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D I S C I P L I N A Psicologia da Educação

A inteligência

Autora

Vera Lúcia do Amaral

aula

02
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
Carlos Eduardo Bielschowsky
Ilustradora
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz Diagramadores
Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Coordenador de Edição Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ary Sergio Braga Olinisky Thaísa Maria Simplício Lemos
Projeto Gráfico Imagens Utilizadas
Ivana Lima Banco de Imagens Sedis
Revisores de Estrutura e Linguagem (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Eugenio Tavares Borges Fotografias - Adauto Harley
Jânio Gustavo Barbosa Stock.XCHG - www.sxc.hu
Thalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisora das Normas da ABNT


Verônica Pinheiro da Silva
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Amaral, Vera Lúcia do.


   Psicologia da educação  /  Vera Lúcia do Amaral.  -  Natal, RN: EDUFRN, 2007.
208 p.: il.

   Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação  –  A inteligência  –  A vida afetiva: emoções e
sentimentos  –  Crescimento e desenvolvimento  –  A psicologia da adolescência  –  A formação da identidade:
alteridade e estigma  –  Como se aprende: o papel do cérebro  –  Como se aprende: a visão dos teóricos da
educação  –  Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto  –  A dinâmica dos grupos e o processo
grupal  –  A família  –  A escola como espaço de socialização  –  Sexualidade  –  A questão das drogas  –  Os meios
de comunicação de massa.

1.  Psicologia.  2.  Psicologia educacional.  3.  Didática.  I.  Título.

ISBN: 978-85-7273-370-0
CDU  159.9
RN/UF/BCZM               2007/49 CDD  150

Copyright © 2007  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

N
esta aula, vamos discutir um assunto que muitas vezes interfere na maneira como
valorizamos nossos alunos: a inteligência. Como surge a inteligência? Por que alguns
são mais inteligentes do que outros? Inteligência é o mesmo que esperteza? São
algumas das interrogações que vamos abordar ao longo da aula.

Objetivos
Conhecer os conceitos de inteligência, observando sua
1 importância para o professor.

Distinguir as várias formas de manifestação da


2 inteligência.

Diferenciar inteligência de outros conceitos correlatos,


3 como criatividade.

Aula 02  Psicologia da Educação 


As concepções clássicas

D
efinir inteligência nunca foi uma tarefa fácil, apesar de intuitivamente podermos
identificar comportamentos isolados ou mesmo classificar uma pessoa como muito
ou pouco inteligente. Seguramente, você já ouviu alguém dizer que o seu cachorro é
muito inteligente, ou que fulano é muito inteligente porque tira notas boas nas provas. Então,
o que será mesmo inteligência? É dessa questão que vamos tratar a partir de agora.

Comecemos, então, com uma atividade simples.

Atividade 1

1 Anote a seguir sua concepção de inteligência.

Agora, liste 5 comportamentos ou situações que você considera


2 como manifestação de inteligência elevada em uma pessoa.

1.
sua resposta

2.

 Aula 02  Psicologia da Educação


A concepção mais clássica de inteligência é a de William Stern (psicólogo alemão
que viveu entre o final do século XVIII e o início do século XIV), que dizia ser a capacidade
pessoal para resolver problemas novos, fazendo uso adequado do pensamento. Para
outros autores, seria a utilização de todos os equipamentos mentais que dessem conta da
adequação às tarefas da vida. Mesmo com essas definições vagas, havia e há o entendimento
de que a inteligência é uma capacidade mental que pode ser medida e quantificada por
meio dos famosos testes de QI. QI

