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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA


INSTITUTO DE ENSINO DE SEGURANÇA DO PARÁ
CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA E BOMBEIROS
MILITAR/CSPBM/2018

O enfrentamento da violência contra a mulher: avanços e perspectivas

Carmen Suely Souza da Silva – DPC/PA

Projeto de pesquisa apresentado ao


Instituto de Ensino de Segurança do Pará
– IESP, como avaliação parcil da
disciplina Metodologia da pesquisa,
ministrada pelo Prof. Msc. César Mello.

MARITUBA-PA
2018
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1 INTRODUÇÃO

A luta de mulheres em todos os sentidos no Brasil e no mundo é histórica, ao longo do


que muitos avanços têm sido conquistados, a exemplo do direito de votar e ser votadas.
No que concerne à luta contra a violência sofridas pela mulher no ambiente doméstico,
no seio das relações domésticas, teve sua origem em meados de 1910, surgindo no âmbito dos
movimentos feministas que emergiam à época reivindicando a independência da mulher em
todos os sentidos (ARAÚJO, 2003).
Nesse sentido, cabe ressaltar que, a Organização Mundial da Saúde define violência
como sendo a “ imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Porém,
esse conceito é bem mais abrangente.
Nesse contexto, qualquer forma de constrangimento ou força inflingido a outrem,
podendo ser físico, psicológico, moral. No que concerne ao aspecto criminal, o Código Penal
brasileiro, associa violência, na tipificação penal, com a violência física (LOCKS, 2009).
Ocorre que a legislação brasileira, desse modo, não possibilitava uma proteção
adequada a esse grupo social, não se punindo proporcionalmente à agressão, o que acabou por
gerar uma sensação de impunidade que vulnerabilizou ainda mais as mulheres e agravou o
quadro de violência contra elas, o que só veio a sofrer sensível mudança com a emergência da
Lei Maria da Penha.
Já nos anos 90, os já citados movimentos femininstas eclodiram de forma mais
intensa, com a criação de Organizações não governamentais e associações que objetivavam
chamar a atenção do Estado no sentido de criar políticas públicas e sociais voltadas para o
enfrentamento da violência contra a mulher, o que culminou, já no século XX, com a
implementação de ações afirmativas favoráveis a esse grupo social (STRECK, 2004).
Em meio às lutas travadas por esses grupos de mulheres por igualdade, aponta-se
como marco expressivo e histórico, em nível internacional, a Conferência Mundial de Direitos
Humanos, ocorrida em Viena em 1993, onde se associou, de modo pioneiro, a violência
contra amulher como sendo uma grave violação aos direitos humanos. Em seguida, no ano de
1994, ocorreu a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher, denominada também de Convenção de Belém do Pará, voltada de modo pontual
para a questã (FEIX, 2011).
Em 07 de agosto de 2006 foi promulgada a Lei que representa o marco mais
expressivo na luta histórica da mulher contra a violência, Lei nº. 11.340, vulgarmente
conhecida como Lei Maria da Penha. Entre as medidas encontradas neste dispositivo legal
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estão as medidas protetivas a favor da mulher vítima de violência doméstica, bem como
preventivas e assistenciais. Prevê-se, ainda, a criação de Juizado específico para julgar casos
de violência doméstica e familiar, porém tal previsão previsa de implementação de fato, o que
tem, ainda, causado certo embaraço.
Assevere-se que a violência doméstica não ocorre somente em lares de classes menos
favorecidas economicamente, é uma violência que acontece em todos os lares, sendo
silenciada por medo, por vergonha de serem julgadas, pois não é incomum que se diga “se
não denunciou antes é porque gosta”. Comentários que acabam funcionando como um
inibidor para a mulher vítima dessa violência. Some-se a isso o fato de que muitas mulhers
simplesmente não acreditam no sistema judiciário brasileiro, que moroso e falho, tende a
deixar o agressor por anos sem punição e apto a voltar a agredir a vítima.
No caso de Maria da Penha, que dá nome à Lei, tem-se que sofreu agressão por anos a
fio, sendo o agressor punido quase 20 anos depois e de modo desproporcional, o que deixou
Maria da Penha numa situação de medo. O fato chegou à Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, o que fez com que emergisse a Lei em questão.
Outro fator que muito incomoda pem relação à Lei é o fato de não terem sido criados
os Juizados de que trata o referido diploma legal, sendo os casos de violência doméstica
processados e julgados por uma espécie de juizado provisório, o que demonstra descaso por
parte do Estado. Além disso, é válido ressaltar a postura dos próprios profissionais de
Segurança Pública que lidam com as vítimas, pois não é incomum relatos de que os próprios
agentes tentam demover a mulher de denunciar, a despeito do que disponha a Lei
11.340/2006.
Nesse sentido, a problemática desta pesquisa constitui-se da seguinte questão: quais os
óbices na atualidade à efetividade da Lei Maria da Penha?
Ora, parte-se da hipótese de que, ainda que se tenha evoluido no tratamento da questão
com a promulgação da Lei, porém se tem observado que, em muitos pontos, o diploma legal
tem se tornado letra de lei somente, não avançando para a aplicabilidade prática. É o que
ocorre em relação à proteção que a lei quer oferecer à mulher vítima dessa violência, tendo o
Estado se demonstrado ineficaz nas ações referentes ao assistencialismo que deve sser
propiciado.
O objetivo geral deste trabalho é a analisar as perspectivas da Lei Maria da Penha no
enfrentamento da violência doméstica contra a mulher. Como objetivos específicos, buscar-
se-á verificar os pontos e contrapontos da lei, no sentido de verificar se sua aplicabilidade tem
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sido eficaz, além de analisar a atuação dos agentes de Segurança Pública, e do próprio Estado
como garantidor de direitos, face às denúncias dessa violência.
A escolha do tema se justifica por ser esta pesquisadora profissional que lida com essa
problemática diariamente e vê a dificuldade que a vítima enfrenta nesse processo, sendo, por
vezes, revitimada em sua dor pelo próprio Estado que não oferece as condições necessárias
que a deixem segura do ato de denunciar.
2. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa, será utilizada a pesquisa bibliográfica, por meio


