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FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

Advogado (UFRJ).
Professor de Direito Agrário e Direito Ambiental em diversas universidades e cursos preparatórios.
Pós-Graduado em Direito Ambiental Brasileiro (PUC-Rio).
Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA, Buenos Aires, Argentina).
Integrante da banca examinadora dos Concursos Públicos para o cargo de Juiz Substituto nos
Estados do Pará e Mato Grosso do Sul (2008), disciplina Direito Agrário.
Presidente da Comissão de Direito Ambiental- CDA, da za Subseção da Ordem dos Advogados
do Brasil (Duque de Caxias)- Seção Estado do Rio de Janeiro. (2005, atual).
Diretor de Planejamento e Controle Ambiental da Secretaria
de Meio Ambiente do Município de Duque de Caxias (2005/2007).
Palestrante em diversos simpósios e seminários. Chefe de Gabinete Parlamentar perante
a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, entre abril e dezembro de 2008.
Subprocurador Geral do Município de Duque de Caxias (Nomeação: Janeiro/2009).
Autor do Livro "Direito Ambiental Positivo", Editora Campus-Elsevier, 2008.

fgaspar@ufrj.br

DIREITO AGRÁRIO
LEIN° 8.629/1993; LC N° 76/1993;
.. LEIN° 6.969/1981; LEI N° 4.504/1964.
Dicas para realização de provas de concurso~ artigo por artigo

2•tiragem
2010

EDITORA
}UsPODNM
www.editorajuspodivm.com.br
Capa: Carlos Rio Branco Batalha
Diagramação: Caetê Coelho
caete 1984@gmail.com

Conselho Editorial Marcos Ehrhardt Jr.


Dirley da Cunha Jr. Nestor Távora
Fredie Didier Jr. Robério Nunes Filho
Gamil Fõppel E! Hireche Rodolfo Pamplona Filho
José Marcelo Vigliar Rodrigo Reis Mazzei
Leonardo de Medeiros Garcia Rogério Sanches Cunha

Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM.


I

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Esta, como toda e qualquer obra que eu eventualmente
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CEP: 41706-690 - Salvador- Bahia venha a escrever em minha vida, é dedicada integralmente
Te!.: (71) 3363.8617 Fax: (71) 3363.5050 ao meu grande mestre, avô e amigo, Constantino Gaspar
EDITORA E-mail: livros@editorajuspodivm.com.br (in memoriam), que além de inserir em mim a semente do bem
.fitsPODIVM Site: www.editorajuspodivm.com.br e o temor a Deus~ me ens.inou a amar e respeitar o campo .
Agradecimentos:
-A Deus, por tudo, sempre t incondicionalmente.

-A meus pais, por tanto carinho, por tanto amor e principalmente pela
rigidez de conceitos e decisões que fizeram de mim quem sou.

-A meus irmãos, Rafael e Juliana, por tanto apoio e companheirismo.

-A Regina Célia, que me deu a maior responsabilidade de minha vida,


que ao mesmo tempo me faz unicamente feliz: Ser pai de Flávia Thauanne e
de Maria Luíza Constantino.

-A minhas avós Hilda Marinho Gaspar e Nilza Nunes Rodrigues, com o


silencio de quem é impedido de falar pela emoção.

-A Euclidelândia (Cantagalo-RJ), terra natal de meu avô e pedaço do


céu na terra onde desenvolvi o amor e o respeito que sinto pelo meio rural,
que me levaram a estudar o Direito Agrário.
SUMÁRIO

Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos........................... 11

Direito Agrário Conceito, princípios e institutos................................. 13

Reforma Agrária.................................................................................... 21

Procedimento Especial de desapropriação para fins de Reforma


Agrária................................................................................................ 57

Usncapião Constitucional Rnral........................................................... 71

Usncapião Especial de Imóveis Rnrais................................................. 73

Anexo único: Estatnto da Terra............................................................ 79

Referências Bibliográficas..................................................................... 109

9
PROPOSTA DA COLEÇÃO
LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS

A coleção Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa-


rar os candidatos para os principais certames do país.
Pela experiência adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos prin-
cipais cursos preparatórios do país, percebi que a grande maioria dos
candidatos apenas lêem as leis especiais, deixando os manuais para as
matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo
civil, civil, etc .. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque
falta no mercado livros específicos (para concursos) em relação a tais leis.
Nesse sentido, a Coleção Leis Especiais para Concursos tem a in-
tenção de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para
questões relacionadas às leis específicas, que vêm sendo cada vez mais
contempladas nos editais.
Em vez de somente ler a lei seca, o candidato terá dicas específi-
cas de concursos em cada artigo (ou capítulo ou título da lei), questões
de concursos mostrando o que os examinadores estão exigindo sobre
cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (prin-
cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudência).
As instituições que organizam os principais concursos, como o CES-
PE, utilizam os informativos e notícias (publicad&s na página virtual
de cada tribunal) para elaborar as questões de concursos. Por isso, a
necessidade de se conhecer (e bem!) a jurisprudência dos tribunais
superiores.
Assim, o que se pretende com a presente coleção é preparar o leitor,
de modo rápido, prático e objetivo, para enfrentar as questões de prova
envolvendo as leis específicas.
Boa sorte!
Leonardo de Medeiros Garcia
(Coordenador da coleção)
leonardo@leonardogarcia.com.br
leomgarcia@yahoo.com.br
www.leonardogarcia.com.br

11
DIREITO AGRÁRIO
CONCEITO, PRINCÍPIOS E INSTITUTOS

1. Conceito: "Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que


visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o_Q[Q-
resso social e eConômico do rurícola e o enri uecimento da comunidade.~~
A \l.JJ.'lj.,_)..~"'YY\}. ..........! VJ dú- ,;_~)'t.NJ::.......
~ Aplicação em concurso:

• MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. O direito agrário se es-


pecializa como disciplina jurídica, tendo como conceito central a no-
ção de função social da propriedade, diferenciando-se do direito civil
na medida em que não concebe a propriedade da terra apenas como
QQjet.o_Q..e disposicão e gozo, mas principalmente comq i.fl~!r!Jm~!o
da ativjdade agrária
Gabarito: Certa.
• Analista Legislativo- Câmara dos Deputados- 2003- CESPE. O Esta-
tuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) pode ser considerado um diploma
básico sistematizador da política agrária, agrícola e fundiária na legis-
lação brasileira.
Gabarito: Certa.
• MPE/AM/PromotordeJustiça- 2007 -CESPE.fcerca do direito agrá-
rio, assinale a opção correta. .
a) Trata-se de disciplina jurídica originada de elementos informadores,
tais como a esnutura agrária, a empresa agrária, a atividade agrária e
a polítiCa agrária, que não se subsumem, em conjunto, nem ao direi-
to administrativo, nem ao direito 'civil ou ao empresarial.
b) Trata-se de disciplina sem autonomia legislativa, mas apenas didática
e cientifica, advinda da especialização do direito privado, tal como o
direito imobiliário ou o direito de redes contratuais.
c) O direito agrário é regido essencialmente por institutos voltados à
viabilização de aproveitamento econômico dos imóveis rurais, dife-
renciando-se do direito ambiental por se concentrar no uso privado
das terras, não fazendo parte de seu objeto a conservação dos recur-
sos naturais.

13
DIREITO AGRÁRIO
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua funcão social,


d) O direito agrário é disciplinado por normas de competência concor- estimulaildo planos para a sua racional ut;ilização, promovendo a justa
rente editadas pelas diversas unidades da Federação, nos termos da remuneracão e o acesso do trabalhador aos benefícios do aumento da
CF de 1988. rt'
~ ! ~0 Qv produtividade e ao bem-estar coletivo.

e) O direito agrário envolve matéria de cunho eminentemente fede- § 32 A todo agricultor assiste o direito de permanecer na terra que culti-
ral, razão pela qual a CF determina a criação de varas agrárias fe- ve, dentro dos termos e limitações desta Lei; observadas sempre que for
derais, com competência exclusiva para dirimir conflitos fundiários. o caso, as normas dos contratos d-e trabalho.
§ 42 É assegurado às populações indígenas o direito à posse das terras
Gabarito: A
que ocupam ou que lhes sejam atribuídas de acordo com a legislação
2. Princípios: Os Princípios do Direito Agrário se encontram nos três primei- especial que disciplina o regime tutelar a que estão sujeitas.
ros artigos da lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra). Art. 32 O Poder Público reconhece às entidades privadas, nacionais ou
Art. r Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens estrangeiras, o direito à propriedade da terra em condomínio. quer sob
imóveis rurais, para os fins de execucão da Reforma AgrárLé!Jti![Q__rnQ@..O a forma de cooperativas quer como sociedades abertas constituídas na
da Política Agrícola. forma da legislação em vigor.

§ r Considera-se Reforma Agrária o c~njunto de medidas que visem a Parágrafo único. Os estatutos das cooperativas e· demais sOciedades,
promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regi- que se organizarem na forma prevista neste artigo, deverão ser apro-
me de sua posse e uso. a fim de atender aos brin_cípiQS".d"_e.jJ.Js!iça..so_da.L va~os pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária {I.B.R.A.) que esta-

e ao aumento de ·produtividade - beteeerá condições mínimas para a democratização dessas sociedades.


i;
§ 2Q Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de am- ~ Aplicação em concurso:
paro à propriedade da terra. que se destinem a orientar. nq int~[esse da_ • TJ-PA. Juiz Substituto. 2008. Acerca dos princípios do Direito Agrário
economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-
Brasileiro, assinale a afirmativa correta:
lhes o oleno emprego, seja no de harmoQ_izá:!~..?~:f.º-~--'? __ P!~Ç~~~-~-de in-
dustrialização do país. a) O princípio da permanência na terra garante, aos proprietários do f?
direito de permanecer nas áreas de sua propriedade, independen- \C
Art. 2" É assegurada a todos a oportunid.a.Qe de a_ç_gsso_ã..Qr.o..ru:i.e4a.cli!..ç!;:l
terra. condicionada pela sua funcão social. na forma Pl".êJLi.!itiiLfl_~_$j;2..Lgl.
te da destinação que estas recebem.

§ r A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função b) O princípio da função social da terra tem seps requisitos exclusiva- "·
social quando, simultaneamente: mente estabelecidos nos incisos I a IV do artigo 186 da Constitui-
ção da República.
a} favorece o bem-estar dos proprietá_rios e dos trabalhadores que nela
labutam, assim como de suas famílias; c) O princípio da justiça social é fundamento para a permanência na
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; terra daquele que a tornar produtiva com seu trabalho.

c) assegura a conservação dos recursos naturais; d) Pelo princípio do aumento da produção, que tem fundamento no

d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de traba-


crescimento populacional e na necessidade de produção de bens 1f
vitais, buscar-se-á sempre a elevação da produtividade indepen- '"'-'
lho entre os que a possuem e a cultivem.
dente da proteção aos· recursos nàturais renováveis.
§ 2o É dever do poder Público:
e) O princípio do acesso à propriedade da terra determina que ao Es-
a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à pro- tado é faqÂ:tado promover o acesso à propriedade da terra paras as
priedade da terra econ_omicamente útil, de preferencia nas regiões
pessoas sem terra e sem condições de adquiri-la a título oneroso. (\')
onde habita, ou, quando as circunstândas regionais, o aconselhem em
zonas previamente ajuStadas na forma do disposto na regulamentação Gabarito: Alternativa c.
desta Lei;

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FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES DIREITO AGRÃRlO

• Analista Legislativo- Câmara dos Deputados- 2003- CESPE. Entre 4. Aplicação em concurso:
os princípios norteadores do direito agrário previstos expressamen-
• TJ-PA. Juiz Substituto - 2008. Constituem requisitos para verificação
te no texto da Constituição da República, podem-se citar: a regra de
do cumprimento da função social da terra pelos imóveis rurais nos
monopólio legislativo da União; a proteção à propriedade familiar e à
termos do Estatuto da Terra, Lei 4.504/64, exceto:
pequena e à média propriedades; a conservação e a preservação dos
recursos naturais e a proteção ao meio ambiente. a) Favorecer o bem estar dos proprietários e dos respectivos trabalha-
Gabarito: Certa. dores, bem como de suas famílias.

b) Respeito às disposições legais que regulam as relações de trabalho.


c) Assegurar a conservação dos recursos naturais.
1. Entende-se por Justiça Social o respeito às condições mínimas necessárias
d) Assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus
à sobrevivência da pessoa.
derivados e-resíduos de valor econômico.
2. É preciso que o Estado preveja, de uma maneira geral, condições de seu
e) Manter níveis satisfatórios de produtividade.
funcionamento que atendam ou propiciem essas condições mínimas de .
sobrevivência. Atendidas essas condições, terá o Estado atendido a este Comentários: O enunciado da questão tenta levar o candidato a um
princípio, que no Direito Agrário é fundamento para a permanência. na , outro diploma legal diverso do texto constitucional para aferir os re-
quisitos da Função Social da Terra.
Gabarito: Alternativa d.
para propiciar o aumento da producão.
• Juiz/ PR- 2007. É suficiente para concluir que uma propriedade rural
3. Desse princípio decorrem todos os demais. está cumprindo sua funcão social a demonstração cabal e inequívoca
de sua \produtividade\ uma vez que a Constituição proíbe expressa-
mente a desapropriação de terras produtivas para fins de reforma
agrária.
1. A Constituição:da República estabelece em seu artigo 186:
Art.186.A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, Gabarito: Errada. O artigo 186 da Constituiç['o Federal estabelece
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos quatro requisitos simultâneos como forma de cumprimento da Fun-
em lei, aos seguintes requisitos: ção Social do Imóvel Rural.
1- aproveitamento racional e adequado;
11- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação
do meio ambiente;
1. Este princípio tem por finalidade proteger aquele que tornou a terra pro-
III- observância das disposições que regulam as relações de trabalho; dutiva com seu trabalho e com o de sua família.
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos tra- Deve, portanto, o Estado desapropriar a terra para aliená-la ao possuidor-
balhadores.
prgdutor. em vez de ela manter-se na iminência de retornar ao seu pro-
2. O parágrafo 1Q do artigo 2º do Estatuto da Terra se encontra em conformi- P-rietário e continuar improdqtiva.
dade com tais disposições constitucionais.
2. A terra é um bem de produção, portanto não pode ficar improdutiva, sob
3. No Direito Agrário, todos os autores defendem o princípio da função social pena de não cumprir sua função social e, portanto, poder ser desapropria-
da terra ou da propriedade rural. da, nos termos das Leis estudadas nesta obra.
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16 17
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FABRÍCIO GASPAR RODRlGUES
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DIREITO AGRÁRIO

\[) O Estado deve promover o acesso à proprjedade_ci~_!O'.'!"_p_~a3'~ pe~SO<l~


sem terra e sem condições de adquiri-la a título oneroso. Esse acesso pode 1. O imóvel rural, do domínio particular, pode ser explorado pelo proprietá-
rio, por arrendatário ou em regime de parceria.
se dar por meio de colonização, promovida pelo Estado ou particulares.J-
assentamentos. alienacão direta ou Reforma Agrária. 2. Como, em princípio, o proprietário da terra é a parte que tem maior poder
econômico, ·as arrendatários e parceiros-outorgados ficariam submetidos
2. As terras objeto de ocupação devem ser, em princípio, públicas, espe- a esse poder.
cialmente as devolutas uma vez que essas terras poderão ser alienadas
3. 0--Qjrejto Agrário vjsa o aumento da produção por meio da permanência
a baixo preço, o que não ocorre nos casos de desapropriação, quando o
na terra daquele que a tornar produtiva com o seu trabalho e, por isso, a
,custo da terra é onerado com o valor da indenização paga ao proprietário
legislação agrária deve ser (e é) muito mais protetora dos arrendatários e
desapropriado.
dos parcejros-outorgados gue o Código Civil.

1. Para que possa haver produção agrária, é preciso que os recursos naturais re- I. Imóvel Rural: o prédio rústico, de área contínua gualguer~que seja a sua
nováveis sejam bem manejados, para não serem desgastados ou destruídos. localização que se destina à exploracão extra"tiVa agrícola~ pecuária ou
agro-industrial. quer através de planos públicos de valorização, quer atra-
vés de ini~iativa privada;
11. Propriedade Familiar: imóvel rural ue, direta e pessoalmente explo-
1. A população do país e do mundo aumenta constantemente, motivo pelo
rado pelo agricultor e sua família, lhes absorva tod a for a de trabalhá,
qual há necessidade de aumentar-se1 constantemente, a produção de
garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área
bens vi ta is.
máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente
O aumento da produção por meio do aumento da produtividade ocorre trabalho com a ajuda de terceiros;
com a utilização de melhor tecnologia, o que significa produzir mais por III. Módulo Rural: a @oc!!pada pela propriedade familiar, variável segundo
hectare. critérios regionais específicÓs; _ ------
1
-? Aplicação em concurso:
TJ-PA. Juiz Substituto- 2008. Área fixada pelo imóvetr~rp.l.que, di reta
e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva
1. A falta de condições de bem estar e de progresso social e econômico faz com toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso
que os rurícolas abandonem a terra, emigrando par~ zonas urbanas~ em bus- social e econômicol com extensão máxima fixada para cada região
ca de melhores condições de vida, por configurar-se um produtor ineficaz. e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de
terceiros, configura o conceito de:
2. É indispensável que o Estado propicie tais condições, e que os proprietários de
a) Imóvel rural.
imóveis r~rais procurem implementá-las perante seus funcionários e familiares.
b) Propriedade Familiar.
c) Módulo rural.
d) Minifúndio.
1. As terras públicas não devem quedar-se inertes e improdutivas, eis que tam-
bém devem atender ao princípio da função social da terra, acima estudado. e) latifúndio.
Gabarito: Alternativa c.
18
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FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUES

IV. Minifúndio: .Q imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da pro-


priedade familiar; REFORMA ÁGRÁRIA
V. Latifúndio: Grandes monoculturas que concentram riqueza e empobre-
LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993
cem o solo;

VI. Empresa Rural: é o empreendimento de pessoa física ou jurídiçª->..PJJ_bli.ca


ou privada. que explore econômica e racionalmente imóvef rural· dentro
de condição de re~dimento econômico da região em~~sit_;=e g~~
explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados,__pú-
blica e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se
às áreas cultivadas; as pastagens. as matas naturais e artificiais e as áreas
ocupadas com benfeitorias:
VltParcelejro: aquele que v!illh_a a adquirir lotes ou parcelas em área destina- 1. O conceito de Reforma Agrária decorre do parágrafo 1º do artigo 1º doEs-
da à Reforma Agrária ou à colonizacão pública ou privada; tatuto da Terra, lei 4.504/64: "O conjunto de medidas que visem a promo-
ver melhor distribuicão da terra, mediante modificações no regime de sua
VIII.Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.): toda_ sociedade coo- posse e uso, a fim de atender aos princípios de justica social e ao aum.§lt.Q
perativa mista, de natureza civil, criada nas áreas prioritárias de Reforma da produtiyidade''.
Agrária, contando temporariamente com a contribuição financeira e téc-
nica do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, 2. O objetivo da Reforma Agrária é reescrever o sistema de relacionamento
com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a p.ro- entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, atingindo a justiça
_dução agropecuária, bem como realizar os demais objetivosprevistQ-'Lna social, o progresso, o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento
econômico do país, extinguindo o minifúndio e o latifúndio.
legislação vigente;
@ Colonização: to.da a atiyidade ofici.aloJLR<Lr:J;i.<:.l![ar, que se destine a promo-
ver o aproveitamento econômico da· terra, pelaSuãdiViSãQeffi'P~rõPriêdã­
de familiar ou através de Cooperativas.

-? Aplicação em concurso: 1. Previsão Constitucional:

• TJ-PA. Juiz Substituto- 2008. Não constituem objetivos gerais da Co- Além da própria disposição deste artigo que remete ao artigo 9º desta lei,
lonização Oficial: inevitavelmente devemos nos reportar à Constituição da República, que
em seu artigo 186 estabelece:
a) Ampliar a fronteira econômica do país.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
b) Promover a integração e o progresso social e econômico do colono. simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos:
c) Elevar o nível do trabalhador rural
1- aproveitamento racional e adequado;
d) Constituir novos minifúndios através fracionamento de imóveis rurais. 11- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação
do meio ambiente;
e) Promover a conservação dos recursos naturais, e a recuperação so-
cial e econômica de determinadas áreas. III- observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos tra-
Gabarito: Alternativa d. balhadores.

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REFORMA AGRÁRIA
F ABRi cm GASPAR RoDRIGUES

2. Posicionamento do STF:
"A própria Constituição da República, ao impor ao poder público o dever ...
cJO~i~~~!~1t;é;44hPeÃ;l:;~~~fri*~~~~fxa~~S~~~f!;;)c
de fazer respeitar a integridade do patrimônio ambiental, não o inibe, 1. Previsão Constitucional: Art. 184, CR/88.
quando necessária a intervenção. estatal na esfera dominial privada, de
promover a desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma agrá- 2. O instituto da Desapropriação por interesse social para fins de Reforma
Agrária:
ria, especialmente porque um dos instrumentos de realízação da função
social da propriedade consiste, precisamente, 'na subnlissãO do domínio 2.1. A doutrina jusagrarista tradicional contempla este instituto como um
à necessidade de o seu titular utilizar aQeguadamente os recursos natu- dos instrumentos jurídicos fundamentais da Reforma Agrária Brasileira.
rais disponíveis e de fazer preservar o equilíbrio do meio ambiente,. ~ob
Qena de. em descumprindo esses encargos, expor-se a desa'Pf.OPffãÇãO- 2.2. Desapropriação é a ação do Estado de retirar a propriedade de ou-
sancão a que se refere o art. 184 da Lei Fundamental." (MS 22.164, Rêt trem, em atendimento ao interesse_p.Jlblico. seOJ.P.LEL<ml;_e_c_edLda.Rela..ill®-
Min. Celso de Mello, DJ 17/11/95) nizacão ou ressarcimento pela diminuição patrimonial sofrida. Interesse
público, perante a doutrina constitucional brasileira, desdobra-se em ne-
3. Aplicação em concurso: cessidade pública, utilidade pública e interesse social. Este último é objeto
do dispositivo constitucional em estudo.
• AGU/Procurador Federal - 2007. A história do direito agrário no
Brasil passa pelo Tratado de Tordesilhas- assinado em 7 de junho 2.3. O interesse social não é definido pela Carta Magna, e eventuais cita-
de 1494, por D. João, rei de Portugal, de um lado, e por D. Fernan, ções legislativas (e.g. art. 12, parágrafo 22, inc. V da Lei 4.771/65- Código
do e D. Isabel, reis de Espanha, do outro-, bem como pelo regime Florestal) são extremamente específicas, não podendo ser objetivamente
sesmarial empregado no processo de colonização do país. Ade- aplicadas a este dispositivo constitucional estudado. o administrativista
mais, atualmente, o tema reforma agrária se situa entre os mais Hely Lopes Meirelles, em seu Direito Administrativo Brasileiro o reconhe-
importantes, havendo inclusive entidades que lutam pela correção ce como existente uquando as circunstâncias impõem a distribuição ou
da estrutura agrária no Brasil, como o Movimento dos Trabalhado- o condicionamento da propriedade em benefício da coletividade ou de
res Rurais Sem-Terra (MST). Tendo o texto acima como referência categorias sociais merecedoras de amparo específico do Poder PÚblico."
inicial, julgue os itens a seguir, a respeito da legislação da refor- 2.4. A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária é
ma agrária e do processo de desapropriação para fins de reforma de competência da União Federal no que tange à capacidade para promo-
agrária. ver a desapropriação do bem ou direito individuali1ado.

