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POLÍTICA E CULTURA NO BRASIL – HISTÓRIA E PERSPECTIVAS

AULA 05

Hoje, completando o nosso roteiro, eu queria falar mais sobre essa questão do
Foro de São Paulo e da América Latina.

Mas, a dificuldade aí é de duas ordens. Em primeiro lugar, nós realmente não


temos uma elite intelectual qualificada para enxergar e compreender a situação
do Brasil dentro de um quadro internacional. Não tem mesmo ideia do quadro
internacional, o pessoal pensa a respeito do mundo no Brasil é diretamente
condicionado por dois elementos: a mídia americana, o NY Times, a CNN; e a
mídia nacional. E em segundo lugar, além dessa deficiência que é puramente
negativa, existe a atuação do fator ativo, que é a hegemonia esquerdista da mídia,
a qual não vem de hoje, a qual existe no mínimo há 60 anos, na mais modesta das
hipóteses é 60 anos. Eu creio que já tenha mencionado aqui, uma publicação do
sindicato dos jornalistas do estado de São Paulo, chamado 60 anos de jornalismo,
publicado na década de 80, onde está lá todas as grandes figuras do jornalismo
paulistano, e mais de 90% delas eram membros do partido comunista, ou algum
partido parecido, ou alguma variante. Então isso quer dizer que a história da
mídia em São Paulo acompanhava e era a mesma história do partido comunista,
as grandes figuras de um eram as grandes figuras do outro. Este fator geralmente
não é levado em conta, as pessoas, mesmo as que tem essa informação, não
costumam levar em conta, porque ignorando o que é realmente o movimento
comunista, e tendo dele uma concepção paroquiana, caipira, não consegue
relacionar esse predomínio dos comunistas na mídia com o conteúdo do
noticiário. Eles acham que o sujeito comunista ou não é um ‘profissional de
imprensa’ cuja função é divulgar os fatos, e cada um tem lá a sua opinião, mas ele
não vai deixar que a sua opinião modifique os fatos, quando na realidade a
essência mesmo da profissão jornalística é a seleção dos fatos.

Como é que se faz um jornal? De manhã, chega lá um funcionário, chamado


pauteiro, que vai fazer a pauta, a pauta é os assuntos que serão abordados na
edição do dia, independentemente do noticiário internacional que possa ser
produzido pelas agências. Então, neste momento o sujeito já faz uma seleção pelo
seu critério de importância. Esse critério de importância geralmente é baseado
no que? Nos outros jornais. É aquilo que os outros jornais vem considerando
importante, será considerado importante na elaboração da pauta, a não ser na
quase impossível coincidência em que haja um pauteiro original, que tenha lá
suas próprias ideias, e queira fazer alguma coisa diferente, coisa que eu nunca vi
em 50 anos de jornalismo. Um colega meu, do tempo de jornal, que era um
homem inteligentíssimo, aliás professor de filosofia na USP , o (?)Roolf Gunt (?),
dizia que os jornais praticavam autofagia, só publicam o que os outros
publicaram, um lê o outro e repete, o outro lê o um e repete. E isto ficou assim no
Brasil, sobretudo, depois dos anos 60, 70, quando a mídia foi sendo unificada,
quer dizer os sindicatos das empresas jornalísticas, adquiriu uma unidade de
principio maior, os vários donos de empresas de mídia passaram a discutir as
coisas mais constantemente, e fizeram uma série de acordos políticos, e isso
uniformizou os jornais no Brasil inteiro, além da uniformização empreendida
pelas próprias empresas, havia uma uniformização ideológica empreendida por
membros da redação.

No jornalismo existe uma grande circulação de profissionais dentro das


redações. O sujeito fazer uma carreira inteira em um só jornal é uma raridade.
Existe, mas creio que não passa de 5%. Então, o sujeito está hoje na Folha,
amanhã no Estadão, depois na Veja, e assim vai mudando, e isso propicia
também uma uniformização. A direção ideológica do processo, é claro que ela
existe, o pessoal do PC dá instruções, para prestigiar determinados personagens,
seja da política, seja das letras, seja das artes, e negligenciar outros.

Quando o PC baixava uma instrução, de fulano não é para falar, como fizeram
com Antônio Olinto, escritor brasileiro que tem seus livros traduzidos em mais
de 30 idiomas, é um sucesso internacional, você chega na Romênia tem lá uma
biblioteca Antônio Olinto, e durante 30 anos o nome do Antônio Olinto
desapareceu da mídia brasileira. Depois, voltou, já velhinho, voltou para o Brasil,
e daí foi posto na Academia, como uma espécie de prêmio de consolação. Mas, a
cortina de silêncio vigorou durante 30 anos. Isso é um fenômeno que tem que ser
levado em conta.

O meu próprio nome foi banido por iniciativa do Milton Temer (?), que era um
dos luminares do partidão, ele disse : do Olavo de Carvalho não se fala. De fato,
meu nome desapareceu. Claro que de vez em quando aparecia uma coisinha ali,
outra ali, mas totalmente desproporcional com o tamanho da ação que eu estava
tendo e do efeito social que estava se encaminhado. O sujeito saia na rua, só via
cartaz Olavo tem razão, mas não havia nenhuma menção a isso em jornal
nenhum, noticiário nenhum, isso é normal, isso é o procedimento da espiral do
silêncio, que é esse.

As pessoas sabem que isto acontece, porém, continuam lendo os jornais e vendo
os noticiários da televisão como sendo sua principal fonte de informação. Isto
está diminuindo hoje, graças a internet, o pessoal se abriu mais para outras
fontes, sobretudo para fontes diretas, e a credibilidade da mídia no Brasil não
passa de 5%, mas esses 5% é importante porque, porque é a elite, são os
políticos, são os professores universitários, em suma, são as classes falantes.

Em geral, o expectador de um noticiário de TV ou o leitor de um jornal, ele não


faz a conecção entre os fatos que estão chegando para ele , e a orientação
ideológica que existe por trás, não conecta uma coisa na outra, não entende que
uma publicação, um jornal, por exemplo, é um produto inteiramente programado
para impor uma certa visão das coisas. Essa visão não se impõe pela propaganda
de opiniões, isso é a coisa mais fundamental. As páginas de opinião dos jornais
são as menos lidas. Você tem o editorial, que é uma opinião do jornal, e do lado
uma série de artigos assinados, que são, opiniões mais variadas, mas dentro de
uma gama previamente escolhida. A imposição da visão se dá através da seleção
do noticiário, e da seleção sobretudo do critério de importância. Uma notícia
pode ser publicada numa notinha de 10 linhas na página 15, ou pode ser
manchete no jornal. Ela pode ter uma sequência, um switch, como se chama em
jornalismo, ou não, você pode noticiar uma coisa uma vez e desaparecer. Ou
pode continuar, e aquilo virar uma espécie de tema recorrente, como por
exemplo os famosos crimes da ditadura viraram tema recorrente. E mais
recentemente a corrupção virou um tema recorrente.

Se não quisessem, eles poderiam controlar isso noticiando só de vez em quando,


e sem relacionar uma coisa com a outra. Em suma, o jornalismo não é um
translado da realidade, ele é um produto, planejado de antemão e que obedece a
uma padronização bastante rigorosa. Até o tamanho das matérias é programado.

Antigamente se fazia um jornal da seguinte maneira: cada repórter escrevia a


coisa que queria do tamanho que queria, daí tinha um diagramador incumbido
de fazer aquilo caber nas páginas. Ele tinha que fazer um cálculo, centimetrar e
desenhar. Os diagramadores eram tremendamente inventivos naquele tempo.
Depois, a partir dos anos 70, já foi adotado no Brasil o sistema americano onde a
página era pré-diagramada. E daí, é o redator que tem que se esforçar para fazer
a notícia caber no desenho que o diagramador concebeu. Por incrível que pareça,
embora isso facilitasse o trabalho dos diagramadores, este trabalho se tornou
menos inventivo, e não mais inventivo. Os jornais então começaram a se parecer
terrivelmente uns com os outros, e o estilo americano, que é aquele estilo limpo,
tudo geométrico, arrumadinho, acabou por predominar sobre o estilo europeu,
italiano, francês, que era o de páginas mirabolantes, desenhadas da maneira mais
inventiva.

Com isso aí, quer dizer, tudo foi contribuindo para que o jornalismo se
uniformizasse. E, o fato de você copiar modelos americanos, ajudava ainda mais a
camuflar a orientação ideológica subjacente. Isso aconteceu em todos os jornais
brasileiros, sem exceção, jornais e revistas. Se você pega a revista Veja, não há
nenhuma diferença entre a diagramação da Veja e a da Time, ou da US News, etc.
Tudo vai ficando exatamente mais uniforme, e essa uniformidade ela basta para
induzir no leitor uma sensação de normalidade, existe uma rotina, as noticias
acontecem durante o dia, no meio da semana, e saem regularmente em tais ou
quais publicações. Então, este fluxo de notícias que chega diariamente ao
cidadão, dá para ele uma sensação de estabilidade epistemológica, por assim
dizer, tremenda. O tamanho que as notícias ocupam dentro de um jornal, é tido
pela população imediatamente como um critério da sua importância. Se a coisa
foi manchete em 3, 4, 5 deles, então isto é tremendamente importante! E, o
pessoal não lembra do seguinte – isso aí não é um traslado objetivo da
importância, isso é a avaliação feita por um jornalista.