do que se vai buscar em obras relacionadas ao tema, bem como artigos científicos, periódicos
e na legislação pertinente, em âmbito internacional e nacional, utilizando-se do método de
pesquisa dedutivo e analítico, partindo-se da realizade maior, no que concerne ao surgimento
e consolidação da legislação pertinente à questão para chegar à realidade brasileira e as
nuances da legislação aqui em vigor, sua aplicabilidade, falhas, avanços e demais
perspectivas.
As infromações obtidas nesse processo serão analisadas sob o enfoque da abordagem
qualitativa, evidenciando posicionamentos sobre o tema. Frise-se que se buscará manter a v
Vigilância Epistemológica, a fim de que obter resultados seguros e fidedignos. Commented [u1]: Aqui vc deve fundamentar teoricamente a sua
metodologia

3 REVISÃO DE LITERATURA Commented [u2]: Criar um tema para a discussão

A Carta Magna de 1988, denominada de Constituição Cidadã, traz em seu bojo uma
série de direitos fundamentais, dos quais são portadores os cidadãos brasileiros por sua
condição de pessoas humanas, o que reflete a coadunação da legislação brasileira aos tratados
e convenções internacionais sobre Direitos Humanos.
Nesse contexto, um dos fundamentos da dignidade da pessoa humana disposto na
Carta Magna é a igualdade entre todos, independente de quaisquer peculiaridades, o que
emana da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), onde se assinala que se
deve estender essa igualdade aos membros da família humana de um modo geral e amplo,
como sendo fundamento da liberdade, justiça e paz mundial. Além da declaração em questão,
consta na Convenção conhecida como Pacto de San José de Costa Rica que a igualdade é
objetivo a ser alcançado pela atividade pública, ou seja, pelo Estado (FEIX, 2011).
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E modo expressivo e objetivo, acerca disso, dispõe a Constituição Federal de 1988, em


