los; estas tiveram o seu trabalho prejudicado pelo mau tempo reinante.

Em fins de dezembro, o comboio aliado ONS-154 sofreu um ataque de submarinos alemães. Catorze barcos
foram afundados, totalizando as perdas, 75.000 toneladas. Paralelamente, na costa do Brasil, operavam nove
unidades. Foi ali que o U-176 perseguiu durante cinqüenta horas um barco inimigo antes de poder afundá-lo.

Durante os primeiros dias de janeiro de 1943, um grupo de submersíveis, que se encontravam espalhados em
posição de combate entre os Açores e a costa americana, foram orientados para o encontro de um comboio de
barcos petroleiros. Depois do ataque, os informes dos submarinos deram como destruídos, quinze dos barcos
aliados. No entanto, apenas sete o foram realmente.

Ao todo, os Aliados perderam, em dezembro de 1942, pela ação submarina, 340.000 toneladas; 200.000 em
janeiro de 1943 e 360.000 em fevereiro. Os alemães, por seu lado, perderam em janeiro, 4% das unidades
existentes na zona, 13% em fevereiro e 10% em maço.

Durante o mês de março, em duas oportunidades sucessivas, os FW-200 avistaram pequenos comboios a
algumas centenas de milhas a oeste da costa espanhola. Um só dos submarinos que partiu para o ataque
afundou quatro barcos, com um total de 17.000 toneladas.

Entre 15 e 19 de março de 1943, foi travada a maior batalha de toda a guerra, entre submarinos alemães e
barcos aliados e suas escoltas. O objetivo era o comboio HX-229, formado por cinqüenta barcos. A força
atacante contava com quarenta submarinos.

Na primeira noite se lançaram ao assalto oito unidades; seis delas estabeleceram contato com o inimigo e
lançaram os seus torpedos. Nas noites sucessivas, apenas três submarinos puderam lançar seus ataques. Mas
as perdas do comboio ascenderam a 21 naves, com um total de 141.000 toneladas.

As perdas alemães se limitaram a um submarino.

A ação empreendida contra outro comboio, ao longo de sete dias, contudo, e na qual tomaram parte
submersíveis que se encontravam a 1.500 milhas de distância, transladando-se ao local da luta, somente
trouxe como resultado o afundamento de quatro barcos aliados, com um total de 28.000 toneladas. A força
atacante perdeu um submarino. Neste caso, a decidida e hábil intervenção das forças de escolta fez fracassar
o intento alemão
.
Em março foram afundadas no Atlântico 500.000 toneladas de navios aliados. Em abril, os submarinos
obtiveram também resultados destacados; de fato, a 30 de abril, o U-515, nas cercanias de Freetown, atacou
um comboio fortemente escoltado e pôs a pique, no decorrer do ataque, lançando nove torpedos, oito dos
catorze barcos que formavam o comboio.

No mês de abril, ao todo, foram afundadas 250.000 toneladas. No mesmo mês, paralelamente, perderam-se
13 submersíveis alemães. Em maio, de 118 unidades submarinas alemães em operações, 38 não retornaram
ao porto. Os Aliados, por sua vez, perderam 42 naves, com um total de 210.000 toneladas. No primeiro
semestre de 1943, para cada submarino perdido, haviam sido afundadas 220.000 toneladas de barcos aliados;
em maio de 1943, no entanto, somente 5.500 toneladas por submarino.

Em junho, o afundamento de 20 naves custou aos alemães a perda de 21 submarinos. Em julho, os alemães
afundaram 45 barcos aliados, perfazendo 245.000 toneladas; as perdas de submarinos chegaram a 33 naves.
A partir desse momento, em linhas gerais, os afundamentos não superaram a cifra de 100.000 toneladas
mensais.

A esta altura dos acontecimentos, a caça anti-submarino havia vencido a batalha. Os submarinos tiveram suas
possibilidades reduzidas a poucas missões. Invariavelmente, as escoltas dos comboios, aperfeiçoando os
métodos de ataque, e aumentando gradualmente os seus efetivos, haviam ganho a batalha.
O Alto Comando alemão, tratando de encontrar uma solução para a situação desesperadora, adotou diversas
medidas para contrabalançar a superioridade do inimigo.

O maior perigo que os submarinos enfrentavam quando submersos, eram os ataques com bombas de
profundidade, enquanto que na navegação de superfície, o risco maior era representado pelos aviões munidos
de radar.

Como primeiro recurso tentou-se enfrentar a ameaça aérea armando os submersíveis com material antiaéreo
em quantidade maior do que a habitual. No entanto o medida não deu o resultado esperado e as perdas
obrigaram os alemães a abandonar a técnica de fazer frente aos aviões aliados.

O aperfeiçoamento do radar, por parte dos alemães, tampouco conduziu a conclusões alentadoras. Somente
deu algum resultado, embora pouco importante para ser considerado uma solução, a instalação, nos
submarinos, de recapeamentos que absorviam as ondas do sonar e do radar.