No Brasil, para se fazer a reforma agrária, adota-se o método cole- 2.5. Serão objeto da desapropriação específica contida no dispositivo
tivista, que consiste na naciônalização da terra, que passa a perten- constitucional os imóveis rurajs qqe não cumro:.am sua função soclal~ na
cer exclusivamente ao Estado. Isso se explica pelo fato de não haver, forma do artigo 186 da Carta Magna, acima estudado e desta lei.
no Brasil, propriedade privada, devendo toda terra estar subordina- 3. Posicionamento do STF ratificando a inaplicabilidade desta modalidade
da ao bem comum (função social da propriedade). de desapropriação para as propriedades produtivas, ressalvando a pos-
sibilidade d_e submissão à desapropriação g!!_l)_érica: --------
Gabarito: Errada.
"caracterizado que a propriedade é produtiva~ não se opera a desa-
O emprego do instituto das sesmarias no Brasil gerou vícios no sis- propriação:-sãnção, por interesse social para Os fins de reforma agrária,
tema fundiário, havendo a necessidacje de intervenção do Estado na em virtude de imperativo constitucional que excepciona~ para a refor-
propriedade privada por meio de instrumentos como a desapropria- ma agrária, a.atuação estatal, passando o processo de indenização, em
ção por interesse sociat que permite, entre outros, a prévia e justa princípio, a submeter-se às ·~egras constantes do inciso XXIV, do artigo
indenização em títulos da dívida agrária. 5, da Constituição Federal, 'mediante justa e prévia indenização'." (MS
22.193, Rei. Min. limar Gaivão, DJ 29/11/96)
Gabarito: Certa.

22 23
FABRÍCIO GAsPAR RoDRIGUES
REFORMA AGRÁRIA

4. Aplicação em concurso:
e) Os bens desapropriados por interesse social passam a integrar o pa-
• AGU/Procurador Federal- 2007 -CESPE. A Câmara Legislativa do Dis-
trimónio do expropriante, que não poderá aliená-lo no prazo de 10
trito Federal (CLDF) editou norma determinando que qualquer desa-
anos, mas poderá alugá-lo por até 1%, por mês, do valor pago na
propriação a ser realizada no território do DF deveria passar antes
indenização.
pelo crivo do Poder Legislativo local. A União, na vigência dessa lei,
ignorou a norma, de modo que o INCRA deu início aos procedimen- Gabarito: D
tos para a realizaç~o de uma desapropriação para fins de reforma Assinale a opção correta a respeito da desapropriação.
agrária, sem 10révia consulta à CLDF. Durante a vistoria, o Incra obser-
a) Apenas a União pode desapropriar imóvel rural.
vou discrepância entre a metragem real do imóvel e aquela prevista
b) Bens públicos não podem ser desapropriados.
em sua escritura. No decreto desapropriatório que se sucedeu, foi
mencionada a metragem constante da escritura e não, a metragem c) O registro da desapropriação independe da verificação de que o imó-
real do imóvel. No momento do pagamento da indenização, as ben- vel pertence à pessoa que figure no processo expropriatório como
feitorias úteis e necessárias foram pagas di reta mente, sem utilização proprietário.
de precatórios. Com relação à situação hipotética acima, julgue os d) Na sua feição indireta, aceita no ordenamento jurídico brasileiro, o
itens a seguir. Estado é livre de indenizar o particular.
Na vistoria e no decreto desapropriatório, deve-se considerar a área e) A desapropriação deve ser precedida de indenização em dinheiro, à
constante da escritura do imóvel, sob pena de restar prejudicada a exceção da destinada à reforma agrária.
validade desse decreto. Gabarito: C
Gabarito: Errada.
É inconstitucional, por invadir a competência legislativa da União e
violar o princípio da separação dos poderes, norma distrital que sub-
meta as desapropriações, no âmbito do DF, à aprovação prévia da
CLDF.
1. O órgão federal competente é o Instituto Nacional de Colonizacão e Re-
Gabarito: Certa. .iorma Agrária- INCRA gue deverá proceder ao lekantamento oficial das
• TJ/SE/Juiz Estadual- 2008- CESPE. Assinale a opção correta com re- características do imóvel a ser eventualmente desapropriado.
ferência à desapropriação.
2. O INCRA só poderá exercer a competência prevista por este dispositivo se
a) A desapropriação, por interesse social, de imóvel rural que não cum- previamente ao início dos trabalhos comunicar ao proprietário do imóvel
pra sua função social importa prévia e justa indenização da área e das ou aguem o represente. ?OV... "-Ç,t-'l\ i'O
benfeitorias úteis com títulos da dívida agrária.
3. Decorrente da vistoria especificada neste dispositivo, obrigatoriamen-
b) Os valores de custas e emolumentos devem ser pagos pelo expropriante te deverá ser lavrado um laudo com o seguinte conteúdo mínimo (LC n2
porque a imunidade tributária somente alcança os impostos. 76/93, art. 52, inciso IV): 1- descrição do imóvel. por meio de..s_uas plantas
c) A pequena propriedade rural não pode ser objeto de desapropriação geral•Ld~_sit.'l.~.ç?_Q,_e_.!D,!Omorial descritivo da área objeto da ação; 11 -
para fim de reforma agrária. relação das benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, das culturas e
d) A valorização extraordinária de terras pela conclusão de obra pública, pastos naturais e artificiais, da cobertura florestal, seja natural ou decor-
no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas, ca- rente de florestamento ou reflorestamento, e dos semoventes; III - dis-
racteriza interesse social para decretação de desapropriação. criminadamente, os valores de avaliação da terra nua e das benfejtarias
~enizáveis; l..t, .n-rv'-0 1>1',
24 i:>h.JI-\~\ iVCJ 1J(v1!:1\ 1\víU(IJ..lP<
25
REFORMA AGRÁRIA
FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUES
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j

1. Alterações na titularidade do domínio do imóvel realizadas no prazo de


4. Posicionamento do STF: seis meses após a comunicacão indicada nos parágrafos 2º e 3º deverá
L'É eficaz a notificação prévia da realização da vistoria do imóvel rural ser desconsiderada} não tendo forca para impedir o prosseguimento dos
f_ejta apenas ao marido. e não também à mulher, sobretudo se o varão é trâmites previstos por esta lei para a concretização da desapropriação do
o admjnjstrador da propriedade.'; {MS 23.311, Rei. Min. SepÓf~d;;-p;;~:" imóvel rural por interesse social para fins de reforma agrária.
tence, DJ 25/02/00)
"No mérito, a questão relativa à produtividade, ou não, do imóvel é con-
trovertida} não dando margem à concessão de segurança por _não se
caracterizai' direito líquido e certo da impetrante. Improcedência da ale-
!e*~~~~~~a~:~•it~i~~~~~c~~~~~~~~~f~~~~Ãii0~~éR~Ií~i~ <
gação de que todos os condôminos deveriam ser notificados para acom- 1. O'•anda a ação do INCRA se fundamenta em exercício de poder de polícia.
~ panhar os trabalhos da vistoria do imóvel. Tem razão, porém; a impetfC!~~-~ com objetivo diverso do mencionado ao longo deste artigo. não deverá
·no tocante a que, pela forma por que essa notificação se fez, não se lhe ocorrer a prévia comunicação ao proprietário ou seu representante.
deu conhecimento sobre o início dos trabalhos de levantamento de dados
e informações sobre o imóvel. Segurança deferida para declarar a nulida-
de do decreto atacado:' (MS 24.110, Rei. Min. Moreira Alves, 28/03/03)
"Mandado de segurança, contra ato do Presidente da República que de-
clarou de interesse social, para fins de reforma agrária, imóvel rural, sem
que tivesse ocorrido a notificação prévia dos impetrantes para efeito
de vistoria do imóvel. liminar deferida assentada no entendimento da
Corte de que a notificação válida é a que foi entregue ao proprietário do
imóvel em momento anterior_ ao da realização da vistoria. Parecer da
PGR no sentido da concessão da ordem. Mandado de segurança defe- 1. Este dispositivo cria vedação à inclusão de imóveis invadidos, independen-
rido para anular .o Decreto presidencial." (MS 23.855, Rei. Min. Néri da te da sua titularidade, nos programas de Reforma Agrária pelos prazos que
Silveira, DJ 22/03/02)
menciona, sob pena de responsabilidade da autoridade que descumpri-los.
"O administrador do imóvel rural, como preposto do proprietário1 tem
legitimidade para receber a notificação prévia." (MS 23.5981 Rei. Min.
Maurício Corrêa, DJ 27/10/00)

1. Admite-se a realização da comunicação prevista no parágrafo anterior por


edital, em jornal de alta circulação na capital do Estado onde o imóvel
estiver localizado, em não sendo encontrado o proprietário ou quem o
represente.

1. Não serão admitidas, em qualquer fase processual, concessão de bene-


fícios 'a pessoas que participarem, ainda que indiretamente, de conflitos
. ' '(

27
26
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES REFORMA AGRÁRIA

fundiários caracterizados por invasões a imóveis que já estejam sendo "Não é lícito ao Estado aceitar, passivamente, a imposição, por qual-
objeto de preparativos para inclusão em programas de reassentamento. quer entidade ou movimento social organizado, de uma agenda po-
Essas pessoas serão excluídas dos respectivos projetes ou impedidas de lítico-social, quando caracterizada por práticas ilegítimas de invasão
de propriedades rurais, em desafio inaceitável à integridade e à auto-
participarem em programas futuros.
ridade da ordem jurÍdica. O Supremo Tribunal Federal não pode vali-
2. Aplicação em concurso: dar comportamentos ilícitos. Não deve chancelar.. jurisdiciomilmente,
agressões inconstitucionais ao direito de propriedade e à posse de ter-
• MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. O participante, direto ceiros._ Não pode considerar. nem deve reconhecer. por isso mesmo..
.2.!:Ll.o.9ireto, em conflito fundiário em que ocorra irivasão ou esbu- invasões ilegais da propriedade alheia ou atos de esbulho possessório
lho de imóvel rural em fase de processo administrativo de vjstorja ou como instrumentos de legitimacão da expropriação estatal de bens
avaliação para fins de reforma agrária será excluído do programa de particulares.. cuja submissão, a qualquer programa de reforma agrá-
reforma agrária do governo federal. ria, supõe, para regularmente efetivar-se, o estrito cumprimento das
formas e dos requisitos previstos nas leis e na Constituição da Repú-
Gabarito: Certa. blica. As prescrições constantes da MP 2.027-38/2000, reeditada, pela
últimã veZ; cOmo MP nº 2.183-56/2001, precisamente porque têm por
finalidade neutralizar abusos e atas de violação possessória.. pratica-
dos contra proprietários de imóveis rurais, não se mostram eivadas
de inconstitucionalidade (ao menos em juízo de estrita delibacão),
pois visam, em última análise,· a resguardar a integridade de valores
protegidos pela própria Co~nstituicão da República. O sistema consti-
tucional não tolera a prática de atos, que, concretizadores de invasões
fundiá'rias, culminam por gerar- considerada a própria ilicitude dessa
1. Não se pode controlar o ideário e as convicções políticas das pessoas, es- conduta - grave situação de insegurança jurídica, de intranqüilidade
social e de instabilidade da ordem pública." (ADI 2.213-MC, Rei. Min.
pecialmente daquelas que possuem poder de comoção de massas. Toda-
Celso de Mello, DJ 23/04/04)
via, aquelas que de quaisquer formas colaborarem para a prática ilícita
de invasão de imóveis rurais ou de bens públicos será impedida absoluta-
mente de receber recursos públicos.
2. A doutrina majoritária entende que essa proibição se estende aos recur-
sos públicos oriundos de todos os entes federativos existentes no atual
sistema constitucional.

1. Uma vez configurada a hipótese do parágrafo anterior, o Poder Público 1. Este dispositivo atribui ao INCRA o Poder de aplicar sanções administrati-
poderá reter as verbas quando estas já tiverem sido previamente autori- vas de caráter pecuniário aos responsáveis diretos pelo imóvel rural (pro-
zadas, ou proceder à rescisão do instrumento que originou o respectivo p.r:iel:ário ou legítimo possuidor) que venham a usar este status para d~;_
pagamento. a.!rulma fgrm~f!:ipl~tar~.'!l:~~ m~diaD.~!'-ªJ2l!.r!1Ul.o..s_projetos.de ·reforma
2. Posição do STF quanto aos parágrafos 6•, 7•, s• e 9• deste artigo: agrária em andamento.

28 29
FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUEs
REFORMA AGRÁRIA

"Reforma agrária- Desapropriação-sanção (CF, art. 184)- Média pro-


priedade rural {CF, art. 185, I)- Lei n• 8.629/93 -Área resultante de
divisão amigável - lnexpropriabilidade - lrrelevância de ser:. ou não,
improdutivo o imóvel rural:' {MS 21.919, Rei. Min. Celso de Mello, DJ
06/06/97)
"Mandado de segurança, contra ato do Presidente da República que
declarou de interesse social, para fins de reforma agrária, a "Fazenda
Sangue Suga", em Miranda-MS. Alegação de contrariedade ao art. 185,
I, da CF/88; exploração condominial do imóvel; incidência de_ erro no cál-
1. Cuida-se da mesma definição prevista no inciso I do artigo 42 da Lei culo do imóvel; ocorrência do fumus boni iuris e do periculum in mora.
4.504/64 (Estatuto da Terra). liminar deferida para suspender o ato impugnado, até julgamento final
do writ. Parecer da P.G.R. no sentido da concessão da ordem. Ato im-
2. Para o Direito Agrário, p critério da destinação é o fundamental para a
pugnado que considerou como objeto da declaração de interesse social
caracterizacão do Imóvel Rural. independente de s••a localização para fins de Reforma Agrária o imóvel na sua extensão originária, em-
bora as referências no Registro de Imóveis à sua divisão entre meeira e
herdeiros. Incidência do disposto no art. 46, § 6º, da Lei n.º 4.504/64.
Aplicação do art. 185, I, da Constituição, e da Lei no 8.629/93, art. 42,
III. Precedente: MS 22.045." {MS 23.853, Rei. Min. Néri da Silveira, DJ
07/05/04)
"Esta Corte tem se orientado no sentido de que, se do desdobramento
do imóyel, aJnda que ocorrido durante a fase administrativa do proce-
dimento expropriatório, resultarem glebas, objeto de matrícu,la e-re-
gistro próprios, que sé caracterizam como inédias propriedades rurais,
e ·desde que seu proprietário não possua outra, não será possível sua
desaPropriação-sanção para fins de reforma agrária. É o que sucede, no
caso, em virtude de doação a filhos como adiantamento de legítima.
Impossibilidade çle em mandado de segurança pe
desconstituir o regis-
tro pelo exame da ocorrência, ou não, de simulação ou de fraude." (MS
1. Não confundir módulo rural com módulo fiscal, que é a unidade de refe- 22.591, Rei. Min. Moreira Alves, DJ 14/11/03) ~
rência para fins de car~~terização de imóveis rurais para esta lei. "Reforma agrária:_ desapropriação: im.óvel desmembrado, passados
1.1. Módulo Rural: é t~eí rural com área mínima suficiente para que mais de seis meses da vistoria, em duas glebas rurais médias, doadas,
cada· uma, às duas. filhas do êxprop!iado; desapropriaçã~ inadmissível
uma família possa viver e progredir com a sua exploração, com área fixada
{CF, art. 185, I, cjc L 8629/93, art. 2•, § 4º, cf. MPr 2183/01): MS conce-
segundo a sua localização em uma das áreas típicas em que o País é divi-
dido" {MS 24.171, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 12/09/03)
dido, tipo de exploração nele exercida atendida ainda a condição de seu
proprietário ter ou não o domínio de outro ou outros imóveis rurais. "A pequena e a média propriedades rurais, cujas dimensões físicas
ajustem-se aos parâmetros fixados em sede legal (Lei nº 8.629/93, art.
1.2. Módulo Fiscal: Espécie de módulo rural criada pela Lei nº 6.746/79, 4º, ii e III), não estão sujeitas, em tema de reforma agrária, ao poder
que alterou o Estatuto da Terra, aplicável exclusivamente a imóveis· rurais e!fF!ropriatório da União Federal, em face da cláusula de inexpropriabili-
e com finalidade de determinar o valor dó Imposto Territorial Rural. dade fun.dada no 3rt. 1.85. I. da Constituicão da Reoública. desde Q!J_g_o
proprietário de tais prédios rústicos, sejam eles produtivos ou não. nã...9_
2. Posicionamento do STF: possua outrá propriedade rural." {MS 23.006, Rei. Min·. Celso de Mello,
DJ 29/08/03)

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31
REFORMA AGRÁRIA
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

"A prova negativa do domínio, para os fins do art.185,1, da Constituição,


não incumbe ao proprietário que sofre a ação expropriatória da União
Federal, pois o onus probandi, em tal situação, compete ao poder ex-
propriante, que dispõe, para esse efeito, de amplo acervo informativo
resultante dos dados constantes do Sistema Nacional de Cadastro Rural.
Precedente." (MS 23.006, Rei. Min. Celso de Mello, DJ 29/08/03)
"A pequena e a média propriedades rurais, ainda que improdutivas, não
estão sujeitas ao poder expropriatório da União Federal, em tema de re-
forma agrária, em face da cláusula de inexpropriabilidade que deriva do
art. 185, I, da Constituição da República. A incidência dessa norma cons-
titucional não depende, para efeito de sua aplicabilidade, da cumulativa
satisfação dos pressupostos nela referidos (dimensão territorial do imó-
vel ou grau adequado de produtividade fundiária}. Basta que qualquer
desses requisitos se verifique para que a imunidade objetiva prevista
no art. 185 da Constituição atue plenamente, em ordem a pré-excluir
a possibilidade jurídica de a União Federal valer-se do instrumento ex-
traordinário da desapropriação-sanção." (MS 21.919, Rei. Min. Celso de
Mel! o, DJ 06/06/97). No mesmo sentido: MS 24.999.

3. Aplicação em concurso:
TRF 1ª Região -Juiz- 2004. Em se tratando de desapropriação para
fins de reforma agrária, julgue os itens que se seguem:
São insuscetíveis de desapropriação a pequena e média propriedade Q
rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua
outra.
Gabarito: Certa.
A propriedade produtiva é também insuscetível de expropriação,
desde que sejam cumpridos os requisitos legais relativos a sua função
social, salvo se possuir extensão superior a dez mil hectares, hipótese
em que, mesmo sendo produtiva, se constituirá em latifúndio não
excepcionado no texto constitucional.
Gabarito: Errada.

1. Este artigo consagra o instituto da desapropriação por interesse social


para fins de reforma agrária, consoante comentários ao parágrafo 1º do
artigo 2º desta Lei.

33
32
.I
FABRÍCIO ÜASPAR RODRIGUES REFoRMA AGRÁRIA

2. Previsão constitucional: Art. 184, CR/88. (2) de manter níveis satisfatórios de produtividade; (3} de assegurar a
conservação dos recursos naturais; e (4) de observar as disposições le-
3. A modalidade de desapropriação prevista neste dispositivo tem por fina-
gais que regulam as justas relações de trabalho entre os que possuem
lidade: a) retirar de alguém a propriedade que tem sobre imóvel rural, o domínio e aqueles que cultivam a propriedade." (ADI 2.213-MC, Rei.
mediante indenização na forma da Lei e; bl promover a aquisição, pelo Mín. Celso de Mello, DJ 23/04/04)
INCRA, do domínio do imóvel rural, necessário à execucão de projeto de
uReforma agrária: desapropriação. Imóvel invadido: "sem-terra" -Imó-
reforma agrária. vel rural ocupado por famílias dos denominados "sem-terra": Situação
4. Para que possa se concretizar a ação de desapropriação, é preciso prévio configuradora da justificativa do descumprimento do dever de tor-
decreto do Presidente da República, declarando o imóvel como de interes- nar produtivo o imóvel. Força maior prevista no § 72 do art. 62 da Lei
se social para fins de reforma agrária. 8.629/93." (MS 23.241, Rei. Mín. Carlos Velloso, DJ 12/09/03)

s. É importante ressaltar que o interesse social se consagra e aperfeiçoa a 7. Aplicação em concurso:


ponto de legitim<ILQ. decretQ_p.reâi.dl<Ocial .<UJ.artiU!.o_lll.o_mento_em_QJ!e • Juiz/AL - 2007 - FCC. Leia, atentamente, os dispositivos a seguir
o imóvel deixa de cu.!!lllrir sua f~.s.w;ial, nos termos do Estatuto da transcritos da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, em parte com
Terra e do Artigo 186 da CR/88. redação dada pela Medida Provisória no 2.183-56, de 24 de agosto
6. Aplicação pelo STF: de 2001:

A jurisprudência do Pretória Excelso, abaixo transcrita, reforça a tese de "Art. 4• (...)


que por maior que seja a amplitude do dispositivo acima, deverá a União Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de refor-
respeitar todos os trâmites processuais previstos em lei, sob pena de ma agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu
nulidade. proprietário não possua outra propriedade rural.
"Desapropriação: princípio constitucional da justa indenização. Deter- Art. 52. A desapropriação por interesse social, aplicável ao imóvel rural
minar a incidência automática de um percentual qualquer- no caso, de que não cumpra sua função social, importa prévia e justa indenização
60% para reduzir o valor do imóvel regularmente definido por perito em títulos da dívida agrária.
judicial. sem que seja del}lonstrada a sua efetiva depreciação em .ta~~o
§12. As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
da presença de posseiros no local •. ofende q_grincír;U_o constityçjQnal
da justa indenizacã_~jRE 348.769, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ §22. O decreto que declarar o imóvel como dé interesse social, para
19/05/06) fins de reforma agrária, autoriza a União a propor ação de desapro-
"O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento ra- priação.
cional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recur- §32. Os títulos da dívida agrária, que conterão cláusula assecuratória de
sos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem oreservação de seu yalor real, serão resgatáveis a partir do segundo ano
elementos de realização da função social da propriedade. A desapro- de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, observados os
priação, nesse contexto- enquanto sanção constitucional imponível ao seguintes critérios:
descumprimento da função social da propriedade reflete importan~e
instrumento destinàdo a dar conseqüência aos compromissos assumi: I. do segundo ao décimo quinto ano, quando emitidos para indenízação
dos pelo Estado na ordem econômica e social. Incumbe, ao proprietário de imóvel com área de até setenta módulos fiscais;
da terra, o dever jurídico-social de cultivá-la e de_ explorá-la adequada- 11. do segundo ao décimo oitavo ano, quando emitidos para indenização
mente, sob pena de incidir nas disposições constitucionais e legais que de imóvel com área acima de setenta e até cento e cinqüenta módulos
sancionam os senhores de imóveis ociosos, não cultivados e/ou impro- fiscais; e
dutivos, pois só se tem por atendida a função social que condiciona o
exercício do direito de propriedade, quando o titular do domínio cum- III. do segundo ao vigésimo ano, quando emitidos para indenização de
prir a obrigação (1} de favorecer o bem-estar dos que na terra labutam; imóvel com área superior a cento e cinqüenta módulos fiscais."