O jornalista como mediador entre a realidade e o leitor, ele praticamente


desaparece sob o anonimato das notícias. Quando sai alguma matéria assinada
pelo Coutinho ou Reinaldo Azevedo, você sabe, mas as notícias você não sabe. Só
dois tipos de matérias são assinadas no jornalismo, as reportagens, que não se
referem a um fato, mas a uma coisa mais durável, um fenômeno que é mais
durável, e que ocupa muitas vezes página inteira ou duas páginas, e os artigos
editoriais, tipo de opinião, o resto é tudo anônimo. E esta parte anônima é a que
pesa, porque ela é que dá o traslado da realidade, o resto é opinião.
O sujeito imagina que se ele leu uma notícia assim ou assado na Folha, imagina
que tá saindo uma notícia mais ou menos igual no Estadão, e hoje isto é verdade
mesmo. As notícias são selecionadas por um critério uniforme, e até mesmo
redigidas de uma maneira mais ou menos uniforme.

A impressão de estabilidade e de realidade que isso dá nas pessoas é uma coisa


monstruosa. Na televisão acontece exatamente a mesma coisa, as coisas são
recortadas para aparecer durante um tempo X, com uma voz y, assim e assim, e
diariamente aquilo retorna. E, o jornalismo como estrutura de interpretação da
realidade nunca é discutido, nunca. Isso não entra na conta de preocupação da
maioria das pessoas, elas partem do material trazido pros jornais, elas acham
que os materiais são os fatos, e com base nesses fatos nós desenvolveremos as
nossas opiniões. Ou seja, na sua cabeça se cria uma divisão igualzinha a que tem
o produto, aqui tem a página de opinião, e ali tem as notícias.

É evidente que na prática é absolutamente impossível você redigir uma notícia


sobre o que quer que seja se você não tiver alguma visão pessoal da coisa, vai
selecionar de acordo com seu critério e de acordo com as normas vigentes do
jornal. Em alguns jornais, existia por algum tempo, pelo menos uma fórmula
padrão para a redação. Tinha abertura assim, de pois um título, depois mais 10
linhas, etc.

Você veja se existe essa uniformização industrial de um produto, e gráfica do


produto, e por outro lado existe também uma uniformidade ideológica na
redação, então é claro a imposição de uma certa visão das coisas é avassaladora,
e sem contraste. Não há concorrência de conteúdo entre os jornais. Eles não
concorrem no conteúdo, todos apresentam o mesmo conteúdo. Eles tem lá os
seus públicos tradicionais, e tratam de mantê-lo ou conquista-lo por outros
artifícios publicitários, mas o conteúdo é o mesmo. Mesmo porque os jornalistas
estão sempre mudando de redação em redação, estão sempre os mesmos que
estão fazendo tudo.

Então, isso quer dizer que, o pessoal que vai estudar em universidade, ciência
política, etc, você já traz com você uma visão de mundo factual que já está
inteiramente estabelecida, não há como mudar. Não há um processamento
científico nessa coisa para você poder investigar quais são os fundamentos
daquela visão que está sendo apresentada. Quando se faz isso, é exatamente no
sentido de reforçar a mesma visão mediante uma falsa crítica.

Por exemplo, você mostrar que o noticiário da Folha ou do Globo é condicionado


pelos interesses da empresa. Os interesses da empresa interferem num jornal em
5% no máximo! Eu trabalhei 50 anos em jornal, eu nunca recebi uma instrução
do patrão para escrever isso ou aquilo, isto é inteiramente decidido pela classe
jornalística. Muito frequentemente o dono do jornal nem aparece lá. Mesmo
aqueles que são jornalistas praticantes. Por exemplo, eu trabalhei no jornal
Diário muitos anos, e eu vi fulano uma única vez, ele não aparecia na redação. O
Otávio Frias Oliveira, esse era uma raridade, uma figura mítica, você via de longe.
Quando se faz uma análise da imprensa se faz uma análise pelos cânones
marxistas tradicionais – aqui existe uma classe dominante, com seus interesses
de classe, que manda no jornal, que deve refletir os interesses de classe. Então se
analisa por esse lado, o que camufla a coisa mais ainda, porque tá vendendo o
jornal com um noticiário inteiramente recortado por uma mentalidade
comunista, e ainda condenando essa mesma mentalidade por ser capitalista! Eu
posso dizer que isso é um massacre informativo, e é isso que vivemos no Brasil
há muito tempo, no Brasil de maneira muito mais vasta e uniforme do que em
qualquer país que eu conheça.

Aqui nos EUA por exemplo, você tem uma certa uniformidade nos jornais mas
não é tanta. E você sempre o fator rádios que é o veículo mais popular, e que em
geral se opõe a mídia impressa. Em outros países, também acontece a mesma
coisa, você vê jornal de direita, conservador, cristão, protestante. Aqui no Brasil
não tem essas coisas.

Graças a isso, a nossa visão da situação nacional, mas sobretudo da situação


internacional, é monstruosamente recortada e caipira. Isso é geral, e nunca se fez
um estudo a esse respeito.

Quando nós vemos o fenômeno da ocultação do Foro de São Paulo por 16 anos,
este fenômeno é mais importante do que tudo que o governo esteja fazendo.
Você não pode esquecer o seguinte, que as decisões de um governo, da
presidente, elas tem que ser discutidas no ministério, depois passam pela
Câmara, Senado, criam um bafafá, tem uma discussão pública, e no fim aquilo
vira uma decisão oficial ou não. Mas aquilo que foi decidido pelos meios de
comunicação está decidido, está feito, e ninguém vai discutir, e não volta mais
atrás.

Isso quer dizer que esse pessoal tem nas mãos os meios de divulgar o que quiser
e sobretudo de ocultar o que quiser. Então, isso quer dizer que, com uma visão
padronizada dos fatos, que opiniões você pode desenvolver se não aquela que é
compatível com essa visão dos fatos. Mesmo que você seja contra o aborto ou a
favor do aborto, eu digo, bom você é contra ou a favor nos termos daquilo que foi
noticiado. A partir do material disponível, e sobretudo a partir do material
indisponível. Aquilo que você não sabe não vai ser levado em conta na sua
opinião.

Nós vemos fenômenos no Brasil que vistos um pouco de longe se tornam


assustadores. Por exemplo, vocês viram o número de matéria de imprensa, de
livros, de programas de TV, de filmes, que falam sobre a influência americana no
golpe de 64. É uma imensidão, é um oceano. Qual é a base factual disso? Existem
alguns fatos que realmente aconteceram e sabemos que eles aconteceram
porque podemos confirma-los por outras fontes. Por exemplo, sabemos que o
presidente Johnson mandou uma frota para ficar estacionada, nunca
desembarcou no Brasil, e ela ficou ali por perto. Para que? Bom, isso é obrigação
constitucional do presidente americano, onde há uma ameaça de crise ou de
guerra civil, ele tem que mandar uma frota para recolher os cidadãos americanos
em caso de perigo, e foi isso que ele fez. Essa frota não interferiu em
absolutamente nada no desenvolvimento do golpe, nada, nada.

Sabemos também do famoso telefonema do embaixador Lincoln Gordon ao


presidente Johnson, dizendo, presidente, os militares aqui colocaram os tanques
na rua, que nós fazemos? Daí o Johnson disse: façam o que for necessário. Isso
quando os tanques já estavam na rua. Nós sabemos que o embaixador Lincoln
Gordon acompanhou algumas discussões com os militares, e sabia que alguma
coisa eles iam aprontar. Mas, ele nem sequer se preparou para isto. Se o
indivíduo diante do fato consumado pede instruções ao presidente, então é óbvio
que ele não participou do planejamento das ações. Embora tivesse alguma
informação a respeito, mas não sabia sequer a data em que as coisas iriam
acontecer. Por incrível que pareça esta mesma gravação desse mesmo
telefonema é apresentada até hoje como prova da intervenção americana no
golpe de 64.

Qualquer pessoa que você conversa, sobretudo no meio universitário, se você


colocar qualquer coisa em dúvida ela vai dizer, mas não, isso é óbvio, isso é fato
histórico comprovado. Não há comprovação nenhuma, é zero, literalmente zero!
Não há nenhum sinal de intervenção americana no golpe de 64, zero! Daí as
pessoas dizem, não, os EUA tinham firmas americanas, tinha a Light – não é
americana, é canadense; financiando movimentos de direita no congresso. Eu
digo, escuta, mas se eles estavam alimentando uma oposição no Congresso, o que
isso tem a ver com golpe militar? Se esperavam agir através do congresso, então
certamente não era com um golpe militar que eles contavam!

Eles citam o IBAD ( instituto brasileiro de ação democrática) que tinha dinheiro
americano, dinheiro da Light lá. De fato tinha, mas isso era uma ação dentro do
congresso, era uma ação política normal dentro da concorrência parlamentar, e
sobretudo tem o fator que há 20 anos digo que é, bom, se os EUA interferiram
tanto, tinha que ter pelo menos um agente da CIA lotado no Brasil. Me dê um
nome de um agente da CIA lotado no Brasil. Até hoje, desde 1964, até hoje, meio
século, estou esperando o nome do tal agente, e até hoje ele não apareceu.