Os novos submarinos

Existia, sim, uma solução radical e definitiva; consistia na construção de um submarino que fosse capaz de
deslocar-se e atacar em imersão e que, além disso, fosse mais rápido, para evitar a perseguição.
Tecnicamente era viável; porém, na prática, a idéia tornava-se impossível de materializar. De fato, os
projetos, estudos posteriores e construção teriam demandado de um ano a dois. Não havia então outro jeito
senão manter a luta baseada nos velhos submarinos. Estes, providos de "Snorkel", viram aumentadas suas
possibilidades. O "Snorkel", de fato, consistia num longo tubo que ascendia até a superfície e permitia o
renovação do ar no interior da nave e a recarga das baterias. De dia, no entanto, a esteira do "Snorkel" era
claramente visível e, também, o ruído dos motores diesel impedia os tripulantes de perceber sons do exterior.

A única solução, em definitivo, estava no motor; isto é, um submarino veloz. Pouco antes da Segunda
Guerra, um cientista alemão, o professor Walter, havia proposto à marinha alemã a construção de um
submarino que utilizava, em uma turbina de gás, o oxigênio produzido pelo peróxido de oxigênio. O
submersível podia desenvolver uma velocidade de 25 nós em imersão.

Tomando como base o projeto do professor Walter, a marinha determinou a construção de algumas pequenas
unidades. Estes submarinos, de 80 toneladas, em linhas gerais, reagiram positivamente às esperanças neles
depositadas.

Os submarinos, no entanto, não estavam em condições de levar à bordo o peróxido, como combustível, pois
se tratava de uma substância extremamente ativa. Entretanto, em 1942, foi ordenada a construção de 4
unidades de 240 toneladas. Posteriormente, sucessivas reformas nos projetos originais deram origem ao
projeto do submersível XXI, de 1.600 toneladas, que desenvolvia uma velocidade de 15,5 nós na superfície e
17,5 em imersão. A nave podia navegar em imersão durante dois dias e meio a 6 nós, e durante onze dias a
velocidade muito reduzida. A autonomia, na velocidade mais reduzida dos seus motores diesel e elétricos, era
de 24.000 milhas. Era dotado de "Snorkel" e aparelhos muito modernos, permitindo que ele atacasse em
imersão e lançasse os seus torpedos mediante medições hidrofônicas.

O projeto foi desenvolvido em dois meses e apresentado ao grande Almirante Doenitz, a 19 de junho de
1943. O marujo alemão "viu" de imediato as possibilidades do novo submarino e deu ordem de iniciar a
construção. Paralelamente, confiou ao Ministro Speer tudo o que se relacionava com as construções navais.
Hitler, por sua vez, aprovou um programa de fabricações que compreendia 22 unidades do tipo XXI e 10 do
tipo XXIII, mensalmente. As naves do tipo XXIII eram, justamente, as que tinham as mesmas características
que as anteriores, porém deslocavam 250 toneladas e uma velocidade de imersão de 12,5 nós. Muito depois
foi elaborado o projeto de um submersível "Walter", o tipo XXIV, do qual, a partir do outono de 1945,
deviam ser construídas 12 unidades por mês. No entanto, os acontecimentos precipitando-se, impediram a
concretização desse plano. Somente chegou a ser construído o modelo em madeira da embarcação
submarina. Pode-se ter uma idéia aproximada da dificuldade que requer a elaboração de um novo modelo
pelo seguinte fato: para executar o submarino de tipo XXI foram necessários 15.000 desenhos prévios...

O comando de construções navais, sob as ordens de Speer, iniciou com grande energia o plano de fabricações
em série e por meio de seções independentes.
As unidades submersíveis eram construídas em oito seções, elaboradas de forma completa, com todos os
seus elementos e acessórios. Posteriormente, as seções eram soldadas entre si. Em teoria, esse sistema
deveria economizar tempo e dinheiro. Na prática, ao contrário, criou infinitos problemas.

A primeira unidade foi lançada ao mar em pouco tempo, originando grandes esperanças. Em seguida, desde
abril até outubro de 1944, outras 44 unidades foram terminadas. No entanto, as esperanças iniciais foram
rapidamente minadas por um grande desalento. Na verdade, todas as unidades revelaram grandes
deficiências e, de um modo geral, careciam de aprimoramento. O problema foi de tal gravidade que somente
uma das unidades pôde fazer-se ao mar, poucos dias antes do fim da guerra. Entrementes, os submarinos do
tipo antigo se mantinham em atividade, desenvolvendo uma campanha que se tornava, dia a dia, mais difícil.
Havia terminado a época das "manadas de lobos" e do "emprego coordenado" das unidades. Os submarinos
tinham que operar isolados e bastando-se a si mesmos. Chegaram a ser efetuadas saídas de 66 dias; isso,
constituía, indiscutivelmente, um esforço sobre-humano para os tripulações. Apesar disso, as unidades
submersíveis alemães ainda ofereciam campanha a 3.000 unidades navais inimigas e a vários milhares de
aviões. É bastante significativa a mensagem irradiada pelo comandante de um submarino, em maio de 1944:
"Atlântico centrol pior que o Golfo de Viscaya".