Quociente de inteligência
No início do século XX, dois psicólogos e pedagogos, Binet e Simon, receberam a solicitação (abreviado para QI, de
do governo francês de elaborarem um método capaz de identificar as crianças com deficiência uso geral) é um termo
proposto por William
intelectual, ou seja, que tinham dificuldade para aprender e apresentavam baixo rendimento
Stern que significa o
escolar. Eles estruturaram uma escala métrica para a inteligência. Partiam da concepção de resultado da divisão da
que seria possível prever o desempenho escolar de uma criança, independentemente de sua idade mental pela idade
cronológica multiplicado
condição social ou econômica e, com isso, criaram o primeiro teste de QI, conceituando
por 100. A idade mental é
inteligência como um conjunto de processos de pensamento que constituem a adaptação obtida por meio de testes
mental, isto é, os processos cognitivos racionais como promotores da adaptação. desenvolvidos para avaliar
as capacidades cognitivas
de um sujeito, em
comparação ao seu grupo
etário. Assim, uma criança
com idade cronológica de
10 anos e nível mental de
8 anos teria QI 80, porque
(8/10) x 100 = 80.

Figura 1 – Alfred Binet (1857 – 1911)

Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, principalmente


porque os testes pareciam não dar conta de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, e
também porque partiam do estudo de crianças com deficiências. Na realidade, os autores
elaboraram uma “escala métrica da inteligência” para detectar na escola os retardados
“perfectíveis”, ou seja, aqueles que seriam suscetíveis de freqüentar as classes chamadas
de “aperfeiçoamento”. Contrariamente aos “retardados de asilo” (os incapazes de qualquer
tipo de aprendizado), os retardados “perfectíveis” poderiam adquirir elementos da instrução
primária, aprender certas normas sociais e, assim, serem, mais tarde, socialmente utilizáveis
no mercado de trabalho, no exercício de profissões manuais.

Aula 02  Psicologia da Educação 


Atividade 2
Dentre os comportamentos e/ou situações que você relacionou na atividade 1,
separe-os em dois blocos, colocando: na coluna A, aqueles que você imagina
enquadrarem-se na definição de Stern; e, na coluna B, os que se enquadram na
definição de Binet e Simon.

Coluna A Coluna B

Liste, agora, os comportamentos e/ou situações que não se enquadraram em


nenhuma das colunas.

Se algo ficou fora das duas primeiras colunas é porque, provavelmente,


as definições que nos serviram de parâmetro não contemplam todas as
possibilidades. Ou será que não  listamos comportamentos e situações que
refletiam a manifestação da inteligência? A seguir, vamos ver as concepções
mais contemporâneas de inteligência.

 Aula 02  Psicologia da Educação


Concepções de inteligência

N
os últimos 50 anos, o termo inteligência vem assumindo concepções distintas e
variadas. Ao lado de termos como “testes de inteligência”, “inteligência brilhante”,
“pouco inteligente”, temos ouvido e visto aparecer “inteligência artificial”, “sistemas
inteligentes”, “inteligência emocional”. Na verdade, mesmo os psicólogos estão cada vez mais
reticentes quanto à possibilidade de mensuração da inteligência, questionando os famosos
testes de QI. A própria concepção de inteligência como uma competência individual, como a
capacidade de raciocinar, de compreender, desprezando-se aspectos outros da subjetividade
dos indivíduos, parece hoje questionável. Cada vez mais ganha força uma concepção de que
a inteligência tem aspectos múltiplos e variados na sua avaliação, e, sobretudo, questiona-se
a relação entre inteligência e bom desempenho escolar.

São mais do que conhecidos os sofríveis resultados obtidos na escola por algumas
pessoas que vieram a se revelar verdadeiros gênios da Ciência. O exemplo mais divulgado é
o de Einstein, que assim se referia ao seu processo de aprendizagem:

As palavras ou a língua, escrita ou falada, não creio que desempenhem nenhum papel
no mecanismo de meu pensamento. Os entes físicos que parecem servir de elementos
ao pensamento são certos signos e certas imagens mais ou menos claras que podem
ser ‘voluntariamente’ reproduzidas e combinadas. (HADAMARD, 1945, p. 131).