Em compensação, a participação da URSS no Brasil naquela época e desde então,


é totalmente ausente na mídia, no mundo das artes e espetáculos, no ensino
universitário, etc. E, para cúmulo de ironia, os documentos relevados pelo Mauro
Abranches, que é esse brasileiro que vive na Polônia, mas fala checo e tem acesso
aos documentos checos da STB, que é o serviço secreto checo, revelam
claramente que havia uma multidão de agentes secretos soviéticos no Brasil, com
CPF, RG, número de telefone e cor da cueca! Sabe-se tudo a respeito desses caras.
Bom, sabe-se quando se vai direto as fontes. Quando se vê a imagem pública, que
é aquela que está presente na mídia, isto está totalmente ausente. E você falar em
ação da KGB você se arrisca a ser chamado de teórico da conspiração, você é
saudosista da guerra fria, você é isso, e mais aquilo. Existe realmente um
bloqueio.

E esse bloqueio ele é do tipo da espiral do silêncio mesmo, ele não é uma coisa
seja ostensivamente proibido de falar daquilo. Não, ele é feito não de cima, não
há um governo que proíba, não há censura. Os agentes da censura são os
próprios jornalistas. Então, o termo autocensura não se aplica. Autocensura
existe quando você tem uma ditadura e o jornalista com medo de dizer certas
coisas ele as omite para não desagradar o governo, isto é autocensura. O que
acontece no Brasil não é autocensura, é uma censura exercida por jornalistas, é
completamente diferente.

O jornalista como agente de uma facção ou de um partido, ele corta as notícias e


faz desaparecer o que ele bem entende. Isso é um fenômeno geral e endêmico no
Brasil. E se não começarmos a levar isso em conta, nunca vamos entender nada
do que se passa no Brasil, e pior, não vamos entender qual a posição do Brasil no
mundo. Você hoje ainda, você vê, quando você lê os documentos do PT, as
discussões internas do PT, que são muito interessantes, você veja que ali circula
livremente a opinião de que o impeachment da Dilma é intervenção imperialista
do governo americano, o governo americano está derrubando a Dilma. Escuta,
mas o governo americano não é o Barack Obama? Não é o sujeito que favorece a
esquerda em tudo, não só nos EUA, mas no mundo ? Então , porque ele estaria
contra a Dilma?

Então, nesses meios as pessoas acreditam realmente nisto. Acreditam em parte


na base, é claro, da autopersuasão histérica. Porque a revolta popular que
eclodiu contra eles é para eles um fenômeno inexplicável. Eu posso explicar, eu
sei porque ela aconteceu, mas eles não sabem. Para eles isso é um fenômeno
estranho, sem motivo, e tem que ter uma mão maligna do imperialismo
americano por trás, ou tem que ter outra explicação conspiratória qualquer. E
eles estão se apegando a isso realmente como avestruzes, que não querem ver o
que está acontecendo e não preferem inventar um outro cenário que os
tranquilize psicologicamente. Embora a situação seja muito ruim, eles acreditam
que se puderem entender a situação, eles podem manipular. Este então é mais
um golpe imperialista, e nós temos que reagir a isso. Ou seja, eles estão repetindo
o script de 1964.

Em 1964 acreditaram na balela da intervenção imperialista, e continua a cultivar


até hoje. Mas é de uma maneira avassaladora. Não é nem um nem dois livrinhos
que saíram a respeito disso, tem uma biblioteca inteira a esse respeito, e filmes.
Ano passado fizeram um filme de novo sobre isso, e o filme ganhou um prêmio.
Um comunista faz um filme sobre isso aqui no Brasil, e lá em Paris um outro
comunista dá um prêmio para ele. Não pensem que isso é uma coincidência, o
comunismo é uma rede, não é uma ideologia, não é um regime, ele é uma
organização mundial, vocês tem que entender isso aí. A ideologia pode mudar, os
planos podem mudar, a estratégia pode mudar, mas a rede não é destruída
jamais. Claro, um indivíduo pode sair, outro entrar, mas a rede continua
funcionando. E na verdade o número de pessoas que saí é ínfimo, se você pensar
bem. É muito difícil neguinho se desligar dessa coisa. Porque?

Se você entra no partido com 17, 18 anos, todo o círculo de amizade está
condicionado pelo partido. As festas que você vai são de gente do partido, as
conversas que você participa são de gente do partido, a namorada é do partido, o
seu casamento e seus convidados são de gente do partido, eu vi quantos
casamentos eu vi assim!

Eu tinha um contraparente que era o ferramenteiro que concertava as armas


para o Marighela. Ele estava casando a filha. Eu e meu amigo fomos no
casamento. Mas a casa era longe, jardim raio que o parta...Eu e o Oto ficamos
circulando, tentando achar a casa, quando chegamos lá quase meia noite. Na hora
que nós entramos, o homem falou: puxa que pena, acabei de bater a última foto.
Na semana seguinte todos que estavam na foto estavam presos como cúmplices
da guerrilha. É claro que somente 10% tinha algo a ver com guerrilha, o resto
sabiam da coisa mas não tinham nada a ver, mas era tudo gente do partido.

Só tinha gente do partido no casamento. Eu vi um monte de casamentos desse


tipo!

Então, como é que você vai se desligar disso? Você diz, agora não pertenço mais
ao partido. Tá bom, onde é que você arrumar outros amigos que são contra o
partido , que estão fora do partido? Tem que refazer sua vida! Geralmente o que
o sujeito faz é quando ele sai, ele é considerado como estando num afastamento
temporário. Então, ele continua a ser tratado como membro do partido. Eu, os
caras me chamavam de companheiro 20 anos depois de eu ter saído do partido. E
o meu círculo ainda era de gente do partido. Quando você tinha amizade com
algum sujeito da direita era uma exceção, considerado um sinal do seu espírito
democrático. Por exemplo alguns deles se davam bem com o Carlinhos Brickman,
que era assessor do Maluf, e ninguém desgostava dele porque era o direitista de
estimação, algum direitista tem que ter, oh raios! Mas em geral os outros
direitistas eram odiados, tipo Lenilton Pessoa, Gustavo Corção, eram odiados,
mas algum direitista , se tem amizade com um do partido, pronto, já é aceito
como a exceção que confirma a regra.

Como você está num afastamento temporário, a sua atmosfera ideológica ainda é
a mesma. Você logo trata de se enquadrar em algum tipo de corrente política que
não seja diretamente hostil ao partido. Por exemplo, você vira um social-
democrata, uma coisa assim, ou então você pode entrar no tipo da oposição
padronizada. Você vira por exemplo um liberal. Você pode ser um liberal porque
os liberais só tem contra os comunistas um ponto, que é o tal do livre mercado.
Mas quem disse que os comunistas são contra o livre mercado? Por exemplo, o
livre comércio internacional. Karl Marx escreveu páginas e páginas a favor do
livre comércio, e dentro da estratégia mais ampla do partido comunista, o livre
mercado é absolutamente necessário durante muito tempo. Lenin explica que é
para você estrangular os capitalistas moendo entre as pedras da inflação e dos
impostos.

Isso não é compatível com a iniciativa privada, pelo contrário, exige que exista
uma iniciativa privada. Fica aquela discussão mais imposto, menos imposto, a
inflação está alta, precisamos diminuir. No Brasil a discussão sobre o controle da
inflação durou 60 anos.
Isso quer dizer que o centro da discussão ele é rebaixado para assuntos mais
imediatos. E a disputa ideológica maior desaparece, por assim dizer, e essa
desaparição dá a impressão de o comunismo não existir mais. Estão entendendo
como funciona isso?

Se a única oposição que tem é de pessoas que pertenceram ao grupo esquerdista,


e agora estão fora com esse afastamento temporário, ou se enquadraram na
oposição padronizada, que é inteiramente controlável, porque o sujeito pode
aderir ao livre mercado, mas ao mesmo tempo continuar apoiando outras
propostas da esquerda, como casamento gay, abortismo, etc, ele pode aceitar o
programa cultural da esquerda ele não está atrapalhado, porque se ele quer o
livre mercado, nós até certo ponto também queremos. A oposição então não é tão
grande assim.

Isto não é problema nenhum, aceitar livre mercado nunca foi problema para os
comunistas. Eu mesmo já expliquei em vários artigos que governos comunistas
não tratam de estatizar a economia, mas de estatizar tudo o mais, porque a
economia é a parte mais volátil da vida social. É só você acompanhar a bolsa de
valores, e você vê, tal ação da companhia tal aqui em cima, no dia seguinte, puft,
caiu! O ranking de um país estava lá em cima, cai da noite para o dia, depois sobe
de novo. Como é que você vai controlar uma coisa dessas? A economia é
incontrolável por natureza.

Mas tem coisas que são controláveis. Por exemplo, a educação estatal. Os
regulamentos da educação tem que ser implantados lá em cima e vão até a
última escolinha da vila nhocunhé está seguindo as mesmas coisas, os mesmo
critérios. Saúde pública, também é tudo uniformizado. As leis penais, tudo isso é
uniformizado. É mais fácil você controlar o resto da sociedade e deixar a
economia correndo do jeito que ela está. Isto aí, Lenin já sabia disso.

Mas se você concentra, se o pessoal liberal faz tanta propaganda do livre


mercado, e faz disso o grande cavalo de batalha que os separa da esquerda, que
eles juntam como livre fascismo, é tudo estatizante do mesmo modo. E não
deixam de ter razão, se você observar bem.

Se o livre mercado é o grande cavalo de batalha, então a discussão se concentra


nisso e o resto todo não tem importância. Convencer um liberal de que esse
negócio de casamento gay é um item fundamental da estratégia esquerdista, leva
anos para perceber, porque isso não tem efeito direto sobre o livre comércio,
aliás pelo contrário, ele facilita a liberdade de mercado porque os gays são um
setor importante do mercado. A primeira página gay da imprensa nacional foi
lançada sobre este pretexto – eles são uma fração importante do mercado, e não
podemos desprezá-lo. Tem toda razão, é verdade.