Apesar de tudo, os alemães ainda contavam com armas que tornavam suas naves muito perigosas. Foi muito
eficiente, por exemplo, o "Zaunkonig", torpedo que avançava para o navio inimigo guiado pelo rumor de
suas hélices.

No dia 29 de maio de 1944, o U-549, em ação individual, afundou, a oeste da ilha da Madeira, o porta-aviões
de escolta americano "Block Island", que fazia parte de um grupo anti-submarino. Além disso, torpedeou um
dos caça-torpedeiros da escolta; logo depois, porém, o U-549 foi vítima de outro caça-torpedeiro. A 10 de
junho de 1944, naves de um grupo anti-submarino americano abordaram o submarino alemão U-505, que se
encontrava gravemente avariado. Após reparar suas avarias, rebocaram-no até um porto americano.

Por volta do outono de 1944, os submarinos alemães comprovaram que a proximidade da costa inimiga lhes
oferecia maior segurança. A escassa profundidade dificultava a atividade dos aparelhamentos detectores,
dificuldade agravada também pela grande quantidade de cascos afundados. Porém, a frota submarina alemã,
que contava com cerca de 400 unidades, já não estava em condições de variar o curso da guerra.

Os submarinos de grande tonelagem, como os do tipo IX-D, de 1.600 toneladas, e alguns italianos, estavam
em piores condições para defender-se da caçada inimiga. No segundo semestre de 1942, operaram com
muito sucesso na zona oriental do Caribe, e diante dá costa brasileira, e no começo de 1943, entre a África
sul e Madagáscar. Eram reabastecidos por petroleiros provenientes de Penang, na costa ocidental da Malásia,
que os japoneses haviam colocado à disposição de alemães e italianos como base de operações. Em maio de
1943, dez grandes submarinos deixaram os portos do Golfo de Viscaya, em viagem direta à Ásia oriental-sul.
Cinco deles se perderam no Atlântico; os demais, após serem reabastecidos de combustível ao sul da ilha
Maurício, operaram entre o África oriental, Arábia e a Índia. Em fins de outubro entraram em Penang. Outros
quatro submarinos que deviam segui-los, partindo da França, perderam-se todos no Atlântico.

O transporte entre Bordéus e o Japão foi, nessa época, reforçado com três unidades italianas, internadas, após
o armistício assinado pela Itália, em portos japoneses.

No começo de dezembro de 1943, foram enviados ao oceano Índico, cinco submarinos. Alguns foram
afundados no Estreito de Málaga por submarinos ingleses. Nos primeiros meses de 1945, os submarinos do
“Eixo” empreenderam o regresso à Europa. No entanto, apenas três chegaram ao destino. Quatro, também,
passaram, às mãos dos japoneses. Entre os submersíveis italianos destacou-se o "Da Vinci" que afundou seis
naves inimigas com um total de 59.831 toneladas. O "Da Vinci" perdeu-se, posteriormente, no Atlântico, no
caminho de regresso à base. O "Cagni" por sua vez, cumpriu dois cruzeiros; o primeiro de 137 dias e o
segundo de 90; encerrou sua segunda saída com a assinatura do armistício.

Os japoneses, por seu turno, efetuaram a guerra corsária submarina, no oceano Índico, de forma esporádica.
Eles empregaram os seus submarinos, principalmente, em estreita colaboração com o resto da frota. Na
segunda metade da guerra, os utilizaram intensamente para reabastecer as guarnições de suas afastadas bases.
É significativo assinalar que, no Japão, o exército começou a construir seus próprios submarinos destinados
ao abastecimento.
Em 1943, a marinha japonesa ordenou uma série de construções de submersíveis de 5.200 toneladas, com
uma velocidade de 19 nós na superfície, e 6,5 em imersão, com uma autonomia de 37.500 milhas, forte
armamento artilheiro e três aviões. Três deles foram concluídos a tempo, porém não chegaram a intervir no
conflito.

Em 1944, os japoneses começaram o construção de submarinos de 1.300 toneladas, com motores elétricos,
que deveriam desenvolver uma velocidade de 15 nós na superfície e 20 em imersão. A primeira unidade foi
aprontada em dez meses. A partir de 1943, também, definitivamente, os submarinos japoneses tiveram o seu
emprego sacrificado e os novos navios, rápidos, chegaram demasiado tarde para mudar a feição da guerra.
Os submarinos alemães, dotados de "Snorkel", partindo de bases norueguesas, operaram quase até o fim, nas
águas que rodeavam a Inglaterra e Gibraltar. Outros, de mais tonelagem, atuaram diante das costas
americanas. Em março de 1944, o total dos afundamentos provocados pelos submarinos alcançou 143.000
toneladas. A partir desse momento, os afundamentos decaíram para menos de 100.000 toneladas mensais,
com um mínimo de uma nave, com 7.000 toneladas, em outubro de 1944. Entrementes, o Comando de
Submarinos estava impossibilitado de avaliar claramente as atividades de suas unidades, pois muitas que
estavam navegando não enviavam mensagens de nenhum tipo, temendo a sua possível interceptação pela
caça anti-submarina aliada.