34 35
FABRÍCIO ÜASPAR RODRIGUES REFORMA AGRÁRIA

Considerada a disciplina constitucional da desapropriação para fins c) Em razão da vistoria realizada, os condóminos estarão permanen-
de reforma agrária, é correto afirmar que temente impedidos de desmembrar a propriedade, sendo vedados,
A) os dispositivos supra transcritos são materialmente constitucionais. assim, os atos que busquem criar glebas menores que o limite permi-
B) o parágrafo único do artigo 4º é incompatível com a Constituição, que tido para essa espécie de desapropriação.
torna insuscetível de reforma agrária apenas a pequena propriedade d) Por decorrer de ato discricionário da administração, é vedada a
rural e, independentemente de sua ·extensão, a propriedade produti- apreciação e discussão quanto ao interesse social declarado, pelo
va, assim definida em lei.
C) o §1º do artigo 5º é incompatível com a Constituição, pois esta pre-
I que os interessados não poderão questionar a validade do decreto
declaratório, seja na própria desapropriação ou mediante ação au-
vê que a indenização nesse caso será feita em títulos da dívida agrá- tónoma.
ria, e não em dinheiro, por se tratar de espécie de desapropriação- e) A administração poderá celebrar acordo com os proprietários do imó-
sanção. vel declarado como de interésse social para fins de reforma agrária,
D) o §2º do artigo Sº é incompatível com a Constituição, pois a propo- desapropriando-o independentemente de prévia licitação ou propo-
situra da ação de desapropriação nesse caso dependerá da homo- situra de ação judicial.
logação, pelo Congresso, do decreto expropriatório e da aprovação Gabarito: E
prévia, pelo Senado Federal, da emissão de títulos da dívida agrária
• TRF 1• Região- Juiz- 2004. A indenização relativa à terra nua será
para a respectiva indenização.
E) o §3º do artigo Sº é incompatível com a Constituição, que prevê se-
I@J prévia, muito embora representada por títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
rem os títulos da dívida agrária resgatáveis em até dez anos e o paga- vjote anos.
mento da indenização feito em parcelas anuais, iguais e sucessivas.
Gabarito: Alternativa A Gabarito: Certa.
• MPE/RO/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. Três proprietários de
uma gleba, situada em zona de conflito agrário, foram notificados
pelo INCRA, no mês de janeiro do corrente ano, a respeito de vis-
toria para levantamento de dados e informações, o que ocorreu no
mesmo mês. No mês de junho, o imóvel foi ocupado por manifes-
tantes que reivindicavam sua desapropriação para fins de reforma
agrária. Em seguida, foi publicado decreto presidencial declarando
o imóvel de interesse social para fins de desapropriação para refor-
ma agrária. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção
correta.
a) O decreto declaratório deve ser necessariamente precedido de pro-
cedimento administrativo em que a administração demonstre o inte-
resse social necessári~ à desapropriação, garantindo-se, aos interes-
sados, o;:~.')!!5d@~iQft-Q._~efesa.
b) A ocorrência de ocupação do imóvel por manifestantes impede o
prosseguimento da desapropriação, a qual somente poderá ser reto-
mada se ocorrer posterior desocupação, ainda na vigência do decreto
declaratório.

36 37
FABRÍCIO GASPAR RODRlGUES REFORMA AGRÁRIA

2. Posicionamento do STF:
"Esta Corte já decidiu que o artigo 6º da lei nº 8.629/93, ao definir o
imóvel produtivo, a pequena e a média propriedade rural e a função
social da propriedade, não extrapola os critérios estabelecidos no arti-
go 186 da Constituição Federal; antes, confere-lhe eficácia total (MS nº
22.478/PR, Maurício Corrêa, DJ de 26/09/97)." (MS 23.312, Rei. Min.
Maurício Corrêa, DJ 25/02/00)
3. Aplicação em concurso:
MPE/RR/Promotor de Justiça - 2008 - CESPE. A respeito da regula-
mentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrá-
ria, julgue os itens que se seguem.
A identificação da propriedade como produtiva, de maneira a impe-
dir sua desapropriação para fins de reforma agrária, se dará se a pro-
priedade atingir grau de eficiência na exploração igual ou superior
a 80%, calculado pela relação percentual entre a área efetivamente
utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
Gabarito: Errada.
O valor da indenização no caso de desapropriação para fins de re-
forma agrária não compreende áreas do imóvel não aproveitáveis
para exploração econômica, tais como as· áreas de efetiva preserva-
ção permanente e demais áreas protegidas por legislação relativa
à conservação dos recursos naturais e à preservação do meio am-
biente.

Gabarito: Errada. I

1. Órgão Federal Competente: o órgão federal competente a que se refere o


caput é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-~, e
a explicitação de tais índices se dá por portaria conjunta deste Ministérios
com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, ouvido inevitavelmente o
Conselho Nacional de Política Agrícola.

38 39
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES
REFoRMA AGRÁRIA

1. Este inciso cria uma hipótese de não-incidência da desapropriação previs-


ta neste diploma legal além das já existentes previstas no parágrafo único
do artigo 4Q (pequena e média propriedades rurais quando seu dono não
possui outra) desta lei.
2. Os requisitos são cumulativos.

1. Imóveis cujo aproveitamento seja racional e adequado cumprem sua função


social e portanto não estão sujeitos à desapropriação prevista por esta Lei.
2. Este artigo tem o condão de reconhecer que atividades de pesquisa quan-
do realizadas nos estritos termos aqui previstos (alcance de 80% da área
aproveitável do imóvel e projeto de pesquisa adotado ou aprovado pelo
Poder..Rúhlico.)Jambém.J!ermitem a consubstanciação da Função Social 1. Remeto os leitores aos comentários atribuídos ao artigo 2Q da Lei em estu-
do Imóvel rural, configurando uso racional e adequado do imó".':~ do.
3. Posicionamento do STF ratificando a intangibilidade da propriedade pro-
dutiva:
"A propriedade produtiva, independentemente de sua extensão territo-
rial e da circunstância de o seu titular ser, ou não, proprietário de oUtro
imóvel rural, revela-se intangível a ação expropriatória do poder público
em tema de reforma agrária, desde que comprovado, de modo inques-
tionável, pelo impetrante, o grau adequado e suficiente de produtivida-
de fundiária." (MS 22.022, Rei. Min. Celso de Mello, OJ 04/11/94)

40
41
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- FÃBRIPIO GASPAR RoDRIGUES ~- S~ N í"f\ fv\_,t: i\J REFORMA AGRÁRIA
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~Y-ª9~9;;49-iRefQ~~~j-~~~~!>-- -. ·· ---. · · .-.-. - . ' · ·" - ·· -
1. Áreas não aproveitáveis não são leva-das em consideração quando do cál-
culo para obtenção do Grau de Utilização da Terra (G.U.T.) e do Grau de
Eficiência na Exploração (G. E. E.), nos termos do artigo 62 desta Lei.
2. Aplicação em concurso:
Procurador Federal - AGU (CESPE) - 2004. É proibida, em área de
cobertura florestal primária ou secundária em estágio avançado de
regeneração, a implantação delquaisquer\projetos de assentamento
humano ou de colonização para fins de reforma agrária. 1. Trata-se de instrumento que visa garantir que o expropriado não será lesa-
Gabarito: Errada. do quando da fixação do valor do imóvel rural.

2. Excluídas as áreas não utilizáveis, o profissional responsável pela avaliação

~~rrJr:•&illi~~~
do imóvel rural objeto de desàpropriação nos termos desta lei deverá fixar
de fórma precisa e correta o valor da indenização, sob pena de responsa-
bilidade pessoal.

··f(,ííJicA-t\~~§1~'·· te ·.• •. •. . "•·il~{cj;•p;·c··


3. Aplicação em concurso:
: f i ••i(ici.:'•'! • TJ-PA. Juiz Substituto- 2008. Assinale a opção que congrega os as-
1. A explicitação de tais índices de produtividade se dá pcir portaria conjunta pectos legais que devem ser considerados para o estabelecimento de
do Ministério da Agricultura com o Ministério do Desenvolvimento Agrá- valor justo para as indenizaçõesde áreas desapropriadas para fins de
rio, ouvido inevitavelmente o Conselho Nacional de Política Agrícola. reforma agrária: 1

@ A ausência de oitiva do CNPA torn~ ato, ante descumprimento da a) localização e dimensão do imóvel, aptidão agrícola, área ocupada e
norma legal que o vincula. Todavia, a manifestação do Conselho não é ancianidade das posses, tempo de uso e estado de conservação das
vinculativa. benfeitorias. V

b) Produtividade, dimensão do imóvel excluídas as áreas de matas de


·florestas, ~ado de conservação das benfeitorias e localização do
imóvel. tJ
c) \ Apr0l.'eita_mento_r_aci~_!'.de,9gado, ~reservação do meio ambienif'
te, observância das disposições legais que regulam as relações deJ.J
trabalho e exploração que favoreça o bem estar dos trabalhadores e
.I proprietários.

d) Quantidade de animais existentes ou área coberta por plantações de


bens vitais, quantidade de empregados rurais, proporção de áreas.
FABRicio GASPAR RoDRIGUES REFORMA AGRÁRIA

e) Número de módulos rurais ocupados pela propriedade, nível de pro- 1. Somente não serão destinadas para reforma agrária os imóveis rurais de
dutividade, valor venal do imóvel. titularidade pública nos quais o Poder Público exerça as atividades indica-
Gabarito: alternativa a. das no parágrafo único.
• MPE/RO/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. Acerca do pagamento 2. Plenamente harmonizada com a norma constitucional a ressalva feita às
do valor do preço da desapropriação para fins de reforma agrária, terras indígenas, nos termos do artigo 231 da Carta Magna.
bem como da incidência de juros~ assinale a opção correta de acordo
com a legislação em vigor.
(&-- a) Os juros compensatórios somente incidirão se o laudo pericial de-
'(_) monstra r que a propriedade é produtiva, pois eles têm como função
ressarcir os possíveis lucros que o desapropriado deixou de auferir
com a utilização econômica do bem expropriado.
b) Os juros moratórias, por se destinarem a recompor a perda decorrente
do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de
mérito1 confam-se1 na desapropriação direta ou indireta1 desde o trânsito
em julgado da sentença que fixar a indenização. 1. Uma vez consolidada a desapropriação nos termos desta Lei, inicia-se a
-)) Integram o preço do imóvel as florestas naturais, matas nativas e qual- contagem do prazo previsto neste artigo para que o INCRA proceda à in-
quer outro tipo de vegetação natural, pelo que seu valor será pago do clusão da área desapropriada nos programas nacionais de reforma agrária,
mesmo modo que a terra nua, não podendo o preço apurado superar, de maneira que a terra possa enfim atingir sua função social, e propician-
em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel. do a realização prática dos princípios agraristas do acesso à propriedade
d) As áreas protegidas por legislação relativa à conservação dos re- o- da terra e da permanência na terra.
cursos naturais e à preservação do meio ambiente não são consi- \\J
deradas aproveitáveis, pelo que seu preço não integrará o valor da
indenização.
e) Ocorrendo acordo quanto ao preço, serão necessariamente pagas as
C\ ~s em dinheiro e a terra nua em titulos da dívida agrária,
~ que serão escalonados em parcelas anuais ,iguais e sucessivas, a par-
1

tir do segundo ano de sua emissão.


Gabarito: C.

44 45
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES V Sé:>
REFORMA AGRÁRIA

1. Tornar-se-ia letra morta o presente diploma legal se permitisse que ostra-


balhadores rurais beneficiados nos programas de reforma agrária fossem
assentados em terras com exploração economicamente jnvjáyel

2. Com razão o dispositivo prioriza o assentamento dos trabalhadores na


mesma região anteriormente habitada, o que evita o abandono da terra
~-problemas de adaptação, extremamente comuns em se tratando de
pessoas de hábitos sil!lJ>Iórios como os camponeses.
3. Os beneficiários deverão manifestar sua concordância com a obtenção das
terras a eles destinadas pelos programas de reassentamento, de maneira
a impedir que aleguem desconhecimento das característiças __c;!Q_iJILó.llel
como causa para esquivarem-se de punições por event11al ahandoO!LOU
mau uso da terra recebida.
1. Referência Constitucional: Art. 189, caput.

2. Reforma agrária não significa doar terras aos agricultores, e sim propiciar
a estes o acesso à terra, para que as tornem produtivas com eu trabalho,
explorando-a.
3. Em homenagem ao. princípio da permanência na terra, este dispositivo
impede que os beneficiários dos lotes de reformalagrária negociem tais
bens por um decênio, obrigação em caráter negativo que estará prevista
no instrumento que conceder o lote ao beneficiário.
4. Este artigo portanto estabelece as formas através das quais os beneficia-
dos deverão proceder ao pagamento dos lotes recebidos, criando prazos e
formas compatíveis com a realidade agrária brasileira.

46 47
FABRÍCIO GASPAR RooruouEs REFORMA AGRÁRIA

1. Este dispositivo busca positivar o P....d.nçjgio da Permanência na Terra

2. Os beneficiários da Reforma Agrária estabelecida por esta Lei são, de for-


ma absoluta, obrigados a empenhar seu esforço pessoal ou familiar no
intuito de buscarem a produtividade de seus lotes, admitindo a explora-
ção na forma_co_Qp..e.tatL'lista. em plena conson_ªD,Çlé!_ç..QJILQ~_preceitos_do
Estatuto da Terra, que privilegia tal forma de exploração do solo rural ao
longo de seus dispositivos, reconhecendo a importância da união como
forma de fomentar o progresso individual no setor campesino.
1. Este artigo regulamenta o parágrafo único do artigo 189 da Constituição
Federal, além de estabelecer as prioridades na forma da distribuição dos 3. O prazo mínimo de permanência nosJ.Qtes de Refo[illa Agrária pelp.s_res-
lotes de Reforma Agrária entre os beneficiários. pectivos beneficiados é de 10 (dez) anos, ratificado pela i.!lalienabilidaQ.e
estabelecida na parte final do artigo em comento. O estabelecimento de
n
2. Aplicação em concurso:

I
MPE/RR/Promotor de Justiça - 2008- CESPE; A respeito da regula-
mentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrá-
tal prazo tem como objetivo evitar que os lotes de reforma agrária, de
forma espúria, se tornem objetos de negociações entre os beneficiários e
terceiros, sem atingirem sua função precípua: fixar o benefici;j_!:Lo_na.terra
\ ria, julgue os itens que se seguem.
e permitir que ele progrida social e economicamente mediante a explora-
A distribuição de imóveis rurais pela reforma· agrária far-se-á por
ção racional do imóvel rural que lhe foi entregue. ·
meio de títulos de domínio ou de_ concessãq de uso, inegociáveis
pelo prazo de dez anos, sendo vedada a sua atribuição a titular de
outro imóvel rural ou ao desapropriado.
Gabarito: Errada. O desapropriado tem preferência na aquisição de
lotes oriundos do imóvel que era proprietário.

1. Este artigo disponibiliza o conteúdo mínimo .de todo e qualquer instru-


mento que esteja no último ponto da cadeia burocrática e que torna real
a Reforma Agrária na forma desta Lei, transferindo os lotes aos benefici-
ários.

2. Consoante a positivação do princípio estudado quando dos comentários


1. A hipossuficiência do eventual contemplado é ressaltada neste dispositivo ao artigo anterior, este dispositivo normativo estabelece a sanção única e
inclusive para criar brechas para que sejám desmerecidas as proibições obrigatória para aqueles que desrespeitarem as cláusulas constantes dos
anteriormente estabelecidas, especialmente a de contemplados que já termos que lhes conferiram acesso à terra: Imediata rescisão do contrato
sejam titulares de imóvel rural. firmado com a conseqüente perda do respectivo imóvel.

48 49
1
·I
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES REFORMA AGRÁRIA

1. Os programas nacionais de reforma agrária não serão levados a efeito


sem que haja .dotação orçamentária para tanto. Caberá ao Ministério do
1. Referência constitucional: Art. 190.
Desenvolvimento Agrário e ao INCRA respeitarem as dotações orçamen-
2. O limite de área rural a ser adquirida por estrangeiro na forma da Lei no tárias respectivas e implementarem gradativamente os planos de reassen-
5.709/71 (pessoa física ou jurídica) é de 50 (cingüenta) módulos de explo- tamento.
ração indefinida, fixado pelo INCRA em cada região e município.

3. O valor protegido por este artigo é a ~I, que pode ser .·•. '~~~:·iffJi%~~JÍ~~JT~~~:!~Í~~â~~~}~i;J~i~~~l!~~~~···•·
lastreado em três fundamentos justificadores:(:ó)defesa da integridade do :--~-~~io~~àdO~--~-aFl-Jlri~.A~:~~~f<>ipi.~~~-~~~::.-_P~~i-2?~9-~-a:_:~~f~rêllpiá:_a_()­
território nacional;@ segurança do Estado, e;@usta distribuição da pro- ·-·bêgejl,CiA{iQ_. Íl<:d)r_O~á::'-. ·- · ' - -. - ---- · -· ··. ,. -- · --
priedade.

4. Se deliberadamente forem realizadas compras de imóveis rurais - que


·. •· ~r~·~~-i.J~i.·~trã~s~9~~.i8~~:~h~~~~~#,g~tÓsp~af~~st?~ç
,-,tí~l?~r~,s,I~gv(j_S_g~:~4?~--q~-~eJwqy~jt!W:~~- -4:é~~Pr~P-~a,.g~S;p~~~s_
ocupam imensa maioria do território brasileiro - por estrangeiros, em ·-.;~~~~f?~-~---~~~~:-~~ . ' ·-. . - ·::.<:\'>· -- -- - -
pouco tempo nossa riquezas naturais e potenciais agrícolas estarão mo-
nopolizadas em mãos estrangeiras. 1. O parágrafo 52 do artigo 184 da Constituição Fedem I criou a seguinte imu-
nidade tributária, regulamentada por estes artigos (ressaltando que o ar-
5. Daí a legitimidade deste dispositivo e da Legislação que estabelece limites tigo 26-A confere Gratuidade Judiciária aos contemplados nos programas
e formas de controle de tais aquisições. de Reforma Agrária:
§ 59 -São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as ope-
rações de transferência de imóveis desapropri~dos para fins de reforma
agrária.

2. Posicionamento do STF no sentido de harmonizar a norma constitucio-


1. Para que possam ser levadas a efeito, as ações de reforma agrária deverão
nal e o dispositivo normativo em estudo:
obrigatoriamente constar do Plano Plurianual do Governo Federal.
"Alcance da imunidade tributária relativa aos títulos da dívida agrária.
Há pouco, em 28/09/99, a Segunda Turma desta Corte, ao julgar o RE
169.628, relator o eminente· Ministro Maurício Corrêa, decidiu, por una-
nimidade de votos, que o § 59 do artigo 184 da Constituição, embora
aluda à isenção de tributos com relação às operações de transferência

50 51
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES REFORMA AGRÁRIA

de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária, não concede 1. Esta Lei foi publicada no Diário Oficial da União veiculado no dia 26 de
isenção, mas, sim, imunidade, que por sua vez tem por fim não onerar o Fevereiro de 1993.
procedimento expropriatório ou dificultar a realização da reforma agrária,
sendo que os títulos da dívida agrária constituem moeda de pagamento
da justa indenização devida pela desapropriação de imóveis por interesse
social e, dado o seu caráter indenizatório, não podem ser tributados. Essa
imunidade, no entanto, não alcailça terceiro adquirente desses títulos, o
qual, na verdade,. realiza com o expropriado negócio jurídico estranho à
reforma agrária, não sendo assim também destinatário da norma cons-
titucional em causa." (RE 168.110, Rei. Min. Moreira Alves, DJ 19/05/00)
3. Aplicação em concurso: 1. Aplicação em concurso da Lei de forma integrada:

• AGU/Procurador Federal- 2007. A história do direito agrário no Bra- • MPE/AM/Promotor de Justiça- 2007- CESPE. Em 27/10/2006, Pau-
sil passa pelo Tratado de Tordesilhas- assinado em 7 de junho de lo e Lúcia, titulares da gleba denominada Fazenda Amapará, imó-
1494, por D. João, rei de Portugal, de um lado, e por D. Fernando e D. vel com tamanho correspondente a 50 módulos fiscais e no qual
Isabel, reis de Espanha, do outro-, bem como pelo regime sesmarial constam edificações, culturas e pastagens, subscreveram escritura
empregado no processo de colonização do país. Ademais, atualmen- pública de doação, pela qual transferem o imóvel, a título de adian-
te, o tema reforma agrária se situa entre os mais importantes, haven- tamento de legítima, aos seus cinco filhos, em partes iguais. Dois
do inclusive entidades que lutam pela correção da estrutura agrária meses depois de lavrado o documento, foi editado decreto que de-
no Brasil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra clarou o imóvel como de interesse social, para fins de desapropria-
(MST). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens a ção para reforma agrária.
seguir, a respeito da legislação da reforma agrária e do processo de Considerando a situação hipotética descrita no texto, assinale a op-
desapropriação para fins de reforma agrária. ção correta.

Um cidadão, membro do MST, ao receber a sua terra pelo programa a) O decreto em questão pode ser editado pela unidade da Federação
de reforma agrária vigente, estará isento do pagamento de-custas ou em que se situa o imóvel. ·
emolumentos p~ra registro no cartório. b) Com a edição do decreto, os titulares perdeJam a posse direta do
Gabarito: Certa imóvel.
c) A desapropriação poderá ser concretizada de forma amigável ou ju-
• MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. A respeito da regula-
dicial.
mentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrá-
ria, julgue os itens que se seguem. d) No procedimento judicial de desapropriação, a respectiva ação será (
proposta na justiça comum, em foro determinado pelo lugar do
As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins
imóvel.
de reforma agrária são isentas de impostos federais, cabendo aos es-
tados, ao DF e os municípios decidirem sobre essa isenção quanto e) O processo judicial de desapropriação se desenvolverá mediante rito
aos impostos de sua competência, de acordo com os planos locais de sumário~ com prazo de 10 dias para se contestar a ação.
reforma agrária. Gabarito: C
Gabarito: Errada. Considere,. em adição à situação descrita no texto anterior, as seguin-
tes informações. No mês anterior à edição do decreto declaratório, os
proprietários da Fazenda Amapará foram formalmente comunicados
de que servidores do órgão desapropriante ingressariam no imóvel

52 53
<..":.
-...;._
~~- >- /
FABRÍCIO GASPAR,:~ODRI~~o/ REFORMA AGRÁRIA

gara levantamento de dados_e i~f()~l11~_ç(j~s. Logo em seguida, Paulo b) Os títulos da dívida agrária entregues em pagamento do imóvel po-
e Lúcia levaram a referida escritura para ser averbada no Cartório de derão ser resgatáveis em até de~,~:mos, já que se trata de área de até
Registro de Imóveis. Não bastasse isso, o imóvel, logo após a vistoria, três mil hectares.
feita para avaliação do valor da desapropriação, foi ocupado por ma-
nifestantes que nela ingressaram sem autorização, sob a alegação de c) A referida gleba não poderá ser desapropriada se for devidamente
ocorrência de conflito agrário. provado que a sua exploração econômica é racional e atinge, simul-
taneamente, os graus exigidos de utilização da terra e de eficiência,
Com base nas informações dos dois textos, assinale a opção correta. segundo índices fixados pelo órgão federal competente.
a) Com a averbação da escritura do imóvel no registro de imóveis, ele d) O grau de utilização do imóvel é calculado pela relação percentual
será automaticamente dividido em cinco glebas iguais, o que impli- entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imó-
cará o encerramento do processo de desapropriação, já que os imó- vel, incluindo-se no conceito de área efetivamente utiliZada aqUelas
veis resUita'ntes, cada qual com dimensão de cinco módulos fiscais, de exploração extrativa vegetal ou florestal, bem como as de efetiva
são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária. exploração de jazida mineral.
b) Com a ocupação da gleba por manifestantes, ocorrida após ter sido e) O grau de eficiência na exploração do imóvel será calculado para pro-
encerrada a vistoria para avaliação, o processo de desapropriação dutos vegetais, com base na divisão entre a área efetivamente plan-
será suspenso, assim permanecendo. pelo menos por até três anos 1 tada de cada produto pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão
após a sua desocupação. competente do Poder Executivo.

-c) O manifestante que for ~fetivamente identificado como participante Gabarito: C


direto ou indireto na ocupação da gleba será excluído do Programa
de Reforma Agrária, quer ele já tenha sido beneficiádo com lote em
projeto de assentamento, quer ainda esteja na condição de inscrito
em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à
terra.

d) O manifestante devidamente cadastrado que aceitar desocupar a


área por acordo terá preferência no recebimento de domínio ou con- I
cessão de uso de fração resultante do imóvel objeto de partilha por
reforma agrária.

e) As sanções aplicadas pela ocupação da gleba mediante esbulho


ou turbação atingirão, em face da natureza désse ilícito, apenas as
pessoas físicas que cometeram o ato ilegal, sendo impossível a sua
extensão a entidades como pessoas jurídicas ou sociedades de fato.
Gabarito: C
Quanto aos critérios que serão utilizados para se decidir sobre a de-
sapropriação judicial da gleba referida nos textos anteriores, assinale
a opção correta.
a) As benfeitorias necessariamente serão indenizadas em dinheiro, sen-
do vedado pagá-las em títulos da dívida agrária.