seu art. 5º, caput, que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à igualdade, a segurança e a propriedade, [...]" (BRASIL, 1988).
Nesse contexto, é salutar observar que os avanços alcançados pela mulher através de
históricas lutas, que continuam na atualidade, diga-se de passagem, são expressivos, entre os
quais está o fato de terer suprimido a expressão "pátrio poder" do já revogado Código Civil de
1916, tendo-se colocado a expressão "poder familiar", o que representa uma flagrante e
importante ruptura com o paradigma do patriarcalismo do referido diploma, esclarecendo-se
que a mulher, em conjunto com o homem exerce esse poder no seio familiar. Como toda
alteração legislativa, esta também não se deu de modo completamente eficaz, pois, apesar da
mudança, manteve-se a essencia da expressão anterior ao se assinalar que quando homem e
mulher divergissem prevaleceria o que o homem quisesse, ficando insatisfeita a mulher
deveria buscar solução no judiciário. No que concerne aos filhos os dispositivos referentes à
questão preveêm a igualdade de direitos de ambos os genitores (ANGELIM, 2010).
No que concerne especificamente ao tema da violência praticada contra a mulher no
ambiente doméstico, antes de entrar nas nuances da Lei nº 11.340/2006, faz-se necessário
verificar como o tema era tratado na legislação brasileira antes da Lei Maria da Penha.
Nesse sentido, em 2003 foi promulgada a Lei nº 10.788, que inseriu no arcabouço
jurídico brasileiro a primeira referência à conceituação de violência contra a mulher,
coadunado com o disposto na Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a
violência contra a mulher, da qual o Brasil se tornou signatário em 1995. Além da questão
conceitual, o referido dispositivo legal inseriu no ordenamento a obrigatoriedade da
notificação compulsória dos casos de violência doméstica atendidos na rede de serviços de
saúde, como se vê: (BRASIL, 2003)

Art. 1º Constitui objeto de notificação compulsória, em todo o território


nacional, a violência contra a mulher atendida em serviços de saúde públicos e
privados.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, deve-se entender por violência contra a mulher
qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como
no privado.
§ 2º Entender-se-á que violência contra a mulher inclui violência física, sexual e
psicológica e que:
I – tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou em qualquer outra
relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo
domicílio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus-
tratos e abuso sexual;
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II – tenha ocorrido na comunidade e seja perpetrada por qualquer pessoa e que


compreende, entre outros, violação, abuso sexual, tortura, maus-tratos de pessoas,
tráfico de mulheres, prostituição forçada, seqüestro e assédio sexual no lugar de
trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou
qualquer outro lugar; e
III – seja perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra.
§ 3º Para efeito da definição serão observados também as convenções e acordos
internacionais assinados pelo Brasil, que disponham sobre prevenção, punição e
erradicação da violência contra a mulher. (Grifei)

A despeito do notório avanço no que concerne à conceituação, o diploma legal em


comento é falho quando deixa de definir, com clareza, o que seria o termo gênero, deixando a
norma em aberto para interpretações e não restringindo à questão da mulher em si. Messe
sentido, tem-se que:

...ocorre que o legislador nacional recebeu influência da legislação internacional e


acabou incidindo nos mesmos erros do legislador internacional. A definição em
âmbito nacional é idêntica à estabelecida pela Convenção interamericana para
prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher de 1994. (FURTADO, 2007,
p. 30)

Já em 2004, promulgou-se a Lei nº 10.886, que alterou a redação do art. 129 do


Código Penal brasileiro, aumentando a pena de 03 (três) para 06 (seis) meses quando de lesão
corporal leve consequente de violência doméstica, além do que trouxe o tipo penal “violência
doméstica” de froma expressa, como se vê, in verbis: (BRASIL, 2004)

Art. 1º - O art. 129 do Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código