No mês de abril de 1944, as perdas de unidades submarinas alcançaram 5 % (29 submersíveis sobre 54 em
atividade). As perdas em homens, paralelamente, alcançaram cifras pavorosas. Na verdade, de um total de
40.000 tripulantes embarcados em unidades submarinas, 28.000 pereceram.

Guerra naval no Báltico

Até os últimos momentos da guerra, a marinha alemã interveio ativamente nas operações desenvolvidas no
mar Báltico, contra os russos. Estes, em plena ofensiva, avançavam constantemente, isolando amplos setores
do costa. Era necessário, então, recorrer à marinha para poder reabastecer e, em seguida, evacuar os efetivos
desses setores.

Em janeiro de 1944, a primeira ofensiva no setor do Báltico obrigou a frente alemã a retroceder para além de
Leningrado e Oranienbaum, até Narwa e o lago Peipus. Grandes campos de minas foram então espalhados,
de maneira a fechar o Golfo da Finlândia. Em conseqüência, os submarinos soviéticos não fizeram sua
aparição no Báltico, propriamente dito.

No decurso da primavera e o verão de 1944 se intensificaram os ataques de aviões e lanchas rápidas russas
contra as unidades alemães. As naves, portanto, deviam suportar um intenso ataque da aviação russa, que as
fustigava sem cessar, e que terminavam, habitualmente, com graves conseqüências para os barcos alemães
que, desprovidos de munição antiaérea, ficavam indefesos ante a ação dos aviões soviéticos.

Nos combates efetuados em julho e agosto de 1944, na região do Istmo da Carélia, participaram pela
primeira vez, torpedeiras submersíveis e lanchas torpedeiras alemãs.

Em meados de setembro de 1944, quando a Finlândia suspendeu suas operações contra o Rússia, uma
unidade alemã tentou apoderar-se da ilha de Hogland, no Golfo da Finlândia, defendido por uma unidade
finlandesa. Esta última, contudo, se defendeu tenazmente, e foi apoiada pela aviação russa, desbaratando a
tentativa alemã.

No mês de novembro de 1944, um total de 1.600.000 toneladas de materiais foram transportadas pelos
alemães sem sofrer perdas. Em dezembro, foram 1.100.000 toneladas sem outra perda senão um barco
pesqueiro armado. Deve-se notar que no último semestre da guerra nenhuma unidade soviética de superfície
apareceu no Báltico, apesar das águas se encontrarem sulcadas em todas as direções por grande quantidade
de comboios alemães, integrados, em sua maioria, por barcos lentos e escassamente escoltados. Somente
alguns submarinos foram avistados. No outono de 1944, os submarinos russos disponíveis eram 20. Em
outubro afundaram algumas unidades menores alemães em Curlândia e diante das costas da Prússia oriental.
Em 1945, em quatro meses, afundaram sete barcos inimigos.

No Báltico, em definitivo, os alemães mantiveram a iniciativa. Contrariamente ao ocorrido com a marinha


japonesa que, por volta do final da guerra, teve que sofrer a violência dos ataques inimigos, inativa,
deixando-se destruir nos portos, a marinha alemã, interveio eficazmente, evacuando unidades e retardando o
avanço inimigo, dentro de suas limitadas possibilidades.

A Alemanha e o mar

O mar é, indiscutivelmente, uma imensa via de trânsito. A guerra no mar sempre foi, portanto, uma luta pelas
comunicações marítimas, e os fundamentos da sua estratégia permaneceram imutáveis ao longo dos tempos.
Entretanto, o rápido progresso da técnica exerceu um notável influxo sobre a tática e as operações.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os poucos barcos alemães destinados a operações de longo alcance
foram fortemente obstaculizados em seus movimentos pela necessidade de freqüentes reabastecimentos de
carvão. Os submersíveis dotados de motores diesel, apesar de sua pequena tonelagem, foram as primeiras
naves de guerra realmente oceânicas, visto que podiam permanecer no mar durante muitas semanas.

A dependência das unidades maiores das bases, e a situação geográfica da Alemanha, obrigaram este país a
realizar ações isoladas e a desenvolver novos meios técnicos, em lugar de grandes operações. O maior
interesse se concentrou nos submarinos, que se haviam revelado o maior e quase único perigo para o tráfego
marítimo de qualquer potência.

A liderança política da Alemanha acreditou poder furtar-se à influência do mar para o seu crescimento. Esse
conceito, equivocado, não tardaria a manifestar suas conseqüências; logo, a Alemanha se viu obrigada a
assegurar a posse de determinados elementos minerais de importância vital, através de arriscadas operações
marítimas. Porém, mesmo depois desta experiência, não se constituiu numa verdadeira concentração de
forças que ameaçasse a potência marítima mais perigosa.

A marinha reclamou, constantemente, uma atenção preferencial para estes fatos, porém não chegou a fazer
triunfar seus pontos de vista. Em conseqüência, não obteve nem uma adequada arma aérea tática, nem um
forte apoio para o desenvolvimento da arma submarina. Esse apoio foi concedido quando o desastre
começou a se delinear. Então, já era tarde. Haviam-se perdido dois irrecuperáveis anos.