54 55
PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO
PARA FINS DE REFORMA ÁGRÁRIA
LEI roMPLEMENJl\Rrf 76, DE 6 DE JUlHO DE 1993

l~i~Tili-~1't;~
--: -_;: ;;-::,-ih~~r-~,s_s~-~--s~ciàl;--:P-zií.~ ~D.s_·:_?e_:r~f~iql~'-_á~~a-~~,~bé,d~p_erá_ a~;:é§ntf~dit~;i<> .·
."-~-~Sp~~~-;-;4_f!--_fif~:--~~~~~--·pr~.Y~§_t_cf,~çsJ~:l_~.t9á~-Pi~W~#t.#;.:-t·-:-" '.- -. --
1. Esta Lei Complementar regulamenta o parágrafo 3º do artigo 184 da Carta
Magna, criando· procedimento judicial específico de processamento para
desapropriação. quando esta se der na Q10dalidade "por interesse social
__para fi~__cl~ Refon:na Ag!ária".
2. Trata-se de processo de conhecimento, declaratório, constitutivo e con-
cjgnatório,_cOJJl_RL'1f.!lQi_mento d~jurisdição contencjgg disci""i_r1ad<>__por
esta Lei Complementar.

1. O caput deste artigo estabelece uma condição insuperável para a propo-


situra da ação expropriatória nesta modalidade: decreto presidencial que
declare o imóvel de interesse social para fins de Reforma Agrária.
2. O órgão da União Federal competente para proceder à propositura da ação
devida é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.

57
FABRÍCIO GASPAR RODRlGUES PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA

3. O INCRA poderá proceder a nova vistoria no imóvel no curso do processo 3. Quando o expropriante {INCRA) não concordar de plano com tais ale&a-
judicial, independente daquela já realizada na fase prévia. se__er1tender. ções, o juiz da causa decidirá a extensão da desapropriação.
QtJe para vj_storiar o imóvel necessitará de apoio ~;t~_.fQ_!:Ǫ-~.Pº!ic!_al~. deverá
requerê-la previamente ao juiz da causa. . .
4. Aplicação em concurso:
MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. A respeito do processo
4. Posicionamento do STF acerca do tema:
de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de
"A primeira fase do procedimento expropriatório destina-se ao levan- reforma agrária, julgue os seguintes itens.
tamento de dados e informações do imóvel expropriando, no qual
os técnicos do órgão fundiário são autorizados a ingressar (lei n2 Caberá ao poder público decidir sobre a desapropriação parcial ou
8.629/93, artigo 221' § 22). A segunda. ao procedimento hJ...d.içj.al,._d.L~­ total do imóvel para reforma agrária, vedando-se ao expropriando
ciplinado por lei complementar, conforme pre~isto n_Q__~--ª~~--99~-ª-!!igo contestar o interesse social já declarado, podendo, porém, requerer
l..~_Q_~_çonstituição Federal. durante a qual a Administração poder~ a desapropriação de todo o imóvel, quando a área remanescente fi-
novamente, vistoriar a área_com a finalidade de avaliar a terra nua e as car prejudicada substancialmente quanto às condições de exploração
benfeitorias (LC 76/93, artigo 22, § 2•)." (MS 23.744, Rei. Min. Mauricio econômica.
Corrêa, DJ 17/08/01)
Gabarito: Certa.

1. A-natu~a_dD. prazo esl<tbe!J:tcl!IP_ngste artiggJi..decaden.c.ial •. SE! não_ for


ajuizaga a_ açã.o_!'!ê..QE!saPJQPr:i.ação IJQ.Jl.@.!'Q~~!aJ:>elecido neste artigo a
ser contado a partir da publicação do respectivo decr~i:-;;-;~.:>iTie~t~-um"
novo decreto de conteúdo declaratório nos termos desta lei e da Lei n•
.8.!)45J/93_pp_d_E!f.<Í..E!J!lJ?i'.~!!!:_9_?S.ão de desapropriação.

1. A desapropriação poderá recair sobre apenas parte do imóvel, quando


será qualificada como desapropriação parcial.

2. Neste caso~ provando o proprietário que a área remanescente é inferior


ao módulo rural respectivo (e portanto fadada à improdutividade) ou que
a sua viabilidade económica restou negativamente comprometida {exclu-
sivamente quando o valor do restante for inferior ao da área desapropria-
da), poderá ele requerer na própria contestação a ser apresentada que a
desapropriação se realize sobre todo o bem.

58 59
PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

1. A petição inicial deverá atender aos requisitos gerais dos artigos 282 a 285
do Código de Processo Civil, além de estar instruída com todos os docu-
mentos indicados por este artigo.
2. Frise-se que o conteúdo mínimo do laudo de vistoria está especificado
nas alíneas do inciso IV, com especial atenção para o reconhecimento do
QOtencial econômico das áreas com cobertura florestal natural (alínea d).
3. Aplicação em concurso:
MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. A respeito do processo
de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de
reforma agrária, julgue Ós seguintes itens.
A petição inicial da ação de desapropriação para fins de reforma agrá-
ria comprovará depósito_CQ!I.~Qonçjgl)t~~()_Valor ofertado para_p~­
.llilDlê.!JJq_da.Lb_ê.nfejtorias úteis e necessáriasJ__ f.(JiQJ!alor.Q()_çl~r<Ígr 1. o autor será imitido na posse do imóvel somente após ter efetuado o
_sul?s.e.9llimtemente levantado pelo expropriando em até 8_0o/?,_s__e_!)~_() depósito do valor correspondente ao preço por ele oferecido, sendo-lhe
..eJ!isJ;ir,_m ÇQ.[lfli!;Q.~<ues.netto da tituLaridade dos direitos_2Q\J.~Qj!:l)_Ç.- facultado requerer força policial para garantir o integral cumprimento do
.vE!.I. ê.l\Rropriado. mandado de i missão de posse (que será cumprido na pessoa do Procura-
Gabarito: Certa. do.@deral 9lJE!JeJ:l~Sente Qll'j_CRA),
2. Quando não houver dúvida acerca do domínio do bem expropriado ou
não houver divisão do bem que se reflita em divisão da respectiva inde- I
nização, ()~l'fl.[()J?fi!'Qg_pg_çi_E'!r<í.r.<e.q ueU'Lao.i!lí~p o lev_a_ntamento .de. 80%
(oiteot<Woli_Em..toLdo.valoi..deposi1ª-l:lQll!.dlçj;jjmen:te..
I
3. Posicionamento do STF acerca do tema:
#Em nosso sistema jurídico-processual a desa~ropriação rege-se pelo
l
princípio segundo o qual a indenização não será paga senão a quem de-
monstre ser o titular do domínio do imóvel que lhe serve de objeto (cf.
art. 34 do DL n2 3.365/41; art. 13 do DL n2 554/69; e§ 22 do art. 62 da LC
n2 76/93):' (RCL 2.020, ReL Min. limar Gaivão, DJ 22/11/02)

i
i

61
60
PROCEDIMEl'\'TO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

1. A contestação tem por finalidade precipua a impugnação do valor ofereci-


do pelo expropriante, mas poderá também alegar que o imóvel objeto da
ação é insuscetível de ser desapropriado por configurar pequena, média
ou produtiva propriedade, na forma do incisos I e 11 do artigo 185 da Cons-
tituição da República, ou ainda na hipótese dos artigos 7º e 8º da Lei nº
8~9/93 {objeto de implantação de projeto técnico ou destinado a execu-
ção de projeto de pesquisa).
2. A prova pericial somente será realizada se necessário após a anállse...da
peca dé defesa. O laudO pericial deverá ser realizado em praza nãasupe-
rjor a 60 (sessenta) dias. podendo o juiz fixar prazo menor: ante a ce!erjda-
1. O proprietário do imóvel, réu na ação de desapropriação sujeita aos ter- de do procedimento em estudo.
mos desta Lei, será citado pessoalmente ou por seu representante legal,
na forma da lei processual, admitindo-se, na forma do artigo 8º, que a
diligência citatória se realize pela via postal.
2. Em sendo falecido o proprietário e não tendo sido nomeado inventarian-
te ou aberta oficialmente a sucessão, o párágrafo 2º determina aplicação
di reta do princípio da saisine, sendo realizado o ato na pessoa do cônjuge
sobrevivente ou do sucessor que estiver na posse do imóvel.
3. Todas as pessoas que de alguma forma tiverem interesse sobre o imóvel
por força de comprovação de existência de Direito Real sobre o mesmo, 1. Se as partes acordarem acerca do valor depositado, o juiz tiomologará o
serão intimados para manifestarem-se no procedimento judicial expro- acordo por sentença. Em caso contrário, o laudo pericial poderá atribuir
priatório. valor maior ao imóvel que o depositado, hipótese na qual o processo so-
4. Pairando dúvidas acerca dos limites do imóvel, todos os confrontantes que mente terá seu prosseguimento deferido quando a complementação do
discordem do real tamanho do bem deverão ser citados para que se mani- valor depositado for realizada pelo expropriante.
festem no feito. ~ Não se trata de valor a ser executado na forma do artij:O 100 da CR/88 pois
não se trata d~ crédito decorrente de sentença judicial.

1. Na audiência de instrução e julgamento serão realizadas as demais provas


requeridas pelas partes e deferidas pelo juízo, se necessárias.

62
63
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES
PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFoRMA AGRÁRIA

3. Se a apelação for interposta pelo INCRA (expropriante), será recebida no


duplo efeito, para que o expropriado não se beneficie de eventual disposi-
tivo da decisão recorrida.

4. O duplo grau de jurisdição obrigatório somente será exercido no caso de o


valor fixado em sentença superar em 50% (cinqüenta por cento) ou mais o
valor oferecido pelo expropriante na inicial.

5. A ausência de revisor nos recursos decorrentes da ação de desapropriação


regida por esta Lei busca privilegiar a celeridade que deve reger .os feitos
1. Finda a fase de instrução, o juiz poderá proferir sentença em audiência ou dessa r) atu reza.
no prazo de 30 (trinta) dias subseqüentes.
6. Aplicação em concurso:
2. Por homenagem ao princípio do livre convencimento do juiz, este poderá
lançar mão de qualquer outro meio objetivo de convencimento para .fixar • MPE/RR/Promotor de Justiça- 2008- CESPE. A respeito do processo
o valor do imóvel. devendo desta forma fundamentar se!J convencimento de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de
na sentenca. reforma agrária, julgue os seguintes itens.
3. Considerando o desmembramento do domínio em útil e direto que recai A desapropriação judicial para fins de reforma agrária ocorre median-
sobre imóveis sujeitos a enfiteuse ou aforamento, o valor fixado na sen- te procedimento contraditório especial, de rito sumário, em que a
tença que desapropriar imóveis em tais situações será depositado judicial- sentença que condenar o expropriante poderá ou não se sujeitar a
mente, devendo os interessados manejarem a ação própria para recebe- obrigatório duplo grau de jurisdição, em função de a condenação dis-
rem a proporção da indenização que lhes couber. crepar do valor oferecido na inicial.

Gabarito: Certa.

• AGU/Procurador Federal- 2007. A história do direito agrário no Bra-


sil passa pelo Tratado de Tordesilhas - assinado em 7 de junho de
1494, por D. João, rei de Portugal, de um lado, e 11or D. Fernando e D.
Isabel, reis de Espanha, do outro-, bem como pelo regime sesmarial
empregado no processo de colonização do país. Ademais, atualmen-
te, o tema reforma agrária se situa entre os mais importantes, haven-
do inclusive entidades que lutam pelá correção da estrutura agrária
no Brasil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
1. É de comum sabença que de toda sentença cabe apelação. Todavia, o le-
(MST). Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens a
gislador manejou corretamente o estabelecimento dos efeitos de tal re-
seguir, a respeito da legislação da reforma agrária e do processo de
curso no procedimento sob estudo de maneira a não impedir o andamen-
desapropriação para fins de reforma agrária.
to dos projetes de Reforma Agrária.
2. Sendo a apelação interposta pelo proprietário do imóvel expropriado. será A CF previu a edição de lei complementar para disciplinar a reforma
recebida em efeito meramente devolutivo. de maneira que o expmprian- agrária e evitar tanto quanto possível as tensões sociais no campo.
te poderá dar prosseguimento aos planos de distribuição de lotes e de Nessa fei,.prevê-se apelação com efeito devolutivo e suspensivo da
reassentamento para os quais o imóvel foi de..sapmpriada. sem te.t;. que sentença que fixar o preço da indenização.
aguardar o trânsito em julgado da !ie.cis.ãolinal. Gabarito: Certa.

64
65 i

I
FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUEs PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA

em sua escritura. No decreto desapr.opriatório que se sucedeu, foi


mencionada a metragem constante da escritura e não, a metragem
real do imóvel. No momento do pagamento da indenização, as ben-
feitorias úteis e necessárias foram pagas diretamente, ·sem utilização
de precatórios. Com relação à situação hipotética acima, julgue os
4!) O STF pacificou sua jurisprudência no sentido de reconhecer a incons- itens a seguir.
titucionalidade da expressão "em dinheiro, para as benfeitorias úteis e
Foi correta a forma de pagamento realizada, pois as benfeitorias úteis
necessárias", por afronta ao artigo 100 da Carta Magna:
e necessárias podem ser pagas sem a utilização da regra do paga-
11
Desapropriação para fins de reforma agrária: agravo de instrumento mento por meio de precatório. ·
provido e· desde logo conhecido o RE e provido~ em parte~ para deter-
minar o pagamento de indenização das benfeitorias úteis e necessárias, Gabarito: Errada.
mediante precatório!' (AI452.00Q- AgR, DJ 05/12/03)
• TRF 1ª Região- Juiz- 2004. O art. 14 da Lei Complementar nº 76, de
11
0 art. 14 da Lei Complementar n2 76/93, ao dispor que o valor da 06/07/93, dispõe que "O valor da indenização, estabelecido por sen-
indenização estabelecido por sentença em processo de desapropriação tença, deverá ser depositado pelo expropriante à ordem do juízo, em
para fins de reforma agrária deverá ser depositado pelo expropriante dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e
em dinheiro~ para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas pastagens artificiais e, em Títulos da Dívida Agrária/ para a terra nua".
e pastagens artificiais, contraria o sistema de pagamento das condena-
Sobre essa disposição, julgue os itens que se seguem:
ções judiciais, pela Fazenda Pública, determinado pela Constituição Fe-
deral no art. 100 e parágrafos!' (RE 247.866, Rei. Min. limar Gaivão, DJ O texto se encontra em harmonia com a Constituição vigente, posto
24/11/00) que o inciso XXIV do art. Sº assegura que as desapropriações serão
l/Depósito do valor das benfeitorias. Havendo o Plenário do Supremo feitas mediante prévia e justa indenização.
Tribunal Federal, no julgamento do RE 247.866, Relator Ministro limar
Gabarito: Errada.
Gaivão, declarado a inconstitucionalidade da expressão 'em dinheiro,
para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens O Supremo Tribunal Federal, em decisão tomada no ano de 2000,
artificiais e', contida no artigo 14 da lei Complementar n.º 76/93, re- considerou que o dispositivo aludido ofende o art. 100 da Constitui-
veste-se de plausibilidade jurídica tese no mesmo sentido objeto de re- ção Federal, que estabelece que os pagamento7 devidos pela Fazen-
curso extraordinário interposto contra decisão que ordenou o depósito da Pública far-se-ão por meio de precatórios.
judicial de valores relativos às benfeitorias do imóvel expropriado, inde-
pendentemente de precatório, circunstância que, aliada à possibilidade Gabarito: Certa.
de dano irreparável à autarquia expropriante, justifica a concessão da
Assim como o crédito de natureza alimentar, a indenização devida
medida." (Pet 2.801-QO, Rei. Min. limar Gaivão, DJ 21/02/03)
por força de processo expropriatório tem seu pagamento assegura-
2. Aplicação em concurso: do preferencialmente, aindà que respeitada a ordem cronológica de
• AGU/Procurador Federal- 2007- CESPE. A Câmara Legislativa do Dis- apresentação dos precatórios.
trito Federal {CLDF) editou norma determinando que qualquer desa- Gabarito: Errada.
propriação a ser realizada no território do DF deveria passar antes
pelo crivo do Poder Legislativo local. A União, na vigência dessa lei, (:)O complemento do depósito decorrente da disposição contida na
ignorou a norma, de modo que o INCRA deu início aos procedimen- mencionada lei complementar não ofende o texto constitucional,
uma vez que, na respectiva lei orçamentária, haverá previsão para a
tos para a realização de uma desapropriação para fins de reforma
agrária, sem prévia consulta à ClDF. Durante a vistoria, o Incra obser- suplementação que se fizer necessária.
vou discrepância entre a metragem real do imóvel e aquela prevista Gabarito: Errada.

66 67
PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÂRlA
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES

1. Os feitos que tramitarem na forma desta lei, ante o interesse público que
recai sobre seu objeto.mediato (disponibilização de terras para a reforma
agrária e, portanto, paCificação de conflitos no campo), sobrepõem-se em
ordem de preferência sobre qualquer outro feito expropriatório, que per-
de seu objeto em favor do principal.
1. Da mesma forma que no artigo anterior, a jurisprudência interpreta este
artigo em consonância com o artigo 100 da Car:ta.daRe.p.úblicarde.maneir:a- 2. Qualquer litígio que tenha por objeto o imóvel expropriando deverá ser
que o pagamento a que se refere este artigo se dará mediante precatório. distribuído por dependência ao feito expropriatório, sujeita ainda à par-
ticipação da União como interveniente, devido ao interesse processual
inequívoco.
3. o Ministério Público Federal atua como custus legis em ações desta natu-
reza.

1. Os valores disponíveis serão levantados mediante regugrimento do inte-


ressado. que também será o responsável por dar andamento à execução,
na forma do artigo 100 da Carta Magna, de eventual excedente do valor
do imóvel não depositado fixado em sentença.

1. Será considerado sucumbente o expropriado que não concordou com o


valor depositado quando este for ratificado por sentença ou ainda quan-
do o valor fixado for menor que o oferecido. O INCijA sucumbirá se tiver
1. lndepenge do recebimento da indenizQJ;ão a transmissão d.Q.-º.Qminio.Jio. oferecido valor menor que o fixado por sentença. O derrotado no feito
imóvel objetci do litígio para o expropriado, que deverá ser realizado pelo judicial será responsável por arcar com os honorários de advogado e pe-
responsável pela serventia de Registro em erazo máximo de 03 (três dias). riciais.

1. Os bens móveis e semoventes que guarnecem o imóvel rural não são atin-
gidos pela modalidade de desapropriação em estudo, e a responsabilida-
de pelo transporte de tais bens é atribuída ao expropriante. seja fisica-
mente ou arcando com o valor a ser arbitrado pelo julgadQ.L

69
68
f ABRÍCIO ÜASPAR RODRIGUES

..- -i:\::-.!_~~~:l,~~-~j:~ii~_-_b:i·:~~~i~-~~:-~i~-d~_;~ij~_óJiri_~~~;.~~~~:~:&~:i6~~tr~JQ~_.-~iN-~~~~:-_\~: USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL


··-~>~~-: :xp~o_n~_~te,-_:nã() poderão 'ser objetó-'de·"ãção-;teiV:i:üdiCài:ólia2 -:~',:<-~_</--;;_).":~;.- .-,-
LEI N° 6.969, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1981.
1. Finda ~ desap;opr;~ç§~ ·~·~;~tu:~~ ~;:;i~;~o ~: ~~n~~~~: ~~~~: ~;~:~i~
se discutirá judicialmente a titularidade ou o domínio do imóvel objeto de
expropriação, que se torna insuscetível de ser reivindicado judicialmente 1. Previsão Constitucional: Art. 191
por quem quer que seja.

. \~ ii. ,i:kÍi~~;~~c~h?sidj~ia~ehtf ~~ l'i$~~~~!\~ ~~~·<jh~~~~;~;~ ç• .·


-.~ei._<?o!flpl~m~tar;_ n_~-,_qll~· :fo~·c()!l!Pathfel~ ~o~Códigd· dd'i>iOêéSSO :CiVIL::_.-:.

1. Esta {~i. C~;,pl~~:~t~~ c~~~ ~:t~~a~~' ~ri~ ~m ~r~c:di~~~:~~:p~cial


para a tramitação das ações de desapropriação por interesse social para
fins de reforma agrária. Quando defronte a eventuais lacunas desta Lei
deverá ser utilizado pelo jurista o Código de Processo Civil. '
1. Este dispositivo constitucional disciplinou o usucapião especial constitucio-
nal rural. Seu fundamento se assenta na função social da propriedade rural,
no termos constitucionais e legais, e na garantia do bem-estar dos cidadãos.

1. Por princípio, a lei processual aplica-se imediatamente, inclusive Para os 2. Para poder ser beneficiado por este artigo, o usucapiente deverá com-
processos em andamento, tendo o mesmo ocorrido com os processos em provar o cumprimento das seguintes condições: 1) Não ser proprietário
curso quando da entrada em vigor desta Lei Complementar. de outro imóvel urbano ou rural; 2) A área em questão deve ser exclusi-
vamente rural; 3) O limite máximo de extensão do imóvel a usucapiendo
é de 50 hectares; 4) A área deverá ter se tornado produtiva mediante
exploração pessoal pelo usucapiente ou sua família; 5) Na área o eventual
Esta Lei Complementar foi publicada no Diário Oficial da União veiculado beneficiado deverá ter fixado sua residência habitual.
no dia 26 de Fevereiro de 1993.
3. Este dispositivo pode alcançar tanto o brasileiro natdquanto o naturaliza-
do, bem como o estrangeiro residente no país.
4. As limitações do artigo 190 da CR/88 são estabelecidas pela 5.709/71, que
todavia não impede que a prescrição aquisitiva gerada pela usucapião dis-
ciplinada neste artigo seja auferida por estrangeiros.
S. Não se admite sob quaisquer aspecto usucapião de imóveis públicos.
6. Aplicação em concurso:
• TJ-MS 2008- Juiz de Direito Substituto. Acerca do instituto da usuca-
pião agrário constitucional, julgue os itens que se seguem e identifi-
que a afirmativa correta:
a) Admite-se, excepcionalmente, a aquisição da propriedade de imóveis
públicos por usucapião.
70
71
FABRÍCIO ÜASPAR RODRIGUES

b) Não serão adquiridos por usucapião agrária constitucional os imóveis


com área superior a 25 hectares. U SUCAPIÃOESPECIAL DE IMÓVEIS RURAIS
c) A propriedade de outro imóvel urbano ou rural não impede a aqui- LEI N° 6.969, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1981.
sição de imóvel rural pela usucapião prevista no artigo 191 da Carta
Magna.
d) O prazo previsto pela Constituição Federal para a aquisição da pro-
priedade rural pela usucapião agrária constitucional é de cinco anos
ininterruptas .ou dez anos descontínuos.
e) Dentre outros requisitos, somente poderá adquirir a propriedade de
imóvel localizado em zona rural por força da aplicação direta do texto
do artigo 191 da Constituição Federal aquele que mantiver sua mora-
dia na área a ser usucaj:Jida.
Gabarito: Alternativa e.

• MPE/AM/Promotor de Justiça - 2007 - CESPE. A uslicapião rural


constitucional:

a) não decorre do Código Civil, mas diretamente da CF, razão pela qual
a ela não se aplica a concepção de prescrição aquisitiva.
b) incidirá independentemente da natureza pública ou particular do
imóvel.
1. Usucapião é prescrição aquisitiva, tendo por objeto os domínios e os di-
c) não será reconhecida ao mesmo possuidor mais de uma vez. reitos reais. Pressupõe, portanto, a posse. Congrega paralelamente causa
d) decorre de situação de posse qualificada, em que se exige, além do de aquisição de direitos para o respectivo beneficiário e de extinção de
exercício de poderes inerentes ao domínio~ o fato de tornar o imóvel direito para o proprietário.
rural produtivo.
2. O legislador brasileiro preocupou-se em favorecer o posseiro a partir da
e) pode ser exercida por proprietário de imóvel, quanto à terra rural de Lei de Terras de 1850. Cultura efetiva e morada hatl,tual con):inua sendo
até 50 hectares, contígua a sua gleba, se ele a possuir como sua por o binômio que define a situação de fato à qual o conceito de usucapião
pelo menos cinco anos, sem oposição, nela fixando sua moradia. se rende.
Gabarito: D
3. A referência do dispositivo ao tamanho máximo das áreas a serem usuca-
pidas deve ser estudada em consonância com o artigo 191 da Constituição
Federal, acima estudado. Vale portanto para todo o território nacional o
limite máximo de 50 hectares.