Veja as palavras de outro gênio, este da Psicologia, Carl Jung, sobre sua
experiência  na  escola:

O colégio me aborrecia. Tomava muito tempo que eu teria preferido consagrar aos
desenhos de batalhas ou a brincar com fogo. O ensino religioso era terrivelmente
enfadonho e as aulas de matemática me angustiavam. A álgebra parecia tão óbvia
para o professor, enquanto que para mim os próprios números nada significavam:
não eram flores, nem animais, nem fósseis, nada que se pudesse representar, mas
apenas quantidades que se produziam contando... Para minha surpresa, os outros
alunos compreendiam tudo isso com facilidade. Ninguém podia me dizer o que
os números significavam e eu mesmo não era capaz de formular a pergunta. Com
grande espanto descobri que ninguém entendia a minha dificuldade... O fato de nunca
ter conseguido encontrar um ponto de contato com as matemáticas (embora não
duvidasse que era possível calcular validamente) permaneceu um enigma por toda a
minha vida. O mais incompreensível era a minha dívida moral quanto à matemática...
As aulas de matemática tornaram se o meu horror e o meu tormento. mas como
tinha facilidade nas outras matérias, que me pareciam fáceis, e graças a uma boa
memória visual, conseguia desembaraçar-me também no tocante à matemática: meu
boletim geralmente era bom, mas a angústia de poder fracassar e a insignificância
da minha existência diante da grandeza do mundo provocavam em mim não apenas
mal-estar, mas também uma espécie de desalento mudo que acabou por me indispor
profundamente com a escola. (PORTAL..., [200-?])

Aula 02  Psicologia da Educação 


Tais depoimentos, além de nos mostrar a falha na concepção clássica de inteligência,
nos alerta que, como professores, devemos estar atentos à maneira como as pessoas
aprendem, conforme veremos na aula nove, “Estratégias e estilos de aprendizagem:
a aprendizagem no adulto”.

Nesse sentido, parece necessário um reexame da concepção clássica de inteligência,


a partir de uma perspectiva que considere as diversas faces da competência e valorize as
diferentes formas de associação de idéias e de construção do conhecimento. Vamos ver,
então, se nessas diferentes concepções será possível enquadrar aquelas definições que você
listou e que não puderam ser incluídas nas concepções clássicas.

As inteligências múltiplas

N
os anos 80, surge o primeiro trabalho de Howard Gardner propondo uma teoria de
inteligências múltiplas. Gardner discorda que a inteligência possa existir como uma
capacidade inata, geral e única, capaz de permitir ao sujeito uma performance maior
ou menor em qualquer área de atuação. Ao definir inteligência como a habilidade para resolver
problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais,
ele defende que o indivíduo vai desenvolver determinadas habilidades mais que outras, em
função das necessidades de resolver problemas próprios da cultura em que vive. Sugere,
ainda, que alguns talentos somente são desenvolvidos porque são valorizados culturalmente.
Gardner identificou sete tipos de inteligências: lingüística, lógico-matemática, espacial,
corporal-cinética, musical, interpessoal e intrapessoal, das quais trataremos a seguir.

Figura 2 – Howard Gardner (1943 - )

1. A dimensão lingüística – Expressa-se de modo característico no orador, no escritor, em


todos os que lidam criativamente com as palavras, com a língua corrente, com a linguagem
de uma maneira geral. Existem estudos interessantes referentes à lateralização das funções
cerebrais, propondo sua localização em regiões específicas: a competência lingüística
estaria no lado esquerdo (no caso, ocidental, de um indivíduo destro) e as linguagens
ideográficas das culturas orientais estariam localizadas nos dois hemisférios.

 Aula 02  Psicologia da Educação


2. A dimensão lógico-matemática – É normalmente associada à competência em desenvolver
raciocínios dedutivos, em construir ou acompanhar cadeias causais, em vislumbrar soluções
para problemas, em lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo
cálculos, transformações etc. Em seu estereótipo mais freqüente, o pensamento científico
encontra-se fortemente associado à dimensão lógico-matemática da inteligência.

3. A dimensão espacial – Está diretamente associada às atividades do arquiteto ou do


navegador, por exemplo, revelando-se uma competência especial na percepção e na
administração do espaço, na elaboração ou na utilização de mapas, de plantas, de
representações planas de um modo geral. Existem estudos que sugerem fortemente
que tal competência desenvolve-se primordialmente no lado direito do cérebro, no caso
ocidental de um indivíduo destro.