A Itália, por seu turno, tinha uma frota relativamente forte, com objetivos muito claros. Sua sorte,
efetivamente, dependia do domínio da Mediterrâneo. A liderança política, porém, não pensava assim.

Ao começarem as hostilidades, a frota mercante italiana, distribuída pelos portos do mundo, perdeu-se em
grande parte. Desapareceu assim, nas mãos do inimigo, uma imensa tonelagem que posteriormente seria vital
para garantir o transporte.

A arma submarina, também, numericamente forte, revelou numerosas deficiências, e a colaboração vital
entre a marinha e a aeronáutica, foi extremamente insuficiente.

Com sua velha experiência marítima, a Grã-Bretanha concentrou imediatamente todas as suas forças na
proteção do seu tráfego naval. Em relação à guerra submarina, a Grã-Bretanha não estava suficientemente
organizada nos primeiros momentos, e encontrou-se em grandes dificuldades. No entanto, defendeu com
tenacidade suas posições no Mediterrâneo e conseguiu, paulatinamente, eliminar a ameaça da arma
submarina. Com referência à perda de navios, todos os tipos de barcos de guerra foram consideravelmente
atingidos, em proporções muito superiores às da Primeira Guerra Mundial. A frota inglesa perdeu 62% dos
seus cruzadores, contra os 22% da Primeira Guerra, e 90% dos seus destróieres, contra os 29%.

As perdas de submarinos foram particularmente elevadas para todas as nações: a Alemanha, que durante toda
a guerra, pôs em serviço mais de 1.100 submersíveis, perdeu mais de 800; a Inglaterra perdeu 77 unidades
sobre 235; à Itália, 86, em 160; os Estados Unidos, 52 em 290; e o Japão 127 em 190.

As frotas mercantes foram quase totalmente destruídas. Os japoneses perderam 82 % da sua tonelagem total;
os italianos, uma cifra quase igual, os alemães perto de 70% da tonelagem inicial, e os Aliados, cerca de 21 .
000.000 de toneladas (a tonelagem total da marinha inglesa ao começar a guerra).

A maioria das perdas se deveram aos submarinos. Pela sua ação foram perdidos aproximadamente
14.000.000 de toneladas de navios mercantes aliados e 5 dos 8,2 milhões de toneladas perdidas pelos
japoneses.
A arma aérea, seja com base em terra, seja embarcada em porta-aviões, exerceu uma grande influência nas
operações navais. De particular importância, foram os novos aparelhos utilizados, como o radar, que, para as
unidades de superfície, anulava a proteção da escuridão da noite ou da neblina, e assinalava a aproximação
de aviões inimigos a centenas de quilômetros de distância. Os detectores empregados em operações
submarinas, fundamentados no emprego do ultra-som, deram resultado menos satisfatório, porém, mesmo
assim, bastaram para converter em inócuos os submarinos lentos e desprovidos de "Snorkel".

As unidades maiores, por suo vez, se viram particularmente ameaçadas nas cercanias dos costas, pela ação
das minas, lanchas-torpedeiras, aviões. Estas zonas se converteram em campos de luta com características
especiais e foram teatro de operações de numerosos desembarques. A técnica destes últimos, constantemente
aperfeiçoada, tornou possível ao atacante passar do mar à terra, sob a proteção de suas frotas naval e aérea,
mesmo em presença de uma sólida defesa.

Os progressos técnicos permitiram concentrar forças extraordinariamente grandes, em pontos decisivos,


mesmo a grandes distâncias. Isto quer dizer que a Segunda Guerra Mundial foi decidida pelo domínio dos
comunicações marítimas. Contudo, a decisão final da vitória ou da derrota dependerá sempre do homem. E,
sem dúvida, os melhores resultados táticos e operativos, a maior coragem, ou o maior sacrifício, são inúteis
se a estratégia é inadequada. E a estratégia é ditada pelo homem.

Anexo
U-99
Quando o U-99 zarpou de Kiel, levava em seus depósitos doze torpedos, víveres e combustível para seis semanas. Uma
informação foi entregue ao capitão do submarino pouco antes da partida: o Scharnhorst, o poderoso encouraçado
alemão, navegava para o sul, ao longo da costa norueguesa. Os submarinistas alemães deviam tomar cuidado pois os
aviões do encouraçado se mantinham em vôo, patrulhando um raio de 30 milhas: qualquer unidade submersível,
inclusive alemã, poderia ser confundida com um barco inimigo e, portanto, atacada.
Dois dias mais tarde, quando o U-99 navegava na superfície, o vigia, a postos na torre, deu o alarma: um submarino não
identificado se movimentava muito perto dali. Verificações realizadas imediatamente comprovaram que o submarino
era inimigo. Acreditando ter sido descoberto, o capitão preparou-se para travar combate. Porém o submarino inimigo
continuou sua marcha, ignorando a presença do U-99. Isso determinou no comandante alemão procedimento
semelhante, tratando de afastar-se dali. Nesse momento, porém, a situação mudou. O submarino inimigo pareceu
descobrir a presença do seu similar alemão, e mudou o rumo, decidido a atacá-lo. O U-99, agora, disposto a evitar o
combate, aumentou ao máximo sua velocidade. A situação parecia estar definida quando um novo elemento entrou na
zona de combate. Mal o oficial de rota acabava de anunciar que se estavam aproximando da zona onde operava o
Scharnhorst, quando o vigia informou a presença de um avião do encouraçado alemão, que se dirigia em linha reta ao
encontro do submarino. O comandante ordenou a imersão imediata.
A torre do U-99 mal acabava de desaparecer da superfície quando a primeira bomba lançada pelo avião caiu a poucos
metros dali. O casco absorveu o impacto sem conseqüências, porém, o periscópio de ataque ficou com seu delicado
mecanismo travado, e não pôde ser recolhido. Posteriormente, navegando submerso, o U-99 chegou a Wilhelmshaven.
Na base, os tripulantes tiveram conhecimento de um comunicado enviado pelo Scharnhorst em que se anunciava a
destruição de um submarino inimigo pelos aviões do encouraçado...