Se fizesse uma página para os cornudos também seria uma imensa facção do
mercado. Só que ainda não existe orgulho dos cornudos, existe orgulho gay, mas
não orgulho dos cornudos. Tem corno contente mas não orgulhoso. É só por isso
que não tem a página dos cornudos.
Isso quer dizer que o gaysismo em si não oferece ameaça a economia de
mercado. Ele oferece ameaça sob outros aspectos. A principal ameaça dele é, o
ímpeto regulamentador do estado. Para você “resguardar” os direitos da
comunidade gay, você tem que fazer um monte de regulamentos que diminui a
liberdade de todo o resto. E isto é evidentemente uma delícia, porque é uma
reinvindicação de um grupo pequeno que dá ao governo instrumentos para ele
controlar todo o resto. Você veja que nos EUA tem projeto de lei que proíbe a
qualquer empresa recusar qualquer tipo de serviços a comunidade gay, sob
alegação religiosa – não, não posso fazer isso porque viola minhas convicções.
Por exemplo, você tem uma empresa que faz festinha, você não pode dizer que
não vai fazer festinha gay porque contraria minha religião, sou católico,
protestante, etc. Você não vai mais poder fazer isso. Você vai forçar todo mundo
a contrariar seus princípios religiosos para servir àquela pequena comunidade.
Que na verdade não passa de 2 a 3 % da população, nunca passou, mesmo hoje.

Mas se você perguntar para as pessoas aqui nos EUA, a maioria está convencida
que 20% é gay. Não sei de onde tiraram 20%. Então, isso quer dizer que esse
negócio gaysista é apoiado pelas facções esquerdistas por essa razão, não porque
os esquerdistas morram de amores pelo gaysismo, nunca foi assim. Ao contrário,
onde quer que tenha um governo comunista os gays são perseguidos. Em Cuba,
eles são jogados em uma sessão que só tem aidético para morrer lá dentro. Não
vamos nem falar dos islâmicos que matam essa gente a 3x2. Com o apoio da
esquerda ocidental inteira.

O gaysismo é útil para esquerda por causa disso, é um instrumento para a


geração de controles estatais invasivos. Mas não vai tocar na economia, o liberal
diz, ah , tá tudo bem, se tem livre mercado. Chega a um ponto onde você só tem a
liberdade econômica. E na China é assim, você só tem a liberdade econômica,
mas só tem essa, mas não tem mais nenhuma.

Então, quem pensa que o comunismo tem algo a ver com controle estatal da
economia, está muito enganado. Controle estatal da economia é um ideal , uma
cenoura de burro, que você coloca na frente para neguim ir atrás, mas que nunca
vai se realizar, porque é uma coisa autocontraditória, é impossível, como já
demonstrou Mises em 1923. Se não vai acontecer, é o mesmo raciocínio que eu
fazia quando era pequeno: eu não gostava de história de super-herói, fantasma,
lobisomen, não , isso aí não vai acontecer, mas história de guerra, isso aí pode
acontecer, de polícia pode acontecer. Então porque vou me preocupar com essa
bobagem? Com a bolha assassina agora? O Gugu tinha o mesmo instinto –
separar os super-heróis possíveis dos impossíveis, na verdade todos são
impossíveis....

Então, este pendor liberal pelo livre mercado faz com que eles acreditem numa
espécie de condicionamento econômico da política e da cultura. Se houver
liberdade de mercado, haverá todas as outras liberdades. Não, é uma condição
necessária mas não suficiente.
Sem liberdade de mercado não dá para existir as outras liberdades, mas ela não
produz as outras liberdades, ao contrário, pode servir de instrumento para
liquidação das outras liberdades.

Então, graças a tudo isso a visão que nós temos do cenário até aqui, mesmo a
população mais “culta” do cenário internacional é absolutamente provinciana, é
um recortezinho deste tamanho, onde todos os fatores importantes são
desconhecidos.

A aula anterior que eu dei, para dar uma dimensão do movimento comunista que
as pessoas desconhecem no Brasil, já dá um sinal disso aí. No caso, a visão que
nós temos da história brasileira, essa coisa da intervenção americana, ora,
procure no Mauro Abranches – veja, o site dele foi retirado da Wikipedia, o
verbete sobre ações da KGB no Brasil foi retirado. A Wikipedia está totalmente
sob controle dessa gente – porque eles são diretores da wikipedia? Não, porque a
wikipedia ela é editada por gente fora. É só você organizar um grupo de editores,
e você está constantemente fiscalizando e mudando a redação das coisas
conforme interesse a esse grupo. Basta você ter um grupo militante, e o grupo
militante controla a wikipedia 100%. E esse grupo existe mesmo, hoje em dia até
oficialmente – para que existe o MAV?

Em fev de 1964 foi montado uma operação de desinformação na KGB, e isso foi
retirado dos documentos da STB, do serviço secreto checo, com o objetivo de
convencer a opinião pública de que com a morte de Kennedy nos EUA, os EUA
tenderiam a adotar uma política externa agressiva na América Latina. E que tal
política resultaria em uma maior intervencionismo político, econômico e militar
na região. Note bem, o que aconteceu foi exatamente o contrário. A partir do
governo militar no Brasil, a intervenção americana no Brasil foi diminuindo,
diminuindo, até se reduzir a zero. Claro, que a intervenção das empresas que
querem vender seus produtos no Brasil continua havendo, sobretudo no próprio
mercado de show business, discos, etc, mas a atuação do governo americano é
nula, você não tem sequer o que se chama diplomacia pública, que é quando você
tem alguém falando mal do país ir lá e rebater – hoje você não tem nem isso.
Você pode dizer o que quiser dos EUA, o embaixador não vai dar uma palavra.

Mesmo porque os embaixadores, já trocados pelo sr Obama, já são todos


favoráveis ao lado de lá.

E que tal política econômica resultaria em maior intervencionismo do governo


americano na região. Essa foi a operação Touro, conhecida também como
operação Thomas Mann, numa alusão ao assistente secretário dos EUA, Thomas
Mann, escolhido pelos agentes de informação para ser acusado de ser o autor
dessa política. A operação Thomas Mann consistiu em implantar informações
falsas na mídia latino americana dando a entender que tais informações partiam
de órgãos oficiais dos EUA. As principais falsificações postas em circulação
foram: 1- um comunicado de imprensa com carimbo oficial da agência de
informações dos EUA no RJ, revelando a política imperialista concebida por
Thomas Eimar; 2- panfletos de um fictício comitê para a luta contra o
imperialismo ianque, e que denunciava a presença de agentes da CIA e do FBI no
Brasil, e que esses agentes estariam disfarçados como empresários, jornalistas e
diplomatas. Esta carta foi falsificada pelo serviço checo, o chefe do serviço checo
no Brasil, confessou isso aí, já faz mais de 20 anos, houve então várias
informações desse tipo.

Essas informações já estão desmentidas pela próprias fonte, e elas continuam


sendo usadas imperturbavelmente, na mídia, no jornal, no show business, nas
escolas, etc. Então para vocês terem ideia do seguinte: a circulação de
informação no Brasil é controlada 100% pela esquerda, não é 99%, é 100%. Isso
quer dizer que o pouco que sai contra eles, ou é oposição interna, é briga de
detalhes, quando apareceu Hélio Bicudo contra a corrupção petista. Oposição a
corrupção existia até no comitê central da URSS! Quantos funcionários ali não
foram demitidos, presos e fuzilados por causa de corrupção. A luta anticorrupção
não tem sentido ideológico algum, e não afeta em nada , a estrutura de poder da
esquerda, ao contrário, é um processo de autopurificação que de tempos em
tempos tem que voltar a ser feito de novo, se não o negócio vira bagunça. Você
pode permitir que o sujeito roube para o partido, mas quando você permite isso,
no terceiro mês ele começa a roubar para si mesmo, e aí pronto, a coisa saiu do
controle.

Como aconteceu com o PT. A roubalheira petista saiu do controle, então tem que
acabar.

Um verdadeiro desenho do poder comunista no Brasil e na América Latina não


aparece em parte alguma. O pessoal então fica achando que não existe. Mas quem
está fazendo o desenho, são eles mesmos. Isso é uma coisa que se pode
comprovar caso por caso. Se você pegar a história de cada jornalista brasileiro,
você vai ver primeiro, o número deles que pertenciam a organizações de
esquerda e que ainda continuam vinculadas a elas é enorme. O número dos que
foram treinados pela KGB ou em Cuba, é também enorme. Alguns deles de vez
em quando confessam, como o Anselmo Goes, por exemplo. E tem outros.

São eles que controlam a mídia, e controlam também a mídia dita de oposição.
Isto já acontecia no tempo dos militares. Quem controlava a Folha de São Paulo?
Era o Cláudio Abrão, que era um Trotskista radical, por exemplo. Quem
controlava o Jornal da Tarde, era Ricardo Otake, o Narciso Calile. Quem
controlava as revistas da editora Abril? Eles mesmos. E eles mesmos também
faziam pequenos semanários de oposição, denunciando a grande mídia, que
eram eles mesmo que faziam.

Isto aconteceu durante todo o regime militar. Então se você controla a mídia e a
antimídia, então você controla tudo. Nada se opõe a você, nada, absolutamente
nada.