Penal, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 9 o e 10:
Art. 129. ...............................................................
[...]
Violência Doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Ocorre que, do mesmo modo que a legislação anterior que versava sobre o tema, o
dispositivo acima mostrou-se falho ao estender a conceituação da violência doméstica sem dar
exclusividade à mulher.
Por fim, no dia 07 de agosto de 2006, entrou em vigor a Lei n° 11.340, conhecida
como Lei Maria da Penha, que surgiu por força de pressão internacional e com o objetivo de
ser mais eficaz no enfrentamento da violência contra a mulher, contra a família, contra a
violência doméstica. Como menciona Locks( 2009 ) que:
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Maria da Penha Fernandes, que nomina popularmente a lei em comento, é cearence,


biofarmacêutica e foi vítima de violência perpetrada por seu ex companheiro, o
professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros, chegando a sofrer tentativa
de homicídio em 1983, quando teve desferido contra si um tiro enquanto dormia, o
que a deixou paraplégica em decorrência dessa primeira agressão. Posteriormente,
numa segunda tentativa de homicídio, Maria da Penha foi empurrada da cadeiras de
rodas e o ex-companheiro tentou elotrocutá-la . Commented [u3]: Coloque seu posicionamento diante do autor

No mesmo ano das agressões teve início uma investigação. Porém, somente no ano
posterior a denúncia foi apresentada ao Ministério Público.
O julgamento dos fatos aconteceu 08 (oito) anos após os crimes, o qual foi
anulado pelos advogados de defesa do acusado. Já em 1996, Viveros foi
novamente julgado, de onde resultou uma condenação a 10 (dez) anos de
reclusão, tendo recorrido da sentença. Depois de muita luta em âmbito
nacional, sem obter êxito, Maria da Penha, com o auxílio de uma ONG –
Organização não Governamental, buscou apoio à sua causa junto à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (LOCKS, 2009). Commented [u4]: Coloque seu posicionamento diante do autor
Disso resultou na obrigação para o Brasil de criar uma legislação adequada e efetiva
para o enfrentamento dessa violência, além da indenização que teve que pagar à Maria da
Penha em razão da omissão e negligência com que foi tratado o caso. A partir de então se
começou a pensar nas definições que o diploma legal teria, estabelecendo-se ferramentas para
prevenir e reduzir a violência doméstica, além de prestar assistência às vítimas, considerando
que muitas vivem num contexto de dependência emocional e financeira com os agressores.
Como assinalado, em 2006 a Lei entra em vigor, promovendo alterações significativas
no tratamento dispensado ao tema no ordenamento jurídico brasileiro, alterando tipificações,
inovando na questão no que concerne às penas, extinguindo as de pagamento de cesta básica e
multa, passando a abranger, ainda, as violências física e sexual, além da da psicológica,
patrimonial e o assédio moral. Frise-se que a lei em comento não distinguiu orientação sexual
dos envolvidos para fins de aplicação da lei. Acerca do que se tem que “[...] a ofendida passa
a contar com precioso estatuto, não somente de caráter repressivo, mas, sobretudo, preventivo
e assistencial, criando mecanismos aptos a coibir essa modalidade de agressão.” (CUNHA;
PINTO, 2008, p. 28).
No que concerne à conceituação da violência doméstica, aduz o art. 5º da Lei
11.340/06 que: (BRASIL, 2011)

Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a


mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
agregadas;
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II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por


indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Note-se que o dispositivo evidencia a questão da mulher, deixando isso bem claro na
redação do artigo. Nesse sentido, o art. 7º da mesma Lei torna esse conceito mais abrangente
no que concerne às formas de violência, inserindo as violências psicológica, sexual,
patrimonial e moral, além da física, a fim de que possa abarcar as mais diversas situações.
Outra questão deveras importante e que merece destaque é o fato de que a Lei Maria
da Penha veda, de forma expressa, a incidência dos Juizados Especiais Criminais (Lei
9.099/95) no processamento de violências constantes no diploma legal em questão, conforme
art. 41 da Lei. Isso porque a justiça consensual falharia ao tratar do tema, posto que
procedimentos como a transação penal não seriam proporcionais em face de tão grave
violação.
Até a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, os casos de violência doméstica contra
a mulher era processados pelos Juizados Especiais Criminais, sendo tratados como infrações
penais de menor potencial ofensivo, sendo a pena máxima de 02 (dois) anos de detenção,
podendo ser esta penalidade ser transacionada em restritiva de direito, como o pagamento de
multa ou cestas básicas. Não cabia prisão preventiva, nem tampouco a prisão em flagrante do
agressor.
Ora, a despeito de ser mais célere por adotar rito sumaríssimo, e possuir caráter
despenalizador, os Juizados Especiais Criminais, não demonstrou ser eficaz na Commented [u5]: Coloque seu posicionamento diante do autor
resolução de fatos decorrentes de violência doméstica contra a mulher. Isso porque
não consegue oferecer proteção à mulher vítima, além de naõ punir o agressor, para
quem seria cômodo arcar com a multa ou pagamento de cestas básicas e continuar a
agredir a mulher (NUCCI, 2007).

Comente

Há defensores de que o art. 41 da Lei Maria da Penha, que retira a


competência dos Juizados Especiais Criminais para o processamento
de infrações no âmbito da violência doméstica e familiar contra a
mulher, seja inconstitucional, porém há que se analisar a gravidade da
conduta perpetrada e a vítima precisa ter segurança de que o Estado
vai lhe assegurar uma mínima proteção e um justo julgamento da
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agressão sofrida, não legitimando posturas violentas (SANTOS, Commented [u6]: Coloque seu posicionamento diante do autor

2010).
Nesse sentido, é de primordial importância a previsão trazida pela Lei 11.340/06 de
que os Tribunais de Justiça dos Estados, bem como o do Distrito Federal, de que criem e
estruturem Juizados Especializados em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, a
fim de dar maior celeridade e justo tratamento à questão, sem aplicar os benefícios dos
Juizados Especiais Criminais, mesmo porque essa justiça especializada não faz parte do
sistema desses Juizados.
Sobre isso, tem-se que:

Certamente o maior de todos os avanços foi a criação dos Juizados de Violência


Doméstica e Familiar contra a Mulher - JVDFM, com competência cível e criminal
(Art. 14). Para a plena aplicação da lei o ideal seria que em todas as comarcas fosse
instalado um JVDFM e que o Juiz, o Promotor, o Defensor e os servidores fossem
capacitados para atuar nessas varas e contassem com uma equipe de atendimento
multidisciplinar, integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial,
jurídica e de saúde (Art. 29), além de curadorias e serviço de assistência judiciária
(Art. 34). (DIAS, 2008, p.134)

Como se vê a intenção do legislador foi a melhor no sentido de


oferecer um tratamento diferenciado em todos os aspectos à mulher
vítima dessa violência. Porém, no que concerne à estruturação desses
juizados especializados, tem-se que não tem sido seguido à risca pelos
Estados, sendo que na ausência deles, ao processamento desses casos
ficará sob responsabilidade das varas criminais, de forma transitória,
onde serão tratados com preferência, nos moldes do que prevê o art.
33 da Lei Maria da Penha, como se vê a seguir: (BRASIL, 2011) Commented [u7]: Coloque seu posicionamento diante do autor

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar


contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal
para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e
familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o
processo e o julgamento das causas referidas no caput.