4. A dimensão corporal-cinética – Manifesta-se tipicamente no atleta, no artista, que


seguramente não elaboram cadeias de raciocínios para realizar seus movimentos e,
na maior parte das vezes, não conseguem explicá-los verbalmente. Os exercícios, os
treinamentos conseguem ser desenvolvidos com notável competência, apesar dos
limites alcançados diferirem significativamente em diferentes indivíduos.

5. A dimensão musical – Gardner analisou o papel desempenhado pela música em


sociedades primitivas, em diferentes culturas, em diferentes épocas, bem como no
desenvolvimento infantil, e convenceu-se de que a habilidade musical representa
uma competência em estado “puro”, no sentido de que não estaria necessariamente
associada a nenhuma das outras dimensões citadas.

6. A dimensão interpessoal – Revela-se através de uma competência especial: o


bom relacionamento com os outros, percebendo seus humores, suas motivações,
captando suas intenções, mesmo as menos evidentes, descentrando-se, enfim, ao
conseguir analisar questões coletivas sob diferentes pontos de vista. Em sua forma
mais elaborada, é característica nos líderes, nos políticos, nos professores, nos
terapeutas, e é fundamental nos pais.

Autista
7. A dimensão intrapessoal – Consiste basicamente em estar bem consigo mesmo,
O termo autista provém de
administrando os próprios humores, sentimentos, emoções, projetos. A criança autista
autismo, que designa um
é um exemplo prototípico de um indivíduo com a inteligência intrapessoal prejudicada, tipo de psicose infantil, no
uma vez que ela não consegue, muitas vezes, sequer referir-se a si mesma, muito embora qual a criança apresenta,
entre outros sintomas,
seja capaz de exibir habilidades em outras áreas, como a musical ou a espacial. Alguns
extrema dificuldade de
pensadores, por exemplo Ortega y Gasset (filósofo espanhol que viveu entre 1883 e comunicação afetiva,
1955), consideram absolutamente fundamental a capacidade de estar bem consigo fazendo com que ela viva
em seu mundo interior, em
mesmo, de apresentar um desenvolvimento, físico e emocional, equilibrado, com as
situação de isolamento com
glândulas secretando os humores fundamentais de modo harmonioso. relação ao ambiente social.

Aula 02  Psicologia da Educação 


Essas diversas dimensões da inteligência vão compor um espectro no qual todos os
elementos interagem, equilibrando-se e reequilibrando-se em razão de deficiências em uma ou
outra área. De certa maneira, podemos dizer que todos somos deficientes em alguma dessas
dimensões, mas que, no global, todos somos sempre competentes. A pressuposição é a de que
toda criança teria possibilidades de um desenvolvimento global de suas competências, podendo
mostrar-se especialmente “inteligente” em uma ou mais das dimensões e deficiente em outras.

Figura 3

Atividade 3
Voltemos àquelas situações/comportamentos que foram listadas na atividade
2 e que não foi possível enquadrar nas concepções clássicas. Seria possível
identificá-las, agora, dentro das dimensões propostas por Gardner? Faça a
relação entre elas e as dimensões descritas anteriormente.

 Aula 02  Psicologia da Educação


sua resposta
É importante ressaltar que Gardner não está preocupado, particularmente, com o
processo dessas inteligências e sim com a maneira com que os sujeitos as utilizam em
suas relações com o mundo, como as empregam para resolver os problemas e elaborar
os produtos. Talvez o mais importante da contribuição desse autor seja entender que em
cada pessoa coexistem os sete tipos de inteligência. Os sujeitos nascem com todas essas
capacidades enquanto potencialidades; é na interação com o meio ambiente, nas experiências
de vida, na educação recebida, que vão desenvolver algumas, mais que outras, sem que haja
uma hierarquia de importância entre elas.

Assim, os indivíduos tidos como normais possuem os estágios mais básicos de todas as
inteligências, em um processo de desenvolvimento que se iniciaria ao nascer e se completaria
no início da idade adulta. A partir daí, eles teriam adquirido os estágios mais sofisticados.