Então, foi vendo essas coisas que eu decidi publicar o negócio do Imbecil
Coletivo, porque essa uniformidade mental, da mídia, do ensino, das artes, estava
imbecilizando as pessoas. Estava virando uma situação onde qualquer hipótese
que não fosse a majoritária era concebida como loucura, doença mental.
Mesmo as pessoas sabem que esse noticiário é controlado, não levam isso em
conta na hora de ler cada notícia. Você sabe que estão mentindo, mas essa
mentira em particular você aceita, essa outra em particular você também aceita,
e outra, etc. Por exemplo, a gente vê a entrevista do tal do Geneton com o gen
Leônidas. O gen Leônidas diz que no tempo que eu dirigi o Doi-Codi, não houve
nem um caso de tortura. Nenhum chegou ao meu conhecimento, absolutamente
nenhum. Daí o Geneton diz, não, mas é fato histórico comprovado. Cadê a
comprovação? A comprovação é o depoimento dos mesmos que dizem que foram
torturados, eu digo que você foi torturado, você diz que eu fui torturado, e nós
dois ganhamos indenização.

Não há ao longo de todos esses milhares de indenizações, não apareceu nenhum


único exame de corpo de delito. Nenhum único, nunca. Você compara isso por
exemplo com o caso do Richard VonBrand(?) que foi torturado nas prisões
comunistas da Romênia, e que fez questão de ser examinado por uma comissão
pública de médicos na ONU, mostrando marcas de queimadura, cicatriz, dente
quebrado, etc. As fotografias estão lá a disposição. Como é que no meio de não sei
quantos mil torturados não tem uma única marca.

Uma vez eu vi um depoimento de um advogado dizendo, não, os caras estavam lá


naquele tempo cortando dedos, furando olhos, cortando nariz, eu falei, me
mostra um único dedo. O único dedo cortado que eu vi foi do Lula, que ele
mesmo cortou com sua habilidade mecânica extraordinária.

Mas essa coisa é tão repetida, jamais contestada, quando é contestada é de


maneira absolutamente inábil. O militar mais inteligente que se opôs a isso foi o
Gen Leônidas e deixa muito a desejar porque ele já estava com 88 anos. Tudo
passa como fato notório. Se você quer discutir o assunto a primeira coisa que
você tem que dizer, bom , caso de tortura houve, mas isso é o máximo de
oposição que as pessoas de enfrentamento que as pessoas se permitem.

Pergunta pra mim, naquele tempo você estava na esquerda, você acompanhou,
me diz quantos casos de tortura você viu? Nenhum nunca. Eu não vi nenhum
sujeito machucado, eu não vi ninguém sair lesado. Você pega por exemplo as
fotos dos terroristas trocados por embaixadores. Estão todos inteiros. Não tem
um que pareça desnutrido sequer. Na verdade eu não vi um caso. Na época eu
acreditava porque os colegas diziam, mas também eu nunca vi nenhum caso de
um sujeito que dissesse para mim: eu fui torturado. A minha contraparente que
diziam ter perdido um rim na tortura, eu perguntei, a senhora foi torturada? Não.
Até hoje o nome dela está na lista dos torturados.

Na verdade verificação não houve nenhuma, nunca, mas a mera proposta da


verificação aparece como uma provocação fascista. E, o pessoal que está contra
os comunistas, que é antipetista, tem inibição de discutir essa coisa. Escuta, se
você tem inibição é porque o julgamento que o outro faz de você já tem poder
sobre você, evidentemente. Ah, eles vão me chamar de fascista! Mas eles vão
chamar de qualquer jeito. Eles já chamaram de fascista até o FHC, até o José
Serra, até o Alckmin. O Alckmin manda reprimir uma greve lá, ah é fascista! O
Alckmin que é um cara que faz tudo que eles querem.
Então, a inibição que as pessoas tem, ah eu vou ser massacrado. O que você quer
dizer com massacrado? Quer dizer que vão falar uma coisinha contra você? Eles
vão falar de qualquer jeito! Este temor entrou muito profundamente na cabeça
de todo mundo. Então, isto é uma dominação psicológica total. Se você não quer
passar pelo teste, se você não quer ser chamado de fascista, então você não vai
poder fazer nada, porque eles vão te rotular de qualquer jeito, é a primeira coisa
que se faz.

Curiosamente, depois que soltaram o livro da Márcia Tiburi, como discutir com
um fascista ou como debater com um fascista, começaram a aparecer cursos
disso nas universidades, como debater com um fascista. Dados por pessoas que
jamais debateram com ninguém. Isto é uma coisa extraordinária, porque eu só
me aventurei a dar algumas lições sobre a arte de debater depois de eu ter
participado vitoriosamente de vários debates. Eu provei como se fazer, e agora
vou ensinar como se faz. Mas eles não, ensinam como faz sem nunca ter feito. E
isso é aceito como coisa normal. Quantos debates com fascistas a Márcia Tiburi
deu? Nenhum, zero. E o dia que se aventurar a ter um vai se dar muito mal,
principalmente se o fascista for esse que vos fala.

Esta situação de anomalia epistemológica está consolidada no Brasil há muito


tempo. E as decisões políticas que são tomadas com base nisso são sempre
erradas e acabarão sempre favorecendo o mesmo lado. Você veja quando
decidiram por estratégia do impeachment, primeira coisa que eu falei: primeiro,
demora. Segundo, impeachment legitima a eleição fraudulenta porque você não
pode fazer impeachment de alguém que não é presidente da República, você não
pode fazer impeachment de um usurpador. Usurpador tem que ter seu mandato
cassado e ir para a cadeia. Ah, mas isto é muito difícil de conseguir, vamos pelo
objetivo mais modesto? Quem disse que o objetivo mais modesto é o mais fácil?

Você imagina que aqui está uma moça sendo estuprada por um brutamontes,
uma mocinha de 1,20 m, e ela tem um revólver na bolsa. O que é o mais fácil dela
fazer? Matar o cidadão. Acabou. Agora, bater nela ela pode? Ela não pode vencê-
lo, ela só pode destruí-lo. Então, o que é aparentemente mais difícil é na verdade
o mais fácil. Do mesmo modo, o impeachment tem que passar pelo beneplácito
da classe política, você vai ter que conquistar um por um. Você tem duas forças;
de um lado você tem a intimidação popular, e do outro tem a propina. Vamos ver
o que pesa mais. Tenho mais medo de ficar sem dinheiro, ou de que a população
bata em mim se eu sair na rua? Foi isto durante meses. Não foi assim , estou
errado, estou exagerando? Não, foi exatamente isto, esta é a contabilidade que os
caras fazem é isto. Este aí está me oferecendo dinheiro, mas os votos estão do
outro lado. Se eu aceitar o dinheiro agora, eles não votam em mim, daí acabou a
mamata. É um cálculo desse tipo. Durante meses, e prossegue ainda.

E no meio tem ainda um treco chamado STF. Ora, pensa bem, nós queremos tirar
a Dilma. Mas veja bem, qualquer proposta da Dilma tem que ser discutida no
ministério, câmara dos deputados, senado, leva um tempo, ela é filtrada,
atenuada, etc, e no fim aprovam alguma coisa. A não ser que ela faça por medida
provisória, mas medida provisória é provisória.
E as decisões do STF? São nove neguinhos que nunca foram eleitos. Foram todos
escolhidos pelo PT, com exceção do Gilmar Mendes. O que eles decidem entra em
vigor na mesma hora. Não há instância superior. Então qual dos dois é mais
perigoso, a Dilma ou o STF? É óbvio que é o STF. Qual é o grande problema nosso
é a Dilma? Não, ela é um símbolo de uma situação. Você pedir auxílio do STF para
tirar a Dilma é pedir auxílio de um leão para te livrar de um bicho de pé. Todo
mundo escolheu isso porque? Porque você tem uma atmosfera psicológica
preparada para isso há mais de 60 anos.

A palavra hegemonia tem que ser levada muito a sério. Hegemonia quer dizer um
controle do imaginário popular, não é das opiniões da massa. Opinião é uma
coisa que você pensa e sabe que pensa. Imaginar é algo que passa pela sua
cabeça e depois você esquece, mas que vai determinar a sua conduta na hora H.
São conjuntos de símbolos, de reações espontâneas, de emoções impensadas,..., e
isto que decide a conduta das pessoas.

A vontade vai para onde a imaginação for. O que não está na sua imaginação não
está na sua vontade. O que você não é nem capaz de imaginar, você não é capaz
de fazer. E se a sua imaginação está toda povoada de reações e símbolos que são
favoráveis a uma certa política, você acabará favorecendo essa política mesmo
que conscientemente, na esfera das opiniões você esteja contra!

Existe cultura cristã conservadora no Brasil? Não, meu filho, nem cultura cristã!
O cristianismo virou subcultura especializada – ‘special interest’. Não faz parte
da cultura já. Veja, até os anos 50, 60, você tinha uma opinião cristã personificada
em grandes nomes da literatura como Jorge Lima, Murilo Mendes, o próprio
Ariano Suassuna, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, eram grandes escritores
nacionalmente reconhecidos e que eram o cristãos católicos. Desde então a
opinião católica, para não falar da protestante, desapareceu da esfera
reconhecida como tal, e hoje livros cristãos só saem por editoras cristãs para
serem vendidos nas igrejas, nas livrarias das igrejas, assim como a literatura
protestante.