1. O conceito de terras devolutas pode ser desmembrado em histórico e legal:

72
73
f ABRÍCIO GASPAR RODRIGUES
UsucAPIÃO EsPECIAL DE IMóVEIS RuRAis

1.1 Histórico: "Terra devoluta é aquela que, dada em sesmaria, foi devol-
vida à Coroa, porque o beneficiário- da sesmaria não possui as condições -:.:xii:·--:~~-:_=s~~':_~-~~6_:4-2:-~st~~~j:~-~~:~~~~~~if~c;f~,~-~~Ji~~i~~~,-~:;Ja-~~~~--~~~--~g:-_~.(; :-~ ':-:~---
de produção, demarcação e confirmação.
1.2. O conceito legal-doutrinário pode assim ser explicitado: São devolu-
tas as terras que, dada a origem pública da propriedade fundiária no Bra-
, , i~i~~~;i1~~~~1t~8~~T;ti+rú~~~j~i~~tit~r~~~~,)E(;y,
.:_.::~~:- ;:~-~-~P:zi:Ç-?-~àf~_~,_-~--:~i~Ç&?i4é::.~~9Y~i~-)~9r_'n,t!);:<!::~~~~Ç-~:·_~9;:~~~4-?{:_~?~-)~'';·;·._::
sil, pertencem ao Estado- sem estarem aplicada.s a qualquer uso público _:·.:_",-_: .ieÇ~Sô_ 'p~;;Q _:irtbpll_~,--~~4_er~t:_4~ :~~sUf$9'~_;'·?~iJ~rid_o::~_()_ M_iiuStérk{,f?~='.:::;:-:::\/: :·:-

;,?f'tj~~~!~!~l~~~~~~!~i~~jg~~t~fKlt&~it1~eJ~i,
- porque nem foram trespassadas do Poder Público aos particulares, ou
se o foram caíram em comisso, nem se integraram no domínio privado por
algum título reconhecido como legítimo.
2. Sendo portanto públicas as terras devolutas, não são passiveis de serem ~~ínii,~-- ~~~ti~-~-~éi-~'A9~í_~f:i.-P:~,-~:Ç1?ã~,-~_o-~~g_iS:ir~.·~4~.'--l~~veis~_·;_·-::::~ ~- :·-:·':·.
- :-=:_ :

usucapidas por força da aplicação do parágrafo único do artigo 191 da


Carta Magna, estando parcialmente revogado o artigo em estudo.
';;;i;.

/~. ~ ,-Vedàda ·a CoriCoiDiiância dos· pédidos.:ã.dininistrátiYó 'ejudiCÍal~·-,; ,,:


''-;.--_;{;C"-"-·.·>- ·J·f;}_,_i ;.. :;~<:_;,,o;·-.;·,,_:--;;,,-; ·-<--".-,:-·;-~-;<-~:.c<.-:'.<>:-:,. _-.>:é•-_-/·-, >.'; ,.-. -. -;--C,"· .... ,;_;'-'''-,;'.'.';.:'·. .,-;
- ·

1. A localização do imóvel é o fator determinante da competência para apre-


ciação da ação de usucapião especial prevista nesta lei.
2. Atenção revogação do parágrafo 2º: Terras Devolutas estão sujeitas a
ações discriminatórias não a usucapião na forma dos comentários acima.

3. Posicionamento do STJ quanto à competência prevista por este artigo:


1. Este artigo especifica situações fáticas que impedem a aquisição da pro- "CONFLITO DE COMPETÊNCIA. USUCAPIÃO. AUTARQUIA FEDERAL. JUÍZO
priedade pelos particulares por força da usucapião regulada por esta lei. DO FORO DA SITUAÇÃO DO IMÓVEL. E INARREDAVEL A APLICAÇÃO DA
SUMULA 11/STJ, À FIXAR A COMPETÊNCIA, NO CASO, DO JUÍZO ESTADU-
2. No processo de ordenação territorial do País, o especo destinado à ati-
AL!' (CC 13.142/ES. Rei. Mín. Cláudio Santos. DJ 05/06/1995)
vidade agrária deve obedecer parâmetros criteriosos cujos limites são
fornecidos por inúmeros fatores, dentre os quais as áreas de segurança
nacional.

3. No regime militar brasileiro, definiu-se segurança nacional como "estado


de garantia proporcionando à Nação, para a consecução dos objetivos na-
cionais, dentro da ordem jurídica vigente", consoante Artigo 2º da Lei de
Segurança Nacional. A partir da promulgação da Carta de 1988 deve ser so-
mado a esse conceito o objetivo de promoção do desenvolvimento do país.
4. Quando as terras submetidas a questionamento com fins de usucapião
especial nos termos desta lei forem dotadas de tais características não
poderão ser usucapidas. '

74
75
FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUES UsucAPIÃO EsPECIAL DE IMóVEIS RURAis

2. A sentença que reconhecer a ocorrência da usucapião prevista nesta Lei


será considerada titula hábil a ser levado a Registro perante o cartório
competente, aplicadas ao beneficiado todas as benesses previstas nos dis-
positivos anteriores.

1. A adoção do procedimento sumaríssimo nos feitos que discutem os direi-


tos decorrentes desta Lei e a dispensa dos respectivos autores de juntada 1. Artigo Revogado pela nova ordem constitucional tributária vigente.
de planta do imóvel usucapiendo demonstram a intenção do legislador de
facilitar o acesso à propriedade da terra ao trabalhador rural, em conso-
nância com o princípio do acesso à propriedade da terra.
2. O Ministério Público atuará nos feitos desta natureza na condição de fiscal
da lei.
1. Quando deferida a manutenção liminar na posse do imóvel do usucapiente,
o juiz poderá solicitar força policial para fazer cumprir sua determinação.

1. Trata-se de mais uma disposição normativa que busca facilitar o acesso


dos camponeses à propriedade da terra.
2. Todavia, se o benefício da Gratuidade de Justiça for concedido com base
em falsas informações prestadas pelo beneficiado pela usucapião, .o juiz
suspenderá o benefício de imediato, restando impedido o Registro da sen-
tença translativa do domínio enquanto não quitadas as custas devidas.

1. O verbete de nº 237 da súmula de jurisprudência do Egrégio Supremo


Tribunal Federal ratifica o entendimento jurisprudencial consolidado nos
tribunais pátrios: "O usucapião pode ser argüido em defesa"

76 77
ÁNEXO ÚNICO!
ESTATUTO DA TERRA

NOTA DO AUTOR: Agrário se toma mais simples por termos


o artigos 184 a 191 como principais guar-
A ·otimização do estudo é fundamen-
díães da questão agrária na Carta Magna
tal para que se obtenha êxito em qualquer
prova. Dessa forma, recomendo que o Brasileira. A leitura atenta destes artigos
e sua compreensão sistemática são fun-
candidato resolva o máximo de exercícios
damentais para o entendimento de toda e
que sua disponibilidade permitir, sem ja-
qualquer lei inerente à matéria.
mais esquecer-se de ler os dispositivos
normativos atinentes à questão. Por isso Aposto ainda que os candidatos devem
este anexo foi elaborado através da sele- estar bem informados. A leitura de jornais
ção dos principais artigos da lei central e revistas de qualidade são imprescin-
do sistema Jurídico-Agrário brasileiro: O díveis. Afinal de contas, as pessoas que
Estatuto da Terra. elaborarão as provas são feitas de carne
e osso como qualquer outra, lêem jornais
A seleção de artigos levou em consi-
e revistas e assistem à programas de te-
deração os últimos concursos realizados,
levisão. Logo, os temas rriais atuais pos-
buscando familiarizar o candidato com o
suem uma maior probabilidade de apa-
formato e a profundidade das provas fu-
recerem nas questões, e o candidato que
turas.
tiver conhecimento do assunto estar;a em
Cada concurso possui característi- vantagem. Em tempos de desmatamento
cas diferentes. Sempre é interessante o recorde na Amazônia para plantio de soja
candidato direcionar os estudos para o e conflitos agrários, a informação de qua-
exercício prático do cargo almejado, es- lidade é uma importante ferramenta para a
tudando os pontos respectivos. Concursos aprovação em conl:ursos públicos.
estaduais deverão ter a legislação estadual
Por derradeiro, disciplina, fé e perse-
estudada, sempre com base nos dispositi-
verança não poderão faltar nos estudos.
vos constitucionais e nos princípios gerais
Deus está ao lado de todos aqueles que
inerentes. O mesmo raciocínio deve ser
aplicado concursos municipais. possuem um objetivo digno. Ele inclu-
sive moverá o céu de cabeça para baixo
Mas alguns pontos podem ser exal- para apoiar e confortar seus filhos. Entre-
tados como passíveis de cobrança em tanto Deus não move um grão de poeira
qualquer concurso que inclua a legislação na Terra sem que façamos a nossa parte.
ambiental em seu programa: Princípios E aos estudantes, sobretudo, cabe estu-
do Direito Agrário, Direito Agrário na dar com afinco, sem desânimo e conti-
ConstitUição Federal e Reforma Agrária. nuamente. A vitória chegará no momento
Uma técnica que sempre passo aos oportuno.
meus alunos consiste em estudar as leis Fabricio Gaspar Rodrigues
vinculando-as à sua respectiva previsão
constitucional, o que no caso do Direito jgaspar@u.frj.br

79
FABRÍCIO GASPAR RoDRIGUES ANExo ÚNico: EsTATUTO DA TERRA

LEI N" 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO c) assegura a conservação dos recursos Art. 4° Para os efeitos desta Lei, defi- tado ... da-região em que se situe e que ex-
DE 1964. naturais; nem-se: plore área mínima agricultávél do imÓvel
I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, segundo padrões fixados, pública e pre-
Dispõe sobre o Estatuto da Terra, d) observa as disposições legais que
de área contínua qualquer que seja a sua viamente, pelo Poder Executivo. ~ara es-
e dá outras providências. regulam as justas relações de trabalho en
loc liza -o ue se destina à ex lo ão se fim,_ equiparam-se às ~s,
tre os que a possuem e a cultivem.
~~!a. pecuária ou~­ ~ns.a~~:.~.~E~:~~.is~~Ws
§ 2° É d~v~r do Eoder Eúhlico:
TÍTULO I ~. quer atravtsàe'Planos públicos ~§_~Q!!!]JenfettQm\8;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES a) :Qromover e criar as condiç§es d e~ de valorização, quer através de iniciativa VII - 11
Parceleiro". aquele que venha
CAPITULO I acesso do trabalhador rural à QrOQriedade privada; ~otes ou P!lffi~!LdeMi­
da terra econQmicainente útil de PEJiê.;. nada à Reforma Agrária ou à colÓnização
Princípios e Definições I~ - "Propriedadé Fainiliar", o imóvel
rência nas regiões onde habita2 OU2 guando púhljca ou privada·
Art. 1o Esta Lei regula os direitos e rural que, direta e pesSoalmente exQlorado
,as circunstâncias regionais. o aconselhem
obrigações concernentes aos bens imó- pelo agricultor e sua família. lhes al:mP~ VIII - "Cooperativa Integral de Re-
12m zonas greviamente ajustadas na forro a
veis rurais, noro n< fin. rle rlo dg disuosto na regylamentação desta Lei; .toda a força de trabalhQ,.g!!L<wti!L<iP=.lh!:. forma Agrária (C.l.R.A.)", toda socieda-
';BJhi(~_tfDJ?.i.<:t e o progresso social e eç~mô­ de cooperativa mista, de natureza civil,
RefQIDla Agrária e promoção da Política
Agrícola
b) zelar :gara gue a pronriedade da terra
desemPenhe sua função social. estimulan
.Illk9, com área máxima· fixada para cada ... Vetado ... criada nas áreas prioritárias I
região e tipo de exploração, e eventual- de Reforma Agrária, con_tando tempora-
§ 1o Considera-se Refonna Agrária o dQ nlanos para a sua racional utilização trabalho com a ajuda de terceiros; riamente com a contribuição financeira e
conjno:to de.medidas gue visem a 12romp- Qromovendo a justa remuneração e o técnica do Poder Público, através do Ins-
ver melhor distrib.ujção da terra median- acesso do trabalhador aos benefícios d o "
termos do inci§Q anterior; tituto Brasileiro de Reforma Agrária, com
te modificações no regime de sua :gosse aumento da :Qrodutividade e ao bem-estar a finalidade de ip.dustrializar, beneficiar,
~ uso~ a fim de atender aos nrincínios ~e coletivo. IV "Minifúndio", Q_Í_móvel rural de
preparar e padronizar a produção agro-
J·!!$_!!ç_a social e ao aumentQ: de...prrulutb.i":'
área e possibilidades inferiores às da pro-
§ 3° A todo agricultOr ªss!_ste o direito pecuária, bem como realizar os demais
dade,_ de permanecer na1~J:.t.a4®..._ÇJJ..lti.Y.e_,_d~.n.tno priedade familiar;
objetivos previstos na legislação vigente;
§ 2° Entende-§e 12or Eolí:th;:a Agrk:ola d_Qs_t@_JJ.U.QS. _e limita~ões desta Le1...2!?-.§S:f V- "Latifündio", o imóvel rural que:
IX - "Colonização", toda a atividª=
Q conjunto de Qrovidências de amQaro à :.;adas semQre gue for o caso. as normas a) excedà a dimensão máxima fixada de oficial ou particular, que se destine a
propriedade da terra. que ~e destinem a dos contratos de trabalho. na forma do artigo 46, § 1o, alínea b, desta promover o aproveitamento econômico
orientar, no interesse dª ecgnomia ntral § 4° É assegurado às _populações in Lei, tendo-se em vista as condicões ecoló- _@..~rm~pJ>Ja..ma_diYi.~ão_em_propne:dade
as atividades agro:Qecuárias~ seja no senti- dígenas o direito à posse das terras que gicas sistemas agricolas regionais e o fim .fJlrn.il ii,\U'!Q.a.tra.xé_s1d.~.Ç.Q.Qp~.r._ati..v:as ...Ve-
da de garantir-lhes Q :gleno emgregç. ~eja ocupam ou que lhes sejam atribuídas de a que se destine; tado...
no de harmonizá-las com o :Qrocesso de acordo com a legislação especial que disci b) não ·excedendo o limite referido na Parágrafo único. Não se considera la-
JndustrializaÇ;ão do Qaís. plina o regime tutelar a que estão sujeitas alínea anterior1 e tendo- área igual ou su- tifündio:
perior à dimepsão do módulo de proprie-

j
Art. 2° É assegurada a todos a oportu- Art. 3° O Poder Público reconhece as
a) o imóvel rural, qualquer que seja a
nidade de acesso à propriedade da terra, entidades privadas, nacionais ou estran Qade rural. seja mantido inexplorado em
sua dimensão, cujas características reco-
CQndicionada pela sua fun~ão social, na geiras, o_ direito à J2rOEriedade da terra em relação às possibilidades fisjcas eçonô-
mendem, sob o ponto de vista técnico e
Gond9mJni9~-@~J; sob_-ª forma de coopera
forma prevista nesta Lei.
§ 1o A propriedade da terra desem-
tiY-ª.~_qy~mo s~!~fl-ªçl~§-ª~ertas cgns
mjcas e sociais do meio, com fins espe-
ollativos. ou seja deficiente ou inadeq:ua-
económico, a exploração florestal racio-
nalmente realizada, mediante planeja-
I
ti.tyiçlas n~~ forma da legislação em vigor. dam.f.mte explorado, de modo a vedar-lhe
penha integralmente a sua ftmção social mento adequado;
Parágrafo único. Os estatutos das co aJQclusão no conceito de empresa rural;
quando, simultaneamente: b) o imóvel rural, ainda- que de domí-
operativas e demais sociedades, _que s e VI - "Empresa Rural" é o empreen-
a) favorece o bem-estar dos proprietá- organizarem na forma prevista neste arti nio particular, cujo objeto de preservação
dimento de pessoa física -ou jurídica, pú-
rios e dos trabalhadores que nela labutam, go. deverão ser aprovados pelo Instituto florestal ou de outros recursos naturais
blica ou priv~da, que explore econômica ,
assim como de suas famílias; Brasileiro de Reforma Agrária (I.B.R.A.) haja sido reconhecido para fins de tom-
e racjarjalmente imóvel rural, dentro de
b) mantém níveis satisfatórios de pro- que estabelecerá condições mínimas p ara bamento, pelo órgão competente da admi-
condição de rendimento econômico ...Ve-
dutividade; a democratização dessas sociedades. nistração pública.

80 81
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES ANEXO ÚNico: EsTATUTO DA TERRA

Art. 5° A dimensão da área dos módu- § 3° O convênio de .que trata o caput bem como de pessoas físicas nacionais ou § 2° Executados os projetos de coloni-
los de propriedade rural será fixada para será celebrado com os Estados, com o estrangeiras, não participantes direta dos zação nos imóveis rurais de propriedade
cada zona de características econômicas Distrito Federal e com os Municípios que atos jurídicos celebrados. pública, com objetivos diversos dos pre-
e ecológicas homogêneas, distintamente, tenham instituído órgão colegiado, com a vistos neste artigo, em caráter tr3nsitório.
participação das organizações dos agri- Parágrafo único. A adesão efetivar-se-
por tipos de exploração rural que nela
cultores familiares e trabalhadores rurais á com a só notificação oficial às partes § 3° Os imóveis rurais pertencentes à
possam ocorrer.
sein terra, mantida a paridade de repre- contratantes, independentemente de con- União, cuja utilização não se enquadre
Parágrafo único. No caso de explora- dição ou termo. nos termos deste artigo, poderão ser trans-
sentação entre o poder público e a socie-
ção mista, o módulo· será fixado pela mé- feridos ao Instituto Brasileiro de Reforma
dade civil ·organizada, com a finalidade
dia ponderada das partes do imóvel desti- Agrária, ou com ele permutados por ato
nadas a cada um dos tipos de exploração de formular propostas para a adequada CAPÍTULO l i
implementação da política agrária. (Inclu- Das Terras Públicas do Poder Executivo.
considerados.
ído pela Medida Provisória no 2.183-56, e Particulares Art. 11. O Instituto Brasileiro de Re-
de 2001) forma Agrária fica investido de poderes
SEÇÃOI
CAPÍTULO II § 4~ Para a realização da vistoria e ava- Das Terras Públicas de representação da União, para promo-
Dos Acordos e Convênios liação do imóvel rural para fins de refor- ver a discriminação das terras devolutas
Art. 9° Dentre as terras públicas, terão
Art. 6° A União, os Estados, o Distrito ma agrária, poderá o Estado utilizar-se de federais, restabelecida a instância admi-
prioridade, subordinando-se aos itens pre-
Federal e os Municípios poderão unir seus força policial. (Incluído pela Medida Pro- nistrativa disciplinada pelo Decreto-Lei
vistos nesta Lei, as seguintes:
esforços e recursos, mediante acordos, visória n• 2.183-56, de 2001) n. 9.760, de 5 de setembro de 1946, e
I - as de propriedade da União, que com autoridade para reconhecer as pos-
convênios ou contratos para a solução de § s· O convênio de que trata o caput não tenham outra destinação específica;
problemas de interesse rural, principal- deverá prever que a União poderá utili- ses legítimas manifestadas através de
mente os relacionados com a aplicação zar servidores integrantes dos quadros II -as reservadas pelo Poder Público cultura efetiva e morada habitual, bem
da presente Lei, visando a implantação da de pessoal dos órgãos e das entidades da para serviços ou obras de qualquer nature- como para incorporar ao patrimônio pú-
Reforma Agrária e à unidade de critérios Administração Pública dos Estados, do za, ressalvadas as pertinentes à segurança blico as terras devolutas federais ilegal-
na execução desta.(Vide Medida Provisó- Distrito Federal e dos Municípios, para nacional, desde que o órgão competente mente ocupadas e as que se encontrarem
ria n• 2.183-56, de 24.8.2001) a execução das atividades referidas neste considere sua utilização econômica com- · desocupadas.
artigo. (Incluído pela Medida Provisória patível com a atividade principal, sob a § I 0 Através de convênios, celebrados
§ !" Para os efeitos da Reforma Agrá-
n• 2.183-56, de 2001) forma de exploração agrícola;
ria, o Instituto Nacional de Colonização com os Estados e Municípios, iguais po-
e Reforma Agrária INCRA representará Art. 7° Mediante acordo com a União, ill - as devolutas da União, dos Esta- deres poderão s9r atribuídos ao Instituto
a União nos acordos, convênios ou con- os Estados poderão encarregar funcioná- dos e dos Municípios. Brasileiro de Reforma Agrária, quanto às
tratos multilaterais referidos neste arti- rios federais da execução de Leis e servi- Art. 10. O Poder Público poderá ex- terras devolutas estaduais e municipais,
go. (Incluído pela Medida Provisória no ços estaduais ou de atos e decísões das su- plorar direta ou indiretamente, qualquer respeitada a legislação local, o regime
2.183-56, de 2001) as autoridades, pertinentes aos problemas imóvel rural de sua propriedade, unica- jurídico próprio das terras situadas na
§ 2° A União, mediante convênio, rurais, e, reciprocamente, a União poderá, mente para fins de pesquisa, experimenta- faixa da fronteira nacional bem como a
poderá delegar aos Estados, ao Distrito em matéria de sua competência, cometer ção, demonstração e fomento, visando ao atividade dos órgãos de valorização re-
Federal e aos Municípios o cadastramen- a funcionários estaduais, encargos análo- desenvolvimento da agricultura, a progra- gional.
to, as vistorias e avaliações de proprie- gos, provendo às necessárias despesas de mas de colonização ou fins educativos de § 2° Tanto quanto possível, o Instituto
dades rurais situadas no seu território, conformidade com o disposto no parágra- assistência técnica e de readaptação. Brasileiro de Reforma Agrária imprimirá
bem como outras atribuições relativas à fo terceiro do artigo 18 da Constituição § 1° Somente se admitirá a existência ao instituto das terras devolutas orienta-
execução do Programa Nacional de Re- Federal. de imóveis rurais de propriedade pública, ção tendente a hannonizar as peculiarida-
forma Agrária, observados os parâmetros Art. 8° Os acordos, convênios ou con- com objetivos diversos dos previstos nes- des regionais com os altos interesses do
e critérios estabelecidos nas leis e nos tratos poderão conter cláusula que permita te artigo, em caráter transitório, desde que desbravamento através da colonização
atos normativos federais. (Incluído pela expressamente a adesão de outras pessoas não haja viabilidade de transferi-los para racional visando a erradicar os males do
Medida Provisória n• 2.183-56, de 2001) de direito público, interno ou externo, a propriedade privada. miniffindio e do latiffindio.