Kretschmer
Filho de um mestre-escola da Baixa Silésia, Otto Kretschmer, chegou à Escola Anti-Submarina de Kiel em 1936.
"A Marinha", declarou Doenitz, ao dar-lhes as boas-vindas, "é a flor e a nata das forças armadas. A força de submarinos
é a flor e a nata da Marinha. Alguns dentre vós comandareis um dia vosso próprio submarino; porém, a maioria
regressará às grandes belonaves de superfície de onde vieram. O futuro de cada um depende do próprio esforço
individual na conquista dos níveis que exigirei de todos vós". A Escola Anti-Submarina de Kiel era um produto do
tratado anglo-germânico de 1935, pelo qual a Inglaterra concedia à Alemanha o direito de ter sua própria frota. Entre os
jovens guardas-marinhas que escutavam o Almirante Doenitz, havia três que, com o tempo, seriam os "ases" dos "U"
alemães: Gunter Prien (herói do ataque a Scapa Flow) , Joachim Schepke e Otto Kretschmer. Curiosamente, os três
futuros comandantes desapareceriam também quase simultaneamente. Prien e Schepke morreram em ação e Kretschmer
foi capturado pelos ingleses após haver afundado seu submarino.
Até o momento em que caiu prisioneiro, Kretschmer havia posto a pique barcos aliados num total de quase 350.000
toneladas, incluindo três cruzadores mercantes armados e um torpedeiro. Isto lhe valeu a mais elevada condecoração
outorgada pela Alemanha e até uma marcha militar com seu nome. Comandando o U-99 e levando em sua torre, como
emblema, uma ferradura dourada, o jovem comandante alemão renovou a luta submarina, alterando os esquemas
tradicionais e abrindo novas possibilidades a este tipo de guerra naval. A 17 de março de 1941, foi capturado pelo
Capitão McIntyre que comandava o destróier Walker. Curiosamente, McIntyre navegava também sob o emblema de
uma ferradura.
O Comandante Otto Kretschmer esteve prisioneiro em Londres e, posteriormente, no Canadá, no acampamento de
Bowmanville. Em 1947 foi posto em liberdade. Depois, trabalhou no Departamento de Relações Públicas do Governo
Alemão, em Bonn.

O charuto de Kretschmer
Terence Robertson, autor de A Ferradura Dourada, biografia do Capitão Otto Kretschmer, delata o seguinte episódio dos
primeiros tempos do "ás" alemão:
"Nem bem começou o período de instrução, Kretschmer demonstrou ser um empedernido "pitador de torpedos", sendo
rara a vez que era visto sem um havana ou outro tipo de charuto de folha, firmemente apertado entre os dentes. Certa
vez, depois de passar o dia inteiro realizando exercícios de imersão no Báltico, o crepúsculo os encontrou a todos,
menos ao comandante, fartos "de bancar os delfins". Pouco depois de ter caído a noite, emergiram, e Kretschmer se
reuniu com o comandante na torre para tomar um pouco de ar, e acender um puríssimo. Aspirou com prazer uma
baforada funda, ao mesmo tempo que lançava um olhar interrogativo ao superior, como pára se convencer de que, ao
menos por uns instantes, permaneceriam na superfície. Mas ao entrever os lábios do comandante distendendo-se num
amplo sorriso, como que motivado por uma ironia secreta, sua confiança deu lugar à forte suspeita de que estava para
ser dado novo "toque de imersão" inesperado. Então, decidiu tratar de dilatar a manobra iminente, atraindo a atenção do
comandante para o tapa-boca defeituoso do canhão, que deixava passar água para o interior; ofereceu-se para examinar
o problema. Obtida a permissão do comandante, desceu à coberta da proa, charuto na boca. Demorou mais do que o
necessário para enxugar a parte inundada e depois, calmamente, pôs-se a inspecionar a arandela, sabendo de antemão
que não havia modo de consertá-la até voltar ao porto. Acabava de recolocar o canhão na posição de navegação normal
quando seus ouvidos captaram um ruído perigosamente familiar: o silvo agudo do ar escapando dos tanques de lastro e,
ao mesmo tempo, outro som: a vibração surda das máquinas aumentando as revoluções. Estavam submergindo. Correu
frenético à torre de comando, encontrando a escotilha fechada. Bateu desesperadamente com os punhos na esperança de
que alguém o ouvisse, porém, nada. Em poucos segundos estavam à profundidade de periscópio. Tratou de trepar pelo
tubo elevado do periscópio, mas em vão; sempre era mantido bem lubrificado e a graxa, mais o peso de suas roupas,
agora ensopadas, o faziam resvalar e cair, cada vez que tentava. Então, pensou abraçar-se ao tubo, esperando que a
pressão da água, levando-o forçosamente para cima, poderia espiar pela lente e, talvez algum oficial visse que ele ficara
fora. O barco o arrastou a dez metros de profundidade e, em poucos instantes, estava cercado pela muralha verde,
impenetrável e sólida, em que o mar se convertera. Quando não pôde mais continuar contendo a respiração, soltou-se, e
subiu disparado à superfície, praguejando. Ao emergir, engasgando e tossindo, compreendeu que o esforço de nadar
com as roupas ensopadas não tardaria por cansá-lo. Assim, optou por ficar flutuando; a última coisa que viu antes que as
sombras o envolvessem foi o gorro do seu uniforme que balouçava ao longe, ao lado dos restos molhados e
irreconhecíveis do que fôra um charuto. Dali a instantes o U-35 emergia perto e um suboficial corria à proa para jogar-
lhe um cabo. Teve forças para agarrar-se a ele, mas não para trepar na coberta; foi preciso que o içassem a bordo e o
levassem quase carregado até a torre. Debilitado pelo frio e pelo cansaço e como não soubesse o que dizer ao
comandante, tratou de perfilar-se, ensaiando uma continência precária: - Tenente Kretschmer, de volta a bordo, senhor!
- Está bem, tenente - respondeu automaticamente o risonho comandante, devolvendo a continência".