A seqüência de estágios começa com a habilidade chamada “padrão cru”, quando os


bebês começam a perceber o mundo ao seu redor e a processar as informações, possuindo já
um potencial para o pensamento simbólico. No segundo estágio, das simbolizações básicas,
que ocorre aproximadamente aos 2 anos de idade, a criança demonstra sua habilidade em
cada um dos tipos de inteligência, através da compreensão e uso dos símbolos (lingüísticos,
espaciais, musicais etc.). No terceiro estágio, já tendo adquirido as habilidades básicas,
a criança aprimorará os sistemas simbólicos que sejam mais valorizados pelo seu grupo
cultural. Por fim, na adolescência e início da vida adulta, o indivíduo adota um campo mais
específico e focalizado, via ocupações vocacionais.

O papel da teoria de Gardner na Educação tem sido amplamente discutido, sobretudo,


no sentido de que aponta para a necessidade de se levar em conta essa nova concepção de
inteligência no planejamento escolar. Armstrong (1994) reconhece a dificuldade de se incluir
cada tipo de inteligência em um plano de currículo escolar. Propõe, então, que o professor, ao
planejar suas atividades, faça a si próprio alguns questionamentos que o ajudarão a atentar

Aula 02  Psicologia da Educação 


para as várias formas de inteligências envolvidas na atividade. Nesse sentido, para cada tipo
de inteligência, perguntar-se-ia algo como:

n   lingüística: “Como eu posso usar a palavra falada ou escrita?”

n   lógico-matemática: “Como eu posso usar números, cálculos, classificações, lógica ou


pensamento crítico?”

n   espacial: “Como eu utilizo ajuda visual, cor, arte, metáforas ou organizadores visuais?”

n   musical: “Como eu posso usar música e sons ambientais, ou destacar pontos chaves
em forma de ritmo ou melodia?”

n   corporal-cinética: “Como eu posso envolver o corpo como um todo, ou alguma


experiência com as mãos?”

n   interpessoal: “Como eu posso engajar os estudantes em uma aprendizagem


colaborativa, compartilhada ou em simulações de grande grupo?”

n   intrapessoal: “Como eu posso evocar sentimentos e lembranças pessoais?”

Gardner faz, também, propostas de aplicação de sua teoria no espaço escolar: as


avaliações de desempenho deveriam ser pensadas levando em consideração as diversas
habilidades humanas; os currículos deveriam ser específicos, individualizados, centrados
em cada criança; o ambiente educacional deveria ser mais amplo e variado, de modo a
depender menos exclusivamente de habilidades da linguagem e da lógica.

Atividade 4
Imagine que você tenha que elaborar uma aula para uma turma de Ensino
Médio, de uma disciplina a sua escolha. Dentro dessa disciplina, escolha o tema
da aula e, em seguida, tente descrever como você ministraria essa aula levando
sua resposta

em conta pelo menos 3 das dimensões (inteligências) propostas por Gardner.

10 Aula 02  Psicologia da Educação


A inteligência emocional
Um outro conceito que vem ganhando espaço nos estudos sobre inteligência é o
proposto por Daniel Goleman (psicólogo americano nascido em 1946): o conceito de
inteligência emocional. Para ele, a

inteligência emocional caracteriza a maneira como as pessoas lidam com suas emoções e
com as das pessoas ao seu redor. Isso implica autoconsciência, motivação, persistência,
empatia, entendimento e características sociais como persuasão, cooperação, negociações
e liderança. Essa é uma maneira alternativa de ser esperto, não em termos de QI, mas em
termos de qualidades humanas do coração. (ABRAE, <http://www.abrae.com.br/>).

A idéia básica na proposição de Goleman é que não seria possível pensar a inteligência
somente por meio de seu componente racional, mas que seria de fundamental importância
considerar também as questões emocionais envolvidas na tomada de decisões. Assim, nas
decisões, seria importante não somente “ser racional”, mas também “pensar com o coração”
e levar em conta aspectos da intuição.