Como se fez isso? Isso que se chama hegemonia! Você não vai proibir, não vai
censurar o livro, isso é uma ação de estado, oficial, e todo mundo fica sabendo.
Agora quando você vai ocupando espaços, você vai removendo seus
concorrentes um a um, um pouquinho de cada vez, sob mil pretextos e sem
pretexto nenhum. E de repente eles desapareceram. E depois que ele desaparece,
entra aquela nova do Emílio (?) que é , a capacidade limitada que uma sociedade
tem de reconhecer uma anomalia. Qualquer anomalia que dure um certo tempo
passa a ser normal. Esse processo da hegemonia aposta nisso. Quando o Gramsci
fala em reformar o senso comum – que é o senso comum? O conjunto de
opiniões? Não, o conjunto de símbolos, de reações, estão antes da opinião, e são
por assim dizer, pré-verbais. É isto que eles estão tentando mudar. O senso
comum diz respeito as percepções e imaginações, não a opiniões. As opiniões são
uma expressão parcial, limitada, e superficial. A hora que você dominou o senso
comum, toda a anomalia que você inventou, dentro de uma geração ou menos, se
torna anormal, uma situação estabelecida.
Por exemplo, você falar em literatura católica no Brasil, as pessoas não sabem o
que é. Nunca ouviram falar. Se você pega a molecada que não está no curso de
letras, fala de Murilo Mendes, ninguém sabe quem foi.

Você cria um grupinho de aficionados, 2mil a 3 mil pessoas, que continuam com
saudade daqueles escritores, mas que não tem vigência pública. Então os caras
que antes representavam uma facção importante da literatura brasileira, assim
como você tinha os autores comunistas, Jorge Amado, Graciliano Ramos, que
representavam a literatura comunista, você tinha os anti-comunistas que eram
também antifascistas não filiados a igreja, como o próprio Carlos Drummond de
Andrade, que sempre foi anticomunista, embora fosse um meio esquerdista.
Quando eles fundaram a união brasileira de escritores, que se chamava
associação brasileira de escritores na época (ABDE), os comunistas queriam
roubar os livros e falsificar a eleição, o Carlos Drummond de Andrade pegou o
livro e defendeu a pontapés, aquele homenzinho pequenininho. Ficou num canto
dando pontapé em comunista. Você veja, ele foi queimado na mídia por causa
disso? Não, naquele tempo não tinha como fazer isso. Uma vez consagrado como
grande escritor você tinha o seu nicho. Hoje não tem mais. Se o cara fizesse isso
hoje em dia? Ia ser pior que o Bolsonaro! Pior que o Olavo de Carvalho, iam falar
o diabo dele, da mãe dele, do cachorro, do papagaio, etc.

A medida que essa situação foi se consolidando, ela passou a ser a nova
normalidade. Ninguém espera, por exemplo, que a opinião católica ou
protestante conservadora apareça no jornal da grande mídia. Pode aparecer um
pouquinho. Você pode por vezes aceitar um artigo de algum arcebispo que muito
polidamente, cheio de dedos, ele diz que é contra o aborto. Olha que escândalo!

Esta situação, o que estou tentando e nem sei se estou conseguindo dar a
verdadeira dimensão da coisa, não é o problema de que há uma opinião
predominante, há um universo inteiro invisível.

Isso significa que a posição do Brasil no quadro internacional, não é acessível a


partir da cota de informações disponíveis. Por exemplo, aquilo que expliquei no
debate com o Duguin que existe os três grupos globalistas, que as vezes eles
concorrem, as vezes colaboram, etc. O que você vê disto na mídia brasileira?
Nada. Mas isso é o destino do mundo que está sendo decidido aí. Isso não é uma
intriguinha de gabinete, é o principal que está acontecendo.

Isto é assim no povão? Não, isto é assim nas classes falantes. Entre os
universitários, entre as pessoas diplomadas. Verdade que 50% delas são
analfabetos funcionais, o que ajuda mais um pouco. Como poderemos ter uma
política internacional vantajosa para o país? O cavalo de batalha do Trump é isso,
uma política internacional vantajosa. Ao invés de tirar o dinheiro do nosso bolso,
põe algum lá dentro. Que é a obrigação que todo governante tem que fazer pelo
seu país. Como podemos fazer isso no Brasil? Resposta: não podemos.

Porque não podemos sequer o que os poderes internacionais estão fazendo. Isto
está proibido.
O velho sonho dos anos 60 de política externa independente, que quer dizer na
verdade política externa pró-comunista, mas usemos o termo de maneira neutra.
Uma politica externa independente é impossível, mais impossível que jamais foi.
Ninguém vai pisar nos interesses da Rússia, da China, ou dos grupos globalistas,
ninguém. Porque? Porque não há uma intelectualidade capaz de explicar o que
está acontecendo!

Vocês entendem o drama do Brasil. Antes do drama do mensalão, petróleo, antes


das perdas financeiras, e até antes das perdas de vidas humanas, antes d0 70 mil
homicídios, existe uma perda intelectual anterior, sem a qual nada disse
aconteceria.

Qual é o grande problema do Brasil hoje? É tirar a Dilma? Você pensa que isso é
um negócio mágico, você tira uma pessoa, mudou tudo. Você está pensando que
esta pessoa manda no Brasil? Ela não manda nada, coitada. Ela faz o que o Lula
manda ela fazer. E o Lula faz o que o Foro de São Paulo manda fazer. O Foro de
São Paulo faz o que a China, Rússia e os poderes comunistas mandam fazer!

O grande problema de quem manda no Brasil! Esta questão ficou proibida


porque você só pode pensar as coisas pelo lado provincial. Pelos cargos
nominais. Eu sugiro para vocês a leitura do livro a Elite do Poder, do sociólogo
americano Mills, que era da esquerda. Nos anos 60 ele fez essa pergunta: quem
manda nos EuA? Ele foi ver os grupos, os ambientes, as pessoas que realmente
decidem. Ora, os políticos são uma fração mínima disso aí.

Você tem os grupos empresariais, os bancos, etc, mas você tem os clubes que os
caras frequentam, as igrejas que os caras frequentam, os círculos de amigos, isto
e mais aquilo. Ele faz um panorama da estrutura de poder. Não existe
equivalente disso no Brasil. Quando alguém vai fazer, copia o Wright Mills. E faz
do ponto de vista marxista, dando a impressão de que o que manda no Brasil é
uma estrutura de classes, onde a burguesia manda. A burguesia no Brasil não
manda nada! A burguesia está na mão da burocracia. Alguns estão na cadeia.

O empresariado brasileiro ele já teve voz forte em outra época. No tempo do


Costa e Silva, o governo baixava um imposto, o Teobaldo de Negris telefonava, e
dizia, olha aqui presidente, nós não vamos pagar essa porcaria, nesses termos, e
não pagava mesmo. Vai fazer isso hoje.

Hoje se você não quer pagar você não tem nem jeito de fazer isso, porque as
notas fiscais que você passa, não é mais você que passa, é o governo que passa.
Você veja, se o governo controla até suas notas fiscais, é claro que você está num
regime socialista, e não percebeu ainda. Você não tem mais liberdade econômica.
Você pode produzir o que o governo quer, cobrar quanto ele quer, vender para
quem ele quer, e assim por diante. Então já é o que? Uma economia fascista.

A economia fascista se define por isso. Existe uma economia de mercado,


controlada com rédea curta, por um governo. Só existem dois tipos de economia:
liberal e fascista. Na verdade nem a liberal existe mais, então só existe a
economia fascista. É nisso que nós estamos hoje, realizando a profecia do
Winston Churchill, os antifascistas do futuro não se denominarão antifascistas.

Quando eu decidi dedicar minha vida a formação de uma nova elite intelectual
brasileira, eu sabia o que estava fazendo. Não é porque eu gosto da alta cultura,
boa música, de bons quadros. Não é por isso, gente. É porque a existência de uma
intelectualidade em um país é condição mínima para que a classe política e o
povo saiba do que estão falando e possam tomar decisões razoáveis baseadas na
realidade. Isto no Brasil se tornou impossível. Você veja, até hoje, o ciclo petista
já está acabando e ainda tem gente que não acredita no Foro de São Paulo.

Como é possível isso? Isso é uma anomalia, é uma incapacidade intelectual


monstruosa! Bom, os nossos alunos tiram os últimos lugares porque eles são
alunos do secundário. Se eles fossem ministros, deputados, professores, tirariam
um lugar abaixo do último, como disse um ministro da educação, Paulo Renato,
poderia ser pior. Iam criar um lugar especial abaixo do último para caber o
Brasil. Só não tiveram que fazer isso porque não era você, Paulo Renato, que
estava lá fazendo o teste! Paulo Renato não era petista não, era lá da turma
tucana.

Esta coisa do conhecimento ela tem que ser levada muito a sério. A regra número
1 do Sun, conheça o seu inimigo. Não é só conhecer o inimigo, é conhecer o
território em que vai ter a batalha, o motivo da batalha, porque nós estamos
disputando afinal de contas, os meios de poder, ou seja, faça tudo com o
repertório de informações necessários. Mas esse repertório de informações se
tornou inacessível, impossível. O que alimenta não apenas o ciclo vicioso de
ações que acabam sempre por fortalecer os mesmos donos do poder de sempre,
como está acontecendo exatamente agora, mesmíssima coisa de novo, ou então
já entrega tudo para o inimigo de uma vez, que foi o que aconteceu nos últimos
20 anos.

Eu não se isso lhes deu uma imagem de como é que estou vendo as coisas.