82 83
FABRÍCIO GASPAR RooruouEs ANEXO ÚNICO: EsTA11Yí'O DA TERRA

SEÇÃOII TÍTULO II d) permitir a recuperação social e eco- b) o poder expropriante não será obri-
Das Terras Particulares DAREFORMAAGRÁRIA nômica de regiões; gado a consignar, para fins de inl:issão de
CAPÍTULO I e) estimular pesquisas pioneiras, ex- posse dos bens, quantia superior à que
Art. 12. À propriedade privada da terra
cabe intrinsecamente uma função social e Dos Objetivos e dos Meios de Acesso à perimentação, demonstração e assistência lhes tiver sido atribuída pelo proprietário
Propriedade Rural técnica; na sua última declaração, exigida pela Lei
seu uso é condicionado ao bem-estar co-
letivo previsto na Constituição Federal e do Imposto de Renda, a partir de 1965, se
Art. 16. A Reforma Agrária visa a es- f) efetuar obras de renovação, melho-
caracterizado nesta Lei. se tratar de pessoa tisica ou o valor cons-
tabelecer um sistema de relações entre o ria e valorização dos recursos naturais; tante do ativo, se se tratar de pessoa jurí-
Art. 13. O Poder Púb~ico promoverá a homem, a propriedade rural e o uso da g) incrementar a eletri:ficaçãÓ e a in- dica, num e noutro caso com a correção
gradativa extinção das formas de ocupa- .terra, capaz de promover a justiça social, dustrialização no meio rural; monetária cabível;
ção e de exploração da terra que contra- o progresso e o bem-estar do trabalhador
rural e o desenvolvimento econômico do h) facultar a criação de áreas de prote- c) efetuada a imissão de posse, fica as-
riem sua função social. ção à fauna, à flora ou a outros recursos
país, com a gradual extinção do minifún- segurado ao expropriado o levantamento
Art. 14. O Poder Público facilitará e dio e do latifúndio. naturais, a fim de preservá-los de ativida- de oitenta por cento da quantia depositada
prestigiará a criação e a expansão de asso- des predatórias. para obtenção da medida possessória.
ciações de pessoas fisicas e jurídicas que Parágrafo único. O Instituto Brasi-
leiro de Reforma Agrária será o órgão Art. 19. A desapropriação far-se-á na § 3° Salvo por motivo de necessidade
tenham por finalidade o racional desen- forma prevista na Constituição Federal,
volvimento extrativo agrícola, pecuário competente para promover e coordenar ou utilidade pública, estão isentos da de-
a execução dessa reforma, observadas as obedecidas as normas constantes da pre- sapropriação:
ou agroindustrial, e promoverá a amplia- sente Lei.
ção do sistema cooperativo, bem como de normas gerais da presente Lei e do seu a) os imóveis rurais que, em cada zon~
outras modalidades associativas e socie- regulamento. § 1o Se for intentada desapropriação não excederem de três vezes o módulo de
tárias que objetivem a democratização do Art. 17. O acesso à propriedade rural parcial, o proprietário poderá optar pela produto de propriedade, fixado nos ter-
capital. (Redação dada Medida Provisória será promovido mediante a distribuição desapropriação de todo o imóvel que lhe mos do artigo 4°, inciso III;
n• 2.183-56, 2001) ou a redistribuição de terras, pela execu- pertence, quando a área agricultável re-
manescente, inferior a cinqüenta por cen- b) os imóveis que satisfizerem os re-
§ !" Para a implementação dos objeti- ção de qualquer das seguintes medidas: quisitos pertinentes à empresa rural,
to da área original, ficar:
vos referidos neste artigo, os agricultores a) desapropriação por interesse social; enunciados no artigo 4°, inciso VI;
e trabalhadores rurais poderão constituir a) reduzida a superfície inferior a três
b) doação; vezes a dimensão do módulo de proprie- c) os imóveis que, embora não classifi-
entidades societárias por cotas, em for- cados como empresas rurais, situados fora
c) compra e venda; dade; ou
ma consorciai ou condominial, com a da área prioritárü( de Reforma Agrária, ti-
denominação de "consórcio 11 ou "condo- d) arrecadação dos bens vagos; b) prejudicada substancialmente em verem aprovados pelo Instituto Brasileiro
mínio", nos termos dos arts. 3" e ô desta e) reversão à posse (Vetado) do Po- suas condições de exploração económica, de Reforma Agrária, e em execução pro-
Lei.(Incluído pela Medida Provisória n° der Público de terras de sua propriedade, caso seja o seu valor inferior ao da parte jetes que em prazo determinado, os ele-
2.183-56, de 2001) indevidamente ocupadas e exploradas, a desapropriada. vem àquela categoria.
§ 2" Os atos constitutivos dessas so- qualquer título, por terceiros; § 2• Para efeito de desapropriação ob- § 4 o O foro competente para desapro-
ciedades deverão ser arquivados na Junta f) herança ou legado. servar-se-ão os seguintes princípios: priação é o da situação do imóvel.
Comercial, quando elas praticarem atos Art. 18. À desapropriação por interes- a) para a fixação da justa indenização,
de comércio, e no Cartório de Registro § 5° De toda decisão que fixar o preço
se social tem por fim: na forma do artigo 147, § 1°, da Consti-
das Pessoas Jurídicas, quando não envol- em quantia superior à oferta formulada
a) condicionar o uso da terra à sua fun- tuição Federal, levar-se-ão em conta o
ver essa atividade. (Incluído pela Medida pelo órgão expropriante, haverá, obriga-
ção social; valor declarado do imóvel para efeito do
Provisória n• 2.183-56, de 200 I) toriamente, recurso de oficio para o Tri-
Imposto Territorial Rural, o valor cons-
b) promover a justa e adequada distri- bunal Federal de Recursos. Verificado,
Art. 15. A implantação da Reforma tante do cadastro acrescido das benfeito-
buição da propriedade; em ação expropriatório, ter o imóvel valor
Agrária em terras particulares será feita rias com a correção monetária porventura
superior ao declarado pelo expropriado, e
em caráter prioritário, quando se tratar de c) obrigar a exploração racional da cabível, apurada na forma da legislação
apurada a má-fé ou o dolo deste, poderá a
zonas críticas ou de tensão social. terra; específic~ e o valor venal do mesmo;
sentença condená-lo à penalidade prevista

84 85
FABRiCIO GASPAR RODRIGUES ANEXO ÚNICO: ESTATUTO DA TERRA

no artigo 49, § 3°, desta Lei, deduzindo- ao patrimônio público, não podem ser ob- V - para fins de reflorestamento ou de § 4• Sob pena de nulidade, qualquer
se do valor da indenização o montante da jeto de reivindicação, ainda que fundada conservação de reservas florestais a cargo alienação ou concessão de terras públi-
penalidade. em nulidade do processo de desapropria- da União, dos Estados ou dos Municípios. cas, nas regiões prioritárias, definidas
ção. Qualquer ação julgada procedente, Art. 25. As terras adquiridas pelo Po- na forma do artigo 43, será precedida de
Art. 20. As desapropriações a serem
resolver-se-á em perdas e danos. der Público, nos termos desta Lei, deve- consulta ao Instituto Brasileiro de Refor-
realizadas pelo Poder Público, nas áreas
prioritárias, recairão sobre: Parágrafo único. A regra deste artigo rão ser vendidas, atendidas as condições ma Agrária, que se pronunciará obrigato-
aplica-se aos imóveis rurais incorporados de maioridade, sanidade e de bons antece- riamente no prazo de sessenta dias.
I os minifiíndios e latifündios;
ao domínio da União, em conseqüência dentes, ou de reabilitação, de acordo com Art. 26. Na distribuição de terras re-
II- as áreas já beneficiadas ou a serem de ações por motivo de enriquecimento a seguinte ordem de preferência: gulada por este Capítulo, ressalvar-se-á
por obras públicas de vulto; ilícito em prejuízo do Patrimônio Federal, sempre a prioridade pública dos terrenos
I - ao proprietário do imóvel desa-
III - as áreas cujos proprietários de- os quais transferidos ao Instituto Brasilei- propriado, desde que venha a explorar a de marinha e seus acrescidos na orla oce-
senvolverem atividades predatórias, ro de Reforma Agrária, serão aplicados parcela, diretamente ou por intermédio de ânica e na faixa marginal dos rios fede-
recusando-se a pôr em prática normas de aos objetivos desta Lei. sua família; rais, até onde se faça sentír a influência
conservação dos recursos naturais; das marés, bem como a reserva à margem
II --:- aos que trabalhem no imóvel de-
IV - as áreas destinadas a empreendi- dos rios navegáveis e dos que formam os
CAPÍTULO II sapropriado como posseíros, assalariados,
mentos de colonização, quando estes não navegáveis.
Da Distribuição de Terras parceíros ou arrendatários;
tiverem logrado atingir seus objetivos;
Art. 24. As terras desapropriadas para III - aos agricultores cujas proprieda-
V - as áreas que apresentem elevada os fins da Reforma Agrária que, a qual- des não alcancem a dimensão da proprie- CAPÍTULO III
incidência de arrendatários, parceíros e quer título, vierem a ser incorporadas ao dade familiar da região; Do Financiamento
posseíros; patrimônio do Instituto Brasileiro de Re- da Reforma Agrária
IV - aos agricultores cujas proprieda-
VI - as terras cujo uso atual, estudos forma Agrária, respeitada a ocupação de
des sejam comprovadamente insuficientes SEÇÃOJ
levados a efeito pelo Instituto Brasileiro terras devolutas federais manifestada em para o sustento próprio e o de sua família; Do Fundo Nacional
de Reforma Agrária comprovem não ser o cultura efetiva e moradia habitual, só po-
V - aos tecnicamente habilitados na de Reforma Agrária
adequado à sua vocação de uso econômico. derão ser distribuídas:
forma dá legislação em vigor, ou que Art. 27. É criado o Fundo Nacional de
Art. 21. Em áreas de mini:tündio, o I - sob a forma de propriedade fami-
tenham comprovada competência para a Reforma Agrária, destinado a fornecer os
Poder Público tomará as medidas neces- liar, nos termos das normas aprovadas pe- prática das atividades agrícolas. meios necessários para o financiamento
sárias à organização de unidades econô- lo Instituto Brasileiro de Reforma Agrá-
§ I o Na ordem de preferência de que da Reforma Agrba e dos órgãos incum-
micas adequadas, desapropriando, agluti- ria;
trata este artigo, terão prioridade os che- bidos da sua execução.
nando e redistribuindo as áreas. II - a agricultores cujos imóveis rurais fes de família numerosas cujos membros Art. 28. O FWldo Nacional de Reforma
Art. 22. É o Instituto Brasileiro de sejam comprovadamente insuficientes pa- se proponham a exercer atividade agríco-
ra o sustento próprio e o de sua família; Agrária será constituído:
Reforma Agrária autorizado, para todos la na área a ser distribuída.
os efeitos legais, a promover as desapro- III para a formação de glebas desti- I - do produto da arrecadação da Con-
§ 2° Só poderão adquirir lotes os tra- tribuição de Melhoria cobrada pela União
priações necessárias ao cumprimento da nadas à exploração extrativ~ agrícola, pe- balhadores sem terra, salvo as exceções de acordo com a legislação vigente;
presente Lei. cuária ou agro-industrial, por associações previstas nesta Lei.
Parágrafo único. A União poderá desa- de agricultores organizadas sob regime II - da destinação específica de 3%
cooperativo; § 3° Não poderá ser beneficiário da (três por cento) da receita tributária da
propriar, por interesse social, bens do do-
distribuição de terras a que se refere este União;
mínio dos Estados, Municípios, Distrito IV- para fins de realização, a cargo do
Federal e Territórios, precedido o ato, em artigo o proprietário rural, salvo nos casos
Poder Público, de atividades de demons- III -.dos recursos destinados em lei
qualquer caso, de autorização legislativa. dos incisos I, III e IY, nem quem exerça
tração educativa, de pesquisa, experimen- à Superintendência de Política Agrária
função pública, autárquica ou em órgão
Art. 23. Os bens desapropriados por tação~ assistência técnica e de organiza- (SUPRA), ressalvado o disposto no artigo
paraestatal, ou se ache investido de atri-
sentença definitiva, uma vez incorporados ção de colônias-escolas; buições parafiscais. 117;

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FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES ANEXO ÚNICO: ESTATIITO DA TERRA

IV - dos recursos oriundos das verbas tidades vinculadas por convênios ao Insti- SEÇÃOll IV - a hierarquização das medidas a
de órgãos e de entidades vinculados por tuto Brasileiro de Reforma Agrária, nota- Do Património do Órgão serem programadas pelos órgãos públi-
convênios ao Instituto Brasileiro de Re- damente os de valorização regional, como de Reforma Agrária cos, nas áreas prioritárias. nos setores de
forma Agrária; a Superintendência do Desenvolvimento obras de saneamento, educação e assis-
Econômico do Nordeste (SUDENE), a Art. 32. O Patrimônio do Instituto Bra-
V - de doações recebidas; sileiro de Reforma Agrária será constitu- tência técnica;
Superintendência do Plano de Valoriza-
VI - da receita do Instituto Brasileiro ção Econômica da Amazônia (SPVEA) ído: V - a fixação dos limites das dotações
de Reforma Agrária a Comissão do Vale do São Francisco I - do Fundo Nacional de Reforma destinadas à execução do Plano Nacional
(CVSF) e a Superintendência do Plano Agrária; e de cada um dos planos regionais.
§ 1° Os recursos de que tratam os inci-
sos I e II, deste artigo, bem como os pro- de Valorização Econômica da Região da II - dos bens das entidades públicas § 1o Uma vez aprovados. os Planos te-
venientes de quaisquer créditos adicionais Fronteira Sudoeste do País (SUDOES- incorporadas ao Instituto Brasileiro de rão prioridade absoluta para atuação dos
destinados à execução dos planos nacio- TE), os quais deverão destinar, para este Reforma Agrária; órgãos e serviços federais já existentes
nal e regionais de Reforma Agrária, não fim, vinte por cento, no mínimo de suas nas áreas escolhidas.
dotações globais. III - das terras e demais bens adquiri-
poderão ser suprimidos, nem aplicados dos a qualquer título. § 2° As entidades públicas e privadas
em outros fins. Parágrafo único. Os recursos referi- que firmarem acordos, convênios ou trata-
§ 2° Os saldos dessas dotações em dos neste artigo, depois de aprovados os dos com o Instituto Brasileiro de Reforma
poder do Instituto Brasileiro de Reforma planos para as respectivas regiões, serão CAPÍTULO IV Agrária, nos termos desta Lei, assumirão,
Agrária ou a seu favor, verificados no final entregues ao Instituto Brasileiro de Refor- Da Execução igualmente compromisso expresso, quan-
de cada exercício, não prescrevem, e serão ma Agrária, que, para a execução destes, e da Administração to à prioridade aludida no parágrafo ante-
aplicados, na sua totalidade, em conso- contribuirá com igual quantia. da Reforma Agrária rior, relativamente aos assuntos e serviços
nância com os objetivos da presente Lei. de sua alçada nas respectivas áreas.
Art. 30. Para fins da presente Lei, é o SEÇÃOI
§ 3o Os tributos, dotações e recursos Poder Executivo autorizado a receber do- Dos Planos Nacional e Art. 35. Os Planos Regionais de Re-
referidos nos incisos deste artigo terão a ações, bem como a contrair empréstimos RegioiUlis de RefonnaAgrária forma Agrária antecederão, sempre, qual-
destinação, durante vinte anos, vinculada no país e no exterior, até o limite fixado Art. 33. A Reforma Agrária será reali- quer desapropriação por interesse social,
à execução dos programas da Reforma no artigo 105. zada por meio de planos periódicos, na- e serão elaborados pelas Delegacias Re-
Agrária. cionais e regionais, com prazos e objeti- gionais do Instituto Brasileiro de Reforma
Art. 31. É o Instituto Brasileiro de Re-
Agrária (I.B.R.A.), obedecidos os seguin-
§ 4° Os atos relativos à receitado Insti- forma Agrária autorizado a: vos determinados, de acordo com projetes
específicos. tes requisitos ID.Ífimos:
tuto Brasileiro de Reforma Agrária cons- I- firmar convênios com os Estados,
tituída pelos recursos previstos no inciso Art. 34. O Plano Nacional de Reforma I delimitação da área de ação;
Municípios, entidades públicas e priva-
II, e pelos resultados apurados no exer- das, para financiamento, execução ou Agrária, elaborado pelo Instituto Brasilei- II - determinação dos objetivos espe-
cício anterior, nas hipóteses dos incisos administração dos planos regionais de ro de Reforma Agrária e aprovado pelo cíficos da Reforma Agrária na região res-
1, III e IV, considerar-se-ão registrados, Reforma Agrária; Presidente da República, consignará ne- pectiva;
pelo Tribunal de Contas, a 1o de janeiro, cessariamente: III - fixação das prioridades regionais;
e os respectivos recursos distribuídos ao II -colocar os títulos da Dívida Agrá-
ria Nacional para os fins desta Lei; I - a delimitação de áreas regionais IV - extensão e localização das áreas
Tesouro Nacional, que os depositará no prioritárias; desapropriáveis;
Banco do Brasil, à disposição do referi- III - realizar operações financeiras ou
do Instituto, em quatro parcelas, até 31 de de compra e venda para os objetivos desta II - a especificação dos órgãos regio- V -previsão das obras de melhoria;
janeiro, 30 de abril, 31 de julho e 31 de Lei; nais, zonas e locais, que vierem a ser cria-
VI estimativa das inversões necessá-
outubro, respectivamente. dos para a execução e a administração da
IV - praticar atos, tanto no contencio- Reforma Agrária; rias e dos custos.
Art. 29. Além dos recursos do Fundo so como no administrativo, inclusive os Art. 36. Os projetos elaborados pa-
Nacional de Reforma Agrária, a execu- relativos à desapropriação por interesse III- a determinação dos objetivos que
ra regiões geo-econômicas ou grupos de
ção dos projetes regionais contará com as social ou por utilidade ou necessidade deverão condicionar a elaboração dos
Planos Regionais; imóveis rurais, que possam ser tratados
contribuições financeiras dos órgãos e en- públicas. em comum, deverão consignar:

88 89
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES ANExo ÚNico: EsTATUTO DA TERRA

I - o levantamento sócio-económico Decreto Lei n• 582, de 1969) Art. 42. A Comissão Agrária, constituí- I - as regiões críticas que estão exigin-
da área; § 2° Integrarão, ainda, a Administração
da de um representante do Instituto Brasi- do reforma agrária com progressiva elimi-
leiro de Reforma Agrária, que a presidirá, nação dos minifúndios e dos latifündios;
n - os tipos e as unidades de explora- Superior do IBRA Diretores, até o máxi-
de três representantes dos trabalhadores
ção económica perfeitamente determina- mo de seis, de nomeação do Presidente II - as regiões em estágio mais avan-
do IBRA, mediante aprovação do GERA. rurais, eleitos ou indicados pelos órgãos çado de desenvolvimento social e econô-
dos e caracterizados;
(Redação dada pela Decreto Lei n• 582, de classe respectivos, de três representan- mico, em que não ocorram tenções nas
III- as obras de infra-estrutura e os ór- tes dos proprietários rurais eleitos ou indi-
gãos de defesa económica dos parceleiros de 1969) estruturas demográficas e agrárias;
cados pelos órgãos de classe respectivos,
necessários à implementação do projeto; Art. 39. Ao Conselho Técnico com- um representante categorizado de entida- III - as regiões já economicamente
IV o custo dos investimentos e o seu petirá discutir e propor as diretrizes dos de pública vinculada à agricultura e um ocupadas em que predomine economia de
esquema de aplicação; planos nacional e regionais de Reforma representante dos estabelecimentos de en- subsistência e cujos lavradores e pecua-
Agrária, estudar e sugerir medidas de ca- sino agricola, é o órgão competente para: ristas careçam de assistência adequada;
V - os serviços essenciais a serem ins- ráter legislativo e administrativo, necessá-
talados no centro da comunidade; I - instruir e encaminhar os pedidos de IV- as regiões ainda em fase de ocu-
rias à boa execução da Reforma.
VI - a renda familiar que se pretende aquisição e de desapropriação de terras; pação económica, carentes de programa
Art. 40. À Secretaria Executiva com- de desbravamento, povoamento e coloni-
alcançar; petirá elaborar e promover a execução II -manifestar-se sobre a lista de can- zação de áreas pioneiras.
VII - a colaboração a ser recebida dos do plano nacional de Reforma Agrária, didatos selecionados para a adjudicação
órgãos públicos ou privados que celebra- assessorar as Delegacias Regionais, ana- de lotes; § 1° Para a elaboração do zoneamento
rem convênios ou acordos para a execu- lisar os projetes regionais e dirigir a vida e caracterização das áreas prioritárias, se-
III - oferecer sugestões à Delegacia rão levados em conta, essencialmente, os
ção do projeto. administrativa do Instituto Brasileiro de Regional na elaboração e execução dos
Reforma Agrária. seguintes elementos:
programas regionais de Reforma Agrária;
SEÇÃOII Art. 41. As Delegacias Regionais do a) a posição geográfica das áreas, em
IV- acompanhar, até sua implantação, relação aos centros econômicos de várias
Dos Órgãos Específicos Instituto Brasileiro de Reforma Agrária os programas de reformas nas áreas esco-
(l.B.R.A.), cada qual dirigida por um ordens, existentes no país;
Art. 37. São órgãos específicos para a lhidas, mantendo a Delegacia Regional
execução da Reforma Agrária: (Redação Delegado Regional, nomeado pelo Presi- informada sobre o andamento dos traba- b) o grau de intensidade de ocorrência
dada pela Decreto Lei n• 582, de 1969) dente do Instituto Brasileiro de Reforma lhos. de áreas em imóveis rurais acima de mil
Agrária dentre técnicos de comprovada hectares e abaixo de cinqüenta hectares;
I - O Grupo Executivo da Reforma experiência em problemas agrários e re- § 1o A Comissão Agrária será consti-
Agrária (GERA); (Redação dada pela De- conhecida idoneidade, são órgãos exe- tuída quando estiver definida a área prio- c) o número médio de hectares por
1
creto Lei n• 582, de 1969) ritária regional de reforma agrária e terá pessoa ocupada;
cutores da Reforma nas regiões do país,
II - O Instituto Brasileiro de Reforma com áreas de jurisdição, competência e vigência até a implantação dos respecti- d) as populações rurais, seu incremen-
Agrária (IBRA), diretamente, ou através funções que serão fixadas na regulamen- vos projetas. to anual e a densidade específica da popu-
de suas Delegacias Regionais; (Redação tação da presente Lei, compreendendo a § 2"Vetado. lação agrícola;
dada pela Decreto Lei n• 582, de 1969) elaboração do cadastro, classificação das e) a relação entre o número de proprie-
III - as Comissões Agrárias. (Redação terras, formas e condições de uso atual tários e o número de rendeiros, parceiros
dada pela Decreto Lei n• 582, de 1969) e potencial da propriedade, preparo das SEÇÃOIII e assalariados em cada área.
propostas de desapropriação, e seleção Do Zoneamento
Art. 38. O IBRA será dirigido por um § 2° A declaração de áreas prioritárias
dos candidatos à aquisição das parcelas. e dos Cadastros
Presidente nomeado pelo Presidente da será feita por decreto do Presidente daRe-
República. (Redação dada pela DeCreto Parágrafo único. Dentro de cento e oi- Art. 43. O Instituto Brasileiro de Re- pública, mencionando:
Lei n• 582, de 1969) tenta dias, após a publicação do decreto forma Agrária promoverá a realização de
que a criar, a Delegacia Regional apresen- estudos para o zoneamento do país em a) a criação da Delegacia Regional do
§ 1° O Presidente do IBRA terá a re-
tará ao Presidente do Instituto Brasileiro de regiões homogêneas do ponto de vista Instituto Brasileiro de Reforma Agrária
muneração correspondente a 75% (seten-
Reforma Agrária o plano regional de Re- sócio-económico e das características da com a exata delimitação de sua área de
ta e cinco por cento) do que percebem os jurisdição;
Ministros de Estado. (Redação dada pela formaAgrária, na forma prevista nesta Lei. estrutura agrária, visando a definir:

90 91
FABRÍCIO GASPAR RODRIGUES ANExO ÚNICO: ESTATUTO DA TERRA

b) a duração do período de intervenção I - dados para caracterização dos imó- c) os sistemas de contrato de trabalho, da vocação agrícola das terras;
governamental na área; veis rurais com indicação: com discriminação de arrendatários, par- e) dos limites mínimos de produtivida-
a) do proprietário e de sua família; ceiros e trabalhadores rurais; de agrícola para confronto com os mes-
c) os objetivos a alcançar, principal-
mente o número de unidades familiares e b) dos títulos de dommio, da natureza d) as práticas conservacionistas em- mos índices obtidos em cada imóvel nas
cooperativas a serem criadas; da posse e da forma de administração; pregadas e o grau de mecanização; áreas prioritárias de reforma agrária.
d) outras medidas destinadas a atender c) da localização geográfica; e) os volumes e os índices médios rela- § 2° Os cadastros serão organizados de
a peculiaridades regionais. tivos à produção obtida; acordo com normas e fichas aprovadas pe-
d) da área com descrição das linhas de lo mstituto Brasileiro de Reforma Agrária
Art. 44. São objetiv9s dos zoneamen- divisas e nome dos respectivos confron- t) as condições para o beneficiamento
tos definidos no artigo anterior: dos produtos agropecuários. na forma indicada no regulamento, e po-
tantes; derão ser executados centralizadamente
I - estabelecer as diretrizes da políti- e) das dimensões das testadas para vias § 1o Nas áreas prioritárias de reforma pelos órgãos de valorização regional~
ca agrária a ser adotada em cada tipo de públicas; agrária serão complementadas as fichas pelos Estados ou pelos Municípios, caso
região; cadastrais elaboradas para atender às fi- em que o Instituto Brasileiro de Reforma
f) do valor das terras, das benfeitorias, nalidades fiscais, com dados relativos ao
II - programar a ação dos órgãos go- Agrária lhes prestará assistência técnica e
dos equipamentos e das instalações exis- relevo, às pendentes, à drenagem, aos financeira com o objetivo de acelerar sua
vernamentais, para desenvolvimento do tentes discriminadamente; solos e a outras características ecológicas realização em áreas prioritárias de Refor-
setor rural, nas regiões delimitadas co-
II - natureza e condições das vias de que permitam avaliar a capacidade do uso ma Agrária.
mo de maior significação econômica e
acesso e respectivas distâncias dos cen- atu~ e potencial, e fixar uma classifica-
social. § 3° Os cadastros terão em vista a pos-
tros demográficos mais próximos com ção das terras para os fins de realização
Art. 45. A fim de completar os traba- de estudos micro-económicos, visan- sibilidade de garantir a classificação, a
população: identificação e o grupamento dos vários
lhos de zoneamento serão elaborados pe- do, essencialmente, à determínação por
lo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária a) até 5.000 habitantes; amostragem para cada zona e forma de imóveis rurais que pertençam a um único
levantamentos e análises para: b) de mais de 5.000 a I 0.000 habitan- exploração: proprietário, ainda que situados em muni-
tes; cípios distintos, sendo fornecido ao pro-
I - orientar as disponibilidades agro- a) das áreas mínimas ou módulos de prietário o certificado de cadastro na for-
pecuárias nas áreas sob o controle do c) de mais de 10.000 a20.000 habitan- propriedade rural determinados de acor- ma indicada na regulamentação desta Lei.
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária tes; do com elementos enumerados neste
quanto -à melhor destinação econômica § 4° Os cadastros serão continuamente
d) de mais de 20.000 a 50.000 habi- parágrafo e, mais a força de trabalho do
das terras, adoção de práticas adequadas conjunto familiar médio, o nível tecnoló- atualizados para inclusão das novas pro-
tantes; priedades que f&rem sendo constituídas e,
segundo as condições ecológicas, capaci- gico predominante e a renda familiar a ser
dade potencial de uso e mercados interno e) de mais de 50.000 a 100.000 habi- obtida~
no mínimo, de cinco em cinco anos serão
e externo; tantes; feitas revisões gerais para atualização das
b) dos limites máximos permitidos de fichas já levantadas.
II - recuperar, diretamente, mediante f) de mais de 100.000 habitantes; áreas dos imóveis rurais, os quais não ex-
projetas especiais, as áreas degradadas cederão a seiscentas vezes o módulo mé- § 5° Poderão os proprietários requerer
III - condições da exploração e do uso a atualização de suas fichas, dentro de um
em virtude de uso predatório e ausência da terra, indicando: dio da propriedade rural nem a seiscentas
de medidas de proteção dos recursos na- vezes a área média dos imóveis rurais, na ano da data das modificações substanciais
turais renováveis e que se situem em regi- a) as percentagens da superficie total respectiva zona; relativas aos respectivos imóveis rurais,
ões de elevado valor económico. em cerrados, matas, pastagens, glebas de desde que comprovadas as alterações, a
cultivo (especificadamente em exploração c) das dimensões ótimas do imóvel ru- critério do Instituto Brasileiro de Refor-
Art. 46. O Instituto Brasileiro de Re- e inexplorados) e em áreas inaproveitá- ral do ponto de vista do rendimento eco- ma Agrária.
forma Agrária promoverá levantamentos, veis; nômico;
com utilização, nos casos indicados, dos § 6° No caso de imóvel rural em co-
b) os tipos de cultivo e de criação, as d) do valor das terras em função das mum por força de herança, as partes ide-
meios previstos no Capítulo II do Título I,
formas de proteção e comercialização dos características do imóvel rural, da classi- ais, para os fins desta Lei, serão conside-
para a elaboração do cadastro dos imóveis
produtos; ficação da capacidade potencial de uso e radas como se divisão houvesse, devendo
rurais em todo o país, mencionando:

92 93
F ABRÍCJO GASPAR RODRIGUES ANEXO ÚNICO: ESTATUTO DA TERRA

ser cadastrada a área que, na partilha, SEÇÃOII I - o valor da terra nua; (Redação dada § 4° Fica facultado ao órgão respon-
tocaria a cada herdeiro e admitidos os Do Imposto Territorial Rural pela Lei n• 6.746, de 1979) sável pelo lançamento, quando houver
demais dados médios verificados na área Art. 48. Observar-se-ão, quanto ao II - a área do imóvel rural; (Redação omissão dos proprietários, titulares do
total do imóvel rural. Imposto Territorial Rural, os seguintes dada pela Lei n• 6.746, de 1979) dominio útil ou possuidores, a qualquer
§ 7° O cadastro inscreverá o valor de princípios: título, de imóvel rural, na prestação da
III o grau de utilização da terra na declaração para cadastro, proceder ao
cada imóvel de acordo com os elementos -I - a União poderá atribuir, por con- exploração agrícola, pecuária e florestal;
enumerados neste artigo, com base na de- lançamento do imposto com a utilização
vênio, aos Estados e Municípios, o lança- (Redação dada pela Lei n• 6.746, de 1979) de dados indiciários, além da cobrança de
claração do proprietário relativa ao valor mento, tendo por base os levantamentos
da terra nua, quando não. impugnado pelo IV- o grau de eficiência obtido nas di- multas e despesas necessárias à apuração
cadastrais executados e periodicamente ferentes explorações; (Redação dada pela dos referidos dados. (Incluído pela Lei n°
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, atualizados;
ou o valor que resultar da avaliação ca- Lei n• 6.746, de 1979) 6.746, de 1979)
dastral. · U - a União também poderá atribuir, V - a área total, no País, do conjunto Art. 50. Para cálculo do imposto,
por convênio, aos Municípios, a arrecada- de imóveis rurais de um mesmo proprie- aplicar-se-á sobre o valor da terra nua,
ção, ficando a eles garantida a utilização tário. (Redação dada pela Lei n• 6.746, de constante da declaração para cadastro,
TÍTULO III da importância arrecadada; 1979) e não impugnado pelo órgão competen-
DA POLÍTICA DE
III quando a arrecadação for atribuída, § 1° Os fatores mencionados neste arti- te, ou resultante de avaliação, a alíquota
DESENVOLVIMENTO RURAL
por convênio, ao Município, à União ca- go serão estabelecidos com base nas infor- correspondente ao número de módulos
CAPÍTULO I berá o controle da cobrança; mações apresentadas pelos proprietários, fiscais do imóvel, de acordo com a tabela
Da Tributação da Terra titulares do domínio útil ou possuidores,. adiante: (Redação dada pela Lei n• 6.746,
IV - as épocas de cobrança deverão
SEÇÃOI ser fixadas em regulamento, de tal forma a qualquer título, de imóveis rurais, obri- de 1979)
Critérios Básicos que, em cada região, se ajustem, o mais gados a prestar declaração para cadastro, ( ... )
Art. 4 7. Para incentivar a política de possível, aos períodos normais de comer- nos prazos e segundo normas fixadas na
§ 1o O imposto não incidirá sobre o
desenvolvimento rural, o Poder Público cialização da produção; regulamentação desta Lei. (Redação dada
pela Lei n• 6.746, de 1979) imóvel rural, ou conjunto de imóveis ru-
se utilizará da tributação progressiva da V - o imposto arrecadado será con- rais, de área igual ou inferior a um mó-
terra, do Imposto de Renda, da coloniza- tabilizado diariamente como depósito à § 2° O órgão responsável pelo lança- dulo fiscal, desde que seu proprietário,
ção pública e particular, da assistência e ordem, exclusivamente, do Município, a mento do imposto poderá efetuar o le- titular do domínio útil ou possuidor, a
proteção à economia rural e ao coopera- que pertencer e a ele entregue diretamente vantamento e a revisão das declarações qualquer título, o cultive só ou com sua
tivismo e, finalmente, da regulamentação pelas repartições arrecadadoras, no último prestadas pelos proprietários, titulares do família, admitida a ajuda eventual de ter-
do uso e posse temporários da terra, ob- dia útil de cada mês; domínio útil ou possuidores, a qualquer ceiros. (Redação dada pela Lei n• 6. 746,
jetivando: título, de imóveis rurais, procedendo-se de 1979)
VI - o imposto não incidirá sobre sí- a verificações "in loco" se necessário.
I - desestimular os que exercem o di- tios de área não excedente a vinte hecta- § zo O módulo fiscal de cada Municí-
reito de propriedade sem observância da (Redação dada pela Lei n• 6.746, de
res, quando os cultive só ou com sua fa- 1979) pio, expresso em hectares, será determi-
função social e econômica da terra; mília, o proprietário que não possua outro nado levando-se em conta os seguintes
II estimular a racionalização da ati- imóvel (artigo 29, parágrafo único, da § 3° As declarações previstas no pa- fatores: (Redação dada pela Lei n• 6.746,
vidade agropecuária dentro dos princípios Constituição Federal). rágrafo primeiro serão apresentadas sob de 1979)
de conservação dos recursos naturais re- inteira responsabilidade dos proprietá-
Art. 49. As normas gerais para a fi- rios, titulares do domínio útil ou possui- a) o tipo de exploração predominante
nováveis; no Município:
xação do imposto sobre a propriedade dores, a qualquer titulo, de imóvel rural,
III - proporcionar recursos à União, territorial rural obedecerão a critérios e, no caso de dolo ou má-fé, os obrigará I - hortifrutigranjeira;
aos Estados e Municípios para financiar de progressividade e regressividade,. ao pagamento em dobro dos tributos de-
os projetos de Reforma Agrária; levando-se em conta os seguintes fato- Il- cultura permanente;
vidos, além das multas decorrentes e das
IV- aperfeiçoar os sistemas de contro- res: (Redação dada pela Lei n• 6.746, de despesas com as verificações necessárias. III - cultura temporária;
le da arrecadação dos impostos. 1979) (Redação dada pela Lei n• 6.746, de 1979) IV- pecuária;

94 95
FABRicio GASPAR RoDRIGUES ANEXO ÚNico: ESTATUTO DA TERRA

V -florestal; b) redução de até 45% (quarenta e cin- c) no terceiro ano e seguintes: 4,0 das indústrias extrativas, vegetal e animal,
co por cento), pelo grau de eficiência na (quatro). e de transformação de produtos agrícolas
b) a renda obtida no tipo de exploração e pecuários feita pelo próprio agricultor
exploração, medido pela relação entre o § I O. Em qualquer hipótese, a aplica-
predominante; ou criador, com matéria-prima da proprie-
rendimento obtido por hectare para cada ção do disposto no § 9° não resultará em
c) outras explorações existentes no produto explorado e os correspondentes dade explorada, aplicar-se-á o coeficiente
alíquotas inferiores a: (Incluído pela Lei
Município que, embora não predominan- índices regionais fixados pelo Poder Exe- de três por cento sobre o valor referido no
n° 6. 746, de 1979)
tes, sejam expressivas em função da renda cutivo e multiplicado pelo grau de utiliza- inciso I do artigo 49 desta Lei, constante
ou da área utilizada; ção da terra, referido na alínea "a" deste a)noprimeiro ano: 2% (dois porcento); da declaração de bens ou do balanço pa-
parágrafo. b) no segundo ano: 3% (três porcento); trimonial.
d) o conceito de "propriedade fami-
§ 6° A redução do imposto de que trata § 1o As construções e benfeitorias se-
líar", definido no item II do artigo 4° desta c) no terceiro ano e seguintes: 4%
o-§ 5° deste artigo não se aplicará para o rão deduzidas do valor do imposto, sobre
Lei. (quatro por cento).
imóvel que, na data do lançamento, não elas não recaindo a tributação de que trata
§ 3° O número de módulos fiscais de esteja com o imposto de exercícios ante- § 11. Os limites referidos no § 9° são este artigo.
um imóvel rural será obtido dividindo-se riores devidamente quitado, ressalvadas fixados segundo o tamanho do módulo fis-
§ 2° No caso de não ser possível apurar
sua área aproveitável total pelo modulo as hipóteses previstas no artigo 151 do cal do MQ!licípio de localização do imóvel
o valor exato das construções e benfeito-
fiscal do Município. (Redação dada pela rural, da seguinte forma: (Incluído pela Lei
Código Tributário Nacional. (Redação rias existentes, será ele arbitrado em trinta
Lein°6.746,de 1979) dada pela Lei n° 6.746, de 1979) n° 6.746, de 1979)
por cento do valor da terra nua, conforme
§ 4° Para os efeitos desta Lei; cons- § 7° O Poder Executivo poderá, manti- declaração para efeito do pagamento do
titui área aproveitável do imóvel rural a do o limite máximo de 90% (noventa por imposto territorial.
que for passível de exploração agrícola, cento), alterar a distribuição percentual § 3° Igualmente será deduzido o valor
pecuária ou florestal. Não se considera prevista nas alíneas a e b do § 5° des- do gado, das máquinas agrícolas e das
aproveitável: (Redação dada pela Lei no te artigo, ajustando-a à política agrícola culturas permanentes, sobre ele aplican-
6.746, de 1979) adotada para as diversas regiões do País. do-se o coeficiente da um por cento para a
a) a área ocupada por benfeitoria; (Redação dada pela Lei n° 6.746, de 1979) determinação da renda tributável.
§ 8° Nos casos de intempérie ou cala- § 4°No caso de imóvel rural explorado
b) a área ocupada por floresta ou mata § 12. Nos casos de projetas agropecuá-
midade de que resulte frustração de safras por arrendatário, o valor anual do arrenda-
de efetiva preservação permanente, ou re- rios, a suspen§~o da aplicação do disposto
ou mesmo destruição de pastos, para o mento poderá ser deduzido da importân-
florestada com essências nativas; nos §§ 9° 10 e 11 deste artigo, poderá ser
cálculo da redução prevista nas alíneas cia tributável, câlculado nos termos deste
c) a área comprovadamente impres- "a" e "b" do § 5° deste artigo, poderão ser requerida por um periodo de até 3 (três) artigo e §§ 1°, 2° e 3°. Admitir-se-á essa
tável para qualquer exploração agrícola, utilizados os dados do período anterior ao anos. (Incluído pela Lei n° 6.746, de 1979) dedução dentro do limite de cinqUenta por
pecuária ou florestaL da ocorrência, podendo ainda o Ministro Art. 51. Vetado. cento do respectivo valor, desde que se
da Agricultura fixar as percentagens de Parágrafo único. Vetado. comuniquem à repartição arrecadadora o
§ 5° O imposto calculado na forma do
caput deste artigo poderá ser objeto de re-
redução do imposto que serão utilizadas. nome e ender~ço do proprietário, e o valor
Art. 52. (Revogadopela Lei no 6.746,
dução de até 90% (noventa por cento) a (Redação dada pela Lei n° 6.746, de 1979) do pagamento que lhe houver sido feito.
de 1979)
título de estímulo fiscal, segundo o grau § 9° Para os imóveis rurais que apre- § 5° Poderá também ser deduzida do
de utilização econômica do imóvel rural, sentarem grau de utilização da terra; cal.:. valor tributável, referido no parágrafo an-
da forma seguinte: (Redação dada pela culado na forma da alínea a § 5° deste ar- SEÇÃOIII terior, a importância paga pelo contribuin-
Lei no 6. 746, de 1979) tigo, inferior aos limites fixados no § 11, Do Rendimento da Exploração Agrícola te no último exercício, a título de Imposto
a alíquota a ser aplicada será multiplicada e Pastoril e das Indústrias Extrativas, Territorial Rural.
a) redução de até 45% (quarenta e pelos seguintes coeficientes: (Incluído pe- Vegetal e Animal
cinco por cento), pelo grau de utilização § 6° Não serão permitidas quaisquer
Ja Lei no 6.746, de 1979) Art. 53. Na determinação, para efeitos outras deduções do rendimento líquido
da terra; medido pela relação entre a área
a) no primeiro ano: 2,0 (dois); do Imposto de Renda, do rendimento lí- calculado na forma deste artigo, ressalva-
efetivamente utilizada e a área aproveitá-
quido da exploração agrícola ou pastoril, do o disposto nos §§ 4° e 5°.
vel total do imóvel rural; b) no segrmdo ano: 3,0 (três);

96 97
FABRicro GASPAR RoDRIGUES ANEXO ÚNICO: ESTATUTO DA TERRA

§ 7° Ao proprietário do imóvel rural, § 2"Vetado I - a integração e o progresso social e SEÇÃOII


total ou parcialmente arrendado, conce- § 3"Vetado económico do parceleiro; Da Colonização Particular
der-se-á o direito de excluir o valor dos Art. 60. Para os efeitos desta Lei, con-
bens arrendados, desde que declarado e § 4"Vetado II- o levantamento do nível de vida do
trabalhador rural; sideram-se empresas partículares de colo-
comprovado o valor do arrendamento e § 5"Vetado
nização as pessoas físicas, nacionais ou
identificado o arrendatário. III - a conservação dos recursos natu- estrangeiras, residentes ou domiciliadas
§ go Às pessoas físicas é facultado re- CAPÍTULOll rais e a recuperação social e económica de no Brasil, ou jurídicas, constituídas e se-
ajustar o valor dos imóveis rurais em suas Da Colonização determinadas áreas; diadas no País, que tiverem por finalidade
declarações de renda e de bens, a partir do SEÇÃOI IV - o aumento da produção e da pro- executar programa de valorização de área
exercício financeiro de 1965, independen- Da Colonização Oficial dutividade no setor primário. ou distribuição de terras. (Redação dada
temente de qualquer comprovação, sem pela Lei n• 5.709, de 19/01/71)
que seja tributável o aumento de patri- Art. 55. Na colonização oficial, o Po- Art. 58. Nas regiões prioritárias defini-
der Público tomará a iniciativa de recrutar § 1o É dever do Estado estimular, pelos
mónio resultante desse reajustamento. Às das pelo zoneamento e na fixação de suas
e selecionar pessoas ou famílias, dentro meios enumerados no artigo 73, as inicia-
empresas rurais, organizadas sob a forma populações em outras regiões, caberão ao
ou fora do território nacional, reunindo-as tivas particulares de colonização.
de sociedade civil, serão outorgados idên- Instituto Brasileiro de Reforma Agrária as
ticos benefícios quanto ao registro contá- em núcleos agrícolas ou agro-industriais, atividades colonizadoras. § 2° A empresa rural, definida no inci-
bil e ao aumento do ativo líquido. podendo encarregar-se de seu transporte, so VI do artigo 4°, desde que incluída em
recepção, hospedagem e encaminhamen- § 1o Nas demais regiões, a coloni- projeto de colonização, deverá permitir a
§ 9" À falta de integralização do capi- to, até a sua colocação e integração nos zação oficial obedecerá à metodologia livre participação em seu capital dos res-
tal das empresas rurais, referidas no pará- respectivos núcleos. observada nos projetos realizados nas pectivos parceleiros.
grafo anterior, não impede a correção do Art. 56. A colonização oficial deverá áreas prioritárias, e será coordenada pelo
ativo, prevista neste artigo. O aumento do Órgão do Ministério da Agricultura refe- Art. 61. Os projetos de colonização
ser realizada em terras já incorporadas ao particular, quanto à metodologia, deverão
ativo líquido e do capital resultante dessa Património Público ou que venham a sê- rido no artigo 74, e executada por este,
correção não poderá ser aplicado na inte- pelos Governos Estaduais ou por enti- ser previamente examinados pelo Institu-
lo. Ela será efetuada, preferencialmente, to Brasileiro de Reforma Agrária, que ins-
gralização de ações ou quotas. nas áreas: dades de valorização regional, mediante
creverá a entidade e o respectivo projeto
§ 1O. Os aumentos de capital das pes- I ociosas ou de aproveitamento ina- convênios.
em registro próprio. Tais projetos serão
soas jurídicas resultantes da incorporação, dequado; aprovados pelo Ministério da Agricultura,
§ 2° As atribuições referentes à sele-
a seu ativo, de ações distribuídas em vir-
II - próximas a grandes centros urba- ção de imigrantes são da competência cujo órgão próprio coordenará a respecti-
tude da correção monetária realizada por va execução. I
nos e de mercados de fácil acesso, tendo do Ministério das Relações Exteriores,
empresas rurais, de que sejam acionistas
em vista os problemas de abastecimento; conforme diretrizes fixadas pelo Ministé- § 1o Sem prévio registro da entidade
ou sócias nos termos deste artigo, não so-
lll - de êxodo, em locais de fácil rio da Agricultura, em articulação com o colonizadora e do projeto e sem a apro-
frerão qualquer tributação. Idêntica isen-
ção vigorará relativamente às ações resul- acesso e comunicação, de acordo com os Ministério do Trabalho e Previdência So- vação deste, nenhuma parcela poderá ser
tantes daquele aumento de capital. planos nacionais e regionais de vias de cial, cabendo ao órgão referido no artigo vendida em programas particulares de co-
transporte; 74 a recepção e o encaminhamento dos lonização.
§ 11. Os valores de que tratam os §§ imigrantes.
go e 1O, deste artigo, não poderão ser infe- IV - de colonização predominante- § 2° O proprietário de terras próprias
riores ao preço de aquisição do imóvel e mente estrangeira, tendo em mira facilitar Art. 59. O órgão competente do Minis- para a lavoura ou pecuária, interessados
das inversões em benfeitorias, atualizadas o processo de interculturação; tério da Agricultura referido no artigo 74, em loteá-las para fins de urbanização ou
de acordo com os coeficientes de correção V- de desbravamento ao longo dosei- poderá criar núcleos de colonização, vi- formação de sítios de recreio, deverá sub-
monetária, fixados pelo Conselho Nacio- xos viários, para ampliar a fronteira eco- sando a fins especiais, e deverá igualmen- meter o respectivo projeto à prévia apro-
nal de Economia. nómica do país. te entrar em entendimentos com o Minis- vação e fiscalização do órgão competente
Art. 57. Os programas de colonização tério da Guerra para o estabelecimento de do Ministério da Agricultura ou do Insti-
Art. 54. Vetado.
têm em vista, além dos objetivos especifi- colônias, com assistência militar, na fron- tuto Brasileiro de Reforma Agrária, con-
§!"Vetado teira continental. forme o caso.
cados no artigo 56:

98 99
FABRiCIO GASPAR RoDRIGUES ANExo ÚNico: ESTATUTO DA TERRA

§ 3° A fim de possibilitar o cadastro, valorização econômica da terra, em que § 1o Todos os meios enumerados nes- a Fundação Brasil Central (FBC), a Su-
o controle e a fiscalização dos loteamen- predominem o trabalho assalariado ou te artigo serão utilizados para dar plena perintendência do Plano de Valorização
tos rurais, os Cartórios de Registro de contratos de arrendamento e parceria, capacitação ao agricultor e sua família e Econômica da Região Fronteira Sudoeste
Imóveis são obrigados a comunicar aos não gozarão dos benefícios previstos visam, especialmente, ao preparo educa- do País (SUDOESTE), a utilização desses
órgãos competentes, referidos no pará- nesta Lei. cional, à formação empresarial e técnico- meios poderá ser, no todo ou em parte,
grafo anterior, os registros efetuados nas ...
( ) profissional: exercida Por esses órgãos.
respectivas circunscrições, nos termos da § 3° Os projetos de Reforma Agrária
a) garantindo sua integração social e
legislação em vigor, informando o nome receberão assistência integral, assim com-
ativa participação no processo de desen-
do proprietário, a denominação do imó- CAPÍTULOill preendido o emprego de todos os meios
volvimento rural;
vel e sua localização, bem como a área, o Da Assistência e Proteção enumerados neste artigo, ficando a cargo
número de lotes, e a data do registro nos à Economia Rural b) estabelecendo, no meio rural, clima
dos organismos criados pela presente Lei
citados órgãos. de cooperação entre o homem e o Estado,
Art. 73. Dentro das diretrizes fixadas e daqueles já existentes, sob coordenação
§ 4° Nenhum projeto de colonização no aproveitamento da terra.
para a política de desenvolvimento rural, do Instituto Brasileiro de RefonnaAgrária.
particular será aprovado para gozar das com o fim de prestar assistência social, § 2° No que tange aos campos de
§ 4° Nas regiões prioritárias de Refor-
vantagens desta Lei, se não consignar técnica e fomentista e de estimular a pro- ação dos órgãos incumbidos de orientar,
ma Agrária, será essa assistência presta-
para a empresa colonizadora as seguintes dução agropecuária, de forma a que ela normalizar ou executar a política de de-
da, também, pelo Instituto Brasileiro de
obrigações mínimas: atenda não só ao consumo nacional, mas senvolvimento rural, através dos meios
Reforma Agrária, em colaboração com
a) abertura de estradas de acesso e de também à possibilidade de obtenção de enumerados neste artigo, observar-se-á o
os órgãos estaduais pertinentes, aos pro-
penetração à área a ser colonizada; excedentes exportáveis, serão mobiliza- seguinte:
prietários rurais aí existentes, desde que
dos, entre outros, os seguintes meios: a) nas áreas abrangidas pelas regiões se constituam em cooperativas, requeiram
b) divisão dos lotes e respectivo pi-
queteamento, obedecendo a divisão, tanto I - assistência técnica; prioritárias e incluídas nos planos na- os beneficias aqui mencionados e se com-
quanto possível, ao critério de acompa- cional e regionais de Reforma Agrária, prometam a observar as normas estabele-
II -produção e distribuição de semen-
nhar as vertentes, partindo a sua orienta- tes e mudas; a atuação competirá sempre ao Instituto cidas.
ção no sentido do espigão para as águas, Brasileiro de Reforma Agrária;
lli - criação, venda e distribuição de ( ... )
de modo a todos os lotes possuírem água b) nas demais áreas do país, esses
reprodutores e uso da inseminação artifi-
própria ou comum; meios de assistência e proteção serão uti-
cial;
c) manutenção de uma reserva florestal lizados sob coordenação do Ministério CAPÍTULO IV
nos vértices dos espigões e nas nascentes; IV - mecanização agrícola; da Agricultura; no âmbito de atuação dos Do Uso ou dp Posse Temporária da
d) prestação de assistência médica V- cooperativismo; órgãos federais, pelas repartições e enti- Terra
e técnica aos adquirentes de lotes e aos VI - assistência financeira e creditícia; dades subordinadas ou vinculadas àquele SEÇÃOI
membros de suas famílias; Ministério; nas áreas de jurisdição dos Das Normas Gerais
VII - assistência à comercialização; Estados, pelas respectivas Secretarias de
e) fomento da produção de uma deter- Art. 92. A posse ou uso temporário da
VIII - industrialização e beneficia- Agricultura e entidades de economia mis-
minada cultura agrícola já predominante terra serão exercidos em virtude de con-
mento dos produtos; ta, criadas e adequadamente organizadas
na região ou ecologicamente aconselha- com a finalidade de promover o desenvol- trato expresso ou tácito, estabelecido en-
da pelos técnicos do Instituto Brasileiro IX - eletrificação rural e obras de in- tre o proprietário e os que nela exercem
fra-estrutura; vimento rural;
de Reforma Agrária ou do Ministério da atividade agrícola ou pecuária, sob forma
Agricultura; X- seguro agrícola; c) nas regiões em que a tuem órgãos de de arrendamento rural, de parceria agrí-
valorização económica, tais como a Su- cola, pecuária, agro-industrial e extrativa,
f) entrega de documentação legalizada XI - educação, através de estabeleci-
perintendência do Desenvolvimento Eco- nos termos desta Lei.
e em ordem aos adquirentes de lotes. mentos agrícolas de orientação profissio- nômico do Nordeste (SUDENE), a Su-
§§ 5°- 6°- 7°- 8°- Vetados. nal; § 1o O proprietário garantirá ao arren-
perintendência do Plano de Valorização
Art. 62. Os interessados em projetos XII - garantia de preços mínimos à Econômica da Amazônia (SPVEA), a Co- datário ou parceiro o uso e gozo do imó-
de colonização destinados à ocupação e produção agrícola. missão do Vale do São Francisco (CVSF), vel arrendado ou cedido em parceria.

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FABRiciO GASPAR RoDRIGUES ANEXO ÚNico: EsTATUTO DA TERRA

§ 2" Os preços de arrendamento e de arrendatário ou ao parceiro o direito de a) razões de segurança nacional o de- desde que o arrendador, nos 30 (triuta)
parceria fixados em contrato ... Vetado .. pagar pelas taxas mínimas vigorantes na terminarem; dias seguintes, não manifeste sua desis-
serão reajustados periodicamente, de região para cada tipo de contrato. tência ou formule nova proposta, tudo
acordo com os índices aprovados pelo b) áreas de núcleos de colonização pio-
§ 8° Para prova dos contratos previstos neira, na sua fase de implantação, forem mediante simples registro de suas decla-
Conselho Nacional de Economia. Nos neste artigo, será permitida a produção de rações no competente Registro de Títulos
casos em que ocorra exploração de pro- organizadas para fins de demonstração;
testemunhas. A ausência de contrato não e Documentos; (Redação dada pela Lei n°
dutos com preço oficialmente fixado, a poderá elidir a aplicação dos princípios c) forem motivo de posse pacífica e a 11.443, de 2007).
relação entre os preços reajustados e os estabelecidos neste Capítulo e nas normas justo título, reconhecida pelo Poder Públi-
iniciais não pode ultrapassar a relação en- V - os direitos assegurados no inciso
regulamentares. co, antes da vigência desta Lei.
tre o novo preço fixado para os produtos IV do caput deste artigo não prevalecerão
e o respectivo preço na época do contrato, § 9° Para solução dos casos omissos se, no prazo de 6 (seis) meses antes do
obedecidas as nonnas do Regulamento na presente Lei, prevalecerá o disposto no SEÇÃOII vencimento do contrato, o proprietário,
desta Lei. Código Civil. Do Arrendamento Rural por via de notificação extrajudicial, decla-
rar sua intenção de retomar o imóvel para
§ 3° No caso de alienação do imóvel Art. 93. Ao proprietário é vedado exi- Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, explorá-lo diretamente ou por intermédio
arrendado, o arrendatário terá preferência gir do arrendatário ou do parceiro: observar-se-ão os seguintes princípios: de descendente seu; (Redação dada pela
para adquiri-lo em igualdade de condi- I - prestação de serviço gratuito; Lei n• 11.443, de 2007).
I -os prazos de arrendamento termina-
ções, devendo o proprietário dar-lhe co-
II - exclusividade da venda da colhei- rão sempre depois de ultimada a colheita, VI - sem expresso consentimento do
nhecimento da venda, a fim de que possa
ta; inclusive a de plantas forrageiras tempo- proprietário é vedado o subarrendamento;
. exercitar o direito de perempção dentro de
rárias cultiváveis. No caso de retardamen- VII - poderá ser acertada, entre o pro-
trinta dias, a contar da notificação judicial III- obrigatoriedade do beneficiamen- to da colheita por motivo de força maior, prietário e arrendatário, cláusula que per-
ou comprovadamente efetuada, mediante to da produção em seu estabelecimento;
recibo. considerar-se-ão esses prazos prorrogados mita a substituição de área arrendada por
IV - obrigatoriedade da aquisição de nas mesmas condições, até sua ultimação; outra equivalente no mesmo imóvel rural,
§ 4° O arrendatário a quem não se no- gêneros e utilidades em seus armazéns ou
tificar a venda poderá, depositando o pre- II- presume-se feito, no prazo mínimo desde que respeitadas as condições de ar-
barracões;
ço, haver para si o imóvel arrendado, se o de três anos, o arrendamento por tempo rendamento e os direitos do arrendatário;
requerer no prazo de seis meses, a contar V - aceitação de pagamento em "or- indeterminado, observada a regra do item VIII - o arrendatário, ao termo do con-
da transcrição do ato de alienação no Re- dens", "vales", "borós" ou outras formas anterior; trato, tem direito à indenização das ben-
gistro de Imóveis. regíonais substitutivas da moeda. III- o arrendatário, para iniciar qual- feitorias necessárias e úteis; será indeni-
§ 5° A alienação ou a imposição de Parágrafo único. Ao proprietário que quer cultura cujos frutos não possam ser zado das benfeiJorias voluptuárias quaudo
ônus real ao imóvel não interrompe a houver financiado o arrendatário ou par- recolhidos antes de terminado o prazo de autorizadas pelo proprietário do solo; e,
vigência dos contratos de arrendamento ceiro, por inexistência de financiamento arrendamento, deverá ajustar, previamen- enquanto o arrendatário não for indeni-
ou de parceria ficando o adquirente sub- direto, será facultado exigir a venda da te, com o arrendador a forma de pagamen- zado das benfeitorias necessárias e úteis,
rogado nos direitos e obrigações do alie- colheita até o limite do financiamento to do uso da terra por esse prazo exceden- poderá permanecer no imóvel, no uso e
nante. concedido, observados os níveis de pre- te; (Redação dada pela Lei n• 11.443, de gozo das vantagens por ele oferecídas, nos
ços do mercado local. 2007). termos do contrato de arrendamento e das
§ 6" O inadimplemento das obrigações disposições do incíso I deste artigo; (Re-
assumidas por qualquer das partes da- Art. 94. É vedado contrato de arrenda- IV - em igualdade de condições com
dação dada pela Lei n• 11.443, de 2007).
rá lugar, facultativamente, à rescisão do mento ou parceria na exploração de terras estranhos, o arrendatário terá preferência
contrato de arrendamento ou de parceria. de propriedade pública, ressalvado o dis- à renovação do arrendamento, devendo IX - constando do contrato de arren-
observado o disposto em lei. posto no parágrafo único deste artigo. o proprietário, até 6 (seis) meses antes damento animais de cria, de corte ou de
do vencimento do contrato, fazer-lhe a trabalho, cuja forma de restituição não
§ 7" Qualquer simulação ou fraude Parágrafo único. Excepcionalmente, tenha sido expressamente regulada, o ar-
do proprietário nos contratos de arrenda- poderão ser arrendadas ou dadas em par- competente notificação extrajudicial das
propostas existentes. Não se verifican- rendatário é obrigado, :findo ou rescindido
mento ou de parceri~ em que o preço seja ceria terras de propriedade púbica, quan- o contrato, a restítuí-los em igual número,
satisfeito em produtos agrícolas, dará ao do: do a notificação extrajudicial, o contrato
considera-se automaticamente renovado, espécíe e valor;

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X - o arrendatário não responderá por por parte dos trabalhadores rurais quali- V - no Regulamento desta Lei, serão gado, cercas, valas ou currais, conforme
qualquer deterioração ou prejuízo a que ficados para participar do Programa Na- complementadas, conforme o caso, as se- o caso; (Redação dada pela Lei n' 11.443,
não tiver dado causa; cional de Reforma Agrária, na forma es- guintes condições, que constarão, obriga- de2007).
tabelecida em regulamento.(Incluído pela toriamente, dos contratos de parceria agrí- e) 50% (cinqüenta por cento}, caso
XI - na regulamentação desta Lei, se-
Medida Provisória n' 2.183-56, de 2001) cola, pecuária, agro-industrial ou extrativa: concorra com a terra preparada e o con-
rão complementadas as seguintes condi-
ções que, obrigatoriamente, constarão dos a) quota-limite do proprietário na par- junto básico de benfeitorias enumeradas
Parágrafo único. Os imóveis que in-
contratos de arrendamento: ticipação dos frutos, segundo a natureza na alínea d deste inciso e mais o forneci-
tegrarem o Programa de Arrendamento
de atividade agropecuária e facilidades mento de máquinas e implementes agrí-
a) limites da remuneração e formas de Rural não serão objeto de desapropria-
oferecidas ao parceiro; colas, para atender aos tratos culturais,
pagamento em dinheiro· ou no seu equi- ção para fins de reforma agrária enquan-
bem como as sementes e animais de tra-
valente em produtos; (Redação dada pela to se mantiverem arrendados, desde que b) prazos mínimos de duração e os li- ção, e, no caso de parceria pecuária, com
Lei n' 11.443, de 2007). atendam aos requisitos estabelecidos em mites de vigência segundo os vários tipos animais de cria em proporção superior
regulamento. (Incluído pela Medida Pro- de atividade agrícola;
b) prazos mínimos de arrendamento e a 50% (cinqüenta por cento) do número
visória n' 2.183-56, de 2001) c) bases para as renovações conven- total de cabeças objeto de parceria; (Re-
limites de vigência para os vários tipos de
atividades agrícolas; (Redação dada pela cionadas; dação dada pela Lei n' 11.443, de 2007).
Lei n' 11.443, de 2007). SEÇÃOI/1 d} formas de extinção ou rescisão; f) 7 5% (setenta e cinco por cento), nas
Da Parceria Agrícola, Pecuária, Agro- zonas de pecuária ultra-extensiva em que
c) bases para as renovações conven- e) direitos e obrigações quanto às inde-
Industrial e Extrativa forem os animais de cria em proporção
cionadas; nizações por benfeitorias levantadas com
superior a 25% (vinte e cinco por cento)
Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, consentimento do proprietário e aos da-
d) formas de extinção ou rescisão; do rebanho e onde se adotarem a meação
agro-industrial e extrativa, observar-se-ão nos substanciais causados pelo parceiro,
do leite e a comissão mínima de 5% (cin-
e) direito e formas de indenização ajus- os seguintes princípios: por práticas predatórias na área de explo-
co por cento) por animal vendido; (Reda-
tadas quanto às benfeitorias realizadas; ração ou nas benfeitorias, nos equipamen-
I o prazo dos contratos de parceria, ção dada pela Lei n' 11.443, de 2007).
XII - a remuneração do arrendamen- tos, ferramentas e irnplementos agrícolas
desde que não convencionados pelas par- a ele cedidos; g) nos casos não previstos nas alíneas
to, sob qualquer forma de pagamento, tes, será no mínimo de três anos, assegu- anteriores, a quota adicional do proprietá-
não poderá ser superior a 15% (quinze f) direito e oportunidade de dispor so- rio será fixada com base em percentagem
rado ao parceiro o direito à conclusão da
por cento) do valor cadastral do imóvel, bre os frutos repartidos; máxima de dez por cento do· valor das
colheita, pendente, observada a norma
inclUídas as benfeitorias que entrarem na constante do inciso I, do artigo 95; VI- na participação dos frutos da par- benfeitorias ou dos bens postos à disposi-
composição do contrato, salvo se o arren- ceria, a quota do proprietário não poderá ção do parceiro;
damento for parcial e recair apenas em II - expirado o prazo~ se o proprietário
ser superior a: VII - aplicam-se à parceria agrícola,
glebas selecionadas para fins de explo- não quiser explorar diretamente a terra por
conta própria, o parceiro em igualdade de a) 20% (vinte por cento}, quando con- pecuária, agropecuária, agro-industrial ou
ração intensiva de alta rentabilidade, ca- extrativa as normas pertinentes ao arren-
condições com estranhos, terá preferência correr apenas com a terra nua; (Redação
so em que a remuneração poderá ir até o damento rural, no que couber, bem como
para firmar novo contrato de parceria; dada pela Lei n' 11.443, de 2007).
limite de 30% (!tinta por cento) (Redação as regras do contrato de sociedade, no que
dada pela Lei n' 11.443, de 2007). III - as despesas com o tratamento e b) 25% (vinte e cinco por cento), quan- não estiver regulado pela presente Lei.
criação dos animais, não havendo acordo do concorrer com a terra preparada; (Re-
XIII - a todo aquele que ocupar, sob Parágrafo único. Os contratos que pre-
em contrário, correrão por conta do par- dação dada pela Lei n' 11.443, de 2007).
qualquer fonna de arrendamento, por vejam o pagamento do trabalhador, parte
mais de cinco anos, um imóvel rural desa- ceiro tratador e criador; c) 30% (!tinta por cento), quaudo con- em dinheiro e parte percentual na lavoura
propriado, em área prioritária de Reforma IV- o proprietário assegurará ao par- correr com a terra preparada e moradia; cultivada, ou gado tratado, são considera-
Agrária, é assegurado o direito preferen- ceiro que residir no imóvel rural, e para (RedaçãodadapelaLein' 11.443,de2007). dos simples locação de serviço, regulada
cial de acesso à terra ..Vetado... atender ao uso exclusivo da família deste d) 40% (quarenta por cento), caso pela legislação trabalhista, sempre que a
Art. 95-A. Fica instituído o Programa casa de moradia higiênica e área suficien~ concorra com o conjunto básico de ben- direção dos trabalhos seja de inteira e ex-
te para horta e criação de animais de pe- feitorias, constituído especialmente de clusiva responsabilidade do proprietário,
de Arrendamento Rural, destinado ao aten-
queno porte; casa de moradia, galpões, banheiro para locatário do serviço a quem cabe todo o
dimento complementar de acesso à terra

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risco, assegurando-se ao locador, pelo § 2~ As partes contratantes poderão II - todo o trabalhador agrícola que, à requisitos absolutamente indispensáveis
menos, a percepção do salário-mínimo no estabelecer a prefixação, em quantídade data da presente Lei, tiver ocupado, por da cultura efetiva e da morada habitual.
cômputo das duas parcelas. ou volume, do montante da participação um ano, terras devolutas, terá preferên-
VIII - o proprietário poderá sempre do proprietário, desde que, ao final do cia para adquirir um lote da dimensão TÍTULO IV
cobrar do parceiro, pelo seu preço de cus- contrato, seja realizado o ajustamento do do módulo de propriedade rural, que for Das Disposições Gerais e Transitórias
to, o valor de fertilizantes e inseticidas percentual pertencente ao proprietário, de estabelecido para a região, obedecidas as
acordo com a produção. (Incluído pela Art. 103. A aplicação da presente Lei
fornecidos no percentual que correspon- prescrições da lei.
Lei n• 11.443, de 2007). deverá objetivar, antes e acima de tudo, a
der à participação deste, em qualquer das Art. 98. Todo aquele que, não sendo perfeita ordenação do sistema agrário do
modalidades previstas nas alíneas do inci- § 3~ Eventual adiantamento do mon- proprietário rural nem urbano, ocupar país, de acordo com os princípios da justiça
so VI do caput deste artigo; (Incluído pela tante prefixado não descaracteriza o con- por dez anos ininterruptas, sem oposição social, conciliando a liberdade de iniciativa
Lei n° 11.443, de 2007). trato de parceria. (Incluído pela Lei n° nem reconhecimento de domínio alheio, com a valorização do trabalho humano.
IX -nos casos não previstos nas alíneas 11.443, de 2007). tornando-o produtivo por seu trabalho,
§ 4~ Os contratos que prevejam o paga-
§ I 0 Para a plena execução do disposto
do inciso VI do caput deste artigo, a quota e tendo nele sua morada, trecho de terra
adicional do proprietário será fixada com mento do trabalhador, parte em dinheiro neste artigo, o Poder Executivo, através
com área caracterizada como suficiente
base em percentagem máxima de 10% e parte em percentual na lavoura cultiva- dos órgãos da sua administração centra-
para, por seu cultivo direto pelo lavrador e
(dez por cento) do valor das benfeitorias da ou em gado tratado, são considerados lizada e descentralizada, deverá prover
sua família, garantir-lhes a subsistência, o
ou dos bens postos à disposição do parcei- simples locação de serviço, regulada pela no sentido de facultar e garantir todas as
progresso social e econômico, nas dimen-
ro. (Incluído pela Lei n° 11.443, de 2007). legislação trabalhista,. sempre que a dire- atividades extrativas, agrícolas, pecuárias
sões fixadas por esta Lei, para o módulo
ção dos trabalhos seja de inteira e exclusi- e agro-industriais, de modo a não prejudi-
§ 1~ Parceria rural é o contrato agrário de propriedade, adquirir-lhe-á o domínio,
va responsabilidade do proprietário, loca- car, direta ou indiretamente, o hannônico
pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à mediante sentença declaratória devida-
tário do serviço a quem cabe todo o risco, desenvolvimento da vida rural.
outra, por tempo determinado ou não, o mente transcrita.
uso específico de imóvel rural, de parte assegurando-se ao locador, pelo menos, a § 2° Dentro dessa orientação, a implan-
percepção do salário mínimo no cômputo Art. 99. A transferência do domínio ao
ou partes dele, incluindo, ou não, benfei- tação dos serviços e trabalhos previstos
das 2 (duas) parcelas. (Incluído pela Lei posseiro de terras devolutas federais efe-
torias, outrOs bens e/ou facilidades, com nesta Lei processar-se-á progressivamen-
n° 11.443, de 2007). tivar-se-á no competente processo admi-
o objetivo de nele ser exercida atividade te, seguindo-se os critérios, as condições
nistrativo de legitimação de posse, cujos
de exploração agrícola, pecuária, agroin- § 5~ O disposto neste artigo não se técnicas e as prioridades fixados pelas
atos e termos obedecerão às normas do
dustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ aplica aos contratos de parceria agroin- mesmas, a fim de que a política de desen-
Regulamento da presente Lei.
ou lhe entrega animais para cria, recria, dustrial, de aves e suínos, que serão regu- volvimento rural de nenhum modo tenha
invernagem, engorda ou extração de ma- lados por lei específica. (Incluído pela Lei Art. 100. O título de domínio expedi- solução de continuidade.
térias-primas de origem animal, mediante n° 11.443, de 2007). do pelo Instituto Brasileiro de Reforma
§ 3° De acordo com os princípios nor-
partilha, isolada ou cumulativamente, dos Agrária será, dentro do prazo que o Regu-
mativos deste artigo e dos parágrafos an-
seguintes riscos: (Incluído pela Lei n° SEÇÃOIV lamento estabelecer, transcrito no compe-
teriores, será dada prioridade à elaboração
11.443, de 2007). Dos Ocupantes de Terras Públicas tente Registro Geral de Imóveis. do zoneamento e do cadastro, previstos no
caso fortuito e de força maior do Federais Art. I O!. As taxas devidas pelo le- Título II, Capítulo IV, Seção III, desta Lei.
empreendimento rural; (Incluído pela Lei gitimante de posse em terras devolutas
0
ll 11.443, de 2007).
Art. 97. Quanto aos legítimos possui-
federais, constarão de tabela a ser perio-
...
( )
dores de terras devolutas federais, obser-
II - dos frutos, produtos ou lucros var-se-á o seguinte: dicamente expedida pelo Instituto Brasi- Art. 128. Esta Lei entrará em vigor na
havidos nas proporções que estipularem, leiro de Reforma Agrária, atendendo-se à data de sua publicação, revogadas as dís-
I o Instituto Brasileiro de Reforma posições em contrário.
observados os limites percentuais estabe- Agrária promoverá a discriminação das ancianidade da posse, bem como às diver-
lecidos no inciso VI do caput deste artigo; áreas ocupadas por posseiros, para a pro- sificações das regiões em que se verificar Brasília, 30 de novembro de I 964;
(Incluído pela Lei n° 11.443, de 2007). gressiva regularização de suas condições a respectiva discriminação. 143° da Independência e 76° da República.
III- variações de preço dos frutos obti- de uso e posse da terra, providenciando, Art. 102. Os direitos dos legítimos H. CASTELLO BRANCO
dos na exploração do empreendimento ru- nos casos e condições previstos nesta Lei, possuidores de terras devolutas federais
ral. (Incluído pela Lei n° 11.443, de 2007). estão condicionados ao implemento dos Presidente da República
a emissão dos títulos de domínio;

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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