Alcançar esse tipo de inteligência exigiria treinamento, persistência e esforço, uma vez
que ela não é herdada, não é genética. Tal treinamento envolveria cinco habilidades:

1.  autoconsciência: reconhecer os próprios estados de ânimo, os recursos e as intuições;

2.  auto-regulação: saber manejar os próprios estados de ânimo e impulsos;

3.  motivação: r econhecer as tendências emocionais que guiam ou facilitam o cumprimento


das metas estabelecidas;

4.  empatia: ter consciência dos sentimentos, necessidades e preocupações dos outros;

5.  destrezas sociais: saber induzir as respostas desejadas pelo outro.

Figura 4 –Daniel Goleman (1946 – )

Aula 02  Psicologia da Educação 11


Apesar de trazer a novidade da valorização de aspectos emocionais na concepção de
inteligência, a teoria de Goleman tem sofrido várias críticas, sobretudo, pela falta de pesquisas
que comprovem a sua eficácia. Alguns dizem que ele estaria apenas dando um novo nome
a estudos já descritos, outros nem isso, uma vez que o termo “inteligência emocional” se
originaria de uma concepção de Thorndike (psicólogo americano que viveu entre 1874 e
1949), em 1920, quando usou o termo “inteligência social” para descrever a habilidade de se
relacionar com as outras pessoas.

Na próxima aula, discutiremos mais detalhadamente os conceitos de emoção.

Inteligência ou criatividade?

Q
uando elaboramos uma avaliação para os nossos alunos, geralmente temos em mente
uma chave de respostas, com respostas esperadas e/ou desejadas. Com isso, muitas
vezes, nos surpreendemos com respostas que estão longe do previsto e que, no
entanto, estão corretas. São alunos mais inteligentes ou são alunos criativos? Ou ambos?

A Internet está cheia de historinhas que podemos usar para entender o que é o
pensamento criativo. Vamos ver algumas delas.

Certo dia, quando voltava do trabalho depois de um dia daqueles, notei que havia
pessoas assaltando minha casa. Imediatamente liguei para a polícia e me disseram que não
havia nenhuma viatura por perto para ajudar naquele momento, e que iriam enviar assim que
fosse possível. Desliguei o celular e um minuto depois liguei de novo: Olá, disse, eu liguei
há pouco porque havia pessoas roubando minha casa. Não é preciso chegar tão depressa,
porque eu matei todos eles. Em alguns minutos, chegavam à minha porta meia dúzia de
carros da polícia, helicóptero e uma ambulância. Eles pegaram os ladrões em flagrante.

Um dos policiais disse: — Pensei que tivesse dito que tinha matado todos.

Eu respondi: — Pensei que tivessem dito que não havia ninguém disponível.

Extraído de: <http://www.bs2.com.br/?action=boletimCeagView&id=150>.

Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega um balde


vazio e segue rumo às árvores frutíferas. No caminho, ao passar por uma lagoa, ouve vozes
femininas que provavelmente invadiram suas terras. Ao se aproximar lentamente, observa
várias garotas nuas se banhando na lagoa, quando elas percebem a sua presença, nadam até
a parte mais profunda da lagoa e gritam:

12 Aula 02  Psicologia da Educação


— Nós não vamos sair daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora.

O fazendeiro responde: — Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim alimentar
os  jacarés!

Extraído de: <http://www.thyamad.com/tecnologia/category/humor/>.

Antigamente, na Inglaterra, quando “dever dinheiro” era um crime passível de prisão,


um mercador teve a infelicidade de pegar dinheiro emprestado com um agiota e não ter
como saldar a dívida na data marcada. O agiota, que era velho e feio, estava apaixonado
pela filha do mercador, uma bela adolescente. E propôs ao mercador um negócio: disse que
cancelaria a sua dívida se, em troca, pudesse casar-se com a moça.