É muito importante estar nos EUA porque aqui você tem mais informações sobre
o Brasil do que no Brasil. Não na mídia, evidentemente. Porém, me lembro da
primeira vez que vim aqui, estava na cidade Brumington, Indiana, de repente vi
um edifício imenso, o instituto de estudos brasileiros. No Brasil não tem um
desses! Uma cidadezinha de 30 mil habitantes. Existem outros. Se você quer
informações sobre o Brasil, aqui você tem arquivos e mais arquivos da ditadura a
sua disposição. Onde é que eu fui descobrir que o FHC tinha participado de uma
reunião do Foro de São Paulo em 1991? Aqui. Só tinha isso aqui, não tem no
Brasil.

Estar aqui é uma coisa propícia para quem quer investigar o Brasil. Muito mais
acesso a informação que no Brasil. A mídia aqui, ainda que haja uma certa
uniformização, não é como no Brasil, uma coisa total, ainda tem debate político.
No Brasil não tem mais. Combate contra a corrupção é uma coisa.
Quando eu pergunto assim: com que o pessoal estava revoltado em março de
2015? Era com a Dilma? Não, era com a apuração secreta e fraudulenta. Era
dinheiro do governo rolando para MST, parcelas inteiras do Brasil sendo dadas
para organizações internacionais, dinheiro público sendo usado para salvar
ditaduras comunistas moribundas, 70 mil homicídios por ano, políticas de
favorecimento ao banditismo, estava contra tudo isso. Dizer que isto tudo se
condensa na Dilma? Só se você for louco.

Existem poderes muito mais decisivos do que a Dilma, e um deles é o STF. Muito
mais importante do que tirar a Dilma, é tirar a autoridade dos camaradas do STF,
antes mesmo do impeachment da Dilma. O impeachment seria uma das medidas
que estaria na programação, num plano como alternativa número 53. Poderia ser
feito, mas não como prioridade, porque em março de 2015 você tinha a ação das
massas na rua. Você transfere agora não são mais as massas, são os políticos em
Brasília, os quais não eram nem aceitos nos palanques nas ruas. Aqueles que
eram os réprobos, os desprezados, de repente viraram os protagonistas da
situação.

Graças a maravilhosa inteligência do MBL, Reinaldo


Azevedo, e outros mais. É evidente que a classe política pensa antes de tudo na
sua própria sobrevivência. Eleger um deputado custa mais do que tudo mais que
ele vai ganhar em toda sua carreira. Portanto, ele tem que se defender por outros
meios. A simples sobrevivência dos deputados exige que eles se corrompam.

Isto realmente é assim. É claro que esse pessoal vive com medo de perder a
mamata. Outra coisa, o Brasil tem uma das mais altas taxas de substituição da
classe política no mundo. Precisamos renovar a classe política, tirar todos eles,
botar gente nova. Ora, gente nova é mais corrupta que a anterior.

O sujeito chega lá inexperiente ele vai ter que se adaptar ao sistema. E ele logo
vai perceber que se ele não roubar, ele tá lascado. Não adianta trocar as pessoas,
é uma outra coisa que temos que fazer. Temos que quebrar a estrutura
institucional e criar uma outra, na qual o povo possa controlar os políticos, e não
o contrário. Este é o problema do Brasil. Quem manda é o estamento burocrático
ou é o povo? O povo nunca teve chance. Se você ver o nível de participação dos
americanos na política aqui é uma coisa imensa. Os brasileiros não conseguem
imaginar. No Brasil você teve essa manifestação popular depois de 60 anos.
Durante 60 anos a esquerda teve o monopólio das manifestações de rua, até que
teve uma contra eles.

E para reunir essa gente é difícil. A partir do momento que estavam reunidas na
rua, o que era para ter sido feito? Organizá-los. Criar militância. Pensar em tirar a
Dilma? Não. Primeiro temos que ficar fortes. A massa organizada tem que ser um
poder. Depois que ela for um poder, você não precisa decidir se vai tirar a Dilma,
o Lula, era fará tudo isso e mais alguma coisa. Mas, diluir a massa, transformá-la
apenas em reivindicadora, de favores da classe política, é claro que foi uma
traição. Mas os caras não sabem que foi uma traição. Porque eles nem tinham
ideia de que podia ser de outra forma.
Qualquer pessoa com um mínimo entendimento das coisas sabia que em março
de 2015 você tinha uma situação revolucionária. A massa inteira estava
desprezando todas as autoridades. Já tinha a obediência civil. Bastava ter alguns
líderes preparados para isso. Mas essa perspectiva era grande demais para eles.

As pessoas quando pensam política, elas pensam partidos, eleições, congresso,


etc. Só pensam pela via institucional. Isto é agravado pela mentalidade juridicista
que confunde os textos legais com a estrutura real do poder. No Brasil, isso
sempre que um governo decide uma coisa ilegal e anticonstitucional, as pessoas
dizem, mas não tem base legal. E daí? Isso tem base na força, tem base no poder,
tem base nos meios de ação. E por isso mesmo será feito contra as leis.

Esse raciocínio juridicista ele é tão absurdo como você dizer que não existe crime
porque o código penal proíbe. É proibido ter crime, então não tem. É um
raciocínio do mesmo tipo.

Como foi que chegamos a este estado de psicastenia? Onde qualquer um nos faz
de trouxa? Onde chegamos ao cúmulo de o destino da nação, a salvação do país,
acabar na mão de um sujeito como Renan Calheiros. Foi o que aconteceu essa
semana. Foi para isso que nós saímos na rua em 2015, para depois chegar, ei ,
Renan, por favor, quebra nosso galho, salve o impeachment....

Isso já é dobrar a espinha da massa, é forçar a massa a beijar o pé da classe


política, da mesma classe política que abriu caminho para instalação do PT, que
favoreceu a instalação do mensalão, petrolão, etc. É claro que o sentido dos
protestos públicos foi invertido, sob pretextos formalistas jurídicos, o respeito as
instituições, etc.

Espera aí! São as instituições que estão fazendo isso, é o STF, é o Congresso
Nacional, é a presidente da República. É uma quadrilha que se apossou, mas na
medida que ela se apossou ela é o estado, você não entendeu ainda? A quadrilha
se apossou do STF. Tem algum STF externo para condenar o STF? Não tem, são
eles mesmos.

Quando chega a esse ponto, você não pode recorrer as instituições para eliminar
o mal porque elas são o mal! Elas tem que cair, tem que ser substituídas por
outras, evidentemente. Outras que deem ao povo mais meios de ação. Então,
quando você por exemplo quando você raciocina pelo lado jurídico, você entra
num círculo vicioso.

Houve fraude nas eleições, houve apuração secreta, então vamos reclamar. Mas
você não pode processar o homem do STF porque ele tem foro privilegiado,
então você tem que ir ao STF. Mas o STF também é gente deles. Então temos que
apelar as forças armadas. Nas FFAA o homem estava batendo continência para o
Foro de SP. Fechou o círculo gente, não tem para onde correr. Só existe uma força
favorável ao povo: o próprio povo.

Ou se organiza a militância popular, ou você está lascado. Você pode sempre


tentar, como é uma tradição brasileira, leiam o livro do Paulo Mercadante, a
Consciência Conservadora no Brasil, um arranjo, uma conciliação, uma pizza. Vai
ser sempre humilhante para quem, para o povo, que é exatamente o que está
acontecendo.

Ainda está em tempo de fazer alguma coisa? Sempre está em tempo de fazer
alguma coisa, enquanto você não morreu, sempre há o que fazer.

No meu entender, o que tem que fazer é duas coisas. Primeiro tem que reformar
a alta cultura nacional, criar uma nova geração de intelectuais, que possam criar
uma barreira de livros, de informações fidedignas, que deem as pessoas uma
visão correta do que está acontecendo, e permita tomar decisões mais
apropriadas. Segundo, organizar a militância popular, fora dos partidos, e sem a
participação de nenhum político desses que estão em Brasília. Estes tem que ser
rejeitados in totum.

Eles foram forçados a votar o impeachment. O que é o impeachment? É a


consagração das eleições. Tanto que se você retira a Dilma tem que colocar o
Michel Temer. Mas o mandato dele é tão ilegítimo quanto do dela. Os dois foram
eleitos numa apuração secreta que em si, é fraude.

Você consente com essa humilhação – bom, me livrei da Dilma – está tirando o
bicho de pé com ajuda de um leão faminto. Sempre vai haver pessoas que posam
em favor dessas coisas mediante argumentos padronizados. Quando o sujeito
fala assim, eu sou democrata, sou a favor das instituições democráticas, você está
100% dos casos você está falando com um vigarista. Porque em nenhum
momento a democracia esteve em questão.

Tem alguma proposta de ditadura militar? Não, não tem. Tem alguma proposta
de comunismo? Não, os comunistas não falam de comunismo. Todo mundo é a
favor da democracia! Não tem ninguém que não seja a favor da democracia. Da
bora para fora! Mas se todos são, isso não significa nada na boca de ninguém!

Agora que você já disse que você é democrata, já mostrou que é bonzinho, me
diga o que você quer realmente, qual sua proposta concreta? Ai a conversa muda.

Esta pose de você é o democrata e o outro é o fascista. Já viu que todo mundo
chama o outro de fascista? O PT chamado o Reinaldo Azevedo de fascista, o
Reinaldo Azevedo chama eles de fascista, só eu que não estou chamando
ninguém de fascista porque? Porque eu sei que tudo que está em discussão no
Brasil não tem nada a ver com fascismo. Porque o fascismo como economia já
está consagrado como economia e ninguém o questiona. E o fascismo enquanto
política de estado, no fundo, é o que todos estão fazendo. Então o fascismo não
está em questão, me parece.