Outro fator que incide sobre os casos de violência doméstica contra a mulher é a
postura dos agentes de segurança que fazem o atendimento da vítima. Atitudes como
insinuar para a vítima se realmete quer proceder contra o agressor funcionam como
fatores desestimulantes da denúncia, o que pode culminar em mais agressões à
mulher, que inclusive podem ser fatais. Seria um processo de revitimação, onde os
representantes do Estado em vez de acolher a vítima, a desestimulam e passam
sensação de insegurança numa real e efetiva apuração da agressão (STRECK, 2004). Commented [u8]: Coloque seu posicionamento diante do autor
10

Some-se a isso o fato de que o Estado, no contexto do assistencialismo disposto na


Lei, não oferece também estrutura suficiente para promover à vítima o acolhimento
de que necessita para seguir firme em sua decisão. Isso porque a dependência em
relação ao agressor, além de emocional, em muitos casos é física. Daí que muitas
vítimas deixam de denunciar ou desistem da ação, nos caso em que isso é permitido,
por temerem ficarem desabrigadas em todos os sentidos (LIMA, 2010). Commented [u9]: Coloque seu posicionamento diante do autor

4. RESULTADOS E INTEPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Commented [u10]: RESULTADO DA PESQUISA . Quais são
dados estatísticos??

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS Commented [u11]: Para fazer leitura

Bourdieu, Pierre. A dominação masculina. Rio de


Janeiro, Bertrand Brasil, 1999
ANGELIM, Fábio Pereira. A importância da Intervenção Multidisciplinar Face à
Michel Foucault. Vigiar e Punir
Complexidade da Violência Doméstica. In: LIMA, Fausto Rodrigues de Lima; SANTOS,
Claudiene (Coord.). Violência doméstica: vulnerabilidades e desafios na intervenção criminal Hannah Arenth. Da Violência

e multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Azevedo, Maria Amélia Mulheres espancadas: a
violência denunciada. Rio de Janeiro: Cortez,1985
ARAÚJO, Letícia Franco. Violência contra a mulher: a ineficácia da justiça penal ALVES, Branca M.; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo.
consensuada. Campinas: Lex, 2003. 1. ed. São Paulo: Abril Cultural: Brasiliense, 1985

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, GREGORI, M. F. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres,
relações violentas e a prática feminista. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e
DF, Senado 1988. Terra; São Paulo: ANPOCS, 1993.

_______. Lei 10.778, de 24 de novembro de 2003. Disponível em: . Acesso em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10778.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.

_______. Lei 10.886, de 17 de junho de 2004. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm>. Acesso em:
15 mar. 2018.
11

_______. Lei n. 11.340, de 07 de agosto de 2006. Dispõe sobre a violência doméstica e


familiar e dá outras providências. In: VADE Mecum RT. 5. ed. São Paulo: RT, 2011.

_______. Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais e dá outras providências. In: VADE Mecum RT. 5. ed. São Paulo: RT, 2011.

CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica: Lei Maria da
penha (lei 11340/2006), comentada artigo por artigo. 2. Ed. Ver. Atual. E ampliada. – São
Paulo: editora Revista dos tribunais, 2008.

DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça: a efetividade da Lei 11.340/2006
de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. São Paulo: RT, 2008.

FURTADO, Sara. Aspectos Normativos e Processuais da Lei 11.340/06 “Lei Maria da


Penha”. 2007. TCC (graduação em Direito). Universidade do Vale de Itajaí. pg. 30.

LIMA, Fausto Rodrigues de Lima. A renúncia das vítimas e os fatores de risco à violência
doméstica: da construção à aplicação do art. 16 da Lei Maria da Penha. In: LIMA, Fausto
Rodrigues de Lima; SANTOS, Claudiene (Coord.). Violência doméstica: vulnerabilidades e
desafios na intervenção criminal e multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

LOCKS, Bárbara Bressan Sônego. Lei Maria da Penha. Trabalho de monografia


apresentado a Universidade do sul de Santa Catarina, SC 2009.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 2. Ed São


Paulo, Editora: Revista dos Tribunais, 2007.

SANTOS, Claudiene (Coord.). Violência doméstica: vulnerabilidades e desafios na


intervenção criminal e multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

STRECK, L.L. O imaginário dos juristas e a violência contra a mulher: da necessidade


(urgente) de uma crítica da razão cínica em Terrae Brasilis. Estudos Jurídicos, vol. 37, n. 100,
maio-agosto, 2004.

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