A morte do torpedeiro durou dois minutos


Três filêtes de borbulhas corriam em linha reta para eles. - Torpedos a estibordo! - gritou o vigia.
- Força máxima!... Leme todo a estibordo! - ordenou o capitão. Da sua torre, o giro do submarino parecia
extraordinariamente lento, enquanto os torpedos, como um tridente mortal, continuavam aproximando-se. Finalmente,
dois a bombordo e um a estibordo, os torpedos passaram ao largo.
- Imersão de emergência. Nesse rumo. - voltou a ordenar o capitão.
O vigia atirou-se pela escotilha da torre, ao mesmo tempo em que o submarino começava a mergulhar a proa num
ângulo muito pronunciado.
A quinze metros da superfície nivelaram e com os motores ao mínimo, escutaram. O submarino inimigo estava tão
próximo que o som das suas hélices repercutia em toda a parte, como as batidas secas dos contatos elétricos quando os
motores mudam de marcha.
-Está muito perto o condenado... É um inglês... - resmungou o chefe das máquinas.
O ruído de hélices aumentava e todos se prepararam para o pior. O choque parecia iminente. O capitão ordenou que
todos se estendessem no solo e se segurassem firmemente para resistir ao choque. O "U" balançou suavemente, e
depois, paulatinamente, os ruídos e a trepidação foram se afastando. O que acontecera? Na realidade, a tripulação do
"U" jamais o soube e muito menos a do submarino inglês.
Pouco depois, o "U" subia à superfície. O mar estava sereno e soprava uma brisa agradável. Entardecia. Apoiados no
patamar, o capitão e seu segundo fumavam e contemplavam os reflexos avermelhados do sol poente... De súbito: -
Navio, dez graus a bombordo, senhor!
Outros vigias corroboraram o dado: havia um comboio à frente, a umas duas milhas de distância.
Nesse preciso momento um torpedeiro começou a avançar numa linha oblíqua rumo ao submarino. Ao mesmo tempo,
outro torpedeiro apareceu a bombordo, porém ainda estava muito longe e, ao menos por enquanto, não apresentava
perigo.
O capitão pensou em submergir, porém logo compreendeu que se o fizesse, os asdic dos torpedeiros britânicos o teriam
captado e sua sorte estaria selada. Por isso continuou avançando pela superfície. A solução para sair da arapuca era
atacar o torpedeiro mais próximo e safar-se para estibordo. O "U" apontou a proa ao alvo e dois torpedos partiram,
fendendo as águas. Com uma rápida olhada em direção ao outro escolta, aproou ao mar aberto, rumo à segurança. A
distância entre o atacante e sua vítima era escassa. Não haviam avançado muito, quando do torpedeiro partiu um rugido,
e um forte clarão iluminou a cena. Restabelecida a calma, viram o torpedeiro, completamente adernado, naufragar, em
meio ao torvelinho borbulhante da água.
Toda a seqüência, desde o disparo até ao afundamento, durara apenas dois minutos.