Tanto o mercador quanto a filha ficaram horrorizados com essa proposta. Então, o
esperto agiota propôs que deixassem a sorte decidir a questão. Disse-lhes que colocaria duas
pedrinhas, uma preta e outra branca, em uma bolsa vazia, e a jovem teria de pegar uma das
pedrinhas. Se pegasse a preta, tornar-se-ia sua esposa e a dívida do pai seria cancelada; se
pegasse a branca, permaneceria com o pai e a dívida também seria cancelada. Mas se a jovem
se recusasse a tirar uma das pedrinhas, o pai seria posto na cadeia e ela morreria de fome.

Relutante, o mercador concordou, e o agiota curvou-se para pegar as duas pedrinhas


na rua. A moça, entretanto, percebeu que ele escolhera duas pedrinhas pretas, enfiando-as
disfarçadamente na bolsa. Depois, virou-se para a moça e pediu a ela que pegasse a pedrinha
que decidiria o seu destino e o de seu pai.

A moça enfiou a mão na bolsa, retirou uma pedra e, sem mostrar a pedra a ninguém,
fingiu uma tonteira e deixou a pedrinha cair na rua, em meio de todas as outras. “Oh, como
sou desastrada!”, disse, então. “Mas não tem importância. Se o senhor olhar na bolsa,
poderá saber qual foi a pedrinha que peguei, pela cor da que ficou aí. Certo?”

Extraído de: <http://clubedopairico.com.br/solucaologica.html>.

Como você vê, cada uma das soluções propostas foi fruto de um tipo de pensamento
que passou ao largo do pensamento lógico convencional. Os autores costumam chamar a
esse tipo de pensamento de “pensamento lateral” ou “pensamento divergente”.

No pensamento divergente ou lateral, o indivíduo parte de idéias simples para chegar


a idéias mais complexas, fazendo uso da criatividade. Essas pessoas têm alguns traços de
personalidade que as caracterizam: são pessoas curiosas, independentes em suas atitudes,
que toleram bem as situações inusitadas e pouco ordenadas, que têm tendência a trabalhar
com idéias não diretamente relacionadas com o problema apresentado.

Aula 02  Psicologia da Educação 13


A grande discussão é se essas capacidades representam uma característica própria
ou se seriam manifestações da inteligência. É fácil imaginar que, se usamos os conceitos
mais clássicos de inteligência, essas histórias representariam pessoas criativas, mas não
necessariamente inteligentes. No entanto, se pensamos a inteligência como multifacetada,
sendo não somente referendada pelo raciocínio lógico, podemos aceitar a criatividade como
o pleno uso da capacidade das nossas inteligências.

Resumo
Nesta aula, discutimos a evolução do conceito de inteligência, dos clássicos aos
mais atuais. Vimos o que significa QI e quais as críticas a esse conceito. Discutimos
as inteligências múltiplas de Gardner e a inteligência emocional de Goleman.
Vimos, por fim, a importância desses conceitos mais amplos e da criatividade.

Auto-avaliação
Faça uma síntese das inteligências múltiplas, relacionando-as com o conceito de
1 criatividade, dentro da proposição de pensamento divergente.

Faça um exercício de elaboração de um plano de aula que dê conta das diversas


2 facetas da inteligência.

3 Cite outros exemplos de pensamentos divergentes que caracterizariam a criatividade.

Referências
ARMSTRONG, T. Multiple intelligences: seven ways to approach curriculum. Educational
Leadship, v. 52, n. 3, nov., 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E EMOCIONAL


– ABRAE. Inteligência emocional: entrevista com Daniel Goleman. Disponível em:
<http://www.abrae.com.br>. Acesso em: 03 jul. 2007.

14 Aula 02  Psicologia da Educação


GARDNER, H. As inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artemd, 1999.

GOLEMAN, D. Inteligencia emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

HADAMARD, Jacques. Psychology of invention in the mathematical fiel. New York: Dover
publications, 1945.

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

PORTAL PEDAGÓGICO DE SANTA CATARINA. Dia-a-dia educação. Depoimento de Carl


Jung. Florianópolis, [200-?]. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.sc.gov.br/portal/
educadores/epi/depoimentos.php>. Acesso em: 10 jun. 2007.

Aula 02  Psicologia da Educação 15


Anotações

16 Aula 02  Psicologia da Educação

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