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MARITUBA-PA
2018
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1 INTRODUÇÃO
estão as medidas protetivas a favor da mulher vítima de violência doméstica, bem como
preventivas e assistenciais. Prevê-se, ainda, a criação de Juizado específico para julgar casos
de violência doméstica e familiar, porém tal previsão previsa de implementação de fato, o que
tem, ainda, causado certo embaraço.
Assevere-se que a violência doméstica não ocorre somente em lares de classes menos
favorecidas economicamente, é uma violência que acontece em todos os lares, sendo
silenciada por medo, por vergonha de serem julgadas, pois não é incomum que se diga “se
não denunciou antes é porque gosta”. Comentários que acabam funcionando como um
inibidor para a mulher vítima dessa violência. Some-se a isso o fato de que muitas mulhers
simplesmente não acreditam no sistema judiciário brasileiro, que moroso e falho, tende a
deixar o agressor por anos sem punição e apto a voltar a agredir a vítima.
No caso de Maria da Penha, que dá nome à Lei, tem-se que sofreu agressão por anos a
fio, sendo o agressor punido quase 20 anos depois e de modo desproporcional, o que deixou
Maria da Penha numa situação de medo. O fato chegou à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, o que fez com que emergisse a Lei em questão.
Outro fator que muito incomoda pem relação à Lei é o fato de não terem sido criados
os Juizados de que trata o referido diploma legal, sendo os casos de violência doméstica
processados e julgados por uma espécie de juizado provisório, o que demonstra descaso por
parte do Estado. Além disso, é válido ressaltar a postura dos próprios profissionais de
Segurança Pública que lidam com as vítimas, pois não é incomum relatos de que os próprios
agentes tentam demover a mulher de denunciar, a despeito do que disponha a Lei
11.340/2006.
Nesse sentido, a problemática desta pesquisa constitui-se da seguinte questão: quais os
óbices na atualidade à efetividade da Lei Maria da Penha?
Ora, parte-se da hipótese de que, ainda que se tenha evoluido no tratamento da questão
com a promulgação da Lei, porém se tem observado que, em muitos pontos, o diploma legal
tem se tornado letra de lei somente, não avançando para a aplicabilidade prática. É o que
ocorre em relação à proteção que a lei quer oferecer à mulher vítima dessa violência, tendo o
Estado se demonstrado ineficaz nas ações referentes ao assistencialismo que deve sser
propiciado.
O objetivo geral deste trabalho é a analisar as perspectivas da Lei Maria da Penha no
enfrentamento da violência doméstica contra a mulher. Como objetivos específicos, buscar-
se-á verificar os pontos e contrapontos da lei, no sentido de verificar se sua aplicabilidade tem
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sido eficaz, além de analisar a atuação dos agentes de Segurança Pública, e do próprio Estado
como garantidor de direitos, face às denúncias dessa violência.
A escolha do tema se justifica por ser esta pesquisadora profissional que lida com essa
problemática diariamente e vê a dificuldade que a vítima enfrenta nesse processo, sendo, por
vezes, revitimada em sua dor pelo próprio Estado que não oferece as condições necessárias
que a deixem segura do ato de denunciar.
2. METODOLOGIA
A Carta Magna de 1988, denominada de Constituição Cidadã, traz em seu bojo uma
série de direitos fundamentais, dos quais são portadores os cidadãos brasileiros por sua
condição de pessoas humanas, o que reflete a coadunação da legislação brasileira aos tratados
e convenções internacionais sobre Direitos Humanos.
Nesse contexto, um dos fundamentos da dignidade da pessoa humana disposto na
Carta Magna é a igualdade entre todos, independente de quaisquer peculiaridades, o que
emana da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), onde se assinala que se
deve estender essa igualdade aos membros da família humana de um modo geral e amplo,
como sendo fundamento da liberdade, justiça e paz mundial. Além da declaração em questão,
consta na Convenção conhecida como Pacto de San José de Costa Rica que a igualdade é
objetivo a ser alcançado pela atividade pública, ou seja, pelo Estado (FEIX, 2011).
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Ocorre que, do mesmo modo que a legislação anterior que versava sobre o tema, o
dispositivo acima mostrou-se falho ao estender a conceituação da violência doméstica sem dar
exclusividade à mulher.
Por fim, no dia 07 de agosto de 2006, entrou em vigor a Lei n° 11.340, conhecida
como Lei Maria da Penha, que surgiu por força de pressão internacional e com o objetivo de
ser mais eficaz no enfrentamento da violência contra a mulher, contra a família, contra a
violência doméstica. Como menciona Locks( 2009 ) que:
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No mesmo ano das agressões teve início uma investigação. Porém, somente no ano
posterior a denúncia foi apresentada ao Ministério Público.
O julgamento dos fatos aconteceu 08 (oito) anos após os crimes, o qual foi
anulado pelos advogados de defesa do acusado. Já em 1996, Viveros foi
novamente julgado, de onde resultou uma condenação a 10 (dez) anos de
reclusão, tendo recorrido da sentença. Depois de muita luta em âmbito
nacional, sem obter êxito, Maria da Penha, com o auxílio de uma ONG –
Organização não Governamental, buscou apoio à sua causa junto à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (LOCKS, 2009). Commented [u4]: Coloque seu posicionamento diante do autor
Disso resultou na obrigação para o Brasil de criar uma legislação adequada e efetiva
para o enfrentamento dessa violência, além da indenização que teve que pagar à Maria da
Penha em razão da omissão e negligência com que foi tratado o caso. A partir de então se
começou a pensar nas definições que o diploma legal teria, estabelecendo-se ferramentas para
prevenir e reduzir a violência doméstica, além de prestar assistência às vítimas, considerando
que muitas vivem num contexto de dependência emocional e financeira com os agressores.