Eu não creio que o conceito de fascismo se aplique a nada no que está


acontecendo, exceto na esfera econômica. Mas, ele virou um conceito tão elástico
que pode ser usado indiferentemente pelos dois lados. O conceito de fascismo
hoje é apenas um porrete. Para mim não é. É um conceito científico, que serve
para descrição de certas políticas, certas facções durante um certo período da
história.

E no Brasil só existiu um protofascismo no tempo de Getúlio Vargas, que por


coincidência metia os fascistas na cadeia. E não meteu os integralistas na cadeia
porque ele só queria o fascismo dele, o do outro não serve. E o que continua
dominando o Brasil? A política getulista na verdade até hoje.

JK foi eleito por quem? Pelo mesmo conluio getulista-comunista que era o PTB e
PSD, Partido Social Democrata. Então tinha duas facções getulistas, a dos pobres,
que era o PTB, e a dos ricos, o PSD, mas era a mesma coisa no fundo. O outro
lado, a UDN, era a única que teve alguma chance, elegeu um louco, que era o Jânio
Quadros. Uma elegeu um louco, e de outra vez elegeu um incapaz que era o
Collor. As duas únicas chances que a direita brasileira teve.

O Collor era evidentemente uma pessoa fraca, era um fanfarrão, mas era muito
fraco. Tanto era fraco que depois virou o quê? Puxa saco dos seus inimigos. Vocês
não tem vergonha, gente? E o Quadros era só conversar com ele 5 minutos para
ver que esse cara é um louco megalômano, histérico. Quando escolheram a
candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes. Bom, era um homem decente, etc,
mas era um homem ultra-polido, educado, que não faz mal a ninguém. Assim não
adianta. O único político viável que teve desse pessoal da UDN foi o Carlos
Lacerda, mas o pessoal nunca apostou nele – ah, ele fala umas coisas muito
duras, escandaliza as pessoas, ele choca.

Esta autocensura politicamente correta já existe no Brasil há muito tempo, e ela é


um dos fatores de imbecilização.

Você veja, o Brasil está cheio de pessoas capacitadas para comentar as miudezas
da semana. Ah, o Renan Calheiros falou isso, ah, o Cunha não sei o quê, são
assuntos de Reinaldo Azevedo, Marco Antônio Villa, comentários jornalísticos.

Agora, pessoas qualificadas para descrever as grandes estruturas de poder, as


grandes forças que estão produzindo a história, simplesmente não tem mais, e
nós precisamos produzir essas pessoas o quanto antes, e é o que eu estou
tentando fazer com este curso, com o COF, etc, na verdade com muito mais
resultados que jamais esperei. Graças a Deus isto aí está acontecendo, e dentro
de menos de uma geração você vai ter muita gente fazendo um trabalho como o
meu, muita gente mesmo. Bom aí você tem a perspectiva de surgir uma nova
classe política melhorzinha. Antes disso, você vai ter que contar com Renan
Calheiros, Cunha, essa mesma gente de sempre.

Em primeiro lugar, qual é o critério para você escolher um político? Você não
pode escolher um cara medíocre. O sujeito tem que ter qualidades intelectuais
efetivas, isso é coisa básica no mundo inteiro. Aqui nos EUA qual foi a dificuldade
do George Bush? Ele não parecia ter a qualificação intelectual necessária. Na
verdade, ele tinha, mas é que ele tem um problema de fala. É claro que ele tinha
qualidades, era piloto de avião a jato, não é um Zé Mané. Mas ele não parecia, não
tinha o (?) Fisique (?). Tem que ser um intelectual de grande qualidade. Se você
pega os políticos na presidência americana, quase todos eles eram escritores
excelentes. Tipo, Roosevelt, Lincoln, etc, todos eles. Então tem que ser um
intelectual e ter algo a mais, que para ser um intelectual ele não precisa. Agora,
no Brasil a qualificação intelectual tem sido um handcap.

Por exemplo, Carlos Lacerda tinha qualificação intelectual. Resultado, os outros


medíocres tinham inveja e queriam rebaixá-lo. Ao invés de subir o nível da classe
inteira, você tem que baixar. Isso não pode continuar assim, nós temos que
mudar a relação do brasileiro com o conhecimento, nós temos que respeitar o
conhecimento, não os títulos e honrarias, que são símbolos exteriores e que
podem ser concedidos a qualquer analfabeto funcional como hoje são concedidos
de montão.

Hoje nós temos um ministro da educação que em público diz o seguinte, ele não
falou isso na cozinha, ele não estava bêbado falando num botequim, ele estava
fazendo um discurso oficial, disse que Galileu Galilei foi queimado vivo porque
disse que a terra era redonda. O que fazer com um sujeito desse? Dar um tapa na
cara? É muita honra para um sujeito desse levar um tapa na cara! E o sujeito fala
isso e continua sendo ministro da educação! Ninguém o tira de lá. Isso não
escandaliza as pessoas. Porque parece que a cultura, o conhecimento é só um
adorno, uma coisa para enfeitar. O sujeito ele vai continuar o mesmo. É como um
diploma que você pendura na parede. Este conceito na cultura já existe há
séculos. Era assim já no século XIX. Só que na época não tinha as consequências
catastróficas que tem hoje, porque ainda se tinha um certo grupo de pessoas,
pequeno, influente, mas que sabia selecionar as pessoas.

Veja, no tempo do Império, quem eram os escritores de maior prestígio? Eram os


melhores. Não eram os piores, os mais medíocres, enquanto os de talento
ficavam no fundo do poço. Ninguém duvidava dos grandes escritores, Machado
de Assis, Cruz e Sousa, Coelho Neto, Rui Barbosa, ninguém punha em dúvida isso.
Ninguém ia colocar um cara medíocre no lugar deles. Aos poucos isso foi
mudando, de modo que o oficialismo, os títulos, as amizades começaram a contar
mais, e depois o sucesso editorial , o número de exemplares vendidos. Ah, o
número de exemplares vendidos depende da promoção que a editora faça, e não
da qualidade do livro. Uma coisa não tem nada que ver com a outra!

A qualidade de um produto não tem nada a ver com a qualidade de sua


publicidade. Você pode fazer um produto muito ruim e contratar a melhor
publicidade do mundo, e vice-versa.

Também os editores foram deixando de ser pessoas de cultura e se tornaram


meros marqueteiros. Isso é um perigo. O editor tem um poder de seleção que é
uma coisa devastadora. Tudo isto foi contribuindo para agravar
formidavelmente o desprezo brasileiro pela cultura, com esse cortejo de
consequências que é uma coisa incrível.

Elegeram o FHC porque ele parecia um intelectual. Na verdade ele é apenas um


repetidor de bobagens marxistas, um medíocre, não tem nenhuma obra notável,
ele não fez senão repetir as bobagens que aprendeu com Eduardo Galiano e
outros, com Florestan Fernandes, que era outro burrão. Enquanto isso os caras
de grande talento mesmo iam embora para o exterior, como Alberto Guerreiro.

A medida que este amor a mediocridade, que é uma coisa consoladora. Se você
sente que o cara lá em cima é um idiota que nem você, você sente que você
também poderia estar ali. E foi por isso que votaram no Lula! Votaram no Lula
porque ele era um incapaz, não apesar de ele ser um incapaz. Não, ele é um
homem pobre, subiu na vida, ele tem todas as marcas exteriores de quem subiu
na vida! Usa ternos melhores, apara as unhas, apara a barba, fica mais bonito.
Mas por dentro continua o mesmo analfabeto de sempre. Ele de fato só subiu
exteriormente. Ele não é um brasileiro que subiu por seu mérito, ele foi subido,
por forças que interessavam ter um símbolo de trabalhador lá em cima.

E a coisa foi piorando, daqui a pouco começa a entrar o negócio estético. Você
tem que colocar lá as pessoas mais feias. Porque a beleza é um símbolo da
dominação de classe, é um padrão imposto pela burguesia. Você tem que pegar
uma mulherzinhas insignificantes, doentinhas, e botar lá para dizer que você não
está descriminando.

Isso que dizer que o número de proteína virou um critério racial. O sujeito tem
muita proteína, ele é branco, se tem pouca proteína é preto. Que que é isto? Ficou
todo mundo louco! Estou exagerando?

Aqui nos EUA pelo menos alguma presença eles exigem dos caras. Votaram no
Obama, mas ele tem uma presença, ele fala bonito, tudo lido no teleprompter,
mas ele tem presença, é um bom ator, não passa vexame nisso aí. O Clinton e a
Hillary, não passam vexame. O Trump não passa vexame, todos eles sabem falar
e se explicar. Sabem fazer algum raciocínio, e tem uma presença física, isso é
importante.

Você pode dizer que o governante é um símbolo do país. Não que precise
necessariamente um sujeito atlético, mas não pode dar a impressão de que ele
está doente. A não ser que você queira explorar o símbolo inverso, tipo Gandhi.
Mas o Gandhi se afirmava como asceta. Não em primeiro lugar como político. Por
isso ele podia ser magrinho, andar de tanga, fazer cocô em público como fazia.
Ele reunia os discípulos, dava um monte de privadinha para cada um , e ele ficava
lá ensinando os caras a fazer cocô. E sugeriria que a Dilma fizesse isso.

Isso significa que o desamor brasileiro ao conhecimento acabou virando um


negócio masoquista. E depressivo. E se esta geração não parar com isso, a
próxima não vai conseguir. Nós já chegamos no fundo do poço. Ainda tem um
pouco de energia para tentar nadar para cima, temos que aproveitar essa
energia. Esse curso foi concebido com este objetivo.

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