"Não era uma boa piada"


Uma diminuta balsa flutuava à deriva, com um remo como mastro e uma camisa branca como vela. Apoiado ao mastro
improvisado havia um homem, com as roupas em frangalhos, semiinconsciente.
A tripulação do submarino alemão pareceu um desenho animado. Acercaram-se, e o Comandante Kretschmer o
cumprimentou em inglês, dizendo que a bordo poderia secar a roupa e comer algo. Depois, sempre em inglês, ordenou a
Kassel que atendesse o sobrevivente. Kassel respondeu no mesmo idioma, e conduziu o náufrago à cabina do
comandante. Posteriormente, Kassel descreveu o episódio:
"Tirei-lhe a roupa molhada, envolvi o corpo do homem em mantas e o fiz deitar-se. Depois dei-lhe um pouco de rum,
que o homem engoliu de um trago. Isso o fez recobrar um pouco as cores. Porém, não fazia mais que queixar-se de dor
de cabeça e, quando o comandante desceu para vê-lo, e o interrogamos em inglês, verificamos que, de fato, havia
recebido uma forte pancada. Sorveu o café, enquanto o comandante procurava saber o nome do barco, mas ao que
parece o outro não se lembrava senão da carga: vigas de ferro. Por mais que pensasse, não havia meio, não se lembrava
do nome. A princípio pensamos que estivesse mentindo, porém percebemos que, de fato, ele não se lembrava. Não fazia
senão queixar-se da dor de cabeça, até que, pelas tantas, acabou adormecendo.
"Despertou uma hora depois e ao ver-me sentado no meu posto, diante do rádio, me chamou, dizendo que tinha fome.
Lembrei-me então que tínhamos a bordo umas latas de abacaxi em conserva, parte dos abastecimentos abandonados
pelo exército britânico em Dunquerque, e que, por ordem do Führer, havia sido repartido entre as tripulações de
submarinos. Dei-lhe uma lata e fui chamar o comandante, que estava na ponte. Voltamos a interrogá-lo sobre o nome do
barco e, desta vez, murmurou algo como Baronisewood. O comandante consultou o registro do Lloyd's, onde figurava
uma embarcação chamada Baron Blythwood. Perguntamos então se o que procurava dizer era Baron Blythwood, e ele
disse que sim. O homem pediu mais café. Da escotilha da ponte nos chegavam as vozes do comandante e de um oficial
italiano - que estava a bordo para estudar métodos de ataque - que conversavam em inglês. Então aí, aconteceu. Quando
lhe dei o café que pedira, disse: "Obrigado, companheiro. Um submarino alemão torpedeou o meu navio, o desgraçado;
porém, por sorte os porcos nazistas não me agarraram". E depois de me piscar um olho, continuou, sorridente:
"Passamo-los prá trás, hein! Fui recolhido por um submarino inglês! Isso vai ensiná-los a não se meter com gente!"
Logicamente, não pude responder. Ouvi a conversa em inglês que chegava da ponte, e vi a lata de abacaxi vazia no
chão. No rótulo se lia "Califórnia". Então percebi que o indivíduo não ouvira uma só palavra de alemão desde que o
puxaram a bordo. Meio estonteado como estava, não captou bem os detalhes e somente o som familiar das palavras
inglesas e o abacaxi é que o haviam finalmente impressionado. Também, nossos uniformes de trabalho nada tinham que
nos identificassem como alemães. O comandante decidiu procurar alguns dos botes salva-vidas do Invershannon que
navegavam nas cercanias e entregá-lo. A costa da Irlanda estava perto. Quando lhe comuniquei a novidade, me
respondeu aborrecido: "Mas, por que não posso ficar aqui? Não quero passar prá nenhum bote, estou muito bem aqui!"
Procurei a melhor maneira de lhe dar a notícia. "Ouça, amigo, quando subir à ponte vai encontrar o comandante deste
submarino. Tem um uniforme igual ao meu, porém tem os galões do seu posto no gorro. Olhe bem. Vai ver também que
no gorro há uma insígnia naval com a cruz-suástica. Estamos num submarino alemão!" Não me atrevi a acrescentar que
havíamos sido nós a afundar o seu barco. Porém o náufrago começou a rir, estrepitosamente: "Boa, boa... é uma boa
piada... Muito boa, mesmo... Ha, ah, aha... ha, ha... quase que eu caí... " Procurei convencê-lo, mas ele nem me fez caso.
Entrementes, nos acercáramos de um bote, e levei o marujo à torre para transbordá-lo. Então olhou a insígnia do gorro
do comandante e empalideceu mortalmente. "Lamento que se tenha ferido, mas acredito que agora já está melhor. Já
providenciamos água, comida e ataduras em quantidade suficiente para alcançarem o porto mais próximo". Do bote do
Invershannon uma dezena de náufragos ingleses contemplavam a cena, surpresos. O sobrevivente, sem dizer uma
palavra, abandonou o submarino e se acomodou no bote. O homem que empunhava o leme do bote - um gigante loiro
aceitou o pão, a água e os medicamentos que lhe estenderam e observou o rumo que, segundo o comandante
Kretschmer, haveria de levá-los à costa da Irlanda. Tomou impulso no costado do U-99 para se afastar. Quando nos
separamos, enfiou a mão embaixo do assento, e jogou sobre a coberta do submarino um pacote de cigarros".

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