Como assinalado, em 2006 a Lei entra em vigor, promovendo alterações significativas
no tratamento dispensado ao tema no ordenamento jurídico brasileiro, alterando tipificações,
inovando na questão no que concerne às penas, extinguindo as de pagamento de cesta básica e
multa, passando a abranger, ainda, as violências física e sexual, além da da psicológica,
patrimonial e o assédio moral. Frise-se que a lei em comento não distinguiu orientação sexual
dos envolvidos para fins de aplicação da lei. Acerca do que se tem que “[...] a ofendida passa
a contar com precioso estatuto, não somente de caráter repressivo, mas, sobretudo, preventivo
e assistencial, criando mecanismos aptos a coibir essa modalidade de agressão.” (CUNHA;
PINTO, 2008, p. 28).
No que concerne à conceituação da violência doméstica, aduz o art. 5º da Lei
11.340/06 que: (BRASIL, 2011)
Note-se que o dispositivo evidencia a questão da mulher, deixando isso bem claro na
redação do artigo. Nesse sentido, o art. 7º da mesma Lei torna esse conceito mais abrangente
no que concerne às formas de violência, inserindo as violências psicológica, sexual,
patrimonial e moral, além da física, a fim de que possa abarcar as mais diversas situações.
Outra questão deveras importante e que merece destaque é o fato de que a Lei Maria
da Penha veda, de forma expressa, a incidência dos Juizados Especiais Criminais (Lei
9.099/95) no processamento de violências constantes no diploma legal em questão, conforme
art. 41 da Lei. Isso porque a justiça consensual falharia ao tratar do tema, posto que
procedimentos como a transação penal não seriam proporcionais em face de tão grave
violação.
Até a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, os casos de violência doméstica contra
a mulher era processados pelos Juizados Especiais Criminais, sendo tratados como infrações
penais de menor potencial ofensivo, sendo a pena máxima de 02 (dois) anos de detenção,
podendo ser esta penalidade ser transacionada em restritiva de direito, como o pagamento de
multa ou cestas básicas. Não cabia prisão preventiva, nem tampouco a prisão em flagrante do
agressor.
Ora, a despeito de ser mais célere por adotar rito sumaríssimo, e possuir caráter
despenalizador, os Juizados Especiais Criminais, não demonstrou ser eficaz na Commented [u5]: Coloque seu posicionamento diante do autor
resolução de fatos decorrentes de violência doméstica contra a mulher. Isso porque
não consegue oferecer proteção à mulher vítima, além de naõ punir o agressor, para
quem seria cômodo arcar com a multa ou pagamento de cestas básicas e continuar a
agredir a mulher (NUCCI, 2007).
Comente
agressão sofrida, não legitimando posturas violentas (SANTOS, Commented [u6]: Coloque seu posicionamento diante do autor
2010).
Nesse sentido, é de primordial importância a previsão trazida pela Lei 11.340/06 de
que os Tribunais de Justiça dos Estados, bem como o do Distrito Federal, de que criem e
estruturem Juizados Especializados em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, a
fim de dar maior celeridade e justo tratamento à questão, sem aplicar os benefícios dos
Juizados Especiais Criminais, mesmo porque essa justiça especializada não faz parte do
sistema desses Juizados.
Sobre isso, tem-se que:
Outro fator que incide sobre os casos de violência doméstica contra a mulher é a
postura dos agentes de segurança que fazem o atendimento da vítima. Atitudes como
insinuar para a vítima se realmete quer proceder contra o agressor funcionam como
fatores desestimulantes da denúncia, o que pode culminar em mais agressões à
mulher, que inclusive podem ser fatais. Seria um processo de revitimação, onde os
representantes do Estado em vez de acolher a vítima, a desestimulam e passam
sensação de insegurança numa real e efetiva apuração da agressão (STRECK, 2004). Commented [u8]: Coloque seu posicionamento diante do autor
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4. RESULTADOS E INTEPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Commented [u10]: RESULTADO DA PESQUISA . Quais são
dados estatísticos??
5 CONCLUSÃO
e multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Azevedo, Maria Amélia Mulheres espancadas: a
violência denunciada. Rio de Janeiro: Cortez,1985
ARAÚJO, Letícia Franco. Violência contra a mulher: a ineficácia da justiça penal ALVES, Branca M.; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo.
consensuada. Campinas: Lex, 2003. 1. ed. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, GREGORI, M. F. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres,
relações violentas e a prática feminista. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e
DF, Senado 1988. Terra; São Paulo: ANPOCS, 1993.
_______. Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais e dá outras providências. In: VADE Mecum RT. 5. ed. São Paulo: RT, 2011.
CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica: Lei Maria da
penha (lei 11340/2006), comentada artigo por artigo. 2. Ed. Ver. Atual. E ampliada. – São
Paulo: editora Revista dos tribunais, 2008.
DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça: a efetividade da Lei 11.340/2006
de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. São Paulo: RT, 2008.
LIMA, Fausto Rodrigues de Lima. A renúncia das vítimas e os fatores de risco à violência
doméstica: da construção à aplicação do art. 16 da Lei Maria da Penha. In: LIMA, Fausto
Rodrigues de Lima; SANTOS, Claudiene (Coord.). Violência doméstica: vulnerabilidades e
desafios na intervenção criminal e multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.